Ágora de Agosto

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NR. 192 | AGOSTO

ÁGORA

JORNAL

NESTA EDIÇÃO

Alunas da República Checa no Centro Comunitário

Atelier de Teatro Teatro para crianças

Uma Porta Aberta para Brincar Período de Férias

Brigitte Castéra «Até sempre!»

Voluntariado na 1ª Pessoa Dica da Dietista

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geral@centrocomunitario.net WEBSITE

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NR. 192 | AGOSTO

ÁGORA

JORNAL

Dica da Dietista Com Letícia Salomoni

NESTA EDIÇÃO

Alunas da República Checa no Centro Comunitário

COORDENAÇÃO

Atelier de Teatro

Natércia Martins

Teatro para crianças

REDAÇÃO

Uma Porta Aberta para Brincar

Catarina Boavida, Vanda Maltez & Rita Tomé

Período de Férias

GRAFISMO

Brigitte Castéra «Até sempre!»

Voluntariado na 1ª Pessoa Dica da Dietista

Catarina Boavida FOTOGRAFIA

Catarina B. & Vanda M. REVISÃO

Conceição Fernando


Aconteceu no Centro

JULHO '15 a abrir

Este mês, o Centro Comunitário contou com a presença de três alunas de Serviço Social da Universidade de Hradec Kralove - República Checa - que estiveram a fazer um estágio. Julho é sinónimo de férias escolares e de Porta Aberta! Fomos descobrir mais sobre este espaço com muita liberdade para brincar e aproveitar o verão de forma divertida. A expressão dramática é uma das mais belas formas de comunicação. Fomos conhecer melhor o trabalho de Natasha Marjanovic, professora do atelier de Teatro para crianças e jovens, a funcionar no Centro Comunitário. Conversámos com Brigitte Castera, voluntária na Loja dos «Corações Cheios». No «Voluntariado na 1ª Pessoa» fica o testemunho de Maria Paula Quintão.


DESTAQUES DO CENTRO Julho

Mercearia do Centro Os géneros mais em falta são: Leguminosas (lata média) e em grão de 1 kg; Salsicha (lata) média e pequena; Ovos; Cereais; Açúcar e azeite. Precisamos do seu apoio!

Precisamos Precisamos de shampoo e gel de banho. Qualquer apoio é bem-vindo!


Porta Aberta 2015 Ainda existem vagas para as últimas três semanas de Agosto.

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Alunas da

REPÚBLICA CHECA no Centro Comunitário Três alunas provenientes da República Checa escolheram o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos para fazerem um estágio que teve a duração de um mês.

CCPC: Como descrevem esta vossa experiência no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos?

CCPC: Quais foram as vossas primeiras impressões quando aqui chegaram (ao Centro)?

Alunas: Em primeiro lugar, gostaríamos de salientar a atmosfera social que o Centro e este país tão distinto do nosso nos proporcionaram e que revelou ser extremamente enriquecedor a todos os níveis: o conhecimento, a simpatia, a tolerância e o acolhimento das pessoas.

Alunas: Os utentes e funcionários do Centro revelaram ser pessoas muito simpáticas, tolerantes e demonstraram sempre a sua preocupação em nos acolher e ultrapassar as dificuldades que a barreira linguística impôs.

Fora deste ambiente e em toda a parte, sentimos também os sintomas da crise que paira por aqui e que afecta a população portuguesa: «a sensação de medo, a preocupação pelo seu trabalho e família».

CCPC: Na vossa opinião, quais os factores positivos e negativos que sentiram e/ou descobriam no Centro?

CCPC: O que gostaram mais de toda esta experiência?

Aqui fica o testemunho de Nikola, Radka e Zaneta.

Alunas: «Este Centro é realmente mais flexível, unido e aberto para o exterior». Quando falamos de flexibilidade, estamos a referir-nos a alguns serviços do Centro que se preocupam em adaptar às necessidades da comunidade, dando um exemplo, como é o caso do Banco alimentar. O Centro está de facto mais focado na comunidade e «aberto para o exterior» pois ele trata de acolher e resolver os problemas individuais de todos os que procuram a sua ajuda. Ao contrário do que acontece aqui, no nosso país, os problemas dos cidadãos são ligeiramente evitados, pois são vistos como «problemas individuais (deles) e não da comunidade».

Alunas: A possibilidade de participar nas mais variadas áreas que este centro oferece foi muito gratificante. Enriqueceu-nos imenso e melhor que isso, será levar esta experiência para o nosso país de origem e adaptar o que aprendemos (Republica Checa). CCPC: Dentro desta experiência, qual ou quais as tarefas que mais gostaram de desempenhar? Alunas: «(Nikola) de todas as tarefas que me foram dadas foi a Mercearia do Centro que mais me surpreendeu, não só pela quantidade de alimentos que oferece mas também pelo sistema de créditos atribuido às famílias carenciadas».


«(Zaneta) trabalhar com pessoas em situação de sem-abrigo foi o que mais me marcou». «(Radka) preferi os seniores pela sua amabilidade e celeridade em nos aceitar, deixando-nos completamente à vontade». CCPC: Qual a vossa maior dificuldade sentida ao longo deste mês?

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Alunas: A barreira linguística foi a única dificuldade sentida ao longo desta experiência, mas com a ajuda e esforço de todos os que aqui trabalham e dão vida a este Centro, esse problema foi ultrapassado «menos complicado do que parecia e estávamos à espera.. sentimo-nos como se fizéssemos parte do Centro Comunitário!» (Catarina Boavida)


Atelier

DE TEATRO Teatro para Crianças A funcionar no Centro Comunitário, ininterruptamente há mais de 10 anos, o Curso de Teatro para crianças e jovens «não cria artistas: prepara pessoas para os palcos da vida!» Fomos conversar com a formadora, atriz e encenadora Natasha Marjanovic sobre a forma como decorreu o Atelier em 2014/2015 e quais os planos para o futuro. CCPC: Como correram as aulas de teatro este ano? Natasha Marjanovic: Este ano inscreveram-se 21 crianças que foram divididas em dois grupos. Só 19 concluíram o curso: 2 irmãos desistiram, por causa dos horários. O primeiro grupo eram crianças dos 10 aos 15 anos e o segundo dos 5 aos 9. Ambos foram dedicados e foi um prazer trabalhar com eles. CCPC: Pode descrever as atividades desenvolvidas com cada uma das turmas? Natasha Marjanovic: As aulas começam em Outubro e os primeiros 2 meses são sempre dedicados à construção do grupo; trabalhamos o respeito pelo outro, a presença no palco, a respiração, a orientação do olhar e a consciência do corpo. De Janeiro até Março trabalhamos a voz, o ritmo de fala, o jogo teatral, a contracena, o improviso, a projeção do sentimento e a criação da personagem. De Abril até ao fim do ano ensaiamos uma obra teatral: aí, os alunos podem pôr em prática tudo aquilo que aprenderam ao longo do ano. CCPC: Os grupos de alunos eram muito heterogéneos?


Natasha Marjanovic: O grupo dos mais pequeninos era bastante equilibrado. No grupo dos maiores tive uma menina com trissomia 21 e só dois rapazes. As turmas eram bastante dinâmicas e curiosas de aprender. CCPC: Alunos «especiais» exigem abordagem especial? Natasha Marjanovic: Com alunos «especiais» tenho sempre um ponto de partida diferente e expetativas diferentes, como é óbvio. Mas é muito importante eles interagirem com os alunos com outras capacidades e também é importante para os outros interagirem com eles e saber aceitá-los. O teatro é muito bom para trabalhar estas diferenças porque nos palcos da vida sempre nos deparamos com elas. CCPC: Havia muitos alunos de anos anteriores? Que idade tinham o mais novo e o mais velho? Natasha Marjanovic: Sim, acho que 30% foram alunos de anos anteriores. A aluna mais nova tinha 4 anos e a mais velha 13 anos (sem contar com a menina com trissomia 21 que tem mais de 20 anos). CCPC: De que forma foram escolhidas as Peças que os alunos interpretaram? Quais os seus autores? Natasha Marjanovic: Normalmente, conto várias histórias aos alunos e explico como podíamos abordá-las; eles escolhem e depois fazemos a adaptação ao grupo, à capacidade de cada um e aos desejos da turma. Tento sempre falar muito sobre os valores que os temas abordam. Ao criar as personagens falamos dos sentimentos que podem carregar 9

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e comparamos com as experiências que eles vivem no dia a dia, para poderem apresentar com a maior «verdade» possível. O autor do «Capuchinho Vermelho» é Charles Perrault. Do espetáculo «Haverá maior crime» o autor é Bruno Lucas. CCPC: Que adaptações foram feitas aos respetivos textos? Natasha Marjanovic: O «Capuchinho Vermelho» teve dois lobos e um Capuchinho Azul (que era irmã do capuchinho vermelho), uma espetadora que sempre refilava com as personagens e exigia outro fim para o espetáculo, dois lenhadores, e o próprio Charles Perrault (o escritor). A mensagem era: é muito importante ouvirmos o que os pais nos dizem porque, quando não ouvimos, podemos ter consequências graves. «Haverá maior crime?» focava o tema do racismo, e através de um jogo-história, apresentava diversas personagens que são postas em causa. Ensina quanto é feio preocuparmo-nos só connosco e com aquilo que nos convém, ignorando tudo o resto à nossa volta. O texto original tem personagem mais complexas e as nossas personagens foram simplificadas, para facilitar a compreensão dos alunos. Todos recebemos grandes aplausos!!! CCPC: Qual o envolvimento do Centro Comunitário e dos pais na preparação das Peças? Natasha Marjanovic: O Centro Comunitário cede os espaços (para aulas, ensaios e representações),


Atelier

DE TEATRO continuação bem como equipamentos (cadeiras, mesas, luzes, som) e toda a parte burocrática. Os pais colaboram com pormenores dos fatos e adereços, assim como compreendem os horários. CCPC: Quais são os planos para o próximo ano? Natasha Marjanovic: Para o próximo ano voltamos com toda a força para preencher dois novos grupos e continuar um curso que já tem mais de 10 anos com sucesso neste Centro Comunitário. CCPC: Quais os objetivos gerais do Atelier de Teatro? Natasha Marjanovic: Este é um curso que desenvolve a expressividade corporal, vocal, emocional, mental e espiritual no contexto da comunicação humana. Desenvolve a interpretação teatral a partir do trabalho de grupo e do potencial pessoal. É um jogo, logo, implica o prazer de jogar. Há regras, códigos, obrigações em relação ao espaço de representação, tempo de representação, obrigação de jogar com os outros e de representar para os outros. Ajuda a aplicar a expressividade teatral em várias áreas sociais e educativas. CCPC: Qual a perspetiva de futuro para a professora Natasha Marjanovic? Natasha Marjanovic: Criar novos projetos artísticos, sempre ligados ao teatro e desenvolver a Associação Cultural Palco de Chocolate de maneira a que muitas mais crianças e jovens consigam «saborear esta arte com alma». Vamos tentar encontrar, nos próximos anos, um espaço para acolher o nosso Palco de Chocolate.

CCPC: Quando os alunos pretendem seguir uma via mais profissional, de que forma a Natasha os pode ajudar? Natasha Marjanovic: Posso sempre aconselhá-los para onde podem seguir, ajudá-los na preparação dos exames ou pô-los em contacto com colegas meus que trabalham nesta área. CCPC: Podemos encontrar ex-alunos da Natasha a trabalhar na TV ou no Teatro, hoje em dia? Natasha Marjanovic: Sim, no teatro e nas escolas de teatro. Alguns já foram meus estagiários o ano passado. CCPC: O que a motiva para continuar a dar aulas de teatro? Natasha Marjanovic: O teatro é a minha vida e ainda não desisti do palco. Dar aulas a crianças e jovens é uma experiência tão gratificante! Há uma troca de energia e a aprendizagem é mútua. Algumas vezes, chego à aula cansada dos outros projetos e penso «como é que vou conseguir hoje?»… mas, mal vejo os sorrisos deles e toco nessas almas ainda tão sinceras, passa-me tudo e nasce uma força única de lhes dar tudo aquilo que tenho. Sei quanto o teatro me ajudou a ser quem sou e quanto pode ajudar a ultrapassar certas dificuldades: timidez, falta de auto confiança, desorganização, respiração errada, voz presa, inquietação, dicção, aceitação de nós e dos outros. Quanto mais novos começarmos no mundo do teatro, melhor lidamos com este mundo que nos rodeia. (Vanda Maltez)


Poupe no pequeno-almoço:

EQUILÍBRIO NUTRICIONAL com Letícia Salomoni

Tomar o pequeno-almoço fora de casa, em cafés ou confeitarias é uma opção que acarreta custos significativamente superiores e pode também ser sinónimo de um pequeno-almoço pouco equilibrado. Veja neste cálculo quanto pode poupar. Se optar por fazer a refeição do pequeno-almoço em casa pode poupar cerca de 43,5€ num mês e 522€ ao fim do ano! 1 CARCAÇA

1 copo de

COM FATIA

leite M.G. PEQUENO

DE QUEIJO

ALMOCO (EM CASA) total

1 PEÇA DE FRUTA

VS

=0,40€ 1 bolo

1 GALÃO

. O pequeno-almoço deve ser completo, variado e equilibrado, ser rico em hidratos de carbono de absorção lenta (cereais como: trigo, aveia, centeio), em proteínas e com baixo teor de gorduras. Deverá incluir alimentos do grupo dos cereais e derivados, do grupo dos laticínios e do grupo dos frutos. As fontes de cereais como o pão, as bolachas, as tostas ou os cereais de pequeno-almoço devem ser, de preferência, de cor escura, por serem mais ricos em fibras, vitaminas e minerais. Os laticínios são ricos em proteínas de alto valor biológico, pelo que devem fazer parte desta refeição, assim como, a fruta que confere vitaminas, minerais e fibras importantes ao nosso organismo. . O pequeno-almoço proporciona uma quantidade considerável de nutrientes, dificilmente recuperáveis ao longo do dia se for esquecido.

PEQUENO ALMOCO (no café) total =1,60€

Pode ainda substituir o pão branco por pão de mistura ou integral e adicionar uma peça de fruta, que valoriza muito a qualidade nutricional desta refeição com custos adicionais relativamente baixos. Hora de acordar, Hora de tomar o pequeno-Almoco! . O pequeno-almoço deve ser realizado na 1.ª meia hora do dia. . Proporciona mais um momento de convívio familiar e também traz vantagens económicas. . Um bom pequeno-almoço deverá corresponder a cerca de 20% da energia total do nosso dia. 11 11 ÁG O R A

Conselho: As crianças que não tomam o pequeno-almoço apresentam menores níveis de atenção, podendo mesmo resultar num menor sucesso escolar.


Uma Porta Aberta

PARA BRINCAR Período de Férias Todos os anos o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos promove o Porta Aberta, um projeto de animação para crianças dos 6 aos 12 anos durante as férias escolares. E nós fomos descobrir mais sobre este espaço de desenvolvimento de competências, de atividades desportivas e criativas, mas sobretudo de liberdade... de muita liberdade para brincar e aproveitar o verão de forma divertida. São 15h30 e lá fora o calor de julho aperta e, por isso, o primeiro grupo de crianças do Porta Aberta que encontramos está precisamente dentro de portas. No espaço do salão do Centro Comunitário a Filipa Rodrigues, 18 anos, orienta um grupo de 13 crianças: «Stop. Letra B. Vamos a isto!». Passado poucos minutos cada grupo começa a enumerar países, comidas e outros nomes começados pela letra B, calhando a cada um determinada pontuação. Jogam ao «Stop», um dos muitos jogos que ocupam uma parte da tarde destas crianças. Filipa orienta o grupo com muita proximidade e cumplicidade, afinal é esse o elo que se estabelece entre monitores e crianças durante as várias semanas de julho e agosto em que decorre o Porta Aberta. Ela sabe melhor do que ninguém o que representa a experiência de passar o verão neste espaço, uma vez que já participou nele e hoje prolonga esta ligação como monitora. Aliás, este é um dos aspetos mais curiosos deste projeto: muitas são as crianças que participam na Porta Aberta e que depois regressam como voluntários ou como monitores; muitos são os pais que há muitos anos participaram neste projeto e que hoje aqui confiam os seus filhos durante as férias de verão.

Tudo isto é possível porque este é um projeto que já conta com 33 anos de existência. Nasceu em 1982, pelas mãos do Padre Aleixo, fundador do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos, com o objetivo de aproximar diferentes gerações, de trazer as crianças para este espaço e, ao mesmo tempo, dar uma resposta às necessidades dos pais que não tinham onde deixar as crianças durante as férias escolares. «Esses eram bons tempos! Chegámos a ter 160 crianças no tempo em que o Porta Aberta era mesmo uma porta aberta para todos os pais que quisessem aqui deixar os seus filhos. Depois tornou-se incomportável e tivemos que mudar para um sistema de pré-inscrição, mas mesmo assim ainda hoje temos cerca de 110 crianças em cada semana», conta Agostinho Velez, que coordena este projeto desde o seu arranque e até aos dias de hoje. Estas cerca de 110 crianças são divididas por equipas: a amarela para as crianças de 6 anos, a verde para as de 7 e 8 anos, a vermelha para as de 9 e 10 anos e, por fim, a azul para as crianças de 11 e 12 anos. O que os une a todos é a certeza de que aqui cada dia é diferente e cheio de possibilidades. O relógio marca as 9h30 quando é feita a chamada onde são dadas várias hipóteses de atividades desportivas: hóquei, beisebol, vólei, futebol, basquetebol e dança. Depois cada um, independentemente da sua equipa, pode escolher uma destas atividades de acordo com os seus interesses. Estas dinâmicas desportivas, que ocupam as manhãs do Porta Aberta, decorrem em vários espaços do Centro Comunitário, no ringue da Quinta do Barão ou na Quinta da Alagoa.


Da parte da tarde é tempo das atividades de expressão artística com vários ateliês que decorrem em simultâneo e onde há tempo e espaço para o desenho, pintura, reciclagem, cerâmica, modelagem ou teatro. É precisamente na expressão dramática que encontramos mais um grupo de crianças, que durante 1h30 é desafiado a criar uma história, a ensai-

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á-la, a vestir-se a rigor e a representá-la para os restantes colegas. Bárbara Dias, atriz e professora de teatro, diz que no fundo este é um atelier «para trabalhar de forma descontraída a representação, a improvisação, a expressão corporal, a colocação da voz, o estímulo à criatividade, a capacidade de dar forma às coisas e de trabalhar em grupo». São qua-


Uma Porta Aberta

PARA BRINCAR continuação se 16h e, portanto, já estamos na reta final do atelier de hoje. Depois de um grupo ter feito um primeiro ensaio com muita vergonha pela «estranha» a tirar notas e a máquina fotográfica a disparar, Bárbara dá algumas indicações: «Meus queridos, não quero que se envergonhem. Façam de conta que não temos cá pessoas de fora. Contem a história e dêem-nos o contexto porque temos que perceber o que estão a querer contar-nos, mas quero que vejam isto como um brincadeira, como um jogo!». E, na verdade, esta é precisamente a visão que inspira este projeto: ser um espaço de aquisição e desenvolvimento de competências, mas sempre de uma forma divertida e dando espaço à brincadeira. «Mais importante do que saírem daqui a saber desenhar, pintar ou representar, queremos que estas crianças tenham a oportunidade e a liberdade para brincar. Para rotinas de aprendizagem já têm todo o ano letivo, por isso, aqui queremos dar-lhes a liberdade para simplesmente brincar!», esclarece Agostinho Velez. Para além desta divisão entre atividades desportivas de manhã e de expressão artística à tarde, há ainda tempo para jogos e atividades lúdicas na Quinta da Alagoa, para banhos de mangueirada quando faz muito calor, para alguns passeios como uma visita ao Parque Aventura no Jamor ou para algumas sessões como a dos NutriCientistas que contam histórias infantis e fazem experiências, trazendo assim o universo da nutrição, alimentação e ciência aos mais novos. A equipa que diariamente acolhe estas crianças trabalha ao longo do ano no ABC, um projeto de apoio ao estudo e atividade lúdicas para alunos do

2º e 3º ciclo. E a ela se juntam, também, voluntários que têm entre 14 e 15 anos, e monitores a partir dos 16 anos, muitos deles antigos participantes do Porta Aberta que assim conseguem de alguma forma continuar ligados ao projeto. Por fim, a equipa conta ainda com animadores de áreas tão distintas como a dança, educação física ou artes plásticas. Tal como Agostinho Velez nos conta: «para além das suas competências e conhecimentos, todos eles têm uma formação de dois dias, antes do arranque do projeto, para estarem a par da organização interna, do tipo de linguagem e atitude pretendida, para perceberem como funcionam as atividades e para terem alguma preparação em primeiros-socorros e resolução de conflitos e problemas». Outro aspeto interessante do projeto, que é apoiado pela Câmara Municipal de Cascais, é que tem também uma componente de apoio social dado que a taxa de participação é definida em função dos rendimentos dos pais. Assim, cada semana de participação no Porta Aberta pode custar o valor mínimo de 5€ (o único escalão com refeição incluída) e o valor máximo de 20€, aos quais acresce 12,50€ se os pais pretenderem incluir o almoço. E para o fim guardámos as boas notícias: ainda existem vagas para quem quiser inscrever os seus mais novos na Porta Aberta nas duas últimas semanas de agosto! Diversão, brincadeira, aprendizagem, camaradagem, descontração e amizade estão garantidas neste espaço onde o verão ganha outro sabor e que deixará, com toda a certeza, muita saudade a todos os miúdos e graúdos que por lá passam! (Rita Tomé)


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BRIGITTE CASTÉRA

«Até sempre!»

Brigitte Castéra, 63 anos, olhos luminosos e simpatia contagiante, foi voluntária no Centro Comunitário durante mais de 2 anos. Razões pessoais vão levá-la de volta à sua França natal. Fomos conversar mais uma vez com ela e, também, despedir-nos.

CCPC: Como surgiu o desejo de se tornar voluntária?

Acreditando que nos voltaremos a encontrar, deixamos o nosso agradecimento pelo seu contributo voluntário ao Centro e um saudoso «até sempre, Brigitte».

CCPC: Tinha preferência por alguma área em particular para exercer voluntariado?

CCPC: Durante quanto tempo foi voluntária no Centro Comunitário de Carcavelos? Brigitte Castéra: Durante dois anos e meio.

Brigitte Castéra: Há muitos anos que pensava fazer voluntariado mas não sabia como nem onde ir.

Brigitte Castéra: Sempre pensei fazer voluntariado para ajudar pessoas idosas tipo num hospital, ler para as pessoas que não o podem fazer ou ajudar a servir comida às pessoas necessitadas. CCPC: Já tinha feito voluntariado antes?


Brigitte Castéra: Não, nunca. CCPC: Quais as razões que a levaram a escolher o Centro Comunitário para fazer voluntariado? Brigitte Castéra: Fui à junta de freguesia de Carcavelos e onde me falaram no centro comunitário da Paróquia de Carcavelos. CCPC: Esteve sempre na Loja Corações Cheios ou passou por mais alguma valência do Centro? Brigitte Castéra: A Natércia levou-me imediatamente à loja de Matarraque. CCPC: Descreva um pouco as suas tarefas enquanto voluntária. Brigitte Castéra: Registar as roupas, arrumar a loja, atender os clientes, limpar a loja no mínimo antes de ir embora às 22h. CCPC: Como resumiria o tempo que passou como voluntária no Centro Comunitário? Brigitte Castéra: Adorei cada minuto passado na loja, falar com os clientes, conhecer um pouco mais as minhas colegas, todas fantásticas! CCPC: Porque razão vai deixar de ser voluntária no Centro Comunitário? Brigitte Castéra: Deixo a loja porque vamos embora de Portugal. CCPC: Vai continuar a praticar voluntariado noutro lugar? 17 17 ÁG O R A

Brigitte Castéra: Vou tentar encontrar voluntariado em França, provavelmente na área de ajuda a servir comida nos centros para pessoas em grande dificuldade, tipo «resto du coeur». CCPC: O que significou para a Brigitte ser voluntária no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos? Brigitte Castéra: Ser voluntaria para mim é dar algum tempo por semana para ajudar as pessoas em dificuldade na comunidade. CCPC: Que balanço faz da sua experiência enquanto voluntária na Loja Social do Riviera? Brigitte Castéra: Um balanço extremamente positivo porque descobri que o que as pessoas necessitam mais é de alguém que sabe escutar os seus problemas; e que um sorriso vale mais que dinheiro. CCPC: Porque razão só fez voluntariado em Portugal? Brigitte Castéra: Porque enquanto o Pierre, o meu marido, trabalhava, eu estava menos disponível. CCPC: Pensa voltar ao nosso país ou este adeus é definitivo? Brigitte Castéra: Espero sempre voltar a Portugal. (Vanda Maltez)



Rúbrica

VOLUNTARIADO NA 1ª PESSOA com Maria Paula Quintão

Voluntária no Centro Comunitário há cerca de 4 anos, Maria Paula Quintão presta apoio jurídico aos utentes. Trata de questões legais relacionadas com o trabalho e a família, passando pelo Direito Civil, Administrativo e Fiscal. Desenvolve a sua atividade profissional na Direção Jurídica da Brisa e, na sequência do protocolo celebrado entre o Centro Comunitário e o Grupo José de Mello faz parte deste grupo de voluntários. Escolheu o Centro porque «era a única instituição que tinha apoio jurídico e é nesta área que me sinto à vontade e sei que posso ser útil». Mas o desejo de ajudar os outros nasceu no seio familiar e já vinha sendo implementado, conforme nos explicou: «na década de 90, quando Portugal começou a receber refugiados das guerras da Jugoslávia e do Kosovo, a zona onde moro foi invadida por imigrantes que precisavam de ajuda para aprender a nossa língua, encontrar trabalho, arrendar uma casa…». Essas situações pontuais de solidariedade deram lugar a uma colaboração mais organizada «onde a diferença reside no volume, porque ajudo mais pessoas, e na forma, porque estou inserida numa estrutura; porém, a satisfação é a mesma». Continuará a dar o seu contributo voluntário ao Centro Comunitário porque se sente valorizada e «vejo que as coisas funcionam bem, há uma boa organização, as engrenagens estão bem oleadas e o bom

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funcionamento interno reflete-se externamente nos utentes». Para a Dra. Maria Paula, ser voluntária é: «a gratificação de poder ajudar outras pessoas, é a satisfação de ter contribuído para fazer a diferença na vida dessas pessoas». Por essa razão, afirma sem hesitar que «andarei por cá enquanto precisarem de mim, pois sei que sou útil; e mesmo que o protocolo termine, continuarei no Centro, porque há um lado emocional que me liga às pessoas e à instituição». (Vanda Maltez)


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PRÓXIMOS EVENTOS BANCO DE TROCA DE LIVROS ESCOLARES DURANTE TODO O MÊS DE SETEMBRO

Aceitamos livros do 1º ao 12 ano, em bom estado, publicados nos últimos três anos. CAMPANHA DE MATERIAL ESCOLAR Para o início do novo ano lectivo precisamos de material escolar para apoiar as crianças mais carenciadas (Mochilas, Lápis, Cadernos, Dossiês, Marcadores, etc).


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