Ágora 196

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NR. 196 | FEVEREIRO

ÁGORA

JORNAL

NESTA EDIÇÃO O Natal do Centro as várias iniciativas da época natalícia

100 anos de Presença celebração do centenário do Padre Aleixo

Rúbrica: Psicologia ao Alcance de Todos Psicóloga Fernanda Craveiro Reis

Formação em Técnicas de Restauro e Marcenaria projeto Re-coopera

Gabinete de Criação do Próprio Emprego apoio ao empreendedorismo

Comunidade mais Lean O CCPC foi à EDP partilhar a sua experiência

Voluntariado na 1ª Pessoa com Maria José Craveiro Reis

Hiperactividade e défice de atenção sessão no âmbito do Projeto Pais Ativos TELEFONE

21 457 89 52 E-MAIL

geral@centrocomunitario.net WEBSITE

www.centrocomunitario.net MORADA

Av. Loureiro, nr. 394 2775-599, Carcavelos, Portugal


NR. 196 | FEVEREIRO

ÁGORA

JORNAL

NESTA EDIÇÃO O Natal do Centro [pág. 6 - 8]

100 anos de Presença [pág. 9 - 13]

Rúbrica: Psicologia ao Alcance de Todos [pág. 14 - 15]

Formação em Técnicas de Restauro e Marcenaria [pág. 16]

Gabinete de Criação do Próprio Emprego [pág. 18 - 19]

Comunidade mais Lean [pág. 20 - 22]

Voluntariado na 1ª Pessoa

COORDENAÇÃO

Natércia Martins REDAÇÃO

Agostinho Velez, Filipe Silva, Vanda Maltez, Rita Tomé, Nelson Cavaco, Dora Pires, Zulmira Pechirra GRAFISMO

Lília Neves FOTOGRAFIA

[pág. 24 - 25]

Lília Neves, Dora Pires, Filipe Silva

Hiperactividade e défice de atenção

REVISÃO

[pág. 26]

Conceição Fernando


aconteceu no centro

FEVEREIRO '16 a abrir

No passado dia 21 de Dezembro realizou-se a festa de Natal dos Séniores, AJAC e ABC's num programa vasto e diversificado para todas as idades. Muitos são os que se juntam para organizar e participar nas comemorações “Padre Aleixo Cordeiro – 100 anos de Presença”, para trazer à memória o enorme legado por ele deixado e celebrar o que foi a sua vida e obra. A par da oficina da Casa Jubileu nasce um novo projeto no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos: o projeto Re-coopera. Este arranca dia 15 de fevereiro com uma formação em técnicas de restauro e marcenaria. No dia 23 de Novembro, do passado ano, o neuropediatra Nuno Lobo Antunes veio ao Centro Comunitário fazer uma sessão de sensibilização sobre Hiperactividade e Défice de Atenção. O CCPC foi convidado a participar numa sessão de seguimento do Programa Lean nas áreas de Investimento e de Suporte da EDP Produção, com transmissão por videoconferência para o Porto e para outras localizações da EDP, incluindo Espanha. No «Voluntariado na 1ª Pessoa» fica o testemunho de Maria José Craveiro Reis.


STOCK SOCIAL FEIRA

stock social

FEIRA DO CENTRO

Centro Comunitário

Horário Quartas-Feiras de Manhã Morada Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos Avenida do Loureiro, nº 394, 2775-599, Carcavelos

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Horário

ENTREGUE NO CENTRO DE SEGUNDA A SEXTA, ENTRE AS 9H00 E AS 20H00 E AOS FINS-DE-SEMANA, ENTRE AS 10H00 E AS 18H00

Segunda a Sexta | 10h00 às 16h00 Sábado | 10h00 às 13h00

OFICINA DE RESTAURO Matarraque

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Morada Matarraque Rua do Parque - Matarraque, S. Domingos de Rana

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Aberto todos os dias das 10h00 às 22h00

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TEM MOBILIÁRIO E/OU EQUIPAMENTO PARA OFERECER? CONTACTE-NOS: 91 541 22 87

Av. do Loureiro, nº 394, 2775 - 599, Carcavelos T 21 457 89 52 E geral@centrocomunitario.net

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O N L A T NA C P C C

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as várias iniciativas da época natalícia

O NATAL CHEGOU AO CENTRO Realizou-se a Festa de Natal dos Séniores, AJAC e ABC's no dia 21 de Dezembro, numa 2ª feira, às 15h. O Programa que conta sempre com a participação destas áreas do Centro não fugiu ao habitual. A primeira atração foi do "Gang do Salão", com os séniores a participarem num vídeo, cujo tema era a paz e, posteriormente num momento de aula de movimento. O AJAC apresentou uma passagem de modelos, inspirada e confecionada, na sua totalidade, de gravatas. Estes fatos, com requinte e imaginação, foram acompanhados de um desfile de toda a turma, sempre bastante animados. Tivemos ainda a presença de dois mágicos que circularam pela sala fazendo truques de magia, animando todos os presentes que assitiam ao evento.

Um dos momentos altos do programa foi a apresentação de um Auto de Natal, devido às suas características muito próprias de realização por parte de várias áreas e gerações. As crianças dos ABC's eram os pastores, os séniores atuaram como Reis Magos e alguns dos colaboradores do Centro dividiram-se entre as figuras do Presépio, Coro, Povo e Romanos. Uuma experiência, sem dúvida, a repetir, pelo excelente resultado final. Para terminar a festa em grande, o habitual Grupo de Música Tradicional do Espaço Sénior deliciou-nos, além de várias canções de Natal, com um Medley/Rapsódia de diferentes músicas, levando todos a cantar e a dançar no espaço envolvente. Agostinho Velez


A OPINIÃO DOS MAIS PEQUENOS...

Eu acho que a festa foi divertida, porque para além das atuações, divertímo-nos muito. Mariana Carvalho, 7º ano

Foi uma peça de teatro muito gira. Gostei muito de participar. Pedro Marques, 5º ano

Gostei de me vestir de pastor e levei uma abóbora. Foi divertido. E gostei de ouvir as canções. Daniel Costa, 6º ano Eu acho que a festa de Natal foi muito divertida porque viemos a perceber a história de Jesus e ao mesmo tempo numa forma divertida. Rafaela Correia, 7º ano

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ALMOÇO DOS SEM ABRIGO No dia 22 de Dezembro decorreu nas instalações do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos mais um almoço de Natal dos utentes do Projecto Esperança de Recomeçar. Neste dia o Centro tenta proporcionar a esta população um momento diferente de convívio, partilha e animação, tentando em certa medida minimizar a solidão a que muitos deles são deixados nesta época tão especial. Este ano tivemos uma participação de 41 utentes, bem como de toda a equipa do Esperança, funcionários e voluntários. No final do almoço teve lugar a distribuição de prendas entre os utentes, momento sempre esperado por todos eles. Ficou o desejo de que para o próximo ano todos os que usufruíram deste almoço compareçam como voluntários ou convidados, o que significaria que a sua autonomização. Filipe Silva

Esta Festa só foi possível, graças à participação e envolvimento de toda a comunidade de Carcavelos. Que doaram não só géneros, mas também brinquedos, espectáculo e muito tempo, para conseguirmos montar esta festa. Recebemos cerca de 8000 géneros alimentares. Esta generosidade permitiu a elaboração de 210 cabazes secos e 210 cabazes de frescos, que foram entregues às cerca de 200 famílias, nas suas casas, por voluntários que disponibilizaram a sua manhã do dia 19. A partir das 15:00, as famílias, foram chegando devagarinho, para a festa e foram recebidas pelos duendes do Pai Natal, do Mundo da Lua Também elas participaram, com bolos e tartes. Foi uma tarde animada, graças aos músicos – João e Lito Pedreira que abriram o espectáculo, com muito Boa Música, humildade e simpatia e fechámos este de uma forma muito animada, cheia de energia, com o grupo de dança do ATL da Adroana. Seguiu-se a tão esperada entrega de prendas, pelos duendes do Pai Natal e Encerrámos a festa com o lanche e o convívio entre todos. Graças a este espírito de entreajuda e solidariedade , foi possível trazer um pouco de magia e cor na vida destas crianças e famílias, cujas preocupações diárias neste momento das suas vidas é assegurar os mínimos de sobrevivência, e proporcionar um momento de cultura, alegria e de confraternização.

PROJECTO INTERVIR No passado dia 19 de Dezembro de 2015, realizou-se mais uma vez, a Festa de Natal para as famílias apoiadas e acompanhadas pelo Centro, que se encontram em situação de grande fragilidade económica e emocional.

Zulmira Pechirra



“Começo por dizer que estou eu aqui hoje porque a pessoa que foi a alma de todo o trabalho do CCPC e que me ensinou a dar os primeiros passos para uma intervenção atenta e eficaz do Centro Comunitário, bem como me deu sempre apoio e que soube definir muito claramente o papel que o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos deveria ter na sociedade, não pôde cá vir por se encontrar com algumas dificuldades de ordem física. Essa pessoa é, como sabem, o prior de Carcavelos, o Sr. Pe. Aleixo Cordeiro. Preparei com ele esta pequena apresentação e espero poder transmitir, o melhor possível, as suas ideias sobre este assunto. O Centro assenta na doutrina do Concílium Vaticano II e responde a duas perguntas: 1ª Igreja – QUEM ÉS TU? – Desenvolvido na Constituição “Lumen Gentium” 2ª Igreja – PARA QUE EXISTES? – Que responde à pergunta da Constituição “Gaudium et Spes” Um autor dos princípios do 2º século diz que a igreja “É para o mundo o que a alma é para o homem” que está presente em todo o homem e dá-lhe vida e movimento. O corpo sem alma é um cadáver, desagrega-se e apodrece. Portanto a igreja deve procurar ser o grande corpo que é a Humanidade – o homem. Assim se entende o quê e para quê é um Centro Comunitário – é para que capacite e dê consciência a uma comunidade humana, para que a transforme num corpo vivo. A igreja é, na expressão do Concílium Vaticano II, mais do que uma instituição, é um dinamismo. Portanto, até poderíamos dizer que uma Paróquia, com a sua forma de viver, deve ela própria ser, uma força dinâmica de uma comunidade humana, toda ela deve ser um Centro Comunitário de uma freguesia. Assim, ser comunidade é sentir-se embarcado na aventura de todos e isso é de si mesmo uma festa. É a recusa do individualismo… Carcavelos nos últimos anos, tornou-se quase um dormitório de Lisboa. A Paróquia apostou em transformar o dormitório em comunidade. Logo no início investiu-se na formação das pessoas no sentido comunitário – em primeiro lugar unindo as pessoas numa dinâmica de amizade e na reflexão feita em comum da fé, bem como na vivência das celebrações litúrgicas. Os anos seguintes, foram destinados de modo especial a criar um espírito de co-responsabilidade, promovendo a vida de grupo a todos os níveis – em todas as idades – em todos os estados de vida – para que formassem uma força conjunta e assim se construa o reino de Deus. Depois, foi o lançamento destes leigos em acções para o meio onde vivem, conscientes de que não se pretende uma igreja fechada nos muros do templo, mas antes uma Igreja para o mundo, com a missão de ser fermento e de modificar a sociedade onde está implantada. Vivência do espírito comunitário, incentivação do espírito de corresponsabilidade, atenção e empenhamento no mundo que nos rodeia e em 1981 surge o Centro Comunitário, nascido da própria comunidade. Neste, as pessoas são o mais importante, o edifício é uma coisa secundária. O Centro como edifício, é apenas um espaço aberto às pessoas, onde cada um pode vir, pôr à disposição dos outros as suas potencialidades, para que cada um se realize como pessoas. São assim objectivos do centro Comunitário: 1 – Ser um espaço onde cada um pode pôr ao serviço dos outros as suas potencialidades para que todos recebam a ajuda que necessitam; 2 – Oferecer à população de Carcavelos, serviços que não existem e de que a comunidade necessita para o seu desenvolvimento;


3 – Colaborar com as outras instituições locais a fim de se construir a comunidade em espirito de autêntica fraternidade. Estes objectivos concretizam-se nos serviços, a partir tanto das potencialidades e capacidades de cada um, como das necessidades sentidas pela comunidade. Pretende-se que o Centro Comunitário seja algo mais do que um mero fornecedor de serviços para a população, pois há que ter sempre presente que este tem que interagir com o contexto social em que está inserido, pois é ele que determina o seu surgimento, não podendo assim a Instituição existir isolada, fechada sobre si própria. Consideramos assim que o centro não pode ser um simples somatório de valências, mas estas têm que manter um diálogo vivo de comunicação com a comunidade, despertando-lhe o interesse, comprometendo-a, pois só assim a comunidade se poderá empenhar e consequentemente contribuir para a resolução dos seus próprios problemas. E é através deste diálogo permanente com a comunidade que se determinam as actividades que o Centro deve implementar de momento. Foi assim que se iniciou com o Centro de Dia para a terceira idade, com vários tipos de serviços que contribuem para melhorar a qualidade de vida dos idosos, mas que tem sido também um espaço onde estes põem as suas capacidades à disposição dos mais novos. Depois, foram surgindo as diferentes actividades para a ocupação de forma útil e formativa das crianças e jovens. Mas o Centro é aberto à mudança e há que haver sempre uma atenção e empenhamento no mundo que nos rodeia. E é assim que se vão enfrentando constantemente os novos desafios a que a sociedade actual nos obriga, e por isso, para além das várias actividades que se foram desenvolvendo ao longo dos anos nas áreas de infância, juventude e 3ª idade, hoje o Centro tenta contribuir para minimizar a exclusão social, tanto através do apoio alimentar e social às famílias carenciadas, como a toxicodependentes e seropositivos. Toda a actividade do Centro tem o suporte permanente de um grupo de profissionais, havendo 4 técnicas da área social, mas todas as actividades só são possíveis, com a preciosa ajuda de numerosos voluntários que dão a sua colaboração, consoante as necessidades que vão surgindo. Um autor do séc. II dizia que a Igreja deve ser para o mundo (e é para o mundo que ela existe) para que seja alma que vivifica e dá força ao mundo. É por isso que todo o cristão consciente deve ser um agente de transformação e crescimento social da própria freguesia. É esta a noção que nós temos daquilo que chamamos de voluntários. Todo o cristão deve por natureza e vocação ser um elemento transformador e dinamizador da realidade onde vive. Um cristão que não é agente de transformação social poderá ser aquilo a que chamamos “um praticante”, um consumidor de realidades espirituais, mas nunca será um verdadeiro cristão. Pensamos assim que esta é uma maneira de se fazer comunidade, uma doutrinação feita mais por acções pastorais, do que por pregações. As pessoas não são só objecto de acções pastorais, mas são sobretudo sujeitos da Pastoral. Há assim que apostar fortemente nas PESSOAS!” Fátima - 14/02/1996 Conceição Fernando 11 ÁG O R A


celebração do centenário do Padre Aleixo

100 ANOS DE PRESENÇA

A 29 de janeiro de 1916 nascia em Goa, na Índia, Aleixo Cordeiro. 100 anos depois e a muitos quilómetros de distância, na pequena freguesia costeira de Carcavelos, muitos são os que se juntam para organizar e participar nas comemorações “Padre Aleixo Cordeiro – 100 anos de Presença”, no âmbito das quais foram pensados momentos de encontro que pretendem trazer à memória o enorme legado por ele deixado e celebrar o que foi a sua vida e obra.

Corria o mês de dezembro de 2015 quando Lisete Fradique foi chamada pelo então Pároco de Carcavelos, Padre Pedro Silva, e incumbida de uma missão: repetir o feito de 2008 e organizar em janeiro de 2016 uma série de eventos e iniciativas que ajudassem os paroquianos a recordar e celebrar a vida e obra do Padre Aleixo, no centenário do seu nascimento. Munida da determinação, energia e criatividade que o Padre Aleixo tanto incentivou nos 27 anos em que liderou a Paróquia de Carcavelos, decidiu


contactar um grupo de paroquianos, casais e amigos de longa data, que em 2008, passados 10 anos sobre a data da sua morte, já havia sido responsável pela organização de uma exposição sobre a sua vida e uma série de conferências, bem como pela produção do livro “Dar Voz à Memória – Padre Aleixo Cordeiro Um Prior Construtor de Comunidades. O resultado só podia ser positivo e está à vista de todos. Em menos de nada foi produzido um texto de anúncio que preparava a comunidade carcavelense para o que iria acontecer e a 9 e 10 janeiro tiveram início as comemorações com a leitura em todas as missas de um texto baseado nos testemunhos de vários paroquianos e amigos do Padre Aleixo Cordeiro. Foram depois pensadas uma série de conferências, não fosse esta a celebração da vida de um homem que tanto promoveu a cultura, o saber e o encontro na comunidade paroquiana. Cada uma delas reflecte sobre temas que guiaram o Padre Aleixo Cordeiro na sua missão paroquial: o Vaticano II, a ação pastoral familiar e social da Igreja, os jovens e a sua ligação aos caminhos da fé. O ponto alto das comemorações teve lugar a 29 de janeiro, o dia do seu nascimento, data na qual foi celebrada uma missa presidida por D. Manuel Clemente com Sacerdotes colaboradores e, ainda,

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com a presença de vários amigos do Padre Aleixo, na Igreja Paroquial de Carcavelos. À missa seguiu-se um jantar no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos, espaço que foi responsável por erguer com a sua força, determinação e espírito de missão social, onde houve espaço para partilhar testemunhos. Muitas vezes se perguntou o Padre Aleixo: “Igreja, para que existes?”. A resposta é hoje confirmada pela certeza de que é este o seu papel: o de congregar e o de unir as pessoas em torno de valores humanistas, de cidadania, de conhecimento e de cultura, de bondade e de fé, dos quais o Padre Aleixo foi sempre um exímio representante. Foi isso que marcou todos os paroquianos nos seus 27 anos de pároco e é em torno disso que nesta altura se voltam a reunir e a celebrar aqueles que tanto o acarinham. Que a carga que comporta toda esta sua Presença, celebrada neste mês de janeiro, chegue aos corações de todos e permaneça durante todo o ano e, porque não, por mais 100 anos. Rita Tomé


compensações? Sim!

ATENÇÃO E MIMO com Fernanda Craveiro Reis (psicóloga)

Habituar uma criança a adquirir coisas de que não precisa não só não é prepará-la realisticamente para o futuro, como é incentivar o espírito de consumo exagerado de que padece a sociedade em que vivemos.

Não é raro encontrar adultos em luta contra hábitos que sabem não ser tão saudáveis e benéficos como gostariam. Mas é, também, frequente ver esses mesmos adultos a educarem os seus filhos na mesma linha de comportamento: o consumo.

Precisar de comprar, como precisar de comer em excesso é, frequentemente, uma forma de colmatar outras necessidades mais profundas, emocionais e afectivas.

Os pais sabem que a alimentação caseira é muito mais saudável do que aquela de que se desconhece como e por quem foi confeccionada. Os pais sabem que a caixa de brinquedos lá de casa


está cheia de inutilidades (muitas delas que quase nem saíram da embalagem). Os pais sabem que as doçarias em excesso não fazem bem e tornam-se um hábito prejudicial à saúde. Os pais sabem que não é nada aconselhável aprender a resolver todos os problemas da forma mais rápida e indolor comprando ou ingerindo “remédios miraculosos” que ajudem a “não pensar mais no assunto”. Pois, então, conversem, brinquem, estejam lado a lado se o momento é difícil. E se é de alegria riam, joguem e passeiem, sempre que for possível. Tanto nas situações de felicidade como nas de maior desconforto investir numa relação próxima e securizante é sempre preferível a optar por compensações exteriores e materiais. Porque é esta relação afectiva fortalecida que ajudará a construir os alicerces emocionais capazes de lidar com os momentos bons e menos bons que a vida proporcionará à pessoa em desenvolvimento que estão a educar. Há um certo facilitismo no adquirir o que seja para proporcionar prazer ao outro, para ver aquele sorriso nos olhos daquelas crianças que tanto amamos. É um desafio conseguir prepará-las para sorrir dessa forma quando conseguem concertar um brinquedo, reutilizar um outro dando-lhe novas funções e, porque não, construir de raiz aquele que levou horas a imaginar. É um desafio ainda maior conseguir que aprendam, desde cedo, que o tempo que os pais estão com elas tem um valor incalculável e que não há nada que pague umas boas gargalhadas, um abraço forte e as horas que juntos, em silêncio ou com ruído, consolidam a relação que os unirá toda a vida.

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Ficam algumas sugestões para uma educação que balize, desde cedo, os hábitos de consumo: • Todos nós gostamos de ser compensados e presenteados. Escolha os momentos de o fazer com razões explícitas para isso e diversifique as formas de surpreender o seu filho. • Mostre como os brinquedos que já existem podem ser reutilizados e explorados de forma criativa e imaginativa. • Lembre-lhe que já tem em casa brinquedos parecidos no momento em que ele pede algo novo e extremamente atractivo, de forma a evitar que se estabeleça a associação entre sair, passear e comprar. • Escolha algum brinquedo para o seu filho levar quando sair consigo. • Quando passeiam leve uma peça de fruta ou umas bolachas, evitando lanches de bolos e outras doçarias. • Evite idas a grandes superfícies de brinquedos criando o desejo e consequente frustração por não ter tudo o que vê. • A relação quase imediata que muitas crianças fazem entre a presença ou visita de um adulto e uma surpresa material é promovida pelos próprios adultos. Substitua a surpresa por tempo de atenção e brincadeira. • Converse com familiares e amigos sobre as suas ideias para que possa haver uma coerência no modo de presentear e agradar o seu filho.


projeto re-coopera

FORMAÇÃO EM TÉCNICAS DE

RESTAURO E MARCENARIA A par da oficina da Casa Jubileu nasce um novo projeto no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (CCPC). O projeto Re-coopera arranca dia 15 de fevereiro com uma formação em técnicas de restauro e marcenaria. O espaço já existia, uma oficina de restauro e uma loja de móveis, assim como a matéria prima para que pudesse funcionar. Há vários anos que a oficina é utilizada como um patamar ocupacional para apoiar a inserção no mercado de trabalho dos ocupantes da Casa Jubileu, mas Joana Levita, coordenadora da Casa Jubileu, apercebeu-se da potencialidade que tinha em mão. “O Re-coopera surge com a necessidade de dar o salto: ter uma oficina como polo de formação e abranger outro tipo de população, não só os utentes da casa, mas também os desempregados de longa duração acompanhados pelo Gabinete de Inserção Profissional”, afirma a responsável pelo Re-coopera. Com o projeto Re-coopera a oficina vai tornar-se num pólo de formação profissional e potenciar a capacidade de restauro das peças oferecidas para reparação ao CCPC. O objetivo passa por dotar os formandos de competências profissionais que facilitem a sua integração no mercado e possibilitar a angariação de fundos para a instituição. “Além de dotar as pessoas com mais competências profissionais, a ideia é criar uma linha nossa, dar uma cara nova ao mobiliário e transformá-lo para

ser vendido. É uma forma de garantir fundos e sustentabilidade do próprio projeto e da instituição”, esclarece. A criatividade para a transformação das peças ficará a cargo do Instituto de Arte, Design e Empresa (IADE), com o qual foi estabelecida uma parceria, cuja ideia é apresentarem projetos de desconstrução de peças para criação de peças originais, através de propostas dos seus estudantes. Na realidade, as parcerias foram um aspeto fundamental para a implementação do projeto, uma vez que foi necessário recorrer a um melhoramento do equipamento da oficina e a um investimento elevado para a formação. “Fizemos uma candidatura para financiamento de equipamento e da formação. Da Deloitte Pact Fund conseguimos um patrocínio de 15.000€, da Way of Arts conseguimos a formação e o IADE vai ser parceiro na criação da imagem Re-coopera”, recorda Joana Levita. O projeto tem a duração de um ano e engloba duas formações por semestre, a primeira em 15 de fevereiro. Para o futuro fica em aberto a possibilidade de novas formações: “A ideia é eventualmente integrar uma ou outra pessoa na instituição, que fiquem capazes de replicar a formação no futuro”, sublinha. Nelson Cavaco Se pretende oferecer móveis basta contactar a instituição para agendar a recolha através dos seguintes contactos: 91 541 22 87 ou 214 578 952


. . OFICINA DE

RESTAURO

. SERVIÇOS

RESTAURO DE MOBILIÁRIO LIMPEZA/ARRUMAÇÃO DE GARAGENS E ARRECADAÇÕES E/OU OUTROS ESPAÇOS SEMELHANTES

PEQUENAS MUDANÇAS COM TRANSPORTE E MÃO-DE-OBRA

PEQUENAS REPARAÇÕES E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO

PINTURAS

. HORÁRIO SEGUNDA A SÁBADO SEGUNDA A SEXTA | 9H00 ÀS 13H00 E DAS 14H00 ÀS 17H30 SÁBADO | 10H00 ÀS 13H00

LOJA DE . .

´ MOBILIARIO CONTACTOS

. HORÁRIO

MORADA

SEGUNDA A SÁBADO

RUA DO PARQUE - MATARRAQUE, SÃO DOMINGOS DE RANA

SEGUNDA A SEXTA | 10H00 ÀS 16H00 SÁBADO | 10H00 ÀS 13H00

915 412 287


apoio ao empreendedorismo

GABINETE DE CRIAÇÃO DO PRÓPRIO EMPREGO O Gabinete de Inserção Profissional do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (CCPC), através da sua coordenadora, Rita Almeida, presta apoio a empreendedores no desenvolvimento de ideias de negócio. Em perspetiva está a criação de um gabinete próprio para o efeito, o Gabinete de Criação do Próprio Emprego. Há 7 anos atrás, durante as sessões de apoio ao desempregado, Rita Almeida era frequentemente questionada por parte dos utentes sobre a possibilidade de criação de negócio próprio. Com o volume de interessados a aumentar, apercebeu-se de uma nova oportunidade que estava a surgir no seu serviço. “Durante o atendimento as pessoas foram transmitindo que tinham algumas ideias que gostariam de concretizar e questionando se tínhamos conhecimento de meios de financiamento e de quem

as pudesse ajudar no desenvolvimento da ideia”, recorda a técnica. Começou por orientar e debater pequenos projetos que lhe apresentavam, aferindo a viabilidade de concretização com os empreendedores. Relembra que na altura houve um boom de empresas de limpeza e que teve várias solicitações de criação de microempresas, entre as quais, nasceu o primeiro caso de criação de uma empresa. “Houve uma pessoa que me contactou solicitando ajuda na adequação do modelo de negócio e que mais tarde voltou a contactar-me para contratar pessoas para a sua própria empresa”, refere. E acrescenta: “Fez-se um click e, como resultou, fez-me querer saber mais, pesquisar mais informação, estar mais preparada e formar-me na área de negócio, apesar de esta não ser a minha área de formação”.


Da ideia ao planeamento Segundo Rita Almeida “as pessoas têm ainda receio de falar dos seus negócios, de partilhar e de expor as suas ideias, com receio que outras possam roubá-las”. Acrescenta que, “cada projecto só tem a ganhar com a partilha” e assume o desejo de tornar o CCPC “um centro catalisador de parcerias entre empreendedores”. Na sua opinião, a primeira ideia, muitas vezes, não representa aquela que será concretizada e deve ser desmontada, uma vez que ainda não representa um negócio. “O meu papel é desmontar a ideia, conhecer a pessoa e as suas competências empreendedoras para poder trabalhar tanto a pessoa como a ideia”, esclarece. Após este primeiro passo que convida o empreendedor a tomar uma decisão e que ajuda a descobrir o modelo de negócio mais adequado à concepção da sua ideia, Rita Almeida não hesita em encaminhar o projeto para uma segunda fase, sob a orientação de Rui Santos, voluntário no CCPC, com o objetivo da elaboração de um plano de financiamento e viabilidade económica. “Se a pessoa decide que tem pernas para andar, não se intimida e não se deixa levar pelas circunstâncias agressivas que, muitas vezes, ameaçam a construção de um negó-

cio, passamos para a área financeira com a ajuda do Rui. O papel principal é pensar como a ideia se pode tornar sustentável”, sublinha. Apesar do apoio prestado, assume que é também objetivo que o empreendedor não adote uma postura passiva, mas que enfrente as dificuldades inerentes à criação de um negócio. “O objetivo é que a pessoa também se desprenda, ganhe asas e vá à procura de superar obstáculos, que fique mais forte e resiliente”, confidencia. “Vão ser as pessoas a ditar o futuro” Atualmente sustentado por Rita Almeida e Rui Santos, o futuro do gabinete depende do volume de pessoas a procurar este serviço. “Vão ser as próprias pessoas a ditar o futuro deste projeto” afirma. Contudo, as perspetivas são animadoras, pois foram realizadas 32 sessões e passaram 19 projetos pelo gabinete em 2015. “Criar um projeto que promova uma ajuda mais sustentada, alargar a rede de parcerias e de apoios e, acima de tudo, tornar este projecto um centro promotor de partilhas e contactos”, são os objetivos a que se propõe para este ano. Nelson Cavaco

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O CCPC foi à EDP partilhar a sua experiência

COMUNIDADE MAIS LEAN

O Rotary Club Parede-Carcavelos tem vindo a apoiar o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (CCPC) na implementação da metodologia Lean e no passado dia 5 de Novembro, no âmbito das suas sessões Leadership Lab, partilhou esta iniciativa de sucesso numa sessão aberta com outros clubes rotários, instituições e público em geral. O Lean consiste basicamente na procura das soluções mais eficientes, que permitem incrementar valor nas organizações, através da identificação e redução do desperdício nos recursos que utilizam. Vai no entanto mais longe, pois envolve todas as pes-

soas que desenvolvem as actividades, promovendo iniciativas para tornar os processos mais eficientes. Masaaki Imai, observador do “milagre” do Japão no pós-guerra regista, em livro editado em 1986, um dos principais pilares para este sucesso a que chamou Kaisen*: “a aposta em soluções baratas assente no esforço e engenho das equipas, no combate ao desperdício e no envolvimento de todos, conduzindo a uma maior qualidade e produtividade”. Este livro de gestão registou um enorme êxito no ocidente, sobretudo no sector automóvel, inspirado na eficiência dos congéneres nipónicos, com destaque para


a Toyota. A metodologia foi adoptada por outras indústrias e posteriormente também pelo sector dos serviços e, na recente reedição, o autor inclui 5 casos de sucesso em Portugal nos 25 exemplos que destaca a nível mundial. Aplicada na EDP desde 2006, esta metodologia é levada em 2011 através da EPIS (Empresários para a Inclusão Social), no âmbito do seu voluntariado de competências, numa acção coordenada por Vítor Cordeiro, para o Agrupamento de Escolas da Abrigada onde é implementada com sucesso. Foi precisamente este parceiro que, em conjunto com o RC Parede-Carcavelos nas acções de sensibilização junto do CCPC, veio mostrar em 2014 os resultados das suas iniciativas. Desde então o Centro Comunitário implementou o Programa Lean de uma forma exemplar e até inovadora nalguns aspectos, com o acompanhamento e dinamização deste clube rotário.

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Foi com enorme entusiasmo que, cerca de um ano e meio depois, a Coordenadora Inês Cayolla e os líderes das equipas Lean do CCPC apresentaram as iniciativas desenvolvidas e as dinâmicas criadas, para satisfação da Direcção, utentes (4000 anualmente) e parceiros do Centro, mantendo os 80 participantes muito interessados durante toda a sessão. A Directora do CCPC, Conceição Fernando, expressou satisfação pelos resultados obtidos, por se tratar de uma metodologia assente no conceito da melhoria contínua, com impacto positivo na motivação e no trabalho em equipa, tornando os processos mais eficientes e libertando recursos que permitem atender um número crescente de utentes. O Presidente da Lean Academy Portugal, Sérgio Caldeirinha, fez a entrega do símbolo do Lean Enterprise (USA) e reconheceu o Lean no CCPC como um excelente exemplo a seguir.


No final, participantes individuais, membros doutros clubes e representantes de várias instituições locais e de comunidades vizinhas, mostraram-se interessados nesta metodologia, havendo já agendados encontros para iniciarmos e apoiarmos outros projectos.

que permitem à instituição chegar a mais utentes. No entanto, a principal mudança verificou-se nos comportamentos e atitudes, com impactos positivos no dia-a-dia do Centro, nos processos de trabalho e nas relações interpessoais, acabando por transformar a comunidade.

Procuramos, assim, a verdadeira sustentabilidade no Serviço que prestamos, fazendo com que os que servimos se tornem autónomos e até “servidores”. Por isso, o CCPC compromete-se a ajudar a implementar esta metodologia noutras instituições, mostrando as suas iniciativas, que não se traduzem apenas em Euros, mas fundamentalmente na mudança de comportamentos e atitudes das pessoas que se sentem motivadas e com autonomia, que sabem que o seu desempenho é essencial para que as organizações atinjam os seus objectivos.

Este programa é apoiado por Vítor Cordeiro que contou, nas acções de sensibilização, com o Agrupamento de Escolas da Abrigada que, no âmbito do voluntariado de competências da EDP, foi ajudado a implementar a metodologia Lean desde 2011." Para mais informações sobre o lean: http://issuu. com/agora-ccpc/docs/__gora_issuu_194?e=1684 9355/30445824&fbPageId=191788620916022 (*) Kaisen significa Kai (mudança) + Zen (para melhor); Lean no ocidente.

Este tipo de projectos revela a verdadeira essência de Rotary ao colocarmos as nossas próprias competências profissionais ao serviço das pessoas e das instituições, respondendo às suas necessidades e gerando resultados sustentáveis para transformar comunidades. O Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos, que tem o Programa Lean implementado desde há cerca de um ano e meio, foi convidado a participar numa sessão de seguimento do Programa Lean nas áreas de Investimento e de Suporte da EDP Produção, que teve lugar no auditório da Sede da EDP em Lisboa, com transmissão por videoconferência para o Porto e para outras localizações da EDP, incluindo Espanha. A Coordenadora Lean: Inês Cayolla e Alberto Cordas, surpreenderam os participantes pela simplicidade, mas consistência, como o programa tem vindo a ser desenvolvido. Genuínos nas abordagens, inovadores na gestão das equipas Lean e no processo de comunicação, apresentam resultados sustentáveis,

Lean


23 ÁG O R A


rúbrica

VOLUNTARIADO NA PRIMEIRA PESSOA

com Maria José Craveiro Reis (ou Mizé) | A SENHORA GENICA “Ninguém me chama Maria José, até os meus pais só me chamavam Mizé.” E de facto, acenta-lhe bem o nome de criança. Mizé também tem entre as rugas traços muito vivos e olhos divertidos. Aos 81 anos gaba-se de não ter dores e ter uma pressão arterial de jovem. Nos últimos anos, diz, que mais que rejuvenescer, ressuscitou. “Eu tinha estado muito doente, deixei de conduzir, para andar era só acompanhada, enfim…” Isto foi há uns 3 anos, Mizé já era visitadora de doentes, missão que entretanto acabou. Nessa altura surgiu o Centro Comunitário de Carcavelos e a procura de voluntários para a Loja do Centro Comercial Riviera. “Foi uma altura em que pensei: agora vai ou racha! E fui. Ofereci-me e fiquei logo. Estou desde o início.” O trabalho na Loja dos Corações foi um desafio a sério, “também se descobriu que tenho Parkinson. Não tenho sinais visíveis porque tomo medicação. Foi muita força de vontade e acho que também foi uma ajudinha lá de cima”, diz a sorrir. O certo é que começou a trabalhar na loja, recomeçou a conduzir e tem hoje uma vida bastante ativa. Ora veja a agenda semanal: “À segunda feira faço acolhimento na Igreja, à terça estou no Riviera, na quarta feira trato da casa, à quinta vou à feira – não é a dos trapos, é a das frutas e dos legumes – e à sexta vou outra vez para a Loja. Ao fim de semana, descanso, como os outros”.

Mizé não se considera voluntária, em vez disso diz que “sou útil”. E é isso que lhe dá a tal “genica”. Durante uma vida deu aulas na Escola Maria Ulrich, para professores. Ao longo de 18 anos conciliou a vida profissional, com a casa, 3 filhas e um marido com sérios problemas de saúde. “Quando fiquei viúva pensei que tinha uma vida estúpida. Ponderei, as filhas apoiaram e reformei-me. Depois fui à procura de ser útil”, resume. A experiência na loja do Centro Comunitário é muito diferente da que teve enquanto visitadora de doentes. Adaptou-se tão bem que hoje muitas colegas a tratam por “mãezinha”. E porque não? “Algumas têm 50 anos, que é a idade das minhas filhas”, explica. Sempre que fala com mais entusiasmo, é de pessoas que Mizé fala. “Gosto muito de estar na Loja, é muito engraçada a intimidade que se desenvolve com algumas pessoas. Há quem vá lá só para nos ver, para cumprimentar. As pessoas acolhem-nos muito bem, as que lá vão e as que lá trabalham. Claro que também há os seus aborrecimentos, mas tudo se resolve.”. Foi na Loja que Mizé descobriu dotes insuspeitos, “as minhas colegas dizem que eu sou a mais prendada. Mas o que faço é dar uns jeitinhos.” Quer isto dizer, por exemplo, que se há um casaco sem botão, a Mizé prega; que se há um colar desfiado, a Mizé leva para casa e concerta.


Aos 81 anos, por muito que se ocupem os dias, há tendência para ter noites longas , quem pode e quer, arranja muito que fazer. Pelo menos é assim com Mizé: “Durmo muito pouco, umas 3 ou 4 horas por noite. Faço sempre serão até tarde. Faço tricot e outras coisas, ainda agora fiz 40 presépios”. Quarenta? “Sim! Uns de pauzinhos de fósforo, outros de tecido, outros de feltro. É uma questão de imaginação: experimento coisas novas e se gosto continuo, se não desisto e procuro outro material”. E que mais Mizé, ainda há genica para mais? “Há sim, dou os meus giros agora que voltei a conduzir e também tenho um grupo de canasta. Temos que fazer alguma coisa e juntamo-nos para jogar. Elas gemem, dizem que têm dores - a mim não me dói nada -, outras dizem que têm frio - eu não tenho frio nenhum...” Parece que Mizé tem tudo de sobra, “tenho uma casa grande, é lá que fazemos as festas de amigas aqui da Loja. Quando é Natal, quando alguma quer fazer uma despedida porque vai mudar-se, enfim, para que é que eu quero uma casa grande? Só para enchê-la!”. Um lugar vago no quotidiano desta antiga professora é o do neto que está a trabalhar em Bremen, na Alemanha. “O que me vale é o Facebook, falo muito com ele. Primeiro achei que aquilo era complicadíssimo, que nunca ía dar com aquilo da internet, mas depois adaptei-me.” “Não consigo imaginar-me com uma vida parada. Só se me der alguma sem eu estar a contar!” “Agora dá-me licença, agora tenho de atender a minha neta - tenho umas netas lindas”. Mizé puxa do telemóvel e recomeça a sorrir. Dora Pires

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Projeto Pais Ativos

HIPERACTIVIDADE

E DÉFICE DE ATENÇÃO No âmbito do projecto Pais Activos, no dia 23 de novembro do passado ano Nuno Lobo Antunes, neuropediatra, veio ao Centro Comunitário fazer uma sessão de sensibilização sobre Hiperactividade e Défice de Atenção. Pelas 18h30 já a sala estava cheia de pais e profissionais ligados à educação e à saúde. Este especialista alertou de uma forma clara e concisa para o facto de este problema estar muito mediatizado mas continuar a ser pouco conhecido pela maioria da população, acabando por não se fazer justiça ao drama e sofrimento das crianças e famílias tocadas por esta perturbação. Para além de desmistificar vários aspectos que frequentemente aparecem relacionados com estas situações, nomeadamente a culpabilização do tipo de educação como a diminuição do rigor e disciplina, ou a ideia de que não existe Défice de Atenção se não for evidente uma grande agitação motora, Nuno Lobo Antunes especificou que, não havendo um indicador biológico, o diagnóstico deverá ser feito por um profissional experiente e respondendo a quatro perguntas chave: 1. Tem a criança maior dificuldade em se concentrar em tarefas que exigem esforço mental do que as outras crianças da mesma idade? 2. Essa dificuldade é testemunhada por várias pessoas? 3. Essa dificuldade prejudica claramente a criança

(não só o rendimento escolar seria outro como a sua vida, de uma forma geral, seria melhor)? 4. Existe outra explicação (é circunstancial, um acidente da vida)? Feito o diagnóstico e sabendo que o impacto desta perturbação a nível pessoal e familiar é muito grave dever-se-á recorrer ao tratamento. Para este profissional a adequação do tratamento será tanto mais eficaz quanto melhor se conhecer a família e o contexto escolar. Recomenda uma Intervenção Psicológica e Comportamental e a toma de uma medicação apropriada (Ritalina) que aumenta os níveis de dopamina e não provoca qualquer dependência. Terminou a sua palestra admitindo que a decisão dos pais de medicar o seu filho é sempre vivida com uma grande angústia e alertando, mais uma vez, para a quantidade de informação enganosa e não baseada em quaisquer dados científicos a partir da qual muitos formam uma opinião não hesitando em julgar e aconselhar famílias que vivem o drama da Perturbação da Hiperactividade e Défice de Atenção. Psicóloga Fernanda Craveiro Reis


ATELIERS 2015 . 2016 Ginástica Geriátrica Teatro com Emanuel Pereira

com Natasha Marjanovic

Ginástica Postural

Pintura e Artes Decorativas

com Cláudia Martins

Tapeçaria

com Fernanda Robalo

27 ÁG O R A

com Isabel Cortes

Aulas de Guitarra com João G. & Tânia R.

Iniciação à Costura com Graciete Gomes


próximos eventos

DESTAQUES CCPC CARNAVAL > 8 FEV Como já manda a tradição, dia 8 de fevereiro haverá festa no centro para a celebração do Carnaval.

PROJECTO PAIS ATIVOS > 9 MAR Dia 9 de março, pelas 18h30 irá realizar-se mais uma sessão do Projecto Pais Ativos. Esta Ação de Sensibilização (IV) terá o tema “Estratégias práticas para dias felizes em família”, promovida pela Parentalidade Positiva - Magda Dias, coach e formadora nas áreas comportamentais e comunicacionais há mais de 12 anos.


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