NR. 195 | NOVEMBRO
ÁGORA
JORNAL
NESTA EDIÇÃO Pe. Pedro Silva novo presidente da direcção do CCPC
Casa Jubileu celebração do 14º aniversário
Rúbrica: Psicologia ao Alcance de Todos Psicóloga Fernanda Craveiro Reis
«Espaço Emprego» Gabinete de Inserção Profissional
Madalena Esteves Project Solidário
«Verbo Estudar» Apoio Escolar
Voluntariado na 1ª Pessoa com Olga Flora
TELEFONE
21 457 89 52 E-MAIL
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NR. 195 | NOVEMBRO
ÁGORA
JORNAL
aconteceu no centro
OUTUBRO '15
NESTA EDIÇÃO
Dica da Dietista Com Letícia Salomoni
Pe. Pedro Silva
No passado dia 19 de Setembro a Paróquia de Carcavelos e o Centro Comunitário deram as boas-vindas ao Padre Pedro Silva.
[pág. 5 - 10]
Casa Jubileu [pág. 11 - 13]
COORDENAÇÃO
Rúbrica: Psicologia ao Alcance de Todos
Natércia Martins
[pág. 14 - 15]
«Espaço Emprego» [pág. 16 - 18]
Madalena esteves [pág. 20 - 21]
«Verbo Estudar»
REDAÇÃO
Vanda Maltez, Dora Pires Rita Tomé & Nelson Cavaco GRAFISMO
Catarina Boavida FOTOGRAFIA
[pág. 22 - 23]
Catarina Boavida
Voluntariado na 1ª Pessoa
REVISÃO
[pág. 24 - 25]
a abrir
Conceição Fernando
Em Outubro foi tempo de celebrar o 14º aniversário da Casa Jubileu 2000, e oportunidade para festejar a sua remodelação de espaço. Conversámos com Mário Marfim, e ficámos a conhecer a medida de apoio à procura de emprego «Espaço Emprego» a funcionar no CCPC em articulação com o IEFP. Fomos conhecer o projecto - «Oficina Social» - ao abrigo de um protocolo da Câmara Municipal de Cascais, e que «fez luz» em casa de Madalena Esteves. O Apoio Escolar é mais uma das respostas sociais proporcionadas pelo CCPC à comunidade numa vertente social e educativa. Fique a saber mais sobre este projecto-raíz do INTERVIR. No «Voluntariado na 1ª Pessoa» fica o testemunho de Olga Flora.
outubro
DESTAQUES CCPC ST. JULIAN'S SCHOOL Agradecemos aos alunos do colégio St. Julian's pela recolha de alimentos para a Mercearia do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos.
REMODELAÇÃO DA CASA JUBILEU 2000
GREENFEST O Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos esteve presente no evento sustentável - Greenfestcom o seu projecto «Recoopera».
A Casa Jubileu 2000 celebrou o seu 14º aniversário. Foi também oportunidade para festejar e agradecer a remodelação de espaço graças ao apoio financeiro do programa «Mais para Todos» do LIDL.
LOJA «CORAÇÕES CHEIOS» A loja re-abriu dia 29, num novo espaço, junto à livraria no Centro Comercial Riviera. Agradecemos a todos os colaboradores que tornaram possível esta mudança.
A Henkel, também se associou a esta iniciativa através da oferta de detergentes para a casa. O nosso sincero agradecimento a todos, pelo apoio e amizade que tornam possível continuar a fazer a diferença através deste projecto.
HUMANA INICIATIVA «GET TOGETHER SOCIAL»
Mais uma vez o Centro Comunitário recebeu um prémio de reciclagem têxtil através da parceria com a ONG Humana.
Obrigado ao Jorge Faca e à Bianca Mendonça e a todos que participaram neste «Get Together Social». E, assim se faz a diferença.
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novo presidente da direcção do ccpc
PE. PEDRO SILVA No passado dia 19 de setembro a Paróquia de Carcavelos e o Centro Comunitário deram as boas-vindas ao Padre Pedro, que junto ao mar tem encontrado o seu caminho da fé e junto aos céus uma forma de concretizar os seus sonhos. Um homem de origens simples, padre há 19 anos e que chega a Carcavelos com vontade de que a sua Igreja seja um espaço onde toda a comunidade cristã e não cristã se sinta acolhida e amada. Este é o registo de uma conversa num tarde amena de outono onde descobrimos mais sobre quem é o Padre Pedro e o que traz consigo para dar a Carcavelos. CCPC: Para quem ainda não tomou contacto com quem é o Padre Pedro quais são as suas origens? Pe. Pedro Silva: As minhas origens são simples. Eu sou da chamada zona Oeste do Patriarcado, mais propriamente de uma cidade chamada Torres Vedras. Sou filho único, os meus pais são um casal cristão simples, reformado, que sempre viveu do fruto do seu trabalho. CCPC: Em que momento da sua vida descobriu a sua vocação? Sempre quis ser padre? Pe. Pedro Silva: Esta descoberta nasce de uma forma muito simples na própria comunidade cristã de Torres Vedras onde estava inserido na caminhada catequética e paroquial. A certa altura fui convidado para participar em atividades do Pré-Seminário e esse acompanhamento era feito não só no Externato de Penafirme, em A-dos-Cunhados, perto de Torres Vedras, como também em Lisboa em alguns momentos de encontro.
Após essa caminhada fui convidado a integrar o Seminário com uma experiência mais profunda de descoberta vocacional. E aconteceu que entrei para o Seminário de S. José de Caparide e fui fazer no Liceu de São João do Estoril o 10º ano, portanto teria 15/16 anos. E foi sendo uma descoberta progressiva, com uma disponibilidade interior para procurar, para descobrir o caminho pessoal, o caminho de vida e, concretamente, perguntando muitas vezes a Nosso Senhor o que é que ele queria fazer de mim, o que é que ele queria da minha vida. De resto como nos ensinam na catequese e também no Pré-Seminário: dispormos a nossa vida para que Nosso Senhor nos diga o caminho, a vocação, o caminho de felicidade. Começando no Pré-Seminário de S. José de Caparide, depois no Seminário de Almada e depois no Seminário dos Olivais, fui fazendo uma caminhada feliz de resposta, de entrega, de descoberta, até que chegou um momento em que não pude esquecer mais ao que é que era preciso dar resposta. Muitos momentos que ficam e onde se foi confirmando esta unidade, esta alegria, esta presença, esta fidelidade à Igreja, este amor à Igreja, este amor ao Povo de Deus, esta fé em Nosso Senhor. CCPC: Li numa entrevista sua que em determinada altura da sua vida pensava em seguir uma carreira militar na Força Aérea, portanto arranjou uma maneira diferente de tocar os céus? Pe. Pedro Silva: Sim, a vida militar, essa sim, foi um sonho de criança ou de pré-adolescente. Mas, de facto, com a entrada no Pré-Seminário e no Semi-
nário a vida militar acabou por não se atravessar no meu caminho e não diria que sou uma pessoa frustrada porque não experimentei esse caminho. Os sonhos também são sonhos por alguma razão e nem sempre são para se concretizar, ainda que nunca mais deixem de ser sonhos.
Pe. Pedro Silva: Nestes 19 anos de padre, em todos os sítios por onde tenho passado tenho tido momentos gratificantes, felizes, intensos, diferentes, bons, de luta e, ao mesmo tempo, todos eles ajudaram a construir-me naquilo que sou hoje como homem e como padre.
CCPC: Sei que já passou por outras Paróquias antes desta. Que Paróquias foram essas e que boas recordações guarda desses sítios por onde já passou antes de chegar aqui?
Comecei exatamente na Paróquia da Lourinhã, integrado numa equipa de outros sacerdotes. Éramos os chamados Pároquos Insólidus. E esses foram os momentos da integração, da passagem do
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PE. PEDRO SILVA continuação
Seminário para a vida concreta de Pastor, onde foi muito importante este trabalho com outros colegas, onde cresci muito durante sete anos. Daí fui para outras Paróquias rurais do Concelho das Caldas da Rainha onde passei cinco anos também, de facto, muito bons, muito enriquecedores. E depois passei, então, para a Paróquia de Peniche, substituindo um homem da mesma escola do Padre Aleixo, o Monsenhor Bastos, que esteve na Paróquia 62 anos. E nessa Paróquia de Peniche estive sete anos nesta fase de transição até chegar aqui a Carcavelos. O que é que todas estas Paróquias tiveram de importante? Sobretudo destaco as pessoas, as próprias comunidades cristãs, todas elas diferentes, umas mais participativas, outras mais fechadas, mas que no relacionamento humano e nesta comunicação foram trabalhando em conjunto comigo, numa caminhada que me fez um padre mais cristão, mais junto ao povo. CCPC: Que primeiras impressões retira da sua chegada a Carcavelos? Pe. Pedro Silva: O Senhor Patriarca quando me chamou para me dizer para onde me queria enviar disse-me uma coisa muito simples, disse que me iria colocar num sitio totalmente diferente onde só existiam duas coisas iguais «pessoas e mar»! Aquilo que eu tenho sentido nestas duas semanas que aqui estou é um bom acolhimento por parte de todas as pessoas, na sua simpatia, na sua disponibilidade, o facto de acolherem um sacerdote diferente, o facto de também com saudades dei-
xarem o Padre António, que os marcou muito, que ajudou a tornar esta uma Igreja muito mais viva porque percebeu e ajudou todas as gerações aqui presentes a viver a sua fé e a fazer a sua caminhada. E é isso que eu quero, de certa forma, para a Paróquia de Carcavelos: que os cristãos que participam na comunidade e também aqueles que não participam sintam que a Igreja os acolhe, que lhes dá um Deus, que os chama, que os salva. Um Deus que está com eles na sua vida independentemente de virem aqui à Igreja ou não. CCPC: Que mensagem deixaria aos paroquianos e à comunidade de Carcavelos sobre o que será o vosso futuro em comum? Pe. Pedro Silva: Há uma afirmação do Evangelho do Nosso Senhor que é muito preponderante para perceber que nós nunca poderemos estar de portas fechadas e diz Nosso Senhor: «Tenho outras ovelhas que não são deste redil, tenho que ir ao seu encontro». E isto é fundamental não só para mim como pastor como para a própria comunidade cristã. Percebermos que temos que estar continuamente, a Igreja e cada cristão, na sua vocação de batizado, virados e abertos ao exterior e não ao consumismo interno. Precisamos de ser verdadeiros connosco, verdadeiros uns com os outros, caridosos uns com os outros para podermos ir fazer o que é preciso fazer a quem quer que seja preciso fazê-lo. Sermos autenticamente missionários com aquela simplicidade que tem sido característica do Papa Francisco.
Tenho outro rebanho que preciso de cuidar, tenho outras ovelhas que preciso de cuidar e isto é uma realidade que precisa de ser para todos os padres, para todos os cristãos, para todas as comunidades e a nossa Diocese de Lisboa, neste convite do seu Patriarca a estarmos em Sínodo, é sinal disso. De estarmos unidos, de percebermos um futuro comum, uma atenção comum, de deixarmos espaço à criatividade para chegar com este Evangelho sempre um pouco mais longe. CCPC: Ao vir para esta Paróquia recebe também como herança o CCPC, com muitos anos de serviço prestado à comunidade, numa missão iniciada pelo Padre Aleixo. Já se inteirou dos projetos que lá se desenvolvem e que ideias novas gostaria de trazer para o CCPC? Pe. Pedro Silva: Curiosamente eu tive contacto com o CCPC no inicio deste ano porque quando estava em Peniche tivemos conhecimento através dos meios de comunicação social de um projeto que particularmente nos interessou, a mim como pároco e ao Centro Solidariedade e Cultura em Peniche, que foi a Mercearia Social. Há aqui uma mais-valia neste projeto que viemos procurar conhecer e perceber como é que se poderia implementar no Centro Solidariedade e Cultura em Peniche. E foi assim que se deu o nosso primeiro contacto, sem saber que meses depois tudo isto iria acontecer e que viria para aqui. O Centro Comunitário impõe-se por si mesmo, pela sua obra e na sua forma de trabalhar, não precisa que eu traga projetos, que eu traga sonhos. O
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CCPC está sempre de espírito aberto para perceber as realidade sociais da Paróquia de Carcavelos e da sua comunidade porque não se restringe o seu serviço ao credo. Está para servir o homem, por isso, não se fecha, abre-se. Assim, qualquer projeto, para além dos muitos que o CCPC já tem, que seja de interesse e de serviço para a comunidade contará com o apoio do Centro Comunitário para se concretizar. Assim haja criatividade nos seus membros, na sua direção, nos seus técnicos, nos seus funcionários para podermos servir a comunidade!
novo presidente da direcção do ccpc
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CCPC: A minha próxima pergunta é inevitável e prende-se com a atuação do Papa Francisco, que tem marcado cristãos e não-cristãos, não só pela sua humildade mas também pela controvérsia que tem gerado em torno de algumas questões fraturantes para a Igreja Católica. Qual é a sua opinião sobre o que tem sido o trabalho do Papa Francisco? Pe. Pedro Silva: Os temas fraturantes, os temas difíceis, os temas reais, mas de facto difíceis, se bem o recordamos, começaram a ser tratados por João Paulo II, tendo o seu tempo forte e o primeiro embate com Bento XVI e obviamente continuam com o Papa Francisco. Isto é a vida normal da Igreja, no patamar de orientação da Santa Sé, mas existe tanto trabalho anterior para que a certa altura se decida, se ponha mãos à obra. E depois parece que quem pôs mãos à obra é que tem o protagonismo quando há todo um trabalho anterior que preparou esse momento. Tivemos em Bento XVI reflexões, temas e momentos únicos. Discursos, diálogos, encíclicas, notas pastorais de uma lucidez e de uma catequese únicas. O Papa Francisco vem dar uma lufada de ar fresco porque também a figura de Bento XVI era mais apagada, era mais fria, menos comunicativa. O Papa Francisco, vindo de onde vem, tem toda uma explosão de humanidade, com a qual nos identificamos muito porque também somos assim muito fortes humanamente e na comunicação. Mas isto é a Igreja na sua riqueza, na sua diversidade, não para um consumo interno. O Papa não é quem é, nem faz o que faz porque queira algum tipo de protagonismo pessoal, mas porque sente
exatamente como João Paulo II e Bento XVI, uma presença e uma mensagem, sendo a figura de Cristo e dos Cristão na Terra. Aquilo que pretende é exatamente que os Cristãos vejam nele também o caminho para Deus. Mas sem dúvida, é ele mesmo e a sua riqueza é incomparável, a sua linguagem simples, direta e verdadeira continua a ser também caminho, assim o espero, para que as decisões dos responsáveis governamentais de muitos países cuidem dos seus povos com muito mais verdade, generosidade, entrega e muito menos egoísmo. CCPC: Por fim, outro tema que tem marcado a atualidade é o da crise migratória de milhares de pessoas que fogem de uma guerra sangrenta na Síria e que procuram refúgio na Europa. A propósito desta grave crise o Papa já se pronunciou, apelando a que cada Paróquia prestasse o seu apoio. Aqui na Paróquia de Carcavelos alguma coisa está a ser pensada?
celebração do 14º aniversário
CASA JUBILEU 2000 É uma casa de família, quase como as outras. Uma das diferenças é que festeja o seu próprio aniversário. É uma entidade viva e está de parabéns, a Casa Jubileu, no dia dos seus 14 anos.
nhou outra vida. «Estive aqui algum tempo. Depois de um período em que estava completamente destruído. Vivia na rua, às vezes ía almoçar ao Centro Comunitário, tomava um banho para poder ir pedir dinheiro, de porta em porta, ou arrumar carros.»
A festa de aniversário serve de pretexto para reunir moradores, funcionários, antigos residentes, voluntários, amigos. É uma oportunidade para mostrar que família é esta que nunca para de crescer. Uma oportunidade para recordar de que é feita a vida entre estas paredes.
João saiu da Casa há 6 anos: «Hoje estou recuperado.Trabalho, reatei os laços com a minha família, consigo tomar conta da minha saúde. Mas tudo isto é aparente, na realidade continuo a ser um adicto. Continuo a vir cá uma vez por semana. Há coisas de que só consigo falar aqui».
João Pelicano vai falar ao microfone, está nervoso, mas faz questão de enfrentar uma sala cheia de gente e de contar cozmo foi a partir daqui que ga-
Na plateia improvisada há muita gente, mas especialmente atentos há 12 homens que olham para João e gostariam de estar um dia ali, no lugar dele,
Pe. Pedro Silva: Sim, a Paróquia de Carcavelos através do CCPC está disponível para acolher uma família e aliás já demonstrámos essa disponibilidade junto da Plataforma de Apoio aos Refugiados. Estamos disponíveis para acolher uma família com um, dois, três filhos ou para acolher algumas pessoas, porque pode haver necessidade de acolher realidades que não venham em família, e prestar-lhes todo o apoio de que precisem.
[Rita Tomé]
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celebração do 14º aniversário
Casa Jubileu 2000 continuação
a dar testemunho de como conseguiram passar para o outro lado das drogas, do álcool, da doença. São os actuais residentes da Casa Jubileu, jogam a sua oportunidade. Para muitos pode ser a última. «Quando aqui chegam vêm cansados, já passaram por muito, já tentaram e falharam muitas vezes. É uma casa de última linha. É por isso que se empenham». Joana Levita, coordenadora da Casa, explica que se chega aqui por muitos caminhos: «Às vezes vêm diretamente da rua, através do «Esperança», o nosso programa de apoio aos sem abrigo. Há quem venha dos centros de acolhimento, quem venha de mote próprio, porque ouviu falar, e também quem nos chega através dos hospitais». A Casa Jubileu acolhe homens com vários tipos de dependência e com doenças oportunistas. A residência não é um destino, é um ponto de passagem, pretende-se que de viragem. Joana Levita sublinha que «quando aqui entram, já fizeram desabituação das drogas ou do álcool. Aqui passam por várias etapas até à reabilitação. Cada pessoa tem o seu tempo». Paulo Silva está em contagem decrescente, à espera de vaga num apartamento comunitário. Depois de muitos afastamentos, recuperou a ligação aos familiares, vivem quase todos nos arredores de Lisboa. Por enquanto, faz voluntariado no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos e sonha com o dia em que há-de ter a sua própria casa. Nunca larga o stick, é o homem das selfies da casa. «Gosto muito de fotografia. É uma espécie de hobby». Vem da comunidade Vida e Paz, em Fátima. «Já estava habituado a viver numa comunidade, é mais
fácil adequar-me às regras. Quem vem da rua é muito mais difícil, mas é como tudo, é preciso querer». Depois das drogas, João Silva anda por estes dias em guerra com os cigarros. Há-de deixar, mas é preciso querer ainda mais.. Uma condição essencial para sair da Casa é ter algum meio de subsistência. Não é fácil, mas Joana Levita diz que se vai conseguindo:«Fazemos articulação com o centro de emprego, temos lá um gabinete. Quando aqui estão não têm acesso ao Rendimento Social de Inserção, mas quando saem já têm, e isso permite entrar no mercado de trabalho». O que se cria na Casa dura para sempre. Os residentes são 12 homens e uma cadela, a Jubi, mas «a casa está sempre cheia», diz Joana a rir. Os ex-residentes voltam exactamente como se volta à nossa casa da primeira família, depois de ficarmos adultos com vidas próprias. Também continuam a ter sessões de acompanhamento terapêutico. O mais forte, no entanto, são mesmo os laços pessoais, quando chegam, a maioria traz as relações familiares desfeitas. «Têm-nos a nós e têm-se uns aos outros». Mesmo na hora da partida, procura-se casa e trabalho nas imediações. É um conforto. «Se alguma coisa correr mal, têm sempre aqui um porto de abrigo, não ficam desorientados». De volta à festa de aniversário, não podia faltar o presente. O programa «Mais para Todos», dos supermercados Lidl, veio em boa hora. A Casa Jubileu foi uma das 54 instituições abrangidas. O projecto pedia 19 mil euros para obras de renovação do edifício. Conseguiu. «Desde o início fiquei fã desta candidatura» diz
Óscar Daniel, locutor da Rádio Renascença e membro do juri que seleccionou os projectos.. «Achei extraordinário, sobretudo, o facto de pedirem tão pouco para fazerem uma tão grande diferença». E a diferença está à vista, sobretudo nos quartos, agora novinhos em folha. Joana Levita anda numa roda viva a tentar dar atenção a todos. É importante que a festa corra bem, afinal é o culminar de mais uma conquista: «Nós vivemos em grande parte do protocolo com a Câmara Municipal de Cascais e com a Segurança Social. Sem apoios extra, como esta campanha do Lidl, seria muito difícil ir além da gestão do quotidiano. Fazemos questão de manter a dignidade das pessoas, todos os apoios são cruciais». A Henkel, por exemplo, fornece os detergentes para lavar a roupa. Esta é uma casa aberta a boas vontades e sem13 ÁGOR A
pre em construção. Um dos mais recentes projectos passa pela oficina de restauro - «queremos que seja um polo de formação, não só para os residentes da casa mas também para o exterior, para criarmos oportunidades de emprego». Nos últimos 3 anos toda a vida de Joana Levita gira à volta desta casa. Até se mudou para mais perto. Com 2 filhos pequenos conta com a ajuda dos pais. Afinal divide-se entre duas casas e duas famílias. Joana acha que não é bem dividir-se, «eu própria enquanto criança, cresci no ATL do Centro Comunitário. Tornar-me assistente social foi um passo natural. Estar a trabalhar aqui, também».
[Dora Pires]
um permanente braço de ferro?
MEDIR FORÇAS com Fernanda Craveiro Reis (psicóloga)
Cada vez mais cedo vemos as nossas crianças a tomar atitudes de oposição, a marcar posição. Elas querem, elas gostam, elas escolhem, elas negam… E esta tomada de posição, este assumir de uma vontade é muito positivo. É sinal de crescimento e de desenvolvimento da identidade; da tomada de consciência da sua individualidade e da sua autonomização em relação ao outro. Diferencia-se e já consegue tomar pequenas decisões, consegue perceber se as situações lhe são agradáveis e o que pode fazer para, em caso contrário, as modificar. Mas também assistimos a muitos casos em que o «não» é pronunciado sem que haja uma tomada de decisão diferente daquela que visa unicamente contrariar o outro: é «não» porque sim; precisamente para se afirmar como pessoa e mostrar que já tem vontade própria. Apesar de os pais saberem que é uma etapa importante no desenvolvimento da criança, não deixa de ser necessário encontrar estratégias para ajudar a lidar com a situação. Pode tornar-se muito cansativo se se estabelece na relação um permanente «braço de ferro», um permanente medir de forças, tornando a comunicação tensa e desgastante. Situações triviais de rotina como o vestir, a alimentação, tomar banho ou ir para a cama são antecipadas pelos pais e pela criança como momentos de conflito em que de uma recusa espontânea e irreflectida, a criança consegue passar para uma obstinada oposição fazendo frente até às mais du-
ras reacções de zanga e desespero por parte dos pais. Com o tempo estabelecem-se padrões de conflito e reactividade que são, depois, mais difíceis de resolver. Assim, é necessário que os pais combinem horários e rituais de rotinas que, apesar de poderem ser realizadas com alguma flexibilidade, não deixem espaço para dúvidas que terão que ser cumpridas. Escolham também tarefas simples em que as crianças podem participar e realizar como mais gostarem. Podem, mesmo, deixar algumas decisões ao critério dos filhos, desde que não seja alterado o objectivo último que foi determinado. Quando a criança é chamada a decidir como gostaria mais de realizar certa tarefa a sua atenção é desviada para esse fim e deixa de recusar o cumprimento da acção principal. Se não está estabelecido o hábito da não discussão das orientações dos pais é possível que, de inicio, seja necessária uma dose extra de firmeza e paciência. As crianças, como todos nós, testam os limites para perceber até onde estica a tolerância. Pode ser cansativo mas, posteriormente, será muito compensador. No momento do banho a situação pode ser apresentada como: «Vais tomar banho. Hoje apetece-te um duche rápido ou um banho de banheira?»; ou «Está na hora do banho. Queres lavar uns brinquedos ou brincar um pouco com os teus patinhos?» Desta forma, a decisão do momento da higiene e
da obrigatoriedade de tomar banho, cabe aos pais e não aparece como discutível. No entanto, é dada à criança a possibilidade de escolher como a pode tornar mais agradável naquele dia. São pequenas decisões que podem estar ao alcance da criança dando-lhe a possibilidade de exercitar a sua capacidade de pensamento, antecipação e autonomia e contornando situações de possível confronto, recusa e oposição de regras essenciais para o funcionamento harmonioso das rotinas familiares. Quando são utilizadas nas doses necessárias a firmeza, a paciência e a criatividade, juntamente com todo o amor que os pais sentem pelos seus filhos, a criança vai desenvolvendo a autonomia e construindo a sua identidade ao mesmo tempo que interioriza regras e limites. Estes últimos são essenciais ao seu crescimento pessoal e social; são essenciais para o desenvolvimento da confiança e segurança em si e nos outros, 15 15 ÁGOR ÁGORAA
tornando possível a convivência e preparando a criança para os desafios que enfrentará ao longo de todo o seu desenvolvimento. Mais tarde, à medida que a criança vai crescendo, vai estando capacitada para decidir de forma mais responsável alguns aspectos que dizem respeito às suas tarefas, mas saberá igualmente quando deve acatar as orientações dos pais ou de outros adultos de referência. Conversar e encontrar as formas mais agradáveis (ou menos penosas) de cumprir obrigações não significa uma permanente negociação e troca de favores. Mais uma vez caberá aos pais as decisões fundamentais respeitantes à vida dos seus filhos. Mas escutá-los e combinar estratégias é uma forma de potenciar o bem-estar e promover a autonomia e responsabilidade, uma vez que os jovens se sentem implicados na organização familiar e no seu próprio desenvolvimento pessoal. [Fernanda Craveiro Reis]
gabinete de inserção profissional
«ESPAÇO EMPREGO» O Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (CCPC), em articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), promove o encaminhamento para emprego dos diversos utentes inscritos no IEFP, através do seu Gabinete de Inserção Social (GIP). Há 9 anos criaram uma medida de apoio que se tem revelado uma aposta de sucesso no apoio à procura de emprego, apresentando uma taxa de colocação de 87%. O Ágora propôs-se a descobrir qual o segredo para o êxito do «Espaço Emprego». Ajudar os utentes inscritos no IEFP a regressarem à vida ativa, promovendo o encaminhamento para emprego, formação e técnicas de procura de emprego é a principal missão do GIP. Em Novembro de 2006, Mário Marfim, propôs-se a colaborar com o GIP, ao disponibilizar o seu know-how na área de recursos humanos e outplacement para colmatar lacunas evidenciadas pelos candidatos na procura de emprego. Reformado, mas com necessidade de sentir-se útil e ativo socialmente, Mário Marfim questionava-se sobre a forma como poderia ocupar o seu tempo livre. Um dia decidiu fazer voluntariado, confidenciado o pensamento que o levou a dar o passo em frente: «Sempre me interessei por questões humanas e sempre ajudei as pessoas, porque não continuar a ajudá-las naquilo que mais gosto de fazer?». Decidiu adaptar o programa de outplacement que utilizava no dia-a-dia profissional e criar o seu próprio modelo. De um programa de seis meses de duração, delineou um modelo composto por quatro
sessões individuais de 1,5 horas, cujos principais objectivos são apoiar na procura de emprego e ajudar na apreensão de novas competências. O passo seguinte foi apresentar o seu programa, como proposta de voluntariado, ao CCPC, que prontamente a aceitou, nascendo, assim, um caso de sucesso que se mantêm até hoje: o «Espaço Emprego». Mário Marfim não promete que ao fim das 4 sessões o candidato consiga emprego, mas sim que o mesmo se encontre melhor preparado para enfrentar o desafio de regressar à vida profissional: «Pretendo que a pessoa vá melhor preparada e que se distinga em algo que leve o empregador a escutá-la e a empregá-la». Num mercado de trabalho difícil e saturado em determinadas profissões, uma das suas estratégias passa por confrontar o candidato com a seguinte questão: «O que é que nunca fez que acha que tem condições para fazer?». Perante a questão, o candidato é convidado a sair da sua zona de conforto e a «procurar dentro de si competências que lhe permitam trabalhar fora da sua área de formação/experiência profissional». Nas quatro sessões de acompanhamento individualizado, Mário Marfim ensina os candidatos a construir um curriculum vitae «elegível e apelativo», uma carta de motivação e «não uma carta de apresentação» e a prepara-se para a entrevista, desmistificando a ideia de que se trata de uma questão de «vida ou de morte». Ciente de que é impossível comprimir um programa de seis meses em apenas quatro sessões,
mantém o atendimento o mais personalizado possível e está disponível mesmo após as 4 sessões: «disponibilizo sempre o meu email, não quero que as pessoas se sintam abandonadas». A primeira sessão é uma sessão de apresentação, para que ambos se fiquem a conhecer melhor. Habituado a lidar com quadros de empresas durante o seu percurso profissional, pessoas que tinham relativa facilidade em mudar de emprego, a realidade que encontrou aqui obrigou-o a adaptar-se ao contexto de trabalhar com pessoas desempregadas e com necessidade urgente de trabalhar para ganhar dinheiro. 17 ÁGOR A
«Os utentes obrigam-me a dar mais de mim e também tenho que ser um bocadinho psicólogo» revela, confidenciando algumas dificuldades com que se depara quando tem pela frente casos mais complicados de pessoas há muito tempo desempregadas. Contudo, sente que as pessoas confiam em si e procura que as sessões decorram num clima de máxima confiança e sinceridade, para que consiga ser o mais prestável possível, pois segundo Mário Marfim: «o que se passa nas sessões não sai dali». Perante a realidade actual e as dificuldades de empregabilidade qual será o segredo para atingir uma taxa de sucesso de 87% em cerca de 200 pessoas
gabinete de inserção profissional
ESPAÇO EMPREGO continuação
que já frequentaram as sessões? Com um briho nos olhos, humildemente Mário Marfim revela: «se já resultou comigo, porque não há-de resultar com os outros?». Durante a sua vida profissional também fora confrontado com a realidade de ser cliente numa acção de outplacement, após ser convidado a sair da empresa para a qual trabalhava na altura. No entanto, considera que ter vivido as duas realidades: estar em acção de formação para colocação em novo emprego e ter trabalhado em recursos humanos, talvez seja o motivo pela qual compreende os seus utentes e melhor os consegue ajudar. Sandra Tavares, 37 anos, foi uma das candidatas que frequentou as sessões do «Espaço Emprego».
Após dois anos e meio desempregada, conseguiu emprego num departamento de contabilidade. Para Sandra Tavares as sessões de Mário Marfim foram uma preciosa ajuda «pelo facto de ter um curriculum vitae bem feito» e por ter ganho «mais confiança no momento da entrevista de emprego e conseguir mostrar a diferença». «Saber que tenho tido algum sucesso, saber que algumas pessoas que passaram por mim estão a trabalhar» é o que o motiva para continuar a deslocar-se todas as terças e quintas-feiras de manhã ao CCPC. «Enquanto me sentir com capacidade psíquica continuarei» revela. [Nelson Cavaco]
projecto solidário
MADALENA ESTEVES Quem vive na mesma rua já se habituou a ver Madalena à janela. Até há dias, era a única forma de saber quando chegava uma visita. E a visita tinha que se fazer anunciar previamente por email ou por mensagem de telemóvel. Abrir a porta para a contagem do gás ou da água, por exemplo, estava fora de questão. Agora há uma luz nova na casa de Madalena. Uma luz, no hall de entrada, que acende cada vez que alguém toca à campaínha. Um pequeno truque que faz toda a diferença na residência de um casal em que ele está acamado e ela é surda. Parece o cenário de uma tragédia, mas não é, é só uma família com necessidades de apoio. Madalena deixou de ouvir há 63 anos, por causa de uma meningite. «Nos primeiros anos a surdez venceu-me. Depois aprendi a viver com ela». Aos 23 anos cortou os pulsos, achou que uma vida de silêncio não valia a pena. Depois aprendeu leitura labial, fez o curso de decoradora de interiores e ajudou a fundar a Associação Portuguesa de Surdos. Entre outras coisas. À beira dos 90 anos, Madalena espalha vitalidade. «Costumo dizer que não sou velha… tenho patine!» Cuida da casa e do marido com alguma ajuda. É inconformada por natureza: «As pessoas acham que por ser surda não tenho que ser exigente! É uma grande estupidez uma mulher ser inteligente neste país!» Madalena tem muito de que reclamar, mas não se limita a isso. A luz que avisa quando alguém to-
ca à campainha, por exemplo, resulta de um pedido que foi fazer pessoalmente à Câmara Municipal de Cascais. Foi de andarilho e de autocarro. O andarilho está agora estacionado na entrada do prédio, à espera que lhe reparem uma das rodas, mas a campainha luminosa, já está a funcionar. A Oficina Social da Câmara encaminhou o projeto para o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos. Uma parceria com a ABLA (Associação de Beneficência Luso Alemã) resolveu o resto - e pronto - fez-se luz em casa de Madalena. Susana Martins, coordenadora do Espaço Sénior, do Centro Comunitário de Carcavelos, veio fazer uma visita para ver se está tudo em ordem, «há sempre um periodo de acompanhamento, até porque, em regra, as pessoas nestas situações têm carências de vários tipos». Com a reorganização autárquica, a casa de Madalena fica numa zona de fronteira entre Carcavelos e a Parede. Também há que gerir a burocracia. Madalena aproveita a visita para pôr a conversa em dia. Há muito de que falar. Gosta muito de conversar. Ao contrário da maioria dos surdos de nascença, Madalena fala bem. Também é bastante boa na leitura labial. «Já dei aulas, tenho a sensibilidade dos surdos, mas a nossa percepção, a nossa sensação de isolamento é diferente da de quem é surdo desde nascença». Ao fim de uns minutos esquecemo-nos da sua surdez. Uma ajuda preciosa são as novas tecnologias, Madalena vive muito ao computador «falo com outros surdos», e faz de tudo um pouco, «sou vi-
ciada na leitura dos jornais, nos dias em que não leio sinto-me assim como quando temos que ficar em jejum para irmos fazer exames clínicos...». O telemóvel é outra ferramente essencial na vida de uma pessoa surda, pena é, queixa-se Madalena, que o mundo dos ouvintes não se lembre dis-so. Não faltam exemplos: «Para marcar consulta no Centro de Saúde, tenho que enviar mensagem para a GNR. Eles depois é que fazem o contacto. O Centro de Saúde só tem telefone fixo! Ninguém se lembra que os surdos não podem usá-lo. O mesmo acontece se precisar de chamar uma ambulância.
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É tal e qual em muitos serviços públicos, e não só!». A vida de Madalena Esteves é uma batalha cheia de conquistas. Uma das últimas, é a amizade de um pombo da vizinhança. Até já ganhou direito ao seu pires de arroz no chão da cozinha. «Às vezes entra e vem até aqui à sala. Fica aqui enquanto eu vejo televisão. Faz-me muita companhia». Hoje, por mais que acene na marquise da cozinha, o amigo não aparece. Há-de voltar, Madalena é boa companhia quando sabem escutá-la.
apoio escolar
VERBO «ESTUDAR» Todos os sábados de manhã o CCPC enche-se de vida com crianças do 1º, 2º e 3º ciclo que frequentam o serviço de Apoio Escolar. Um espaço de aprendizagem e de estudo, mas também de amizade, de encontro e de partilha. O Apoio Escolar é mais uma das respostas sociais proporcionadas pelo CCPC à comunidade numa vertente social e educativa. Ela surge integrada no projeto-raiz INTERVIR, cujo objetivo é minimizar os riscos de exclusão social, prestando apoio a famílias carenciadas em áreas como a saúde, habitação, emprego ou educação. Nesse sentido, o Apoio Escolar está disponível para os filhos das famílias já apoiadas pelo projeto INTERVIR, embora não se fechem portas a que outras crianças que necessitem deste apoio possam eventualmente vir a ser integradas.
O Apoio Escolar funciona aos sábados de manhã, num período de 3 horas durante as quais estas crianças estudam várias disciplinas e matérias com a colaboração de voluntários do CCPC, adaptando, caso a caso, as que forem mais pertinentes e necessárias. Pontualmente há ainda espaço para os TPC que tenham ficado por fazer, ainda que isso seja desencorajado já que um dos objetivos é também incutir-lhes uma rotina estudo. E precisamente porque sem essa rotina de estudo este Apoio Escolar nunca gerará tantos frutos, equipa técnica e voluntários trabalham também, ao mesmo tempo, com os pais destas crianças no sentido de haver um maior acompanhamento e integração destes no processo de aprendizagem dos seus filhos. Mas como não podia deixar de ser há um elemento crucial no sucesso desta iniciativa: os voluntários.Neste momento, o projeto conta com 13 voluntários (militares, engenheiros, advogados,
professores, entre outros), que prestam apoio a 14 crianças, alguns deles há já mais de cinco anos. Metade deles são funcionários do Grupo Mello, que através do seu programa de responsabilidade social incentiva os seus colaboradores a participar neste tipo de iniciativas, e os restantes são voluntários vindos da comunidade envolvente que dedicam o seu tempo a este projeto pelo gosto de trabalhar com crianças. Apesar de poder parecer uma tarefa árdua abdicar dos sábados de manhã e de dormir um pouco mais, Daniel Caixinhas, de 47 anos e engenheiro na Brisa, não hesita em afirmar: «Quem ganha, no meio disto tudo, sou eu! Saio de lá mesmo satisfeito e realizado pessoalmente por saber que posso ajudá-los». Já para Anabela Melo Pereira, 50 anos e secretária, a sensação é a de que estes «são sempre sábados de boa disposição, uma manhã bem passada, porque a alegria das crianças é contagiante». Para ela ajudar as crianças que anseiam pela sua presença e a valorizam torna as coisas mais simples e a sua tarefa mais agradável, para além de destacar também que tem «colegas maravilhosos e também gosto muito de estar com eles». Daniel já é voluntário do Apoio Escolar há três anos e sente que com a idade chegou também a paciência redobrada que é fundamental neste tipo de atividade e destaca o prazer que lhe dá ver estas crianças crescer, aprender e evoluir. Vai ao Apoio Escolar quinzenalmente e passa a ir semanalmente a partir de março/abril quando eles mais precisam devido a terem muitos trabalhos e testes.
Anabela é voluntária desde 2011 e também participa, habitualmente, numa base quinzenal. Com estas crianças já estabeleceu uma relação alegre, divertida, cheia de boa disposição, mas também de muita responsabilidade, sentido de obrigação e dever. «Tentamos fazer com que eles distingam o momento da brincadeira e aquele em que têm de estudar, e nós só lhes temos que dar espaço para que eles se manifestem em cada um dos dois. Há uma espécie de «negociação»», acrescenta. Todos os períodos escolares são, ainda, marcadas por atividades ou passeios fora do CCPC como idas ao circo ou ao cinema, aulas de surf, visitas a Belém, entre outras. Estas atividades são possíveis devido ao apoio de várias entidades parceiras do Centro Comunitário e constituem um momento de diversão fundamental para estreitar os laços entre crianças e voluntários. O Apoio Escolar tem um custo simbólico de 5€ por período escolar, ou seja, 15€ anuais que servem tão-somente para que as famílias também se responsabilizem e valorizem o serviço que é prestado. No futuro, o ideal seria conseguir dar resposta às 6 crianças que estão em lista de espera e que houvesse dois voluntários para cada criança. Por isso mesmo, fica o apelo para a necessidade constante de voluntários e para pensar se não pode ser você o próximo a ajudar estas crianças a fazer contas de somar e subtrair e a conjugar o pretérito perfeito do verbo estudar! [Rita Tomé]
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rúbrica
VOLUNTARIADO NA PRIMEIRA PESSOA com Olga Flora
Olga Flora é voluntária no Centro Comunitário de Carcavelos desde que se reformou, há cerca de 3 anos. Explicou ao nosso jornal que «sempre pensei que faria voluntariado quando me reformasse, porque é importante contribuir».
zer os trabalhos de casa e a tirar dúvidas da matéria. Mas não só de matemática! Também de Física e História. Mas, principalmente, ensina-os a organizarem um método de estudo que os acompanhe para o resto da vida.
Deu aulas de matemática ao 2º ciclo durante 36 anos e, em simultâneo, foi autora de manuais escolares. É uma grande defensora do ensino público, pois conhece-o bem e a ele se dedicou de corpo e alma. Como a própria afirma «a paixão da minha vida é o ensino».
Da sua experiência como professora em várias escolas e a alunos de diferentes condições sociais, ficou-lhe a convicção de que «nem que desse aulas debaixo de uma árvore, o que importa é dar sem esperar nada em troca».
Por essas razões, não conseguiu ficar afastada muito tempo do contacto com os alunos e, assim que surgiu a oportunidade de praticar voluntariado na área da educação, não hesitou. Para além do CCPC, também é voluntária no Banco Alimentar Contra a Fome de Lisboa, aquando das campanhas de recolha de alimentos. Conheceu o Centro Comunitário através dos seus espetáculos e sabia-o bem organizado; para além disso, uma amizade pessoal antiga une-a à sua Diretora-Geral. Do Centro diz ser «uma instituição a sério, com ofertas com as quais me identifico mas confessa que desconhecia todas as valências abrangidas pelo CCPC «só quando comecei a fazer voluntariado é que tomei consciência da dimensão deste projeto». Uma a duas vezes por semana, dá apoio ao estudo aos utentes dos ABC’s: ajuda as crianças a fa-
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Sente-se motivada para continuar o seu trabalho voluntário no Centro pois «ajudar os meninos a compreender e a gostar da matemática, contribuir para a sua evolução como alunos e como pessoas é extremamente gratificante!».
[Vanda Maltez]
próximos eventos
DESTAQUES CCPC CABAZ DE NATAL
«LEAN» NO CCPC No dia 05 de Novembro fomos convidados a apresentar a implementação da metedologia LEAN no Centro Comunitário a convite do Rotary Clube Parede-Carcavelos.
Para que todas as famílias possam ter uma ceia de Natal, precisa-se dos seguintes produtos: . Açúcar . Farinha . Leite . Leguminosas . Vinagre . Azeite . Bolachas
. Chocolates . Frutos secos . Arroz . Esparguete . Papas . Salsichas . Atum
. Ovos . Bacalhau . Batatas . Bolo rei . Ananás . Cenouras . --------
PROGRAMA
PROGRAMA
5 de Novembro de 2015 | 21h30
Até 3 de Dezembro de 2015
Hotel Praia-Mar | Rua do Gurué , nº16, Carcavelos
Entregas | No CCPC ou Paróquia de Carcavelos
Lean no CCPC
Lean no CCPC
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