Ágora 193 - SETEMBRO

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NR. 193 | SETEMBRO

ÁGORA

JORNAL

NESTA EDIÇÃO

Ateliers para miúdos e graúdos no Centro Comunitário

Férias Espaço Sénior no Minho

Aprender a ser Cuidador Formação e Estágio em Geriatria

Voluntariado na 1ª Pessoa Dica da Dietista

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21 457 89 52 E-MAIL

geral@centrocomunitario.net WEBSITE

www.centrocomunitario.net MORADA

Av. Loureiro, nr. 394, 2775-599, Carcavelos, Portugal


NR. 193 | SETEMBRO

ÁGORA

JORNAL

Dica da Dietista Com Letícia Salomoni

NESTA EDIÇÃO

Ateliers para miúdos e graúdos no Centro Comunitário

Férias Espaço Sénior no Minho

Aprender a ser Cuidador Formação/Estágio em Geriatria

Voluntariado na 1ª Pessoa Dica da Dietista

COORDENAÇÃO

Natércia Martins REDAÇÃO

Catarina B., Vanda M. Dora Pires & Rita Tomé GRAFISMO

Catarina Boavida FOTOGRAFIA

Catarina B. & Dora Pires REVISÃO

Conceição Fernando


Aconteceu no Centro

AGOSTO '15 a abrir

Em Agosto, o Centro Comunitário despediu-se de dois meses recheados de diversão, animação e novas amizades vividas pelas nossas crianças e monitores: «A Porta Aberta». Estes meses quentes são sinónimo de férias! E melhor do que isso, será descobrir o passeio de Férias promovido pelo Espaço Sénior e que teve lugar no Minho! Conversámos com Ana Rita Almeida, participante da organização do projecto «Formação na Área da Geriatria» e com uma das formandas, Margarida Mota. Com a chegada do mês de setembro aqui fica a divulgação dos ateliers que terão início em Outubro. Inscreva-se! No «Voluntariado na 1ª Pessoa» fica o testemunho de Victor Santos.


DESTAQUES

DO CENTRO Agosto

BANCO DE TROCA DE LIVROS ESCOLARES Considerando o início do novo ano lectivo que se aproxima, o Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos vai novamente organizar o Banco de Troca de Livros Escolares. Se tem livros em boas condições dos últimos três anos, pode entregar no Centro e também divulgar esta iniciativa. Se quiser ser voluntário nesta iniciativa basta contatar o Centro.

PROGRAMA

Banco de Troca de Livros Escolares 01 Setembro | a partir das 14h30

02 - 30 Setembro | 9h30 às 18h00


PORTA ABERTA 2015 Eles dançaram sincronizados, fizeram teatro, divertiram-se ao ritmo de jogos de água e sobretudo fizeram novas amizades. Mas foi com um Hino à «Porta Aberta» que as dezenas de crianças que participaram no programa em Julho e Agosto se despediram dos monitores e animadores. Para o ano há mais!

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Ateliers para

MIÚDOS E GRAÚDOS no Centro Comunitário

Durante todo o mês de setembro estão abertas as inscrições para os ateliers do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (CCPC), que se iniciam em outubro. A oferta é vasta, para pessoas dos 8 aos 80 e vamos mostrar-lhe porque é que os seus tempos livres pertencem aqui. O ritmo pode ser o da máquina da costura, dos acordes de uma guitarra ou da música que acompanha os exercícios de ginástica. A arte pode ser a de uma pincelada numa tela ou a da representação em palco. O mote é sempre o mesmo: proporcionar uma oferta de ocupação de tempos livres didática e que dê resposta aos interesses de crianças, jovens, adultos e seniores de Carcavelos. Estamos a falar, claro está, da oferta de ateliers que o CCPC proporciona e cuja fase de inscrição se inicia neste mês de setembro. Os ateliers disponíveis no ano letivo de 2015/16 são a Ginástica Geriátrica, o Teatro para Crianças e Jovens, a Guitarra, Tapeçaria e Iniciação à Costura.

GINÁSTICA GERIÁTRICA No atelier de Ginástica Geriátrica a animação e movimento estão garantidos. O lema é cultivar um corpo são e uma mente jovem porque, no fundo, já que vivemos mais devemos viver com qualidade e saúde. E é isso mesmo que promovem estas aulas, ministradas pelo professor Emanuel Pereira que salienta que as vantagens são físicas, mas também psicológicas e emocionais.

TEATRO O atelier de Teatro para Crianças e Jovens tem já um longa história no Centro Comunitário e existe há mais de 10 anos. Por este espaço já passaram várias crianças e jovens que, com a ajuda da professora e atriz Natasha Marjanovic, se prepararam «para os palcos da vida». Neste atelier os mais novos aprendem de forma lúdica e didática a tomar consciência do seu corpo e da presença do outro, a comunicar, a improvisar, a explorar o seu imaginário, a colocar a voz, a concentrar-se através da respiração, entre tantas outras coisas. Um trabalho contínuo que culmina com uma peça de teatro apresentada pelos novos artistas no fim do ano letivo. GUITARRA Para o atelier que se segue tudo o que é necessário é uma guitarra, um afinador e muita vontade de aprender. Nas aulas que serão ministradas pelos professores João Gaspar e Tânia Ramalho, o objetivo é trabalhar conteúdos como a melodia, formação de acordes, noção rítmica ou composição musical. As aulas terão a duração de 50 minutos e estarão divididas em quatro graus de aprendizagem. Resta esperar pelo fim do ano letivo para conhecer os futuros talentos da música nacional. INICIAÇÃO À COSTURA Já cantava Beatriz Costa: «Ai chega, chega, chega, chega ó minha agulha. Afasta, afasta, afasta, afasta o meu dedal». E no atelier de Iniciação à Cos-


tura a agulha e o dedal serão alguns dos instrumentos reis. Esta é uma atividade que tem ganho cada vez mais adeptos e aqui podem-se aprender as bases da costura, tirar e elaborar moldes, aprender as funções básicas da máquina de costura e fazer pequenas peças de roupa ou acessórios para dar um toque especial aos roupeiros lá de casa. TAPEÇARIA Gosta de bordar? E de conviver em grupo? Então este é o atelier destinado a si! Com a ajuda de Fernanda Robalo, professora deste atelier, aprende-se Arraiolos, uma técnica tradicionalmente portuguesa e para além da aprendizagem da técnica também se convive e partilham experiências. Aqui, convém não «perder o fio à meada», onde a imaginação e o detalhe trabalham em conjunto.

Os horários variam consoante o atelier e o seu público-alvo, o preço da inscrição também, bem como os materiais necessários para a participação em cada uma destas formações. Nada como visitar a página oficial do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (www.centrocomunitario.net) para encontrar todas as informações e, porque não, aproveitar para fazer a sua inscrição... Já sabe que tem até ao fim de Setembro para aproveitar esta oportunidade de ganhar um novo hobby! (Rita Tomé)

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TEATRO

com Natasha Marjanovic Terça-Feira 17h30 - 18h30 | 5 aos 10 anos

18h40 - 19h40 | 11 aos 16 anos Mensalidade 38.00€

Seguro 9.00€

Inscrição 19.00€

Reinscrição 5.00€


Ateliers para

MIÚDOS E GRAÚDOS continuação

TAPEÇARIA

GINÁSTICA GERIÁTRICA

com Fernanda Robalo

com Emanuel Pereira

Quarta-Feira 10-00 - 13h00

Terca e Sexta-Feira 09-00 - 10h00

Maiores de 15 anos

Maiores de 65 anos

Mensalidade 14.00€ Inscrição 7.00€

Seguro 9.00€ Reinscrição 5.00€

INICIAÇÃO À COSTURA com Graciete Gomes

Seguro 9.00€

GUITARRA

com João Gaspar & Tânia Ramalho

Terça-Feira a partir das 16h00 | João Gaspar Quinta-Feira a partir das 16h00 | Tânia Ramalho

Terça-Feira 10-00 - 12h30 Mensalidade 18.00€ Inscrição 9.00€

Preço por capitação

Maiores de 8 anos Seguro 9.00€ Reinscrição 5.00€

Mensalidade 30.00€ Inscrição 15.00€

Seguro 9.00€ Reinscrição 5.00€


Dica da Dietista:

INTOLERÂNCIA À LACTOSE com Letícia Salomoni A intolerância à lactose é causada pela diminuição ou ausência da produção de lactase pelo organismo humano. Esta enzima é responsável pela digestão do açúcar presente no leite: a lactose. A insuficiente ou ausente produção de lactase pode ser devido ao resultado do envelhecimento. É comum em pessoas de idade mais avançada ou como resultado de alguma doença, também podendo ser congénita, quando a pessoa já nasce com esta deficiência. A má digestão da lactose acarreta sintomas que podem ser desagradáveis como: distensão abdominal, gases, diarréia/obstipação e náuseas. Para ter a certeza de que é realmente a intolerância à lactose que está a causar esses sintomas, o médico deverá solicitar alguns exames, como: exame de tolerância à lactose realizado através de análise sanguínea em que se ingere lactose e se verifica a quantidade de glucose na corrente sanguínea. Também através do exame de hidrogênio expirado, em que se ingere lactose e se analisa a quantidade de hidrogênio expelido pelo doente, ou ainda, através do medidor de ácidos. A lactose não ingerida pro-

Todos os produtos provenientes do leite são passíveis de causar estes sintomas a quem é intolerante, contudo, há produtos que por terem uma maior concentração de lactose desencadearão mais rapidamente e com maior intensidade a sintomatologia do que outros. Os iogurtes naturais muitas vezes são alimentos bem tolerados por intolerantes, porém o mesmo não é verdadeiro para outros iogurtes que têm adicionados outros ingredientes como as natas com a finalidade de tornar o produto mais cremoso e apetecível. Por isto, muitas vezes é necessário testar cada produto alimentar, assim testará como o seu organismo reage. Até mesmo porque os níveis de intolerância variam entre as pessoas. Depois de verificado que exista intolerância ao açúcar do leite (lactose) será indicado fazer alterações na dieta substituindo os produtos lácteos e os seus derivados por produtos lacticínios sem lactose ou produtos de origem vegetal que também já existem em grande variedade nas grandes superfícies comerciais.

Origem Vegetal

origem animal

Leite sem lactose

duz ácido láctico no organismo, que consegue ser identificado por meio de um medidor de ácidos.

Bebida de Soja

Bebida de Aveia

Bebida de Arroz

Bebida Bebida Bebida de Quinoa de Espelta de Amendoa Opções de Bebidas sem Lactose.

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Férias do

ESPAÇO SÉNIOR no Minho

Um resort no Malawi? Sul de Espanha? Não, nada disso. Pelo menos por este ano, a proposta vencedora foi o nosso Minho. Quem é que não passa o ano a planear as férias do próximo verão? Aqui também, só que são dezenas de pessoas, dezenas de utentes do Espaço Sénior, a discutirem e a planearem em conjunto, o destino das férias. Discute-se todo o ano. O processo minucioso termina de forma democrática: com uma votação de 75 por cento - o Minho ganhou. Vamos então, pernas ao caminho, que é como quem diz, autocarro na estrada. Com Susana Martins, a coordenadora do Espaço Sénior que tem a tarefa de pôr toda a gente, a tirar o máximo partido das férias que escolheu fazer neste grupo. Ainda a entrevista não começou e já Susana puxa de pastas e dossiers e papéis para ter tudo direitinho. CCPC: Porque é que é tudo tão minucioso neste processo? Susana Martins: Porque tudo isto pretende envolver as pessoas. Devem ser escutadas, sentir-se envolvidas, que os seus interesses são valorizados. É preciso que sintam que fazem parte e é importante que tenham sempre presente que nada se faz, aqui no Centro Comunitário, sem validação dos próprios. Estas respostas são para eles. CCPC: Portanto é uma estratégia, mais que uma questão burocrática?

Susana Martins: A burocracia, os papéis, são importantes também. É uma forma de envolvermos as pessoas. Os papéis ajudam a ilustrar aquilo que se faz. É engraçado… aqui há alguns anos as pessoas estranhavam «Porque é que temos de estar sempre a avaliar tudo?», agora é ao contrário, se nos esquecemos de passar a ficha de avaliação são as pessoas que alertam: «Então e a ficha? Ainda não preenchemos a avaliação!». Porque sabem que é um instrumento de trabalho. Não fica a dormir nas gavetas. Nas assembleias, cerca de 4 por ano, são assembleias em que se avaliam todas as atividades feitas, com os resultados obtidos, do que é que se gostou, quais as dificuldades sentidas, como é que se ultrapassaram. As pessoas estão muito por dentro de todas as situações. CCPC: Porto, Esposende, Viana do Castelo, Santa Luzia, Ponte de Lima, Póvoa de Varzim, Gerês, Braga… destas paragens, qual foi o ponto alto? Susana Martins: Um dos pontos altos, creio que foi uma noite de fados, em Viana do Castelo. Acho que também gostaram bastante do passeio de barco numa barragem do Gerês. CCPC: E o ponto baixo? O que não foi tão bom como previsto? Susana Martins: Uii! A Quinta da Malafaia, a famosa Quinta da Malafaia e o arraial minhoto! Um evento muito massificado. Corremos alguns riscos. Queremos que as pessoas experimentem coisas novas, neste caso não correu muito bem.


CCPC: Precalços… E como é que se chegou ao Minho? Susana Martins: O Minho tem surgido pontualmente, ao longo dos anos, acho que o que cativou mais foi ser uma zona menos explorada, Viana do Castelo, mas também uma região fresca, nós vamos no verão, ficamos num hotel perto da praia, em Apúlia. CCPC: Das pessoas com quem falei, a Susana foi considerada uma presença essencial, nestas férias…

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Susana Martins: Eu tento estar sempre presente. Esta viagem tinha um guia profissional, mas o que eu acho é que tem que haver sempre aqui um elo de ligação. A nossa casa é esta, o CCPC, todos nos conhecemos aqui e mais do que uma instituição somos de facto um grupo de pessoas que se conheceram e que estão juntas, mesmo com objetivos diferentes. Também é importante o aspeto da segurança, de poder acontecer algum imprevisto e de as pessoas saberem que estão com alguém que pode ajudar.


Férias do

ESPAÇO SÉNIOR continuação

CCPC: É um conforto? Susana Martins: É um conforto e uma identidade. Se não podíamos ir a uma agência de viagens e organizar alguma coisa simpática. Tem que estar alguém que faça sentido. CCPC: E dá muito trabalho, quando as pessoas contam muito consigo para resolver tudo o que possa acontecer? Susana Martins: Há umas que dão mais trabalho que outras. Esta não. Houve por exemplo, o caso de uma senhora, das mais idosas, aquela que está ali comigo naquela fotografia (aponta para a parede, ao lado da secretária). Tinha saído de um período particularmente difícil, de várias perdas, e que este ano foi pela primeira vez sozinha, sem alguém da família. Senti muitas apreensões, até da parte dos familiares, mas acabou por ser uma das presenças mais gratificantes. Chegou e perguntou logo quando é que seria a próxima viagem. Este grupo não era muito grande, quando são grupos grandes e é preciso descentralizar mais a atenção é mais complicado. CCPC: E a Susana, de que é gostou mais? Susana Martins: Eu já conhecia esta zona. O que eu gostei mais foi mesmo a da noite de fados, apesar de não ser muito apreciadora. CCPC: Afinal o que teve esssa noite de tão extraordinário? Susana Martins: Sabe, acho que foi tudo. Foi uma noite espetacular, numa cidade bonita, foi um restaurante fantástico que eu não conhecia. O restau-

rante tinha mais pessoas, um sítio muito agradável, uma ementa bastante boa. E outra coisa… as pessoas não estavam lá por nós, mas trataram-nos como se fossemos especiais. Também tivémos os fadistas do nosso grupo que foram cantar. Foi de facto uma noite ao mesmo tempo tranquila e entusiasmante. Portanto também o que prova que alguma atenção pode fazer toda a diferença… Nós não somos mais um, ninguém gosta de ser mais um. Talvez tenha sido esse o segredo.

ANA GUEDES Testemunho

Foi tanto o gosto de viajar de teleférico que até venceu as vertigens. Afinal a vida é também isto, transformarmos medos em descobertas: «A vista era muito bonita, o truque foi olhar para trás, nunca para baixo. Se calhar foi o meu momento alto des tas férias. Braga, Viana do Castelo, Guimarães... já lá tinha estado, já tenho 70 anos, mas é sempre bom ver de novo. Apreciei bastante a viagem de barco, no Gerês. Foi uma pequena aventura. Não nos afetou, mas durante a viagem havia um incêndio numa das margens, o barco não podia ir onde os aviões se abasteciam de água. Esta foi a oitava viagem que fiz com o grupo do Centro Comunitário e gostei de tudo. Exceto o jantar em Viana do Castelo, um jantar num arraial minhoto, com muita gente. De resto, a camaradagem, a presença da Dra Susana, sempre atenciosa, sempre atenta a qualquer problema, foi muito reconfortante. Até o chofer era ótimo!»


ANTÓNIO AFONSO

AIDA CARVALHO

Gosta de passear mas sem demasiada agitação, própria de alguns grandes grupos. Estas foram férias à medida: tranquilas e ao mesmo tempo animadas: «Não conhecia era o sítio onde ficamos, na Apúlia, num excelente hotel. O dia melhor, para mim, foi no Gerês. De manhã nas Caldas, o almoço magnífico em Amares, depois S.Bento da Porta Aberta, a visita à Pousada...foi mesmo dos melhores. À noite, por vezes jantámos fora. Em Viana do Castelo foi muito bom ­uma noite de fados ­algumas pessoas do grupo até cantaram! Comida e animação do melhor. O que gostei menos foi um jantar com muita gente, um arraial minhoto. São nuances.»

Quando vivia no Porto, de vez em quando, sobretudo ao fim de semana, tinha o vício de dar uns saltinhos ao Minho: «Ía de carro, com o marido e os filhos. Já conhecia, mas gostei muito de voltar. Na memória fica sobretudo o passeio de barco na barragem do Gerês e as noites, a animação.Quase todas as noites havia festa: baile, cantigas, brincadeiras. Eu já fui de cantar, agora sou mais de dançar e do teatro. A comida foi sempre muito boa, só não consegui foi aprender a gostar das papas de sarrabulho. Fica para a próxima, ainda não desisti.»

Testemunho

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Testemunho

(Dora Pires)


Aprender

A SER CUIDADOR

Formação e Estágio na Área de Geriatria Terminado o mês de agosto é tempo de fazer um balanço daquela que foi mais uma iniciativa de empregabilidade do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos (CCPC): um curso de formação na área da geriatria. Porque ser prestador de cuidados e apoiar quem mais precisa era uma prioridade e uma necessidade do próprio mercado. Foi no espaço tranquilo do Gabinete de Inserção Profissional que estivemos à conversa com Rita Almeida, 36 anos, técnica de emprego e formação do CCPC, e que ficámos a saber como surge a ideia de criar este curso de formação em geriatria: «Recebíamos muitas solicitações de trabalho nesta área e, ao mesmo tempo, encontrávamos poucas pessoas com formação adequada. Tivemos mesmo pessoas que nos abordavam e diziam que gostariam de aprofundar os seus conhecimentos em geriatria. Portanto, este curso é uma prova de que trabalhamos virados para fora e a ouvir as necessidades constantes do mercado de trabalho». Enquanto organização isolada a ideia parecia não estar a avançar, mas quando o CCPC integrou o GEMTE – Grupo de Empregabilidade Territorial finalmente pareciam estar reunidas as condições para tentar concretizar este projeto, que acabou por se alargar ao Concelho de Cascais e por integrar várias entidades e Gabinetes de Inserção Profissional, contando, ainda, com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e com a certificação do Instituto de Emprego e Formação Profissional. A ideia foi promover uma formação sobre geriatria, totalmente gratuita, destinada a desempregados, inscritos no Centro de Emprego, com interesse por esta

área ou que quisessem adquirir novas competências. O curso foi composto por uma parte teórica muito completa e fez-se, também, uma forte aposta na componente prática, capacitando assim os formandos para os desafios reais de trabalhar nesta área e permitindo-lhes alargar as suas possibilidades de empregabilidade. Margarida Mota, 55 anos e desempregada há cerca de um ano, foi uma das participantes do curso e descobriu esta oportunidade numa das visitas ao Gabinete de Inserção Profissional do CCPC. «Quando soube que o curso ia avançar fiquei muito satisfeita. Nunca pensei trabalhar nesta área mas também nunca pensei que um dia iria ficar desempregada. Como tenho uma tendência natural para tomar conta de toda a gente, achei que podia canalizar isso de uma forma útil, fazer algo com impacto na vida de outras pessoas e aproveitar esta fase para um novo recomeço», conta-nos Margarida. A formação foi dividida, então, em três fases. A primeira consistiu numa semana de introdução que serviu, por um lado, para introduzir um pouco melhor quais os objetivos do curso e o que significa isto de trabalhar na área de geriatria e de ser um cuidador. E, por outro, para desafiar os inscritos a identificar quais os seus interesses, competências e mais-valias, usando isso para depois ser bem sucedido na procura de um emprego. A semana culminou num exercício de pitch pessoal, no qual os participantes tiveram que convencer um júri, composto por entidades e organizações que trabalham na área geriátrica, de que eram os candidatos ideais para integrar esta formação. Margarida Mota recorda esta semana como «muito interessante porque nos fez pensar numa série de


questões sobre as quais, muitos de nós, empregados há uma série de anos nas mesmas empresas nunca tínhamos pensado. O exercício final foi difícil até porque tenho pânico de falar em público, mas treinei muito em casa em frente ao espelho, empenhei-me e acabou por correr muito bem». Na fase seguinte iniciou-se a formação de 250 horas, que decorreu entre abril e junho e onde os formandos foram capacitados em questões fundamentais da geriatria, tais como os aspectos sociais da velhice, a deontologia e a ética profissional, a higiene e saúde da pessoa idosa e, ainda, a nutrição e dietética. Terminado este período de aprendizagem, que teve alguns momentos de avaliação e de testes, seguiu-se a fase dos estágios que teve lugar durante os meses de julho e agosto. Cada formando que concluiu com sucesso a formação participou numa breve entrevista, que ajudou a perceber melhor o que cada um pretendia e a depois colocar cada estagiário numa instituição que fosse ao encontro das suas expectativas. Foram cerca de uma dezena as entidades que se disponibilizaram para receber estes estagiários, entre as quais a ABLA, a Associação Portuguesa de Alzheimer, o Centro Psicogeriátrico Nossa Senhora de Fátima, o Lar da Bafureira ou o Centro de Dia de Algés, entre outras. Foi precisamente na Casa do Alecrim, que pertence à Associação Portuguesa de Alzheimer, que Margarida Mota realizou o seu estágio. «O meu pai faleceu com Alzheimer há 10 anos atrás, portanto esta era uma condição que eu já conhecia muito bem e com a minha costela de cuidadora e de mãe de toda a gen15 ÁG O R A

te acabou por ser mais fácil do que aquilo que eu imaginei. De todas as formas, nunca estávamos sozinhos, sentiamo-nos sempre apoiados e sabíamos que se tivéssemos alguma dúvida tínhamos sempre um colega ou um mentor a quem recorrer», conta Margarida a quem este estágio correu tão bem, que ao fim de um mês de dedicação e trabalho recebeu uma proposta de trabalho. Por tudo isto o balanço não podia ser mais positivo. «Sentimos que as pessoas tiveram vontade de aprender, que se empenharam e isso deu resultados. Quatro formandos já terminaram os seus estágios e ficaram empregados nas instituições que os acolheram. O próprio CCPC recebeu três estagiárias, que fizeram um ótimo trabalho e muitos outros ficaram no nosso radar para futuras oportunidades que possam surgir», conta Rita Almeida em jeito de conclusão. Do curso ficam muitas aprendizagens e novas descobertas, mas ficam também histórias humanas de esperança personificadas nas palavras da Margarida Mota: «Podemos ser bons em muita coisa é preciso apenas dar-nos a oportunidade de descobrir que coisas são essas. Não vale a pena olhar para trás, é preciso olhar para a frente e procurar novos caminhos e dar sempre o nosso melhor. Porque nunca é tarde para começar de novo!». Se está numa situação de desemprego não se fique por estas linhas, procure o Gabinete de Inserção Profissional do Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos e esteja informado sobre esta e outras oportunidades que, quem sabe, podem mudar o seu futuro! (Rita Tomé)



Rúbrica:

VOLUNTARIADO NA PRIMEIRA PESSOA com Victor Santos

Victor Santos, de 62 anos, é voluntário no Centro Comunitário da Paróquia de Carcavelos há cerca de três. Porém, a sua contribuição cívica no âmbito do voluntariado remonta há vários anos e estende-se a outras Instituições Sociais e Desportivas. «Tudo começou aos 16 anos, nos Escuteiros, onde aprendi que um dos objetivos da vida é deixarmos o mundo um pouco melhor do que o encontrámos», explicou-nos, enquanto arrumava alimentos num dos frigoríficos do armazém da Mercearia. Três vezes por semana, para além de receber, registar e armazenar os donativos alimentares para a Mercearia do Centro, coordena o projeto «Vizinhos Com Alma». Nos restantes dias úteis, divide-se pela Associação dos Escuteiros de Portugal, pelo Grupo Desportivo de Carcavelos, e pela Associação de Ginástica de Lisboa. E o tempo chega para tudo? – Quisemos saber. «Com boa vontade e organização, tudo se consegue», garantiu. E de que forma começou a colaborar com o Centro Comunitário? «Através do saudoso Padre Aleixo e da Intervelos; primeiro, através da distribuição quinzenal dos cabazes alimentares; depois, na organização da Mercearia do Centro e, ainda, na estruturação dos Vizinhos Com Alma». O desejo de se tornar voluntário surgiu da convicção de que se deve «tentar ajudar o próximo, proporcionando-lhe melhores condições de vida, durante uma fase mais complicada, pois se todos dermos um bocadinho, não custa nada». 17 19 ÁG ÁGOORRAA

Apesar do nosso país estar a atravessar uma crise financeira e social bastante preocupante, Victor não desanima, nem baixa os braços. O seu otimismo é contagiante, o seu dinamismo exemplar: «dar um pouco de mim aos outros e fazer a diferença» é o que o motiva a continuar a ser voluntário. (Vanda Maltez)


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PRÓXIMOS EVENTOS

Banco de Troca de Livros Escolares 01 de Setembro | a partir das 14h30 02 - 30 de Setembro | 9h30 - 18h00

Ateliers 2015 - 2016 Abertura de Inscrições A decorrer todo o mês de Setembro


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