índice Giro de notícias |
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Café com empresário: Antônio Chavaglia | Feijão: ação contra o mofo branco |
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editorial
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38 Criação de rãs: negócio lucrativo | 50 Capa: Agronegócio padrão FIFA? |
Energia elétrica: falta de investimentos |
60 Por Tássia Fernandes e Luana Loose Pereira
ARTIGOS Soja: Análise contextualizada da commodity | Ferrugem: Problema de segurança nacional |
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Mercado do boi: Em 2014, mercado não tem freio, será? |
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Agronegócio: Crise na Europa coloca o setor em evidência | Painel jurídico: Marco civil entra em vigor |
Diretor administrativo: Francis Barros Direção de arte: Allan Paixão Edição 26ª | Ano 2014 | A&F Editora 64 3636-4113 Rua Napoleão Laureano, Nº 622 St. Samuel Graham - Jataí - Goiás CNPJ: 13.462.780/0001.33 SITE E REDE SOCIAL: www.agroenegocios.com.br facebook.com/agroenegocios
Leve essa ideia com você:
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Reportagem e Edição: Tássia Fernandes | 2703/GO Luana Loose Pereira | 15679/RS arte e design: Dayner Costa COMERCIAL: Juliana Foerster William Garcia
Artigos: Jose Luis Tejon Lygia Pimentel Liones Severo Fesurv - Rio Verde. contato: contato@agroenegocios.com.br comercial@agroenegocios.com.br luana@agroenegocios.com.br tassia@agroenegocios.com.br allanpaixao@vozpropaganda.com.br francisbarros@vozpropaganda.com.br Impressão: Poligráfica Tiragem: 5.000
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Seis meses já se passaram e parece que foi ontem. A frase é clichê, mas, quem nunca lamentou a rápida passagem do tempo? Como questionaria Kerry Johnson: “Precisamos de mais tempo ou precisamos ser mais disciplinados com o tempo que temos?”... Talvez a impressão da passagem acelerada da primeira etapa do ano seja por conta da quantidade de eventos registrados no calendário. Carnaval, Páscoa conjugada com o feriado de Tiradentes e Corpus Christi. Pela frente ainda temos Copa do Mundo e Eleições. Como afirmaria um velho conhecido: “Com tantas pausas, 2014 parece ser um ano facultativo”. Felizmente, apenas modo de falar. Na prática, segue bem movimentado. Aliás, um ano que começou embalado pelas manifestações de 2013, não poderia fugir do compasso e, nesta edição, nós mostramos que os questionamentos, as dúvidas e as reivindicações continuam. O grito que ecoou nas ruas, agora vem do campo. “Queremos um agronegócio padrão Fifa”. Entre os gargalos que são recorrentes todos os anos, a qualidade da distribuição de energia elétrica é o destaque desta vez e você confere nas próximas páginas uma matéria completa sobre o assunto.
A chegada do meio do ano é para os agricultores a reta final de mais uma etapa de cultivo. Enfim, o ano agrícola vira e o planejamento começa a ser direcionado para a safra 2014/15. De um lado, o alívio para a classe, que nos primeiros meses do ano enfrentou alguns percalços, desde a estiagem prolongada até o excesso de chuvas em períodos que prejudicaram a safra de verão. Do outro, mais um motivo para questionar: a divulgação do Plano Safra, que agradou poucos e desagradou muitos e está entre os assuntos abordados nesta edição. Você também confere uma análise do mercado de grãos, no artigo de Liones Severo; da pecuária de corte, por Lygia Pimentel; novidades sobre o combate à ferrugem da soja, no artigo do professor Luis Henrique Carregal; sobre o mofo branco do feijão, pela equipe do Laboratório Farroupilha e a visão da dra. Lorena Ragagnin, sobre o Marco Civil da internet. No Café com o Empresário, um bate-papo com o presidente da Comigo, Antônio Chavaglia e, para completar o recheio, uma matéria especial sobre a criação de rãs. Boa Leitura a todos! E que venha o próximo semestre!
Distribuição dirigida: Jataí, Rio Verde, Mineiros, Chapadão do Céu, Montividiu, Goiânia, Acreúna e Quirinópolis. A Revista Agro&Negócios não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões presentes nos encartes publicitários, anúncios, artigos e colunas assinadas.
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AGENDA 42ª EXPAJA
56ª EXPO RIO VERDE
Quando: 16 a 22 de junho de 2014 Onde: Parque de Exposições de Jataí/GO Mais informações: http://www.expaja.com.br
Quando: 10 a 20 de Julho de 2014 Onde: Parque de Exposições de Rio Verde/GO Mais informações: http://www.exporioverde.com.br
35ª EXPOMINEIROS
MEGA LEITE 2014
Quando: 28 de junho a 06 de julho de 2014 Onde: Parque de Exposições de Mineiros/GO Mais informações: http://www.srmineiros.com.br
Quando: 13 a 20 de julho Onde: Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG) Mais informações: http://www.girolando.com.br
CONECTADO
Agro
Negócios
Empreender é a saída
A Menina do vale
Escrito por José Mário Schreiner, ex-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o livro trata da importância da força de vontade e da determinação para superar as dificuldades a partir da inteligência. Com linguagem simples, o livro é dividido em 50 histórias que podem ser lidas de forma individual. As dicas são para quem pretende se arriscar a empreender, independente da idade ou da situação financeira. A distribuição da edição é gratuita.
O Livro escrito por Bel Pesce, fenômeno da internet, com mais de 500 mil downloads da versão on-line em um mês, agora está disponível na versão impressa. No livro, Bel conta o que tem aprendido em sua jornada empreendedora e cita diversos casos de sucesso. São histórias cativantes, que mostram que tudo é possível quando há uma boa ideia e muita dedicação.
Onde encontrar: http://www.sistemafaeg.com.br
Onde encontrar: http://www.ameninadovale.com
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GIRO DE NOtÍcias Por Tássia Fernandes
Cana de Açúcar Processadas 37,98 milhões de toneladas na segunda quinzena de maio
Meio ambiente Comigo de Jataí é premiada Durante a Tecnoshow, realizada em Rio Verde/GO, a Comigo promoveu mais uma edição do Prêmio Gestão Ambiental Rural. Dez produtores rurais foram premiados por terem desempenhado as atividades agropecuárias de maneira sustentável e em equilíbrio com a natureza. Jataí/ GO foi destaque durante a ocasião, por ter a maior quantidade de propriedades inscritas. Como reconhecimento pela participação dos produtores, a unidade da Comigo foi premiada, em nome do gerente Reginaldo Martins Pires. Foto: Divulgação Comigo
PIB Goiano Dez primeiros colocados recebem premiação
Foto: Fredox Carvalho
O volume de cana-de-açúcar processado na região CentroSul do Brasil totalizou 37,98 milhões de toneladas na segunda quinzena de maio, segundo levantamento da União da Indústria de Cana-De-Açúcar (Unica). Este volume é 6,85% superior ao registrado na mesma quinzena da safra 2013/2014 (35,54 milhões de toneladas). De acordo com a Unica, no acumulado desde o início da atual safra até 1º de junho, a moagem alcançou 117,50 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, praticamente o mesmo valor observado em igual período de 2013. Segundo o diretor técnico da entidade, Antônio de Pádua Rodrigues, o recuo do processamento de cana decorre do menor número de usinas em operação quando comparado à safra anterior, aliado às chuvas ocorridas ao final de maio.
Os dez municípios com o maior PIB de Goiás foram premiados em evento realizado pelo Jornal O Popular, em parceria com a Faeg. Os municípios classificados foram, respectivamente, Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Catalão, Senador Canedo, Itumbiara, Jataí, Luziânia e São Simão. Os mais representativos do agronegócio também foram premiados: Rio Verde, Jataí, Cristalina, Chapadão do Céu, Mineiros, Ipameri, Quirinópolis, Morrinhos, Montividiu e Catalão. Durante o evento, o exministro da agricultura, Roberto Rodrigues, proferiu palestra com o tema: “O Agronegócio e seu impacto no PIB municipal e estadual”.
Vazio Sanitário Período já começou em alguns estados O Vazio Sanitário da Soja é uma medida adotada para garantir o controle sanitário das lavouras durante a entressafra da cultura e prevenir o ataque precoce da ferrugem asiática. Durante o período, o produtor fica proibido de cultivar soja e todas as plantas da oleaginosa devem ser eliminadas, até as sojas tigueras, plantas involuntárias que surgem, principalmente, às margens das rodovias. O produtor que descumprir a norma poderá pagar multas. Em Mato Grosso, o vazio começou dia 15 de junho e vai até 15 de setembro. Em Goiás, deve começar 1º de julho, seguindo até 30 de setembro.
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Antônio Chavaglia
CAFÉ COM empresÁRIO
Uma voz de liderança na gestão cooperativa Por Luana Loose Pereira Produtor rural desde 1960, Antônio Chavaglia, veio para o estado de Goiás com o objetivo de cultivar algodão, logo depois optou por investir também em outras culturas, como soja e milho. Com vocação para o agronegócio e espírito cooperativista, se destacou na administração da cooperativa COMIGO, a qual ajudou a fundar. Seis anos depois, indicado para se tornar presidente, aceitou o posto, mantendo o compromisso de continuar gerando desenvolvimento e renda para todos os produtores associados. Hoje considerado um ícone no setor agropecuário, Antônio Chavaglia, fala sobre os desafios e as perspectivas da atividade no sudoeste do estado de Goiás.
Agro&Negócios: Em sua opinião, o que o cooperativismo representa hoje para o Brasil? Antônio Chavaglia: O cooperativismo no Brasil ele é muito importante, porém não é ainda tão grande como em outros países. Nós ainda temos algumas regiões do país muito carentes de esclarecimento cooperativista. O centro-oeste é muito carente de informação sobre o papel do cooperativismo, mas pode evoluir, vai evoluir cada vez mais, porém precisa de muito trabalho para vislumbrar essa evolução. Agro&Negócios: Fomentar o desenvolvimento das pequenas propriedades rurais, principalmente voltadas à atividade leiteira é um dos objetivos da cooperativa. Para o senhor, que momento estes pequenos produtores de leite vivem hoje? Antônio Chavaglia: O produtor de leite, no ano passado e este ano, está tendo certo equilíbrio na questão de preços, mas todos os produtores, seja agricultor ou produtor de leite, tem que saber trabalhar e aplicar as tecnologias que estão disponíveis, sem isso ele vai ficar fora da atividade. O pequeno produtor tem condições de sobreviver bem, porém tem que estar com a área bem conduzida. Como ele tem muitos animais por hectare, então precisa fazer piquetes, fazer os tratos para a seca, como a silagem. O produtor deve estar preparado para exercer a atividade, participar das discussões através de cursos e palestra sobre novas tecnologias que estão à disposição no mercado. É possível se
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manter na atividade é possível, porém os produtores têm que ter na ponta do lápis os custos da atividade, fazendo isso bem feito todos tem possibilidade de crescer e ter uma boa renda. Agro&Negócios: A pecuária de corte também é o foco da cooperativa. Como o senhor analisa o contexto atual vivido por este setor e quais são as perspectivas para o decorrer deste ano de 2014? Antônio Chavaglia: A Pecuária de corte passou por algumas grandes dificuldades no decorrer dos últimos anos. Os preços ficaram deprimidos e o custo foi se elevando e cresceu muito. Além disso, área agrícola avançou em área de pastagens degradadas, não só em Goiás, mas em todo o país o que deu oportunidade dos preços das commodities se elevarem e os produtores mesmo distantes dos portos acabaram entrando na agricultura. Porém agora os preços evoluíram um pouco, dando uma condição melhor tanto para quem cria o bezerro como também para quem está engordando o animal. Toda a atividade se ela não tiver renda a tendência é ir acabando, então a cadeia tem que funcionar, o pecuarista tem que ter renda e independente do ramo toda a atividade voltada ao agronegócio tem muito risco.
o foco das autoridades não é este. Nós temos visto aí que os investimentos são focados e pressionados, às vezes por acordos, como é o caso da copa do mundo, onde o governo já investiu bilhões, trilhões de reais nas estruturas em todo país e nós produtores continuamos com deficiências portuárias, nas hidrovias e ferrovias e nas próprias rodovias que são de pista simples causando inúmeros acidentes. No Mato Grosso fretes que poderiam custar R$ 200,00, pagamos R$ 300,00 e em Goiás, o que poderia ser R$ 120,00 é cobrado R$ 180,00, tudo isso está tirando renda do produtor e da sociedade, pois estamos deixando de gerar renda aqui na região. Por todos esses gargalos, o Brasil pode perder condições de competir, ainda mais agora que o governo inventou mais uma medida provisória querendo taxar as exportações de soja em 9,35 isso é o maior absurdo que eu já ouvi falar dentro do país, o que representa mais um entrave a ser enfrentado pelo setor que hoje é um dos maiores responsáveis por sustentar a economia do país. Agro&Negócios: A falta de energia elétrica tem afetado diretamente o desenvolvimento de algumas regiões agrícolas. Como o senhor, como gestor, encara esta situação? Antônio Chavaglia: Lamentavelmente esta irresponsabilidade está muito grande em todo o setor e o elétrico é um deles, que traz custo para o produtor que se não tiver um motor perde o leite, perde aves e suínos. A questão energética deveria ser prioridade há muito anos no Brasil, às vezes, nós até temos energia, mas não temos rede de distribuição e nem subestação. É uma vergonha para o país e eu não acredito que teremos soluções em curto prazo. Agro&Negócios: Em relação a sobrecarga de taxas e encargos sobre o setor agrícola, qual é o posicionamento da cooperativa? Antônio Chavaglia: A Cooperativa sempre foi contra todas as cobranças que oneram o produtor e não trazem benefícios para a sociedade. Eu sou radicalmente contra essas taxas. Essa taxa por área de soja é o maior absurdo, o governo não possui equilíbrio e faz gastos descontrolados e aí tem que arrecadar mais e vem em cima do setor que
vem se destacando, com o superávit de 90 bilhões de dólares, que geramos em 2013, para poder dar o equilíbrio na balança comercial. Infelizmente o governo fecha os olhos para isso e vive criando essas taxas inadequadas que são completamente abusivas. Agro&Negócios: O clima nas últimas temporadas vem se mostrando variável. Em sua opinião, o que os produtores devem esperar para as próximas safras e como a cooperativa tem se preparado para enfrentar as adversidades climáticas? Antônio Chavaglia: Em relação à questão climática, nós temos que investir muito ainda em cultivares resistentes à seca com enraizamento maior. Essas questões são ainda muito complexas no Brasil, nós vamos demorar um pouco mais para ter essas cultivares que tenha uma condição de enraizamento melhor. No caso do milho é muito sério, porque a raiz da planta é muito superficial e perde nutrientes muito mais rápido do que a soja, que hoje já possui tecnologia para permitir o enraizamento mais profundo. É muito importante nós termos investimentos em tecnologia para dar uma segurança maior para o produtor. Agro&Negócios: Este ano é um ano político, onde serão escolhidos os governantes em nível estadual e nacional. Qual o posicionamento que o senhor, como representante da classe produtora, espera dos políticos a partir deste novo mandato que irá iniciar no próximo ano? Antônio Chavaglia: A classe produtora sempre espera que tenha condições de trabalhar e ter renda e, muitas vezes, os dirigentes entram com a fome de arrecadar e deixam em dificuldades os setores que movimentam a economia. Nós esperamos responsabilidade de gestão com foco na sociedade, não com foco político, se isso acontecesse no Brasil nos teríamos uma sociedade muito bem organizada tanto na área de educação, saúde e também de logística. Se nós tivéssemos pelo menos um pouco disso, acredito que a sociedade, seja ela agrícola ou urbana, teria uma condição de vida melhor e é isso que esperamos.
Agro&Negócios: Na agricultura, as deficiências em logística ainda são alguns dos principais gargalos enfrentados pelos produtores rurais. Em sua opinião, qual seria a solução mais viável para amenizar, a curto, médio e longo prazo, os impactos da falta de investimentos e recursos para a manutenção da alta produtividade goiana, principalmente advinda do sudoeste do estado? Antônio Chavaglia: Eu não acredito que em curto prazo, o problema da logística seja resolvido no país. Infelizmente,
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Liones Severo SOJA
Operador de mercado de commodities agrícolas, consultor de mercado, administrador de risco e palestrante.
uma resenha pragmática do mercado São muitas as perguntas que afligem os produtores rurais, de como se posicionar na atividade com relação às safras futuras e como decidir sobre os altos investimentos necessários para cada safra que plantam e colhem, além das preocupações inerentes da atividade que expõe os dois maiores riscos: preço e clima. A história contemporânea das commodities agrícolas se desenha a partir de 1996, com a imposição de uma forte política norte-americana de subsídios à agricultura. Foi uma grande e persistente derrocada dos preços para as commodities agrícolas na Bolsa de Chicago, principalmente para a soja, até o ano de 2002, quando terminou aquela política de subsídios. Foi um grande e tenebroso período para agricultura brasileira, vencida pela força e a raça de nossos produtores. Aqueles seis anos de preços deprimidos reduziu o plantio de produtos agrícolas em muitos países do mundo. Formou-se, então, o consenso que os preços elevados para as commodities agrícolas não mais aconteceriam, era uma condição que pertenceu ao passado. Essa máxima se fortaleceu com advento do mundo global, onde haveria um domínio mais efetivo dos países desenvolvidos sobre os países em desenvolvimento. O resultado contrariou a concepção do mundo global, com mais informações, os países emergentes se fortaleceram e na esteira dos preços deprimidos provocados pela política americana, que disponibilizou a soja e sua valiosa proteína a preços insignificantes para a produção de alimentos à base de proteína. Favoreceu as populações que estavam emergindo, principalmente no eixo do pacífico, onde já havia uma forte recuperação dos tigres asiáticos, depois da grande crise econômica de 1997. O ano de 2000 ficou marcado como a primeira vez na história que o crescimento dos países emergentes superou o crescimento dos países desenvolvidos, fato que permanece até os dias atuais. Nessa esteira, a partir de 1996 no período de preços deprimidos, surge a China como importador de soja, que até aquele ano era um modesto exportador. Naquele ano de 1996/7 a China iniciou importando 900.000 t de soja do ocidente e, atualmente, suas importações deve-
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rão alcançar cerca de 70 milhões de toneladas, numa curva de crescimento que deverá se prolongar por algumas décadas. Em 2002, com a reação dos preços a partir do término da política de subsídios americana, os chineses me contrataram. Estavam surpreendidos com o desempenho dos preços da soja, que já não eram tão baratos de quando iniciaram a importação de soja em 1996/7. Tornando uma longa história curta, foram mais de 10 anos de convívio, tendo negociado um volume acima de 20 milhões de toneladas de soja, executando com eficácia o complexo processo negocial e a administração desses negócios internacionais. A china possui cerca de 120 milhões de hectares de terras agricultáveis, totalmente utilizadas. Se optassem em produzir soja, ocupariam 1/3 de sua área agrícola para produzir 70 milhões de toneladas, porém, em optar por importar a soja, ocupam aquelas áreas na cultura do milho, trigo e arroz, cujo volume somado atinge 160 milhões de toneladas de grãos. A década de 70 já havia provado o gosto amargo da escassez, que impactou os preços das commodities agrícolas que permaneceram com forte volatilidade durante muitos anos, por absoluta falta de estoques de segurança alimentar. No entendimento tácito do mercado global, já não haveria outra possibilidade de preços elevados para as commodities agrícolas. Surge, então, uma grande escassez de soja no ano de 2004, talvez semelhante a que instala neste ano com o esgotamento prematuro dos excedentes exportáveis de soja norte americano. Não foi difícil superar aquela escassez porque seria uma situação pontual. Os governos disponibilizaram suas reservas dos estoques de garantia que não foram suficientes, porque, mesmo assim, os preços alcançaram US$ 10,66 por bushel, no final de março de 2004.
As tentativas de reconstruir os estoques pouco acrescentou nos anos que se seguiram. Em 2008 surge uma nova crise de escassez e com estoques governamentais já reduzidos pela escassez de 2004, não evitou que o mercado registrasse um novo preço recorde na ordem de US$ 16,66 por bushel, no mês de julho de 2008. Estavam, assim, praticamente esgotados os estoques de segurança dos governos ou países em nível mundial. Os anos subsequentes a 2008, pouco ou nada acrescentaram em estoques de segurança alimentar dos países. Uma nova escassez de produtos agrícolas surge em 2012 e já não havia os estoques de segurança capaz de impedir uma escalada de preços para a soja no objetivo de racionar a demanda global. O resultado foi um novo recorde de preço para a soja, na ordem de US$ 17,9475 por bushel, no mês de setembro de 2012. Estaria assim comprovado que os mercados e governos estavam descapitalizados de estoques de produtos agrícolas, principalmente de soja. Inclusive o Brasil, que somente agora retoma a construção de estoques de alguns produtos agrícolas. Nos anos de 2012 e 2013, crises de escassez de soja pontuais se instalaram em alguns mercados produtivos e consumidores, como no Brasil, nos Estados Unidos e na China. Os preços para soja escalaram preços elevados para racionar o consumo. No Brasil se instalaram duas crises nos meses de setembro e outubro de 2012 e 2013, com preços recordes praticados em nível de mercado doméstico, completamente descolados dos preços da Bolsa de Chicago e dos mercados físicos internacionais. Nos Estados Unidos, uma crise de escassez de suprimento interno durante os meses de agosto a agosto de 2013 elevou os preços da Bolsa de Chicago para ní-
veis de US$ 15.00 e US$ 16.00 por bushel, agregando um prêmio de US$ 3.20 por bushel, acima dos preços dos futuros da Bolsa de Chicago, para adequar uma oferta escassa a uma demanda robusta, que permanece até os dias atuais. Neste ano de 2014 ainda persiste o desiquilíbrio entre a capacidade de produzir e a elasticidade do consumo. A evidência realista desse fenômeno tem sido o forte assédio pela soja norte-americana, cujos excedentes exportáveis foram vencidos em apenas três meses do ano safra 2013/14, uma situação inédita de difícil solução no curto prazo. Os mercados não atuam essencialmente por fundamentos, porque fundos de investimentos são importantes participantes dos mercados de derivativos agrícolas. Portanto, não existe uma formação compacta de entendimento da incapacidade de não ter soluções no curto prazo. Esta situação sugere uma alta volatilidade nos preços e o mercado tem demonstrado que as quedas de preços para a soja tem tido rápida reversão, pelo menos, até a definição do tamanho e da disponibilidade colheita da soja safra sul-americana.
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RICARDO CARVALHO V. MACHADO MEIO AMBIENTE
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Engenheiro Agrônomo CREA: 12.146 / D - GO
m projeto técnico /econômico/financeiro nada mais é do que um plano de negócios de viabilidade econômica financeira, ou seja, é um material que visa auxiliar o empresário no planejamento e execução de um determinado investimento, pois contém informações tais como o fluxo de caixa, projeções financeiras e planejamento de negócios. O projeto financeiro também ajuda o empresário a dimensionar a sua necessidade de recursos ao longo do tempo, estimando seu crescimento, suas despesas e receitas, mensurando seus retornos e por fim demonstrando a viabilidade do banco para aprovação de propostas de financiamento. Dentro do projeto bancário há várias linhas de crédito, vou citar algumas onde o empresário, o agricultor, o pecuarista se encaixam.
perior ao aplicado compensando inclusive a perda de uso desse recurso durante o período de aplicação ( juros ou lucros, em geral, a longo do prazo). Num sentido amplo, o termo aplica-se tanto a compra de máquinas, equipamentos e insumos. PRONAF: Financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais. > Geralmente o pleito para financiamento ao qual o projeto será justificado é para aquisição de matéria-prima, insumos, bens, produtos e/ou serviços. Cabe ao projetista ( Engenheiro Agrônomo) dar méritos ao projeto que tange.
• CUSTEIO AGRÍCOLA/ PECUÁRIO • PRÉ - CUSTEIO • INVESTIMENTO • PRONAF CUSTEIO AGRÍCOLA: São para produtores rurais e empresas que precisam obter recursos para pagamento de despesas correntes comuns aos setores de atividades agrícolas. Atende as despesas com preparo de solo, plantio, tratos culturais e colheita e se necessário ainda o beneficiamento primário e armazenagem. A operação é sujeita a análise e a aprovação do crédito. PRÉ CUSTEIO: Se financia somente insumos, tendo a opção de se financiar posteriormente os serviços após o mês de julho, desde que o projeto fique claro a intenção do produtor financiar. INVESTIMENTO: É a aplicação de algum tipo de recurso ( dinheiro ou títulos) com a expectativa de receber algum retorno futuro su-
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Informe jurídico
DÍVIDAS DOS PRODUTORES RURAIS: ABUSO DO SISTEMA FINANCEIRO
O
agronegócio representa praticamente um terço
financeiras, de forma unilateral, sem qualquer oportuni-
do PIB brasileiro, razão pela qual deveria ser
dade para os agropecuaristas discutirem o que ali lhes era
considerado o setor mais importante da economia
cobrado. E, ainda por cima, as demandas foram propos-
nacional. Contudo, o que se observa é uma realidade bem
tas com base na Lei de Execução Fiscal, o que gerou ainda
diferente, com a maioria dos setores ligados ao agroneg-
mais prejuízos aos produtores, que tiveram bens e terras
ócio não contando com o apoio devido por parte do gov-
penhoradas.
erno.
Ao invés de fazer valer os mecanismos de proteção e es-
Apesar de amparados por lei, inclusive pela Constituição
tímulo à atividade rural, as instituições financeiras agem
Federal, os mecanismos de apoio e incentivo ao desen-
visando unicamente o lucro, deixando muitas vezes de
volvimento rural nunca foram verdadeiramente imple-
resguardar os direitos dos produtores e até inviabilizan-
mentados. Muito pelo contrário, na realidade o que se vê,
do suas atividades, ao negarem, por exemplo, o acesso ao
na maioria das vezes, são os mecanismos que foram cri-
crédito, que é direito do produtor e não mera faculdade da
ados para proteger os produtores e as reais necessidades
instituição.
da classe produtiva serem utilizados de forma dissociada
Dessa forma, é preciso que as instituições se conscien-
de sua finalidade, para atender exclusivamente às neces-
tizem e passem a analisar a situação sob um prisma social,
sidades de lucro do sistema financeiro.
deixando de lado apenas a busca desenfreada pelos lucros,
Exemplo claro disso, é a medida provisória apresentada
entendendo que a atividade desenvolvida pelos produtores
como o Programa de Fortalecimento das Instituições
além de alavancar a economia, tem sim um caráter social,
Financeiras Federais, pelo qual a União recebeu das in-
que é imprescindível para o desenvolvimento de uma so-
stituições financeiras a cessão de crédito proveniente de
ciedade mais forte, justa e democrática.
operações de crédito rural que haviam sido renegociadas ou alongadas pela Lei de Securitização. A União, então, ajuizou milhares de ações contra os produtores, amparada em títulos cedidos pelas instituições
Texto de: Dr. Luiz Renato Garcia de Carvalho
Eduardo Jailton Prado Naves OAB: 25.184
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Luiz Renato Garcia de Carvalho OAB: 23507
Ricardo de Assis Morais OAB: 35.426
Estagiário: Brasil de Carvalho Neto OAB: 23.533-E
64 36321067 - 64 36321084 www.carvalhoenaves.jur.adv.br Rua Castro Alves , 931 , Centro. Jataí - GO | CEP: 75800-021
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Eficiência de Trichoderma no manejo do mofo branco do feijoeiro
FEIJÃO
Ação do Trichoderma Alan Pomella salienta que o trichoderma não tem ação sobre o mofo branco, que é a doença propriamente dita. “A doença ocorre na parte aérea da planta. O efeito do Trichoderma é no manejo do mofo branco, ou seja, ele atua sobre os escleródios no solo”, diz. Se o Trichoderma barra ou reduz o inóculo inicial, consequentemente haverá menor incidência de doenças na parte aérea. “Tudo isso acontece porque o Trichoderma, um fungo originalmente de solo, utiliza os escleródios como fonte de nutrientes”, pontua o agrônomo.
Alan Pomella garante que o Trichoderma é uma excelente ferramenta no manejo do mofo branco, especialmente quando aplicado de forma preventiva no início da cultura. “No entanto é preciso salientar que os resultados positivos advindos da aplicação de Trichoderma nem sempre são visualizados no primeiro ano, haja visto que o Trichoderma pode reduzir em média 50% dos escleródios da superfície do solo por aplicação, no entanto, se imaginarmos uma área com 100 escleródios por metro quadrado, mesmo com 50% de redução, os que restaram viáveis, ainda causarão danos muito severos, por isto a eficiência desta estratégia deve ser avaliada ao longo dos anos. Neste sentido a utilização de fungicidas químicos não é descartada, porém com o uso do Trichoderma o fungicida terá uma maior eficiência, pois haverá menos doença a ser controlada”, informa. Assim, a ideia de se trabalhar com o Trichoderma vem do restabelecimento do equilíbrio do solo, que foi degradado pelo cultivo sucessivo.
O mofo branco apresenta estruturas de resistência no solo, chamados escleródios, que permanecem ali por mais de 15 anos. Em condições climáticas favoráveis, que seriam temperaturas amenas, por volta de 20ºC, e elevada umidade relativa formam-se cogumelos denominados de apotécios, que produzirão esporos e infectarão as plantas no momento da floração. Depois que o fungo coloniza a planta ele forma um micélio branco, semelhante a um algodão, o qual vai matando, aos poucos, a estrutura da planta. Isso é feito pelo estrangulamento do caule, também causando abortamento de flores, o que vai prejudicar a produção, com redução de até 70%, dependendo da severidade da doença
Como detectar a doença na lavoura
O Trichoderma no manejo do mofo branco
Mofo Branco no feijoeiro
Manejo A aplicação de Trichoderma via tratamento de sementes tem pouco ou quase nenhum efeito no manejo do mofo branco, No tratamento de sementes o produto funciona como um ‘protetor’, ou seja, um fungicida contra Fusarium spp. e Rhizoctonia, que são patógenos causadores de tombament em diversas culturas. É recomendada a aplicação do Trichoderma por pulverização, para que ocorra uma ‘lavagem biológica’ nesse solo, já que não se sabe exatamente onde estão os escleródios”, ensina o agrônomo especialista no assunto. Ainda segundo ele, o solo deve ser sempre o alvo. A indicação é de que a aplicação do Trichoderma aconteça no momento do plantio, e que outra aplicação seja realizada antes do florescimento e do fechamento da cultura.
Detectado o micélio branco, que pode ser considerado o corpo do fungo, nas vagens e/ou haste, o produtor já pode ter a certeza da presença da doença no campo. “O aspecto cotonoso nas vagens e no caule da planta confirmam o mofo branco na planta de feijão. Já o solo apresentará os escleródios, que são estruturas enegrecidas, que garantem a sobrevivência do fungo no solo na ausência do seu hospedeiro, no caso o feijoeiro”, explica Alan Pomella, Ph.D. em Fitopatologia, pesquisador e professor da UNIPAM-Universidade de Patos de Minas.
Evolução para micelio Cotonoso
Cuidados extras Como qualquer ser vivo, o Trichoderma sofre com os efeitos da radiação ultravioleta. “Existem formulações no mercado que oferecem o produto com proteção UV, mas, aqueles que não contam com essa opção, devem ser aplicados após as 15 horas, quando a incidência dos raios solares é menor, não inibindo a germinação dos esporos”, relata Alan Pomella.
Custo-benefício Caro, para Alan Pomella, é tudo aquilo que não dá retorno, o que não é o caso do Trichoderma. O custo do tratamento por hectare varia entre R$ 25,00 a R$ 80,00 dependendo do fabricante e formulação. “Nas lavouras de feijão que utilizam Trichoderma notei uma redução drástica do mofo branco, reduzindo consequentemente a utlização de fungicidas, sendo que dependendo das condições ambientais, o controle químico nem é necessário. Por isso garanto que a utilização do Trichoderma vale, realmente, a pena”, relata o agrônomo. O especialista destaca, entretanto, que o tratamento deve ser preventivo, para evitar maiores prejuízos. Fonte: Assessoria de Imprensa Lab. Farroupilha.
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Escleródeos no solo
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Fotos: Divulgação
Mofo branco tem causado prejuízos de até 70% na produção de feijão. A solução ecologicamente correta tem sido o uso de Trichoderma
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AGRONegÓcio padrÃO FIFA?
capa
Em um ano excepcional, com Copa do Mundo e Eleições no Brasil, os agricultores se deparam com mais do mesmo, diante da apresentação do Plano Safra 2014/2015
Por Tássia FERNANDES
Não dá para negar que a maioria dos brasileiros gosta de um bom futebol. Aliás, esta é uma das características do país fronteiras a fora. Não dá para negar que desde 1950, quando foi realizada a última copa no Brasil, a expectativa para que o mundial retornasse
Gasto previsto: R$ 2,6 bilhões
ao solo verde e amarelo era grande. Não dá para negar a importância do esporte na vida do cidadão. Afinal, inúmeros brasileiros devem o sucesso à atividade, responsável por tirar crianças da rua e afastar jovens do envolvimento com o crime e com as drogas. Mas diante de tantos pontos positivos, o que faz o brasileiro questionar a Copa do Mundo de 2014?
Gasto atual: R$ 8,9 bilhões
Fazendo uma retrospectiva, em 2013, durante a Copa das Confederações, as manifestações tomaram conta do país em, praticamente, todos os estados. De acordo com o levantamento da Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos (Sesge), em torno de 864 mil pessoas participaram da série de movimentos nas cidades-sede do campeonato: Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. A frase que virou símbolo das manifestações fazia referência direta ao mundial: “Queremos melhorias padrão FIFA”. A cobrança por mais investimentos na saúde, na educação e no transporte público estava entre as principais reivindicações. O combustível que movia os manifestantes estava na cifra dos valores disponibilizados para as adequações que precisavam ser realizadas no Brasil para viabilizar a Copa. Voltando à lista dos pontos positivos... não dá para negar que os benefícios permanecerão no país, mesmo depois da competição, como, por exemplo, as obras nos por-
tos e aeroportos e os investimentos em mobilidade e
DO CAMPO URBANO AO CAMPO RURAL Quando o assunto são os números e os valores
o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural,
destinados para investimentos, no meio rural a pauta
que trabalha com a redução de custos no momento da
do dia é o Plano Safra 2014/2015. Anunciado no mês
contratação da apólice, se manteve em R$ 700 milhões.
de maio, o documento não correspondeu às expectati-
Para o Ministério, volume adequado para alcançar em
vas do setor e a classe produtora tomou para si a rei-
torno de 10 milhões de hectares e mais de 80 mil pro-
vindicação: “Queremos agronegócio padrão Fifa”.
dutores. Para Reginaldo, volume insatisfatório. “80 mil
Comparada aos valores destinados para a refor-
produtores são responsáveis por, aproximadamente,
ma e construção dos estádios, a verba pode ser conside-
12% das áreas cultivadas no Brasil, o que significa que
rada alta. Serão disponibilizados R$ 156,1 bilhões para
88% das lavouras estarão por conta e risco do produ-
o setor, o que corresponde a um aumento de 14,7% em
tor, sem o apoio do seguro”.
relação a 2013. Entretanto, diante dos problemas que
Reginaldo também destaca o preço mínimo e a
ressurgem a cada safra, referentes à infraestrutura,
insegurança no campo, no que se refere às invasões de
distribuição de energia elétrica, estradas, seguro rural,
terra que têm acontecido com frequência, temas que
taxas cobradas e outros, a verba torna-se insuficiente,
não foram abordados pelo documento, além da buro-
como reforça Reginaldo Martins Pires, gerente regio-
cracia para obtenção do benefício. “Nem todo recur-
nal da Comigo em Jataí/GO. “O plano apresentado não
so anunciado chega aonde deveria. Muitas vezes, fica
contempla as necessidades do produtor e foi recebido
parado no banco, exatamente por conta do excesso de
com críticas, pois os principais pontos questionados
burocracia”.
não foram atendidos. Em relação ao valor anunciado,
Mas, apesar das falhas, Reginaldo reconhece que
por exemplo, a sugestão das entidades de classe era de
o Plano Safra tem seu lado positivo, como a Política Na-
que deveria ser de, no mínimo, R$ 180 bilhões”.
cional de Florestas Plantadas. Segundo o documento,
Entre o que era esperado pelos produtores ru-
a pretensão é de estimular o setor, com investimentos
rais está a questão do seguro rural. De acordo com as
em pesquisas, assistência técnica e extensão rural e
informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura,
crédito específico para fomentar a prática.
transporte urbano. Entretanto, a pedra no sapato dos brasileiros tem sido a verba destinada para a reforma e construção dos estádios. As edificações também vão
PROGRESSÃO DO PLANO SAFRA
permanecer por aqui, mas, questiona-se a necessidade de tanto dinheiro empregado nas obras.
R$ 180 bilhões
O custo atual já é quase quatro vezes maior que o valor informado pela CBF à Fifa, quando foi apresentado o projeto para sediar o Mundial no país. O primeiro levantamento, divulgado em 2007, informava que as arenas custariam US$ 1,1 bilhão, ou seja, em torno de
R$ 156,1 bilhões
R$ 2,6 bilhões. Entretanto, a última estimativa oficial aponta que o valor chegará a R$ 8,9 bilhões. A especulação é de que a verba destinada supere os R$ 10 bilhões até a conclusão de todos os estádios.
R$ 136 bilhões
2013/2014
2014/2015
Verba disponibilizada pelo Plano Agrícola e Pecuário Expectativa dos produtores rurais e das entidades de classe que representam o setor
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Da lavoura à Esplanada dos Ministérios
“
tor não depende, apenas, de ações do Ministério da Agricultura, mas está diretamente relacionada a outras instâncias, como o Ministério de Minas e Energia, Ministério dos Transportes, Ministério da Fazenda, do Planejamento e do Meio Ambiente. “É preciso ter uma Neri Geller também fez questão de citar aspec-
ação conjunta, pois também dependemos de logística,
cargo de Ministro da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
tos como os incentivos direcionados à agricultura de
de um fornecimento de energia elétrica adequado, de
mento, Neri Geller, até então responsável pela Secre-
baixa emissão de carbono, à construção e ampliação de
estabelecer um diálogo sobre as questões ambientais
taria de Política Agrícola, afirma reconhecer a necessi-
armazéns, à agricultura irrigada, inovação tecnológica
que ainda travam o desenvolvimento do agronegócio e,
dade de ampliação dos recursos do Plano Safra, tendo
na agropecuária e a cultivos protegidos. “São avanços
por fim, da liberação efetiva das verbas”.
em vista o aumento das áreas de plantio e dos custos
que foram alcançados no Plano Agrícola e Pecuário
Para Reginaldo, a disponibilização do recurso é
de produção. “Fizemos um grande esforço para tornar a
(PAP) em curso – 2013/14 e que serão consolidados no
outro entrave e a comparação com a Copa do Mundo
Secretaria de Política Agrícola bastante ativa na forma-
PAP 2014/15”.
é inevitável. “Para liberar verbas que vão financiar a
ção do Plano e, como ministro, pretendo tornar nossas
Diante do lançamento do Plano, realizado pela
construção de estádios, a ação é imediata e procedi-
ações ainda mais efetivas e entre elas está o fortaleci-
presidente Dilma Rousseff no dia 19 de maio, em Bra-
mentos como licitações e orçamentos são agilizados.
mento do Plano Agrícola e Pecuário, especialmente na
sília, é possível perceber que nem todas as expectati-
Quando é para atender as necessidades do campo, o
quantidade de recursos, já prevendo um aumento na
vas do ministro, assim como as dos produtores rurais,
produtor fica na mão”. Mas, segundo ele, mesmo dian-
produção”.
foram atendidas. Para o gerente regional da Comigo,
te das dificuldades e insatisfações, é preciso manter a
A entrevista foi concedida à Revista Agro&Negó-
Reginaldo Martins, isso acontece devido à falta de au-
união. “O produtor precisa continuar cobrando e estar
cios dias antes do anúncio oficial do documento e Neri
tonomia do Ministério. “O Neri Geller é produtor rural e
cada vez mais ligado às entidades de classe, porque so-
Geller comentou a respeito das expectativas em rela-
conhece os gargalos enfrentados pela classe. Esta não
zinho é ainda mais difícil de conseguir mudanças”.
ção às mudanças e melhorias do Plano. “O Ministério
é a primeira vez que percebemos a falta de autonomia.
Por falar em união, às vésperas da Copa do Mun-
da Agricultura trabalha no sentido de viabilizar uma
Na história recente tivemos um dos maiores conhe-
do e em ano eleitoral, vídeos institucionais divulgados
boa disponibilidade de recursos e condições de finan-
cedores do setor agropecuário no Brasil e no mundo,
na televisão aberta tentam despertar o torcedor no ci-
ciamentos adequados para o custeio da safra e a sus-
o Roberto Rodrigues, que foi ministro da agricultura
dadão brasileiro. Mas, o receio, principalmente dos go-
tentação do ritmo dos investimentos em infraestrutura
e também não conseguiu fazer nada pelo setor agro-
vernantes, é de que o gigante, aquele que acordou em
produtiva das propriedades. Avanços também deverão
pecuário. É preciso que os governantes vejam a pasta
2013, é que seja despertado novamente e volte às ruas
ser registrados no mecanismo do seguro rural. O supor-
como estratégica e tomem decisões que possam im-
para questionar. Se acontecer, que o mundo possa ver
te à comercialização e à defesa agropecuária completa
pulsionar o setor e atender as necessidades da classe”.
e vivenciar manifestações legítimas, em prol de melho-
as prioridades estabelecidas pelo Ministério da Agricul-
Neri Geller MInistro da Agricultura e Pecuária
“
O Neri Geller é produtor rural e conhece os gargalos enfrentados pela classe. Esta não é a primeira vez que percebemos a falta de autonomia.
“
Há aproximadamente três meses ocupando o
Como ministro, pretendo tornar nossas ações ainda mais efetivas e entre elas está o fortalecimento do Plano Agrícola e Pecuário, especialmente na quantidade de recursos, já prevendo um aumento na produção.
“
Reginaldo lembra, ainda, que a melhoria do se-
Reginaldo Martins Gerente regional da Comigo
rias, pacíficas e com respeito ao próximo.
tura”.
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Salto lucrativo Empresários decidem diversificar e investem na criação de rãs Por Tássia Fernandes Fugindo do tradicional, os empresários Nides Barros Cordeiro e Reginaldo Martins de Assis optaram por uma atividade que tem poucos adeptos na região. Nada de cultivar lavouras ou partir para a criação de gado. A opção dos sócios foi a criação de rãs. A carne exótica ainda não está entre as preferências dos brasileiros, mas vem ganhando espaço no mercado, devido ao sabor e à qualidade. O aumento da demanda é favorável e contribui para que a atividade se torne um bom negócio. A decisão de trabalhar com os anfíbios surgiu a partir da análise de diversos fatores, como o custo dos investimentos a serem realizados, a rusticidade do animal, a possibilidade de utilizar mão de obra familiar e, principalmente, a área necessária para a instalação dos ranários. “Devido ao tamanho, nossa propriedade é imprópria para o cultivo de grãos, por exemplo. Nas visitas iniciais que realizamos, percebemos que o ranário podia ser construído em um local pequeno e foi isso que nos motivou ainda mais. Queríamos agregar valor à nossa área, otimizando o espaço disponível”, explica Nides.
Passo a passo Na Fazenda Água Limpa, localizada em Jataí/GO, a área total dos dois ranários é de um hectare. As instalações compreendem os setores de reprodução, desenvolvimento embrionário, girinagem, metamorfose e engorda. “Nós trabalhamos com todas as etapas, desde a manutenção das matrizes e obtenção dos ovos, até o abate”, destaca Reginaldo. A espécie comercial utilizada para a produção em cativeiro é a rã-touro (Rana catesbeiana). Segundo
Nides, entre as diferenças em relação à rã nativa está a ausência de substâncias venenosas. Para começar a atividade, algumas matrizes foram adquiridas. Agora, há dois anos no ramo, os empresários selecionam as melhores rãs para o posto de reprodutoras. A escolha é feita a olho nu, a partir da observação de características específicas, como o porte do animal. As rãs também vão sendo separadas conforme o desenvolvimento. Nas baias do ranário a divisão é por tamanho, para evitar o canibalismo. Segundo Nides, a agressão é uma prática comum entre as rãs. Por serem carnívoras e instintivamente caçadoras, elas têm preferência por alimentos vivos. O canibalismo acontece, principalmente, no período de transição da alimentação natural para a administração da ração. Uma dica de profissionais especialistas na criação de rãs é acrescentar junto à ração larvas de moscas ou colocar o alimento sobre cochos vibratórios. A alimentação dos animais é regrada, podendo chegar a até quatro vezes por dia. A ração utilizada é a mesma destinada aos peixes. “A maioria dos ranicultores utiliza uma composição com 44% de proteína, desenvolvida para as trutas”, explica Reginaldo. O manejo foi sendo aprimorado com a prática e com o conhecimento adquirido durante as visitas realizadas a criadores experientes, em diversas regiões do país. “Aprendemos, por exemplo, que a ração deve ser disponibilizada na medida certa, pois a sobra não é consumida depois, podendo acumular fungos e bactérias e causar prejuízos à saúde do animal”.
RÃ
De olho na criação A rã é considerada um animal rústico, mas, segundo os empresários, isso não significa ausência de cuidados e de investimentos. Apesar de terem outras atividades profissionais na cidade, os sócios garantem que é possível conciliar as duas rotinas. “Dividimos as tarefas e quando um não pode ir até a fazenda o outro comparece”, enfatiza Reginaldo. Durante a semana eles cuidam dos empreendimentos urbanos e os finais de semana estão reservados para o campo. “Se você não estiver presente, o negócio não prospera”, afirma Nides. Na propriedade, eles contam com os funcionários, responsáveis por monitorar as rãs. Para reforçar o time, as esposas e os filhos marcam presença e participam ativamente de todos os procedimentos. “As mulheres são muito cuidadosas e o negócio está indo bem nas mãos delas”, garante Reginaldo. No que se refere aos gastos, Nides destaca que “qualquer empreendimento requer cuidados e investimentos, do contrário não terá sucesso”. Entre os fatores que elevam o custo de produção está a logística. O produto final é vendido para um frigorífico de São Paulo e a ração utilizada vem de Minas Gerais, portanto, os gastos com transporte correspondem à grande parte das despesas. Além disso, apenas um dos ranários é mantido com água proveniente de queda natural. “No outro a água é bombeada e a despesa é ainda mais alta”, pontua Reginaldo.
Parcerias à vista A prática da ranicultura na região desperta o interesse de diversos segmentos, inclusive da educação. Uma parceria com professores e acadêmicos da Universidade Federal de Goiás/Campus Jataí está sendo planejada. Os animais servirão de matéria prima para trabalhos realizados em laboratório. “A Universidade vai nos auxiliar com a classificação das rãs, realização de melhoramento genético, entre outras ações, e em contrapartida vamos contribuir com as pesquisas que poderão ser realizadas, utilizando os animais vivos e também os subprodutos, como a pele e as vísceras”, complementa Nides. As parcerias vão além da instituição de ensino. Os empresários entraram em contato com o SEBRAE, que garantiu apoio em relação aos tramites burocráticos, como orientação em relação aos documentos necessários e à legislação vigente, além de auxiliar na identificação do mercado consumidor e na elaboração de planilhas de custos. “Para desempenhar a atividade legalmente, precisamos cumprir diversos requisitos, como obter a outorga da água, que permite a utilização do recurso natural; adequar às determinações do novo código florestal; retirar autorização para realizar o transporte dos animais; obter selos de comercialização e de abate, entre diversos outros documentos. Por conta de toda essa burocracia, a parceria vai ser fundamental”, ressalta Reginaldo. Agora, o contato está sendo com proprietários de bares e restaurantes da região. O propósito é incentivar o consumo da carne de rã nos estabelecimentos. Para isso, estão buscando a parceria com um frigorífico goiano, que deverá abater e embalar os animais. “A vantagem é que a
TABELA DE VALORES NUTRICIONAIS
CARNES Boi - carne magra Galinha - carne magra Peixe - Água doce Rã
CALORIAS 146 124 75 88
PROTEINAS (g) 21,5 22 16,6 19,9
Fonte: Estudo Nacional da Despesa Familiar - IBGE.
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comercialização do animal pronto para consumo é mais rentável e reduz os gastos com logística. O preço do quilo da rã viva, por exemplo, gira em torno de R$ 12, enquanto a carne pronta é comercializada, em média, a R$ 30 no atacado e R$ 35 no varejo”, explica Nides. Segundo ele, o principal trabalho a ser feito é o de desmistificação do consumo da carne de rã, que ainda é rejeitada por parte da população. “As mulheres, principalmente, têm receio em experimentar o prato e acreditam que a rã é um sapo. Precisamos divulgar mais o produto e estimular o consumo, para que percebam que o alimento é mais saudável e até mais saboroso do que a carne bovina ou de frango”, afirma.
Planos para o futuro Visando à comercialização da carne pronta para consumo, o sonho dos empresários é a instalação de um frigorífico em Jataí/GO. Entretanto, a quantidade de carne produzida atualmente não justifica o projeto. A previsão inicial é produzir, em média, cinco mil quilos de carne por mês e, posteriormente, chegar a dez mil quilos. O planejamento para o futuro também inclui o estabelecimento de um sistema de integração, envolvendo diversos produtores que forneceriam o animal para o frigorífico, suprin-
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do a demanda e viabilizando o processo. “Para que isso aconteça, a primeira etapa é estruturar o nosso ranário e, então, incentivar mais produtores a investirem na criação de rãs”, esclarece Nides. Apesar do interesse em ampliar a atividade na região, os empresários garantem que não levam falsas expectativas aos futuros criadores. “É um trabalho que requer tempo, atenção e investimento. Em um primeiro momento não é possível viver só do empreendimento, o criador deve ter consciência de que é uma renda complementar. Acredito que para ter uma estrutura consolidada, como em qualquer outro negócio, leva em torno de cinco anos”, avalia Reginaldo. Mas o sonho é sem fronteiras e vai além da região. “Já conversamos muito sobre as possibilidades de exportação, e por que não sonhar? Estamos novos e ainda dá para correr atrás”, afirma Nides. Para Reginaldo, o desejo não é impossível de ser realizado. Ele reforça que a carne de rã tem mais aceitação fora do país, o que já é um estímulo para continuar fazendo planos e apostando na atividade.
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Prof. Luís Henrique Carregal FERRUGEM
Faculdade de Agronomia Universidade de Rio Verde
Problema de Segurança Nacional O agronegócio é o principal setor responsável pelo crescimento da economia brasileira, sendo que a soja destaca-se como a commodity mais importante. Estima-se um aumento de área com soja totalizando mais de 42 milhões de hectares nos próximos 10 anos. Mas, é possível imaginar o Brasil sem uma produção estável de soja? Esse é o risco que vivemos atualmente em virtude dos problemas fitossanitários e das estratégias de controle recomendadas de forma equivocada, principalmente em relação à Ferrugem Asiática. A doença, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, destaca-se como a maior ameaça aos altos rendimentos da cultura, pela agressividade do fungo, alta
capacidade de produção de propágulos e variabilidade genética. Normalmente, as mutações ocorridas são deletérias ao patógeno, mas, por outro lado, podem favorecê-lo em relação à resistência (ou menor sensibilidade) a produtos químicos, tornando-os mais virulentos ou pos-
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sibilitando-o de quebrar a resistência genética de uma determinada variedade. As estratégias mais efetivas para o controle da doença são: vazio sanitário, plantio no início da época recomendada, uso de variedades de ciclo mais curto e aplicação de fungicidas. No entanto, um problema tem surgido nos últimos anos: o cultivo de soja safrinha. Para a maioria dos agricultores, a soja safrinha é uma alternativa viável, principalmente para produção de sementes e por ser mais lucrativa que o milho ou sorgo em algumas situações. Mas, entre os problemas, está a menor estruturação química, física e biológica do solo. O aumento na incidência de pragas, plantas daninhas e doenças é notório. Com a soja cultivada na safrinha sob os restos culturais da soja verão, o desequilíbrio causado no sistema produtivo é total e existe maior dependência de uso dos produtos químicos. Ao longo dos anos, o controle químico tem sido utilizado como estratégia principal de controle da doença, mas, desde a safra 2006/07, os trabalhos conduzidos na Universidade de Rio Verde demonstraram a menor sensibilidade do fungo aos triazois, o que foi comprovado pelos Ensaios Cooperativos coordenados pela EMBRAPA SOJA em 2009. Até a safra 2012/13, apenas dois grupos químicos de sítio bioquímico específico (triazóis e estrobilurinas) foram adotados a campo. A partir da safra 2013/14 houve a liberação de mais um grupo, também sítio específico, que são as carboxamidas. Vale salientar que as novas moléculas carboxamidas estão sendo registradas em misturas com estrobilurinas e ou triazóis, grupos químicos que já exerceram a pressão de seleção no fungo. Pelo que é sabido até o momento, não há possibilidade do desenvolvimento de novos grupos químicos, os quais apresentem modo de
ação bioquímico diferente dos conhecidos atualmente, até 2020. E, com o cultivo da soja em condições de safrinha, onde serão requeridas pelo menos oito aplicações, a exposição dos produtos será ainda maior. Considerando-se os cultivos de safra e safrinha de soja, o agricultor realizará, em média, de 10 a 12 aplicações com produtos de sítio de ação específico e com resistência comprovada, a cada sete ou oito meses em cultivos sucessivos. Já imaginaram o Brasil sem produção estável de soja? O mesmo pode ocorrer em relação ao uso de inseticidas para controle de mosca branca e lagartas, principalmente referente à Helicoverpa spp. E quais seriam as soluções para garantir a continuidade da soja como principal commodity brasileira? As soluções dependem de atitudes drásticas e de adoção imediata, como proibição da soja safrinha através de medida legislativa de âmbito estadual ou nacional; fiscalização mais rígida do vazio sanitário, principalmente em áreas licenciadas para produção de sementes; proibição do uso de fungicidas isolados (estrobilurinas ou triazóis) e a introdução de fungicidas protetores (multissítios)
nos sistemas de aplicação de defensivos. Fungicidas multissitios inibem o desenvolvimento dos fungos em diferentes sítios bioquímicos, tornando praticamente impossível que o mesmo desenvolva resistência ao fungicida. Alguns, amplamente utilizados em hortaliças desde a década de 60, continuam efetivos, não havendo nenhum relato de resistência ou menor sensibilidade. Nas últimas safras, os resultados de pesquisa da Agro Carregal Pesquisa e Proteção de Plantas, em parceria com a Universidade de Rio Verde, comprovam que a adição de um fungicida protetor melhora o controle da doença, aumentando em até 60% a eficácia dos fungicidas tradicionais. Além disso, os fungicidas protetores serão fundamentais para preservar a vida útil dos novos produtos. Para que esta técnica seja adotada pelos produtores, torna-se necessário que tais produtos sejam, primeiramente, registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No caso específico da soja safrinha, o primeiro passo é a conscientização dos agricultores brasileiros, que não devem, em hipótese alguma, realizar o cultivo.
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Representantes do meio rural e urbano clamam por investimentos no setor energético goiano Por Luana Loose Pereira
Duas décadas de defasagem de investimentos, esta é a realidade histórica do sistema energético no estado de Goiás. Ao longo dos anos, com a modernização e o desenvolvimento tecnológico, tanto no campo como na cidade, o problema se agravou ainda mais. Hoje os representantes de classe somam questionamentos, sem obter respostas efetivas dos órgãos competentes. Em pesquisa recente realizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Celg foi classificada como a pior concessionária de energia entre as 35 maiores empresa que atuam no país. Para José Mário Schreiner, presidente da FAEG, a falta de energia e a má qualidade dos serviços prestados pela concessionária representam um fato gravíssimo para o desenvolvimento de Goiás. “O setor agropecuário, que tem sustentado o crescimento da economia brasileira e goiana, é um dos que mais sofre com a situação, já que o problema é mais grave na zona rural”. No meio rural ocorrem incoerências. Segundo Reginaldo Pires, gerente da Loja da cooperativa COMIGO em Jataí, na prática as ações propostas pelo governo federal esbaram na realidade da distribuição de energia elétrica em todo o estado. “Hoje nós temos recursos disponibilizados por parte do governo federal, com taxas de juro compatíveis com a atividade, para construção de novas redes armazenadoras de grãos e recursos federais para investimentos em Irrigação agrícola, que possibilita a verticalização da produção, porém o produtor não tem energia elétrica para efetivar e sustentar estes novos investimentos”. Cristalina, um dos municípios goianos que mais possui investimentos em irrigação, hoje trabalha com a capacidade máxima instalada. Carlos Alberto Sponchiado, secretário de desenvolvimento econômico e agronegócio de Cristalina, afirma que novos investimentos em irrigação não estão sendo concretizados, pois não há carga suficiente para atender novas demandas. “Os projetos de ampliação da capacidade
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instalada das empresas no município também estão sendo postergados até que a demanda seja suprida”. Uma saída encontrada por muitos produtores rurais e empresários é investir em geradores de energia. Reginaldo Pires, afirma, porém, que esta tecnologia, além de aumentar o custo de produção, promove a queima de diesel, que é combustível fóssil. “A cooperativa COMIGO está em 13 municípios da região, em todos foi necessária a instalação de geradores de energia. Um investimento caro e que vai contra as ações de meio ambiente e sustentabilidade. Enquanto o produtor poderia estar investindo em outras tecnologias, está sendo onerado, porque se quiser continuar na atividade leiteira ou secando grãos na propriedade, tem que investir primeiro em geração de energia”, pontua Reginaldo. No município de Mineiros/GO, a situação é delicada e já vem causando grandes prejuízos também na zona urbana. “A má qualidade dos serviços e falta de estrutura na distribuição entrava o desenvolvimento das empresas e do comércio em geral, sendo que a questão energética é a primeira das análises feita em um plano de negócios por grandes corporações. Aqui mesmo em Mineiros/GO, temos alguns conjuntos habitacionais que estão prontos para serem entregues, faltando apenas a rede elétrica”, afirma Sergislei Carrijo Silva, secretário municipal de agropecuária, indústria e comércio. Para Reginaldo Pires, esta é uma realidade lamentável e que afeta a agroindustrialização em todos os setores. “A agroindustrialização hoje está praticamente paralisada em Goiás, nós nos tornamos um estado exportador de matéria prima in natura, enquanto poderíamos estar transformando os produtos do campo na região, gerando mais renda, mais divisas, mais empregos. Toda a sociedade está perdendo com a falta de infraestrutura da rede elétrica”.
Buscando solucionar os problemas e captar recursos para investimentos na infraestrutura do sistema enérgico goiano, recentemente o governo estadual assinou um acordo onde repassa 51% das ações da CELG para a Eletrobrás. Rafael Lousa, secretário de indústria e comércio do estado de Goiás, destaca que os reflexos deste primeiro acordo são positivos. “Uma operação deste porte não seria formalizada pelo Governo de Goiás se o governador e sua equipe não tivessem se cercado de todos os cuidados e garantias que não haveria nenhum desdobramento negativo aos goianos”. Segundo o secretário estadual, outras providências de ordem administrativa também estão sendo tomadas. “Na última ida à Eletrobrás, o governador do estado deu mais um passo rumo ao acordo que prevê investimentos da ordem de R$ 1,9 bilhão, nos próximos dois anos, no setor elétrico. O compromisso foi feito. E a atenção foi redobrada para que as demandas inerentes à distribuição de energia sejam definitivamente solucionadas. E assim serão beneficiadas não somente a região Sudoeste, mas todas as regiões do Estado. Os resultados aparecerão a curto, médio e longo prazo”, esclarece Rafael. Representantes do setor empresarial nos municípios se dizem pessimistas em relação aos resultados práticos das discussões realizadas até o momento. “Na prática não temos visto nada ainda e o que nos deixa mais desanimados é que o Governo Federal fala que a Eletrobrás não tem recursos. Nossa esperança é que passando para o Governo Federal, pelo menos teremos aquém cobrar, porque de imediato ainda não sabemos de quem devemos realmente exigir providências”, declara Amilton Martins Gonçalves, secretário de indústria e comércio de Jataí/GO.
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Esperamos que a Eletrobrás promova investimentos tanto na geração, bem como na distribuição de energia, visto que a capacidade instalada está no limite. Em curto prazo precisamos de novas redes de distribuição, ampliação de subestações e também investimentos em produção de energia para abastecer o sistema
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Interrog[ação]
ENERGIA
CELG e ELETROBRÁS
Carlos Alberto Sponchiado, Secretário de Desenvolvimento Econômico e Agronegócio de Cristalina
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Outros acreditam que ao invés da infraestrutura, os primeiros investimentos serão utilizados suprir carências internas. “A distribuidora de energia elétrica de Goiás tem uma dívida que ultrapassa os R$ 6 bilhões, dos quais R$ 2,4 bilhões com a própria Eletrobrás. Vejo que a maior preocupação da CELG é em colocar o caixa em dia, e não necessariamente fazer novos investimentos”, salienta Sergislei Carrijo Silva, secretário de agropecuária, indústria e comércio de Mineiros/ GO. No dia 28 de março, o conselho de administração da Celg Distribuição S/A aprovou o orçamento para o exercício de 2014, contemplando plano de investimentos na expansão e melhorias do sistema elétrico da empresa, que atende 237 municípios em sua área de concessão. Segundo o presidente Leonardo Lins de Albuquerque, a Celg D foi liberada a investir cerca de R$ 456,8 milhões este ano. “A CELG D conta com o ingresso de R$ 1,9 bilhão, no final deste mês de abril, que a CELGPAR está captando junto à Caixa Econômica Federal,
para aplicação pela CELG D serão tanto para investimentos de 2014 e 2015, como para liquidar e alongar dívidas da Celg D que estão gerando grande pressão no caixa da distribuidora goiana”. Para José Mário Schreiner, as discussões em torno dos impasses entre a Celg e Eletrobrás tem se arrastado por muito tempo e a situação é bastante grave, a expectativa é que as melhorias aconteçam em médio prazo. “Os empasses entre a Celg e a Eletrobrás podem demorar até 2015 para serem resolvidos. Até lá, esperamos poucas melhorias. De certa forma, após este período, os investimentos devem ser retornados e é importante que os produtores e empresários rurais se unam à Federação na cobrança por estes investimentos, repassando as reais necessidades e problemas do setor. Infelizmente o cenário é um pouco negativo e a busca por um serviço de qualidade deve continuar entre as principais pautas dos próximos anos”, conclui.
Descriminação dos Programas de Investimentos 2014 da CELG
* TAC – Termo de Ajuste e Condutada CELG
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Lygia Pimentel Médica veterinária, pecuarista e especialista em commodities pela INTL FCStone
mercado do boi
“Em 2014, mercado não tem freio”. Será? Já são 15% de alta acumulada em 2014 para a arroba do boi gordo em São Paulo, em torno de 5% de alta ao mês. Qual investimento rende isso no Brasil hoje? Não muitos, certamente. Mas aqui estamos falando de produção de carne, e não de um mercado especulativo. Portanto, temos que nos preparar para o que pode acontecer lá na frente. Temos vivido uma safra muito atípica: pela primeira vez na história o boi subiu em março. Excelente! Fruto de seca forte e mercado consumidor (interno e externo) aquecido. Entretanto, isso não significa que essa realidade será eterna. Já diziam por aí que “prudência e canja de galinha não faz mal a ninguém”. As escalas continuam curtas por enquanto, mas melhoraram em relação ao início do mês. A safra dá as
caras aos poucos, de maneira bem lenta. O mercado consumidor dá sinais de cansaço. O atacado começa a mostrar dificuldades de repassar novas altas ao consumidor e a carne sobra nos estoques. Hoje, 80% dos animais abatidos são inteiros, e não castrados, o que significa que a margem da indústria recuou de maneira considerável. Outra questão importante é que a arroba brasileira já perdeu competitividade frente aos nossos concorrentes, o que pode piorar os embarques em alguns meses. Dólar em queda também favorece este cenário (US$ = 2,3180). Hoje ainda temos que cumprir o que o mercado mostrava há 2-3 meses, mas a partir de agora podemos começar a perder negócios, pois tornamo-nos mais caros.
SPREAD ENTRE A CARNE NO ATACADO E A ARROBA DO BOI GORDO: MARGEM BRUTA DOS FRIGORÍFICOS
Estamos atrás apenas de Argentina (carta fora do baralho – sem volume para oferecer), Irlanda e EUA (países que não compartilham os mesmos clientes que nós no curto-prazo). A concorrência real está mais barata hoje. Juntamos a isso o adiantamento dos animais nos confinamentos em decorrência da seca e imaginamos a liberação desses mesmos animais entre maio/junho, que deverá se unir com o residual de animais nas pastagens, podendo casar também com uma demanda menos contundente devido à inflação em alta e competição forte da carne de frango. Portanto, o que temos é um mercado bom, mas com vários pontos de atenção para o futuro próximo. Ainda temos condição de efetuar negócios em patamares muito interessantes. O jeito é aproveitar os preços para fazer bons negócios enquanto o mercado permite, e não caso o cenário acima se concretize.
ARROBA EM DÓLARES NOS DIFERENTES PAÍSES
Fonte: Cepea/INTL FCStone * Valores atualizados no dia 25/03/2014
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Fonte: INTL FCStone www.agroenegocios.com.br 67
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José Luiz Tejon Megido Publicitário e Jornalista, ex-diretor da Agroceres, da Jacto S/A e do Grupo Estadão; Top 100 do Agronegócio 2013 - Revista ISTO É - Dinheiro Rural, Coordenador do Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM de São Paulo.
AGRONEGÓCIO
Crise na Europa muda a sociedade e coloca o agronegócio em evidência Quem diria que encontraríamos jovens líderes morando em Trás-Os-Montes, norte de Portugal, saídos de escolas sofisticadas e deixando a carreira de executivos em multinacionais para se dedicarem aos produtos de origem, ao azeite, vinhos, frutas, sidra, ou a uma pecuária moderna com embutidos e derivados de sabores sensacionais, além de queijos tão espetaculares como dentre uma multiplicidade de apresentações, os asturianos de Espanha ou o queijo da Serra de Estrela de Portugal. A linguagem do marketing no agronegócio globalizou. Paulo Costa, um desses dinâmicos jovens, nascido em uma aldeia transmontana portuguesa, regressa à sua aldeia, e de lá comanda a criação da APMRA - Associação Portuguesa de Marketing Rural e Agronegócio. No final do mês de janeiro de 2014, nascia essa nova entidade num evento reunindo mais de 200 autoridades, no salão de conferências do Museu da Eletricidade, em Lisboa. A promoção do marketing dos hortifrutis dentro de uma imensidão de nichos, desde a promoção dos aspectos culinários e da saúde do brócolis na vida dos consumidores, indo até os silvestres cultivados, como cogumelos embalados em lindas caixinhas de cartão, sensíveis, estéticos e gerenciados por nova categoria de cidadãos: jovens bem formados com nível secundário e universitário que, ao encararem a crise do desemprego europeu, retornam os olhos para um novo agronegócio, onde turismo, valor, percepção de valor, gastronomia e
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apenas como fornecedores de produto e sim como solucionadoras de problemas e como inspiração de caminhos que integrem qualidade com produtividade. A APMRA nasce com um braço aliado da ABMR&A, a nossa entidade brasileira, nascida em 1979, com uma antevisão àquela altura do que iria vir a ser um novo agronegócio, anos depois, como podemos visualizar agora. O valor ao longo da cadeia produtiva, a convicção das tomadas de decisões pelos executivos do setor da proteína animal, por exemplo, de que custo não é preço e de que as decisões de risco estão hoje espalhadas muito além das plantas frigoríficas, significa ingressar nesse novo universo do Agro.
Uma Agrossociedade cada vez mais global ao longo de todos os elos da cadeia, cada vez com mais jovens e também mulheres, que tanto na Europa como no Brasil despontam para a inovação e a gestão de uma das atividades mais estruturantes da história da civilização humana: a agropecuária, agora na visão de cadeia produtiva, o agronegócio, e amanhã, na visão da Agrossociedade, onde cultura, arte, sociologia, educação, saúde e valores caminharão cada vez mais reunidos. Vida longa para a APMRA, e que Portugal e Brasil estabeleçam, ao lado dos movimentos lusófonos, dos países de língua portuguesa, elos justos e pelo mérito de nossas histórias. “Quem quer o comércio não faz a guerra”, escreveu Camões.
saúde caminham de braços dados. Na linguagem da tecnologia, o que gestores de companhias internacionais falam no Brasil é o mesmo que está sendo comunicado em Portugal, Espanha ou qualquer parte do mundo. A globalização do agronegócio, que já vem antiga no antes e no pós-porteira das fazendas, agora adentra, invade as propriedades rurais e aponta para uma nova sociedade agrícola, a Agrossociedade, onde urbano e rural vivem integrados e a capacitação não faz mais a diferença se servirá aos escritórios dos serviços dos grandes centros financeiros ou a uma quinta, na Aldeia de Faiões, Trás-Os-Montes. A jornalista Isabel Martins, portuguesa, com mais de 10 anos de experiência na cobertura do agro português, editora da revista Vida Rural, revela: “Começa a ser usual ouvir dizer que esta crise foi o melhor que nos podia ter acontecido. E não é masoquismo. Ao obrigar o país a olhar para o seu âmago, para os recursos naturais, para o que tem de melhor e, mais importante, para o que pode se fazer de melhor, sair da depressão, sabe que vivemos e estamos a criar as bases para um país mais centrado em atividades estruturantes e não em ‘bolhas’ da moda.” Na pecuária, as mudanças no manejo reprodutivo, a inseminação artificial, sincronização de partos, tudo segue na linha da modernidade para atender as exigências contemporâneas do mercado. As organizações fornecedoras de tecnologia não querem mais ser vistas
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INTERNET: MARCO CIVIL ENTRA EM VIGOR Fato inegeavel: todos nós fazemos parte de um mundo paralelo ao físico, que é o mundo eletrônico, no qual fronteiras não existem, é uma terra só. E por ser da história recente, não sabemos onde poderemos chegar. Mesmo assim, não se trata de território sem regras. Hoje estamos internacionalizados. Não existem barreiras físicas na internet. Ao acessarmos um endereço eletrônico, o fazemos de nossa casa, através de um provedor com sede nos Estados Unidos, por exemplo, e toda a sua operação feita na China. É uma situação hipotética, mas que já é realidade na sociedade! Mas como são regulamentadas essas situa-
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ções? E os crimes cometidos pela internet? E a minha, a nossa privacidade: como é preservada ante a tanta exposição, às vezes feita por nós mesmos?! Para isso que veio o Projeto de Lei 2621/2011, que foi convertido na Lei Ordinária 12.965/2014, o chamado MARCO CIVIL DA INTERNET, que entra em vigor no dia 23 de junho de 2014. Como próprio do Estado Democrático de Direito, o Marco Civil da Internet veio para atender a uma demanda da sociedade, visto que até então havia apenas algumas leis no país referentes a fatos ocorridos no mundo virtual, como a Lei de Proteção de Dados Pessoais, a Lei que regulamenta os processos judiciais eletrônicos e, mais recentemente, a chamada Lei Carolina Dieckmam, que traz várias tipificações de condutas ilícitas. Segundo o jurista Prof. Luis Flávio Gomes, “são mais de cem tipos ilícitos”, mas com penas muito “tímidas”, aplicadas a crimes de menor potencial ofensivo e prescrição muito rápida, o que, por vezes, poderá desviá-la da sua função
pedagógica - punitiva. O Marco Civil trata e regulamenta princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Quer ver como você, leitor, pode já ter sido lesado sem saber? Que atire o primeiro mouse quem já leu todo o termo de condição de uso de um programa ou aplicativo... Sim, eu também já cometi essa falha. Aliás, na ânsia de liberar o acesso a qualquer serviço oferecido na internet, marcamos esses termos sem ao menos saber do que se tratam. Pois, a partir de agora, é vedado aos provedores e desenvolvedores elegerem local fora do Brasil para resolver quaisquer discordâncias que envolva os usuários. Por esse termo, também se costuma autorizar que o desenvolvedor do programa ou aplicativo tenha acesso às nossas informações contidas no aparelho pelo qual roda o produto adquirido (programas, jogos, e-readers, etc). Quem pode garantir o sigilo dessas informações? De acordo com o Marco Civil, é garantido o sigilo de informações que circulem na rede, desde que não seja uma autoridade administrativa que detenha competência para requisição de informações como qualificação (dados pessoais), endereço, filiação... Um ponto que gerou inúmeras polêmicas, mas que foi superado na aprovação, foi a questão dos data centers, que são centro de dados onde são armazenadas e processadas informações. Isso porque o texto anterior do projeto de lei previa que esses centros ficassem sediados no Brasil, o que gerou indignação entre os grandes executivos do setor e que acabou derrubado na Câmara, antes mesmo de ir à votação no Senado, gerando maior tranquilidade às empresas internacionais que operam no Brasil. Uma previsão feita pelo Marco Civil da Internet é a promoção da inclusão digital como garantia do exercício de cidadania. Mas, será que preparamos nossas crianças, futuro do país, para a imersão nesse mundo digital? Te-
mos uma educação digital para que se tenha inclusão? Outro ponto muito polêmico é a necessidade de pedir judicialmente a retirada de material, potencialmente ofensivo, da rede. Ora, em se tratando do mundo virtual, qualquer ofensa feita pela internet, mesmo que fique no ar por pouco tempo, pode significar uma eternidade, pois uma vez lançado na rede, quanto mais passam as horas, mais difícil se torna o seu controle, pelo alcance que pode ter. Como disse no início do texto: a abrangência que a internet pode ter em e sobre nossas vidas é inimaginável e, com certeza, um livro poderia ser escrito sobre cada artigo nele contido, como de fato já há no mercado. Quis, com esta explanação, levantar um debate sobre a tecnologia que é cada vez mais presente nas vidas de todos nós. Levantei alguns pontos sensíveis, mas, o importante é possuir uma lei que trate desse ambiente on line. Estamos todos aprendendo juntos a lidar com esse novo mundo, que é encantador, mas tal qual o mundo real, também possui seus perigos e armadilhas.
por LORENA RAGAGNIN
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