ESPECIAL EXPOLONDRINA
ABRIL DE 2014
Preços reanimam a bovinocultura de corte. Com rebanho menor, Paraná aposta em confinamentos e ganha eficiência na produção. Consumo define duração do ciclo que reformula o setor
PECUÁRIA REVIGORADA Público gigante faz da ExpoLondrina mais que uma feira agro
Soja promete nova expansão na safra 2014/15
[editorial Ciclo de diversificação
O
Norte do Paraná não é mais o mesmo. Aliás, nunca foi o mesmo. Com vocação natural ao agronegócio, a história da região e da economia regional sempre foi marcada por ciclos de produção. Da madeira e do café, da pecuária e dos grãos, da cana, das frutas e do algodão, cadeias produtivas que surgiram em períodos diferentes, mas que com o tempo passaram a conversar entre si. Na integração ou na diversificação, por necessidade ou opção, o fato é que hoje a região produz, industrializada e exporta. Não mais ou apenas commodities, mas conteúdo, valor agregado e tecnologia. Como cidade polo, Londrina acaba sendo o representante natural desse novo ambiente, dessa nova realidade, de oportunidades, desafios e inovação. Uma cidade que é a casa e a cara do agronegócio. Sede de alguns dos maiores e mais renomados institutos de pesquisa do Brasil e do mundo, Londrina tem muitos doutores. Mas doutores de verdade, profissionais com formação de doutorado e a serviço do bem comum, neste caso do agronegócio: Embrapa Soja, Iapar, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Fundação Meridional e tantos outros geradores e multiplicadores de conhecimento. Mas na outra ponta, Londrina e o Norte do Paraná têm muitos produtores, homens do campo, pessoas comuns e com grande espírito empreendedor. Personagens, protagonistas ou coadjuvantes de uma história bastante curta, que ainda está no começo, embora com grandes conquistas e muitas emoções. Agentes de um legado que também tem a ver com outro marco e referência do município, a ExpoLondrina, motivação primeira desta revista. Com um ambiente dedicado a discutir e entreter, reunir e promover, não apenas o município, mas a região, o estado e país, a exposição traz em seu DNA a diversificação, de um povo, de uma cultura e de uma produção. Boa Leitura!
[índice
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Duplicação em curso As obras na BR-376 avançam em Campo Largo e Ponta Grossa. Escoamento de grãos terá pista dupla em toda a Rodovia do Café em 2021
Festa na ExpoLondrina Com programação reforçada e investimento de R$ 9 milhões na organização, a feira espera 500 mil visitantes
Ano de prova para o milho Brasil confere em 2014 se conquistou ou não espaço para 20 milhões de toneladas por safra no exterior
Janela para o trigo Paraná vai tentar aproveitar preços do início da colheita, antes da chegada das safras gaúcha e argentina
Tem exceção nos cafezais Em ano de quebra climática, lavouras irrigadas rendem bem e produção ganha status de café especial
Giovani Ferreira, Agronegócio Gazeta do Povo giovanif@gazetadopovo.com.br EXPEDIENTE A revista Agronegócio é uma publicação da Editora Gazeta do Povo. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Editor Executivo: Giovani Ferreira. Edição: José Rocher. Editor Executivo de Imagem: Marcos Tavares. Editores de Arte: Alexandre L. De Mari, Carlos Bovo e Dino R. Pezzole. Projeto Gráfico: Dino R. Pezzole, Joana dos Anjos e Marcos Tavares. Diagramação: Kako Frare. Tratamento de Imagem: Edilson de Freitas. Foto Capa: Josué Teixeira. Redação: (41) 3321-5050. Fax: (41) 3321-5472. Comercial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: agro@gazetadopovo.com.br Site: www.agrogp.com.br. Endereço: R. Pedro Ivo, 459. Curitiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente. Impressão e acabamento: Gráfica Serzegraf
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GAZETA DO POVO
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[destaques
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Bovinocultura recupera vigor A área da pecuária de corte caiu no Paraná, mas a produção está entrando numa fase lucrativa. Mercado estimula a produtividade Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
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Soja sobe degrau O plantio deve crescer novamente na safra 2014/15 na América do Sul, mesmo com a expansão nos Estados Unidos
Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Da laranja ao caqui A produção de frutas cresce como alternativa de renda em áreas agrícolas. Bem cuidados, pomares de laranja, caqui e até coco-da-baía mostram-se viáveis
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[ infraestrutura
Década é de obras na BR-376 Obra de duplicação de 231 quilômetros da Rodovia do Café começa a andar. Conclusão está prevista para 2021, quando viagens serão 24% mais rápidas, conforme avaliação da CCR Rodonorte
Carlos Guimarães Filho :: Na próxima década, o escoamento da produção de grãos que depende da BR-376 deve ser 24% mais rápido até o Porto de Paranaguá. Esperadas ansiosamente pelo agronegócio, as obras de duplicação de 231 quilômetros da Rodovia do Café, ligando Apucarana, no Norte do Paraná, até Ponta Grossa, começam a andar. A rodovia é utilizada para o transporte de commodities, principalmente milho e soja produzidos no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Atende ainda, em parcela menor, Goiás, São Paulo e o vizinho Paraguai, que escoam parte da colheita pelo Paraná. A duplicação, considerando o calendário de obras da concessionária CCR Rodonorte, foi antecipado. O contrato de concessão previa o início da obra apenas em 2015. A mudança atende a uma demanda do setor produtivo, já que a lentidão no trecho encarece os custos do setor. A previsão de que o tempo de viagem será reduzido em 24% é da própria CCR Rodonorte.
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“A duplicação é um pedido antigo da sociedade. Como [a rodovia] é o principal caminho de escoamento da safra brasileira, aumentará a agilidade no transporte de grãos. O fluxo de caminhões também deve aumentar futuramente”, af irma Claudio Soares, diretor da concessionária. Conforme a empresa, 3,8 mil caminhões carregados com milho e soja passam todos os dias pela praça de pedágio em Ponta Grossa. Apesar de não fazer parte do traçado de 231 quilômetros, a primeira parte da obra começou no final de 2013, considera a concessionária. Trata-se da duplicação do contorno de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba. Essa
R$ 1 bilhão será investido na duplicação dos 231 quilômetros da BR-376 ao longo de sete anos. O recurso é próprio, ou seja, proveniente dos pedágios cobrados ao longo da rodovia.
duplicação de 7 quilômetros deve estar pronta em maio. Paralelamente, a construção de uma segunda pista em 11 quilômetros (entre os km 465 e 476) a partir do Trevo do Caetano, em Ponta Grossa, sentido Apucarana, também está em andamento. A nova faixa, com 7,2 metros de largura, será separada da atual por um canteiro central de 9 metros. O projeto ainda inclui a construção de dois viadutos sobre a rede ferroviária, quatro retornos e correção horizontal e vertical de curvas. Pouco à frente deste ponto (km 461), será refeita a ponte sobre o Rio Tibagi. O prazo para conclusão desse pacote é de 15 meses. Ainda não há calendário para as próximas obras na rodovia. Segundo Soares, uma comissão definirá o cronograma de trabalho conforme o volume de tráfego. “As prioridades são definidas com base no maior número de carros. Podemos fazer outra região e depois voltar. O próximo trecho aprovado, por exemplo, sai de Apucarana em direção a Ponta Grossa.”
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[boi lucrativo
PECUÁRIA sai do vermelho Preços alcançam picos de R$ 120 por arroba e voltam a superar os custos. Num momento de expansão das lavouras, mercado estimula engorda em confinamento. Novo ciclo freia abate de matrizes e terá duração definida pelo consumo
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Cassiano Ribeiro :: Com cotações recordes, custos de produção estabilizados e previsão de muito churrasco pelo mundo, a bovinocultura brasileira entra numa fase de prosperidade, mostram os números do setor. Os preços da arroba de boi (14,688 kg) subiram 17% no Paraná e 20% em Mato Grosso nos últimos 12 meses e voltaram a cobrir os custos com folga. A meta é avançar em genética e aumentar a concentração de bois por hectare. Conforme dados do Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura da Universidade Federal do Paraná (Lapbov) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), a rentabilidade por cabeça de gado vai de R$ 300 a R$ 400 no Paraná, depois de um período negativo. Um ano atrás, as despesas eram de R$ 102 por arroba, aponta o Lapbov, quando a cotação estava em R$ 95. Um animal de 500 quilos dava prejuízo de R$ 240 nas fazendas com custo padrão. Com gastos e preços menores, os estados do Centro-Oeste seguem a mesma tendência. O que mudou foram os preços. Os custos estão praticamente nos mesmos patamares de 2013, mas a arroba ultrapassou R$ 110, com picos acima de R$ 120 nas principais praças do país.
A tendência, segundo os especialistas, é que esse ciclo de alta vá além do ano de Copa do Mundo e seja estimulado também pela onda de consumo até as Olimpíadas de 2016. A perspectiva leva em conta também o tempo que a atividade vai levar para recompor a oferta de animais. “O abate tem sido antecipado e isso encurta os ciclos de altas e baixas nos preços. Estamos entrando num ciclo de alta que pode durar três anos”, afirma o analista de mercado Antônio Guimarães, da Scot Consultoria. O exterior promete comprar mais do Brasil, acrescenta. “Os Estados Unidos estão com o menor rebanho dos últimos 60 anos e a Austrália também tem problemas de oferta.”
A valorização do boi em pé está relacionada aos veranicos dos últimos meses. A estiagem obrigou os pecuaristas a antecipar o abate dos animais, que agora fazem falta.
Resposta à pressão A pecuária brasileira limitou o rebanho não só pelas cotações apertadas. As lavouras de grãos “roubaram” 6 milhões de hectares da bovinocultura no Brasil, devido principalmente à valorização da soja e do milho (veja gráfico na próxima página). Parte dessa área foi arrendada para agricultores e parte transformada em plantação pelos próprios pecuaristas, aponta o zootecnista Paulo Rossi Júnior, professor da UFPR que coordena o Lapbov. “Hoje é que começamos a ver o
A densidade de bovinos no campo continua baixa no Brasil, em cerca de 1,34 animal por hectare em 2013. Cinco anos antes, o índice era de 1,26.
impacto disso no mercado. No Paraná, o espaço de pastagem perdido produzia bezerros. O rebanho encolheu principalmente pelo abate de matrizes.”
Retomada Com margem de lucro, a pecuária retoma investimentos. “Os preços devolvem renda e estimulam a engorda em confinamento. Esse ciclo [de preços remuneradores] deve durar de um a dois anos. Quem dita o futuro é o consumo”, aponta o analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP. Em Mato Grosso, as pastagens ganham resistência frente aos grãos. “O aumento da arroba gera demanda para quem cria bezerro, porque uma hora o plantel precisará ser reposto. Além disso, a lotação por hectare no estado, que hoje está entre 1,20 e 1,26 animal por hectare, tende a subir. Apesar de o preço da soja ainda estar favorável, a recuperação do boi deve conter o avanço da oleaginosa sobre os pastos”, avalia o analista de bovinocultura do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Fabio Dias. Para o próximo ano, a estimativa é de crescimento do rebanho, atualmente em 28 milhões de cabeças no estado, maior produtor nacional, e em 202 milhões no país.
Gado nelore em área de integração lavoura-pecuária-floresta em Bandeirantes (MS). Concentração de animais por hectare deve aumentar.
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Ano da Copa promete US$ 8 bilhões nas exportações Cassiano Ribeiro :: As exportações brasileiras de carne bovina, que no primeiro bimestre deste ano ficaram 30% acima do volume registrado no mesmo período do ano passado, devem continuar em alta nos próximos meses. A expectativa da indústria nacional é fechar 2014 com US$ 8 bilhões faturados no mercado externo, valor 40% maior que o registrado nos doze meses de 2013. Para alcançar essa meta, os exportadores pretendem consolidar as vendas em mercados cativos e também abocanhar parte das regiões de domínio de outros importantes players, como os Estados Unidos, que estão com o menor rebanho dos últimos 60 anos (87,7 milhões de cabeças para corte). “O Brasil não é um grande competidor em mercados dominados por Austrália e Estados Unidos. Eles ocupam um espaço de carne gourmet que nós ainda estamos procurando, por isso podemos chamá-los mais de parceiros do que concorrentes”, def ine o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. Ele prevê que os embarques nacionais vão alcançar US$ 8 bilhões e que há mais espaço a ser ocupado. O analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, aponta que as oportunidades estão em países da Ásia, da Europa e da própria América Latina. “Observamos uma ocidentalização dos costumes asiáticos, que tem aumentado o consumo de carne bovina. Até a Índia, que tem o maior rebanho do mundo (mas não comercial) e não exportava começou a entrar no mercado.” O maior nicho, porém, está no continente com países de grande população. Entre eles, Pereira destaca a China, Japão, Coreia do Sul e Indonésia. “Hoje não conseguimos enviar nem sequer um quilo para esses países”, acrescenta Camardelli.
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PASTO CONVERTIDO A valorização da soja no Paraná e no Brasil fez reduzir o espaço destinado à bovinocultura brasileira, especialmente após a crise da aftosa, em 2005. A redução dos pastos foi de um milhão de hectares ao ano, em média, entre 2006 e 2013. Área de pastagem em milhões de hectares 160
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Rebanho em milhões de cabeças 206
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Soja no Paraná Preço médio em R$ por saca de 60 kg no mês de março no Paraná 43 24
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Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Scot Consultoria e Secretaria de Agriculutura e Abastecimento do Paraná (Seab). Infografia: GP.
1,34 boi por hectare de pastagem era o índice de concentração da pecuária em 2013, informa o IBGE.
Churrasco gratuito abre mercados Para ampliar as exportações, a indústria brasileira tem ousado em suas estratégias e realizado churrascos gratuitos em grandes eventos de países onde o consumo é crescente. “Observamos que havia muitos intermediadores para abertura de novos mercados. Com esses churrascos nós conseguimos atingir diretamente o varejo de outros países, afirma o presidente da Abiec.
Na última feira da Alemanha, foi consumida uma tonelada de carne em quatro dias, relata Antônio Jorge Camardelli. "É muita carne. Isso sinaliza que tem apelo, tem consumo.” Outras quatro rodadas de churrasco brasileiro no exterior estão programadas para este semestre (Espanha, Singapura, França e Rússia). “Este é um ano com cozinha positiva para nós”, diz ao ser questionado sobre a interferência da Copa do Mundo no consumo de carne. (CR)
[ pecuária intensiva
Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Menos boi e mais carne Fazendas se especializam e engordam animais em menos tempo. Número de cabeças em confinamento cresce 18% e chega a 102 mil no Paraná
LONDRINA
Fábio Cavazotti, especial para a Gazeta do Povo ::O número de cabeças de gado do Paraná vem caindo continuamente desde 2002. A redução chega a 17% (de 10 milhões para 8,3 milhões de animais). Porém, o volume de carne produzido se mantém praticamente inalterado em 520 mil toneladas anuais. Os números são do Sindicarne e Anualpec e mostram intensificação da atividade, com redução no ciclo dos plantéis de corte. De acordo com produtores e especialistas ouvidos pelo Agronegócio Gazeta do Povo, a redução do rebanho está ligada à transformação de pastagens em lavouras, estimulada pela valorização internacional dos grãos. Com área menor, a bovinocultura busca ganho de produtividade por meio de qualidade genética e tecnologia no manejo. Os resultados apareceram no encurtamento do período de engorda. Com novo per-
fil, a pecuária obtém animais de maior peso em menos tempo. “Estamos fazendo pecuária com mais tecnologia. Antes, o gado era abatido com 3 a 4 anos, hoje conseguimos abater entre 24 e 30 meses”, afirma o pecuarista e presidente da Fundação Meridional, Luís Meneghel Neto. “O desenvolvimento do complexo genético e as melhorias na alimentação têm contribuído de forma muito grande.” Segundo Meneghel Neto, que foi pioneiro em melhoramento genético de gado limousin, o ganho de produtividade é imprescindível para a sustentabilidade da pecuária diante da maior rentabilidade dos grãos e da cana-de-açúcar no Paraná. “Em um hectare, a cana e os grãos dão faturamento de até R$ 4,5 mil ou mais por ano. Na pecuária, com duas cabeças por hectare, você chega a R$ 3 mil por ano mais ou menos. Essa diferença contribuiu para a migração de atividade.” Além da genética, houve incremento nas plantas de confinamento.
O pecuarista André Carioba, da Fazenda Cachoeira, alcança abate de 10 mil animais por ano.
Enquanto num pasto de boa qualidade o boi ganha, no máximo, 800 gramas por dia, num confinamento eficaz chega a engordar 1,5 quilo. “Num estado como o Paraná, onde a competição com a produção agrícola é muito forte, o confinamento otimiza a produção e aumenta a rentabilidade por hectare”, afirma Bruno de Jesus Andrade, gerente executivo da Associação Brasileira de Confinadores (Assocon). “É esse o caminho da pecuária.” Segundo dados da Assocon, entre 2011 e 2012 o número de animais em confinamento aumentou 18% nas pastagens paranaenses – de 86.320 para 102.076 cabeças. O número total de animais ainda é baixo em comparação com o de estados do Centro-Oeste, mas coloca o Paraná em quinto no ranking dos maiores confinadores do Brasil. “Se o produtor souber diversificar a atividade, o confinamento acaba servindo como uma ‘terceira safra’ para quem planta soja e milho”, afirma Andrade. GAZETA DO POVO
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Confinamento acelera engorda e promete retorno com mais tranquilidade Fábio Cavazotti, especial para a Gazeta do Povo confinamento têm revolucionado a criação de gado na Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte Pioneiro). Com licenciamento ambiental e alta produtividade, a unidade é considerada modelo pela Associação Brasileira de Confinadores. Estão sendo abatidos 200 animais por semana – o equivalente a 10 mil por ano. Com capacidade estática para 2.160 bovinos, uma área de 3,3 hectares tem o piso inteiramente recoberto por concreto e captação completa de dejetos. Com o novo modelo, o tempo de engorda para abate caiu de 260 para apenas 80 dias – com ganho de 1,5 kg a cada 24 horas. A rentabilidade média da atividade chegou a 4,5% ao mês, de acordo com o proprietário da Fazenda Cachoeira, André Carioba.
Economia de terra O confinamento também permitiu a redução do espaço utilizado para produção de alimentos para o gado. Entre área de confinamento e de cultivo de matéria-prima para silagem, são usados 629 hectares. Se o mesmo rebanho fosse criado no pasto, seriam necessários 7,3 mil hectares, estima o pecuarista. “A sinergia com outras atividades é que é bonita: a ração é produzida com os cereais que cultivamos aqui e com folhas do tomate que plantamos. Só o sal é que vem de fora. Os dejetos da pecuária vão como adubo para a lavoura. E no futuro, queremos trabalhar com geração de energia”, conta Carioba. Os custos da pecuária intensiva, por outro, crescem sempre que o preço do milho sobe no mercado internacional, o que não ocorre na criação a pasto. A saca de 60 quilos do cereal, hoje cotada em cerca de R$ 20, passou de R$ 30 no Paraná na safra passada. Mesmo diante desses altos e baixos, a intensificação é considerada mais lucrativa.
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Josue Teixeira/Gazeta do Povo
::Os investimentos em tecnologia e
Criadouros intensivos usam sistema próprio de produção de silagem.
Bois poderiam ser abatidos com 100 quilos a mais :: Com 32 anos de experiência em pecuária, André Carioba aponta que a produtividade dos confinamentos e das fazendas de pastagem ainda tem espaço para crescer no país. A conversão de ração em carne estaria sendo suspensa precocemente, por limitações da genética dos animais e do próprio manejo. “Nos Estados Unidos, o gado é abatido com média 600 quilos; no Brasil, a média não chega a 450 quilos”, compara. Em
sua fazenda, o abate ocorre com aproximadamente 540 kg. Essa mudança requer investimento de peso. Carioba gastou aproximadamente R$ 5 milhões para chegar ao modelo atual. Por outro lado, os resultados estimulam ampliação do negócio. Ele deve investir mais R$ 1,5 milhão para incrementar o abate em 3 mil cabeças por ano. “Hoje, 35% do faturamento da fazenda vêm do gado [e o restante da produção de grãos]. Estamos muito satisfeitos. A pecuária, além de tudo, gera fluxo de caixa o ano inteiro, diferentemente da agricultura. Isso faz muita diferença”, afirma. (FC)
8 em cada 10 hectares de pastagens são liberados para a agricultura quando fazendas de criação extensiva de gado são convertidas em confinamentos. O modelo intensivo, no entanto, assume ritmo industrial e exige altos investimentos.
[ expolondrina
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Divulgação
Reinaldo Marques/TV Globo
Feira para o agronegócio. Festa para o grande público
Fernando & Sorocaba vão reviver início da carreira em Londrina.
Luan Santana, que mora no município, faz show perto de sua mansão.
Bruno & Marrone vão dividir noite com a dupla João Bosco & Vinícius.
LONDRINA
vento”, define o presidente da SRP, Moacir Sgarioni. Além das atrações para o público e eventos técnicos, a Exposição traz para o Parque Ney Braga a maior parte das concessionárias de veículos do país, fabricantes de tratores e implementos agrícolas, agências bancárias e cooperativas de crédito. Segundo o presidente da Rural, junto com essas empresas vêm opções diferenciadas de comercialização e de financiamentos. “Por tudo isso, no ano passado, tivemos 500 mil visitantes. Acreditamos que, se continuarmos assim, já será motivo para grande comemoração.”
Luan Santana (10/4). Nos dias 11, 12 e 13 será a vez dos rodeios Bull Riders. Na área técnica, a novidade de 2014 é a apresentação de um grande aquário demonstrativo da criação de alevinos. Trata-se de um tanque com 13 mil litros de água e espécies como tilápia, pirarucu e pintado. “Teremos também um escritório de negócios para mostrar aos visitantes a viabilidade econômica do negócio”, contou o presidente da Rural. A responsabilidade técnica da piscicultura ficará a cargo do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Tilápia, Ricardo Neukirchner – que também é diretor de Piscicultura da SRP. Os espaços agropecuários da Via Rural e a Fazendinha, tradicionais na Exposição de Londrina, estão com ocupação completa. Participam órgãos técnicos como Emater, Iapar, Embrapa e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SEAB).
Fábio Cavazotti, especial para a Gazeta do Povo :: Por um lado, uma festa popular: 11 dias de programação; oito noites de shows; três dias de rodeios. Por outro, uma feira da agropecuária: 10 mil animais de 30 diferentes raças em exposição; 18 leilões de gado, 45 cursos, sete encontros estaduais e seminários. Com esse perfil duplo e investimento de R$ 9 milhões na organização, a ExpoLondrina 2014 – que ocorre de 3 a 13 de abril no Parque Ney Braga, em Londrina – promete novamente faturamento de R$ 400 milhões e público de 500 mil visitações, alcançados no ano passado. Diante desses números, a Sociedade Rural do Paraná (SRP) atribui à 54ª edição da ExpoLondrina o título de “A melhor do Brasil”. “É a mais completa. Nenhuma outra exposição no país consegue apresentar o que há de melhor em tantas áreas diferentes quanto a Exposição de Londrina. É um megae-
Shows A grade de shows da Exposição para este ano contempla oito noites de apresentações: Lucas Lucco e Pedro Paulo & Alex (3/4), Bruno & Marrone e João Bosco & Vinícius (4/4), César Menotti & Fabiano e Marcos & Belutti (5/4), Milionário & José Rico e Jads & Jadson (6/4), Thalles e Angela & Tizziani (7/4), Fernando & Sorocaba (8/4), SPC (9/4) e
SERVIÇO Veja a programação completa em
www.expolondrina2014.com.br.
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NOTAS
PASSAPORTE ANTECIPADO
Braga para dias de semana por R$ 10 e para sábado e domingo por R$ 12. O ingresso para noite de rodeio custa R$ 18 (sexta-feira, dia 11) e R$ 20 (sábado e domingo, dias 12 e 13). Os bilhetes para as noites de shows musicais saem por R$ 25 e dão direito a acesso ao parque. O link para compras on-line está no site www.expolondrina2014.com.br.
Divulgação
ENTRADA GRATUITA
A venda de ingressos para a ExpoLondrina começou na primeira semana de março, logo após o Carnaval. A Sociedade Rural do Paraná (SRP) instalou pontos de venda em shoppings e, desde então, oferece entrada no Parque Ney
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A formação do público da ExpoLondrina é estimulada com visitas de crianças e idosos, que são gratuitas e passam de 10% do público total. No ano passado, chegaram a 66,6 mil (13,2%), conforme a Sociedade Rural. As escolas e instituições sociais precisam de permissão dos organizadores: (43) 3378 2000.
ESTABILIDADE A ExpoLondrina teve expansão em 2013 e deve, pelo menos, manter o
público e o faturamento em 2014. Em abril do ano passado, chegou a 502,2 mil visitações, crescendo 6,5% ante a marca de 471,6 mil do ano anterior. A movimentação financeira passou de R$ 355,3 milhões para R$ 402,5 milhões, um avanço de 13%. Os negócios foram fomentados pelas concessionárias de automóveis, que agora tentam repetir a venda de 30 veículos por dia.
MODA COUNTRY Maior feira agropecuária do Paraná, considerando o número de visitantes, a ExpoLondrina movimenta também o comércio da cidade. Nos meses que antecedem o evento, as lojas de roupas, botas e chapéus expõem a moda country em suas vitrines. Os artigos ganham pontos de venda também no Parque Ney Braga e viram uniforme entre os participantes da feira.
ENTREVISTA
Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Meio milhão de pessoas Num momento em que as principais feiras do país assumem a missão de expor o agronegócio para o grande público, a ExpoLondrina se diferencia por conseguir atrair 500 mil pessoas ao Parque Ney Braga, índice só comparado ao da Expointer, realizada em Esteio (RS). Para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, a popularidade é uma marca cultural da exposição. A população toma conta do parque Ney Braga e faz o evento.
❚ ❚ ❚
Sou sócio e diretor da Sociedade Rural de Maringá. A relação é excelente com todas as cidades. Para ter uma feira do Paraná, ela deveria ser itinerante. Seria mais simpático com todo mundo. Mas aí esbarramos em falta de estrutura e de recursos. É uma boa ideia que acabou não sendo implementada.
Como anda o campo refletido na feira?
LONDRINA
Fábio Cavazotti, especial para a Gazeta do Povo
Como a SRP mantém esse público? Nem todas as exposições tem essa cultura de passar informações e atrair o grande público. Temos mais de 20 mil crianças de escolas municipais e
Há dois anos, a tentativa de transformar a ExpoLondrina em feira oficial do Paraná teve resistência de outros municípios. É assunto superado?
estaduais que visitam a feira gratuitamente. E temos a Fazendinha, os eventos técnicos. É, verdadeiramente, uma grande exposição do que é o agronegócio.
O mundo terá 9 bilhões de habitantes em 2020 e a produção mundial de alimentos terá que crescer perto de 70% para alimentar essas pessoas. O Brasil continuará sendo o grande celeiro do mundo, mas temos que investir em infraestrutura. O Brasil não investe nem um décimo do que a China investe. Temos que repensar essa conta.
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AGRONegócio 15
[ aperto nos estoques
Mesmo após confirmação de crescimento no plantio dos Estados Unidos, a América do Sul deve ampliar a área da oleaginosa na temporada 2014/15, preveem os especialistas
Luana Gomes :: Mesmo depois de dois anos de forte ampliação na América do Sul e diante da perspectiva de uma safra maior nos Estados Unidos no próximo ciclo, a soja continua estimulando planos de expansão no Brasil. Com preços sustentados e elevados, a oleaginosa vai continuar sendo a opção mais rentável na safra de verão 2014/15, apontam especialistas. Os analistas preveem um incremento de 2% a 3% no plantio na próxima temporada, a partir de setembro. Étore Baroni, analista de mercado da FCStone, ressalta que a expansão não deve ocorrer na magnitude com que vinha ocorrendo nos últimos dois ou três anos. “Para que esse ritmo fosse mantido, precisaríamos de preços tão competitivos quanto os da virada da safra de 2012 para a 2013/14”, justifica. “[O plantio] vai avançar mais dentro da média histó-
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rica, quebrando aquele ritmo de 7% a 10% ao ano das últimas duas ou três safras”, reforça Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP. Nas últimas duas temporadas, os produtores brasileiros adicionaram 4,5 milhões de hectares à oleaginosa – um salto de 18%, superior ao crescimento registrado na América do Sul (15%). Juntos, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai cultivam hoje quase 54 milhões de hectares – 7 milhões (ha) incorporados nos últimos dois anos. A América do Sul despontou como uma grande opção de fornecimento de soja para o mercado global. No último ciclo, contudo, o incremento da oferta sul-americana já não ocorreu nos níveis que o mercado esperava. As projeções de colheita, que rondavam as 160 milhões de toneladas no início da temporada 2012/13, foram reajustadas para a casa das 150 milhões (t). “Com
Em ano com preços altos, o produtor João Manoel Martins ampliou área em 8% e teve produtividade 10% maior em Abelardo Luz (SC).
2% a 3% de incremento no plantio de soja em 2014/15 deve ser registrado no Brasil. Em 2013/14, foram semeados 29,49 milhões de hectares, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. Considerando essa área, o aumento de 3% representa uma expansão de 885 mil hectares, menos da metade da área extra do último ano, quando a oleaginosa ganhou 1,94 milhão de hectares no país.
Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Soja avança nos dois hemisférios
“Para que esse ritmo [de expansão dos últimos anos] fosse mantido, precisaríamos de preços tão competitivos quanto os da virada da safra de 2012 para a 2013/14.” Étore Baroni, analista de mercado da FCStone.
isso, a queda que era desenhada para as cotações em 2014 acabou não ocorrendo. Então, a soja ainda tem uma gordura para queimar antes de começar a pressionar a condição de rentabilidade do produtor brasileiro e perder terreno para o milho no verão”, avalia Pereira. “Faz quatro a cinco anos que o mundo não consegue produzir uma safra normal nas duas Américas”, destaca Baroni. Ele ressalta que isso tem dificultado o processo de recomposição dos estoques mundiais (veja gráfico), o que deve manter as cotações sustentadas em níveis atraentes. “Se a safra norte-americana for bem, os preços vão recuar um pouco mais, mas a soja não deixará de ser rentável”, considera o analista da FCStone. “Mas para não perder muito o compasso ou o ritmo de remuneração, a cautela é o termo ideal para 2014/15”, adverte Pereira.
Até o último grão A demanda internacional aquecida tem feito os dois principais produtores de soja do mundo zerarem seus estoques ao final da temporada. Nos últimos anos, norte-americanos e brasileiros vêm liquidando praticamente até o último grão. Há pelo menos três safras, os Estados Unidos encerram a temporada com reservas inferiores a 5 milhões de toneladas – nível mínimo considerado confortável pelo mercado. No Brasil, os estoques finais da oleaginosa caíram abaixo de 1 milhão de toneladas em 2011/12 e em 2012/13.
PARTICIPAÇÃO CRUZADA Ao longo dos últimos 20 anos, a participação da América do Sul na produção mundial de soja se inverteu com a dos Estados Unidos. Enquanto o bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai passou de 30% de toda a oleaginosa colhida no mundo na safra 1994/95 para 54% na atual, os norte-americanos despencaram de 50% para 31%, no mesmo período. América do Sul
Safra em % 54 52 50 48
47
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51
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43
Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP.
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42
42
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38 36
35
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36
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EUA
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Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda). Infografia: Gazeta do Povo.
VENTOS DO NORTE
Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Os resultados da safra dos Estados Unidos vão influenciar as decisões do Hemisfério Sul.
ÁREA Depois de dois anos em queda, a área destinada à soja deve voltar a crescer nos Estados Unidos na temporada 2014/15. As projeções são de incremento de 1,2 milhão de hectares, mas consultorias privadas sinalizam salto de mais de 2 milhões de hectares.
PRODUÇÃO
“[O plantio] vai avançar mais dentro da média histórica, quebrando aquele ritmo de 7% a 10% ao ano das últimas duas ou três safras.”
54
54
Com as apostas de plantio definidas, os Estados Unidos prometem colher a maior safra de todos os tempos no próximo ciclo. Se tiver uma resposta favorável do clima, têm
potencial para mais de 95 milhões de toneladas de soja.
ESTOQUES
As reservas mundiais vêm sendo lentamente recompostas, mas os estoques norte-americanos estão baixos. Enquanto o mundo tem excedente para 96 dias de consumo, os EUA mantêm estoques para apenas 16 dias.
GAZETA DO POVO
AGRONegócio 17
[ américa do sul
Produtividade a favor da expansão Produtores desenvolvem manejo que torna a soja viável em áreas agrícolas de várzea. Novas sementes prometem rendimento maior também em zonas que tradicionalmente colhem mais do que a média
José Rocher :: O aumento da produção de grãos na América do Sul tende a ocorrer mais pela superação das marcas de produtividade em áreas consolidadas do que pela expansão das lavouras, registra a Expedição Safra Gazeta do Povo, que nesta temporada acrescentou o Uruguai à série de roteiros cumpridos anualmente no Brasil, Argentina e Paraguai. O rendimento aumenta até 10% em áreas que inovam no sistema de manejo ou que adotam novas tecnologias. As várzeas situadas na fronteira do Brasil com o Uruguai são um exemplo emblemático. Produtores
de arroz gaúchos e uruguaios colhem 2,7 mil quilos de soja por hectare em terras que eram consideradas inaptas para o cultivo da oleaginosa. E, nas coxilhas que cercam essas zonas inundadas, as marcas passam de 3 mil kg/ha. Isso em fazendas que não alcançavam 2 mil kg/ha cinco anos atrás. E essas novas marcas acabam abrindo espaço para a soja, numa relação de sinergia, relata o brasileiro Aquiles Stefanello, agricultor no Uruguai. As expectativas são de produtividade cada vez maior também entre os produtores que adotam sementes resistentes a insetos e tolerantes a glifosato. Mesmo em regiões do
Brasil consideradas altamente produtivas. Os multiplicadores de sementes aderiram ao cultivo de variedades que carregam essas tecnologias e dizem que haverá insumo para mais que dobrar os 2 milhões de hectares de lavouras comerciais desta temporada. A nova soja começa a ser anunciada na Argentina e no Paraguai. As marcas acima de 3 mil quilos por hectare só devem ser derrubadas por problemas climáticos. As últimas previsões, no entanto, indicam que há 50% de chance de 2014/15 contar com El Niño, fenômeno que favorece o rendimento das lavouras no Hemisfério Sul.
Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O brasileiro Aquiles Stefanello mostra área com potencial para 3 mil quilos de soja por hectare no Uruguai.
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AGRONegócio Abril de 2014
GAZETA DO POVO
AGRONeg贸cio 19
Bruno Covello/Gazeta do Povo
[ disputa por mercado
Exportações de milho em busca de sustentação Brasil tenta embarcar perto de 20 milhões de toneladas num ano em que os EUA recuperam o posto de maior fornecedor, com volume duas vezes maior
Luana Gomes :: Na safra 2012/13, a colheita de uma safra recorde em um ano de baixa produção na América do Norte permitiu ao Brasil “tomar” dos EUA a posição de maior exportador de milho do mundo. Foi a primeira vez em quatro décadas que os norte-americanos cederam o posto. Mas pretendem retomá-lo já neste ano. Do lado brasileiro, as expectativas são de que as exportações cheguem ao menos perto de 20 milhões de toneladas, consolidando o novo patamar de participação no mercado internacional do cereal. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que o Brasil vai embarcar de 19,5 milhões de toneladas em 2014. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) confirma essa tendência e aposta em 20 milhões (t). Em seu relatório anual de perspectivas de longo prazo, o Baseline Trade Projections, o governo norte-americano estima que as exportações de milho do Brasil devem oscilar entre 17 milhões e 22 milhões de toneladas nos próximos dez anos. A menor marca, de 17,1 milhões (t), é prevista para a safra 2014/15 e a maior, de 22,7 milhões (t), para 2022/23. Com 38,2 milhões de toneladas vendidas até agora (18,9 milhões já embarcadas), os EUA querem fechar
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AGRONegócio Abril de 2014
a temporada 2013/14, em agosto, com 41,2 milhões de toneladas exportadas – mais que o dobro do previsto para o Brasil. Os brasileiros não eram exportadores de milho, lembra Étore Baroni, analista de mercado da FCStone. Mas, com a consolidação da safra de inverno, que hoje é maior que a safra de verão, o país tem gerado um excedente cada vez maior produção. Na última década, calcula o analista, a produção praticamente dobrou, enquanto o consumo interno cresceu em média um milhão de toneladas por ano. “Justamente de dez anos para cá, tem uma demanda aquecida lá fora”, destaca. “O Brasil conquistou, sim, espaço no cenário internacional”, afirma Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP. Ele pontua, contudo, que o custo logístico elevado pode dificultar a consolidação do país como um grande exportador do cereal. “Precisamos de uma taxa de câmbio elevada, de um preço internacional em valorização, de quebras climáticas em grandes exportadores, como Estados Unidos, Argentina, Ucrânia, África do Sul, ou problemas na produção de trigo...”, enumera. Instrumento de subsídio ao frete criado para viabilizar o escoamento da produção em áreas com logística mais difícil como o Centro-Oeste, o
Recuo no cultivo em Mato Grosso e no Paraná soma 460 mil hectares.
Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) apoiou, no ano passado, a exportação de 8,85 milhões de toneladas do cereal. “O Brasil soube aproveitar as oportunidades, mas não se tornou, necessariamente, uma opção certa de fornecimento”, crava Pereira. Essa consolidação definitiva deve ocorrer nos próximos anos, à medida que o mercado começar a perceber o país como uma fonte garantida de milho, considera Baroni, da FCStone.
26,6 milhões de toneladas de milho foram exportadas pelo Brasil em 2013, quando a barreira dos 20 milhões foi rompida pela primeira vez. O país superou 10 milhões de toneladas em 2007.
OFERTA DOSADA
Safrinha recua para patamar “sustentável” Carlos Guimarães Filho Depois de cinco anos em expansão, o milho de inverno perde área no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima o recuo em cerca de 5% (400 mil hectares), para um total de 8,6 milhões hectares. E o setor produtivo prevê que essa inversão ajudará a sustentar os preços durante 2014. O milho safrinha registrava avanço acima de 1 milhão de
hectares por temporada desde a safra 2009/10. A sequência foi freada após recorde de área plantada e colheita, sustentado pelos dois principais estados produtores. Mato Grosso, líder na safrinha, está com 3,1 milhões e o Paraná com 1,9 milhão de hectares. Juntos, reduziram a área plantada em 460 mil hectares. A expansão em outras regiões rebate parte dessa diferença. A estimativa da Conab é que o inverno renda 43,7 milhões de toneladas, 3 milhões a menos do que em 2013. Essa diferença vem praticamente toda de Mato Grosso. A safra do estado atravessa dificuldades com produtores rebaixando a tecnologia utilizada nas lavouras, plantio fora da janela ideal e muita chuva que obrigou o replantio em algumas regiões.
Geovano Ceratti, consultor em gerenciamento de risco da FCStone, afirma que a redução contribui para o aquecimento do mercado interno. A contenção de grandes volumes de milho dentro do país colabora para cobrança de preços menos pesados para a engorda de frangos, suínos e gado confinado. “O Brasil produziu [nas últimas temporadas] muito mais milho do que pode consumir”, aponta o analista. Pedro Dejneka, presidente da PHDerivativos Consultoria, de Chicago (Estados Unidos), acrescenta que o mercado tem de procurar equilíbrio na curva de oferta versus demanda. “Com a demanda constante, eventualmente os preços voltarão a patamares vantajosos”, afirma.
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AGRONegócio 21
[ lavoura ampliada
Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Trigo testa limites do mercado Primeiro a disponibilizar o cereal ao mercado, Paraná espera encontrar facilidade na comercialização da safra e boas cotações Mesmo com previsão de aumento na produção, o Brasil continuará dependendo de fornecimento estrangeiro.
Carlos Guimarães Filho :: Após temporadas consecutivas de falta de liquidez e preços apertados, a safra de trigo promete bons resultados no Paraná neste ano. Com as cotações sustentadas em R$ 40 por saca desde o ano passado (43% acima da média de 2012) e a expansão de 20% na área de cultivo (para 1,2 milhão de hectares), os triticultores paranaenses esperam que os preços se mantenham até o início da colheita, em agosto. O estado tem mais chances de aproveitar a cotação acima dos custos, por colher primeiro que Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai. “A safra do Paraná será colhida no momento em que os moinhos e indústrias estarão com necessidade de compra. O preço vai estar bom na hora da liquidez”, aponta Elcio Bento, analista da consultoria Safras & Mercado. O Paraguai começa a colher cerca de um mês depois do Paraná, em setembro. Rio Grande do Sul e Argentina só disponibilizarão suas
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produções em novembro. Os triticultores argentinos têm a renda limitada também pelas restrições de Buenos Aires às exportações. “O Paraná se beneficia de ter colheita precoce, principalmente no Norte do estado. Os produtores podem se antecipar e travar os preços”, diz Gabriel Ferreira, analista de mercado da AF News. A área nacional destinada ao cereal no próximo inverno deve ficar entre 2,5 e 2,7 milhões de hectares, mostram números oficiais do Rio Grande do Sul e do Paraná, onde muitos produtores migrassem da safrinha para o trigo. Confirmadas essa projeção, o país terá a maior área coberta dos últimos 10 anos – em 2003/04 o país plantou 2,7 milhões de hectares, conforme a Conab. A produção depende essencialmente do clima, já que o cereal é sensível a chuvas excessivas e às geadas tardias. Porém, com base na estimativa de área, a consultoria Safras & Mercado projeta que o Brasil irá produzir 7,3 milhões de toneladas de
5,9 milhões de toneladas foram produzidas no Brasil na safra 2010/11, contra 5,7 milhões importadas. Essa foi a última vez que a produção superou as importações, o que tende a se repetir na atual temporada.
trigo, a maior colheita da história. Caso ocorra, as importações devem ser menores que a produção interna após quatro anos. Historicamente, o país precisa, aproximadamente, de 12 milhões de toneladas para suprir o consumo. Assim, seria obrigado a comprar apenas 5 milhões.
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AGRONegócio 23
[cafeicultura
Vantagem em ano de crise Cafezais irrigados por gotejamento no Norte e no Noroeste driblam seca e geada e ganham status de grãos especiais LUPIONÓPOLIS
Fábio Cavazotti, especial para a Gazeta do Povo
Colheita terá qualidade só alcançada em regiões altas.
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Josué Teixeira/Gazeta do Povo
::Num ano de crise para a cafeicultura, a adoção de técnicas modernas de manejo e irrigação oferece lucro a cafeicultores do Norte e Norte Pioneiro do Paraná. A irrigação por gotejamento, por exemplo, garantiu umidade aos cafezais durante a forte estiagem do início do ano. As plantações apresentam grãos vistosos como os de cafés especiais – geralmente encontrados em terras de maior altitude. A recuperação dos preços amplia o valor da colheita, que ocorre entre abril e maio. A saca, cotada a R$ 300 em 2013, chegou a R$ 450 no início deste ano, depois de confirmada a quebra climática (leia sobre a quebra na próxima página). Um dos produtores que está driblando o clima e se beneficiando das novas cotações, Jorge Atherino planta 120 hectares de café às margens do Rio Paranapanema, em Lupionópolis (Norte). Como sua propriedade não foi atingida pelas geadas do inverno de 2013, a expectativa é de 80 a 100 sacas por hectare. “A irrigação literalmente salvou a lavoura. Praticamente não tivemos perda e a qualidade está muito boa”, conta. “É um bom momento para nós, só não é melhor porque não gostamos de ver a desgraça dos outros.” Atherino utiliza na propriedade a irrigação por gotejamento, uma técnica trazida de Israel que deposita a água, gota a gota, diretamente no pé da planta. A eficiência do sistema reduz a demanda de água a 1% do
volume usado em sistemas como o de pivô central. Além disso, o sistema melhora a eficiência na aplicação de defensivos e de adubo líquido. “A dosagem de micro e macro nutrientes é muito mais eficiente”, garante o cafeicultor. O agrônomo e consultor em cafeicultura irrigada Denilson Luis Pelloso diz que a irrigação por gotejamento combinada com aplicação precisa de insumos confere ao produto final um status próximo ao dos cafés especiais. “O café especial geralmente está ligado à altitude e a um bom manejo de colheita. Porém, a irrigação bem aplicada tem gerado grãos vistosos, mais bonitos, que têm ótima aceitação em cafeterias. E o mercado tem pago a mais por isso”, explica Pelloso, que presta consultoria a 15 cafeicultores de alta tecnologia no Norte e Norte Pioneiro do Paraná.
Margem extra O cafeicultor Reeè Van der Goot, de Carlópolis (Norte Pioneiro), conta que a valorização do café de qualidade pode chegar a 20% na comercialização. Em sua propriedade, toda a produção tem rastreabilidade e é segregada por qualidade, tipo de bebida e local de plantio. “Num ano como este, em que o setor teve uma perda enorme, o investimento na irrigação praticamente se pagou”, conta Van der Goot. Animado, dentro de 30 dias ele pretende lançar sua própria marca de café. Fruto de um planejamento de vários anos, a criação da marca promete agregar valor à produção e dobrar a lucratividade.
:: A safra de café do Paraná, que oscila historicamente de 1,2 milhão a 2 milhões de sacas, deve ter quebra de 60% a 80% em 2014. A colheita tende a se limitar a 400 mil sacas. Além disso, os problemas climáticos devem ter ref lexos também em 2015. O Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab) estimava as perdas em 60% até dezembro e indicava erradicação de 29% dos cafezais do estado. Eram considerados apenas os prejuízos das geadas do ano passado. Com a estiagem de janeiro, os próximos relatórios tendem ampliar em até 20 pontos. A quebra do café se concentra nas áreas sem irrigação, que predominam no estado. “É uma situação horrível, de baixa produtividade e de baixa qualidade do café que será colhido”, resume o presidente da Associação
de Produtores de Cafés Especiais do Norte Pioneiro, Luis Roberto Saldanha Rodrigues. De acordo com ele, nem mesmo a valorização de preço nos últimos meses vai salvar o setor. “A maior parte dos produtores estava descapitalizada e não investiu em adubação. Do jeito que está, [o cafeicultor] não vai conseguir nem pagar as contas”, diz.
Safra 2015 Além da quebra já consolidada em 2014, a estiagem de janeiro inibiu o crescimento dos ramos que darão origem aos grãos de 2015. Com isso, o setor também antevê perdas de produtividade na próxima safra. Ainda não há estimativas sobre esse impacto. “Os ramos da próxima safra deveriam ter crescido agora, mas, com a estiagem, as plantas jogaram energia para o enchimento dos grãos e os ramos cresceram menos que o normal. Seria mera especulação falar em percentual, mas é certo que o potencial para 2015 caiu bastante”, conta o responsável técnico por cafeicultura do Deral, Paulo Franzini.
Fotos: Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Safra cai a menos da metade e terá redução também em 2015
Gotejamento economiza água e permite aplicação de fertilizantes líquidos.
RETRAÇÃO Os cafezais têm 23 mil hectares a menos do que no ano passado no Paraná, um recuo de 29%.
Safra 2013 Safra 2014
Área em produção (ha) 65.150 Área em formação (ha) 16.810 Área total (ha) 81.960
34.750 23.320 58.070 Fonte: Deral/Seab
Geada seguida por seca faz do lucro um privilégio de áreas irrigadas.
GAZETA DO POVO
AGRONegócio 25
[ fruticultura
Quando o pomar vira negócio
Indústria de sucos da cooperativa Integrada exigiu investimento de R$ 15 milhões.
Fábrica de sucos absorve produção de laranja de 12 mil hectares no Norte Pioneiro. Cultivo cresceu 50% no estado em cinco anos
LONDRINA
Fábio Cavazotti especial para a Gazeta do Povo :: Pequenos e médios agricultores do
são arrecadados pelos produtores de laranja anualmente no Paraná. Cinco anos atrás, o valor da produção estava na casa de R$ 120 milhões.
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AGRONegócio Abril de 2014
Arquivo/Fábio Dias/Gazeta Maringá
R$ 270 milhões
Norte do Paraná estão encontrando na fruticultura uma nova e significativa fonte de renda. Sem deixar de lado a soja e o milho, integram cadeias de produção cada vez mais organizadas. Com manejo que dispensa plantio anual ou grande investimento em maquinário, frutas perenes se encaixam na agricultura e passam a alimentar agroindústrias. Uma das principais iniciativas, o Projeto Sucos, da Cooperativa Integrada, expande a produção de laranja no Norte Pioneiro. Iniciado há sete anos, já cobre uma área de 12 mil hectares, que renderam 740 mil caixas em 2013 e prometem 1,5 milhão em 2014. Segundo o agrônomo Reginaldo Sabio, coordenador de Citricultura da Integrada e responsável técnico do projeto, toda a produção de suco concentrado tem sido exportada para Europa e Ásia. “É um projeto sustentável que veio para ajudar o produtor a diversificar as atividades. Eles entram com a matéria-prima e a cooperativa com a construção da fábrica de esmagamento da laranja”, conta Sabio. A fábrica, localizada em Assaí, custou R$ 15 milhões à cooperativa e o projeto já integra 120 agricultores. Em muitos casos, a
Integrada financiou a formação de pomares. Segundo Reginaldo Sabio, o Projeto Sucos foi desenhado, calculadamente, num momento de recuo nos polos de produção (em São Paulo e nos Estados Unidos). “A Flórida (EUA) sofreu muito com doenças, mas todos os relatórios que temos indicam que o consumo continua estável no mundo.” Um dos produtores que fazem parte do projeto é Marcos Chinaglia, de Cambé, que cultiva a laranja em 15% da propriedade de 35 hectares. Segundo ele, o preço de comercialização ainda não chegou ao esperado, mas a produtividade tem sido o dobro do que se previa. “Eu esperava colher 2 mil e poucas caixas, e deu 4 mil. Se o preço melhorar, vai ficar muito bom”, conta. No restante da propriedade, Chinaglia planta soja e milho e mantém um aviário de frango. Além da Integrada, a antiga Corol, hoje incorporada pela Cocamar, também mantém agroindústria de suco de laranja, alimentada por produtores do Norte e do Noroeste. Nessas duas regiões, há cerca de 20 mil hectares plantados. Com os novos projetos, os laranjais do Paraná passam de 30 mil hectares, após crescimento de 50% em cinco anos, apontam números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
GAZETA DO POVO
AGRONeg贸cio 27
Caqui ganha espaço com produtividade elevada de, chamou a atenção de vizinhos e está se espalhando por fazendas e sítios do Norte do Paraná. Essa adesão vai contra a tendência registrada no estado, que reduziu a área da fruta em um terço nos últimos cinco anos, para 1 mil hectares. De forma espontânea e baseada no empreendedorismo de famílias de japoneses, Mauá da Serra forma um novo polo de produção de caqui. Conforme o último levantamento da Emater, duas dezenas de propriedades dedicam 52 hectares à fruta, com produtividade média de 20 mil quilos por hectare, 5 mil a mais do que a média estadual. “É uma cultura que tem crescido apesar da competição com os grãos. O retorno demora uns 10 anos para aparecer e o investimento inicial é alto”, conta o agrônomo Hernandes Takeshi Kanai, da Emater de Mauá da Serra. Na região de Curitiba, que concentra 450 hectares de caqui, a tendência é inversa. Cinco anos atrás, os pomares tinham o dobro do tamanho. O principal problema é a produtividade, 40% menor que de Mauá da Serra. Os resultados animam os produtores do novo polo de fruticultura. O agrônomo Carlos Kamiguchi, um dos pioneiros do caqui, diz que a rentabilidade alcança 35% do capital inves-
Arquivo/Fábio Dias/Gazeta Maringá
Fotos: Josué Teixeira/Gazeta do Povo
:: O caqui deu certo numa proprieda-
No pomar que ocupa 5% da propriedade, Kamiguchi comemora colheita crescente.
tido. Num sábado à tarde de início de colheita, a Gazeta do Povo o encontrou no barracão da fazenda, com outros dez trabalhadores da família e contratados, fazendo a seleção e o encaixotamento das frutas em ritmo industrial. “A exploração da fruticultura é para complementação de renda. Estamos muito satisfeitos com o caqui”, disse Kamiguchi. Numa propriedade de 350 hectares, o caqui ocupa área de 17 hectares – sendo 12 em produção e cinco em forma-
Coco-da-baía no meio da lavoura :: Em Colorado, considerada capital
Safra rende R$ 3 milhões ao ano no PR.
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do rodeio do Paraná, uma empreendedora de muita personalidade vem ajudando a transformar a paisagem rural com a fruticultura. É dona Isaura Rocha de Oliveira, que há 14 anos iniciou uma plantação de coco-da-baía e hoje abastece o mercado de Londrina, Maringá e de outras cidades da região. A plantação rende 500 mil cocos por ano – com faturamento aproximado de R$ 800 mil. Na atividade,
ção. São 6 mil pés, sendo 2 mil adensados, que devem produzir 200 toneladas neste ano. Na última safra, foram 150 toneladas (25% a menos).
são empregadas nove pessoas, todas com registro em carteira. “Até agora não vi nada que desse o mesmo rendimento do coco. Você tem a venda garantida, sem atravessador e sem depender do governo”, conta. A plantação de coco se estende por 24 hectares – e já inspirou outros produtores da região. Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab), outras cidades do Norte/Noroeste também estão formando coqueirais. O valor da produção de coco do Paraná passou de R$ 1,3 milhão para R$ 3 milhões nos últimos cinco anos. (FC)
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AGRONegócio 29
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AGRONegócio Abril de 2014
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