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AgroReport

SOJA Informação, Análise e Tendências do Agronegócio

16 de novembro de 2012


AgroReport Análise Fundamental

Mercado da soja nas mãos da China Nesta sexta-feira, a notícia de que a China cancelou uma compra de 10 navios de soja dos Estados Unidos – o equivalente a 600 mil toneladas do grão que deveriam ser entregues em dezembro e janeiro – levou à lona no as cotações internacionais da oleaginosa na Bolsa de Chicago. A informação foi confirmada pelo Centro de Informações sobre Grãos e Óleos da China (CNGOIC), que explicou que as companhias de esmagamento de soja da China "julgaram de forma errada" os movimentos do mercado. "Os esmagadores estão lidando com grandes perdas, enquanto a demanda doméstica por óleo e farelo de soja continua baixa, e essa situação pode não melhorar mais adiante", informou o relatório do CNGOIC. As esmagadoras chinesas começaram a estocar soja (veja gráfico abaixo) quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou, em setembro, que poderia contar com sua menor safra de soja em nove anos depois de o país ter sido severamente atingido por uma das piores secas da história. Em seu relatório do último dia 9, contudo, o órgão aumentou suas projeções, justificando que os estragos causados pela seca às lavouras de soja tinham sido menores do que o previsto inicialmente (veja tabelas ao lado). Frente a esses novos números, os preços da soja despencaram na Bolsa de Chicago e o recuo acabou trazendo prejuízos para a indústria processadora chinesa, que há meses trabalha com margens negativas e agora vislumbra lucros ainda menores depois de ter estocado soja a preços elevados. Segundo Wang Xiaoyu, secretário geral da Heilongjiang Soybean Association, no cenário atual, o processamento de uma tonelada de óleo resultará em perda de cerca de 400 yuans para as companhias chinesas. Ele estima que 90% das empresas tenham suspendido sua produção desde o terceiro trimestre deste ano.

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AgroReport A dúvida agora é até que ponto o apetite chinês, principal pilar de sustentação do mercado internacional nos últimos meses, tem fôlego para continuar tão aquecido como esteve na últimas temporadas. Nos dez primeiros meses de 2012, as compras de soja do gigante asiático cresceram 17% na comparação com o ano anterior, para 48,3 milhões de toneladas. Não há duvidas que a necessidade de importação de um país que produz 12,6 milhões de toneladas do grão e processa anualmente mais de 65 milhões de toneladas de soja continuará grande. A questão é se, frente a margens de esmagamento tão negativas como as atuais, a indústria chinesa continuará preferindo importar o grão ou se mudará a estratégia, aumentando as compras de produtos processados. Os dados oficiais do governo chinês, aliás, mostram que essa mudança já vem acorrendo. Entre janeiro e outubro de 2012, o país comprou mais de 6,4 milhões de toneladas de óleos vegetais, um crescimento de 24% frente às importações acumuladas em igual período do ano anterior.

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AgroReport Análise Técnica

Rota de baixa da soja pode ter chegado ao fim Depois de disparar para o maior nível da história em agosto, o mercado internacional da soja inverteu a trajetória e mergulhou no terreno negativo na Bolsa de Chicago. Somente nos últimos 30 dias, o contrato janeiro/13 da oleaginosa, que com o vencimento do novembro/12 agora ocupa a primeira posição de entrega, perdeu 7,3% de seu valor – o equivalente a mais de US$ 1 por bushel (27,216 quilos) ou quase US$ 2,50 por saca (60 quilos). A derrocada começou em setembro, depois que uma rodada de boas chuvas atingiu as porções mais secas do Meio-Oeste norte-americano, acendendo especulações de que a quebra na safra de soja poderia não ser tão grande quanto se previa. Os rumores foram confirmados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no último dia 09, quando o relatório de oferta e demanda mundial do órgão mostrou um incremento de 3 milhões de toneladas na safra do EUA—alteração que, mesmo com um reajuste de 1% no consumo global, elevou em quase 2,5 milhões de toneladas os estoques de passagem mundiais. A notícia acelerou a queda nas cotações, que em um período de apenas uma semana, escorregaram de quase US$ 15 para menos de US$ 14/bushel em Chicago. A trajetória de queda se manteve ao longo de toda a semana passada e deixou suas marcas nos desenhos técnicos. O gráfico semanal abaixo mostra um gap de baixa entre US$ 14,52 e US$ 14,33, região que deve funcionar como principal resistência caso a tendência de reversão indicada pelo estocástico – que aponta um mercado excessivamente vendido – se confirmar. Para baixo, janeiro/13 da soja encontra forte suporte na altura de US$ 13,70, cruzamento da linha de tendência de longo prazo de dezembro de 2011 e do nível do suporte de Fibonacci de 661.8%.

Gap de baixa entre US$ 14,52 e US$ 14,33 é principal resistência a vencer. Linha de tendência de longo prazo aponta suporte na altura de US$ 13,70

Estocástico aponta mercado sobrevendido: Indicador de reversão de tendência

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