Especial ExpoLondrina 2012

Page 1

ESpECiaL ExpoLondrina

ABRIL DE 2012

FÔLEGO RENOVADO Mercado sustenta a melhor fase da produção de grãos. Em pleno ciclo da soja, pecuária e cafeicultura redefinem estratégias. páginas 10, 14 e 19

paLCo dE dEBatES

Eventos técnicos se somam à agenda de shows e leilões da ExpoLondrina. página 6

ExpEdiÇÃo Safra

Indicador apresenta resultado da colheita brasileira de verão em conferência. página 22

pr M oG ap r a aM pá da a Ç gi na fE Ão 30 ir a E

O peão José Carlos de Souza maneja o gado ao lado de uma lavoura de soja em Londrina.




[editorial [ExpoLondrina

[índice

O campo na cidade

6

ExpoLondrina completa 52

N

14

Pecuária paranaense fala

19

Café do Norte e Noroeste

22

Expedição Safra 2012 divulga indicadores nacionais e se prepara para o último trecho desta edição: China, em maio.

24

Trigo paranaense perde espaço físico para outras culturas e precisa de novas políticas para se fortalecer.

26

Cana de açúcar do Paraná, quarto maior estado produtor, segue rentável, com base na demanda crescente e apesar da instabilidade do mercado de combustíveis.

28

Moda e estilo country tomam

esta semana, a oferta e a demanda têm um encontro marcado no Norte do Paraná. A região, um dos principais polos de produção agrícola do país, será sacudida pelo maior evento estadual do setor. A 52.ª edição da ExpoLondrina, realizada entre os dias 5 e 15 de abril, promete atrair 500 mil pessoas e movimentar mais de R$ 300 milhões. Durante 11 dias, o público urbano, que norteia as decisões do campo ao absorver o que é cultivado no meio rural, terá a oportunidade de conhecer de perto as raízes da economia paranaense e descobrir que, no estado, agronegócio e desenvolvimento andam sempre juntos. Também será uma ótima oportunidade para se conhecer o grau de sofisticação do setor, uma indústria a céu aberto que vem evoluindo a passos largos. Além das intempéries climáticas, o homem do campo precisa enfrentar diariamente variações cambiais, falta de políticas de apoio à produção e lidar com o mercado futuro. Para o público rural, a ExpoLondrina será espaço de discussões. Depois da quebra de safra registrada neste ano por causa da seca, o produtor entende que é hora de seguir em frente, o momento ideal para ir à feira em busca de orientação, percorrer os estandes conferindo as novas tecnologias e, essencialmente, planejar o futuro. A programação contempla 40 eventos técnicos que vão discutir os mais variados temas e culturas. Do café à soja, a exposição retrata a agropecuária contemporânea. A pecuária tem lugar especial na vitrine da feira. Com um dos julgamentos de gado mais rigorosos do país, a ExpoLondrina dita, há tempos, tendências para o setor no Brasil. Responsável por um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, o agronegócio presenteia Londrina com uma programação artística e cultural de peso durante a feira, direcionada ao público de todas as idades. As noites da ExpoLondrina serão embaladas pelos atuais astros e estrelas da música sertaneja brasileira. É um pouco desta história de diversidade, produtiva e cultural, que esta edição especial do Agronegócio Gazeta do Povo traz para você nas páginas seguintes. Boa leitura e uma excelente ExpoLondrina!

4

GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

anos e se consolida como evento referência no estado em tecnologia e conhecimento agropecuário.

da qualidade da sua carne e dos planos para aumentar a penetração no mercado intercional.

do estado caminha para ser referência em produção de grão adensado e produtos gourmet.

conta de Londrina nos 10 dias de feira.


O ciclo dos

grãos, soja e milho, veio para ficar nos campos do Paraná.

28

51 96 96 96B

97

99 76

56 96A

55

54

52

109

50 28

20

21 14

19 14

18

17 108 49 16 14 48 14 64 63 58 15 7 4 28 37 36 33 28 65 69 62 61 59 65 65 34 32 31 11 10 9 8 30 65 35 29 60 68 107 3 67 45 6 106 47 46 44 43 42 5 102 41 69 12 40 39 38 27 17 26 73 74 70 104 101 13 2 85 28 25 84 86 87 88 23 1 55 83 71 24 88 90 110 22 89A 79 81 101 72 82 91 89B 77 93 78 28 90 89 28 80 3 105 57

53

55

94 98

76

111

3

75

3

BR ntes -

rade Av. Ti

92 94

Rua De

Leilão ABC Caracu Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 19 horas. Sexta-feira – 13 de abril 4º Leilão 3M Touros Limousin e Cruz. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas.

2º Leilão Royal Angus Matrizes e Embriões. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 20 horas. Sábado – 14 de abril Leilão Charolês ExpoLondrina. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 14 horas. 3º Leilão Baby Brahman Londrina. Recinto: José G. Molina. Horário: 20 horas.

nal Ri

bas 76

30 ROTEIRO

01Acesso principal ao parque. 02Bilheteria principal. 03Acesso ao parque. 04Sindicato Rural de Londrina. 05Casa de Apoio. 06Registro genealógico João Guimarães Costa. 07Pavilhão Nacional Carlos Pereira Paschoal. 08Auditório Antônio Fernandes Sobrinho. 09Sala de imprensa Norman Prochet. 10Administração da Sociedade Rural do Paraná. 11Cabine de som João Schobiner Filho/ Departamento comercial Setor Animal. 12Pista central de julgamento Omar Mazzei Guimarães. 13Praça Luis Antônio Mayrink Góes. 14Área industrial Gov Paulo Cruz Pimentel. 15Associação dos Neloristas do Paraná Casa Celso Garcia Cid. 16Iapar/Pavilhão Francisco Antônio Sciarra. 17Caixa D’Água. 18Pavilhão Dalton Fonseca Paranaguá. 19Almoxarifado central. 20Ala dos restaurantes Humberto de Barros. 21Coreto. 22Salas de Apoio. 23Busto Ney Alminthas de Barros Braga. 24Museu da Sociedade Rural do Paraná, Pavilhão Aníbal Bianchini Rocha, Associação Brasileira de Criadores de Limousin, Salas Nelson Maculan. 25Recinto Soiti Tarumã. Centro de Treinamento Milton Alcover.

Expediente

12º Leilão Cachoeira Fest. Recinto: Faz. Cachoeira 2C. Horário: 14 horas.

76

p. Ardi

95

Mapa do Parque Governador Ney 3

Braga e principais eventos da programação51Lavador da ExpoLondrina para de animais equinos. 52Pavilhão Michel Neme. você acompanhar de perto entre os 53Recinto de leilões e eventos 76Estacionamentos. Horácio Sabino Coimbra. dias 5 e 15 de abril. 77Acesso de animais. 54Recinto de leilões e eventos

26Busto Celso Garcia Cid. 27Busto Maharajá of Bhavnagar. 28Sanitários. 29Pavilhão de animais Hugo Cabral. 30Pavilhão de animais Geremia Lunardelli. 31Pavilhão de animais Arnoldo Bulle. 32Pavilhão de animais Ulisses Ferreira Guimarães. 33Pavilhão de animais Ildefonso dos Santos. 34Centro de Ordenha Fernandes Vasconcelos Ferreira. 35Casa do Quarto de Milha Jaime Planas Navarro. 36Pavilhão de animais Américo Ugolini. 37Casa do Leite. 38Pavilhão de animais Maharajá of Bhavnagar. 39Casa do Brahman. 40Pavilhão de animais Willie Davids. 41Pavilhão de animais Brazilio Araújo. 42Pavilhão de animais Com Cezar Fuganti. 43Casa do Marchingiana. 44Pavilhão de animais Int Manoel Ribas. 45Casado Chianina. 46Casa do Charolês. 47Pavilhão de animais Cap. Euzébio B. de Menezes. 48Boutique Rural. 49Pista de julgamento Roberto de Mello Requião. 50Pavilhão Internacional Octávio Cesario Pereira Junior.

José Garcia Molina. 55Currais. 56Estacionamento do recinto José Garcia Molina. 57Salas de apoio Núcleo de Criadores de Guzerá. 58Casa do criador/ Salão inferior Celso Garcia Cid. 59Casa do Limousin. 60Pavilhão de animais Com Luiz Meneguel. 61Pavilhão de animais Leônidas Dutra. 62Pavilhão de animais Fernando Agudo Romão. 63Pavilhão de animais Fernando Bueno Santos. 64Pista de julgamento Osmar Dias. 65Casas de funcionários. 66Casa do Ovinocaprinocultor. 67Pavilhão de animais Henrique Pedro Nesello. 68Lavador de animais. 69Balanças e troncos. 70 Recinto de leilões Abdelkarim Janene. 71Rancho do leilão. 72Recepção de animais Dr Ranildo Pilchowski. 73Silos. 74Almoxarifado de palha. 75Isolamento dos animais.

78Assistência veterinária. 79Casa do Cafeicultor. 80Estacionamento dos camarotes. 81Pavilhão de animais Carmo Cliveira da Rocha. 82Pavilhão de animais João Turquino. 83Casa do Simental. 84Pavilhão de animais José Garcia Villar. 85Núcleo dos Criadores Raça Pardo Suíço. 86Pavilhão de animais Alípio Ferreira de Castro. 87Associação Brasileira dos Criadores de Gelbvieh. 88Pavilhão de animais Marco Antônio de Oliveira Maciel. 89Arena de shows e rodeios Joarnalista João Milanez. 89A Camarote de sócios. 89B Palco. 90Bilheteria do recinto de shows e rodeios. 91Praça de alimentação Mário Pereira. 92Área para parque de diversões. 93Cabine de força. 94Bilheteria e acesso ao parque. 95Acesso ao estacionamento principal.

A revista Agronegócio é uma publicação da Editora Gazeta do Povo. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Edito­ra Execu­tiva: Marisa Boroni Valério. Edição: José Rocher e Cassiano Ribeiro. Produção: Fabiane Ziolla Menezes. Edito­r Execu­tivo de 3º Leilão Cavalo Crioulo Imagem: Marcos Tavares. Edito­res de Arte: Acir Nadolny e Dino R. Pezzole. Projeto Novos Rumos. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 20 horas. Gráfico: Dino R. Pezzole, Joana dos Anjos e Marcos Tavares. Diagra­ma­ção: Bruno M. H. Domingo - 15 de abril Gogolla. Tratamento de Imagem: Edilson de Freitas, Mauro Cichon, Guilherme Paixão e 22º Leilão da ANEL Nelore. Recinto: José G. Molina. Marcos Navarro. Capa: Jonathan Campos. Re­da­ção: (41) 3321-5050. Fax: (41) 3321-5472. Horário: 14 horas. Co­­mer­­cial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: agro@gazetadopovo.com.br 2º Leilão Touros Brahman. Recinto: Abdelkarin Janene. Site: www.gazetadopovo.com.br/caminhosdocampo/expolondrina Endereço: R. Pedro Horário: 16 horas 12º Leilão Nelocruza. Ivo, 459. Curitiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas. Impressão e acabamento: Gráfica Editora Posigraf. 12º Leilão Raças Leiteiras. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 14 horas.

a Londrin

2º Leilão Nelore Audi e Rima. Recinto: José G. Molina. Horário: 20 horas.

369

.

10 Cambé

s

[destaques

96Via Rural Luis Eduardo Cheida (Fazendinha). 96A Unidade educacional Orlando Pessuti. 96B Unidade de treinamento da agroindústria. 97Bosque. 98Estação de tratamento. 99Almoxarifado/ Campo de tecnologia. 100 Campo de tecnologia Governador Jaime Lerner. 101 Mastro das bandeiras. 102 Pavilhão de animais Nicola Pagan. 103 Secretaria da Agricultura e Fiscalização Sanitária. 104 Monumentos dos 50 anos de Exposição de Londrina. 105 Pista de apresentação de animais José Romualdo Silva Costa. 106 Pavilhão de animais Armando Ortenzi. 107 Casa do Caracu. 108 Casa Verde. 109 Tribuna Eduardo Medina Filho. 110 Embarque/desembarque de animais currais.


[debates na feira

Público de meio milhão de pessoas equivale à população total de Londrina e faz da feira o maior evento do Paraná.

O agronegócio sobe ao palco ExpoLondrina realiza 40 eventos

cassiano RiBeiRo

técnicos a partir da próxima

:: Mais que uma festa com shows artísticos e diversão, a ExpoLondrina vem se tornando palco central de discussões do agronegócio paranaense. Somado ao grande público que circula pela feira, um número expressivo de especialistas e representantes do setor produtivo do estado e do país confere debates e atividades técnicas. Durante dez dias – de 5 a 15 de abril – cerca de 40 eventos técnicos serão realizados dentro do Parque Governador Ney Braga, em Londrina. O campo, sozinho, deve participar com pelo menos 15 mil agricultores, além de palestrantes, técnicos, autoridades e lideranças do setor. Ao

quinta-feira. Discussões que definem futuro do agronegócio devem envolver 15 mil produtores

6

GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

todo, meio milhão de pessoas deve visitar a exposição, o equivalente a toda a população de Londrina. A partir de discussões que abrangem a história de crises e transformações do agronegócio, a ExpoLondrina semeia e potencializa o futuro do setor que move a economia do Paraná. O café, que até a década de 1970 dominava as lavouras paranaenses, especialmente na Região Norte, pauta uma das principais discussões da feira. Apesar da perda de área e volume de produção após o marcante episódio da geada negra, a cafeicultura trilha novo caminho em meio às lavouras de soja e milho, da pecuária e da cana-de-açúcar. Para isso, o campo tem investido forte-


Roberto Custódio/Gazeta do Povo

Jonathan Campos/Gazeta do Povo

mente na cafeicultura com qualidade, por meio de técnicas modernas de cultivo, como o plantio adensado, de secagem e armazenagem. O trigo, um dos grãos mais importantes para a cadeia alimentar mundial, tanto animal como humana, ganha na ExpoLondrina seu primeiro fórum, que pretende aprofundar as discussões em torno da redução do plantio no estado, ainda maior produtor nacional. Na pecuária, a ExpoLondrina também é referência para o Brasil. Apresenta um dos julgamentos de raça e genética mais rígidos e respeitados no mercado brasileiro. Só a comercialização em leilões da feira ultrapassa os R$ 20 milhões, praticamente o dobro do valor alcançado em outras feiras tradicionais. Essa diversificação é o que tem dado força ao homem do campo paranaense. A tendência é que a integração das culturas seja cada vez mais presente no meio rural. Até grãos e gado – que na prática são caça e caçador, os maiores concorrentes do agronegócio em termos de rentabilidade – passam a conviver lado a lado. O desafio, segundo o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Gustavo Lopes, é sustentar essa dinâmica com “políticas de incentivo, por parte do governo e das entidades de pesquisa”. “O segredo está em potencializar a integração de culturas. O Paraná tem tudo para fazer isso. Somos abençoados em clima, solo e povo. Também precisamos trabalhar para manter a rentabilidade do produtor e garantir a renovação da população do campo”, avalia Lopes. Com um custo estimado em R$ 10 milhões, que vai da montagem de infraestrutura até o pagamento de cachês de artistas, a ExpoLondrina mostra que tem condições de superar a marca de faturamento de 2011, apesar de toda a frustração de safra que acometeu o Paraná nesta temporada, por causa da seca. “O crescimento da economia como um todo ajuda a manter as boas expectativas sobre o evento. Acredito que seja possível chegar aos R$ 340 milhões”, projeta o presidente da entidade organizadora do evento. O faturamento de 2011 representou um salto de 73,7% sobre o resultado de 2010, chegando a R$ 337,14 milhões.

“O Paraná tem tudo para potencializar a integração das culturas agrícolas e a pecuária. Somos abençoados em clima, solo e povo. Também precisamos trabalhar para manter a rentabilidade do produtor e garantir a renovação da população do campo.” Gustavo Lopes, presidente da Sociedade Rural do Paraná.


[resgate

Desde o ciclo do café, a Sociedade Rural do Paraná investe na capacidade de realização e influencia o desenvolvimento do estado, história que está contada no Museu da SRP Londrina

Juliana Gonçalves :: A Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina se consolidou como uma das maiores e mais completas do país. O evento atrai perto de 500 mil visitantes e movimenta mais de R$ 300 milhões em pequenos e grandes negócios. Durante os 11 dias em que se realiza o evento, Londrina se transforma na capital brasileira do agronegócio. No parque, pessoas, animais e máquinas se misturam na efervescência dos negócios, na agitação da comercialização e no emaranhado de shows, leilões e rodeios. A Sociedade Rural do Paraná (SRP) é quem promove a ExpoLondrina, mas seu papel vai além. Nos últimos 60 anos, ela foi peça-chave na tarefa de valorizar e incrementar as atividades agropecuárias no Paraná. Essa história está contada no Museu da SRP, que resgata a memória da entidade por meio de um amplo acervo composto por documentos, imagens, objetos e arquivos audiovisuais. “Como a história da Rural está totalmente ligada à agropecuária, o museu retrata a história da agricultura e da pecuária, além da exposição, que é o nosso grande evento”, explica Amanda Higashi, responsável pela instituição. Fundada em 1946, como Associação Rural de Londrina (ARL), a SRP nasceu nos anos áureos do café, quando o Paraná produzia até 20 milhões de sacas. A primeira exposição foi realizada em 1955, no Jóquei 8

GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

Clube de Londrina. O Parque de Exposições Ney Braga só seria inaugurado em 1964, quando a feira passou a ter caráter estadual. Em 1967, ela ganharia âmbito nacional e, em 1993, internacional. Com a criação do parque, a programação passou a incluir shows musicais e a investir também no entretenimento, experimentando um crescimento extraordinário. “Os shows eram feitos na pista de julgamento dos animais, onde se improvisava um pequeno palco. Ali, se apresentaram artistas como Roberto Carlos, Sidney Magal e Chacrinha”, conta Amanda. Na década de 70, com a queda do café, veio a diversificação agrícola. O cultivo de soja, algodão, milho e outros cereais passou a receber atenção especial nas exposições anuais, que orientam os agricultores na busca por novas fontes de recursos. Mas, o ponto alto dessa história viria com o aumento da criação bovina na região. Ações pelo desenvolvimento da pecuária, desde a troca de reprodutores da raça nelore, feita com o governo estadual, até a difusão da inseminação artificial, teriam surgido na SRP e se espalhado por todo o Brasil. A criação do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), órgão de pesquisa vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, também contou com a participação da SRP. Na exposição de 1970, no discurso de abertura do evento, o Ministério da Indústria e Comércio anunciou a criação do órgão de pesquisa em Londrina.

Fotos: Acervo do Museu da SRP

Feira gigante nasceu dos cafezais

Associação fundada em 1946, em Londrina, criou o evento em 1955.

Plantações de café cercam a feira de 1971. Crise na atividade ocorreria naquela década.

Exposição passou a ser palco da seleção genética de gado há quatro décadas.

Há 20 anos, Parque Ney Braga já ficava lotado em dias de grande movimentação.



Jonathan Campos/Gazeto do Povo

O agr么nomo Eloy Spagnolo na colheita da soja. Para ele, safra limitada pela seca n茫o restringe potencial da cultura.

10 GAZETA DO POVO

AGRONeg贸cio Abril de 2012


[fôlego agrícola

A hora e a vez do cultivo de grãos Ciclo da soja transforma a economia agrícola e tem longo prazo de validade. Especialistas dizem que o desafio é atender a demanda e evitar a monocultura cassiano RiBeiRo e anDRé simÕes, especial paRa a Gazeta Do povo :: Depois da erva-mate e do café, é a vez da soja e do milho marcarem época nos campos do Paraná. Com o fim da era do café a partir da década de 1970, os produtores do estado iniciaram suas apostas sobre a soja e o milho como fonte de renda. Hoje, as duas culturas ocupam mais de 50% de toda a área agrícola paranaense, considerando os números da safra de verão. Dos cerca de 10 milhões de hectares em uso, 5,3 milhões são destinados a soja e milho. Juntos, os dois grãos rendem à economia paranaense mais de R$ 15 bilhões por verão. O avanço dos grãos sobre o território paranaense é justificado pelo apetite quase insaciável do mundo, especialmente do mercado chinês, pelos dois produtos. A China começou a impulsionar a demanda global da soja a partir de 1990. Hoje, abocanha 60% de todo o volume da oleaginosa produzido no mundo – um terço da produção paranaense vai para lá. O montante absorvido pelo país na temporada 2011/12 se equipara à safra brasileira: cerca de 70 milhões de toneladas. Os especialistas vêm se questionando sobre até quando essa tendência, motivada pelo aumento no consumo de proteínas, vai durar. Os grãos devem

10 milhões de toneladas de soja estão faltando nesta temporada para que a produção atenda à demanda mundial. O problema, causado pela seca que atingiu a América do Sul, eleva preços e tende a estimular a produção em todos os continentes. População cresce e vive mais, o que promete manter o consumo em alta.

continuar valorizados por um bom tempo, avalia o especialista e pesquisador da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol. “Não consigo ver um fim para o ciclo da soja, do milho e, consequentemente, do trigo. Temos uma demanda cada vez maior por alimentos – algumas vezes superior à produção. Além disso, as pessoas estão vivendo e ganhando mais. E quando o poder de compra aumenta, a demanda por carnes, principalmente a de frango e de porco, também cresce”, analisa. Nos últimos dez anos, o consumo mundial superou a oferta por quatro

safras – 2003/04, 2007/08, 2008/09 e 2011/12 –, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Na safra atual, a seca que atingiu em cheio a América do Sul – continente que hoje supera a produção norte-americana de soja – é responsável por um déficit de quase 10 milhões de toneladas, apontado como saldo da temporada. O consumo deve chegar a 254 milhões de toneladas e a produção a 245 milhões. O professor Rogério Ivano, do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL), acredita que ainda é cedo para saber se o ciclo dos grãos será tão longo no Paraná quanto o da erva-mate, que durou cem anos. Segundo ele, as novas pesquisas tendem a fazer com que a soja se adapte facilmente aos mais distintos tipos de solo, o que pode dissipar a produção do grão. “Por outro lado, o movimento global por grãos só aumenta. É algo para se ver”, pondera. Ele lembra que o ciclo dos grãos se distingue dos ciclos anteriores por não mobilizar tanta mão de obra. O ciclo do café, por exemplo, provocou ondas migratórias, a construção de uma malha ferroviária e o desenvolvimento da Região Norte do estado, até então praticamente inexplorada. GAZETA DO POVO

AGRONegócio 11


Perigo O diretor de Agricultura da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Almir Montecelli, compartilha do entusiasmo pelo “negócio espetacular” em que a soja se transformou, mas vê com cautela o avanço crescente do grão sobre áreas de pastagens ou outros produtos agrícolas. Montecelli afirma que é preciso evitar que a soja se transforme em monocultura no Paraná e no país, colocando o Brasil numa posição perigosa em caso de crise externa. Cerca de 70% da soja brasileira são direcionados à exportação. As questões ambientais se ref letem na lavoura. “Em nome da sustentabilidade, temos de produzir mais e em áreas menores. O problema ambiental restringe a expansão em área”, diz o pesquisador Amélio Dall’Agnol. Em sua avaliação, ainda é possível elevar a produtividade com novas tecnologias. A rentabilidade do produtor, no Brasil, está condicionada ao câmbio, nem sempre favorável, aponta o agrônomo e agropecuarista Eloy Spagnolo, de Londrina. Por outro lado, a seca que limita a colheita atual não diminui o potencial da cultura, considera.

A EVOLUÇÃO DAS COMMODITIES Estimuladas pela demanda por alimentos, as cotações médias da soja e do milho mais que dobraram de preço na última década na Bolsa de Chicago (CBOT).

Média Mensal Soja CBOT (cents/bu)

1600 1400

13,31

Média Mensal Milho CBOT (cents/bu)

1200 1000

7,53

800 600 400 200 0

2002

Demanda em ritmo chinês Sozinho, o país asiático abocanha 28% e 22% do total de soja e milho consumido no globo, respectivamente.

900 800 700 600 500 400 300 200 100

2003

2004

2005

2006

Consumo mundial (em milhões de toneladas)

2007

2008

2009

2010 2011 2012

Soja 866,8

621,7

184,3

Milho 254,9

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 /02 /03 /04 /05 /06 /07 /08 /09 /10 /11 /12

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

“Temos uma demanda cada vez Auge do ciclo dos grãos ocorre quatro décadas após difusão do cultivo no Brasil. maior por alimentos – Aos 40 anos, soja brasileira tem mais vigor do que nunca algumas vezes :: O ciclo econômico da soja começou Os sojicultores expandem a produsuperior à no início da década de 70. Está comple- ção em todo o país e seguem as inditando 40 anos, aproximadamente a cações do mercado internacional de produção. (...) mesma duração dos tempos áureos do commodities, que bateu recordes de – que partiram dos anos 30 até preços em 2008 e se mantém aqueciQuando o poder de café 1975. No entanto, o cenário econômi- do. “Hoje os preços oscilam em altos para a cultura é totalmente oposto patamares. Não há possibilidade de compra aumenta, coao que levou à derrubada de boa parte as cotações retornarem às marcas de dos cafezais na década de 70. 2006, por exemplo, quando um a demanda por O período classificado como ciclo da bushel de soja valia entre US$ 5 ou madeira – 1885 a 1945 – foi 20 anos US$ 6 e o de milho US$ 3. Nesta épocarnes também maior que o da sojicultura. A soja ca, o sonho dos produtores era negobrasileira pode ser considerada ciar a saca a US$ 30, que é o preço cresce.” jovem também em relação ao ciclo atual na Bolsa de Chicago”, afirma o Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja.

12 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

da erva-mate, que durou cem anos, até cerca de 1930.

pesquisador da Embrapa Amélio Dall´Agnol, técnico da Embrapa. (AS)

Jonathan Campos/Gazeto do Povo

“Não houve tantas modificações na estrutura social com a soja”, diz.


análise por Luana Gomes luanag@gazetadopovo.com.br

Mercado com altas mais duradouras

a

alta dos grãos nos últimos meses deixou muita gente se perguntando se o mercado tem fôlego para superar os picos de 2008. Provavelmente não. Soja a mais de US$ 16 e milho a quase US$ 8 serão façanhas difíceis de se repetir. Por outro lado, também é muito improvável – para não dizer impossível – que os preços retornem novamente aos níveis históricos, com a oleaginosa a US$ 6 e o cereal US$ 2,5 o bushel. A lógica da formação de preços mudou. Se no passado os ciclos de alta eram breves, causados por choques momentâneos de oferta, hoje são muitos mais duradouros. Depois de uma má colheita, os agricultores correm para aproveitar os preços mais altos elevando o plantio. Antigamente, o incremento trazia o mercado rapidamente de volta a seus níveis habituais. Naquele tempo, prever o futuro olhando para o passado era uma tarefa relativamente simples. Hoje, a previsibilidade é muito menor. Para saber para onde o mercado vai, não basta observar onde ele esteve. Fundamentos de oferta e demanda, por si só, não são suficientes para mover os preços. A gama de variáveis a se considerar é mais ampla, vai muito além do campo. Envolve também indicadores econômicos e financeiros, por exemplo. E, mesmo no campo fundamental, a complexidade hoje é muito maior do que há dez anos. Os mercados mundiais estão cada vez mais interligados e dependentes uns dos outros. Prova disso é a importância que a América do Sul, liderada pelo Brasil, vem assumindo no processo internacional de formação de preços. Com produção de grãos crescente, a metade sul do continente influencia não só a comercialização, mas também a tomada de decisão dos produtores do Hemisfério Norte.

“A lógica da formação de preços mudou. Hoje, a previsibilidade é muito menor. Para saber para onde o mercado vai, não basta observar onde ele esteve. Fundamentos de oferta e demanda, por si só, não são suficientes para mover os preços.” Essa nova configuração do mercado de grãos dificulta o planejamento do negócio. Mas, por outro lado, ao imprimir maior volatilidade às cotações, aumenta a possibilidade de lucro para o produtor rural. Para cima ou para baixo, as oscilações são muito mais intensas. Nesse contexto, a informação surge como um novo e importante elo da cadeia do agronegócio. No jogo da volatilidade, ganha quem está atento e bem informado para aproveitar bem as melhores oportunidades de venda.

GAZETA DO POVO

AGRONegócio 13


[pecuária

Questão de padrão “Com a terra cara que nós temos, ou você realmente investe na pecuária ou vira agricultor. A criação de gado de baixa qualidade não se sustenta.” Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

alexandre turquino, pecuarista em Bela Vista do Paraíso (Norte).


Setor produtivo sustenta que

anDRé simÕes,

especial paRa a Gazeta Do povo

gado do Paraná tem , sim,

:: Uma contradição impera na pecuária do Paraná. O estado reduziu as exportações diretas de carne bovina a praticamente zero nos últimos seis meses. O fechamento do último frigorífico exportador – o JBS, de Maringá (Noroeste) –, em setembro de 2011, foi atribuído à falta de carne com padrão e volume constante. Em meio às discussões que tentam reanimar o setor e atrair novas indústrias, a pecuária do Norte e do Noroeste coloca essa avaliação em xeque. Se há algum problema com a qualidade do gado de corte paranaense, isso não ocorre nos principais polos pecuaristas, afirmam os produtores. As diretrizes do programa de revitalização da pecuária anunciado pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) devem ser apresentadas durante a ExpoLondrina. O governo do estado mostra-se preocupado com a falta de penetração da carne paranaense no mercado internacional. Ainda não foi divulgado, também, o valor a ser investido no projeto. A eficiência da produção pecuária, por sua vez, terá debate especial dia 12 (veja programação na página 30). Qualidade é uma questão de sobrevivência, segundo Alexandre Turquino, pecuarista de Bela Vista do

qualidade para exportação. Governo do estado tenta estimular a ampliação do rebanho e o rastreamento

Estado resguarda patrimônio genético, considerado o passo mais difícil para garantir competitividade.

Paraíso (Norte) que vende mais de 1 mil cabeças de gado por ano. “Com a terra cara que nós temos [um hectare passa de R$ 20 mil], ou você realmente investe na pecuária ou vira agricultor”, diz. Para abastecer o mercado europeu, por exemplo, é necessário mais do que isso. Os plantéis precisam estar registrados no Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), que rastreia o gado. O índice de rastreabilidade do Paraná é dos mais baixos do país: apenas 245 mil das 9,5 milhões de cabeças estão cadastradas no programa, 2,6% do total, conforme o governo estadual. O chefe de Rastreabilidade e Certificação da Seab, Antonio Minoro Tachibana, afirma que esses números não podem ser tomados como índice da qualidade do gado de corte paranaense. O fato de os frigoríficos não pagarem bônus pelos animais rastreados desestimula o cadastramento no Sisbov, aponta. Os produtores reivindicam adicionais de 3% e 10%. O veterinário Fábio Mezzadri, do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, afirma que o gado paranaense, em aspectos sanitários, de manejo e qualidade genética, é exemplar. A produção é direcionada ao mercado interno, que não exige rastreabilidade. O rebanho paranaense sofreu queda de 8,5% entre 2004 e 2010, com ligeira oscilação positiva (0,9%) em

de bovinos são criados no Paraná. O rebalho caiu 8,4% entre 2004 e 2010 e mostrou estabilidade no ano passado. Alta nos preços estanca redução da atividade, que compete com produção de cana e de grãos.

Henry Milléo/Gazeta do Povo

9,5 milhões Unidades pecuárias que registram e identificam animais com brincos ainda são exceção.

GAZETA DO POVO

AGRONegócio 15


produzir gado de qualidade do que simplesmente cadastrar os animais. O padrão alcançado no Norte do Paraná exige rigorosa seleção genética durante décadas. O setor segue aproveitando o potencial dos reprodutores de elite e o clima favorável às pastagens, considera. O diretor Agroindustrial da Sociedade Rural do Paraná, Luigi Carrer Filho, afirma que a idade dos animais abatidos prova que o setor se especializou. O índice teria passado de 4,5 para apenas 2 anos, ou 25 meses. “Isso é resultado de aprimoramento genético. Estamos na primeira linha há muito tempo”, diz.

Gado zebu

Primeiros nelores viajaram 3 anos Sertanópolis

Juliana Gonçalves

Milton Dória

2011. Na competição com a produção de grãos e cana, a pecuária derrapa, mesmo numa época de preços elevados. Ná há queda maior na criação de bois de corte – que correspondem a mais da metade do rebanho estadual – devido aos projetos de integração lavoura-pecuária. Otimista, o veterinário do Deral afirma que a tendência de queda do rebanho bovino paranaense tende a acabar, já que o preço médio da arroba do boi gordo no estado teve significativo aumento de 18% de 2010 para 2011 (de R$ 81,12 para R$ 95,57) e segue em patamares remuneradores. Segundo Turquino, é mais difícil

Gustavo e Beatriz Garcia Cid, com descendentes dos primeiros nelores importados da Índia.

A força do gado de elite :: Sem competir com o cultivo de soja, cana-de-açúcar ou com a própria criação extensiva de bovinos – por exigir pouco espaço –, o gado de elite garante a qualidade dos animais reprodutores do Paraná. São esses animais que elevam o faturamento dos leilões realizados na ExpoLondrina. Foram atingidos R$ 20,5 milhões no ano passado. Um único animal, a vaca nelore Suprema TE TH, alcançou R$ 540 mil, preço recorde do evento. O diretor Agroindustrial da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Luigi Carrer Filho, destaca que o melhoramento genético é fundamental na atividade pecuária, à medida que o gado se apri-

16 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

mora em ganho de peso, precocidade de abate e tem um melhor índice de conversão alimentar. Além dos reprodutores da raça nelore – 82% do rebanho de corte do Paraná são dessa raça ou anelorados –, o estado avança na criação de angus, brahman, charolês, guzerá, limousin, machigiana, simental e caracu. Uma grande tendência no melhoramento genético é o chamado cruzamento industrial, em que são utilizados reprodutores de raças europeias (angus, charolesa, marchgiana, limousin, entre outras) em um rebanho de matrizes de sangue zebuíno, a maioria de base nelore. (AS)

Sem a determinação e a ousadia do imigrante espanhol Celso Garcia Cid, o Paraná não teria formado seu rebanho de nelore e gir leiteiro. Ele teve de tomar fôlego para brigar contra proibições federais nas décadas de 1950 e 1960. Meio século depois, a Fazenda Cachoeira 2C é uma das poucas que ainda preservam animais puros de origem e um dos mais importantes criatórios de nelore do Brasil. Em 1957, Garcia Cid decidiu ressuscitar a importação de zebu, proibida na década de 1920. Encomendou o gado e deixou para solucionar o problema burocrático mais tarde. Os animais ficaram um ano sob a inspeção do governo indiano e outro ano em viagem, com paradas em diversos portos para descanso. Só em 1960 o longo percurso chegou ao fim. O gado ficou cinco meses na Ilha das Cobras (RJ) antes de ser liberado e seguir para a Fazenda Cachoeira, em Sertanópolis, região de Londrina. Em 1962, Garcia Cid fez uma nova importação e, em 1964, o governo brasileiro reativou a proibição. Ao todo, o pecuarista conseguiu trazer 208 animais, relata sua família. “A ideia dele era melhorar a pecuária nacional. Ele dizia que, se fosse só para ele, teria trazido só um boi e uma vaca”, conta a filha Beatriz Garcia Cid, herdeira da fazenda. Hoje, meio século depois, ainda é possível conhecer um desses animais. O touro Krishna, que morreu em 1961, foi embalsamado e fica exposto na sala da sede da fazenda.




Milton Dória

[cafeicultura

Tecnologia e capricho para resgatar o café Para reverter queda da cafeicultura no Paraná, produtores apostam na mecanização e no cultivo de grãos especiais

“Não precisamos expandir a área da cafeicultura, mas refrear a tendência de queda aumentando a produtividade e a qualidade. Essa é toda a nossa aposta.” francisco Carlos Simioni, chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná.

anDRé simÕes,

especial paRa a Gazeta Do povo

:: O grão que ergueu a Região Norte do estado e está na origem da Sociedade Rural do Paraná (SRP) vê sua área cultivada cair ano a ano. Enquanto na década de 1960 o Paraná chegou a responder por 28% da produção mundial, hoje representa apenas cerca de 5% da produção brasileira. O terreno perdido para outros grãos, principalmente soja e milho, se deu pelos preços mais atraentes e também pelo problema da mão de obra, cada vez mais escassa e cara. Desafios que só podem ser vencidos, segundo produtores e pesquisadores, pela mecanização. Além de reduzir sensivelmente a necessidade de mão de obra, o aparelhamento do campo traz mais qualidade e produtividade a qualquer cultura. No caso do café pode terminar com deslizes comuns, como a fermentação durante o processo de colheita. O grande obstáculo para isso, no entanto, está na aquisição de tecnologia. Hoje 85% do café do Paraná saem de propriedades de até três hectares. Foi para filtrar o custo da tecnologia para esses pequenos produtores que o governo estadual e instituições como Iapar e Emater criaram ainda no ano passado um programa de

reestruturação e difusão tecnológica, com cursos, assistência técnica e máquinas de pequeno porte a preços acessíveis. Segundo o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, Francisco Carlos Simioni, o pontochave do programa é a disseminação do plantio de café adensado, técnica que permite dobrar a produtividade e diminuir perdas em caso de intempéries. A previsão de Simioni é que, em cinco anos, a produtividade média de café no Paraná possa subir de 22 para 40 sacas por hectare. O chefe do Deral afirma ainda que a discrepância entre as colheitas dos anos de safra cheia e safra menor tende a cair. “Não precisamos expandir a área da cafeicultura, mas refrear a tendência de queda aumentando a produtividade e a qualidade. Essa é toda a nossa aposta”, diz.

panos quentes Para o melhorista genético Tumoru Sera, do Iapar, ele próprio premiado produtor de café, é necessário esclarecimento quanto ao temido custo excessivo da mecanização. Em sua análise, um investimento entre R$ 10 mil e R$ 20 mil reais é suficiente para propriedades familiares, e R$ 100 mil é o bastante para áreas de até 50 hectares. “Nós temos soluções GAZETA DO POVO

AGRONegócio 19


Fotos: Milton Dória

Mesmo com colheita manual, Ademir Antonio Rosseto conseguiu enquadrar seu café entre os nove melhores do Brasil, em 2011.

De 22 para 40 sacas/hectare é quanto deve aumentar a produção de café no Paraná, nos próximos cinco anos, com o apoio à mecanização dos pequenos produtores e à disseminação do plantio do tipo adensado, segundo o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, Francisco Carlos Simioni.

Irrigação por gotejamento exige investimento de mais de R$ 50 mil em pequenas propriedades, mas garante a qualidade na produção.

baratas, falta implantar, falta divulgação. O café ainda é a melhor opção para o pequeno produtor, temos infraestrutura, tradição e mercado”, diz.

CONSUMO

preço

Total, inclusive solúvel

Para o presidente da Comissão de Cafeicultura da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Walter Ferreira Lima, é a falta de regulação do Estado que impede que o produtor perceba a necessidade de investir em tecnologia. Em sua análise, a oscilação de preços gera um clima de desmotivação. Ele se mostra preocupado com a tendência de baixa do preço médio da saca de café de qualidade: desde outubro, houve queda de R$ 530 para R$ 425, mesmo com consumo aumentando e estoques baixos. Neste ano de safra cheia, pode ocorrer novo decréscimo. “O governo não pode deixar o produtor ao ‘Deus dará’ do mercado”, diz. Simioni observa, porém, que, pela predominância dos grãos na agricultur, o governo estadual não tem condições de manter um programa de estocagem que asseguraria um preço mínimo ao café.

Ano a ano, o volume de café consumido no Brasil só cresce

Evolução do consumo interno (milhões de sacas)

13,2 6,4

8,2

2,3

15,5

10,1

Kg de café torrado por habitante

2,7

19,1 19,7

3,1

3,8

4,1

4,8

4,9

1985 1990 1995 2000 2005 2010 2011

Beber fora de casa é tendência Em oito anos, o 96% 99% número de consumidores que dizem fazer uso da bebida também fora de casa cresceu 307%. Dentro de casa

2003 2010

57% 14% Fora de casa

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).


rEtroSPEctiva

a polêmica geada negra

O melhorista genético do Iapar Tumoru Sera e sua mãe, Shige Kuwano Sera. Propriedade tem o melhor café do Paraná, segundo a Abic.

Gourmet paranaense está entre os melhores do país :: Um nicho que há 10 anos nem existia no país, mas que hoje toma 4% do mercado nacional. Esse é o negócio dos cafés especiais ou gourmet. A procura por eles cresce acima da média do café tradicional – 21,3% de aumento no consumo entre 2009 e 2010, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). O preço pago ao produtor de café especial também é atraente e superior ao do grão cultivado em sistema convencional: entre R$ 500 e R$ 550 a saca, contra R$ 420. E essas boas perspectivas estão ganhando espaço nas propriedades paranaenses e podem reavivar os tempos gloriosos da cafeicultura do estado de uma nova maneira. A força histórica do Norte do Paraná, afinal, se mantém: a região detém 90,4% da cultura no estado e é a mais propícia para o café gourmet, pelas condições climáticas e altitude adequadas. Uma amostra da viabilidade do produto no Paraná são os resultados obtidos no 8.º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café, em dezembro do ano passado. Dois produtores paranaenses foram qualificados entre os nove campeões – os lotes com nota superior a 75 pontos.

os campeões O melhorista genético do Iapar Tumoru Sera administra a propriedade de sete hectares da mãe, Shige Kuwano Sera, que conseguiu se qualificar como o melhor café do Paraná e o quarto colocado brasileiro na cate-

goria cereja descascado. A plantação f ica em Congoinhas, no Norte Pioneiro. “Atribuo esse resultado ao ajuste que fizemos na propriedade, hoje totalmente mecanizada [investimento de R$ 20 mil]. Essa conquista é o reconhecimento de muito trabalho e uma prova de que nossa região pode gerar cafés especiais sem dificuldade, desde que seja utilizada tecnologia na produção, administração e comercialização”, diz Tumoru Sera. Outro paranaense vencedor do concurso nacional de qualidade do café foi Ademir Antonio Rosseto, de Mandaguari (Noroeste), que colheu o prêmio com as próprias mãos. Diferentemente do produtor de Congoinhas, Rosseto preferiu investir cerca de R$ 60 mil em projeto de irrigação artificial, por gotejamento. “Na última safra, a colheita foi manual, mas nas próximas vou ter uma ajuda. Um vizinho está comprando uma colheitadeira e pretendo alugar a máquina dele. Estamos sempre tentando modernizar. Fora isso, é só ter cuidado no trato com o café e buscar a maior quantidade possível de grãos maduros.” No leilão dos vencedores da Abic, o café de Rosseto conseguiu o maior valor de venda: R$ 1.670 a saca. Sera conseguiu R$ 950, também um bom valor. O presidente da Comissão de Cafeicultura da Faep, Walter Ferreira Lima, aposta no dia em que embalar um café com o rótulo de “Norte do Paraná” servirá como peça de marketing. “É nosso sonho”, diz. (AS)

Quem vive ou viveu no Norte do Paraná sabe: falar na geada negra de 1975 é como mencionar o filho morto de alguém. De forma geral, o evento climático dizimou as plantações de café no estado, arruinou milhares de produtores e marcou o fim de um ciclo econômico importante. Para alguns pesquisadores, no entanto, é equivocada a ideia de que foi o evento de 1975 que, repentinamente, destruiu um cenário glorioso para a cafeicultura paranaense. Desde o fim da década de 1960, já havia sinais de declínio: a safra imediatamente anterior à geada negra foi de 11,7 milhões de sacas – pouco mais da metade do recorde histórico de 1961, de 21,4 milhões de sacas. “A geada apenas coroou um processo de decadência. Para os pequenos agricultores, a geada foi uma catástrofe, mas, para os grandes, foi até bom. Tiveram os prejuízos cobertos pelo seguro e puderam ampliar suas posses, porque o preço da terra ficou baixíssimo”, avalia Rogério Ivano, professor do departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A grande questão no declínio da produção do café foi conjuntural: com a exaustão da cultura, o cultivo de outros grãos, notadamente a soja, passou a ser mais atraente, pela menor necessidade de mão de obra e pelos preços elevados. “Brinco dizendo que a geada foi a salvação. O Paraná passou por um processo de modernização, as culturas agrícolas foram diversificadas e o café ficou restrito a áreas de menos riscos”, observa Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa. (AS)

GAZETA DO POVO

AGRONegócio 21


Colheita de verão

Hugo Harada/Gazeta do Povo

José Rocher

Expedição Safra Gazeta do Povo

:: Depois de percorrer 12 estados

se debruçam sobre dados de produtores e profissionais da cadeia dos grãos. Estimativa da temporada será apresentada dia 5, na ExpoLondrina

Resultado da safra Acompanhe a divulgação dos indicadores da Expedição Safra pelo site

www.expedicaosafra.com.br.

22 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

brasileiros que produzem soja e milho em escala comercial, a Expedição Safra Gazeta do Povo apresenta, dia 5, na ExpoLondrina, nova bateria de indicadores sobre a colheita de verão. Técnicos e jornalistas viajaram 26 mil quilômetros, entrevistaram produtores, discutiram os efeitos do clima seco com especialistas e confrontaram dados. Os números vão mostrar a força do La Niña e também como as novas tecnologias responderam à falta de umidade em períodos cruciais para o desenvolvimento das plantas e a própria formação dos grãos. Em sua sexta edição, a Expedição registrou quebras como a de 2008/09 e recordes como o do ano passado, quando a soja brasileira passou de 70 milhões de toneladas pela primeira vez. No entanto, a safra atual, com estiagens em diferentes regiões, mostra-se a mais desuniforme do período. Mesmo na zona mais atingida, do Oeste do Paraná aos campos do Rio Grande do Sul, há propriedades com rendimento próximo das médias. Por outro lado, em estados como a Bahia e o Piauí, que até janeiro tinham tudo para avançar largamente em produtividade, veranicos reduziram o potencial de parte das lavouras, que começaram a ser colhidas há poucos dias. Os técnicos da Expedição estão também reavaliando os números

33 milhões de toneladas de soja estão sendo colhidas no Mato Grosso e no Paraná, com avanço de 9,7% no estado do Centro-Oeste e recuo de 23% no do Sul. Com oscilações de última hora, regiões que plantam áreas menores definem o tamanho da safra nacional.

publicados nas últimas semanas sobre a colheita do Paraná e Mato Grosso, os dois principais produtores de grãos do país. Cerca de 33 milhões de toneladas de soja estão sendo colhidas nas lavouras paranaenses (1/3) e matogrossenses (2/3). O avanço dos trabalhos no campo permite uma melhor avaliação da safa. Os primeiros números mostram que, enquanto o estado do Sul recuou 23% na oleaginosa por causa da seca, o do Centro-Oeste avançou 9,7%. Os dados dos demais estados – Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – é que vão mostrar se haverá expansão ou recuo na safra nacional, na soja e no milho.

Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Técnicos que participam da

Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Indicador para a soja e o milho

[1]


[2]

1 – Dias de campo em parceria com o

Hugo Harada/Gazeta do Povo

Rally Ceagro aproximaram Expedição dos produtores do Centro-Oeste. Na foto, grupo visita plantação de soja em Canarana (MT). 2 – Na região de Cruz Alta (RS), só lavouras irrigadas, como a de Airton Becker, escaparam ilesas da seca de até 50 dias. 3 – No Oeste baiano, lavouras do município de Luís Eduardo Magalhães variam de 40 a 70 sacas por hectare de soja. 4 – O técnico agrícola Humberto Zomer mostra, em Itaberá, rendimento de lavoura paulista. Milho teve bom rendimento no Sudeste, no CentroOeste e no Centro-Norte.

[3]

ROTEIRO

Já percorrido

Cerca de 60 mil quilômetros de estradas estão sendo percorridos, incluindo viagens aos Estados Unidos, Argentina, Paraguai e China, que será visitada em maio.

Trecho 1 1 2 3 4 5

Trecho 3

Mato Grosso Mato Grosso do Sul Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul

Trecho 2 1 2

RR

São Paulo Goiás

Maranhão Piauí 3 Bahia 1

2

1

Argentina Paraguai

MA 1

PI

CE

PE AL

2

MT

RN PB

2

TO

BRASIL

RO

Trecho 4

2

AM

AC

Minas Gerais Tocantins

Trecho 5

AP

PA

[4]

1 2

SE 3

BA

1 2

DF

MG

GO 1 2

PA R AG UA I

1 2 3

ARGENTINA

ES

MS

PR 4

5

SC

SP

RJ

A percorrer China

RS

1 Fonte: Expedição Safra Gazeta do Povo.

GAZETA DO POVO

AGRONegócio 23


[trigo

Hugo Harada/Gazeto do Povo

Demanda tem, falta produção Setor produtivo reduz plantio, mas mostra-se disposto a retomar discussões em torno do cereal. Para substituir as importações, no entanto, é preciso resolver problemas antigos, que vão do padrão das sementes à comercialização

APOSTAS REDUZIDAS O peso das geadas e da redução da área plantada com trigo no Paraná abriu espaço para que os gaúchos assumissem a dianteira no ranking do cereal. 2010/11

2011/12

Variação

Área em milhão de hectares

Carlos Guimarães Filho e Dalane Santos, especial para a Gazeta do Povo. :: Base do pão, da massa e de inúmeros outros outros alimentos, o trigo perde espaço no campo. A redução de área no Paraná, maior produtor nacional, amplia o déficit entre oferta e demanda. Hoje, a produção brasileira é suficiente para atender só metade do consumo. Na última safra, o Brasil produziu 5,3 milhões de toneladas e trouxe outras 5,7 milhões de toneladas do exterior, principalmente da Argentina. O setor produtivo começa a discutir uma forma de tornar a cultura viável e substituir uma parcela maior das importações por trigo nacional. Os gargalos da cadeia, da produção à comercialização, devem ser levantados e debatidos no 1.º Fórum Paranaense do Trigo, que ocorre dia 5 durante a 52.ª ExpoLondrina. Devem participar representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do setor produtivo. “Vamos tentar sensibilizar o governo brasileiro em relação à impor-

24 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

tância da produção nacional do trigo”, afirma Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Não vem sendo suficiente baixar custos e elevar a qualidade da produção, na competição com a agricultura argentina. “O Brasil tem área disponível para plantio e não pode ficar tão dependente da importação de trigo. O governo brasileiro precisa dar suporte com políticas de apoio à produção e à comercialização. Só assim o abastecimento ficará fora de risco”, analisa Turra. O cenário de preços é considerado positivo a médio prazo. A quebra na safra de milho e soja na América do Sul, somada ao fato de o trigo substituir o milho na ração animal, promete segurar o preço do cereal de inverno. “A alta nos preços se refletiu nas cotações do trigo, que, mesmo com uma produção recorde, não deve ter baixas na Bolsa de Chicago”, explica o analista da Safras e Mercado, Michael Prudêncio. Neste ano, o Paraná tende a reduzir novamente a área do cereal.

PR

1.146

1.042

-9%

RS

0.79

0.93

18%

Produção em milhões de toneladas PR 3.314 2.501 -25% RS

1.974

2.742

39%

Dependência estrangeira Diante de um consumo anual estimado em mais de 10 milhões de toneladas, o Brasil tem trazido de fora mais trigo que o produzido aqui. Produção Em milhões de toneladas 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 /03 /04 /05 /06 /07 /08 /09 /10 /11 /12

5,32

2,91

Importação 7,0 6,5 6,0 5,5

6,57 5,74

5,0 4,5 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).


GAZETA DO POVO

AGRONeg贸cio 25


[cana de açúcar

Um grande negócio em momento difícil A expectativa de crescimento da

Carolina Mainardes

produção de etanol e açúcar,

:: A alta nos preços do açúcar e do etanol no mercado internacional esboça um novo momento para a cana-de-açúcar. Apesar de o crescimento mais significativo da produção ocorrer nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o Paraná, quarto maior produtor do país, também vislumbra um incremento da área plantada, hoje de 618 mil hectares. Deste total, 65% estão concentrados nos municípios do Noroeste e 35% nos do Norte Pioneiro. O fator preço se soma a outros: o Brasil é líder mundial na produção de etanol da cana-de-açúcar, domina tecnologia de produção, oferece estrutura para distribuição e ainda dispõe de terras cultiváveis para a cana. O Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar (ZAECana), realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mostra que só o Paraná tem 3,2 milhões de hectares de terras aptas. “A tendência é de crescimento, principalmente mediante parcerias entre o produtor rural e a indústria”, confirma o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias, referindo-se às propostas de arrendamento de terras feitas pelas usinas.

embalada pelos bons preços internacionais, esbarra em canaviais velhos e em muita desconfiança

26 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

“A cana tem dado uma rentabilidade ótima para o produtor. O bom resultado vem dos preços aquecidos do açúcar e do álcool.” Luiz Meneghel Neto, produtor no norte do Paraná

A expectativa de expansão está ligada principalmente à rentabilidade que os canaviais oferecem desde a safra passada, quando a produção brasileira foi insuficiente para abastecer a frota brasileira de veículos e o apetite internacional pelo açúcar aumentou. “Hoje, a cana tem dado uma rentabilidade ótima para o produtor”, ressalta Luiz Meneghel Neto, de uma família do norte do estado que está no ramo há mais de cem anos. Nas contas de Meneghel, a canade-açúcar tem rentabilidade 30% a 35% superior à do milho que, por sua


caNaviaiS

O volume de cana industrializada no Paraná estabilizou em 42,9 milhões de toneladas nos últimos cinco anos.

vez, rende 30% a mais do que a soja. “O bom resultado vem dos preços aquecidos do açúcar e do álcool”, comenta, referindo-se a um rendimento médio de R$ 5,3 mil por hectare. Com a experiência de quem há anos acompanha o setor, o produtor diz que a alta dos patamares médios no mercado internacional foi de mais de 100%. A tonelada de açúcar chega a ser comercializada a US$ 700. Em 2012, a cana-de-açúcar deve apresentar aumento de 35,2% no Valor Bruto de Produção (VBP).

Antonio Costa/Gazeta do Povo

renovação a passos lentos A falta de renovação dos canaviais e as adversidades do clima exercem forte pressão sobre a safra da canade-açúcar. A produção está estimada entre 515 milhões e 540 milhões de toneladas, pelo menos 3% abaixo do volume recorde registrado duas safras atrás. Ou seja, ainda não há garantias de um crescimento contínuo, nem do barateamento do álcool nas bombas, pelo menos nos próximos dois anos. Para estimular a renovação de três quartos dos canaviais – ou 6,4 milhões de hectares – até 2015, o governo apostou em fevereiro no Plano Estratégico do Setor Sucroalcooleiro. Divulgado pelo Ministério da Agricultura, o “plano safra da cana” prometeu impacto direto nos preços do etanol. A proporção da frota de veículos

circulando com etanol poderia passar de 50% para 55%. Porém, o plano não empolga a cadeia produtiva. “Temos um déficit acumulado de renovação de canaviais. O ideal seria a renovação de cerca de 15% a 20% todos os anos”, considera o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias. No Norte Pioneiro do Paraná, a renovação de canaviais segue lenta. Segundo dados da Alcopar, na safra 2008/09 praticamente não houve áreas renovadas. Na safra seguinte (2009/10), foram 20 mil hectares. Já na safra 2010/11, a renovação atingiu 40 mil hectares. “Nossos canaviais envelheceram e a produtividade caiu. A geada, em 2011, contribuiu significativamente para isso também”, comenta Dias.

MOAGEM CONCENTRADA Com 11 usinas em operação, o Norte Pioneiro produz, sozinho, 1,4 bilhão de litros de etanol e 1 milhão de toneladas de açúcar por ano.

Unidades produtoras de álcool e açúcar no estado Usinas

Destilarias

Paranavaí Maringá

incerto Se há certeza sobre a expansão futura, há também dúvida sobre o fôlego que ela terá. O volume de cana industrializada no Paraná foi de 42,9 milhões de toneladas nos últimos cinco anos, adverte Disonei Zampieri, coordenador do Setor Sucroalcooleiro do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab). “Saímos discretamente do lugar”, observa. Entre 2008 e 2009 houve um crescimento, mas os números voltaram a se estabilizar. Dados do Deral apontam que o preço médio pago ao produtor de cana está em R$ 54 a tonelada e a produtividade gira em torno de 68 toneladas por hectare.

Londrina

Umuarama

PARANÁ 06/07

Produção Apesar do aumento na área ocupada pela cana, a produção do Paraná não sai do lugar. Além do clima, os números são atribuídos à baixa taxa de renovação e à redução de produtividade dos canaviais.

Área de cana (ha)

404

Cana moída 32,0 (ton) Açúcar (ton) Etanol (m3)

2,2

07/08

486

40,0

2,5 1,9

08/09

09/10

10/11

536

574

586

45,0

46,0

43,0

2,5

2,4

2,1

1,3

Fonte: Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar).

1,9

3,0

1,6

Infografia: Gazeta do Povo.

GAZETA DO POVO

AGRONegócio 27


[comportamento

Realeza de franjas e brilhos

Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Vestida de xadrez

Sonho

Ser rainha da festa faz parte do imaginário de muitas jovens londrinenses, que sonham com os dias de holofotes e figurinos repletos de franjas e brilhos. Freqüentadora assídua da ExpoLondrina, a estudante Thais Amaral sempre gostou muito do universo que cerca o evento. “Há muitos anos eu vou à exposição e vou todos os dias. Sempre achei muito bonitas a rainha e as princesas”, conta. Nesta 52ª edição, sua participação no evento será ainda mais intensa. Thais foi eleita a Rainha da ExpoLondrina 2012 e representará a Sociedade Rural do Paraná nos eventos realizados no Parque Ney Braga durante a exposição. “É uma sensação muito boa, difícil de explicar. Estou muito feliz”, afirma.

Marília Ramos renova seu estoque de cintos para passear na festa e fazer bonito.

country, e muita música sertaneja, marcam a ExpoLondrina e reforçam a tradição rural da cidade Londrina

Juliana Gonçalves :: Apesar dos ares cosmopolitas que vem ganhando, no passo acelerado do crescimento econômico e urbanístico, Londrina mantém forte sua veia rural. E a ExpoLondrina reflete e reforça essa tradição. Guardadas as devidas proporções, pode-se dizer que a exposição-feira é para Londrina o mesmo que o Carnaval para o Rio de Janeiro ou a Festa do Peão para Barretos. Tanto quanto movimentar milhões de reais com maquinários e animais, o evento invade a vida de toda a cidade. Como acontece há mais de meio século, a cada fim de verão, a cidade se veste de xadrez, abusa de chapéus, botas de cano longo, cintos largos, grandes fivelas e calças jeans. As lojas especializadas em moda country vendem 50% a mais do que nos outros meses. “São os acessórios mais procurados. Até porque tem muita gente que usa também no dia-a-dia, como os estudantes de agronomia”, confirma o lojista Augusto Pelegrine. Para quem não insere peças country no cotidiano, a exposição é a oportunidade de variar, usando um figuri28 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

no diferente. “Não é para qualquer lugar que você vai vestida no estilo country. Tem que aproveitar o período da exposição, que já fica no clima”, comenta a estudante Marília Rocha Ramos. Ela renova suas opções de botas, camisas e acessórios para ir aos shows da feira. Essa inf luência da exposição no vestuário não fica restrita aos limites geográficos da cidade. Lucas Gouveia é proprietário de uma loja de artigos country em Arapongas, a 35 quilômetros de Londrina, e também percebe um aumento significativo nas vendas com a proximidade da exposição. “As pessoas gostam de entrar no clima e vão a caráter mesmo, principalmente para os shows”, conta.

Trilha Sonora A música que embala a feira, é claro, não poderia ser outra que não a sertaneja. Entre todos os shows programados para o evento, só dois fogem à regra – Ivete Sangalo e o infantil Patati Patatá. A agenda musical da feira é definida com base em pesquisas de opinião. É uma febre que, nos últimos anos, com a chegada da versão “universitário”, invadiu casas noturnas e paradas de sucesso das rádios. Com um cenário tão propício, Londrina se tornou berço do sertanejo e já exportou para todo o Brasil duplas como Teodoro e Sampaio, Fernando e Sorocaba, Jeann e Julio, além de ter sido escolhida para residência pelo ídolo teen Luan Santana. Hoje, profissionais do mercado fonográfico londrinense contam aproximadamente 200 duplas sertanejas na cidade.

Jonathan Campos/Gazeto do Povo

Roupa e acessórios da moda

A rainha Thais Amaral será a anfitriã da feira deste ano.


GAZETA DO POVO

AGRONeg贸cio 29


[guia da feira 3

Diversão e trabalho

103

100 99 76

76

94 98

76 76

Confira a agenda de shows e as

3

principais atividades técnicas programadas para os 11 dias da 52ª ExpoLondrina, entre 5 e 15 deste mês Eventos artísticos Quinta-feira - 5 de abril Paula Fernandes Ingresso: R$ 30

Sábado - 7 de abril , Humberto & Ronaldo // Conrado & Aleksandro Ingresso: R$ 30

Domingo - 8 de abril Luan Santana Ingresso: R$ 30

Segunda-feira - 9 de abril Gusttavo Lima Ingresso: R$ 40

Terça-feira - 10 de abril Michel Teló // Marina Fonseca Ingresso: R$ 40

Quarta-feira - 11 de abril Zezé Di Camargo & Luciano Ingresso: R$ 30

Quinta-feira - 12 de abril Ivete Sangalo Ingresso: R$ 40

Sexta-feira, Sábado e Domingo - 13,14 e 15 de abril Rodeio Ingresso: R$ 18

Domingo - 15 de abril Patati Patatá (show infantil às 14h30) Ingresso: R$ 12

PROGRAMAÇÃO Eventos técnicos Quinta-feira - 5 de abril Expedição Safra. Recinto: Milton Alcover. Horário: 8h30. Segunda-feira - 9 de abril 11.º Seminário Estadual de Aqüicultura. Recinto: Milton Alcover. Horário: 8h30. Terça-feira - 10 de abril Seminário Angus. Recinto: Milton Alcover. Horário: 8h30. 5.º Encontro da Mulher Rural. Recinto: José Garcia Molina. Horário: 8h30. Quarta-feira - 11 de abril 20.º Encontro do Café. Recinto: José Garcia Molina. Horário: 8h30. Quinta-feira - 12 de abril II Simpósio de Eficiência em Produção e Reprodução Animal. Recinto: Milton Alcover. Horário: 8h30. 17.º Encontro Regional do Leite. Recinto: José Garcia Molina. Horário: 8h30. Sexta-feira - 13 de abril II Encontro Técnico de Frutas, Verduras e Legumes. Recinto: Milton Alcover. Horário: 8h30.

Leilões Quarta-feira – 4 de abril 10º Leilão 10 Marcas Expo. Recinto: José G. Molina. Horário: 19h30. Quinta-feira - 5 de abril 11º Leilão Mega Corte. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas. Sexta-feira -6 de abril 7º Leilão Mangalarga

30 GAZETA DO POVO

AGRONegócio Abril de 2012

Londrina Show. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 20 horas. 3º Leilão Tributo aos Pioneiros Corte. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 18 horas. Sábado-7 de abril 13º Leilão Golden Night QM/PH. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 20 horas. Leilão G. Tamarrado Volta Origens. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas. Domingo-8 de abril 11º Leilão Top Bezerros Corte. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 17 horas. Segunda-feira - 9 de abril 2º Leilão Matrizes da HORA. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas. Terça-feira - 10 de abril 8º Leilão Gado Corte da ANPBC. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 20 horas. Leilão Touros Santa Nice. Recinto: José G. Molina. Horário: 19 horas. Quarta-feira - 11 de abril 6º Leilão Nelore Evolution. Recinto: José G. Molina. Horário: 20 horas. 1º Leilão Primor Rural Gado Corte. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 18 horas. Quinta-feira - 12 de abril 1º Leilão TOP Nelore. Recinto: José G. Molina. Horário: 20 horas. 6º Leilão Conexão Angus Touros e Cruz Industrial Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 17 horas.

74

111

Leilão ABC Caracu Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 19 horas. Sexta-feira – 13 de abril 4º Leilão 3M Touros Limousin e Cruz. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas. 2º Leilão Nelore Audi e Rima. Recinto: José G. Molina. Horário: 20 horas. 2º Leilão Royal Angus Matrizes e Embriões. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 20 horas. Sábado – 14 de abril Leilão Charolês ExpoLondrina. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 14 horas. 3º Leilão Baby Brahman Londrina. Recinto: José G. Molina. Horário: 20 horas. 12º Leilão Cachoeira Fest. Recinto: Faz. Cachoeira 2C. Horário: 14 horas. 12º Leilão Raças Leiteiras. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 14 horas. 3º Leilão Cavalo Crioulo Novos Rumos. Recinto: Horácio S. Coimbra. Horário: 20 horas. Domingo - 15 de abril 22º Leilão da ANEL Nelore. Recinto: José G. Molina. Horário: 14 horas. 2º Leilão Touros Brahman. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 16 horas 12º Leilão Nelocruza. Recinto: Abdelkarin Janene. Horário: 19 horas.

75

7


OUTROS DESTAQUES Detalhes da programação em 28

51 96 96 96B

96A

55

105 57

54 53

52 55

20

21 14

109 48

49

14

www.srp.com.br/

19 14

18

16

108

17

14 64 63 58 15 7 4 28 37 36 33 28 65 69 62 61 32 65 65 34 59 31 11 10 9 8 30 65 35 29 60 68 107 3 67 45 6 106 47 46 44 43 42 5 102 41 69 12 40 39 38 27 17 26 73 74 70 104 101 13 2 85 28 25 84 86 87 88 23 1 55 83 71 24 88 90 110 22 89A 79 81 101 72 82 91 89B 77 93 78 28 90 89 28 80 3 92

é Camb

97

56

50 28

94 98

75

entes

ad Av. Tir

3

- BR 3 69

94

Rua D

76

ep. Ar

dinal

Ribas 76

ROTEIRO

95

3

51Lavador de animais equinos. 52Pavilhão Michel Neme. 53Recinto de leilões e eventos Horácio Sabino Coimbra. 54Recinto de leilões e eventos José Garcia Molina. 55Currais. 56Estacionamento do recinto José Garcia Molina. 57Salas de apoio Núcleo de Criadores de Guzerá. 58Casa do criador/ Salão inferior Celso Garcia Cid. 59Casa do Limousin. 60Pavilhão de animais Com Luiz Meneguel. 61Pavilhão de animais Leônidas Dutra. 62Pavilhão de animais Fernando Agudo Romão. 63Pavilhão de animais Fernando Bueno Santos. 64Pista de julgamento Osmar Dias. 65Casas de funcionários. 66Casa do Ovinocaprinocultor. 67Pavilhão de animais Henrique Pedro Nesello. 68Lavador de animais. 69Balanças e troncos. 70 Recinto de leilões Abdelkarim Janene. 71Rancho do leilão. 72Recepção de animais Dr Ranildo Pilchowski. 73Silos. 74Almoxarifado de palha. 75Isolamento dos animais.

a

26Busto Celso Garcia Cid. 27Busto Maharajá of Bhavnagar. 28Sanitários. 29Pavilhão de animais Hugo Cabral. 30Pavilhão de animais Geremia Lunardelli. 31Pavilhão de animais Arnoldo Bulle. 32Pavilhão de animais Ulisses Ferreira Guimarães. 33Pavilhão de animais Ildefonso dos Santos. 34Centro de Ordenha Fernandes Vasconcelos Ferreira. 35Casa do Quarto de Milha Jaime Planas Navarro. 36Pavilhão de animais Américo Ugolini. 37Casa do Leite. 38Pavilhão de animais Maharajá of Bhavnagar. 39Casa do Brahman. 40Pavilhão de animais Willie Davids. 41Pavilhão de animais Brazilio Araújo. 42Pavilhão de animais Com Cezar Fuganti. 43Casa do Marchingiana. 44Pavilhão de animais Int Manoel Ribas. 45Casado Chianina. 46Casa do Charolês. 47Pavilhão de animais Cap. Euzébio B. de Menezes. 48Boutique Rural. 49Pista de julgamento Roberto de Mello Requião. 50Pavilhão Internacional Octávio Cesario Pereira Junior.

in Londr

01Acesso principal ao parque. 02Bilheteria principal. 03Acesso ao parque. 04Sindicato Rural de Londrina. 05Casa de Apoio. 06Registro genealógico João Guimarães Costa. 07Pavilhão Nacional Carlos Pereira Paschoal. 08Auditório Antônio Fernandes Sobrinho. 09Sala de imprensa Norman Prochet. 10Administração da Sociedade Rural do Paraná. 11Cabine de som João Schobiner Filho/ Departamento comercial Setor Animal. 12Pista central de julgamento Omar Mazzei Guimarães. 13Praça Luis Antônio Mayrink Góes. 14Área industrial Gov Paulo Cruz Pimentel. 15Associação dos Neloristas do Paraná Casa Celso Garcia Cid. 16Iapar/Pavilhão Francisco Antônio Sciarra. 17Caixa D’Água. 18Pavilhão Dalton Fonseca Paranaguá. 19Almoxarifado central. 20Ala dos restaurantes Humberto de Barros. 21Coreto. 22Salas de Apoio. 23Busto Ney Alminthas de Barros Braga. 24Museu da Sociedade Rural do Paraná, Pavilhão Aníbal Bianchini Rocha, Associação Brasileira de Criadores de Limousin, Salas Nelson Maculan. 25Recinto Soiti Tarumã. Centro de Treinamento Milton Alcover.

76Estacionamentos. 77Acesso de animais. 78Assistência veterinária. 79Casa do Cafeicultor. 80Estacionamento dos camarotes. 81Pavilhão de animais Carmo Cliveira da Rocha. 82Pavilhão de animais João Turquino. 83Casa do Simental. 84Pavilhão de animais José Garcia Villar. 85Núcleo dos Criadores Raça Pardo Suíço. 86Pavilhão de animais Alípio Ferreira de Castro. 87Associação Brasileira dos Criadores de Gelbvieh. 88Pavilhão de animais Marco Antônio de Oliveira Maciel. 89Arena de shows e rodeios Joarnalista João Milanez. 89A Camarote de sócios. 89B Palco. 90Bilheteria do recinto de shows e rodeios. 91Praça de alimentação Mário Pereira. 92Área para parque de diversões. 93Cabine de força. 94Bilheteria e acesso ao parque. 95Acesso ao estacionamento principal.

96Via Rural Luis Eduardo Cheida (Fazendinha). 96A Unidade educacional Orlando Pessuti. 96B Unidade de treinamento da agroindústria. 97Bosque. 98Estação de tratamento. 99Almoxarifado/ Campo de tecnologia. 100 Campo de tecnologia Governador Jaime Lerner. 101 Mastro das bandeiras. 102 Pavilhão de animais Nicola Pagan. 103 Secretaria da Agricultura e Fiscalização Sanitária. 104 Monumentos dos 50 anos de Exposição de Londrina. 105 Pista de apresentação de animais José Romualdo Silva Costa. 106 Pavilhão de animais Armando Ortenzi. 107 Casa do Caracu. 108 Casa Verde. 109 Tribuna Eduardo Medina Filho. 110 Embarque/desembarque de animais currais.

GAZETA DO POVO

AGRONegócio 31



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.