Especial Agroleite 2014

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ESpECiAL AGRoLEitE

AGOSTO DE 2014

nova safra de agroindústrias

Com projetos que somam mais de R$ 10 bilhões, Paraná registra novo ciclo de expansão agroindustrial. Da madeira à agricultura e pecuária, logística assume papel fundamental na valorização da matéria-prima.

Agroleite reforça pecuária e debate agricultura

Sob pressão, milho abre mais espaço à soja


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[editorial Paraná agroindustrial

G

rãos, carnes, madeira, leite e cereais. Impulsionada por matéria-prima abundante e de qualidade, logística facilitada, crédito e benefícios fiscais, a agroindústria vive um novo ciclo de expansão. São bilhões de reais em investimentos, em empreendimentos que agregam valor à produção primária, geram emprego e renda e integram as diversas cadeias produtivas em sistemas de produção. É a diversificação, consolidada no campo, que amplia sua presença na indústria e chega ao consumidor. Um ambiente em que é interessante perceber como a produção de grãos está diretamente relacionada à pecuária, de corte ou de leite. Assim como ambos os segmentos, cada vez mais complementares, têm expressiva participação no Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária. É o mercado desses produtos e derivados, conectado não apenas ao consumo doméstico como também ao internacional, que incentiva, estimula e acaba sendo o grande responsável pelo relevante e crescente processo de agroindustrialização. Nas duas principais regiões agrícolas do Paraná, por exemplo, a riqueza do campo estabelece associação direta entre a alta produtividade da agricultura e a performance da pecuária. Com grãos, carne e leite, cinco municípios do Oeste e outros seis municípios nos Campos Gerais respondem juntos por quase R$ 10 bilhões do VBP, o equivalente a 14% do valor total apurado no estado, que em 2013 foi de R$ 69,1 bilhões. Na revista de hoje, que tem como motivação a Agroleite, a vitrine de tecnologia leiteira no Brasil, o Agronegócio Gazeta do Povo mostra um pouco dessa realidade e a sinergia que ela estabelece entre agronegócio, economia e desenvolvimento, urbano e rural.

Giovani Ferreira Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo giovanif@gazetadopovo.com.br

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AGRONegócio – especial Agroleite Agosto de 2014

[índice

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trigo sem moinHo

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plAntio soB pressão

Mais de 500 mil toneladas do cereal devem ir da lavoura direto para o armazém, num momento em que o país estimula a importação.

O recuo nos preços do milho tende a prevalecer durante a semeadura, influenciar os planos do verão e abrir espaço para a soja.

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roBÔs nA ordenHA

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cAmpeÕes no vBp

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pesQUisA AplicAdA

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escolA do plAntio direto

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negÓcio do sossego

Uma segunda fazenda do Paraná vai adotar o sistema automático de tirar leite. Rio Grande do Sul tem dois projetos.

Os municípios que arrecadam fatias maiores do Valor da Produção Agropecuária do estado formam dois corredores, um nos Campos Gerais e outro no Oeste-Sudoeste

Fundações mantidas por cooperativas testam tecnologias agrícolas e definem escolhas entre cooperados

Centro que vai pesquisar e difundir o Plantio Direto na Palha entra em fase de licitação

O turismo rural encontra novas formas de explorar seu principal apelo: a tranquilidade que não se encontra na cidade


Josué Teixeira/Gazeta do Povo

[destaques

18 a 21

Agroindústria ganha novo impulso

A onda de investimentos iniciada nos anos 1990 pelo agronegócio ganhou novo impulso. Setor faz frente no desenvolvimento do estado com projetos que somam R$ 10 bilhões

14 a 16

Agroleite encorpada Exposições nacionais das raças holandesa e jérsei qualificam exposição de Castro, que abre fóruns para a pecuária leiteira, a suinocultura e a agricultura

Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Divulgação/Agroleite

22 a 24 Genética em ascensão O mercado da genética cresce no Brasil. Ainda há espaço para regiões que são referência em produtividade

Expediente A revista Agronegócio é uma publicação da Editora Gazeta do Povo. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Edito­r Execu­tivo: Giovani Ferreira. Edição: José Rocher e Luana Gomes. Editor Execu­tivo de Imagem: Marcos Tavares. Edito­res de Arte: Alexandre L. De Mari, Carlos Bovo e Dino R. Pezzole. Projeto Gráfico: Dino R. Pezzole, Joana dos Anjos e Marcos Tavares. Diagramação: Alfredo Netto. Tratamento de Imagem: Edilson de Freitas. Fotos Capa: Josué Teixeira. Redação: (41) 3321-5050. Fax: (41) 3321-5472. Comercial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: agro@gazetadopovo.com.br Site: www.agrogp.com.br. Endereço: R. Pedro Ivo, 459. Curitiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente. Impressão e acabamento: Gráfica Serzegraf.

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Ruderson Ricardo/Gazeta do Povo

[Inverno produtivo

safra cheia, destino incerto Produção de trigo cresce, mas moinhos formam estoque com grão estrangeiro. Volume de cereal “sem mercado” deve passar de 500 mil toneladas

Lucas de Vitta, especiaL para a Gazeta do poVo :: Se o clima não atrapalhar e o Paraná confirmar o recorde de 4 milhões de toneladas de trigo projetadas pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), mais de 500 mil toneladas do cereal terão de ser armazenadas por falta de liquidez diante da indústria. A previsão é do próprio setor produtivo, que alerta o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a necessidade de intervenção por meio dos programas de garantia de preço mínimo. Com a retomada da produção no Paraná, o país deve colher uma safra recorde de 7,4 milhões de toneladas, a maior desde 1987, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A necessidade de recursos para operações de Aquisição do Governo Federal (AGF) ou leilões de escoamento é dada como certa, pelo risco de as cotações ficarem abaixo do preço mínimo (R$ 557,50 por tonelada ou R$ 33,45 por saca, trigo pão tipo 1). “Não queremos alarmar o produtor, mas se essa safra se confirmar, teremos um excedente de pelo menos 500 mil toneladas só no Paraná”, estima o gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.

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O cenário, já preocupante em caso de safra cheia, foi agravado depois que o governo resolveu isentar 1 milhão de toneladas do cereal de fora do Mercosul da cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%, em junho. “Por mais que não tenhamos autossuficiência de produção, essa oferta extra veio próxima da colheita. Falta planejamento de longo prazo do governo”, critica o economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Pedro Loyola. O comércio do trigo no país já está travado, conforme o setor produtivo. “Já vimos essa situação acontecer. Eles fazem estoques e acabam pressionando os preços para baixo”, afirma Loyola. Produtores do Rio Grande do Sul têm tido dificuldade de vender o restante da última safra (cerca de 600 mil toneladas). Para rebater a isenção da TEC, o governo gaúcho tenta baratear o escoamento com redução do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 8% para 2% até meados deste mês. O presidente da Coopavel, de Cascavel, Dilvo Grolli, também critica a isenção dada pelo governo. “Os moinhos vão escolher a melhor opção. Se o importado estiver mais barato, eles não vão comprar do [trigo] brasileiro”, aponta.

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Depois de dois invernos só no milho, os produtores Reinaldo e Rogério Bonotto (pai e filho, da esquerda para a direita) voltaram a dedicar 215 hectares à triticultura em Nova Cantu, mas têm renda incerta.

Indústria alega descompasso :: A indústria moageira tem capacidade instalada para absorver a maior parte da produção nacional. Só as fábricas paranaenses podem processar 2,54 milhões de toneladas do cereal anualmente. Somadas às indústrias de São Paulo e Rio Grande do Sul, o processamento em 12 meses chega a 6,19 milhões de toneladas, conforme levantamento de 2013 da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Porém, há um descompasso entre a necessidade de venda dos produtores e a velocidade de consumo da indústria. “Poderíamos usar todo esse trigo, mas ao longo de um ano. O problema é esse: a produção se concentra em apenas três meses”, alega o presidente da Abitrigo, Marcelo Vosnika. “Não temos como armazenar essa quantidade por muito tempo. Falta espaço e capital”, completa. (LV)


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Produtores Nicaretta e Nicoletti conferem lavoura de soja em Roraima. Oleaginosa segue mais rentável que o milho em todo o Brasil.

[Safra de verão

soja na esteira do milho Recuo no cultivo do cereal deve abrir caminho para a oleaginosa. Exportações, estoques mundiais, cotação do dólar e eleições influenciam no tamanho da safra 2014/15 José rocher :: Nos últimos anos, foi a empolga-

de toneladas de milho ao mês precisam ser exportadas até dezembro para que o país consiga embarcar 17 milhões de toneladas neste ano. Uma semana atrás, estava programado embarque de 1,8 milhão de toneladas, volume 60% menor que o da mesma época de 2013.

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Giovani Ferreira/Gazeta do Povo

2,3 milhões

ção com a soja que determinou a expansão da safra de verão. A oleaginosa tirou área de seu principal concorrente, o milho, e de praticamente todas as outras culturas da estação. Agora, é a decepção com o milho – ante a queda de 20% nas cotações internas durante a safra de inverno – que tende a abrir caminho para a oleaginosa. A soja mostra-se menos lucrativa mas, ainda assim, mais viável, apontam os analistas. O quadro depende do volume de milho que o Brasil vai exportar neste ano. Na avaliação dos técnicos que participam da Expedição Safra Gazeta do Povo, apesar de os embarques ainda estarem abaixo de 6 milhões de toneladas, o país tem condições de remeter ao exterior 17 milhões de toneladas. Mesmo assim, os estoques finais subiriam da casa de 8 milhões para a de 15 milhões de toneladas, ampliando a pressão sobre os preços. Somente uma elevação na cotação do dólar seria capaz de rebater esse efeito, o que é considerado improvável até as eleições, em outubro. “O quadro não deve se definir antes de o produtor decidir a área do milho e a da soja. Essa queda no preço vai inf luir no plantio, colocando o cereal novamente em desvantagem”, af irma o analista Robson Mafioletti, agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e consultor da

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Expedição Safra. O analista da Conab Eugênio Stefanelo, doutor em agronegócio que estudou os programas de garantia de preços mínimos, afirma que o governo terá de entrar com força no mercado para sustentar as cotações do milho. Ele considera que o cenário que predominou nas últimas duas safras – após a quebra climática histórica que esvaziou os estoques do cereal nos Estados Unidos e abriu caminho para o Brasil exportar mais – não se repetirá tão cedo. “Depois da seca, os Estados Unidos saíram de uma média de exportação acima de 40 milhões de toneladas de milho para 18 milhões de toneladas, mas agora estão voltando à normalidade”, pontua. “Seria ótimo se o Brasil conseguisse continuar exportando 20 milhões de toneladas por ano, mas por enquanto será necessário nos adequarmos a um embarque menor.” Além do clima, um fator que pode aliviar esse quadro é a redução das exportações da Ucrânia, terceiro fornecedor mundial. O 11.º levantamento da Conab sobre a safra 2013/14 sai sexta-feira (7). O documento deve confirmar safra de milho de 78 milhões de toneladas (inverno e verão) e terá de elevar os estoques de passagem (estimados em 12,5 milhões de toneladas) caso os técnicos reduzam as exportações (ainda em 21 milhões de toneladas). Colaborou Luana Gomes.


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[Vitrine da pecuária

Agroleite reúne “elite” nacional Exposições brasileiras das raças holandesa e jérsei integram a programação da feira da Castrolanda, que espera 80 mil visitantes em cinco dias de programação

:: Estabilidade e expansão gradual são as metas da 14ª Agroleite – que começa nesta segunda (4) e segue até sexta-feira (8), no Parque Dario Macedo, em Castro (Campos Gerais). A expectativa dos organizadores é atrair 80 mil visitantes, como em 2013, e movimentar R$ 52 milhões (com incremento de 5%). A feira está mais encorpada, com 170 expositores (18 a mais que no ano passado) e duas exposições nacionais, a da raça holandesa e a da jérsei, que prometem ampliar o interesse pelo evento. Não se trata simplesmente de elevar o número de animais em exposição, mas de qualidade. A previsão é que 600 bovinos de ponta façam parte das competições, julgamentos e leilões e representem a vanguarda da seleção genética do gado leiteiro do Brasil. Eles vão praticamente lotar o

Pavilhão Agroleite, que será inaugurado na manhã de abertura da feira e tem espaço para 700 animais – com área total de 7 mil metros quadrados. Enquanto palco das exposições nacionais jérsei e holandesa, a Agroleite tende a atrair público de outros estados e países, aponta o presidente da cooperativa Castrolanda, que realiza a feira, Frans Borg. “É uma feira exclusiva da cadeia do leite. Como a cadeia necessita de profissionalização e as novas tecnologias estão vindo numa velocidade bastante rápida, tanto os expositores como o produtor demonstram interesse maior anualmente.” A Castrolanda e as empresas parceiras que investem no evento estão aplicando R$ 15 milhões num projeto de estruturação da exposição a ser finalizado em 2018. Na fase atual, estão sendo gastos R$ 2 milhões por ano. A renda agropecuária tem sido

Atividades de campo, torneio leiteiro e leilões movimentam o evento.

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suficiente para estimular a produção e a participação no evento, argumenta Borg. Os preços do leite pagos ao produtor encontram-se praticamente no mesmo patamar de um ano atrás, em cerca de R$ 1 por litro no estado, sustentados pela queda na produção diante da falta de chuvas no Sudeste. O que mais preocupa o setor neste momento são as cotações dos grãos, em queda no mercado internacional. Por enquanto, avalia o executivo, a arrecadação tem sido satisfatória. A seu ver, a pressão sobre os preços do milho e da soja pode durar três anos. A meta é avançar em produtividade e identificar oportunidades de investimentos rentáveis, aconselha.

SERViço Mais detalhes da feira podem ser acessados no site oficial do evento: www.agroleitecastrolanda.com.br.

Divulgação

José rocher


Campeões da soja revelam segredos da produtividade

Discussões começam com panorama sobre a pecuária :: A primeira tarde da Agroleite foi reservada para a

:: O segundo dia da Agroleite envolve os temas relacionados à agricultura. Os resultados da competição nacional do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) – que premiou o produtor Alexandre Seitz e o consultor técnico José Carlos Sandrini Júnior, de Guarapuava, pela marca de 117 sacas de soja por hectare – abrem as discussões às 9 horas, sob comando do diretor do Cesb, Alexandre Abbud. Os segredos dos líderes em produtividade da Região Sul serão apresentados pelo gerente geral da Fundação ABC e membro do Cesb, Eltje Jan Loman Filho, às 9h30, com espaço para perguntas do público. Os campeões municipais serão premiados em seguida. Às 11 horas, André Pessoa, da Agroconsult, fala sobre cenários da soja e do milho.

pecuária leiteira. O programa de melhoramento genético adotado entre os fornecedores das indústrias de leite da região será abordado às 14h15, pelos gestores Junio Fabiano dos Santos e Michael Warkentin. Logo em seguida, às 14h30, o doutor em melhoramento genético Rodrigo Teixeira fala de produção, saúde animal e provas de touros. Genética das vacas, produção e saúde levam o superintendente da Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, Altair Valloto, à feira, às 15h45. O uso de teste genômico na seleção de animais encerra a programação, às 16 horas, com do doutor em melhoramento genético Victor Pedrosa.

Tardes de Campo vão mostrar desempenho de 35 cultivares

Suinocultura terá manhã de palestras sobre gestão e perdas :: Quinta-feira, dia 7, a suinocultura pauta uma manhã

:: Três tardes, de quarta (5) a sexta-feira (7), serão usa-

de palestras na Agroleite. Everson Gubert, empresário de gestão da informação para o setor, discorre sobre gestão da produção a partir das 9 horas. Em seguida, das 10h30 às 12 horas, o veterinário Stefan Alexander Rohr aponta como minimizar as perdas no frigorífico a partir do campo. A suinocultura se consolida na região como importante fonte de arrecadação. Um exemplo é a força do setor no município de Castro. Em 2013, a atividade rendeu R$ 109 milhões aos suinocultores, valor equivalente a 53% do valor bruto do leite, de acordo com dados consolidados do Departamento de Economia Rural (Deral).

das para demonstrações de campo ligadas à pecuária e à agricultura. O público da Agroleite poderá conferir em áreas demonstrativas localizadas no entorno da feira o desempenho de 35 cultivares (14 de azevém, nove de aveia branca e preta, três de centeio, duas de trigo, duas de triticale, além de cinco variedades de cevada, ervilha, trevo de Alexandria, festuca e chicória). As demonstrações incluem técnicas de confecção da silagem pré-secada e o trabalho de colhedoras de forragem, misturadoras de alimentos. Os técnicos vão detalhar também questões relacionadas à qualidade do alimento pré-secado.

Das 20 casas previstas para a Vila Holandesa anexa ao Parque Dario Macedo, 11 serão inauguradas nesta edição da Agroleite. Elas servirão de moradas fixas para expositores que decidiram fazer investimento de longo prazo no evento. Enquanto a Castrolanda inaugura o Pavilhão do Leite, seis casas situadas em volta de uma praça central serão ocupadas pelas empresas Nutron, Sicredi, CRV Lagoa, GEA, Biogenesis Bagó e ABS, que assinaram contrato para os próximos dez anos. Sobrados de 200 metros quadrados serão ocupados pela Prado, DeLaval, Hipra, Vallee e Bayer, dando contorno ao centro comercial. O Pavilhão do Leite e a Vila Holandesa compõem o complexo que será chamado de Cidade do Leite. As inaugurações devem ocorrer terça-feira, dia 5, à tarde.

Divulgação

Vila Holandesa ganha “moradores”

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[Entrevista

Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Visão aberta para crescer Os resultados da Agroleite dependem de como o público estimado em 80 mil pessoas aproveita o evento. O desafio é despertar os pecuaristas para o que realmente importa, afirma o presidente da cooperativa Castrolanda e anfitrião da feira, Frans Borg.

dessa distância entre as duas avaliações? Faltam recursos?

José Rocher A Agroleite reforçou o apelo à participação do público. Ainda há muitos produtores que não aproveitam a feira? O produtor lentamente está percebendo que, se ele não se profissionalizar, vai ficar de fora da atividade. Ele está percebendo que precisa se atualizar em tecnologia e evoluir na gestão do negócio. Isso faz com que cada vez mais produtores venham participar da feira.

Nos Campos Gerais, há pecuaristas investindo milhões em ordenha robotizada e produtores que evitam elevar custos. Qual a razão 16

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Existem vários fatores em questão. Um deles é a cultura do próprio produtor, a capacidade de ele enxergar a necessidade e o retorno de um novo investimento. Neste ponto é que reside normalmente o maior problema. Ele realmente pode enxergar que, com os investimentos em tecnologia e profissionalização, vai ter um retorno maior. As vezes, sim, as condições técnicas e financeiras são limitantes.

A margem reduzida tira o produtor da zona de conforto? Tem gente que espera até o último momento. Têm produtores que se antecipam e conseguem enxergar a necessidade de ter escala. O maior

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problema tem sido diluir os custos com mão de obra. Esse passo é decisivo para que uma leiteria familiar possa dar um passo adiante.

As principais cooperativas dos Campos Gerais estão faturando mais de R$ 1 bilhão por ano individualmente. Isso muda a estrutura de produção e a Agroleite? Castro é o maior produtor de leite do país. É quase uma obrigação que o município demonstre isso através de uma feira, e que essa feira seja ref lexo da cadeia do leite. A participação do pecuarista nessa alavancagem da produção tem sido decisiva. Ao mesmo tempo, isso faz com que ele tenha que se profissionalizar. Isso vira uma bola de neve. O crescimento da pecuária acaba dando a sustentabilidade para a indústria.

A região produz o suficiente para as indústrias instaladas? Hoje nós estamos fazendo intercooperação no ABC [entre as cooperativas Capal, de Arapoti, Batavo, de Carambeí, e Castrolanda, de Castro] e com as cooperativas Witmarsum [Palmeira], Bom Jesus [Lapa], Coamig e Agrária [ambas de Guarapuava] para somarmos 1,5 milhão de litros de leite por dia, a medida que a indústria precisa. Com o investimento industrial em São Paulo, temos condições de ampliar tranquilamente a produção. As indústrias aqui da região dos Campos Gerais estão praticamente tomadas.


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[Desenvolvimento

nova onda agroindus

Série de investimentos impulsiona a verticalização do agronegócio e reforça a economia do Paraná. Um terço dos novos projetos são ligados ao setor, em apostas que somam mais de R$ 10 bilhões

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Fotos: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

ustrial

A primeira onda de agroindustrialização ampliou o esmagamento de grãos, na década de 70. Nas duas décadas seguintes, o foco era agregar valor à produção das regiões mais distantes do Porto de Paranaguá. A terceira fase começou ainda nos anos 90 e vem tendo novo impulso nos últimos anos.” Flávio turra, coordenador técnico da Ocepar.

iGor castaNho :: O Paraná chegou a um estágio em que pratica-

imagem aérea mostra estruturação da atividade agroindustrial na região de ponta Grossa. Logística e aproveitamento das propriedades abrem espaço à verticalização.

mente todo o espaço disponível na zona rural é aproveitado para produção agropecuária, e segue ampliando o agronegócio com a expansão industrial. Nos últimos cinco anos, as agroindústrias somam investimentos de mais de R$ 10 bilhões em um leque diversificado de projetos, direta ou indiretamente ligados ao campo. A maior parte das indústrias em implantação no estado está sendo enquadrada no programa Paraná Competitivo, que concede benefícios fiscais no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Cerca de um terço dos protocolos para adesão ao programa tem relação com a cadeia agropecuária, apontam dados da Secretaria da Indústria, do Comércio e de Assuntos do Mercosul (Seim). Considerando apenas municípios que estão recebendo investimentos acima de R$ 50 milhões, há cerca de 30 projetos ligados ao campo. A onda de novos investimentos foi beneficiada pela maior disponibilidade de crédito, mas também é uma estratégia para ampliar a renda, explica o coordenador técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. “Há uma demanda crescente por alimentos processados em todo o mundo, fato que, aliado à abertura de novos mercados, viabiliza as indústrias”, diz. Para o diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Júlio Suzuki, os municípios do interior tendem a ser beneficiados nessa nova leva de investimentos. “Os espaços em grandes centros como Curitiba estão se esgotando, gerando um interesse maior por outras áreas”, pontua. Regiões como os Campos Gerais são protagonistas nessa nova onda de expansão. Em Ponta Grossa e Castro, os investimentos somam R$ 3 bilhões. Também está na região o maior projeto industrial em construção do estado, com custo estimado em R$ 6,8 bilhões: a nova fábrica da Klabin, do ramo de papel e celulose. A unidade está sendo instalada em Ortigueira e deverá ser concluída em 2016, criando mais de 1,4 mil empregos. Outro investimento de peso está sendo feito pela Ambev, numa fábrica de

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bebidas de R$ 580 milhões que promete elevar a demanda por cevada e trigo. Parte das indústrias já está em operação, como é o caso da biorrefinaria para processamento de milho da norte-americana Cargill. A estrutura foi inaugurada em fevereiro, em Castro, ao custo de R$ 500 milhões, e deve atrair outras quatro empresas para a região, demandando entre 400 mil e 500 mil toneladas do milho por ano. Outra unidade recém-inaugurada é fruto da parceria das cooperativas Capal, Batavo e Castrolanda. Ao custo de R$ 60 milhões, o trio construiu um moinho de trigo às margens da BR-376, em Ponta Grossa. A operação foi iniciada no começo de junho e a capacidade inicial de processamento é de 120 mil toneladas de trigo por ano. A meta, contudo, é dobrar esse volume, com um investimento complementar de R$ 25 milhões. O mesmo grupo também articula a construção de um frigorífico de suínos, com capacidade para abater 2,3 mil animais por dia, ao custo de R$ 100 milhões. Isso poucos anos depois da inaurugação das usinas de beneficiamento de leite da Castrolanda (R$ 95 milhões, 2008) e da Batavo (R$ 60 milhões, 2013), que elevaram o faturamento individual das cooperativas para além de R$ 1 bilhão. A Castrolanda investiu ainda R$ 15 milhões em uma planta de beneficiamento de feijão (2013). Turra, da Ocepar, lembra que essa

é a terceira onda de investimentos em agroindustrialização no Paraná. A primeira ocorreu nos anos 1970, quando o foco era apenas o esmagamento de grãos. Na segunda leva, nas décadas de 1980 e 1990, o foco era agregar valor à produção de regiões mais afastadas do Porto de Paranaguá. “Nessa época começou a indústria do frango, principalmente no Oeste do Paraná”, pontua. O terceiro ciclo começou ainda nos anos 1990, quando praticamente todas as áreas agrícolas do estado foram ocupadas, e ocorre até hoje, complementa.

Demanda reprimida Na avaliação dos especialistas, contudo, ainda há espaço para o Paraná crescer mais. “Tem muita matéria-prima de qualidade que ainda acaba sendo direcionada para outros polos industriais, como São Paulo, que também estão investindo”, aponta Suzuki, do Ipardes. Para o secretário estadual da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Horácio Monteschio, isso exige investimentos também dos municípios que almejam receber novas indústrias. “Há um descompasso entre o que é feito e o que pode ser melhorado. É preciso investir em infraestrutura e qualificação de mão de obra, além de ter disponibilidade de áreas que possam ser cedidas às novas indústrias”, afirma.

PASSOS MARCADOS A produção rural e a agroindústria determinam o rumo da economia do Paraná.

Anos 70 – A atividade rural transcende o ciclo do café com a expansão da produção de soja, milho, carne e leite. Abre-se o primeiro grande salto agroindustrial no processamento de grãos.

Anos 80 – Crescem setores como o sucroalcooleiro. A meta é processar a produção antes de levá-la a Paranaguá. Em paralelo, a atividade rural passa por transformação tecnológica e ganha produtividade.

Anos 90 – O crescimento das agroindústrias, puxado pelas cooperativas, amplia a geração de renda a partir das matériasprimas locais, abrindo o terceiro ciclo agroindustrial.

Novo milênio – Investimentos reforçam o impulso registrado nos anos 1990. Faturamento crescente realimenta essa tendência.

PARTICIPAÇÃO DE PESO Considerando apenas os investimentos acima de R$ 50 milhões no programa Paraná Competitivo, a agroindústria assume participação expressiva nos investimentos do estado: Município Ponta Grossa

Valor (R$ bilhões) 2,20

Indústrias 15

Castro

0,79

5

Piraí do Sul Ortigueira Jaguariaíva Arapoti Demais regiões

0,46 6,80 0,27 0,06 13,5

1 1 1 1 76

Indústrias ligadas ao agronegócio Empresas 3 Ambev (Cevada), TetraPak (Embalagem), Masisa (Madeira) 4 Cargill (Grãos), Cooperativas Batavo, Capal e Castrolanda (Grãos e Pecuária) 1 Iguaçu Celulose (Celulose) 1 Klabin (Papel e Celulose) 1 Arauco (Papel e Celulose) 1 Capal (Grãos e Pecuária) 17

Fonte: Secretaria da Indústria, do Comércio e de Assuntos do Mercosul (SEIM). Infografia: Gazeta do Povo.

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70% do tráfego comercial registrado na BR-376 (Rodovia do Café) e na PR-151 (Rodovia do Leite)estão relacionados ao agronegócio. A soja responde 18,3% das cargas do setor, enquanto os fertilizantes representam 16,7% e a madeira outros 9,2%.

Projetos geram salto nos empregos :: A implantação de novas indústrias promete fartura de empregos nos Campos Gerais do Paraná. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que, entre janeiro de 2012 e maio de 2014, a indústria de transformação ampliou em 6,25% o número de vagas, registrando desempenho superior à média estadual (5,93%). Atualmente são cerca de 40 mil postos de trabalho. Essa expansão está diretamente atrelada à construção de novas fábricas na região, sinaliza o economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher. No passado a região já colheu os frutos da expansão industrial. Dados relativos à região Centro-Oriental do Paraná – que abrange os Campos Gerais – mostram que entre 2001 e 2011 a contribuição da indústria ao Produto Interno Bruto (PIB) do bloco cresceu 140%, para R$ 3,6 bilhões. Em paralelo, a receita gerada pela atividade agropecuária saltou 239%, para R$ 1,9 bilhão, conforme a estatística mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A agroindústria foi importantíssima para o crescimento da região. E a expansão não deve parar por aí, já que os municípios estão se qualificando para receber novos investidores”, pontua o prefeito de Carambeí e presidente da Associação de Municípios dos Campos Gerais (AMCG), Osmar Blum. (IC)

Logística privilegiada impulsiona região :: Uma das regiões que mais sentem a terceira onda de agroindustrialização, os Campos Gerais têm a logística como principal aliada. Além de contarem com ferrovia e rodovias duplicadas, possuem a vantagem de estarem a 200 quilômetros do Porto de Paranaguá. Os próprios investimentos industriais inspiram um salto em infraestrutura, com benefício reverso para o agronegócio, avalia o setor. Concessionária responsável pelas principais rodovias da região (BR-376 e PR-151) a CCR Rodonorte calcula que 70% do tráfego comercial nas duas estradas está relacionado ao agronegócio. A soja detém a partici-

pação mais expressiva no total de cargas que circulam na região, com 18% do volume movimentado. O escoamento pelas duas vias começa a receber novo impulso já neste ano, com o início das obras de duplicação de aproximadamente 280 quilômetros nos trechos de Ponta Grossa a Apucarana e de Jaguariaíva a Piraí do Sul. As obras seguem até 2018, mas o setor já assimila um novo panorama. A PR-151 vem sendo chamada de Rodovia do Leite, como ocorreu com a BR-376, conhecida como Rodovia do Café desde meados do século passado. (IC)

Obras de duplicação na BR-376, próximas a Ponta Grossa. A Rodovia do Café é cada vez mais usada como corredor da soja e concorre com a PR-151, agora chamada de Rodovia do Leite.

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AGRONegócio – especial Agroleite 21


[Pecuária leiteira

Fotos: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

genética produtiva e promissora Animais de ponta custam mais desde a gestação, mas oferecerem renda maior na ordenha e também na geração de bezerras.

Corrida por produtividade impulsiona mercado responsável pela evolução de raças leiteiras, mas pecuária ainda importa três doses de sêmen do gado holandês para cada dose selecionada no país 22

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Lucas de Vitta, especiaL para a Gazeta do poVo :: A constante busca por produtividade na pecuária leiteira fomenta um mercado cada vez maior e ainda promissor: o de genética. Somente no ano passado, o comércio de doses de sêmen – que serve como termômetro do setor – cresceu 13,8% no Paraná e 9,5% em todo o Brasil na comparação com 2012, somando 761 mil e 5,36 milhões de doses, respectivamente. Os dados são da Associação Brasileira de Inseminação Artificial

AGRONegócio – especial Agroleite Agosto de 2014

(Asbia) e contemplam aproximadamente 90% das operações. E o país ainda importa muito material, o que indica que existe um vasto espaço para o desenvolvimento desse mercado, principalmente em regiões que são referência em produção de leite por animal. As importações de sêmen de touros holandeses – raça que predomina na pecuária leiteira – somaram 2,9 milhões de doses em 2013. E foram comercializadas apenas 200 mil doses de origem nacional, dois anos depois de o setor ter atingido o pico de 311 mil doses.


77% das importações de sêmen bovino correspondem a material da raça holandesa, selecionada há quatro séculos na Europa. Em outras raças, como gir e girolando, o Brasil é exportador.

Considerando todas as raças, as importações somaram 3,7 milhões de doses – 70% do total. O desempenho da produção de leite está diretamente ligado ao mercado genético. A média de 4.585 litros de leite por vaca ao ano atingida no CentroOriental do Paraná (região que abrange a bacia leiteria dos Campos Gerais) é a maior do Brasil, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As fazendas dessa região são grandes importadoras de sêmen de gado holandês, raça aperfeiçoada há quatro séculos na Europa. À medida que se tornam parte dessa rede de seleção genética, passam à condição de fornecedor. “Tem fazenda mineira, por exemplo, comprando lotes que vão de 200 a 500 embriões por vez. A evolução na produção e no comércio de genética nos Campos Gerais tem sido muito grande”, aponta o superintendente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), Altair Valloto.

Produção de leite assume escala industrial nas fazendas que investem alto no rebanho.

GENÉTICA LEITEIRA Mercado cresce, mas ainda depende de importações. Com rebanho de qualidade, Paraná pode aumentar volume de vendas

14,2% 13,9% 13,6% 2011

2012

2013

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NO BRASIL Em milhões de doses Leite Corte

9,6

13

11,9

12,3

4,8

4,8

7

7,4

7,6

2011

2012

2013

5,4

4,1

Embriões Um embrião é negociado, em média, por R$ 1 mil, mas quando trata-se de animais de genética superior e campeões de torneios leiteiros, o valor aumenta. “Ofereceram R$ 200 mil para o produtor dono da vencedora da Agroleite em 2013 e ele não quis vender. Por quê? Ele vende cada embrião de um animal desses por mais de R$ 15 mil”, revela Valloto. O veterinário da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Fábio Mezzadri avalia que parte do rebanho paranaense tem desempenho de primeiro mundo. “É por isso que os outros estados vêm pegar esse material genético aqui”, explica.

PARTICIPAÇÃO ESTADUAL NAS VENDAS

5,5

2010

COMÉRCIO DE SÊMENS Principais raças de leite em 2013 Raças

Holandês Gir Leiteiro Jersey Girolando

Nacional

Importação

Exportação

200.475 684.259 90.292 544.936

2.923.410 0 798.639 0

0 64.116 0 24.581

Fonte: Asbia . Infografia: Gazeta do Povo.

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Marcadores ajudam na escolha das melhores reprodutoras

Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

::Antes de investir em genética, o

Características de animais produtivos, visíveis no pasto, aparecem também no DNA.

Investimento impacta na produtividade :: Os investimentos genéticos dos pecuaristas paranaenses se transformaram em ganhos efetivos na produção de leite dos rebanhos. Enquanto a produtividade média anual por vaca do estado evoluiu 47% entre 2002 e 2012, o crescimento nacional registrado no período foi de 23%. Os dados foram compilados pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a partir de levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E mostram que cada vaca produz 1 mil litros a mais por ano do que a média nacional, num placar de 2.455 x 1.416 litros. Por causa da crescente evolução, a Seab estima um volume de 4,3 bilhões de litros produzidos no estado em 2014. “[O ganho] tem muita relação com a genética e com a alimentação superior. Há potencial para crescermos ainda mais, principalmente na região Sudoeste, que tem investido em melhor reprodução e suplementação dos rebanhos”, afirma o veterinário Fábio Mezzadri. Em regiões onde a tecnologia tem 24

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“O Brasil é um país que tem conhecimento, muita área e produtividade muito baixa. Temos condição de pelo menos duplicar a produção sem muito esforço, promovendo melhores acasalamentos e manejo.” Rui da Silva Verneque, pesquisador da Embrapa Gado de Leite.

sido empregada há mais tempo, os ganhos são de geração para geração, aponta o coordenador de Pecuária Leiteira da cooperativa Batavo, Eldo Lauro Berger. “Nossa produtividade passou de 5,5 mil para 7,5 mil litros [por animal ao ano] em função de novos sistemas de produção, além dos ganhos genéticos.” A produtividade nacional também tem potencial para crescer, conforme o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG), Rui da Silva Verneque. Segundo ele, os critérios de pesquisa do IBGE incluem qualquer animal que produza leite, inclusive raças de corte usadas pelos produtores ocasionalmente para a ordenha. (LV)

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produtor deve conhecer as características do rebanho para escolher quais animais são os mais aptos à reprodução. Foi esse o trabalho iniciado há dois anos pelo pecuarista Marcos Epp, na colônia de Witmarsum, em Palmeira, nos Campos Gerais. Epp tem usado marcadores genéticos para identificar vacas com melhor potencial produtivo e tornar mais efetivo o processo de multiplicação de matrizes em sua propriedade. Os marcadores são características que podem ser identificadas no DNA do animal e revelam se ele vai ser ou não bom de leite. A meta do pecuarista é passar de 500 para 700 animais em lactação neste ano. Até agora, a marcação genética foi feita com um terço do rebanho. “O trabalho ainda não está no fim, mas já estou observando os resultados. Nossa programação é ter um ganho de produtividade de 5 litros por dia por vaca”, observa. Para avaliar o potencial de uma bezerra, um pelo é retirado da cauda para a marcação genética. “Dessa forma, consigo escolher as melhores doadoras para a coleta de embriões”, diz Epp. Uma análise de genoma pode variar de R$ 136 a R$ 170, dependendo do número de animais. Priscila Barros, gerente de marketing da Zoetis, empresa que presta serviços ao pecuarista, explica que o produto Clarifide traz nove indicadores econômicos que facilitam a tomada de decisões do produtor. Os índices são quantificados em dólares e ajudam o pecuarista a avaliar a rentabilidade de cada animal. “Depois de 2 meses, podemos afirmar com 70% de certeza como vai ser a produtividade e a fertilidade de uma bezerra. A grande vantagem é a informação antecipada”, garante. (LV)


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AGRONegócio – especial Agroleite 25


Robôs vão assumir novas ordenhas

Fotos: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

[Automatização

Barracão em construção, máquinas e computadores vão custar R$ 5 milhões.

Dois anos após a estreia, em Castro, sistema que dispensa esforço humano na tarefa de tirar leite será adotado em fazendas do PR e RS Lucas de Vitta, especial para a Gazeta do Povo :: A ordenha robotizada avança lentamente no Brasil. Depois da “estreia” de seu sistema automatizado há dois anos, em Castro, a DeLaval conquistou três novos clientes – outro no Paraná e dois no Rio Grande do Sul. A segunda estrutura a inaugurar a tecnologia está sendo montada na Fazenda Engenho Velho, em Imbituva, e deve ficar pronta em outubro. O proprietário da fazenda, João Guilherme Brenner, investe R$ 5 milhões na aquisição de equipamentos para 200 animais da raça holandesa em lactação e na construção de novos barracões, adaptados à tecnologia. A decisão, segundo ele, deve-se à perspectiva de retorno do investimento e às melhores condições ambientais para trabalhadores e animais. “Com o sistema, a produtividade tende a crescer de 2 a 3 litros por vaca ao dia. A expectativa é reduzir os custos da fazenda em R$ 500 mil por ano, entre economia com mão de obra, medicamentos, profilaxia e melhorias na reprodução”, revela Brenner, que espera ter retorno do investimento em cinco anos. Os projetos gaúchos também estão em andamento, mas só devem entrar em operação em 2015. Cerca de 70 produtores dos vales do Rio Pardo e Taquari se uniram para investir mais de R$ 16 milhões na compra dos robôs. Outra fazenda, em Seberi, também aderiu ao VMS, sistema de ordenha automatizado. Para o gerente do produto da DeLaval, Sidnei Nakashima, o mercado dos robôs na produção leiteira vai crescer naturalmente, a partir do momento em que mais produtores conheçam a tecnologia. “O mercado ainda não amadureceu, mas está crescendo e não tem volta”, avalia.

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Troca de ordenhadeiras mecânicas por sistema robótico com sensores promete economia.

“Trabalhador prefere ser tratorista” :: A falta de mão de obra qualificada para lidar com as vacas leiteiras se agrava, conforme setor. Aumento de salário e benefícios como moradia na fazenda e participação nos lucros não impede o êxodo dos trabalhadores da pecuária. Os vencimentos para este segmento no campo chegam a dois salários mínimos nas regiões onde a produção requer maior qualificação – R$ 1.448 –, o dobro do oferecido antes do agravamento das dificuldades de contratação, aponta o presidente da Comissão de Bovinocultura de Leite da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ronei Volpi. “O trabalhador prefere ser tratorista, por exemplo, do que fazer a ordenha, um serviço bem mais penoso.” (LV)

Nova empresa entra no setor. Pecuarista quer assistência :: Depois da DeLaval, uma nova empresa busca abrir mercado para sistemas de ordenha robotizados. A alemã GEA tenta emplacar, durante a Agroleite, o sistema MIOne, ao mesmo tempo em que investe em treinamento de uma equipe de pós-venda. “Estamos na fase final da qualificação desses profissionais e só falta isso para liberarmos o produto no mercado”, pontua o gerente comercial da GEA, Pedro Hepp. O serviço era preocupação central para o empresário João Guilherme Brenner, da Fazenda Engenho Velho. “É muito importante ter essa assistência 24 horas”, indica. (LV)


[VBP agropecuário

Corredores de produção Municípios campeões em renda dão mais importância à carne e ao leite que outras regiões de economia rural José Rocher :: Os dados consolidados do Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária de 2013, que acabam se sair, revelam a formação de dois corredores altamente produtivos no Paraná: o que envolve Castro e Ponta Grossa e o outro liderado por Toledo e Cascavel. O que há de comum nessas duas regiões? A associação entre agricultura de alta produtividade e a pecuária, tanto no caso do Oeste-Sudoeste, quanto no caso dos Campos Gerais.

O corredor do Oeste-Sudoeste abrange Toledo, Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateaubriand e Dois Vizinhos. Cada um desses cinco municípios arrecada mais de 1% do VBP estadual, somando 7,5%, ou R$ 5,2 bilhões do total de R$ 69,1 bilhões. Nos Campos Gerais, a corrente tem seis elos e inclui municípios com VBP acima de R$ 500 milhões. É puxada por Castro e seguida por Tibagi, Guarapuava, Piraí do Sul, Palmeira e Ponta Grossa, que somam 6,5% do VBP estadual, ou R$ 4,5 bilhões.

A análise dos dados individuais mostra claramente a importância da pecuária, ligada à agroindústria. Castro arrecadou R$ 456 milhões com leite, frango e suínos e R$ 400 milhões com soja e milho. E Toledo, líder absoluto no VBP, com R$ 1,59 bilhão (2,3% do valor estadual), arrecada R$ 870 milhões com suíno, frango e leite e R$ 382 milhões com soja e milho. Essas regiões devem ser menos afetadas caso se confirme a redução do VBP da soja em 2014, estimada em 12% pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que divulga mensalmente projeções para o ano em curso. A cesta de produtos que o Mapa analisa é menor e indica que o VBP agropecuário do estado subiu 8,8% em 2013, para R$ 50,7 bilhões, e que, pela desvalorização dos grãos, tende a cair novamente para a casa de R$ 46 bilhões em 2014. O estado ainda tem condições de sustentar VBP próximo do registrado em 2013, avalia o diretor do Depar­ tamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Francisco Simioni. “A maior parte da produção do último verão foi vendida a preços bons”, considera.

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AGRONegócio – especial Agroleite 27


[Tecnologia

Fundações de pesquisa Experimentos e avaliações técnicas das cooperativas dos Campos Gerais orientam escolhas dos produtores e determinam resultados

Ponta Grossa

Maria Gizele da Silva, da sucursal :: Há tempo de plantar e de colher, mas antes de tudo: de pesquisar. É o que centros de pesquisa ligados a cooperativas paranaenses fazem. Os pesquisadores espalhados em laboratórios e campos de testes orientam os agrônomos, que fazem a ponte com os agricultores sobre quais os melhores insumos, as culturas mais propícias e as áreas mais adequadas para cada safra. O produtor que hoje é bombardeado por lançamentos da indústria de insumos agrícolas encontra nos centros de pesquisa uma orien-

ABC funciona como “filtro” tecnológico

Técnico confere área de teste da Agrária, que orienta cultivo de inverno.

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Divulgação/Agrária

:: A Fundação ABC, localizada em

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Castro, possui 11 laboratórios e 344,29 hectares de áreas de campos experimentais. Com um orçamento de R$ 23,9 milhões no ano passado, o centro desenvolveu pesquisas em 12 áreas, dando suporte, inclusive, a uma das maiores bacias leiteiras do país. “Hoje a Fundação ABC serve de filtro às tecnologias geradas na

tação profissional sobre que rumo tomar. Há 30 anos, a serem completados em outubro, era criada a Fundação ABC, que hoje atende 3.090 associados da Capal, Batavo e Castrolanda, na região dos imigrantes holandeses que se estabeleceram nos Campos Gerais do Paraná. Mais nova, com 20 anos, a Fundação de Pesquisa Agropecuária (Fapa), no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, na mesma região, norteia a produção dos descendentes de alemães e os demais cooperados da Agrária, um grupo de aproximadamente 500 agropecuaristas. O diretor-administrativo da Fapa, Leandro Bren, lembra que o

indústria. Como ela é ligada às cooperativas e não é privada, não tem um viés comercial, por isso, trabalha 100% em prol do agropecuarista”, comenta o cooperado da Castrolanda, Willem Bouwman. Ele procura a orientação dos pesquisadores antes de cultivar as culturas de milho, soja, feijão, trigo, aveia e batata na região dos Campos Gerais. A Capal, com sede em Arapoti, tem cooperados em cinco unidades espalhadas no Paraná e em São Paulo. Como são áreas diferentes em clima e solo, o papel da Fundação ABC é crucial para uma boa evolução das safras. “Nós usamos bastan-


na linha de frente

te a Fundação ABC frente às diferenças que existem entre os nossos cooperados, como altitude, solo e épocas de plantio. O que vai bem em Wenceslau Braz não vai bem em Arapoti, por exemplo”, completa o gerente-técnico da Capal, Femmo Geert Salomons. Embora as médias de produtividade ainda variem bastante nos Campos Gerais, os produtores orientados pela ABC alcançam marcas parecidas com as dos cooperados da Agrária, em Guara­ puava, com médias acima de 12 mil quilos e milho e de 4 mil quilos de soja por hectare todo verão. (MGS)

produção estudadas na Fapa e repassadas aos cooperados. O instituto tem oito áreas de pesquisas que incluem, por exemplo, fertilidade e fitopatologia, e 220 hectares de áreas de plantio para pesquisas. “O agrônomo informa ao produtor quais as melhores tecnologias para termos uma evolução nas culturas”, comenta. Em termos de qualidade de grãos e cereais, Bren acrescenta que a Fapa segue a legislação brasileira e a europeia, que é mais rígida. A Fapa tem ainda registro no Ministério da Agricultura para emitir laudos visando a certificação de produtos de terceiros. Os centros de pesquisa são custeados pelas próprias cooperativas e, por isso, a assessoria técnica e as pesquisas não são diretamente cobradas dos cooperados. O custo da Fapa é de R$ 6 milhões anuais. Parte dos recursos vem da venda de produtos e das feiras comerciais.

4 mil quilos de milho a mais por hectare (ou 33%) são alcançados em áreas de produtores orientados por fundações de pesquisa ligadas a cooperativas no Paraná. Na soja, a vantagem é de 450 quilos (15%) ante a média estadual, mostram dados compilados pela Agrária, que registra o desempenho de 100% da área cultivada pelos cooperados.

Divulgação/Fundação ABC

setor de pesquisa da Agrária nasceu com a fundação da cooperativa no Paraná, em 1951, porém a Fapa surgiu em 1994. O foco, segundo ele, é a melhoria de resultados aos produtores e às indústrias da cooperativa, como a maltaria e o moinho de trigo. No ano passado, a produtividade média dos cooperados da Agrária que plantaram milho de verão foi de 12 mil quilos por hectare, enquanto que a média paranaense foi de 8 mil kg/ha segundo indicador da Expedição Safra Gazeta do Povo. “Batemos recorde no milho”, sustenta Bren. Outro índice positivo veio da soja. Com as orientações da Fapa, os produtores colheram, em média, 3,5 mil quilos de soja por hectare, enquanto que a Expedição Safra identificou uma média paranaense de 3,05 mil kg/ha. Os resultados, de acordo com Bren, se devem às tecnologias de

Pesquisador avalia desempenho de cultivar de soja em canteiro da Fundação ABC, nos Campos Gerais.

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AGRONegócio – especial Agroleite 29




[Conhecimento

Plantio direto se aprende na escola Em licitação, Centro de Excelência vai funcionar como uma sala de aula do Plantio Direto na Palha (PDP), sistema adotado em 35 milhões de hectares no Brasil

Ponta Grossa Henry Milléo/Gazeta do Povo

Maria Gizele da Silva, da sucursal :: A região dos Campos Gerais foi a pioneira no plantio direto na palha há quatro décadas. Agora, inova com a criação do Centro de Excelência em Plantio Direto. Ele será construído na Fazenda Escola Capão da Onça, ligada à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Além de difundir as técnicas dessa modalidade, o Centro irá pesquisar as novas tecnologias ligadas ao plantio direto. O Centro nasceu de uma conversa entre o agricultor Manoel Henrique Pereira (Nonô Pereira) e o professor João Carlos de Moraes Sá, do curso de Agronomia da UEPG, ainda em 2010. Nonô se prontificou em doar o acervo do minimuseu do plantio direto, que existe num barracão de sua fazenda, em Palmeira, nos Campos Gerais, enquanto o professor se dispôs a levar a proposta para os coordenadores da UEPG. Foi montado um projeto e apresentado ao governo estadual. No início de maio, uma solenidade na UEPG marcou o repasse de R$ 2 milhões para a construção do Centro. Dois meses depois, os projetos eram finalizados para, enfim, dar entrada ao edital de licitação para a escolha da empreiteira que construirá o Centro. A previsão, conforme o pro-

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O produtor Manoel Henrique Pereira mantém acervo histórico em sua fazenda.

fessor Sá, é iniciar a obra ainda neste ano e inaugurar o espaço no primeiro semestre de 2015. O Centro de Excelência terá museu, que será formado principalmente pelas peças doadas por Nonô, anfiteatro para palestras, salas de treinamento e a própria área da Fazenda Escola para as aulas de campo. O local será destinado para os cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, além de cursos específicos para agricultores. O plantio direto na palha aproveita os restos da cultura anterior e provoca menos desgaste de solo, evitando erosão. A tecnologia foi criada no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, mas foram produtores dos Campos Gerais que tomaram a iniciativa de visitar os precursores e disseminar a técnica no Brasil. No início

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dos anos 70, o Brasil cultivava 180 hectares de área com plantio direto. Hoje estima-se que mais de 35 milhões de hectares (mais de 70% da área de grãos) adotam o sistema. O gerente técnico do Sistema Ocepar, Flávio Turra, estima que o uso do plantio direto no estado alcance 90% da área agrícola. Para isso, há pelo menos 2 mil profissionais ligados às cooperativas, entre técnicos e engenheiros agrônomos, que estimulam a adoção do sistema entre os cooperados, estima. Conforme Nonô, apesar de o plantio direto ser objeto de estudos há cerca de 40 anos, sempre há algo a mais para pesquisar. “Nos seres humanos, sempre se está descobrindo uma moléstia nova que precisa ser pesquisada. No solo também. Por isso, não há limites para a ciência”, completa.


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Fotos: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

[Agroturismo

Sossego e água fresca O empresário Carlos Tullio reforça café do campo.

Ambiente rural associado a belezas naturais embala crescimento do turismo nos Campos Gerais Ponta Grossa

Maria Gizele da Silva, da sucursal :: Quem pensa que o turismo dos Campos Gerais se resume ao Parque Estadual de Vila Velha ou ao Canyon Guartelá engana-se largamente. O turismo rural começou a despontar na última década e, embora não esteja consolidado, evolui enquanto negócio. A prova é a diversidade de opções de hotéis, pousadas e cafés coloniais para quem busca sossego, ar puro e água fresca no campo. Menos de um terço dos moradores da região vive na zona rural. E lá estão os sítios e fazendas de agropecuária que se tornam atração. Na estrada de acesso ao Buraco do Padre – montanha oca com uma cachoeira interna localizada em Itaiacoca, a 21 quilômetros de Ponta Grossa –, a fazenda Nova Holanda foi modificada para a abertura do KaffeeLoch (Café do Buraco). O café tem quatro anos. “Quando resolvemos abrir, inauguramos em apenas dois meses”, conta a sócia Drielly Patrícia Vriesman, que acelerou a com-

pra do mobiliário e a reforma da sede da fazenda. O sócio Carlos Luciano Tullio cita como apelo as mais de 50 variedades de bolos, biscoitos e tortas caseiras. Do lado de fora, o visitante tem área verde, parque infantil e acesso a animais como um jumento órfão que foi criado a mamadeira. “Ele pensa que é um cachorro e por isso é muito manso”, ri Drielly. Ainda no caminho do Buraco do Padre, o turista encontra o Porto Brazos, uma adega com vinhos à base de amora, espaço gourmet com geleias e queijos e um restaurante que abre aos domingos. O espaço foi inaugurado há sete anos por imigrantes belgas que trouxeram a amora – típica nos campos da Bélgica – para o Paraná. Para fazer o turista se sentir fazendeiro por um dia, o hotel Itáytyba, em Tibagi, oferece pacotes com cavalgada, ordenha manual e café tropeiro. O visitante também pode apreciar a paisagem fazendo caminhada e andando de bicicleta pelas trilhas. Um mirante permite a observação do Parque Estadual do Guartelá com o cânion do rio Iapó. O hotel tem 12 anos, mas foi nos últimos seis que viu a demanda aumentar com a pavimentação da Transbrasiliana – rodovia que passa em frente ao local. Segundo a assistente Silvana Ferreira, a maioria dos turistas é de famílias de Curitiba e Londrina.

Poder público tenta impulsionar turismo rural :: A participação do poder público no desenvolvimento do turismo rural é tão recente quanto o interesse da iniciativa privada. Um núcleo de apoio lançado ano passado pela prefeitura Ponta Grossa atende 15 empreendimentos. Criou-se o Caminhos de Itaiacoca, que leva os turistas de ônibus até o distrito com paradas programadas. A Agência de Desenvolvimento do Turismo dos Campos Gerais, ligada às prefeituras e à iniciativa privada, reconhece o potencial da região e está firmando um convênio com a Univer­si­ dade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para mapear o segmento. O trabalho vai iniciar neste semestre e servirá de subsídio para projetos na área. Há nove anos, a Cooperativa Para­ naense de Turismo (Cooptur) de Caram­ beí organiza rotas turísticas para os visitantes interessados em conhecer a região e o cooperativismo. São 14 municípios atendidos, que oferecem cerca de 50 produtos. A turismóloga da cooperativa, Debora Rickli, diz que os passeios mostram o agronegócio e a cultura da região. A união de forças tenta fazer o turismo rural engrenar. As queixas dos proprietários rurais são a dificuldade de encontrar mão de obra. “Muitos querem descansar aos finais de semana e no turismo você tem que trabalhar”, lembra o empresário de Itaiacoca, Carlos Luciano Tullio. Serviço O Kaffee-Loch fica na PR-513, em Itaiacoca (Ponta

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Jumento órfão criado a mamadeira atrai turistas a Itaiacoca.

Grossa), no acesso ao Buraco do Padre e funciona aos fins de semana e feriados. A Adega Porto Brazos, na mesma região, abre todos os dias. O Hotel Itáytyba tem serviços diários para turistas e fica na Rodovia Transbrasiliana, km 184 (Tibagi).


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