w w w. r e v i s t a p o r t . c o m
2015 . Nº 14 . DEZEMBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 3,50€
As celebrações de quem vive no estrangeiro
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PRESENTES
SOBREMESAS DE NATAL
PASSAGEM DE ANO
Ofertas made in Portugal para toda a família
Sete receitas para uma consoada doce
Mundo de olhos postos na Madeira
V i s i t e o s i t e w w w. r e v i s t a p o r t . c o m e f i q u e m a i s p e r t o d e P o r t u g a l
SUMÁRIO 26 História do bolo-rei
4 EDITORIAL COMUNIDADES 5. Breves 14. ACM viaja até aos portugueses pela Europa
DESTAQUE
NATAL PORTUGUÊS 20. O Natal dos portugueses no estrangeiro 24. Presentes que falam português 26. Bolo-rei, o imigrante que conquistou os portugueses 28. Receitas doces para um Natal à portuguesa
32 GASTRONOMIA Um ano em cheio para Vítor Sobral no Brasil
TURISMO 35. Madeira volta a ter o início de ano mais iluminado 38. Parques de Sintra nunca foram tão visitados
40 CULTURA Turismo em Sintra está em alta P38
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Roadshow vai visitar emigrantes portugueses
Ana Sofia Silva restaura instrumentos antigos num dos museus mais importantes dos EUA
NEGÓCIOS 42. Sol produziu mais energia que o vento pela primeira vez em Portugal 44. Cristiano Ronaldo, novo embaixador das marcas da Altice
46 DESPORTO Os portugueses que emergem na Liga NOS
50 DISCURSO DIRETO A experiência única de viver no Dubai
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Receitas de doces de Natal P28
EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES
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Edição Mensal - Dezembro 2015 www.revistaport.com Nº de registo na ERC: 126526
ortugal nunca esquecerá os infames acontecimentos de 13 de novembro de 2015. Quando ao início da noite começaram a surgir as primeiras notícias sobre os atentados em Paris, os corações de milhares de portugueses sobressaltaram-se por todo o mundo.
Rua João de Ruão, nº 12 – 8º 3000-299 Coimbra (Portugal) Tel: (+351) 239 820 688 geral@revistaport.com www.revistaport.com ESTATUTO EDITORIAL www.revistaport.com/estatuto-editorial DIREÇÃO Abílio Bebiano direcao@revistaport.com
LUÍS CARLOS SOARES
Pela segunda vez no mesmo ano, a capital Coordenador Editorial francesa era invadida pelo ódio e pelo medo. Desta vez, identificar as vítimas era uma tarefa muito mais difícil, dado que os lugares atacados são de acesso público, como um estádio de futebol, uma sala de concertos ou a esplanada de um café. Não se saberia quem poderia estar lá, mas provavelmente estariam portugueses, não fosse Paris a segunda cidade no mundo com maior número de cidadãos com origem em Portugal. Os milhares de corações sobressaltados deram assim origem a telefonemas para os entes queridos a viver na capital francesa. Lamentavelmente, as tentativas de contacto a três portugueses (e outras 126 vítimas) não obtiveram resposta. Mesmo assim, foram muito mais os telefonemas que resultaram em palavras de consolo e afeto entre pessoas que preferem o bem ao mal. Muitos desses portugueses, que passam o ano separados geograficamente, reencontram-se agora no Natal, o tema principal desta edição. Volvido um mês desde os trágicos acontecimentos, o amor continua a mostrar que prevalece ao ódio, a paz ao terror, a solidariedade à intolerância. Boas festas e um ano 2016 cheio de paz e felicidade a todos os leitores da Revista PORT.COM
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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES
COORDENAÇÃO EDITORIAL Luís Carlos Soares (CP-9959) luis.soares@revistaport.com REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira, Filipa Marques Colaboradores: Hugo Daniel Costa PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos marcia.oliveira@revistaport.com DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA www.bdmp.pt ASSINATURAS assinaturas@revistaport.com PUBLICIDADE AJBB Network Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal) (+351) 967 583 072 publicidade@ajbbnetwork.com EDIÇÃO PAPEL: Novembro 2015 Tiragem: 70.000 Exemplares Impressão: Lisgráfica Depósito Legal: 376930/14 Distrib. nacional e internacional: CTT EDITOR E PROPRIETÁRIO
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OMUNIDADES
20% DOS PORTUGUESES VIVEM NO ESTRANGEIRO
Portugal é o país da União Europeia com mais emigrantes, o 12.º à escala mundial. Entre 110 mil e 135 mil partiram só no ano passado, números comparáveis aos da década de 70.
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e acordo com o mais recente relatório do Observatório da Emigração (OE), Portugal é o país da União Europeia com mais emigrantes, em proporção com o número de residentes. A nível mundial, ocupa a 12.ª posição, numa lista liderada pela Palestina, Albânia e Porto Rico. No total, cerca de 2,3 milhões de portugueses vivem atualmente no estrangeiro, o que equivale a um quinto da população (20%).
Reino Unido, o principal destino
A emigração disparou 50% entre 2010 e 2013, segundo o mesmo relatório. Com base nos registos de Segurança Social dos países de destino, o Observatório calcula que no ano passado tenham emigrado 110 mil portugueses. O Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta, a partir de um inquérito, para um número ainda mais elevado, cerca de 135 mil.
O Reino Unido é hoje o destino para onde emigram mais portugueses: 61 mil só nos últimos dois anos. O fluxo é sobretudo composto por jovens adultos um terço tem entre 25 e 34 anos e muitos são qualificados, como os enfermeiros, que têm partido em larga escala. Só em 2013, perto de 1 200 enfermeiros portugueses começaram a trabalhar em Inglaterra, o que equivale a cerca de 30% de todos os profissionais de enfermagem que nesse ano se formaram em Portugal.
Seja como for, é preciso recuar até à década de 70 do século passado para encontrar valores comparáveis aos agora registados. Tal como aconteceu nessa altura, a atual vaga de emigração é sobretudo para a Europa.
Entre os principais destinos, seguemse a Suíça e França. Os países escandinavos também merecem destaque, com um aumento constante da emigração, sobretudo qualificada, nos anos mais recentes. Em termos relativos, a Noruega
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é mesmo o país onde mais tem crescido a emigração portuguesa. Fora da Europa, os países eleitos são Angola, Moçambique e Brasil. França, a maior comunidade Em números acumulados, França continua a ser o país do mundo com a maior comunidade portuguesa, composta por quase 600 mil pessoas. Em segundo lugar surge a Suíça, com 210 mil, seguida dos EUA (177 mil) e do Canadá (140 mil). Apesar de ter subido muito o número de licenciados a deixar o país, entre os que vivem lá fora ainda predominam os indivíduos com baixas e muito baixas qualificações. Independentemente de terem ou não um canudo, a grande maioria não deverá regressar.
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COMUNIDADES
EMIGRANTES GANHAM O TRIPLO DO QUE RECEBIAM EM PORTUGAL
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uando fizeram as malas para tentar uma nova vida lá fora, em Portugal tinham um salário médio de mil euros por mês. No novo destino, em termos médios, estão agora a receber cerca de três vezes mais. E, apesar de em alguns casos, o custo de vida ser mais elevado na nova residência, a decisão de emigrar compensou para muitos portugueses.
Estas conclusões fazem parte do estudo “Regresso ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portuguesa”, desenvolvido por uma equipa da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e ISCTE. Questionários a seis mil emigrantes comprovam que, quatro em cada dez casos, foram os baixos salários pagos em Portugal e o desemprego que motivaram as saídas do país.
A Noruega e a Suíça são os países em que se pagam melhores salários aos portugueses (acima dos quatro mil euros, em média). França, Luxemburgo e Espanha são os países onde os ordenados são menos aliciantes. Ainda assim, são superiores aos pagos no mercado de trabalho português. Também é curioso verificar que os países lusófonos são o destino dos emigrantes que mais recebiam em Portugal. O salário médio dos portugueses que emigraram para estes países andava em torno de 1 500 euros e, com exceção de Angola, o excedente que foram ganhar para o país de acolhimento é dos mais pequenos. A atratividade desses destinos pode ser justificada pelo custo de vida mais baixo do que em Portugal.
Espanha recebe os mais qualificados O país vizinho de Portugal destaca-se entre os países mais procurados pelos portugueses com mais do que o ensino secundário no seu currículo académico. No total da amostra recolhida pelo estudo “Regresso ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portuguesa”, cerca de 86% dos portugueses a residir no país vizinho
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têm formação no ensino superior. Entre os países que registam um maior número de emigrantes com elevados níveis de qualificação académica estão também os Estados Unidos, a Irlanda, a Noruega, o Brasil e o Reino Unido. França e Luxemburgo são os destinos que registam números mais baixos no que toca a este índice.
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França é o país onde a diferença salarial menos compensa De acordo com o estudo “Regresso ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portuguesa”, o país europeu onde a diferença salarial entre Portugal e o país de destino é menos significativa, tendo em conta a média do salário mensal bruto, é a França. Os que partiram para o país gaulês recebiam, em média, 661,19€ de salário bruto em Portugal, e passaram a auferir 1946,7€. Em sentido oposto, a Noruega é o país onde a diferença salarial mais compensa, com um salário bruto de 4696,76€, bem mais do que os 1089,24€ que recebiam, em média, em Portugal.
Portugueses no Luxemburgo são os menos satisfeitos O estudo desenvolvido por uma equipa da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e ISCTE, com base em seis mil questionários efetuados, também concluiu que o Luxemburgo é o país que conquista os menores níveis de satisfação pessoal entre os emigrantes portugueses. Numa escala de zero a cinco, os portugueses no Luxemburgo questionados mostram um grau de satisfação de 3,53, abaixo dos 3,73 dos compatriotas a residir em França. Os que se mostram mais satisfeitos são os portugueses na Noruega, com uma média de 4,43.
AUMENTO DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA QUALIFICADA ANALISADO EM LIVRO
Seis em cada dez novos emigrantes têm entre 20 e 39 anos
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perfil do emigrante português dos últimos três anos mostra que ele é relativamente jovem e em idade de trabalhar. Entre 2011 e 2014 saíram do país 114 mil emigrantes permanentes entre os 20 e os 39 anos, 57% de um total próximo dos 200 mil, de acordo com dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo os dados alusivos exclusivamente a 2014, os emigrantes portugueses que saíram do país com o objetivo de ficarem fora pelo menos um ano fixou-se em 49,5 mil, dos quais 65% são homens e 35% são mulheres. Dois terços tiveram como destino países da União Europeia e 93% eram pessoas em idade ativa, ou seja, entre os 15 e os 64 anos.
Desses 49,5 mil emigrantes permanentes, 27,7 mil tinha entre 20 e 39 anos e mais de um terço tinha entre 20 e 29 anos. Entre os emigrantes temporários que saem com o objetivo de ficar lá fora três meses a um ano -, as contas não são muito diferentes. Em 2014, eram 85 mil, muitos mais do que os emigrantes permanentes. Enquanto o número de emigrantes permanentes caiu 8% face a 2013, o número de emigrantes temporários aumentou 14%. Desses 85 mil emigrantes temporários, 72% são homens, 64% emigraram para países da UE e 62% estavam entre os 20 e os 39 anos de idade. Se também estendermos este exercício a entre 2011 e 2014, o total de temporários é de 286 mil, 54% dos quais (154 mil) está entre os 20 e os 39 anos.
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O professor catedrático Rui Machado Gomes dirigiu um estudo, elaborado por 12 investigadores, sobre emigração portuguesa qualificada, com base numa amostra composta por 1 011 licenciados, mestres e doutores. Os primeiros resultados desta investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), foram agora publicados num livro chamado “Fuga de Cérebros”. Nesta obra pode ler-se que mais de 50% dos inquiridos sentiram-se motivados a partir porque estavam desempregados ou recebiam remunerações abaixo dos 1000€. Entre os portugueses com formação superior que mais emigraram destacam-se os de áreas como as ciências, matemática, engenharia e até informática, com o Reino Unido e a Alemanha como os destinos mais procurados. Pouco mais de 68% dos inquiridos dizem que não têm intenções de regressar a Portugal durante a vida ativa. Está prevista a publicação de um segundo livro com mais conclusões deste estudo.
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COMUNIDADES
Portugueses em Pequim criam associação Promover o convívio e contribuir para a integração dos recém-chegados são alguns dos objetivos do Clube Português de Pequim. A ideia surgiu numa rede social e um magusto foi a ocasião escolhida para o lançamento.
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Clube Português de Pequim (CPP), a primeira associação lusitana fundada na capital chinesa, foi oficialmente lançado a 14 de novembro, por um grupo de jovens portugueses. O embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira, marcou presença e tornou-se no primeiro membro honorário e um dos cinco signatários da ata inaugural. “O objetivo fundamental é promover o convívio entre os que estão cá e ajudar e apoiar a comunidade”, disse à Lusa a fundadora do grupo e agora presidente da direção do CPP, Inês Cunha da Silva, uma madeirense de 27 anos radicada em Pequim desde 2010. “Dar as boas vindas às pessoas novas e acompanhá-las, também será o nosso papel”, assim como oferecer “uma base de apoio para as empresas portuguesas interessadas em vir para a China”, acrescentou Inês. “Quaisquer dificuldades ou problemas nos serviços que nós prestamos à comunidade portuguesa serão agora
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Lusodescendente nos EUA chega a autarca aos 23 anos Jorge Torres-Pereira
mais fáceis de detetar e perceber como podemos melhorar”, enalteceu o embaixador Jorge Torres-Pereira. A iniciativa de criar o CPP nasceu na rede social WeChat, o equivalente chinês ao Whatsapp, onde havia sido lançado um grupo onde portugueses a residir em Pequim conversavam e combinavam atividades conjuntas. O primeiro encontro teve lugar em 2014, um jantar comemorativo do 40.º aniversário do 25 de abril. O CPP é assim a segunda associação cultural e recreativa portuguesa criada na China continental, depois de em meados deste ano ter sido fundado o Clube Português de Xangai. Em Macau e Hong Kong, as duas regiões administrativas especiais do país, existem ainda a casa de Portugal em Macau e o Clube Lusitano. Estima-se que número de portugueses residentes em Pequim ronde os 150, na sua maioria jovens trabalhadores. Quase meia centena participou no magusto que oficializou o CCP.
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De origem cabo-verdiana pelo lado do pai e açoriana pelo lado da mãe, Jasiel Correia foi eleito, no início de outubro, mayor de Fall River. Com apenas 23 anos, é o autarca mais jovem da história da cidade no estado de Massachusetts e certamente um dos mais novos de todos os Estados Unidos da América. Os eleitores elegeramno com 52 por cento dos votos. Segundo os últimos censos, 49 por cento da população de Fall River são portugueses ou luso-americanos, sendo que a grande maioria é oriunda dos Açores. No centro da cidade existe mesmo uma réplica das Portas da Cidade de Ponta Delgada. O agora autarca é fundador e diretor executivo da SnoOwl, uma aplicação para telemóveis que reúne ‘posts’ das redes sociais sobre empresas.
Américo Pereira (3.º a contar da esq.) representou a entidade transmontana que ofereceu uma tonelada de castanhas
No Luxemburgo, atirar beatas para o chão vai dar multa
São Martinho voltou a reunir portugueses em Paris
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elo sexto ano consecutivo, a associação Cap Magellan reuniu centenas de portugueses num magusto de São Martinho, em Paris. A celebração teve lugar a 11 de novembro, no estádio Elisabeth – Porta de Orleães, onde foi distribuída uma tonelada de castanhas, oferecidas pela Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM). Para além de saborearem as castanhas assadas, o “ouro transmontano” (tal como foi escrito na edição de novembro da Revista PORT.COM), os presentes fizeram a festa ao som dos Gaiteiros de Paris, do grupo de bombos Marotos-Minhotos de Gonesse e dos Cabeçudos da associação Portugal du Nord au Sud de Saint-Brice-sous-Forêt. O magusto voltou a contar com a presença de Américo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Vinhais e da CIM-TTM, que engloba os concelhos portugueses
de Alfandega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vinhais e Vimioso. Neuilly-sur-Seine festejou com castanhas de Chaves A típica generosidade transmontana também esteve evidente num outro magusto parisiense. Neuilly-sur-Seine também assinalou o dia de São Martinho na tarde de 11 de novembro, com a distribuição de castanhas oferecidas pela Câmara Municipal de Chaves, uma tradição que se mantém há alguns anos. O evento teve lugar na Esplanade du Souvenir Français, na avenida Charles de Gaulle. Entre as dezenas portugueses presentes esteve o cônsul-geral de Portugal em Paris, Paulo Neves Pocinho. A animação musical ficou a cargo do grupo de concertinas da Association Convergence de Montreuil.
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Os fumadores que deitarem beatas para o chão dentro das fronteiras luxemburguesas vão ter de pagar uma multa de 49 euros, ao abrigo de um projeto de regulamento do Governo local. A sanção aplica-se tanto na via pública como na natureza. O Grão-Ducado não é o primeiro território a aplicar coimas aos fumadores que lançam a ponta do cigarro na via pública. Em outubro deste ano, Paris reforçou mesmo a multa para os fumadores, de 35 para 68 euros.
Em Wrexham fala-se mais português do que galês O inglês é o idioma oficial de todos os países do Reino Unido. País de Gales não é exceção, embora detenha uma língua local, o galês. Mas há cidades em que outros idiomas são mais falados, devido às comunidades estrangeiras. Exemplo disso verifica-se em Wrexham (a 9.ª maior cidade do país, a poucos quilómetros da Inglaterra), onde o polaco e o português são mais falados do que o galês. Esta curiosidade foi tornada pública por um governante local durante um debate recente sobre políticas de promoção da língua galesa.
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COMUNIDADES
Portuguesa abriu porta a jovens em pânico
TRÊS PORTUGUESES MORTOS NOS ATENTADOS DE PARIS Da lista de 129 vítimas mortais fazem parte um emigrante alentejano, que se encontrava perto do Stade de France, e duas lusodescendentes, que não conseguiram escapar da barbárie no Bataclan. Manuel Cola Dias, 63 anos, alentejano de Corte do Pinto (Mértola), a residir em Reims há 40 anos. Précilia Correia, 35 anos, filha de pai português e mãe francesa. Christine Gonçalves, 50 anos, filha de pais portugueses. Estes são os nomes dos três portugueses entre as 129 vítimas mortais dos atentados de Paris, a 13 de novembro. O primeiro, motorista de profissão, faleceu nas imediações do Stade de France, onde esperava pelo regresso dos três passageiros que havia transportado até Paris para assistirem ao jogo de futebol entre as seleções de França e da Alemanha. Tinha sido destacado à última da hora para substituir um colega nesse serviço. Das quatro pessoas que perderam a vida nos arredores do estádio, é o único que não o fez volunta-
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riamente, dado que as três outras eram terroristas que se fizeram explodir. As duas lusodescendentes estavam no Bataclan a assistir ao concerto da banda americana Eagles of Death Metal, onde os terroristas irromperam aos tiros e mataram 89 pessoas. Précilia Correia, funcionária da FNAC e residente no bairro da sala de espetáculos, estava acompanhada pelo namorado francês, também assassinado. Christine Gonçalves assistia a mais um concerto relacionado com a sua atividade profissional, dado que trabalhava na editora de música Mercury. A Revista PORT.COM lamenta profundamente o falecimento destas e de todas as outras vítimas dos infames atentados em Paris.
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Margarida de Santos Sousa, porteira a poucos metros do Bataclan, abriu as portas do prédio a cerca de 40 pessoas que fugiram em pânico da sala de concertos, tendo socorrido cinco que estavam feridas, uma das quais em estado grave, alvejada com duas balas. A portuguesa natural de Penafiel, a residir em Paris há 36 anos, confessou à Lusa que se chegou a questionar se haveria terroristas entre as pessoas a quem abriu a porta, mas que “quando se vê as pessoas encharcadas em sangue, não se tem tempo para saber se há alguém com maldade”.
José Cesário homenageou vítimas O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, deslocou-se a Paris para “prestar uma pequena homenagem a todos os mortos, principalmente os portugueses”, depositando um ramo de flores junto ao Bataclan. Acompanhado pelo embaixador português em Paris, José Filipe Moraes Cabral, e pelo cônsulgeral, Paulo Neves Pocinho, o governante contou à Lusa que “dezenas de pessoas contactaram o consulado-geral em Paris e o gabinete de emergência consular, em Lisboa, a pedir informações”, maioritariamente sobre o paradeiro de familiares. Cesário teve ainda oportunidade para agradecer a Margarida de Santos Sousa (na imagem) a coragem demonstrada.
Comunidade portuguesa incentivada a não reagir com intolerância
Torre de Belém e Rivoli iluminados com as cores francesas O monumento lisboeta e o teatro portuense iluminaram-se com o azul, o branco e o vermelho da bandeira francesa, numa homenagem das autarquias das duas maiores cidades portuguesas às vítimas dos atentados em Paris. As luzes da Torre de Belém foram acesas pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e pelo embaixador de França em Portugal, Jean-François Blarel.
Iniciativas semelhantes tiveram lugar em locais emblemáticos de alguns dos países com as maiores comunidades portuguesas, como Reino Unido (Estádio de Wembley, em Londres), Estados Unidos (One World Trade Center, em Nova Iorque), Canadá (CN Tower, em Toronto), Brasil (Cristo Redentor, no Rio de Janeiro) e Austrália (Ópera de Sydney).
Mãe de terrorista do Bataclan é de Póvoa de Lanhoso Lúcia Moreira nasceu há 54 anos na vila minhota, onde nunca levou o filho o Ismael Omar Mostefai. Nenhum dos dois tem passaporte português. A mãe de Ismael Omar Mostefai, um dos terroristas que participaram no assassínio de 89 pessoas no Bataclan, nos atentados de 13 de novembro, nasceu há 54 anos em Póvoa de Lanhoso, de onde partiu em criança. Lúcia Moreira e um imigrante argelino em França tiveram cinco filhos. O terrorista
era o terceiro mais velho, com 29 anos quando se fez explodir. Convertida ao Islão, Lúcia Moreira não detém passaporte português, mas apenas francês, tal como o filho. Mostefai viveu com os pais perto de Chartres, uma cidade a cerca de 100km a sudoeste de Paris. A aproximação ao autoproclamado Estado Islâmico terá começado em 2010.
O candidato do Partido Comunista Português (PCP) à Presidência da República Portuguesa, Edgar Silva, esteve em Paris no fim de semana após os atentados, onde pediu à comunidade portuguesa para não reagir "com intolerância aos bárbaros acontecimentos". Depois de se ter encontrado com a comunidade portuguesa em Nanterre (arredores de Paris), o candidato a Belém deslocou-se às imediações do Bataclan: "Se sabemos que há muita indignação, para além da consternação, importa também dizer que à gramática das bombas, esta linguagem do terrorismo, não se pode responder com a gramática da violência”, considerou.
França em estado de emergência até 25 de fevereiro Na sequência dos atentados terroristas, o parlamento francês aprovou o estado de emergência até 25 de fevereiro, o que alarga a margem de manobra das forças de segurança em questão de detenções domiciliárias, em matéria de buscas e o prolongamento da detenção preventiva relacionada com ameaças de terrorismo.
Ismael Mostefai
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O PI N IÃO
O FUTURO DA FRANÇA PERTENCE A CADA UM DE NÓS Emmanuel Machado nasceu há 33 anos em Paris, onde continua a viver. As suas raízes são provenientes de Serapicos e Argeriz, aldeias transmontanas a poucos quilómetros de Valpaços.
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enho duas culturas, duas nacionalidades: O meu coração é português, a minha vida foi construída em Paris, em França. França, país da Liberdade, dos Direitos do Homem e com grande diversidade (religiosa, étnica e política) foi atingida no dia 13 de novembro naquilo que tem de mais importante: A Liberdade. A Liberdade de se divertir à volta de um copo, de assistir a um jogo de futebol ou a um concerto de rock. Nos dias que seguiram os atentados tive muito medo e vieram-me à cabeça muitas perguntas: “Será que vamos ter que fugir daqui? “, “Será que vamos poder sair à rua sem medo?”, “Será que a extrema-direita vai chegar ao poder?”, “Será que vamos ter de ir viver para Portugal?”. Mas a esperança de voltar a viver normalmente em Paris regressou, porque acredito na força da população deste país. Depois desses primeiros dias só me faltava uma pergunta sem verdadeira resposta: Em que é que a sociedade francesa falhou para que certos filhos de uma dupla cultura franco-estrangeira, nascidos em
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“NOS DIAS QUE SEGUIRAM OS ATENTADOS TIVE MUITO MEDO E VIERAMME À CABEÇA MUITAS PERGUNTAS: “SERÁ QUE VAMOS TER QUE FUGIR DAQUI? “, “SERÁ QUE VAMOS PODER SAIR À RUA SEM MEDO?”, “SERÁ QUE VAMOS TER DE IR VIVER PARA PORTUGAL?””
França, odeiem o pais onde nasceram ao ponto de atacá-lo? Certas populações em França vivem em grande parte reunidas em bairros sociais e são vítimas de discriminações na escola, para arranjar empregos com qualificação e até para arranjar alojamento. Por outra parte, as autoridades não dão condições de educação muito melhores às escolas desses bairros que às outras, o que considero que deveria acontecer, para que os alunos possam alcançar resultados
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equivalentes aos de zonas mais beneficiadas. E as mesmas autoridades perderam completamente o controlo sobre tráfico de drogas e de armas em certos bairros sociais. Tudo isto é um círculo vicioso do qual é difícil sair sem verdadeira mudança nas mentalidades da população. É evidente que a sociedade não é culpada destas atitudes bárbaras e completamente loucas, mas acho que podemos fazer mais para evitar ao máximo que isto dure durante anos. Não podemos esquecer que o nosso único adversário é aquele que ataca aquilo que temos em comum: A França e a nossa Liberdade. E espero que estes momentos difíceis nos façam perceber que o futuro da França pertence a cada um de nós: filhos de franceses, de portugueses, de marroquinos, de israelitas, de chineses, etc. E nunca esqueçam aquilo que este país deu aos nossos pais ou avós quando chegaram cá, para alguns em plena ditadura. A França deu-lhes algo que não tinham nessa altura: Liberdade, abertura para o mundo e diversidade.
Depósitos para Residentes no Estrangeiro
DESDE QUE SAÍMOS DE PORTUGAL, UMA COISA É CERTA: OS DEPÓSITOS DESTE NATAL SÃO NA CAIXA. Não há Natal como o nosso, em Portugal: com a nossa família, os nossos amigos, as nossas tradições e os nossos depósitos. Nesta quadra passe pela Caixa e descubra os Depósitos Caixa, Cay e Som para quem vive fora de Portugal. Disponíveis em várias moedas - euros (EUR), dólares americanos (USD), dólares canadianos (CAD) e libras esterlinas (GBP) - permitem-lhe aplicar as suas poupanças com rendimento garantido, flexibilidade de prazos e montantes. Onde quer que esteja este Natal, conte com a Caixa, através do serviço Caixadirecta, disponível por telefone on-line e APP, 24 horas todos os dias do ano, com o apoio de uma equipa especializada em soluções financeiras para clientes Residentes no Estrangeiro. Saiba mais em residentesnoestrangeiro.cgd.pt, numa agência ou representação da Caixa, ou ligue (+351) 707 24 24 24, disponível 24 horas por dia, todos os dias do ano.
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COMUNIDADES
ACM VIAJA ATÉ AOS PORTUGUESES PELA EUROPA Ouvir as necessidades dos portugueses no estrangeiro e dar-lhes a conhecer programas que promovem proximidade com Portugal, são alguns dos principais objetivos do roadshow com que o Alto Comissariado para as Migrações visita Genebra, Zurique, Luxemburgo, Hamburgo e Paris.
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Alto Comissariado para as Migrações (ACM) começa o mês de dezembro com um roadshow por cidades de Suíça, Luxemburgo, Alemanha e França, alguns dos países europeus onde há mais portugueses a viver e a trabalhar. Genebra, Zurique, Luxemburgo, Hamburgo e Paris são as cidades visitadas pelo camião-quiosque criado para transportar informação sobre programas e iniciativas do Governo de Portugal dirigidas aos portugueses emigrados. Os principais objetivos deste roadshow foram explicados à Revista PORT.COM pelo Alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado: “Vamos ouvir as necessidades e aspirações dos portugueses não-residentes, e dar-lhes a conhecer medidas que estamos a implementar. Queremos desenvolver um contacto mais próximo com estas pessoas, transmitir-lhes que Portugal tem que ser onde estiverem os portugueses”. De Portugal partem colaboradores do ACM com documentação sobre as iniciativas a apresentar, prontos a prestar qualquer esclarecimento sobre os mesmos. O roadshow apadrinha o
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A igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Paris
lançamento de alguns programas, como o Elevar o Seu Negócio, que “incentiva, através de apoios, os empresários portugueses de sucesso no mundo inteiro a replicar esses negócios em Portugal”, explica Pedro Calado. Também está previsto o lançamento de uma app para telemóveis e tablets, chamada “Portugal Lá Fora”, que indica a qualquer português no mundo onde é que Portugal está representado nesse país estrangeiro: “Permite a um
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UM CAMIÃO-QUIOSQUE TRANSPORTA DOCUMENTAÇÃO SOBRE AS INICIATIVAS A APRESENTAR NOS PONTOS DE PARAGEM português que esteja, por exemplo, em Pequim, saber onde pode encontrar a embaixada, o consulado, um restaurante ou uma associação portuguesa”.
PROGRAMAS E MEDIDAS DIRIGIDAS ÀS COMUNIDADES O ACM escolheu alguns dos habituais pontos de encontro de portugueses pela Europa para se encontrar com estes cidadãos. Suíça Dia 5 (Genebra) Café Restaurante Boa Brasa Dia 6 (Zurique) Restaurante Fabiana Luxemburgo Dia 8 (Cidade de Luxemburgo) Supermercado Primavera Pain Alemanha Dia 10 (Hamburgo) Restaurante O Farol Restaurante D. José França Dia 12 (Paris) Pastelaria Canelas em Pierefitte Rest. Pedra Alta de Pontault-Combault Dia 13 (Paris) Santuário de N.ª Senhora de Fátima de Paris
A troca de informação entre os portugueses inseridos no roadshow e os compatriotas que vão encontrar ao longo do percurso, motiva Pedro Calado a convidar “todas as pessoas a virem ter connosco”, convite endereçado também pelas embaixadas, consulados e associações ligadas às localidades visitadas. A Revista PORT.COM deste mês também é distribuída pelos colaboradores do ACM presentes nesta viagem aos portugueses pela Europa.
Conjunto de iniciativas promovidas pelo Alto Comissariado para as Migrações no roadshow pela Europa, acessíveis a portugueses por todo o mundo. Transformar ideias e projetos em negócios é um objetivo comum à maior parte destas medidas.
Elevar o Seu Negócio Programa que apoia os empresários portugueses estabelecidos em qualquer país do mundo, que pretendam replicar o seu negócio em Portugal. Materializa-se em assessoria na constituição da empresa em Portugal, apoio técnico, integração em fórum e rede de empresários, acesso privilegiado às entidades locais e acompanhamento por um Personal Business Mentor.
Projetos Locais de Capacitação Iniciativa que fomenta o empreendedorismo junto das comunidades emigrantes, dando novas valências aos portugueses que estão fora do país e, em especial, aos que querem regressar, para desenvolver um projeto profissional em Portugal. A formação destas pessoas será feita presencialmente, através da criação de turmas.
Portugal 2020 Pela primeira vez, os fundos comunitários fazem referência expressa aos emigrantes portugueses, que assim podem beneficiar deles para a concretização de negócios, estágio ou doutoramento em Portugal. O portal do ACM dispõe de um conjunto de consultores que podem orientar os interessados em desenvolver candidaturas.
Português para Todos O domínio da língua portuguesa abre portas à vida académica e profissional. Os portugueses, onde quer que estejam, vão contar com o “Português para Todos”, uma plataforma de e-learning da língua portuguesa.
Mais informações sobre estes e outros programas disponíveis em www.acm.gov.pt
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COMUNIDADES Saiba mais Leia a continuação desta entrevista em www.revistaport.com
“PORTUGAL TEM O DEVER INTERNACIONAL, PORQUE ASSIM O ENTENDEU, DE RECEBER OS REFUGIADOS” Numa altura em que Portugal começa a receber os primeiros refugiados provenientes da Síria, a Revista PORT.COM conversou com o Alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, sobre algumas das questões que esta nova realidade tem levantado junto dos portugueses. Existe uma franja da população que se queixa que vêm tirar emprego aos portugueses, num país onde o emprego é escasso e até leva à emigração. Como se contraria esse tipo de argumentos? Com factos. Percebo que haja esse sentimento, que haja essa manifestação de desconforto, mas acho que não podemos misturar coisas que não são misturáveis. Portugal passou por uma crise tremenda, houve pessoas que por necessidade tiveram que sair do país, mas isso não colide com o facto de haver países, com a Síria como o exemplo mais paradigmático, com guerras brutais em que estão a morrer milhares de pessoas, e que essas pessoas tenham direito de pedir proteção internacional. Acho que
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Pedro Calado já deu as boas-vindas aos primeiros refugiados
não podemos confundir as duas coisas, comparar coisas que são incomparáveis. O que faz com que Portugal seja um dos países de destino destes refugiados? Portugal subscreveu a Convenção de Genebra no início dos anos 50, que nos obriga, enquanto Estado que protege os direitos humanos, a receber refugiados assim que se confirme o estatuto que essas pessoas pretendam ter. Portugal tem o dever internacional, porque assim o entendeu, de receber os refugiados que estão manifestamente a fugir da guerra, que muitas vezes nos países de onde vêm eram pessoas com qualificações e com um nível de vida bastante razoável, que deixaram tudo, pegaram numa mochila e pagaram para atravessar o Mediterrâneo, para terem o mínimo de conforto num país que os acolha.
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“QUANDO ALGUÉM SE PREOCUPA EM APRENDER PORTUGUÊS PARA NOS AGRADECER, MOSTRA QUE O QUE PROCURA VERDADEIRAMENTE É UM SÍTIO SEGURO” Os primeiros refugiados já começaram a chegar ao país… Tive oportunidade de estar com a senhora ministra [Teresa Morais, ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania] a receber os primeiros refugiados, ainda do lote de 2014, e constatei que um dos senhores fez questão de aprender português para poder dizer ali “obrigado, agora estou num país seguro”. Quando alguém se preocupa em aprender português para nos dizer isto, mostra que o que procura verdadeiramente é um sítio seguro, onde possa criar os três filhos que vinham com ele, alguns deles de colo.
BOAS
Festas
S達o os votos de toda a equipa da
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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES
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ESTAQUE
O Natal dos portugueses no estrangeiro Uns passam-no no país de acolhimento, outros regressam às origens. Há quem siga à risca a tradição portuguesa, ou quem adote hábitos das novas culturas. Uns recebem bacalhau no estrangeiro, outros levam presentes de fora para Portugal. Saiba como é que portugueses que residem em países distintos, da Inglaterra à Suíça, dos Estados Unidos ao Brasil, fazem para passar o Natal “à portuguesa”.
Natal dos portugueses Sugestões de presentes made in Portugal A origem do bolo-rei Sete receitas de doces de Natal
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O turrón de Alicante é um símbolo do Natal em Espanha
DESTAQUE
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iajar de carro desde a Catalunha ou da Suíça. Apanhar um avião em Inglaterra, na Argélia ou no Brasil. Reunir amigos compatriotas na Holanda ou nos Estados Unidos. Receber familiares na Irlanda ou no Dubai. Estes são alguns dos planos que portugueses em diferentes geografias estão a fazer para passarem o Natal com entes queridos em torno de uma mesa à portuguesa em que o bacalhau e as rabanadas são imprescindíveis. A Revista PORT.COM contactou mais de uma dezena de portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro, para saber o que permite a alguns viajar até Portugal e como é que os ficam fazem para mitigar a distância. Mais perto ou mais longe, todos os depoimentos recolhidos declaram empatia pelo significado e pela tradição que envolve esta quadra festiva.
chegada dos Reis Magos. Essa sim é a grande festa da família. Normalmente no meu local de trabalho não permitem usufruir de férias na altura do Natal, mas estou em Barcelona há sete anos e tenho conseguido ir passar o Natal a casa, graças à compreensão dos meus chefes. Já houve um ano em que os meus pais tiveram que vir cá a Barcelona, porque foi impossível reunir dias suficientes para ir a Portugal. Costumo levar turrón para a família. Quando regresso já todos estão à espera que o faça. Nos primeiros anos fui sempre para Portugal de avião, mas com o passar do tempo passei a optar por ir de carro. É mais económico se a viagem for dividida entre as amigas que também vivem lá, facilita o transporte das prendas e depois permite trazer produtos tipicamente portugueses para atenuar a saudade.
Vânia Pinho, 33 anos, coordenadora de marketing em Londres, Inglaterra
Daniela Vaz, 30 anos, enfermeira em Barcelona, Espanha
O Natal é celebrado na Catalunha, mas para os catalães a grande festa é a
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Ana Sobral (à esquerda na foto)
Primeira vez que posso ir a Portugal nesta época Ana Sobral, 29 anos, enfermeira em Londres, Inglaterra
Este ano fico por duas semanas A família já está à espera que leve turrón
para ir a casa e dinheiro para as viagens, que nesta altura do ano sofrem um aumento absurdo. O voo demora apenas cerca de duas horas. Este ano fico por duas semanas e tal como no ano passado levo presentes daqui, bem como chocolates e alguns doces tipicamente britânicos, como Christmas pudding e mince pie.
Apesar de em Inglaterra haver uma variedade étnica e religiosa muito grande, o Natal é celebrado a nível nacional e considerado feriado. Este é o segundo ano em que trabalho fora de Portugal e para já tenho conseguido voltar sempre nesta altura. Tenho tido dias de férias
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Pela primeira vez desde de que emigrei em 2011, este ano vou passar o Natal a Portugal com a minha família, por quatro dias, graças a me terem sido concedidas quatro folgas seguidas. Como sou enfermeira nos cuidados intensivos coronários do Hospital St Thomas, em Londres, não me é permitido tirar férias durante as festas, uma vez que temos de assegurar os cuidados e a segurança dos doentes. No entanto, tenho sempre a possibilidade de escolher estar de folga no Natal ou na passagem de ano. Christmas Pudding
Os costumes Natalícios em Inglaterra não são muito diferentes dos nossos. Centram-se em estar com a família e na troca de presentes. No entanto, há muita multiculturalidade e diferentes religiões que não celebram o Natal. Não costumo levar comida para Portugal, mas normalmente compro as prendas de Natal em Londres, dado que há mais variedade e tenho mais tempo para me organizar. Quando estou em Portugal não gosto de perder tempo com estas trivialidades. Prefiro passar o meu tempo com a família e amigos.
A arquitetura de Amesterdão exponencia o ambiente natalício
Companhia mais importante do que o lugar
Viajar de carro fica mais em conta
Licença de maternidade permite viagem
David Ribeiro, 36 anos, External Information Specialist na Blizzard Entertainment em Cork, Irlanda
Diogo Sousa, 25 anos, engenheiro informático em Delémont, Suíça
Sabrina Silva, 26 anos, funcionária numa livraria em Gland, Suíça
Este será apenas o primeiro Natal que passo enquanto novo-emigrante, o que o torna bastante especial relativamente aos outros. Na Suíça festeja-se o Natal, mas é em Portugal que tenho a minha família, e dado que tenho férias, aproveito para voltar. Vamos de carro, porque somos quatro pessoas a viajar, o que faz com que fique mais em conta. A comida será preferencialmente portuguesa, mas nos presentes oferecemos artigos fabricados na Suíça, como chocolates e relógios.
Desde que estamos na Suíça só passámos um Natal cá e mesmo nesse ano celebrámos “à portuguesa”, até porque sinceramente não estamos muito enraizados nas tradições suíças. Este ano vamos novamente a Portugal. Neste meu novo trabalho não posso tirar férias nesta altura, mas como estou de licença de maternidade, aí vamos nós. O Tiago, meu marido, tem férias obrigatórias nesta altura, e durante o ano vamos amealhando para podemos ir às nossas origens pelo menos duas vezes por ano, nem que para isso tenhamos de fazer trabalhos extra.
Pelo 13.º ano vou passar o Natal fora de Portugal. É a 5.ª vez na Irlanda, depois de quatro anos nos Estados Unidos e quatro na Irlanda. Para ser muito sincero, considero completamente irrelevante onde se passa o Natal, o mais importante é a companhia. Este ano vamos receber em casa familiares que vêm de Portugal para o passar connosco. A comida vai ser portuguesa, tal como durante todo o ano: bacalhau, francesinha e sobremesas tipicamente portuguesas, como mousse de chocolate, molotov, bolo de bolacha com café, entre outras.
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DESTAQUE
Vamos duas semanas e meia, de carro. As viagens de avião são muito caras. Se correr bem demoramos cerca de 17 horas a chegar a casa. Já chegámos a fazer a viagem só para ir por quatro dias. Foi muito cansativo, mas é muito mais triste passar esta festa da família longe dela.
támos algumas tradições holandesas, como comer kerstbrood ou oliebol.
Os filhos de Henrique no Dubai
Nos Países Baixos o Natal celebra-se durante dois dias: chamam-se mesmo primeiro dia de Natal (25) e segundo dia de Natal (26). Durante esses dias aproveitamos para ir patinar no gelo e juntar os amigos para jantar.
Visita dos pais com bacalhau na bagagem Henrique Pereira, 39 anos, diretorgeral de uma empresa de engenharia no Dubai, Emirados Árabes Unidos
Natal celebra-se durante dois dias Margarida Caetano, 27 anos, ama em Amesterdão, Holanda
Pela segunda vez vou passar o Natal em Amesterdão (a primeira vez desde 2012). A noite de consoada vai ser passada com uma família de amigos portugueses. Ainda não sabemos muito bem onde, mas como trabalhamos no dia 24, jantar num restaurante e posteriormente abrir os presentes em casa é uma possibilidade. Caso seja passada em casa, tentaremos ter, como sempre, algum produto português na mesa, como bacalhau, broinhas, arroz doce, patéis de nata ou vinho do Porto. Também já ado-
Regresso à gastronomia e costumes de origem Carlos Ferreira, 29 anos, engenheiro em Orão, Argélia
Como é sabido, a população da Argélia não é católica, logo o Natal não é celebrado. A empresa onde trabalho é portuguesa e a atividade é reduzida nesta altura, pelo que posso tirar alguns dias de férias e ir passar o Natal a Portugal, onde estarei duas semanas. Vou fazer a viagem de avião e devo demorar cerca de seis horas, devido à escala em Madrid. Não levo comida ou presentes daqui, prefiro usufruir da nossa gastronomia e dos nossos costumes em Portugal, que são difíceis de encontrar por aqui.
Não há mesa de Natal holandesa que não tenha oliebol
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Pela primeira vez eu, a minha esposa e os nossos três filhos vamos passar o Natal fora de Portugal, cá no Dubai. A celebração da quadra não é tradicional neste país, mas acaba por se celebrar uma vez que a comunidade de expatriados compõe a maioria dos residentes. Os meus pais e da minha esposa vêm cá de propósito passar o Natal connosco, pelo que seremos nove cá em casa. Esperamos manter algumas tradições, como comer bacalhau, que os nossos pais vão trazer na mala. Em relação aos doces iremos comer leite creme, aletria, rabanadas, frutos secos e talvez se faça um bolo, que não será bolo-rei, mas algo semelhante. Decorações de Natal no Dubai
O elevado número de expatriados justifica as decorações natalícias em alguns espaços no Dubai
Andreia com o filho mais velho
Sogros vêm conhecer o neto Andreia Miguens, 31 anos, secretária de administração em Newark, Estados Unidos
Este ano será o 3.º consecutivo longe do país e da família. Aqui nos Estados Unidos dão muito mais importância ao Dia de Ação de Graças, apesar de também celebrarem o Natal. Custa muito, mas vai ser num seio muito familiar, este ano com o nascimento do mais novo elemento da família, com os meus sogros, que irão viajar propositadamente para conhecer o neto, e também com amigos portugueses. No ano passado também foi passado com amigos que se encontram aqui deste lado. Sempre liguei muito as tradições natalícias, especialmente às passadas em família. O facto de estarmos longe da família deixa-nos, por vezes sem vontade de celebrar, fazendo a dor ser maior! Mas as novas tecnologias possibilitamnos poder celebrar o dia junto com os nossos também, mesmo a milhares de quilómetros de distância e com um fuso horário distinto. Felizmente nunca faltou bacalhau (e até azeite caseiro, que já veio escondido numa das muitas encomendas que recebemos), rabanadas, filhoses, bolo-rei, entre outros.
Deixar o verão para seguir as tradições Pedro Madureira, 28 anos, psicólogo em Brasília, Brasil
Apesar de gostar de morar no Brasil e das suas gentes e cultura, sou um orgulhoso português que gosta de seguir as tradições das minhas raízes. Desta forma, irei passar o Natal a Portugal, com a família, conforme tem sido habitual, pois é uma data que considero importante para estar com eles. Aqui no Brasil também se cumprem tradições natalícias como fazer a árvore de Natal com enfeites e presépio, celebrar a noite de consoada e a Missa do Galo. Contudo, porque o Brasil é um país de forte mistura cultural e étnica, estas tradições são mescladas com tradições
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de distintas culturas, dependendo da região ou da cidade. Para mim, um dos aspetos mais peculiares é o facto de em dezembro ser verão no Brasil, pelo que esta época é vivida num clima de muito calor, contrariando a velha ideia de um Natal em família junto à lareira.
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Sugestões
Presentes que falam português
Bombons com vinho do Porto
O melhor do Vinho do Porto e do chocolate associam-se e reinventam o prazer dos sentidos. Estas caixas trazem bombons Arcádia confecionados com Vinho do Porto Cálem 10 anos que o farão sentir-se entre o melhor de dois mundos.
Este Natal evite oferecer as típicas meias de losangos, os boxers com bonecos esquisitos ou os pijamas às riscas e opte por dar produtos genuinamente portugueses a quem mais gosta. A Revista PORT.COM sugere uma lista de prendas que vão surpreender toda a família.
Presente com história
O azeite é rei nas mesas portuguesas, combinado com quase todos os alimentos. Delicie-se com este verdadeiro tesouro da terra, da Portugal Heart, usando uma taça de prova inspirada na louça de Bordallo Pinheiro para ir molhando pedaços de pão. Junte um bom vinho e uma boa companhia.
PVP: desde 2,50€ www.arcadia.pt
Café com “sabor” a cinema português
A Vista Alegre desenhou um conjunto de quatro chávenas café com pires dedicado ao Cinema Português. Um presente que celebra as personagens icónicas do cinema português dos anos 30 e 40. PVP: 78€ http://vistaalegre.com
PVP: 15€ www.portugalheart.pt
Traga a Ribeira ao ombro
Quem nunca quis levar a beleza da Ribeira do Porto a passear pelo mundo? Agora já o pode fazer com este saco personalizado com imagens de Portugal. PVP: Desde 28€ http://toranja.pt
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Azulejo português no telemóvel
Esta skin da Toranja para iPhone é fina, fácil de aplicar e de remover. Feita em vinil de grande durabilidade, é o presente ideal para trazer sempre consigo um pouco de Portugal. PVP: 9,70€ http://toranja.pt
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Bonecas únicas feitas à mão
A portuguesa Rita Vaz desenha peças únicas que serão a alegria dos mais pequenos. Confecionadas manualmente, estas bonecas são a peça com originalidade que faltava na sua lista de “Pai-Natal”. PVP: desde 25€ http://matildebeldroega. tictail.com
Entre em 2016 com uma agenda personalizada
Cristina é uma designer portuguesa que quer tornar o mundo mais bonito. Por isso criou a agenda “Hoje é dia de seres feliz”, com várias frases surpresa, que pode ser personalizada: na capa pode colocar o seu nome e escolher entre ter um fundo preto ou branco. PVP: 25€ www.girly-things.com
Licor de Sabugeiro
Proveniente da infusão da flor destas árvores que crescem acima dos 800 metros de altitude, na Serra da Estrela, este licor afirmase como ideal para a composição de cortasabores, cocktails ou mesmo para se tomar puro com gelo, depois da faustosa refeição natalícia. PVP: 13,40€ http://deliciasdaestrela.pt
O alforge ideal para bicicletas
O pião que roda e… escreve
Chama-se Turn It e pertence a uma coleção multi-autor da Viarco que visa repensar o lápis de madeira como objeto e signo. A intenção seria criar um lápis com vida própria, uma vez rodando o pião, este ganha vida. PVP: 8,50€ http://lojaonline.viarco.pt
A mala/alforge Alviela da Ideal & Co, Living Heritage é bastante prática e versátil, pode ser colocada em diferentes zonas da bicicleta. Tem o tamanho ideal para quem tem mil coisas que faz questão de ter sempre à mão. No interior a etiqueta de marca é assinada e datada pelo artesão que executou a peça. PVP: 190€ www.idealandco.com/pt/
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Bolo-rei O IMIGRANTE QUE CONQUISTOU OS PORTUGUESES Baltazar Castanheiro Júnior, filho do fundador da Confeitaria Nacional, transportou há 140 anos a inspiração do “gâteau des rois” de Toulouse para Lisboa. A receita do bolo-rei mantém-se inalterada desde então, assim como o nome, que até resistiu à queda da monarquia. TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES
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odo o português reconhece o bolo-rei como um dos principais símbolos do Natal, por mais que sejam os anos desde os quais está afastado geograficamente do país. Reza a história que a receita chegou a Portugal há 140 anos, proveniente de Toulouse, em França. Permite-se assim que se diga que o bolo com passas, frutas cristalizadas e frutos secos é um imigrante no nosso país.
A Confeitaria Nacional, uma das mais antigas e tradicionais pastelarias de Lisboa, é a responsável pela introdução do bolo-rei em Portugal. Começou a vendê-lo no ano 1875. Não tardaria a chegar à Casa Real, que há cerca de duas décadas havia nomeado a pastelaria na baixa lisboeta (Praça da Figueira) como sua fornecedora, por indicação do rei D. Luís I.
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Baltazar Castanheiro Júnior, o filho do fundador e proprietário do estabelecimento, foi o responsável pela introdução da receita em Portugal. Numa das várias viagens que fazia pelo estrangeiro, particularmente
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por França, descobriu o “gâteau des rois”. Na altura, havia duas formas de o confecionar no país gaulês: no norte em massa folhada e no sul, onde fica Toulouse, um brioche com frutas caramelizadas.
A inspiração “imigrada” de França, somada às modificações promovidas pelos mestres confeiteiros da Confeitaria Nacional, foi decisiva para a obtenção da receita original do bolo-rei, que se mantém inalterada até à atualidade. Os seus segredos estão guardados num cofre pelo atual proprietário da pastelaria, Rui Viana (que tem Castanheiro no nome a comprovar que a pastelaria está na família há várias gerações). Para além do tetraneto de Baltazar Castanheiro Júnior, o pasteleiro mais antigo da Confeitaria Nacional, Aníbal Nobre, é o único que também conhece a receita original. Por estes dias não tem mãos a medir na elaboração de bolos-reis, o que acontece há vários anos durante a época natalícia, mas não só.
Praça da Figueira na primeira metade do século XX O fabrico próprio é praticado desde a inauguração
Perdurar para além do “gâteau des rois” O bolo-rei é referido nos muitos roteiros turísticos sobre Lisboa e nas publicações internacionais que recomendam uma visita à Confeitaria Nacional, sendo assim procurado durante todo o ano. Em julho de 2014, o estabelecimento lisboeta foi eleito pela CNN como uma das oito melhores pastelarias da Europa, a única portuguesa da lista. Atualmente o “gâteau des rois” é um produto quase inexistente em França. A popularidade que granjeou durante outros séculos foi-se perdendo até à Revolução Francesa, que chegou a proibi-lo, por alusão à figura real. Existe um bolo chamado “galette des rois” que faz parte do atual receituário natalício francês, mas as semelhanças são praticamente inexistentes.
Por outro lado, o bolo-rei mantémse intocável no Natal português. O nome até resistiu a uma proposta em sessão parlamentar que, em 1911 (depois da queda da monarquia), tentou alterar o seu nome para bolo-república, bolo-presidente ou a té bolo Arriaga. No ano em que se assinalam 140 anos da sua chegada à Lisboa, poucos poderão atrever-se a contrariar que o bolo-rei é um imigrante que conquistou os portugueses.
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QUANDO INFLUENCIOU O BOLO-REI PORTUGUÊS, O “GÂTEAU DES ROIS” ERA CONFECIONADO DE DUAS MANEIRAS DIFERENTES EM FRANÇA: NO NORTE EM MASSA FOLHADA E NO SUL COMO UM BRIOCHE
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DESTAQUE
Receitas doces
para um Natal à portuguesa Portugal tem um receituário de doçaria entre os mais variados do mundo. Na época natalícia não foge à regra, com as mesas dos portugueses a encherem-se de doces após os pratos de bacalhau ou polvo. Conheça ou recorde algumas receitas com ingredientes acessíveis à maior parte das comunidades no estrangeiro, das mais tradicionais, como rabanadas, azevias e aletria, às mais recentes, como biscoitos e tronco de Natal.
Rabanadas
Aletria
Ingredientes para 8 rabanadas
Ingredientes para 10 pessoas
• 8 fatias com 2 cm de espessura de pão de cacete ou pão de forma com 3 dias • 600 ml de leite gordo • 3 casquinhas de limão • 1 pau de canela • 3 colheres de sopa bem cheias de açúcar • 3 ovos batidos • 10 colheres de sopa de açúcar misturadas com 1 colher de sopa rasa de canela em pó • Óleo de girassol para fritar
• 250g de aletria • 1800 ml de leite • 450g de açúcar • 1 pau de canela • 2 casquinhas de limão • 50g de manteiga com sal • 4 gemas de ovo • Canela em pó q.b
Preparação: 1. Num tachinho, leve ao lume metade do leite, as casquinhas de limão, o pau de canela e as 3 colheres de sopa de açúcar. Mexa e deixe aquecer durante 10 minutos em lume brando. 2. Passado os 10 minutos, retire o pau de canela e as
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casquinhas de limão. Apague o lume e misture o restante leite frio. Deixe arrefecer até que fique morno. 3. Regue as fatias de pão com o leite e vire-as. Deixe repousar durante 5 minutos para que fiquem bem embebidas. 4. Passe bem as fatias de pão pelo ovo batido. Frite-as em óleo quente. Logo que coloque o pão a fritar, reduza o lume para médio. A meio da fritura, vire as rabanadas para que fiquem douradas por igual. 5. Depois das rabanadas fritas, retire-as para um prato com papel absorvente. Passe as rabanadas pela mistura do açúcar e da canela.
Preparação: 1. Numa panela, leve ao lume o leite deixando um pouco para misturar com as gemas. Junte as casquinhas de limão, o pau de canela, a manteiga e deixe ferver. Logo que comece a ferver, junte a aletria, partindo antecipadamente os novelos com as mãos para que a aletria vá solta. Depois de começar a ferver, deixe cozer a aletria durante 3 minutos. Depois da aletria cozida, junte o açúcar e deixe cozinhar 5 minutos.
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2. Entretanto, misture muito bem as gemas com o restante leite. Passado os 5 minutos, junte as gemas à aletria e deixe cozer as gemas sem deixar ferver. Antes que comece a ferver, apague o lume. 3. Depois da casca de limão e o pau de canela retirados, sirva num prato grande e fundo ou em tacinhas. Depois de frio, polvilhe com canela e está pronto a servir.
Sonhos
Arroz Doce
Ingredientes para 20 sonhos
Ingredientes para 12 pessoas
• 125 ml de água • 125 ml de leite • 50g de margarina • Uma casca de limão • Uma pitada de sal • 150g de farinha • 4 ovos • Óleo para fritar • Açúcar q.b. • Canela em pó q.b.
• 250g de arroz carolino • 450g de açúcar • 6 gemas de ovo • 3 cascas de limão • 2 paus de canela • 50g de manteiga • 0,5 l de água • 1 chávena de chá de leite • 1700 ml de leite • Sal q.b. • Canela em pó q.b. • Preparação:
2. Junte os ovos um a um e mexa muito bem com a colher de pau entre cada adição. Mexa até a massa ficar homogênea. 3. Com a ajuda de duas colheres, faça bolas de massa, não muito grandes pois o seu volume irá triplicar. Frite Preparação: em óleo quente, mantendo sempre o lume brando. Pique 1. Num tacho, leve ao lume os sonhos de vez em quando a água, o leite, a casca de com um garfo ou palito. limão, a pitada de sal e a Deixe fritar até triplicarem de margarina. Deixe ferver. Logo tamanho e ficarem loirinhos. que comece a ferver, junte a Depois de fritos, retire-os farinha de uma só vez e mexa para um prato com papel muito bem até formar uma absorvente. bola que descole do fundo 4. Entretanto misture o do tacho. Depois da bola açúcar com a canela a gosto. de massa formada, coloque Depois de fritos passe os numa tigela, retire a casca de sonhos pela mistura do limão e deixe arrefecer um açúcar e canela e coloque-os pouco. num prato de bolo.
Biscoitos de Natal Ingredientes para 10 biscoitos • 250g de manteiga derretida • 250g de açúcar • 600g de farinha de trigo sem fermento • 3 ovos • Farinha para polvilhar • Para a cobertura: • 200g de chocolate em tablete de culinária • 80g de manteiga • Preparação:
Preparação: 1. Numa panela, leve ao lume a água e o arroz. Tempere com um pouco de sal e deixe cozer até a água secar. 2. Depois da água evaporar, junte a manteiga, as cascas
de limão, os paus de canela e o leite. Mexa e deixe cozer durante 30 minutos. Mexa de vez em quando para não agarrar no fundo. Passados 30 minutos acrescente o açúcar. 3. Dissolva as gemas com a chávena de leite. Enquanto mexe, junte as gemas ao arroz e quando começar a borbulhar apague o lume. 4. Depois de servido em taças, leve o arroz doce ao frigorifico. Depois de frio, polvilhe com canela e está pronto a servir.
Preparação: 1. Numa tigela, junte o açúcar e a manteiga derretida. Amasse muito bem até que fique um creme branco. Aos poucos e alternadamente, adicione a farinha e os ovos. Amasse tudo muito bem. 2. Polvilhe a bancada com farinha. Coloque a massa na bancada e polvilhe com um pouco de farinha. Com o rolo da massa, estenda a massa. Com um cortador de massa ou um copo, corte a massa. Com cuidado, coloque os biscoitos num tabuleiro de ir ao forno, previamente untado com manteiga e polvilhado com farinha.
3. Leve os biscoitos ao forno préaquecido nos 200º e deixe cozer entre 10 a 12 minutos. Quando os biscoitos estiverem cozidos e loirinhos, retire-os. Deixe arrefecer. 4. Num tacho, leve a derreter o chocolate e a manteiga em banhomaria. Depois de tudo derretido, misture tudo muito bem.
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5. Depois de frios, mergulhe os biscoitos no chocolate. Coloque os biscoitos num prato, até o chocolate ficar rijo. Depois do chocolate bem rijinho e os biscoitos frios, estão prontos a servir.
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DESTAQUE
Tronco de Natal
Azevias de grão Ingredientes para 26 Azevias
Ingredientes para a massa: • 5 ovos • 125g de açúcar • 125g de farinha • 1 cl de sopa de cacau em pó • Margarina para untar • Papel vegetal para forrar • Açúcar para polvilhar Ingredientes para o recheio: • 200 ml de natas • 200g de chocolate em tablete partido em pedacinhos • 200g de manteiga à temperatura ambiente Ingredientes para a cobertura: • 150g de chocolate em tablete partido em pedacinhos • 150 ml de natas • 100g de fios de ovos Preparação do Recheio: 1. Num tacho, leve ao lume os 200ml de natas. Quando estiver a ferver, apague o lume e junte as 200g de chocolate. Mexa até ficar um creme liso e deixe arrefecer. 2. Bata a manteiga numa tigela até duplicar o volume e depois junte a mistura do chocolate já fria. Bata até ficar um creme liso e reserve. 3. Unte um tabuleiro de ir ao forno com margarina. Forre com papel vegetal e unte novamente.
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Preparação da Massa: 4. Separe as gemas das claras. Bata as claras em castelo, junte o açúcar e bata até as claras ficarem bem firmes. Adicione as gemas e bata mais 5 minutos. Junte o cacau e a farinha. Envolva delicadamente. 5. Deite a massa no tabuleiro e espalhe. Leve a cozer em forno pré-aquecido nos 180º durante 10 minutos. Passado 10 minutos retire do forno. 6. Polvilhe um pano limpo com açúcar e por cima desenforme a torta. Deixe arrefecer 5 minutos. 7. Espalhe o recheio sobre a torta e enrole com cuidado. Corte uma ponta da torta. Coloque a torta num prato próprio. Corte a ponta ao meio na transversal para fazer 2 tronquinhos e prenda-os à torta com ajuda de palitos.
• 600g de farinha • 60g de banha • 40g de margarina • 50 ml de aguardente • Raspa de uma laranja • Sumo de uma laranja • 200 ml de água morna • 1 pitada de sal • 400g de grão cozido feito em puré • 350g de açúcar • Raspa de um limão • 8 gemas de ovo • 3 colheres de sopa de doce de abóbora chila (gila) • 1 colher de chá de canela em pó • Açúcar para polvilhar • Óleo para fritar
mais liquido que outras, dependendo da marca. Deixe a massa em repouso durante 30 minutos. 2. Num tacho, leve ao lume um pouco de água, o açúcar e a raspa de limão. Mexa e deixe ferver 2 minutos. Junte o puré de grão e a canela. Mexa muito bem. Depois de tudo bem misturado, junte o doce de chila e as gemas mexidas. Mexa até o creme engrossar e quando começar a fazer estrada no fundo do tacho, retire do lume e deixe arrefecer. Preparação: 3. Polvilhe bem a bancada com farinha e coloque a 1. Numa tigela, amasse muito massa sobre ela. Polvilhe bem a farinha, a pitada de sal, a massa com farinha e a banha, a margarina, a raspa estenda-a com o rolo da de laranja, a aguardente e o massa. Sobre a massa, sumo de laranja. Enquanto coloque uma colher de amassa, junte aos poucos recheio. Dobre a massa como a água morna. Amasse até quem faz rissóis e corte que a massa fique macia e apertando bem nos bordos. elástica. Caso a massa fique 4. Frite de ambos os lados em muito mole, acrescente óleo quente. Retire para um um pouco de farinha. Pode prato com papel absorvente. acontecer devido às 5. Passe as azevias por diferentes farinhas utilizadas, açúcar. E estão prontas a pois algumas absorvem servir...
Preparação do Cobertura: 8. Derreta o chocolate com as natas em banho maria e misture muito bem. Fase Final: 9. Barre todo o tronco com a cobertura e decore com os fios de ovos.
Estas e outras receitas estão disponíveis na página oficial da YouTuber portuguesa Neuza Costa: www.youtube.com/user/saborintensocom
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ASTRONOMIA
O chef divide os seus dias por Portugal e pelo Brasil, e é frequentemente elogiado pela imprensa dos dois países
UM ANO EM CHEIO PARA VÍTOR SOBRAL NO BRASIL Um dos três estabelecimentos do chef em solo brasileiro recebeu, em 2015, quatro distinções de melhor restaurante português do país. Entre vários tipos de clientes, a Tasca da Esquina é procurada por lusodescendentes que procuram uma ementa fiel aos princípios e sabores da gastronomia portuguesa. TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES
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Tasca da Esquina em São Paulo, estabelecimento de restauração do chef Vítor Sobral, recebeu em 2015 não uma, nem duas, mas sim quatro distinções de melhor restaurante português da cidade paulista e até do Brasil. As eleições foram atribuídas pelo jornal Folha de São Paulo e pelas revistas gastronómicas Veja (Comer & Saber), Gula e Prazeres da Mesa.
A obtenção deste tipo de distinções tem sido uma prática recorrente desde que, em 2011, o chef de 48 anos levou a Tasca da Esquina para o Brasil, replicando o conceito do estabelecimento com o mesmo nome que detém em Lisboa, ou seja, aliar contemporaneidade aos típicos pratos portugueses. Exemplo disso, este foi o 3.º ano consecutivo em que a Prazeres da Mesa o referido louvor. Atualmente são três os estabelecimentos de Vítor Sobral em solo brasileiro: em São Paulo detém também a Taberna da Esquina e há ainda uma Tasca da Esquina em João Pessoa. Para além de divulgar a gastronomia portuguesa, permite assim que vários portugueses a recordem e que lusodescendentes a conheçam com maior variedade. “A maioria dos clientes da Tasca e da Taberna em São Paulo são paulistas e pessoas de fora que visitam a cidade, mas também existe uma turma fiel de portugueses”, contou Vítor Sobral à Revista PORT.COM. Entre estes últimos faz ainda uma distinção: “Recebemos bastantes portugueses de 3.ª geração, ou seja, os netos dos que emigraram. Aliás, somos mais visitados por estes do que pelos que emigraram há muito tempo”.
A justificação não se faz esperar: “Muitos dos restaurantes portugueses que abriram no Brasil há muitos anos acabaram por tropicalizar, adaptaramse à gastronomia local, à imagem do que acontece em estabelecimentos pelo mundo fora. E é este perfil de restaurante procurado pelos que partiram há mais tempo”. A Tasca e a Taberna também são restaurantes procurados pelos portugueses que partiram há poucos anos ou que se deslocam temporariamente a São Paulo por motivos profissionais: “Há uns tempos recebi um grupo de engenheiros, que estavam a fazer um trabalho para os caminhos de ferro brasileiros, em que um elemento disse
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“RECEBEMOS BASTANTES PORTUGUESES DE 3.ª GERAÇÃO, OU SEJA, OS NETOS DOS QUE EMIGRARAM. ALIÁS, SOMOS MAIS VISITADOS POR ESTES DO QUE PELOS QUE EMIGRARAM HÁ MUITO TEMPO”
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GASTRONOMIA
que se não fosse pelo menos uma vez por semana à Tasca comer um bitoque, que parecia que morria. Fazia-o sentir-se perto de casa”. Ingredientes portugueses em maioria Para além dos “pratos mais simples que acabam por ser referências para nós portugueses”, são vários os itens da ementa à portuguesa que contribuem para os títulos atribuídos à Tasca da Esquina, como açorda de camarão, bacalhau à Braz, joelho de porco com migas ou polvo com amêndoas e tomate assado. A grande maioria dos vinhos e azeites consumidos nos estabelecimentos no Brasil são portugueses, assim como a maior parte dos ingredientes utilizados na confeção dos pratos, “menos a proteína, que é difícil de encontrar, à exceção do bacalhau, senão obviamente também consumiria”. Com tanto estabelecimento dos dois lados do Atlântico, Vítor Sobral não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo, mas a gestão em solo brasileiro é sempre garantida por responsáveis portugueses. Hugo Nascimento e Luís Espadana são os chefs compatriotas que se encarregam de liderar as equipas. Neste mês de dezembro, com ou sem a presença de Vítor Sobral, a Tasca e a Taberna são estabelecimentos onde os portugueses no Brasil podem “matar saudades” da gastronomia relacionada com o Natal lusitano. Só não o devem fazer na noite de Consoada, em que a Tasca e a Taberna dão descanso aos pratos e aos profissionais que lhes valem tantos prémios.
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Uma pergunta ao chef Ainda existe o estereótipo por parte do consumidor brasileiro que a gastronomia portuguesa é só bacalhau? Existem as duas partes, os que têm a ideia que Portugal é só bacalhau e os mais informados e viajados. Hoje em dia o nosso país recebe brasileiros como nunca recebeu, e então há uma maior informação sobre o que nós somos na verdade. Eles sabem que quando querem comer bons pratos de bacalhau devem procurar os portugueses, e fazem-no diariamente. Tanto que na época de Natal nem se nota um aumento de consumo de bacalhau, ao contrário do que acontece em Portugal.
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Localização e contactos: Tasca da Esquina (São Paulo)
Morada: Alameda Itu, 225 - Jardim Paulista Telefone: 011.98441-0118 E-mail: reservas@tascadaesquina.com.br
Tasca da Esquina (João Pessoa)
Morada: Avenida pombal, 255 – Manaira Telefone: 83 – 30238080 E-mail: reservas.jp@tascadaesquina.com
Taberna da Esquina (São Paulo)
Morada: Rua Bandeira Paulista, 812 Telefone: 011.98441-0118 E-mail: reservas@tabernadaesquina.com
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URISMO
MADEIRA
VOLTA A TER O INÍCIO DE ANO MAIS ILUMINADO Em contagem decrescente para 2016, o Funchal prepara-se para receber os primeiros oito minutos do ano com o céu iluminado por um dos maiores fogos-de-artifício do mundo. A festa começa dias antes, com a chegada dos turistas e com todo um programa que é um dos mais importantes cartazes turísticos madeirenses. TEXTO: MÁRCIA DE OLIVEIRA
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TURISMO
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ezembro ainda agora começou, mas a Madeira já tem tudo assegurado para algumas das animações mais aguardadas do ano, a passagem de ano. A cidade do Funchal veste-se com as tradicionais decorações e iluminações natalícias, que envolvem as ruas de magia nesta época do ano, para receber os cerca de 20 mil turistas que são esperados naquela que é considerada a maior festa de fim de ano em Portugal. Ingleses, alemães, portugueses, escandinavos, polacos, franceses, espanhóis e russos são as nacionalidades de turistas que mais procuram a Madeira nesta altura do ano. Em 2014, os visitantes do site da organização turística European Best Destinations distinguiram a Madeira como a rainha das celebrações europeias de réveillon.
O Funchal mascara-se de Lapónia na época natalícia
Este ano, as previsões apontam para uma afluência de turistas superior à do ano passado. Uma sondagem da Direção Regional do Turismo junto dos estabelecimentos hoteleiros locais, feita a 12 de novembro, indicou uma taxa média de ocupação de 85%, quando ainda faltava mais de mês e meio para a grande noite. O tema das celebrações deste ano é Emoções de Luz. O principal motivo é obviamente o fogo-de-artifício que dá início ao ano novo. O espetáculo desta passagem de ano inclui 129 000 disparos, distribuídos por 37 postos de fogo, durante oito minutos em que o céu sobre a baía do Funchal se enche de cor.
do mundo, pelo livro de recordes mundiais da Guiness. Celebrações antes e após o réveillon
um rico e extenso programa de manifestações culturais, religiosas (com as Missas do Parto), etnográficas e artísticas, que abrange todo o mês de dezembro e que termina com a celebração do Dia de Reis.
A força deste espetáculo de fogode-artifício é tal que em 2006 foi reconhecido oficialmente como o maior
As comemorações da época festiva na Madeira não se restringem aos dias do Natal e da passagem de ano. Existe todo
Como exemplo disso tem lugar na noite de 23 de dezembro, a Noite do Mercado, altura em que os habitantes e os
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Os primeiros oito minutos de 2016 serão de fogo-de-artifício na baía do Funchal
turistas efetuam as últimas compras de Natal. As ruas circundantes ao Mercado dos Lavradores são encerradas ao trânsito e ocupadas por diversos postos de venda abertos durante toda a noite, com variados produtos regionais. Flores, bolo de mel, bolo do caco, sandes de carne vinho-e-alhos e bebidas típicas, como a poncha, são alguns exemplos. Para além do encontro com os sabores tradicionais, os visitantes podem assistir a um espetáculo de cânticos tradicionais de Natal, onde os habitantes locais assumem o papel de verdadeiros artistas. Todos os anos esta celebração prolonga-se até ao amanhecer. Porque nem só de comida e bebida se faz a festa, no dia 28 de dezembro decorre a prova de atletismo Volta à Cidade do Funchal, a São Silvestre
mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa. Para além de alguns dos mais reputados atletas do panorama nacional e internacional, as ruas da capital madeirense enchem-se de corredores amadores de diversas nacionalidades. Já em 2016, a festa só acaba na noite de 5 para 6 de janeiro, quando se cantam os Reis em casa dos vizinhos, e um pouco por toda a ilha. É o recriar da tradição popular dos cantares tradicionais madeirenses que, porta à porta, se faziam neste dia. As ruas engalanadas, os sabores tradicionais, as músicas e o fogo-de-artifício que seduz os turistas, são tudo fatores que contribuem para que a Madeira continue a ser um destino de eleição nesta altura do ano.
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TURISMO
PARQUES DE SINTRA NUNCA FORAM TÃO VISITADOS
Parque e Palácio Nacional da Pena (960 993*)
A Paisagem Cultural de Sintra foi classificada Património Mundial da UNESCO há 20 anos. Recentemente houve um outro motivo de celebração, quando uma entidade turística local registou, pela primeira vez num ano, o visitante dois milhões. O Palácio Nacional de Sintra e o Castelo dos Mouros são alguns dos espaços que se tornam ainda mais especiais em dezembro.
A
Parques de Sintra recebeu na manhã de 6 de novembro o visitante dois milhões num dos nove espaços (ver fotografias) geridos por esta entidade pública. Desde que foi criada em 2000, nunca havia ultrapassado esse número de visitantes num só ano. Curiosamente, o marco inédito foi alcançado precisamente um mês antes de Sintra poder assinalar o 20.º aniversário de ter sido o primeiro sítio europeu inscrito pela UNESCO como Paisagem Cultural, o que aconteceu a 6 de dezembro de 1995. Ravi Gadiraju, de nacionalidade indiana, mas residente na Alemanha, foi o visitante dois milhões. Não estranha que tenha sido um visitante estrangeiro, dado que estes constituem a maio-
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ria dos turistas que passam por Sintra. Em 2014 corresponderam a cerca de 86% das visitas. A época natalícia propicia um aumento do encanto dos jardins, palácios, conventos e castelos de Sintra, tornando a sua visita ainda mais estimulante, tanto aos mais miúdos como aos mais graúdos. Neste sentido, a Parques de Sintra costuma preparar atividades destinadas aos diferentes escalões etários. Este mês não é exceção e, na noite de 6 de dezembro, os 20 anos da classificação da UNESCO serão assinalados através da abertura de portas gratuitamente do Palácio Nacional de Sintra. A iniciativa é restrita às primeiras 1 500 pessoas inscritas e inclui apresentações de música renascentista e de danças de época, dos séculos XV e XVI.
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Duas semanas depois, a 20 de dezembro, são os mais novos a serem alvo de todas as atenções, com um concerto para bebés dedicado à manhã de Natal, em que “a magia e o encanto da quadra se transmitem num espetáculo musical interativo que estimula o sentido melódico e rítmico dos participantes e promove a interação lúdicomusical entre pais e filhos”, descreve o presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, Manuel Baptista, à Revista PORT.COM. As próximas imagens são alusivas aos nove espaços geridos pela entidade liderada por Manuel Baptista, ordenados pelo número de visitantes com que contribuíram para a histórica e celebrada marca dos dois milhões.
Pergunta rápida Os portugueses no estrangeiro que vêm passar o Natal a Portugal devem aproveitar para visitar Sintra?
Palácio Nacional de Sintra (450 162*)
Castelo dos Mouros (314 525*)
Palácio Nacional e Jardins de Queluz (122 123*)
Palácio e Parque de Monserrate (98 076*)
Sim, claro. O misticismo de Sintra é particularmente evidente na época natalícia. O frio da rua contrasta com o quente dos palácios e o nevoeiro característico de serra e vila sublinha o cenário de conto de fadas. Sintra é, aliás, um dos berços da tradição de Natal como hoje a conhecemos. Nascido na Áustria, terá sido D. Fernando II a introduzir em Portugal a árvore de natal, de acordo com a tradição germânica que conheceu durante a sua infância. Há mesmo uma gravura desenhada por D. Fernando II, que mostra o próprio vestido de S. Nicolau, a entregar os presentes aos seus filhos.
Manuel Baptista, presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra
Convento dos Capuchos (30 065*)
Chalet da Condessa d’Edla (19 648*)
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Número de visitantes até 06/11/2015, às 11h00. Total: dois milhões
Créditos fotográficos 1
Quintinha de Monserrate (2 259*)
Picadeiro Henrique Calado (2 149*)
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1 - PSML/Serge Michaux 2 - PSML/EMIGUS 3 - PSML/EMIGUS 4 - PSML/EMIGUS 5 - PSML/EMIGUS 6 - PSML/EMIGUS 7 - PSML/EMIGUS 8 - PSML/EMIGUS 9 - PSML/Pedro Yglesias
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ULTURA
ANA SILVA RESTAURA INSTRUMENTOS ANTIGOS NUM DOS MUSEUS MAIS IMPORTANTES DOS EUA Partiu do Seixal para os Estados Unidos para conseguir trabalhar na área em que estudou, de restauro de instrumentos musicais antigos. Aos 32 anos trabalha num dos cinco museus mais importantes do mundo nesta área.
A
única portuguesa que faz parte da reputada equipa do Musical Instrument Museum (MIM), em Phoenix, no estado do Arizona, é mestre em música com especialização em História dos Instrumentos Musicais. Estudou também ciências musicais e engenharia florestal para compreender a anatomia e biodegradação da madeira e é ainda licenciada em Conservação e Restauro de Bens Culturais pela Universidade Nova de Lisboa. A carreira nos EUA começou em outubro de 2009, com uma oportunidade de realizar um breve estágio no The Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. Regressaria aos EUA em agosto de 2011, onde se mantém até à atualidade. Começou a desempenhar a atual função como conservadora no MIM em junho do ano passado. Questionada pela Revista PORT.COM sobre qual seria o maior objetivo que poderia alcançar na carreira, diz que gosta de pensar “que de alguma forma irei deixar o meu contributo pessoal na preservação de importantes coleções de instrumentos musicais”.
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Adufe, cavaquinho e guitarra portuguesa integram o MIM
Estando a trabalhar onde está, é fácil perspetivar a obtenção de tal meta. A variedade apresentada pelo MIM é tanta que até se pode encontrar uma sala exclusivamente dedicada aos instrumentos portugueses, como o cavaquinho, o adufe e a guitarra portuguesa. Há assim um “cantinho português” no longínquo destino para onde a carreira profissional levou Ana Sofia. “Arranjar o mesmo tipo de trabalho um pouco mais perto de casa é um objetivo que gostaria de realizar”, embora lhe pareça pouco provável
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tendo em conta “a falta geral de financiamento às artes e à cultura”. “Se já é difícil para determinados profissionais de conservação e restauro nas áreas mais conhecidas, como pintura ou escultura, nas áreas mais especializadas como instrumentos musicais torna-se impossível”, acrescenta. Enquanto o panorama não muda, Ana Sofia continua a ser mais uma embaixadora do profissionalismo e do talento português tão reconhecido internacionalmente.
Breves
Mariza dedicou concerto no Luxemburgo a vítimas de Paris
Obra de Manoel de Oliveira homenageada em Londres
A fadista portuguesa atuou na Philharmonie, a mais reputada sala de espetáculos do Grão-Ducado, na noite de 15 de novembro, ou seja, 48 horas após os ataques terroristas na capital francesa. Os trágicos acontecimentos foram referidos por Mariza, que, dirigindo-se ao público que lotou a sala, lamentou “o ataque à nossa liberdade”. Para além do Luxemburgo, em novembro a lisboeta também apresentou o novo disco “Mundo” em salas na Suíça (Genebra e Zurique) e na Alemanha (Colónia, Berlim, Munique e Essen).
A 6.ª edição do Utopia Festival, também conhecido como UK Portuguese Film Festival (Festival do Cinema Português no Reino Unido), que teve lugar entre os dias 17 e 22 de novembro, homenageou Manoel de Oliveira com a rodagem dos filmes “Vou para Casa” e “O Gebo e a Sombra”. Realizado em Londres desde 2010, o festival teve como tema em destaque “As mulheres e o cinema”, o que levou à rodagem de filmes das cineastas Catarina Ruivo (“Em Segunda Mão), Marta Pessoa (“Quem Vai à Guerra”) e Margarida Cardoso (“Yvone Kane”). A exibição destes trabalhos foi distribuída por três salas de cinema londrinas: Ciné Lumière, ICA e Birbeck College.
Digressão de Tony Carreira em França A a g e n d a p a ra 2 01 6 já in cl ui mais de dezena e meia de conc e r to s e m te r r i tó r i o g a u l ê s , sempre perto das comunidades portuguesas. Os bilhetes para a maior parte destes espetáculos já estão à venda.
Novo disco de Ana Moura apresentado às comunidades A fadista de Coruche, que no início deste ano foi feita Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique, acaba de lançar o 6.º álbum de originais da sua carreira, intitulado “Moura”. Depois do concerto que no dia 4 deste mês protagoniza na sala Jazzkaar, em Tallinn (capital da Estónia), as primeiras apresentações ao vivo das novas canções estão previstas para fevereiro, em Paris (dia 19, no Olympia) e para o Luxemburgo (dia 20, no Casino 2000).
MARÇO 1 – Toulouse, Casino Barrière 2 – Bordéus, Théâtre Femina 3 – Tours, Vinci 4 – Nantes, Centre des Congrès 6 – Mâcon, Le Spot 11 – Paris, Casino de Paris 12 – Paris, Casino de Paris 13 – Paris, Casino de Paris 19 – Ozoir-la-Ferrière, Espace Horizon 20 – Villeparisis, Centre Culturel Jacques Prévert 26 – Lyon, Bourse du Travail ABRIL Dia 1 – Longjumeau, Théâtre de Lonjumeau 3 – Yerres, Cec Nouveau Théâtre de Yerres 6 – Sausheim, Espace Nolfus Noack 8 – Saint Amand, les Eaux Pasino
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Editora procura poetas da diáspora A Oxalá Editora pretende publicar uma antologia de poesia de autores portugueses a viver fora de Portugal, aos quais se dedica em exclusivo. Os poemas devem ser enviados até 30 de abril de 2016, para o e-mail info@ oxalaeditora.de, acompanhados por uma ficha de inscrição que pode ser encontrada em www.oxalaeditora.de. Após avaliação e seleção por parte da editora, os autores selecionados terão que finalizar a sua inscrição mediante o pagamento de 10€ por cada poema escolhido, valor que lhes dará direito de receber um volume da obra.
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N
EGÓCIOS
Sol produziu mais energia que o vento pela primeira vez em Portugal O dia 11 de novembro foi o dia com menos vento do ano e pela primeira vez no sistema elétrico português a produção diária fotovoltaica ultrapassou a eólica, de acordo com a REN – Redes Energéticas Nacionais. No conjunto do dia foram injetados na rede 2,1 Gigawatt hora produzidos a partir da luz solar, e apenas 1,7 GWh vindos de todos os parques eólicos instalados em território nacional. Números surpreendentes
quando a potência fotovoltaica instalada ronda os 430 MW e a potência eólica ascende a 4959 MW. Em média, os parques fotovoltaicos a funcionar em pleno abastecem atualmente 1,6% do consumo nacional. No seu todo, de janeiro a outubro deste ano, as renováveis garantiram 47% do consumo de energia elétrica, menos do que no ano passado, quando esse valor ascendia a 62% para o mesmo período.
EDP Renováveis constrói central solar no Alentejo
Sol ajuda Adega da Falua a produzir vinho
Portugal deseja 700 MW de potência solar em 2020
A companhia portuguesa que opera no ramo das energias renováveis adquiriu a Stirlingpower, uma empresa que detém uma licença para construir e explorar, já a partir de 2016, uma central de produção de energia solar (com uma capacidade de 2,5 megawatts) em Alcamises, no distrito de Évora. Os valores da operação não foram tornados públicos.
A produtora vinícola de Almeirim, pertencente ao grupo João Portugal Ramos, anunciou a instalação de um sistema solar fotovoltaico com cerca de 600 painéis, com uma potência de cerca de 140 kWp. Com esta instalação na cobertura da adega, a Falua passará a ter a capacidade de produzir anualmente 175 MWh, durante 25 anos. Segundo um comunicado emitido pela empresa, esta instalação solar fotovoltaica vai permitir reduzir a fatura energética em 25% e evitar emissões anuais de 38,9 toneladas de CO2, o equivalente à plantação de uma floresta com a dimensão de oito campos de futebol.
Quando chamado a discussões europeias sobre alterações climáticas, o Governo de Pedro Passos Coelho definiu como meta a cumprir um valor de 700 megawatts de potência solar instalada em 2020. Segundo dados da Rede Elétrica Nacional (REN), em 2014 a capacidade instalada chegou aos 396 MW, o que representa um crescimento de 113% face ao ano anterior.
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O PI N IÃO
APROVEITE A ENERGIA DO SOL PORTUGUÊS A 100% Nuno Brito Jorge, CEO da Boa Energia
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ei por experiência própria que quando vivemos fora de Portugal, especialmente quando é mais a Norte, aquilo que mais falta nos faz são os dias solarengos, o calor do nosso país e a luz única de Portugal. Pois é, temos o privilégio de ser um dos países da Europa que tem mais horas de sol por ano: mais de 2 300 horas de sol na Região Norte e 3 000 horas no Algarve. Mesmo se estes valores são claramente superiores no verão do que no inverno, no geral, podemos dizer que estamos perante um recurso inestimável e infindável. Este fantástico recurso natural que é o sol no nosso país tem um enorme potencial de aproveitamento. Por exemplo, já todos ouvimos falar do bem que o sol faz à saúde e da necessidade que dele temos para obter as nossas doses de vitamina D e, também, já todos ouvimos falar do potencial da energia solar. Mas estaremos de facto a aproveitar os benefícios que o sol traz à nossa casa, ao ambiente e até às nossas poupanças?
A energia solar tem vindo a ganhar adeptos por todo o mundo por ser uma das opções mais limpas de produção energética – com poupanças significativas em termos de gastos para o consumidor. Para quem a usa, é interessante constatar que ao mesmo tempo que está a obter ganhos em sua casa, está a contribuir para o desenvolvimento sustentável do planeta, seja pela componente ambiental, social ou económica. No final do ano passado, foi aprovada uma lei para o autoconsumo de energia, permitindo assim que qualquer família portuguesa utilize o sol para produzir a energia que consome em sua casa. Basta, para isso, adquirir e instalar um sistema de autoconsumo, composto por painéis fotovoltaicos, que até podem ser portugueses – e estamos duplamente a contribuir para o desenvolvimento sustentável do nosso país. Uma das opções para produção da sua própria energia são os kits fotovoltaicos “Do-It-Yourself ”, que permitem a qualquer pessoa construir o seu próprio sistema —
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desde que tenha um espaço com exposição solar sem sombreamentos, como uma varanda, um terraço, um jardim ou um telhado —, bastando ligar o painel a uma tomada da casa. Para quem sabe a falta que o sol de Portugal faz, o melhor conselho que podemos dar é que aproveite a sua energia e a utilize da melhor forma!
“NO FINAL DO ANO PASSADO, FOI APROVADA UMA LEI PARA O AUTOCONSUMO DE ENERGIA, PERMITINDO ASSIM QUE QUALQUER FAMÍLIA PORTUGUESA UTILIZE O SOL PARA PRODUZIR A ENERGIA QUE CONSOME EM SUA CASA”
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NEGÓCIOS
CRISTIANO RONALDO, NOVO EMBAIXADOR DAS MARCAS DA ALTICE O capitão da seleção portuguesa de futebol vai promover marcas da empresa francesa fundada pelo emigrante Armando Pereira. Substitui assim o humorista Ricardo Araújo Pereira nos anúncios publicitários da MEO.
O
Grupo Altice anunciou, a 13 de novembro, um acordo de patrocínio com Cristiano Ronaldo para todas as marcas do grupo em todos os territórios que está presente, com especial destaque para Portugal. O craque português associa-se, assim, à empresa fundada pelo compatriota Armando Pereira (emigrante em França há 46 anos), na qual se insere a Portugal Telecom.
O comando passa para o melhor do mundo
Depois de em 2014 ter reduzido o número de patrocinadores de 15 para seis, Cristiano Ronaldo associa-se assim a mais uma empresa. À Altice somam-se a Nike, TAG Heuer, Pokerstars, Herbalife, Sacoor e Clear Champô. Máquina de somar golos, dinheiro e popularidade
Para comunicar esta novidade, a MEO lançou um anúncio em que Ricardo Araújo Pereira “passa o comando ao melhor do mundo”. Desde 2006 que o humorista era o principal rosto dos anúncios publicitários da marca, tanto como com os restantes Gato Fedorento como a solo, o que aconteceu desde fevereiro deste ano.
As campanhas publicitárias realizadas com Cristiano Ronaldo como protagonista serão lançadas em breve em Portugal, França e Israel. Serão ainda adaptadas para os mercados belga, suíço, dominicano e norte-americano. Todas as campanhas serão trabalhadas localmente pelas atuais agências de publicidade das empresas do grupo.
Para além de jogador com maior número de golos na história da seleção portuguesa e do Real Madrid, os números de Cristiano Ronaldo no mundo dos negócios também são verdadeiramente impressionantes. A cada segundo há alguém no planeta que começa a segui-lo nas redes sociais e nos últimos anos lançou-se no mundo dos negócios por conta própria.
A empresa detentora da MEO afirma, em comunicado à imprensa, que “as capacidades Cristiano Ronaldo, de liderança, perseverança, capacidade de trabalho e melhoria contínua de performance, ilustram de forma clara o compromisso que o Grupo Altice e a PT têm com Portugal”.
Para Michel Combes, diretor de operações do Grupo Altice, “esta parceria com o Cristiano Ronaldo é o testemunho de uma nova etapa para a Altice. O grupo está organizado e a nossa ambição para o sucesso deste projeto industrial é ilustrado pela associação das nossas marcas ao maior desportista do mundo”.
A marca de calçado CR7 Footwear é mais recente, lançada já em 2015, após uma proposta feita pela Portugal Footwear à Gestifute, empresa que gere a sua imagem e carreira. Com preços entre os 75 e os 600 euros, os sapatos CR7 são vendidos em quatro lojas exclusivas da marca no Irão, Egito,
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OS NÚMEROS DE CR7 ENQUANTO MARCA Coreia do Sul e Finlândia, no site e em lojas multimarca em mais de 30 países, Portugal incluído. No final de outubro, a revista Forbes divulgou o ranking de desportistas com a marca pessoal mais valiosa. Ronaldo é o primeiro futebolista da lista e o oitavo entre todos os desportistas do mundo (apenas atrás de nomes como Tiger Woods, LeBron James, Roger Federer e Usain Bolt). A mesma Forbes coloca-o ainda no 10.º lugar no seu Top 100 Celebridades, logo abaixo de Robert Downey Jr e Taylor Swift. Num trabalho divulgado em junho, a Repucom, empresa de estudos de mercado, concluiu que 92% das pessoas em todo o mundo sabem quem é Ronaldo e 68% gostam do melhor marcador da história “merengue”. Em sete países — Portugal, Espanha, Brasil, México, Turquia, Argentina e Itália — mais de 96% da população reconhece CR7. Cristiano Ronaldo é ainda, de acordo com a ONG norte-americana “Do Something”, o desportista mais solidário do mundo. A título de exemplo, Cristiano Ronaldo doa parte das receitas da sua marca de calçado à CERCIGUI, instituição em Guimarães que presta apoio a aproximadamente 450 pessoas com deficiência. Lançada este ano, a marca de sapatos CR7 Footwear chega a mais de 30 países, a alguns dos quais em lojas exclusivas
Para além de receber milhões por contratos publicitários, ser a pessoa mais popular do mundo no Facebook e o desportista mais seguido no Twitter permitelhe receber centenas de milhares de euros cada vez que refere marcas nestas redes sociais.
107 milhões
De fãs no Facebook, tornando-o na pessoa mais popular do mundo nesta rede social
100 milhões
É quanto rende ao Real Madrid pela venda anual de 1,5 milhões de camisolas oficiais com o seu nome e número
98 milhões
De referências nas pesquisas do motor de busca online Google
47,7 milhões
O que recebe por ano em salário e bónus
39 milhões
De seguidores no Twitter, sendo assim o desportista mais acompanhado nesta rede social
37 milhões
De seguidores no Instagram, o futebolista mais popular nesta rede social de partilha de fotografias
24 milhões
Que recebe por ano em contratos publicitários
14,5 milhões
Valor da sua marca pessoal, a mais valiosa entre todos os futebolistas
9 milhões
Quanto lhe rende anualmente o contrato publicitário com a Nike
230 mil
Valor que recebe por cada tweet (texto na rede social Twitter) em que menciona patrocinadores
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ESPORTO
OS PORTUGUESES QUE E A temporada ainda nem vai a meio e já são vários os nomes até há pouco desconhecidos que dão nas vistas no primeiro escalão do futebol nacional. Paços de Ferreira supera Benfica, Vitória de Setúbal e Arouca como o clube que mais aposta no lançamento de jogadores portugueses.
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TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES
ditado popular indica que “o barato sai caro”, o que, como qualquer provérbio do género, tem as suas exceções. Exemplo disso é bem visível na presente Liga NOS, na qual têm emergido vários talentos portugueses que ainda há poucos meses militavam nos escalões secundários ou nas camadas jovens do futebol nacional.
Nacional de Seniores - recentemente rebatizado Campeonato de Portugal Prio.
Por esta altura já todo o adepto atento ouviu falar de Nélson Semedo e Gonçalo Guedes, dois jovens provenientes da equipa B do Benfica que ganharam um espaço entre as escolhas habituais do conjunto principal. Mas há mais, alguns dos quais provenientes do terceiro escalão do futebol português, o Campeonato
Apesar de no ano passado ter integrado o plantel do Moreirense, até esta temporada nunca havia realizado um jogo no principal escalão do futebol português. Mesmo assim, o treinador Norton de Matos confiou-lhe a titularidade da baliza do União da Madeira desde o início da época. Nas primeiras cinco jornadas
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A Revista PORT.COM escalonou um onze composto por jovens futebolistas portugueses (média 22,3 anos) que esta temporada são presença habitual entre os titulares de equipas do principal escalão do futebol português. André Moreira (União da Madeira)
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conseguiu manter a baliza invicta por três vezes, muitas vezes graças a valiosas intervenções. Tem apenas 19 anos, mas o seu passe já pertence ao Atlético de Madrid e é representado pelo superagente Jorge Mendes. Nélson Semedo (Benfica) Foi a principal surpresa do onze titular do Benfica no primeiro jogo da temporada, a Supertaça. A partir daí, a velocidade e destreza com que se movimenta a partir do flanco direito da defesa fez com que nunca mais perdesse o lugar, e até merecesse a confiança do selecionador nacional Fernando Santos. Atualmente está lesionado, mas nem assim deixa de ser apontado como alvo do interesse de clubes como o Inter de Milão e o Atlético de Madrid.
EMERGEM NA LIGA NOS Miguel Vieira (Paços de Ferreira) Quando o verão chegou ao fim não tinha a titularidade garantida, mas desde que à 3.ª jornada foi chamado a entrar em campo, nunca mais perdeu o lugar. Chegou à Liga NOS com 24 anos, depois de duas temporadas no segundo escalão (Desportivo das Aves) em que despertou a atenção de clubes mais poderosos. A solidez e maturidade que exibe justificam a aposta.
Marco Baixinho (Paços de Ferreira) O principal culpado para Miguel Vieira não ter começado a temporada a titular é Marco Baixinho. Na temporada passada alinhava no Campeonato Nacional de Seniores, tendo contribuído para a subida de divisão do Mafra. Entra em dezembro a lutar por novas oportunidades para demonstrar que o salto não foi maior que a perna.
Nélson Semedo começou a época como titular no Benfica e até chegou à seleção
Ruca (Vitória de Setúbal)
André Sousa (Belenenses)
Durante várias temporadas pertenceu aos quadros do Gil Vicente, mas sucessivos empréstimos adiaram-lhe a estreia no primeiro escalão, ao qual chegou depois de também ter dado nas vistas no Mafra. Assumiu o lado esquerdo da defesa do Vitória logo à 1.ª jornada, jogo em que até marcou um golo ao Boavista. Com nome de desenho animado está a demonstrar valor para vingar no convívio dos grandes.
Há um ano era suplente num Beira-Mar falido e perdido no meio da extensa tabela da Segunda Liga, agora é titular num Belenenses capaz de ir a Basileia derrotar o campeão suíço. Pelo meio, cumpriu a segunda metade da temporada passada no Académico de Viseu, onde já exibia a disponibilidade física e a inteligência tática com que agora convence o treinador Ricardo Sá Pinto.
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DESPORTO
NÉLSON SEMEDO, IVO RODRIGUES E NUNO VALENTE SÃO EXEMPLOS DE TALENTOS SAÍDOS DAS EQUIPAS B
Costinha
Ivo Rodrigues
Nuno Valente (Arouca) Os dez golos que marcou na temporada passada na equipa B do Sporting de Braga, apesar de atuar preferencialmente no centro do terreno, não chegaram para convencer os responsáveis bracarenses a dar-lhe uma oportunidade no conjunto principal. O Arouca não se fez despercebido e endereçou a este jovem de assinalável perícia rematadora um convite para o primeiro escalão, no qual tem sido titular indiscutível e com alguns golos marcados.
Gonçalo Guedes
Nuno Valente
Diogo Jota
André Sousa
Ruca
Nélson Semedo Marco Baixinho
Miguel Vieira
Diogo Jota (Paços de Ferreira) Assinala o 19.º aniversário no dia 4 deste mês e mesmo assim é o jogador desta lista com mais jogos realizados na Liga NOS. Paulo Fonseca utilizou-o dez vezes na temporada passada, com o sucessor Jorge Simão a dar agora continuidade à tarefa. Rui Jorge acaba de lhe conceder a estreia na seleção sub-21. A cumplicidade que mostra com a bola quando esta lhe chega aos pés justifica a aposta de tantos treinadores neste talento precoce.
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André Moreira
O esquema tático das revelações Há um ano, Ruca, Baixinho e Costinha jogavam no 3.º escalão, Miguel Vieira e André Sousa no 2.º, Diogo Jota nos juniores. Agora são assíduos no “convívio dos grandes”
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Breves Gonçalo Guedes (Benfica) No mês passado escrevemos sobre o despontar deste jovem (que acaba de cumprir o 19.º aniversário) na equipa principal do Benfica, titular tanto nas competições internas como na Liga dos Campeões. Desde então, a evolução precoce conheceu novos capítulos e Guedes já se estreou com a camisola da seleção principal portuguesa, mostrando-se a Fernando Santos como um sério candidato a marcar presença no EURO 2016.
Portugal no pote 1 do EURO 2016
Ivo Rodrigues (Arouca)
Vitória contra Luxemburgo é a maior da era Fernando Santos
A seleção nacional integra o pote 1 do sorteio do Europeu, que tem lugar no dia 12 deste mês (às 17h00 em Lisboa). A equipa de Fernando Santos e Cristiano Ronaldo parte assim no lote das favoritas, o que lhe permite evitar as seleções do mesmo pote na fase de grupos do EURO 2016, ou seja, França, Espanha, Alemanha, Inglaterra e Bélgica.
O triunfo por 0-2 na deslocação ao Luxemburgo, com golos portugueses de André André e Nani, é a vitória mais dilatada desde que Fernando Santos lidera a seleção de Portugal. Colocou-se assim um ponto final em 17 encontros de triunfos à tangente.
Costinha (Vitória de Setúbal)
Filial do Sporting recebe refugiados no Luxemburgo
Benfica abre escolas de formação na Guiné-Bissau
Há um ano militava no modesto Lusitano Vildemoinhos, clube do distrito de Viseu pelo qual marcou 18 golos em 34 jogos. O treinador Quim Machado andava por perto, a conduzir o Tondela à conquista da Segunda Liga, e “deu-lhe boleia” para Setúbal. O extremo de 23 anos, que também pode atuar no centro do ataque, não se atemorizou e à 4.ª jornada já somava dois golos. Um claro exemplo de que a contratação de talentos nem sempre obriga a avultados investimentos.
O Sporting Steinfort, filial do Sporting Clube de Portugal fundada em 2007 na cidade luxemburguesa de Steinfort, propôs-se a receber no próximo ano, entre abril e maio, entre 300 a 600 refugiados sírios. Além de os acolher, o objetivo desta ação passa por promover uma melhor integração destas pessoas na sociedade luxemburguesa, o que será feito sem descurar a componente desportiva.
O clube encarnado oficializou em Bissau um protocolo para a criação de uma academia de formação com capacidade para receber 400 crianças. A ocasião foi assinalada pelo clube a 12 de novembro, com a visita à capital da Guiné-Bissau por parte de uma comitiva encabeçada por Nuno Gomes e Pedro Mantorras. A equipa B do Benfica defrontou o Benfica de Bissau num jogo “amigável”, por vitória portuguesa por 3-4.
Emprestado pelo FC Porto, este extremo de 20 anos tem apresentado as credenciais que já havia exibido na equipa B dos portistas e nas seleções jovens de Portugal, como uma excelente capacidade para progredir velozmente com a bola controlada por entre opositores. A segunda hipótese no primeiro escalão está a correr bem melhor do que a anterior, na temporada passada ao serviço do Vitória de Guimarães, quando foi lançado poucas vezes pelo agora técnico benfiquista Rui Vitória.
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ISCURSO DIRETO
A EXPERIÊNCIA ÚNICA DE VIVER NO DUBAI Este mês faz dois anos que o flaviense Hugo Daniel Costa, engenheiro civil de 27 anos, partiu para uma zona do planeta em que tudo é “à grande e à emirati”.
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onhecida pelos arranhacéus e pelos carros de luxo, o Dubai é uma cidade completamente multicultural, com 85% da população composta por expatriados, o que contribui para que tudo seja diferente. A cada diferença encontrada, encontram-se tantas outras similitudes e até elos de ligação.
“MUITAS VEZES ACONTECE ESTAR NO TÁXI E SER ABORDADO PELO TAXISTA SOBRE A MINHA NACIONALIDADE. A RESPOSTA PORTUGAL É AUTOMATICAMENTE REFLETIDA COM CRISTIANO RONALDO, VASCO DA GAMA OU AINDA POR VEZES FERNÃO MAGALHÃES”
Apesar da dedicação evidente dos muçulmanos à religião, o Dubai é o emirado menos conservador, o que permite uma maior integração de pessoas ocidentais. Ao contrário do que se pensa, não é obrigatório a mulher cobrir-se totalmente de negro, embora o uso de abaia seja comum, principalmente às sextas-feiras, que é o dia religioso.
É muito curiosa e agradável, por exemplo, a predisposição de qualquer expatriado em iniciar uma conversa. Muitas vezes acontece estar no táxi e ser abordado pelo taxista sobre a minha nacionalidade. A resposta Portugal é automaticamente refletida com Cristiano Ronaldo, Vasco da Gama ou ainda por vezes Fernão Magalhães. Sim, aqui também o nosso passado é bastante conhecido. Vasco da Gama ainda hoje é ensinado nas escolas indianas e Fernão Magalhães é referido nos livros filipinos, duas das maiores comunidades aqui existentes.
Quanto à religião, existem apenas duas igrejas católicas em todo este emirado islâmico. Todos os dias, por cinco vezes, sete dias por semana, os chamamentos para rezar fazem-se ouvir através dos altifalantes das mesquitas, e até no interior dos shoppings, com a música ambiente das lojas a dar lugar a uma voz elegante e profunda que convida os fiéis.
A vida de não-muçulmanos é ligeiramente afetada ao longo do Ramadão, uma vez que muitos restaurantes não servem comida durante o dia. Não só durante esta época, mas ao longo de todo o ano, os árabes enfrentam uma restrição ao consumo de carne de porco, algo com que é um pouco difícil de lidar quando se é transmontano. Existem supermercados e restaurantes onde é comercializada, mas a sua qualidade não é comparável à portuguesa.
A nível profissional, e sendo eu engenheiro civil, não poderia estar mais satisfeito. Os projetos em que estive envolvido são de uma escala que nunca poderia alcançar em Portugal, “à grande e à emirati”.
Já tive a engraçada experiência de ter uma reunião interrompida para que um dos participantes se ausentasse para cumprir os seus deveres religiosos. Todos os edifícios públicos e de escritórios privados estão dotados de salas de reza.
Apesar das evidentes diferenças, das saudades da família, amigos e da comida da mãe, sair da zona de conforto não só é das decisões mais difíceis, mas também das mais recompensadoras que alguém pode tomar.
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