w w w. r e v i s t a p o r t . c o m
2016 . Nº 20 . JULHO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 3,50€
Turismo
EM PORTUGAL EMIGRANTES, OS TURISTAS DE LONGA DURACAO
ARQUITETURA
LÍNGUA PORTUGUESA
ARTE URBANA
Siza e Souto Moura expostos em Paris
Avanços em França, recuos no Museu
Vhils prepara monumento português no Luxemburgo
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Vi s i te o s i te w w w. rev i s t a p o r t .co m e f i q u e m a i s p e r to d e P o r t u g a l
SUMÁRIO 4 EDITORIAL COMUNIDADES
20 Ecolã
OPINIÃO P12 O reino desuniu-se Joana Pereira Portuguesa a residir em Londres escreve sobre o Brexit P19 Os cidadãos como motor de um novo paradigma energético Susana Fonseca Membro da direção da Coopérnico
P26 Beira Baixa, tradição que convida a descobrir Ricardo Ambrósio Delegado da AHRESP em Castelo Branco
5. Governo sem dinheiro para o Museu da Língua e da Diáspora 6. François Hollande compromete-se a desenvolver o ensino da Língua Portuguesa em França 8. A agenda de Marcelo e António Costa na passagem por Paris 15. PORT.COM volta a receber os portugueses em agosto 16.Campanha internacional de apoio aos bombeiros portugueses
P35 RECEITAS DE PORTUGAL
Arroz de Marisco
NEGÓCIOS
18. Fábrica portuguesa é a primeira do mundo a trabalhar 100% a energia solar 20. “A lã da Serra da Estrela é um símbolo da nossa identidade”
40 Vhils
DESTAQUE
TURISMO EM PORTUGAL 23. Vestir a pele de turista nas habituais férias 28. Festa durante todo o verão
GASTRONOMIA
34. Ílhavo prepara a 10.ª edição do Ria a Gosto 35. Receitas de Portugal: Arroz de Marisco
CULTURA
37. A arquitetura portuguesa dos últimos 50 anos 40. Vhils homenageia comunidade portuguesa no Luxemburgo
46 DESPORTO
Eusébio e os “Magriços” tornaram-se lendas há 50 anos
50 DISCURSO DIRETO Suíça: é quase como estar em casa
46 50 anos de os “Magriços”
EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES
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Edição Mensal - Julho 2016 www.revistaport.com Nº de registo na ERC: 126526
altura do ano que coincide com o verão no hemisfério norte, no qual se encontram a maior parte das comunidades portuguesas no estrangeiro, é a época preferida para milhares de portugueses gozarem as suas férias. Portugal continua a ser o destino mais escolhido para estes dias de descanso, sobretudo por parte dos que têm o seu país de acolhimento no continente europeu.
Rua João de Ruão, nº 12 – 8º 3000-299 Coimbra (Portugal) Tel: (+351) 239 820 688 geral@revistaport.com www.revistaport.com ESTATUTO EDITORIAL www.revistaport.com/estatuto-editorial DIREÇÃO Abílio Bebiano direcao@revistaport.com
LUÍS CARLOS SOARES Coordenador Editorial
Assim, nesta edição da Revista PORT.COM apresentamos alguns dos principais eventos que decorrem em Portugal entre julho e setembro, sobretudo em agosto. A nossa escolha abrange localidades no litoral ou no interior, de norte a sul, ou de Viana do Castelo a Silves, para ser mais preciso.
Alguns destes eventos, como o AgitÁgueda e a Feira de São Mateus, permitem aos portugueses que passam a maior parte do ano no exterior terem acesso a alguns dos nomes que se destacam na música portuguesa, como Ana Moura, Mariza, António Zambujo, David Carreira ou Agir. Mas nem só de sons é feita a expressão artística portuguesa. Neste número explicamos como e porque é que um dos maiores vultos da arte urbana à escala global vai criar um monumento português na cidade do Luxemburgo. Partilhamos também como é que a história recente da arquitetura portuguesa está a ser contada num museu de Paris, pela mão da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian na capital francesa, que este ano cumpre o 50.º aniversário. Nem o fim do EURO 2016 faz com que os portugueses desliguem do seu desporto predileto, dado que os clubes nacionais começam a preparar a nova época já este mês. Na secção Desporto recordamos a primeira competição em que a seleção portuguesa de futebol causou furor à escala internacional, com a prestação extraordinária de Eusébio e dos “Magriços” no Mundial de Inglaterra, que teve lugar há precisamente meio século. Recordar o passado que orgulha Portugal e retratar a informação que no presente interessa a todos os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro. É com estes objetivos bem assentes que desejamos um excelente verão a todos os nossos leitores.
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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES
COORDENAÇÃO EDITORIAL Luís Carlos Soares (CP-9959) luis.soares@revistaport.com REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira, Filipa Marques Colaboradores: Joana Rodrigues PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos marcia.oliveira@revistaport.com DESIGN E PAGINAÇÃO NAVEGA VALE, LDA Tlm: 914 106 764 ASSINATURAS assinaturas@revistaport.com PUBLICIDADE AJBB Network Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal) (+351) 967 583 072 publicidade@ajbbnetwork.com EDIÇÃO PAPEL: Julho 2016 Tiragem: 30.000 Exemplares Impressão: Lisgráfica Depósito Legal: 376930/14 Distrib. nacional e internacional: CTT EDITOR E PROPRIETÁRIO
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OMUNIDADES
GOVERNO SEM DINHEIRO PARA O MUSEU DA LÍNGUA E DA DIÁSPORA O arquiteto Souto Moura indicou um revés na construção do núcleo museológico previsto para celebrar a língua portuguesa e as histórias de sucesso dos portugueses no estrangeiro. FOTO: CHAVES INTEMPORAL
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Câmara Municipal de Matosinhos demonstrou, no final do ano passado, intenção em criar um Museu da Diáspora e da Língua Portuguesa. Em março, a mesma autarquia anunciou que este espaço seria projetado pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura. Porém, a 19 de junho, o detentor de um Prémio Pritzker apontou um revés. Na conferência “Museu Nadir Afonso: Dois ícones que o caraterizam”, em Chaves, Souto Moura indicou que “foi-me pedido um Museu da Diáspora e da Língua Portuguesa, mas eu falei com o ministro da Cultura em Alcobaça, que me disse para não pedir nada porque não tem um tostão”. O diálogo terá acontecido a 7 de junho, quando o ministro Luís Filipe Castro Mendes e o arquiteto estiveram no Mosteiro de Alcobaça durante a assinatura do contrato que prevê a instalação de um hotel numa parte do monumento. Em dezembro último, quando João Soares, na altura ministro da Cultura, foi questionado sobre que tipo de apoio poderia o Governo dar aos projetos da autarquia de Matosinhos,
PCP propõe revogação da propina do ensino do Português no estrangeiro Um projeto de lei do grupo parlamentar do PCP divulgado a 14 de junho propõe a revogação da propina do ensino da língua portuguesa fora de Portugal, por constituir um “sério entrave” à frequência dos cursos de Ensino Português no Estrangeiro (EPE). Presentemente, o valor da propina cifra-se em 100 euros.
realçou que “há muitas maneiras de apoiar” e alertou: “ Nós faremos aquilo que nos for possível. Não estejam à espera que sejamos capazes de fazer milagres no plano financeiro”.
“O PCP entende que apostar no ensino da Língua e Cultura Portuguesas no estrangeiro é uma opção estratégica, pelo que não deve ser encarada como uma despesa, mas sim como um investimento necessário para o presente e para o futuro de Portugal”, refere o PCP na exposição dos motivos do diploma.
O projeto do Museu da Diáspora e da Língua Portuguesa prevê a sua instalação numa antiga fábrica, numa rua de Matosinhos que futuramente será conhecida como a rua dos museus. O investimento previsto é superior a 2,5 milhões de euros, o que incluiu a reabilitação, mas não a aquisição do edifício.
O partido considera que a introdução da propina ignora disposições constitucionais que apontam para a gratuitidade do ensino e trata de “forma discriminatória e injusta” os portugueses que residem fora do país, “os únicos portugueses que pagam propina para a frequência do ensino básico e secundário”.
Souto Moura no Museu Nadir Afonso, em Chaves
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COMUNIDADES
François Hollande compromete-se a desenvolver o ensino da Língua Portuguesa em França As declarações do presidente francês podem ser um prenúncio para que o dossier seja fechado em breve. Hollande visita Portugal este mês, reforçando o que considera tratar-se de uma “relação excecional”.
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as comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Paris, o presidente francês François Hollande comprometeu-se a “desenvolver o ensino do Português em França”, não apenas pela “relação excecional entre França e Portugal”, mas também porque “a comunidade lusófona são 250 milhões de falantes”.
As centenas de portugueses e lusodescendentes que o ouviam na Mairie de Paris aplaudiram-no nesse momento. Há muito que a comunidade portuguesa em França sente que essa é uma das grandes lacunas no país de acolhimento. No mesmo evento, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, não se quis comprometer
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com prazos, mas afirmou aos jornalistas que esse é um assunto que está a ser intensamente tratado por uma comissão bilateral, onde estão representados os dois governos, através dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação, assim como pelo Instituto Camões. “O facto de termos o Presidente de França a afirmar que a integração do Português na estrutura curricular do sistema de ensino é um objetivo nacional, revela a importância com que o tema está a ser tratado”, disse Carneiro, reforçando que se trata de “uma língua estratégica para a França, por ser a terceira mais falada no mundo e a primeira no hemisfério sul”. O assunto, revelou o secretário de Estado, foi uma das questões discutidas pelo primeiro-ministro António Costa com o seu homólogo francês Manuel
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Valls. Estas declarações de Hollande podem ser um prenúncio que o dossier pode ser fechado em breve, talvez mesmo na viagem que o Presidente francês fará a Portugal já este mês, embora ninguém o tenha garantido no 10 de Junho.
Português 4.º idioma mais falado no mundo, 3.º no Facebook Nos cinco continentes existem 261 milhões de pessoas que falam Português, a língua oficial em nove países e em Macau. Segundo o Instituto Camões, trata-se do 4.º idioma mais falado do mundo: supera o hindi (260 milhões) e fica apenas atrás do mandarim (1 302 milhões), castelhano (427 milhões) e inglês (339 milhões). Na Internet, a Língua Portuguesa é a 5.ª com maior número de utilizadores, sendo a 3.ª mais usada no Facebook. O Instituto Camões estima que em 2050 a população lusófona rodeará os 380 milhões de representantes.
Residentes no Estrangeiro
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COMUNIDADES DIA DE PORTUGAL EM PARIS
A agenda de Marcelo e António Costa na passagem por Paris O Presidente da República e o primeiroministro, assim como o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (José Luís Carneiro) e o embaixador de Portugal em França (José Filipe Moraes Cabral), privaram com milhares de portugueses e lusodescendentes durante a estadia na área metropolitana da capital francesa.
Inauguração de rotunda ao Comendador Armando Lopes Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, José Filipe Moraes Cabral e José Luís Carneiro descerraram a placa evocativa de uma rotunda, em Créteil, com o nome do Comendador Armando Lopes, presidente da Rádio Alfa.
Almoço na Embaixada de Portugal
Várias individualidades da comunidade portuguesa residentes em Paris deslocaram-se à residência oficial do embaixador para um almoço com a comitiva proveniente de Portugal.
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Convívio com a comunidade portuguesa na Festa da Rádio Alfa A Festa da Rádio Alfa, em Créteil, permitiu o contacto com a maior multidão ao longo da estadia em França. Recebidos pelo presidente da estação radiofónica, Armando Lopes, visitaram os expositores do recinto, com o Presidente da República a aceder a vários pedidos para tirar selfies. No palco, Marcelo dirigiu-se aos milhares de portugueses presentes nesta tradicional festa portuguesa em França, com um momento particular a ser registado: António Costa cobriu-o da chuva. Ambos cantaram o hino de Portugal com todos os presentes.
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Homenagem a Louis Talamoni, o autarca protetor das famílias portuguesas
Tributo aos militares mortos na I Guerra Mundial Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e José Luís Carneiro prestaram homenagem, em La Couture, aos militares portugueses mortos na I Grande Guerra Mundial, tendo depositado uma coroa de flores no monumento ao soldado português, inaugurado em 1928 e intitulado “O Cristo das Trincheiras”. Recebidos pelo presidente da Câmara de La Couture, Raymond Gaquere, participaram na cerimónia de homenagem aos
Passagem por exposições portuguesas A comitiva deslocou-se a duas exposições patentes em Paris. Na Cité de l’Architecture, no Trocadero, visitou a exposição sobre arquitetura portuguesa “Les Universalistes - 50 ans d’architecture portugaise”. No Grand Palais conheceu a exposição “Amadeo de Souza Cardoso”, sobre o pintor com o mesmo nome.
militares portugueses, que incluiu a deposição de coroas de flores, a execução do toque aos mortos, de um minuto de silêncio e posteriormente dos hinos de Portugal e de França. A comitiva passou ainda pelo Cemitério Militar Português de Richebourg l’Avoué, onde se encontram sepultados 1 831 militares mortos na frente europeia durante a I Guerra Mundial, muitos deles caídos a 9 de abril de 1918 durante a Batalha de La Lys.
Visita à Fundação Gulbenkian Marcelo Rebelo de Sousa tomou conhecimento dos projetos da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em França. Recebido pelo presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, o Presidente da República visitou as exposições aí patentes, a biblioteca e assistiu a uma apresentação sobre a ação da fundação no país gaulês.
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Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa descerraram a placa evocativa de um monumento a Louis Talamoni. Situado na avenida Ambroise Croizat de Champigny-sur-Marne, localidade nos arredores de Paris onde foram atribuídas condecorações do Dia de Portugal, este espaço homenageia o antigo autarca, entretanto falecido, que se distinguiu por proteger as famílias portuguesas que viviam em situações precárias num gigantesco bairro de lata, apesar da contestação por parte de muitos franceses. Quando era o autarca de Champigny, entre 1956 e 1972, Talamoni providenciou aos habitantes do “bidonville” o fornecimento de água e eletricidade, a melhoria das ruas que o inverno transformava em lamaçais, a escolarização das crianças (o que lhe mereceu particulares críticas dos que se opunham à “invasão estrangeira” da escola pública), o acesso aos cuidados de saúde, a recolha do lixo e a instalação de esgotos. Como reconhecimento, o Estado português entregou o título Comendador da Ordem da Liberdade ao autarca francês protetor das famílias portuguesas, o qual foi recebido pelos seus descendentes.
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COMUNIDADES
Futuro da Língua Portuguesa debatido em Díli Georgina de Melo
ESPAÇO DO CIDADÃO CRIADO PARA APROXIMAR COMUNIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA Fazer pedido de alteração de morada ou de renovação da carta de condução são algumas das funcionalidades deste espaço eletrónico inaugurado no Consulado-Geral de Portugal em Paris. Depois da capital francesa segue-se São Paulo.
Especialistas de vários países reuniram-se, nos dias 15 e 16 de junho, na capital de Timor-Leste para debater o futuro da Língua Portuguesa, num encontro inserido nos esforços da CPLP para fomentar o uso do português nas organizações internacionais, intitulado “3.ª conferência internacional sobre o futuro da Língua Portuguesa no sistema mundial”. Georgina de Melo, diretora-geral da CPLP, destacou que o português é “cada vez mais um instrumento de comunicação internacional” e uma “língua de negócios face ao potencial das economias” lusófonas em vários setores, “como o das energias renováveis e convencionais”. O encontro, promovido pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), marcou a reta final da presidência de Timor-Leste da CPLP.
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Governo português criou uma espécie de Loja do Cidadão, que passa a estar ao serviço dos portugueses e lusodescendentes que residem em França. Paris é a primeira cidade a ter um “Espaço Cidadão”, no Consulado-Geral de Portugal na capital francesa, onde é possível ter acesso a 60 serviços relacionados com a administração portuguesa, através de via eletrónica. O primeiro-ministro António Costa esteve na inauguração, a 19 de junho, na qual indicou objetivos desta iniciativa: “Todos nós percebemos que face às necessidades de contenção orçamental, a rede consular tem de ser hoje mais contida do que foi no passado. Mas hoje felizmente dispomos de ferramentas que nos permitem que sem presença física possamos até praticar mais atos no exterior do que podíamos com a antiga rede consular”. Entre as funcionalidades do Espaço do Cidadão destacam-se o pedido de alteração de morada, a consulta do número de beneficiário, o pedido do Cartão Europeu do Seguro de Doença e o serviço de Segurança Social Direta. Através deste serviço online pode-se igualmente
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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES
Consulado-Geral de Portugal em Paris
proceder a pedidos de prestações por morte, de reembolso de despesas de funeral, de subsídio de funeral, assim como certidões diversas, como as paroquiais, e a renovação da carta de condução. Para além de António Costa, o Espaço do Cidadão foi experimentado pelos secretários de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, e da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo. Depois de Paris, a segunda inauguração está prevista para São Paulo, embora ainda sem data prevista.
Conferência em Malaca reúne comunidades portuguesas asiáticas Teresa Ribeiro
Governo assina protocolos para promover idioma nos EUA A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (SENEC) de Portugal, Teresa Ribeiro, assinou dois protocolos de cooperação para promover a Língua Portuguesa nos Estados Unidos, ambos no estado do Massachusetts. Um foi assinado com o Bristol Community College, que conta com um Luso Centro e uma biblioteca lusófona, e outro com o polo de Dartmouth da Universidade de Massachusetts, onde existe um centro de estudos portugueses e um vasto acervo sobre as culturas brasileira e cabo-verdiana.
Clube Português de Long Branch ofereceu bolsas de estudo Alunos da Escola Lusitânia em Long Branch, cidade norte-americana no estado de New Jersey, receberam bolsas de estudo por parte do Clube Português, no valor total de 3 500 dólares (equivalente a 3 100 euros). No total foram 13 os jovens estudantes recipientes deste apoio monetário que serve de incentivo para que continuem a aprender e a estudar a língua e a cultura portuguesas.
Luso-asiáticos de dez países (Malásia, Singapura, Indonésia, Sri Lanka, Austrália, Tailândia, Birmânia, Timor-Leste, China e Índia) juntaram-se entre 27 e 30 de junho em Malaca, na Malásia, numa conferência com o objetivo de sensibilizar Portugal e a CPLP para a cultura portuguesa na Ásia. Para além de representantes das comunidades portuguesas nestes países, o evento contou com intervenções de académicos de universidades dos Estados Unidos, Indonésia, Áustria, Sri Lanka, Filipinas, Malásia e Austrália, com investigações relacionadas com a herança cultural portuguesa
Porta de Santiago da Fortaleza de Malaca em diversos pontos do mundo. Uma representação da Assembleia da República de Portugal e o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, marcaram presença enquanto convidados.
Passos Coelho visita comunidades portuguesas no Brasil
Empresários lusoamericanos da construção juntos em Newark Várias dezenas de empresários luso-americanos do ramo da construção reuniram-se a 7 de junho, e pelo segundo ano consecutivo, em Newark, num seminário promovido com o objetivo de partilhar contatos e potenciar sinergias, intitulado “II Encontro Anual de Profissionais Luso-Americanos da Construção”. A Media Consult, empresa organizadora do evento, já está a trabalhar na edição do próximo ano.
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O presidente do PSD viajou para o “país-irmão” acompanhado pelo secretário-geral do PSD, Matos Rosa, e pelos dois deputados sociais-democratas eleitos pelo círculo fora da Europa, José Cesário e Carlos Páscoa. Num jantar com portugueses e lusodescendentes realizado no Rio de Janeiro, Passos Coelho justificou a visita indicando que “o meu contacto com as comunidades portuguesas visa sobretudo sublinhar a importância que o PSD dá, apesar de estar hoje na oposição, a esta grande rede de portugalidade que temos por todo o mundo”.
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COMUNIDADES
O PI N IÃO
Reino Unido diz SIM à saída da União Europeia Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da União Europeia, depois de o “Brexit” ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de 23 de junho. Os defensores da saída do Reino Unido do bloco europeu tiveram 17,41 milhões de votos, enquanto os partidários da permanência obtiveram 16,14 milhões de votos. Na consequência deste resultado, o primeiro-ministro David Cameron anunciou a intenção de se demitir em outubro. Representantes da comunidade portuguesa no Reino Unido (composto por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) manifestaram a sua opinião relativamente ao resultado do referendo, a maior parte dos quais com vozes de desagrado face ao resultado do referendo.
Governo aconselha portugueses a pedirem dupla nacionalidade José Luís Carneiro
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O REINO DESUNIU-SE Joana Pereira Portuguesa a residir em Londres há sete anos, onde trabalha no Royal National Theatre
O reino desuniu-se. Se eu tivesse direito a voto teria votado na permanência do Reino Unido na União Europeia. Acreditei até ao último momento que o voto na permanência iria ganhar e fiquei realmente chocada com o resultado final. A promessa de referendo surgiu de uma caça ao voto pelo partido conservador liderado por David Cameron, que acabou por dar um tiro no próprio pé. O resultado final é consequência de uma campanha baseada em não factos, como as 350 milhões de libras pagas à UE por semana; a pressão que os emigrantes vindos dos estados-membro colocam no sistema de ensino e saúde, os postos de trabalho roubados aos nativos, entre outros. Tudo mensagens direcionadas à classe trabalhadora e menos instruída.
O sim do Reino Unido à saída da União Europeia levou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, a aconselhar aos portugueses que vivem em Terras de Sua Majestade a pedirem o cartão de residente permanente, mas também a requererem a dupla nacionalidade de forma a ampliarem e acautelarem os seus direitos. O Consulado-Geral de Londres foi reforçado para aceder a estas solicitações. Para já não há qualquer mudança no estatuto dos portugueses que vivem no Reino Unido, já que apesar do voto pela saída, as leis europeias se mantêm durante o período de negociação entre o país e a União Europeia, que dura dois anos.
PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES
O que mais me preocupa é a profunda divisão de um bloco poderoso, dentro de um mercado único, por razões maioritariamente xenófobas que põem em causa a estabilidade política e económica dos próximos anos tanto no Reino Unido como no resto da Europa. Acredito que a primeira repercussão seja a diminuição do poder de compra. Quanto ao futuro dos imigrantes da União Europeia já inseridos no Reino Unido, não creio que sofram quaisquer alterações nos seus direitos de permanência. Resta agora esperar pelas novas regras e acordos que visem imigrantes estabelecidos. O povo falou e os caprichos políticos e a ignorância em relação aos benefícios de um reino mais unido dentro da União Europeia, venceram.
COMUNIDADES
Comunidade portuguesa na Venezuela volta a ter conselheira social A embaixada portuguesa em Caracas conta a partir do final de junho com uma conselheira social, algo que não acontecia desde o verão passado, quando a responsável que desempenhava este cargo foi transferida para o Brasil. O Governo de Portugal nomeou a magistrada Marlene Soares para o cargo, cujas funções passam por identificar as necessidades da comunidade portuguesa na Venezuela, de forma a funcionar como uma intermediária entre os serviços consulares, o movimento associativo e as autoridades venezuelanas.
Portugueses são os que mais pedem nacionalidade luxemburguesa Em 2014, 37,8% dos pedidos de naturalizações no Luxemburgo vieram de portugueses, que continuam a ser os que mais pedem a nacionalidade luxemburguesa, segundo dados divulgados em junho pelo Eurostat. Depois dos portugueses, a segunda maior percentagem de europeus a receberem a nacionalidade luxemburguesa foram italianos (12,9%), seguindo-se franceses (9,6%). Luxemburgo é o país da União Europeia com mais naturalizações per capita, com 5,8 por cada mil habitantes, seguindo-se a Irlanda (4,6), Suécia (4,5) e Espanha (4,4).
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NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO EMIGRARAM CERCA DE 200 MÉDICOS Reino Unido, França, Espanha, Suécia, Suíça e Alemanha são os principais destinos e a procura por melhores salários o motivo mais evocado.
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os primeiros cinco meses de 2016 emigraram 184 médicos, na sua maioria jovens, que escolheram como destino outros países europeus, na procura de melhores salários. O número, revelado pela Ordem dos Médicos, dá um valor médio inferior ao registado em 2015: no ano passado, a média mensal de médicos emigrados foi de 39,5, enquanto que este ano a média é de 36,8 médicos por mês.
Numa nota explicativa enviada à Lusa, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos apontou que “de um modo geral, as razões para a emigração são as melhores condições de trabalho (melhor salário)”.
A maioria dos que optam por trabalhar lá fora é jovem: no norte mais de metade dos emigrantes (54%) tinha menos de 35 anos. Entre os profissionais da região centro, a percentagem sobe para os 68%. No sul aponta para os 49,5%.
Os dados revelados indicam ainda que a maioria dos médicos escolhe estados-membro da União Europeia como destino, com destaque para o Reino Unido, França, Espanha, Suécia, Suíça e Alemanha.
Estudantes no Luxemburgo com transporte público gratuito O cartão “MyCard estudante” emitido pelas escolas secundárias dará acesso gratuito e ilimitado a toda a rede de transportes públicos no Luxemburgo, a partir de 1 de outubro. Os beneficiários do novo serviço são estudantes que frequentem uma escola públi-
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ca ou privada do ensino médio, uma escola internacional, ou que estejam a receber formação no Luxemburgo, e que não tenham mais de 27 anos ou rendimentos próprios. O transporte escolar gratuito para alunos do ensino secundário foi introduzido em 1973, mas até agora limitava-se aos trajetos casa-escola durante o período escolar, o que gerava constrangimentos em alunos com mais de uma residência, como os filhos de pais divorciados.
iniciativa
PORT.COM
PORT.COM volta a receber os portugueses em agosto
A edição de agosto terá uma tiragem especial de 200 mil exemplares
Sendo agosto o mês dos emigrantes em Portugal, a revista PORT. COM, a exemplo de anos anteriores, prepara uma receção especial de boas-vindas para as famílias portuguesas que vivem e trabalham no estrangeiro e vêm passar férias em Portugal.
A
edição especial de agosto da Revista PORT.COM pretende informar e auxiliar o reencontro dos portugueses com a sua Pátria, uma vez que, no espaço de um ano, muitas coisas mudaram. Também esta edição tem muitas sugestões para que as famílias possam desfrutar o país durante as merecidas férias, nomeadamente em turismo, gastronomia e principais feiras e romarias. Com uma tiragem especial de 200 mil exemplares, dos quais 170 mil para oferta em ações de receção e convívios preparados especialmente para este mês. Aeroporto Francisco Sá Carneiro (Porto) – 30/31 de julho - 1 e 2 de agosto Na zona internacional de chegadas, as equipas PORT.COM recebem os visitantes dando-lhes as boas vindas, com oferta da revista e lembranças,
num ambiente acolhedor com uma exposição de artesanato português, degustação de produtos tradicionais portugueses e, ainda, animação com agrupamentos folclóricos. Fronteira de Vilar Formoso 30/31 de julho À imagem do que tem sido feito nos últimos os anos, as equipas PORT.COM recebem as famílias de emigrantes na linha de fronteira, com um sorriso de boas vindas e oferta da revista e lembranças das marcas aderentes à iniciativa. Fátima – 12 e 13 de agosto Todos os anos reúnem-se na Cova de Iria milhares de emigrantes de todo o mundo na tradicional peregrinação de agosto. A Revista PORT.COM, como habitualmente, estará presente para oferta em vários locais.
www.revistaport.com
Festas e Romarias Pela grande afluência de público e especialmente de emigrantes, a PORT.COM convive com os nossos compatriotas nas principais feiras e romarias que se realizam em todo o país, com oferta de exemplares da edição de agosto: S. Mateus (Viseu), Feira Medieval (Santa Maria da Feira), Festas da Senhora da Agonia (Viana do Castelo), Feira Medieval de Silves (Silves) e AgitÁgueda em Águeda. Roadshow Praias – 2 a 15 de agosto A Revista PORT.COM e marcas associadas a esta iniciativa visitam as 25 praias mais frequentadas por famílias de emigrantes durante este período, numa ação de proximidade e convívio, com oferta da revista e lembranças.
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COMUNIDADES
Saiba como ajudar em www.bombeirosportugueses.pt
iniciativa
PORT.COM
CAMPANHA INTERNACIONAL DE APOIO AOS BOMBEIROS PORTUGUESES
A
Revista PORT.COM deu início no mês de maio a uma campanha internacional de apoio aos bombeiros de Portugal, para a qual pretende mobilizar a participação dos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro. Esta iniciativa tem a colaboração da Caixa Geral de Depósitos e o apoio da Liga dos Bombeiros Portugueses, Secretaria de Estado das Comunidades, RTP Internacional e jornal Tribuna de Macau e vai ter lugar entre os meses de maio e setembro em toda a Diáspora (em agosto será em território nacional), com uma campanha de comunicação destinada à recolha de donativos junto dos emigrantes portugueses, para a compra de equipamentos e materiais para oferta às Corporações de Bombeiros mais carenciadas em Portugal.
Colaboram também nesta campanha os principais e mais influentes Órgãos de Comunicação Social de expressão portuguesa em todo o mundo, que sempre têm exercido um papel primordial na ligação das comunidades ao nosso país e, para além da informação que disponibilizam, promovem também localmente a nossa língua, cultura e tradições.
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Sabia que? Portugal é o único país no mundo em que bombeiros voluntários são o principal agente da proteção civil, participando em 98% das iniciativas de socorro
Ajudar os bombeiros? Porquê? A pergunta é fácil de responder. Difícil é escolher entre tantos motivos. Portugal é caso único no mundo em que bombeiros voluntários são o principal agente da proteção civil, tal como confirma o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares: “Um quartel consegue congregar tudo aquilo a que ao socorro respeita, desde as coisas mais simples às mais complexas. Considerando todos os teatros de operações, os bombeiros mantêm uma presença de recursos humanos e de equipamentos na ordem dos 98%. Desta forma, o garante das vidas e dos haveres portugueses assenta essencialmente nos bombeiros”.
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Bombeiros em assistência e socorro em cheias e inundações
Como ajudar com um donativo? Todos os portugueses, residentes em Portugal ou no estrangeiro, podem contribuir com o seu donativo para o reforço das condições de trabalho dos que zelam pela salvaguarda dos nossos bens e vidas, através de depósito ou transferência bancária, para a conta* aberta especialmente para esta iniciativa na Caixa Geral de Depósitos: Liga dos Bombeiros Portugueses Conta: 0413 045735 130 NIB: 0035 0413 00045735 130 85 IBAN: PT50 0035 0413 00045735 130 85 BIC: CGDIPTPL * Conta autorizada por despacho do Ministério da Administração Interna nº 5401/2016/DSPCRH/DDO de 4 de maio de 2016.
Para mais informação podem consultar o site: www.bombeirosportugueses.pt
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EGÓCIOS
FÁBRICA PORTUGUESA É A PRIMEIRA DO MUNDO A TRABALHAR 100% A ENERGIA SOLAR Nas instalações da Wood One, em Paredes, existem perto de milhar e meio de painéis solares. A aposta na autossustentabilidade energética contribui para o crescimento de uma empresa que chegou a estar perto de fechar portas.
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Wood One, empresa de mobiliário de escritório, geriátrico, hospitalar, escolar e de hotelaria em Lordelo, Paredes, é a primeira do mundo a conseguir o feito de só depender de si própria para ter recursos energéticos. Trata-se da primeira fábrica autossustentável a energia solar. Nas suas instalações existem 1485 painéis solares, capazes de produzir, cada um, 400 kilowatts por hora. Esta aposta significa uma poupança energética que contribui para que a empresa que há oito anos esteve prestes a falir tenha registado um crescimento exponencialmente em termos de faturação e de novos mercados. Mal abriram as candidaturas do Portugal 2020, a Wood One já tinha a candidatura preparada e foi das primeiras a serem aprovadas. Isto permitiu que fossem investidos 6,3 milhões de euros na construção das novas instalações de 11 mil metros quadrados (inauguradas em maio do ano passado) e nos painéis solares, na compra de máquinas de última geração e na contratação de mais três dezenas de funcionários. No total, a empresa emprega agora 53 pessoas.
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A WOOD ONE EXPORTA MOBILIÁRIO PARA PAÍSES COMO ESPANHA, FRANÇA, ANGOLA E MOÇAMBIQUE Este ano a Wood One deverá faturar perto de seis milhões de euros só no mercado interno. E estão em vista dois potenciais contratos nos Emirados Árabes Unidos (EAU) - um de 8,5 milhões de euros para mobilar 325 apartamentos e outro de 25 milhões de euros para equi-
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par um hotel de 40 pisos - que podem fazer disparar os números. Este negócio também permitirá à empresa aumentar a percentagem de exportações, em termos de produção, que no ano passado andou à volta dos 20%. Para além dos Emirados Árabes Unidos, os principais mercados de destino são Espanha, França, Reino Unido, Angola e Moçambique. A Rússia e alguns países da América Latina, particularmente o Chile e a Colômbia, apresentam-se como mercados emergentes.
O PI N IÃO
OS CIDADÃOS COMO MOTOR DE UM NOVO PARADIGMA ENERGÉTICO Susana Fonseca Membro da direção da Coopérnico
O Centro Escolar de Penafiel é uma das instituições de ensino portuguesas equipadas com mobiliário Wood One
No que respeita a produtos, o mobiliário de escritório e hospitalar continua a ser o que mais contribui para a faturação da empresa (que é uma das frequentes fornecedoras do Estado), embora possa ser brevemente entregue ao segmento da hotelaria. O crescimento do turismo português, identificado nas próximas páginas desta revista, também beneficia empresas como a Wood One.
Produção mundial de energia solar pode crescer seis vezes A Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA, na sigla em inglês) prevê que a quantidade de eletricidade gerada por painéis solares se tornará até seis vezes maior por volta de 2030. Os painéis podem responder por 8 a 13% da eletricidade mundial produzida em 2030, em comparação com 1,2% no final do ano passado. Segundo a mesma entidade, sediada em Abu Dhabi, o custo médio da eletricidade gerada por um sistema fotovoltaico pode cair até 59% por volta de 2025, tornando-se assim na forma mais barata de produzir energia.
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á muito se escreveu e continuará a escrever sobre a necessidade ou a iminência de um novo paradigma energético. Ainda que existam visões muito diferentes do que esta mudança poderá representar, é mais ou menos evidente que os cidadãos passarão a desempenhar um papel mais relevante, seja enquanto produtores da energia de que necessitam, seja enquanto consumidores apostados em fazer um uso mais inteligente da energia que lhes é fornecida.
Cada uma destas cooperativas assenta numa comunidade de cidadãos, empresas e outras instituições com vontade de contribuir para um novo modelo energético, social e empresarial e que acreditam que esta é a melhor solução para aplicarem as suas poupanças investindo em pequenos projetos de energias renováveis, ou contratando eletricidade ou outros serviços conexos a uma estrutura gerida de forma democrática, transparente e responsável.
Mas a transformação que se vislumbra poderá ir para além disto. E se fosse possível investir em projetos de energias renováveis, rentabilizando as poupanças pessoais, ao mesmo tempo que se promove a sustentabilidade global? Ou se fosse possível contratar eletricidade com uma entidade da qual se é também proprietário? E se se pudesse aceder a informação sobre como melhorar o desempenho no uso da energia ou apoio, informativo ou de outra natureza, para que possa ser produtor de energia?
“SER APENAS COMPRADOR E UTILIZADOR DE ENERGIA, JÁ NÃO É SUFICIENTE”
Foi para dar resposta a esta necessidade que surgiu a primeira cooperativa Portuguesa de energias renováveis – Coopérnico – fundada em novembro de 2013 por um grupo de 16 cidadãos com diferentes experiências e percursos profissionais. Mas o que em Portugal é pioneiro é já muito mais comum além-fronteiras, pois existem mais de 2 500 cooperativas de energia renovável na União Europeia.
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As cooperativas surgem como uma das faces de um novo paradigma energético onde ser apenas comprador e utilizador de energia, já não é suficiente. É para quem sente esta necessidade que surgiu a Coopérnico, que procura, com as suas iniciativas, gerar benefícios em todas as dimensões do conceito de sustentabilidade. Trata-se de um modelo inovador e em crescimento em Portugal e na Europa e que se espera possa ser uma inspiração para o fortalecimento da intervenção da sociedade civil na construção de um futuro sustentável. *Primeira cooperativa portuguesa de energias renováveis
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NEGÓCIOS
ENTREVISTA A JOÃO CLARA, CEO DA ECOLÃ
“A LÃ DA SERRA DA ESTRELA É UM SÍMBOLO DA NOSSA IDENTIDADE” Localizada em Manteigas, a Ecolã é uma unidade produtiva artesanal de origem familiar que existe desde 1925. No final de junho marcou presença na Ethical Fashion Show, em Berlim, onde continuou a divulgar ao mundo o fabrico de produtos em burel.
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ENTREVISTA: LUÍS CARLOS SOARES
A Ecolã é atualmente liderada pela terceira geração da família que a fundou há mais de nove décadas. João Clara, representante desse clã, apresentou a empresa à Revista PORT.COM e no fim deixou um convite a todos os portugueses e lusodescendentes que regressam ao país durante as férias deste verão. O que motivou a Ecolã a participar pela primeira vez na Ethical Fashion Show? A Ethical Fashion Show representa uma oportunidade de mostrar ao mundo aquilo que de bom e de tradicional a Ecolã produz. É conseguir levar a um país estrangeiro os produtos que há muito se fazem dentro do nosso país e poder provar que temos uma qualidade de excelência no nosso processo artesanal e ecológico de fabrico de produtos em Burel. Como é que a marca se disting ue no setor do vest uá r io por t ug uês?
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A Ecolã é uma marca que concilia a tradição com a modernidade, acompanha todo o ciclo da lã, desde a tosquia até ao produto final. A lã é proveniente das ovelhas bordaleiras, características desta região e dessa lã obtêm-se três cores naturais: o branco, o castanho e o surrobeco. As restantes cores são obtidas através de um processo de tingimento ecológico (Ecotex 100). Os processos de fabrico são artesanais,
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preservando a tradição e a distinta qualidade dos produtos finais. Fala-se cada vez mais em Burel. Como apresenta este material e as suas características? O Burel é um tecido 100% lã de ovelha de origem medieval, desde sempre associado à Serra da Estrela, à montanha e aos pastores com as suas capas.
“OS MERCADOS ESTRANGEIROS ESTÃO MUITO RECETIVOS AOS NOSSOS PRODUTOS PELA ESPECIAL ADMIRAÇÃO DO TRATAMENTO NO BUREL, BEM COMO DE TODO O FABRICO ARTESANAL DO MESMO” mente presente nos mercados europeu e asiático, com especial destaque para a Alemanha e Japão. Os mais apetecíveis são todos os que privilegiam produtos ecológicos e sustentáveis elaborados com fibras 100% naturais. A autenticidade do Burel resulta de uma sequência de operações específicas no processo de fabrico. A lã, após ter sido tosquiada, lavada, fiada, urdida no órgão e tecida no tear, é pisada numa máquina designada por pisão, que bate e escalda a lã transformando o tecido (enxerga) em
Quatro marcas portuguesas na Ethical Fashion Show Para além da Ecolã, o evento anual, que reúne mais de 160 marcas de vestuário e de calçado sustentável de todo o mundo, contou com a presença das também portuguesas NAE Vegan, NAJHA e Ultrashoes. Inserida na Semana da Moda de Berlim, a Ethical Fashion Show celebrou este ano a 10.ª edição, entre os dias 28 e 30 de junho, na sala de exposições Postbahnhof. A NAJHA levou à capital alemã as suas bolsas e acessórios pessoais, nos quais utiliza materiais naturais como a cortiça e o algodão orgânico. Estreou-se no evento, tal como a Ecolã. As repetentes NAE Vegan e a Ultrashoes apresentaram os seus pares de calçado vegan e ecológico.
Burel. Este torna-se assim mais apertado, resistente e impermeável. Qual é a importância dos mercados internacionais para a Ecolã?
Considera que os produtos comercializados pela Ecolã permitem às comunidades portuguesas no estrangeiro uma aproximação à cultura e aos costumes de Portugal?
Como disse, os mercados internacionais são uma oportunidade de mostrar lá fora o que fazemos cá dentro. É uma oportunidade de mostrar ao mundo os produtos que são há muito característicos dos portugueses e abrir fronteiras à internacionalização desses produtos, claro. Os mercados estrangeiros estão muito recetivos aos nossos produtos pela especial admiração do tratamento no Burel, bem como de todo o fabrico artesanal do mesmo.
Claro que sim. A lã da Serra da Estrela é um símbolo da nossa identidade cultural, sobretudo na região da Montanha. Todos os produtos da Ecolã têm uma incorporação de portugalidade através de um símbolo de identidade cultural do nosso país.
Quais são os mercados internacionais nos quais estão presentes? E os mais apetecíveis?
Na unidade produtiva em Manteigas estamos sempre recetivos a visitas guiadas, de segunda a sexta, a título individual ou coletivo, onde os visitantes podem verificar todo o processo do ciclo da lã.
A Ecolã iniciou um processo de internacionalização em 1995, estando atual-
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Como é que os portugueses que regressam ao país nas férias do verão podem ficar a saber mais sobre a marca?
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NEGÓCIOS
Breves
Sonae expande Zippy para Chipre A marca portuguesa de moda infantil abriu a primeira unidade em Chipre através de um acordo de franchising, que prevê a possibilidade de abertura de cinco novas unidades nos próximos cinco anos. A primeira loja da Zippy em solo cipriota está localizada na capital Limassol, na principal artéria comercial da cidade, a Kolonaliou Street. A oferta inclui vestuário, calçado e acessórios para bebé e criança, assim como puericultura.
Empresas portuguesas em feira de decoração no Japão
A 26.ª edição da Interior Lifestyle Tokyo, a maior feira japonesa de decoração de interiores e de lifestyle, contou com a presença de 16 empresas portuguesas, entre os dias 1 e 3 de junho. Em Tóquio foi montado um pavilhão chamado “From Portugal” (na imagem), organizado pela Associação Seletiva Moda, que congregou 14 das 16 empresas portuguesas, de artigos para organizar, arrumar e decorar a casa, dos têxteis lar às cerâmicas, entre muitos outros. A título individual participaram a The Embassy Collection e a Sorema.
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Candidaturas aos troféus Luso-Franceses disponíveis até 20 de setembro A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa (CCILF) abriu no mês de junho as candidaturas à 23.ª edição dos troféus Luso-Franceses, processo que decorre até 20 de setembro. O objetivo da entidade organizadora volta a ser distinguir as melhores empresas portuguesas e francesas, independentemente da área de atividade e dimensão. As inscrições, todas elas gratuitas e abertas a empresas associadas e não-associadas da CCILF, serão apreciadas por um júri independente composto por representantes das principais entidades portuguesas e francesas, como IAPMEI, AICEP, Conselheiros do Comércio Exterior e empresários. Mais informações sobre o galardão e processo de inscrições podem ser encontradas no sítio online www.ccilf.pt.
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Os seis troféus a concurso Troféu da Exportação Entregue a uma empresa portuguesa ou francesa pela qualidade dos seus resultados na exportação para França ou Portugal Troféu do Investimento Galardoa o sucesso de um investimento realizado num dos dois países Troféu PME Recompensa a inovação e o dinamismo das pequenas e médias empresas Troféu Desenvolvimento Sustentável Atribuído a uma empresa portuguesa ou francesa que aplique uma política sustentável Troféu Inovação Premeia uma empresa francesa ou portuguesa que tenha desenvolvido um projeto, serviço ou produto inovador Troféu do Júri Recompensa uma empresa/ projeto de um dos países que se tenha destacado num dos dois mercados
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Rua de Águeda durante o festival AgitÁgueda
DESTAQUE
Turismo
EM PORTUGAL VESTIR A PELE DE TURISTA NAS HABITUAIS FÉRIAS O verão continua a ser a época do ano preferida pelas comunidades portuguesas no estrangeiro para o desfrutar das tão desejadas férias. Portugal permanece como o destino predileto para os que residem no exterior. A estadia no país de origem é bastante superior à de todos os outros perfis de turistas. Deslocam-se às praias marítimas e fluviais, comem nos restaurantes, procuram momentos de entretenimento, visitam locais novos. Deve o setor turístico prestar-lhes mais atenção? A Revista PORT.COM apresenta um conjunto de eventos nacionais que proporcionam experiências memoráveis aos emigrantes portugueses.
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DESTAQUE TURISMO EM PORTUGAL
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ortugal foi visitado por 10 milhões de turistas estrangeiros em 2015, tantos como a população residente no país. Os resultados da atividade turística no país foram de 11,4 mil milhões de euros em receitas, fruto de 48,9 milhões de dormidas. Estes números significam que o setor representa 6,3 % do PIB. A importância da atividade turística para a economia nacional é por demais evidente e bem conhecida dos governantes portugueses. Menos escrutinados são os números relativos à presença dos portugueses e lusodescendentes a residir no estrangeiro que regressam ao país de origem para desfrutar de períodos de férias. Os turistas estrangeiros permanecem em Portugal, em média, durante 2,9 dias. No Centro do país, a maior região turística em termos de território, a estada média é de 1,78 dias. Tudo números bem inferiores aos registados pelos emigrantes portugueses quando regressam ao país para passar períodos de férias. No verão, particularmente no mês de agosto, permanecem em Portugal pelo menos durante uma semana, geralmente uma quinzena ou até o mês inteiro. São, assim, turistas de longa duração. Durante este período, matam saudades da gastronomia portuguesa, divertem-se nas várias festas de verão, apanham banhos de sol nas praias marítimas ou fluviais, reúnem-se nos cafés para assistir aos primeiros jogos do futebol português, procuram animação noturna em bares e discotecas, enchem
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a mala do carro de carne, bacalhau, azeite e vinho para o regresso ao país de acolhimento. Existem concelhos do país cuja população quase duplica durante este verão, aldeias em que até triplica, quadruplica e até quintuplica. Muitos destes percorrem várias estradas nacionais para recordarem ou conhecerem outros pontos do país. No II Encontro Nacional dos GAE (Gabinetes de Apoio ao Emigrante), realizado em abril no Convento de São Francisco, em Coimbra, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, mostrou conhecimento por parte do Governo de Portugal relativo à evolução do papel das comunidades portuguesas no estrangeiro para o setor turístico português. “A realidade que nós conhecemos da emigração tem vindo, nos últimos tempos, a ser modelada, com novos papéis desempenhados pelos nossos
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O número de turistas em Lisboa bate recordes de ano para ano
emigrantes, designadamente o papel do emigrante e seus descendentes como turistas no seu país de origem”, indicou o governante, na presença do presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, entre outras figuras. Este novo perfil turístico dos portugueses a residir no estrangeiro encontra por todo o território nacional, seja no continente ou nas ilhas, destinos cada vez mais valorizados a nível internacional, como comprova o sucesso obtido nas mais recentes edições dos “Óscares do turismo”. Votações para “Óscares” do turismo europeu terminam este mês
A gala da edição europeia dos World Travel Awards, os tais “Óscares” do turismo, por serem globalmente reconhecidos como os prémios mais importantes do setor, está marcada para 27 de agosto, na Turquia. Porém, as votações
World Travel Awards
Albufeira, o concelho português com mais praias com Bandeira Azul
Vote nos seus destinos turísticos preferidos em www.worldtravelawards.com/vote.
Açores, as suas ilhas são cada vez mais procuradas por portugueses e estrangeiros
online terminam já este mês, no dia 17, depois do sufrágio ter tido início a 7 de março. Entra-se assim na contagem decrescente para que se possa contribuir para a arrecadação de troféus por parte dos 88 representantes portugueses nomeados, um número record. Em 2015, Portugal somou 80 nomeações, na altura o maior número de sempre, tendo acabado por conquistar 14 galardões na gala europeia. No final do ano passado, o setor turístico português somou quatro troféus na gala mundial, para a qual só se apuram os melhores a nível continental. Foi assim que, num desses prémios, a Madeira foi considerada o melhor destino insular de todo o mundo. Este ano, os madeirenses têm entre os concorrentes para melhor destino insular da Europa o outro arquipélago português, os Açores.
Também há nomeados portugueses noutras das categorias mais valorizadas, como a de melhor atração turística europeia. A zona da Ribeira, no Porto, concorre com locais emblemáticos como a Torre Eiffel, o Coliseu de Roma, a Sagrada Família de Barcelona, o Palácio de Buckingham ou a Acrópole de Atenas. A cidade “Invicta” soma ainda nomeações para melhor destino europeu de férias e para melhor escapada urbana. Lisboa é candidata em cinco categorias: melhores escapada urbana, destino europeu, aeroporto, porto e porto de cruzeiros. Os Passadiços do Paiva, em Arouca, que este ano reabriram ao público, após um incêndio ter destruído as suas estruturas, estão nomeados para melhor projeto de desenvolvimento turístico.
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Passadiços do Paiva, em Arouca, são candidatos aos “Óscares” do turismo europeu
“A realidade que nós conhecemos da emigração tem vindo a ser modelada, com novos papéis desempenhados pelos nossos emigrantes, designadamente como turistas no seu país de origem” Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros
Os apreciadores destes destinos turísticos portugueses podem dedicar-lhes o seu voto no sítio online dos World Travel Awards: www.worldtravelawards.com/vote.
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DESTAQUE TURISMO EM PORTUGAL
O PI N IÃO
BEIRA BAIXA, TRADIÇÃO QUE CONVIDA A DESCOBRIR Ricardo Ambrósio Delegado da AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal) em Castelo Branco
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inda e cada vez mais valiosa no centro de Portugal, a Beira Baixa surpreendente pela positiva a cada projeto a que se candidata, dada a sua especial oferta de recursos belos e únicos por explorar, sustentada numa distinta localização no centro da Península Ibérica.
“AOS MAIS NOVOS RECOMENDO QUE EXPLOREM A ENORME OFERTA DE BELOS LUGARES, ÀS FAMÍLIAS A EXCELENTE GASTRONOMIA BEIRÃ COM PRODUTOS TRADICIONAIS RECHEADOS DE QUALIDADE E QUE PODERÃO LEVAR PARA CASA”
Monsanto, a aldeia mais portuguesa de Portugal
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Vêm aí as férias dos portugueses no estrangeiro e neste regresso às origens é importante valorizar a viagem com uma passagem pela belíssima Beira Baixa. Aos mais novos recomendo que explorem a enorme oferta de belos lugares, às famílias a excelente gastronomia Beirã com produtos tradicionais recheados de qualidade e que poderão levar para casa. Para ajudar, partilho uma pequena lista de maravilhas desta região, que é muito extensa pelo que recomendo: Território - Serra da Estrela; Serra da Gardunha; Geopark Naturtejo (UNESCO); Aldeias do Xisto; Aldeias Históricas; Tejo Internacional; Portas do Ródão; Cova da Beira. Estes são alguns dos mais belos cenários. Por outro lado, as localidades Castelo Branco; Belmonte; Penamacor, Idanha-a-Nova; Sertã; Oleiros; Vila de Rei; Proença-a-Nova; Fundão; Covilhã; Vila Velha de Ródão. Todas estas disponibilizam todo o tipo de conforto e de condições para grandes e pequenos eventos.
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Gastronomia - Cabrito Estonado de Oleiros; Cherovias; Perdiz de Escabeche; Sarapatel; Sopa de Peixe; Maranhos; Arroz de Lebre; Pêssego da Covilhã; Cereja do Fundão; Pão Biológico, água de excelência e vinhos premiados completam a cadeia da oferta; Artesanato e Tradições – Festivais Gastronómicos, Festas com muita diversão, Romarias, Bordados de Castelo Branco; Adufeiras de Monsanto; Bombos de Lavacolhos; Embutidos de Alpedrinha; Cestaria de Alcongosta; Linhos e Teares de Janeiro de Cima; Olaria do Telhado; Sra. do Almurtão; Sra. de Mércoles; Santa Luzia. Estas são algumas das referências que preenchem os nossos 365 dias por ano. Para conhecer e desfrutar da Beira Baixa, recomendo, desde uma paragem para uma refeição, dada a elevada qualidade dos restaurantes com preços acessíveis, passando por uma estadia (cinco dias é o ideal) em turismo espaço rural, hotel, parque de campismo ou outras unidades de alojamento. A excelente hospitalidade e paixão de quem trabalha neste setor ajuda a que esta opção seja uma interessante aposta para quem nos visita. Fica a intenção de acolhermos a presença dos emigrantes e todos os turistas que pretendam primar pela aproximação a um território extremamente valioso, a Beira Baixa!
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FESTA
DURANTE TODO O VERÃO As festas, arraiais, feiras e romarias estão de volta, não estivéssemos novamente na estação do ano mais desejada, o verão. São às dezenas por todo o país, em cidades, vilas ou aldeias. Entre os que mais anseiam por estes momentos estão os portugueses que vivem no estrangeiro e regressam ao país para desfrutar das suas férias.
Se houvesse um prémio ao evento que empresta mais colorido a uma localidade, esse seria entregue ao AgitÁgueda, com os seus guarda-chuvas de todas as cores. Mas cor é algo que também não falta à Viagem Medieval, em Santa Maria da Feira, à histórica Feira de São Mateus, em Viseu, à tradicional Romaria da Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, e à Feira Medieval de Silves, os momentos festivos que passamos a apresentar.
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FOTO: MÁRIO ABREU
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os mais novos aos mais velhos, ninguém fica indiferente aos eventos organizados por diversos municípios portugueses para darem ainda mais alegria ao verão. Os dias estão mais longos, as temperaturas quando caem as noites não significam recolher obrigatório. Está montado o cenário ideal para que organização de eventos pelos quais se anseia durante todo o ano, pelos quais vale a pena percorrer dezenas e até centenas de quilómetros.
alguns dos artistas que este ano atuam sob os coloridos guarda-chuvas que já se tornaram num dos símbolos de Águeda.
AGITÁGUEDA Águeda , 2 a 24 de julho
Durante 23 dias vivem-se momentos repletos de cultura, música, arte urbana, animação de rua, desporto, gastronomia e muita diversão no festival mais colorido do país. As iniciativas relacionadas com o evento decorrem em vários pontos da cidade, mas o foco aponta para o recinto dos concertos, todos eles com entrada livre e propostas adequadas aos diferentes tipos de público. Ana Moura, António Zambujo, Sérgio Godinho, Tito Paris e até o irreverente cineasta sérvio Emir Kusturica, com o seu projeto musical, são
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VIAGEM MEDIEVAL Santa Maria da Feira, 27 de julho a 7 de agosto
Realizada em pleno verão, a Viagem Medieval é o maior evento de recriação medieval da Europa. Realiza-se anualmente desde 1996, apenas com um ano de interregno, em 1998, o que faz com que em 2016 o evento celebre 20 edições. Este ano, ao longo de 12 dias consecutivos, o centro histórico de Santa Maria da
Feira e o seu castelo medieval recuam aos séculos XIII – XIV e ao reinado de D. Dinis, rei conhecido pelo repovoamento das terras, construção de muralhas e castelos, organização do exército, fundação da universidade e adoção da língua portuguesa para os documentos oficiais. Conhecida pelo seu rigor histórico, e com mais de duas dezenas de áreas temáticas, a Viagem Medieval proporciona uma completa aula de história viva, onde os visitantes são convidados a deixarem-se contagiar pelo espírito do evento: trajam à época, aplaudem torneios, vivem batalhas e degustam iguarias medievais.
várias noites da feira, cabem nomes como Mariza, Camané, Rui Veloso, GNR, Agir, David Carreira, C4 Pedro, Amor Electro, Dengaz e os D.A.M.A.
ROMARIA DA SRA. D’AGONIA Viana do Castelo, 19 a 21 de agosto
FEIRA MEDIEVAL DE SILVES Silves, 12 a 22 de agosto
FEIRA DE SÃO MATEUS Viseu, 5 de agosto a 11 de setembro
As barracas, as tasquinhas, as diversões, o comércio e os espetáculos musicais continuam a constituir o cerne deste certame, que em 2016 vai para a 624.ª edição anual, sendo a feira do género mais antiga em toda a Península Ibérica. Localizada bem no centro de Viseu, empresta vida e um colorido muito próprio à cidade de Viriato no mês em que os emigrantes portugueses regressam a localidades por toda a região centro de Portugal. Estes constituem uma grande fatia das cerca de um milhão de pessoas que todos os anos passam pelo evento. No extenso cartaz musical de 2016, dividido pelas
Todos os anos a Procissão ao Mar é o ponto alto da Romaria da Nossa Senhora D’Agonia, que este ano calha na tarde de 20 de agosto. Nesta procissão, andores de Nossa Senhora D’Agonia, Nossa Senhora dos Mares e São Pedro são conduzidos pelas principais artérias vianenses até ao cais, onde após uma alocução, os andores entram em embarcações e seguem pela foz do rio Lima em direção ao mar. O Desfile da Mordomia deste ano está marcado para 19 de agosto, com as mordomas a passearem no típico traje vianense, carregadas por colares e outras peças de ouro. Espaço ainda para feiras de artesanato, desfiles de cabeçudos e Zés Pereiras, concertos, festival de concertinas e cantares ao desafio, entre outras exibições da cultura popular minhota.
Em agosto, o centro histórico de Silves enche-se dos sons, dos falares, das cores e dos aromas próprios do tempo em que a cidade era capital do Al-Gharb muçulmano. Este evento, uma referência entre as várias feiras medievais que se realizam pelo país, mostra a vitalidade e a diversidade das artes no quotidiano árabe medieval, num cenário constituído pelo traçado peculiar do tecido urbano e pela imponência dos seus monumentos. Dois torneios a cavalo, um espetáculo noturno no castelo, manjares medievais, dança e animação fazem parte da programação durante os dez dias do evento. Na edição deste ano, a 13.ª, será retratado um período da história da cidade que ocorre na primeira metade do século XII, com figura central em Ibn Qasî, o mestre da doutrina do muriRomarias dismo que fez uma aliança com D. conjugam fé e Afonso Henriques e afrontou os devoção com dominantes almóadas. folia popular
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Calendário de eventos: Sebastianas 7 a 12 de julho Freamunde Expofacic 28 de julho a 7 de agosto, Cantanhede Fatacil 19 a 28 de agosto Lagoa
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DESTAQUE TURISMO EM PORTUGAL
Breves
Wizz Air vai voar entre Porto e Budapeste
Praia de Moledo
Novidades na TAP A maior companhia aérea low cost da Europa Central e de Leste vai criar uma nova rota, entre Porto e Budapeste, com dois voos semanais, às quartas-feiras e aos domingos. O voo inaugural está calendarizado para 4 de setembro. A capital húngara, onde os portugueses residentes são sobretudo estudantes Erasmus, torna-se assim na segunda cidade a estar ligada à “Invicta” pela Wizz Air, depois da capital polaca Varsóvia.
Voos diretos diários para Nova Iorque
A TAP começa o mês de julho com novos voos diretos diários entre Lisboa e Nova Iorque, concretamente para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy. No caso de Nova Iorque – JFK, os voos partem de Lisboa às 17h00 e chegam ao aeroporto JFK às 20h00. No regresso saem de Nova Iorque pelas 23h30, com chegada a Lisboa pelas 11h30 (dia seguinte).
Inaugurada rota para Boston
O melhor spa termal da Europa fica em Vidago
O Vidago Palace Hotel tem o melhor spa de luxo com água mineral da Europa, distinção atribuída nos World Luxury Spa Awards, cerimónia que decorreu em Pontresina, na Suíça. Estes prémios internacionais são considerados os mais prestigiados na área da saúde e do bem-estar, com a votação a ser feita por clientes e especialistas de spa a nível mundial.
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A companhia aérea portuguesa deu início à rota para Boston, onde reside uma populosa comunidade portuguesa, a 11 de junho. O embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert Sherman, foi um dos passageiros do voo inaugural. Antes de embarcar, prometeu ajudar os tripulantes durante o voo, tarefa que cumpriu, como prova a imagem.
Menos ligações para Luanda
O dia 1 de julho marca o início de uma outra alteração nos voos da TAP, desta vez uma redução. As ligações semanais entre Lisboa e Luanda passam a ser oito, quando até ao início deste mês eram dez.
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CP cria Bilhete de Praia de 15 dias Para facilitar o acesso às praias servidas pelo comboio, este verão a Comboios de Portugal volta a apostar no Bilhete de Praia, válido nos comboios Regionais, Inter-regionais, Urbanos de Coimbra e Urbanos de Lisboa. Com o preço de 12 euros permite ao utilizador efetuar um número ilimitado de viagens, durante sete dias consecutivos. Uma das principais novidades este ano é que os bilhetes para deslocações nos comboios Regionais e Inter-regionais apresentam também uma versão de 15 dias consecutivos. Moledo, Âncora Praia e Afife (Linha do Minho), São Martinho do Porto (Linha do Oeste), Meia Praia e Fuseta (Linha do Algarve) são algumas das praias abrangidas por estas linhas.
Casa das Merceeiras distinguida por jornal britânico O empreendimento de alojamento local na zona de Alfama, em Lisboa, foi escolhido pelo jornal The Guardian como a melhor unidade hoteleira em Portugal com quartos abaixo dos 130 euros (100 libras) por noite. Na lista elaborada pelo jornalista Kevin Gould cabem 22 estabelecimentos entre os parques naturais do Montesinho (Trás-os-Montes) e da Ria Formosa (Algarve).
ON LINE
Sugestões Sonho de triquíni
“Type of dream” foi o nome dado a este triquíni da Type, uma marca portuguesa que apresenta ao mercado coleções de biquínis e fatos de banho com personalidade única.
Marcas portuguesas que nos levam à praia
PVP: 104 www.type.pt
A época balnear está aberta em todo o país e o verão também já se faz sentir. Vamos à praia? A Revista PORT.COM selecionou algumas propostas, made in Portugal, para todos os gostos.
Nude
Tropical
Este fato de banho “futurista” é da Bohemian Swimwear é uma marca de biquínis e fatos de banho inspirada em grandes viagens e praias exóticas e dirigida às mulheres mais exigentes que procuram algo sofisticado e exclusivo.
A BOW é a responsável por este fato de banho com inspiração tropical. A marca portuguesa, criada por uma nadadora de competição, tem soluções perfeitas para atletas de competição aquática bem como para amantes da praia.
PVP: 159,99€ www.bohemianswimwear.com
PVP: 85€ www.facebook.com/ BOWbestonwater
Floral
+351 não é só o indicativo português, é o nome da marca que quer valorizar a etiqueta nacional na área têxtil. E isso está bem patente neste fato de banho.
Kiki
O triquíni com o corte mais arrojado na zona da cintura pertence à Cantê que, desde 2011 transforma espírito jovem em biquínis, triquínis e fatos-debanho exclusivos, explorando o pormenor e a criatividade que surge da combinação única de cores e padrões.
PVP: 115€ www.mais351.pt
PVP: 98,90€ www.cantelisboa.com
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Leopardo
A MO traz-nos um biquíni inspirado no padrão dos leopardos, um print casual-chic que passou a ser intemporal. PVP: 12,99€ www.mo-online.com
Decote fundo
A Latitid apresenta uma coleção rica, vibrante e harmoniosa, onde as cores fortes dos azulejos portugueses, especiarias e tapeçarias, se refletem nos estampados dos biquínis, triquínis e fatos de banho. PVP: 105€ www.latitid.com
Biquíni crop top
Este modelo foi desenhado por Carolina Patrocínio para a Ros Beachwear. A marca portuguesa sugere que o top seja usado também no dia-a-dia. PVP: 85€ www.rosbeachwear.com
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Exótico
A motivação da S4L é a mesma dos portugueses que, em 1415, deram início aos descobrimentos: levar o que é nosso aos quatro cantos do mundo. Este fato de banho é inspirado num dos continentes onde Portugal deixou a sua marca: África. PVP: 68€
. www.s4l.pt
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G
ASTRONOMIA
ÍLHAVO PREPARA A 10.ª EDIÇÃO DO RIA A GOSTO A captura e comercialização de marisco e bivalves é uma das mais relevantes atividades económicas das comunidades piscatórias da Ria de Aveiro. O concelho de Ílhavo é exemplo vivo desta tradição, celebrada anualmente num festival que coincide com o início das férias dos filhos da região emigrados.
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a Gafanha da Encarnação, pequena localidade piscatória do concelho de Ílhavo, todos os anos é organizado o “Ria a Gosto”. Também conhecido como Festival de Marisco da Costa Nova, neste evento abundam as espécies capturadas pelos locais, particularmente a amêijoa, o berbigão, o mexilhão e as ostras. A tenda gigante que o aloja regressa ao relvado da Costa Nova, entre 4 e 7 de agosto. Mantém-se assim a tradição de a emblemática equipa de basquetebol Illiabum e a Câmara Municipal de Ílhavo realizarem este evento no primeiro fim de semana do mês em que mais emigrantes da região regressam a Portugal, tanto os que vivem noutros pontos da Europa como a populosa comunidade que partiu para os países da América do Norte. Para além destes, o festival movimenta anualmente centenas de visitantes, não só provenientes dos concelhos que fazem fronteira, Aveiro e Vagos, como de outros no distrito, como Anadia e Mealhada, até porque não há nada que impeça um apreciador de leitão de nutrir afeto semelhante pelo marisco.
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O berbigão é o molusco bivalve mais abundante na Ria de Aveiro, atingindo a sua produção milhares de toneladas por ano
Quem ficar com vontade de repetir a dose fora dos dias do festival, deve visitar o Mercado do Peixe da Costa Nova, que emprega familiares dos pescadores e está adaptado à venda do marisco já confecionado. A generalidade dos restaurantes locais, em especial nas praias da Costa Nova e da Barra, serve durante todo o ano, mas com especial procura nos meses de verão, um arroz de marisco capaz de deixar a salivar até os clientes menos afetos aos prazeres de garfo e faca.
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As ostras da Ria sempre foram muito apreciadas, em especial pelos consumidores provenientes de França
RECEITAS DE PORTUGAL
Arroz de Marisco
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arroz de marisco é confecionado em muitas zonas costeiras de Portugal. Apesar de o modo de preparação ser semelhante de norte a sul, em cada região costuma haver um ou outro pormenor distintivo. Exemplo disso ocorre na Praia de Vieira de Leiria, na Marinha Grande, onde se diferencia por ser servido diretamente do lume num tacho de barro, ainda a fervilhar. A gastronomia tem fortes ligações com o povoamento e a história desta zona, que começou com a colonização dos areais por volta do século XVIII, gerando modos de vida moldados pelo mar, as dunas e os pinhais mandados plantar pelo rei D. Dinis. Não há relatos referentes ao consumo de arroz de marisco por este monarca, mas sem dúvida que é um prato capaz de impressionar qualquer representante da realeza. A lagosta, os camarões grandes, as amêijoas e as sapateiras conferem sabor único ao arroz, além do tempero, onde entra alho e piripiri.
Lave bem as ameijoas para que as areias não vão parar ao prato!
Ingredientes para quatro pessoas • •
500g de arroz carolino Cebola e alho picados q.b
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Azeite e polpa de tomate q.b Sal e piripiri q.b Marisco previamente cozido (lagosta, camarão, amêijoa e patas de sapateira)
Preparação: • Levar um tacho de barro ao lume para fazer o refogado. •
Utilizar um fio abundante de bom azeite, cebola e alho picados, e polpa de tomate q.b.
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Deixar apurar o refogado e em seguida juntar a água que serviu
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para “abrir” as amêijoas (é um detalhe importante) e acrescentar água corrente. •
Quando a água levantar fervura, juntar o arroz e deixar que absorva todos os sabores. Logo que o arroz esteja “meio cozido”, acrescentar o marisco (previamente cozido em água temperada de sal e piripiri) e mexer para envolver.
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Deixar cozer mais um pouco. O tacho de barro conserva o calor, por isso cuidado para o arroz não cozer demais. Deve acabar de cozer na mesa.
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Pode rematar-se com coentros para quem aprecie.
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GASTRONOMIA
Breves
Em outubroSix Senses Douro Valley há novo Barca Velha
“O Feirão” mostra petiscos portugueses a Andorra O Grupo de Folclore Casa de Portugal, uma das mais representativas associações de portugueses em Andorra, organiza a 3.ª edição do mercado tradicional “O Feirão”, na capital do principado. No final de tarde do primeiro sábado do mês, dia 2 de julho, os visitantes da Praça Guillemò podem degustar diversos petiscos portugueses e adquirir produtos como azeite, enchidos, doces e broa de milho. Este mercado é acompanhado musicalmente com as danças e cantigas tradicionais protagonizadas por elementos do próprio Grupo de Folclore Casa de Portugal, que este ano celebra duas décadas de existência. A edição deste ano de “O Feirão” insere-se na programação de Andorra la Vella – Capital da Cultura Ibero-Americana.
Gallo lança vinagre de limão Com a chegada do verão, a Gallo volta a alargar a sua gama de produtos, desta vez com mais um vinagre, que se junta aos sete já existentes. Resultado da combinação entre a frescura do vinagre de vinho branco e o carácter cítrico do limão, o novo produto tem o nome Gallo Vinagre de Limão.
Chef Vítor Sobral abre novo estabelecimento em São Paulo O proprietário da Tasca da Esquina, restaurante que ganha há quatro anos o prémio de melhor restaurante português em São Paulo, aposta este mês no la n ç a m e nto da 3.ª marca na cidade brasileira: a Padaria da Esquina. Aberta o dia todo, conta na carta com sa“A Padaria da ladas, salgados e Esquina é mais uma forma sanduíches, como dos brasileiros as clássicas bifasentirem o que se come em Portugal nas, pregos, carne e experimentaassada. A decorem as iguarias ração do espaço de pastelaria e i n s p i r a - s e n a s padaria que fazem parte do dia a dia antigas padarias dos portugueses” portuguesas dos Vítor Sobral bairros lisboetas, onde os balcões simples e vitrines expõem pães e bolos tradicionais. Em São Paulo, o chef português também é proprietário da Taberna da Esquina.
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O mais mítico dos vinhos portugueses, lançado apenas em anos de vindimas excecionais, vai contar com a sua 18.ª edição, que vai chegar ao mercado em outubro. Após oito anos em garrafa, que confirmaram o potencial da vindima de 2008 na Quinta da Leda, no Douro Superior, o vinho foi oficialmente declarado em meados do mês passado. As cerca de 18 000 garrafas produzidas pela Casa Ferreirinha, do portefólio Sogrape, chegarão a apreciadores por todo o mundo.
Gastronomia da região do Tâmega e Sousa em destaque no Luxemburgo Mel de Paços de Ferreira, pão de ló de Margaride, cerejas de Resende, queijos de Lousada, biscoitos de Cinfães do Douro, licores de Castelo de Paiva, compotas do Marco de Canavezes, chouriços de Amarante, vinhos de quase todos estes concelhos, sobretudo verdes. Estes foram alguns dos produtos expostos na Feira de Gastronomia e Vinhos da Região do Tâmega e Sousa, que pelo segundo ano consecutivo teve lugar no pavilhão LUXEXPO, na cidade do Luxemburgo, nos dias 18 e 19 de junho.
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CULTURA
SIZA VIEIRA Piscina das Marés, Leça da Palmeira
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FOTO: CHANGE IS GOOD
SOUTO MOURA Casa das Histórias de Paula Rego, Cascais
PAULO DAVID Casa das Mudas, Calheta
ARQUITETURA PORTUGUESA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS Paris tem exibido a criatividade dos principais arquitetos portugueses, através da exposição “Les universalistes. 50 ans d'architecture portugaise”, presente até ao final de agosto na Cité de l’Architecture et du Patrimoine. Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, que fazem do Porto a única cidade do mundo onde nasceram e vivem dois arquitetos galardoados com Prémio Pritzker, são
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dois dos nomes com projetos expostos, assim como Gonçalo Byrne, Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas e Carrilho da Graça. Os parisienses e os incontáveis turistas que visitam diariamente os museus da capital francesa têm assim acesso a maquetes, textos e imagens dos edifícios retratados nesta página, entre outros. O comissário da exposição, Nuno Grande, apresenta-a à Revista PORT.COM.
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CULTURA
ENTREVISTA A NUNO GRANDE – COMISSÁRIO DA EXPOSIÇÃO “LES UNIVERSALISTES. 50 ANS D’ARCHITECTURE PORTUGAISE”
Em Paris até 29 de agosto
“MARCELO REBELO DE SOUSA E ANTÓNIO COSTA SENTIRAM-SE MUITO IDENTIFICADOS COM A EXPOSIÇÃO” O assinalar dos 50 anos da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris dá o mote para uma exposição que retrata o mesmo período, ou seja, desde 1966. O número 50 também alude à quantidade de projetos de arquitetos portugueses escrutinados. O comissário da exposição explica como esta também é uma forma de contar a História de Portugal.
Como surgiu a iniciativa para que fosse criada em Paris uma exposição sobre arquitetura portuguesa? A iniciativa surgiu da Fundação Calouste Gulbenkian, que como se
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FOTO: CHAVES INTEMPORAL
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arquiteto Nuno Grande não fazia parte do cartaz da conferência “Museu Nadir Afonso: Dois ícones que o caraterizam – Nadir / Siza”, em Chaves, mas não tardou a que o moderador o convidasse a trocar a plateia pelo painel de oradores. Aqui, ouviu Souto Moura dizer que o novo museu flaviense é uma das obras de Siza Vieira que mais aprecia, na presença do próprio mestre. Apesar deste espaço recentíssimo não constar em “Les universalistes. 50 ans d’architecture portugaise”, o comissário da exposição não teve dificuldades em encontrar motivos para recomendar aos seus compatriotas na capital francesa que a visitem até 29 de agosto.
ENTREVISTA: LUÍS CARLOS SOARES
Nuno Grande com Siza Vieira, um dos arquitetos portugueses representados na exposição em Paris
sabe está há 50 anos em França, com uma delegação em Paris. No âmbito das comemorações deste aniversário quis organizar uma grande exposição de arquitetura, a par de outras exposições, como a com a obra de Amadeo de Souza-
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Cardoso [destacada na Revista PORT. COM de maio]. A Fundação convidoume a refletir como é que tinham sido estes 50 anos na arquitetura portuguesa. Há muito que eu andava a pensar o que identificava este período e para mim
o mais importante é que a partir dos anos 60 a arquitetura portuguesa, na sua condição universalista, ou seja, nem portuguesa nem global, na relação entre estas duas escalas, foi fazendo o seu caminho a par de outras arquiteturas de outros países, mas mostrando a sua pertinência. Que momentos identifica como importantes para essa reflexão? A realização do inquérito à arquitetura popular em Portugal, por exemplo, que foi usado para renovar a arquitetura moderna portuguesa. O 25 de Abril e o envolvimento dos arquitetos nessa grande tarefa. A arquitetura nas chamadas colónias portuguesas, que não era bem colonialista, era uma arquitetura de compromisso, de mestiçagem com a cultura africana. A integração na Comunidade Económica Europeia (CEE) a seguir a 1986, quando vêm imensos fundos estruturais para Portugal e se constroem imensos edifícios de que Portugal precisava. E o próprio percurso na globalização. Na exposição tento fazer um retrato do que foi, nestes vários aspetos, o universalismo dos arquitetos portugueses nos últimos 50 anos, pelo que surgiu esta ideia de tratar os arquitetos por universalistas. Para a comunidade portuguesa em França que não seja entendida em arquitetura, a exposição também pode ser uma maneira de contar a História de Portugal? Claro. A par da arquitetura eu tenho imagens desse Portugal dos últimos 50 anos. Estivemos a trabalhar com um fotógrafo chamado Alfredo Cunha, que fotografa o país há 50 anos, aliás é o fotógrafo pessoal de alguns Presi-
dentes da República, é uma pessoa que acompanhou o processo político todo desde as transformações finais do Estado Novo até à recente tomada de posse do professor Marcelo Rebelo de Sousa, que também aparece fotografado lá na exposição. São retratos do Portugal dos últimos 50 anos, misturando imagens do quotidiano popular com políticos, escritores, artistas e arquitetos que foram fundamentais para construir esta História de Portugal. Como correu a visita de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa à exposição, quando foram a Paris para as comemorações oficiais do Dia de Portugal? Eu próprio fiz-lhes a visita guiada e eles disseram que gostaram imenso, que se sentiam identificados com aquela visão. Aliás, gostaram muito de se ver retratados na exposição. Lembro-me particularmente de António Costa dizer: “Eu agora já faço parte do museu, já sou figura de museu”. Mas, na verdade, eles sentiram que o Portugal que está retratado é o Portugal em que eles cresceram politicamente. Há 50 anos eram muito mais novos e aquele Portugal, onde a arquitetura também esteve presente, foi o que eles viram florescer entre o final do Estado Novo e a democracia. Portanto, sentiram-se muito identificados com a exposição e com as imagens que viam desse Portugal contemporâneo. Como muitos jovens arquitetos portugueses têm emigrado para França e países limítrofes, aconselhalhes visita a Paris para conhecerem esta exposição e a dedicada a Amadeo de Souza-Cardoso? Claro. Eu não tenho uma visão dramá-
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“NA EXPOSIÇÃO TENTO FAZER UM RETRATO DO QUE FOI O UNIVERSALISMO DOS ARQUITETOS PORTUGUESES NOS ÚLTIMOS 50 ANOS, PELO QUE SURGIU ESTA IDEIA DE TRATAR OS ARQUITETOS POR UNIVERSALISTAS” tica em relação à emigração dos jovens arquitetos. Os meus alunos sempre partiram a seguir ao curso à procura de trabalho fora de Portugal porque querem ter experiências internacionais. É uma condição dos estudantes na atualidade não só fazerem Erasmus, como depois irem fazer estágios, muitas vezes dois ou três anos, em escritórios na Suíça, em França, na Inglaterra, em Itália, nos países nórdicos… Essa condição de viagem e de experiência fora para o arquiteto não é, para mim, dramática. Acho que a crise veio acentuar essa necessidade, mas para mim um estudante que emigra enquanto tem idade para estar sozinho, sem família, noutro país, é um ato de inteligência, não é só um ato de necessidade económica.
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CULTURA
VHILS HOMENAGEIA COMUNIDADE PORTUGUESA NO LUXEMBURGO O notável artista urbano português vai levar os berbequins e martelos pneumáticos até à capital do Grão-Ducado, para recriar o rosto de um português num edifício local. A inauguração do monumento em honra da presença lusitana está prevista para 2017.
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TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES
artista urbano Vhils, pseudónimo do lisboeta Alexandre Farto, vai homenagear os emigrantes portugueses no Luxemburgo com um mural na capital luxemburguesa. Este trabalho vai representar “o rosto de uma mulher ou de um homem”, alusivo a “todos os portugueses que ao longo das últimas décadas foram chegando ao Luxemburgo e que aqui vivem”, justificou à Lusa o embaixador de Portugal no Grão-Ducado, Carlos Pereira Marques. A novidade foi tornada pública numa cerimónia para assinalar o Dia de Portugal, no exterior do Centro Cultural Português, no Luxemburgo. “Neste momento está-se à procura do local ideal. O Vhils trabalha em paredes já existentes, pelo que os serviços competentes da autarquia da cidade do Luxemburgo estão a tentar encontrar o local mais adequado para esse efeito”, adiantou o diplomata. Para o embaixador, “este será mais um marco da nossa presença na socie-
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Alexandro Farto
dade luxemburguesa, e também estou muito contente com o facto de termos podido escolher um artista muito jovem, contemporâneo, com um trabalho arrojado, mas reconhecido internacionalmente”, rematou.
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A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, também presente no momento, afirmou que “o Vhils é talvez um dos expoentes máximos mundiais na arte pública, e é para os portugueses naturalmente um
Os portugueses orgulho ter aqui um português a fazer podem cruzar-se com uma obra que leva a excelência da arte obras de Alexandre Farto em ruas de cidades por portuguesa ao mundo”. todo o mundo, como Nova Iorque, Paris, Berlim, A governante considerou ainda que Moscovo e Hong Kong “para o Luxemburgo será sempre uma
mais-valia ter uma obra de arte pública de um português com a craveira de Alexandre Farto”. Na verdade, no Grão-Ducado já existe uma obra do jovem artista, mas que não está à vista do público. Trata-se de um mural de 26 metros por 10, no edifício de alta segurança Freeport, a primeira zona franca na União Europeia para armazenar obras de arte e artigos de luxo livres de impostos. O artista que o Estado tornou Cavaleiro O anúncio do mural de Vhils na capital luxemburguesa chegou exatamente um ano após o artista de 29 anos ter sido condecorado nas comemorações de 2015 do Dia de Portugal. Em Lamego, Cavaco Silva distinguiu-o como Cavaleiro da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Na altura, Alexandre Farto publicou uma nota no Facebook na qual dedicou a condecoração aos novos emigrantes: “Aceito esta distinção em nome da geração mais qualificada de sempre que se vê forçada a emigrar por falta de oportunidades. A geração desprezada. A geração das famílias fragmentadas. A geração do talento desperdiçado, cuja educação, suportada pelo país, se vê agora investida noutros cantos do mundo”, escreveu. Este ano já recebeu o prémio Martha de La Cal, título que o aponta como
personalidade do ano 2015 segundo a Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP). A entidade justificou o título atribuído ao artista, por ter contribuído “para levar o nome do país ao exterior”. O Banksy do Seixal Este jovem português também já foi eleito pela prestigiada revista Forbes como uma das 30 personalidades com menos de 30 anos mais bem-sucedidas do mundo. Algo difícil de imaginar quando no final do ensino secundário não conseguiu média para entrar numa faculdade portuguesa. A alternativa encontrada foi rumar a Londres, para estudar Belas Artes, afastando-se assim do Seixal, onde nasceu, cresceu e começou por pintar paredes e comboios com graffiti. Atualmente, o “Bansky português”, como também é apelidado por comparação ao notável artista urbano britânico, é reconhecido pelos murais
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Autor de rosto de Amália em calçada de Lisboa Este mês faz um ano que foi apresentada ao público uma das obras de Vhils mais apreciadas pelo público português. Trata-se da recriação do rosto de Amália Rodrigues numa calçada em Alfama, trabalho efetuado em colaboração com calceteiros da Câmara de Lisboa. O retrato “aparece como uma onda do mar que [começa no chão e] subiu a parede”, descreveu o próprio Alexandre Farto na apresentação da obra. A dita onda permite que a chuva “faça chorar as pedras da calçada”, o que o artista apresentou como uma evidente ligação ao fado.
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CULTURA
“VHILS TRABALHA EM PAREDES JÁ EXISTENTES, PELO QUE OS SERVIÇOS COMPETENTES DA AUTARQUIA DA CIDADE DO LUXEMBURGO ESTÃO A TENTAR ENCONTRAR O LOCAL MAIS ADEQUADO PARA ESSE EFEITO” CARLOS PEREIRA MARQUES, EMBAIXADOR DE PORTUGAL NO GRÃO-DUCADO em que apresenta rostos de grandes dimensões, esculpidos em paredes com berbequins e martelos pneumáticos. Muitos destes são facilmente encontráveis em Lisboa, mas estão espalhados por mais de 50 cidades de todo o mundo, como Nova Iorque, Paris, Berlim, Moscovo e Hong Kong. As exposições são o melhor método para avaliar a popularidade que a sua obra granjeia. Em 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande mostra numa instituição nacional, o Museu da Eletricidade, em Lisboa. “Dissecação/ Dissection” atraiu mais de 65 000 visitantes em apenas três meses. No final do mesmo ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo que complementou o álbum “Songs of Innocence”. Em março deste ano foi convidado pela RTP para participar na construção da sua nova imagem, particularmente na idealização dos separadores que dividem os programas televisivos. A
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título de exemplo, cada vez que surge uma pausa na transmissão dos jogos no EURO 2016, a televisão pública portuguesa utiliza um desses separadores de 12 segundos. O segundo monumento português no Grão-Ducado Perante este vasto currículo, não estranha que a Embaixada de Portugal no Luxemburgo tenha recorrido a tão jovem artista na hora de escolher o autor de mais um monumento português no Grão-Ducado, juntando-se nesta lista ao busto de Camões que acaba de ser transferido para as imediações do Centro Cultural Português. Algumas vozes entre a comunidade portuguesa acusaram as autoridades de mudar o busto de uma zona popular da cidade do Luxemburgo para uma mais elitista. A nova obra de Vhils ainda não tem local programado, sendo este o
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principal detalhe a definir antes da sua execução. A escolha da localização e os consequentes trâmites administrativos a cumprir, fazem com que as estimativas para a inauguração do novo mural apontem para o próximo ano. Até porque o artista em si precisará apenas de um par de dias para o executar e lhe colocar a assinatura que tantos seguidores tem conquistado pelo mundo, a assinatura do português Vhils.
CULTURA
Breves
Poema inédito de Fernando Pessoa revelado no Brasil Um advogado brasileiro, que nos tempos livres se dedica a colecionar literatura, encontrou um poema inédito do distinto autor. No ano passado, José Paulo Cavalcanti Filho comprou a um alfarrabista português um livro de autógrafos, com um manuscrito de Pessoa, datado de 1918, na última página. Sabe-se agora, de acordo com o jornal Folha de São Paulo, que o manuscrito é a versão inédita de um texto do qual até hoje só se conheciam rascunhos. Este poema não faz parte do acervo do poeta português, guardado na Biblioteca Nacional de Portugal.
Editora junta dois filmes sobre portugueses em França
francesa de Brive, com imagens captadas durante perto de 20 anos no final do século passado.
A editora cinematográfica francesa “Les Films du Paradoxe” lançou recentemente um DVD intitulado “Portugais de France”, com dois filmes do realizador francês Patrick Séraudie relacionados com a comunidade portuguesa em França. Um filme foi realizado este ano e o outro em 1998. O mais recente chama-se “Le choix impossible” e conta a história da adaptação de uma família que chegou a França há pouco tempo e de uma outra que decidiu regressar a Portugal. O mais antigo é intitulado “Lissac” e é um retrato do quotidiano da comunidade portuguesa na região
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Livro sobre emigração portuguesa apresentado em Toronto A Galeria dos Pioneiros Portugueses, em Toronto, viu Daniel Bastos apresentar “Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores”, livro sobre a história da emigração portuguesa para França no século passado. Os relatos escondidos em algumas das mais de 150 fotografias do livro, todas assinadas pelo franco-haitiano Gérald Bloncourt, cativaram os presentes, que acabaram por esgotar os exemplares disponíveis. No evento, inserido nas comemorações do Dia de Portugal, o autor português anunciou a intenção de realizar a médio prazo uma obra sobre a emigração portuguesa.
RTP e TV Galiza dividem produção de série televisiva Portugueses e galegos vão unir-se na produção conjunta de uma série televisiva. “Vidago Palace” é o título deste projeto de seis episódios, que vai focar o período compreendido entre 1 e 15 de agosto de 1936, que coincidiu com os Jogos Olímpicos de Berlim, a Guerra Civil espanhola, o regime de Salazar em Portugal e a inauguração do campo de golfe de Vidago. As filmagens arrancam em outubro deste ano no hotel do concelho de Chaves com o mesmo nome da série.
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Julho leva Mariza a Espanha e Alemanha Depois de ter arrecadado o galardão para melhor artista na edição deste ano dos prémios britânicos Songlines Music, a fadista continua a dar mostras de gabarito internacional. Prova disso são os espetáculos marcados para este mês. No dia 19 atua em Kiel, na Alemanha, antes de um trio de concertos em Espanha: dia 21, em Cartagena; dia 22, em Girona; e dia 23, na capital Madrid.
Ana Moura com concertos em Londres e Berlim A segunda metade de 2016 continua a apresentar uma agenda repleta de concertos para a fadista portuguesa, que no final do ano passado lançou “Moura”, o 6.º disco de originais da carreira, do qual fazem parte êxitos como “Dia de folga” e “Tens os olhos de Deus”. Depois de já ter passado por Viena, Zurique, Hamburgo, Genebra, Madrid e Dortmund, a digressão europeia regressa em setembro, com concertos previstos em Londres (dia 26), Berlim (28) e na cidade polaca Bielsko-Biala (29). Já estão à venda os bilhetes para estes três espetáculos.
Galandum Galundaina em festivais internacionais A mais conhecida das bandas portuguesas que cantam em mirandês vai andar na estrada durante este verão, para levar a sua música a palcos em Portugal, Espanha e França. No país vizinho, a agenda dos Galandum Galundaina inclui concerto no Festival Intercéltico de Moaña, nos arredores de Pontevedra, a 30 de julho. Em terras gaulesas, o coletivo de Miranda do Douro vai atuar no Festival Traversées Tatihou, em Saint-Vaast-La-Hougue, na noite de 20 de agosto.
Frankie Chavez regressa a Itália
Ilustração portuguesa premiada nos Estados Unidos Três ilustradores portugueses foram premiados pela revista norte-americana 3×3, uma das mais importantes a nível global dedicada à ilustração contemporânea. A categoria “Estudante” valeu a medalha de ouro a Carolina Celas, que atualmente vive em Londres. André Letria e Teresa Cortez destacaram-se na categoria “Álbum Ilustrado”, com medalhas de prata e de bronze, respetivamente.
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O músico português, autor de canções que fazem sucesso nas redes sociais (como “Dreams of a rebel” e “I don’t belong”), atua em Accadia, cidade no sul de Itália, a 29 de julho. Trata-se de um regresso ao país transalpino, depois de no final de junho ter protagonizado concertos em Piacenza e Bolonha.
Quinta do Bill volta aos álbuns de originais Meia década depois, a histórica banda portuguesa volta a lançar álbum de originais, o 8.º de uma carreira com perto de 30 anos de história. “Todas as Estações” é o nome do novo disco da banda de Tomar que se tornou célebre por músicas como “Filhos da Nação” e “Voa”.
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ESPORTO
EUSÉBIO E OS “MAGRIÇOS” TORNARAM-SE LENDAS HÁ 50 ANOS Julho de 1966. Portugal chegou a Inglaterra como seleção estreante e partiu como 3.ª classificada, louvada como se se tivesse tornado campeã do mundo. Derrotar o Brasil de Pelé e uma sensacional reviravolta contra a Coreia do Norte são alguns dos feitos que entraram para a história da modalidade.
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TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES
ortugal nunca se havia qualificado para a fase final de um campeonato do mundo ou da Europa quando, a 31 de outubro de 1965, entrou no Estádio das Antas, no Porto, a precisar de apenas um ponto para garantir o acesso ao Mundial de 1966, em Inglaterra. Depois de quatro vitórias nos quatro primeiros jogos da fase de apuramento, empatou 0-0 contra a vice-campeã do mundo, a poderosa Checoslováquia. A seleção portuguesa garantia assim um apuramento inédito. Na primeira metade da década de 1960, o Benfica disputou quatro vezes a final da Taça dos Campeões Europeus, ganhando duas. O Sporting venceu a Taça das Taças na temporada 1963/64. Mas apesar de todo o sucesso dos clubes que eram as equipas-base da seleção, Portugal nunca tinha conseguido ultrapassar uma fase de qualificação, apesar de as disputar há 32 anos. Foi com este historial que o coletivo selecionado por Manuel da Luz Afonso e treinado pelo brasileiro Otto Glória partiu para Inglaterra, nos primeiros dias de julho de 1966. Mas os resultados obtidos na fase de qualificação alimen-
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Eusébio marcou quatro dos cinco golos portugueses nos quartos de final
tavam esperança numa participação meritória no torneio. A esperança alastrou-se aos adeptos, tanto que atribuíram um cognome aos 22 jogadores convocados. Chamaramlhes os “Magriços”, em referência à lenda de Álvaro Gonçalves Coutinho, que na Idade Média havia partido com 12 companheiros para Inglaterra em defesa de 12 damas ofendidas por cavaleiros britânicos.
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Vitória num grupo assustador No onze-tipo dos “Magriços” cabiam elementos da defesa rotinada do Sporting, particularmente Hilário, Alexandre Baptista e José Carlos, e no ataque os “quatro magníficos” do Benfica: José Augusto, Torres, Eusébio e Simões. Entre estes dois setores, o equilíbrio era ditado pelo capitão Coluna (Benfica) e pelo incansável Jaime Graça (Vitória de Setúbal).
Eusébio e Lev Yashin. O melhor jogador e o melhor guarda-redes do torneio defrontaramse no jogo de atribuição do 3.º lugar
Os “Magriços” antes da meia-final contra Inglaterra, em Wembley, perante 94 000 espetadores. A partir da esquerda: à frente, José Augusto, Torres, Eusébio, Coluna e Simões; atrás, Alexandre Baptista, Jaime Graça, Hilário, Festa, José Carlos e José Pereira
O sorteio da fase inicial foi assustador. Portugal teria que defrontar o Brasil, campeão do mundo, a Hungria, uma das primeiras potências futebolísticas europeias, e a Bulgária, que pouco antes havia afastado o conjunto português da Taça da Europa das Nações. Mas as primeiras atuações afastaram de imediato o temor.
Com estes resultados, a seleção portuguesa entrou em campo contra o Brasil com o apuramento para os quartos de final quase garantido, o que era uma boa notícia, dado que os campeões do mundo apresentavam um conjunto de craques planetários, como Pelé, Garrincha, Vavá, Djalma Santos e Didi.
No primeiro jogo, a 13 de julho, apesar de os húngaros terem apresentado um futebol de ataque, Portugal venceu por 3-1, com dois golos de José Augusto e um de Torres. Três dias depois, nova partida e novo triunfo, contra a Bulgária, por 3-0: golos de Eusébio, Torres e Vatusov, este último na própria baliza.
Numa exibição histórica, o defesa português Vicente anulou Pelé, Simões abriu o marcador para Portugal e Eusébio aumentou a vantagem. O Brasil ainda reduziu, mas o “Pantera Negra” voltou a marcar, com um remate fortíssimo, e arrumou a questão: 3-1. Com este resultado, que ditou a eliminação dos
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Os capitães de Portugal e da Inglaterra, Coluna e Booby Moore, cumprimentam-se antes da meia-final
A LENDA DE ÁLVARO GONÇALVES COUTINHO, QUE PARTIU PARA INGLATERRA EM DEFESA DE DAMAS OFENDIDAS POR CAVALEIROS BRITÂNICOS, INSPIROU O COGNOME DESTA SELEÇÃO
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DESPORTO
MELHOR JOGADOR E MARCADOR DO TORNEIO, EUSÉBIO JUNTOUSE A AMÁLIA RODRIGUES COMO OS PRIMEIROS PORTUGUESES DE DIMENSÃO GLOBAL brasileiros, os “Magriços” passavam para o primeiro lugar da bolsa de apostas para a conquista do título mundial.
A imagem de Eusébio a chorar a eliminação na meia-final emocionou até os adeptos ingleses
Reviravolta, choro e consolação A vitória contra o Brasil colocou os olhos do mundo sobre a seleção portuguesa, na primeira vez em que todos os jogos de um Mundial tiveram transmissão televisiva. Nos “quartos”, Portugal enfrentou a outra equipa-sensação da prova, a Coreia do Norte, que havia ganho à poderosa Itália por 1-0. O jogo de 23 de julho começou com mais uma surpresa protagonizada pelos asiáticos, que ao minuto 25 já venciam por 0-3. Mas perto da meia hora de jogo começou a desenhar-se a exibição mais sensacional da carreira de Eusébio, quando marcou o primeiro golo português. Reduziria ainda antes do intervalo, de penalti. Na segunda parte marcaria mais por mais duas vezes, proporcionando a reviravolta no marcador. Depois dos quatro golos do avançado nascido em Lourenço Marques (atual Maputo), chegou a vez de José Augusto selar o 5-3 final. O público português cele-
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brou o que acabava de assistir através das televisões de cafés, cinemas, associações e nas casas mais abastadas. Eusébio colocava assim os “Magriços” na meia-final, contra a anfitriã Inglaterra. O jogo foi marcado para o final da tarde de 26 de julho, no emblemático Estádio de Wembley, lotado por mais de 94 000 espetadores, ingleses na esmagadora maioria. No campo, o feroz Nobby Stiles perseguia Eusébio para todo o lado, no último Mundial sem cartões amarelos ou vermelhos. Bobby Charlton marcou duas vezes para os ingleses, aos minutos 30 e 80. Eusébio ainda reduziu aos 82 e posteriormente Simões falhou o golo do empate. Quando terminou a partida, o “King” chorou a eliminação a um jogo da final, que também seria ganha pela Inglaterra.
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Na atribuição do 3.º lugar, o chamado “jogo de consolação”, a 28 de julho, Portugal bateu a União Soviética por 2-1, com o tento da vitória a surgir ao minuto 89, por José Torres, o “Bom Gigante”. O marcador havia sido inaugurado por Eusébio. Diante do melhor guarda-redes do mundo, Lev Yashin, converteu de penalti o último dos nove golos que marcou na competição, que lhe valeram o título de melhor marcador. Exibições como as logradas contra o Brasil e a Coreia do Norte fez com que nem os ingleses colocassem em causa o seu nome enquanto melhor jogador do torneio. Eusébio juntou-se a Amália Rodrigues como os primeiros portugueses de dimensão global. Meio século depois, Portugal continua a perseguir o primeiro título numa grande competição de seleções absolutas. Eusébio e os “Magriços” continuam a deter o rótulo de lendas.
Breves
Tiago Monteiro vence prova do Mundial de Turismo em Vila Real
Tiago Ferreira campeão do mundo de maratonas BTT O bttista viseense conquistou o Campeonato do Mundo de Maratonas BTT (XCM), a 26 de junho, com a camisola da seleção nacional da modalidade, em Laissac, França. Tiago Ferreira concluiu os 90 quilómetros, com 3 130 metros de acumulado de subida, em 4h01m57s, menos 19 segundos do que o austríaco Alban Lakata e menos 56 do que o checo Kristian Hynek. Este é o primeiro título de campeão mundial conquistado por um português em BTT.
O piloto portuense da Honda ganhou a segunda corrida da etapa portuguesa do campeonato do mundo de carros de turismo (WTCC), levando à loucura a multidão que encheu, como é tradição, o circuito urbano da cidade transmontana de Vila Real. Tiago Monteiro aproveitou da melhor forma a saída da “pole-position”, arrancando melhor que toda a concorrência e controlando a corrida ao longo das 14 voltas, não dando hipóteses ao seu principal perseguidor, o francês Yvan Muller, da Citroen.
Fernando Pimenta conquista duas medalhas de ouro nos Europeus
Centro de alto rendimento de surf inaugurado em Aveiro A freguesia de São Jacinto, no concelho de Aveiro, testemunhou finalmente a inauguração do seu Centro de Alto Rendimento de Surf (CAR/SURF), a 25 de junho. Escreve-se “finalmente” porque a obra chegou a estar parada durante quase três anos por falência do empreiteiro. Portugal passa a contar agora com quatro centros deste género, preparados para a prática e ensino de surf, com Aveiro a juntar-se a Viana do Castelo, Peniche e Nazaré.
O canoísta de Ponte Lima venceu duas provas do campeonato da Europa de canoagem, em Moscovo, na Rússia: K1 1000 e K1 5000. Fernando Pimenta conquistou assim, a solo, as duas medalhas que Portugal arrecadou nos Europeus, ambas de ouro. Nenhum atleta masculino ganhou tanto em toda a competição. O atleta de 26 anos vai competir em K1 1000 nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sendo que a prova K1 5000 não faz parte do programa olímpico. Na prova de K4 1000, o quarteto composto por Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes ficou em 4.º lugar, a 108 milésimos do bronze.
A PORT.COM prepara um caderno especial sobre os Jogos Olímpicos para a edição de agosto, com uma entrevista exclusiva a Fernando Pimenta. O canoísta pode tornar-se no primeiro português a conquistar duas medalhas nas mesmas olimpíadas
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ISCURSO DIRETO
SUÍÇA É QUASE COMO ESTAR EM CASA Joana Rodrigues tem 27 anos e vive em Genebra, para onde partiu depois de ter morado dois anos em Londres. A jovem de Barcelos conta o que em terras helvéticas faz com que se sinta mais próxima de Portugal.
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ntão a vida em Inglaterra não estava a correr bem? Vais mudar de novo? Porquê? - Já chega de chuva (respondia eu, como quem não quer dar muitas respostas).
A verdade é que sim, a vida em Londres correu muito bem, e sim, decidi mudar de novo. Porque quase 270 mil portugueses não podem estar equivocados. A Suíça deve ser um bom lugar para viver. Vim tirar as duvidas, que não foram muito difíceis de tirar. A mudança não foi fácil, volta e meia lá batia aquela vontade de voltar para a ilha, ou para a nossa Casa (com letra maiúscula, com o respeito que a Casa deve ter) ou para qualquer outro sítio onde eu pelo menos entendesse a língua que se fala na rua. Mas para a frente é que é o caminho. Nem pensar que eu ia voltar a fazer as malas. A canseira que isso iria ser! E Genebra tem os seus encantos. Logo à chegada, a Suíça mostrou-me uma mão cheia de queijos e outra de chocolates – “Ah, sua espertalhona, queres convencer-me!” - e quando enfim comecei a conhecer um pouco das suas paisagens naturais, onde o verde do alto das montanhas se vai fundindo com o azul intenso dos lagos, então, rendi-me.
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Aqui a vida corre sem grandes preocupações. Genebra apresentou-se como uma cidade pequena em tamanho, mas plena em comodidade, em espaços verdes, em nascentes de água e em risos de crianças. É uma cidade amiga das famílias, dos negócios, dos emigrantes, mas não tão amiga do turista mochileiro (4€ por uma meia de leite rebatizada de cappuccino?!). Porém, o primeiro mandamento helvético não é “não deixarás de apanhar o cocó do teu cão” ou “não improvisarás – as regras são as regras” ou ainda “falarás quatro idiomas oficiais”, mas sim qualquer coisa como “não te atrasarás”. Pontualidade britânica é para meninos. O tempo é coisa sagrada e nem há desculpas para atrasos uma vez que o trânsito é pouco, os transportes públicos são abundantes e há relógios a funcionar em todo o lado. Isto é realmente muito bonito e organizado, mas faltava-me descobrir em que zona da cidade seria “Little Portugal”. A resposta foi bem rápida: não há. Somos um exemplo de integração, de trabalho e adaptação e isso conquistou o respeito dos genebrinos. Por exemplo, no momento em que escrevo este texto está a acontecer o campeonato europeu de futebol – aqui
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“FALTAVA-ME DESCOBRIR EM QUE ZONA DA CIDADE SERIA “LITTLE PORTUGAL”. A RESPOSTA FOI BEM RÁPIDA: NÃO HÁ. SOMOS UM EXEMPLO DE INTEGRAÇÃO, DE TRABALHO E ADAPTAÇÃO E ISSO CONQUISTOU O RESPEITO DOS GENEBRINOS” ao lado, em França – e a bandeira vermelha e verde decora muitas e muitas janelas e varandas em todos os pontos da cidade. Não falta também, claro, o trio de ataque preferido dos portugueses na hora dos jogos: esplanadas, minis e tremoços. Todos são bem-vindos a estas bancadas improvisadas. É quase como estar em Casa. Quase. Porque Casa só existe uma.