PORT.COM - Edição nº 5 - Março de 2015

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2015 . Nº 5 . MARÇO. REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€

Mundo

DOSSIÊ ESPECIAL ALQUEVA

no

O MILAGRE DA AGRICULTURA E DO TURISMO

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Por ocasião do dia 8 de março, dedicado ao Dia Internacional da Mulher, a PORT.COM homenageia mulheres portuguesas emigradas em oito países. Conheça as suas vivências em França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Brasil, Canadá e Estados Unidos

da

Os Desafios

8 de mar ço

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O ABRAÇO MAIS EMOTIVO

CAPITAL DO FOLAR DA PÁSCOA

No Dia do Pai conheça a história de um Pai com o filho emigrado no Canadá

Março é mês de folar em Valpaços

FUTEBOLISTAS LUSODESCENDENTES

PORTUGUESES NA MODA

Novas armas da seleção nacional vêm da emigração

Seis rostos que dão que falar no panorama internacional


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Data


FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

SUMÁRIO

Edição Mensal - Março 2015 www.revistaport.com Nº de registo na ERC: 126526 Rua João de Ruão, nº 12 – 8º 3000-299 Coimbra (Portugal) Tel: (+351) 239 820 688

4 EDITORIAL

geral@revistaport.com www.revistaport.com

6 DESTAQUE

DIREÇÃO Abílio Bebiano direcao@revistaport.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Luís Carlos Soares (CP-9959) luis.soares@revistaport.com REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira, Ana Laura Duarte, Filipa Marques Colaboradores: Carla Gil PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos marcia.oliveira@revistaport.com Carlos Gouveia DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA www.bdmp.pt

6. DIA INTERNACIONAL DA MULHER

. Vivências de oito portuguesas no estrangeiro

14 . DIA DO PAI

. O abraço mais emotivo

17 . SUGESTÕES

. Prendas para o Dia do Pai e para o Dia da Mulher

20 . NOTÍCIAS

. PLATAFORMA nasce em Lisboa

22 GASTRONOMIA

ASSINATURAS assinaturas@revistaport.com

. Valpaços é capital do folar de Páscoa

26 CULTURA

PUBLICIDADE AJBB Network Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal) (+351) 967 583 072 publicidade@ajbbnetwork.com

. Rostos portugueses na moda internacional

30 NEGÓCIOS

EDIÇÃO PAPEL: Março 2015 Tiragem: 20.000 Exemplares Impressão: StudioPrint Depósito Legal: 376930/14 Distrib. nacional e internacional: CTT

. Frijobel promove a qualidade do pescado português

32 DESPORTO

. A vaga de lusodescendentes da seleção de Portugal

EDITOR E PROPRIETÁRIO

geral@ajbbnetwork.com www.ajbbnetwork.com NIF: 510 475 353 A AJBBNETWORK não é responsável pelo conteúdo dos anúncios nem pela exatidão das características e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. A respetiva veracidade e conformidade com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais.

36 DISCURSO DIRETO

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A portuguesa Daniela Hanganu é das modelos mais solicitadas do momento

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. Carla Gil emigrou para Guadalupe

DOSSIÊ ESPECIAL ALQUEVA

O MILAGRE DA AGRICULTURA E DO TURISMO

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EDITORIAL A

edição de março da revista PORT.COM chega às mãos dos leitores que nos acompanham em 108 países como aquela que mais se aproxima dos moldes que pretendemos seguir daqui em diante. Depois dos ajustamentos e correções referidos no editorial de fevereiro, reforçámos a nossa equipa editorial, tanto direta (com um novo editor de conteúdos) como indiretamente. Este número de março é aquele em que os nossos leitores mais colaboraram na conceção da revista. Esta colaboração começa a ser evidente no artigo que escolhemos para inspirar a capa, um artigo que homenageia as emigrantes portuguesas. No aproximar do dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, contactámos oito portuguesas que atualmente vivem e trabalham em oito países estrangeiros diferentes.

LUÍS CARLOS SOARES Coordenador Editorial

Para além disto, ouvimos um pai português contar como foi visitar pela primeira vez o seu filho emigrado no Canadá, registámos as recordações que um emigrante em Angola guarda das tradições pascais da região portuguesa que o viu nascer e crescer. O suplemento deste mês dá conta da revolução que a albufeira do Alqueva implementou na agricultura alentejana e nacional, no ano em que é concluído este projeto. Estes e outros conteúdos podem ser encontrados nas próximas páginas, que acreditamos o vão convencer a esperar todos os meses pela publicação de uma nova revista PORT.COM. Até lá, podem continuar a acompanhar-nos diariamente no site www.revistaport.com, no qual temos saudado um aumento exponencial de novos leitores, com mais de 200.000 páginas visitadas. Desejamos a todos um ótimo mês de março, recheado de boas notícias para as comunidades portuguesas no estrangeiro.

PORTAL WWW.REVISTAPORT.COM MAIS DE 200 MIL VISITAS EM FEVEREIRO

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES



DESTAQUE

DIA INTERNACIONAL DA MULHER As mulheres portuguesas têm cada vez mais formação académica, mas a falta de perspetivas para concretizarem os sonhos que alimentaram durante os estudos, levam-nas para fora do país. No estrangeiro, os principais direitos profissionais são-lhes assegurados e abrem-lhes as portas para o futuro. A Revista PORT.COM contactou portuguesas em oito países diferentes, e entre elas encontrou mais semelhanças do que diferenças. POR LUÍS CARLOS SOARES

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VIVÊNCIAS DE OITO PORTUGUESAS NO ESTRANGEIRO

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Dia Internacional da Mulher é, tal como o nome indica, assinalado por todo o mundo. Desde 1977 que a ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece 8 de março como o dia em que se lembram as principais conquistas sociais, culturais, políticas e económicas por parte do género feminino. Na mais recente vaga da emigração portuguesa, milhares de mulheres rumaram ao estrangeiro. Entre estas, há as que anseiam por condições que possibilitem o regresso ao ponto de partida, assim como aquelas que se imaginam na pele de emigrante para sempre. Na aproximação ao dia 8 de março, a Revista PORT.COM contactou oito mulheres portuguesas, emigradas em alguns dos países com maiores comunidades lusitanas: França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Brasil, Canadá e Estados Unidos. Todas elas

emigraram na última meia década, têm menos de 30 anos e, na maior parte, formação superior. Todas encontraram melhores condições profissionais do que aquelas que lhes eram apresentadas em Portugal. Apesar de atualmente trabalharem em áreas distintas, da saúde à restauração, das vendas às limpezas, as justificações para o êxodo encontram eco umas nas outras: “Quando terminei o curso de Ciências Farmacêuticas, a oferta na área já deixava muito a desejar, tanto a nível da remuneração como de perspetiva de progressão. As ofertas cingiamse sobretudo a estágios profissionais. Depois de alguns meses de procura sem sucesso, a vontade de me aventurar em mercados mais férteis e desafiantes começou a crescer cada vez mais”, conta Daniela Seixas, em Inglaterra. As escolhas dos países é que variam mais, desde as que foram em resposta a propostas de trabalho, às que partiram à

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aventura ainda sem um emprego certo, mas com o apoio garantido de familiares ou amigos que já se encontravam nesses destinos. Mas depois de instaladas e adaptadas, não tardaram a ver reconhecidas características apontadas aos portugueses em todos estes oito países: “Gente simpática, que trabalha bem e bastante”, indica Catarina Alves, desde França. Mulheres sem razões de queixa Os direitos que as trabalhadoras reivindicavam outrora, e que inspiraram a criação do Dia Internacional da Mulher, não parecem estar em falta nas principais comunidades portuguesas no estrangeiro, a julgar pelas declarações das oito entrevistadas. Nenhuma sentiu diferença de tratamento por ser mulher, nem tão pouco por ser portuguesa. “Nunca senti que tenha perdido alguma oportunidade ou que fui menos remunerada por ser mulher”, aponta

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DESTAQUE

construção civil, baixo de estatura e com bigode”, exemplifica a jovem de 26 anos, natural da Póvoa de Varzim.

Diana Pereira, na Alemanha. De resto, ao comparar a realidade germânica com a portuguesa, a principal diferença é outra: “Sinto que as pessoas não são descartadas pela idade, ao entrar num supermercado ou em lojas em centros comerciais é frequente sermos atendidos por funcionárias acima dos 40 anos, o que não acontece em Portugal”, acrescenta. No que toca à segurança no trabalho em casos específicos ao sexo feminino, por exemplo, em caso de gravidez, todas as oito entrevistadas, por maior ou menor informação que tenham sobre o assunto, afiançam que lhes são asseguradas condições para manterem o emprego durante e após essas eventualidades. O principal desvio à igualdade entre homens e mulheres, é apontado desde um país que, tal como a Alemanha, tem uma mulher como principal figura de Estado, o Brasil: “Apesar do exemplo da Dilma Rousseff na presidência da República, os principais cargos nas empresas, entidades e mesmo políticos são maioritariamente ocupados por homens”, explica Carla Flores. Mas isto é apenas um senão numa experiência globalmente positiva, dado que realça que “no Brasil, felizmente, tive a sorte de encontrar, em muito pouco tempo, uma empresa que me desse as condições de trabalho que nunca encontrei em Portugal”. Esta comparação é feita por Carla, mas, mudando apenas o nome do país, poderia muito bem ser feita por Catarina (França), Inês (Suíça), Diana (Alemanha), Daniela (Inglaterra), Carolina (Espanha), Mara (Canadá) ou Sandra (Estados Unidos).

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Mesmo assim, garante que não nota “nenhum tipo de atitude pejorativa por ser portuguesa, antes pelo contrário”. Do que tem assistido tanto dentro como fora do Centro Hospitalar Universitário Henri Mondor, “a nossa formação e competência têm boa reputação no mercado de trabalho”.

Catarina Alves, enfermeira

FRANÇA

Mantém-se o estereótipo da Maria e do José

Apesar de “sentir saudade da família e dos amigos, do espírito e do convívio português, da boa mesa e calma de Portugal”, considera que o balanço da sua experiência como emigrante é positivo, e até se imagina a regressar ao país de origem apenas para a reforma.

No filme Gaiola Dourada, que em 2013 parodiou a imagem que os franceses alimentam dos emigrantes portugueses, os atores Rita Blanco e Joaquim de Almeida encarnam no simpático casal Ribeiro, a viver e trabalhar em Paris há 30 anos. Os nomes escolhidos para essas personagens foram Maria e José. Para Catarina Alves, enfermeira na capital francesa desde dezembro de 2011, este estereótipo continua bem vivo, tal como outros. Inês Pinto, enfermeira

“Os portugueses comem sardinhas e bacalhau, são católicos praticantes, adoram futebol e música popular. A mulher chama-se Maria, é empregada de limpeza ou porteira num prédio, alguém com estatura baixa, gordinha e com uma grande pilosidade, sobretudo ao nível facial. O homem chamase José ou Manuel, é empregado da

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SUÍÇA

Os curtos horários do comércio

Toda a gente sabe que os relógios são um dos produtos distintivos da Suíça.


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Do que pensa em MARÇO não se desabituar é da “capacidade de desenrasque”, que Diana considera ser “a maior habilidade dos portugueses” quando comparado com o povo germânico: “Se um português comprar um móvel no IKEA mas por alguma razão faltar uma peça, soluciona o problema de outra forma, enquanto que o alemão bloqueia, volta à loja e espera que tudo corra conforme os procedimentos normais”.

E quando os ponteiros apontam para as 19h, as lojas e supermercados, de maior ou menor dimensão, encerram as portas, o que causou estranheza a Inês Pinto quando emigrou para o país helvético há quatro anos. A enfermeira de 27 anos começou a carreira em Espanha, mas as semelhanças entre a Galiza e o norte de Portugal são bem maiores do que as que partilham com a Suíça. Em Friburgo, também o horário a que Inês muitas vezes se vê obrigada a levantar lhe causou estranheza, por não estar habituada a ter que o fazer às 5h30 da manhã. Maior familiaridade encontrou na gastronomia. Para além de apreciar a comida do país, “e ser uma fã de queijos”, tem facilidade em encontrar produtos provenientes de Portugal, “por existirem mini mercados portugueses em quase todas as cidades suíças”, conta. Só é pena que fechem tão cedo.

“NÃO NOTO NENHUM TIPO DE ATITUDE PEJORATIVA POR SER PORTUGUESA, ANTES PELO CONTRÁRIO” CATARINA ALVES, ENFERMEIRA EM PARIS DESDE DEZEMBRO DE 2011

Diana Pereira, gestora de vendas

Os alemães podem ser peritos em salsichas, mas é a capacidade de desenrasque que fez com que os portugueses sejam o povo que descobriu mais formas de utilizar o porco.

ALEMANHA

Muito mais do que salsichas Para quem vive em Portugal não é fácil enumerar vários produtos gastronómicos típicos da Alemanha, mas Diana Pereira, gestora de vendas no país ao qual chegou em maio de 2012, confessa que ficou “fascinada ao descobrir que a cozinha alemã é muito mais do que apenas salsichas”. Variadas formas de confecionar batatas e produtos pouco comuns, como joelho de porco, são algumas das novidades que passou a conhecer em Hamburgo, “a cidade mais portuguesa da Alemanha”, conta a jovem de 26 anos, natural de Santo Tirso. Durante a fase de adaptação, o que mais custou foi “perceber que voltar a Portugal será muito mais difícil do que foi sair, possibilidade que diminui a cada dia que passa”, por não acreditar que o país de origem lhe possa oferecer “um certo estilo de vida” ao qual acabou por se habituar.

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Daniela Seixas, farmacêutica

INGLATERRA

Comunidade de farmacêuticos Inglaterra é um dos destinos que mais emigrantes portugueses tem acolhido nos últimos anos, com destaque para profissões como enfermeiros e

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DESTAQUE

à família e amigos, as saudades apontam noutra direção sentimental: “Sinto falta de ir ao estádio ver o Vitória [de Guimarães]”, confessa. A julgar por Carolina, o ambiente do Estádio D. Afonso Henriques é algo que nem os bares e restaurantes portugueses de Madrid conseguem simular.

TODAS ENCONTRARAM MELHORES CONDIÇÕES PROFISSIONAIS DO QUE AQUELAS QUE LHES ERAM APRESENTADAS EM PORTUGAL.

farmacêuticos. Por isso, é natural que profissionais da mesma área acabem por formar informalmente uma comunidade dentro da comunidade de portugueses. Daniela Seixas, farmacêutica de 27 anos, beneficiou desta proximidade na sua integração a terras de Sua Majestade. Viajou de Chaves para Stoke-onTrent em julho de 2012, onde já a esperavam uma casa habitada por portugueses, também farmacêuticos, e uma proposta de trabalho: “A oportunidade surgiu através de um antigo colega de faculdade que na altura trabalhava numa farmácia e procurava alguém interessado para se juntar à equipa”, recorda Daniela. Passados nove meses rumou umas dezenas de quilómetros a noroeste, para Liverpool, onde as saudades da família e dos amigos continuam a ser superadas com a ajuda do “conforto junto dos nossos”, ou seja, os compatriotas, com os quais costuma frequentar restaurantes portugueses, “quando as saudades do polvo ou bacalhau apertam, ou mesmo só para ter o português como som de fundo”.

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Carolina Marques, investigadora

ESPANHA

Voltar a casa uma vez por mês A localização geográfica de Portugal leva a que a palavra “emigrar” signifique, para a maior parte dos emigrantes, longos períodos sem se regressar ao país de origem. O ainda recente aparecimento de companhias de aviação low cost permite contrariar este cenário, principalmente se o emigrante estiver em Espanha, como é o caso de Carolina Marques, a viver em Madrid há cerca de dois anos e meio.

Carla Flores, assessora de imprensa

BRASIL

O outro idioma Português

“Tento ir a Portugal uma vez por mês”, revela esta investigadora de 27 anos, natural de Guimarães, o que até lhe permite “conciliar as viagens com aniversários de familiares ou amigos”. Quando não há nenhum motivo em concreto, “a decisão é tomada em função do preço das viagens”, acrescenta.

O Português é atualmente a quarta língua mais falada no mundo, de acordo com o Instituto Camões, mas nem todos o expressam da mesma maneira. Carla Flores não ignorava a existência destas diferenças, mas a verdadeira noção das disparidades já surgiu em pleno solo brasileiro, no qual aterrou pela primeira vez em setembro de 2011.

Ao viver num país com um clima, idioma e até gastronomia semelhantes aos de Portugal, e com as visitas frequentes

Voou da Póvoa de Varzim para o Rio de Janeiro a convite de uma amiga, sem emprego garantido, mas não

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“DIZIAM QUE EU FALAVA MUITO RÁPIDO, PRECISAVA DE REPETIR DUAS OU TRÊS VEZES” tardou a encontrar, como assessora de imprensa da Confederação Brasileira de Taekwondo. Depois de em Portugal trabalhar como jornalista a recibos verdes, no Brasil recebeu um visto de trabalho e “condições que nunca havia encontrado”, compara. Num país com um clima que adora e uma gastronomia da qual gosta, no princípio acabou por acusar alguns problemas de comunicação, tanto oral como escrita: “Tirando algumas expressões idiomáticas ou algum vocabulário, eu entendia-os perfeitamente. Porém, eles não me entendiam, diziam que eu falava muito rápido, precisava de repetir duas ou três vezes, às vezes nem sabia como me expressar para que me entendessem”, recorda a jovem de 26 anos. Para se adaptar tanto na vida quotidiana como profissionalmente, começou a usar o sotaque brasileiro e a adaptar a forma de escrever: “No início sentia-me um pouco ridícula, mas fui aperfeiçoando e hoje, num primeiro contacto, raramente percebem que sou portuguesa”.

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Atualmente, se perguntarem a Carla qual é a forma que mais lhe agrada, a resposta não se faz esperar: “Prefiro o meu Português”.


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Apesar de estar rodeada de gente e produtos portugueses tanto no local de trabalho como na zona em que reside, em que até a senhoria é compatriota, continua a suspirar pela tranquilidade transmontana: “Pretendo regressar a Portugal o mais rápido que consiga”, conclui.

“Aqui em quase todas as ruas se fala português e encontramos facilmente portugueses em pastelarias, restaurantes, cabeleireiros, lojas de licores, tudo”, descreve a jovem de 22 anos, proprietária de um negócio no ramo das limpezas. “Os portugueses gostam sempre de socializar e aqui existem restaurantes, clubes desportivos, festas de associações, entre outras entidades que reúnem os nossos compatriotas”, acrescenta.

Mara Aleixo, empregada de mesa

CANADÁ

“Até dormem a correr” O Canadá é muitas vezes visto como o vizinho pacato dos Estados Unidos, mas não deixa de ter metrópoles com uma azáfama inexistente na maior parte das cidades portuguesas. Mara Aleixo nota todos os dias a diferença, desde que há dois anos trocou Chaves, concelho com pouco mais de 40 mil habitantes, por Toronto, em cuja área metropolitana cabem mais de seis milhões de pessoas. “Aqui não se encontra a calma que se sente no dia a dia em Portugal, costumo dizer que as pessoas aqui até dormem a correr”, compara a flaviense de 23 anos. Depois de ter concluído uma licenciatura em Serviço Social, “e perante a crise em que Portugal se encontrava e continua a encontrar”, aceitou o convite de familiares para rumar a Toronto, onde trabalha num restaurante português.

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italianos e os irlandeMARÇO ses costumam ser os europeus mais retratados. Porém, não faltam elementos portugueses em algumas zonas metropolitanas da Big Apple, como em Mineola, onde reside Sandra Ribeiro.

Sandra Ribeiro, empresária de limpezas

ESTADOS UNIDOS

Ir de pijama ao supermercado Entre os vários filmes norte-americanos que abordam traços de comunidades estrangeiras em Nova Iorque, os

“UM DIA VOLTAREI A PORTUGAL, MAS SÓ QUANDO ESTIVER VELHINHA” SANDRA RIBEIRO

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Entre os clubes desportivos destaca-se o Mineola Portuguese Soccer Club, que no ano passado conquistou o campeonato de futebol do estado de Nova Iorque, o quarto mais populoso dos 50 estados norte-americanos. No atual plantel desta equipa cabem jogadores com apelidos tão insuspeitamente portugueses como Mendes, Neves, Pinto, Silva, Vasques e Veloso. A comunidade portuguesa é, segundo Sandra Ribeiro, muito bem vista junto dos americanos, um povo com o qual diz identificar-se, por serem “muito amáveis e divertidos, capazes de ir diariamente de pijama ao supermercado”. Depois de ter vivido e trabalhado dois anos em Paris, num restaurante português, e de levar já quatro em solo americano, Sandra vê-se apenas a regressar a Portugal “quando já estiver velhinha”.


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DESTAQUE

DIA DO PAI

O ABRAÇO MAIS EMOTIVO Países como Canadá, França ou Alemanha assinalam o Dia do Pai em datas diferentes de 19 de março. Para os emigrantes portugueses longe dos seus progenitores ou mais diretos descendentes, duplica-se assim a oportunidade de o assinalar, mesmo à distância. O abraço de um pai a um filho emigrado é dos mais sentidos que se pode dar. A Revista PORT.COM partilha a história de uma família que sabe o que é dar um abraço assim.

POR LUÍS CARLOS SOARES

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Dia do Pai é celebrado em diferentes datas por todo o mundo. Portugal assinala-o a 19 de março, Dia de São José, o carpinteiro marido de Maria, mãe de Jesus Cristo. Acompanham Portugal países como Espanha, Itália, Liechtenstein, Bolívia, Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. A data que gera mais consenso é o terceiro domingo de junho, que marca o Dia do Pai em países como Estados Unidos, Canadá, México, França, Inglaterra, Irlanda, Holanda, Argentina, Chile, Venezuela, Japão ou Índia. Existem ainda muitas outras datas em países de todos os continentes, inclusivamente nalguns com grandes comunida-

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des de portugueses, como são o caso da Alemanha (39 dias depois do domingo de Páscoa, ou seja, o Dia da Ascensão), Brasil (segundo domingo de agosto), Áustria (segundo domingo de junho), Austrália (primeiro domingo de setembro), Polónia (23 de junho), Rússia (23 de fevereiro) ou os escandinavos Noruega, Suécia e Finlândia (segundo domingo de novembro). Apesar das diferenças no calendário, em todos estes países o Dia do Pai é assinalado com um objetivo primordial, o de assinalar a estima, o respeito e a consideração que os filhos têm pelos seus progenitores. A estes sentimentos acrescentam-se outros de semelhante intensidade quando a distância geográfica os separa, como acontece por via da emigração.

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Abraço que quase partia costelas Joaquim Rodrigues visitou pela primeira vez o seu filho mais velho, emigrado na metrópole canadiana de Toronto, no mês passado, para marcar presença no casamento do seu descendente. As saudades apertavam há muito, desde que Marco partiu há três anos de Chaves, onde a família Rodrigues tem o seu núcleo. Após oito horas de viagem ao lado da esposa, a primeira vez que este condutor de autocarros se sentiu obrigado a andar de avião, sabia que o filho o esperava no aeroporto, mas não esperava que o reencontro fosse tão emotivo como seria. “Abraçámo-nos tão forte que parecia


que se iam partir as costelas. O meu filho começou a chorar muito, até comentei com a minha esposa que não imaginava que aos 37 anos a nossa presença continuasse a ser tão importante para ele”, conta Joaquim Rodrigues. “Nós que ficamos em Portugal temos sempre muitas saudades dos nossos, mas são os que partem que sentem mais, porque para eles tudo é novo, um meio novo, uma vida nova”, explica.

Pai e filho, antes do casamento

Além do mais, este foi o maior período em que pai e filho estiveram sem se ver, “maior do que quando o Marco esteve nas missões militares na Bósnia e em Timor”. Tudo condicionantes às quais ainda se acrescentariam momentos de suspense no aeroporto, principalmente para o filho. As malas do casal português foram das últimas a aparecer no tapete rolante. “Como o Canadá é um dos países com regras mais restritas para a entrada de visitantes no país, nem se pode levar produtos alimentares, por exemplo, e o Marco via muita gente do nosso voo a sair e nós tardávamos a aparecer, acabou por ficar ansioso”. Mas no final, tudo acabou por correu como desejado, e Marco teve oportunidade de apresentar “o seu novo mundo” aos pais. A impressionante funcionalidade canadiana No novo mundo de Marco cabe uma realidade que é bem conhecida dos milhares de emigrantes portugueses em Toronto. Um país muito organizado, excelentes condições para os trabalhadores, uma das taxas de criminalidade mais baixas do continente americano, um clima muito rigoroso, diversos es-

tabelecimentos comerciais de origem portuguesa. Joaquim Rodrigues e a esposa não corresponderam ao convite do filho para subir à emblemática CN Tower, a segunda torre visitável mais alta do mundo, mas não dispensaram uma visita às “lindíssimas” Cataratas do Niágara: “No dia seguinte à nossa visita, parece que congelaram, a nossa filha até nos ligou de Portugal a dizer que tinha visto uma notícia sobre isso”.

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NO CANADÁ, O DIA DO PAI É NO TERCEIRO DOMINGO DE JUNHO, TAL COMO EM FRANÇA, INGLATERRA, VENEZUELA, ESTADOS UNIDOS OU ÍNDIA

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DESTAQUE

“TEMOS SEMPRE MUITAS SAUDADES DOS NOSSOS, MAS SÃO OS QUE PARTEM QUE SENTEM MAIS, PORQUE PARA ELES TUDO É NOVO” JOAQUIM RODRIGUES

A funcionalidade canadiana perante as temperaturas muito reduzidas, “chegaram a estar -36ºC durante a nossa estadia”, foi do que mais os impressionou. “A cidade continua perfeitamente transitável por maiores que sejam os montões de neve. Não há acidentes, porque as estradas estão muito bem desenhadas, sem curvas nem rotundas. Estavam constantemente a deitar aquele sal-gema para as estradas e para os passeios era sal azul, que não estraga tanto os pavimentos”, explica o condutor profissional, habituado a outra realidade nas décadas que acumula a transportar passageiros entre Chaves e Lisboa. Joaquim Rodrigues encontrou nos autocarros canadianos, “muito grandes e feios, amarelos e com formas quadrangulares”, as principais semelhanças com a realidade canadiana que já lhe havia sido transmitida televisivamente por notícias ou filmes. Também encontrou semelhanças entre um par de botas que viu em Toronto e outro que havia estado prestes a comprar em Chaves, “mas para minha surpresa e da minha esposa, as do Canadá eram mais baratas, e acabei por comprá-las”, conta. Num país em que o rendimento

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Os pais de Marco ficaram a conhecer a nora, a luso-canadiana Sarah

médio e o salário mínimo são bastante superiores aos portugueses, encontraram preços em muitos bens essenciais ao nível dos de Portugal: “Até bebíamos o café expresso, como eles lhe chamam, a um preço equivalente a 60 cêntimos”, reforça. A experiência “espetacular e inesquecível” deu-lhe vontade de voltar, “mas para a próxima tem que ser no verão, para ver mais verde do que branco”, graceja Joaquim Rodrigues. Mas a principal motivação que o levará novamente a voar sobre o Oceano Atlântico não tem a ver com qualquer característica que o Canadá venda em iniciativas de promoção turística. Visitar o filho Marco, que vê “muito bem instalado no papel de emigrante”, será a única e inquestionável prioridade.

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Com a CN Tower como pano de fundo


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DESTAQUE

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Breves Nova nota de 20 euros entra em circulação no final do ano Depois das recentes renovações das notas de cinco e dez euros, o Banco Central Europeu anunciou que a nova nota de 20 euros vai entrar em circulação a 25 de novembro. O combate a falsificações é o principal objetivo desta renovação. Segundo dados do Banco de Portugal (BdP), no primeiro semestre de 2014, cerca de 86% das notas falsas apreendidas foram de 20 e 50 euros. A renovação continuará e seguir-se-ão as notas de 50, 100, 200 e 500 euros.

Carro de cestos da Madeira é dos transportes mais “cool” do mundo O portal de viagens da CNN elegeu o carro de cestos do Monte, perto do Funchal, como um dos sete mais “fixes” meios de transporte do mundo. Estes cestos feitos com vimes e madeira, que são empurrados ladeira abaixo por dois homens vestidos de branco (os carreiros), são atualmente uma das imagens de marca turísticas da Madeira.

Padres portugueses são campeões da Europa Portugal venceu o campeonato da Europa de futsal entre padres, a “Clerigus Cup”, que decorreu na Áustria, ao derrotar, na final, a seleção de padres polacos, por 1-0. O golo da vitória foi marcado pelo padre António Cunha, de Viana do Castelo. Até chegar ao título, os padres portugueses derrotaram a Eslováquia, a Albânia e a Bielorrússia na fase de grupos, a Hungria nos quartos-de-final e a Croácia nas “meias”.

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Saiba mais Para mais desenvolvimentos sobre estas e outras notícias consulte www.revistaport.com


Associação dos órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro oficializada em Lisboa Os fundadores da PLATAFORMA deslocam-se a Portugal, representando órgãos de comunicação portugueses na África do Sul, Bélgica, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Luxemburgo, Macau, Reino Unido e Suíça.

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criação da PLATAFORMA vai ser oficializada, em Lisboa, nos dias 5 e 6 de março. Sem fins lucrativos, esta associação assume-se como interlocutora dos órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro junto dos poderes públicos, nomeadamente das tutelas da comunicação social e das comunidades portuguesas no estrangeiro, com quem quer estabelecer acordos e protocolos de ação. Durante a presença em Portugal, os fundadores da PLATAFORMA vão encontrar-se com os deputados membros da “Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros” e da “Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação”. Um debate sobre “Quem são os órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro que nos permitem aceder ao mundo inteiro?” vai ter lugar a 6 de março, a partir das 9h30, na sala de conferências do Hotel da Estrela, com agentes comerciais, responsáveis de marketing, agências de meios, e respetivas associações.

Está ainda prevista uma reunião de trabalho com as direções dos principais órgãos de comunicação social em Portugal, também no dia 6 de março, nos salões do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A reunião dos fundadores desta associação é possível graças ao patrocínio da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e apoio da API, Associação Portuguesa de Imprensa e da empresa AJBB Network. Em Portugal, a PLATAFORMA vai ter sede na Associação Portuguesa de Imprensa, em Lisboa.

Lista de Fundadores e Corpos Sociais: Assembleia Geral: Presidente: José Rocha Dinis (“Tribuna de Macau” / Macau) Secretário: Adelino Sá (“Gazeta Lusófona” / Suíça) Secretária: Eliesa Florinda Schulte (“Portugal Post” / Alemanha) Direção Presidente: Carlos Pereira (“LusoJornal” / França e Bélgica) Vice Presidente: Paulina Arruda (“Rádio WJFD” / Estados Unidos) Vice Presidente: Odair Sene (“Mundo Lusíada” / Brasil) Vice Presidente: Conceição Ferreira (“TV Portuguesa Montreal” / Canadá) Vice Presidente: Rogério Varela (“O Século” / África do Sul) Secretário: Raul Reis (“Bom dia” / Luxemburgo) Tesoureiro: João Noronha (“As Notícias” / Reino Unido) Conselho Fiscal Presidente: José Campinho (“Decisão” / Luxemburgo) Secretário: Luís Pires (“Luso Americano” / Estados Unidos)

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GASTRONOMIA

Muitos produtores caseiros recheiam o folar com carnes do porco que eles próprios criaram e mataram

VALPAÇOS CAPITAL DO FOLAR DA PÁSCOA O folar salgado e com carne no interior tornou-se tão popular que várias padarias o produzem ao longo de todo o ano. Muitos emigrantes transmontanos costumam levá-lo na bagagem para o estrangeiro. Os eventos que o promovem começam já este mês, com destaque para a Feira do Folar de Valpaços. POR LUÍS CARLOS SOARES Fotografias gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Valpaços

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A

palavra folar tem diferentes significados ao longo do território português. Em muitas zonas do país veem-no como uma espécie de pão doce, adornado com um ou mais ovos cozidos. A norte do Douro, sobretudo nos dois distritos transmontanos, folar é um produto de panificação salgado, cuja massa contém ovos, azeite, margarina ou banha, na qual são incorporadas carnes de porco com diferentes características e formas, designadamente carnes gordas salgadas e secas, e fumeiro, como salpicão, linguiça, pá e presunto. Os apreciadores do produto são tantos, e tão divididos por diferentes geografias, que “já há padarias que fazem folar durante o ano inteiro e enviam centenas de encomendas para vários pontos do país e estrangeiro”, conta Cátia Mata, responsável de comunicação da Câmara Municipal de Valpaços. Mas afinal, o que distingue o folar de Valpaços do de tantas outras localidades transmontanas? A representante do município tem a resposta: “São os ingredientes ímpares do concelho, conferem-lhe um gosto marcado. As várias carnes que o integram fazem a diferença, apresentando o sabor acentuado e consistência característica do fumeiro de Valpaços, decorrente da fumagem com lenhas da região e do uso da “sorça de vinho” para tempero de algumas carnes”, explica. Para além da qualidade dos ingredientes regionais, atribui o mérito “às mulheres valpacenses que o vão produzindo com engenho e saber, em poucas ou grandes quantidades, para consumo próprio ou para comercializar”, acrescenta. “Antigamente, nas semanas que

Os canais de televisão portugueses costumam emitir imagens da feira para todo o mundo

Outros produtos do concelho, como fumeiro, mel, doçaria e frutos secos, também são comercializados

A organização da feira conta voltar a receber mais de 70 mil visitantes

antecediam a Páscoa, as mulheres dedicavam especial atenção à casa, limpando-a e pintando-a quando necessário, ao mesmo tempo que se organizavam para a confeção do folar”. Antigamente apenas se comia folar na Páscoa, pois confecioná-lo era muito dispendioso para a maior parte das famílias. A popularidade que foi granjeando originou “a realização da Feira do Folar, sempre no fim de semana anterior à Páscoa, ou seja, no fim de semana de Ramos”. Segundo Cátia Mata, “são esperados mais de 70 mil visitantes” na edição deste ano, que é a 17ª. Os interessados em visitá-la devem deslocar-se ao Pavilhão Multiusos de Valpaços, entre os dias 27 e 29 de março.

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Mostra de produtos do concelho Durante os três dias, o folar é logicamente o produto no qual recaem mais atenções, com a participação de mais de uma dezena de padarias do concelho de Valpaços, que comercializam o produto ao longo do ano, assim como de aproximadamente 25 produtores de folar artesanal. A Feira do Folar acaba por ser também a maior mostra anual de produtos do concelho, uma vez que são cerca de cem os expositores que participam. Para além do folar, também são apresentados e comercializados produtos como azeite, vinho, fumeiro, mel, doçaria, frutos secos, bolo podre e pão variado.

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GASTRONOMIA

Paralelamente ao evento, decorrem ainda atividades desportivas como raid TT, noturno e diurno, passeio de BTT e corridas de trial. Os programas de animação televisiva que costumam ir para o ar nas tardes de fim de semana nos principais canais portugueses, também procuram a Feira do Folar. No ano passado, a RTP transmitiu-a em direto para todo o mundo, permitindo aos emigrantes portugueses sentirem-se mais perto de Valpaços.

“Aqui a Páscoa calha na época mais quente do ano. Não há cruz para beijar, nem o padre vem trazer a boa nova às nossas casas. Aqui não costumamos, sequer, ir à missa. O que fazemos é tentar petiscar algumas coisas que nos façam lembrar a nossa terra e os momentos outrora vividos. Eu costumo ir à praia e descansar das semanas difíceis de trabalho que passaram e recuperar forças para as que se avizinham”, descreve o valpacense de 32 anos.

Emigrantes viajam com folar

Da Feira do Folar guarda boas recordações: “Lembro-me dos variados expositores, dos saborosos folares expostos, os quais divergiam na forma e nos condimentos, mas mantinham o sabor delicioso que os caracterizava. Recordo as atividades musicais e desportivas que se organizavam à volta da exposição, assim como me lembro de reencontrar diversos amigos que também, tal como eu, trabalhavam ou estudavam fora e se

Um dos emigrantes que teve essa oportunidade foi Vítor Iria, que desde que há cinco anos partiu para Angola para dar seguimento à carreira de engenheiro civil, nunca mais teve oportunidade de ir passar a Páscoa a casa dos pais, o que o levou a habituar-se a outra forma de assinalar a festividade.

“Dar o folar” por terras transmontanas Para os cristãos, a Páscoa é uma época especial e em Valpaços não é exceção. É nesta época que se “dá o folar”, que se hoje até pode ser considerado apenas mais um elemento de uma mesa típica transmontana, “há algum tempo era considerado um luxo”, compara Cátia Mata. “No dia de Páscoa, o padre e membros da paróquia

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levavam “O Senhor” de casa em casa, apresentando a bênção pascal aos seus paroquianos, que “tiravam o folar””, explica a representante da Câmara Municipal de Valpaços. “Para muitos, o folar era também o presente que os padrinhos e madrinhas davam aos seus afilhados na Páscoa, para quebrar o período de grande jejum”, acrescenta. Atualmente, de tão enraizada, a expressão “dar o folar” já ganhou contornos metafóricos, sendo também utilizada para retratar o presente que o padrinho ou a madrinha dão ao afilhado, mesmo que este não seja o tão apreciado produto de panificação.

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O emigrante Vítor Iria costuma levar folar de Valpaços para Angola

deslocavam à “terrinha” para participar nas festividades”, recorda. Tal como em muitas casas do concelho, na da família Iria fazem-se folares caseiros, tradição que Vítor também não apaga: “Enquanto a minha avó foi viva, ela fazia-os naqueles fornos a lenha tradicionais, depois uns eram distribuídos pelos familiares e outros guardavam-se e degustavam-se ao longo do ano. Mais recentemente, fazem-se apenas em épocas festivas e em número muito mais reduzido. A minha mãe costuma fazer um ou dois para compor a mesa nas épocas festivas (Natal, Páscoa, festas da aldeia) e, claro, agora também os faz para eu trazer para Luanda”, conta o engenheiro. Os folares que leva para Angola são partilhados “com quem nunca teve oportunidade de o saborear”. Os emigrantes valpacenses como Vítor Iria acabam por contribuir para a divulgação do tão apreciado produto, contribuindo para aumentar um slogan que ganha cada vez mais força: “Valpaços, capital do folar”.


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CULTURA

OS ROSTOS PORTUGUESES DA MODA Modelos e estilistas nacionais recebem cada vez mais convites para participarem em eventos da moda internacional, o que já levou a que vários destes acabassem por emigrar, como é o caso de Sara Sampaio. No mês em que Portugal volta a prestar atenção às passerelles da Moda Lisboa (entre os dias 10 e 15), a Revista PORT.COM apresenta alguns dos portugueses que mais se têm destacado neste mundo.

Daniela Hanganu Estuda no 12º ano, desfila para a Chanel

Apesar de ainda não se ter chegado a meados de 2015, já se pode apontar Daniela Hanganu como a grande revelação do ano na moda portuguesa. Filha de imigrantes moldavos, com os quais vive em Cascais desde os cinco anos, a modelo de 17 anos foi a segunda portuguesa a desfilar para a Chanel, o que aconteceu no final de janeiro. O momento teve lugar na Semana da Moda de Alta-Costura de Paris, onde apresentou alguns dos modelos da coleção primavera-verão

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2015 de uma das marcas mais conhecidas em todo o mundo. Depois de ter sucedido a Susana Sabino, que nos anos 80 havia sido primeira portuguesa a ser chamada pela Chanel, Daniela Hanganu aponta a altos voos no sempre competitivo mundo da moda. Conciliar a carreira com os estudos, nos quais frequenta o 12º ano de escolaridade, é que previsivelmente se tornará mais difícil.

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Filha de moldavos, Daniela Hanganu vive em Cascais desde os cinco anos


Sara Sampaio A primeira top model portuguesa Portugal sempre foi um país de mulheres bonitas, mas nunca tinha tido uma modelo a brilhar nas mais prestigiadas passerelles do mundo, até que apareceu Sara Sampaio. A portuense de 23 anos foi a primeira manequim nascida em Portugal a participar no desfile anual da Victoria’s Secret. Depois de em 2013 se ter estreado neste evento, para o qual apenas são convidadas as mais destacadas à escala global, repetiu presença no desfile do ano passado, o que comprova que a sua passagem pelo estrelato não é fugaz. O início deste percurso de sucesso aconteceu em 2007, quando venceu a versão portuguesa do concurso Cabelos Pantene, com apenas 16 anos. Desde então, já foi capa de revista em várias publicações nacionais e internacionais (Vogue, Elle, Sports Illustrated, Marie Claire, GQ, Lui Magazine, entre outras) e emprestou a sua imagem a campanhas publicitárias de diversos tipos de produtos, como a Calzedonia, Armani, Axe, Lanidor, Replay, Vodafone e a própria Victoria’s Secret.

A carreira de Sara Sampaio já a levou a viver em Londres, Paris e agora em Nova Iorque

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A popularidade desta portuense emigrada nos Estados Unidos (em Nova Iorque, depois de já ter vivido em Lisboa, Londres e Paris) não pára de aumentar. Atualmente soma mais de 965 mil seguidores no Instagram e mais de 675 mil no Facebook. Não estranhe se um dia destes se deparar com o rosto desta bela compatriota num quiosque em qualquer ponto do planeta, por mais longe que esteja de Portugal.

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CULTURA

Irmãos Sampaio nasceram em França, cresceram em Felgueiras e agora vivem em Nova Iorque

Jonathan e Kevin Sampaio Gémeos que nem a moda separou Os irmãos Jonathan e Kevin Sampaio são os modelos portugueses que atualmente granjeiam maior repercussão internacional na moda masculina. Nasceram em França há 28 anos, mas com cinco rumaram com os seus pais para Felgueiras, onde cresceram e estudaram, até que uma professora enviou uma fotografia de ambos para a agência portuguesa Central Models. Este foi o primeiro passo de duas carreiras que desenvolvem juntos ou em trabalhos a solo, o que permite que já te-

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nham partilhado e dividido colaborações com marcas tão reputadas como Versace, Armani, Dolce Gabbana, D Squared2, Dior Homme, Bottega Veneta e Givenchy, entre outras. Tal como Sara Sampaio, com a qual não têm qualquer laço familiar, atualmente Jonathan e Kevin vivem em Nova Iorque.

Katty Xiomara Vitamina luso-venezuelana Parece pseudónimo, mas os dois primeiros nomes que aparecem nos cartões de identificação de uma das mais prestigiadas estilistas do panorama da moda portuguesa são mesmo Katty Xiomara.

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As suas peças imaginativas e confortáveis têm causado impacto significativo alémfronteiras, particularmente nos Estados Unidos, quatro décadas após ter nascido em Caracas, a capital da Venezuela. Quando veio viver pra Portugal já tinha 18 anos, com o ensino secundário completo e o castelhano como primeira língua. Os pais, ambos portugueses, foram viver para Águeda, mas Katty Xiomara assentou arraiais no Porto, onde começou a estudar moda e a ganhar os primeiros concursos na área. Atualmente mantém o seu atelier na Invicta, de onde as suas ideias para roupas partem para países como Espanha, Kuwait e República Dominicana. Mas é mesmo nos Estados Unidos onde mais tem dado que falar, com a presença em várias feiras e desfiles deste país. A título de exemplo, foi a única portuguesa a participar na Semana de Moda de Nova Iorque, em fevereiro do ano passado. O ano de 2015 também tem sido bastante ativo para a luso-venezuelana Katty Xiomara, que no mês passado viajou para Berlim para apresentar uma coleção especialmente criada sob o lema das frutas Katty Xiomara


e dos legumes portugueses, num desfile à margem da Fruitlogistica, a maior feira do mundo ligada a estes produtos alimentares.

Filipe Faísca Depois da solidariedade social, de novo a Moda Lisboa Filipe Faísca é um exemplo de estilistas portugueses que souberam usufruir do mediatismo que todos os anos é gerado em torno da Moda Lisboa, para se dar a conhecer no mundo da moda. A sua estreia no certame lisboeta aconteceu em 1991, um ano antes de inaugurar um atelier em nome próprio, que mantém até à atualidade na baixa da capital portuguesa. Para além de repetir presença na Moda Lisboa, onde as suas criações continuam a ser presença assídua e aguardada, Filipe Faísca tem-se empenhado na parceria com instituições de solidariedade social. Recentemente recebeu no seu atelier nove meninas com diagnóstico de cancro, que estão em tratamentos no IPO de Lisboa, com as quais desenvolveu um workshop relacionado com a criação de peças de moda.

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Filipe Faísca


NEGÓCIOS

FRIJOBEL

PROMOVE A QUALIDADE DO PESCADO PORTUGUÊS PELO MUNDO Começou em Penela, mas os seus produtos já estão um pouco por todo o mundo. A Frijobel é, hoje, uma das maiores empresas de produtos congelados do país.

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uer ser uma empresa global, ter clientes e parceiros em todos os continentes do mundo, estar junto das comunidades de portugueses e procurar novos segmentos de mercado, aproveitando a sua flexibilidade e agilidade. É esta a ambição da Frijobel, uma empresa portuguesa que, em 2014, cresceu mais de 20% no seu volume de negócios, com um resultado de cerca de 10%, o que revela um ano de crescimento sustentável e “extraordinariamente produtivo”. “Mais do que a venda de pescado e outros produtos alimentares congelados, queremos vender soluções e serviços que reduzam custos e maximizem a qualidade, com continuidade

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POR MÁRCIA DE OLIVEIRA

e consistência”, explica Paulo Júlio, diretor geral da Frijobel. Dos dez maiores clientes da Frijobel, seis são clientes de exportação. As exportações da empresa cresceram cerca de 25%, atingindo um valor absoluto aproximado de 3,5 milhões de euros, numa base de clientes sobretudo assente no território europeu, desde França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Croácia, Luxemburgo, Malta, entre outros. Para

além destes, os PALOP, sobretudo Angola e Cabo Verde, complementam os principais países de destino das exportações, até ao momento. “Não temos dúvidas que este segmento de mercado de exportações é um dos que mais crescerá durante o ano de 2015, uma vez que existe um objetivo estratégico para o quadriénio 2015-2018, de triplicar o valor das exportações, dando seguimento ao trabalho que está a ser desenvolvido”. Aposta em produtos diferenciadores

Da fábrica de Penela exportam-se sabores portugueses para todo o mundo

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Para além do pescado transformado, do marisco e dos produtos de valor acrescentado (pastéis de bacalhau, rissóis de camarão, de carne, de pescada, de salmão, croquetes, pataniscas de bacalhau, etc.), provenientes de bases industriais, a Frijobel complementa


Por forma a garantir a qualidade dos seus produtos, a Froijobel mantém uma política de relação de proximidade com os seus fornecedores

a sua gama de comércio de produtos congelados com a gama de vegetais e de batata pré-frita, resultado de parcerias comerciais fortes e consistentes. Segundo Paulo Júlio, a diferenciação da empresa “está no seu serviço de logística, na capacidade de abarcar uma larga gama de referências, permitindo, por exemplo, na exportação, a organização de contentores mistos de várias referências a preços muito competitivos”. No que concerne a produtos, há uma preocupação por observar hábitos alimentares locais. “Recentemente, lançámos uma novidade nos produtos de valor acrescentado, o rissol de salmão, que resultou exatamente dessa perceção de alguns consumos, o que acaba também por ser um fator diferenciador de atuação nos mercados onde estamos presentes”, realça o diretor geral da Frjobel.

Paulo Júlio, diretor geral da Frijobel

Da Europa para o mundo A empresa está a desenvolver uma prospeção global de novos mercados desde 2013, identificando alguns destinos de exportação e eventualmente internacionalização de atividade, como sejam Hong Kong, Rússia, Países do Golfo Árabe, Angola, Itália, Estados Unidos, Canadá e Norte de África.

“O TEMPO, A PACIÊNCIA E A PERSISTÊNCIA SÃO A ALMA DO NEGÓCIO PARA QUEM QUER CONQUISTAR NOVOS MERCADOS FORA DA EUROPA” PAULO JÚLIO

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“Como qualquer trabalho de prospeção de novos mercados e internacionalização, temos consciência do tempo necessário para consolidar este tipo de mercados com uma matriz social e cultural diferente da europeia, embora considerando o atual estádio de desenvolvimento da ação comercial, possamos, hoje, afirmar que o ano de 2015, será já um ano com alguns resultados muito interessantes em várias destas geografias”, conclui Paulo Júlio.

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DESPORTO

A VAGA DE LUSODESCENDENTES DA SELEÇÃO DE PORTUGAL Não há memória de tantos futebolistas de nome estrangeiro e apelido português na “Equipa de todos nós”, como acontece na atualidade. O principal clã é composto por jogadores nascidos em França. Mas também há os que optam por outra camisola... POR LUÍS CARLOS SOARES

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drien Silva, Anthony Lopes, Raphaël Guerreiro e Cédric Soares são nomes que fizeram parte das últimas convocatórias da seleção portuguesa de futebol. Tal como a conjugação de nomes estrangeiros com apelidos portugueses ajuda a decifrar, todos eles são filhos de emigrantes. Todos eles começaram a ser convocados recentemente, representando uma vaga de lusodescendentes na seleção de Portugal. França é o país estrangeiro onde nascem mais futebolistas profissionais de ascendência portuguesa. Dos exemplos já referidos, apenas Cédric Soares nasceu noutro país, na Alemanha. Adrien Silva, um dos jogadores mais idolatrados pelos adeptos do Sporting, nasceu em Angoulême, no oeste do território francês. Já Anthony Lopes,

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FRANÇA É O PAÍS ESTRANGEIRO ONDE NASCEM MAIS FUTEBOLISTAS PROFISSIONAIS DE ASCENDÊNCIA PORTUGUESA

Stéphane Madeira tem conhecido Portugal nas viagens que faz como futebolista

guarda-redes titular do Olympique de Lyon e suplente de Rui Patrício na seleção portuguesa, é natural de Givors, nos arredores da cidade do seu atual e

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clube de sempre. Destes três futebolistas luso-franceses, Raphaël Guerreiro é o que atua no clube menos sonante, no Lorient (que luta para não descer do principal escalão do futebol francês), mas também é o que mais depressa deu que falar pelas atuações ao serviço da seleção portuguesa, pela qual se estreou em novembro do ano passado,


Raphael Guerreiro mergulha para o golo com que derrotou a Argentina, no segundo jogo pela seleção principal

inviabilizando uma possível chamada à congénere francesa.

Preferência pela seleção francesa

Poucos dias após ter sido titular na vitória contra a Arménia (1-0, golo de Cristiano Ronaldo), saltou do banco na segunda parte do aceso amigável contra a Argentina, para marcar o único golo do jogo já após o minuto 90. Quem nesse momento o viu a ser abraçado pela generalidade dos colegas, dificilmente imaginaria que durante o estágio que antecipou os dois jogos, se refugiou na companhia de Adrien Silva e do agora dirigente Pedro Pauleta, como confessaria em entrevista ao site do Lorient, por ambos falarem francês.

Para além de futebolistas luso-franceses que representam a seleção portuguesa, também há quem tenha acabado por jogar pelo conjunto gaulês. Se o exemplo mais conhecido é o já retirado Robert Pires, que se sagrou campeão do mundo (1998) e da Europa (2000) pela França, o mais recente é o de Kevin Gameiro, nascido e criado nos arredores de Paris, descendente de portugueses por parte do avô paterno. Quando tinha 22 anos, em 2010, terá rejeitado um convite de Carlos Queiroz, para poucos meses depois aceitar um outro de Laurent Blanc. Ou seja, preferiu vestir o azul francês do que o vermelho português.

O jovem futebolista natural de Le Blanc-Mesnil, a norte de Paris, tem muito mais habilidade com a bola nos pés do que a falar ou até compreender a língua portuguesa.

Quando a imprensa portuguesa quis saber o que motivava esta escolha, Ga-

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Anthony Lopes ainda não soma internacionalizações AA, mas tem sido presença assídua nas convocatórias portuguesas

meiro alegou que nunca tinha visitado Portugal e nem sabia falar Português. Curiosamente, também dava nas vistas no modesto Lorient, pelo qual foi duas vezes o segundo melhor marcador do campeonato francês. Atualmente tem

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DESPORTO

27 anos e representa os espanhóis do Sevilha, mas desde novembro de 2011 que não é chamado à seleção bleu, pela qual somou apenas dois jogos oficiais. Uma questão de oportunidade Não há uma regra que permita antecipar as escolhas de cada futebolista selecionável por mais do que um país. Para Stéphane Madeira, futebolista luso-francês que representa o Desportivo de Chaves, acaba por ser, acima de tudo, uma questão de oportunidade: “Acredito que a maior parte, tal como eu, torça pelas duas seleções, pelo que aproveitam logo a primeira oportunidade que tenham para jogar por uma delas”, explica. Quando militava nos escalões de formação, chegou a ser chamado às seleções jovens francesas. Nasceu em Paris e vive em Portugal apenas desde 2013, quando foi contratado pelo Moreirense. Até então, o contacto com o nosso país era sobretudo nas férias do verão, onde juntamente com os pais rumava à pequena aldeia Vale de Vila, no concelho de São João da Pesqueira. Mas se fosse Portugal a convocá-lo, reforçando a vaga de lusodescendentes, não esconde que “também vinha sem pensar duas vezes”. Antes das primeiras chamadas de Adrien Silva, Anthony Lopes, Raphaël Guerreiro e Cédric Soares, o lusovenezuelano Danny já somava dezenas de internacionalizações de quinas ao peito. Cada caso é um caso, mas a regra é que os filhos de emigrantes portugueses mantêm uma grande estima e consideração por Portugal. O futebol é só mais um exemplo, com expressão máxima na seleção.

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Kevin Gameiro

Danny

Yannick Ferreira-Carrasco

Cédric Barbosa

Adrien Silva

Laurent dos Santos

Raphael Guerreiro

Cédric Soares

Manuel da Costa

Damien da Silva

Anthony Lopes

Onze de lusodescendentes A Revista PORT.COM escalonou uma equipa de futebol composta exclusivamente por futebolistas nascidos no estrangeiro com ascendência portuguesa

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Só há uma seleção que Cristiano pode partilhar com Tobias Figueiredo Ultimamente têm corrido rios de tinta na imprensa portuguesa a augurar um longo e auspicioso percurso de Tobias Figueiredo na seleção portuguesa. A generalidade dos adeptos de futebol já têm opinião formada sobre o talento do futebolista de 21 anos que é titular no Sporting, mas poucos sabem que por pouco não pôde escolher entre representar a seleção de Portugal ou da Alemanha. Afinal, Tobias é irmão de Cristiano, guarda-redes da Académica de Coimbra que nasceu em Munique, há 24 anos. “Os meus pais decidiram regressar a Portugal pouco antes do Tobias nascer”, conta Cristiano. “Eu não me lembro, mas pelos vistos já sabia falar muito bem alemão, só que com os tempos fui-me esquecendo”, revela o guardião, que ainda assim cresceu a fixar-se no alemão Oliver Kahn como grande referência e modelo inspirador. Depois de ter representado as seleções jovens de Portugal, de ter tido uma aventura no futebol internacional, ao serviço dos espanhóis do Valência, e de se ter estreado no principal escalão do futebol português, Cristiano sonha em ser colega de equipa do irmão: “Nem precisa de ser da seleção”, descreve. Mas a ser, só pode ser com a camisola de Portugal.

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Nascido na Alemanha, Cristiano é guarda-redes da Académica


DISCURSO DIRETO

GUADALUPE

LINDÍSSIMAS PAISAGENS E VENDEDORES DE SORRISOS Carla Gil tem 27 anos, é natural de Ribeira de Pena e licenciada em Fisioterapia. Depois de ter trabalhado três anos na Suíça, rumou às Caraíbas, para Guadalupe.

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u e o meu companheiro chegámos a Guadalupe há apenas quatro meses, mas temos vivido esta experiência de uma forma muito intensa, pelo que podemos dizer que já temos muito para contar, tanto do ponto de vista profissional como da aventura de viver numa ilha das Caraíbas.

areia branca e águas transparentes, com uma vasta quantidade de peixes e corais a colorir o fundo dos mares. Mergulhar neste mar é extraordinário, parece que estamos num aquário. Não sei como descrever o quanto é mágico nadar com uma ou mais tartarugas gigantes. Brevemente será a época de acasalamento das baleias, estou mortinha para ouvir o canto delas.

Trabalho como fisioterapeuta num centro de reeducação em Base-Terre e está a ser bastante interessante. Em Guadalupe não existem universidades com curso de fisioterapia, pelo que somos muito bem recebidos pelos nossos queridos pacientes. Mesmo estando doentes, oferecem-nos todos os dias as suas alegrias, gargalhadas e boa disposição. Costumo dizer-lhes que são “vendedores de sorrisos”. A alegria de viver, a vontade de festejar e a entreajuda das pessoas, algo que atualmente é difícil de encontrar na Europa, aqui encontro todos os dias!

A gastronomia é também uma grande surpresa, com uma incrível diversidade de cores e de sabores, graças a uma mistura de influências francesas, crioulas e indianas. Adoro ir ao mercado por cá. Todos os frutos e legumes são de origem biológica, e os próprios comerciantes têm todo o prazer em me explicar como devo confecionar os seus produtos.

A magia de nadar com tartarugas gigantes No que toca à ilha, oferece-nos lindíssimas paisagens e uma exótica ligação entre o mar e a montanha, inclusivamente com um vulcão ativo, chamado La Soufrière. Tem ainda lindíssimas praias de

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Mas nem tudo é bom, e no meio de tanta riqueza natural, e talvez por ter vindo de um país onde a limpeza e a organização são exemplares (Suíça), incomoda-me a falta de bom senso, de contentores de lixo e de reciclagem neste paraíso verde. Emigrar fez-me muito bem Sair de Portugal não foi fácil, mas creio que me fez bem. Quando lá moramos, raramente olhamos para ele. É por

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Carla Gil, na foto, a primeira a contar da esquerda, na fila de baixo

isso que eu repito, fez-me muito bem. Hoje amo ainda mais o meu país. Olho-o com outras cores, sinto-o de uma forma diferente. Como é lindo o nosso país. A nossa cultura, as nossas tradições, a nossa gastronomia. As nossas gentes. Como considero que estou ainda a crescer, digo que quando for grande, volto. Para já, estou a viver os meus sonhos e a ser muito feliz!


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O MILAGRE DA AGRICULTURA E DO TURISMO

UEVA Os terrenos que juntaram a água do maior lago artificial da Europa ao sol alentejano, apresentam níveis de produtividade agrícola muito superiores aos do resto do mundo. Azeitona, milho, cebola e até papoila branca são algumas das várias culturas que têm registado uma evolução surpreendente. Tudo isto atrai investimento nacional e internacional para a região, para além de diminuir as importações e aumentar o emprego. À imagem do presente, o futuro prevê-se bastante produtivo. TEXTOS DE LUÍS CARLOS SOARES

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Foto: EDIA

DOSSIÊ ESPECIAL: ALQUEVA

ALQUEVA, O MILAGRE DA AGRICULTURA

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epois de 19 anos de obras e 13 desde o início do enchimento, a construção da albufeira do Alqueva chega este ano ao fim. No total, foram investidos mais de 2 mil milhões de euros no projeto, mas os resultados são mais do que positivos. Alqueva está a bater recordes mundiais de produtividade por hectare, pelo menos em oito categorias de produtos. Milho, beterraba, tomate, azeitona, melão, uva de mesa, brócolo e

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luzerna rendem, em certos casos, três vezes mais que no resto do mundo, em termos médios, se forem produzidos na região alentejana que operou um autêntico milagre da multiplicação na agricultura nacional.

produzido sobretudo na lezíria ribatejana, a substituição da agricultura de sequeiro pela agricultura de regadio no Alqueva fez com que os principais produtores portugueses deste cereal descessem até ao Alentejo.

Um dos principais exemplos deste “milagre” está bem presente na produção de milho, praticamente inexistente em território alentejano antes da construção da barragem que originou o maior lago artificial da Europa. Outrora

A área de milho cultivado na zona do Alqueva quase que triplicou entre 2011 e 2013, dos 2700 hectares para os 6882. O que também quase triplicou foi a produtividade agrícola deste cereal por hectare na região (14 toneladas de

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milho/hectare), comparativamente com a média mundial (5,5 toneladas). O exemplo do milho encontra repercussão no tomate ou na uva de mesa, com o Alqueva também a triplicar os valores médios mundiais: 100 toneladas de tomate no Alqueva contra 33,6 toneladas no resto do mundo, 30 toneladas de uva de mesa em comparação com 9,6 toneladas a nível global. Estes valores foram recentemente obtidos pelo jornal Expresso, após cruzar dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) com a informação da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva), que gere o regadio de Alqueva. A Revista PORT.COM contactou o presidente da EDIA, José Pedro Salema, que não se mostrou nada surpreendido com estes valores: “A região de Alqueva, por ser “virgem” no que à agricultura de regadio diz respeito, tem a capacidade de oferecer solos de altíssima qualidade. Esta qualidade, associada ao clima, uma das regiões que maior número de horas de sol tem por ano, e à garantia de água, criou condições únicas para a agricultura”. Existe ainda uma outra grande vantagem comparativa. Comparando com outras zonas do país, Alqueva permite ter produtos nos mercados abastecedores duas a três semanas antes de toda a concorrência. E se a comparação for feita com outros países europeus, a vantagem aumenta à medida que se caminha para norte. De Espanha para cima, muitos dos produtos são obtidos em estufas, com climatização artificial, ou seja, com custos energéticos acrescidos conside-

“EM QUATRO ANOS APENAS, PORTUGAL PASSOU DE DEFICITÁRIO EM AZEITE, PARA A AUTOSSUFICIÊNCIA, FACTO QUE ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO A ALQUEVA” rados avultadíssimos, o que acaba por se refletir no preço final ao consumidor. Todos estes fatores levam José Pedro Salema a reforçar que, “aqui não há surpresas”. Para o presidente da EDIA, “o que há é uma garantia de água que permite potenciar uma agricultura que hoje aposta na eficiência e na diversificação cultural”, justifica. A outra Autoeuropa A diversidade de culturas é outro dos motivos que fazem com que a fama de Alqueva ultrapasse há muito fronteiras, motivando investimentos de diversas nacionalidades, desde a África do Sul a Marrocos, passando pela França, Itália e Escócia. Perante o interesse externo, Paulo Portas classificou, em meados do ano passado, o Alqueva como "a Autoeuropa da agricultura", que pode transformar a região de forma extraordinária. O governante referiu que um em cada quatro investidores estrangeiros que procuram Portugal vai para a zona. "Os investidores estrangeiros procuram a região do Alqueva, procuram terras boas

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José Pedro Salema, presidente da EDIA

para produzir, transformar e exportar e isso, muitas vezes, em parceria com empresas nacionais e dando trabalho a agricultores portugueses", frisou. O vice-primeiro-ministro lembrou também que "a agricultura representa 20% das exportações portuguesas”. Segundo dados do governo, nos últimos três anos, Portugal abriu mais de 70 mercados para mais de 120 produtos novos que podem ser exportados para o estrangeiro. O Alqueva é, inequivocamente, a região portuguesa que mais contribui para esta abertura de portas. Recentemente, numa feira agrícola em Don Benito, na Extremadura espanhola, a EDIA foi abordada por um banco do país vizinho pedindo informações sobre as disponibilidades de terra na área do regadio, com o objetivo de aconselhar clientes seus a investir no Alqueva.

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De resto, a vizinha Espanha lidera claramente entre os vários países que estão a investir no Alentejo, através de empresas como a Vegenat, responsável pela produção de cebola que sai do Alqueva para os cerca de 150 estabelecimentos McDonald’s em território português (ler pág. 46).

A Sovena plantou mais de 10 000 hectares de olival no Alentejo, o maior olival do mundo, com destaque para os 3 400 hectares da Herdade do Marmelo, em Ferreira do Alentejo. “Em quatro anos apenas, Portugal passou de deficitário em azeite, para a autossuficiência, facto que está diretamente ligado a Alqueva”, classifica o presidente da EDIA. Oportunidades continuam elevadas Como o Alqueva há muito que não é um segredo para os agentes do setor da agricultura, tanto portugueses como estrangeiros, as perguntas que se impõem variam entre o que ainda está por explorar e o que resta para evoluir. José Pedro Salema revela que, “neste momento, Alqueva dispõe de 73 mil hectares de regadios concluídos e dentro de poucos meses terá mais 15 mil, ou seja, 88 mil hectares disponíveis”. O projeto estará concluído na campanha de rega de 2016, quando o Alqueva terá 120 mil hectares.

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As empresas portuguesas não estão menos atentas, com apostas no Alqueva que alavancam a economia nacional, através da redução de balança de importações e a criação de postos de trabalho. O caso específico da azeitona, a cultura que mais cresceu na região, “é o mais notável”, aponta José Pedro Salema.

Para o gestor, “as oportunidades para investir no espaço servido por Alqueva ainda são muito elevadas, mas com o avanço da infraestruturação e consequente adesão ao regadio, essas oportunidades irão escassear”. A adesão ao regadio em Alqueva atinge atualmente a barreira dos 65%, “o que quer dizer que, a subir como tem estado a subir, dentro de poucos anos a taxa de utilização da área regada irá atingir o máximo possível”.

Todos os investidores são bem-vindos no Alqueva e “a EDIA está sempre disponível para ajudar a encontrar a melhor forma de o fazer nos setores agrícola e agroindustrial”. A porta para os emigrantes que desejem voltar a Portugal continua bem aberta. O milagre da agricultura decorre a todo o vapor, ou melhor… a toda a água.

A variedade de culturas já é vasta, mas ainda tem por onde crescer, particularmente nas frutícolas, como pera, ameixa e romã, e nas culturas destinadas a fins medicinais, como a papoila para produção de ópio, que também já ocupam espaço considerável.

O MILAGRE DA AGRICULTURA DECORRE A TODO O VAPOR, OU MELHOR… A TODA A ÁGUA

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“ALQUEVA É UMA OBRA GRANDIOSA E SINGULAR QUE DEVE ORGULHAR OS PORTUGUESES” Entrevista a Luís Mira, Secretário-Geral da CAP - Confederação dos Agricultores Portugueses

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região “regada” pelo lago emprestou à agricultura portuguesa características únicas no Velho Continente. Apesar dos recentes anos difíceis para a economia nacional, e com os agricultores portugueses a terem dificuldades no acesso ao crédito, os principais representantes do setor consideram que Portugal tem sabido aproveitar as virtudes do Alqueva. Novas culturas passaram a ser cultivadas, aumentou a produção, a rentabilidade, o emprego e as exportações. A Confederação dos Agricultores Portugueses, enquanto entidade representativa das associações agrícolas nacionais, saúda o desenvolvimento de que foi alvo esta região alentejana, tal como o Secretário-Geral Luís Mira conta à Revista PORT.COM. Ultimamente tem sido noticiado que as terras regadas por Alqueva estão a registar colheitas recorde a nível mundial em vários tipos de produtos. Esta informação surpreendeu a CAP ou é uma percepção bem conhecida do setor agrícola nacional? Luís Mira (L.M.): A realidade do Alqueva é por nós conhecida, como é

A CAP é a entidade representativa das associações agrícolas nacionais

normal. Trata-se de um projeto cuja evolução os agricultores têm vindo a acompanhar ao longo dos anos. Os aumentos de produtividade têm sobretudo a ver com a conjugação de fatores que foi possível alcançar a partir do momento em que as terras daquela região passaram a ser irrigadas a partir da barragem do Alqueva – nomeadamente o sol e as temperaturas que se registam naquela zona do país, aliadas à disponibilidade de água.

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Como tem sido a adaptação dos produtores da região, anteriormente mais habituados a agricultura de sequeiro, a uma nova forma de produção, a agricultura de regadio? L.M.: A adaptação tem vindo a verificar-se progressivamente, quer pela via das inovações tecnológicas, particularmente ligadas ao regadio, quer através de novos investimentos em culturas

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existentes e em implantação de novas culturas, quer por meio de arrendamentos ou através da aquisição de terras. É possível observar que a agricultura da região tem vindo a adaptar-se às novas circunstâncias e oportunidades, sendo o olival de regadio um exemplo que se poderá assinalar.

dadeiramente em conclusão, podendo ainda ser expandida de acordo com as infraestruturas de regadio em implementação ou ainda a implementar. Com efeito, os agricultores têm vindo a investir na região do Alqueva, apesar das dificuldades de acesso ao crédito que temos vindo a atravessar.

Para além da azeitona desses olivais, o milho, o tomate, as uvas de mesa e o melão são alguns dos produtos nos quais os resultados obtidos são considerados mais surpreendentes…

Ainda há muito por onde o setor agrícola nacional possa investir no Alqueva?

L.M.: Os aumentos de produtividade em culturas já existentes são de facto surpreendentes, uma vez que durante muito tempo as circunstâncias foram outras e que quem mantém o mesmo tipo de produção e de cultura tem agora a oportunidade de ver resultados diferentes. Mas esta nova realidade é também surpreendente pela introdução de culturas, como a horto-fruticultura e o olival. A própria alteração da paisagem e das contingências climáticas locais tornam-se surpreendentes para quem compara a fase pré e pró Alqueva. Muitas oportunidades de investimento Vários países estrangeiros e empresas multinacionais estão a investir na produção agrícola no Alqueva. Na opinião da CAP, o setor agrícola português tem sabido aproveitar as virtudes da região?

“OS AUMENTOS DE PRODUTIVIDADE EM CULTURAS JÁ EXISTENTES SÃO DE FACTO SURPREENDENTES, ASSIM COMO A PRÓPRIA ALTERAÇÃO DA PAISAGEM E DAS CONTINGÊNCIAS CLIMÁTICAS LOCAIS” LUÍS MIRA

L.M.: Sim, tem vindo a aproveitar, na medida do possível. Terá também certamente ainda muito para aproveitar, uma vez que, não podemos esquecer, só agora é que a obra do Alqueva está ver-

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L.M.: Certamente que haverá ainda muitas oportunidades de investimento, tendo em conta a disponibilidade de água e o respetivo potencial de rega em termos de área. No entanto, há que notar que a quantidade de água estimada no projeto de Alqueva não aumentará no futuro. A diferença estará na eficiência da rega e das tecnologias que permitam regar mais área com a mesma quantidade de água. Aconselha os emigrantes portugueses que desejem regressar ao país de origem, a investirem no Alqueva? L.M.: Se tiverem como opção investir no setor agrícola, a região do Alqueva será uma das mais favoráveis para o efeito. Resumindo e concluindo, o Alqueva é uma região da qual os emigrantes portugueses se devem orgulhar? L.M.: De facto, o Alqueva veio transformar completamente uma região deprimida e condicionada pela falta de água. É uma obra grandiosa e singular no contexto europeu que, sem dúvida, deve orgulhar tanto os portugueses residentes no território nacional quanto aqueles que habitam no exterior.


COLHIDOS NO ALQUEVA, VENDIDOS POR TODO O MUNDO

Brócolos chegam aos países mais distantes

os brócolos que viajam maioritariamente para os países do centro e norte da Europa, da Áustria à Alemanha, da Dinamarca à Noruega. As exportações por parte desta empresa de produção de vegetais ultracongelados crescem de ano e ano, chegando inclusivamente a levar os brócolos ultracongelados aos países geograficamente mais distantes de Portugal, ou seja, a Austrália e a Nova Zelândia.

A Monliz está sediada em Alcobaça e pertence a duas multinacionais belgas com fábricas um pouco por toda a Europa, mas é no Alqueva que produz e colhe

Atualmente, “os mercados de exportação têm um peso de 90%”, indica o diretor de marketing da Monliz, Tiago Santos, à Revista PORT.COM. O res-

Não faltam exemplos de empresas portuguesas e estrangeiras que têm aproveitado a produtividade agrícola do Alqueva para venderem nas mais variadas latitudes e longitudes. Dos brócolos da Monliz à cebola da Vegenat, há todo um cabaz de frutos e produtos viajados.

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ponsável aponta ainda 2015 como “um ano no qual se pretende atingir marcas muito importantes e significativas, prevendo-se um aumento de 300% na produção, comparativamente com 2014”.

O maior olival do mundo: 10 milhões de oliveiras em pleno Alentejo

A presença da Monliz no Alqueva tem apenas três anos, mas “após um início cauteloso”, já conta com 300 hectares nesta região alentejana, dos quais aproximadamente 200 se destinam à produção de brócolos. Cebola para os estabelecimentos McDonald’s

portuguesa, quantidade que para além de abastecer a 100% os restaurantes McDonald’s em Portugal, permite exportar a restante para os estabelecimentos noutros mercados europeus. O maior olival do mundo A cebola picada usada na condimentação dos hambúrgueres da McDonald’s é portuguesa, concretamente do Alqueva. Cultivada por produtores nacionais, é transformada em Espanha pela Vegenat, podendo ser saboreada nos cerca de 150 estabelecimentos da cadeia de fast food em território português. A Vegenat é uma empresa com sede na cidade espanhola de Badajoz, e que trabalha com várias quintas, agricultores e produtores em Portugal. Em 2012, comprou 3 800 toneladas de cebola

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Portugal voltou a ser autossuficiente em termos de produção de azeite em 2013, o que não acontecia desde o início da década de 1960, feito para o qual em muito contribuiu a Sovena. O grupo que integra a marca Oliveira da Serra conta com mais de 10 milhões de oliveiras, espalhadas por mais de 10 mil hectares, o que permite a esta empresa portuguesa dizer que tem “o maior olival do mundo”, distribuído por 57 herdades e quintas que, na campanha 2014/2015, produziram 51 mil toneladas de azeitona.

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O maior destes polos é regado pelo Alqueva e está situado em Ferreira do Alentejo, com aproximadamente 3 400 hectares. Na Herdade do Marmelo cabe ainda um lagar de autor, desenhado pelo arquiteto português Ricardo Bak Gordon, que permite visitas ao público, nas quais são explicadas todas as fases de produção dos azeites da empresa. A Sovena exporta o azeite Oliveira da Serra para diversos países do “mercado

PORTUGAL VOLTOU A SER AUTOSSUFICIENTE EM TERMOS DE PRODUÇÃO DE AZEITE


da saudade”, como França, Suíça e Luxemburgo. No Brasil, a marca Andorinha é a aposta preferencial da empresa.

voltar a cultivar grandes áreas deste tipo de beterraba, a única que dá para produzir açúcar.

Reduzir a importação de colza para óleos alimentares

Os 12 mil hectares de terreno permitem, previsivelmente, a produção de um milhão de beterrabas sacarinas, o que se traduz em 120 a 150 mil toneladas de açúcar, cerca de metade das 250 mil toneladas que saem anualmente da fábrica da DAI, para abastecer a marca Rio Bravo ou as marcas próprias do Continente e da Auchan.

Para além da aposta em olival, a Sovena vai começar a semear colza nos terrenos regados pelo Alqueva. Esta planta da família da couve produz uma vagem dentro da qual se forma grão com um elevado teor oleico. O objetivo da empresa portuguesa é ter no Alqueva fornecedores de colza em quantidade suficiente para a produção de óleos alimentares sem ter de estar tão dependente das importações. Açúcar português novamente da beterraba As características únicas do Alqueva permitem que a DAI (Sociedade de Desenvolvimento Agro-Industrial) tenha anunciado, no final do ano passado, que vai investir em 12 mil hectares de beterraba sacarina. A empresa portuguesa, com sede em Coruche, encontrou no Alqueva boas condições para

Beterraba sacarina

A DAI tinha deixado de apostar nesta prática porque, em 2008, a Comissão Europeia reduziu para menos de metade a quota nacional de produção de açúcar a partir de beterraba, o que obrigou à importação de cana-de-açúcar. O aumento das quotas de produção já foi anunciado pelas entidades governamentais, embora ainda não seja conhecido para que valores. A economia nacional fica a ganhar com esta aposta da DAI no Alqueva, devido à consequente redução de importações e ao aumento do número de postos de trabalho. Papoila branca para fins medicinais A cultura da papoila para produção de ópio destinado a

fins medicinais é outras das culturas mais promissoras para o Alqueva. Já ocupa quase 1000 hectares e avança rapidamente para o dobro desse valor, devido à chegada ao Alentejo do maior produtor mundial de ópio, a TPI. Antes desta empresa australiana, já a escocesa Macfarland Smith havia dado início à plantação da papoila branca no Alentejo, em 2012. Apesar deste tipo de plantação ser inédito na região, os resultados têm sido positivos. A média de ópio recolhido, em Inglaterra, é de 9% por tonelada, mas houve explorações em Serpa e Quintos, entre Serpa e Beja, onde a percentagem de ópio já superou os 20%.

EM MÉDIA, CULTURAS PRODUZIDAS NA REGIÃO ALENTEJANA RENDEM TRÊS VEZES MAIS QUE NO RESTO DO MUNDO

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A Via Láctea, como se pode ver na vila de Monsaraz, em pleno parque do Alqueva

Foto de Miguel Claro. www.miguelclaro.com

MILAGRE (TAMBÉM) NO TURISMO

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em só de agricultura vive o Alqueva. Outro setor de atividade profissional que tem crescido a olhos vistos é o turismo, o que, de resto, é uma realidade comum a todo o Alentejo, recentemente considerado um dos 50 lugares do mundo a visitar em 2015, pelo jornal New York Times. Não faltam atrativos turísticos, para os diversos escalões etários e sensibilidades. O Museu da Luz retrata a cultura social da região, particularmente da aldeia que ficou submersa pelo Alqueva, para ser reconstruída numa nova localização. O Parque Noudar é o epicentro dos atrativos naturais da

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região, com destaque para flora e fauna que a distingue. A enogastronomia alentejana é honrada em localidades como Reguengos de Monsaraz ou Juromenha. A abertura de um novo hotel de cinco estrelas, com projeto da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura (um dos dois portugueses que já venceram um Pritzker), está prevista para o final do ano. A possibilidade de serem concessionadas algumas das 426 ilhas existentes na albufeira do Alqueva começa a ser equacionada. No meio de tudo isto, a Revista PORT.COM apresenta e recomenda

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três atividades disponíveis aos visitantes deste destino turístico recente e cada vez mais atrativo. Navegar e pernoitar em barcos casa As águas calmas do Grande Lago tanto podem ser navegadas, como ser o local onde pernoitam os turistas que se desloquem para o Alqueva à procura de aventura ou sossego. Para que tal aconteça, os interessados devem alugar um barco casa disponível na Marina da Amieira, no concelho de Portel. Existem cinco tipos destas embarcações, com lotação que vai das duas às 12 pessoas.


As comodidades da maior parte das tipologias de alojamento turístico também estão presentes nestas embarcações, como cozinha completa com fogão, casas de banho, duche, sala de refeições, rádio e televisão. Espaço ainda para outras que apenas barcos casa podem oferecer, como zonas de solário (ao ar livre, naturalmente), de pesca e barbecue exterior. Graças à grande autonomia destas embarcações, os utentes poderão navegar pelo Grande Lago nas zonas autorizadas, podendo aportar com facilidade e deslocar-se a pé ou de bicicleta às povoações ribeirinhas e a outros destinos, usufruindo de todo o potencial turístico da região. Não é necessária carta de marinheiro, uma vez que dispõe de equipamento específico de localização e segurança: Plotter, GPS e Sonda de Varrimento Vertical. Barco casa

Contactos Morada: Marina da Amieira, 7220-999 Portel Telefone: 266611173 E-mail: geral@amieiramarina.com Site: www.amieiramarina.com

encanto de se voar dentro do vento e em completa harmonia com a natureza. A Windpassenger é a empresa que realiza estes voos, com capacidade das duas às 40 pessoas. A experiência começa com o enchimento do balão, no qual os visitantes são convidados a participar. Assim que o balão ganha forma, graças aos potentes queimadores, está na altura de se subir para cesto, porque a viagem de rumo incerto, mas de diversão garantida, está prestes a ter início. Apesar de não haver rotas traçadas previamente, os pilotos garantem que os viajantes não se perderão, ao controlarem a posição do balão com GPS e cartas. Os voos realizam-se durante todo o ano, desde que existam condições favoráveis. Por essa razão a maior parte dos voos realiza-se entre fevereiro e outubro. Cada voo tem a duração aproximada de uma hora e meia, e tanto pode acontecer ao nascer do sol, como duas horas antes do pôr do sol. Terminada a viagem, os participantes têm direito um certificado de voo. Mas as melhores recordações costumam ser as fotografias e vídeos que a viagem proporciona, pelo que as máquinas fotográficas ou smartphones não devem ficar em terra.

porcionou o desenvolvimento de uma Reserva Dark Sky. Por outras palavras, o território englobado pelos concelhos de Alandroal, Barrancos, Moura, Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz tornou-se no primeiro sítio no mundo a receber a “Starlight Tourism Destination Certification”, concedida pela Fundação Starlight, com o apoio de entidades como a UNESCO e a OMT (Organização Mundial do Turismo).

Observar estrelas e planetas

A Reserva Dark Sky engloba várias atividades noturnas, como observação astronómica com telescópios, passeios de barco, de canoa, de carros elétricos, de bicicleta, de cavalo ou simplesmente pedestres, sempre em fruição com um céu estrelado livre de poluição luminosa. Estas atividades são organizadas por diversos estabelecimentos de alojamento, restaurantes e empresas de animação turística, cujos nomes podem ser consultados online.

O Alqueva apresenta um céu noturno com características únicas, o que pro-

Contactos E-mail: alqueva.darksky@gmail.com Site: www.darkskyalqueva.com

Contactos Telefone: 243 675091 Telemóvel: 927 585 536 Email: geral@windpassenger.pt Site: www.windpassenger.pt

Voar de balão Sobrevoar o Alqueva num Balão de ar quente é uma experiência que permite conhecer a região de uma perspetiva diferente, com emoções alimentadas pelo

Cruzar os céus do Alentejo a bordo de um balão

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MADE IN ALENTEJO No extenso território do interior alentejano existe um assinalável leque de empresas cujos produtos estão presentes em diversos mercados internacionais com assinaláveis comunidades portuguesas.

Sharish, um gin de Reguengos de Monsaraz

Ervideira com wine shop com vista para o Alqueva

Promovido com o slogan “lentamente destilado no Alentejo”, Sharish é um gin que nasce num alambique tradicional em Reguengos de Monsaraz. Criado por António Cuco, um antigo professor de Turismo que estava no desemprego quando decidiu avançar com este projeto, Sharish distingue-se da maior parte dos gins por incorporar na receita maçã Bravo de Esmolfe DOP, casca de laranja e casca de limão do Alentejo, junto a outros botânicos mais convencionais.

Reguengos de Monsaraz, que este ano é a capital europeia do vinho, foi a localidade escolhida pela Ervideira para abrir a sua terceira wine shop. Nesta nova loja, situada na Praça da Igreja e com vista para o lago do Alqueva, os visitantes podem provar e comprar todos os vinhos produzidos pela Ervideira, conhecer os processos de vinificação e as castas existentes na propriedade, e ainda marcar uma visita à adega.

Atualmente já é exportado do Alentejo para países como Espanha, Suíça, Bélgica, Brasil e Angola.

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A Ervideira conta com 160 hectares de vinha, 50 deles na sub-região de Reguengos de Monsaraz, beneficiando da proximidade ao maior lago artificial da Europa. Exporta atualmente cerca de 60% da sua produção, sendo os principais mercados a Bélgica, a Holanda e Angola.

Adega de Borba aposta no Premium Tinto 2012

meses em barricas novas de carvalho (francês e americano) e castanho, e foi engarrafado para mais um estágio final em cave de outros seis meses em garrafa. A Adega de Borba conta com forte presença em inúmeros mercados internacionais, como destaque para Estados Unidos da América, Angola, China, Brasil, Rússia, Alemanha, França e Suíça.

Delta Cafés desenvolve máquina de café em Campo Maior

Depois do sucesso da colheita de 2011, o primeiro vinho lançado pela Adega de Borba este ano é o Premium Tinto 2012, mais um DOC alentejano de sabor elegante, macio e um final persistente. Produzido a partir das castas Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Trincadeira, apresenta uma cor granada bem definida, com grande intensidade. Segundo nota de imprensa lançada pela própria Adega de Borba, este vinho tem um aroma a frutos vermelhos maduros, compota e pimento maduro. O sabor é macio, elegante, com destaque nos sabores a frutos pretos, café e chocolate. Estagiou seis

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A marca do setor do café inaugurou recentemente o pólo industrial Tecnidelta II, em Campo Maior. O principal objetivo desta nova unidade é a montagem da Mayor, o nome da primeira máquina de café profissional para a restauração desenvolvida e assemblada a 100% na vila alentejana, garantindo também a criação de novos postos de trabalho qualificado na região. A Delta Cafés prevê a produção anual de 4 200 máquinas Mayor, muitas das quais destinadas aos profissionais do mercado internacional. A principal empresa do Grupo Nabeiro está presente em mais de 35 países, com destaque para Espanha, França, Luxemburgo, Angola e Brasil.




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