Jornal da Comunidade

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Arte : Alexandre Alves

Ano XXIV – N° 1.410 JORNAL DA COMUNIDADE BRASÍLIA, 23 A 29 DE JANEIRO DE 2016

AVANÇA EM BRASÍLIA

riCardO CalladO

Há tempo para tudo e Rollemberg precisa ajustar o seu tempo

MarCO antOniO POntEs Meias-verdades, mentiras e novas velhas causas

artiGO

Responsabilidade no trânsito

Reprodução da Internet

José Cruz/Agência Brasil

Vigilância registra aumento de 110% dos casos de dengue. Zika vírus tem nove casos sob suspeita e febre chikungunya preocupa. a3

OPiniÃO a2

Mandato e CPMf são as prioridades Presidente vai lutar pela aprovação da CPMF só após a definição do processo de impeachment. Manter o mandato é mais importante. a4

1º MASSACRE FOI HÁ 10 MIL ANOS Um grupo de cientistas apresentou evidências do massacre humano mais antigo da história, uma descoberta que ajuda na discussão sobre os motivos que levam a humanidade à guerra. O mais antigo massacre ocorreu há 10 mil anos no Quênia, quando um pequeno grupo de homens, mulheres e crianças foi capturado por um clã rival. A descoberta foi feita em Nataruk, perto do Lago Turkana, no Quênia. A equipe de arqueólogos desenterrou 12 esqueletos, mais ou menos intactos. a8

selic em 14,25% agrava a recessão Centrais sindicais criticam decisão do Copom e alertam que taxa elevada piora a crise e empurra a economia brasileira para o “abismo”. a5


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Caderno A

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Opinião

Há tempo para tudo e Rollemberg precisa ajustar o seu tempo Por Ricardo Callado

Para integrantes do governo do Distrito Federal, o pior já passou. O GDF estaria melhorando a sua imagem. A implantação de uma agenda positiva, com a convocação de concursados e entrega de escrituras e de imóveis, por exemplo, em alguns momentos é ofuscada pelo enfrentamento. O governo erra em dividir o noticiário entre uma ação positiva, como reforço na educação e na saúde, e derrubadas de imóveis de baixa renda. Uma ofusca a outra. E a repercussão negativa prevalece. Não pode se iludir. A imagem do governo não melhorou. Muito ainda tem a ser feito. As estratégias precisam ser acertadas. Buscar a legalidade é algo imprescindível. Mas o governo não pode errar na mão. Nem jogar fora uma ação positiva, enquanto famílias são mostradas em desespero na TV vendo o sonho da casa própria ir ao chão. Cada coisa tem seu tempo. Em Eclesiastes 3, é dito que tudo tem o seu tempo determinado. E há tempo para todo o propósito. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. O governador Rollemberg precisa ajustar o seu tempo. E o tempo de governo é muito curto. O poder passa e quando se der conta chega a hora de refletir naquilo que poderia ter sido feito e não pode mais, porque ficou para trás. Quando um governo começa avaliar os erros, é porque chegou o começo do fim. O governo vive em uma bolha. O Palácio do Buriti tem essa capacidade de abduzir o governante da realidade. Desconectá-lo da sociedade. Há uma crise nacional com reflexos diretos no GDF, que veio de uma administração irresponsável. E a crise está apenas no começo. A situação do país e do DF vai piorar muito. O governo local vai precisar de união. O enfrentamento desmedido deve agravar a imagem perante a opinião pública. Um governo forte não se faz com decisões de enfrentamento, mas sim com ações que levem à união da sociedade. E que ajudem o brasiliense a superar uma das mais graves crises econômicas que já se viu no país. O governo tem que trabalhar para o povo e não contra ele. A realidade está fora da redoma que encobre o Buriti. É lá fora que se pode ter uma percepção do que realmente precisa ser feito. O Buriti está embebecido pelo poder. Assessor acha que manda mais que governador. Que incorporou o poder. Governar não é isso. É definir prioridade, ouvindo o povo. Porque governar é servir a população e não aqueles que acham que tem direito de dividir o poder com o governador porque ajudou a elegê-lo. Rollemberg tem que ficar atento para fugir dessas armadilhas. E é isso que a sociedade espera dele. Um governo forte vai de encontro aos anseios do povo. Um governo forte tem que ser justo. E precisa melhorar a forma como a mensagem do governo chega à sociedade.

Espaço do leitor CARNAVAL APAGADO Não só período de chuva que promete apagar o pouco brilho do carnaval candango,como também a falta de incentivo por parte do governo, que mais uma vez não terá dinheiro em caixa para tristeza das escolas de samba, encarregando-se dessa função os blocos de rua, estes contaram com o incentivo da inciativa privada. Enquanto isso a saúde entra no quadro de UTI crônica, pacientes sem previsão de atendimento, remédios que nunca chegam as prateleiras das farmácias, não há material para atendimento nos centros cirúrgicos. Ou seja realmente não tem clima para a maior festa popular do Brasil e esta situação se repete pelo país de norte ao sul, bastando aos governantes mais consciência do uso do dinheiro público em benefício da população. Adalberto de Freitas Luz, 25 anos, estudante, morador de Santa Maria.

Amor e ódio Que a relação entre o PMDB e PT sempre foi entre tapas e beijos, todo mundo sabe, mas o que gerou uma estranheza foi a forma como se tornou mais notório aos olhos da sociedade, se ainda restava alguma dúvida que Temer foi imposto à presidente, como combinado neste embrolho, que se chama política, agora o jogo de cartas tomou outros rumos. O vice-presidente se mostrou ressentido e magoado igual a uma criança que se sente preterida a quem tem a bola e escolhe quem joga no time. Aqui fica uma pergunta como será que anda a amizade de faz de conta entre Temer e Dilma, pois cada dia que passa , a política se mostra um jogo com várias cartas na manga e fora dela.

Brasília, 23 a 29 de janeiro de 2016

Comunicação&Problemas Marco Antônio Pontes – Tributo a Octavio Malta (Última Hora, Rio, circa 1960) marcoantonidp@terra.com.br

Meias-verdades..., Déssemos crédito aos noticiários da chamada ‘grande imprensa’, concluiríamos que a Petrobrás está à beira da falência. Dizem, ou sugerem, que em função dos desastres provocados pelo ‘aparelhamento’ e consequentes corrupção e má gestão, a estatal amargou prejuízos nos três últimos anos, parou de investir e sua produção está em queda. Tudo mentira, ou meia-verdade: de fato houve administração temerária e roubalheira sob o comando dos ‘comissários’ (apud Elio Gaspari) lá colocados para isso mesmo, porém na verdade a empresa segue a lucrar, investir e produzir sempre mais, embora haja reduzido o ritmo de crescimento. ...mentiras inteiras Não há de vir por acaso tanta desinformação. Tudo se passa como se os habituais profetas da catástrofe aproveitassem o ensejo para retirar da Petrobrás a hegemonia na exploração do petróleo das maiores reservas brasileiras. Se a empresa está quebrada – eis o argumento subjacente –, então é melhor abrir as portas aos capitais privados (estrangeiros, claro), para não prejudicar a produção. Mas ao contrário do que dizem, a estatal tem dado mostras de extrema resiliência: subtraíram-lhe bilhões de dólares (falam em dez, vinte, até 60 bilhões) porém, suprimido o ‘aparelhamento’, ela corrige os rumos e dá a volta por cima. Sonho em ruínas “A Petrobrás jogou no lixo R$ 2,8 bilhões que gastara apenas nos passos iniciais, como terraplanagem e projetos, de duas refinarias, no Ceará e no Maranhão.” Enganou-se na primeira frase o colunista Vinícius Mota (Folha de S. Paulo), embora haja acertado no res-

tante texto (Ruinas de um devaneio) em que critica os sonhos de grandeza do governo petista e consequentes desastres estratégicos e gerenciais.

pas estadunidenses, britânicas e francesas em junho de 1944, na ofensiva desencadeada um ano antes do fim da guerra.

Salvados O engano – ou, melhor se diria, exagero: os projetos e, parcialmente, os passos iniciais não foram jogados definitivamente “no lixo”, podem reaproveitar-se tão logo se recupere a Petrobrás do desastre e prejuízos causados pela malandragem e incompetência. Ou Vinícius pensaria que a empresa parou de investir, lucrar, crescer?

História falsificada Os coleguinhas que falaram bobagens como “... luta feroz na praia francesa de Omaha...” bem poderiam estudar um pouquinho a história daquela guerra. Inclusive para não incorrer no erro menos pitoresco de atribuir àquela campanha o papel decisivo na vitória sobre o nazismo. A virada de fato ocorreu na batalha de Stalingrado, na então União Soviética. (Hoje, a cidade em que os soviéticos venceram os alemães em combates rua a rua, casa por casa chama-se, reconstruída, Volgogrado; fica na Ucrânia.)

Anarquia impressa Não versa exatamente sobre Petrobrás e petrolão, mas ao referir-se aos “tortuosos meandros da relação imprensa x governo” a mensagem de Claudio Machado constata oportunamente “o desvirtuamento das manifestações pró e contra o regime anarquista que vivenciamos”. Entendida a elipse e copidescada a qualificação do regime – diria anárquico, em vez de anarquista –, louvo-lhe a percepção: o jogo político embaralhou-se e a imprensa está mais perdida que cachorro caído de caminhão de mudança. Geografia errada Essa desorientação, constato, manifesta-se em equívocos mais prosaicos, como os comentários sobre os atos finais da Segunda Guerra Mundial que lembraram o desembarque de soldados aliados numa praia que chamaram Omaha, na Normandia. Praia que não existe ou, com certeza, inexistia naquele tempo; e não consta que algum prefeito da região haja dado o nome da maior cidade de Nebraska a algum remoto burgo à beira-mar. ‘Omaha’ foi só o nome em código de um local de desembarque das tro-

Nova velha causa Pois é. Os garotos violentos voltaram com tudo (e o nada que têm entre as orelhas) para atrapalhar o Movimento Passe Livre cujo objetivo mais concreto, se irreal e (parece-me) equivocado, não lhe desmerece a luta mais ampla por justiça social. Se pudesse sugeriria aos blackblocs, esses novos ‘rebeldes sem causa’ (coisa mais velha!): sigam o exemplo de seus colegas ucranianos. Se a moda pega... Pelo menos seria mais divertido, como no original protesto em Kiev que registrei aqui há alguns meses: jovens enfurecidos atiraram um deputado-empresário corrupto no lixo, literalmente – descartaram-no num container que recolhia dejetos. Se a moda pega no Brasil, será preciso multiplicar o número de lixeiras nas imediações da Praça dos Três Poderes e na Avenida Paulista, ou onde mais se localizem as sedes das grandes empreiteiras.

Artigo

Responsabilidade no trânsito O movimento nas ruas da capital federal não se difere muito dos grandes centros urbanos brasileiros. A frota de veículos no país cresceu e com ele a dor de cabeça com o trânsito no dia a dia. Com o aumento do volume de veículos, também aumenta o número de acidentes. Motoristas inexperientes e experientes integram a estatística. A Brasília de outrora deixou saudades, especialmente, quando não eram necessários semáforos e o trânsito fluía. E muito bem. Mas o tempo passou, Brasília desenvolveu-se e nada pode conter o crescimento da capital do país. Referindo-se no geral, com o crescimento da frota no país, foi necessário criar-se uma legislação específica para o tema. Assim, há 18 anos, foi criado o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). E não foi à toa. O número de acidentes cresce assustadoramente e foi preciso colocar regras mais rígidas a fim de que os motoristas entendessem que a pista não é só deles, que há pedestres (muitos sem noção), ciclistas, atletas e que eles devem trafegar em conjunto: cada um respeitando o outro. Era necessário que os condutores não se limitassem apenas às instruções de um rápido curso na autoescola. Com a introdução do CTB, este trouxe novidades aos condutores brasileiros, cujo objetivo foi o de reduzir os acidentes e mortes no trânsito. Por que o foco no condutor? Porque para os especialistas é dele o mau comportamento no trânsito e o maior responsável pelo número de acidentes. A opinião dos especialistas é uma mera confirmação do que vemos todos os dias nas ruas. Por isso, os motoristas têm de ser mais atentos, mais cuidadosos e responsáveis. Não há o que se discutir. Muitas vezes é o pedestre que se dispõe a colocar o pé na rua e correr os riscos, mas ele se

torna vítima quando o motorista não consegue usar suas habilidades para evitar o acidente. Diante de tanta falta de entendimento de ambas as partes, com a vinda das novidades trazidas pelo código de trânsito, constata-se que melhorou o comportamento do motorista brasileiro, mas não o suficiente para reduzir as estatísticas do trânsito. Temos a fiscalização eletrônica de velocidade, muitos pardais, alertas nas rodovias estaduais e federais e o aumento do valor das multas, de acordo com a infração, para que o condutor sinta no bolso o peso do seu mau comportamento. Outro ponto que veio para reforçar a segurança do motorista e passageiros foi o cinto de segurança, que antes era um item meramente decorativo nos veículos. Ele passou a ser obrigatório e já provou que evita tragédia em centenas de exemplos. Depois vieram as blitzes para os sem noção que dirigem após beber e com o passar do tempo tem sido cada vez mais fiscalizada e sendo punido com rigor. Podemos observar que com essas medidas garantidas pelo CTB houve uma queda nos acidentes de trânsito. Mas precisa melhorar. E o CTB terá de incluir outras novidades, uma vez que a população cresce, os hábitos mudam, e a tecnologia que nos auxilia na agilidade de diversos trabalhos, também colabora com o aumento de acidentes a partir do uso enquanto se dirige um veículo, como nos casos de telefones celulares. Tudo que distraia o motorista é motivo de risco tanto para quem dirige quanto para quem está no veículo ao lado. Que venham mais campanhas de conscientização para motoristas e pedestres para que possamos fazer juntos uma mudança e que os índices altos sejam de mais paz no trânsito e não de aumento de acidentes e mortes no trânsito.

Adamastor José Pires, 56 anos aposentado

Conselho de Administração Ronaldo Martins Junqueira Presidente

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Diretoria Executiva Cláudio Santos Diretor Administrativo/Financeiro Darlan Toledo Gerente Industrial

Redação Silvana Amaral Chefe de Reportagem Eron de Castro Editor de Arte Alexandre Alves Diagramador

Editado e impresso por Comunidade Editora Ltda. SIG Q 2 nº 580 ‑ CEP: 70610‑420 ‑ Brasília/DF Publicação semanal com tiragem de 71.000 exemplares distribuídos gratuitamente no Lago Sul, Lago Norte, Asa Sul, Asa Norte, setores Octogonal, Sudoeste e Águas Claras. Geral: (61) 3441‑0200 / Comercial: (61) 3441‑0272 / Redação: (61) 3441‑0212 / Criação: (61) 3441‑0219 www.maiscomunidade.com.br / www.jornaldacomunidade.com.br / redacao@grupocomunidade.com.br


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EPIDEMIA Gabriel Jabour/Agência Brasília

Casos de dengue aumentam 110% Zika vírus e a febre chikungunya começam a preocupar autoridades Os casos de dengue em Brasília tiveram aumento de 110% nas duas primeiras semanas de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. A variação foi impulsionada, especialmente, pelo crescimento de ocorrências da doença em Brazlândia: de três para cem. Os dados constam do informativo epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde. Apesar do acréscimo geral, o documento mostra queda em 13 regiões administrativas e estabilidade em nove. O boletim também traz dados em relação ao zika vírus e à febre chikungunya. Segundo o relatório, há nove suspeitas de contaminação pelo zika vírus de moradores de Brasília e dois casos confirmados: um em Águas Claras e outro no Plano Piloto, ambos em gestantes. A chikungunya manteve-se estável em relação a 2015, com nenhum caso confirmado. De acordo com o subsecretário de Vigilância à Saúde, Tiago Coelho, o aumento de casos de dengue ocorreu em todo o país — a quantidade de cidades afetadas cresceu cerca de 300%. A elevação, observa Coelho, não era esperada nessa época do ano já que

MOBILIZAÇÃO SOCIAL os resultados do relatório epidemiológico serão úteis para que o governo tenha mais parâmetros na intensificação do combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti. o subsecretário reforça a necessidade de a população estar atenta ao controle do inseto: “A mobilização social é fundamental para erradicá‑lo”. As regiões administrativas onde a incidência de dengue caiu foram: Asa norte, Asa sul, Ceilândia, Gama, Guará, itapoã, lago norte, lago sul, Paranoá, sobradinho, sobradinho ii, sudoeste‑octogonal e vicente Pires. Já as que apresentaram estabilidade são: Águas Claras, Candangolândia, Cruzeiro, estrutural, Fercal, Jardim Botânico, núcleo Bandeirante, Park Way, riacho Fundo i, riacho Fundo ii, setor de indústria e Abastecimento (siA) e varjão.

DIAGNÓStICOS SIMULtÂNEOS o ministério da saúde anunciou que kits para testes rápidos de detecção do vírus Zika, da febre chikungunya e da dengue devem ser distribuídos para laboratórios de todo o país em fevereiro. As três doenças são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. o kit foi desenvolvido pelo instituto de tecnologia em imunobiológicos (Bio‑manguinhos), uma das unidades da Fundação oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao ministério da saúde. Castro não deu detalhes sobre quais laboratórios receberão o material.

o pico da doença costuma ser em abril e em maio. Ainda não há explicação

para o crescimento em Brazlândia, mas isso já está sendo investigado.

O combate à proliferação do mosquito ainda é a medida mais eficaz

Plantas da caatinga podem ajudar no combate A cutia e a umburana estão sendo estudadas por terem compostos que funcionam como biopesticidas no combate ao Aedes aegypti grupo de pesquisadores do Núcleo de Bioprospecção e Conservação da Caatinga vem estudando plantas desse bioma em busca de substâncias com propriedades larvicidas contra o

mosquito. “Já sabíamos que os compostos aromáticos, ou terpenoides, reconhecidos a partir do cheiro forte de certas plantas, são inse-

ticidas. Se eu pegar a folha da pitanga e amassar, por exemplo, vou sentir o cheiro da pitanga. O mesmo ocorre com o cravo da índia. Essas plantas têm uma quantidade boa desses compostos chaSemente de umburana pode ser usada para extração de óleo

mados terpenoides”, explicou. Os óleos essenciais da cutia e da umburana também são obtidos por meio do sumo da folha. Os pesquisadores testaram os óleos essenciais de diversas plantas, seguindo o modelo definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “A gente pega um recipiente, no caso, um copo descartável, faz uma solução do óleo essencial com água e, em cada copinho, coloca 50 ml de líquido e dez larvas do mosquito. Após 24 horas,

averiguamos quantas larvas morreram e se o resultado foi satisfatório.” Alexandre Gomes explicou que a grande vantagem de usar pesticidas vegetais, orgânicos, é que essas substâncias são mais seletivas e agem em pragas específicas. Os resultados dos testes mostraram que os óleos matam mais de 50% das larvas, número de referência na biologia para saber se um composto funciona. “Um produto é considerado eficaz quando mata 50%”, ressaltou. Reprodução da Internet

Duas plantas comuns na caatinga – a cutia e a umburana – estão sendo estudadas por um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido por terem compostos que funcionam como biopesticidas no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, do vírus Zika e da chikungunya. Os testes mostraram que os compostos dessas plantas são capazes de exterminar até 50% das larvas dos mosquitos, valor de referência para que sejam classificados como eficazes. O coordenador da pesquisa, Alexandre Gomes, contou que desde 2011 um

tEStES Agora, para que esses óleos essenciais possam se tornar produtos comerciais, os pesquisadores estão investigando se só fazem mal aos mosquitos. “Apesar de ser um produto natural, precisamos saber até que dose podemos utilizar, até que ponto não fazem mal. estamos em fase de teste de toxicidade para saber se não causam danos a células humanas e a outros organismos”, explicou. segundo ele, os testes de toxicidade vão permitir que saibam a dose exata. “Ainda no primeiro semestre teremos os resultados”, acrescentou. A expectativa do pesquisador é que no segundo semestre a equipe comece a buscar parcerias com a iniciativa privada para que esses óleos possam chegar ao mercado. “infelizmente, no Brasil, o pesquisador não é preparado para ser empreendedor. esta é a grande limitação dos pesquisadores: conseguir transformar a pesquisa em produtos. A gente só vai conseguir fazer isso com a iniciativa privada.” As plantas usadas foram coletadas no Parque nacional do Catimbau, em Pernambuco, e também podem ser encontradas em sergipe e no espírito santo.

Cutia é encontrada no Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco, e também podem ser encontrada em Sergipe e no Espírito Santo

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Brasília, 23 a 29 de janeiro de 2016

TRIBUTO Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Análise da CPMF só sai depois do impeachment Líder do governo mantém a esperança na derrubada do processo contra Dilma Rousseff A proposta de recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) só deve ser levada adiante pelo governo no Congresso Nacional após a definição sobre o processo de impeachment contra a

presidente Dilma Rousseff. A avaliação é do vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Segundo ele, a prioridade do Palácio do Planalto na retomada do ano Legisla-

tivo, em fevereiro, deve ser “se apressar para derrubar” o processo de impeachment contra Dilma. Segundo o parlamentar, essa agenda “atrapalha o país.” “Espero que logo na abertura dos trabalhos, o presi-

dente da Câmara, Eduardo Cunha, coloque em pauta a eleição da comissão que vai analisar o impeachment”, disse. Teixeira insiste na retórica governista de que a CPMF é “fundamental para o equilíbrio das contas públi-

Presidente está mais preocupada em manter o mandato

cas”, mas deve ser discutida considerando o tamanho da carga tributária. Teixeira

espera que o governo trabalhe pela aprovação do projeto que tributa grandes fortunas.

PMDB

Partido se reúne para eleger o líder na Câmara A bancada do PMDB na Câmara deve se reunir no dia 17 de fevereiro para eleger o novo líder do partido. O atual líder e candidato à reeleição, deputado Leonardo Picciani (RJ), tenta convencer deputados contrários à sua recondução ao posto. O peemedebista confirmou que vai disputar o cargo e que está trabalhando para ter a maioria dos votos. Acrescentou que a disputa com outros deputados não provocará nenhum racha na bancada e que o partido acabará encontrando o consenso. Contrário à recondução de Picciani, o deputado Lúcio Vieira Lima (BA) afirmou que o atual líder vem se desgastando com a bancada pelo seu modo de liderar, “sem ouvir os deputados” antes de anunciar qualquer posição. Vieira Lima disse que as candi-

Reprodução da Internet

Picciani (RJ) tenta convencer deputados contrários à sua recondução ao posto

Deputado diz que vai trabalhar para ter maioria

daturas que os opositores a Picciani buscam é para unir a bancada do PMDB na Câmara e contrapor a forma como o atual líder age. Até o momento, os opositores a Picciani têm como candidato à liderança o deputado Leonardo Quintão (MG).

ORÇAMENTO

Parlamentares terão R$ 9 bi em emendas A presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016. É o primeiro orçamento com emendas impositivas, no qual o Poder Executivo é obrigado a executar as emendas parlamentares ao orçamento da União (EC 86/15). Os parlamentares terão direito a R$ 9 bilhões em emendas individuais. Isso dará uma cota de R$ 15,3 milhões para cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Além disso, há preCMYK

visão de R$ 4,5 bilhões para emendas de bancadas. Para o relator do orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR), o orçamento impositivo é uma conquista do Parlamento. “Consagra emenda impositiva de bancada, que é uma inovação importante para o parlamento. Cada estado escolheu uma emenda impositiva e uma obra importante e ela será executada impositivamente, decisão de bancada. Essa é uma decisão fundamental”, afirmou.


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JUROS Reprodução da Internet

Selic alta faz crise ficar mais grave Empresas enfrentam dificuldades para investir, reduzem produção e fecham as portas aumenta a dívida pública e drena recursos da sociedade para o rentismo, ou seja, para os banqueiros”, disse, em nota, o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten. De acordo com a entidade, com a Selic alta, as empresas têm dificuldades para financiar seus investimentos, reduzem a capacidade produtiva e fecham as portas, o que faz com que o desemprego aumente e a renda em cir-

culação caia, diminuindo o consumo. “Para um país crescer, é necessário que se elevem os investimentos, seja por parte das empresas ou pelo governo. Sendo assim, é contraditória a ação do Banco Central em manter a taxa de juros básica da economia”, avaliou Osten.

abusiva e não ajuda a baixar a inflação, como pretende o governo federal. “A política econômica do governo está que brando o país. Milhões de trabalhadores desempregados e a maioria das empresas com ociosidade de mais de 50%, demonstram que a política econômica praticada pelo governo Dilma Rousseff está levando nosso país para o buraco”, disse o presidente da entidade,

Sindicatos Para a Força Sindical, a atual taxa básica de juros é

Roberto von der Osten critica manutenção dos juros

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, em nota. Segundo Paulinho, é dever do governo mudar

Reprodução da Internet

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) criticou a manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano e diz que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) piora a crise e empurra a economia brasileira para o “abismo”. “Manter a taxa básica de juros só serve para manter a economia em recessão, com impactos negativos na geração de empregos. Aprofunda a crise brasileira,

Pela quarta vez seguida, o Banco Central (BC) não mexeu nos juros básicos da economia. Por seis votos a dois, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve hoje (20) a taxa Selic em 14,25% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas, que esperavam aumento de 0,5 ponto percentual. Votaram pela manutenção da taxa Selic o presidente do BC, Alexandre Tombini, e cinco diretores: Aldo Luiz Mendes (Política Monetária), Altamir Lopes (Administração), Anthero Meirelles (Fiscalização), Luiz Edson Feltrim (Relacionamento Institucional e Cidadania) e Otávio Damaso (Regu-

Wilson Dias/Agência Brasil

Copom mantém taxa pela quarta vez O QUE É SELIC O Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Públicos - Selic - foi criado em 1980 pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima). Ele é um sistema informatizado que serve para tornar mais segura as negociações diárias dos títulos públicos. Somente as instituições credenciadas têm acesso. Com o tempo essa sigla (Selic) passou a caracterizar também a taxa básica de juros da economia.

de forma imediata a política econômica para evitar o agravamento da crise, que prejudica principalmente os mais pobres, os assalariados e as empresas nacionais. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP) disse, em nota, que há argumentos técnicos para justificar a manutenção da taxa Selic. “A decisão é compreensível, uma vez que, sem a colaboração da política fiscal, o rigor monetário tende a perder sua eficácia e dificilmente seria capaz, sozinho, de controlar o processo inflacionário em curso”, divulgou. A instituição avalia, porém, que novas altas dos juros teriam efeitos cada vez menos significativos sobre os preços e ainda agravariam o quadro recessivo, além de piorar a situação das contas públicas. Para a FecomércioSP, o controle da inflação está condicionado ao ajuste fiscal e à credibilidade técnica do Banco Central. “O quadro de estagnação da economia, juros altos e inflação elevada só será revertido a partir do momento em que a questão fiscal começar, de fato, a ser solucionada. Caso contrário, a previsão para os próximos anos não será diferente”, avaliou a federação.

Decisão surpreendeu os analistas, que esperavam por aumento

lação). Os diretores Sidnei Marques (Organização do Sistema Financeiro) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais) votaram pela elevação da Selic em 0,5 ponto percentual. Em

comunicado, o Copom informou que a decisão considerou não apenas a inflação, mas o atual balanço de riscos do país, as incertezas domésticas e principalmente externas.

Controle Os juros básicos estão neste nível desde o fim de julho. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no nível de outubro de 2006. A Selic é o principal instrumento do BC para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Oficialmente, o Conselho Monetário Nacional estabelece meta de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulou 10,67% em 2015, a maior taxa desde 2002. No último Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, o BC estimou que o IPCA encerre 2016 em 6,2%. O mercado está mais pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará este ano em 7%. Este ano, a inflação continuará pressionada pela alta do dólar, que influencia o preço dos produtos e das matérias-primas importadas. Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa o segundo ano seguido de recessão, intensificando a queda na produção e no consumo. Segundo o boletim Focus, analistas econômicos projetam contração de 2,99% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016. O Relatório de Inflação do Banco Central prevê retração de 1,9%. A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.

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PROTESTE André Borges/Agência Brasília

SEGURANÇA

Reprodução da Internet

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Entre as ações já planejadas está o reforço de 40% no número de atendentes da Ciade, passando de 77 para 107

Grupo vai estudar melhoria na Ciade Alterações estruturais devem fazer a central atender a comunidade mais rapidamente O governo de Brasília instituiu comitê executivo operacional para promover medidas emergenciais de reestruturação da Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade). Entre as ações já planejadas está o reforço de 40% na quantidade de atendentes — de 77 para 107 — no 190, telefone de emergência da Polícia Militar, responsável por 90% das demandas feitas à central. A Ciade conta com 124 atendentes e 85 despachantes. As mudanças foram anunciadas pelo governador Rodrigo Rollemberg. Segundo ele, o colegiado terá a missão de propor alterações estruturais de que a central necessite para atender a comunidade mais rapidamente.

Tempo Para estudar melhorias na Ciade, o governo criou grupo de trabalho em 2015, que fez diagnóstico da atuação da central. Identificou-se, por exemplo, que o tempo de resposta às ocorrências varia de dez a 12 minutos. Segundo o subsecretário de Integração e Operações de Segurança Pública, a meta agora é chegar ao pronto-atendimento. “Para dar respostas rápidas à comunidade, foi constatada a necessidade de aprimoramento tecnológico”, pontuou a secretária da Segurança Pública e da Paz Social, Márcia de Alencar Araújo.

Composição Com formação divulgada no Diário Oficial do Distrito Federal, o grupo será composto pelo subsecretário de Integração e Operações de Segurança Pública, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, coronel da Polícia Militar (PM) Márcio Pereira da Silva, e representantes da PM, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Mili-

tar e do Departamento de Trânsito do Distrito Federal. A coordenação ficará a cargo da secretaria, conforme determinado pela Portaria Conjunta nº 1, de 19 de janeiro de 2016. Os profissionais que reforçarão o atendimento no 190 são deslocados do quadro administrativo da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. Nas próximas semanas,

eles passarão por treinamento para se adaptar às novas funções. A Ciade também atende chamados originados dos telefones 193, do Corpo de Bombeiros Militar; 199 da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social; 197, da Polícia Civil; e 112 e 911, números internacionais de emergência e urgência. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a central atende a 270 mil ligações por mês, em média, mas apenas 40% dos chamados resultam em ocorrência. Os outros são pedidos de informações, enganos e, em menor número, trotes.

Medidas da ANS para os planos gera críticas A Proteste Associação de Consumidores enviou ofício à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) criticando a Resolução Normativa 395, que trouxe novas regras de atendimento prestado por operadoras de planos de saúde. Um dos pontos atacados pela Proteste, a respeito das regras divulgadas na semana passada, é o fato de a agência restringir a operadoras de grande porte a obrigatoriedade do atendimento telefônico 24 horas, todos os dias. “A associação critica a limitação das novas regras aos atendimentos relacionados à cobertura assistencial e o fato de a ANS ter deixado de lado os atendimentos referentes a informações e reclamações de natureza não assistencial, como rescisão ou qualquer outra demanda ligada ao serviço prestado pela operadora”, disse em nota. O prazo de 90 dias para o arquivamento do atendimento é outro ponto do documento criticado pela Proteste. A associação defende que os atendimentos sejam arquivados por no mínimo três anos, e as gravações telefônicas por um ano, para, em casos de impasses judiciais, o consumidor ter provas. Procurada pela Agência Brasil, a ANS respondeu em nota que a resolução passou por consulta pública, garantindo a participação de todas as entidades interessadas. Segundo a agência reguladora, as novas regras visam à melhoria e qualificação do atendimento ao consumidor, bem como a garantia de máximo respeito aos seus direitos.

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RELIGIÃO

Unidade da Segurança vai tratar da intolerância religiosa, de orientação sexual e idosos

Governo cria outra delegacia No Dia Mundial da Religião e Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, quinta-feira (21), o governador Rodrigo Rollemberg assinou o decreto de criação da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por CMYK

Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência. Na ocasião, Rollemberg também assinou o Protocolo de Intenções com a Fundação Cultural Palmares para a formulação de ações e políticas públicas da cultura afro-brasileira

e de promoção da diversidade religiosa e incentivo ao cumprimento de metas do plano nacional de cultura. Além de determinar a criação da delegacia especial, o governador criou, em 14 de janeiro, o Comitê Distrital de Diversidade Religiosa.


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MUNDO Reprodução da Internet

OIT prevê 2,3 milhões de desempregados Relatório da organização alerta que Brasil está entrando em uma severa recessão A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que o número de desempregados crescerá em 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo este ano e em 1,1 milhão em 2017. Ou seja, em dois anos, 3,4 milhões de pessoas a mais farão parte do contingente global de desempregados. Dos trabalhadores que passarão a integrar as estatísticas do desemprego em 2016, segundo a OIT, 700 mil serão brasileiros. Os dados estão no relatório World Employment and Social Outlook – Trends 2016 (Emprego no Mundo e Perspectiva Social – Tendências 2016), divulgado pelo organismo multilateral. Segundo a OIT, que é vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), as estimativas se baseiam nas projeções mais recentes de crescimento econômico. Na avaliação da entidade, a desaceleração econômica global ocorrida em 2015

tende a causar um impacto atrasado sobre os mercados de trabalho em 2016, resultando em um aumento nos níveis de desemprego, particularmente nas economias emergentes. A entidade destacou principalmente as economias da Ásia e América Latina. Especificamente na América Latina, a OIT informou que o Brasil, “maior economia da região”, está “entrando em uma severa recessão”. Conforme o organismo, o fenômeno de queda na atividade econômica no país e em outras economias emergentes reflete “uma combinação do declínio em preços de commodities (produtos básicos com cotação internacional) e fatores estruturais”. Como principal problema estrutural na América Latina, foram citados os baixos ganhos em produtividade. O organismo acrescentou que a economia asiática foi afetada pelo cres-

cimento mais fraco do que o esperado na China, combinado ao menor preço das commodities. “Em 2015, o crescimento econômico da China caiu para abaixo de 7% (para 6,8%) pela primeira vez

em mais de duas décadas”. Segundo previsão da Organização Internacional do Trabalho, a China terá um acréscimo de 800 mil no número de pessoas desempregadas, sendo 400 mil em 2016 e 400 mil em 2017.

Baixos ganhos de produtividade é principal problema

DAVOS

4ª revolução industrial causa mudança global Perda de empregos e alterações nos modelos de negócios e de trabalho A quarta revolução industrial, que implicará a perda de cinco milhões de empregos nos próximos cinco anos nas principais economias mundiais, foi o tema principal do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, Suíça. Além da perda de cinco milhões de empregos nos próximos cinco anos em todo o mundo, a quarta revolução industrial provocará “grandes perturbações não só no modelo dos negócios, mas também no mercado de trabalho nos próximos cinco anos”, indica um estudo da entidade que organizou o Fórum de Davos. Depois da primeira revolução (com o aparecimento

da máquina a vapor, da segunda (eletricidade, cadeia de montagem) e da terceira (eletrônica, robótica), surge a quarta revolução industrial que combinará numerosos fatores como a internet dos objetos ou a big data para transformar a economia. “Sem uma atuação urgente e focada a partir de agora para gerir esta transição a médio prazo e criar uma mão de obra com competências para o futuro, os governos vão enfrentar desemprego crescente constante e desigualdades”, alerta o presidente e fundador do Fórum de Davos, Klaus Schwab, citado num comunicado.

TERRORISMO Esta 46ª edição do Fórum de Davos ocorreu num momento em que o medo da ameaça terrorista e a falta de respostas coerentes para a crise de refugiados na Europa se juntam às dificuldades que a economia mundial encontra para voltar a crescer e à forte desaceleração das economias emergentes. Apesar de ter passado quase meio século desde que começou, a atração do Fórum de Davos não diminui, pelo contrário parece reforçar-se, sobretudo tendo em conta a lista de participantes, entre os quais estão mais de 40 chefes de Estado e de Governo de todas as regiões do mundo. CMYK


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GUERRAS

Vestígios do 1º massacre Ele ocorreu há dez mil anos e atingiu homens, mulheres e crianças

Esqueleto de uma mulher encontrada nos sedimentos de uma lagoa a oeste do lago Turkana

Um grupo de cientistas apresentou evidências do massacre humano mais antigo da história, uma descoberta que contribui para

o debate sobre as razões pelas quais os seres humanos fazem guerra. O mais antigo massacre ocorreu há dez mil anos no Quênia, quando um pequeno grupo de homens, mulheres e crianças foram capturados por um clã rival, amarrados e espancados até a morte. Os restos mortais foram depositados numa lagoa e preservados em sedimentos por milénios. A descoberta foi feita em Nataruk, perto do Lago Turkana, no Quênia. Os ossos recolhidos fornecem “provas conclusivas de algo que deve ter sido um conflito entre grupos”, explicou a antropóloga da Universidade de Cambridge, Marta Mirazon Lahr. Há outras evidências fósseis de violência contra seres humanos, mas nenhuma de confrontos entre grupos. A equipe de 3 desenterrou 12 esqueletos, mais ou menos intactos, dez dos quais tinham marcas de morte violenta. O primeiro esqueleto que a equipe descobriu estava deitado de bruços e foi espancado até à morte.

A antropóloga encontrou também um esqueleto de uma mulher com os restos mortais de um feto na cavidade abdominal. As origens da guerra é um tema controverso. Uns defendem que faz parte da essência da natureza humana (que nascemos com capacidade para a violência organizada) e outros sugerem que a guerra apareceu com o conceito de propriedade, quando os humanos começaram a cultivar a terra. O novo estudo revela que a guerra já era uma característica do ser humano há dez mil anos, quando ainda éramos nômades. “A minha interpretação é de que eram uma pequena comunidade e foram surpreendidos com um ataque”, afirmou a antropóloga. O massacre pode ser visto como uma invasão por recursos ou um confronto entre dois grupos sociais, afirmaram autores do estudo, acrescentando que aquelas mortes são o “testemunho mais antigo de violência entre grupos e de guerra”.

EDUCAÇÃO

Base curricular reúne gestores em Brasília Grupo vai fixar conteúdos mínimos de cada etapa da educação básica Mais de 100 secretários municipais de Educação discutiram, em Brasília, a construção da Base Nacional Comum Curricular para as escolas brasileiras. Eles participaram do seminário “Base Comum Curricular em Debate: Desafios, Perspectivas e Expectativas”, promovido pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). A base está prevista em lei, no Plano Nacional de Educação (PNE), e vai fixar conteúdos mínimos de cada etapa da educação básica, que vai da educação infantil ao ensino médio. A expectativa é que o documento fique pronto este ano. Qualquer pessoa pode contribuir com sugestões e críticas por meio do site do Ministério da Educação, até o dia 15 de março. Segundo o MEC, CMYK

já foram apresentadas mais de 9 milhões de propostas. Para a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, a reformulação do currículo básico é extremamente necessária. “A dinâmica existente hoje não atrai o estudante para a sala de aula, pelo contrário, afasta. A evasão infelizmente cresce no Brasil a cada ano. Pautamos que ela [a reformulação da base curricular] transforme a educação. É preciso ser mais humana, ter formação crítica dos estudantes. Não apenas uma formação para o mercado de trabalho ou para o vestibular.” A Base Nacional Comum Curricular será debatida em seminários nos 26 estados e no Distrito Federal, antes de ser finalizada.


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