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____________________ RAIZ D’ÁGUA
>> Iasmim Alice
(Barbacena/MG)
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SINOPSE Raiz D’água é um vídeo performance que soa como um mergulho na negrura da própria história – (auto) biografia e corpo- encruzilhada vivenciado em cena.
FICHA TÉCNICA Construção coletiva | Concepção e direção geral: Iasmin Alice | Direção de arte: Iasmin Alice e Ana Pi Videira | Imagem, montagem, edição e finalização: Hilreli | Fotografia: Hilreli e Lucas Bertolino | Trilha e designer de som: Maria Luíza Anália | Vozes: Fátima Silva, Iasmim Alice, Joana D’arc e Juliana Mota | Concepção do figurino: Ana Pi Videira | Execução do figurino: Iasmin Alice e Joana D’arc | Tranças: Espaço Priscila Reis | Produção de Luciana Oliver | Assistência de produção: Igor Castro | Orientação de pesquisa: Juliana Mota | Trilha sonora elaborada sob cânticos da Banda Dançante do Rosário de Santa Efigênia, de Barbacena/MG e Banda Dançante de Congada e Moçambique de Ibertioga/MG | Indicação etária: 12 anos | Duração: 14 minutos
Transmitido no dia 21 de março de 2022 Foto: Lucas Bertolino e Hilreli
Por Iasmim Alice da Silva
Mergulhar na pesquisa familiar, cultural e social acerca do ritual congadeiro, foi uma abertura de caminhos para compreender as encruzilhadas dessa herança que fortalecem uma identidade. O congado e toda a sua ancestralidade, seu rito, seus elementos simbólicos, visuais, gestuais e sonoros, por exemplo, provocam e apresentam a possibilidade de investigar camadas e subjetividades no processo de criação cênica. Ao nadar neste caminho, experimentei uma obra de arte que pudesse imergir em minha vivência e origem em uma ação que evidenciasse meu corpo e ancestralidade no contexto artístico.
Neste trabalho, denominado “Raiz D’água”, investigo a relação da água no corpo a partir da conexão com um dos mitos fundadores do congado: a história de Nossa Senhora do Rosário nas águas. Entre tantas versões escutadas e lidas sobre esta história, é possível notar a presença da água como um fator primordial, pois este elemento que se destaca em muitas outras histórias relacionadas às culturas negras, representa um marco na vida dos descendentes de africanos nas Américas — a travessia pelo mar Atlântico, portanto, a água é sinônimo de ligação com o passado, presente e, em simultâneo, com o futuro, um símbolo sagrado, poético e metafórico. Danço a água, vivo a fluidez da água, performo uma rainha das águas — um arquétipo que tem como característica um ser místico e, ao mesmo tempo, real, como se representasse a figura de um ser ancestral e, ao mesmo tempo, uma projeção, uma autoimagem.
A partir de análises, pesquisas e reflexões, pratico o exercício de experimentar a (auto)biografia enquanto potência criativa. Me reconhecer, curar e reconectar com tudo que me constrói, pois, minha história está entrecruzada com a história de uma manifestação cultural, sagrada, resistente, diaspórica, plural e cheia de significados.
[...] escrevemos auto entre parênteses para deixar explícito que ali estamos tratando de biografias e autobiografias, e é a tessitura criada pelo diálogo entre essas histórias, entre o vestir-se de si mesmo e o vestir-se do outro aquilo que compõe a matéria fundante sobre a qual trabalharemos plasticamente a cena. (Pequeno Mapa de Encontros e Afetos, Vol. 2. p, 258)
Enquanto sou atravessada por essas histórias e vivências crio o ponto de encontro e os significados entre elas. Interessa-me pensar o conceito de corpo- encruzilhada, à medida que compreendo meu corpo enquanto sujeito (e espaço/universo) atravessado, intercultural e que estabelece conexão com a ancestralidade em perspectiva não linear (passado, presente, futuro). Assim, utilizo tal conceito enquanto metáfora, condução, preparação e construção corporal para a cena.
[...] Ele tanto é um ponto de conexão da encruzilhada como pode ser percebido como a própria encruzilhada. Refiro-me aqui à dimensão simbólica que interconecta o corpo-tempo-espaço como elemento de produção de significação na relação entre as práticas sociais (míticas e rituais) e os saberes contidos na cosmovisão da sociedade/comunidade/grupo que são incorporados e traduzidos na própria corporeidade do sujeito no seu corpo-encruzilhada. (SIQUEIRA, Jarbas, 2019, p.14)
Este material audiovisual, foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, Edital n.o 14/2020 — Edital de seleção de bolsistas para áreas artísticas, técnicas de produção cultural e conta com a participação de profissionais da área de teatro e audiovisual.
Para efetivar a proposta, contactei parceiros e parceiras que pudessem assumir cargos e funções respectivas aos seus trabalhos, assumindo um carácter de construção coletiva, onde assumo concepção e direção-geral; atuação junto a minha mãe,
Joana D’arc; direção de arte junto a Ana Pi Videira; imagem, montagem, edição e finalização de Hilreli; fotografia de Hilreli e Lucas Bertolino; trilha e ‘designer’ de som de Maria Luíza Anália; vozes de Fátima Silva, Iasmim Alice, Joana D’arc e Juliana Mota; músicas de Banda Dançante do Rosário de Santa Efigênia/MG e Banda Dançante de Congada e Moçambique de Ibertioga/MG; concepção do figurino de Ana Pi Videira; execução do figurino Iasmim Alice e Joana D’arc; tranças feita pelo Espaço Priscila Reis; produção de Luciana Oliver e assistência de produção de Igor Castro
REFERÊNCIAS: MARTINS, Leda Maria. AFROGRAFIAS DA MEMÓRIA, O REINADO DO ROSÁRIO NO JATOBÁ. Universidade Federal de Minas Gerais, 1997.
MOTA, Juliana. PEQUENO MAPA DE ENCONTROS E AFETOS VOL 2., Texto: “A individualização, os afetos musicais e as contas de lágrimas colhidas pelo caminho”. Universidade Federal de São João del- Rei, 2016/ 2020.
RAMOS, Jarbas Siqueira. O CORPO ENCRUZILHADA COMO EXPERIÊNCIA PERFORMATIVA NO RITUAL DO CONGADEIRO. Universidade Federal de Uberlândia, 2017.