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____________ Fonte

>> Projeto A minha família conta

(Belo Horizonte/MG)

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SINOPSE A fonte nutre as narrativas que percorrem fragmentos de histórias das mães de Ariane Maria e Nayara Leite. A água doce que percorre o trabalho, corporificada no gesto das contadoras, traz no seu reflexo a essência das memórias de mulheres negras matrigestoras, nascidas nos interiores de Minas Gerais, revelando tradições importantes de suas localidades. O projeto “A Minha Família Conta” tece uma narrativa rodeada de segredos e mistérios, cultivados até os dias de hoje através da oralidade.

FICHA TÉCNICA Contadoras: Ariane Maria e Nayara Leite | Direção, Roteiro e Figurino: Ariane Maria e Nayara Leite | Fotografia e Edição: Renca Produções | Classificação livre | Duração: 10 minutos

Transmitido no dia 11 de abril de 2022 Foto: Renca Produções

Por Ariane Maria e Nayara Leite

A contação de história FONTE surge em 2020 como um experimento cênico gravado para o Festival de Teatro Negro On Line da UFMG (Universidade Federalde Minas Gerais). Após a participação no festival, o desejo de continuar a pesquisa nos moveu a fazer a inscrição no 22° Festival Cenas Curtas do Galpão Cine Horto em 2021, e com o fomento do evento realizamos a gravação atual do trabalho, em parceria com a Renca Produções e com o apoio do espaço do Teatro Universitário.

O trabalho se trata de uma adaptação de fragmentos das memórias de nossas mães, Angelina Lopes de Sales, mãe de Ariane Maria e Joana Fernandes Vieira, mãe de Nayara Leite, desenvolvido pelo projeto “A minha família conta”, também idealizado por nós. O projeto foi criado em 2019, a partir da investigação proporcionada pelas ações do Projeto de Extensão “Literatura Afro-brasileira em Foco”, desenvolvido na Faculdade de Letras da UFMG, orientado pelo Doutor Marcos Antônio Alexandre. Ao estabelecer o contato com as literaturas negras por meio do Projeto de Extensão, identificamos uma grande confluência com as histórias narradas pelas mulheres de nossas famílias, sendo a tradição da oralidade o elo ancestral que nos levou a olhar para dentro de nós mesmas.

-”Sinto o cheiro do café, da borra que se junta com a água e que traz a cor da noite”. (FONTE)

Compartilhar estas histórias e seus conhecimentos é uma grande responsabilidade, por isso, o registro tem sido um dos principais campos de experimentação do nosso trabalho, que se entende a escuta, gravação, experimentação corporal do reconto, escrita e construção dramatúrgica.

As águas percorrem todo o trabalho, com o seu reflexo construímos as imagens narradas pelas memórias de nossas fontes. A escolha do ambiente de gravação ao ar livre foi feita a partir da necessidade de sentir a terra nos pés, a mesma terra que firma as histórias em suas territorialidades originais, em Catequese e no Vale do Mucuri. Os cantos também nos foram transmitidos, junto a sonoridade do berimbau que também narra o que está sendo dito, orientando toda a movimentação corporal proposta.

Como artistas da palavra, reconhecemos que é fundamental que busquemos nossa identidade, assumindo-nos nos espaços que ocupamos como artistas orientadas pela memória. Nossas fontes nos ensinam todos os dias que é preciso se manter sensível ao mundo, se permitindo fluir como água para nos tornarmos fontes também.

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