COPYRIGHT © 2021. GAMES WE PLAY BY DANA ISALY. COPYRIGHT © 2022. ALLBOOK EDITORA.
Direção editorial
BEATRIZ SOARES
Tradução CLARA TAVEIRA
Preparação e revisão
RAPHAEL PELLEGRINI E ALLBOOK EDITORA
Capa
REBECCA BARBOZA
Projeto gráfico e diagramação CRISTIANE | SAAVEDRA EDIÇÕES
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Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Meri Gleice Rodrigues de Souza – Bibliotecária – CRB-7/6439
I74g
Isaly, Dana
Games we play / Dana Isaly ; tradução Clara Taveira. – 1. ed. – Rio de Janeiro: AllBook, 2022.
112 p.; 14 x 21 cm.
Tradução de: Games we play
ISBN: 978-65-80455-49-2
1. Romance americano. I. Taveira, Clara. II. Título.
22-81249
2022
PRODUZIDO NO BRASIL.
CONTATO@ALLBOOKEDITORA.COM
CDD 813
CDU: 82-31(73)
campainha tocou, e eu gemi, provavelmente alto o suficiente para que a mulher ouvisse do outro lado da porta. A única razão pela qual eu sabia que era uma entrevistadora era porque meu advogado trouxe os papéis para me mostrar que ela havia assinado o contrato de confidencialidade, e a assinatura dela, toda cursiva, estava rabiscada em cada página.
Não foi realmente uma decisão minha dar uma entrevista, e eu realmente esperava, enquanto caminhava até a porta da frente, que não demorasse mais do que uma hora. Esperançosamente, ela teria feito a lição de casa, então eu a faria entrar e sair bem rápido para poder voltar a me entocar.
Passei o moletom pela cabeça e o puxei para baixo o máximo que pude. A máscara que eu usava tinha um sorriso selvagem e maníaco, e eu a ajustei na ponte do nariz.
Assim que abri a porta, vi um rosto bonito rodeado por uma auréola de ondas de um tom escuro de ruivo. Ela sorriu para mim, mostrando os dentes brancos e retos. Eu vi uma pequena cicatriz em seu lábio inferior que parecia ser de um piercing antigo. Vestida daquele jeito, com uma calça apertada e blazer fechado, eu nunca teria pensado que ela era do tipo que tinha piercings.
Ela era uns bons centímetros mais baixa do que eu, o que a fez esticar o pescoço para trás, a fim de me olhar, me dando um vislumbre direto de seu amplo decote. Meu pau se contraiu.
Porra, ela é estonteante.
— Ah, olá! — Ela estendeu a mão e notou meu rosto coberto. — Eu me chamo Quinlan. Pode me chamar de Quin.
— Estendi a mão e apertei os pequenos dedos esbeltos. — Eu assinei o contrato. Você não precisa usar a máscara. — Ela puxou a mão para trás, e eu dei um passo para o lado para deixá-la entrar. Mesmo pela máscara, eu podia sentir seu perfume doce.
— Eu tenho problemas de confiança — eu disse com uma piscadela. Ela me deu um sorriso tímido e seguiu pelo restante do caminho, observando meu apartamento de conceito aberto. Fechei a porta e a levei para a cozinha. Quin pulou em uma das banquetas e tirou o laptop da bolsa, instantaneamente se sentindo em casa.
— Você quer beber alguma coisa?
Seus grandes olhos castanhos se voltaram para mim. Ela piscou antes de um rubor percorrer por suas bochechas.
— Eu… eu não posso. Estou trabalhando.
— Eu quis dizer água ou algo do tipo, Quinlan — respondi com uma risada suave. O rubor se transformou em uma mancha vermelha viva, extensa e perdidamente adorável. Eu me perguntei como seriam as outras partes dela iluminadas dessa maneira.
— Ah, não, não precisa. Obrigada. — Ela limpou a garganta, abriu o laptop e tirou o gravador. — Você acabou de acordar?
Inclinei o quadril contra o balcão e olhei para ela.
— Há cerca de trinta minutos. Por quê?
— Parece que você ainda está meio dormindo. — Seu sorriso era suave e provocante.
— É só a minha voz, amor. — Ela não tinha feito nenhuma pesquisa a meu respeito? — Eu sou conhecido principalmente pela minha voz. Você não fez a lição de casa?
Ela balançou a cabeça, digitando em seu laptop e configurando tudo.
— Gosto de tentar vir para uma entrevista com a menor quantidade de informações possível. Eu sinto que isso me ajuda a fazer perguntas melhores. De uma forma mais autêntica.
Eu gemi internamente. Isso significava que não seria um tipo de entrevista rápida. Ia demorar um pouco.
Quin fez uma pausa e olhou para cima.
— Eu não sei nada sobre você, Coringa. Isso é um golpe no seu ego?
Sim, pensei instantaneamente. Eu queria que ela soubesse quem eu era, ficasse impressionada com o que eu construí. Por que me incomodava tanto que ela não soubesse nada disso?
— Vamos começar, então — eu disse, andando ao redor do balcão para me aproximar de onde ela estava sentada. — Vou te mostrar o que eu faço da vida antes de você começar a fazer perguntas. Te dar um vislumbre do meu mundo.
— Ok — ela hesitou. — Mas eu já vi muitos setups de jogos. É meio que meu trabalho. — Ela pulou da banqueta, e eu tive de me forçar a ignorar a forma como seus seios saltavam sob aquele blazer. Eu queria que ela o tirasse. Eu queria ver a pele lisa de seus ombros e braços esbeltos.
Eu me sacudi mentalmente quando percebi que Quin estava olhando para mim, esperando que eu mostrasse o caminho. Saí em direção aos fundos da casa, onde ficava minha sala de jogos.
— É o seu trabalho, mas você não disse que não sabe nada sobre as pessoas que vai entrevistar? — Acionei um interruptor quando entrei, iluminando a sala inteira com os LEDs azuis.
Quin ficou na porta me observando enquanto eu caminhava até o meu computador e começava a apertar alguns botões para ligar e acender tudo.
— Eu sei quem você é. Só não sei muito a seu respeito. Gosto de aprender sobre meus entrevistados do jeito que as pessoas fazem na vida real. — Ela sorriu e olhou ao redor da sala, absorvendo tudo.
— Então é aqui que a mágica acontece — eu disse, gesticulando para a mesa que agora estava iluminada num tom de verde brilhante.
Quin deu alguns passos e caminhou pela sala, olhando para todos os meus pôsteres e passando os dedos pelas prateleiras que continham todos os meus mangás. Cruzei os braços sobre o peito e me encostei na parede para observá-la.
— Essa é uma coleção impressionante — disse ela antes de continuar se movendo pela sala e parar na minha mesa. Ela se jogou direto na minha cadeira e deu uma volta. — Confortável.
— Passo muito tempo nela. Ela precisa ser.
— Todas as superfícies aqui acendem? Qual é o lance dos gamers com LEDs? — Ela riu, e descobri que gostava do jeito que seu rosto se iluminava.
— Nem todas as superfícies — eu disse. — Mas quando faço uma transmissão, não gosto de luzes brilhantes. É mais fácil manter meu rosto escondido se estiver um pouco mais escuro.
Ela assentiu e deu outra olhada ao redor.
— É legal. Por que não fazemos a entrevista aqui? Você estará mais no seu território. Pode te ajudar a não ficar tão nervoso.
— Não estou nervoso.
— Pare de se mexer para lá e para cá, então — ela disse com um sorriso.
E então Quin estava do lado de fora do cômodo, indo pegar suas coisas. Quando voltou, eu estava sentado na minha cadeira, de modo que ela se instalou no sofá à minha frente. Quin tirou o blazer, expondo as tatuagens coloridas que cobriam cada centímetro de seus braços e ombros.
— Mangas inteiras? — eu perguntei. — Por essa eu não esperava.
Aquele leve rubor percorreu suas bochechas novamente. A pequena cicatriz em seu lábio fazia mais sentido agora.
— Eu tento me vestir profissionalmente. Isso não significa que eu seja uma puritana. Você tem alguma tatuagem?
Eu estava vestido com jeans e um moletom de manga comprida. Nem um centímetro de pele estava aparecendo além das minhas mãos, um pouco do pescoço e dos olhos. Então ela não podia ver que eu estava realmente coberto de tatuagens.
— Em off?
— Claro — ela disse, alegre.
— Sim. Eu realmente não conto a ninguém sobre elas por causa de toda a coisa de identidade. Eu tenho o braço esquerdo fechado e algumas no peito. Minhas pernas estão quase completamente cobertas.
— Eu tenho o quadril tatuado, tipo, da coxa até o osso do quadril, e, puta merda, como doeu. A dor na perna é um tipo totalmente diferente de dor.
Meus olhos passaram por seu corpo e pararam em seu quadril por um momento, imaginando que tipo de tatuagem ela teria ali. Quin limpou a garganta, e eu olhei de volta para ela, nossos olhos se encontrando por um momento mais longo do que parecia ser profissional. O ar parecia pesado e carregado. Eu observei seu pescoço esbelto se mover enquanto ela engolia a saliva de uma maneira nervosa.
— Quais são suas perguntas, Quinlan? — perguntei para quebrar o silêncio que se prolongara por muito tempo. Eu adoraria ficar sentado a vendo se contorcer sob meu olhar, mas percebi que aquela era uma reunião profissional e não pessoal, então não deveria deixá-la muito desconfortável.
Mas eu não conseguia parar de pensar em seus braços e pernas amarrados à cama, seu corpo disponível e esperando por mim. Ou talvez ela de quatro, com uma coleira em volta daquele lindo e pequeno pescoço, me seguindo como uma boa menina. Sua boca em meu pau. A bunda avermelhada por causa dos meus brinquedos.
— Vamos começar do começo — ela disse, me tirando do meu devaneio. Cruzei as pernas e puxei o moletom um pouco para baixo, tentando esconder a ereção crescente. — Por que você começou com isso?
Ela colocou os pés para cima e se sentou sobre eles. Seus grandes olhos castanhos pousaram nos meus, e eu me perguntei se ela podia ver que um era azul e o outro, marrom. Provavelmente era minha maior insegurança. E, claro, era normalmente a primeira coisa que alguém notava em mim e não podia deixar de comentar. Mas Quin não disse nada sobre isso.
— Dinheiro — eu disse sem rodeios. Quin deu uma pequena risada. Eu me inclinei para trás na cadeira e fiquei confortável, tentando fazer o sangue bombear para o cérebro. — Sempre gostei de games, quando percebi que poderia ganhar dinheiro com isso, decidi que poderia tentar fazer streaming. Fiquei cada vez melhor nisso. Mais pessoas estavam se juntando toda vez que eu jogava. Sinceramente, acho que muitas pessoas começaram a participar principalmente para me ouvir falar e não porque eu era realmente bom no que estava fazendo.
— E você lida bem com isso?
— Claro — respondi e dei de ombros. — Dinheiro é dinheiro. Se eles querem ficar só me ouvindo falar, quem sou eu para impedi-los?
— Você recebe pedidos especiais? Tipo, as pessoas pedem para você dizer certas coisas ou dizer oi para elas? — Ela mordeu o lábio enquanto fazia a pergunta e digitava algumas notas em seu laptop. Eu olhei para o computador de Quin enquanto respondia.
— Sim. O tempo todo. E muitas vezes são pedidos sexuais.
— Seus olhos arregalaram, e ela parou de digitar. Aquela porra de rubor adorável subiu por seu pescoço novamente, e eu sorri sob a máscara. Eu amei ser a causa dessa vermelhidão.
— Sexuais? — ela perguntou enquanto levantava os olhos da tela para mim.
— Ah, sim, Cacheada — eu disse, me inclinando para frente e apoiando os cotovelos nos joelhos. — Você ficaria surpresa com as coisas que as pessoas me pagaram para dizer a elas. — Eu a observei engolir a saliva novamente, minha mente se desviando para outra coisa que ela poderia também engolir. E quando sua próxima pergunta saiu ofegante e tensa, eu sabia que tinha acabado. Quin estava prestes a ser uma mosca presa na minha teia.
— Que tipo de coisas? Eu sorri.
uitas pessoas têm certas fantasias, e elas gostam de me contar. Você já ouviu falar de tara em humilhação ou elogios, Quinlan?
O rubor passeou do seu pescoço até as bochechas enquanto ela tentava rir.
— Já ouvi falar, sim. Não posso dizer que já experimentei. Eu nunca julgaria ninguém por suas fantasias, mas realmente não entendo toda essa coisa de humilhação. Não sei por que alguém iria querer ser degradado assim.
— Há muitas razões. Para algumas pessoas, é uma libertação. Eles podem se soltar no quarto e deixar outra pessoa no comando. O tabu envolvido nisso gera uma grande excitação para muitas pessoas. — Se ela não parasse de morder aquele lábio inferior… Eu respirei fundo e continuei: — De qualquer forma, as pessoas vêm me pedir para falar pequenas frases e me mandam tokens e tudo por isso, o que é apenas uma maneira elegante de me pagar.
— Então você ganha dinheiro para se sentar aqui, fazer streamings e vencer competições, mas você também joga com as fantasias das pessoas a seu respeito?
— Não sei se seria correto dizer que são fantasias sobre mim especificamente, mas, sim.
— Ah, eu tenho certeza de que são. As pessoas têm fascínio por personalidades da internet. Especialmente pessoas como você, que têm todo esse mistério sexy sobre si. Com essa voz profunda e a máscara, traz à tona as fantasias com mascarados que existem em todos nós.
— Todos nós? — eu perguntei, me recostando na cadeira e dando um sorriso por baixo da máscara. — Isso te inclui, Quinlan? Você tem uma queda por máscaras? — Inclinei a cabeça para o lado e deixei meu olhar vagar por seu corpo antes de retornar ao seu rosto. Quin encontrou meu olhar e não vacilou, mesmo que eu visse seu peito subir e descer um pouco mais rápido. Saber que incitei essa reação nela fez o sangue correr direto para o meu pau.
Tive de lutar contra um gemido. Eu queria cruzar o espaço que nos separava e mostrar a ela meu lado sombrio, mostrar a Quin tudo o que eu poderia fazê-la sentir. Eu queria mostrar a ela que se pudesse confiar em mim por uma noite, a faria sentir tudo o que tinha medo de sentir. Quin moveu as pernas e esfregou as coxas sutilmente. Ela estava com tesão? Talvez eu não fosse o único a sentir a quantidade estúpida de cargas elétricas entre nós. Ela limpou a garganta.
— Eu pensei que era eu quem deveria fazer as perguntas, não? — Ela estava tentando mudar de assunto. Eu me levantei e caminhei até ela, tirando algumas de suas coisas do caminho e se sentando à sua frente.
— Sim, Quinlan. Vá em frente. Faça as perguntas. — Eu propositadamente abaixei a voz uma oitava só para deixá-la um pouco mais desequilibrada.
Esta entrevista rapidamente se transformou em algo muito mais perigoso, mas eu não estava disposto a lutar contra isso. Havia algo em Quinlan que me atraía. Eu queria vê-la rastejar para mim. Eu queria despi-la, amarrá-la com belos nós e
provocá-la até o limite. Eu me recostei no sofá e voltei meu olhar para ela.
— E sua infância, Coringa? Esse assunto está fora dos limites? — Ela sorriu para mim, e eu me vi sorrindo de volta. Fiquei desapontado por Quin não ter mordido a isca, mas ainda era só o começo.
— Nem tudo — respondi.
— Ok. Vamos começar do início. Você sempre foi um nerd? — Quin olhou para mim, e seu sorriso era puro flerte.
— Um nerd? Seu trabalho é entrevistar pessoas como eu. Você insulta todas as pessoas que entrevista, Cacheada? Ou apenas as que acha atraentes?
Ela jogou a cabeça para trás e riu, batendo levemente no meu braço e expondo o comprimento cremoso do pescoço; em seguida olhou para mim.
— É ousado de sua parte assumir que eu te acho atraente. Como seria possível? Eu só consegui ver seus olhos.
— São olhos bonitos, não?
Ela fez uma pausa e olhou para mim.
— São. — Ficamos nos encarando por um momento, apenas olhando um para o outro. Eu me perguntei se Quin podia sentir a atração gravitacional que parecia estar nos mantendo próximos, implorando para que nos tocássemos. — Continuando então. Quando essa obsessão por jogos e coisas de computador começou?
— Quando eu era muito jovem, acho que já tinha interesse por isso, mas éramos pobres demais para comprar qualquer equipamento para entrar nesse mundo. Quando estava no ensino médio, consegui um emprego depois das aulas e nos fins de semana. Economizei muito, e depois comecei a gastar muito. Consegui montar um setup. Quando tinha tudo o que precisava, consegui me concentrar realmente em jogar.
— Então, em vez de passar seus anos de ensino médio com garotas, você decidiu ficar acordado a noite toda jogando. E você não se chamaria de nerd? — ela brincou.
— Confie em mim, se as garotas estivessem interessadas naquela época, eu teria saído com elas.
— Acho isso difícil de acreditar. As garotas não estavam interessadas em você? — Suas sobrancelhas se uniram enquanto digitava algumas anotações no laptop.
— Um menino comprido como um espaguete que não sabia se vestir ou dizer algumas frases coerentes perto das garotas? Eu não era bem um partidão, querida. Foi só na faculdade que comecei a ganhar corpo e me preocupar em cuidar de mim mesmo. Não que eu seja um fisiculturista, mas ganhei alguns músculos, comecei a me importar com a aparência… — Deixei a frase sem terminar.
Quin mordeu o lábio inferior enquanto digitava no teclado.
— E você fez qual curso na faculdade? — ela perguntou, olhando para mim por baixo de seus longos cílios.
— Ciência da Computação.
— Que chocante.
— Minha vida meio que deu uma guinada na faculdade. A confiança que ganhei fora do quarto começou a se traduzir em confiança dentro do quarto. Comecei a ganhar reputação por um certo tipo de… experiência, quando se tratava de sexo.
Ela tentou esconder um sorriso, mas eu vi a pequena contração de sua boca antes que se recuperasse. Se eu a conhecesse bem, teria pensado que Quin estava interessada no que exatamente eu quis dizer.
— E isso o levou a toda… — Ela fez uma pausa, e eu podia vê-la tentando encontrar as palavras certas para o que estava tentando dizer. — Isso o levou a toda essa questão de dizer coisas sensuais para as pessoas em transmissões online?
— Eventualmente — eu respondi. — Comecei a notar as garotas com quem eu falava reagindo de uma certa maneira à minha voz e às coisas que eu dizia. Então, quando saí da faculdade, comecei a fazer streaming em tempo integral e pensei em fazer uns testes com esse tipo de fetiche. E funcionou. Então achei que poderia ser pago por isso.
— Sim, mas agora você tem que se esconder o tempo todo. Isso não o fez se sentir solitário? — Sua pergunta me pegou desprevenido, e eu tive de pensar um momento antes de responder. Eu me sentia solitário?
— Há muitas pessoas que não fazem parte deste mundo em que estou mergulhado — eu disse a ela enquanto pensava em voz alta. — Eu normalmente posso sair, que ninguém vai me reconhecer. Ninguém conhece minha aparência, e seria preciso alguém que conhecesse muito bem meu conteúdo para reconhecer minha voz. Muitos caras têm vozes profundas. E eu tenho que encher a dispensa de alguma forma.
Ela riu da minha piadinha e então inclinou a cabeça enquanto me olhava de cima a baixo.
— Me conte algumas das coisas que as pessoas pedem — ela soltou. Eu pisquei. Isso pareceu ter surgido do nada. Quin olhou para mim com uma pequena faísca em seus olhos ao lançar esse desafio.
Eu realmente mostraria a ela esse meu lado?
A resposta era sim. Porra, e como.
Afinal, meu pequeno animal de estimação queria brincar.
— Isso tem que ser em off, Quinlan. Eu não quero que as pessoas pensem que eu tirei vantagem de você, e não quero que você pegue isso e distorça minhas palavras para fazer parecer que eu disse essas coisas de maneira inadequada.
Ela respirou fundo, aparentemente se equilibrando, e fechou o laptop com um clique satisfatório. Quin se certificou
de que todo o restante estivesse desligado e colocou tudo no chão, aos nossos pés.
Ela se virou para mim, cruzando as pernas como um pretzel. Coloquei meu braço no encosto do sofá e estendi a mão, correndo os dedos pelo seu cabelo. Porra, era macio.
— Melhor? — ela perguntou, a voz tremendo ligeiramente.
Eu balancei a cabeça.
— Você quer jogar um jogo comigo, Quinlan?
Ela parecia insegura, mas respirou fundo antes de responder:
— Sim.
Eu sorri.
— Você vai ser uma boa garota para mim esta noite, Quinlan?
Seus olhos se arregalaram, mas ela não respondeu. Quin não percebeu que seria aqui que a noite ia dar uma guinada. Foi a minha vez de assumir esta pequena entrevista e transformá-la em algo muito mais divertido para nós dois.
— Eu lhe fiz uma pergunta — eu disse. — É do seu interesse responder. Não gosto de ter de repetir. — Segurei seu cabelo com mais firmeza, apenas o suficiente para que ela sentisse que começava a tensionar seu couro cabeludo. — Vou pedir mais uma… vez. — Minha voz desceu ainda mais, e eu vi sua garganta se mover enquanto ela engolia. — Você vai ser uma boa menina para mim esta noite?
Quin assentiu, os olhos arregalados e travados em mim.
— “Sim, senhor” é a resposta apropriada.
Ela respirou levemente pelos lábios entreabertos, e, em seguida, com um suspiro, o som mais doce possível saiu de sua boca.
— Sim, senhor.