A Bela e o Bilionário - Primeiros Capítulos

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TRADUÇÃO: ANA CAROLINA CONSOLINI
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1ª EDIÇÃO – 2021 RIO DE JANEIRO

Copyright © 2018. Beauty and the Billionare: a dirty Fairy tale

Copyright © 2021 allBook editora

Direção Editorial

Beatriz Soares

Tradução

Ana Carolina Consolini

Preparação e Revisão

Clara Taveira e Raphael Pelosi Pellegrini

Modelo Chad Hurst

Fotógrafa

Michelle Lancaster

Capa Original

Mayhem Cover Creations

Adaptação de Capa

Flavio Francisco

Projeto Gráfico e Diagramação: Cristiane Saavedra | Saavedra Edições

Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Os direitos morais do autor foram declarados.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Meri Gleice Rodrigues de Souza – Bibliotecária – CRB-7/6439

L247b Landish, Lauren.

1.ed. A bela e o bilionário / Lauren Landish ; tradução Ana Carolina Consolini. - 1 ed. – Rio de Janeiro : AllBook, 2021.

304 p.; 16 x 23 cm.

Tradução de: Beauty and the billionaire

ISBN: 978-65-86624-37-3

1. Romance americano. I. Consolini, Ana Carolina. II. Título.

CDD 813

21-68612

CDU: 82-31(73)

2021

PRODUZIDO NO BRASIL.

CONTATO@ALLBOOKEDITORA.COM

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PRÓLOGO

Mia

A escuridÃo É compLeta, me envoLvendo como um manto de veLudo negro, macio e cheio de textura contra a minha pele nua. Sinto calafrios, o ar faz com que eles aumentem ainda mais.

Meu corpo, exausto depois do último desafio, ainda treme enquanto tento encontrar forças para me mover. É tão difícil, o sono ainda me puxando mesmo que meu instinto me diga que alguma coisa se esconde na escuridão.

Um som macio de pés no tapete, e eu posso senti-lo. Ele está aqui, me olhando, invisível, mas sua aura me alcança, acordando meu corpo como um toque sutil e suave de uma pena bem nos centros de prazer do meu cérebro. Excitação corre pelas minhas coxas, um novo calor se espalha com as recordações da última vez. Eu nunca senti nada assim antes, meu corpo usado e abusado, batido e levado à loucura... E completamente preenchido com prazer de uma maneira que eu nunca pensei ser possível.

Foi tanto de uma só vez, que eu nem me lembro de estar deitada, só de uma explosão de êxtase que me levou à inconsciência... Mas agora meus sentidos retornaram, e eu sei que ele ainda está lá, me analisando, me caçando, me desejando.

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Como ele ainda pode ter forças? Como, quando cada músculo do meu corpo já foi levado ao limite? Como ele ainda pode querer mais?

Minhas narinas se alargam, e posso sentir seu cheiro. Rico, masculino... Feral. Um homem como nenhum outro, que pode me dividir em pedaços com o mínimo de esforço. Sua respiração, macia, mas irregular, provando o ar, me faz imaginar a conquista que está por vir.

Outro sussurro no escuro, e o medo desaparece completamente, substituído por uma alta de sensações únicas.

A luz da lua diminui agora, no auge da madrugada, quando a noite é mais escura do que nunca.

O suor em minha pele e o frescor da excitação se acumulam entre as coxas.

Ele se aproxima, ainda escondido pela escuridão, uma forma nas profundezas da noite, pronto para um novo tipo de aventura.

Ele alcança minha panturrilha, e com seu toque, eu começo a tremer. Eu deveria resistir, deveria dizer que não aguento mais. Ele já conseguiu o que queria. O que mais pode haver?

Inala, seu nariz pegando meu cheiro, e o conhecimento chega para mim como uma revelação que escolhi ignorar.

Ele me quer como sua. Não apenas como uma companheira de cama, nem simplesmente uma conquista que ele consegue e depois descarta. Ele quer me possuir totalmente, inteira, corpo e alma.

Mas eu posso?

Posso me entregar para um homem cuja mera presença inspira medo e pavor?

Posso arriscar a fúria que vi direcionada a outras pessoas vindo direto em minha direção?

Sua língua surge, acaricia aquele ponto que ele descobriu bem atrás do meu joelho direito, que eu nem sabia existir antes de ele o encontrar, minha perna esquerda caindo para o lado como se tivesse vida própria enquanto minha fome por mais aparece para me trair.

Eu estou confusa, meu coração, acelerado... Mas meu corpo sabe o que quer.

Ele ri, um sopro de ar que faz cócegas no interior macio das minhas coxas enquanto ele para seu hálito quente passando pela minha vulva. Ele passa suas mãos por baixo das minhas nádegas, eu o sinto se ajustar no colchão se preparando para seu banquete.

— Deliciosa — ele grunhe, e sua língua me toca...

E eu estou acabada.

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CAPÍTULO 1

Mia

A batida da mÚsica passa peLo ar com tanta ForÇa, Que eu posso sentir meu peito vibrar junto. Enquanto olho para a tela, minha cabeça sacode no ritmo da música.

Houve muitas pessoas me perguntando como posso trabalhar assim, mas é dessa maneira que a mágica acontece. Tenho três telas de computador, cada uma delas dividida ao meio com dados chegando a todo momento. Estou terminando minhas análises, já passei por cada mínimo detalhe e agora estou juntando tudo.

Para isso, eu preciso de música, e nada faz meu cérebro funcionar melhor do que uma boa música techno.

Posso ouvir a porta do meu escritório vibrando na sua armação e fico feliz por ter conseguido meu pequeno pedaço de paraíso aqui embaixo no porão do Edifício Goldstone.

Claro, meus métodos são estranhos, e eu sou uma figura solitária, considerando que estou num escritório na lateral do prédio e tenho como vizinhos duas salas de armazenamento de arquivo, uma de cada lado, mas isso é só porque eu preciso desse ambiente para conseguir trabalhar.

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Francamente, eu não estava totalmente segura de que seria capaz de manter esse emprego, considerando o número de reclamações que eu tive nos meus primeiros seis meses. Parte disso, é claro, são minhas ocasionais explosões — comigo mesma, quero deixar claro — e mais frequentemente em russo, então ninguém consegue me entender.

Isso, junto com minha cantoria aleatória e minhas músicas me rotulou como uma “distração no ambiente de trabalho” e “uma pessoa difícil de se trabalhar”.

Mas os caras importantes viram o valor que eu trago para a empresa com minha análise de dados.

Então, como uma última chance, fui mandada aqui para baixo, onde as paredes são grossas, os vizinhos são papéis e ninguém se importa que minha voz seja horrível enquanto canto.

Funcionou para eles, e, mais importante, funcionou para mim.

E aqui estou eu, há quase seis anos, trabalhando com análise de dados e tendências de mercado, fazendo pessoas ricas ficarem mais ricas.

Não que a empresa me trate mal. Eu ganhei um bônus por sete trimestres seguidos, e sempre cuidei dos meus próprios investimentos.

Para uma garota que ainda tem alguns anos pela frente antes de chegar aos trinta, até que estou fazendo um considerável pé-de-meia.

Mas estou cansada disso. Além de trabalhar com alguns arquivos diferentes de tempos em tempos, eu quase nunca vejo alguém durante o dia, o que eu acho que seja tudo bem. Eu nunca fui uma pessoa que gostasse desse clima de escritório.

Por outro lado, eu posso usar minha faixa de cabelo azul e rosa e não ter que encarar os olhares julgadores que outras pessoas me dão. E eu não tenho que explicar as letras das músicas quando eu decido cantar.

— Mais uma da nossa querida terra natal! — eu exclamo quando acho o que estou procurando.

Essa não é uma tarefa difícil, é mais como uma otimização da análise de dados para uma subsidiária da Transportes Goldstone. Mas eu prefiro celebrar cada vitória, não importa quão grande ou pequena ela seja, com alegria. Deslizei todos os dados para meus monitores laterais e abri um documento em branco no monitor central e comecei a digitar. Já incluí as partes mais importantes que os executivos e vice-presidentes gostam de ver, já posso marcar essa caixinha com um “ok”, e isso é algo que meu pai entenderia, dado seu passado. Afinal, ele é russo. Ele entende sobre burocracia.

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Finalmente, quando meu relógio élfico que está em cima da porta anuncia que já é meio-dia, eu salvo meu trabalho e envio para meu supervisor.

— Diretamente da Rússia... Um relatório para acabar com você.

Ok, não é a minha melhor frase de efeito, mas isso é apenas outra esquisitice minha. Enquanto eu sou tão americana quanto uma torta de maçã, eu gosto de homenagear minhas raízes, especialmente no trabalho, só não sei por quê. Parece que me ajuda, então eu faço.

Indo até o elevador, eu subo até o térreo, pulo no meu pequeno Chevy e dirijo até meu lugar favorito, uma lanchonete chamada The Gravy Train. Um lugarzinho estilo retrô, como aquelas lanchonetes antigas, que tem a melhor comida da cidade, incluindo um sanduíche de frango frito que é de morrer.

Enquanto dirijo, olho em volta da minha cidade natal e ainda me surpreende quão grande ela parece estar esses dias. A principal razão disso, é claro, é devido ao grande e negro edifício no lado norte da cidade, Blackwell Industries. Há trinta anos, o senhor Blackwell montou seus principais escritórios aqui, na pacata cidade de Roseboro, e proclamou que ela seria a ponte entre Portland e Seattle. Muitas pessoas zombaram, mas ele estava certo, e Roseboro tem sido a beneficiária dessa visão perspicaz dele.

Tive muita sorte, vendo a cidade literalmente crescer junto comigo. Roseboro é tão grande que agora algumas pessoas a classificam em pé de igualdade com Portland e Seattle, dizendo que é um triângulo das melhores cidades.

Cheguei ao The Gravy Train a tempo de ver o outro motivo pelo qual sempre venho aqui durante minha hora de almoço acenar para mim pela janela. Isabella Turner, a Izzy, tem sido minha amiga desde a primeira série, e eu a amo como se fosse minha própria irmã.

Quando entro, vejo que ela desata seu avental e entra para uma das cabines disponíveis. Seu cabelo normalmente de uma rica cor castanha, hoje parece oleoso e arrepiado, e as bolsas abaixo de seus olhos estão tão grandes, que ela poderia carregar seu uniforme dentro delas depois do turno.

— Ei, querida, você parece exausta — eu digo como forma de cumprimento, dando a ela um abraço de lado enquanto deslizo no mesmo banco que ela. — Por favor, não me diga que ainda está trabalhando em turnos dobrados.

— Eu tenho que trabalhar assim — Izzy responde enquanto se encosta em mim e devolve meu abraço. — Preciso pagar as contas, e fazer esses turnos me dá a chance de ter um pouquinho que seja a mais. Vou precisa desse dinheiro quando as aulas recomeçarem.

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— Você sabe que não precisa — digo a ela pela milionésima vez. — Você pode pegar empréstimos estudantis como o resto de nós.

— Eu prefiro não o fazer se eu não tiver realmente necessidade disso. Eu já devo o suficiente sem esses empréstimos.

Ela tem razão. Izzy teve uma vida difícil e passou por maus momentos que a deixaram com mais e mais dívidas, e esses empréstimos estudantis já são difíceis o suficiente sem qualquer outra coisa para atrapalhar.

Por mais que ela sempre recuse, eu preciso oferecer de novo, sempre pensando que dessa vez ela vai aceitar.

— Mesmo assim, se você precisar de alguma coisa... Eu sei, já falei isso antes, mas você sempre pode vir morar comigo. Eu tenho espaço lá em casa.

Izzy funga, finalmente me dando um sorriso.

— Você quer dizer que você precisa de alguém que fique acordado com você até as duas da manhã nos finais de semana só para jogar videogame.

Antes que eu possa acertá-la nas costelas, o sino acima da porta toca, e o terceiro membro da nossa pequena festa entra, Charlotte Dunn. Uma garota linda, que tem olhares a seguindo por onde quer que passe, com seu longo e naturalmente brilhoso cabelo ruivo. Ela desliza na cabine do lado oposto ao meu e de Izzy, parecendo exausta também. Ela se acomoda, suspira longamente, e Izzy olha para ela.

— Manhã difícil para você também?

— Eu acho que andar de costas e enfiar minha cabeça num barril de óleo quente é melhor do que trabalhar na recepção da antessala do inferno — ela brinca. — Não é como se alguma coisa tivesse acontecido.

— Então, qual é o problema? — eu pergunto, e Charlotte sacode a cabeça. — O quê?

— É só porque todos que passam por ali parecem ter um elefante de três toneladas sentado nas costas. Eles não sorriem, não cumprimentam, mesmo que eu tente fazer alguma coisa. É muito deprimente — ela responde. — Você deu sorte, achou seu pedacinho do céu.

— Cara, por favor. Eu trabalho sozinha nas profundezas mais esquecidas de um calabouço conhecido como porão — aponto. Charlotte funga.

— Mas você gosta desse jeito!

Ela não está errada, então eu nem me incomodo em discutir, em vez disso, continuo a provocá-la.

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— E posso usar qualquer roupa e trabalhar da maneira que eu quiser. Nossa atendente, uma das colegas de Izzy, se aproxima com seu bloco de anotações.

— O que posso trazer para vocês, meninas?

— Alguma coisa sem cebola ou tempero — Izzy responde, meio grunhindo. — Talvez Henry possa me fazer um queijo-quente?

— Certo. E vocês, meninas?

Fazemos nossos pedidos e esperamos. Charlotte me olha novamente, cheia de inveja, balançando a cabeça.

— Sério, Mia, não consigo parar de olhar para sua roupa de hoje. Você está tentando mostrar suas curvas por ai?

— Que curvas? — eu pergunto, olhando para minha camisa de banda do dia. É só o logo do BTS, duas colunas gêmeas num fundo preto.

— Ei, você está um arraso. — Charlotte ri. — Serviu perfeitamente na sua comissão de frente.

Eu rolo os olhos. Charlotte sempre parece ver algo em mim que eu não consigo ver. Os homens não parecem me achar interessante o suficiente. Ou os homens que eu acho interessantes não me acham boa o bastante.

Virando o jogo para ela, novamente, pergunto:

— Como estão as coisas? Aquele cara do financeiro foi até a recepção de novo para pegar seu telefone?

Charlotte funga.

— Não. Eu o vi outro dia, mas tudo bem. Ele que está perdendo. Ela faz uma jogadinha de cabelo, e não consigo evitar um sorriso. Ela nem sempre teve sorte com os homens, mas nunca desiste e sempre tem uma atitude positiva. O lema dela é “enquanto não encontro o cara certo, me divirto com os errados”. Talvez não seja a melhor filosofia de vida, mas garotas têm suas necessidades, e às vezes é legal ter um orgasmo que não seja com o vibrador.

Nós comemos nossos almoços, conversando e colocando a fofoca em dia e falando merda como sempre. Nunca temos conversa acumulada, já que almoçamos juntas pelo menos uma vez por semana, se não mais, mas ainda assim é legal estar sempre atualizada. Izzy e eu somos amigas há muito tempo, e Charlotte, eu conheci na faculdade. Elas são importantes para mim.

— Quando as aulas recomeçam, Izz? — Charlotte pergunta. — Para que você possa, sei lá, dormir umas oito horas por noite e não ficar batendo cabeça por aí.

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Izzy resmunga.

— Cedo demais para o meu gosto. Mas se eu puder juntar dois semestres em um...

— Espera aí, dois? — pergunto em choque. — Querida, você é tipo uma super-ultra-mega veterana agora. É sério, alguns dos professores devem ser mais novos que você.

— Ei, a gente tem a mesma idade! — Izzy protesta, mas logo se acalma.

— Sabe, outro dia um calouro veio me perguntar se eu era uma professora substituta.

— Ai, essa doeu — Charlotte disse. — E o que você respondeu?

— Eu disse onde ficava o centro acadêmico e recusei seu convite para sair. É sério, eu nem conseguia saber se ele já se barbeava ou não. Eu não tenho tempo, nem paciência, para ensinar garotinhos de dezoito anos que se acham homens o que é e onde está o clitóris.

Charlotte e eu rimos e damos tapinhas em suas costas.

— Você vai chegar lá no seu próprio tempo, amiga. Mas por que a espera?

— Principalmente por conta do estágio — Izzy admite. — Eu posso me virar com as aulas e o trabalho aqui, ou um estágio e o trabalho, mas não consigo lidar com as aulas, estágio e o trabalho por aqui. Em um dia não existem horas suficientes para isso.

Eu concordo, sabendo que Izzy tem planos e sonhos. Mas, diferente da maioria das pessoas, ela está lutando, se sacrificando e trabalhando mais do que todos para conseguir alcançar seus objetivos.

Nós mudamos de assunto, como sempre fazemos, até que tenhamos falado sobre tudo e todos e minha barriga se sinta como ela mesma de novo, sem que eu corra o risco de desmaiar na minha mesa depois do almoço.

Passando um guardanapo para limpar a boca, lanço um olhar para meu telefone, vendo a hora.

— Então, Char... Pedra, papel, tesoura?

— Não, senhora, dessa vez é por minha conta! — Charlotte diz, rindo igual criança enquanto eu me jogo em cima de Izzy, impedindo que ela pegue a conta e nos deixe pagar. Charlotte agarra o pedaço de papel e corre para o balcão.

— Ei! Ei, porra! — Izzy reclama. — Eu...

— Deveria ficar quieta e deixar suas amigas pagarem o almoço pelo menos uma vez... — eu sussurro. — Ou então vou usar minha técnica russa secreta e deixar você paralisada só de apertar seus pontos de pressão!

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— Ah, tá bem, já que você falou tão gentilmente. Charlotte volta e sorri para Izzy.

— Relaxa, Izz. Você rala pra caramba e já nos pagou almoços demais antes. Você tem permissão para me deixar pagar um de vez em quando.

— Todas nós poderíamos pagar algo um pouco mais. — Izzy ri. — Sério, nesse momento, eu me contentaria com uma saída rápida, só uma noite. Sem compromisso, sem problemas, apenas uma boa conexão antiquada. Contanto que ele tenha mais de vinte anos, pelo menos — ela diz com um revirar de olhos.

— O cara errado, mas no momento certo? — Charlotte pergunta, e Izzy concorda. — Hum, se você o encontrar, por favor, dê meu endereço. Eu continuo encontrando homens maravilhosos... dois meses depois de eles terem encontrado a mulher das suas vidas. Os solteiros que passam pelo meu caminho são cachorros.

— Você só precisa se certificar de dar a eles um número de telefone errado e um banho antipulgas para aproveitar o final de semana — eu provoco, embora ela saiba que eu nunca faria nada parecido com isso.

— Estou sozinha, mas tenho pilhas recarregáveis.

Todas nós rimos, e meu telefone toca. Eu o puxo, verificando a tela.

— Merda, meninas, é meu chefe. Aqui diz que ele tem um trabalho urgente para mim.

— Como ele está, afinal? — Charlotte pergunta quando eu termino minha bebida rapidamente. — E você já começou a trabalhar para o Menino de Ouro?

— Não, eu nunca o vi, exceto pelas coisas de publicidade — eu respondo honestamente. — Ele está na cobertura. Eu, no porão. Vinte e quatro andares entre nós. De qualquer forma, eu tenho que ir, então falo com vocês depois, ok?

— Sim... Eu vou relaxar pelos próximos dez minutos antes de precisar voltar também — Izzy diz, se alongando. — Me liga depois?

Eu aceno, mando um beijo e volto para o trabalho.

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CAPÍTULO 2

Thomas

OLhando para Roseboro, me sinto como se estivesse oLhando para meu império.

Claro, estou brincando... Ou não.

Vinte cinco anos atrás, essa cidade era só o subúrbio do subúrbio de Portland. Embora ela já estivesse passando pelo seu processo de crescimento, eu gostaria de pensar que, durante os últimos seis anos, eu adicionei a minha marca a esse lugar.

Eu terminei meu MBA em Stanford e me estabeleci na cidade em crescimento, vendo a paisagem mudar e cultivando os interesses comerciais que me servem melhor. Porque eu não fiquei só sentado assistindo as coisas acontecerem. Eu trabalhei duro para deixar a Goldstone onde ela está agora.

Ainda assim, certifiquei-me de manter a competição à vista, literalmente.

Meu escritório está de frente para o Edifício Blackwell, um espaço de menos de dois quilômetros separa os dois prédios mais altos da cidade. Isso me ajuda a manter as coisas em perspectiva. Eu vim para a cidade porque vi potencial, mesmo que Blackwell já tivesse criado algo grande aqui.

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Mas este lugar é muito fértil para ele aproveitar sozinho. Uma roseira que, se bem cuidada, pode fornecer mais flores do que qualquer homem poderia sonhar.

Eu assisto ao sol da manhã bater na torre negra. Vou dar a Blackwell meu respeito, porém relutantemente. Seu design pode ser mórbido, mas também é de ponta. Todo esse preto está absorvendo a energia solar e usando-a para eletricidade e aquecimento. O homem era a favor do meio ambiente antes que isso se tornasse moda.

Uma pena que você nunca vai ser igual. Você só está fingindo, outro empresário novo que nunca vai se segurar através do tempo.

Eu rosno, afastando a voz de dentro da minha cabeça, mesmo que eu saiba que ela vai voltar. Ela nunca desaparece por completo, pelo menos não por muito tempo. Não importa o quanto eu consiga alcançar, essa voz de insegurança ainda reside dentro de mim, pronta para lançar dúvidas e sombras em cada sucesso.

O som suave do meu computador me faz lembrar que meus dez minutos de meditação matinal terminaram, e eu volto para minha mesa olhando através do meu escritório. Não é nada luxuoso. Eu projetei esse espaço para máxima eficiência e produtividade.

Então minha cadeira Herman Miller não está aqui apenas por ser um luxo, ou pelo seu estilo preto e cromado, mas pelo fato de ser classificada como a melhor cadeira para produtividade. O mesmo acontece com minha mesa, meu computador, tudo.

Tudo está em sintonia com o uso eficiente do meu tempo e seus esforços. Eu começo passando por minhas tarefas da manhã, respondendo aos e-mails que minha secretária, Kerry, não pode responder por mim e tomando uma enxurrada de decisões sobre projetos que a Goldstone está trabalhando.

Finalmente, assim que o relógio da minha terceira tela toca à uma da tarde, eu envio minha mensagem final e me levanto. Bloqueando meu computador, transfiro tudo para o meu servidor no andar de cima, caso precise.

Eu vejo Kerry sentada em sua mesa quando saio do meu escritório. Ela está bem vestida como de costume, com a pele bronzeada e cabelo preto brilhando suavemente sob a iluminação do escritório, o epítome perfeito de uma assistente executiva profissional. Enquanto ela trabalha para mim, tem esse instinto protetor de irmã mais velha. Não é sempre que preciso, mas eu aprecio que ela cuide de mim.

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— Precisa de algo, senhor Goldstone? — pergunta.

— Estou apenas indo lá para cima — digo a ela.

— É claro — responde, seus olhos se voltando para a tela do computador. — Apenas um lembrete, senhor, o governador realizará seu evento de caridade hoje às sete. Eu já levei seu smoking para ser lavado a seco e seu transporte já está acertado. Seu carro estará pronto no andar de baixo às três da tarde.

Eu dou-lhe um aceno com a cabeça. Três da tarde me dá tempo suficiente.

— Acabei de lhe enviar uma lista de outros projetos para trabalhar.

— Claro, senhor Goldstone. Eu estava passando por ele e recebi um de Hank também, o líder da equipe para quem você designou o contrato de transporte de Taiwan. Ele disse que vai tirar um dia de folga na sexta-feira, senhor. A filha dele vai para a faculdade este ano, e ele prometeu que a levaria para se instalar no dormitório.

Eu paro, franzindo meus lábios.

— Qual o nome dela?

Kerry bate em sua mesa por um momento, procurando em sua memória.

— Erica, senhor.

— Diga a Hank que eu entendo e desejo a Erica o melhor, mas se ele não estiver no trabalho na sexta-feira, não precisa se preocupar em vir na segunda.

Meu tom aumentou, e os olhos de Kerry se apertam, mas ela sabe que Hank está cruzando a linha. Ele deveria saber, especialmente quando está trabalhando em um contrato tão importante.

Ele geralmente é um bom funcionário. Mas ele sabia que sua filha estava começando as aulas. Não há desculpa para isso.

Nenhuma desculpa para você, você quer dizer. O fracasso desce diretamente do escritório do chefe até Hank, isso é tudo.

Saindo do 25º andar, eu pego as escadas e subo um nível para esticar as pernas. Muitas pessoas sequer sabem da existência desse andar em específico, além de alguns executivos. Para todos os outros, o Edifício Goldstone tem apenas 25 andares.

O 26º é meu. É a minha cobertura, e embora não seja tão grande quanto os outros andares, ainda representam seis mil metros quadrados de espaço só para mim.

Eu tiro minha camisa, gravata e calça, deixando tudo na lavanderia antes de vestir minhas roupas de ginástica.

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Hoje é o dia da parte superior do corpo e, quando entro em minha academia, balanço os braços para soltar os ombros. Eles serão condenados hoje. Começo com supino, punindo meu corpo, me levando ao limite ao levantar a barra de pesos mais uma vez, para levantar a porra dos halteres apesar da dor, apesar da gravidade chutar minha bunda.

Assim como todo o resto chuta sua bunda.

A parte final de hoje é brutal, mesmo para mim. Os trezentos... Cem burpees, cem mergulhos e cem flexões, em conjuntos de dez, sem parar. No momento em que termino, há poças de suor pelo chão emborrachado da academia.

Eu tenho de me forçar a ficar de pé, porque eu me recuso a ser quebrado por qualquer coisa, até mesmo por algo tão sem sentido quanto um treino que deveria fazer exatamente isso.

Em vez disso, vou para um banho rápido e medito por vinte minutos em seguida. Preciso me concentrar, porque dirigir a Goldstone é um exercício mental.

Fechando os olhos, eu me forço a afastar todas as responsabilidades, deixar tudo desaparecer no fundo da mente. Eu afasto os flashbacks, a voz em minha cabeça, as memórias que me ameaçam de vez em quando e imagino meu mundo perfeito... Meu império. Minha Roseboro perfeita, pétalas de rosas vermelhas como veludo desabrochando para sempre, prontas para serem passadas da minha geração para a próxima para cuidar.

Eu sei que posso fazer isso.

Eu tenho de fazer isso.

Ao mudar para meu smoking, desço as escadas para a limusine recém-lavada esperando para me levar para esse evento. A Biblioteca Cívica de Roseboro é um dos mais novos prédios públicos da cidade, um belo edifício de cem mil metros quadrados em três alas de dois andares. A ala central tem o nome de Horatio Roseboro, que fundou a cidade em memória de sua filha, falecida na trilha do Oregon, enquanto as outras duas alas foram nomeadas para os principais benfeitores... Goldstone e Blackwell. Meu único pedido foi que a ala Goldstone contivesse a seção infantil, e eles estavam mais do que dispostos a fazer isso.

Hoje à noite, no entanto, é o cenário para um levantamento de fundos para a instituição de caridade favorita do governador. Gary Langlee tende a ignorar Roseboro a maior parte do tempo — não somos, afinal, sua base

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de eleitores — mas, quando chega a hora de conseguir dinheiro, ele vai a qualquer lugar que puder se alguém molhar sua mão com algumas verdinhas. Chego na hora certa, dez minutos antes das sete, para obter o melhor que a imprensa tem a oferecer. Eu tolero essas sanguessugas mais do que gosto delas, mas eu entendo que a mídia tem um propósito e um trabalho a fazer. E existem os legítimos jornalistas que eu respeito. São os paparazzi e os colunistas de fofocas que eu desprezo. Então eu sorrio para as câmeras, dando-lhes um pequeno aceno ou um cumprimento, e aperto as mãos dos políticos da nossa região antes de ir para o salão onde a festa já começou.

— Ah, Thomas! — o prefeito diz, me cumprimentando daquele jeito efusivo que realmente faz os cidadãos gostarem dele. — Estou tão feliz que você conseguiu vir.

— Você me conhece, nunca desperdiço a chance de aparecer para a imprensa — eu respondo, fazendo-o rir. Ele sabe que estou mentindo, mas acha que só estou aqui por conta das notícias e da boa publicidade que esse evento pode gerar para o grupo Goldstone. A realidade é bem diferente. Enquanto o governador Langlee e eu não concordamos em tudo que diz respeito às políticas públicas, eu realmente estou de acordo com as metas do evento de hoje à noite.

— Tenho certeza de que você vai aproveitar a festa. Limpando a garganta, ele olha em volta.

— Se você não se importa em me dizer, Thomas, existe um boato rondando pela cidade de que a Goldstone está procurando um lugar para alocar a parte de transporte marítimo aqui em Roseboro. Não estou dizendo que não gostaria disso, mas, se você estiver mesmo procurando, eu posso conhecer uma pessoa que acabou de conseguir setecentos e cinquenta acres de terra fora da cidade. São terras da prefeitura, mas tenho certeza de que podemos organizar as coisas.

Esse é o prefeito... Um bom menino para seus eleitores, um negociador sorrateiro para aqueles com dinheiro. O homem poderia vender o túmulo da própria avó, se isso não fizesse dele um idiota.

Oh, assim como você tem sido um ótimo filho.

— Se nós seguirmos em frente com esse projeto, eu vou ter certeza de manter a prefeitura atualizada — digo a ele com um sorriso que se tornou apenas um pouco predatório. — Mas é claro que eu faria minha própria administração na propriedade. Não adianta desperdiçar meu dinheiro quando este poderia ser gasto em um porto adequado em vez de algo em Columbia, certo?

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O prefeito empalidece um pouco, e é justamente isso que eu quero. Um pequeno lembrete de que, embora ele possa ocupar o cargo, eu guardo os fundos que fazem esta cidade prosperar ou falir. Ou, pelo menos, uma parte grande das finanças que fazem isso.

Andando depois de conversar com o prefeito, tento meu melhor para me misturar. Conheço esses rostos. Já os vi antes. Um tapinha nas costas aqui para um amigo. Um elogio para o inimigo a quem você não consegue desafiar em público. Um olhar gelado para o outro lado da sala para as famílias que, de alguma forma, encontraram tempo para se envolver em brigas, apesar de não terem tempo para fazer a diferença no mundo. É tudo velho e, embora alguns possam achar interessante, eu apenas tolero essas coisas para alcançar meu objetivo aqui esta noite.

Finalmente, às nove horas, eu não posso mais continuar com isso. Retiro-me para a seção de crianças, que é relativamente silenciosa em comparação, e olho os livros mais novos à disposição.

— Sabe, não tenho muita certeza se Long Way Down realmente pertence à seção infantil — diz uma voz gutural atrás de mim, e me viro para ver Meghan Langlee, filha do governador.

Ela está usando um vestido da Chanel que se encaixa como uma luva, destacando um corpo muito em forma e um rosto feito para as câmeras. Uma ex-rainha da beleza como sua mãe, Meghan apostou em uma carreira iniciante como especialista política.

— Na verdade, eu pessoalmente insisti nisso — eu respondo, afastando-me dela e olhando para os livros novamente. — Embora o assunto possa ser um pouco sombrio e violento, os dias em que os jovens cresciam precisando de pouco mais do que Andy Griffith Show e lendo Judy Blume estão praticamente acabados.

— Hmm, bem, diria que meu pai desaprovaria, mas entendo o que você quis dizer — diz ela, aproximando-se. — Você sabe, senhor Goldstone... Se importa se eu o chamar de Tom?

— Se você quiser — eu respondo, avaliando-a imediatamente. Ela deve estar tramando algo, está se esforçando demais, com ousadia. Não me surpreenderia se ela tivesse sido enviada para cá em uma missão. O pai dela é uma doninha e não vê problema em usar a filha única dessa maneira.

Ela pega meu braço, como se esperasse que eu a acompanhasse de repente e ficasse feliz em fazê-lo, me dando uma risadinha coquete e falsa.

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— Oooh. Ouvi sobre sua reputação, Tom, de que você é bastante rígido em suas rotinas de condicionamento físico, mas, uau, este smoking está escondendo uma fera embaixo de toda essa lã penteada.

— Alimentação saudável e bons hábitos — eu respondo, já cansado dela e de suas insinuações preguiçosamente paqueradoras. Ela tenta me guiar de volta para o salão principal, e eu sigo simplesmente para evitar qualquer problema, mas quando ela vê alguém da imprensa e tenta nos levar naquela direção, puxo meu braço de seu aperto. — Com licença, senhorita Langlee. Ela parece surpresa, raiva se escondendo em seus olhos. Duvido que ela esteja acostumada a ter algo negado. Ela procura por meu braço e o agarra de novo, chegando perto de mim.

— Vamos lá, Tom. Tenho certeza de que podemos nos divertir um pouco. Não posso mais suportar isso, puxo meu braço para longe do seu aperto, endurecendo minha voz.

— Desculpe, mas não tomei minhas vacinas de raiva esse ano.

Vou embora, me amaldiçoando por não ter me segurado naquele último momento.

Recusar seus avanços? Isso é uma coisa.

Mas essencialmente chamá-la de cadela raivosa é outra totalmente diferente.

— Algum dia desses, você vai deixar alguém importante realmente puto — ela diz ameaçadoramente para as minhas costas. Quando eu não respondo, ela pisa no chão com força, igual uma criança fazendo birra, alto o suficiente para que ultrapasse o burburinho da multidão enquanto ela grita. — Bastardo!

Tudo para, e eu aceno, relanceando um olhar para ela por cima do meu ombro com um sorriso charmoso.

— Essa é uma das coisas pelo qual já me chamaram.

Eu continuo, e quando passo pelo governador, ele me olha como se quisesse me matar.

Tentando me alcançar, ele coloca uma mão em meu braço.

— Você sabe, minha filha... — ele começa, tentando se redimir, o que me faz pensar que ele sabia exatamente qual era o plano de jogo de Meghan essa noite.

Eu não o deixo terminar. Eu apenas sacudo seu aperto, ignorando as câmeras em ação. Eu só paro na porta para recuperar meu casaco e tirar um envelope que coloco na caixa de doações.

Não tem um remetente... Mas é assim que eu quero que seja.

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CAPÍTULO 3

Blackwe�

As sombras da parte nÃo utiLiZada do saLÃo me escondem, como planejei. Não há luzes aqui, apenas o brilho das que estão lá embaixo, que é exatamente como eu gosto.

Por que eu deveria perder meu tempo me misturando entre os jogadores no palco quando eu posso ser o diretor, aqui nas sombras, até o momento certo para minha participação?

A corda de veludo que atravessa as escadas para o andar superior passa um sinal de bom gosto, mas pequeno, para as pessoas lá embaixo, dando-me a privacidade que desejo.

Tomo um gole do meu copo de Seleccion Suprema, apreciando os tons sutis da fina tequila enquanto assisto Thomas Goldstone sair da biblioteca, o governador indignado e a pequena vagabunda que ele chama de filha encarando-o com um olhar assassino. É exatamente o que eu queria.

— Vá para casa, Garoto Dourado — eu sussurro, bebendo um gole do meu copo novamente. — Saia daqui de modo tempestuoso, mostrando ao mundo inteiro sua fraqueza.

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Eu estudei meu adversário à distância por anos, desde que o Menino de Ouro voltou seu interesse para o grande mercado e começou a registrar ganhos substanciais para realmente fazer a diferença em Roseboro.

Eu admito, o subestimei no começo. Eu ri quando Goldstone estabeleceu sua primeira “sede” e até alugou o primeiro prédio para ela. O antigo prédio de três andares ficou vazio por um tempo, preso nesse vão entre pequenas e grandes empresas que são muito difíceis de distinguir. Achei que isso pudesse ser útil pelo menos dessa maneira, mas pensei que Goldstone iria falhar e cair depois de alguns anos.

Mal sabia eu que, olhando pela janela do meu escritório, veria o prédio da Goldstone, quase tão alto quanto o meu, todas as manhãs.

Balanço a cabeça, me perguntando onde errei. Deveria ter levado uma década ou mais para chegar onde ele está agora. Não faz sentido lógico para o Garoto Dourado, com pouco mais da metade da minha idade, já se aproximar de mim tão rapidamente.

Passei pelos números e reservei um tempo para analisá-los pessoalmente... E soube, no dia seguinte ao que Goldstone inaugurou aquela monstruosidade brilhante a menos de dois quilômetros da minha torre, que se eu não fizesse algo para destruir Thomas Goldstone, ele roubaria meu trono como o homem mais rico de Roseboro.

Goldstone está pronto para me relegar para a lista dos homens que eram grandes, mas não eram os maiores.

A história se lembra do vencedor, não daqueles que terminaram depois dele. Não tenho intenção de terminar minha vida como algo que não seja o mestre incontestável do meu domínio. Alguns podem me chamar de ditador... mas pelo menos eles vão se lembrar de mim.

E assim planejo, e hoje à noite confirmei uma suspeita que tenho há muito tempo. O temperamento infame de Thomas Goldstone é muito real e bastante cru quando se trata de mulheres bonitas.

Ele não mostrou isso externamente, e eu darei crédito a ele por isso. Não houve gritos, ou algazarra, como ouvi nos rumores. Mas, impetuosamente, afastar o braço do aperto do governador Langlee assim? Imprudente, para dizer o mínimo.

Dou uma risada e vejo o governador consolar sua filha estúpida, que busca status, enquanto tenta recuperar o foco de seu evento de caridade de hoje à noite.

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Os sons de sapatos masculinos clicam no piso de ladrilhos do andar. Recuso-me a deixar minha ala da biblioteca manchada com algo tão plebeu quanto um tapete felpudo como Goldstone fez na ala infantil. Há uma razão para eles serem chamados de bagunceiros, afinal de contas.

Ainda assim, as sombras são tão densas, que, mesmo de perto, eu sei que o homem não pode ver meu rosto com clareza, embora as abotoaduras de obsidiana no meu smoking revelem claramente minha identidade.

Poucas pessoas conseguem usar abotoaduras de obsidiana e platina enquanto não se misturam com a multidão.

— Senhor, eu suponho que você viu isso?

Meu agente está vestido como a maioria dos homens lá embaixo, em um terno apropriado para a noite, mas não de smoking. Não, apenas o crème de la crème está de smoking, e preciso que meu homem permaneça anônimo.

O que, em muitos aspectos, é muito difícil de ser feito em uma multidão fofoqueira da alta sociedade que vê qualquer recém-chegado com escrutínio e análise óbvia de sua situação financeira. E, infelizmente, meu agente tem tanta fome de status quanto a filha do governador, à sua maneira.

Não é bem um pavão... mas, definitivamente, não é um camaleão. Ele não está buscando reconhecimento, o que é útil para mim. Eu preciso de uma cobra, não de um camaleão.

— Claro — eu respondo depois de um momento saboreando minha tequila. Nada daquelas misturas extravagantes. Apenas quero saborear os tons de baunilha e carvalho de uma tequila extra anejo, enquanto a essência de agave toca no meu nariz. — Foi bem.

— Peço desculpas por ele não ter saído com a garota. Quando eu a apontei na direção dele, presumi que ele...

— Nunca assuma nada — eu digo, olhando para o homem. Inteligente e com olhos impressionantes, o que a maioria das pessoas supõe ser um produto de sua educação. Eu entendo isso mais, e sei que o fogo dentro deles queima com ódio por Thomas Goldstone. Sim, ele definitivamente não é um camaleão. Mas ele também não é metade do caçador que pensa ser.

Ele espera que, pagando de Judas para Goldstone, consiga um favor comigo. Não posso culpá-lo pela esperança que floresce, pois plantei a semente e reguei-a com promessas não ditas nos últimos meses.

O homem tem um futuro, desde que mantenha os olhos abertos. A mesma faca que ele está me ajudando a colocar em Thomas Goldstone

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pode rapidamente se voltar contra ele, se ele decidir pensar além do que foi informado.

— Não importa. O Garoto Dourado mostrou sua fraqueza. Tudo o que reluz não é ouro.

— Perdão, senhor?

Suspiro e termino minha tequila. Talvez meu agente não seja tão inteligente quanto ele finge ser. Mas, ao mesmo tempo, isso me tranquiliza. O homem não é inteligente o suficiente para perceber que está sendo manipulado.

Para um homem que está traindo seu empregador, ele ainda tem um ponto cego irônico. Ele não é muito bom em planejar, apenas executar os planos dos outros.

— Um conselho. Há um momento em que você organiza tudo, planeja, projeta e acerta os detalhes. Mas chega uma hora em que é preciso empurrar o primeiro dominó e ver o que acontece. Saber quando fazer cada coisa... isso é poder.

Meu homem não diz nada, vendo o governador pigarrear e a festa recomeçar, a tensão começando a derreter... mas vejo que muitas pessoas não esquecem a cena criada por Goldstone.

Acima de tudo, o governador.

— Senhor... o que devemos fazer com ele? — meu homem pergunta.

— Qualquer homem confiante o suficiente para simplesmente se afastar do governador Langlee assim...

Não posso deixar de sorrir enquanto penso em meus planos. Goldstone está a caminho de se tornar um problema grande o suficiente para que medidas drásticas precisem ser usadas. Não é que eu seja avesso a essa metodologia e, de fato, desenvolvi um relacionamento saudável com agentes acima da lei. Mas prefiro seguir a abordagem mais silenciosa que tramei, para não chamar mais atenção para o famoso Garoto Dourado.

Eu quero o homem esmagado... não como um mártir.

E há muitas, muitas maneiras de passar a perna em seu inimigo. Calma ou barulhenta, sem piedade ou com bondade, com confrontos ou das sombras.

— Eu tenho uma ideia... mas, por enquanto, aproveite a festa. Afinal, você tem conexões para fazer, não é?

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