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TRADUÇÃO CLARA TAVEIRA
1ª EDIÇÃO – 2022 RIO DE JANEIRO
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Direção Editorial BEATRIZ SOARES Tradução CLARA TAVEIRA COPYRIGHT © 2018. GOOD TIME BY JANA ASON. COPYRIGHT © 2022. ALLBOOK EDITORA.
Preparação e Revisão RAPHAEL PELLEGRINI e ALLBOOK EDITORA Capa FLAVIO FRANCISCO Projeto gráfico e Diagramação CRISTIANE | SAAVEDRA EDIÇÕES
Publicado perante acordo com a Bookcase Literary Agency.
Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Os direitos morais do autor foram declarados.
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Gabriela Faray Ferreira Lopes – Bibliotecária – CRB-7/6643 A877b Aston, Jana Bons momentos / Jana Aston ; tradução Clara Taveira. – 1. ed. – Rio de Janeiro: AllBook, 2022. 216 p.; 16 x 23 cm. (Good girl ; 2) Tradução de: Good time ISBN: 978-65-86624-78-6 1. Romance americano. I. Taveira, Clara. II. Título. III. Série. 22-76203
CDD 813 CDU: 82-3(73)
2022 PRODUZIDO NO BRASIL. CONTATO@ALLBOOKEDITORA.COM
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CAPÍTULO 1 — MINHA COACH DIZ QUE SOMOS OS CEOS DE NOSSAS VIDAS.
Hmm. Eu gosto de como isso soa, então continuo prestando atenção. Nunca me interessei em ser CEO de nada, muito menos de mim, mas agora que ouvi falar disso, me parece algo acertado. Além disso, o conselho vem de uma coach de vida de verdade, então deve ter algum mérito. Será que devo contratar um coach de vida? Aposto que pessoas bem-sucedidas têm coaches de vida. Pessoas felizes. Pessoas que estão com a cabeça no lugar. Eu não estou com a cabeça no lugar. Se eu estivesse com a cabeça no lugar, não pararia em uma cafeteria para comprar um muffin para o jantar porque estou com a dispensa vazia no meio da semana. Para ser honesta, improvisar tem funcionado bem até agora, mas talvez, quem sabe, eu não seja capaz de mais? Talvez eu tenha um potencial inexplorado que ainda nem conheça. Talvez, com a orientação de um coach de vida, eu possa ser aquele tipo de garota que está com a cabeça no lugar e que usa saltos de dez centímetros em uma terça-feira. De cabelo escovado e usando uma blusa elegante, com um cinto fino, igual a Meghan. A porra da Meghan. Eu costumo fazer uma trança no cabelo depois do banho e deixá-lo secar ao ar livre até chegar ao trabalho. Desfaço o penteado antes de sair do carro e bagunço com os dedos. Eu tenho um cabelo loiro e grosso, e esse lance de fazer trança me dá uma aparência praiana que me rende muitos Bons momentos
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elogios, mas talvez as pessoas estejam simplesmente sendo legais, será?! Torço uma mecha de cabelo no dedo e a seguro na minha linha de visão antes de deixá-la cair. Eu olho o cabelo de Meghan mais uma vez, me perguntando como ainda está liso como seda às sete da noite. Eu me pergunto se sua coach de vida a indicou um bom cabeleireiro. Aposto que sim. Aposto que dão a ela as melhores indicações possíveis. A fila anda, e eu caminho para a frente, junto com Meghan. — Minha coach diz que tenho a resistência interna necessária para viver a vida dos meus sonhos. Ah, meu Deus. Eu também tenho isso. Eu tenho isso aí também. Sempre tive a certeza de que estou prestes a viver a vida dos meus sonhos, mas então algo entra no meio do caminho. Como a realidade, por exemplo. Bem, então é isso, não é?! Eu definitivamente preciso de um coach de vida. Eu me pergunto se Meghan vai me contar quem é a dela. Não consigo imaginar por que me esconderia essa informação, afinal não é como se eu a conhecesse e nós estivéssemos competindo por algo... mas nunca se sabe. As pessoas podem ser muito mesquinhas na hora de passar certas informações. Eu paro de girar o celular na mão e uso-o para procurar “coaches de vida em Las Vegas” enquanto espero Meghan terminar sua ligação para que eu possa perguntar a ela. Minha nossa. Deve ter, tipo, um milhão de resultados na pesquisa. Os 10 melhores coaches de vida em Las Vegas, NV. Terapia de coaches de vida em Las Vegas, NV. Os 17 melhores coaches de vida de Las Vegas. Esse último é estranho, não é?! Dezessete? Não é normal parar uma lista no número dezessete, isso é patético. Aposto que seja lá quem tenha feito essa lista odiava o coach de vida que ficou em décimo oitavo lugar, então terminou a lista com dezessete por puro despeito. Eu te entendo, número dezoito. — Esta noite, vamos trabalhar para deslocar meus bloqueios internos — Meghan continua, então me concentro em ouvi-la enquanto clico no link para o artigo com os dez melhores coaches de vida, porque eu também me sinto desse jeito sobre o lance dos bloqueios internos. Eu acho. Só que… só que geralmente faço o que me dá na telha, então será que eu não tenho 8
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bloqueios internos? Ou talvez fazer o que me dá na telha é o que está me impedindo de fazer algo melhor? — Nós vamos nos encontrar no café novo que abriu em Henderson, o Roça — Meghan diz ao telefone, e meus ouvidos se animam, porque é onde estou: parada na fila atrás dela no novo Roça! Quando vi a placa, achei que era um nome inteligente para uma loja de sex toys, mas quando entrei pela primeira vez, percebi que significava café da roça ou algo assim, não, tipo… bem, deixa para lá. É uma cafeteria — a mesma onde Meghan vai se encontrar com sua coach de vida. E, por sinal, eles têm muffins excelentes de banana com nozes; o ponto é que isso deve ser obra de kismet, que é uma palavra mais elaborada para destino, mas que significa a mesma coisa. Quais são as chances de estar na mesma cafeteria, na mesma fila, ao mesmo tempo, que uma mulher que provavelmente tem alguns dos mesmos problemas que eu? As chances são baixas. Bem, com sinceridade, não faço ideia de quais sejam as possibilidades, mas, para fins de argumentação, vamos concordar que são baixas. Além disso. A questão é… Aposto que coaches de vida são caros. E já sabemos que Meghan e eu provavelmente temos alguns problemas semelhantes. Então… eu deveria ficar por perto e ver se esta coach de vida e eu somos compatíveis. Não é? Isso faz todo o sentido. Meghan chega ao início da fila e afasta o celular dos lábios por tempo suficiente para pedir um café descafeinado preto e médio, que é outra coisa que temos em comum, porque eu também bebo café. Com creme e açúcar, mas ainda é café. Eu peço a mesma coisa e adiciono um muffin ao pedido, porque foi por isso que parei aqui para início de conversa — para comprar um muffin para o jantar. Meghan provavelmente jantou um peito de frango grelhado, com uma porção de couve, porque sua vida é pautada em coaches. Ela não está movida pelo instinto, não pela lógica, indo comer muffins no jantar porque seu biscoito de água e sal acabou. Nunquinha. Eu não me apresso ao adicionar creme e um pacote de adoçante ao café enquanto Meghan encontra uma mesa, e, olha só isso, há uma mesa vazia ao seu lado. Sorte Bons momentos
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ou kismet? Hmm? De qualquer forma, uma oportunidade dessas não pode ser ignorada. Então é isso. Estou na mesa ao lado dela, com meus fones de ouvido. Eu os deixo desligados, obviamente. São apenas um disfarce para tornar menos nítido que estou bisbilhotando a vida alheia. Isso soa tão sórdido — bisbilhotando. Isso aqui é mais uma espécie de experimentação, como quando você vai ao supermercado e lá estão oferecendo amostras grátis de algo. Se Meghan não queria que eu provasse sua sessão de coaching de vida, deveria ter marcado em algum lugar um pouco mais privado, não é? Além disso, o kismet decidiu que devo estar aqui agora, experimentando, e todos sabem que você não pode lutar contra o kismet. Não tenho ideia se estou usando a palavra “kismet” corretamente, mas tenho certeza de que esse é o espírito da coisa. Certeza suficiente. Enfim. Eu coloco o muffin em cima de um guardanapo antes de pegar uma caneta na bolsa e abrir outro guardanapo para fazer anotações. Sou apenas uma garota desfrutando de sua própria companhia, com uma xícara de café e um muffin, totalmente incógnita. Enfio um pedaço de muffin na boca e retomo a busca pelos melhores coaches de vida em Las Vegas enquanto espero a chegada da coach de Meghan, porque se a consulta de hoje à noite correr bem, com certeza vou contratar meu próprio coach. Porém… Uau, caramba, coaches de vida são populares. De verdade. Bebo o café e procuro na lista dos dez melhores. O site do número um da lista afirma que há uma lista de espera de um ano. Um. Ano. Largo a caneta sobre a mesa e suspiro. Tipo, vou precisar esperar um ano inteiro para organizar minha vida? Não sou especialista nessas coisas de organização de vida, mas isso não me parece correto. Passo para o site do número dois, que afirma não estar aceitando novos clientes no momento. Não consigo nem entrar na lista de espera para o número dois. Imbecil. O coach número três dá no mesmo. Não curto a vibe dos coaches quatro e cinco, então nem perco tempo indo verificar suas listas de espera. O coach 10
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seis é um homem atraente que não tem o direito de trabalhar com nada além dos meus orgasmos. Então o risco da lista porque não vou pagar por isso. Gosto do número sete, mas… espera. Espera aí. Esse preço está certo? Achei que seriam caros, mas não tão caros. Quem diabos pode pagar por isso? Só uma pessoa com a vida já organizada, isso sim. Kismet é estúpido. Por que ele me fez querer um muffin de jantar, me fez parar neste café específico e ficar na fila atrás de Meghan enquanto ela tagarelava alto o suficiente para que toda a loja a ouvisse se não era para eu conseguir um coach de vida? O biscoito água e sal ter acabado ontem também não pode ter sido uma coincidência — foi o catalisador de toda essa sequência de eventos. Enfio outro pedaço de muffin na boca enquanto pondero o que tudo isso significa, mas a coach de Meghan chega, então decido deixar meus pensamentos de lado enquanto me concentro em tirar o máximo proveito de minha amostra grátis de consulta. Esse é o objetivo de uma amostra, certo? Talvez coaches de vida sejam uma droga, e kismet só quer que eu passe a fazer escova no cabelo. É melhor eu descobrir. Quinze minutos depois, tenho a resposta. Adorei. A coach de vida de Meghan é excelente. Ela me faz querer ser uma pessoa melhor. Ela me faz acreditar que posso ser uma pessoa melhor! Eu entendo perfeitamente por que alguém iria querer um coach de vida. Já me sinto mais calma e focada só de ouvir a sessão de Meghan! Então… eu sei que provavelmente deveria ir embora agora. Eu deveria ir. Mas ainda não resolvi o problema de como vou pagar pelo meu próprio coach de vida, ou mesmo onde vou encontrar um. Não é como se eu pudesse me levantar agora, parar na mesa delas e pedir um cartão de visita. Posso? Não posso. Então. Vou ficar mais um pouco. Um cadinho de nada. Ou a hora inteira. É a coisa mais prática a se fazer. Normalmente praticidade não é minha praia, então o fato de estar disposta a ser prática parece outro sinal, não acha? Eu acho. Acho que significa que eu deveria estar bem aqui, e agora. Além disso, parece que Meghan e eu temos muito em comum. Se eu fosse alguns anos mais velha, tivesse um guarda-roupa melhor, me preocupasse em fazer escova no cabelo e pudesse pagar por um coach de vida, seríamos Bons momentos
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praticamente a mesma pessoa. Certo, isso pode ser um exagero baseado em quinze minutos de análise de sua vida, mas somos suficientemente semelhantes. Então é como se ela estivesse ajudando seu eu do passado a ser a melhor de todas as suas versões. Paro e torço uma mecha de cabelo. Ok, sim, forcei a barra. Mesmo assim, não vou embora.
O RESTANTE DA SESSÃO É TÃO TRANSFORMADOR QUANTO OS
primeiros quinze minutos. Trabalhamos na identificação de nossos principais pontos fortes e na identificação de novas habilidades que gostaríamos de desenvolver. E o fato é que é muito bom identificar meus pontos fortes. Tenho muitas qualidades excelentes. Por exemplo, sou espontânea. Isso é algo que Meghan ainda está trabalhando. Eu também sou muito extrovertida e ótima para acompanhar o fluxo das coisas. Adaptável, é como Carol me classificaria. Na próxima semana, vamos trabalhar com habilidades de tomada de decisão. Parece que a Meghan tomou algumas decisões ruins, mas não há nenhum julgamento de minha parte, afinal quem não toma decisões ruins? Além disso, Carol disse que muitas vezes más decisões levam a boas decisões, porque aprendemos com nossos erros. Ela também disse que resultados ruins nem sempre são fruto de decisões erradas. Afirmou que às vezes a decisão certa ainda gera um resultado ruim, embora não seja sua culpa, e que isso não deveria impedi-la de tentar de novo. Tenho certeza de que elas estavam falando de um apartamento que Meghan comprou antes de se mudar para Las Vegas, mas o conselho também se aplica a todos os caras com quem namorei na faculdade. Vê como sou adaptável? Carol é incrível. O que me faz pensar: talvez eu deva voltar na próxima semana. Porque, sério, quem delimita quanto tempo uma amostra grátis pode durar? Eu, não. Eu não sou da Polícia das Amostras Grátis. Sou apenas uma garota sentada em uma cafeteria, capitalizando minhas qualidades. Desbloqueando o propósito da minha vida. Expandindo minhas zonas de conforto. Além disso, essa nem é a pior ideia que já tive. Não é nem a pior ideia que tive esta semana, o que é bom, porque ideias ruins 12
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estimulam a criatividade. Pelo menos foi o que Carol disse, e eu realmente gosto dessa perspectiva, então vou adotá-la. — Aqui é um bom local para nos encontrarmos novamente na próxima semana? Sim. Sim, é. Tecnicamente, Carol estava perguntando para Meghan, mas um café não é bem o lugar adequado para uma sessão de coaching de vida se você não quiser que estranhos se beneficiem da sessão. — Não posso vir na quinta da semana que vem — responde Meghan. — Vou viajar a negócios. Vou verificar minha agenda e te envio um e-mail. Bem, então é isso, não é? Nunca saberei quando elas voltarão e não vou ficar vindo para cá como uma escritora triste com alergia a home office. Eu dou uma olhada em uma mulher em uma mesa de canto resmungando para si mesma enquanto digita. Com certeza, não. — A única outra vaga que tenho é no domingo de manhã, às onze — anuncia Carol. Problema resolvido.
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CAPÍTULO 2 — CACETE, QUEM É AQUELE CARA? — EU PARO NO MEIO DO CAMI-
nho, fazendo com que Mark trombe em mim por trás. Isso não é um eufemismo indecente nem nada, estamos totalmente vestidos. Mark trombou em mim porque estava muito ocupado olhando o celular para ver para onde estava indo. Também pode ser porque eu parei abruptamente, mas o pedestre sempre tem a prioridade, então tanto faz. Certo, a regra para pedestres é para veículos e pessoas que cruzam a rua, não para colegas de trabalho em corredores de hotel, mas sempre fui muito boa em adaptar regras para atender minhas necessidades. — Jesus, Payton. Olha por onde anda. — Eu? Você quem trombou em mim! — Porque você parou no meio do corredor. — Ele olha para a frente e acena para o corredor vazio, indicando quão idiota foi minha parada súbita. — Parei porque estava olhando para onde estava indo — rebati. — E eu acabei vendo aquele cara — mexo a cabeça na direção do saguão, visível da varanda do segundo andar onde estamos — e decidi parar. — Acabou vendo aquele cara? Que eloquente. — Mark. — Eu paro de falar, esperando até ter toda a sua atenção. — Eu preciso que você se concentre. — Concentrado. 14
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Gosto muito do Mark. Estou pensando em torná-lo meu marido-de-trabalho. É cedo demais para isso, porque estou na minha segunda semana de trabalho ainda, mas até agora parece uma boa. Às vezes, quando você encontra o colega de trabalho certo, você sabe de cara. — Quem é ele? — Eu me aproximo da grade da varanda para poder contemplar melhor meu futuro marido em potencial. — Aquele maravilhoso ali falando com Canon. Você conhece? Ele trabalha aqui? — Não faço ideia. — Precisamos descobrir, porque talvez eu me case com ele e tenha seus filhos. — Mesmo? — Mark pergunta, a voz mostrando que não está me levando a sério. — Sim, mesmo. Poderia acontecer. Ele é exatamente o meu tipo. Alto, moreno, bonito e bem-dotado. — Hmm — diz com aquele tom novamente. — O quê? Você não acha que eu sou o tipo dele? — Eu não pensei que você fosse desse tipo, só isso. — E o que significa desse tipo? — Eu desvio os olhos do estranho lindo para dar a Mark um olhar feroz. Só por um segundo, porque posso olhar para Mark sempre que quiser; quem vai saber se algum dia verei meu talvez-marido novamente? — O tipo sério. O tipo que se preocupa com casamento. Ainda ontem, você me disse que a maioria dos casais se daria bem colocando fogo em uma pilha de dinheiro e usando as chamas para assar marshmallows em vez de desperdiçá-la em um casamento. — Isso é só porque estávamos trabalhando no casamento JohnsonMcNally, e seria melhor para aquele casal atear fogo a uma pilha de dinheiro do que desperdiçar em um casamento. Ambos são horríveis. Além disso, estava com fome e queria um pavê de marshmallow. — Hmm. — Além disso, é um fato bem documentado que os casais que gastam menos de mil dólares em seus casamentos têm menos probabilidade de se divorciar. — Um fato bem documentado, hein? — Sua falta de fé em mim é desnecessária, Mark. Eu sei das coisas. Bons momentos
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— Claro, claro. — Mark faz uma pausa por um momento antes de continuar: — Onde esta informação está documentada? — Eu vi em um vídeo no meu feed do Facebook. — Seu feed do Facebook. Isso com certeza é uma notícia verídica. — Parecia bem legítima. Era um vídeo muito profissional. — Hmm. — De novo ele vem com esses “hmms”. — Pode ser verdade — eu insisto. — Parece lógico. Possivelmente. — Com base nessa regra de mil dólares, todo casamento rápido em Las Vegas deve resultar em uma união longa e feliz. — Quem disse que não? — Britney Spears, em 2004. — Uau. Você é um verdadeiro estraga-prazeres, Mark. — Obrigado. É assim que me apresento nas festas. “Olá, sou Mark Estraga-Prazeres. — Eu não mandaria essa de primeira. Guardaria para o final da noite, quando você começar a arrancar os copos das mãos das pessoas porque quer lavar tudo antes de reciclar. — Sua imaginação deve ser um lugar muito divertido de se estar. — Ao meu lado, Mark apoia os antebraços na grade da varanda enquanto examina o saguão. — É mesmo, Mark. É mesmo — Então, como é que você é organizadora de casamentos se não liga para casamentos? — Pare de dizer isso. Planejamos eventos. Planejamos. Eventos. O que às vezes inclui casamentos e às vezes inclui coisas melhores que não são festas de casamento. — Já tive festas de casamento suficientes para uma vida inteira. — Eu disse que poderia me casar com aquele cara e ter os filhos com ele. Um casamento e uma festa de casamento são duas coisas muito diferentes. Não me importo com um dia específico. — Realmente não me importo. Eu me importo com o “para sempre”, e o “para sempre” não é muito confiável, na melhor das hipóteses. Festas de casamento são divertidas, claro. Só que o fato é que a maioria dos casamentos vai à ruína. — Então basta um olhar, e você está pronta para passar o resto da sua vida com ele? 16
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— Não seja ridículo. Eu disse que talvez, nunca disse que estava me comprometendo. Ele pode ser um cara que vai me irritar pra caramba nas conversas ou, pior, vai ser péssimo na cama. — Embora eu duvide disso. O homem parece valer uns bons momentos no quarto. Ele está exalando sexo e confiança, e eu nem estou na mesma sala que ele. Esse homem acabaria comigo se me olhasse. — Podemos apenas ter um caso tórrido e depois nos separar amigavelmente. — Caso tórrido? Quem diabos fala assim? — Eu falo — digo. — Agora mesmo. Acabei de falar isso. — Hmm. — É um belo terno, não? Ele provavelmente tem um emprego de verdade, então, quando se divorciar de mim, poderá pagar pensão. Você acha que ele é do tipo que iria aparecer nos jogos de futebol ou apenas os veria nos feriados e festas? — Essa sua cabeça, Payton. Jesus. — Estatisticamente é uma pergunta justa. — Hmmm. — Novamente. — Ele é tão bonito — acrescento melancolicamente. Tipo, ridiculamente bonito. Alto. Cabelo escuro e espesso. Mandíbula forte. Tez morena, suponho que seja italiana. Isso ou ele se bronzeia para caramba. Está usando um terno que cai como uma luva. Ombros largos, barriga lisa. Eu sei que deve haver frutos de abdominais sob aquela camisa. Enquanto estou observando, ele levanta a mão e balança o pulso para que possa olhar o relógio. Pode me chamar de doida, mas aquele movimento de pulso é meu novo barato. — Diga isso a ele quando vocês se encontrarem. Os homens adoram ser chamados de bonitos — diz Mark secamente. — Bah, mas olhe para ele. Acho que ele pode ser minha criptonita. — Você acha que a exposição direta a ele vai enfraquecê-la a ponto de morrer? — Hmm, não, não é bem isso. Não estou usando a palavra corretamente? Por que as pessoas estão sempre dizendo coisas como “donuts são minha criptonita?” Um donut não é uma criptonita, é um presente para a humanidade. — Então você acha que aquele cara pode ser um presente da humanidade para você? Estou conseguindo entender o que você está dizendo? Bons momentos
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— Ele pode ser. Nunca se sabe. — Bem, ele está indo embora — Mark aponta. — Eles sempre fazem isso. — Eu encolho os ombros, não me incomodando com o desenrolar dos fatos. Continuo olhando porque, caramba, ele está vestindo aquele terno. Eu estou com um caso grave de luxúria. — Devemos correr escada abaixo e tentar pegá-lo? Você quer correr até os braços dele ou algo tão estúpido quanto? Eu ficaria feliz em te dar um empurrão. — Nah. — Eu me afasto da grade da varanda e começo a andar na direção do grande salão de baile. Estávamos indo fazer algumas medições para o temido casamento Johnson-McNally quando me distraí. — Você conhece o ditado. Se você ama alguém, deixe-o ir. Se ele voltar, case-se com ele. — Não é assim que se diz nem tem validade para um homem que você nunca viu na vida. — Se você diz. — Se alguma vez eu for chamado para testemunhar contra você por perseguição, não vou poder mentir em sua defesa. — Você não vai precisar testemunhar. Privilégios de cônjuge. — Nós não somos casados. — Ainda não, mas estaremos casados-de-trabalho até lá. — Casados-de-trabalho. — Mark repete as palavras lentamente, como se fosse um conceito estranho. — Eu vou receber um aviso quando isso acontecer? Essas longas caminhadas pelos corredores de hotéis são algum tipo de ritual de namoro que eu não conheço? Haverá uma cerimônia no refeitório quando for oficial, aí vou poder saber quando vai ser o nosso aniversário? — Ah, um aniversário de casamento-de-trabalho! Eu nunca pensei nisso! Olha, Mark, é por isso que você está concorrendo à vaga. Você me apoia e tem ótimas ideias. — Concorrendo? — Mark permanece estoico. — Tenho concorrência para um pseudo-casamento no local de trabalho? — Não muita, se isso serve de consolo. E você está na liderança — anuncio quando entro no salão de baile, evitando um trabalhador da construção civil no caminho. O hotel em que trabalhamos mal abriu. Ainda estamos no que chamamos de soft opening, ou seja, recebemos principalmente jornalistas de viagens 18
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e executivos do setor fazendo check-in em quartos de cortesia. O andar do cassino está aberto para negócios, mas a grande inauguração só ocorrerá daqui a mais duas semanas, e a maioria dos espaços para eventos ainda está, na lista de pendências, no estágio final de construção. Retoques de pintura, lustres pendurados, acabamento sendo instalado. É um caos, e estou adorando cada minuto. — Vamos fazer as medições — digo a Mark. — Estou morrendo de fome, e é dia de bolo de carne no refeitório. — Só vai. — Mark suspira enquanto me dispensa. — Eu posso fazer as medições. — Mark! — Eu sorrio. — Quer saber? Vamos tornar tudo oficial. Hoje pode ser o aniversário do nosso casamento-de-trabalho. Parabéns. Ouvi dizer que o presente tradicional para um casamento-de-trabalho é uma caixa de Cheez-Its. Você pode trazer amanhã. — Você não ouviu ninguém dizer isso. Você acabou de inventar. — Sim, mas, para ser honesta, para que alguém ouça alguma coisa, é preciso começar a dizer. — Certo. — Acho que tem uma chance real de isso pegar — acrescento. — Coisas muito mais estúpidas pegaram, então é possível. — É uma outra forma de ver as coisas. — Acredite em mim, tenho muitas formas criativas de ver as coisas.
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