Desafio Inesperado - Primeiros Capítulos

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o i f a s e D erado

p s e In

Autora best-seller do New York Times

KAYLEE RYAN TRADUÇÃO:

CLARA TAVEIRA

1ª EDIÇÃO – 2021 RIO DE JANEIRO

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CAPÍTULO 1

Reagan ASSIM QUE PASSO PELA PORTA, VEJO O SORRISO ENFEITANDO O ROSTO DO MEU

irmão mais velho e já sei que ela deu a notícia. Eu não poderia estar mais feliz pelos dois e pela vida que construíram juntos. Este último ano foi difícil, então eles realmente merecem um pouco de felicidade para iluminar seu caminho. — E aí? — Ouço uma voz profunda atrás de mim. Não preciso olhar por cima do ombro para saber que é Tyler, mas olho mesmo assim. — Olá. — Eu sorrio para ele. — Irmã! — Ridge grita depois de finalmente tirar os olhos da esposa e do filho ao perceber que tem companhia. — Irmão — retruco. — Chega aqui, temos novidades. Estou sorrindo, mas guardo o motivo para mim. Sim, eu já sei o que ele está prestes a me dizer. — Se você sorrir mais, seu rosto vai acabar rachando no meio — provoco. — Ty, ei, cara. Obrigado por ter vindo. — Ridge estende o punho para Tyler enquanto nos aproximamos deles. Knox se concentra em fazer

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o mesmo. Não estou surpresa; ele viu o pai e os tios fazendo esse gesto centenas de vezes. — Feliz aniversário, homenzinho. — Tyler bate o punho no de Knox, que dá uma risadinha. Ah, a alegria de ser tão jovem e inocente em relação ao mundo que o cerca… — Então, quais são as novidades? — pergunto a Ridge, mantendo meus olhos nele. Se eu olhar para Kendall, posso acabar entregando que recebi informações privilegiadas antes dele. — Bem, são duas surpresas, na verdade. — Ele estende o braço que não está apoiando Knox. Kendall caminha para seu abraço, e ele a puxa para perto. — Devíamos esperar para contar a todos de uma vez — diz ela. — Vamos contar a eles dois, depois podemos contar a todos os outros quando estiverem juntos. — Você poderia esperar. — Ela sorri para ele. — Não posso — ele responde. — É, o suspense está nos matando — digo, tirando Knox de Ridge enquanto ele estende a mão para mim. — Como está meu sobrinho favorito? — pergunto, beijando sua bochecha. Ele dá risadinhas, e meu coração derrete. Knox é um menino muito alegre. E isso não é apenas por meu irmão ser um pai foda, mas também por causa de sua esposa. Kendall foi um acréscimo e tanto na vida deles. — Knox, filhão, mostre à tia Reagan sua camiseta nova — Ridge diz com um sorriso descarado. — Você ganhou uma camiseta nova? — eu pergunto ao meu sobrinho. Ele olha para a camiseta, em seguida volta para mim. — Deixa eu dar uma olhada. — Tyler dá um passo atrás de mim e estica o braço para tirar a mão de Knox do caminho. O calor de seu corpo paralelo ao meu se infiltra em mim. Tyler Justice é sexy para cacete. Passamos muito tempo juntos no ano passado, e tem ficado cada vez mais difícil resistir a ele. É uma situação complicada. Ele é um dos melhores amigos do meu irmão. Ridge, Tyler, Seth, Mark e Kent são unha e carne desde que me lembro. Sempre tive uma queda por Ty, ele tem esse sex appeal que não consigo resistir.

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— “Eu sou o irmão mais velho” — Tyler lê, seus lábios próximos à minha orelha, o hálito quente me causando arrepios na pele, então levo um pouco mais de tempo para compreender o que ele acabou de dizer. — O quê? — pergunto, me certificando de que ouvi direito. É muito difícil se concentrar com Tyler tão perto. — Leia — Ridge diz. Seu sorriso quase nos cega enquanto ele mantém a esposa em seus braços. Eu leio a frase na camiseta: Eu sou o irmão mais velho, as mesmas palavras que Tyler acabou de ler em voz alta. — Não! — Eu olho para os dois, e ambos concordam com a cabeça. — Estou tão feliz por vocês! — Eu acerto Knox em meus braços, e quando ele percebe meu entusiasmo, começa a aplaudir. — Você nem me contou — digo a Kendall assim que termino minha pequena dança da vitória. Knox estende a mão para Tyler, que vem em minha direção e tira o menino dos meus braços. Eu vejo Knox agarrar a barba de Tyler e puxar. Tyler apenas ri, seus olhos azuis brilhando. Esse sorriso me deixa com os joelhos trêmulos, mas talvez seja apenas o efeito causado por Tyler. Deixe-me detalhar para você. Ele tem quase um metro e noventa de altura, cabelo castanho-alourado, que mantém raspado, olhos azuis-celestes brilhantes, barba e músculos. Até seus músculos têm músculos, fruto de todo o tempo que passa na academia, além do trabalho na construtora, que não é leve. Ele trabalha muito, e o corpo mostra o resultado desse esforço. Não vamos esquecer as tatuagens. Duas mangas completas, cobertas de desenhos intrincados, envolvem o pacote sexy que é Tyler Justice. — Eu tinha que contar a Ridge primeiro — responde Kendall. — Ok, então — resmungo, bem-humorada. — Ei, vocês se importam de ficar de olho nele por alguns minutos? — Ridge pergunta. — Claro que não — Tyler e eu respondemos ao mesmo tempo. Ridge pega a mão de Kendall e a leva para fora da sala de estar, ouvimos os passos desaparecendo pelo corredor. — Papai e mamãe precisam de um minuto — Tyler diz a Knox. — Não, não posso te contar por que agora, mas quando você for mais velho, o tio Ty vai te explicar tudo. — Ele ri enquanto Knox apenas balbucia algo

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de volta, ainda passando os dedos pela barba. Não é muito longa, mas o suficiente para que o garotinho consiga se agarrar bem. — Não o corrompa. — Eu bato levemente no braço do Tyler. — Não, não. — Knox franze a testa e aponta para mim. — Desculpa, amigão. Tia Reagan estava apenas brincando. — Ele não parece convencido quando me lança um olhar que, tenho certeza, já viu no rosto dos pais mais vezes do que posso imaginar. É aquele olhar que diz que você está encrencado. — Dê um beijo na tia Reagan — Tyler pede. Knox deita a cabeça no ombro de Tyler, sem se animar com a ideia. — Vamos, amigão, assim. — Tyler se aproxima, e eu quase engasgo ao respirar. Ele se inclina e pousa os lábios na minha bochecha. Tyler se demora, fazendo meu corpo cantarolar pela proximidade com o seu. Isso não é novidade. Eu o desejo desde sempre, e depois da nossa aproximação, tem sido cada vez mais difícil ignorar o desejo. — Não. — Knox estende a mão para mim, e eu o pego de Tyler. Pequenas mãos repousam em minhas bochechas, e ele me dá um beijo desajeitado bem na boca. — É assim que você faz? — Tyler ri. Ele ainda está perto, tão perto, que posso sentir seu corpo perto do meu. — Talvez eu devesse tentar de novo — comenta baixinho, o olhar concentrado em meus lábios. Por dentro, estou gritando para que Tyler tente. Que se incline e me beije, todavia o devaneio se perde quando ouço uma batida forte na porta seguida pela voz de Mark perguntando onde estão todos. Fico aliviada e desapontada ao mesmo tempo. Muitas vezes me perguntei como seria beijá-lo. Seus lábios carnudos parecem tão macios. Droga, e eles são. Tyler me beijou na bochecha várias vezes, mas isso não é o mesmo que sentir a pressão firme contra os meus lábios. Não é o mesmo que provar com a boca. Tyler estende a mão e passa na nuca de Knox, que agora está descansando a cabeça no meu ombro, assim como estava em Tyler alguns minutos antes. Ele murmura algo que soa como estar com inveja de um bebê antes de se afastar, bem a tempo de Mark e Dawn, seguidos por Seth e Kent, entrarem na sala de estar. — Aí está o aniversariante — Dawn diz com carinho, caminhando ao meu lado e estendendo os braços para o meu sobrinho. Knox vai de boa vontade, nunca recusando mais atenção.

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Tyler está perto, perto demais para meu corpo aquecido se acalmar. — Ridge e Kendall… precisavam de um minuto sozinhos — eu explico. — Beckett! — Kent grita no corredor. — Traga seu rab… traseiro aqui! — corrige-se rapidamente por causa das orelhinhas atentas. — Boa saída — Dawn elogia. — Esse carinha precisa crescer para que o tio Kent não precise mais controlar o palavreado. — Quantos anos exatamente você acha que meu sobrinho precisa ter para você poder corrompê-lo? — eu provoco. — Cinco? — Ele levanta as sobrancelhas, em dúvida. — Que tal pelo menos treze? — retruco. — Droga — ele murmura, e todos rimos, inclusive Knox. — Ei — Ridge diz atrás de nós, Kendall ao seu lado o abraçando bem de perto. — Só estávamos esperando os genitores chegarem — acrescenta ele ao ouvir uma batida na porta. Meus pais, seguidos pelos de Kendall, aparecem com os braços cheios de presentes. — Olha isso. — Kendall ri. — Que exagero. — Ah, como se você não tivesse feito o mesmo — Dawn argumenta. — Ele é meu filho — ela retruca de volta. Ninguém parece se incomodar com suas palavras. Ele é filho dela há muito mais tempo do que ela está disposta a admitir. — Oficialmente — Ridge diz, todo feliz. — Kendall assinou os documentos. — Ninguém pergunta quais documentos; todos nós sabemos qual foi o presente de casamento de Kendall. Estávamos apenas esperando que ela superasse a dor de perder a irmã para aceitar a realidade. Todos gritam parabéns, alguns abraços são trocados e até algumas lágrimas. — Só mais uma coisa, e então vamos nos dedicar ao nosso rapazinho. — Ridge olha para Knox, que agora está nos braços de Seth, brincando com seu cabelo. — Knox tem algo a contar para todo mundo. Seth, você pode virá-lo para que eles vejam a camiseta? Eu sorrio para mim mesma. Todos conversam com Knox, o seguraram, mas ninguém percebeu o que estava escrito na estampa. Seth ergue Knox no ar, lê a estampa e ri. — Eita, porra — diz e é repreendido por todas as mulheres da sala.

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Ele vira Knox para a multidão de amigos e familiares. Knox se mexe e balança as mãos e os pés, animado porque todos ao redor parecem animados também. O rapazinho não tem ideia de que está prestes a se tornar um irmão mais velho. — Agora vamos começar a festa! — Ridge beija Kendall e segue na frente, em direção à área dos fundos. Os rapazes, incluindo Knox, ficam ao lado da churrasqueira, onde Seth e Kent preparam hambúrgueres e cachorros-quentes. As mulheres, bem, todas nós nos aglomeramos em torno de Kendall. — Querida, estou tão feliz por você. — Sonia, mãe de Kendall, diz com lágrimas brilhando nos olhos. — Obrigada. Este bebê — ela coloca as mãos sobre a barriga ainda lisa — é inesperado, mas não poderíamos estar mais entusiasmados. — Duas crianças com menos de dois anos — minha mãe comenta. — Estou prevendo mais tempo com a vovó no futuro, Sonia. — Ela ri. — Com certeza — a mãe de Kendall concorda. — Ei, e quanto à tia Reagan? — Finjo estar chateada, embora todos saibamos que não é verdade. Recebo todo o amor que eu possa desejar do meu sobrinho, e tenho certeza de que com esse novo bebê não será diferente. — Posso não ser da família, mas a tia Dawn também está aqui — acrescenta Dawn. — Vou precisar de toda a ajuda possível — Kendall nos garante. O dia está perfeito. O pequeno Knox gostou mais das sacolas e do papel de presente do que dos presentes propriamente ditos, mas isso era de se esperar. Kendall o deixou só com a fralda e o colocou na cadeira alta, para que ele pudesse fazer a bagunça que desejasse com seu pequeno bolinho. Knox estava hesitante no início, cutucando-o com o dedinho. Mas quando Ridge passou o dedo na cobertura e agiu como se fosse a melhor coisa que ele já tinha provado, Knox percebeu o que estava perdendo. Ele bateu com a mãozinha na lateral do bolo e enfiou um punhado na boca. Todo mundo tirou fotos da cena, até os homens. — Parece que alguém está ficando com sono — minha mãe diz ao ver Knox batendo cabeça, mesmo que lutando contra o cansaço. Ele está sentado no colo de Tyler e dá para perceber que está exausto depois de toda a agitação da festa, ainda assim o garotinho parece ter medo de perder alguma coisa.

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— Nós vamos embora. — Sonia se levanta, abraça Kendall e em seguida Ridge, antes de se curvar e depositar um beijo na cabeça de Knox. — Vovó vem te ver em breve — diz ela. O pai de Kendall o cumprimenta com o punho. Knox dá a ele um sorriso cansado. Eu juro que esse menino é tão parecido com o pai e os amigos, que nem chega a ser engraçado. Pelo bem de Kendall, espero que dessa vez tenham uma menina. Meus pais aproveitam a deixa e se despedem. Assim que a porta se fecha, Kendall se senta no colo de Ridge. — Estou exausta. — Ela ri. — Mas Knox se divertiu. Muito obrigado, pessoal, por passarem esse dia conosco. — Seu olhar é suave enquanto observa a criança. — Knox tem sorte de ter todos vocês na vida dele — acrescenta Ridge. — Por que vocês dois não vão tirar uma soneca, já que ele também vai? Vou levá-lo para o quarto e depois limpo um pouco da bagunça. — Não, a gente dá conta de tudo. — Kendall começa a se levantar, mas Ridge a impede. — Aceita a ajuda dela — ele diz. Sua voz é suave, mas sem deixar espaço para contestação, e todos nós sabemos disso. Ridge a ama com todas as forças e não tem medo de demonstrar seu sentimento. Isso inclui ter certeza de que Kendall está cuidando de si. Só posso concluir que essa postura vai piorar agora que ela está grávida. — Tem certeza, Reagan? — Positivo. — Nós vamos embora. — Dawn se levanta, e Kent e Mark fazem o mesmo. — Feliz aniversário, seu docinho de menino — ela murmura para Knox, que dá um sorriso preguiçoso enquanto esfrega os olhos, ainda lutando contra o sono. — Vou levá-lo lá para cima. — Eu me levanto, Tyler também. — Deixa que eu o levo para você. — Ele não espera que eu concorde ou discorde, simplesmente sobe os degraus em direção ao quarto de Knox. — Obrigado, irmã. — Ridge diz de onde Kendall e ele estão parados. — Sempre que precisar. Vai. Eu me viro. — Eu aceno para eles, e meu irmão não precisa de mais incentivo para levar a esposa pelo corredor. Isso aquece meu coração. Quando ele trouxe Knox para casa pela primeira vez, estava convencido de que precisava fazer tudo sozinho. Eu entendi seus

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motivos, mas também estou feliz que Ridge finalmente tenha entendido que é para isso que serve a família. Aceite a ajuda quando puder e reserve um tempo para si. Nada disso o tornaria um pai ruim. Kendall o ajudou a compreender isso. Mais uma razão pela qual os dois se encaixam perfeitamente. Ele a escuta, ao contrário do que faz com todos nós. Subindo as escadas, paro do lado de fora do quarto de Knox. — Você gostou do seu aniversário, carinha? — Tyler pergunta. — Você ganhou um monte de brinquedos novos e legais. Fica parado. — Ele ri. Espiando pela porta, vejo que está trocando a fralda. Todos os quatro já cuidaram de Knox uma vez ou outra, e nenhum deles jamais se queixou de trocar fraldas. Já o vi com Knox em várias ocasiões, mas quando vejo Tyler nesses momentos, cuidando do meu sobrinho como se fosse alguém precioso, isso mexe comigo. Fico derretida por dentro ao ver esse homem que exala sensualidade confiante em suas habilidades para cuidar de uma criança. Tyler é um partidão. — Ei — digo baixinho, para não os assustar. — Quer que eu assuma? — Nah, tudo certo por aqui. — Ele puxa a bermuda de Knox por cima da fralda e o levanta da mesa. — Ele ainda toma mamadeira? Ridge mencionou que eles iam começar a trocar para o copo infantil agora que ele já está grandinho. — Ele diz essa última parte para Knox, dando em seguida uma soprada ruidosa na barriga e fazendo a criança dar risadinhas. Essa é outra característica de Tyler: ele te escuta, presta atenção no que você diz. Não só isso, ele se sacrificaria pelo outro, se houvesse necessidade. — Sim, ainda está na mamadeira. Eles vão começar a transição amanhã. Kendall não queria que ele ficasse mal-humorado na festa. Vou descer e preparar uma. — Nós vamos com você. — Ele se vira para olhar para Knox, que está com a cabeça apoiada em seu ombro. — Se conseguirmos. Acabou a energia dele. — Minha avó costumava dizer a mesma coisa quando éramos crianças. — A minha também. — Tyler sorri timidamente. Assim que descemos, eu rapidamente preparo uma mamadeira e me sento no sofá. — Eu dou a ele — aviso a Tyler. — Nah, ele está confortável. Eu não me importo de alimentá-lo.

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Passo a ele a mamadeira e um cobertor. Knox adora um colinho e, se você desejar que ele durma, um cobertor — embora qualquer coisa macia funcione — precisa estar em seus braços, e aí ele vai cair no sono. Knox sempre foi fácil assim — tranquilo como o pai. — Duvido que ele tome tudo — comento enquanto vejo seus olhinhos se fecharem. Knox ainda está bebendo, mas sabe-se lá por quanto tempo mais. — Foi um dia cheio. — Foi. É difícil acreditar que ele já fez um ano de idade. — Sim — Tyler concorda. — Parece que foi ontem que você me ligou para dizer que Ridge estava no hospital. — Kendall disse que eles vão ao cemitério mais tarde. Não consigo nem imaginar como isso deve ser difícil para eles. — Não é uma situação normal, mas eles conseguiram lidar bem com isso — diz Tyler. — A vida encontra uma forma de se ajeitar. — Tem razão. — É algo que noto cada vez mais à medida que envelheço. Muitas vezes você deseja uma coisa, e quando ela não se torna realidade, fica desapontado, até que outra virada inesperada o leva por um novo caminho que você nem sabia que desejava, mas percebe que é a melhor coisa que já aconteceu com você. — Como estão as coisas no salão? — Tyler pergunta, pegando a garrafa de Knox, agora adormecido, e a colocando na mesa ao seu lado. — Estão indo bem. Tenho duas outras cabeleireiras em tempo integral agora e provavelmente vou precisar selecionar mais um. Tenho pensado nisso. Meu salão de beleza, Reagan’s — eu sei, que original — está indo bem. Estou no mercado há alguns anos, e a cada ano que passa, o lucro aumenta. — Como vão as coisas com o trabalho? Ridge mencionou algo sobre outro possível trabalho fora da cidade. — Sim, costumávamos pegar mais desse tipo de serviço, como você sabe, mas desde a chegada de Knox temos preferido ficar perto de casa. — Você sente falta? A cada nova cidade, uma nova mulher? — pergunto, brincando com ele. Internamente odeio a pergunta e não quero saber a resposta, mas, como amiga, é isso que se espera de mim. O problema é que quero ser mais do que apenas amiga dele. — Nah, na verdade, não. Tem algo de especial em estar em casa e na sua própria cama à noite. — Ele olha para Knox, e sua expressão suaviza. — Quanto às mulheres? Não há nenhuma. Já faz muito tempo.

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— Tá na seca, Justice? — eu provoco. Quero envolvê-lo em meus braços e implorar que me deixe ser a mulher que romperia esse período sem umidade. — Acho que estou. Por escolha. — Ele se vira para me olhar. — Rolos aleatórios não me interessam mais. — Meu coração parece girar no peito por causa de sua confissão. — Deixa que eu o seguro — digo, mudando de assunto. Não quero falar sobre isso, porque esse assunto só pode seguir por dois caminhos. Um: ele me diz que está interessado em outra pessoa. Dois: ele me diz que está interessado em mim. Houve ocasiões durante o ano passado em que senti que Tyler sentia o mesmo que eu, mas nenhum de nós agiu de acordo com o desejo. Não importa o quanto eu o queira, há muitos obstáculos. Bem, apenas um. Meu irmão é seu melhor amigo.

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CAPÍTULO 2

Tyler AS PALAVRAS ESTÃO NA PONTA DA LÍNGUA. SINTO COMO SE ESTIVÉSSEMOS

evitando conversar sobre a atração que sentimos um pelo outro há meses. Eu quero admitir, lançar as palavras no ar, mas e se os sinais que eu acho que Reagan está me dando realmente não forem o que imagino? E se ela só quiser ser minha amiga? Perderíamos o que temos? É arriscado, é algo contra o qual tenho lutado há meses. Ela é importante para mim, e perder essa conexão me deixaria arrasado. — Você parece cansada — comento, em vez de dizer o que sinto por ela. — Sim, festas de aniversário de um ano são exaustivas. — Ela ri. — Tire um cochilo. Eu cuido de Knox. — Não, eu me ofereci para ficar de olho nele. — E agora sou eu que estou me oferecendo. Vai descansar os olhos um pouco. — Eu rio baixinho. — É isso que minha mãe costumava dizer quando eu era mais jovem e ficava quicando querendo ir ao parque ou que ela saísse para brincar comigo. Eu reclamava que ela estava dormindo, e ela dizia que estava apenas descansando os olhos. Agora que sou adulto, eu entendo, mas naquela época, eu só queria que ela brincasse comigo. Crianças têm muita energia. — Elas têm mesmo — diz Reagan, encobrindo um bocejo.

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— Aqui — eu aponto em direção ao meu ombro —, tire uma soneca. Prendo a respiração, querendo que ela me use como travesseiro. Foi isso que me tornei, um homem desesperado por qualquer possibilidade de contato com Reagan. Lembro de ter enchido o saco de Ridge quando ele conheceu Kendall. Agora eu entendo tudo; pena que não posso contar a ele. Quer dizer, talvez eu possa. Se ela me der uma chance, terei de fazer. Eu não serei esse tipo de cara. Droga, não me surpreenderia se ele já soubesse. Todos nós estivemos próximos uns dos outros durante toda a vida, e eu não tenho exatamente escondido minha atração por Reagan. — Você me chama quando ele acordar? — ela pergunta. Eu dou um soco no ar mentalmente. — Claro — eu digo a ela, sabendo que não vou fazer isso. A menos que seja absolutamente necessário. Reagan se aproxima um pouco mais e encosta a cabeça no meu ombro. Essa não é a primeira vez que ela me usa como travesseiro, mas, desta vez, enquanto estamos aqui e tenho Knox em meus braços, a sensação é diferente. Parece mais real. Pela primeira vez na vida, quero mais. Eu quero ser pai. Eu quero uma esposa. Eu quero tudo isso. E eu quero isso com a Reagan. Preciso ir com calma, ver se essa atração se aprofunda. Vou me arrepender se pelo menos não tentar. Estou bem ciente do que isso pode significar se não der certo. Eu perderia a boa amiga que ela é. Dias como o de hoje serão estranhos. E ainda tem o Ridge. Ele é um dos meus melhores amigos desde que eu era criança, e se as coisas não funcionarem entre mim e Reagan, isso pode prejudicar minha amizade com ele. Eu trabalho para Ridge. Droga, meus outros três melhores amigos também. Tem muito em jogo, e eu entendo os riscos. Preciso decidir se a recompensa vale a pena. Se ir atrás de Reagan vale a pena. Definitivamente.

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Eu acordo com a sensação de pequenas mãos puxando minha barba. Ao abrir os olhos, vejo Knox sorrindo para mim e balbuciando. — Você tirou uma boa soneca? — Ele apenas sorri um pouco mais e puxa com mais força. — Precisamos ficar quietos para não acordar tia Reagan. — Com a menção à tia, ele olha em volta até a encontrar encostada em mim. Em algum momento, cochilei também e acordei com meu braço

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em volta dela. Knox se senta no meu colo e alcança o nariz de Reagan. Ele é rápido e encosta nela antes que eu possa impedir. Os olhos castanhos de Reagan se abrem, enquanto um sorriso surge em seus lábios. — Você pegou meu nariz, seu safadinho — diz ela, estendendo a mão e fazendo cócegas na barriga de Knox. Ele cai na risada, nos fazendo rir também. Knox estende as mãos para ela, que o pega no colo. Aproveito para alongar o braço que ela usava como travesseiro. — Quer mais? — Pego a mamadeira meio vazia da mesa e ofereço a Knox. Ele sorri e aceita. — Tudo bem dar a ele, né? — eu pergunto a Reagan. — Dormimos muito? Eu olho para o relógio na parede. — Uns trinta minutos. — Ok, deve estar boa ainda. Knox não parece se importar enquanto deita a cabeça contra o peito de Reagan e começa a mamar. Em seguida, ele se senta, me entrega a mamadeira vazia e sai do colo de Reagan. — Pelo menos não jogou no chão. Ele estava naquela fase de jogar no chão quando termina. Demorou uma eternidade para conseguirem fazer Knox parar com essa mania. — Lembro de Ridge comentando isso. — Colocando a mamadeira na mesa, eu me sento no chão para brincar com alguns dos brinquedos novos de Knox. Reagan leva a mamadeira para a cozinha e se junta a nós. É assim que Ridge e Kendall nos encontram cerca de vinte minutos depois. — Mamãe, mamãe, mamãe — Knox balbucia, pondo-se de pé e indo até Kendall. Ele tromba nas pernas de Kendall e levanta os braços para que ela o pegue no colo. — Obrigado — Ridge nos agradece, sentando-se em sua poltrona. — Sempre que precisar — digo, já de pé. — Knox, amigo, toca aqui. — Eu estendo meu punho para ele. Ele me dá um sorriso cheio de dentes, concentra-se em fechar o punho e o bate no meu. — Feliz aniversário, rapazinho. — Eu bagunço seu cabelo, e ele afasta minha mão, rindo. — Vejo você na segunda — digo a Ridge. — Eu tenho que ir também. — Reagan se levanta. — Imagino que vocês tenham mais o que fazer hoje — ela diz enquanto puxa Kendall e Knox para um abraço coletivo. — Parabéns. — Ela se vira para olhar para o irmão. — Para os dois.

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— Agradeço — eles dizem ao mesmo tempo. Depois de esperar Reagan pegar sua bolsa, eu a levo até o carro. — Então, você tem planos para esta noite? — pergunto. — Nah, preciso lavar roupa. E você? — Nada. Os caras mencionaram um encontro no Bottom’s Up. — Você devia ir. — Talvez — respondo, mas sem muita certeza. — Bem, se precisar de mim, lavarei roupa e colocando algumas prateleiras no salão. — Precisa de ajuda? — ofereço. — Nah, é sábado à noite. Tenho certeza de que você tem coisas melhores para fazer com seu tempo livre. — Você gostaria que eu te acompanhasse até em casa? — pergunto, ignorando o fato de Reagan ter recusado minha oferta. — Claro, quero dizer, se você realmente quiser. Faço um jantar em troca do trabalho. Abro a boca para dizer que daria a ela qualquer coisa de graça sempre que quisesse, mas penso melhor antes de falar. — Não precisa. — Você tem certeza? Eu tinha planejado fazer a receita de nhoque cremoso de frango da mamãe. — Ok, se você insiste… — respondo, porque o nhoque de Heidi Beckett não é algo que você possa deixar passar. Eu nunca provei o da Reagan, mas sei que ela tem as mesmas habilidades da mãe na cozinha. Minha boca enche d’água só de pensar. — Você precisa que eu leve alguma coisa? — pergunto a ela. — Não. Só estacione atrás do salão e suba. — Vou atrás de você — eu digo a Reagan e corro para a minha caminhonete, saindo logo atrás dela.

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— Você pode me passar um parafuso? — eu peço a Reagan. Estamos no depósito de seu salão prendendo as prateleiras. — Obrigado — digo, pegando de sua mão. Eu prendo rapidamente a última prateleira, verificando duas vezes todas as três para ter certeza de que estão niveladas. — Mais

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alguma coisa que eu possa fazer por aqui? — Demorei o dobro do tempo que realmente precisava para a tarefa só para passar mais tempo com ela. — Na verdade, a dobradiça da área da Carol está solta, e a porta está só encostada. Você pode consertar? Tenho pensado em pegar as ferramentas do papai ou do Ridge para acertar sozinha. — Me leva até lá. — Quanto mais serviços Reagan me passar, mais tempo fico aqui com ela. Porra, se os caras pudessem ler meus pensamentos, me encheriam o saco. Não tenho certeza se algum dia parariam de me perturbar. Só que depois que Ridge pediu Kendall em casamento, todos nós paramos com isso. Não que eu esteja querendo propor casamento. Pelo menos não tão cedo. — Obrigada, Ty, por fazer isso. Eu poderia ter feito sozinha, mas você faz com que pareça fácil. — Você realmente sabe qual é minha profissão? — provoco. — Eu sei, é que odeio pedir ajuda para fazer coisas que posso dar conta sozinha. — Não é um problema para mim, Reagan. — Fecho a porta, testando para ter certeza de que está fechando corretamente. — Tudo pronto. O que mais? — Hum… Qual é sua habilidade para montar móveis? — ela questiona, mordendo o lábio inferior. — Vou repetir mais uma vez: minha profissão é construir coisas. — Eu rio, tentando não pensar em como quero ser a pessoa a morder esse lábio. — Tem algo aí para mim? Posso fazer enquanto estou aqui com as minhas ferramentas. — Tenho. É uma estante que precisa ser montada. Foi entregue na semana passada, mas ainda não tive tempo de acertar tudo. — Me leva até ela. — Pego minha bolsa de ferramentas, Reagan apaga as luzes e nos encaminha até uma porta trancada. Atrás, há uma escada que leva ao apartamento dela. Eu estive aqui muitas vezes ao longo dos anos. — Você ainda gosta de morar na loja? — pergunto, observando sua bunda se movendo enquanto ela sobe os degraus na minha frente. — É ok. Mas quanto mais tempo eu passo com Ridge e Kendall, mais acho que vou gostar de ter um lugar só meu. Algo que não esteja ligado ao meu negócio. — Reagan para no degrau superior e se vira para mim. É um espaço apertado, então seus seios se esfregam contra o meu peito.

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— E você? — pergunta, olhando para mim. — Ainda gosta de morar em um condomínio? — Na verdade, não. — Ela se vira para destrancar o apartamento, e eu a sigo. — Estou procurando um lugar para morar. Estou cansado de ouvir meus vizinhos. Eles discutem o tempo todo. — Isso deve ser horrível para eles e para você. — Onde está a estante? — eu pergunto a ela. — Me siga. — Reagan sorri. O apartamento é pequeno, mas aconchegante, considerando que fica em cima do salão. — Um dia gostaria de transformar isso em um espaço para o escritório. Eu separei um cantinho onde organizo a folha de pagamento e faço pedidos de suprimentos. Seria bom fazer desse espaço uma sala de descanso e uma área administrativa. — Aposto que seus funcionários gostariam dessa ideia. — Com certeza. Aqui está. — Ela aponta para um pequeno espaço no canto da sala. Já existem duas estantes cheias de livros, e parece que essa nova mal vai caber no espaço restante. — Você mediu? — Sim — Reagan se empertiga, mostrando a língua para mim. — Eu medi duas vezes. — Só para ter certeza. — Eu levanto as mãos em defesa. — E não se atreva a me perguntar se eu sabia o que estava fazendo quando comprei. Papai e Ridge garantiram que eu aprendesse a usar uma trena. — Eu não ia comentar nada. — Coloco minha bolsa de ferramentas no chão, eu me sento ao lado da caixa e começo a abrir a embalagem. — Qual é a desses livros, afinal? — Edições autografadas dos autores que amo. — Achei que você usasse um daqueles tais de e-reader. — Oh, eu não leio esses aqui. — Reagan nota o olhar confuso no meu rosto. — Isso arriscaria danificar a lombada ou amassar as páginas. — Mas não é esse o objetivo de um livro? — Não. O que quero dizer é que adorei cada um deles e tenho os autógrafos dos autores neles. Isso é uma grande conquista, Tyler — diz, colocando as mãos na cintura. — Entendi. Livros autografados são uma grande conquista.

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— Precisa de ajuda? — Reagan me pergunta. — Você não me prometeu um jantar? — Prometi. Vou começar a cozinhar enquanto você monta a estante. Se precisar de uma mão é só gritar. — Pode deixar, eu cuido de tudo — garanto a ela e ponho as mãos à obra. É uma estante simples com cinco prateleiras, e, em teoria, deveria montá-la em no máximo vinte minutos. No entanto, a planta do apartamento de Reagan é aberta, então posso vê-la de onde estou sentado, no canto da sala. Ela prendeu o cabelo escuro em um nó no topo da cabeça. Ela não está fazendo nada incomum, apenas cozinhando, mas Reagan chama minha atenção mesmo assim. — Como está indo aí? — ela pergunta, sem se preocupar em erguer os olhos. — Bem. Você? — Eu respondo e volto minha atenção ao trabalho antes que ela me pegue olhando. — Mais dez minutos aqui. Eu examino a estante, e se conseguir desviar a atenção de Reagan, devo terminar ao mesmo tempo que ela. Recusando-me a olhar, mantenho a cabeça voltada para o móvel. Estou encaixando a prateleira final quando ela avisa que a comida está pronta. — Na hora certa — digo, me juntando a ela na cozinha. — Você terminou? — pergunta Reagan, os olhos castanhos brilhando de empolgação. — Sim. Tem algum livro para colocar nela? — Ainda não, mas vai acontecer uma hora de autógrafos daqui a algumas semanas. Eu pretendo adicionar mais um à minha coleção. — Por que eu desconhecia esse seu lado? Ela encolhe os ombros. — Você sabe que adoro ler. Não me gabo da minha obsessão por livros autografados. Pelo menos não para quem não entende. — Ei, sou um ótimo ouvinte. Você pode falar comigo sobre qualquer coisa. Ela ri, o som ecoando por todo o pequeno apartamento. — Anotado. — Ela sorri. — Obrigada por toda sua ajuda hoje, Ty. Eu realmente gostei disso.

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— Sempre que precisar, estou apenas a um telefonema de distância. — Come — diz, me entregando uma tigela de nhoque cremoso. Eu não perco tempo e ataco a comida. — Nossa, cara, isso é tão bom. — Talvez você devesse aprender a cozinhar algo que não exija uma churrasqueira — ela provoca. — Você está se oferecendo para me ensinar? — Claro. — Reagan encolhe os ombros. — Cozinhar não é tão difícil. — Sou um cara solteiro que mora em um apartamento. Sozinho. Jogar um pouco de carne na grelha com uma batata assada ou uma salada é mais fácil. — O que você faz no inverno? — Uso a churrasqueira. — O quê? — Ela balança a cabeça. — Eu posso imaginar a cena. Você parado na porta dos fundos, vestindo seu casaco, luvas e cachecol, a neve caindo, e você tentando grelhar uma droga de um bife. — Não exatamente. Mas quase isso. Eu tenho um grill portátil. — Eu pisco para ela. — Lógico que tem. — Obrigado pela comida — digo, enxugando a boca. — Estava uma delícia. — Levanto e levo meu prato para a pia, lavo e coloco na prateleira. — Você vai lavando tudo enquanto cozinha — comento, percebendo que não há mais louça suja na pia. — Um hábito que peguei da minha mãe. Ela diz que é mais fácil, e eu concordo. Quem quer um monte de pratos para lavar depois de estar farto após uma boa refeição? — Ela dá uma última garfada, e eu pego seu prato, lavando-o também. — Então, o que está na agenda para o restante da noite? — pergunto. — Nada de mais. Há um novo filme na Netflix. Acho que vou assistir. Você? — Operação Fronteira? — Isso, parece uma boa escolha. E o elenco…. — Ela abana o rosto como se estivesse com calor. — Mesmo? Aqueles caras lá? — Eu não expulsaria nenhum deles da minha cama. Mentalmente estou me comparando com os atores do filme. Acho que sou mais parecido com aquele tal de Hunnam.

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— Quem é seu favorito? — pergunto, seguindo-a até a sala. Ela se senta no sofá, e eu faço o mesmo, bem ao lado dela. — Hmmm. — Ela finge refletir sobre a questão. — Como eu disse, eu não expulsaria nenhum deles da minha cama, mas se eu tivesse que escolher apenas um, ia no Charlie. Isso, porra! — Vamos assistir a esse filme ou não? Ela se vira para me olhar, a surpresa estampada em seu rosto. — Você quer ficar? — Também quero ver o filme. Por que deveríamos assistir sozinhos? — É uma boa pergunta. — Ela pega o controle remoto e seleciona o filme. Não dá play. — Precisamos de uns lanches — diz, colocando o controle remoto na mesinha de canto e indo em direção à cozinha. — Que tipo de lanche? — questiono por cima do ombro. — Você vai ver. — Eu a ouço se movendo pela cozinha. — Você precisa de ajuda? — Não. — Eu ouço a porta do micro-ondas fechar e a pipoca começar a ganhar vida. — Toma. — Ela me entrega duas garrafas de água por cima do ombro, depois corre de volta para a cozinha. Em um segundo, ela está de volta com uma grande tigela de pipoca e um pacote de Oreos. — Não dá para assistir a um filme sem pipoca, e isso aqui é para nosso lado formiga. Não digo a ela que não tenho um lado formiga, bem, a não ser que ela conte como sobremesa. Tenho certeza de que Reagan é muito doce. Meu pau engrossa apenas com o pensamento de prová-la. Felizmente, ela está do outro lado da sala, desligando as luzes, e eu posso me ajustar antes que ela veja. — Armando um clima? — pergunto, a voz baixa e rouca. — Existe alguma outra maneira de aproveitar uma noite de cinema? — Não consigo pensar em nenhuma — digo a ela honestamente. O que Reagan não percebe é que não tem nada a ver com o filme, com os lanches ou mesmo com a iluminação. É tudo sobre ela. Apenas a Reagan. É Reagan que torna esta noite inesquecível.

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