ALMADAFORMA
a revista do centro de formação de escolas do concelho de almada
nº1 | maio 2013
1ª Mostra de Video Artes na Escola A Comunicação e Expressão na Sala de Aula em contexto educativo Secundária do Monte AlmadaTransformador um Olhar sobre a Ponte Leitura Criativa As Nações de Uppsala Lira DeliranteO professor dereflexão Caparica Concurso Pessoas O passado apontando o futuro Agrupamento de Uma pequena Levar o Tempo ao Desespero Arte na Rua Educação, Arte e Cidadania Escolas Dinis em roda livre ementre Pessoas Sobre oD. livro de poemas de Francisco Projeto fronteiras urbanas O diálogo as artes Monumento à Multiculturalidade Quase-Fábula Alunos com Perturbação de autismo Niebro ARS VIVENDI ARS MORIENDI e educação comunitária Centro Cívico da Caparica Partilhar modos de Ver, Ser e Sentir pequena Remake de Uma Obras de Artereflexão Os Planaltos dos Pássaros e do Salalé Mundos em Diálogo roda livre O Design Gráficoem naImaginArte Escola Jorge Arrimar mundos.em.diálogo@ Almada A Ficção deTrajes II Ciclo Conferências dos Capuchos Dáquem e Dálem Secundária de Cacilhas gmail.com Convento dos Capuchos projeto com uma turma de EduO passado apontando o Educação, Arte e Cidadania A Educação Estética e artística Formacão em Literatura-Mundo cação e Formação de Adultos futuro Partilhar modos de Ver, Ser e em contexto escolar Comparatistas, UNESCO, ESEN Sentir
ARTE EDUCAÇÃO CIDADANIA 1
Índice Editorial A Educação Estética e Artística Educação, arte e cidadania Mundos em Diálogo ImaginArte Almada Arte na Rua Artes na Escola Remake de Obras de Arte Educação, Arte e Cidadania Trajes Dáquem e Dálem Alunos com Perturbação do Autismo Leitura Criativa A Comunicação e Expressão na Sala de Aula Quase-fábula As Nações de Uppsala Lira Delirante Levar o tempo ao desespero Os Planaltos dos pássaros e do Salalé Monumento à Multiculturalidade Formacão em Literatura-Mundo Almada um Olhar sobre a Ponte 1ª Mostra de Video II Ciclo de Conferências dos Capuchos
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Ficha Técnica Directora: Maria Adelaide Paredes Silva Colaboradores: Alfredo Cameirão, Ana Ávila Silva, Ana Gonçalves, António Candeias, António Sales, Carla Belo, Domingos Rasteiro, Domitila Cardoso, Elisa Marques, Elsa Pinheiro, Fátima Vaz, João Moreira, José Guimarães, Leonor Mendinhos, Libânia Nazareth, Ludgero Leote, Madalena Mendes, Maria Adelaide Silva, Maria Lourenço, Mónica Mesquita, Múcio Goes, Nuno Albuquerque, Paula Penha, Rui Baltazar, Rui Silvares, Ruth Navas, Thomas Fahrenholz Coordenação, paginação e arranjo gráfico: Domitila Cardoso, Maria da Luz Vieira 2
Editorial ciência, instituições e associações, comunidade em geral.
A revista AlmadaForma online inaugura-se sob o signo da 2ª edição do Ciclo das Conferências no Convento dos Capuchos, integrando a sua matriz fundadora - Educação, Arte, Cidadania. Pretende ser um projeto de comunicação contínua, promovido pelo centro de formação de escolas do concelho de Almada, um espaço de divulgação e reflexão sobre temáticas atuais e pertinentes de Educação e Formação, de modo a fidelizar o público-alvo das escolas associadas e da comunidade educativa do concelho de Almada, em particular.
Os contributos provenientes da experiência, do estudo especializado e do terreno da investigação-ação são fundamentais para acrescentar valor e qualidade a esta revista que se regozija em poder apresentar, nesta publicação, um conjunto de comunicações muito interessantes e valiosas, em torno de reflexões sobre a arte na escola, como área de conhecimento a par das áreas científicas e tecnológicas. As experiências e projetos apresentados reclamam o desenvolvimento da educação estética e artística, abrindo espaço a outros saberes, outras maneiras de estar e de abordar os problemas da vida e da sociedade.
A ideia é contribuir para a exigente missão da escola, numa lógica de intervenção aberta e construtiva, focada na preparação para o mundo e renovação da sociedade. A partir da tomada de consciência do valor da pessoa do aluno, do educador e do professor, nos seus contextos e redes de relações e responsabilidades partilhadas, ganha significado pensar na qualificação e educação dos nossos alunos. Privilegiamos, assim, abordagens relevantes sobre a formação dos professores e dos diversos agentes educativos, com particular atenção aos contextos e à valorização do seu potencial. Parece-nos fundamental estabelecer redes e interações com outras realidades e dinâmicas nacionais e internacionais, por via da rede de parcerias e de projetos europeus das escolas e do centro de formação. Procuramos reconhecer a qualidade dos projetos educativos das escolas e colaborar na reflexão e construção de sentidos de mudança, pela partilha de dimensões inovadoras e mobilizadoras de conhecimento e de sabedoria. Pensar e questionar a educação de forma colaborativa e abrangente.
Como contributo para uma escola com futuro valorizamos a parceria estabelecida no âmbito do Programa Educação Estética e Artística em contexto escolar (PEEA), apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e a decorrer desde 2010, sob a coordenação da Drª Elisa Marques, MEC – DGE. O referido programa tem permitido assegurar a formação contínua de educadores e professores do 1º ciclo, contemplando um número significativo de docentes de seis agrupamentos de escolas, no domínio das diferentes formas de arte: Expressão Plástica, Educação e Expressão Musical, Dança e Movimento e Drama/Teatro e no desenvolvimento de parcerias entre as instiuições escolares e as instituições culturais, como museus, teatros, academias, entre outros. Este programa tem procurado, enfatizar a arte como uma área do conhecimento. Saudamos e agradecemos a participação de todos os nossos colaboradores, celebrando em conjunto a vida da Revista AlmadaForma.
Com este objetivo apelamos à participação dos intervenientes implicados no processo educativo em diferentes níveis e funções nas escolas, universidades, autarquias, ministério da educação e
Maria Adelaide Paredes da Silva Diretora do AlmadaForma 3
EDUCAÇÃO
A Educação Estética e Artística em contexto escolar
- O desenvolvimento de modelos alternativos de formação estética e artística dos profissionais de educação em contexto de trabalho, concebendo referentes básicos para a formação inicial, contínua e especializada.
Elisa Marques Coordenadora da Equipa do PEEA
- A identificação das necessidades de recursos pedagógicos específicos requeridos para uma melhor aprendizagem na área artística da educação pré-escolar e do ensino básico e secundário. Neste contexto, a EEA têm-se centrado de modo mais sistemátio na formação de docentes e no desenvolvimento de estratégias que promovam e efetivem a relação entre as instiuições escolares e as instituições culturais. Estas duas linhas de ação, desenvolvidas em simultaneo, estão consubstantivadas no o Programa Educação Estética e Artística em contexto escolar (PEEA), apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
A Equipa de Educação Artística, abreviadamente designada por EEA, da Direção Geral de Educação do Ministério da Educação e Ciência, exerce a sua atividade no âmbito do desenvolvimento curricular da arte na educação pré-escolar e no ensino básico e secundário, assegurando, em particular cinco linhas de orientação, designadamente:
Ao longo de três anos, o PEEA tem vindo a desenvolver, a nível nacional, as seguintes ações: • Plano de formação no domínio das diferentes formas de arte: Expressão Plástica, Educação e Expressão Musical , Dança e Movimento e Drama/Teatro;
- A promoção de um plano de intervenção no domínio das diferentes formas de arte em contexto escolar, de modo a formalizar nas práticas educativas os princípios teóricos assumidos, neste âmbito, pela Lei de Bases do Sistema Educativo e pelas linhas de orientação definidas pelo Ministério da Educação e Ciência;- A coordenação, o acompanhamento, o desenvolvimento de estudos e a proposta de orientações, em termos pedagógicos e didáticos, para a educação artística genérica;
• Parcerias com museus, teatros, academias, entre outras instituições; Através deste plano de ação, o PEEA, pretende atingir, de uma maneira gradual, os seguintes objetivos: • Incentivar a dimensão estética da educação através da apropriação da linguagem das várias formas de arte, recorrendo aos saberes específicos de cada uma delas, para que de um modo progressivo, se implementem estratégias educativas, cujas ações assegurem a articulação curricular, integrando diferentes linguagens; fomentando, deste modo, a transversalidade de conhecimentos.
- A promoção de dinâmicas de trabalho sistemático entre as instituições de cultura e as instituições escolares, facilitando o acesso por parte da escola aos seus diferentes programas, através da articulação interministerial; 4
• Ser uma ação faseada no tempo e nos contextos, abrangendo progressivamente o território nacional.
• Desenvolver ações conjuntas entre as instituições escolares e as Instituições de cultura, antecipando a cultura como uma necessidade no processo educativo.
• Fomentar um trabalho sistemático entre os estabelecimentos de ensino e as várias instituições culturais.
• Sensibilizar os docentes e as famílias para o papel da arte na formação das crianças e para a sua relação com outras áreas do saber.
• Formar, em contexto de trabalho, os profissionais de educação para a aquisição de saberes relativos às diferentes áreas artísticas.
• Estimular o conhecimento do património cultural e artístico como processo de afirmação da cidadania e um meio de desenvolver a literacia cultural.
• Acompanhar os docentes ao longo de um ano letivo, através de reuniões de acompanhamento, nas quais se partilhe o trabalho desenvolvido com as crianças, no sentido deste constituir uma reflexão sobre as práticas desenvolvidas.
Na operacionalização do PEEA, tem-se assentado num modelo aberto e flexível, não se pretendendo que este constitua uma «receita» para os docentes, mas no qual se privilegia, de um modo efetivo, os conhecimentos essenciais que cada um deve mobilizar no desenvolvimento curricular das áreas estética-artísticas.
• Avaliar as práticas desenvolvidas pelos docentes e inventariar linhas de investigação que sejam relevantes para o aperfeiçoamento das práticas na área das artes em contexto escolar.
Deste modo, fixaram-se os seguintes pressupostos:
Em síntese, apresentam-se no quadro abaixo os eixos de intervenção e áreas de atividade, que, embora apareçam separadamente, são desenvolvidos simultaneamente:
• Abranger, em primeiro lugar, a Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico e, progressivamente, outros ciclos de Ensino. EIXOS INTERVENÇÃO
ÁREAS DE ACTIVIDADE
Formalização de parcerias
Elaboração de Protocolos
Programa de dinamização de oficinas em contexto cultural e escolar
Elaboração de subprogramas específicos
Formação em contexto de trabalho
Oficinas de formação com base no desenvolvimento das práticas com as crianças Linhas de investigação com a participação activa dos diferentes agentes educativos
Investigação Materiais pedagógicos
Produção de materiais em suportes físico e digital
Metas Curriculares - Educação Artística
Utilização em contexto escolar
Avaliação externa
Processo de avaliação por uma equipa de investigadores externos
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O PEEA em números… Ao longo destes três anos, foram envolvidos 45 Agrupamentos de Escolas em Portugal Continental, a Escola Portuguesa de Moçambique, 2.796 docentes, 47.000 crianças, 15 Centros de Formação de Associação de Escolas, 2 Instituição do Ensino Superior, 47 Instituições Culturais e desenvolvidos 15 subprogramas, conforme o seguinte quadro – síntese:
Quadro – síntese Agrupamentos de Escolas 45 + Escola Portuguesa de Moçambique
Docentes
Alunos
Centros formação
Instituições Ensino Superior
Instituições culturais
Autarquias
Sub programas
2.796
47.000
15
2
47
15
15
sete países (Bélgica, Portugal, Noruega, França, Hungria, Alemanha e Grécia) e integra vários projetos de artistas nacionais e internacionais na área da Música, com «espetáculos interativos, instalações, oficinas, música de rua, exposição de instrumentos, nas áreas do jazz, contemporânea, experimental, eletrónica, improvisada. Apesar de, o objetivo central ser a música, integra também outras áreas artísticas.
Subprogramas A Equipa de Educação Artística desenvolve subprogramas em parceria com diversas instituições culturais, acolhe e divulga outros projetos relevantes da sociedade civil, com o objetivo de promover as artes e a cultura no universo escolar. A título de exemplo, enumeramse alguns subprogramas, cujo desenvolvimento
Neste ano, participaram no Festival 50 docentes dos Agrupamentos de Escolas Miradouro Alfazina, Monte de Caparica e Belém – Restelo que frequentaram a formação BIG BANG, à qual foi objeto de avaliação por parte dos docentes tendo, posteriormente, assistido com os seus alunos (500) aos espetáculos realizados no dia 28 de setembro. Ao longo do ano letivo será feito o acompanhamento destes docentes (3 reuniões) por parte da Fábrica das Artes/CCB e do Ministério da Educação e Ciência (DGE), cuja intenção é perceber o modo como os docentes integram a formação na sua prática educativa. - TIC …Toque na Escola do Futuro
teve um caráter mais sistemático, a saber:
Inscreve-se no PEEA no âmbito da Educação e Expressão Plástica, tendo por base a ligação a arte às tecnologias, utilizando o CDROM 31 Alerta Imagens à Descoberta da DGE /Ministério da Educação e Ciência.
- Big-Bang: Festival Europeu de Música para Crianças Este festival é desenvolvido em parceria com a Fábrica das Artes do Centro Cultural de Belém há três anos. Enquadra-se num projeto internacional que envolveu, nesta 3ª edição,
O 31’ Alerta – Imagens à descoberta, assume-se 6
como um recurso educativo ao nível da Expressão e Educação Plástica, manifestando ainda um carácter transversal ao nível das competências gerais estabelecidas para o 1º Ciclo do Ensino Básico.
diferentes formas de arte por “não contarem para a «avaliação». Também é praticamente nulo o conhecimento sobre a avaliação em artes. Normalmente, a avaliação é feita em termos de produto final, não se valorizando os processos de aprendizagem ao longo do tempo, nem a sistematicidade de um trabalho assente em rotinas pedagógicas. Deste modo, há necessidade de criar sistemas de avaliação válidos e fiáveis que permitam obter resultados sobre as aprendizagens dos alunos, bem como, aferir da adequação de objetivos, conteúdos, metodologias e estratégias das áreas artísticas.
- InShadow – Festival Internacional de Vídeo, Perfomance e Tecnologias A segunda edição deste subprograma resulta da parceria com VoArte - Associação cultural para a produção e divulgação das artes, formação e intercâmbio no âmbito do Festival InShadow – Festival Internacional de Vídeo, Perfomance e Tecnologias, o qual pretende «propor imagéticas alternativas suportadas na relação criativa de géneros e práticas artísticas, capazes de suscitar a imaginação e desenvolver precocemente reflexão crítica em torno de temas como a consciência do corpo, leitura de imagens em movimento e do papel da arte na construção de noções estéticas»
• Tempo – A identificação da falta de tempo muitas vezes não é uma razão real, visto, por vezes, haver muito investimento de tempo na preparação de festas e comemoração de efemérides, sem que isso possa reverter no desenvolvimento de uma educação estética para as crianças e jovens.
- Espetáculos de música: Orquestra Gulbenkian
• Idade e contexto familiar – Muitas vezes, estas duas variáveis são abordados numa perspetiva de “determinismo social e pedagógico”, pressupondo-se, à partida, que as crianças de níveis etários mais baixos e de meios socioeconómicos mais carenciados não conseguem aceder ao conhecimento artístico. A investigação científica atual não permite aferir esta conclusão, havendo estudos que apontam em sentido contrário. Também os dados obtidos com a implementação deste Programa indicam que estas duas variáveis não são impedimento ao processo de ensino-aprendizagem no domínio artístico.
Vinda de 250 crianças (Pré-escolar, 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico) do Agrupamento de Escolas da Benedita (Alcobaça) para assistir a um ensaio geral da Orquestra Gulbenkian. Do programa do referido ensaio constaram os quatro andamentos (Allegro com brio, Andante, Poco Allegretto e Allegro) da Sinfonia nº 3, Opus 90, de Johannes Brahms.
Algumas pistas de reflexão No desenvolvimento do PEEA ao longo destes três anos, tem sido possível refletir sobre alguns fatores, que poderão permitir um conhecimento mais aprofundado da realidade das artes na educação e a consequente necessidade da continuidade e aprofundamento da implementação do PEEA. O conjunto de fatores identificados permitem traçar uma leitura das práticas do contexto educativo através das seguintes dimensões, separadas, apenas, por motivos de ordem metodológica:
• Transversalidade e articulação curricular – A inter-relação entre as diferentes formas de arte não têm intencionalidade, havendo pouca consciencialização dos saberes das diferentes linguagens, gerando-se, assim, uma amálgama de atividades sem significado educativo, servindo as artes como meras ilustrações. Daí, a implementação deste Programa de Educação Estética e Artística seja determinante.
Dimensão Educativa • Avaliação – Existe uma subvalorização das 7
• Representações sobre os conceitos – Arte, criatividade, espontaneidade e expressividade. Existe uma grande confusão concetual acerca destes conceitos, fomentando-se abordagens simplistas sobre a arte, tendo como consequência uma prática educativa completamente desfasada dos conhecimentos teórico-práticos nos campos da arte e da pedagogia.
Em Jeito de Conclusão
• Instrumentos pedagógicos – As metas a atingir são um fator determinante para o desenvolvimento da formação, por se considerarem claras e ajustadas ao desenvolvimento dos processos integrados: Fruição-Contemplação; Interpretação/ Reflexão e Criação/Experimentação, filosofia em que assenta o PEEA.
O desenvolvimento do PEEA tem procurado, em conjunto com todos os docentes, e restantes membros da comunidade educativa, enfatizar a arte como uma área do conhecimento, que alarga as potencialidades do ser humano para a indagação num processo dinâmico de busca. Apesar de, todos poderem ter acesso ao mundo da indagação, torna-se necessário «treinar» a capacidade de procura, através das múltiplas perguntas que se colocam à realidade das «coisas», acreditando que «só se pode ver o invisível se estivermos à procura dele». Este jogo de (in) visibilidades requer conhecimentos prévios, convivência com múltiplas realidades e um trabalho desenvolvido em continuidade.
• Modelo de formação – Este modelo tem vindo a constituir uma vantagem para a prática educativa, por ser claro nos objetivos e nos conceitos que aborda, e por permitir que cada docente trace o seu projeto de trabalho.
Dimensão Orgazionacional • Liderança – Nos Agrupamentos de Escolas onde existe uma forte liderança e definição de regras claras, por parte dos diretores, o Programa é assumido como uma maisvalia educativa, revertendo em práticas significativas para as crianças e jovens e para a mudança a nível organizacional, por exemplo, uma maior articulação entre ciclos.
Coordenação da Equipa - Elisa Marques
• Parceria com as Instituições Culturais – A relação entre as várias Instituições Culturais e os Agrupamentos de Escolas revela-se muito importante para os docentes e para as crianças, pela possibilidade de contactar com os diferentes universos culturais/artísticos e, também, pela oportunidade de estreitar as relações de convivialidade. Nota-se que, muitos dos docentes mantêm uma certa fidelização a determinadas Instituições.
Área de Expressão e Educação Musical António Rocha Área de Expressão e Educação Plástica Elisa Marques Área de Movimento e Drama/ Teatro Jaime Soares Área da Dança Maria Benedita Leão
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EDUCAÇÃO
Educação, arte e cidadania O diálogo entre as artes
lho de Almada mais especificamente para a sua diretora Dr.ª Maria Adelaide Paredes. Aproveito este momento público para em nome da comunidade e do Município de Almada agradecer o trabalho que a Dr.ª Maria Adelaide e o Centro de Formação das escolas de Almada tem desenvolvido no sentido de contribuir para uma dinâmica em que a comunidade é vista como um espaço vital de vida social onde se configuram múltiplas e complexas relações e interações sociais.
Domingos Rasteiro Câmara Municipal de Almada
Na minha qualidade de diretor municipal com responsabilidades nas áreas da educação e da cultura e em representação do município e do Sr. Vereador da Cultura e da Educação é com muito gosto que neste momento de abertura destas conferências que aqui vão acontecer nos próximos três sábados vos dirijo algumas palavras de saudação e de congratulações pelo evento que aqui nos reúne.
A escola, os professores, os projetos, as associações, os saberes, são elementos fundamentais para o enriquecimento de uma comunidade humana que interage num dado território. Obrigado pela sua entrega, pelo seu empenho, pelo seu saber fazer, pela condição de cruzar pessoas, ideias e projetos. É uma tecedeira incansável desta rede, desta malha que marca o nosso território humano e institucional. Bem-haja por isso.
Começo por cumprimentar todos os presentes que aceitaram o convite para estar aqui. Cumprimentar os meus colegas desta mesa de abertura e na pessoa da Professora Manuela Dâmaso congratular todos os professores, os alunos da escola secundárias do monte de Caparica e de outras escolas do concelho que puseram de pé este evento.
Dirijo uma segunda palavra para todos aqueles que se dispuseram a vir trazer as suas ideias, reflexões, conhecimentos e experiências a este conjunto de conferências, fazendo deste espaço um lugar de partilha, de construção de um co-
Uma primeira palavra vai para a organização destas conferências em especial para o Centro de Formação da associação de escolas do Conce-
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no mundo que os rodeia. Razão última que justifica, e muito, a tão criticada intervenção do estado nas artes e na cultura.
nhecimento novo multidisciplinar ou até transdisciplinar por aquilo que se pode construir, de novo, pelo diálogo das várias artes, dos vários artistas e especialistas. Uma referência particular a presença do escultor Francisco Simões, também professor, e ligado por nascimento ao nosso concelho, 1º Vereador da Cultura da Câmara de Almada depois do 25 de abril e patrono de uma das nossas escolas. Muito bem-vindo.
Obrigado a todos vós por abrirem este espaço público de debate de aprendizagem coletiva. Ficamos a aguardar com expectativa as conclusões que de certeza nos vão ajudar a melhorar o nosso trabalho pedagógico, educativo e social. Finalmente não poderia deixar de dedicar uma última palavra aos professores que aqui estão em grande número. Para lhes deixar uma palavra de apreço, de ânimo e de agradecimento pelo trabalho quotidiano que desenvolvem nas escolas, em particular nas escolas do nosso concelho.
A este propósito arrisco a dizer alguma coisa no cruzamento da Educação, da Arte e da Cidadania. A educação e a arte são indissociáveis no processo formativo numa aceção ampla em que a educação está muito para além do que é académico e ganha uma dinâmica de sociabilidade como mediação do individuo com o mundo que o rodeia. Um mundo cada vez mais complexo, mais diverso, mais global em que o sentido de interpretação e perceção da realidade são essenciais para uma participação ativa e esclarecida no mundo social. A educação tem neste contexto uma importância central no sentido de aprendermos a viver juntos, ganhando uma dimensão de cidadania primordial nas sociedades pós modernas.
Com escrevia num artigo, muito recente, um amigo e um grande especialista das ciências da educação, o prof. João Ruivo, e cito “os professores portugueses não vivem momentos facilitadores do desabrochar da ilusão, da fantasia criadora e da utopia que leva à vontade de vencer”, ou então na expressão tão adequada de Francis Fuller “curva ou estádio do desencanto”. Nestes tempos difíceis para todos não podemos esquecer ou menosprezar este grupo profissional tão decisivo do presente e do futuro das sociedades humanas. Esquecer isso pode ser um erro fatal.
A arte e a cultura são parte desse processo, de educação permanente, que procura pelas vivências, pelo acesso, pela fruição, pelo contacto com a arte, pela contemplação, pelo sentido de observação, pela educação estética valorizar um processo de desenvolvimento humano que favoreça a capacidade de comunicação, o sentido critico, a criatividade, a participação critica.
Sabemos, temos mesmo a certeza, que o trabalho do professor é incontornável é insubstituível. A qualidade do seu trabalho é um bem social e de progresso do qual depende qualquer sociedade avançada. Esse é um capital único do qual não vamos abrir mão.
É por isso muito importante que os agentes da educação, os pais, os professores, as famílias, os artistas, as autoridades locais se envolvam, se interessem por este tema, por esta problemática. Pela nossa parte, município de Almada, estas preocupações estão muito presentes nos programas dos nossos equipamentos cultuais, nas atividades dos nossos serviços educativos pois as galerias, as salas de exposições, os ateliers, os museus são espaços para essa aprendizagem, para a construção desses cidadãos livres, esclarecidos, com cultura e com vontade de intervir
Termino de novo com a ajuda de João Ruivo “ a vós devemos uma boa parte do que somos e do que ainda queremos vir a ser”. Sabemos, temos mesmo a certeza, que o trabalho do professor é incontornável é insubstituível. A qualidade do seu trabalho é um bem social e de progresso do qual depende qualquer sociedade avançada. Esse é um capital único do qual não vamos abrir mão. Comunicação apresentada nas Conferências do Convento dos Capuchos a 4 de Maio 2013 10
COMUNIDADE
Mundos em Diálogo
mundos.em.diálogo@gmail.com moniais - naturais e culturais - acontece no contexto privilegiado da cidade de Almada, cidade educadora e do conhecimento.
Madalena Mendes Agrupamento de Escolas Romeu Correia
A leitura e interpretação dos (con)textos fazse a partir da sensibilização e valorização do património ambiental - Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica e a sua Reserva Botânica da Mata dos Medos (ICNB) - e da diversidade cultural pluri-identitária e patrimonial da cidade de Almada e das suas gentes, em diálogo com outros contextos nacionais e globais.
O projeto Mundos em Diálogo é dinamizado por uma equipa que integra o Agrupamento de Escolas de Romeu Correia em estreita articulação com a Câmara Municipal de Almada - Divisão de Bibliotecas, Casa da Cerca e Solar dos Zagallos - e o Instituto de Conservação da Natureza Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica e Reserva Botânica da Mata Nacional dos Medos.
O projeto enquadra-se no espírito dos principais documentos orientadores de política local (Escolas e Agrupamentos - PAA, PEE, PCT-; Município - Carta Educativa, PAC, Agenda Local 21), e internacional, - ONU - ODM, Agenda 21; Conselho da Europa - Educação para a Cidadania Global; UNESCO - Património), promotores da valorização da qualidade do ensino, da educação e do conhecimento, da biodiversidade e da diversidade cultural, do património cultural, e da cidadania global.
O projeto procura pôr em diálogo diferentes domínios do saber, quebrar fronteiras e barreiras entre visões tradicionalistas de olhar a diversidade cultural e a biodiversidade ambiental, juntar mundos diversos e diferentes e cruzá-los num processo de aprendizagem e de enriquecimento recíprocos com vista à assunção de ações de co-responsabilização, de participação e de cidadania ativa.
Inscreve-se, igualmente, nas celebrações do Ano Internacional das Florestas 2011 e do Ano Internacional do Morcego 2011-2012 e da Década da Biodiversidade (2011-2020).
O projeto tem como objetivo central desenvolver processos de intervenção e conscientização crítica, na esteira da reflexão-ação, em torno do reconhecimento da importância da relação intrínseca entre biodiversidade e diversidade cultural, entendidos na sua totalidade. Buscase desenvolver processos de participação ativa na construção de um mundo naturcultural mais sustentável e inclusivo através do envolvimento dos alunos e dos atores educativos em trabalhos de articulação e construção coletiva do conhecimento e de intervenção nas suas comunidades.
O projeto pretende criar na Escola e na comunidade educativa espaços e tempos de diálogo e intervenção, através do envolvimento dos aluno(as)s na concepção e realização de trabalhos e atividades, permitindo-lhes articular saberes de diversas áreas disciplinares e desenvolver competências de forma integrada e contextualizada a partir da sensibilização e aprofundamento do mundo naturcultural (Haraway) em que são atores.
A aposta educativa na construção de uma abordagem integrada e holística dos elementos patri11
Atividades Desenvolvidas • Visitas Estudo Percursos Interpretativos Mata Nacional dos Medos
• Construção de jogos matemáticos
• Visitas de Estudo Casa da Cerca
• Construção de Peças musicais em Rap sobre os morcegos e a temática do amor e da amizade
• Construção de uma peça musical em Rap
• Percursos Interpretativos (Comunidade Educativa)
• Execução do Jardim dos Leitores na Casa da Cerca
• Conferências, Colóquios, Encontros • Cursos, Oficinas, Ateliers, Teatro
• Execução de um Jardim na Escola Secundária de Romeu Correia com espécies da Mata dos Medos
• Declamação de poesia, leitura de textos/ imagens, dança, música • Exposições, Concursos, Construção de Mural de Azulejo
• Exploração do ano Internacional do Morcego
• Construção de Painel de Azulejos, Desenhos e Pinturas na Casa da Cerca
• Sobre a Mata dos Medos • Sessões filosofia para crianças a partir da animação “A maior flor do Mundo” de José Saramago
• Construção de herbário • Construção de materiais em Braille e de recursos educativos táteis para alunos cegos e de baixa visão
• Trabalho de Investigação sociológica sobre a Moda e os 3 Rs
• Construção de folhetos de divulgação do património ambiental e cultural
• Sessão Pessoa ao Cubo
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COMUNIDADE
ImaginArte Almada
Novembro - Mês da Fotografia José L. Guimarães Autor do Projeto
ENTIDADES PROMOTORAS: AlmadaForma / CFAECA - Centro de Formação da Associação de Escolas do Concelho de Almada F4 - Associação de Imagem e Cultura O projeto tem vindo a desenvolver, há mais de uma década, uma ação centrada na inovação tecnológica do processo de criação fotográfico, em paralelo com outras artes visuais (a pintura, a escultura, a cerâmica, o cartoon, a caricatura e, mais recentemente, num desafio contemporâneo, à instalação, performance, vídeo) e a literatura. Os objetivos iniciais permanecem pela sua vital importância: preservar, conservar o património concelhio e sensibilizar o público de Almada, em particular os jovens em idade escolar apoiados por professores, a contrastar os modos do fazer artístico, pelo fazer próprio, complementando-o por palestras, performances e, assim, apurando o sentido crítico na observação do que é depois exposto e publicado em diferentes suportes. Toda a ação das anteriores Bienais de Fotografia I, II, III, IV e os eventos que se concretizaram no Mês da Fotografia (Novembro) apenas foram possíveis, devido ao empenho e apoio de autarcas das Juntas de Freguesia e Câmara Municipal e das parcerias, entretanto criadas. No momento difícil de redução orçamental que vivemos, aqui deixamos a homenagem a todos os que acreditam neste legado de identidade comunitária. In “Relatório de Atividades novembro Mês da Fotografia ImaginArte Almada“ -
Conceição Arsénio Concurso de Fotografia e Vídeo em parceria com os SMAS de Almada
Exposições integradas no Mês da Fotografia ImaginArte Almada, realizadas na Galeria Municipal de Arte de Almada (nov 2011 e 2012) 13
ImaginArte Almada Bienais em 2001,
2003/4, 2006/7 e 2009
Auditório da Casa da Cerca Arthur Meyerson 22out2010
Álbum de Acenos (2001)
Galeria Municipal de Arte de Almada 2010
FotoLeituras (2006)
FotoGrafias (2003)
(Re) fluxos (2009)
Alguns destaques de exposições integradas no ImaginArte Almada e realizadas na Galeria Municipal de Arte de Almada
2001
2003
14
2006
2009
O Projeto ImaginArte Almada mantém as finalidades iniciais, já suficientemente validadas pela experiência anterior:
80 e 90 - Ação Preliminar Eventos (colóquios, exposições, workshops, concursos, visitas guiadas, intercâmbios de experiências e ações de formação) promovidos e/ou dinamizados pelo autor do projeto, José L. Guimarães, com José Pessoa com as seguintes entidades e personalidades:
• Promover o gosto pela fotografia; • Sensibilizar para modos de ver na criação fotográfica; • Apoiar a reflexão e a crítica no sentido estético;
• Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Nova de Lisboa (Monte de Caparica)
• Fomentar a fusão de leituras entre a fotografia e outros atos criativos;
• Câmara Municipal de Almada
• Valorizar novos percursos de conceção e realização de materiais com recurso às novas tecnologias de informação e comunicação; • Contribuir para património;
a
preservação
• Escola Secundária Fernão Mendes Pinto • Externato Frei Luís de Sousa • Divisão de Documentação Fotográfica do Instituto Português de Museus – Galeria Municipal de Almada
do
• Incrementar a produção e preservação de espólios fotográficos;
• Workshops e diversos Colóquios, (Fritz Meisnitzer e Prof. Rogério Ribeiro).
• Assegurar o reconhecimento do direito de autor dos fotógrafos.
2000 a 2010 - entidades apoiantes e promotoras
Origens do Projeto
• Câmara Municipal de Almada
Na sequência do trabalho realizado, a partir da década de oitenta, junto da Comunidade em Almada, dinamizando e apoiando ações em diversos locais e especialmente nos estabelecimentos de ensino deste Concelho, (através de Colóquios, Exposições, Workshops, Concursos, Intercâmbios de Experiências e Ações de Formação).
• Juntas de Freguesia do Concelho de Almada • F 4 – Associação de Imagem e Cultura
Esta atuação tornou também evidente a necessidade de preservar e conservar a identidade deste Concelho através de registos fotográficos, ação alicerçada na experiência e no saber consolidado do técnico José Pessoa e da Instituição onde exercia a sua atividade profissional, a Divisão de Documentação Fotográfica do Instituto Português de Museus.
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COMUNIDADE
Arte na Rua
Projeto fronteiras urbanas e educação comunitária
formas de arte, e na diversidade inserida nesta formas, conhecimentos tácitos para explorarmos novos conhecimentos do eu, dos outros, bem como do entorno histórico-sócio-
João Moreira Mônica Mesquita O Projeto Fronteiras Urbanas, subsidiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e apoiado pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, é fruto do Movimento Fronteiras Urbanas – movimento comunitário que nasce da união de cidadãos voluntários, moradores ou não da Costa de Caparica, que têm em comum o raio de desejo e ação em duas comunidades centrais desta freguesia: Comunidade Piscatória e Comunidade Bairro. O mesmo tem como objetivo formal central a sistematização da educação comunitária inserida nestas comunidades, numa metodologia etnográfica crítica, e abarca três tarefas essenciais solicitadas por membros das mesmas, sendo elas: Alfabetização Crítica, Cartografia Múltipla e Histórias de Vida. Porém, salienta-se que o verdadeiro objetivo assenta na emergente tarefa de dar voz e visibilidade aos pescadores locais, bem como desbravar caminhos para que o Direito à Água seja exercido no bairro (afinal, mais de 100 famílias urbanas ali vivem sem água nem saneamento básico).
político-ambiental-cultural. Nestes exercícios destacamos uma experiência que tem sido fomentada pelo artista João Moreira, uma vez por semana, num atelier móvel e a céu aberto, na Comunidade Bairro. Nesta proposta de estar com, fazer com e aprender com, João Moreira destaca-se pela simplicidade, originalidade, eficiência, carinho e empenho com que tem desenvolvido este atelier que, desde o tempo que era Educador no Projecto D.A.R. à Costa – Tr@ansFormArte (lugar que forneceu os primeiros contactos com os atores, ou melhor, artistas, desta comunidade), sempre foi um objetivo da sua vida.
A Comunidade Académica inseriu a Mediação Comunitária com uma ação transversal neste projecto e destaca-se pelas parcerias desenvolvidas intra e entre diversas comunidades. A aprendizagem na sua pluralidade e diversidade tem-se mostrado a principal ferramenta de integração, expansão, consolidação e amor do projeto ao longo destes anos.
O atelier móvel quando entra na Comunidade Bairro, nas tardes de terça-feira, revela todo o destaque acima descrito, com a chegada dos artistas – em sua maioria crianças que se encontram sem creche, com um sorriso no rosto e abraço apertado no amigo João.
Na realização de todas as tarefas dentro do projeto, a arte tem sido o mote organizador e impulsionador – mostrando-se e firmando-se como transcultural. Buscamos nas diferentes 16
Assim, ficamos com as palavras do João Moreira: Não me sinto muito confortável com a palavra voluntário para falar dos momentos que passo na Comunidade Bairro, não sei quem ajuda quem. Digamos que troca amorosa seria mais apropriado para descrever o meu voluntariado. Fui para o bairro em Setembro de 2011, depois de uma pausa do trabalho desenvolvido no projeto D.A.R. à Costa, projeto esse no âmbito do Programa Escolhas. Tinha já, há muito tempo, a noção que o trabalho comunitário devia ser realizado na e com a comunidade. Não foi difícil começar a trabalhar: tinha os meios, a vontade e a convicção que para as crianças (e não só) seria positivo do ponto de vista da estimulação cognitiva , afetiva e da auto-estima.
Pensado para atuar com crianças, hoje em dia o atelier do João é um espaço de encontro de todos para todos, um espaço de esperança, de amor e, especialmente, de reconhecimento. O espaço desenvolvido pelo artista João Moreira é um exemplo de voluntariado que modifica as características do ato de voluntariar, transformando este ato em bilateral, A Ameaça| 2012 mostrando que o voJoão Moreira luntariado transcende preconceitos revelando-se como um ato de ser e estar neste novo milênio.
Os momentos são preenchidos de várias formas: pintando, lendo ou “simplesmente” conversando. No entanto, o essencial deste trabalho comunitário, ou melhor deste ato, é a atenção: o ato de estar atento aos nossos semelhantes.
O voluntariado, neste caso, pode ser entendido como o resgate de valores e ética do ser humano, da aproximação dos seres, do convívio do todo.
E esta tem sido a nossa Arte na Rua!
Umar | 4 anos
O Palhaço Gonçalo | 6 anos 17
ESCOLA
Artes na Escola
Secundária do Monte de Caparica
Dentro do curriculum de Artes Visuais do ensino secundário, disciplinas como o Desenho ou a História da Cultura e das Artes são essenciais para desenvolver competências nas áreas artísticas e ampliar saberes tendo como perspetiva o ingresso no ensino superior ou em cursos de caráter profissional. Modos de execução ultrapassados devem ser repensados sobretudo nos primeiros ciclos, onde se deve privilegiar a expressão artística liberta de estereótipos.
Maria Lourenço Docente de Desenho|História da Cultura e das Artes
A escola é um lugar de encontros, um ponto de partida para inúmeras descobertas. A Educação Artística como caminho de diálogo entre alunos e professores, amplia o conhecimento do mundo pela constatação de realidades e aplicação de conceitos suscetíveis de desenvolverem a sensibilidade e a criatividade.
Ensinar é um ato de prazer se o professor consegue sentir empenho por parte dos alunos, o que é possível através de aprendizagens motivadoras e atividades que promovam e valorizem os trabalhos produzidos durante o ano letivo.
Os indivíduos capazes de inovar são fundamentais para progredirmos como seres humanos, num mundo de questões por resolver. As soluções criativas são evidências de sensibilidades, com capacidade de resposta.
Enaltecer o desempenho dos alunos é aumentar níveis de confiança e de propensão para fazer mais e melhor.
Como mais valia na formação do indivíduo, a Educação Artística é um meio privilegiado de atuação que deve influenciar atitudes e respeitar valores. Subestimar a função da Educação Artística no ensino é desvalorizar o papel do individuo na sociedade e diminuir o seu potencial humano de relação com os outros.
A interdisciplinaridade e a pesquisa são desenvolvidas a partir do desenho, porque a observação permite descobrir e atingir novos saberes, além das aprendizagens inerentes à disciplina, originando novas formas de olhar e representar.
“A escuela puede y debe cumplir basicamente três funciones: socializadora, instructiva y educadora.”
Para além dos objetivos específicos, enunciados nos programas das disciplinas, elaborados pelo ministério da educação e que se relacionam com os conteúdos a lecionar, realço objetivos gerais que, de caráter mais abrangente se enquadram no Projeto Educativo de Escola (PEE) e no Plano Anual de Atividades (PAA).
“Arte para todos, Miradas para enseñar y aprender el património” Merillas, O. Fontal
Narrar experiências no terreno é olhar para trás e pensar, nos programas que temos de respeitar, nos princípios que nos movem, ou nos ritmos que nos assistem.
• Desenvolver competências nas áreas artísticas • Sensibilizar para o património • Ampliar o gosto pela pesquisa • Formar cidadãos conscientes e interventivos • Desenvolver relações com a comunidade • Criar públicos culturais.
Os objetivos são peças fundamentais de um percurso que se pretende evolutivo. Sem eles não existia sentido e organização. 18
A nossa atuação, com base nestes princípios, adequa os programas de modo a facilitar atividades que envolvam os alunos e encarregados de educação, porque através de uns podemos chegar aos outros.
aprende nos livros. “O ambiente educativo tem de ser alargado para fora da sala de aula. A criatividade também tem de ser contextualizada”
“A imaginação, a criatividade e a inovação estão presentes em todos os seres humanos e podem ser alimentadas e aplicadas.”
“Roteiro para a Educação Artística” Comissão Nacional da Unesco
Durante o ano letivo o grupo de Artes Visuais dinamiza atividades que, baseadas nos conteúdos a lecionar envolvem os alunos, encarregados de educação e comunidade em geral, contribuindo assim para o enriquecimento cultural e artístico de quem participa.
“Roteiro para a Educação Artística” Comissão Nacional da Unesco
A relação com os encarregados de educação não deve perder de vista o carater pedagógico, pois muitos pais apresentam por vezes uma visão distorcida e ultrapassada de práticas, nas quais não foram iniciados e que consideram poder avaliar tal como o professor.
A escola está inserida num meio sócio económico muito heterogéneo, onde o multiculturalismo a carateriza e enriquece. Os alunos provenientes de estratos sociais diferenciados sociabilizam sem preconceitos.
É importante explicar e fazer sentir a necessidade de acompanhar o aluno através de uma presença empenhada e em diálogo com o professor de modo a contribuir para a progressão das aprendizagens. Um aluno com dificuldades, se acompanhado com estratégias concertadas entre professor e encarregado de educação tem mais possibilidades de êxito.
Sensibilizar os educandos para as atividades culturais e artísticas e convidar os encarregados de educação a participar, é induzir hábitos que muitos não têm, por questões económicas ou por dificuldades de horário, pois o mundo do trabalho não permite, cada vez mais, “espaços” essenciais à descompressão.
Não é na escola que se criam obras de arte nem é essa a intenção, no entanto é ai que se apreendem os processos que levam a realizações cujo poder criativo é desenvolvido mesmo naqueles que não apresentam a priori talento para certas atividades.
Com o apoio de museus, empresas, câmaras municipais e outras instituições os professores organizam e divulgam atividades, conscientes desta ser uma estratégia para manter o curso Científico Humanístico de Artes Visuais na escola, pois em determinado momento esteve em risco de acabar.
Não devemos pretender criar artistas, mas ambicionar educar e instruir cidadãos conscientes, com valores humanos, juízo critico e capacidades de decisão e intervenção.
Os projetos organizados durante o ano letivo concorrem para marcar a diferença entre estabelecimentos de ensino e justificam as práticas, complementando saberes e atuações.
Os órgãos dirigentes das escolas, devem apoiar atividades, que facilitem as aprendizagens num clima de confiança e boa disposição.
A preocupação com o ensino das artes e o seu contributo para fazermos mais e melhor é um princípio orientador a que, desde sempre nos propusemos.
O conceito de escola não se deve resumir ao espaço murado, mas estender-se para além dele, aos locais onde se possa observar o que se
A imaginação e a criatividade são fontes inesgotáveis, que nos permitem ambicionar a diferença. 19
Conferências do Convento dos Capuchos “Educação, Arte e Cidadania, o diálogo social” O centro de formação de professores Almadaforma residente na nossa escola é um importante parceiro para a realização de eventos culturais. O gosto pela participação conjunta, levou a que de uma conversa informal a partir de um livro “Arte e Delinquência”, lançado pela Gulbenkian, e de outro “Arte e cidadania” do Dr. Laborinho Lúcio, e de um espaço disponível, Convento dos Capuchos, organiza-se-mos as conferências. Os espaços são sítios de memórias, repletos de significado, despertam emoções e sentimentos. Lugares de magia, com os quais a comunidade se identifica, porque fazem parte da sua história… são uma referência, uma reflexão sobre o passado, uma provocação ao presente. Sem movimento são mundos desaparecidos, que estáticos no tempo não nos deixam de desafiar. Mas os lugares, que permanecem para além de nós, devem voltar a ter vida. Devem pertencer à comunidade, serem palco para o confronto de ideias, para estimular diálogos e discussões. Conceber atividades onde a comunidade se reveja, tem sido uma das saídas possíveis para a revitalização de espaços que sem ocupação transformam – se em locais vazios e em vias de degradação. As atividades culturais são um meio integrador de toda uma sociedade, rica em diferenças que desperta fenómenos de aculturação, pela mescla de conhecimentos que integra. O fenómeno artístico é sem dúvida, integrador e um desafio para que as pessoas, ampliem horizontes, desenvolvam sensibilidades e desfrutem de momentos bem passados. A arte e educação foram o pretexto para o encontro de personalidades cujas afinidades e interesses se manifestam, através das obras que criam. O comunicar através da palavra e da imagem, o desfrutar de objetos, onde se comparam perspetivas e se debate o amanhã. Num momento em que a sociedade se interroga decidimos debater a educação artística no sistema educativo e o seu papel fundamental na formação dos cidadãos. 20
ESCOLA
Remake de Obras de Arte
Design Gráfico na Escola Secundária de Cacilhas-Tejo máquina fotográfica manual. Na impossibilidade de explorar características técnicas da fotografia, tais como profundidade de campo e velocidade, optou-se por apostar na encenação de uma sessão fotográfica onde os alunos teriam que coordenar o guarda-roupa, cenários e iluminação de modo recriar o ambiente de uma obra de arte.
Paula Penha Escola Secundária de Cacilhas-Tejo
A educação artística estimula a construção da identidade pessoal e permite o desenvolvimento das capacidades intelectuais, sociais e culturais do indivíduo. Através da análise e interpretação da obra de arte é possível o desenvolvimento de várias competências de comunicação como a resolução de problemas de modo criativo, o pensamento crítico, a formulação de opiniões e juízos de valor.
A realização da primeira edição do projeto (2009), desenvolveu-se sobre o pretexto da criação de uma campanha publicitária de uma marca de sumos. A turma de 14 alunos foi dividida em 5 grupos (com 2 a 3 elementos); cada equipa foi responsável pela conceção da campanha, produção fotográfica e tratamento de imagem. Este trabalho envolveu a colaboração de toda a turma, uma vez que cada aluno para além de ser responsável pelo produto final da sua equipa, participou nas sessões fotográficas dos restantes grupos (como modelo).
O recurso à obra de arte na edução artística apresenta variadíssimas possibilidades de exploração, em diversos campos de ação. Tendo como ponto de partida a reinterpretações de obras de arte através da fotografia, o projeto “Remake de Obras de Arte” foi desenvolvido por alunos do Curso Profissional Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Cacilhas-Tejo, no âmbito da disciplina de Oficina Gráfica – Módulo de Fotografia. Os remakes de obras de arte através de fotografia foram já explorados por diversos artistas contemporâneos como Cindy Sherman, Yasumasa Morimura, Thomas Couture, Eleanor Antin ou Vic Muniz. A ideia inicial do projeto de fotografia surgiu como consequência das dificuldades técnicas e à falta de equipamento adequado, como uma
A seleção das obras foi da responsabilidade de cada equipa que, baseando-se nos conhecimentos adquiridos na disciplina de História da Cultura e das Artes, escolheu a obra mais adequada ao seu conceito. As obras escolhidas foram: “Adão e Eva” (1533) de Lucas Cranach, o velho, “Almoço na Relva” (1863) de Édouard Manet, “A Leiteira” (1658) de Johannes Vermeer, “A Liberdade Guiando o Povo” (1830) de Eugène Delacroix e “A Última Ceia” (1495-1498) de Leonardo da Vinci.
Figura 1 – Trabalho baseado na obra “Almoço na Relva” (1863) de Édouard Manet
Figura 2 – Trabalho baseado na obra “A Última Ceia” (1495-1498) de Leonardo da Vinci.
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elementos, tendo sido selecionadas as seguintes obras: “A lição de anatomia do Dr. Tulp” (1632) de Rembrandt, “As meninas” (1656) de Velázquez, “A jangada de Medusa” (1818) de Théodore Géricault e “Uma tarde de domingo na ilha de Grande Jatte” (1884) de Georges Seurat. A par da edição anterior, cada equipa foi responsável pela concetualização da imagem, produção fotográfica e tratamento de imagem.
Em 2012 foi realizada uma nova versão do projeto, com uma nova turma, desta vez incidindo na reinterpretação da obra de arte e na sua relação com os dias de hoje e a nossa sociedade. Neste caso, para além de ser possível utilizar equipamento adequado e explorar as características técnicas da fotografia, o projeto contou com o apoio da disciplina de História da Cultura e das Artes na análise das obras de arte. Assim, a turma de 12 alunos, formou 4 equipas de 3
Figura 3 – Trabalho baseado na obra “A jangada de Medusa” (1818) de Théodore Géricault
Figura 4 – Trabalho baseado na obra “Uma tarde de domingo na ilha de Grande Jatte” (1884) de Georges Seurat
A realização deste projeto permitiu lançar um novo olhar sobre a obra de arte, fomentando o trabalho de equipa que exigiu, na maioria das vezes, a colaboração e coordenação de toda a turma. Foi um trabalho que requereu uma grande dose de concetualização e planeamento, incluindo, em ambas as edições, a realização de algumas sessões fotográficas no exterior da escola e fora do horário escolar. Foi ainda necessária uma elevada atenção ao pormenor para que todos os requisitos fossem cumpridos, tais como o enquadramento, os cenários, os adereços e a iluminação. 22
ESCOLA
Educação, Arte e Cidadania Partilhar modos de Ver, Ser e Sentir
de aprendizagem que, consequentemente, conduzam e assegurem o equilíbrio entre as dimensões pessoal, cultural e cívica. Desta forma, a educação pela Arte e para a Cidadania serão fundamentais para a consecução de tais princípios. Neste contexto, é importante salientar os cursos de Educação Formação que englobam na sua estrutura curricular essas áreas disciplinares e uma Componente de Formação Técnica com uma forte carga horária (1026 horas), permitindo a concretização de vários projetos. Refiro-me, nomeadamente, ao Curso de Pintura de Azulejo – CEF, que tenho vindo a lecionar estes últimos anos.
Elsa Pinheiro
Agrupamento de Escolas Romeu Correia
Os jovens devem ter acesso ao património cultural não só como espetadores, mas usufruindo da experiência estética e artística que contribuirá para apurar a sua sensibilidade e formá-los como indivíduos nas vertentes cognitiva, afetiva e social. Deste modo, a dimensão estética deve ser introduzida na educação como componente integradora do conhecimento, procurando proporcionar experiências de aprendizagem variadas, em diferentes contextos. Deste modo, poder-seão desenvolver e potenciar essas capacidades, através dos diálogos sugeridos pelas obras de arte, visitas de estudo, concursos e a realização de oficinas artísticas, tendo sempre como principal referência o desenvolvimento de capacidades, de interpretação e o proporcionar de múltiplas leituras da realidade que apelem à criatividade e ao carácter lúdico das suas experiências.
A educação artística entendida como prática duma ação educativa global, constitui a base duma metodologia capaz de conduzir à libertação, à estruturação e inserção do indivíduo, facilitando, ao mesmo tempo, a conquista do seu equilíbrio físico, intelectual, moral e social. Como estratégia, procura-se um desenvolvimento transversal onde o carácter interdisciplinar estará sempre presente, como realidade que potencia o trabalho desenvolvido dentro de cada área disciplinar.
A dinâmica criada pelas diversas atividades, centradas na competência expressiva, ajudam a estimular e a desenvolver a capacidade de relacionar e sintetizar, ou seja, a capacidade de pensar.
Importa ainda referir que as atividades se realizam ”de dentro para fora”, começando no próprio aluno, depois alargando-se à Escola e, por fim, ultrapassando os limites físicos do recinto escolar, fazendo chegar a mensagem à comunidade.
Para se responder às necessidades da educação/ formação, devem ser asseguradas competências e áreas disciplinares que permitam uma gama mais diversificada de oportunidades
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ESCOLA
Trajes Dáquem e Dálem
projeto com uma turma de Educação e Formação de Adultos
mundo (um por cada aluno) e a construção da imagem de uma Gueixa (trabalho realizado em grupo).
Domitila Cardoso Escola Secundária Cailhas-Tejo
Na elaboração de postais foi usado o processador de texto. Depois foram impressos em cartão colorido e aplicados tecidos e outros materiais sobre as imagens.
No ano lectivo de 2009/2010 a turma B do Curso de Educação e Formação de Adultos (EFA) B2 (6º ano) de tipo escolar participou no projeto “Trajes daquém e dalém” promovido pelo Serviço Educativo do Museu do Oriente.
Na construção da imagem da Gueixa foi usada a técnica de gesso sobre arame e houve um especial cuidado na pesquisa e elaboração do quimono.
Este projeto visava promover a reflexão sobre uma matéria de caráter universal – o traje – fomentando a troca de experiências e ideias na sala de aula. Pretendia-se também estimular a criatividade, contribuindo para o desenvolvimento de um espírito crítico e recetivo ao outro. Esses objetivos estavam de acordo com as metas do Plano Anual de Atividades da ESCT, concretamente nas seguintes atividades: (i)Organização de atividades de enriquecimento cultural e cívico e (ii)Representação da escola em (…) iniciativas externas. Também o Tema de Vida “Multiculturalidade” trabalhado pela turma B se adequava à integração do projecto Trajes daquém e dalém. Foram realizadas algumas atividades de motivação/pesquisa, devidamente integradas na planificação do Tema de Vida da referida turma, a saber:
“O quimono, semelhante a um longo roupão, é uma indumentária tradicional japonesa utilizada por mulheres, homens e crianças. O Quimono da Gueixa é feito de seda bordada, com uma faixa ou cinto (obi), termina com um nó nas costas. A palavra Quimono é um neologismo Português para a palavra Japonesa. Kimono - ki -significa (usar) e mono significa (coisa).”
• Visita guiada ao Museu do Oriente; • Visita guiada à Exposição Japão Contemporâneo, Fórum Municipal Romeu Correia – Almada, com imagens de aspetos significativos da cultura e identidade nipónicas;
A divulgação dos produtos foi realizada na “Mostra de Escola” e posteriormente na exposição rea lizada no espaço do Serviço Educativo do Museu do Oriente.
• Visualização do Filme Memórias de uma Gueixa, baseado no livro do americano Arthur Golden, sobre a cultura japonesa; • Pesquisa na Internet.
Neste âmbito, a turma dinamizou também um atelier “Trajes do Oriente – Construção de uma gueixa…” com atividades de dobragens em pa-
Dessa pesquisa resultou a elaboração de postais sobre trajes de várias regiões de Portugal e do 24
pel (origami), que decorreu durante a Mostra de Ensino Secundário e Superior de Almada (maio de 2010).
o desenvolvimento de uma cidadania responsável e crítica dos formandos e para o conhecimento de diferentes realidades e outras culturas.
Uma das caraterísticas dos de Educação e Formação de Adultos é a grande heterogeneidade das turmas e as incipientes competências de leitura, de escrita e do domínio das TIC. Verificando-se também, por parte dos adultos, uma baixa auto-estima, muitas desistências, assiduidade irregular,…
A turma B envolveu-se, sempre, com entusiasmo em todos os desafios que os seus formadores lhes lançaram. A equipa pedagógica que acompanhou o percurso formativo da turma era composta pelos formadores António Cardoso, Domitila Cardoso, Laura Mascarenhas, Maria Neves Gonçalves e Sónia Mendes.
Com estas atividades tentámos contrariar esses pressupostos e acreditamos ter contribuído para
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ESCOLA
Alunos com Perturbação do Autismo
Unidade de Ensino Estruturado
jetivo melhorar a qualidade de vida da criança/ jovem com PEA, aumentando o seu nível de autonomia e de participação na escola, junto dos seus pares, sempre que possível, fomentando a sua inclusão na sociedade.
Fátima Vaz
Agrupamento de Escolas António Gedeão
As PEA são disfunções graves e precoces do neuro desenvolvimento que persistem ao longo da vida, podendo coexistir com outras patologias. Apesar da existência de uma grande variação, as PEA caraterizam-se, tipicamente, por uma tríade clínica, segundo Wing (1996) de perturbações que afetam as áreas da comunicação, da interação social e do comportamento. As respostas pedagógicas e funcionais, da responsabilidade das docentes de educação Especial (Fátima Rocha Vaz e Paula Torrado), com a colaboração de dois assistentes operacionais (Cristina Carvão e Carlos Lopes), dadas a estes alunos, consistem:
No ano letivo de 2012/2013 foi criada a Unidade de Ensino Estruturado para Alunos com Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) – 2º Ciclo. Esta resposta educativa específica tem por ob-
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• Projeto “Hortofloricultura”(Germinação do feijão, batata doce, semear salsa, coentros, alfaces, hortelã, …);
Áreas curriculares: • Português: Comunicação Oral/Comunicação Escrita; • Oficina da Língua; • Área de Integração Sócio Cultural; • Matemática para a Vida; Áreas de Enriquecimento: • Oficina Temática; • Oficina de Movimento e Dança; • Oficina de “Artes e Tecidos”; • Oficina de Jogos; • Oficina dos Sabores (Confeção de doces, salada de frutas, bolos variados); • Projeto “Conhecer Melhor Almada ”(Visitas
Saídas Funcionais (Ida à Farmácia, Mercado, Papelaria, Pastelaria, Restaurante, Bombeiros, Correios, Florista, Supermercado, Carpintaria …); Atividades Funcionais (Tirar roupa da máquina de lavar, estender roupa, passar a ferro, lavar loiça, secar a loiça, arrumar a loiça, empacotar talheres, varrer, …); Os alunos têm ainda: • Oficina de Expressão Lúdico-Motora (responsável a professora de E.F., Anabela Godinho);
de estudo ao Museu da Cidade, Museu Naval, Museu da Música Filarmónica, Biblioteca Municipal de Almada e do Feijó); • Projeto “À Descoberta da Ciência”(Pavilhão do Conhecimento – Lisboa); • Projeto Virtual “Compartilhando Saberes”(TIC);
• Oficina da Música (responsável a professora de Educação Musical, Joana Saraiva); • Natação Adaptada (responsáveis os professores de E.F., Anabela Godinho e Carlos Leal); Área de Reeducação – Terapia da Fala Terapeuta da Fala: Alexandra Costa. 27
ESCOLA
Leitura Criativa
Agrupamento de Escolas D. Dinis
Ana Gonçalves
Professor de CEF e contadora de histórias
António Candeias
Professor bibliotecário
Leonor Mendinhos
Professora de Música
Setembro de 2013, Agrupamento de Escolas D. Dinis - Escola E.B. 2,3 dos Pombais. Somos colocadas nesta escola pela primeira vez, não nos conhecemos. Como parte integrante da nossa componente não-letiva temos um tempo na BE/ CRE. É aqui que a história começa!
CEF e contadora de histórias e outra, professora de música, este ano, do 3º ciclo. O professor bibliotecário, também novo na escola, resolveu apresentar-nos e logo ali nasceram ideias para a referida sessão. Contar uma história ou ler um poema de forma criativa! Como poderíamos juntar as nossas artes? Primeiro desafio: o tema – As palavras; segundo desafio: escolher a história e/ou o poema; terceiro desafio: juntar a música/sons ao poema escolhido. Fomos então dar asas à nossa criatividade! Poema escolhido para a atividade: As Palavras de Eugénio de Andrade. Selecionados os sons que ilustravam o início do poema e a música que o iria acompanhar, escolheu-se a turma que iria participar (8ºC) e começou o trabalho. A escolha dos sons e dos instrumentos a utilizar é bastante importante neste trabalho, uma vez que são eles que vão ilustrar sonoramente a história ou poema. Aqui tentou-se utilizar os instrumentos da sala de aula, instrumentos não convencionais, como copos e taças e instrumentos que duas alunas já tinham tocado: o violino. Fez-se também um arranjo da Gymnopedie nº1 de Satie para os alunos interpretarem no instrumental Orff.
No dia 16 de janeiro o escritor José Fanha, padroeiro da biblioteca veio à escola para uma sessão sobre Leitura. Este foi o mote para o nosso trabalho. Uma, professora dos cursos de
Problemas de compatibilidade de horários para nos encontrarmos foram superados com grava28
com a beleza do trabalho.
ções feitas em casa, um ensaio com a turma, um ensaio geral antes do evento e já está!
Depois deste encantamento, não havia como ficar por aqui. Agora, aguardamos notícias da Biblioteca Municipal, para que as duas turmas possam repetir a experiência, mas para toda a comunidade.
Depois deste encontro, o bichinho de voltarmos a trabalhar em conjunto ficou e falou-se logo na Semana da Leitura, em Maio que tinha como tema central, o Mar. Num processo parecido, escolhemos desta vez, ilustrar sonoramente, um conto de Mia Couto. Para a ocasião, a turma escolhida foi o 8ºB e pusemos mãos à obra! A música interpretada foi um arranjo da música Brinquedos de António Pinho Vargas, que abria e fechava o conto e, foi tocada por um ensemble de flautas de bisel (soprano, contralto e tenor). Neste caso, todos os restantes instrumentos eram os da sala de aula que foram tocados de forma diferente consoante o que tinham de sonorizar.
Numa análise informal desta atividade destacamos pela positiva: o envolvimento de alunos e professores; a disponibilidade dos professores das escolas do 1º Ciclo do Agrupamento, que se deslocaram à BE/CRE, com os seus alunos; a interdisciplinaridade criada; o trabalho realizado
Nunca nos conseguimos encontrar para nos juntarmos todos mas mesmo assim não desistimos.
O acaso, que juntou duas pessoas que partilham da mesma linguagem;
no sentido da promoção da leitura. O sucesso da atividade resulta de vários fatores: O local - a biblioteca é, sem dúvida, um espaço privilegiado de aprendizagem;
A escola, que valoriza as artes, nomeadamente a Música (tem um protocolo com o Conservatório D. Dinis e tem a disciplina de Música como Oferta de Escola, no 3º Ciclo).
Os nossos alunos chegaram tensos. Alguns relaxados, como se a proposta não fosse mais do que uma aula diferente. Um ensaio apenas, enquanto não chegavam as crianças.
Esperamos que esta sessão tenha contribuído para a educação estética dos alunos, quer daqueles que participaram, quer dos que assistiram.
Fizemos duas sessões para os alunos das duas escolas do 1º ciclo do agrupamento. No fim, todos terminaram exaustos… mas surpreendidos
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REFLEXÃO
A Comunicação e Expressão na Sala de Aula O Professor Transformador
Criamos a nossa realidade a partir da nossa imagem (…) Somos co-criadores; criador e criatura que se unem na coresponsabilidade da criação, como autores e actores da nossa própria história, no aqui e no agora. Freire (2000:36-37)
Libânia Nazareth
Doutoranda na Universidade de Huelva
A multi-referencialidade paradigmática na qual se baseia a pós-modernidade educativa relativa à formação de professores, exige uma atenção centrada na pessoa do professor. Cada professor tem a sua idiossincrasia, a tal personalidade que Sousa (2000) afirma não poder ser deixada ao abandono, porque acima de tudo o professor é uma pessoa. Hoje o sujeito da pós-modernidade tem ao seu alcance, paradigmaticamente falando, a possibilidade de deixar de ser um sujeito-agente, submetido a um sistema, para ser um sujeito-actor, ou mesmo almejar chegar ao sujeito-autor, criador da sua mundividência e por consequência do mundo.
O leit-motif inspirador desta ação de formação, denominada “ Comunicação e Expressão na sala de aula - professor transformador…”, tem sido o conto “a bela adormecida”. Alguns formandos empenharam-se em descobrir nas peripécias do conto, analogias e simbologias com o atual momento do ensino e da aprendizagem. Todos os tempos são tempos de despertar do grande sono, para uma consciência mais alargada e por isso mais feliz. A hora chega em qualquer tempo e espaço, às vezes sem aviso prévio. Uma formanda sentia a emergência desse despertar deste modo: A bela adormecida simboliza o professor, quando inicia a sua atividade profissional, pisando o seu espaço palaciano – a aula, cheio de vida, ideias novas, enérgico e não corrompido pelo sistema, no qual se depositam esperanças… Mesmo que inconscientemente, a certa altura, o professor “desiste”, entregase acomoda-se e é aí que se pica simbolicamente no fuso, o que o leva ao sono profundo, ou seja à ativação de um “piloto automático” que o tolhe, o inibe e o torna incapaz de se recriar ou de se reprogramar e sair do vazio”. Essa sonolência contagia todos os que o rodeiam e criam-se barreiras (florestas de espinhos), praticamente intransponíveis, que o impedem de chegar ao que procurava – o prazer, o amor, o retorno, a comunicação, etc.
Os afetos em expressão 30
Entretanto é o vazio e só o amor e coragem (representados na figura do príncipe) que lhe permitem reconquistar o seu espaço palaciano – a aula – e os seus alunos. Depois de consciencializada a necessidade de mudança, o professor recupera a felicidade e prazer de ser o que é, tornando-se no professor transformador. É preciso acordar e resgatar o ensino, através do amor e da coragem de enfrentar o sistema.” Recorde-se a etimologia da palavra “escola” que remonta ao prazer de ensinar e aprender e a palavra “aula”, cuja origem remonta a realidades semânticas ligadas a palácio. Originalmente estar em aula, era estar num local palaciano, no interior de um palácio. Em que palácio nos sentamos hoje nas escolas? O primeiro passo na formação parte de um ato volitivo do próprio formando. A vontade genuína de se abrir à possibilidade de transformar algo em si, numa atitude mais amorosa e empática para consigo mesmo, livre de autojulgamentos. Como se fosse o príncipe que chega, desperta e resgata através da afetividade. A transformação não se faz sem a componente afetiva, primeiro dirigida a si, depois ao outro e finalmente ampliando-se ao mundo. Esta é uma das vertentes da abordagem humanista na formação de professores, no sentido em que a formação se desenha a partir da pessoa, e não a partir de um projecto sócio-político, sendo a sua finalidade fundamental a atualização da pessoa, com a qual se desenvolve a competência de “ self-actualization”, possibilitando estabelecer objectivos para si próprio, em profunda ressonância com o “auto-conhecimento emocional”, segundo Carvalho (2007:158). É através do aperfeiçoamento desta competência que a pessoa se torna mais autêntica, mais próxima de si mesma, partindo de necessidades ao nível fisiológico, comprometida com o desenvolvimento das suas capacidades, num processo de “crescimento, motivação e necessidade de ser”.
Mediador de expressão
de mudança, tem de se sentir bem na sua pele, para ser um agente eficaz de transformação. Quando o professor chega à sessão de formação esgotado e desgastado pela semana de trabalho, mês ou ano, não tem condições físicas para se doar ao processo alquímico da transformação. Como poderá ser transformador, se não vivenciar a transformação no seu interior? A comunicação consigo mesmo, a auscultação e compreensão das suas vozes internas, vai-lhe permitir ser um melhor comunicador com o universo que o rodeia. Se o docente aguarda eternamente diretrizes políticas que sejam portadoras de mudança, acaba por demitir-se das suas potencialidades co-criadoras. A ação que propomos olha e cuida da pessoa do professor, no sentido de o ajudar a aprimorar os seus sentidos profissionais. Nesta formação, a área eleita para a transformação é a comunicação e expressão na sala de aula. É, indubitavelmente,
O docente, protagonista essencial nos processos 31
uma das áreas que traz consigo as sementes que predispõem ao sucesso educativo. A sua mais valia radica no facto de escolher a corporeidade como dimensão unificadora, integradora, que permite inteirar, inter-relacionar, interiorizar. Um dos fatores coadjuvantes neste processo, por exemplo, são as técnicas de relaxamento e de meditação que levam a uma “atenção consciente”, ferramenta fundamental nos processos de transformação.
Visa, a partir das problemáticas comunicativas reais de sala de aula, a criação de palcos e cenários capazes de encontrar caminhos e respostas adequadas ao exercício da profissionalidade docente, com mais qualidade e por consequência com maior grau de satisfação. Todas as problemáticas são levadas à cena, criando-se tempos e espaços dramáticos onde se recriam propostas de soluções a serem experimentadas na sala de aula.
Esta proposta de formação tem a intenção de trazer à escola a dimensão da investigação em ação, devolver ao professor o seu papel permanente de investigador, corporificando-o, actuando em contexto e em conformidade, com uma proposta poética e expressiva de sala de aula.
A metodologia que suporta eficazmente a transformação é vivencial. Só quando a pessoa se implica totalmente, nas suas dimensões biopsico-sócio-motoras é que a transformação se revela, no seu potencial. A sala de formação é um verdadeiro espaço vivencial, onde se respira, transpira, onde se expressa a autenticidade do ser e se pulsa de vida, para que a sala de aula seja também um espaço vital, afetivo, criativo e transcendente.
São privilegiados como referências essenciais desta proposta de formação, os seguintes elementos estruturantes no desenvolvimento de competências:
Se tomarmos a sala de aula for uma possível metáfora da humanidade, estaremos a tempo de a despertar e de a resgatar na sua dimensão criadora, digna do potencial humano?
• Reforçar do papel do professor como investigador de si próprio e dos seus contextos. • Promover o conhecimento de si – identificação de crenças inibidoras do processo de comunicação e expressão na sala de aula. • Impulsionar o conhecimento do outro – numa lógica de diversidade. Observação de comportamentos verbais e não verbais. Auscultação de necessidades comunicativas. • Fomentar as metodologias vivenciais – aplicação de estratégias expressivas na sala de aula. • Desenvolver a capacidade de dramatização e desdramatização na tomada de decisões ao nível da comunicação.
Recriar o Mundo
• Promover transformações ergonómicas na sala de aula, enriquecendo os recursos existentes e promovendo os ecofatores positivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CARVALHO, J. (2007): Negociação para (in)competentes relacionais. Lisboa, Ed. Sílabo.
• Ampliar a criatividade e o poder de inovação do docente.
FREIRE, C. (2000): O corpo reflete o seu drama. S. Paulo, Agora 32
REFLEXÃO
Quase-fábula
Uma pequena reflexão em roda livre dadeira formação Humanista dos indivíduos não faz justiça à nossa herança cultural. Um sistema educativo que não equilibre as Ciências Exatas com as Ciências Sociais está a desviar-nos da nossa tradição civilizacional.
Rui Silvares Professor na Escola Secundária Anselmo de Andrade
A Arte ajuda-nos a olhar o mundo em que vivemos sob uma perspetiva diferente. Tentar compreender o conceito de Beleza ou relacionar princípios estéticos com a forma como a sociedade se organiza são exercícios de reflexão exigíveis ao mais simples dos cidadãos, seja ele um varredor de ruas ou assessor de ministro, seja uma criança em idade escolar ou um adulto a tentar compreender o seu lugar neste mundo.
Os programas curriculares de disciplinas como Educação Visual ou História da Cultura e das Artes também não ajudam a elevar a fasquia da qualidade da educação pela Arte. São programas preguiçosos, sem objetivos definidos, longas listas de temas que tudo pretendem abarcar e acabam por impedir os professores de ensinar e os alunos de aprender. Andamos sempre a correr atrás do tempo que nunca sobra, com a única preocupação de cumprir os programas e, chegados ao fim, constatamos com frequência que os resultados alcançados são dececionantes. São programas “de carregar pela boca” que deixam pouco ou nenhum espaço para o diálogo aberto e a reflexão criativa.
Respostas objetivas para questões deste género não serão a finalidade principal de uma educação pela Arte. O processo de reflexão, a formulação de perguntas, a busca paciente de respostas que nos possam aproximar um pouco mais da essência das coisas, a capacidade de dialogar e discutir argumentos consistentes, o desenvolvimento de um espírito crítico e observador, são os grandes objetivos a perseguir. Mais importante do que encontrar um ponto de chegada é percorrer um caminho que se vai descobrindo à medida que avançamos.
Se pretendemos criar cidadãos críticos que participem ativamente na construção da coisa pública teremos de lhes oferecer uma educação variada que inclua uma perspetiva artística do mundo que os rodeia. Isto parece tão evidente que soa a logro e traição a forma como a educação pela Arte vai sendo tratada pelos poderes que têm governado o nosso país.
Insistir na ideia de que as Ciências Exatas são a medula do sistema educativo é reduzir o estudante a uma bidimensionalidade patética, aproximando-o de algo semelhante a um robô capaz de executar apenas as tarefas para as quais é programado. Saber Matemática e desconhecer os Mitos é correr um sério risco de estupidificação do indivíduo; dominar a Técnica e ignorar a Estética equivale a criar gerações de seres humanos incompletos.
A sensação que fica é que a Escola não tem como objetivo dotar os indivíduos de instrumentos que lhes permitam encontrar o seu lugar na sociedade e contribuir com o seu esforço criativo para a melhorar. E se os que realmente nos governam tivessem o secreto objetivo de criar seres acríticos, indivíduos que vão deixando de ser cidadãos para passarem a ser meros con-
Um sistema educativo que não busque uma ver33
É o observador que funciona como fonte da qual brota a arte, generosa e límpida. É no observador que reside, em potência, toda a força reveladora da dimensão artística. Só precisará de produzir um pequeno esforço derramando a sua sensibilidade sobre o objeto que este logo lha devolverá transformada em revelação artística. O observador/fruidor é verdadeiramente “A Fonte”, o urinol serve apenas de veículo à sensibilidade artística do indivíduo.
sumidores, um imenso rebanho de seres cuja docilidade apenas rivaliza com a sua proverbial estupidez? Uma proposta de conclusão “A Fonte” de Marcel Duchamp é considerado o objeto artístico mais importante e significativo de todo o século XX. Trata-se, na verdade, de urinol, um objeto tão vulgar como aqueles que o utilizam. Esta escolha desconcerta muita gente. No entanto, após uma pequena reflexão sobre a extraordinária formulação de Duchamp, podemos concluir que o espetador/fruidor do objeto de arte contemporâneo ganha uma grande responsabilidade na conclusão do processo comunicacional sempre que visita um museu ou passeia o corpo e o olhar numa exposição.
Dando crédito à reflexão atrás exposta, poderemos, em última análise, concluir que a Escola funciona para o indivíduo como o urinol de Duchamp funciona para o observador/fruidor nesta pequena quase-fábula. Só por si, a instituição escolar tem um valor muito limitado. O verdadeiro potencial da Escola, a mais-valia do processo educativo, reside, em potência, naqueles que a constituem: estudantes, professores, encarregados de educação, pessoal auxiliar e administrativo, demais cidadãos, a comunidade escolar, em suma.
Observando o urinol titulado como “A Fonte”, a primeira reação interpretativa, a mais óbvia, é ver no urinol nada mais que o objeto sugerido pelo título. Mas, numa segunda passagem de olhos sobre o conceito associado ao objeto, eis que desponta uma dúvida, uma outra possibilidade de interpretação é formulada.
Para podermos explorar toda esta potencialidade precisamos de ser criativos. E isso aprendese.
E se “A Fonte” não for o urinol mas o próprio observador? Como!? O observador é “A Fonte” de Duchamp??? Sim, exatamente, é isso mesmo que estou a propor: “A Fonte” é o observador. Uma das consequências da perspetiva dadaísta sobre a produção artística é que o observador/ fruidor não pode, nem tem o direito, de manter uma atitude passiva perante o objeto que observa. A “elevação” de um objeto (seja um urinol ou a Capela Sisitina) à categoria de obra de arte depende muito da capacidade (ou da vontade) do observador para o considerar como tal.
A Fonte | 1917 Marcel Duchamp
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REFLEXÃO
As Nações de Uppsala
Um caso sueco de antiga tradição estudantil ainda não existia um sueco falado estandarde. Na universidade a instrução conduzia-se em latim, e os estudantes tinham que recorrer ao latim para poder falar sobre matérias académicas com colegas do curso. As nações, então, reuniam estudantes que podiam conversar com mais facilidade o dialeto nativo. Ofereciam o espaço social necessário para os estudantes se sentirem mais cómodos.
Thomas Fahrenholz Estudante sueco | Gotlands Nation
Na cidade universitária de Uppsala, um pouco mais ao norte da capital sueca Estocolmo, quase todos os estudantes são organizados em ”nações”. As nações são organizações lideradas por estudantes, e constituem o núcleo social da vida estudantil.
No começo, os estudantes reuniam-se nas tabernas (os bares daquele tempo), bebiam, falavam, e muitas vezes tinham dificuldades com o representante da lei, depois de noites de festa tresloucada… O conselho da universidade observou o fenómeno, e tentou proibir a existência das associações chamadas nações. O facto de os estudantes beberem demais, e dedicarem menos tempo que o desejado aos estudos, não era a única preocupação da administração. Uma organização de estudantes, para estudantes? Impossível! Assim os estudantes poderiam começar a falar mal do Estado e da Igreja, tornando-se adversários do poder. Estes grupos subversivos provavelmente constituiam um fenómeno temporário, mas para evitar complicações, era mais seguro proibí-los.
Há também a mesma tradição em Lund, uma cidade universitária no sul do país. Foram fundadas por volta de 1600, quando alguns estudantes da Suécia que tinham visitado universidades europeias regressaram, e informaram os amigos que os estudantes na Europa se organizavam em grupos chamados ”nações”. O nome nação é explicado pelo sistema de se organizar segundo a propria província de origem. Na Suécia moderna conserva-se este velho sistema, que hoje se encontra em fase de desaparecimento do continente.
Era mais fácil dizer do que fazer. A proibição provavelmente aumentou a vontade de violar as regras, e os estudantes continuavam a encontrar-se para discussões e festas. Assim a administração repensou. As nações eram aceites, sob uma condição: que tivessem um professor para as inspecionar. Os professores eram membros leais da administração, quase sempre casados, com casa própria. Assim os estudantes podiam encontrar-se sob a supervisão de um adulto que pudesse controlar as quantidades de álcool consumido, e que dirigisse o conteúdo de certas discussões num sentido apropriado…
Na Suécia daquele tempo, havia poucos estudantes. Quase sempre vinham de famílias ricas e privilegiadas e entre si falavam latim. Na aldeia ou na pequena cidade de origem do estudante falava-se um dialeto que estudantes de outras regiões nem sempre percebiam, já que
As nações começaram a exigir um preço de entrada (hoje paga-se 30 euros cada semestre), e 35
um salário, e assim a pluralidade de atividades realmente depende da participação voluntária dos membros de cada nação. As nações gerem pubes, e organizam teatros, coros, grupos para combater problemas de ambiente e ler livros juntos ou ver filmes. A maior parte dos estudantes ainda são vinculados à nação da província nativa sueca, mas permite-se também a escolha livre.
com o dinheiro acumulado começaram a construir casas. Ter casas próprias era naturalmente um passo vital para a emancipacão dos estudantes, para eles poderem agir mais livremente. As nações ainda têm um professor universitário (hoje representa uma honra para o professor eleito) como inspetor. O papel do inspetor da nação confere muita responsabilidade administrativa além do trabalho didático na universidade, a obrigação de ser membro dos comités e conselhos e fazer discursos inaugurais nas grandes festas.
Para o futuro é vital os estudantes reconhecerem a importância da democracia e autogoverno. As nações são lugares de encontro entre estudantes de muitas faixas sociais, e oferecem um vasto número de atividades, mas também dependem de os estudantes quererem continuar a ser membros, participarem nas reuniões democráticas e trabalharem para continuar a tradição antiga.
Hoje em dia as nações de Uppsala oferecem festas temáticas que têm lugar no mesmo período de cada ano. Além das casas de estudantes oferecidas pelo município e pelo setor privado, as nações têm soluções próprias. Há reuniões democráticas onde se elegem estudantes para liderar as atividades durante um semestre ou um ano inteiro. Poucas das pessoas eleitas têm
Thomas Fahrenholz, para o qual Uppsala é a alma mater.
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ATUALIDADE
Lira Delirante
Concurso Pessoas em Pessoa pergunto ao poço o quanto posso, PESSOA pôde o que eu não pude, when i feel god, i feel good.
Múcio de Lima Góes
Escrita Criativa 1º Prémio
e que soe a poesia de PESSOA em qualquer pessoa, seja na ÍNDIA, seja em LISBOA, do nepal a noa-noa, do mar até a lagoa, e meu olhar alagado de tanto ler ressoa: PESSOA.
vejo passos pelas ruas, ouço pessoas passando, seus passos largos, suas pressas, suas preces, e impressões. um assombro pop: po-pu-la-cional. um minuto de silêncio & gozo como ode à morte do tempo! de manhattan a bagdá, de cubatão a madagascar, a pressa é a prece que apetece, se não é praga, é o que parece. cadê a poesia? pergunta o vazio! eu respondo: então me toque um rip-rock: rest in peace FERNANDO e suas pessoas. FERNANDO verbo no gerúndio, gerânios & gardênias in the Garden, e pelos campos alvos ÁLVARO corre e discorre versos e GUARDA em REBANHOS nossos medonhos medos de papel. LISBOA, na boa, à tarde, à toa, sem lei nem loa, lendo PESSOA a poesia ressoa no ar. reverbera beirando o Tejo indo para lá de além, “dalémar”, e cai no mar doce mar, repetindo CABRAL, caravelas ao vento, páginas ao mar, e já nem lembro QUANDO FUI OUTRO.
Múcio Góes, poeta pernambucano, natural de Palmares, na zona da mata sul. Atualmente mora em Recife, e acabou de lançar seu livro em parceria com a poeta paulista Sandra Regina: haicaos. [ed. Limiar]. Contemporâneo, é um minimalista nato, sempre buscando a síntese poética, apresenta aqui um texto mais longo com pretensão de participar do Concurso Pessoas em Pessoa.
POESIA: ame-a e não a deixe! enquanto isso caem do céu estrelas tardias, silentes ciganas no mar doce mar, MAR PORTUGUES, mar ALBERTO, maracatu & eu. eu caio, CAIEIRO cai no estrondo cult, caldeirão cultural, recifeolindacarnaval, os tambores com seus valores, poesia instrumental.
Proposta: tentar mesclar a poesia de Pessoa com a efervescência cultural brasileira, especificamente com os ícones mais fortes de nosso folclore: maracatu e frevo. Um texto simples para ser declamado em alto som.
pegue a sua alfaia e não fuja da raia! em terra de cego RICARDO É REIS. i wanna holding your hand num galope rasante à beiramar: avohai. 37
ATUALIDADE
Levar o tempo ao desespero
Sobre o livro de poemas de Fracisco Niebro ARS VIVENDI ARS MORIENDI à primeira vista paradoxal, que designa o momento do orgasmo, ato genesíaco e gerador de vida por excelência. Esse começar a morrer ao nascer e ir morrendo ao viver, como nos explica Fracisco Niebro: “nun paramos de mos cortar pelo i unhas, i assi mos bamos botando fuora als cachicos: la muorte nada mais será que cortar l redadeiro cachico;”
Alfredo Cameirão (2012)
Ars vivendi ars moriendi, arte de viver, arte de morrer, dístico latino que Fracisco Niebro escolheu para titular o seu conjunto de poemas publicados em edição bilingue, em duas línguas - dambas a dues - filhas do latim: a portuguesa, filha dileta, última flor do Lácio que refloresce nos quatro continentes, e a mirandesa, a qual sabemos haver sido o suporte matricial poético, bastarda durante séculos esquecida, a gata borralheira a quem Fracisco Niebro (não diremos que pelo toque de fada madrinha, mas sim pela alquimia da palavra) gata borralheira a quem Fracisco Niebro calça sapatos de cristal e leva, mais uma vez aqui, a brilhar em requintados salões, qual Cinderela refulgente que a todos seduz de tão donairosa.
Trata-se então de saber iludir o tempo e adiar o último corte, ciência que podemos aprender com as oliveiras “culas oulibeiras dapréndamos a fazer caçuada de l tiempo,” embora essa seja” ua licion mui custosa de saber”, ou aprender com os mestres da arte da enxertia: “l percipal na arte de l anxertie ye lhebar l tiempo al zaspero”. É um saber que nos é ainda ensinado pelo velho dos poemas de Niebro, ele que se renova de cada vez que planta a horta de novo “ l ampeço de la huorta an que te ampeças outra beç”, o velho que, qual Sherazade, vai ludibriando e encerrando o tempo num círculo de eterno retorno e adiando a morte até depois da horta ter frutificado.
Ousemos então, com o atrevimento que a ignorância sempre usa conceder-nos, visitar o universo poético de Ars vivendi, ars moriendi, arte de viver, arte de morrer, a dualidade, diriamos, implacável que subjaz a todo o conjunto poético e inexoravelmente nos condena a ir morrendo enquanto vivemos, o fatalismo que nos enforma a existência “la muorte ye ua prenheç que bai medrando debagarosa e sola” - ”an todos ls sfergantes te muorres i an todos rucecitas”. Lembramos a “petite mort” francesa, expressão,
Estamos perante uma poesia dura e por vezes crua, sem artificialismos eufemísticos, onde podemos encontrar, por exemplo, meninas/mulheres que anseiam por umas jeiras de trabalho sob o “rechino” do sol de Julho “cul pinganielho a arder te piernas abaixo i l febre a chubir te cuorpo arriba”; como duro adivinhamos o mundo que 38
sintamos tão sós.
Niebro consigo transporta e quer plasmar, embora nos advirta que não somos somente aquilo que recordamos: “tamien somos aqueilho que de que nun mos lhembramos, tamien esses nadas sien amportança mos fazírun”; poesia difícil e complexa, mas que se nos revela com a humildade das coisas essenciais aprendidas com os mestres.
Deparamos ainda com a convocação para relembrarmos alguns dos clássicos, seus mitos, heróis e autores (e sabemos que Fracisco Niebro tem na forja traduções de Horácio e Catulo para publicação breve), revisitamos festas de aniversários (ou a ausência delas) de Álvaro de Campos e encontramos ainda um convite para passearmos o nosso ocidental sentimento, de braço dado com Cesário, pela Lisboa “indiferente” que “nun te recibe cun uolhos atrás de ls postigos”. Falando de clássicos, talvez que, em Ars Vivendi, Ars Moriendi, Niebro nos diga “sobolos rios que vão” da sua “Jerusalém mirandesa”, aquela reminiscente que ele sempre acarreia consigo.
Assinalar também a presença bem impressiva de um “tu” alocutário em muitos dos poemas, o qual sabemos não coincidir com a figura do leitor e que nos impõe não estarmos sós na presença do eu-lírico. Recordamos que Fracisco Niebro traz consigo os seus, não só os vivos mas também os mortos ”stan bibos ls mius muortos, que nunca ls deixarei morrir anquanto biba”, até mesmo porque por muito mundo que trote será sempre a eles que torna para respirar i “para falar la lhéngua que me diç anteiro”. Temos então um ato de culto, diríamos, gentílico, acompanhado de um quase panteísmo telúrico, num convite a olhar a terra com outros olhos, outro respeito, com um ar de família, para que nos não
Já divagamos, não somos mestres na arte de enxertar, e arriscamos levar ao desespero, não o tempo, mas vós todos que ouvis. Agora acabamos: Em 25 de fevereiro de 1257 don Afonso Mendes de Bornes quis ser imortalizado e doou os seus bens para ser enterrado no mosteiro de Moreiruola; pôs a sua fé na dureza
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da pedra e na majestade de um mosteiro. Hoje, em dezembro de 2012, a sua memória já só existe num delicado e delido pergaminho. Não sabia don Afonso Mendes de Bornes que o verdadeiro poder criador não está nos deuses que são contemplados, mas sim nos contadores que tudo criam com a sua história. Fracisco Niebro não põe a sua fé na dureza da pedra nem na majestade de mosteiros, mas empresta-nos, em especial a nós mirandeses, o poder da sua criação poética e da nossa língua, recriando-nos neste entre todos mais humano ato, faz-nos renascer a alma e aprender o tempo que nos fez história. Bienháiades Fracisco Niebro por nos atardes com estes rosários de palavras; sabemos que o poeta fintará o tempo e este vosso pergaminho para sempre ficará gravado a ouro na memória colectiva do Planalto e exemplarmente saberá dizernos no porvir. No tempo em que não festejavam os seus anos, Fracisco Niebro, diz-se sereno e em gratidão, não por ter tido aquele tempo, mas sobretudo por ter tido aquela gente. Possamos nós hoje aqui festejar e confessar-nos serenos e em imensa gratidão por podermos partilhar do tempo e podermos partilhar também da Ars Vivendi, Ars Moriendi de gente com a grandeza e o saber de Fracisco Niebro.
A morte e a vida morrem e sob a sua eternidade fica só a memória do esquecimento de tudo; também o silêncio de aquele que fala se calará. Quem fala de estas coisas e de falar de elas foge para o puro esquecimento fora da cabeça e de si. O que existe falta sob a eternidade; saber é esquecer, e esta é a sabedoria e o esquecimento.
BI Nome: Amadeu José Ferreira Nascimento: 29 de Julho de 1950 Naturalidade: Sendim, Miranda do Douro Escolaridade: Seminário de Vinhais
Muito mais haveria que dizer, mas não arrisquemos que a penúria do arrazoado possa obliterar o prazer da posterior leitura que, estou certo, todos fruireis. Permiti tao só, e lembrando que se trata hoje também aqui de homenagear outro grande poeta português, permiti que possamos terminar com palavras de Manuel António Pina num poema que insistentemente nos acudia enquanto preparávamos o bosquejo que apresentamos e o qual cremos - o qual, poema - cremos não destoar junto dos trabalhos deste Ars Vivendi, Ars Moriendi. Chama-se: Algumas Coisas - in “Aquele que Quer Morrer”, 1978
Primeiros trabalhos: Servente de construção cvil e escriturário na Adega Cooperativa de Sendim Estudos superiores: Licenciatura e mestrado em Direito já aos 40 anos de idade Situação atual: Vice presidente da Comissão de Mercado da Valores Mobiliários Professor convidado da UNL Criador e presidente da Associação de Língua Mirandesa.
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ATUALIDADE Os Planaltos dos Pássaros e do Salalé A Ficção de Jorge Arrimar é vasto - África, Angola, do planalto central até ao litoral de Benguela – percurso a desenredarse como fios de novelo. A saga constrói-se pelo poder criativo das palavras, enredadas em envolvente humanismo que emerge das relações, encontros e desencontros, das fraquezas e forças, solidariedades, momentos de dor, coragem, vontades. Poesia e nostalgia.
Quem ousou seguir viagem e alcançar o Planalto dos Pássaros, por certo ouviu o canto infinito dos pássaros - otchiila – e-ila- hila-huíla - na língua daquele Lugar. A magia desse (en)canto perpetuarse-á no Planalto do Salalé.
“Semicerrei os olhos e entrei na minha libata do Bhié, aproximei-me das roseiras e cheirei as suas rosas, cumprimentei os quiçongos e vi Angústia, minha mulher, aproximar-se, com um riso de felicidade no rosto.”
Um livro de ficção que tem como lastro as estórias que a História deixou de lado. O Planalto do Salalé fala-nos de tempos antigos e de gente perdida das nossas memórias e dos nossos livros, como nos diz o autor.
A demanda de sabedoria, o dever de (re) conhecimento dos homens perdidos na memória dos feitos da História.
Mensagem significativa e portadora de sentidos de (re) invenção da narrativa infindável dos homens, viajantes intrépidos, resilientes obreiros das teias que o império tece (u). Exploradores do sertão, homens ligados à terra, conhecedores naturais porque a terra habitam, nela vivem, trabalham e constroem as suas esperanças.
O Planalto do Salalé devagarinho deixa-nos ir com as recordações, apelando à memória contra o esquecimento da gente pioneira do sertão, viajantes fundadores, atentos e experientes, escreventes que passaram a limpo o que tinham escrito/ vivido, com aquela luz fraca das lamparinas ou das tochas, na indiferença do reino e de sua majestade o rei D. Luiz.
“Passámos serões intermináveis a conversar, como se ambos soubéssemos que tínhamos que fazer perdurar as inúmeras estórias que preenchiam as nossas vidas.” O leitor é convidado a ser parte das estórias, a integrar a comitiva e a fazer-se à viagem na companhia de amigos, companheiros e familiares de Luís Pilarte. Sob a frescura das acácias rubras do quintalão de Garcia passaram muitas tardes juntos em amena cavaqueira, falando das suas viagens e aventuras.
É tempo de engrandecer a viagem e os viajantes / a vida. Os pensamentos a dissolverem-se na tinta, alquimia de um sujeito da escrita que busca a magia de um Lugar onde milhares de pássaros elevam o seu canto, cantando nos corações dos homens e mulheres. Celebrando os sonhos da humanidade.
O leitor caminhará os trilhos para a vida ou para a morte, conhecerá o medo, a guerra, o prazer de viver as estórias tão reais da vida dos homens que seguiram o caminho sem rumo do esquecimento.
Os pássaros e o salalé permanecem e habitam o nosso imaginário. Maria Adelaide Paredes da Silva Abril 2013
O tempo é distante (Século XIX, 1842), o espaço 41
NOTÍCIA
Monumento à Multiculturalidade
Centro Cívico de Caparica
escultor Sérgio Vicente, integra três elementos escultóricos instalados em diferentes espaços do Centro Cívico de Caparica. Símbolo do diálogo entre artes plásticas, antropologia, sociologia, história da arte, arquitetura, educação pela arte, recria um espaço que convida à vida.
Na freguesia da Caparica, no Parque Urbano do Fróis, teve lugar a inauguração do Monumento à Multiculturalidade, no dia 27 de maio de 2013. Esta obra de arte pública de grande significado comunitário, resulta de um projeto educativo de coesão social e partilha em ambiente escolar.
Adelaide Paredes Silva
Concebido e desenvolvido por uma equipa transdisciplinar de referência, coordenada pelo
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NOTÍCIA
Formacão em Literatura-Mundo Comparatistas, UNESCO, ESEN
Mundo; b) abrir caminhos que conduzam do manual escolar à antologia, propondo a reflexão sobre critérios de selecção, organização e uso de recursos didácticos e estimulando uma nova forma de trabalhar os textos do manual, uns em relação com outros e todos em articulação com textos complementares, encarados numa perspectiva multimodal.
O Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, através do Clube UNESCO Literatura-Mundo e com a colaboração do Centro UNESCO Ciência, Arte e Engenho, sediado no espaço da Biblioteca Escolar da Escola Secundária Emídio Navarro em Almada, realizou de Novembro 2012 a Fevereiro 2013 uma Oficina de Formação destinada a Professores do Grupo 300.
Para tanto, foi pensado um programa com os seguintes conteúdos: 1. A Literatura-Mundo face ao currículo; contextos e instrumentos metodológicos. 2. Revisão e actualização de conceitos e paradigmas de referência: literatura nacional e supranacionalidade; globalização, tradutibilidade e Literatura-Mundo. 3. Literatura-Mundo e direito aos clássicos: cânone e currículo, no quadro de um ensino de base comparada; modos de ler/modos de ser: implicação e leitura crítica. 4. Tradução e memória literária; previsibilidade/imprevisibilidade dos processos de representação canónica; tematologia e gesto antológico, com o manual escolar e para além dele. 5. Circulação dos textos, comparatismo e prática pedagógica.
Porque a fundamentação científica da componente literária dos programas de Português assenta na revisão do próprio conceito de literatura nacional, abrindo os currículos ao diálogo com outras literaturas, de acordo com uma tendência que se tem afirmado nos últimos anos e que implica objectivos e competências ao mesmo tempo específicos e transversais, tornase necessário traçar o quadro conceptual das mudanças em curso e lançar, junto dos professores da disciplina, as bases de novas práticas de leitura que contribuam para a formação de leitores cada vez mais capazes de, relacionando textos, aproximar mundos.
Com base neste modelo de formação, a cargo de Helena Carvalhão Buescu, Maria Graciete Silva, Cristina Almeida Ribeiro e Ruth Navas, está a ser preparada a candidatura para uma nova edição destinada a outros públicos da comunidade educativa.
A Oficina de Formação procurou dar resposta a essa necessidade e visou: a) promover uma alteração dos paradigmas da leitura literária a partir do debate sobre a supranacionalidade do literário e em função de conceitos como o de literatura europeia, o de literatura em português e o de Literatura-
Ruth Navas Abril de 2013 43
NOTÍCIA
Almada um Olhar sobre a Ponte O lançamento do livro decorreu no passado dia 9 de Março de 2013, no Fórum Romeu Correia, na Sala Pablo Neruda em Almada. Do painel de apresentação do livro, fizeram parte as seguintes entidades: •
Dra. Paula Sousa, Diretora do Departamento da Educação e da Juventude da Câmara Municipal de Almada;
•
Arquiteto - Urbanista Luís Vassalo Rosa;
•
Professor José Soudo, Docente do Curso Superior de Fotografia do Instituto Politécnico de Tomar;
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Nuno de Albuquerque Gaspar, Licenciado em Fotografia pelo Instituto Politécnico de Tomar e aluno do 2º ano no Mestrado em Fotografia Aplicada, na mesma instituição.
Sinopse ALMADA UM OLHAR SOBRE A PONTE, nasceu da minha primeira experiência com a fotografia, nas “Férias Jovens de Verão” em 2005, na Cidade de Almada. Na sequência desta experiência, e com os conhecimentos adquiridos na Licenciatura em Fotografia e no Mestrado em Fotografia Aplicada, no Instituto Politécnico de Tomar, fui recolhendo ao longo de 8 anos, fotografias da Ponte sobre o Tejo, de vários miradouros e zonas ribeirinhas da Cidade de Almada, entre 2005 e 2013. Este é um projeto que não está dado como terminado e será desenvolvido ao longo de vários anos, de modo a acompanhar as mutações que venham a decorrer na Cidade. “...Das janelas que se abrem para o horizonte e para a liberdade, vêem-se homens de hoje que já não são homens de outros tempos, mas permanece o sol que ilumina os portais, o rio que diverte as crianças, as paisagens que emudecem os corações e ao longe, a Ponte: Ponte de Partida, Ponte de Passagem, Ponte de Chegada, Ponte com Alma, Ponte de Almada....” Nuno de Albuquerque Gaspar Janeiro de 2013 44
NOTÍCIA
1ª Mostra de Video em contexto educativo
Municipal de Almada e do Centro de Formação AlmadaForma (instituições parceiras do Centro UNESCO).
Entre os dias 14 e 18 de maio de 2013, irá realizarse na Oficina da Cultura de Almada a 1ª Mostra de Vídeo em Contexto Educativo de Almada.
A Mostra de Vídeo em Contexto Escolar permite a exibição de trabalhos produzidos nas várias áreas e níveis de ensino. Além disso, a Mostra abre espaço para o debate, sessões com os realizadores e oficinas de animação.
Esta iniciativa é promovida pela Equipa do Projeto Europeu Five, da Escola Secundária Emídio Navarro, integrado nas iniciativas do Centro UNESCO Ciência, Arte e Engenho e da Biblioteca Escolar - Centro de Recursos Educativos daquela Escola.
A Mostra está aberta ao público escolar e à comunidade educativa que podem assistir às produções sobre as mais variadas temáticas. Ana Avila Silva, António Sales, Carla Belo, Ludgero Leote, Ruth Navas e Rui Baltazar
A iniciativa conta com a colaboração da Câmara
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NOTÍCIA
II Ciclo de Conferências dos Capuchos Educação, Arte e Cidadania
A Escola Secundária de Monte de Caparica e o Centro de Formação de Escolas do Concelho de Almada estão integrados numa comunidade envolvente que revela, para além dos múltiplos problemas característicos da sub - urbanidade, enormes potencialidades pela sua diversidade cultural e os mais estimulantes desafios para os agentes educativos que neles atuam.
ral dos espaços por si servidos e encontrar na Arte, de uma forma global, caminhos para uma inclusão, formação e edificação de espaços de cidadania construídos por cidadãos conscientes e atuantes. O primeiro Ciclo de Conferências teve lugar no Convento dos Capuchos em 14, 21 e 28 de abril de 2012, subordinado ao tema “ Educação, Arte e Cidadania – O Diálogo Social” tendo decorrido em três painéis (Ver, Sentir e Ser; Comunicar, Criar e Mudar e Questionar, Compreender e Agir) constituídos, cada um, por conferencistas de grande renome e uma audiência ávida de pistas de reflexão, lógicas de ação e sentidos de cidadania.
Fascinados por essa realidade e pelo seu potencial de atuação que os envolve mas de igual modo preocupados com uma intervenção sobre ela articulada que só a reflexão, o olhar crítico e a (re)descoberta de caminhos de atuação podem proporcionar decidiu, realizar As Conferências no Convento dos Capuchos (CCC) intitulado “A perfeição do número três”.
O segundo Ciclo de Conferência tem lugar no Convento dos Capuchos a 4, 11 e 18 de maio de 2013, subordinado ao tema “Educação, Arte e Cidadania – O diálogo entre as Artes” a decorrer em três painéis (Arte, Diálogo, Identidade; Educação artística, Metodologias e Práticas; Arte, Comunicação e Sociedade).
Com o seu desenvolvimento pretende-se através de três ciclos de Conferências analisar a realidade social do Monte de Caparica caracterizada pela sua diversidade e multiculturalidade, questionar as respostas educativas que nunca hão-de ser desfasadas das respostas sociais sob pena do esvaziamento das funções da escola como propulsora da modificação social e cultu-
Convidamos à participação de todos.
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POR UMA EDUCAÇÃO COM ALMA Um Centro - corpo de infinitas potencialidades… Aberto e sujeito. Plural Humano em querer poder SER Encontro, espaço, semente, abraço, atenção, Trilho, aprendizagem, cultura, vivência, ciência arte de apelar e escutar dentro, por dentro a pessoa, a escola, o sistema, o contexto, a comunidade, a pertença, a pertinência, o todo que somos, em cada um, com o outro, na dimensão do sentir, do fazer, do pensar, do cuidar Do desejar sonhar Criar na essência da diversidade Em diálogo Em reflexibilidade Em inovação Em colaboração Em processo de auto - formação e conhecimento Com intencionalidade Por vontade Agarrar este tempo significativo que reclama de nós a alma a memória, a visão, a missão – um presente com futuro a oportunidade dos caminhos a mobilizar Busca incessante, transformadora, agregadora, comunicante, aprendente Portadora de sentidos de mudança Um corpo - Centro em devir, em transFormação Procurando e encontrando Alma (da) Forma Por uma Educação com alma
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