TattooArt 06

Page 1

97 78 89 16 45 03 13 25 30 09 20 60 53

1 • TattooArt

0 0 0 40 96


pelo mundo

dmitriy samohin Por Daniela Carrara

Não precisa ser um expert para notar que os traços precisos e as cores bem aplicadas do ucraniano Dmitriy Samohin são referências para os artistas de todo o mundo. Ele é sempre citado nas entrevistas de outros profissionais e sua arte é influência tanto para aspirantes a tatuador, como para mestres consagrados. 2 • almanaquedigital.com.br


Dmitriy Samohin

D

mitriy começou a tatuar há 10 anos e seu interesse pela tatuagem surgiu quando viu uma revista durante o tempo em que estava no exército. Natural de Odessa, uma cidade localizada na Ucrânia, o artista conta que em seu país as tatuagens estão se tornando mais populares a cada dia e as mulheres estão se tatuando muito mais agora do que antigamente. Conta também que muitos artistas estão surgindo nessa parte do mundo, pois a atividade da tatuagem está indo muito bem, dando oportunidade a novos talentos.

“Gosto de observar o trabalho de outros artistas e ver o que eles estão fazendo. Há muitos artistas incríveis lá fora neste momento.” Sobre as técnicas que utiliza, Dmitriy diz que não usa nenhuma técnica específica, pois cada tatuagem é diferente e aplica a técnica necessária para obter melhores resultados. Ele observa seu projeto e cria a tatuagem.

3 • TattooArt


capa

4 • almanaquedigital.com.br

Fotos: Leo Cavallini - www.studiosopa.com Assistente de Fotografia: Bruno Leão Agradecimentos: Tattoo You - www.tattooyou.com.br As fotos do ensaio foram feitas no estúdio Tattoo You. Rua Tabapuã 1443 - Itaim - São Paulo - SP


Lívia Cruz Lívia Cruz

o ritmo e a poesia de

Por Alessandro Carvalho • Fotos Leo Cavallini

Lívia Cruz é o nome artístico de Lívia Fontoura Silva Cruz (nascida em Recife em 11 de outubro de 1985), que canta, rima, versa e compõe desde os 14 anos, quando já participava de grupos iniciantes de rap em sua cidade natal. Ainda adolescente, mudou-se para o Rio de Janeiro, o maior berço cultural do país, em busca da profissão. No momento, prepara-se para lançar seu primeiro álbum, intitulado Muito Mais Amor e consolidar-se como uma das protagonistas do hip hop brasileiro.

F

oi no trabalho com o Coletivo Brutal Crew que Lívia Cruz gravou a sua primeira música, “Viúva Rainha”, de produção de DJ Babão, que a indicou em 2003 ao prêmio HUTUZ, o maior festival de rap, com premiação da América Latina. Em 2007, Lívia foi indicada novamente com a música “Mel e Dendê” e, em 2009, quando foram premiados os melhores do século no festival, foi apontada mais uma vez com a mesma música, em uma versão mais aprimorada. Consagrou seu estilo único na mixtape Rotação 33, lançada em CD e DVD em 2008 pelo DJ KL Jay. Recentemente, foi morar na capital do país para produzir o primeiro disco solo. E com o videoclipe da música “A Cartomante”, uma das faixas deste novo trabalho, concorreu ao bloco “Garagem do Faustão”, passando para a segunda fase, atingindo 60% de aceitação do público do programa. Lívia Cruz é a chama da novidade do rap até a última ponta. Para quem já tinha se acostumado com a mistura do hip hop com outros estilos, a cantora ousa ainda mais, transpondo para suas músicas a romântica face dos sentimentos, provocando sentidos nos sonhos dos ouvintes. Gosta do luxo e das coisas simples, circula no morro e no asfalto,

não foge da briga, mas também quer sossego. Sua forte personalidade e estilo convidam para balançar o esqueleto e, ao mesmo tempo, para parar e pensar. Lívia Cruz é um grande estilo, é a nova safra de beats boladões! Como a música, em especial o hip hop, passou a fazer parte da sua vida? Sempre gostei muito de escrever e isso fez com que eu me interessasse pelo hip hop. Às vezes, tapeava minha mãe, dizendo que estava fazendo lição, mas eram as letras das músicas, tanto que tive poesias publicadas em livros de escola. Sempre tive uma relação muito forte com a música, talvez por meu pai ser contrabaixista profissional e até hoje trabalhar como músico. Sempre ouvi muita música brasileira e black music. Quando conheci o rap, foi o casamento perfeito, me encantei de cara com o lance. Em um dia desses, estava assistindo ao filme Mudança de Hábito na TV e, me lembrando da Lauryn Hill antes do Fugees, foi quando eu entendi como era o rap. Naquela época, escutava Gabriel o Pensador e isso me ajudou muito a entender o rap. Nunca pensei em ser cantora, sempre quis ser rapper, por conta da

5 • TattooArt


“A tatuagem está sempre presente, testemunhando o grau civilizatório que a humanidade tenta alcançar”.

por dentro da história

“A tatuagem é um desenho que brota d humano seu suporte ideal. ” - Inácio da G

in´ácio

da glória Por Alessandro Carvalho • Foto Marcos Pequeno

6 • almanaquedigital.com.br

Muitos conhecem a história de como a tatuagem começou no Brasil, quando um dinamarquês, chamado Knud Harald Lucky Gegersen ou simplesmente Lucky, desembarcou no porto de Santos — litoral paulista —, em 1959, e por lá passou a viver, trazendo em sua bagagem a tatuagem. Também foi ele quem inspirou um dos primeiros profissionais brasileiros da tatuagem a ingressar na profissão — Inácio da Glória. Assim como seu nome, Inácio teve a glória de vivenciar toda a evolução da tatuagem brasileira. Com uma fala tranquila, voz tênue e pensamentos positivos, ele tem muitas histórias para contar das muitas coisas que vivenciou por meio da tatuagem e de como viu essa arte crescer até os dias de hoje. A seguir, um pouco das histórias e ideais de Inácio da Glória.


do intrincado universo da mente e encontra no corpo

Glória.

INÍCIO Meu nome é Inácio da Glória, comecei a tatuar na década de 1970 em Santos e em seguida fui para Brasília. Nessa época, havia pouquíssimos tatuadores no Brasil e os conceitos de tatuagem estavam se definindo. Quando fui para Brasília, eu ainda tatuava manualmente. Durante cinco anos, tatuei dessa forma e, em 1976, eu peguei minha primeira máquina de tatuar e, de lá para cá, todos nós somos testemunhas de como a tatuagem evoluiu e de como a tatuagem hoje no Brasil alcançou um vigor nunca antes visto. Nós, de certa forma, fazemos parte de todo este processo, que desembocou nas tatuagens dos dias atuais, e que foi embasado em um trabalho muito sério de muitos profissionais que acreditaram na tatuagem como uma forma de expressão, dando uma contribuição inestimável para a tatuagem ser o que é hoje. Sinto-me orgulhoso de tudo isso. Em Brasília, passei um período muito bom em relação à minha carreira profissional, porque lá, como um verdadeiro desbravador, tive de levar a tatuagem em uma época que era complicada, a época da ditadura, e por dez anos eu fui o único tatuador da cidade. Recentemente, voltei a Brasília para uma convenção e fiquei admirado com a quantidade de tatuadores que tem por lá. O cenário que eu ajudei a construir em Brasília teve uma expansão impressionante, mas isso não foi somente por conta de minha participação, foi um sintoma generalizado que a tatuagem sofreu, o que a fez crescer em todo o Brasil. E hoje ela se proliferou por todo o país, se fazendo presente de norte a sul. Quando comecei a tatuar em Santos, tive o privilégio de conhecer o Lucky, que foi um dos personagens da história da tatuagem que trouxeram a máquina de tatuar. Desde criança, frequentava o porto de Santos, onde eu era provador de café, e foi onde tive meu primeiro contato com a tatuagem. Eu via os marinheiros que desembarcavam dos navios e o Lucky tatuando a tripulação. Eu, como um garoto curioso, ficava por ali farejando todas as coisas que me atraíam. Foi assim que eu comecei, tudo se deu

Inácio da Glória

por meio da relação da tatuagem com o mar. Depois de 17 anos em Brasília, voltei ao litoral e, hoje mais do que nunca, sou testemunha da forte ligação que a tatuagem tem com os temas ligados à água e ao mar. A tatuagem tem vários segmentos e cada um tem sua importância e singularidade. As tatuagens feitas na praia têm enfoque diferente em relação às tatuagens feitas nas grandes metrópoles, nas partes urbanas, possuindo outro estilo, descontração e forma de fixação, até porque as tatuagens feitas na praia, na maioria das vezes, são feitas em peles bronzeadas, então, temos de escolher desenhos bem adequados a este tipo de pele. Assim, o tatuador deve ser um conhecedor da pele, o suporte em que ele realiza sua arte, uma parte sagrada de nosso corpo, que está à disposição dos tatuadores. APRENDIZADO Na época, não existia informação, não existia nada de verdade. As poucas pessoas que detinham a informação boicotavam. Como, desde criança, eu frequentava o porto e, por curiosidade, já era atraído pela tatuagem dos marinheiros, acredito que meu aprendizado partiu já da observação. Eu aprendi tatuagem de uma forma muito autodidata, comecei fazendo manualmente e só depois, quando o Lucky chegou ao Brasil, eu pude pegar uma máquina de tatuagem. Então, comecei a utilizar a máquina que era importada, pois no Brasil não se fabricavam máquinas. Tudo era artesanal, nós mesmos fabricávamos nossas agulhas, que eram improvisadas de agulhas de miçangas que tínhamos que afiar; quanto às tintas, comprávamos pigmentos em pó que depois tínhamos que bater para fazer as cores. Bem diferente de hoje em dia, que compramos tudo pronto para o uso. Nós que começamos há um tempo, não tínhamos essa facilidade atual, mas toda essa dificuldade inicial me forjou de uma forma diferenciada. A tatuagem no Brasil cresceu muito desde aqueles tempos, tanto que a história da tatuagem brasileira não tem 50 anos, praticamente todos os personagens que construíram sua história ainda estão vivos. Somos privilegiados em poder ter a tatuagem no Brasil em um nível internacional e estarmos todos testemunhando esta façanha. PRECONCEITO No começo, o preconceito com a arte na pele era muito evidente. A base do preconceito é a falta de conhecimen-

Primeiros cartões de visita - década de 1970.

7 • TattooArt


do lado de lá

brenda flatmo Por Daniela Carrara

Brenda, um dos nomes mais relevantes do cenário da tatuagem mundial, é dona do estúdio Plurabella, em Cincinnati - Ohio, ao lado de seu marido, o também tatuador Kore Flatmo. Além de tatuar, Brenda também é pintora e, por esse motivo, sabe muito bem como aplicar as cores em suas tatuagens que, na maioria das vezes, são flores e ornamentos com muitos detalhes. 8 • almanaquedigital.com.br


Brenda Flatmo

Há quanto tempo você tatua e como iniciou na profissão? Comecei a tatuar há 15 anos, apesar de não parecer que faz tanto tempo. Sinto que estou começando agora! Eu tive muita sorte quando comecei, pois conheci Kore Flatmo e Mike Dorsey, que trabalhavam em um estúdio em Cincinnati e que me levaram para ser aprendiz, em 1994. Na época, Kore trabalhava duro em seu estilo preto e cinza, e trazia uma influência muito forte da Costa Oeste. Ele também estava começando a mergulhar no estilo oriental. Outro artista incrível que trabalhava no estúdio era Clay Decker, que construía máquinas de tatuagem. Considero-me muito sortuda por ter tido esses três artistas por perto para me servir de inspiração. Depois de um tempo, cada um de nós seguiu seu próprio caminho; eu e Kore acabamos nos casando, mas continuamos trabalhando separados por dez anos. Agora, estamos trabalhando juntos novamente no PluraBella Tattoo e estou muito feliz por isso!

O que você acha da nova geração de artistas que está surgindo? Acho que há muitos ilustradores bons no mercado e alguns surpreendentes! É emocionante ver todo o trabalho que está sendo feito com ilustrações em cores. Como é o mercado da tatuagem nos Estados Unidos? Bem, eu acho que a tatuagem americana é tão forte quanto sempre foi. Há muitos tatuadores nos EUA, alguns dizem que há demais, mas acho que sempre haverá um lugar para tatuadores talentosos aqui, o público vai sempre apoiar a boa tatuagem. Nós vimos uma grande mudança nos negócios com o advento do efeito da mídia que mostra a tatuagem, e isso na maioria das vezes acaba sendo positivo. Você conhece ou já ouviu falar sobre qualquer tatuador brasileiro? Há tantos grandes tatuadores no Brasil! Parece haver

9 • TattooArt


A Eleita carolina maia

foto: lívia rocha

10 • almanaquedigital.com.br

Para participar da seção “A Eleita”, envie sua foto para tattooartmagazine@gmail.com.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.