Memorial Justificativo - Projeto II

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MEMORIAL JUSTIFICATIVO

PRAÇA DOM AV E L A R BRANDÃO V I L E L A


MEMORIAL JUSTIFICATIVO Universidade Federal do Piauí - UFPI Centro de Tecnologia - CT Departamento de Construção Civil e Arquitetura - DCCA Arquitetura e Urbanismo Projeto de Arquitetura II Profª. Drª. Angela Napoleão Braz Igor Alves de Almeida

PRAÇA DOM AV E L A R BRANDÃO V I L E L A


SUMÁRIO

1 | OBJETIVO DO TRABALHO 2 | HISTÓRICO DO BAIRRO 3 | LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DESTINADA PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO 4 | CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO 5 | ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS DA ÁREA 6 | MAPA DE DIAGNÓSTICO 7 | CONCEITO DA PRAÇA E DESCRIÇÃO DE SEUS USUÁRIOS 8 | PARTIDO ARQUITETÔNICO 9 | PROGRAMA DE NECESSIDADES 10 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS ESPAÇOS 11 | FUNCIONOGRAMA E FLUXOGRAMA 12 | REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


OBJETIVO DO TRABALHO O presente trabalho tem como objetivo a exposição de dados referentes ao levantamento de todas as informações relacionadas ao entorno que compreende a área destinada à implantação da proposta arquitetônica e urbanística de uma praça. Assim como, a determinação dos condicionantes que inuenciarão na concepção do projeto idealizado. Finalizando com a apresentação e devida justicação do partido arquitetônico adotado para as soluções presentes no objeto proposto, o seu programa de necessidades, o pré-dimensionamento dos seus ambientes e as suas devidas conexões. O espaço idealizado para inserção do objeto arquitetônico é a Praça Dom Avelar Brandão Vilela, situada no Bairro de Fátima, região leste da cidade de Teresina-PI.


HISTÓRICO DO BAIRRO Devido à crescente expansão da região central da cidade de Teresina e com a construção da ponte Juscelino Kubitschek, a extensa e pouco habitada zona leste, que compreendia os bairros Jóquei Clube e de Fátima, teve seu acesso melhor viabilizado e, portanto, passou a ser alvo da promoção imobiliária, que promoveu uma maior ocupação da área. Além da ponte, a construção da pista de corrida para cavalos viabilizou a imagem de bairro ‘nobre’, tão amplamente utilizada nas propagandas publicitárias da época. Aspecto que despertou bastante interesse da população na aquisição de lotes. A partir deste ponto, a ocupação da região ocorreu paulatinamente e o Bairro de Fátima teve seu principal ponto de atração após a criação da Paróquia de Fátima por Dom Avelar Brandão Vilela, na época Arcebispo de Teresina. A ocupação do bairro ocorreu gradativamente a partir do entorno da arquidiocese, demonstrando a forte inuência que a edicação exercia no local. Característica evidente através da posição em que o Centro Social e a praça cons-

truída para a realização das atividades da paróquia foram edicados no período, posicionados no meio da estrada, que posteriormente se tornou a principal avenida da região. A busca por tranquilidade, visto o crescimento da atividade comercial no centro da capital, levou a uma maior ocupação do bairro, que em seguida teve sua avenida prolongada como consequência direta da implantação do Campus da Universidade Federal do Piauí, no início da década de 1970.


LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DESTINADA PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO 3 | ESCALA QUADRA - PRAÇA DOM AVELAR BRANDÃO VILELA

1 | ESCALA CIDADE

BAIRRO DE FÁTIMA 0 500

1500

2000 m

2 | ESCALA BAIRRO

PRAÇA DOM AVELAR BRANDÃO VILELA 0 50

150

200 m

DELIMITAÇÃO DO BAIRRO

VIA SATÉLITE - SEM ESCALA


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO O bairro de Fátima compreende a área contida no perímetro que inicia no eixo do Rio Poti sob a Ponte da Primavera; segue pela Av. Universitária e pela Rua Visconde da Parnaíba até a Av. Homero Castelo Branco; daí, prossegue até a Av. Elias João Tajra, seguindo o seu alinhamento até o eixo do Rio Poti, pelo qual retorna ao ponto de partida.

Há também uma forte concentração da atividade empresarial em seu território, composto por aproximadamente 710 empreendimentos formais, segundo o SEBRAE-PI, no qual se destaca uma maior presença do setor voltado para a prestação de serviços.

O bairro possui uma população de 8349 moradores, segundo o resultado do censo de 2010 realizado pelo IBGE, tendo como principal parcela da sua faixa etária jovensadultos e adultos variando entre 25 a 34 e 35 a 49 anos, respectivamente. 1660

8%

56%

6%

30%

1662

1193 1048

GRÁFICO 2 | PERCENTUAL DE EMPRESAS FORMAIS POR SETOR, ANO 2012.

494

428

413

FONTE: SEMPLAN/SEBRAE-PI 676

453 322

0a4 anos

5a9 anos

10 a 14 anos

15 a 17 anos

18 a 24 anos

25 a 34 anos

35 a 49 anos

50 a 59 anos

60 a 69 anos

70 ou + a n o s

GRÁFICO 1 | POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA, ANO 2010. FONTE: SEMPLAN/IBGE

COMÉRCIO

CONSTRUÇÃO CIVIL

INDÚSTRIA

SERVIÇOS


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO As principais linhas de transporte público que transitam na região são: Ÿ 401 | UNIVERSIDADE Ÿ 402 | VILA BANDEIRANTE/ININGA/DOM SEVERINO Ÿ 404 | VILA BANDEIRANTE/DOM SEVERINO

Existe uma predominância de lotes regulares, com exceção de alguns pontos mais próximos da praça, no qual as edicações acompanham a composição oblíqua do terreno. A ausência de recuos laterais nas edicações do entorno é bastante visível nos lotes paralelos à avenida. Em certos pontos, a presença de condomínios verticais é perceptível pela área edicada no terreno em contraste com a área total.

Ÿ 406 | PLANALTO URUGUAI/SATÉLITE/DOM SEVERINO 4 | MAPA ESQUEMATIZANDO A HIERARQUIA VIÁRIA DO ENTORNO

5 | MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO

FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

2

1

4

3

VIAS LOCAIS 1 - AV. NS. SENHORA DE FÁTIMA 3 - AV. ELIAS JOÃO TAJRA VIA COLETORA SECUNDÁRIA 2 - AV. DOM SEVERINO VIAS COLETORAS PRINCIPAIS

4 - RUA JÚLIO MENDES EDIFICAÇÕES


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO É visível o predomínio do setor de serviços na região, assim como o setor residencial. Porém, os lotes pertencentes as áreas institucionais são de grande tamanho e, portanto, também se destacam na visualização do mapa.

Com exceção dos condomínios verticais posicionados às margens do mapa, há predominantemente a presença de edifícios de um único pavimento, variando para dois em lugares pontuais do mapa.

6 | MAPA DE USO DO SOLO

7| MAPA DO GABARITO

FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

SERVIÇO

INSTITUCIONAL

1 PAVIMENTO

22 PAVIMENTOS

RESIDENCIAL

EM CONSTRUÇÃO

2 PAVIMENTOS

EM CONSTRUÇÃO

COMERCIAL

12 PAVIMENTOS


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO É perceptível uma divisão quanto às formas que compõem a skyline das guras analisadas. Há uma intensa arborização no contexto de algumas fachadas que formam o entorno, no qual as copas das árvores determinam um traço orgânico à linha da paisagem. Assim como em determinados pontos, há um destaque maior das edicações próximas, atribuindo um caráter mais linear ao desenho.

10| SKYLINE FACHADA 1 (ORIENTAÇÃO LESTE - OESTE) FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

EDIÇÃO: IGOR ALVES

11| SKYLINE FACHADA 2 (ORIENTAÇÃO OESTE - LESTE) FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

EDIÇÃO: IGOR ALVES

12| SKYLINE FACHADA 3 (ORIENTAÇÃO NORTE - SUL) FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

EDIÇÃO: IGOR ALVES

9| ESQUEMA DE ANÁLISE DA SKYLINE FONTE: GOOGLE MAPS, 2014. EDIÇÃO: IGOR ALVES

13| SKYLINE FACHADA 4 (ORIENTAÇÃO SUL - NORTE) FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

EDIÇÃO: IGOR ALVES

2 3 6

5

14| SKYLINE FACHADA 5 (ORIENTAÇÃO NORTE - SUL) FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

EDIÇÃO: IGOR ALVES

1 4

15| SKYLINE FACHADA 6 (ORIENTAÇÃO SUL - NORTE) FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

EDIÇÃO: IGOR ALVES


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO 16| VOLUME EXCESSIVO DAS LIXEIRAS FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

17| PAVIMENTAÇÃO DETERIORADA E BLOCOS DE CONCRETO PREJUDICANDO A ACESSIBILIDADE FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

‘O volume excessivo das lixeiras instaladas numa das laterais da praça, aliado com a presença da arborização, impossibilita a visualização do campo oposto. Ocultando a composição volumétrica que a Igreja realiza com a paisagem.’

'O estado em que o passeio se encontra prejudica a acessibilidade na praça. As barras de concreto nas laterais reforçam esse aspecto ao dicultar o acesso direto através do estacionamento.’

18| POSICIONAMENTO INADEQUADO DO MOBILIÁRIO URBANO FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

'Apesar da intensa arborização da praça. o posicionamento do mobiliário não favorece o seu uso pela população. Como denota-se na imagem, na qual os bancos estão locado em uma área que não contempla o sombreamento proveniente das copas das árvores.’


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO 19| APROPRIAÇÃO DO TERRENO FEITA PELA IGREJA FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

‘A igreja se apropria do espaço através do posicionamento da imagem de Ns. Senhora de Fátima, tornando-o uma extensão da seu terreno e bloqueando a ligação por uma via de fato à rua posterior.’

20| VISTA DA FACHADA LATERAL OPOSTA À PRAÇA (IGREJA NS. SENHORA DE FÁTIMA)

21| LIMITE DA VIA FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

'Através da foto é possível visualizar a harmonia na composição volumétrica da igreja com paisagem. Na qual se destacam a linha orgânica proveniente da arborização, que se relaciona com o elemento curvilíneo presente na fachada da edicação.’

'A conguração do terreno da Icespi resulta por criar um limite a paisagem ao se situar em determinado ponto de vista.’


CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO 22| VISTA DA IGREJA NS. SENHORA DE FÁTIMA

23| PROLONGAMENTO DA RUA JÚLIO MENDES

24| VISTA DO LADO LESTE DA PRAÇA

FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

‘O conjunto formado pela composição volumétrica da edicação em relação a paisagem é de grande beleza, porém tal aspecto é desapercebido pelo localização do ponto de vista ser em uma posição pouco frenquentada da praça.’

‘O prolongamento da rua Júlio Mendes proporciona uma espécie de ponto de fuga à paisagem, pontuada por edicações de gabarito elevado no horizonte.’

'O conjunto formado pela vegetação que compõe a paisagem é de grande beleza, caracterizando-a como um cenário ideal para um espaço de contemplação.’


3 3 ,2 3m

9m

1

9m

43,9

3m

FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

4 3 ,4

43,4

25| MAPA DE ZONEAMENTO DO ENTORNO

ÁREA TOTAL DOS TERRENOS: 1 - 1323,94m² 2 - 1437,57m²

2

m

32,9

30,0

m

1m

RECUOS OBRIGATÓRIOS ÁREA EDIFICÁVEL

ÁREA MÁXIMA PARA CONSTRUÇÃO: 1 - 3971,82m² 2 - 4312,71m²

I.A.

3 0 ,6

2m 4 3 ,4

A praça Dom Avelar Brandão Vilela está localizada na Zona Comercial - ZC3, caracterizada por áreas situadas ao longo de eixos de atividades plenas de comércio e serviços.

A F A S TA M E N T O S

CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E ENTORNO IMEDIATO

ÁREA MÁXIMA DE OCUPAÇÃO DO SOLO: 1 - 794,36m² 2 - 862,54m²

NÚMERO MÁXIMO DE PAVIMENTOS:

ZONA ZC3

ZONA ZC5-04

ZONA ZC3-14

ZONA ZC5-07

T.O.

5 pavimentos

ZONA ZR4-07

Parâmetros urbanísticos: TO 3,00

ZONA COMERCIAL ZC3 RECUOS MÍNIMOS FRENTE LATERAIS FUNDOS 5,00 ZERO 2,50

I A 60%


ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS DA ÁREA O mobiliário urbano presente na praça é composto por banca de revista, chaveiro, lanchonetes, paradas de ônibus, pontos de táxi e moto táxi, lixeiras e bancos. A arborização na área é intensa, composta principalmente por mangueiras, amendoeiras, espécies de menor porte e um bambu.

27| REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO TERRENO FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014.

O relevo é composto por três curvas de nível com equidistância de um metro, aproximadamente. 26| MAPA TOPOGRÁFICO DA PRAÇA FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

28| ESTUDO DE VENTILAÇÃO E INSOLAÇÃO 3

FONTE: ACERVO DO AUTOR, 2014. VENTOS NE

1

3 1

2

3 3 3

1

1

1- MANGUEIRA

2- BAMBU

3- AMENDOEIRA VENTOS SE


MAPA DE DIAGNÓSTICO

12 | MAPA DE DIAGNÓSTICO DO TERRENO FONTE: SEMPLAN, 2014 (SEM ESCALA). EDIÇÃO: IGOR ALVES

1 | DECLIVIDADE DO TERRENO; 2 | INTENSA ARBORIZAÇÃO;

2

3 | MOBILIÁRIO URBANO (LIXEIRAS) BLOQUEANDO A VISIBILIDADE; 1 8

4 | DIVISÃO DOS ESPAÇOS PELA AVENIDA, ASSIM COMO O EXCESSO DE FLUXO QUE TRANSITA PELAS VIAS PREJUDICA A QUALIDADE DO ESPAÇO; 5 | MOBILIÁRIO URBANO (BANCA DE REVISTA, CHAVEIRO E LANCHONETE BLOQUEANDO A VISIBILIDADE DO ESPAÇO;

5

4

6 | O PONTO DE MOTO-TÁXI APROPRIA-SE DO AMBIENTE E TORNA-O INTIMIDADOR PARA OS OUTROS USUÁRIOS; 2

9

3 6 7

PONTOS NEGATIVOS, MAS QUE APRESENTAM SOLUÇÕES PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS, SEM RESOLUÇÃO

7| COPA FRONDOSA TORNA O AMBIENTE MAIS RESERVADO, DIFICULTA A APREENSÃO VISUAL DO ESPAÇO; 8 | PASSEIO DETERIORADO; 9 | ESTACIONAMENTO INVIABILIZANDO A EXISTÊNCIA DE CIRCULAÇÃO;


CONCEITO DA PRAÇA E DESCRIÇÃO DE SEUS USUÁRIOS A praça Dom Avelar Brandão Vilela apresenta uma disposição espacial diferenciada decorrente da divisão feita pela Av. Ns. Senhora de Fátima, característica de forte inuência na forma que o ambiente hoje é utilizado, assim como na percepção que os usuários têm do objeto arquitetônico. Dessa forma, a denição genérica de praça referente a um espaço de encontro da população para a realização de atividades de cunho social-cultural, não se aplica de fato ao ambiente estudado. O intenso uxo gerado pela avenida onde encontra-se inserida, como também a forte presença de edicações comerciais e prestadoras de serviços, gera ao espaço a peculiaridade de convergência de movimentos. No qual há uma denição de diferentes percursos feitos pela a área direcionados a outros estabelecimentos do entorno, que apesar de levarem os usuários a perceberem o espaço, não inuenciam numa maior permanência desses transeuntes no local. Seja pela imagem apercebida ou existência de alguns usos que provocam intimidação na população.

O perl de usuários que se observa no espaço é composto principalmente de pessoas que se direcionam aos pontos de ônibus presentes nos dois lados, e portanto, não fazem um uso efetivo da praça, mas apenas de um dos seus ambientes. Os trabalhadores do ponto de táxi e moto-táxi, os estudantes, os frequentadores da igreja e comércios próximos, esses caracterizados como esporádicos; e os moradores de rua, que se apropriaram do espaço e o utilizam de forma que prejudica a qualidade de atração para uma maior permanência de alguns grupos dos utilizadores listados. Como ressaltado pelo levantamento anteriormente, a maior parcela da população existente no bairro varia entre as idades de 18 a 49 anos, portanto, os possíveis frequentadores assíduos do local podem ser os moradores da área residencial presente no entorno, os trabalhadores dos empreendimentos existentes, como também os estudantes advindos da escola próxima. Tendo como uma parcela de usuários recorrentes, aqueles que frequentam a Igreja Ns. Senhora de Fátima, os estudantes da escola de inglês e os consumidores da área comercial.


PARTIDO ARQUITETÔNICO A região delimitada para a idealização do projeto arquitetônico/urbanístico proposto corresponde a Praça Dom Avelar Brandão Vilela, popularmente conhecida como Praça de Fátima ou Praça da Igreja. Localiza-se no bairro de Fátima, zona leste de Teresina, tendo como ponto de fragmentação da sua conguração espacial a Av. Nossa Senhora de Fátima, principal via de acesso ao bairro. A proximidade com a Igreja, localizada na fachada norte paralela à praça, assim como a grande concentração de pontos comerciais e prestadores de serviço no seu entorno imediato, atribui a sua área de inserção a presença de um uxo acentuado, tanto de veículos como de pedestres. Como ressaltado anteriormente, a praça apresenta uma distribuição formal bastante peculiar, aspecto resultante da divisão pela avenida, e portanto, congura a percepção do ambiente a característica de dois espaços de funcionamentos diferenciados. Especicidade constatada após diversas observações do andamento das atividades realizadas no local. Além de possuir a Av. Nossa Senhora de Fátima como eixo divisor, o desenho do lote se destaca em relação aos demais

devido a ‘abertura’ da via nos pontos de início da praça, envolvendo-a nos sentidos leste e oeste. O primeiro delimitado por um espaço de apropriação feito pela Igreja, impedindo a ligação feita por uma via de fato a rua Tabelião José Basílio, e o segundo possuindo a rua Júlio Mendes como trecho de prolongamento. 29| ÁREA DE ENTORNO IMEDIATO DA PRAÇA FONTE: GOOGLE MAPS, 2014. EDIÇÃO: IGOR ALVES

3

1 2

1 - IGREJA NS. SENHORA DE FÁTIMA 2 - ICESPI 3 - CENTRO DE ENSINO INTEGRAL DARCY ARAÚJO


PARTIDO ARQUITETÔNICO A partir dessas proposições é possível enumerar alguns fundamentos condicionantes da denição do partido arquitetônico, como destaca NEVES, em seu livro “Adoção do Partido Arquitetônico”, ao armar que apreender sobre o local onde será inserido o objeto é a primeira etapa do exercício de projetação. Posteriormente, o autor enumera princípios que nortearão o procedimento de discussão e obtenção de tais informações essenciais para o início dessa etapa, como a elaboração do conceito referente ao objeto, descrição da clientela, designação da funcionalidade, determinação do partido arquitetônico, elaboração do programa de necessidades e a compatibilidade estabelecida entre seus elementos, assim como o pré-dimensionamento dos espaços. Ademais é ressaltado os aspectos relevantes para que se inicie de fato o ato de projetar. Tais diretrizes referentes às informações técnicas do terreno onde será inserido, a compatibilidade estabelecida com o entorno no processo de composição da paisagem e o impacto gerado pela intervenção. Realizado todo esse levantamento, o arquiteto encontra-se capacitado a eleger um partido arquitetônico, cujo o projeto terá todas as suas soluções conduzidas por ele.

O partido arquitetônico empregado é indubitavelmente resultado de diversas observações que agregam soluções destinadas à melhoria do conforto térmico do ambiente, visto a caracterização do clima da região, assim como os diversos usos direcionados aos espaços presentes na praça. Porém, a relação orientada pelo entorno, no qual há a necessidade de uma maior ocupação do espaço pela população, em detrimento da situação atual, que o caracteriza como um ambiente de pouca permanência ou permanência transitória, foi categórico para a denição deste partido promover uma identicação dos moradores do entorno próximo com o ambiente da praça. LYNCH (1997) admite que a construção da imagem de um ambiente é fundamentada na visualização e como é feita a sua interpretação, isto é, a imagem ambiental deriva de um processo de percepção e cognição do ambiente: “nada é vivenciado em si mesmo, mas sempre em relação aos seus arredores, às sequências de elementos que a ele conduzem, à lembrança de experiências passadas”.


PARTIDO ARQUITETÔNICO Tendo como base tal premissa, sua teoria é fundamentada em três conceitos formadores da imagem urbana: legibilidade; identidade; estrutura/signicado e imaginabilidade. O primeiro relaciona-se com a facilidade que um objeto pode ser reconhecido e organizado em um padrão coerente. Orientando-se por este conceito, que apresenta grande potencial ao ser explorado no partido, é possível destacar o primeiro aspecto qualitativo do partido arquitetônico adotado: a concepção de simplicidade. Pensamento esse que é justicado através de um paralelo com um dos fundamentos da Gestalt, a Pregnância, que se caracteriza pela assimilação da imagem através da simplicidade natural da percepção, ou seja, a capacidade que uma imagem tem em ser forte o suciente, impondo-se na percepção e na memória do observador (DEL RIO, 1990). Onde ao se atribuir uma simplicação do espaço projetado, busca não apenas uma imagem convidativa ao uso do ambiente, como também a assimilação do local no cotidiano dos moradores. Aspectos que resultariam na modicação da dinâmica da praça e, consequentemente, atribuiria uma nova

percepção aos transeuntes que não residem nas proximidades. Dessa forma, é inevitável atribuir ao espaço da praça o caráter de extensão do domicílio, no qual ocorre a ‘apropriação’ de atividades ligadas a esfera privada em um espaço caracterizado como público, de forma a fomentar a relação do objeto arquitetônico e seus usuários, atribuindo tal simbologia nas soluções para os ambientes propostos no projeto. Signicados e associações, sejam sociais, históricos, funcionais, econômicos ou individuais, formam um conjunto de inuências que superam as qualidades físicas e se constituem fortes denidores de identidade e/ou estrutura, segundo LYNCH. Portanto, a denição de ‘caminhos’ que levem ao objeto arquitetônico, assim como espaços em seu território que de certa forma possam complementar funcionalidades de edicações do entorno é de vital importância para o uso da parcela de moradores que se situam um pouco mais afastados da área, aproveitando-se da convergência de uxo que ocorre na praça, tornando-a um elemento positivo que incremente uma maior permanência da


PARTIDO ARQUITETÔNICO população no ambiente projetado. 30| POSSÍVEIS PERCURSOS A SEREM ADOTADOS FONTE: GOOGLE MAPS, 2014.EDIÇÃO: IGOR ALVES

3

4

2

1

PONTOS DE ATRAÇÃO

PERCURSO PARA PEDESTRES

EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS NO PRERÍMETRO ESTUDADO

PERCURSO PARA VEÍCULOS

1 - ACADEMIA EUGÊNIO FORTES 3 - MCDONALD’S 2 - MAIS DVD

4 - DOMINO’S

Em suma, foi apresentada a justicativa do partido arquitetônico adotado para concepção do projeto, assim sendo sintetizado no uso da simplicidade como forma de estabelecer a identicação entre os usuários e o espaço edicado.


PROGRAMA DE NECESSIDADES Visto a necessidade de promover uma maior identicação do usuário com o espaço, tratar o projeto arquitetônico como a extensão da moradia é o conceito principal para a denição dos recintos contidos no programa. Assim como, viabilizar o uso da praça através da inserção de ambientes que possibilitem atividades complementares aos serviços prestados pelas edicações presentes no entorno. Dessa maneira, as soluções propostas para a conguração formal do projeto visam principalmente locais que propiciem aos usuários um maior conforto e uma maior interação social, de forma a fomentar a convivência no local. Áreas destinadas à conversação, contemplação e área de jogos, essa podendo estar inclusa no mesmo ambiente de conversação, são os espaços fundamentais para o tipo de conceito aplicado no projeto. Anal, são os locais onde os moradores e os demais frequentadores da praça poderão estabelecer ‘os diálogos casuais tratados na porta de casa’, onde os estudantes do entorno poderão ‘passar o tempo após a escola’, o local destinado para a leitura de um livro, etc. São espaços que abrangem diferentes usos e contemplam diversos

usuários. Devido à localização da praça em um setor de intenso uxo de serviços, o volume de trabalhadores que possam utilizar a área como lugar para descanso é considerável, tendo em respeito tal premissa, está presente no programa a instalação de quiosques de alimentação, de forma a aproveitar tal conveniência. Ambiente que durante a noite pode propiciar um serviço diferenciado aos moradores, dando uma face alternativa ao espaço. Ressaltando a questão da conveniência, a instalação de banheiros públicos, ponto de táxi e estacionamento reservados à veículos particulares, levando em consideração o uso pelas pessoas que não residem no entorno imediato, é outro aspecto abrangente da proposta. Além de prever a inserção de um bicicletário e ponto para aluguel de bicicletas, promovendo um maior uso de transportes opcionais através de uma alternativa ofertada no espaço. Como forma de complementar uma atividade exercida em edicações próximas da praça, é idealizado uma área de alongamentos, servindo o propósito das pessoas que frequentam a academia.


PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS ESPAÇOS ATIVIDADES DESEMPENHADAS NO ESPAÇO PÚBLICAS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESPERA DO TRANSPORTE COLETIVO LAZER ADULTO COMPRAS LAZER INFANTIL PEGAR TÁXI CONVERSAÇÃO ALIMENTAÇÃO CONTEMPLAÇÃO ALUGUEL BICICLETAS FÍSICAS E ALONGAMENTO ESTACIONAR VEÍCULOS HIGIENE PESSOAL ESTACIONAR BICICLETAS

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS ESPAÇOS SETOR PÚBLICO AMBIENTE DIMENSÃO FÍSICAS E ALONGAMENTO 3,50m x 6,00m LAZER ADULTO 3,20m x 3,20m CONVERSAÇÃO 3,20m x 3,20m LAZER INFANTIL 3,50m x 6,00m CONTEMPLAÇÃO 1,80m x 3,60m HIGIENE PESSOAL 3,00m x 3,00m

ÁREA (m²) 21,00 m² 10,24 m² 10,24 m² 21,00 m² 6,48m² 9,00 m²

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS ESPAÇOS SETOR PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AMBIENTE DIMENSÃO ALIMENTAÇÃO 3,00m x 2,50m ESTACIONAR VEÍCULOS 21,50m x 4,30m PEGAR TÁXI 15,00m x 3,00m ESTACIONAR BICICLETAS 4,80m x 4,30m ESPERA DO TRANSPORTE COLETIVO 2,15m x 4,00m ALUGUEL BICICLETAS 0,60m x 1,00m COMPRAS 3,00m x 4,50m

ÁREA (m²) 7,50 m² 92,45 m² 45,00 m² 20,64 m² 8,60 m² 0,60 m² 13,50 m²


FUNCIONOGRAMA

ACESSO

ESPERA DO TRANSPORTE COLETIVO

LAZER ADULTO

ACESSO

CONVERSAÇÃO

LAZER INFANTIL

CONTEMPLAÇÃO

COMPRAS

PEGAR TÁXI

ESTACIONAR VEÍCULOS

FÍSICAS E ALONGAMENTOS

HIGIENE PESSOAL

ALIMENTAÇÃO

ALUGUEL DE BICICLETAS

ESTACIONAR BICICLETAS


FLUXOGRAMA ACESSO

ESPERA DO TRANSPORTE COLETIVO

LAZER ADULTO

ACESSO

CONVERSAÇÃO

LAZER INFANTIL

CONTEMPLAÇÃO

COMPRAS

ALIMENTAÇÃO

PEGAR TÁXI

ESTACIONAR VEÍCULOS

FÍSICAS E ALONGAMENTOS

ALUGUEL DE BICICLETAS

HIGIENE PESSOAL

ESTACIONAR BICICLETAS


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ZERBINI, Ana Suely. A Relação entre Imagem Ambiental e Uso de Praças na Área Central da Cidade de Porto Alegre – RS: uma contribuição à percepção ambiental. 2009. 180 f. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 227 p. DEL RIO, V. Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento. São Paulo: Editora Pini, 1990. NEVES, Laert Pedreira. Adoção do Partido na Arquitetura. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1989. 206. p. ARAÚJO, Cristina Cunha de. Trilhas e estradas: a formação dos bairros Fátima e Jockey Clube (1960-1980) [manuscrito] / Cristina Cunha de Araújo. – 2009.128 f.


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