ANGELOLOGIA
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DE BRASÍLIA PRESIDENTE: Pr. Orcival Pereira Xavier Faculdade Teológica da Assembleia de Deus de Brasília – FATADEB Diretor: Pr. Prof. Izidro Milton Gomes Coordenador: Pr. Altair Machado
Conselho Consultivo Pr. Manoel Xavier Pr. Otaviano Miguel Pr. Job Cardoso Pr. Geraldo Teodoro Pr. Izidro Milton Gomes Tiragem da 1a Edição: 500 exemplares. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra. Direitos reservados à FATADEB
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Sumário INTRODUÇÃO .................................................................................... 3 I. A ANGELOLOGIA NOS LIVROS APÓCRIFOS ........................... 4 1. Livros Apócrifos – conceito. ........................................................ 4 2. Anjos. ............................................................................................ 4 3. Anjo Rafael - Livro de Tobias. ..................................................... 5 4. Angelologia nos Pseudoepígrafos................................................. 7 II. ANGELOLOGIA NA CABALA E EM OUTRAS TRADIÇÕES RELIGIÕES SINCRÉTICAS ............................................................... 9 1. Kabala. .......................................................................................... 9 2. Angelologia no sincretismo Religioso e ocultismo. ................... 10 3. Arquétipos e o Sincretismo com a Astrologia e as Religiões Africanas. ........................................................................................ 11 4. Sincretismo Simbólico. ............................................................... 12 5. Devas - O Reino Dévico ............................................................. 14 III. A ANGELOLOGIA NA TEOLOGIA COMPARADA ............... 15 1. A Angelologia na Teologia Hinduísta ou Bramanista. ............... 15 2. Angelologia na Teologia Budista. .............................................. 16 3. Angelologia na Teologia Xintoísta. ............................................ 17 4. Angelologia no Confucionismo. ................................................. 17 5. Angelologia na Teologia Islâmica. ............................................. 17 6. Angelologia na Teologia Espírita Kardecista. ............................ 19 7. Angelologia na Ciência Cristã. ................................................... 21
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8. Angelologia na Teologia Mórmon.............................................. 22 IV. A ANGELOLOGIA NO ANTIGO TESTAMENTO................... 25 1. Criação dos Anjos. ...................................................................... 25 2. Anjo – Característica. ................................................................. 26 3. Os Anjos são Seres Espirituais e Incorpóreos. ........................... 27 4. Missão dos Anjos. ....................................................................... 27 5. Teofania - Anjo do Senhor. ........................................................ 28 6. Satanás – Anjos maus. ................................................................ 30 V. A ANGELOLOGIA NO NOVO TESTAMENTO ........................ 34 1. Atos dos Apóstolos. .................................................................... 36 2. Anjos nas epistolas. .................................................................... 36 3. Apocalipse. ................................................................................. 39 VI. A ANGELOLOGIA NAS TEOLOGIAS PATRÍSTICAS E TOMISTA........................................................................................... 41 1. Conceitos. ................................................................................... 41 2. Os Primeiros Patrísticos. ............................................................. 41 3. Tomás de Aquino. ....................................................................... 42 4. A Hierarquia Celestial e o Coro dos Anjos. ............................... 45 b.
Hierarquia mediana: dominações, virtudes, potestades. .......... 48
c.
Hierarquia menor: principados, arcanjos, anjos. ...................... 48
VII. A ANGELOLOGIA NA TEOLOGIA CRISTÃ ......................... 50 1. A Realidade dos Anjos. .............................................................. 50 2. Personalidade dos Anjos. ............................................................ 51 3. A Criação e o modo de existência dos Anjos. ............................ 52 4. Os Atributos dos Anjos. .............................................................. 53
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5. A Morada e o número dos Anjos. ............................................... 54 6. Idéias errôneas sobre os anjos..................................................... 55 7. Hierarquia dos Anjos. ................................................................. 55 8. Querubins, Arcanjo, Serafins e “Seres Viventes”. ..................... 57 VIII. A ANGELOLOGIA NAS IGREJAS EVANGÉLICAS HODIERNAS ..................................................................................... 61 1. Igrejas Evangélicas Hodiernas. ................................................... 61 2. Angelologia das Igrejas Evangélicas Tradicionais. .................... 62 3. Angelologia nas Igrejas neo-pentecostais. .................................. 62 4. Atribuições inadequadas a Anjos................................................ 63 CONCLUSÃO .................................................................................... 66 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 68
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INTRODUÇÃO Os anjos sempre foram objetos de admiração para o homem. Eles estão estampados em adornos de igreja; em quadros, arabescos; não raramente em peças de artes moldados por artistas; capas de cadernos, ilustrações tocando trombetas, etc. São apresentados, figurados como jovens belos, de roupas brancas do tipo túnica, e na maioria das vezes alados. Sendo assim, cuida a Angelologia do estudo dos anjos, suas características, natureza, atividades e dados relativos. Para a teologia, no sentido de estudar não só conhecimento de Deus, mas do conteúdo das Sagradas Escrituras, há também certa curiosidade por parte dos estudiosos sobres anjos. Tanto é que o assunto cobre quase todas as religiões, mesmo aquelas que não professa o cristianismo. Assim, nesta disciplina, vamos discorrer, resumidamente, a angelologia, sem, contudo, esgotar o assunto, uma vez que existe farta literatura e estudo enfocando esses seres extraordinários, que são reais.
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I. A ANGELOLOGIA NOS LIVROS APÓCRIFOS 1. Livros Apócrifos – conceito. Apócrifo vem do termo apokryphos, e tem o significado literal de oculto ou secreto. O tempo se encarregou de aplicar a palavra “apócrifo” à obra ou fato sem autenticidade ou sem comprovação. Esse termo tem sido atribuído tecnicamente aos livros excluídos do Cânon Sagrado, chamados de Apócrifos. Algumas edições bíblicas contêm os apócrifos como, por exemplo: a Bíblia de Jerusalém, da Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus; a Bíblia Sagrada – Edição Pastoral-Catequética da Editora Ave-Maria e outra, cujos livros são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. 2. Anjos. Os livros apócrifos acima citados não apresentam uma descrição ou uma doutrina sobre anjos. Apenas menciona-os como seres angélicos prestando serviços em favor do homem, quer seja ajudando, prestando companhia, combatendo, por exemplo, os livros dos Macabeus. Tendo em vista os apócrifos ser considerados não-inspirados pelo Espírito Santo, fica uma indagação sobre a veracidade bíblico-
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espiritual desses livros, principalmente quanto às narrações a respeito de anjos como mensageiros de Deus em prol do seu povo. Observa-se que os tipos de operações dos anjos nos apócrifos diferem das aparições e operações desse seres, dos citados nas versões evangélicas da Bíblia. Nessas, os anjos agem de forma mais discreta. 3. Anjo Rafael - Livro de Tobias. No livro de Tobias, por exemplo, temos a figura do anjo do Rafael, o qual se apresentou a Tobias, como humano, para acompanhá-lo a uma viagem determinada por Tobit, pai de Tobias, com destino à cidade de Rages na Média. Inicialmente identificandose como Azarias, quando disse: “Sou Azarias, filho de Ananias, um de teus irmãos” (Tb 5:17). Ora, nem Tobit e Tobias sabiam que se tratava de um anjo. Durante a jornada para Rages, Azarias e Tobias acamparam às margens do rio Tigre. Porém quando Tobias lavava os seus pés, um grande peixe tentou devorá-lo, mas Azaria disse: agarra o peixe e segura-o firme. Tobias assim o fez, e o anjo acrescentou: Abre o peixe, tira-lhe o fel, o coração e o fígado e guarda-os; joga fora os intestinos, pois o fel, o coração e o fígado são remédios” (Tb 6:4-5).
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Mais adiante vemos o anjo Rafael ensinando Tobias a queimar um tipo de incenso para afugentar um demônio. É que no caminho para Rages (Tb 6, 8 e 9): “Se se queimar o coração ou fígado do peixe diante de um homem ou de uma mulher atormentados por demônio ou por um espírito mau, a fumaça afugentará todo o mal e o faz desaparecer para sempre. Quanto ao fel, untado com ele os olhos de um homem que tem manchas brancas, e soprando sobre a mancha, ele fica curado”. Prática totalmente alheia aos ensinamentos bíblicos e comportamento de anjos na Bíblia. Os livros apócrifos Judite, Macabeus I e II, fazem, também, menções de aparições de anjos, cujas missões diferem das citações do Canon Sagrado No II livro de Macabeus, entre tantos episódios, narra história do rei SeleucoIV , da Ásia, cap 3:24-28 , onde envia Heliodoro, superintendente dos seus negócios, à Jerusalém para se apoderar do tesouro do Templo, centro religioso dos judeus. Os sacerdotes e o povo da cidade invocaram a Deus para que o Templo não fosse profanado. Segundo o livro, houve a intervenção divina, narrada nos seguintes termos: “Já estava Heliodoro com seus guardas, ali junto à câmara do tesouro, quando o Soberano dos Espíritos e de todo Poder 6
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manifestou-se com tal esplendor, que todos os que haviam ousado entrar, feridos pelo poder de Deus, sentiram-se desfalecer e desencorajar-se. A seus olhos apareceu um cavalo, ricamente ajezeado,
montado
por
temível
cavaleiro.
Movendo-
seimpetuosamente, o animal atirava contra Heliodoro suas patas dianteiras. Quem cavalgava parecia ter a armadura completa de ouro. À sua frente apareceram, ainda, outros dois jovens, extraordinários por suas forças, belíssimos na aparência, magníficos em suas vestes. E esses, tomando posição de ambos os lados junto a Heliodoro começaram a açoitá-lo...”. Diante desse milagre, o povo se regozijava e agradecia a Deus pelo livramento. Como se vê, as aparições e apresentações de anjos nos apócrifos diferem dos serviços deles apresentados no Canon Bíblico. 4. Angelologia nos Pseudoepígrafos. Existem ainda, os livros chamados de Pseudoepígrafos (ou pseudoepigráficos) como o Testamento de Adão, Enoque I e II, Testamento de Jô, Apocalipse de Abraão, Apocalipse de Moisés e outros. Os livros de Enoque relatam anjos que dirigem as estrelas e suas funções nos céus; como anjos mantêm os depósitos de neve. Mostra também seres voadores do Sol com os nomes de Fênix e 7
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Chalkydri, “maravilhosos e magníficos, com os pés e caudas na forma de leão, cabeça de crocodilo, de aparência escarlate como o arcoíris; seu tamanho é de novecentas medidas, suas asas são como as dos anjos, cada um tem doze, e atendem e acompanham o sol dando calor e orvalho tal como lhes foi ordenados” (TRICA: 1995, vol I, p.3536). São anjos designados para as estações do ano. Da literatura universal, a Bíblia é o único livro inspirado pelo Espírito Santo. Portanto, ela é a fonte de toda a verdade em que se pode consultar com confiança, inclusive sobre anjos. Sendo assim, qualquer outra informação discordante com a Bíblia é duvidosa.
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II.
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NA
CABALA
E
EM
OUTRAS
TRADIÇÕES - RELIGIÕES SINCRÉTICAS 1. Kabala. Conceito: é uma palavra hebraica que significa “Recebimento ou Tradição”. É o estudo que prepara o homem para receber todos ao grau e planos de vida como uma única realidade. Considerada também, como uma doutrina mística e esotérica que leva o homem a conhecer a Deus e o Universo. É como uma revelação. Segundo o Rabino Joseph Saltoun, a Kabala se relaciona com a Bíblia e com os textos sagrados de todas as religiões (sincretismo – fusão religiosa). É uma sabedoria cósmica. Anjos – os anjos são seres inteligentes e sensíveis, que estão numa freqüência de vibração um pouco mais elevada que a nossa. Segundo a Kabala (Cabala), os anjos têm a responsabilidade de equilibrar a harmonia do universo. “Algumas tradições dizem que os anjos são a manifestação do pensamento de Deus (Kabala Judaica). Outras, afirmam que eles foram criados pelo Divino Espírito da Mãe (Kabala dos Anjos – uma forma sincrética da Kabala Judaica e da mística esotérica). A tradição Kabala afirma que há bilhões de anjos no universo, e uma parcela relativamente pequena toma conta da humanidade e do 9
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nosso planeta. Mencionam também, sobre anjos da guarda, intimamente ligados ao ser humano. Segundo a Kabala, os anjos são andrógenos (de aparência ou modos indefinidos, entre masculino e feminino, ou que tem traços marcantes do sexo oposto), ou são como energias. Os Judeus, no entanto, fazem referencia aos anjos os quais não passam de mensageiros de Deus, que tem uma determinada missão. São eles os porta-vozes do Ser Supremo, por serem puros espíritos. Na tradição kabalística existem inúmeras exposições sobre anjos e seres sobrenaturais, sendo que a principal obra ou doutrina da mística do judaísmo é o Zohar (Resplendor no hebraico) que doutrinam sobre a Tora (Pentateuco); a natureza de Deus; origem e estrutura do universo e outros ensinamentos. 2. Angelologia no sincretismo Religioso e ocultismo. Muitas
religiões
mencionam
anjos
com
as
mesmas
características do catolicismo, no Zoroastrismo e Islamismo. As figuras dos arcanjos têm especial atenção, sendo que quatro deles são citados pelo nome nessas religiões, a saber: Miguel (em hebraico) e Mikal (em árabe); Gabriel (hebraico) e Jibril (árabe), e ainda Uriel e Raphael. No Islamismo diz-se que quatro arcanjos guardam o trono de Alá: Mikal, Jibril Izrail e Israfil. 10
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Por assumirem a posição de protetores e intermediários, os anjos têm sido objetos de invocação em momentos de crise, e de agradecimento em momento de júbilo, e ainda incorporados ao cotidiano em esculturas, obras de arte, decoração e mitologia. 3. Arquétipos e o Sincretismo com a Astrologia e as Religiões Africanas. Arquétipos - Conjunto de símbolos que foram criados pelo psicólogo alemão Gustav Jung, como sendo a fonte que a nossa mente utiliza para chegar a uma definição, e que é comum a todo o gênero humano. Estes arquétipos são atemporais, e remontam a antiga memória da humanidade. Idéia que serve de base para a classificação de objetos sensíveis, ou mesmo um paradigma. O gráfico abaixo exemplifica essa prática, onde há um sincretismo entre a cabala judaica, astrologia e os deuses das religiões africanas:
Mikhael
Sol
Oxalá
Gabriel
Lua
Yemanjá/Nana
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Shamael
Marte
Ogum/Iansã
Raphael
Mercúrio
Oxassi
Zedkiel
Júpiter
Xangô
Hanniel
Vênus
Yori/Oxum
Orifel
Saturno
Yorimá/Obaluê
Fazendo uso da mística judaica, o esoterismo ocidental, se apropria da angelologia cabalística, e os associam aos elementos ou deuses de outras religiões. 4. Sincretismo Simbólico. Só para exemplificar a correspondência dessa simbologia segue abaixo alguns exemplos: O Arcanjo corresponde, dentro da Angelologia Cabalística, que influencia as pessoas nascidas no período de 22/07 a 22/08, do signo de Leão, chama-se Mikhael, e significa “o mensageiro do Senhor”. Seu dia, da semana, é o domingo; amarelo é sua cor; o Planeta é o Sol. Rege a primeira hora. Há sincretismo, na Umbanda, com o Orixá. Ocupa a posição, na hierarquia Divina, de: Chefe das 12
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Legiões Angelicais. Ele é o centro da Árvore da Vida, na Emanação da Beleza (tiphereth). O Arcanjo corresponde, dentro da Angelologia Cabalística, que influencia as pessoas nascidas no período de 21/06 a 21/07, do signo de Câncer, chama-se Gabriel, e significa “o Anjo da Anunciação. Seu dia da semana, é a segunda-feira; o branco é sua cor, o Planeta e a Lua. Rege a segunda hora. Há um sincretismo, na Umbanda, com os Orixás Yemanjá/Nana. Ocupa a posição, na hierarquia Divina, no Pilar do Equilíbrio. E por aí, segue toda uma simbologia com os demais Arquétipos. Há também, outras simbologias direcionadas aos anjos, como por exemplo: Anjos cujo símbolo seja um tridente, são os que respondem pelos Reinos Inferiores, chamados de Exus cuidam do “lixo”
no Universo.
Injustamente
chamados
por
Demônios,
comparados com desordem e o caos, são, na verdade, tão responsáveis pelo equilíbrio como os demais anjos. Os anjos que portam uma trombeta são Anjos de Anunciação. E outras simbologias
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5. Devas - O Reino Dévico O reino dévico compõe-se de seres, consciências e hierarquias de elevado grau de pureza, e propicia a manifestação da Vida. Denominado simbolicamente exército do som. Trabalha com vibrações. Seu campo de ação é bastante abrangente, pois vai desde os arquétipos até formas concretas. De certo ângulo, representa a consciência do corpo etérico do Logos. (Étérico, refere-se a todos os estados físicos da matéria, menos densos que estado gasoso. Corpo espiritual). Toda a circulação de energia em um Universo é efetuada e assistida pelos devas. Os devas seguem linha evolutiva paralela à humanidade e tem como uma das suas principais tarefas a manipulação das substâncias. Mantêm estreita ligação com as forças
da Natureza. São
essencialmente espíritos construtores e transformadores dos níveis de consciência, podendo, para isso, destruir estruturas ultrapassadas.
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III. A ANGELOLOGIA NA TEOLOGIA COMPARADA Neste ponto são apresentados uma síntese da doutrina ou crença dos anjos em teologias diferentes da cristã. 1. A Angelologia na Teologia Hinduísta ou Bramanista. O Hinduísmo ou Bramanismo originou-se na Índia, em torno do ano 1200 a.C. Esta religião não possui angelologia. Seus maiores deuses são: Brama (deus criador), Vishnu (deus sustentador) e Shiva (deus destruidor). Suas deusas são Kali = Deusa-Mãe ou Rainha do Universo; Bhárata Mata = Mãe da Índia, ou espíritos de mortos ilustres que são como deuses menores, não são considerados como anjos, tal como conhecidos no Cristianismo. Quanto às demais doutrinas da reencarnação e do nirvana encerram a cogitação da possibilidade do individuo chegar a ser um anjo. Nirvana- É o ponto culminante, o último estágio, o desapego do individuo que atinge toda superação da vida. Quem chega a este estagio não está sujeito a nascer de novo, isto é, ao samsara, a existência cíclica, tipo reencarnação.
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Segundo Gaarder (Justein Gaarder – O Livro das Religiões – escritor norueguês, nascido em Oslo em 08 agosto de 1952), a palavra nirvana significa “apagar”, - “uma referencia ao fato de que o desejo se extingue, quando se atinge ao nirvana. A imagem representa o desejo como uma chama que se apaga quando combustível termina – o combustível é a luxúria, o ódio e a ilusão”. O nirvana é a integração no “espírito” do Universo. É como se fosse um rio que deságua no oceano. O indivíduo perde sua individualidade. Em razão da doutrina do nirvana, no Bramanismo não há lugar para a existência de anjos, pois, quando o individuo chega ao estagio em que deveria ser um anjo, ele é absorvido no nirvana. 2. Angelologia na Teologia Budista. No Budismo não existe a figura do anjo, tendo em vista admitir a doutrina da reencarnação. Admite, no entanto, anjos como figura fictícia usadas em exemplificações e ilustrações. O Budismo ensina que após a última reencarnação, o espírito entra no nirvana.
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3. Angelologia na Teologia Xintoísta. O Xintoísmo (xinto: xin=Deus e to=caminho)É a religião oficial do Japão. Eles admitem a existência de inúmeros seres divino, espalhados por toda parte e dos Kami (ser divino), espíritos bons e maus que agem nos elementos da natureza, não que há qualquer menção a anjos propriamente ditos, não há angelologia no Xintoísmo. 4. Angelologia no Confucionismo. O Confucionismo é uma religião atéia, pois nega a existência de qualquer divindade. Isso inclui anjos e demônios. Portanto, nesta religião não se adota uma doutrina angelológica. É uma religião de grande influencia na China. Há quem diga que o confucionismo é mais uma filosofia que uma religião, uma vez que foi criada pelo pensador e filósofo chinês Confúcio no sec IV antes de Cristo. 5. Angelologia na Teologia Islâmica. Ao analisarmos a doutrina dos anjos nesta religião, devemos fazer as seguintes observações quanto ao significado de Islã, de Muçulmano e do Alcorão: Islã vem da palavra árabe ìslam, que significa “submissão”. A palavra mulçumano tem a mesma raiz de islam. Por submissão entende que “o homem deve se entregar e se submeter a Sua vontade em todas as áreas da vida” (Gaardner). É 17
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condição essencial para ser mulçumano. O Alcorão é o livro sagrado do islamismo, cujo livro é dividido em 114 Suratas, que podem ser comparadas aos capítulos da Bíblia. As Suratas são divididas em versículos. A Surata, v. 98 cita os nomes de Gabriel e de Miguel como seres angelicais. O v. 248 fala da arca da aliança conduzida por anjos. O v. 285 diz que “....todos os fiéis crêem em Deus, em Seus anjos, em seus Livros e em Seus apóstolo...” Na 3ª Surata, v. 80 Alá proíbe “tomar os anjos e profetas por senhores”. A 8ª Surata, v. 50 apresentam anjos como executores dos juízos de Deus, nos seguintes termos: “Ah, se pudésseis ver a ocasião em que os anjos receberão os incrédulos, esbofeteando-os e dizendo-lhes: Provai o suplício do fogo infernal”. A Surata 13ª, v. 11 indica a existência de “anjos da guarda” que protegem os homens por ordem de Deus. O v. 124 da 3ª Surata assevera que Deus pode socorrer seus fieis, enviando três mil anjos. E no v. 125 está escrito:
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“Apesar de serem suficientes, sedes perseverantes e temai a Deus e, se vos atacarem de surpresa, vosso Senhor vos socorrerá com cinco mil anjos”. O v. 1º da 35ª Surata afirma que Deus “...fez dos anjos mensageiros, dotados de dois, três ou quatro pares de asa...”. Por fim, a Surata 69, v. 17 ressalta que os anjos servem na presença de Deus, carregando o seu trono. 6. Angelologia na Teologia Espírita Kardecista. Em sua obra “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec (1992, p.99-100), ao tratar sobre Anjos e demônios, o fez nas questões 128, a 131, da seguinte maneira: “128. Os seres a que chamamos anjos, arcanjo, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros espíritos? Não; são os espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições”. A palavra anjo desperta geralmente a idéia de perfeição moral. Entretanto, ela se aplica muitas vezes à designação de todos os seres, bons e maus, que estão fora da humanidade. Diz-se: o anjo bom e o anjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas. Neste caso, o termo é 19
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sinônimo de espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua melhor acepção. “129. Os anjos hão percorrido todos os Graus da escala? Percorreram todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas missões, chegaram depressa; outros gastaram mais ou menos tempo para chegar à perfeição”. “130. Sendo errônea a opinião dos que admitem a existência de seres criados perfeitos e superiores a todas as outras criaturas, como se explica que essa crença esteja na tradição de quase todos os povos? Fica sabendo que o mundo onde te achas não existe de toda a eternidade e que, muito antes que ele existisse, já havia espíritos que tinham atingido o grau supremo. Acreditaram os homens que eles eram assim desde todos os tempos”. “131. Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra? Se houvesse demônios, seriam obras de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que praticam em seu nome‟.
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Allan Kardec ensina, ainda que: “A palavra demônio não implica a idéia de espírito mau, senão na sua acepção moderna, porquanto o termo grego–daïmon-, donde ela derivou, significa gênio, inteligência e se aplica aos seres incorpóreos, bons ou maus, indistintamente. Por demônios, segundo a acepção vulgar da palavra, se entendem seres essencialmente malfazejos. Como todas as coisas, eles teriam sido criados por Deus. Ora, Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres prepostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. Se não fossem obras de Deus, existiriam, com ele, desde toda a eternidade, ou então haveria muitas potências soberanas. Verifica-se dos ensinos transcritos, que o Espiritismo Kardecista não acredita em anjos, muito menos criados por Deus, como concebidos na Teologia Cristã. É uma doutrina que confronta os assentamentos bíblicos sobre anjos. 7. Angelologia na Ciência Cristã. A “Ciência Cristã”, seita “religio-médica, fundada pela Senhora Mary Baker G. Eddy no século XIX, (1821-1910 - Estados Unidos), ensina que “Anjos são puros pensamentos vindo de Deus, 21
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alados de Verdade e Amor, seja qual for seu individualismo(...) Meus anjos são pensamentos exaltados” (Eddy: 1910, p. 288). Eddy Baker, afirma, ainda: “O Salmista diz: Deus mandará que os anjos dele cuidem de você. Deus lhe da suas idéias espirituais, e elas por sua vez, lhe dão o suprimento diário (...) É uma idéia espiritual que vos ilumina o caminho...” 8. Angelologia na Teologia Mórmon. Seita fundada por Joseph Smith Jr, norte americano (23/12/1805 – 27/06/1844). Segundo esta seita, foi o anjo Moroni quem comissionou Joseph Smith para tomar conhecimento e traduzir o Livro de Mórmon, escrito originalmente em placas de ouro, para o inglês. A título de exemplificação observem-se as seguintes referências sobre anjos, no Livro de Mórmon: Nefi – forma dois conjuntos de registro ou livros, sendo que são chamados de placas de Nefi. O Livro de Mórmon, a exemplo da Bíblia contem quinze volumes começando pelo primeiro e segundo Livro de Nefi até o 15º Livro de Moroni. 1. Nefi 1.8 – “E desta forma, dominado pelo Espírito, teve uma visão na qual viu o céu aberto, e pensou ver Deus sentado em 22
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Seu trono, rodeado de inúmeros anjos cantando e louvando o seu Deus‟. 2. Nefi 4.24 – “Durante o dia eu arrojadamente lhe dirigia fervorosas orações; sim, elevei minha voz ao alto; e anjos desceram e me serviram”. Quanto aos anjos maus, o Livro de Mórmon menciona: Jacó 3.11 – Ó meus irmãos, escutai minhas palavras; abri as faculdades de vossa alma; sacudi-vos para poderdes acordar do sono da morte; livrai-vos das penas do inferno, para não vos tornardes anjos do diabo e serdes jogados no lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte”. Citam-se ainda as seguintes referencias no Livro de Mórmon onde os anjos são mencionados: Alma (9º Livro): 13.24: 3 Nefi 7.15, 18; 9.2; 17.24; 19.14; 28.30. Quanto à classificação de anjos, ensina a teologia Mórmon: “Há duas espécies de seres no céu, a saber: anjos, que são personagens ressurretos, tendo corpos de carne e osso(...)”. Por exemplo, Jesus disse: Apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. (...) os espíritos dos 23
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justos aperfeiçoados – os que não são ressurretos, mas herdam a mesma glória” (Doctrine and Convenants, Section CXXXII in Joseph Smit pud Baalen: 1986, p. 141). Embora a teologia Mórmon ensine sobre a existência de anjos, o faz de maneira fora dos parâmetros bíblico-cristão. Como se vê, até a “visão” que ensejou o fundamento desta seita, cita o anjo Moroni, que sequer é mencionado na Bíblia Sagrada. As teologias – Comparadas – acima citadas apresentadas, cinco delas descartam a possibilidade de existência de anjos reais, a saber: a Hinduísta ou Bramanista, a Budista, a Xintoísta, a Confucionista e a Kardecista. As duas primeiras por admitirem a reencarnação e a integração do espírito da pessoa no nirvana, a Xintoísta por não fazer qualquer menção aos anjos, a Confucionista em razão de ser uma religião atéia, negando a existência de qualquer divindade e a Kardecita que, em decorrência da reencarnação, todos os espíritos humanos chegam ao estado de pureza.
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IV. A ANGELOLOGIA NO ANTIGO TESTAMENTO Qualquer estudo ou ensino sobre anjos, necessariamente, tem que passar pela Bíblia Sagrada, uma vez que ela é a fonte primeira e verdadeira sobre o assunto. Estudar fora dela é mera especulação. A Bíblia nos fala dos céus e terra. 1. Criação dos Anjos. Ora, Deus criou todas as coisas, inclusive os anjos. Se observarmos o contentamento de Neemias quando o povo confessava o seu pecado e fazia a leitura do Livro da Lei do Senhor, conforme Neemias capítulos oito e nove, e mais precisamente, quando louvavam e adoravam ao Senhor (Ne 9:5-6), diziam: “Bendito seja o teu nome glorioso! A tua grandeza está acima de toda expressão de louvor. Só tu és o Senhor. Fizeste os céus , e os mais altos céus, e tudo o que neles há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram” ... No Salmo 148:1-5, onde o salmista conclama a todos louvarem ao Senhor, observa-se, pela leitura que os mesmos foram criados, especialmente no v. 5: “Louvem todos eles o nome do Senhor, pois ordenou, e eles foram criados”.
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2. Anjo – Característica. Como seres espirituais, normalmente, anjos são invisíveis aos homens; mas são algumas vezes visíveis, até ao animal (Nm 22:2227). Eles podem também, tomar a forma humana. Várias citações bíblicas falam sobre suas características físicas, incluindo cabeça, face, olhos, boca, cabelo, mãos e pés. Os anjos têm emoções, inteligência, sabedoria, conhecimento e etc. No Antigo Testamento, a palavra malak, termo hebraico, tem o significado de mensageiro, anjo. A palavra anjo está etimologicamente relacionada com a palavra grega angelos, cuja tradução é semelhante ao hebraico. Há também a expressão bíblica “exercito” que faz conotação a anjos, por exemplo: 1 Rs 22:19; Dn 8:10-11; Js 5:13-15; Sl 103:21 e outra referencias. A primeira referencia bíblica que mencionam seres da ordem angelicais aparece no Jardim do Éden (Gn 3:24). Quando da queda do homem, Deus “...expulsou o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida”
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ANGELOLOGIA
3. Os Anjos são Seres Espirituais e Incorpóreos. Os anjos são incorpóreos em razão de não possuírem carne nem osso, sendo por isso, invisíveis, exceto quando materializado. Os anjos são descritos como espíritos, porque diferentes do homem, eles não estão limitados às condições naturais e físicas. Aparecem
e
desaparecem,
e
movimentam-se
com
rapidez
imperceptível sem usar meios naturais. Embora sendo espíritos, têm o poder de assumir a forma de corpos humanos (materialização), a fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem. Os anjos são seres pessoais, inteligentes, imortais, poderosos. Eles constituem um exercito (legiões) de Deus e não uma raça. Eles são inumeráveis. Em 1 Rs 22:19 diz: “Micaías prosseguiu: Ouve, pois, a palavra do Senhor: Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exercito do céu estava junto a ele, à sua direita e à sua esquerda”. 4. Missão dos Anjos. Como já manifesto, os anjos são servidores. O próprio termo “mensageiro” já indica o exercício de um ofício. São seres com missões específicas. Cujas missões podem ser divididas, entre outras, para melhor compreensão, em missão diante de Deus e missão aos homens.
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a)
Missão diante de Deus: Os anjos ministram a Deus sua adoração e louvor, conforme algumas referencias: (Sl 89:7; 99:1-2; 103:20; 148:1-2; Jô 38:4-7;Is 6:2-3 e Dn 7:10).
b)
Missões aos Homens: Os anjos protegem e cuidam dos filhos de Deus. São ministros de Deus, agentes secretos do criador para proteção e guarda dos seus filhos – Sl 34:7. Beneficiam ou disciplinam os homens ou guiam e guardam os servos de Deus (Sl 91:11;Dn 6:22). Eles trazem importantes notícias, instruem os filhos de Deus (Jz 13:814). Participaram dos juízos de Sodoma e Gomorra (Gn 19). Os anjos, por naturezas invisíveis, aparecem e falam aos
homens na forma e linguagem humana (Gn 18:2; 31:11; 19:1;Dn 8:15, entre outras referencias) 5. Teofania - Anjo do Senhor. A palavra teofania, vem do grego, cujo termo é composto por dois vocábulos, a saber: Theós que significa “Deus” e Phaneroó, que quer dizer aparecer. Portanto, Deus que aparece visível. No stricto sensu da palavra, a manifestação visível é da forma que Deus quer, isto é, não só na figura humana, como afirmam alguns eruditos. É 28
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evidente, que a teofania trata da manifestação visível de Deus temporariamente, diferente da encarnação que é permanente, resguardando a temporaneidade da vida. No hebraico mal‟âk Yahweh é “o Anjo do Senho e mal‟âk „elohim é “o Anjo de Deus”. No Antigo Testamento registra-se a maioria dos casos de teofania como Poe exemplo: Gn 16:7, o episódio de Agar no deserto. Esta foi o primeiro relato bíblico de aparição do “Anjo do Senhor”. Ainda, Gn 22:11-15; Gn 31:11-13, Nm 22:22...)e outras referências. Vale ressaltar, que em Gn 18:1-3,22, não menciona a palavra “Anjo do Senhor”, mas é óbvio, ali esta subtendido a manifestação de Deus entre os três personagens. No hebraico mal‟âk Yaweh é “o Anjo do Senhor” Cristofania - Existem algumas expressões como Anjo do Senhor e Anjo de Deus, que verbalizam o mesmo sentido, como no caso de Jz 6:11, 20-23. Logo as manifestações podem ser também, em um termo no vernáculo pátrio cristofania, Isto é, a manifestação de Jesus Cristo pré-encarnado, onde eruditos afirmam que nos casos de Jz 13:18: “Respondeu-lhe o Anjo do Senhor e lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, que é maravilhoso?. Faz lembrar o profeta Isaias no capítulo nove, quando vaticina a respeito do
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ANGELOLOGIA
nascimento de Jesus. Verifica-se ainda em Js 5:15-15; Dn 6:25, e outros. 6. Satanás – Anjos maus. Satanás - No hebraico sâtân – satã, que significa “adversário”. A forma no grego é satanás. O termo Satanás, o diabo, é poucas vezes usado no Antigo testamento. Na realidade, ele sempre se apresenta como inimigo, acusador e opositor. A Própria Bíblia nomeia-o como: Maligno (I Jo:5:19);Tentador(I Ts 3:15); Príncipe deste mundo (Jo 12:31); deus deste século (IICo4:4); Príncipe da potestade do ar (Ef2:2); Acusador de nossos irmãos (Ap12:10) Quanto ainda satanás, não há unanimidade entre os estudiosos do Canon Sagrado, sobre as seguintes referencias: a) Is 14:12, ressalta-se que a palavra “Lúcifer”, tradução em algumas Bíblias da palavra hebraica “hêlîl” mencionada no texto em epígrafe, como “estrela da manhã” utilizada nas versões
Revista e Corrigida, Revista e Atualizada e
Linguagem de Hoje, não são suficientes para afirmarem que as passagens referem-se a Satanás. Fala, todavia, sobre a jactância e arrogância do rei babilônico. Ele pensou que era o maior e mais importante do mundo. Uma das características do retrato profético de Babilônia é seu grande orgulho. Contudo, 30
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Deus rebaixaria seu rei ao mais baixo nível imaginável para a mente hebraica, o Sheol, o reino dos mortos (v.15). A ênfase está no contraste entre as condições do soberano “antes” e “depois”. As pessoas então olhariam para o fracasso do rei babilônico e perguntariam “E este o homem que fazia a terra tremer, que sacudia reinos, que fazia do mundo um deserto, derrubava suas cidades, que não permitia aos seus prisioneiros voltar para casa?” (v. 16-17). Observa-se, portanto, que quando se examina Is 14:12-14, em seu contexto, nada diz sobre a origem ou queda de Satanás.; b) Ez 28:12-16, faz menção do “Éden, Jardim de Deus”, “pedras preciosas”, “querubim da guarda”, para muitos, é um indicador seguro de que tais referencias, apontam para satanás, no entanto, a profecia diz respeito ao rei de Tiro. O capítulo 27, narra a queda da nação tíria, e o capítulo 28, fala especificadamente sobre a queda do rei dessa nação. Outra vez, se afirma que o contexto não remete tais profecias sobre Satanás, ou bruscamente o profeta interromperia a mensagem apontada para Tiro, e subverteria para falar a respeito da queda se Satanás.
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Não se pode desprezar, também, a interpretação de outros estudiosos da Bíblia. Pela arrogância, maldade e orgulho desses personagens, faz-se analogia com a figura de satanás. Anjos maus - No Livro da Revelação, Apocalipse no capítulo 12, narra uma espécie de rebelião no reino espiritual. Em AP 12:4 diz: “E sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar a luz, para que dando ela a luz, lhe tragasse o filho”. Esse texto, segundo eruditos e estudiosos do assunto, apresenta uma revolta de Satanás, quando se rebelou contra Deus no passado. Naturalmente, segundo os eruditos, as “estrelas do céu” são os anjos, portanto se tornaram “anjos maus”, seguidores de Satanás, os quais já têm lugar reservado, como disse o próprio Jesus: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”(Mt 25:41). Demônios – “Por dedução, pode-se inferir que os demônios que tem causado sofrimento à humanidade desde o Dilúvio são o restante dos anjos que seguiram a Satanás (Mt 25:41; AP 12:7-9), pois ele também é chamado de príncipe dos demônios (Mt 12:24,26). Os demônios eram considerados anjos caídos no judaísmo antigo”.
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ANGELOLOGIA
Está registrado no Novo Testamento, que freqüentemente os demônios tomam posse dos homens, e que Cristo, os expulsa (Mt 4:24; 8:16; 9:33; 15;22). Às vezes, mais de um pode possuir uma pessoa, como nos casos do endemoninhado de Gadara (Mc 5:1-17; Lc 8:33-36; 6:18;8:27-29; 9:42; 11:24-26). Mas todos eles se submetem ao poderio da Trindade.
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ANGELOLOGIA
V. A ANGELOLOGIA NO NOVO TESTAMENTO
A palavra “aggelos”, do grego, que por sua vez é o vocábulo anjo, aparece 175 vezes no Novo Testamento. Outra palavra usada no NT para anjos é pneuma, geralmente no plural (pneumata) que se traduz por espírito. O referido termo é usado mais no emprego de anjos maus e decaídos – quase sempre qualificado pelo adjetivo “imundo”, consoante Mt 12:43; Lc 4:36 e At 8:7. Embora, também, o escritor aos Hebreus tenha usado para citar os anjos de Deus como sendo espíritos ministradores (Hb 1:14). Os Anjos são visto como mensageiros de Deus. Entre outras atividades, servem e louvam a Cristo (Fp 2:9-11; Hb 1:6); são seres ministradores (Lc 16:22); At 12:7-17; Hb 1:7-14); transmitem e obedecem a vontade de Cristo (Mt 2:13: Mt 6:10); executam os propósitos de Cristo e o adoram (Mt 13:39-42; Lc 2:13) e estando vinculados a eventos especiais tais como a concepção, o nascimento, a ressurreição, a ascensão e a segunda vinda de Cristo (Mt 1:20-21; Lc 2:10-12; Mt 28:5-5; At 1:11). Evidentemente, nos primeiros séculos da Igreja, os cristãos não eram o único grupo que acreditavam na existência de anjos. Grande maioria das seitas do judaísmo, berço do cristianismo, admitia a 34
ANGELOLOGIA
existência desses seres celestes, a exceção, possivelmente, dos saduceus (At 23:8). Aliás, eles, mostraram até uma elevada crença por anjos em determinado tempo da sua história, por exemplo, no período intertestamentário, após o cativeiro babilônico, quando o segundo templo foi construído. Supõe-se que esse interesse tenha ocorrido em face da idéia de que Deus havia se distanciado dos judeus, pelo fato da ausência de profetas. Aí, possivelmente entra a figura dos anjos, como se pode notar nos livros apócrifos Tobia, Macabeus, Enoque e outros. Nos evangelhos estão registrados atividades de anjos como mensageiros de Deus. O que vale dizer a manifestação divina através dos seus anjos: anunciar o nascimento de Jesus (Mt 1:20; Lc 1:26:28); servir o próprio Jesus (Mt 4:11), agitação da água no tanque de Betesda (Jo 5:2), e outros De um modo geral, os anjos como agentes diretos de Deus, estão a serviço a onde quer que for enviado, em missões mais variadas, impossíveis para o homem.
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ANGELOLOGIA
1. Atos dos Apóstolos. Nos registros dos livros de Ato,
há, sem dúvida grande
manifestação do Espírito Santo. Era a Igreja inaugurada com pujança, com a efetiva força e poder do Espírito Santo como no caso do dia de pentecostes (At 2:2); o traslado de Filipe (At 8:39-40). A primeira alusão de manifestação angelical, embora o texto não expresse claramente a palavra “anjo”, deixa, entretanto, transparecer que se trata de anjos (At 1:10-11): “...eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram...”. Outros episódios como o livramento da prisão dos apóstolos em At 5:17-19); um anjo falando a Filipe (At 8:26); na visão do centurião Cornélio (At 10:4,7); livramento da prisão de Pedro (At 12:7,8) e outras manifestações. 2. Anjos nas epistolas. Nas cartas paulinas, o apóstolo Paulo é muito discreto quando escreve sobre anjos. Ele emprega a palavra “aggelos” quatorze vezes em suas treze epístolas. Ele se refere como participantes do progresso do plano de Deus, na entrega de Lei no Sinai (Gl 3:19) e que virão com Cristo para executar o juízo sobre a humanidade (2Ts 1:7). Esses são os anjos eleitos que assistem diante de Deus (1 Tm 5:21;Gl 4:14). Uma possível atitude de Paulo é que, para ele, o Senhor Jesus é a manifestação suprema de Deus, que suplanta todas as demais, diante
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das quais as manifestações angelicais perdem a importância e relevância (Ef 1:21; Cl 1:16; Hb 1:1-2). O apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios, quando se refere ao uso de véu na igreja, mais precisamente em I Co 11:10, deixa o texto com certa dificuldade de entendimento: “Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal autoridade” O que tem os anjos a ver com o uso de véu na igreja de Corinto? Possivelmente, a resposta estaria ligada a um aspecto da situação histórica específica daquela igreja I século. Havia uma idéia estranha na época de Pulo, de que o relato de Gn 6:1-2, se referia a anjos que se deixaram atrair pelos encantos femininos (uma tradição rabínica acrescenta que foram os longos cabelos das mulheres que tentaram os anjos). A falta de decoro e propriedade por parte das mulheres naquela igreja poderia novamente provocá-los. Ainda, é possível que Paulo se referia a outro conceito corrente de que os anjos bons eram guardiões do culto divino, o que exigia decoro e santidade por parte de todos os adoradores. Este conceito se encaixa perfeitamente no ensino do NT de que os anjos observam e acompanham o desenvolvimento do evangelho no mundo (Ef 3:10; Hb 1:14).
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Quanto às demais cartas, por exemplo, Tiago, as três cartas de João, não há menção de anjos. Na de Pedro, faz menção apenas que os anjos anelam compreender os mistérios do Evangelho (1 Pe 1:12) e que estão subordinados a Cristo. Na pequena carta de Judas, encontramos uma referencia enigmática sobre anjos, com relação ao confronto do Arcanjo Miguel com Satanás, acerca do corpo de Moisés, cujo incidente não é narrado no AT, mas aparece no livro apócrifo “Ascensão de Moisés”. Narra o citado livro, que após a morte de Moisés, Deus encarregou o Arcanjo Miguel de dar-lhe sepultura. Mas o Diabo, tentou apodera-se do corpo de Moisés, alegando que ele era um assassino, pois havia matado um egípcio. O Arcanjo apenas falou: “O Senhor te repreenda” (Jd 9). Presume-se que esse fato, embora descrito num livro apócrifo, tenha ocorrido e Deus permitiu que por meio de Judas viesse alcançar lugar no cânon do NT. A carta aos Hebreus faz referencias aos anjos num total de treze vezes, onze das quais nos dois primeiros capítulos, onde o autor procura estabelecer a superioridade de Cristo sobre esses seres angelicais (Hb 1:4-7,13; 2:2, 15, 16). O autor se dirigiu aos judeus através dessa carta, entre outros ensinamentos, possivelmente, pela exaltação dos anjos por parte de muitos judeus no século um. O autor escrevendo aos judeus-cristãos sentiu a necessidade de diferenciar a
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mensagem do Evangelho trazido por Cristo, e as muitas mensagens e mensageiros que infestavam a crendice popular judaica do 1º século. 3. Apocalipse. O livro já começa com a nomeação de um anjo, designado como agente do Senhor “Anfitrião”, para mostrar a João “...o que em breve há de acontecer...” (Ap 1:1). É no livro de Apocalipse que encontramos muitos citações e atividade dos anjos, quando também podemos extrair ensinos sobre estes seres angelicais. Dos livros do Novo Testamento, este é o que mais emprega a palavra “aggelos” (67 vezes). No Apocalipse os anjos aparecem como agentes celestiais que executam os propósitos de Deus no mundo como: proteger os servos de Deus (Ap 7:1-3); administrar juízos de Deus sobre a humanidade incrédula e impenitente (Ap 8:2; 15:1; 16:1)Nas visões desse livro os anjos aparecem como habitantes das regiões celestiais, ao redor do trono
divino, em reverente
adoração a Deus e ao Cordeiro (Ap 5:11; 7:11). O livro de Apocalipse narra vários episódios envolvendo anjos. No entanto, o que mais chama a atenção é o que descreve uma batalha no entre Miguel e seus anjos contra o Dragão e seus anjos, onde Satanás é derrotado e lançado por terra (Ap 12:7-9). Este evento, isto é, esta batalha, tem sido bastante discutida. Para alguns se refere à 39
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queda de Satanás no princípio, quando se rebelou contra Deus e foi expulso dos céus. Para outros, a vitória final de Cristo, ainda por acontecer no fim dos tempos. Entretanto, observando o contexto, parece favorecer outra interpretação, ou seja, que esta derrota de satanás, nas regiões celestiais, corresponde à vitória de Cristo ao morrer e ressuscitar, já que ela ocorreu “por causa do sangue do Cordeiro” (Ap 12:10-11; Jo 12:31; 16:11). O livre encerra várias citações de anjos. Todavia com referencia a Miguel, há um fato que deve ser observado. No Antigo Testamento ele aparece como guardião de Israel, já agora (Ap 12:), surge como defensor da Igreja, inclusive liderando hostes angelicais contra satanás e seus demônios, que procuram destruir a obra redentora de Deus.
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ANGELOLOGIA
VI. A ANGELOLOGIA NAS TEOLOGIAS PATRÍSTICAS E TOMISTA 1. Conceitos. Entende-se
por
Patrística
(conhecida
também
como
Patrologia), a produção teológica filosófica e doutrinária dos Pais da Igreja, correspondendo o período dos primeiros séculos da Igreja, ou seja, do século II ao século VII. – Por Tomista, a teologia produzida por Tomás de Aquino, frade dominicano, nascido em 1525, Itália, falecido 1274/Itália. Segundo a história, aos cinco anos de idade foi internado no mosteiro de Monte Cassino. Chegou a ser mestre na Universidade de Paris, no reinado de Luiz IX da França. 2. Os Primeiros Patrísticos. Os Anjos, sempre foram figuras que despertam estudos ou comentários de religiosos principalmente no Cristianismo. Não foi diferente com os primeiros pais da Igreja, embora os estudiosos do assunto, afirmarem que os patrísticos falaram pouco sobre anjos, apesar de acreditarem na existência deles. Inácio de Antioquia, um dos primeiros, dizia que a salvação dos anjos dependia do sangue de Cristo. Orígenes, um dos maiores eruditos e teólogos da Igreja primitiva (nascido na cidade de Alexandria/Egito – 182 – 251 d.C). Defendia a impecabilidade dos 41
ANGELOLOGIA
anjos, firmando sua tese, baseado no fato de que se foi possível a queda de um anjo, será possível a salvação de um demônio. Já Agostinho (Aurélio Agostinho, 354 – 430/Argélia). Chamado também de Santo Agostinha de Hipona na Argélia, igreja que pastoreou até sua morte. Agostinho não afirma a época da criação dos anjos, mas procura conciliá-la com a criação da luz, criatura, alma e homem. Comentou certa vez que: “Deus criou a luz para iluminar as vidas já criadas que necessitavam de luz, cuja luz era o próprio Deus, e d‟Ele próprio, pois se assim não fosse até os céus dos céus seria trevas”. Santo Agostinho divide as criaturas espirituais em dois grandes grupos: os que permaneceram fieis ao Criador, e o que se rebelaram. 3. Tomás de Aquino. Os anjos, as primeiras criaturas do universo, foram criados à imagem e semelhança de Deus. Ele escreveu sobre anjos: “O anjo é a mais magnífica de todas as criaturas porque entre as criaturas ele é o que tem a maior semelhança de seu Criador”. A nota explicativa sobre Ezequiel 28 (Tu eras um modelo (sele) de perfeição. Diz: “Quanto mais sutil a sua natureza (natureza dos anjos), melhor é a imagem de Deus expressa neles”. O Senhor conferiu-os com dons maravilhosos de natureza e graça, sabedoria, poder, beleza, santidade, com o dom 42
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sobrenatural da graça santificadora. “Ele infundiu neles todas as virtudes de fé, esperança, e caridade e os Dons do Espírito Santo...” Tomas de Aquino acredita que os anjos receberam todas as virtudes sobrenaturais e os dons da graça – que são absolutamente necessários para cada criatura inteligente alcançar a Visão Beatífica – na proporção exata à sua aptidão, e perfeição individual natural. Uma vez que a perfeição natural de um anjo difere especificadamente da de outro. Seguir os graus de graça entre anjos diferem ainda mais do que nossos Santos, dizia ele. Ainda, que os anjos, na verdade, foram elevados à ordem sobrenatural e dotados da graça santificante é uma verdade firmemente e unanimemente defendida pelos teólogos católicos. Esta verdade é baseada na Revelação Divina onde os anjos são freqüentemente chamados de “santos” (Dn 8:13; “filhos de Deus” (Jô 1:6; 2:1; 38:7); “anjos da luz” (2Co 11:14) como o posto a Satanás. Segundo Aquino, da mesma forma que o homem, os anjos tiveram que suportar um período de provação durante o qual eles foram livres para escolher entre o bem e o mal. Eles ainda não eram confirmados na graça e não gozavam da Visão Beatífica durante esse tempo. Esse foi um período de existência como aquele dos nossos 43
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primeiros pais antes da queda, vivendo de fé e esperança naquelas verdades e promessas celestes que Deus lhes tinha revelado. Durante este tempo, os anjos tiveram a grande oportunidade de merecer o céu e a vida eterna junto de Deus, mas nesse tempo, eles foram expostos ao perigo de cometerem o pecado e desse modo perderam Deus e o céu para toda a eternidade. Os pais da Igreja e a maioria dos teólogos admitem um período de provação para os anjos. Contudo, após chegarem a um estado de graça e gloria os anjos já não teriam mais liberdade de escolher o que é mal ou errado. Esses já não existem no estado de glória. A duração dessa provação é uma interrogação, visto que a Revelação Divina não oferece resposta a esta pergunta. As possíveis respostas falam de um único instante, ou o tempo necessário para o primeiro ato de amos realizado pelos anjos; ou dois ou três instantes, ou o primeiro instante marca o ato da criação e santificação, o segundo se referindo à sua perseverança ou queda, o terceiro a sua acolhida na glória do céu ou sua condenação. Tomas de Aquino considera que há grande diferença entre a provação do homem e a dos anjos. O primeiro ato de amor de Deus obtido de um anjo é uma escolha final; ele irá amar a Deus para sempre. O que se pode dizer que, deste modo, ele está praticamente 44
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confirmado na graça, pois aquele que jamais desvia do amor de Deus jamais perde sua Graça. Por outro lado, o anjo que peca, pecará para sempre. Ele está perdido: “Por causa de sua perfeição exaltada, um anjo que peca cai muito; por causa da perfeição da vontade angelical, o anjo que cai, cai somente uma vez”. Sua escolha é imutável. Já o homem recebe oportunidade de conversão. Há ainda outra diferenciação entre o período de provação dos anjos e do homem. Todos os anjos foram individualmente e pessoalmente sujeitos à sua provação, visto que eles estavam lá num mesmo momento; enquanto que somente os primeiros pais, isto é, o pai e mãe estavam, e a humanidade estava nele representadas. Logo porque Adão pecou todos pecaram (Rm 5:12), a universalidade do pecado. Somente um número de anjos caiu, porque somente um número dele pecou. Os bons anjos jamais conheceram o pecado. “Esta impecabilidade dos bons anjos, mais do que suas naturezas exaltadas os tornam tão maravilhosos para nós e tão querido para Deus”.
4. A Hierarquia Celestial e o Coro dos Anjos. São os anjos espíritos puros, incorpóreos e substância imateriais em todos os sentidos. Não existe uma questão de geração e multiplicação, conseqüentemente não há nenhuma família ou clã 45
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angelical. Cada anjo permanece como uma criação completa e direta de Deus. Cada anjo, de acordo com Tomás de Aquino, é especificamente diferente de qualquer outro em todo o mundo espiritual, para que ele possua maior ou menor perfeição do que aquele próximo a ele. O homem diferencia por alguma qualidade material ou moral, que não altera substancialmente sua natureza específica de criatura racional composta de corpo e alma. Deus agrupou os filhos dos homens de acordo com a raça, tribo, família e nação. Deve ter dado alguma ordem ao mundo numeroso e diverso dos anjos. Os vários nomes, no plural, dados aos anjos na Bíblia, parecem implicar que existem várias ordens e classe entre eles. O que é dito aqui sobre os Coros e Hierarquia dos Anjos não é um assunto de fé, porém deve ser considerado com uma verdade certa. A Escritura menciona nove ordens de anjos diferentes. Várias passagens do Antigo e Novo Testamento fazem referencias a Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Principados, Potestades, Virtudes, Arcanjos e Anjos (Is 6:2; Gn 3; 24; Cl 1:16; Ef 1:21; Rm 8:38). Alguns escritores ousam dizer que pode ser até mais, pelo fato de Paulo expressar: “...Todo nome que possa haver...”. O simples fato de que a Bíblia cuidadosamente distingue entre esses vários nomes das 46
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ordens angelicais é razão suficiente para acreditar que eles verdadeiramente representam classes diferentes no mundo espiritual. Parece não haver nenhuma base para se dizer que diferentes denominações são sinônimos. Nuca acontece que, enquanto a Escritura esteja falando, por exemplo, dos Serafins ela se refira a eles a seguir como Tronos e Dominações. A única exceção e feita ao termo Anjo, que é usado tanto como um termo específico para o Coro menor, e como um termo genérico para todos os Coros, como quando o salmista diz: “Louvai-o, todos os seus anjos. Louvai-o todos os seus exércitos” (Sl 148:2). “Todos os seus anjos‟ aqui significam todos os coros, qualquer que seja seus nomes e suas classes. Alguns patrísticos têm opiniões diferentes quanto ao número de Coros Angélicos. Mencionam até dez Coros, incluindo Eternidade e Exércitos, mas omitindo Denominações. Em outra ocasião já a inclui, formando onze Coros. Jerônimo, um dos pais da Igreja (tradutor da Vulgata Latina, nascido em 345, na Itália), enumera somente sete Coros de Anjos, mas insiste numa diferença real entre eles. Diz ele: “Por que nós lemos que no Reino dos Céus existem arcanjos,
anjos,
tronos,
dominações,
potestades,
querubins e serafins, e cada nome que é dado não somente 47
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neste mundo presente? Uma diferença de nome é insignificante se não existe diferença de classe...” De acordo com Dionísio, Começando com a Hierarquia mais perfeita e o mais altos dos Coros de Anjos, o mundo angélico é então dividido da seguinte maneira: a. Hierarquia suprema: serafim, querubim, tronos. b. Hierarquia mediana: dominações, virtudes, potestades. c. Hierarquia menor: principados, arcanjos, anjos. O nome Coros de Anjos, não deve ser interpretado como grupos de cantores a quatro vozes, louvores nas igrejas. É certo que os anjos louvam ao Senhor Deus.
“Coros de Anjos, na Hierarquia
angélica, implica uma ordem sagrada, um saber especial, e uma atividade específica que, tanto possível, participa na semelhança Divina e é elevada às iluminações recebidas de Deus...”. Ordens, entre os anjos, sugerem alguma esfera de atividade e influencia comum; Ordens, entre os anjos, sugerem uma categoria gradual de perfeição natural bem como graça e glória sobrenatural.
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ANGELOLOGIA
Dionísio disse que ninguém a não ser o Criador Divino, aquele que as ordenou, é capaz de saber completamente o número e a natureza dos seres celestiais e a ordem de sua hierarquia.
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VII. A ANGELOLOGIA NA TEOLOGIA CRISTÃ A Angelologia Cristã, esta mais voltada sobre o ensino e doutrinas do Novo Testamento, Livro que envolve toda a cristandade, isto é, o nascimento, crucificação, ressurreição de Jesus Cristo e a história da Igreja primitiva até o Apocalipse. Mas deste o Antigo Testamento, a Bíblia e Cristocêntrica. 1. A Realidade dos Anjos. A existência de anjos é admitida nas Escrituras Não há nenhuma dúvida sobre a existência dos anjos, visto que as Sagradas Escrituras, do início ao fim fala sobre anjos, sendo eles seres criados por Deus para servi-lo. O escritor aos Hebreus resume assim: “Não são todos ele espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?”. Embora reais, são invisíveis ante os olhos humanos. A não ser uma intervenção sobrenatural para que os olhos espirituais abram para vê-los. Por exemplo: no caso de Geasi e do profeta Eliseu (2 Rs 6:17). Uma das razões pela quais os anjos se apresentam invisíveis aos olhos humanos, pode ser que, se fossem visto seriam adorados. Mas Deus não é Deus de confusão, pois todo louvor, honra, majestade e glória pertencem a Ele. Paulo admoesta contra a “...adoração de anjos...” (Cl 2:18). João testifica: “...prostei-me aos pé do anjo que 50
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me mostrava, para o adorar. Mas ele me disse: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”(Ap 22:8-9). Os anjos são seres vivos da mais alta posição e da maior importância no Universo. Eles são mais do que meros poderes que emanam de Deus. Embora de modo algum independentes no sentido em que são auto-originados, auto-sustentados, ou capazes de autoaniquilação, são seres morais e livres e, nas eras passadas, mantiveram o seu próprio destino dentro do poder de escolha. Está revelado que alguns dos anjos “pecaram” e “não guardaram o seu estado original” (2 Pe 2:4; Jd 6). A suficiência dos anjos, igual à de todos os seres criados, vem somente de Deus. Eles vivem e movem-se em virtude da capacitação divina. Mesmo Miguel, o arcanjo, quando em controvérsia com satanás, declarou sua dependência de Deus (Jd 9). 2. Personalidade dos Anjos. Os anjos são seres pessoais e individuais. Mesmo que possa variar o serviço ou a dignidade deles, não há sugestão na Bíblia de que anjos são mais inteligentes do que outros. Todos os aspectos da personalidade são atribuídos aos anjos: a) São individuais e, ainda que espíritos, experimentam emoções e prestam uma adoração inteligente (Sl 148:2); 51
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b) Contemplam com devido entendimento a face do Pai (Mt 18:10); c) Conhecem as suas limitações (Mt 24:36); d) Sabe da sua inferioridade em relação ao Filho de Deus (Hb 4:14); e, no caso dos anjos caídos, conhecem a sua capacidade para o mal (I Pe 5:8). Algumas vezes os anjos aparecem numa condição separada, estão sujeitos à classificação e categorias variadas de ministério e, possivelmente, de importância. 3. A Criação e o modo de existência dos Anjos. Segundo os estudiosos do assunto, e fazendo uma dedução de Cl 1:16-17, deixam a entender que todos os anjos foram criados simultaneamente e que nenhum será acrescentado ao seu número. Eles não são sujeitos à morte ou qualquer forma de extinção. Não se casam e não constitui famílias. Por conseguinte, não se reproduzem. A existência de anjos é admitida nas Escrituras, as quais constituem a única e verdadeira fonte de informações sobre esses seres que, à parte de suas aparições sobrenaturais, não são permitidos se manifestar na esfera da consciência humana. Como o homem é a mais alta criação das esferas terrestres, assim os anjos são a mais alta criação das esferas mais amplas descritas em Cl 1:16-17: “Porque 52
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nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas”. Os anjos, em comum com todos os outros seres morais, foram criados por Cristo e para Cristo, de modo que permanecem para sempre para o louvo de sua glória. 4. Os Atributos dos Anjos. Quando se fala de atributos dos anjos, referem-se as capacidades e características especiais que lhes pertencem, que os capacitam a cumprirem tarefas sobre humanas a mando de Deus e a favor dos seres humanos. De um modo geral, tem-se enumerados os seguintes atributos dos anjos: a) Velocidade – os anjos são criaturas que se movem com extrema velocidade (Dn 9:21); b) Poder – eles são criaturas possuidoras de poder (Sl 8:5; 103:20); c) Inteligência – os anjos são criaturas com inteligência superior (2Sm:14-17); d) Glória - eles são seres gloriosos (Dn 10:6); 53
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e) Santidade – os anjos são seres santos (Mt 25:31). No que tange a santidade dos anjos, acredita-se que a escolha que eles fizeram diante da rebelião promovida por Satanás, selou seu futuro, uns para o bem e outros para maldade. 5. A Morada e o número dos Anjos. Existe uma insinuação de que o Universo todo é habitado por inumeráveis hostes de seres espirituais, cuja habitação se classifica como centros fixos para as suas atividades. Jesus Cristo afirmou que os anjos estão no céu (Mc 13:32); Paulo escreve: “ainda que um anjo do céu...” (Gl 1:8) e “...do qual toda família nos céus e na terra toma o nome” (Ef 3:15). O universo é infinito, mas o céu é um lugar. A Bíblia descrê em várias passagens que são milhares de milhares. Em Dn 7:10, diz; “...milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele...” É significativo que como a frase “as hostes do céu”(Hb12:22), descreve tanto as estrelas materiais quanto aos anjos, estes últimos podem ser tantos como o número dos primeiros.
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6. Idéias errôneas sobre os anjos. Há idéias que anjos são espíritos de pessoas que já morreram e em que repentinamente brotam asas. Aliá, a Bíblia fala que anjos têm asas? Segundo se sabe, esta idéia surgiu na tradição judaica. É absolutamente profana e anti-bíblica a idéia de que os anjos podem vir à terra e se contaminarem. Infelizmente, filmes novelas e revistas, inclusive algumas seitas aderem esta errônea idéia. O ensino que afirma que a expressão “filhos de Deus” encontrada em Gn 6:2, refere-se a anjos que coabitaram com “as filhas dos homens”, dando origem a homens gigantes, não tem qualquer amparo bíblico. Embora essa passagem seja obscura, parece que a interpretação mais consentânea com o contexto geral da Bíblia é a que os filhos de Deus seriam da linhagem de Sete. Corrente também que poderia ser dos descendentes de Abel. Os “filhos dos homens”, as mulheres que descenderam de Caim. A Bíblia silencia sobre esses fatos. Abel casou?
7. Hierarquia dos Anjos. Os anjos são integrantes de um grande exercito. Portanto, indica organização, classificação, porque não dizer hierarquia. 55
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Principados, tronos, domínios e poderes, são denominações usadas apenas no Novo Testamento (Ef 1:21; 6:12; Cl 1:16; 1Pe 3:22) para indicar diferentes posições que miríades de anjos ocupam no exército de Deus. Subentende-se que tais posições pressupõem comandantes e comandados. Tudo, porém, na mais profunda consciência do senhorio de Deus e de sua vontade. Entre eles não há ambições, detrações, invejas, porfia, emulações e soberba. Há perfeita solidariedade, todos visam à glória de Deus. A
classificação
a
seguir
abrange
cinco
principais
representações: Tronos – Domínios, Principados, Potestade e Poderes. Acrescentem-se anjos, arcanjo, querubins e serafins. São eles ministradores cuja administração, organização estão a serviço de Deus, quer só na habitação celestial, quer a serviço em prol do ser humano, da igreja (dos que hão de herdar a salvação). A verdade é, que são criaturas santas, puras, gloriosas e belas, que só podemos contemplá-las, como elas são, plenamente, com o nosso corpo também glorioso. A Bíblia não favorece um pleonasmo inútil. Pode ser afirmar que há um significado específico para cada uma dessas denominações, 56
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cujo significado poderá corresponder às realidades terrestres que levam tais designações. A verdade revelada com respeito aos anjos é não suficientemente completa para que se estabeleça uma analogia plena. 8. Querubins, Arcanjo, Serafins e “Seres Viventes”. Os estudiosos e expositores referem-se a essa classe como os seres angélicos mais elevados. Todavia, Os diferentes termos usados parecem indicar uma distinção no serviço prestado antes do que uma posição essencial. Os relatos bíblicos mostram que eles prestam serviços diferenciados, basta relembras alguns referencias sobre eles a seguir: a. Querubins - Gn 3:24 - “...colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia...”. Reparem que o texto não se reporta a colocação de um anjo, mas querubim. Estão identificados também com a visão de Ezequiel do seres vivos. b. Arcanjo - Jd 9 – “Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito de Moises...”. Podemos observar que o serviço é diferente do prestado pelo querubim. No caso de arcanjo, a Bíblia só menciona um, o arcanjo Miguel. O que para muitas interpretações sugerem que 57
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só existe apena um, o arcanjo Miguel, alegando que a Bíblia faz a citação de arcanjo no singular. Ma se confrontado com a citação no livro de Daniel, pode-se fazer interpretações que ensejam a existência no plural. Basta ver: Dn 10:13 “...porem Miguel um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me...”, O nome Miguel ligado ao arcanjo se encontra em Judas 9. c. Serafins - Is 6:1-7: “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava....Então um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz”. Da para se perceber, que os trabalhos que estes executam são diferentes. d. Seres Viventes - Ez 1:3-28; 10:1-22; AP 4:6-11; Apenas alguns trechos: Ez 1-5:14 – “Do meio dessa nuvem saíam a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era esta: tinha semelhança de homem. Asa suas pernas eram diretas, a planta de cujos pés era como um bezerro e Luzia como brilho de bronze polido. Debaixo das asas tinham mãos de homem, 58
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aos quatro lados; assim todos os quatro tinham rostos e asas. (v. 10) A forma de seus rostos era como o de homem; à direita, os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia, todos os quatro (v. 13):Os aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à semelhança de tochas; o fogo corria resplandente por entre os seres , e dele saiam relâmpagos”. Em apocalipse, conforme as referencia acima, entende-se que são os mesmo “seres viventes de Ezequiel, os quais são comparados ao querubim. Aos olhos humanos, comparando com os demais seres vivos conhecidos, inclusive, com a idéia de anjos que temos, estes seres viventes são seres bem diferenciados e extraordinários. A interpretação rabínica ensinava que as quatro faces representavam o domínio de Deus sobre o homem, sobre os animais selvagens, sobre os animais domésticos e sobre os pássaros. Dessa forma Deus é retratado como o Supremo Rei de toda a vida, bem como Glorioso e Grandioso Criador. Os rostos representados, falam da inteligência do homem (racional); da força e trabalho do boi; o leão como o majestoso e temível predador, considerado rei dos animais, com ele esta a força a beleza e vigor; a águia é veloz tem o domínio céu(espaço, ar), seu olha alcança grande distancia (do alto observa 59
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tudo). Há também a interpretação de que eles têm a ver com a vindicação da santidade de Deus, e relacionados ao trono de Deus. Comentando sobre Ezequiel 1:5, Scolfiekd, em sua Reference Bible, faz a seguinte afirmação: de que os “O seres viventes são idênticos aos querubins. O assunto é algo obscuro, mas da posição do querubim no portão do Éden, na cobertura da arca do pacto, em Apocalipse 4, concluímos claramente que têm a ver com vindicação da santidade de Deus...” A descrição dos aspectos dos seres viventes, tanto em Ezequiel como e Apocalipse, mostra à primeira vista de uma visão de seres que fogem o padrão humano. Todavia, na dimensão celestial, é de extrema magnitude, luz, asas, rostos, rodas e movimentos. São estes seres são revestidos de toda capacidade e mobilidade. Nos principais eventos, desde a antiguidade, relacionados ao homem, os anjos esteve presente: na criação das coisas materiais (Jô 38); na doação da Lei (At 7:53; Gl 3:19; Hb 2:2); no nascimento de Cristo (Lc 2:13); na tentação de Jesus (MT 4:11); na ascensão (At 1:10: e na segunda vinda (Mt 13:37-39; 24:31; 25:31; Ts 1;7).
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VIII. A ANGELOLOGIA NAS IGREJAS EVANGÉLICAS HODIERNAS Neste capítulo, resumidamente, está enfocado a postura das Igrejas Evangélicas Hodiernas em relação aos anjos, que tanto fascínio traz aos homens. 1. Igrejas Evangélicas Hodiernas. Primeiramente
deve-se
explicar
a
expressão
“Igrejas
Hodiernas”. Essas Igrejas podem ser classificadas de várias formas, contudo, para efeitos deste estudo, elas serão consideradas tradicionais e neo-pentecostais. As igrejas evangélicas tradicionais, também conhecidas como igrejas evangélicas ortodoxas, podem ser subdivididas em igrejas evangélicas tradicionais propriamente ditas e igrejas evangélicas historicamente pentecostais. Das igrejas tradicionais propriamente ditas citam-se, como exemplo, a Presbiteriana do Brasil, a Presbiteriana Independente, a Batista pertencente a Convenção Batista Brasileira e a Metodista. Das Igrejas historicamente pentecostais apontam-se as Assembléias de Deus, a Batista pertencente à Convenção Batista Nacional, a 61
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Metodista Wesleyana e as igrejas de Cristo e de Deus. Estão inclusas nos grupos neo-pentecostais as igrejas que tiveram origem nas igrejas historicamente pentecostais, quer por divisão quer por inspiração, e/ou que foram inspiradas em doutrinas específicas da Bíblia, que trabalharam as necessidades imediatas do ser humano e suas emoções. As mais antigas dessas igrejas surgiram a partir da década de 70, em decorrência dos movimentos de renovação espiritual ou carismática. 2. Angelologia das Igrejas Evangélicas Tradicionais. As tradicionais propriamente ditas e as igrejas historicamente pentecostais adotam uma postura teológica mais conservadoras, isto é, uma postura mais fundamentada na teologia-cristã-evangélica ou, em outras palavras, na Bíblia Sagrada. Essa é a regra geral. Por essa razão, essas igrejas adotam a angelologia do Antigo e Novo Testamentos e, com certo cuidado, a angelologia patrística-tomista. 3. Angelologia nas Igrejas neo-pentecostais. As igrejas neo-pentecostais fundamentam grande parte de sua doutrina da Bíblia Sagrada, e em certos casos vão alem dela. Claro que o fazem em nome da própria Bíblia. Quanto aos anjos, mencionam nomes que não aparecem na Bíblia, mas são encontrados na literatura extra-bíblica, como os nomes de Shamael, Zedkiel, Hanniel e Orifiel, os quais são encontrados na 62
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literatura cabalística. Ressalte-se que Ariel (Leão de Deus ou monte de Deus) e Uriel (Luz de Deus), enquanto alguns sejam nomes bíblicos, conforme referencias: Ed 8:16; 1Cr 6:24; 2Cr 13;2 e outras. 4. Atribuições inadequadas a Anjos. Algumas
igrejas
historicamente pentecostais
evangélicas e tradicionais
hodiernas,
inclusive
propriamente ditas,
oferecem demasiada ênfase a angelologia. Os anjos enchem tanto a liturgia, quanto a literatura e a música das igrejas, dando atribuições que pertence tão somente a Cristo. São atribuídos a anjos o poder de curar, provavelmente enfocado na assertiva de que o nome do anjo Rafael (o Senhor que cura), que por si só é insuficiente teologicamente para respaldá-la. Ora, o anjo Rafael é mencionado apenas no livro de Tobias, que por sua vez é considerado apócrifo. O que não se pode construir uma doutrina com base em um único versículo, mormente em se tratando de texto apócrifo. E muito de nossos corinhos atribui aos anjos o poder de curar. No campo da música existem letras que dão variadas atribuições não alusivas aos anjos. Há uma música de uma cantora brasileira famosa, cuja letra diz que “o anjo do Senhor vai batizar”. A Bíblia diz claramente que quem batiza com o Espírito Santo é o 63
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Senhor Jesus (Mc 1:7-8). Quanto ao batismo na águas, este é efetuado pelo pastor ou outro ministro da igreja. Qual é o batismo deixado para os anjos realizar? A epístola aos Hebreus faz várias referências aos anjos, muitas das quais nos primeiros capítulos, onde o autor procura mostrar a superioridade de Cristo sobre esses seres angélicos (Hb 1:4-7,13; 2:2,15,16).
Assinala-se que a razão para essa abordagem foi
possivelmente a exaltação dos anjos por parte de muitos judeus no século I. Certamente, o autor escrevendo a judeu-cristãos, sentiu a necessidade de diferenciar a mensagem do Evangelho trazida por Cristo, e as muitas mensagens e mensageiros que infestavam a crendice popular judaica naquele século primeiro da igreja. Na atualidade, canta-se, fala-se, comenta-se em algumas igrejas evangélicas muito mais sobre anjos que sobre a pessoa gloriosa do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não se deve olvidar que embora os anjos sejam seres gloriosos e mais elevados que o homem, exercendo altos misteres designados por Deus, em favor dos que hão de herdar a salvação, seu ministério não se sobrepõe ao ministério de Cristo. Não lhes foram confiados, por exemplo, o poder de salvar, curar ou batizar. Todavia executam tarefas sobrenaturais impossíveis para o mortal. 64
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CONCLUSÃO Os anjos são reais, são seres belos e criados por Deus. Aliás, todo o que Deus fez e bom. No princípio da criação, nos primeiros capítulos de Gênesis estão escritos: “E viu Deus que isso era bom...”. Deus sabe produzir coisas boas. Os anjos foram criados por Deus, mas Deus abriu mão deles para nós Os anjos têm prazer em servir o Senhor Deus. Logo eles também têm alegria em nos servir, pois, os anjos amam as obras do seu Criador. Os estudos apresentados nesta apóstila tiveram o concurso dos trabalhos dos alunos: Pr. Orcival Pereira Xavier, Pr. Sebastião Pereira do Carmo, Pr. Vanderli Tavares Ferreira, Pr. José Dinésio Lourenço, Pr. Albérico Camelo de Mendonça, Silas Tavares e Sousa e Gideon Moreira do Carmo, da Faculdade de Educação Teológica Logos – FAETEL – São Paulo/2005, por ocasião do curso de Mestrado em Ciência da Religião, concluído pelos mesmos, cuja Dissertação teve como tema: A Angelologia na Teologia Bíblica - Cristã Evangélica, e os demais temas subdivididos, com vasta bibliografia, desenvolvidos por cada aluno.
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