Pentateuco pronto para gráfica

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Livro Livro nº nº 03 03 Pentateuco Pentateuco

Área Especial nº 08 Setor "D" Sul - Anexo 3º andar Caixa Postal nº 8427 – CEP 72.020-970 Taguatinga – DF Fones: (61)3573-1578 / (61)3573-1579 Whatzap: (61) 99675-0110 Email: secretaria@fatadeb.com.br Site: www.fatadeb.com.br

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Revisão Teológica Prof. Dr. Izidro Milton Gomes de Oliveira Prof. Esp. Altair Rodrigues Machado Prof. Esp. Walber Michellon Costa da Silva Diagramação e Editoração: Prof. Esp. Altair Rodrigues Machado Consultor Teológico: Prof. Esp. Walber Michellon Costa da Silva Revisão Gramatical: Profª. Myrian Gonçalves Silva Projeto Gráfico e Capa: Prof. Esp. Altair Rodrigues Machado Impressão e Encadernação Gráfica COMEPE Tiragem da 1a Edição: 500 exemplares. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra. Direitos reservados à FATADEB


IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS DE BRASÍLIA Presidente: Pr. Orcival Pereira Xavier FACULDADE TEOLÓGICA DA ASSEMBLEIA DE DEUS DE BRASILIA Diretor: Pr. Dr. Izidro Milton Gomes de Oliveira Vice-Diretor: Pr. Esp. Altair Rodrigues Machado CONSELHO CONSULTIVO DA FATADEB Presidente: Pr. Manoel Pereira Xavier Vice-Presidente: Pr. Geraldo Teodoro de Sousa Membro: Pr. Vanderly Tavares Ferreira Membro: Pr. Job José Cardoso Membro: Pr. Antônio Cláudio Negromonte Botelho





NOSSO CREDO 1. Na inspiração divina verbal e plenária da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17); 2. Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas distintas que, embora distintas, são iguais em poder, glória e majestade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; Criador do Universo, de todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, e, de maneira especial, os seres humanos, por um ato sobrenatural e imediato, e não por um processo evolutivo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29; Gn 1.1; 2.7; Hb 11.3 e Ap 4.11); 3. No Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, plenamente Deus, plenamente Homem, na concepção e no seu nascimento virginal, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo (Jo 3.16- 18; Rm 1.3,4; Is 7.14; Mt 1.23; Hb 10.12; Rm 8.34 e At 1.9); 4. No Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade, consubstancial com o Pai e o Filho, Senhor e Vivificador; que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo; que regenera o pecador; que falou por meio dos profetas e continua guiando o seu povo (2 Co 13.13; 2 Co 3.6,17; Rm 8.2; Jo 16.11; Tt 3.5; 2 Pe 1.21 e Jo 16.13); 5. Na pecaminosidade do homem, que o destituiu da glória de Deus e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo podem restaurá-lo a Deus (Rm 3.23; At 3.19); 6. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus para tornar o homem aceito no Reino dos Céus (Jo 3.3-8, Ef 2.8,9);


7. No perdão dos pecados, na salvação plena e na justificação pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9); 8. Na Igreja, que é o corpo de Cristo, coluna e firmeza da verdade, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo Espírito Santo para seguir a Cristo e adorar a Deus (1 Co 12.27; Jo 4.23; 1 Tm 3.15; Hb 12.23; Ap 22.17); 9. No batismo bíblico efetuado por imersão em águas, uma só vez, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12); 10. Na necessidade e na possibilidade de termos vida santa e irrepreensível por obra do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1 Pe 1.15); 11. No batismo no Espírito Santo, conforme as Escrituras, que nos é dado por Jesus Cristo, demonstrado pela evidência física do falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7); 12. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme sua soberana vontade para o que for útil (1 Co 12.1-12); 13. Na segunda vinda de Cristo, em duas fases distintas: a primeira — invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja antes da Grande Tribulação; a segunda — visível e corporal, com a sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1 Ts 4.16, 17; 1 Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 1.14); 14. No comparecimento ante o Tribunal de Cristo de todos os cristãos arrebatados, para receberem a recompensa pelos seus feitos em favor da causa de Cristo na Terra (2 Co 5.10);


15. No Juízo Final, onde comparecerão todos os ímpios: desde a Criação até o fim do Milênio; os que morrerem durante o período milenial e os que, ao final desta época, estiverem vivos. E na eternidade de tristeza e tormento para os infiéis e vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis de todos os tempos (Mt 25.46; Is 65.20; Ap 20.11-15; 21.14). 16. Cremos, também, que o casamento foi instituído por Deus e ratificado por nosso Senhor Jesus Cristo como união entre um homem e uma mulher, nascidos macho e fêmea, respectivamente, em conformidade com o definido pelo sexo de criação geneticamente determinado (Gn 2.18; Jo 2.1,2; Gn 2.24; 1.27).



COMO OBTER MELHOR ÊXITO NOS ESTUDOS Prezado (a) Aluno (a), a paz em nosso Senhor Jesus Cristo. Parabenizamos o amado (a) pela iniciativa em realizar este curso teológico. Queremos aqui dar algumas dicas para melhor aproveitamento dos seus estudos, pois há pessoas que estudam muito e retêm pouco. Isto porque estudam sem um método definido. Por esta razão, resolvemos descrever algumas orientações que poderão ser muito úteis para o seu desenvolvimento neste curso. I. Sem Deus nada podemos fazer: Ore a Deus agradecendo pela oportunidade que você está tendo de fazer um curso de Teologia, pois muitas são as pessoas que desejam realizar um curso como este e não tem condições. Aproveite essa oportunidade. Peça a Deus que lhe capacite nos estudos e entendimento deste curso. II. Tenha às mãos material de estudo e consulta: Além deste livro, outros materiais ajudam como fonte de consulta e referência para todo o curso. 1) Bíblia (o maior número de versões possível). 2) Dicionário Bíblico. 3) Atlas Bíblico. 4) Uma Concordância Bíblica. 5) E se você estuda em um Núcleo Teológico da FATADEB, habituese a ter em mãos um caderno para tomar notas de suas aulas, estudos e meditações.


6). Devemos consultar e meditar em cada referência Bíblica citada nos livros de estudo. III. A organização é essencial nos estudos: 1) Primeiro realize uma leitura rápida e global da apostila. Não sublinhe, não faça anotações e não confira referências, procure apenas descobrir o que o autor quis comunicar-lhe ao escrever. 2). Agora sim, começa o estudo detalhado do manual de estudo, observando todas as ideias, referências, fazendo anotações e sublinhando o que lhe chama mais a atenção para que possa levar a sala de aula para um debate mais aprofundado, ou retirar alguma dúvida com o tutor da disciplina. A nossa intenção é que você seja bem-sucedido (a) neste curso, e aproveitado (a) no ministério que o Senhor lhe conceder, na Igreja que congrega. Fraternalmente em Cristo, Equipe FATADEB.


Sumário NOSSO CREDO ................................................................................... 7 COMO OBTER MELHOR ÊXITO NOS ESTUDOS ....................... 11 INTRODUÇÃO .................................................................................. 17 Gêneros Literários Do Pentateuco .................................................. 20 Contexto Histórico do Pentateuco .................................................. 22 Autoria ............................................................................................ 22 Crítica Do Pentateuco ..................................................................... 24 Teorias Sobre a Formação Do Pentateuco ...................................... 25 Teoria Dos Documentos ................................................................. 26 Teoria Dos Fragmentos................................................................... 27 Teoria Dos Complementos ............................................................. 27 Nova Hipótese Documentária ......................................................... 28 CAPITULO 01.................................................................................... 33 LIVRO DE GÊNESIS ........................................................................ 33 Observando A Sua História. ........................................................... 34 Observando Suas Profecias............................................................. 34 Observando Suas Dispensações. ..................................................... 35 Observando Suas Tipologias. ......................................................... 35 Observando Os Seus Valores Espirituais. ...................................... 36 HISTÓRIA PRIMITIVA ................................................................ 36 HISTÓRIA PATRIARCAL............................................................ 51 CAPÍTULO 02.................................................................................... 61 LIVRO DO ÊXODO .......................................................................... 61 Israel a a Libertação do Egito ......................................................... 62


Israel Caminhando ao Sinai ............................................................ 70 Israel no Monte Sinai ...................................................................... 71 CAPÍTULO 03.................................................................................... 81 LIVRO DE LEVÍTICO ...................................................................... 81 Leis Referentes às Ofertas .............................................................. 81 Leis Referentes ao Sacerdócio. ....................................................... 84 Leis Referentes a Purificação. ........................................................ 86 Leis Referentes as Festas Solenes................................................... 90 Leis Referentes a Terra ................................................................... 94 CAPÍTULO 04.................................................................................... 99 LIVRO DE NÚMEROS ..................................................................... 99 Deserto do Sinai ............................................................................ 100 Sinai a Cades-Barnéia ................................................................... 103 Cades a Moabe .............................................................................. 106 CAPÍTULO 05.................................................................................. 117 LIVRO DE DEUTERONÔMIO....................................................... 117 Recorda! - Resumo Da História Das Peregrinações ................... 118 Obedece! - Resumo Da Lei........................................................... 120 Cuidado! - Profecias Sobre o Futuro De Israel ............................. 131 CONCLUSÃO: ................................................................................. 135 BIBLIOGRAFIA .............................................................................. 137 Questionário Avaliativo dos Livros Pentateuco: .............................. 141 Instruções para preenchimento do Gabarito ..................................... 163



INTRODUÇÃO A TEOLOGIA

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INTRODUÇÃO A Bíblia começa com um grupo de cinco livros de importância capital, conhecido como, “Pentateuco”. Esta palavra é derivada do termo grego penta = cinco; teukos = palavra, designativa do estojo onde se guardava o rolo de papiro. Mais tarde passou a significar o próprio rolo onde estavam contidos os cinco primeiros livros da Bíblia. Da palavra grega pentateukos, originou-se a latina pentateuchus e desta originou-se a palavra portuguesa Pentateuco, que significa “livro de cinco partes”. No hebraico, a palavra para os cincos primeiros livros é Torá que pode ser traduzido para o português por Lei, Ensino ou Instrução. Desde os primórdios, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio são reconhecidos como o cerne do cânon do Antigo Testamento. A própria Bíblia descreve a Torá (ou porções dela) como “neste livro da Lei” (Dt 29.21; 30.10); “este livro da Lei” (Dt 31.26); “livro desta Lei” (Dt 28.61; Js 1.8); “livro da Lei de Moisés” (Js 8.31; 23.6; 2 Rs 14.6), que são expressões equivalentes a “livro da Lei” (Js 8.34) ou “livro de Moisés” (2 Cr 35.4). O título “livro da Lei do SENHOR” (2 Cr 17.9) era usado no tempo do rei Josafá para ensinar o povo. O rolo de papel descoberto pelo sacerdote Hilquias no Templo é descrito como “livro da Lei” (2 Rs 22.8,11), “livro do concerto” (2 Rs 23.2,21; 2 Cr 34.30), “livro da Lei do SENHOR, dada pelas mãos de Moisés” (2 Cr 34.14) e “livro de Moisés” (2 Cr 35.12). O Novo Testamento alude igualmente a “livro de Moisés” (Mc 12.26) e “lei de Moisés” (1 Co 9.9) e atribui mandamentos e 17


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declarações autorizados a Moisés (Mt 19.7; 22.24; Mc 7.10; 10.3; At 3.22; Rm 9.15; 10.19). Há também numerosas referências no Novo Testamento à “lei” como um tribunal de apelação final. Os nomes dos livros, como temos hoje em nossas versões bíblicas, provêm da versão conhecida como Septuaginta (nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego koiné, entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.) e, procuram descrever, de forma geral, o conteúdo de cada um deles, como veremos com mais detalhes quando forem tratados particularmente. Em hebraico, cada uma das cinco partes, ou “rolos”, do primeiro corpus literário da Bíblia, é designada pela primeira palavra importante do seu texto: berēšît (“no princípio”); shemôt (“nomes”); wayyiqrā’ (“e chamou”); bemidbar (“no deserto”); haddebārîm (“as palavras”). Já os judeus, residentes em Alexandria e responsáveis pela tradução grega das Escrituras, designaram esses livros com nomes que, de algum modo, fossem capazes de ajudar a lembrar o conteúdo de cada livro: Génesis (Gênesis), porque trata das origens do mundo, das criaturas, do ser humano e dos antepassados do antigo Israel; Êxodos (Êxodo), porque trata da saída do Egito; Leuitikón (Levítico), porque trata da legislação relativa a tudo que envolve o culto. Arithmoi (Números), porque trata do recenseamento dos filhos de Israel no deserto; Deuteronómion (Deuteronômio), porque trata da “segunda lei” ou da “cópia da lei” (cf. Dt 17,18), que Moisés deu aos filhos de Israel nas planícies de Moab, antes de entrarem na terra prometida, e que completariam as prescrições recebidas no Sinai. Tudo o que nos é dado a saber sobre a origem do universo, do homem, do pecado, da nação de Israel com seus costumes e 18


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tradições, a entregue da lei, o culto divino, está registrado nesses cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Tanto os judeus como os cristãos afirmam que Moisés foi o autor do Pentateuco. Durante os séculos XVIII e XIX d.C., nas universidades alemãs foram aplicados à Bíblia métodos de investigação e de análise que os historiadores haviam desenvolvido para reconstruir o passado. Procuraram descobrir a data de cada livro, seu autor, seu propósito e os característicos do estilo e da linguagem. Perguntaram-se: Quais são as fontes originais dos documentos bíblicos? São dignas de confiança? Qual é o fundo histórico de cada um deles? A este movimento deu-se o nome de Alta Crítica. Críticos alemães que se aproximaram do estudo da Bíblia com certos pressupostos ou preconceitos. Eles rejeitaram o elemento milagroso da Bíblia, dizendo que ela não era inspirada por Deus, é um livro a mais, um livro como outro qualquer. Esses críticos modernos e racionalistas, rejeitando o sobrenatural e todo o elemento milagroso da Bíblia, desenvolveram a teoria de que o Pentateuco não foi escrito por Moisés, mas é uma compilação de documentos redigidos, em sua maior parte, no século V a.C. Até o século XVII, as comunidades judaicas e cristãs atribuíam universalmente a autoria do Pentateuco a Moisés. Mas depois que Baruch Spinoza (1632-1677 d.C), filósofo judeu, insinuou em 1671 a possibilidade de ter sido Esdras o autor do Pentateuco, muitas teorias apareceram sobre o assunto. Jean Astruc (1684-1766), médico francês, que deu início ao moderno movimento crítico da Bíblia, admitiu em 1753 que houve dois documentos principais na composição do livro de Gênesis. O primeiro documento Jean chamou de Eloístico, devido ao nome Elohim (Deus); o segundo documento ele chamou de Jeovístico, devido ao nome de 19


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Jeová. Para Astruc, isto era prova de que Moisés havia usado dois documentos como fontes, cada um com sua maneira especial de designar a Deus. Essas especulações levantadas por Zpinoza, Astruc e outros foram o estopim que incendiou o campo da crítica moderna, cujo objetivo era negar a autoria do Pentateuco por Moisés. Gêneros Literários Do Pentateuco O Pentateuco contém um amplo acervo de gêneros literários, reflete a natureza da arte hebraica em sua forma e conteúdo. Grande parte do conteúdo do Pentateuco é expresso por meio das narrativas. Estas narrativas não são apenas registros históricos do povo hebreu, pois há interpretações teológicas mescladas ao texto, tal como a interpretação dos sofrimentos de José em favor do seu povo, registrada em Gn 50:15-21. As narrativas do Pentateuco também incluem linguagem antropomórfica, ou seja, dar características humanas para Deus (Deus se ira, se arrepende, tem braços, mãos, rosto, etc.), além de teofanias, ou a manifestação visível de Deus entre seu povo (sinais da natureza, tais como trovões; e, o “ANJO DO SENHOR”). Outro gênero literário muito comum no Pentateuco é a poesia. Abaixo segue os principais tipos de poesia encontrados no Pentateuco: ➢ Orações: Benção sacerdotal de Arão – Números 6:22-27 ➢ Canções de louvor: Cântico de Miriã – Êxodo 15:21 ➢ Canção no estilo épico: Cântico de Moisés – Êxodo 15 ➢ Bênçãos de família: Jacó abençoando seus filhos no leito de morte – Gênesis 49 20


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➢ Profecias: Balaão profetizando sobre Israel – Números 23 e 24 O terceiro tipo mais comum de estilo literário é o legal (lei). O conceito de lei, no mundo do Antigo Testamento, não era exclusivo do povo hebreu. Pelo contrário, pois é certo que povos distintos dos hebreus já tinham suas leis promulgadas a pelo menos 500 anos antes das leis de Moisés. O povo babilônico é um exemplo. A influência destes documentos na formação da Lei do Pentateuco é inegável. O objetivo da lei para os hebreus era organizar e regulamentar a vida cotidiana do povo (cerimonial, moral e civil) tendo em vista a santidade requerida por Javé no relacionamento da aliança estabelecida. Os livros do Pentateuco contêm vários tipos diferentes de material. Há história (Gênesis), legislação (Êxodo), ritual (Levítico), governo (Números) e retórica (Deuteronômio) com muitas combinações e sobreposições de tipos literários. O registro histórico abrange um tremendo período de tempo — da criação do mundo à morte de Moisés, intervalo mais longo que todas as demais histórias bíblicas juntas. O fato de cada um dos cinco livros da lei ser uma unidade literária mostra-se por terem sido originariamente preparados como livros distintos e pelo fato de cada um possuir quase o comprimento máximo possível de ser acondicionado em um antigo rolo de papel. Os livros estão obviamente relacionados em continuidade de sequência histórica e por sua ordem necessária. Depois do Gênesis, cada livro pressupõe aquele, ou aqueles, que o precedem.

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Contexto Histórico do Pentateuco O Pentateuco cobre o período histórico da criação até a morte de Moisés, pouco antes do povo hebreu entrar na Terra Prometida. Sem entrar muito nos detalhes de data, pois há uma ampla variedade de linhas de pensamento, adotaremos o período de 2000 a.C. para as narrativas patriarcais e o período de 1500 a.C. para as narrativas do Êxodo. O período histórico comum é situado na Idade do Bronze Médio no Antigo Oriente Médio. Os egípcios foram o povo que mais se destacaram na formação do contexto histórico do Pentateuco. O Pentateuco contém cerca de 45 empréstimos linguísticos egípcios. Autoria O problema da autoria dos livros do Pentateuco é complexo. A antiga tradição judaico-cristã credita-os em sua totalidade a Moisés. Os próprios livros atribuem partes de Êxodo e Números, e grande parte de Deuteronômio, diretamente à autoria de Moisés, e os estudiosos conservadores não encontram razão para questionar tais declarações (Êx 24.4; 34.28; Nm 33.2; Dt 1.1; 4.44; 5.1; 27.1; 29.1; 31.1,9,22,30; 32.44; 33.1). Por outro lado, o texto nas referências citadas acima faz diferença entre o que Moisés escreveu ou falou e o que foi escrito sobre ele. Há também alguns elementos não-mosaicos que uma leitura atenta torna evidente. As palavras de Gênesis 14.14 contêm o nome “Dã” para

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referir-se ao lugar até onde Abraão perseguiu os cinco reis que tinham invadido Sodoma. Este nome foi dado somente no tempo dos juízes (Jz 18.29), o que implica que este versículo foi escrito (ou editado) depois do tempo de Moisés. Em Gn 36.31, fala dos reis de Edom que reinaram “antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel”, palavras que indicam tempo de escrita posterior à coroação de Saul (1 Sm 8.5ss.). A descrição do trabalho de Moisés em Êxodo, Levítico e Números está na terceira pessoa, muito diferente da narrativa registrada em primeira pessoa nos discursos de Moisés em Deuteronômio. Há duas homenagens bem merecidas feitas ao grande legislador que devem ter sido escritas por outra pessoa. A primeira está registrada em Êx 11.3: “Também o varão Moisés era mui grande na terra do Egito”, e a outra em Nm 12.3: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. As palavras de Êxodo 16.35: “E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã” só poderiam ter sido escritas depois da morte de Moisés e do cruzamento do rio Jordão (Js 5.10-12), visto que o ato de comer o maná é narrado no tempo passado. O texto de Nm 21.14,15 faz citações do “livro das Guerras do SENHOR”. Este era compreensivelmente um livro de poesia que descrevia os atos de Deus em prol do seu povo durante os anos de peregrinação no deserto. Nada é conhecido fora desta alusão. Pode ter sido um dos escritos do próprio Moisés. O trecho de Nm 32.34-42 descreve as cidades construídas pelas tribos de Rúben, Gade e Manassés no território que receberam no lado oriental do rio Jordão. Eles não possuíram este território senão

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depois da conquista de Canaã, na qual tiveram grande participação (Js 22.1-9). Deuteronômio 2.10-12,20-23 são passagens parentéticas acrescentadas posteriormente para explicar o significado de termos e condições que já não estavam em voga. O relato da morte de Moisés em Deuteronômio 34.1-12 foi escrito aparentemente depois do surgimento dos profetas (Dt 32.10), durante os dias de Samuel. Apesar de todas essas contestações humanas a Bíblia é unânime em afirmar que Moisés escreveu o Pentateuco, Êx 17.14; 24.4,7; 34.27; Nm 33.1-4; Dt 31.9,24-26; 1 Rs 2.3; Ne 8.1; Lc 24.44; Jo 5.46,47; At 26.22; 2 Co 3.15; Hb 10.28. Rejeitar a autoria de Moisés é solapar a credibilidade do Pentateuco e de todo o resto da Bíblia. Moisés, mas do que qualquer outra pessoa tinha preparo, tinha experiência e gênio que o capacitavam para escrever o Pentateuco. Ele havia sido criado e instruído em toda a ciência do Egito (At 7.22). Foi testemunha ocular do êxodo e da peregrinação no deserto e manteve a mais íntima comunhão com Deus. Possuía notáveis dons e gênio extraordinário, do que dá testemunho seu papel de líder, legislador e profeta. O Pentateuco foi escrito entre 1450 a 1410 a.C. Crítica Do Pentateuco O fato dos livros serem anônimos e apresentarem diferenças de estilo e até aparentes contradições e repetições levou alguns estudiosos a desenvolverem sobre eles estudos críticos profundos, com a intenção de descobrir a verdadeira origem, época e conteúdo de cada um dos escritos.

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Isto desencadeou o surgimento de uma série de hipóteses sem precedentes na história da interpretação bíblica. Os anos vão passando e algumas das sugestões destas hipóteses continuam sendo importantes para o estudante moderno. Não é possível neste espaço abordar todas as minúcias a respeito do estudo crítico do Pentateuco, mas, a seguir, será apresentado um resumo geral. Teorias Sobre a Formação Do Pentateuco A questão sobre a formação do Pentateuco, ainda é uma questão aberta. A obra coletiva "O Pentateuco em Questão", publicada em 1989, mostrou claramente, como se está, hoje, longe de uma solução satisfatória do problema da origem e composição do Pentateuco. Podemos dividir as tentativas de se chegar a algum entendimento em algumas etapas: a) Período Pré-Crítico: desde a época de Malaquias e Esdras – Aqui a autoria do Pentateuco é atribuída a Moisés. Os textos bíblicos que fundamentam esta ideia são os seguintes: Êx 17,14; 24,4; Dt 31,9.22.24. Esta afirmação foi sustentada por muitos séculos, tanto no meio judaico quanto católico. Entretanto, já na Idade Média, o rabino Abraão Ibn Ezra (1090-1167) levanta a contradição de que Moisés não poderia ter escrito sobre a sua própria morte: Dt 34! Outros autores começam então a fazer uma série de questionamentos sobre esta teoria e principalmente sobre o Pentateuco em si: Karlstadt, Spinoza, Richard Simon e outros.

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b) Período da Crítica: Nos séculos XVIII e XIX, com o período do Iluminismo, os estudos das obras clássicas gregas, levaram muitos estudiosos a voltarem seus olhos para o estudo da Bíblia e principalmente ao Pentateuco. As questões levantadas colocam em foco a busca pelas fontes do Pentateuco: ➢ Anacronismo: Além do texto de Dt 34, conforme mencionado acima, temos também os seguintes: Dt 26 com a lista dos reis de Edom, fora da época de Moisés; Gn 14,14 menciona Dan, região ao norte da palestina que na época de Abraão ainda não existia; Gn21,31, menciona filisteus. ➢ Contradições: Gn1-2; os animais foram criados antes ou depois do homem? – Gn 7,2.15 – o número dos animais na arca de Noé; Gn 8,6; 7,24 – a duração do dilúvio; Gn4 – com a morte de Abel, como houve a continuidade da humanidade? ➢ Duplicações: Criação - Gn 1-2; Aliança com Abraão - Gn 15; 17; vocação de Moisés - Ex 3;6; expulsão de Agar - Gn 16;21; Decálogo - Ex 20; Dt 5. ➢ Diferença de nomes: Deus é chamado de Eloim e Javé. O monte da Aliança é Sinai e Horeb; o sogro de Moisés é Raguel e Jetro. Teoria Dos Documentos O médico francês Jean Astruc (1678-1766) foi quem primeiro lançou as bases para a crítica bíblica, através de seus estudos sobre os diferentes nomes de Deus: Javé e Eloim, no livro do Gênesis e nos dois primeiros capítulos do Êxodo. Segundo o autor, Moisés teria utilizado dois documentos, A e B que denominavam a Deus de modo 26


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diferente, junto com outros dez ou doze documentos para escrever o Pentateuco. Esta teoria foi mais tarde confirmada por outros autores como Ilgen (1789) que percebe no documento eloista, uma falta de unidade, sendo necessário distinguir duas fontes, E1 e E2. Neste tempo, já temos, portanto, três fontes diferentes: E1, E2 e J. Teoria Dos Fragmentos Dois teólogos deram um passo a mais, na pesquisa sobre as fontes do Pentateuco. Um, A. Gueddes, católico escocês (1792) observando que os documentos javista e eloista apresentavam estilos diferentes, divergência entre si, repetições e contradições, propõe uma explicação onde os autores dos documentos teriam utilizado fontes mais antigas, ou seja, o Pentateuco poderia ser explicado através de uma aglomeração de diversos escritos. O segundo teólogo, Vater (1805), foi quem realmente levou adiante esta teoria, propondo 39 peças autônomas, cujo núcleo central era o Deuteronômio, escrito na época de Davi/Salomão, tendo como redação final o período do Exílio. Como conclusão, Moisés não poderia ser o autor do Pentateuco. Esta teoria tem como base os estudos que foram realizados nas obras clássicas de Ilíada e Odisséia. A diferença entre fragmento e documento está no tamanho, sendo o documento um conjunto de fragmentos. Teoria Dos Complementos Esta teoria surge como reação às conclusões de Vater. Em 1832, Edwald elabora uma nova teoria, onde propõe um escrito fundamental (E1 e E2) que foi complementado por outro redator por meio do documento Javista. Esta teoria trouxe muitas questões não 27


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respondidas, como por exemplo, o fato do javista apresentar relatos contidos no eloista, não de forma complementar, portanto, além de desconhecer a sua originalidade. Por outro lado, o próprio escrito fundamental não é uma unidade, uma vez que se trata de dois documentos diferentes: E1 e E2, com repetições e divergências entre si. Nova Hipótese Documentária Em 1853, Hupfeld restaura a teoria documentária, admitindo o Javista como um documento independente, conservado quase sem lacunas. Ao mesmo tempo, admite dois documentos eloístas, um de características sacerdotais e outro mais próximo ao Javista. Em continuidade ao estudo de Hupfeld, outros autores acrescentaram um documento independente do Deuteronômio, chamado D. Em 1853, Vatke introduziu o esquema Hegeliano da história, fazendo uma divisão da história de Israel em três momentos: tempo dos juízes e primeiros reis (período de uma religião primitiva) – tese; tempo final da monarquia e idealismo profético (período de uma religião superior) – antítese; tempo do exílio (período onde a lei e a religião assumiram um caráter legalista e ritualista), síntese. Ainda em 1866, Graf contribuiu com o estabelecimento de uma cronologia para as fontes, determinando que o documento E1, de características sacerdotais deveria ser chamado não mais de eloista, mas de sacerdotal (Priesterkodex) - P, sendo o documento mais recente dos quatro, da época exílica e pós-exílica. Mas sem dúvidas, que mais contribuiu para esta nova teoria, foi Wellhausen (1844-1918), podendo ser assim simplificado: Formam-se as tradições orais (podendo ser da época de Moisés). Na época dos Juizes começam a se formar ritos ou memórias 28


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das tribos. Na época da monarquia as tradições tornam-se composições escritas. Na divisão do gpróprios de cada região. A redação do Javista se dá no sul. Aos poucos vão sendo feitas releituras: J1, J2 e J3 Para datar a fonte Eloista, Wellhausen se baseia nos elementos proféticos: Século VIII a C. Para esta camada ele chama E1. Mais tarde a ela foi incorporada outra camada da época de Jeroboão II, a qual chamou de E2, provavelmente antes da queda de Samaria. Após a queda de Samaria um redator juntou J e E formando JE. Em 622 a C, (2 Rs 22) com a reforma cúltica de Josias, os sacerdotes teriam escrito o Deuteronômio. Wellhausen entretanto diferencia uma camada mais antiga do Dt e outra mais recente. Tem-se a fonte D. Um redator faz a fusão das fontes JE + D na época do Exílio. Foi o profeta Ezequiel quem iniciou o escrito sacerdotal, tendo como primeiro complexo Lv 17-26. Pelo ano 400 um redator juntou as quatro fontes e no tempo de Alexandre Magno o Pentateuco foi considerado canônico Após o trabalho de Wellhausen, outras pesquisas foram feitas, tendo sempre por base a teoria das 4 fontes. Como exemplo, Gunkel (final do século XIX) entende que JEDP não são escritores, mas sim colecionadores. Para Gunkel, J e E utilizaram ciclos de lendas, mas tendo na sua origem uma lenda autônoma. Esta lenda autônoma seria então pequeno relato de caráter etiológico, destinado a explicar a origem de um rito de um povo, dentro de uma cultura. Quanto mais curta a lenda, mais provável de ser original. Esta era a teoria aplicada aos escritos gregos. Cada lenda autônoma está enraizada em um contexto vital, social, da qual faz parte. A pesquisa deve, portanto, determinar através de uma análise crítica este contexto. Esta teoria se fez pensar em unidades primitivas que 29


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poderiam formar unidades literárias maiores. O caminho percorrido dos livros do Pentateuco poderia ser, primeiramente, lendas das tribos que eram contadas entre uma tribo e outra. Depois foram recontadas. Houve um ajuntamento de lendas. Aqui se pensaria em J, E e P como contadores de história. A redação final se dá muito tempo depois. Alguns exemplos destas unidades literárias: Gn 1.1,2,4a; 2.4b,3,24; 4.1-26; 5.1-32; 12.10-20; 22.1-19 ; Êx 1.1-22; 2.1-10. Não pertence a um trabalho do Estado e templo (como por exemplo, 2 Sm 6; 1 Rs 2), por serem pequenas, tratando de grupos sociais como famílias, clã, meio agrícola. Trata-se de uma memória popular. Albrecht Alt se preocupou com a origem do povo hebreu e desta forma resgatou o aspecto histórico dos patriarcas, anteriormente visto por Gunkel como sagas ou lendas. Da mesma forma fez com os relatos do Êxodo e da instalação de Israel em Canaã.

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CAPITULO 01 LIVRO DE GÊNESIS No Antigo Testamento hebraico, a primeira palavra do texto, bereshit, “no princípio”, serve de título para o livro de Gênesis. Tomar a primeira frase ou palavra de uma obra literária para denominá-la era prática comum no antigo Oriente Próximo. A tradução grega chamada Septuaginta (LXX) toscamente igualou este termo de abertura com a palavra gênesis, que significa “origem ou fonte”. A palavra grega permaneceu em nossas versões bíblicas, porque descreve notavelmente bem o conteúdo do livro. É o livro dos começos: o começo do universo, do homem, do pecado, da salvação, da nação hebraica, da aliança com os homens. Martinho Lutero foi o primeiro a anexar ao título antigo a frase: “O Primeiro Livro de Moisés”, mantida na maioria das versões bíblicas. Lutero a considerou apropriada visto que o Livro de Gênesis é o primeiro dos livros do Pentateuco e Moisés fora tradicionalmente considerado o autor de todos os cinco livros. O livro de Gênesis é a introdução à Bíblia toda. É o livro dos princípios, pois narra os começos da criação, do homem, do casamento, do pecado, da promessa da redenção, do homicídio, das nações, dos idiomas e da nação de Israel. Com o livro de Gênesis, começa também a progressiva auto revelação de Deus, que se completa em Cristo. Este livro tem sido chamado de “viveiro ou sementeiro da Bíblia” porque nele estão as sementes de todas as grandes doutrinas da Bíblia. Na opinião de alguns expositores bíblicos, sem o Gênesis a Bíblia “é não só incompleta, mas incompreensível”. O conteúdo do livro de Gênesis abrange um período longo; desde as primeiras origens das coisas até ao estabelecimento de Israel 33


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no Egito. Período esse de aproximadamente 2.315 anos, isto é, de 4004 a 1689 a.C. Para termos uma compreensão melhor no estudo do livro de Gênesis, devemos observá-lo da seguinte maneira: Observando A Sua História. O livro de Gênesis não é propriamente um tratado de história e ciência, ele é de princípio religioso. Apesar do livro não ser um tratado de história, o arranjo do mesmo mostra que o autor tinha um plano bem delineado da história que ia abordar. Há ao todo, dez gerações (heb. toledhoth) no livro de Gênesis: as origens dos céus e da terra, Gn 2.426; de Adão, Gn 5.1-6; de Noé; Gn 6.9-29; dos filhos de Noé, Gn 10.1 a 11.9; de Sem, Gn 11.10-26; da Tera, Gn 11.27 a 25.11; de Ismael, Gn 25.12-18; de Isaque, Gn 25.19 a 35.29; de Esaú, Gn 36.1 a 37.1; de Jacó, Gn 37.2 a 50.26. Essa história narrada é quase na sua totalidade cronológica, porém vale salientar que o capítulo dois de Gênesis não contradiz o primeiro capítulo, mas complementa-o. Por sua vez o capítulo 11.1-9 precede em tempo ao capítulo 10. Os 11 primeiros capítulos do livro cobrem um período de 2.000 anos de história, enquanto que os 39 capítulos cobrem um período de 300 anos. Observando Suas Profecias. Gênesis é o livro manancial de toda a profecia bíblica. A primeira e fundamental profecia está registrada em Gn 3.15, e nesse único versículo toda a revelação divina está compreendida em resumo. Podemos estudar as profecias referentes à terra, Gn 8.22; aos filhos de Noé, Gn 9.35-37; a Abraão, Gn 12.1-3; 15 ao 18, a Ismael, Gn 17.20; a 34


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Isaque, Gn 18.1-16; a Esaú e Jacó, Gn 25.23; a Efraim e Manassés, Gn 48.1-22; aos doze filhos de Jacó, Gn 49.1-33. Estas e outras profecias são maravilhosas e surpreendentes no seu cumprimento. Observando Suas Dispensações. Há quatro dispensações no livro de Gênesis: dispensação da Inocência, durante o qual Deus fez prova do homem; da Consciência, quando Ele suportou o homem; do governo humano, durante o qual Ele refreou o homem; e da Promessa, no qual Ele agiu em favor do homem. Outras dispensações seguirão estas no relato da história bíblica. Observando Suas Tipologias. O livro de Gênesis está cheio de tipos. Entre os tipos mais evidentes do Gênesis, podemos destacar os seguintes: o primeiro Adão é tipo de Jesus Cristo, o último Adão; o sacrifício de Gn 3.21, tipo do Cordeiro de Deus morto na cruz; Caim e Abel, tipos das duas naturezas; Abel e Sete, tipo da morte e ressurreição de Cristo; Enoque, tipo da igreja arrebatada antes do Dilúvio, que é tipo do dia da tribulação de Jacó. Noé, tipo de Cristo; os oitos salvos na arca são tipos do restante de Israel que será salvo através da grande tribulação; a Arca, tipo do meio de salvação e libertação na hora do juízo que virá sobre a terra; Abraão e Ló, tipos dos dois princípios de vida: fé e vista; Ismael e Isaque, tipos das dispensações da lei e da graça; Isaque e Rebeca, tipos de Cristo e a igreja; José, o mais perfeito tipo de Cristo que temos na Bíblia. Estes, e muitos outros tipos podem ser verificados no livro de Gênesis.

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Observando Os Seus Valores Espirituais. Devemos descobrir os valores espirituais que há no livro de Gênesis. Exemplos: a revelação de Deus, o desenvolvimento da graça divina, o progresso do pecado, os vários concertos, a demonstração da fé, as orações, as visões e sonhos, as manifestações de Jeová, o ministério dos anjos, e muitos outros temas. O livro é rico de sugestões espirituais, e cada página dará ao paciente investigador tesouros sem preço. Para uma melhor análise do livro de Gênesis, iremos dividi-lo em duas partes distintas: A História Primitiva, que vai do capítulo 1 ao capítulo 11, o qual fornece uma visão geral do livro, partindo da criação até Abraão, e isto corresponde um período de mais de 2.000 anos; A História Patriarcal, que vai do capítulo 12 ao capítulo 50, e registra a história dos patriarcas da nação de Israel como, Abraão, Isaque, Jacó e José, o que corresponde um período de mais de 300 anos de história. HISTÓRIA PRIMITIVA, Gênesis 1 a 11 1 - CRIAÇÃO - Gn 1-2 1.1 - Criação Do Universo, Gn 1.1-25. Em resposta à pergunta “Quem fez todas as coisas?”, a Bíblia declara ousadamente: Deus criou (Gn 1.1). Em resposta à pergunta “Quem é anterior e maior que todas as coisas?,” com igual ousadia a Bíblia anuncia: No princípio... Deus. O céu e a terra não são Deus nem deuses; nem é Deus igual à natureza. Deus é o Criador e a natureza é seu trabalho manual.

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Embora feita por Deus, a terra não estava pronta para o homem. Ainda estava em desordem, sem forma e vazia (Gn 1.2), e não havia luz. Contudo, havia atividade. O Espírito de Deus se movia continuamente sobre a face das águas. Qual é a ideia mais importante que encontramos no relato da criação? Não é a descrição do processo de criar, nem a dos detalhes acerca do homem, por mais interessante que sejam. Tal ideia é: há um Deus, e por Ele foram feitas todas as coisas. “No princípio criou Deus os céus e a terra”, Gn 1.1. Neste primeiro versículo chave de Gênesis, Moisés exprime em resumo a obra criadora de Deus. Obra esta, que a partir do versículo 2 ele descreve de maneira mais detalhada ou específica. O mundo não é eterno, foi criado. O Ser que a gerou é o eterno Deus, que é o princípio, a causa primária de tudo o que existe Sl 33.6,9; Is 45.12; Jr 32.17; Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 11.3. Nunca houve um momento em que Deus não existisse, Sl 90.2. Ele existiu eterna e infinitamente antes de criar o universo finito, Jo 8.58; Cl 1.17; Ap 1.8. A ciência moderna diz que o universo se formou a milhões de anos. A Bíblia não dá detalhe acerca disso, ela se limita a dizer “No princípio” - Gn 1.1 ou em “tempos remotos”, ou “desde a Antiguidade” - Sl 102.25. Convém lembrar que a Bíblia é antes de tudo um livro de religião e não de ciência. É possível que Gênesis 1.1 afirme que Deus criou a matéria em um ato. O vocábulo hebraico “bara”, traduzido por “criou” significa criar do nada, ou criar algo completamente novo, sem precedentes. O termo bara só é usado em conexão com a atividade de Deus e nunca é usado para atividade humana. Este termo encontra-se em Gn 1.1,21,27, e refere-se à criação da matéria, da vida animal e do

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ser humano. Em outros casos emprega-se o vocábulo hebraico “asa”, que corresponde a “fazer”. A figura de Deus domina o primeiro capítulo da Bíblia. O termo traduzido para o nome Deus no hebraico é Elohim, forma plural e singular. A forma plural às vezes expressa intensidade ou plenitude de poder e representa a Trindade. 1.2 - Reordenamento Da Criação, Gn 1.2. Este texto declara que “a terra era sem forma e vazia”. No original hebraico os termos usados “tohu” (sem forma) e “bohu” (vazia) dão a ideia de um lugar sem forma, sem nada, sem conteúdo. Nesse processo caótico, Moisés empregou uma palavra (pairava ou se movia) para descrever a participação do Espírito de Deus. Essa palavra pairava sugere o ato de uma ave voando sobre o ninho no qual estão seus filhotes. O Espírito Santo pairava por sobre a superfície da terra, caótica e sem forma, dando-lhe forma, vida e ordem. Assim, Deus gera ordem na desordem. Alguns eruditos bíblicos asseveram que Gn 1.2 descreve uma grande catástrofe que houve logo após a criação original mencionada em Gn 1.1. Como resultado dessa catástrofe a “terra se tornou ou veio a ser sem forma e vazia”, dando assim a ideia de que, originalmente, ela não era sem forma e vazia, não foi criada assim- Is 45.18. Para esses eruditos ou intérpretes, essa catástrofe foi devido à queda de Satanás na terra e o juízo consequente de Deus. Esses intérpretes dizem que houve um grande e indefinido intervalo de tempo (milhões de anos?), entre o versículo 1 e o versículo 2 do primeiro capítulo de Gênesis. Nesse intervalo indefinido esses tais intérpretes supõem ou especulam ter ocorrido todas as variedades de 38


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coisas pré-adâmicas, tais como dinossauros, raças de homens, espécies diferentes de animais marinhos, aves e etc... Também esses eruditos afirmam que a criação descrita detalhadamente a partir de Gn 1.3 seja uma reforma ou recriação, e não a criação original conforme relatada em Gn 1.1. Podemos dizer que esses argumentos acima expostos por esses intérpretes são fracos ou de nenhuma base bíblica. A Bíblia em Gênesis 1.1 declara o ato do Deus Criador e no versículo 2 estabelece o que era o universo depois de criado, antes de a forma e a vida surgirem. O apóstolo João considerou a terra em que vivemos como o primeiro ato do Criador, ou seja, a primeira terra e não a segunda terra, como ensinam os adeptos da teoria da recriação Ap 21.1. 1.3 - Dias Sucessivos Da Criação, Gn 1.3-26. Há três teorias para os dias da criação: a primeira teoria diz que yiom (dia) representa um dia literal de 24 horas; a segunda diz que yiom representa um dia na revelação; e a terceira teoria diz que yiom representa uma era geológica. ➢ Primeiro dia: aparição da luz (dia e noite), Gn 1.3-5. ➢ Segundo dia: céu, atmosfera e mares, Gn 1.6-8. ➢ Terceiro dia: surgimento dos continentes e aparecimento da vegetação, Gn 1.9-13. ➢ Quarto dia: aparecem os corpos celestes que alumiam a terra, Gn 1.14-19. ➢ Quinto dia: os animais do mar e as aves, Gn 1.20-23. ➢ Sexto dia: os mamíferos e o homem, Gn 1.24-31. ➢ Sétimo dia: terminada a atividade criadora, Deus descansa, Gn 2.1-3. 39


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Cada fase da criação preparou o caminho para a seguinte, e todas tinham o propósito de preparar o cenário para o ponto culminante: a criação do homem. “E disse Deus... E assim foi”. Ao falar Deus, infalivelmente se cumpre a sua vontade. Acentua-se a perfeição do que Deus criou... “E viu Deus que era bom”. O resultado correspondeu perfeitamente à intenção divina. O grande propósito da criação era preparar um lar ou ambiente adequado para o homem. 1.4 - Criação Do Homem, Gn 1.26,27; 2.7. Deus fez o homem como coroa da criação. O fato de que os membros da Trindade falaram entre si, v.26, indica que este foi o ato transcendental e a consumação da obra criadora. Deus criou o homem para ser tanto do mundo espiritual como do terrenal, pois tem corpo e espírito. O corpo do homem foi formado do pó da terra, à semelhança do que se deu com os animais, Gn 2.7,19, o que nos ensina que ele se relaciona com as outras criaturas. Não obstante, não há elo biológico entre o homem e os animais. Em Gn 1.27 usa-se a palavra “bara” o que indica que a criação do homem foi especial. O homem não evoluiu de algum ser inferior como ensinam os evolucionistas, ele é uma criação especial de Deus. Em Gn 2.4-25 podemos ver a solicitude de Deus pelo homem nos seguintes fatos: a) Deus Colocou Adão No Éden (Delícia Ou Paraíso- Gn 2.815. O jardim era um ambiente agradável, protegido e bem regado, situado entre os rios Tigres e Eufrates, na Mesopotâmia (meso é entre e potâmos é rio). Mesopotâmia

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é uma região entre rios (Tigre e Eufrates). No Éden o trabalho era algo prazeroso, após a queda e como resultado da maldição ele tornou-se penoso e fadigado, Gn 3.17-19. Geograficamente o jardim do Éden está localizado dentro de uma região (mesopotâmia) conhecida como o Crescente Fértil (é a chamada “meia-lua fértil”), o qual se estende para o norte desde o Golfo Pérsico, ao longo das correntes do Tigre e do Eufrates e suas bacias, e depois, para o sudoeste através de Canaã para o fértil Nilo e seu vale, esta zona foi o berço das civilizações pré-históricas. b) Deus Proveu Uma Companheira Para Adão - Gn 2.18, 21-24. O propósito de Deus ao instituir o matrimônio era proporcionar companheirismo e ajuda mútua entre o casal. Segundo o comentarista Matthew Henry “a mulher não foi formada da cabeça do homem, para que não exerça domínio sobre ele; nem de seus pés, para que não seja pisada, mas de seu lado, para ser igual a ele, e de perto de seu coração, para ser amada por ele”. c) Deus Concedeu a Adão Ampla Inteligência- Gn 2.19. Adão deu nomes a todos os animais. Isto demonstra o fato de que ele tinha poderes de percepção para compreender suas características.

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d) - Deus Mantinha Plena Comunhão Com Adão e Eva- Gn 3.8. Possivelmente Deus tomava a forma de um anjo para andar no jardim com o primeiro casal. e) Deus Colocou o Casal à Prova, Gn 2.16,17. O homem foi criado dotado de livre arbítrio. A presença da árvore do bem e do mal no jardim tinha o objetivo de testar o amor e a obediência do primeiro casal para com Deus. Como também era um meio de desenvolver o caráter, a obediência e a santidade do casal – Adão e Eva. 1.5 - Teorias Acerca Da Origem Da Criação. No decorrer dos séculos, vãs filosofias, falsos ensinos e teorias têm procurado lançar dúvidas sobre o relato bíblico da criação e da Bíblia. Vejamos algumas dessas falsas teorias: ➢ Teoria Da Grande Explosão ou Big Bang. A partir dos estudos elaborados pelo cientista Albert Einstein (18791955) sobre a teoria da relatividade, outros cientistas acreditam que o Universo era uma bola imensa de hidrogênio que se expandiria indefinidamente e alcançaria distâncias quase infinitas. Eles imaginam que em algum tempo indecifrável, houve uma grande explosão desta imensa bola de hidrogênio. Daí surgiu os mundos, as galáxias. Essa teoria acredita na eternidade da matéria. A Bíblia refuta essa teoria dizendo que Deus é o criador de todas as coisas - Gn 1.1; Jo 1.3; At 17.24; Hb 11.3.

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➢ Teoria Da Substância Original. Os adeptos desta teoria ensinam que havia, no princípio de tudo, uma substância original indefinida e desconhecida, e dela surgiram os quatros elementos básicos: a terra, o ar, o fogo e a água. Afirmam ainda que, de um destes componentes deve ter-se originado a vida, ou então, de todos eles. ➢ Teoria Evolucionista. Essa teoria evolucionista foi concebida e difundida pelo o inglês Charles Darwin (18091889). Para a teoria da evolução, a matéria é eterna, preexistente. A partir daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os seres passaram a existir. Hoje tanto o homem como os animais são a soma de mutações sofridas no decorrer dos milênios. Em suma: o homem de hoje não era homem no princípio, era uma espécie de macaco. A Bíblia refuta essa teoria dizendo que o homem é uma criação especial de Deus Gn 1.26,27; Is 45.12; At 17.26. 2 - QUEDA - Gn 3 2.1 - Queda e Suas Consequências - Gn 3 Os capítulos 1 e 2 de Gênesis apresentam-nos um belo quadro das obras criadas por Deus, especialmente a vida do homem no Éden. Tudo era bom; não obstante, a cena se altera radicalmente a partir do capítulo 3 e o homem passa a conhecer o pecado, a inveja, o ódio e toda sorte de violência.

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2.1.1 - Possibilidade Da Tentação - Gn 2.16,17. A árvore da ciência do bem e do mal foi posta no jardim para que o homem fosse experimentado e aprendesse a servir a Deus por sua livre e espontânea vontade. 2.1.2 - Autor Da Tentação - Gn 3.1; Jo 8.44; Ap 12.9; 20.2. A serpente representa o próprio Diabo. Satanás se apossou da serpente e falou por meio dela realizando um milagre diabólico. Geralmente ele opera por meios de outros, e ele é mais perigoso quando aparece como anjo de luz. -2 Co 11.14. 2.1.3 - Sutileza Da Tentação - Gn 3.1-6.

➢ ➢ ➢

A tentação observou os seguintes passos: Começou com uma insinuação de que Deus era demasiadamente severo - Gn 3.1-3. A seguir, Satanás levou a mulher para o terreno da incredulidade - Gn 3.4. Finalmente, o Diabo acusou a Deus de motivos egoístas - Gn 3.5,6. Pois insinuou que Deus os privava (o homem e a mulher) de algo bom, isto é, de serem sábios como Ele. Eva duvidando da Palavra de Deus foi fascinada pelo proibido e a incredulidade lhe tirou suas defesas. Então viu que “a árvore era boa... agradável... desejável... e comeu”. Enquanto Eva não duvidava da Palavra de Deus e de sua bondade, não sentia fascinação pelo proibido.

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2.1.4 - Consequências Da Queda - Gn 3.7-24. Adão e Eva desobedeceram a Deus e tornaram-se conscientes de culpa. O pecado sempre desposa a alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. Essa é a morte espiritual – Gn 2.17. Seguiram-se ao pecado, resultados desastrosos, como um rio impetuoso. O juízo de Deus foi severo: ➢ Sobre a serpente: degradação - Gn 3.14. ➢ Sobre a mulher: multiplicação de dor no parto e submissão ao marido - Gn 3.16. ➢ Sobre o homem: trabalho árduo até a morte, num solo cheio de espinhos - Gn 3.17-19. ➢ Sobre o homem e seus descendentes: exclusão da árvore da vida no paraíso - Gn 3.22-24. 2.1.5 - Promessa Da Redenção - Gn 3.15,21. Uma vez decaído o homem, foi Deus que o buscou antes que ele buscasse a Deus. Gn 3.15 é o primeiro lampejo de salvação. Essa promessa messiânica cumpriu-se no Calvário - Hb 2.14,15; 1 Jo 3.8; Gl 4.4,5. 3 - PRIMEIRA CIVILIZAÇÃO - Gn 4 3.1 - História De Caim- Gn 4.1,5-15. Esse fato mostra como o pecado tornou-se hereditário e conduziu o homem ao primeiro homicídio - 1 Jo 3.12.

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3.2 – História De Abel - Gn 4.2-4,8-10. Essa história ensina-nos como aqueles que participam da culpa e do pecado de Adão podem ser aceitos na presença de Deus por meio da oferenda de um sacrifício expiatório. 3.3 - Origens Da Primeira Civilização - Gn 4.16-24. Caim tornou-se o fundador de uma civilização que incluiu uma cidade, agricultura, manufaturas e artes. O caráter dessa cidade foi marcado pela violação da lei do matrimônio e pelo espírito de violência - Gn 4.19-24. 3.4 - Nascimento De Sete - Gn 4.25,26. Abel morreu, Caim foi rejeitado, a promessa da redenção passou ao terceiro filho de Adão - Sete. 4 - DILÚVIO - Gn 5 - 9 4.1 - Gerações Dos Antediluvianos - Gn 5.1-32. Este capítulo traça a linhagem de Adão até Noé. O objetivo principal dessa genealogia era o de conservar um registro da linhagem da qual viria a semente prometida: Cristo. Os antediluvianos tinham uma vida longa, possivelmente porque a raça era jovem e o pecado não havia debilitado tanto o corpo físico. A descrição a respeito daquela geração limitava-se à expressão: “Viveu.... gerou .....morreu”. E isto mostra as consequências mortíferas do pecado, e por mais anos que um homem venha a vive,

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finalmente morre. Não obstante, em meio a lista dos mortais encontrase a esperança de imortalidade através da vida de Enoque - Gn 5.22,24. 4.2 - Corrupção Da Humanidade e a Dor Divina - Gn 6.1-7. Alguns intérpretes defendem que “os filhos de Deus” - Gn 6.2 - eram anjos caídos, que não guardaram seu estado original, mantendo relação sexual com as filhas dos homens, resultando dessa união uma raça de gigantes perversos e monstruosos - Gn 6.4. Mas não há qualquer possibilidade de tal união, pois isso implicaria em outra humanidade. No entanto, por mais interessante que seja essa teoria, ela cria mais problemas do que os resolve, sendo que uma das questões mais complicadas é a união de seres espirituais, sem corpo, com seres humanos de carne e osso - Mt 22.30; Mc 12.25. Mesmo que tais uniões tivessem ocorrido, seria possível a geração de filhos? E por que seriam gigantes? Além disso, como esses “gigantes” (Nefilim, “caídos”) sobreviveram ao dilúvio (Gn 6.4; Nm 13.31-33)? Será que houve outra invasão de anjos caídos depois do dilúvio? Sem dúvida alguma, “os filhos de Deus” eram os descendentes de Sete, e “as filhas dos homens” eram as descendentes de Caim. Havia agora duas classes de homens no mundo, os ímpios e os piedosos - Gn 4.25,26. A linhagem escolhida de Sete perdeu a sua separação e uniuse pelo casamento misto com as mulheres da família ímpia de Caim. Resultado: um estado de impiedade na terra que exigia o juízo de Deus. A corrupção e violência dos homens doeram a Deus e lhe pesava havêlos criado. Deus concedeu a estes homens um prazo de 120 anos para arrepender-se - Gn 6.3. Caso isso não acontecesse, Deus retiraria do 47


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meio deles a presença do Seu Espírito e consequentemente executaria o juízo sobre a raça humana. 4.3 - Noé Constrói a Arca - Gn 6.8-22. Noé constitui um raio de esperança em uma época sombria. Dos descendentes de Sete somente a família de Noé permaneceu fiel a Deus. Ele tornou-se o escolhido por meio de quem a promessa da redenção continuou o seu curso até o seu cumprimento - Gn 5.28,29; 6.8. Seu pai Lameque entesourava em seu coração a promessa de Gn 3.15, pois deu o nome de Noé (descanso, consolo) a seu filho na esperança de que este viesse a ser um libertador, mas nunca imaginou de que maneira Deus cumpriria seu desejo expresso. Noé pregava a justiça de Deus, mas ninguém lhe dava a devida atenção à sua mensagem - Hb 11.7; 2 Pe 2.5; Mt 24.37-39. 4.4 - Deus Limpa a Terra Com o Dilúvio - Gn 7.1 a 8.14. O propósito do dilúvio era tanto destrutivo como construtivo. A linhagem da mulher corria o perigo de desaparecer completamente pela maldade. Deus exterminou a incorrigível raça velha para estabelecer uma nova. A expressão “O Senhor fechou a porta”, significa que o período de graça havia terminado, isto nos fala de salvação e juízo. Noé ficou dentro, protegido, e os pecadores impenitentes foram expostos ao juízo. O dilúvio foi também o juízo contra uma geração que havia rejeitado totalmente a justiça e a verdade. Isto nos ensina que a paciência de Deus tem limites.

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4.5 - Novo Mundo e Os Novos Concertos - Gn 8.15 – 9.17. Noé ao sair da arca entrou em um mundo purificado pelo juízo de Deus. Agora estava ele somente com a sua família e nada melhor do que construir um altar e agradecer a Deus pelo milagroso livramento. Deus estabeleceu uma nova ordem dando provisões básicas pelas quais a vida do homem se regeria na terra depois do dilúvio. Fez também um pacto com Noé prometendo não mais destruir a raça humana e a terra por meio de um dilúvio. 4.6 - Noé Prediz o Futuro De Seus Três Filhos - Gn 9.18-29. Noé, o homem justo perante o mundo, caiu no pecado de embriaguez em seu próprio lar. Os longos anos de fidelidade não garantem que o homem seja imune a tentações novas. Cão, por desonrar seu pai, não cobrindo a nudez deste, mas expondo a seus irmãos e ao seu próprio filho Canaã, fez com que este fosse amaldiçoado. Após este episódio Noé predisse o futuro de seus filhos e apontou Sem como a semente escolhida pela qual Deus abençoaria o mundo através da vinda do Messias - Cristo. 5 – DISPERSÃO DAS NAÇÕES - Gn 10 – 11 5.1 - Rol Das Nações - Gn 10.1-32. O objetivo do escritor sagrado aqui é demonstrar que Deus de um só homem vez toda a humanidade - At 17.26 - e que no seu plano as nações não seriam excluídas para sempre de sua misericórdia. Mediante o povo escolhido seriam benditas e viriam a ser participante da gloriosa salvação que Deus preparou para todos os povos - Gn 12.2,3. 49


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Jafé e seus descendentes ocuparam a Ásia Menor e as ilhas do Mediterrâneo, dando origem aos celtas, citas, medos, persas e gregos. Cão e seus descendentes povoaram as terras da África, Arábia e Palestina. Sem e seus descendentes (os elamitas, assírios, arameus e os antepassados dos hebreus) radicaram-se na Ásia, desde as praias do Mar Mediterrâneo até o Oceano Índico, ocupando a maior parte do terreno entre Jafé e Cão. 5.2 - Torre De Babel - Gn 11.1-9. Após o dilúvio, os descendentes de Noé, liderados por Ninrode - Gn 10.8-10, cujo nome significa “rebelar-nos-emos”, levantaram-se em rebelião contra Deus, construindo a Torre de Babel. O propósito dessa rebelião era organizar uma liga de nações contra Deus. Não satisfeito com esse plano, Deus confundiu a língua dos homens, espalhando-os por diversos países, cumprindo assim a sua promessa de povoar toda a terra - Gn 1.28; 9.1. 5.3 - Genealogia De Sem e De Abraão - Gn 11.10-32. A história das nações gira em torno da genealogia semítica, a linhagem da promessa divina feita por meio de Noé - Gn 9.26. Depois o horizonte se reduz aos antepassados de Abraão. Prepara-se, assim, o caminho para começar a história do povo escolhido de Deus. 5.3.1 - Acerca Da Descendência De Cã Os egípcios foram castigados com diversas pragas, a terra de Canaã foi entregue por Deus 800 anos mais tarde aos israelitas sob Josué, que destruiu muitos e dispersou os restantes que foram para a 50


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África e outros países. As condições atuais do povo africano nós conhecemos. 5.3.2 - Acerca da Descendência De Jafé “Engrandeça Deus a Jafé”, cumpriu-se no extenso e vasto território possuído por ele - todas as ilhas e países do Oeste; e quando os gregos e depois os romanos, subjugaram a Ásia e a África, eles ocuparam as moradas de Sem e de Canaã. 5.3.3 - Acerca da Descendência De Sem “Bendito seja o Senhor, Deus de Sem”, isto é, o Senhor habitaria nas tendas de Sem; dele surgiria o Messias e a adoração ao verdadeiro Deus seria preservada entre a sua descendência, sendo os judeus a posteridade de Sem. Depois do dilúvio os descendentes de Noé, liderados por Ninrode, levantaram-se em rebelião contra Deus e como manifestação disso erigiram a Torre de Babel. Tinham o propósito de organizarem uma liga de nações contra Deus, porém Deus destruiu o seu plano, confundiu a sua língua e os espalhou por diversos países. HISTÓRIA PATRIARCAL - Gn 12 a 50. Na linguagem religiosa e em sentido restrito, o nome patriarca é dado aos três primeiros pais da nação de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Conhecida como era patriarcal, que começa com o nascimento de Abraão na Mesopotâmia e termina com a morte de Jacó no Egito. A história toda compreende uns 300 anos (Gn 12 a 50).

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Quando os patriarcas surgiram na cena (segundo milênio a.C.), as culturas da Mesopotâmia e do Egito já ostentavam um passado milenar. Moisés, ao começar a história patriarcal deixa para trás a história da raça humana em geral para relatar a de uma família. Reúne as lembranças que se conservam dos grandes antepassados da nação de Israel: Abraão, Isaque, Jacó e José. O grande propósito de Deus ao escolher essas pessoas era o de formar um povo que realizasse a sua vontade na terra e que fosse um meio de cumprir o plano da salvação. O período ou era patriarcal começou por volta do ano 2.000 a.C., e durou mais ou menos três séculos (300 anos). Abraão é considerado o pai dos Hebreus. O termo “hebreu” vem da raiz hebraica “avár”, que significa “passar, transitar, atravessar, cruzar”. Esse nome denota viandantes, aqueles que ‘passam adiante’. Isto porque os israelitas por um tempo realmente levaram uma vida nômade. Os hebreus eram pastores e levavam seus rebanhos de lugar em lugar, mudando de pastagem à medida que elas se esgotassem. A primeira referência bíblica acerca do nome hebreu aparece em Gn 10.21, onde o nome Eber foi aparentemente usado para identificar a região ocupada pelo povo que descendia de Sem através de seu bisneto Eber. Abraão é chamado de o “hebreu” (heb. ivrit), que significa “aquele que vem do outro lado” - Gn 14.13. 1 - ABRAÃO - Gn 12 – 25 A promessa de Gn 3.15 passou a Abraão. Deus o separou de seu ambiente pagão e além de promessas pessoais, lhe fez as seguintes promessas nacionais e universais - Gn 12.1- 3: ➢ Que lhe daria uma terra (Canaã) ➢ Que seria o pai de uma nação (Israel) 52


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➢ Que por meio dessa nação, todas as nações seriam abençoadas; ou seja, o Redentor prometido em Gn 3.15, viria de uma nação descendente de Abraão. Um estudo sobre a vida de Abraão, revelará a fé que permeou a vida desse patriarca, seu testemunho de fidelidade o consagrou como o Pai da fé. Sua vida é uma ilustração do tipo de pessoa que receberia a benção prometida em Gn 12.3 e uma profecia da verdade: a salvação vem pela fé (Gl 3.8; Rm 4). A promessa de Gn 3.15 passou a Abraão. Numa terra que descambara para a idolatria e a maldade, Deus muda seus métodos e escolhe a Abraão, separando-o do seu ambiente pagão, Ur dos Caldeus - Js 24.2 - para fazê-lo fundador de um movimento que tinha por objetivo a recuperação e a redenção do gênero humano. Ur dos Caldeus era uma cidade antiga da Mesopotâmia, centro de grande cultura, especialmente devotada à idolatria. Suas principais divindades eram Nanar-Sin (o deus lua) e sua mulher Ningal (a deusa lua), que nos dias de Abraão estavam no auge de sua glória. Nos templos da deusa Ningal havia câmaras e lugares retirados, atraentes, onde as sacerdotisas mantinham relações sexuais com os adoradores. Além dessas sacerdotisas prostitutas, toda moça, esposa ou viúva, pelo menos uma vez na vida tinha que oficiar nesses ritos de prostituição. Foi desse ambiente idólatra e pecaminoso que Deus chamou Abraão e fez dele um instrumento de bênção para todas as nações. Sua primeira prova a qual Deus lhe submeteu foi a separação de sua pátria e de sua família. Tinha de voltar às costas para a idolatria a fim de ter comunhão com Deus.

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1.1 - Breve Resumo Da Vida De Abraão. Sua ida ao Egito - Gn 12.10-20. Sua separação de Ló - Gn 13.5-13. Seu encontro com Melquisedeque e a entrega do dízimo a este - Gn 14.18-20. A incredulidade de Sara - Gn 16.1-16. Aliança entre Deus e Abraão - Gn 17.1-14,23-2. O anúncio do nascimento de Isaque - Gn 17.15-19; 18.1-15. A intercessão de Abraão pela a cidade de Sodoma - Gn 18.16 - 19.38. Abraão nega a Abimeleque que Sara é sua esposa - Gn 20.1-18. O nascimento de Isaque e a despedida de Ismael Gn 21.1-21. O sacrifício de Isaque - Gn 22.1-19. A morte de Sara - Gn 23.1-20. Abraão escolhe uma esposa para Isaque - Gn 24.1-67. Os filhos de Abraão com Quetura - Gn 25.1-6. A morte e o sepultamento de Abraão - Gn 25.7-10. “Em termos gerais, Abraão foi o maior e o mais venerável dos patriarcas. Era amigo de Deus e pai dos crentes; generoso, desprendido, um caráter magnífico e um homem cuja fé em Deus não tinha limites. Abraão morreu aos 175 anos. A expressão... “e foi congregado ao seu povo...” - Gn 25.8,9 -, refere-se ao encontro de Abraão com seus antepassados na habitação dos mortos, chamado Seol. Isto nos ensina que já existia a esperança da imortalidade neste ponto da história bíblica”. 2 - ISAQUE – Gn 21 – 35 Nasceram dois filhos de Abraão: Ismael e Isaque. Isaque foi o filho da promessa. A vida de Isaque foi quieta e sossegada, muito diferente da de seu pai. Contudo ele foi como Abraão, um homem de fé e um instrumento de benção. Seis fatos sobre Isaque: ➢ Seu nascimento – promessa a Abraão e Sara - Gn 15.4; 17.19. ➢ Amarrado sobre o altar de sacrifício - Gn 22.9. 54


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➢ ➢ ➢ ➢

Abraão escolhe uma esposa para ele - Gn 24. Deus renova com ele o pacto feito com seu pai - Gn 26.2-5. Enganado por Jacó - 27.18. Sua morte - Gn 35.28-29. Não se diz muito a respeito de sua vida, além do incidente com Abimeleque e Rebeca, e da contenda a respeito dos poços - Gn 26. Isaque era homem dado à meditação, conciliador, tranquilo e pacífico. Sua vida parece ser apenas um eco da vida de seu pai Abraão. Cometeu os mesmos erros do pai, porém buscou a Deus. Com a exceção do capítulo 26, Isaque sempre ocupa lugar secundário no relato de Gênesis. Não obstante, foi um homem de fé e obediência. Cumpriu o propósito de Deus para sua vida sendo guardião de suas promessas e transmitindo-as a Jacó. Foi um elo necessário para cumprir o pacto feito com Abraão. Isaque herdou de seu pai os imensos rebanhos e manadas; ele prosperou e enriqueceu com a herança de seu pai e de seu trabalho. 3 - JACÓ – Gn 25.19-34; 27– 50.1-13 Nasceram a Isaque dois filhos: Esaú e Jacó. Jacó foi o escolhido como o portador da benção - Gn 25:23. O caráter dos seus dois filhos revela-se pela atitude ante essa promessa - Gn 25:29-34. Jacó é o verdadeiro pai do povo escolhido, nasceram-lhe doze filhos, os quais foram os cabeças das doze tribos. Nota-se que ele é um verdadeiro tipo de nação quanto ao caráter e experiências da mesma. Vejamos alguns fatos relacionados à vida de Jacó como um verdadeiro tipo da nação de Israel, tanto quanto ao caráter, como quanto sua experiência:

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Nota-se que ele é um verdadeiro tipo de nação quanto ao caráter e experiências da mesma, portanto vejamos: ➢ A combinação de esperteza para os negócios e o desejo do conhecimento de Deus. Veja como essas duas características se revelam nas tentativas de Jacó de apoderarse da primogenitura e benção. Lembre-se de que os judeus tem sido a nação religiosa e também a nação dos negócios. ➢ Jacó esteve exilado de sua própria terra mais ou menos vinte anos. Os judeus na sua totalidade estão fora de sua terra a mais de 1900 anos. ➢ Jacó ao ser exilado estava certo de que o Senhor o reconduziria para cumprir a promessa feita a Abraão. Do mesmo modo a restauração de Israel está prometida, são amados por causa de Abraão, Isaque e Jacó - Rm 11:28. ➢ O plano de Deus cumpriu-se por meio de Jacó, apesar dos defeitos de seu caráter. Da mesma maneira sucederá com Israel como nação. Assim como foi transformado o caráter de Jacó, assim também será transformado o dos seus descendentes. 4 - JOSÉ – Gn 37 - 50 A história de José, um jovem de 17 anos, o favorito de seu Pai Jacó, é uma das mais atraentes da Bíblia. José foi favorecido pelo Senhor, que lhe revelou por sonhos que reinaria sobre os outros membros da família. Isso enfureceu a seus irmãos, que o venderam para o Egito onde, depois de muitas adversidades, tentações e anos de espera para o cumprimento da promessa, foi elevado a vice-governador do

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Egito. Quando vieram seus irmãos para comprar cereais e se inclinaram diante dele, seus sonhos se cumpriram. As experiências de José estavam ligadas com o plano de redenção que já mencionamos. Deus permitiu que ele fosse vendido para o Egito e que sofresse a fim de ser elevado e dessa maneira ter a oportunidade de socorrer sua família durante a fome, coloca-la num território onde pudesse tornar-se uma grande nação e passar por diversas experiências até que Jeová a conduzisse à conquista da Terra Prometida - Gn 45.7,8; 50.20. O livro de Gênesis termina com as palavras “num caixão no Egito” - Gn 50.26. José deixou o mundo dando testemunho de sua fé na promessa de que Israel voltaria a Canaã, pois ordenou que seu corpo fosse embalsamado a fim de ser levado para a Palestina. Para os israelitas que estavam no Egito, o caixão de José era um símbolo de esperança.

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CAPÍTULO 02 LIVRO DO ÊXODO A palavra Êxodo vem do grego “exodus”, oriundo da versão Septuaginta, e significa “saída” ou “partida”. O livro é assim chamado porque registra a saída de Israel como povo de Deus da terra do Egito. No hebraico, o nome do livro é “weelleh shemoth”, que significa “estes são os nomes de...”, ou “shemoth”, que significa “os nomes...” - Êx 1.1. Isto é, estes são os nomes dos filhos de Israel que foram para o Egito. Aqui, como em Gênesis, segue o costume hebraico de iniciar o título do livro com as primeiras palavras do próprio livro. A ideia central do livro de Êxodo é a redenção pelo sangue. Em torno dessa ideia concentra-se a história de um povo salvo pelo sangue, amparado pelo sangue e tendo acesso a Deus pelo sangue. Essa redenção se apresenta suprindo todas as necessidades da nação israelita. O material encontrado em Êxodo segue com naturalidade a narrativa do Livro de Gênesis. A palavra, “pois”, em Êx 1.1, une esta narrativa com o relato que a antecede. O material em Êxodo não teria sentido sem os relatos de Gênesis. Depois de breve referência ao que vem antes, o autor descreve uma mudança da situação. O povo de Deus, outrora convidado e protegido de Faraó, tornou-se uma nação de escravos. Jeová incumbe-se de libertar o povo dos que o oprimem e fazer dele uma nação governada pelas instituições e leis de Deus dadas por revelação divina. O Êxodo é um quadro das grandiosas operações de Deus, redimindo e criando um povo para si mesmo.

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1 - ISRAEL E A LIBERTAÇÃO DO EGITO - Êx 1 – 15.21. É impossível deixar de notar a diferença entre o fim do livro de Gênesis e os primeiros versículos de Êxodo em termos de atividade divina. Com sua vida em risco, José dá testemunho da proteção de Deus sobre ele. A história é tanto a respeito de Deus como de José. Tem-se, então, os sete primeiros versículos de Êxodo, cobrindo nada menos que 400 anos. Durante todo esse período, não há qualquer referência explícita à atuação de Deus sem considerar o que fica implícito na preservação e na explosão populacional de Israel no Egito. Não surge ninguém que seja destacado pelas Escrituras. São quatrocentos anos de silêncio. Esse hiato é comparável ao período entre Noé e Abraão. Existem épocas em que Deus está perto - Is 55.6 -, e épocas em que sua presença é velada. Não devemos passar tão rapidamente pelos sete primeiros versículos de Êxodo. Note que Êx 1.1 não começa logo após Gn 50.26. O leitor de Êx 1.1 é, em vez disso, levado de volta no tempo até Gn 46.8 - “E estes são os nomes dos filhos de Israel, que vieram ao Egito”. Ambas as genealogias apresentam os filhos de Jacó como “filhos de Israel”. A linhagem da aliança passa através do novo nome dado a Jacó em Peniel. Aqueles que se multiplicam no Egito são israelitas, não “jacobitas”. Os verbos utilizados no texto de Êx 1.7, a fim de descrever o crescimento de Israel no Egito - “frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles”-, são tão somente o cumprimento das bênçãos e ordenanças de Deus a Adão - Gn 1.28; Noé - Gn 9.1,7; Abraão - Gn 13.16; 15.5; 17.2 e Jacó - Gn 28.14; 46.3. Em certo sentido, portanto, é

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a bênção de Deus sobre seu povo que faz com que Faraó fique preocupado. 1.1 - Deus Suscita Um Líder Para a Libertação De Israel - Êx 1 – 4. 1.1.1 - Israel e a Servidão no Egito - Êx 1.1-22. Entre a morte de José em 1804 a.C., e o início da perseguição de Israel no Egito - Êx 1.11, há um intervalo de quase 300 anos. Nesse intervalo os hebreus no Egito se multiplicaram em centenas de milhares conforme Êx 1.7. O povo israelita, outrora objeto do favor de Faraó, é agora escravo temido e odiado do rei egípcio - Êx 1.8-11. A situação política mudou radicalmente no Egito. Em 1570 a.C., os hicsos, povo que havia ocupado o país durante dois séculos, cujos reis eram solidários com os hebreus, foram expulsos do Egito. Uma nova família de Faraós assentou-se no trono egípcio e o serviço que José havia prestado ao país ficou no esquecimento. Assustado com o crescimento populacional dos hebreus e não querendo que eles se retirassem do país, Faraó com dureza os obriga a servir como escravos. Por que Deus permitiu que Israel fosse tão cruelmente oprimido? Deus queria que nascesse neles o desejo de sair do Egito. 1.1.2 – Moisés: Seu Nascimento e Sua Preparação, Êx 2.1-22. Moisés, nascido em Gósen, no Egito, cerca de 1525 a.C., figura junto a Abraão e Davi como um dos três maiores personagens do Antigo Testamento. Libertador, dirigente, mediador, legislador, profeta, foi, sobretudo um homem de Deus. A mão divina evidência passo a passo na preparação de Moisés: 63


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➢ Moisés foi criado em seu próprio lar - Êx 2.9. Aprendeu com sua mãe Joquebede - Êx 6.20 -, durante os primeiros cinco ou sete anos de sua vida, a ter não somente fé em Deus, mas também simpatia e amor por seu povo oprimido. Sua mãe infundiu-lhe de tal maneira, em sua infância, as tradições de seu povo, que todos os atrativos do palácio egípcio jamais puderam apagar aquelas primeiras impressões - Hb 11.24-27. ➢ Foi educado no palácio do Egito - Êx 2.10; At 7.22. No palácio do Egito Moisés recebeu a melhor educação que o maior e mais culto império daquele tempo oferecia. A filha de Faraó que adotou Moisés em 1525 a.C, foi provavelmente à rainha Hatchepsute que, segundo a tradição hebraica, era casada, mas não tinha filhos e desejava ardentemente ter um filho. Ela era filha do Faraó Totmés I e esposa do Faraó Totmés II (1520-1504 a.C.). ➢ Adquiriu experiência no deserto - Êx 2.15-22. No deserto de Midiã, Moisés, como pastor de ovelhas, aprendeu lições profundas que o ajudariam a governar com paciência e humildade os hebreus durante a peregrinação de 40 anos no deserto em direção à Canaã. Segundo tradições judaicas, Moisés teria escrito o livro de Jó durante seus 40 anos em Midiã.

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1.1.3 – Moisés: Seu Chamado e Sua Comissão - Êx 3 - 4. Moisés foi chamado enquanto pastoreava as ovelhas de seu sogro Jetro, aos pés do monte Horebe ou Sinai. Ele respondeu o chamado de Deus com cinco escusas: Êx 3.11,13; 4.1,10. Em função desses acontecimentos e antes do comissionamento de Moisés, ocorre o episódio da sarça ardente - Êx 3.1-6. O termo hebraico para “sarça”, “sêneh”, só aparece no Antigo Testamento aqui e em Dt 33.16, quando Moisés canta que Deus era “[Aquele] que habitava na sarça (ardente)”. Quão oportuno que as últimas palavras de Moisés registadas nas Escrituras sejam, entre outras coisas, sobre seu primeiro encontro com Deus na sarça ardente! Essa palavra hebraica soa e faz lembrar a palavra “Sinai” (sny e snh). Por duas vezes, Deus apareceu a Moisés de forma incandescente. Primeiro em uma snh (capítulo 3), depois no sny (capítulo 19). Deus costuma aparecer nos locais mais inesperados, como em uma sarça. Foi próximo a um arbusto que Ele apareceu para Agar (Gn 21.15, com uma outra palavra hebraica para “arbusto”, sîah) e foi em um arbusto, ou sarça, que apareceu pela primeira vez a Moisés. 1.1.4 - Moisés tenta esquivar-se de Deus Longe de sentir-se encorajado com sua experiência na sarça ardente, Moisés inventa uma série de desculpas que ele acredita desqualificá-lo como escolha de Deus. Quem sabe Deus cometeu um erro de julgamento? Suas desculpas são: ➢ Incapacidade (ou auto depreciação) - Êx 3.11. ➢ Ignorância - Êx 3.13. ➢ Incredulidade - Êx 4.1.

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➢ ➢ ➢ ➢

Inexpressividade - Êx 4.10. Insubordinação - Êx 4.13, (ARA). Incapacidade - Êx 3.12, (NVI). Incredulidade - Êx 4.2-9.

1.2 - Conflito De Moisés Com Faraó - Êx 5 – 11. 1.2.1 - Moisés e a Dureza De Faraó - Êx 5 – 7.7. Moisés e Arão se apresentaram na sala de audiência de Faraó e lhe comunicaram a exigência do Senhor. Por que Deus exigiu de Faraó somente a permissão de que seu povo fosse ao deserto para celebrar festa por três dias, quando pensava em efetuar sua saída permanentemente? Deus provou o rei com uma petição pequena sabendo com antecedência a dureza de seu coração. Faraó escarneceu deles dizendo que a única razão pela qual desejavam celebrar a festa era estar demasiado ociosos, e tornou pesado o trabalho dos hebreus. A atitude de Faraó não somente deixou os hebreus mais desejosos de sair do Egito, mas também os ajudou a perceber que somente o poder de Deus poderia livrá-los. 1.2.2 - Moisés e As Pragas No Egito - Êx 7.8 - 11.10. As dez pragas que foram permitidas por Deus visavam diretamente aos deuses do Egito e tiveram o objetivo de provar a superioridade do Deus de Israel sobre as divindades do Egito. As pragas foram a resposta de Deus à pergunta de Faraó - Êx 5.2. Cada praga foi um golpe mortal aos deuses egípcios e uma censura à idolatria. A religião do Egito era politeísta, prestavam cultos às forças da natureza tais como o Sol, a Lua, o rio Nilo e também a certos animais e aves.

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Eles acreditavam na imortalidade e Osíris, o deus dos mortos, simbolizava esta esperança. Os sacerdotes embalsamavam os corpos dos Faraós, dos governadores e de pessoas ricas com a esperança de que voltassem a viver no futuro. Esse foi o ambiente no qual viveram os hebreus durante mais de 400 anos - Gn 15.13,14; Êx 12.40. As Dez pragas são registradas: ➢ ➢ ➢ ➢ ➢ ➢ ➢ ➢ ➢ ➢

Êx 7.14-25: Àgua em sangue. Êx 8.1-15: Infestação das rãs. Êx 8.16-19: Insetos (ou piolhos) Êx 8.20-32: Infestação das moscas (os hebreus poupados Êx 8.22). Êx 9.1-7: Peste sobre o gado (os rebanhos dos hebreus poupados - Êx 9.4,6). Êx 9.8-12: Úlceras sobre homens e animais. Êx 9.13-35: Saraiva, trovões e raios (com exceção da área destinada aos hebreus - Êx 9.26). Êx 10.1-20: Infestação de gafanhotos. Êx 10.21-29: Três dias de densas trevas. Êx 11.1–12 .36: Morte dos primogênitos, tanto do povo como do gado (com exceção dos hebreus, caso se preparassem de forma correta - Êx 12.7,13).

1.3 - Israel e a Saída do Egito - Êx 12 – 15.21. 1.3.1 - Israel e a Instituição da Páscoa - Êx 12.1 - 13.16. Em Êx 12, detalha os procedimentos a serem observados durante a Páscoa. Maiores informações podem ser encontradas nos calendários religiosos do Pentateuco: Lv 23.5-8; Nm 28.16- 25; Dt 67


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16.1-8. Nessas três passagens, bem como em Êx 12, a Páscoa é intimamente relacionada à Festa dos Pães Asmos. O Antigo Testamento registra a celebração de cinco páscoas específicas, além do original: os israelitas no deserto - Nm 9.1-14; em Gilgal, depois dos israelitas entrarem em Canaã - Js 5.10-12; a celebrada por Ezequias - 2 Cr 35.1-19; a celebrada no cativeiro - Ed 6.19-22. O termo hebraico para “Páscoa” é pesah. Há também um verbo, pãsah (“passar por cima”), usado por três vezes em Êx 12: “vendo eu sangue, passarei por cima de vós” - Êx 12.13; “o Senhor passará aquela porta” - Êx 12.23; “Este é o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito” - Êx 12.27. Afinal, qual é o significado de “O Senhor passará por cima”? Significa que Deus se desviará das casas que estiverem marcadas pelo sangue? Encontramos uma pista em Êx 12.23: “o Senhor passará aquela porta e não deixará o destruidor entrar em vossas casas para vos ferir”. Aqui, o mais importante é o uso do sangue. Ele devia ser extraído do corpo do cordeiro e espargido nos umbrais e nas vergas das portas - Êx 12.7,13. Não fazê-lo seria um desastre. 1.3.2 - Israel e a Saída do Egito - Êx 12.29-51. Foi necessária a morte dos primogênitos para que Faraó permitisse que os israelitas se retirassem sem impor-lhes nenhuma condição. Os egípcios entregaram joias de ouro e prata, como também roupas aos hebreus e rogaram-lhes que se retirassem rapidamente. O povo de Israel saiu do Egito em completa liberdade como se fosse um exército de conquistadores com seus despojos e não como escravos que fugiam do cativeiro - Gn 15.14; Êx 3.21; 7.4; 12.51. 68


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1.3.3 - Israel e a Travessia do Mar Vermelho - Êx 13.17 - 15.21. A travessia do mar de Juncos (preferível a “mar Vermelho”, o qual não se baseia no texto hebraico, mas no grego erythra thalassa e no latim mare rubrum) é descrita como um milagre. Ler o termo hebraico yam süp como “mar de Juncos” e não “mar Vermelho” reflete o fato de que süp, quando utilizado isoladamente, refere-se a juncos ou bambuzal, como em Êx 2.3: “pondo nela o menino, a pôs nos juncos [süp] à borda do rio”, ou Êx 2.5: “Nisso viu o cesto entre os juncos [süp] e mandou sua criada apanhá-lo” (NlV). O povo de Deus atravessou entre duas paredes de água. Paredes de água que, logo depois, fecharam-se e afogaram os egípcios em fuga. Êxodo 14 se encerra com a seguinte observação: “e temeu o povo ao Senhor e creu no Senhor e em Moisés, seu servo” - Êx 14.31. Tal crença, no entanto, precisava ser expressa em palavras, pois impressão, sem expressão, leva à depressão. No fim do capítulo 14, Moisés é mencionado juntamente com o Senhor, mas, nos cânticos do capítulo 15, Moisés é deixado de lado. Veja A Rota De Israel Do Egito A Canaã.

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2 - ISRAEL CAMINHANDO AO SINAI - Êx 15.22 – 18.27. 2.1 - Israel e as Provações no Deserto - Êx 15.22 - 17.16. Deus tinha vários propósitos ao conduzir o povo Israel pelo deserto: a) Deus colocou os israelitas na escola preparatória do deserto, a fim de que as provações os disciplinassem e adestrassem para conquistarem a terra prometida. Ainda não estavam em condições de enfrentar as hostes de Canaã, nem desenvolvidos espiritualmente para servir ao Senhor uma vez que entrassem na terra prometida. b) Deus desejava que os israelitas aprendessem a depender inteiramente dele. No deserto não havia água e nem alimentos. A única maneira de conseguir estas coisas era recebê-las do Senhor. c) Deus conduziu-os ao deserto para prová-los e trazer à luz o que havia em seus corações. Obedecer-se-iam ou não a Deus - Dt 8.2,3. A viagem de três meses entre Egito e Sinai não foi tranquila, nem para Moisés nem para os israelitas. Durante essa breve fração de seu itinerário, eles passaram por pelo menos quatro crises: as águas amargas de Mara - Êx 15.22-27; a falta dos víveres necessários - Êx 16.1-36; a falta de água para beber em Refidim - Êx 17.1-7; a invasão dos amalequitas - Êx 17.8-16.

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2.2 - Moisés e os Conselhos de Jetro Seu Sogro - Êx 18.1-27. Jetro com toda sua experiência de vida no deserto deu sábios conselhos a Moisés quanto à organização e distribuição de tarefas entre o povo de Israel. A visita do sogro de Moisés, Jetro, ao acampamento israelita - Êx 18.5-, foi incentivada pelos rumores de que Deus havia retirado Israel do Egito. Tal qual a rainha de Sabá, que visitou Salomão, Jetro precisava confirmar a veracidade dos rumores. Moisés mostra-se mais do que ansioso em testemunhar - Êx 18.8. Seu testemunho fez com que Jetro louvasse ao Senhor. O sogro de Moisés ainda firmou um novo e mais profundo compromisso de seguir a Jeová. Temos aí o contexto de um Moisés sobrecarregado. Jetro sugeriu que ele delegasse autoridade e não tentasse fazer tudo por conta própria. Felizmente, Moisés aceitou de bom grado a proposta de Jetro. Ele resolveria as questões mais complicadas e as mais comuns seriam solucionadas por seus representantes. A narrativa se encerra com Jetro dando adeus a seu genro e voltando a Midiã. 3 - ISRAEL NO MONTE SINAI - Êx. 19 – 40. Depois de viajarem por três meses, os hebreus chegaram ao monte Sinai, não raro identificado com Jebel Musa (em árabe, “a montanha de Moisés”), com 2.300 metros de altura. Por diversas vezes, Moisés subiu e desceu essa montanha: “E subiu Moisés a Deus” - Êx 19.3, Moisés voltou” - Êx 19.7, NVI; “E relatou Moisés” - Êx 19.8

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(implícito); Então, Moisés desceu” - Êx 19.14; “e Moisés subiu” - Êx 19.20; "Então, Moisés desceu” - Êx 19.25. Apesar de terem chegado ao Sinai em Êx 19.1, os israelitas não iriam partir até Nm 10.11,12. Chegaram “ao terceiro mês” - Êx 19.1, após partirem do Egito. Nm 10.11 relata que os israelitas partiram do Sinai “no segundo ano, no segundo mês, aos vinte do mês”. Ou seja, o acampamento aos pés do Sinai durou cerca de onze meses. Seguramente, trata-se de um grande e importante momento nas vidas do povo de Deus. Os eventos narrados no Pentateuco cobrem 2.706 anos. Dentre quase três mil anos, apenas onze meses foram passados no Sinai. Ainda assim, esse período abarca quase um terço do Pentateuco. 3.1 - Israel e o Pacto da Lei - Êx 19 – 24. Israel chegou ao monte Sinai depois de uma viagem de três meses após sua partida do mar vermelho - Êx 19.1. Ali permaneceu quase um ano - Nm 10.11. Ao pé do monte Sinai Israel recebeu a Lei e fez um pacto ou aliança solene com o Senhor - Êx 24.1-18. A nação foi organizada e recebeu Deus como seu Rei. Esta forma de governo ficou conhecida como teocracia. A aliança estabeleceu com o Decálogo as leis para uma vida santificada - Êx 19.3-24.8; o lugar para a adoração - Êx 24.9 – 40.38 (o Tabernáculo); e a instrução para um viver santo - Lv 1.1 – 27.34 (com a organização do Sacerdócio, a instituição das ofertas e as observâncias das festas e estações do ano). Tudo isso capacitava a Israel para servir a Deus de uma forma efetiva. A religião dos hebreus foi uma religião revelada. Durante séculos os israelitas tinham sabido que Deus fez um pacto com Abraão, 72


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Isaque e Jacó, ainda que experimentalmente não tivessem sido conscientizados de seu poder e manifestações feitas em seu nome. Deus realizou um propósito deliberado com esta aliança ao liberar a Israel do cativeiro egípcio e da escravidão - Êx 6.2-9. No monte Sinai Deus se revelou a si mesmo ao povo de Israel. A experiência de Israel e a revelação de Deus naquele acampamento estão registradas em Êxodo 19 até Levítico 27. 3.2 - Calendário e as Festas em Israel. O calendário judaico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo judaico, chamado Rosh Hashaná, acontece no primeiro ou no segundo dia do mês hebreu de Tishri, que pode cair em setembro ou outubro. Os anos comuns, com doze meses, podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os bissextos, de treze meses, 383, 384 ou 385 dias. A vida judaica está repleta de tradição religiosa, e é celebrado um ciclo anual de feriados judaicos. Em 2017 estamos no ano de 5777 a partir da criação do mundo. Os hebreus celebravam e ainda hoje celebram várias festas sagradas no decorrer do ano às quais denominam “santas convocações” (literalmente, “os tempos fixados de reunir-se”). No Antigo Testamento, essas festas eram ocasiões de um dia ou mais de duração em que os israelitas suspendiam seus trabalhos a fim de reunir-se jubilosamente com o Senhor. Ofereciam-se sacrifícios especiais segundo o caráter da festa (Nm 28, 29) e se tocavam as trombetas enquanto eram apresentados os sacrifícios de holocausto e de paz. Essas festas foram instituídas como parte do pacto no monte Sinai - Êx 23.14-19. Todos os varões israelitas eram obrigados a ir a Jerusalém anualmente a fim de participar das três 73


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festas dos peregrinos: Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos. Veja o calendário anual dos Judeus. Atualmente as datas das festas religiosas dos judeus são móveis, pois seguem um calendário lunisolar. As principais festas são: a) Purim - Os judeus comemoram a salvação de um massacre elaborado pelo rei persa Assucro; b) Páscoa (Pessach) - Comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no Egito, em 1445 a.C; c) Shavuót - Celebra a revelação da Torá ao povo de Israel, por volta de 1445 a.C; d) Rosh Hashaná - É comemorado o ano novo judaico; e) Yom Kipur - Considerado o dia do perdão; f) Sucót - Refere-se à peregrinação de 40 anos pelo deserto, após a libertação do Egito; g) Chanucá - Comemora-se o fim do domínio sírio e a restauração do templo de Jerusalém pelos os macabeus, é festa das luzes; h) Simchat Torá - Celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés. 3.3 - Israel e o Pacto Violado e Renovado - Êx 31.18 – 34.35. Os capítulos 32 a 34 formam um parêntese na história da construção do tabernáculo e seguem cronologicamente o relato do concerto da Lei. Convém-nos considerá-los antes de começar o estudo do tabernáculo. Menos de quarenta dias depois de haver prometido solenemente que guardariam a Lei - Êx 24.3,7-, os israelitas quebraram a aliança com o Senhor mediante a adoração ao bezerro de ouro - Êx 32.1-10. 74


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Em Êx 32 vemos a forma como Arão e os israelitas, na ausência de Moisés, fizeram um bezerro de ouro aos pés do monte Sinai, em um ato de evidente apostasia. Eram as mesmas pessoas que há pouco tinham dito, não uma, mas duas vezes: “todas as palavras que o Senhor tem falado, faremos” - Êx 24.3, 7. Crentes convertidos e comprometidos caíram em desgraça, quase que da noite para o dia. Sua declaração de obediência fora esquecida. Se não fosse à intervenção de Moisés, Deus teria destruído a nação de Israel - Êx 32.11-34. Após Moisés escrever pela segunda vez os Dez mandamentos, Deus renova novamente o pacto com seu povo Êx 34.1-35. 3.4 - Construção do Tabernáculo - Êx 25 - 31.17; 35 - 40. A partir das descrições apresentadas nesses capítulos de Êxodo, podemos tecer as seguintes observações acerca do Tabernáculo: As orientações de Deus para Moisés podem ser separadas em dois grupos: os planos para o Tabernáculo - Êx 25.1—27.19 -, e o funcionamento do Tabernáculo - Êx 27.20—30.38. O altar do incenso está no segundo grupo por ser descrito segundo sua função - Êx 30.7,8. A mesma explicação se aplica ao fato de a pia no pátio ser descrita apenas nos capítulos 26—31 - Êx 30.17-21 -, quando sua utilização e propósito são esclarecidos. Vejamos os propósitos do tabernáculo: ➢ Proporcionar um lugar onde Deus habite entre seu povo - Êx 25.8; 29.42-44; Nm 7.89. ➢ Ser o centro da vida religiosa, moral e social da nação de Israel - Nm 2.17; Ez 5.5. ➢ Representar grandes verdades espirituais que Deus desejava gravar na mente do povo, tais como sua majestade e 75


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santidade, sua proximidade e a forma de aproximar-se de um Deus santo. 3.5 - Correspondências entre o Monte Sinai e o Tabernáculo Afora a conexão entre o Tabernáculo e a Criação, que correlação poderia existir entre o Sinai e o Tabernáculo? Em primeiro lugar, o Tabernáculo perpetua o monte Sinai. Ao fim da revelação no Sinai, lemos: “e a glória do Senhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias” - Êx 24.16, quando o Tabernáculo foi concluído, “a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo” - Êx 40.34. A presença de Deus, que se manifestara uma vez no Sinai, agora estava sobre o Tabernáculo. Em segundo lugar, o Tabernáculo é uma versão ainda mais intensa do monte Sinai. No cume do monte, Moisés “entrou no meio da nuvem” - Êx 24.18, mas, quando a mesma glória divina envolveu o Tabernáculo, Moisés “não podia entrar na tenda da congregação” - Êx 40.35. No Sinai, foi possível entrar na presença divina; no Tabernáculo, a presença de Deus foi inicialmente impenetrável. Em terceiro lugar, o Tabernáculo completa o monte Sinai. O Sinai foi um casamento, o início de uma relação, após o qual os cônjuges devem começar a viver juntos. No monte, Deus disse: “Eu os escolhi”; no Tabernáculo, Deus disse: “E habitarei no meio dos filhos de Israel e lhes serei por Deus” (Êx 29.43-46). É claro que é exatamente essa presença divina que traz santidade ao Tabernáculo; não o ouro, os tecidos caros ou a presença dos levitas. O Tabernáculo só é santo por ser o local de habitação de um Deus santo. Se Deus partisse, a santidade findaria.

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Em quarto lugar, o Tabernáculo é um prolongamento do monte Sinai. Os israelitas não têm como levar o monte consigo ao levantar acampamento, mas podem carregar uma tenda transportável. Assim, deixar o Sinai para trás não significa abandonar o Deus do Sinai. O Deus, cuja presença no Sinai ficava restrita ao cume e envolta em nuvens, seria agora o Deus que habita no meio de seu povo. 3.6 - Inauguração do Tabernáculo - Êx 40. Quando Moisés terminou a obra a nuvem que havia guiado a Israel veio sobre o tabernáculo como uma manifestação visível da presença de Deus e aí permaneceu - Êx 40.1-38. Assim o livro de Êxodo termina com o cumprimento da promessa de Deus: “E habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por Deus” - Êx 29.45. Planta Baixa do Templo:

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Animação da Área do Templo:

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CAPÍTULO 03 LIVRO DE LEVÍTICO O terceiro livro da Torah ou Pentateuco é o Levítico. Em grego, na Bíblia Septuaginta, é “Levitikon”. Em hebraico o livro é intitulado, em letras hebraicas, ‫ויקרא‬, que é transliterado “wayyiqra” ou wayyiqrei (“E ele chamou”) e que pode ser pronunciado assim: “vaiicrá”. Significa “e chamou”. De fato, no início do livro lemos: “E o SENHOR chamou Moisés…” - Lv 1,1. Ele chama Moisés e propõe a ele diversas leis e normas de comportamento. O Livro trata das leis relacionadas com os ritos, sacrifícios e serviço do sacerdócio levítico. 1 - LEIS REFERENTES ÀS OFERTAS - Lv 1 – 7. Os sacrifícios foram instituídos como meios pelos quais o povo pudesse manifestar a sua adoração a Deus. Como a revelação era o meio que Deus usava para aproximar-se de seu povo, assim o sacrifício era o meio pelo qual o povo podia aproximar-se de Deus. Ninguém se apresentava perante Deus de mãos vazias - Êx 34.20; Dt 16.16. A lei não admitia mais do que estas cinco espécies de animais como aptas para o sacrifício: a vaca, a ovelha, a cabra, a pomba e a rola. Estes eram animais limpos. O animal imundo não podia ser símbolo do sacrifício santo do Calvário. Só eram sacrificados animais domésticos porque eram estimados por seus donos, caros e submissos. De outro modo não poderiam ser figura profética daquele que “como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca” Is 53.7. O animal tinha de ser propriedade do ofertante. Finalmente,

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devia ser sem mancha, simbolizando desse modo o Redentor sem mácula. Cinco são as ofertas descritas no livro de Levítico: 1.1 – Holocausto - Lv 1.3-17. O termo holocausto no hebraico é olah e no grego é olokaútoma ou olokaútosis, que significa “fazer subir” ou “aquilo que sobe” para Deus como cheiro suave. O sacrifício era literalmente queimado para o Senhor. Isto significava a inteira consagração do ofertante ao Senhor Deus. Todas as manhãs e tardes se ofereciam um cordeiro em holocausto para que Israel se lembrasse de sua consagração ao Deus Todo poderoso - Êx 29.38-42. No Holocausto vemos que após o animal ser oferecido, imolado, esquartejado, limpo e dessangrado, partes específicas do animal, ou mesmo ele inteiro, são colocadas sobre o altar e queimadas - Lv 1.9,13,17; 3.5,11,16: 4.10,19,26,31,35. O mesmo é válido para a oferta de manjares - Lv 2.2,9,16. 1.2 - Oferta de Manjares ou de Cereais - Lv 2.1-16. Constituía-se de farinha, pães ou grãos. Significava a consagração a Deus dos frutos do labor humano. O ofertante reconhecia que Deus havia provido seu alimento. Oferecia-se o melhor para o Senhor. Essa oblação que em hebraico significa aproximação ensina também aos crentes que lhes cabe sustentar os que ministram as coisas sagradas - 1 Co 9.1-14. 1.3 - Oferta Pacífica - Lv 3.1-17. Era uma oferta completamente voluntária. Parte do animal sacrificado era comida pelo sacerdote e sua maior parte era comida pelo 82


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ofertante e seus convidados em um banquete de comunhão no recinto do tabernáculo. Esta oferta mostrava a comunhão do ofertante com Deus e com o próximo. O sacrifício ou oferta pacífica cumpriu-se em Cristo - Ef 2.14-16. A oferta pacífica é singular. Trata-se do único sacrifício em que a carne é utilizada de diversas formas. Uma parte é incinerada sobre o altar - Lv 3.3-5 - e outra é dada aos sacerdotes - Lv 7.31-35. 1.4 - Oferta Pelo Pecado - Lv 4.1 - 5.13. Esta oferta destinava-se a expiar os pecados cometidos por ignorância e erro, inclusive faltas tais como se recusar a testificar contra um criminoso diante de um tribunal ou jurar levianamente - Lv 5.1-4. Havia diferentes graus nos sacrifícios segundo a categoria do ofertante. Embora Deus exija a mesma santidade em todos, nem todos têm a mesma luz e responsabilidade. O sumo sacerdote ou a congregação oferecia um novilho, o animal mais caro. O governador oferecia um bode; e uma pessoa do povo oferecia uma cabra ou cordeirinha. Os pobres ofereciam duas rolas ou pombinhos, e os muitos pobres, uma medida de farinha que era queimada sobre o altar. 1.5 - Oferta Pela Culpa - Lv 5.14 – 6.7; 7.1-7. Esta oferta era oferecida em caso de violação dos direitos de Deus ou do próximo, tais como descuido no dízimo, pecados relacionados com a propriedade alheia e furto. O ofensor que desejasse ser perdoado confessava com restituição ao defraudado e adicionado a isso uma quinta parte como multa tirada de suas possessões.

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Se não fosse possível fazer a restituição ao defraudado ou a algum parente dele, tinha de entregá-lo ao sacerdote - Nm 5.6-8. Ainda se exigia do ofensor o sacrifício de um carneiro sem defeito como sinal de pesar e de arrependimento. A oferta de um animal caro e estimado simbolizava o alto preço do pecado e reavivava o sentido de responsabilidade perante Deus. 2 - LEIS REFERENTES AO SACERDÓCIO - Lv 8 – 10. Estes capítulos registram a consagração de Arão, seus filhos e a sua iniciação no ofício sacerdotal. Considerando que Deus desejava que Israel fosse uma nação santa - Êx 19.6-, nomeou a Arão e seus filhos, ambos da tribo de Levi, para constituírem o sacerdote. A vocação sacerdotal era hereditária, isto é, os sacerdotes repassavam o ofício aos seus filhos. Os levitas eram os ajudantes dos sacerdotes - Nm 3.5-13. Os sacerdotes tinham como função servir como mediadores entre o povo e Deus, consultar a Deus para discernir a vontade divina para ao povo - Nm 27.21; Dt 33.8 -, ser interpretes e mestres da Lei ensinando ao povo os estatutos do Senhor - Lv 10.11- e ministrar nas coisas sagradas do tabernáculo. O sumo sacerdote era o mais importante. Era o único que entrava uma vez por ano no lugar santíssimo para expiar o pecado do povo. Só ele usava o peitoral com os nomes das tribos de Israel e atuava como mediador entre toda a nação e Deus. Somente o Sumo Sacerdote tinha o direito de consultar ao Senhor por Urim e Tumim. Veja o desenho abaixo:

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2.1 - Consagração de Arão e Seus Filhos - Lv 8 - 9. As cerimônias da consagração incluíam a lavagem com água - Lv 8.5,6; o vestir de roupas sacerdotais - Lv 8.7-9; a unção com óleo - Lv 8.10-13; a oferta de sacrifícios e a aspersão de sangue. Tais ofertas são especificamente pelo pecado, holocaustos, e ofertas pacíficas ou 85


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pela ordenação, nessa ordem, - Lv 8.14-29. As instruções para essa cerimônia e investidura são encontradas em Êx 29 e a cerimônia ocorre em Lv. 8. 2.2 - Pecado de Nadabe e Abiú - Lv 10.1-11. Os filhos de Arão em vez de usarem fogo tirado do altar do holocausto para os seus incensários - Lv 16.12; Nm 16.46 -, usaram fogo estranho ou comum perante o Senhor - Êx 30.7-9. Provavelmente havia inveja e rivalidade entre eles porque ambos ofereceram incenso simultaneamente. O sumo sacerdote ou um sacerdote comum podia oferecer incenso, mas parece que não se permitiam que dois oficiassem juntos - Lc 1.5,9. Nadabe e Abiú por não demonstrarem reverência, respeito e cuidado em administrar as coisas sagradas foram fulminados diante da presença de Deus - Lv 10.2. 3 - LEIS REFERENTES À PURIFICAÇÃO - Lv 11 – 22. Israel era uma nação que estava sob o governo teocrático de Deus. Necessariamente, a legislação divina se ocupou com a vida social e religiosa do povo. Do capítulo 11 ao 15 de Levítico, dar-se maior ênfase à pureza cerimonial do que a pureza moral. Isto não significa que a impureza moral seja de pouca importância; desobedecer a Deus é pecado, seja no cerimonial, seja no moral. As regras referentes à pureza e à impureza tinham como propósitos ensinar a santidade, como também conservar a saúde do povo israelita. Como nação santa, separada dentre as demais nações, Israel precisava de:

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3.1 - Alimentos Santos - Lv 11. Antes do dilúvio já havia uma distinção entre animais puros e impuros - Gn 7.2. Moisés legislou sobre essa distinção. Baseava-se, em parte, na salubridade deles como alimento e, em considerações de ordem religiosa, destinada a servir como um dos sinais de separação entre Israel e as outras nações. Uma vez que Cristo nos libertou da lei cerimonial do antigo pacto e estamos sob o novo pacto, não nos vemos obrigados a cumprir as regras levíticas - Mc 7.19; Cl 2.13-16,20-23; 1 Tm 4.4,5. 3.2 - Corpos Santos - Lv 12 a 15. As leis referentes à purificação da mulher, do leproso, da imundícia do homem e da mulher tinham como finalidades a restauração de ambos perante a congregação e o culto a Deus. 3.2.1 - Impureza Oriunda do Parto - Lv 12. Esse capítulo lida com os procedimentos a serem seguidos pela mãe após o nascimento de seu filho. Em primeiro lugar, ela deve ficar isolada por uma semana - Lv 12.2-; após a circuncisão da criança, permanece isolada por mais um mês - Lv 12.4. Ao findar o prazo, a tenda da congregação é sua primeira parada - Lv 12.6. 3.2.2 – Lepra - Lv 13 e 14. Dois capítulos inteiros de Levítico são dedicados à lepra, seu diagnóstico (Lv 13) e purificação (Lv 14). Podemos seguramente supor que a palavra “lepra” é um termo genérico que abrange diversas

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doenças de pele, sendo que grande parte não oferecia risco de contágio. O fato de que a doença em questão, pode afetar tanto roupas como construções parece implicar uma variedade de significados, incluindo até mesmo fungos, micoses e putrefação dos tecidos. É importante notar que o objetivo desse ritual não é limpar a doença, mas testificar que ela (a doença) já foi curada. 3.2.3 - Impurezas e Dejetos Humanos - Lv 15. Essa seção de Levítico trata, de forma específica, do que é expelido pela região genital. ➢ Emissões anormais masculinas - Lv 15.1-15. ➢ Emissões normais masculinas - Lv 15.16-18. ➢ Emissões normais femininas - Lv 15.19-24. ➢ Emissões anormais femininas - Lv 15.25-33. Observe que, para a segunda e terceira emissões, um banho é suficiente para remover a impureza - Lv 15.18,21. No caso da primeira e da quarta, é preciso haver uma oferta de sacrifícios - Lv 15.14,15,29,30, com rituais diferentes para o homem e a mulher. 3.3 - Santidade Renovada Anualmente - Lv 16. Anualmente a nação de Israel no dia da expiação renovava sua comunhão com Deus. Talvez não seja incidental o fato de que a expressão hebraica para “Dia da Expiação” é literalmente “dia de expiações”. A expiação se aplica a três áreas nesse capítulo: o sumo sacerdote, o santuário e o povo. Utilizando-se de repetições, pelo menos no que diz respeito às frases principais, Lv 16 enfatiza alguns conceitos de extrema importância. Antes que ocorra qualquer cerimônia relacionada à 88


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redenção, o sumo sacerdote deve tratar de seus próprios pecados - Lv 16.6,11,17,24. É interessante observar que não somente pessoas, mas até objetos inanimados precisam de expiação nesse dia. Veja os seguintes versículos - Lv 16.16-20,33; 3.4 - Culto Santo - Lv 17. O tabernáculo era o local onde o povo oferecia suas ofertas consagradas a Deus. Como não podia deixar de ser, essa parte de Levítico, que lida com a prática da santidade, começa com algumas regras alimentares. A sucessão entre os capítulos 16 e 17 parece ser proposital. Em primeiro lugar, ambos destacam a utilização do sangue de um animal. O capítulo 16 trata da mais sagrada utilização para o sangue: introduzi-lo no Santo dos Santos. O capítulo 17 fala de seu uso mais profano: ingeri-lo ao comer carne. Em segundo lugar, Lv 16.29 é o primeiro versículo do livro a afirmar que o assunto em questão diz respeito a todos: “nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós”. Apesar da mesma frase, ou algo semelhante, aparecer em Lv 18-25, é no capítulo 17 que ela aparece com mais frequência - Lv 17.8,10,12,13,15. 3.5 - Moralidade Santa - Lv 18.1-30. Era necessário que Israel fosse irrepreensível diante das demais nações e diante de Deus. A legislação nesta seção abrange ampla gama de assuntos. Revela até que ponto a lei tinha o propósito de regular todos os aspectos da vida humana. Para quem estava em relação de concerto com o Senhor não havia parte da vida isenta do domínio divino. 89


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➢ Onde Obtemos Os Padrões? Lv 18.1-5. ➢ Padrões Sexuais - Lv 18.6-23. ➢ Aviso Ao Povo Do Concerto - Lv 18.24-30. 3.6 - Costumes e Vestuários Santos - Lv 19 – 20. Israel era um povo separado para Deus, por isso seus costumes eram diferentes dos demais costumes dos outros povos - Et 3.8. ➢ Santidade e Algumas Leis Diversas - Lv 19.1-37. ➢ Moloque, Ocultismo, Pais e Aberrações - Lv 20.1-27. 3.7 - Santidade Dos Sacerdotes - Lv 21.1-22.33. A chave para esta seção está em Lv 21.6,8. Os sacerdotes tinham de ser santos ao Senhor, porque eles apresentavam as ofertas a Deus - Lv 21.6. 4 - LEIS REFERENTES AS FESTAS SOLENES - Lv 23 – 24. 4.1 - Sábado ou Dia de Descanso - Lv 23.1-3. O dia de repouso era a primeira festa no calendário sagrado. Nesse dia Israel lembrava seu Criador e o fato de que Ele descansou de sua obra criadora no sétimo dia - Gn 2.2 - como também lembrava sua escravidão do Egito e que agora eles poderiam dedicar a Deus um dia da semana - Dt 5.12-15. Toda a nação devia observá-lo estritamente ou sofrer a maldição de Deus - Êx 31.14. Esta é a única festa do antigo pacto que se observa no Cristianismo, mas o dia de sua observância foi mudado para o primeiro dia da semana - At 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10.

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O sábado era um sinal especial do concerto de Deus com Israel (Êx 20.8-11; 31.12-17), embora não fosse desconhecido antes do Decálogo. Gênesis retrata que o sábado está baseado no padrão divino registrado na criação (Gn 2.1-3). 4.2 - Páscoa e a Festa dos Pães Asmos - Lv 23.5-8. A festa da Páscoa e Pães Asmos era uma das três convocações anuais (páscoa, pentecoste, tabernáculo) em que todos os homens hebreus tinham de ir a Jerusalém a fim de participar de sua observação. Celebrava-se a saída do Egito e a redenção efetuada com o cordeiro pascal - Êx 12.1 – 13.10; 1 Co 5.7. A duração da páscoa era de um dia. O primeiro dia após a páscoa celebrava-se a festa dos pães asmos que durava sete dias. 4.3 - Festa das Primícias - Lv 23.10-14. No primeiro dia da semana depois da páscoa, um feixe ou molho da colheita das primícias era movido pelo o sacerdote perante o Senhor. Era um reconhecimento de que o fruto da terra provinha de Deus. A oferta das primícias era um tipo da ressurreição de Cristo - 1 Co 15.20. 4.4 - Festa das Semanas ou Pentecostes - Lv 23.15-22. Cinquenta dias após a páscoa era celebrada a festa da colheita. No quinquagésimo dia eram trazidos ao Senhor dois pães com fermento para serem movidos perante Ele. Esta festividade marcava o fim da colheita do trigo - Êx 23.16, e se ofereciam às primícias do

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sustento básico dos israelitas, reconhecendo Deus como seu Sustentado, o Doador de toda boa dádiva. 4.5 - Festa das Trombetas ou Lua Nova - Lv 23.23-25; Nm 28.1115; 29.1-6. O tocar das trombetas proclamava o começo de cada mês, o qual se chamava lua nova - Nm 10.10. Observava-se a lua nova oferecendo sacrifícios pelo pecado e holocausto acompanhados de oblação de presente. O primeiro dia do sétimo mês do ano religioso estava destinado à festa das trombetas. Marcava o fim da estação da colheita e o primeiro dia do ano novo do calendário civil. Esta festa tinha início com toques de trombetas. 4.6 - Dia da Expiação - Lv 16; 23.26-32. Este era o dia mais importante do calendário judaico. Era mais jejum do que festa. No dia da expiação, o sumo sacerdote reunia todos os pecados de Israel acumulado durante o ano e os confessava a Deus pedindo perdão. Somente ele podia entrar no lugar santíssimo e fazer expiação sobre o propiciatório da arca. Fazia-o somente uma vez por ano, e isto no dia da expiação. 4.7 - Festa dos Tabernáculos - Lv 23.33-43. Era a última festa do ano, e durava oito dias. Comemoravase o fim da época da colheita e também a peregrinação no deserto quando os israelitas habitaram em tendas, depois da saída do Egito. No último dia da festa, celebrava-se a provisão sobrenatural de água no deserto - Jo 7.37-39. Esta festa vinha depois da colheita - Lv 23.39, tipo 92


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do regozijo dos santos na presença do Senhor, depois do arrebatamento da Igreja. Observe a sequência típica das festas – como elas manifestam a história da redenção: ➢ A Páscoa – A morte e crucificação de Cristo. ➢ As Primícias – A ressurreição de Cristo. ➢ O Pentecostes – O derramamento do Espírito Santo. ➢ As trombetas – O arrebatamento dos vivos e a ressurreição dos mortos em Cristo. ➢ Tabernáculos – A nossa morada na presença do Senhor depois do arrebatamento da Igreja. 4.8 - Lugar Santo e o Nome Santo - Lv 24. Em relação ao Tabernáculo, dois pontos são mencionados. O primeiro é a necessidade de se utilizar azeite puro na iluminação do Tabernáculo - Lv 24.1-4. O segundo são os pães da propiciação que, consistindo em 12 pães de trigo (pelas doze tribos) arrumados em duas fileiras de seis unidades, deviam ser substituídos todo Sábado - Lv 24.59. Vemos então a história de um homem mestiço que blasfemou contra o Nome - Lv 24.10-16. Tal infração exigia pena de morte, a qual era aplicada pela comunidade e não por um verdugo encapuzado - Lv 24.14,16.

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5 - LEIS REFERENTES À TERRA - Lv 25 – 27. 5.1 - Ano Sabático - Lv 25.1-7. Os israelitas deviam passar um ano em cada sete anos sem semear nem colher. A terra devia descansar. O que ela produzisse espontaneamente naquele ano seria para todos. Deus daria colheitas abundantes no sexto ano para que não fosse necessário trabalhar no ano seguinte - Lv 25.18-22. Era um ano de perdão para os pobres e de liberdade para os escravos - Êx 21.2-6; Dt 15.1-11. O ano não era de ociosidade para Israel, pois os sacerdotes e levitas deviam ensinar a lei ao povo - Dt 31.10-13. Não há indício de que a nação de Israel tenha observado essa lei, e esse desacato ou desobediência foi um dos motivos que levou Israel ao cativeiro babilônico - Lv 26.34,35; 2 Cr 36.21. A observância do sétimo ano - Lv 25.4 - ilustra o direito de Deus sobre o tempo de Israel e a exigência de que Israel confie nele para a provisão de suas necessidades. Flávio Josefo declara que este ano sabático foi observado durante os dias de Alexandre, o Grande (Antiguidades Judaicas, XI, viii, 6) e no tempo do rei Herodes (XIX, xvi, 2). Tácito também se refere a essa prática em sua obra intitulada História. 5.2 - Ano do Jubileu - Lv 25.8-55. Era o ano sabático celebrado de cinquenta em cinquenta anos, a começar no dia da expiação. Nesse tempo dava-se a terra o descanso de cultivo; todas as dívidas eram perdoadas, todos os escravos hebreus eram postos em liberdade, e todas as propriedades eram restituídas aos seus antigos donos.

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O propósito do jubileu era evitar a escravidão perpétua dos pobres e a acumulação de riquezas pelos ricos e também preservar a distinção entre as tribos e suas possessões. Este ano tinha de começar no mês sétimo, aos dez do mês, no Dia da Expiação - Lv 25.9 - com o soar da trombeta do jubileu. Tinha de ser ano de soltura e liberdade na terra a todos os seus moradores - Lv 25.10. A terra e o povo recebiam um sábado (descanso), e todas as propriedades que foram alienadas do dono original seriam devolvidas. 5.3 - Dois Caminhos - Lv 26. Os dois caminhos são uma comparação entre o estilo de vida que traz as bênçãos de Deus - Lv 26.3-13 -, versus o estilo de vida que traz a ira de Deus - Lv 26.14-46. Levítico 26 poderia ser chamado de o “apelo” de Levítico. Esse capítulo funciona para Levítico tal qual Deuteronômio 27 e 28 funciona para Deuteronômio. As bênçãos possuem três aspectos: chuva suficiente para a colheita - Lv 26.4; paz na terra - Lv 26. 6 - e, acima de tudo, a presença de Deus - Lv 26.11. A ira de Deus inclui circunstâncias que vão de enfermidades e doenças Lv 26.16, até a guerra - Lv 26.23-29 -, cujas consequências são pragas, fome e canibalismo. 5.4 - Votos Religiosos - Lv 27. Seria mais exato dizer que esse capítulo lida com o cancelamento de votos religiosos, não sua feitura. Existe então espaço na fé do Antigo Testamento para uma “dessantificação” legítima? Esse capítulo responde que, em certos casos, sim. ➢ Pessoas podem ser resgatadas (Lv 27.1-8).

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➢ Somente animais impuros podem ser resgatados (Lv 27.913), mas não animais puros que podem ser ofertados. ➢ Casas podem ser resgatadas (Lv 27.14,15). ➢ Terras podem ser resgatadas (Lv 27.16-25). ➢ Somente os primogênitos impuros podem ser resgatados (Lv 27.26,27). ➢ Nenhuma “coisa consagrada” (pessoa, animal ou terra) pode ser resgatada (Lv 27.28,29). ➢ O dízimo das colheitas pode ser resgatado, mas não o dízimo dos animais (Lv 27.30-33), pois podem ser oferecidos ao Senhor (como no item 2).

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CAPÍTULO 04 LIVRO DE NÚMEROS O título Números vem da versão grega Septuaginta com o termo de arithmoi que significa números. O livro recebeu este nome porque trata do registro dos dois censos e da peregrinação de Israel no deserto antes de entrar em Canaã. O título Números no hebraico é midbar ou bemidbar, que significa “deserto” ou “no deserto” - Nm 1.1. Midbar significa lugar ou deserto aonde se conduz rebanhos. Bemidbar vem dos termos hebraicos beit (casa), que tem o desenho da planta baixa de uma tenda nômade, o que traz a ideia de estar dentro de casa; e midbar (deserto). Quando juntamos Bemidbar, temos uma casa “no deserto”. Isto é, Israel, durante 40 anos de peregrinação teve sua casa, sua tenda armada no deserto. No caso do livro de Números segue o costume judaico antigo de intitular muitos dos livros, inclusive os livros do Antigo Testamento por sua “primeira palavra” ou suas “primeiras palavras” como o título do próprio Livro. Números é o livro das peregrinações de Israel no deserto. É o livro das murmurações e também da disciplina divina. Ele abrange um período de 39 anos de jornada do povo de Israel no deserto. Números foi o quarto livro escrito por Moisés. Foi escrito para relatar por que Israel não entrou na terra prometida imediatamente depois de partir do monte Sinai. O livro trata da fé que Deus requer do seu povo, dos seus castigos e juízos contra a rebelião e do compromisso progressivo de seu propósito.

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1 - DESERTO DO SINAI - Nm 1.1 – 10.10 A cena introdutória do Livro de Números ocorre dez meses e meio depois da chegada do povo de Israel ao monte Sinai. Foi um mês após a conclusão do Tabernáculo (Êx 40.1-33) e pouco mais de um ano a partir do início do Êxodo. O livro principia colocando Israel no meio das instituições centrais de sua existência nacional: o sacerdócio e a habitação de Deus no Tabernáculo. Começa abruptamente com uma ordem de Deus para Moisés fazer a soma (Nm 1.2; “o recenseamento”, NVI) de toda a congregação. 1.1 - Censo e a Organização De Israel - Nm 1 – 2 Nesses dois capítulos, Moisés foi orientado por Deus para fazer um censo da congregação de Israel - Nm 1.1-3. Deus nomeou um representante para cada tribo, com exceção dos levitas, para ajudá-lo nesse trabalho - Nm 1.4-16. O censo foi realizado (Nm 1.17-46), mas os levitas foram deixados de fora - Nm 1.47-54. Foram então designadas áreas para cada uma das tribos ao redor da tenda da congregação. Posições ao norte, sul, leste e oeste, que deveriam ser observadas quer em marcha, quer acampados - Nm 2.1 -34. O censo devia incluir todos os homens da idade de vinte anos para cima - Nm 1.3. Israel estava sendo enviada como ovelha entre lobos. Ações militares, para preservação ou conquista, seriam inevitáveis. A iniciativa do censo foi de Deus, como foi dele a iniciativa de mandar batedores para espiar a terra de Canaã - Nm 13.1,2. Moisés não teve um repentino desejo de aumentar o número de militares.

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1.2 - Dois Censos Levíticos - Nm 3 – 4 Por que foram realizados dois censos levíticos - Nm 3.14-39; 4.1- 49? Na verdade, os dois são bastante distintos entre si. Uma pista que nos ajuda a enxergar essa diferença é encontrada no primeiro censo em Nm 3.15: “Conta os filhos de Levi [...] todo varão da idade de um mês para cima”. Por outro lado, o segundo censo inclui aqueles “da idade de trinta anos para cima até aos cinquenta anos” - Nm 4.3. O primeiro, portanto, começa com aqueles ainda em tenra infância e não possui limite de idade. O segundo se limita a contar aqueles com idade entre trinta e cinquenta anos. 1.3 - Santificação do Acampamento - Nm 5 O livro de Números começa com dois capítulos dedicados aos leigos de Israel (Nm 1-2); depois há mais dois dedicados ao clero, os levitas (Nm 3-4) e outros dois voltam a lidar com o povo em geral (Nm 5-6), sendo que em cada seção vemos o clero desempenhando um importante papel. Lidam com questões envolvendo impurezas (Nm 5.1-4); na falta do ofendido ou de algum familiar, podem ser beneficiados pela restituição devida pelo pecado contra alguém (Nm 5.5-10); presidem rituais acerca de mulheres suspeitas de adultério (Nm 5.11-31); desempenham um importante papel na vida dos nazireus, principalmente quando ele ou ela se preparam para encerrar o voto (Nm 6.1-21); por meio de orações, abençoam o povo (Nm 5.22-27).

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1.4 – Nazireu - Nm 6 Com exceção dos versículos 21-27, que falam sobre a bênção aarônica, todo esse capítulo é dedicado a uma descrição do nazireado. Estamos familiarizados com essa atividade graças a brilhantes personagens das Escrituras que foram nazireus. Dentre eles, temos pessoas notáveis como Sansão, Samuel e João Batista (Lc 1.15). Pessoas que foram líderes em suas épocas. O capítulo 6 de Números se concentra em descrever o que os nazireus não podem fazer, em vez de abordar o que devem fazer. Entendo que isso está de acordo com a ênfase vista até agora em Números, no que diz respeito à exigência divina de santidade. Em Números capítulo 6 trata basicamente do nazireado temporário e não de nazireus vitalícios, como Sansão e Samuel. Podemos fazer um paralelo para os dias de hoje com missionários que trabalham em projetos de curta duração e missionários de tempo integral. 1.5 - Ofertas Perante o Senhor - Nm 7.1 - 10.10. O capítulo 7 é o mais longo do Pentateuco e trata das ofertas dos príncipes das tribos para o Senhor. Os versículos 12-88 do capítulo 7 identificam cada líder tribal e a oferta trazida ao Tabernáculo, começando pela tribo de Judá e terminando com a de Naftali. A parte que trata das ofertas em Nm 7.12-88 é mais uma vez precedida por uma informação que deixa bem clara a seriedade e a importância da santidade de Deus (Nm 7.1-11). O capítulo 8 de Números fala sobre a consagração dos levitas. O trecho é bastante semelhante a Levítico 8, que fala sobre a

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ordenação dos sacerdotes aarônicos, mas traz uma diferença fundamental. Os sacerdotes, ao serem ordenados, são “consagrados/santificados” (Êx 29.1,21,23; Lv 8.12,30). Os levitas, ao iniciarem seu ministério, são “purificados” (Nm 8.7,15,21). Em Nm 9.1-14 traz-nos de volta aos leigos e, em especial, à questão do adiamento da Páscoa. Em certos casos, a Páscoa pode ser observada um mês mais tarde; ou seja, no segundo mês em vez de no primeiro - Nm 9.3,5,11. Quais motivos, porém, são válidos para o adiamento da Páscoa? Duas situações são listadas: se alguém estiver longe de casa, em viagem, ou ficar impuro por haver tocado um morto (Nm 9.10), o adiamento é inevitável. O trecho encerra-se fazendo referência a duas trombetas de prata - Nm 10.1- 10. Tais instrumentos deviam ser utilizados em determinadas festas, no início do ano, para reunir a congregação ou para levantar acampamento. Os versículos 5-7 frisam que as trombetas soavam um tipo de alarme, semelhante a uma sirene militar. Dessa forma, as trombetas seriam mais para emergências que para música ou adoração. 2 - SINAI A CADES-BARNÉIA - Nm 10.11 - 20.21 Os israelitas, desde sua chegada ao Sinai, já tinham ouvido muita coisa, tanto de Moisés como de Deus. Houvera abundância de instruções, regulamentos e exortações. Agora, porém, era chegada a hora de levantar o acampamento e partir. O Sinai não era o destino geográfico que Deus havia preparado para seu povo, assim como o Monte da Transfiguração não foi o objetivo final de Pedro, Tiago e João. Devia, contudo, servir para revigorar o povo de Deus ao lhe permitir um conhecimento mais profundo do Senhor. 103


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2.1 - Marcha à Lamúria - Nm 10.11 - 12.16 A partida do Sinai, porém, foi algo singular. Os israelitas levariam consigo lembranças que jamais esqueceriam. O cenário descrito em Nm 10.11-36 é dramático e vibrante: bandeiras tremulando, a presença de Deus claramente manifesta e todos com grandes expectativas de conquistas em mente. O leitor é, então, pego de surpresa pelo choque brusco dos capítulos 11 e 12. Em vez de um clima de otimismo e bravura, vemos um grotesco espetáculo de discórdias, lamúrias, depressão e confusões, as quais recebem a devida reação do juízo de Deus. O texto nos dá três cenas diferentes desse desastre. Primeiro, vemos uma reclamação geral acerca de “desgraças/dificuldades". O Senhor respondeu com um fogo consumidor que atingiu as extremidades do acampamento. O propósito imediato desses acontecimentos é contrastar o Deus que está presente em seu acampamento para abençoar (Nm 1-10), com o Deus que está presente em seu acampamento para julgar grupos ou indivíduos que tentem destruir a harmonia da comunidade - Nm 1112. Por esse motivo, um fogo feriu o povo (Nm 11.1), uma praga se alastrou (Nm 11.33), e uma acusadora tornou-se leprosa (Nm 12.10). O terceiro incidente se encontra no capítulo 12. A escolha de uma esposa, por parte de Moisés, foi o primeiro alvo de insinuações. Ele havia se casado com uma mulher “cuxita” - Nm 12.1. A acusação parece partir mais de Miriã que de Arão, pois Nm 12.1, no hebraico, diz literalmente: “E ela falou, Miriã e Arão contra Moisés”. Esse pode ter sido o motivo de Miriã ficar leprosa, apesar de Arão também ser implicado quando Deus disse: “por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés" 104


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2.2 - Devemos Subir ou não? Nm 13.1-14.15 Esses dois capítulos discutem o envio de espiões a partir de Cades ou Cades-Barnéia (na fronteira sul de Canaã - Nm 34.4-, cerca de 65 quilômetros ao sul da Berseba de Abraão), a Canaã. A fim de determinar a conveniência em ataca-la. Falam também sobre os relatos trazidos de volta e suas repercussões. Devemos notar que o plano original de Deus era: “E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Envia homens que espiem a terra de Canaã”. Pode-se imaginar que Deus bem podia ter dado as informações sobre Canaã diretamente, poupando todo o tempo e o embaraço envolvidos nessa aventura. Mesmo assim, o povo teve de realizar todo o trabalho de pesquisa e investigação. Os críticos atuais concordam de maneira unânime que esses dois capítulos são um entrelaçamento de duas histórias. 2.3 - Outras Rebeliões Contra Moisés - Nm 15-18 O capítulo 15 interrompe de maneira abrupta a sequência de Números, sem qualquer relação visível com o que vem antes ou depois. É uma unidade completamente dedicada a questões de adoração e encontra-se comprimida entre casos de maledicência contra Moisés (13-14; 16-18). Para comparar, imagine uma elaborada dissertação de Lutero sobre a preparação do vinho para a eucaristia, espremida entre relatos de suas contendas com a liderança da Igreja Católica Romana. 2.4 - Dois Tipos De Impureza - Nm 19.1-20.21 O capítulo 19 enfoca um tipo de impureza: a impureza ritual que é contraída ao se tocar (Nm 19.11-13,16), ou se aproximar (Nm 105


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19.14) de algo morto. A temática da morte se sobressai nos capítulos anteriores (Nm 16-18). As vítimas incluem Corá e seus colegas insurgentes (Nm 16.35), além dos 14.700 mortos pela praga (Nm 16.49). Arão se coloca entre os mortos e os vivos - Nm 16.48. Vemos o medo da morte (Nm 17.12,13) e a possibilidade de morrer por causa de uma invasão (Nm 18.3,7,22), ou por erros no recolhimento do dízimo (Nm 18.32). 3 - CADES A MOABE - Nm 20.22 – 36.13 Essa unidade começa com a narrativa da morte de Arão (Nm 20.22- 29), um evento que volta a ser lembrado em 33.38,39 e Dt 32.50. Moisés já havia perdido um parente, sua irmã Miriã (Nm 20.1). A história mais uma vez reflete um tema que predomina em Números: o pecado não pode ser negligenciado. Em conluio com Moisés, Arão não “creu” em Deus (Nm 20.12), mas “rebelou-se” contra sua ordem (Nm 20.24), ambos os verbos estão na segunda pessoa do plural, no masculino. É Moisés que recebe a informação da morte iminente de Arão. Ele é orientado a “tomar” Arão e seu filho, Eleazar, subir com eles o monte Hor e transferir as vestes de sumo sacerdote de Arão para Eleazar. Essa transferência da liderança sacerdotal de pai para filho, da primeira para a segunda geração, simboliza a dinâmica desse quadragésimo ano de jornada no deserto: a transição da geração do êxodo para seus filhos.

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3.1 - Primeiros Conflitos e Vitórias - Nm 20.22-21.35 O capítulo 21 nos apresenta três conflitos. O primeiro é uma batalha com alguns cananeus na região do Neguebe. Os israelitas são salvos da dominação ao fazer “um voto” ao Senhor (Nm 21.2), um tema que logo viria a ocupar todo o capítulo 30. Salta aos olhos a ausência de Moisés nessa batalha, em um claro sinal de que sua importância entrou em decadência após as palavras de Deus em Nm 20.12 acerca de sua exclusão de Canaã. Logicamente, é a segunda geração que leva o crédito por essa vitória, não a geração condenada do Êxodo. Mais uma vez, os israelitas reclamam da falta de comida e água - Nm 21.4-9. Além disso, enfrentam mais batalhas no caminho para Moabe, por parte de Seom, rei dos amorreus (Nm 21.21- 32, ver Dt 2.24-37, para uma outra narrativa), e de Ogue, rei de Basã (Nm 21.33-35, ver Dt 3.1-11, para uma outra narrativa). Israel é obrigada a lutar não apenas para entrar na Terra Prometida, mas também para chegar até ela. O segundo conflito traz alguns desdobramentos interessantes. Dessa vez, Deus não manda água ou comida. Antes que Moisés possa dizer ou fazer qualquer coisa, Deus manda “serpentes ardentes/venenosas”. O termo hebraico aqui utilizado para “serpente” é o mesmo de Gênesis 3. Já a palavra hebraica para “ardentes/venenosas” é sãrãp, que é também utilizada na descrição das criaturas angelicais que estavam no templo na visão de Isaías - Is 6.2. Diante da possibilidade de morte por picada de cobra, o povo confessa: “Havemos pecado, e pedem para que a praga seja retirada”. As expressões utilizadas lembram uma situação semelhante em Êxodo. Faraó disse: “Rogai ao Senhor que tire as rãs”- Êx 8.8. Os israelitas dizem: “ora ao Senhor que tire de nós estas serpentes” - Nm 21.7. 107


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A resposta de Deus é interessante. Moisés ora, mas Deus não retira as serpentes. Ele providencia uma cura: uma serpente ardente a ser erguida numa vara. A presença dessa serpente de bronze não garante proteção contra os ataques, porém serve como tratamento. Ao ser picada, a pessoa devia olhar para ela. 3.2 - Balaão, o Adivinho - Nm 22-24 Essa parte em especial do livro de Números está entre as mais conhecidas de todo o livro. Os israelitas eram precedidos por sua reputação, a qual deixou em pânico Balaque, soberano de Moabe. Não fica claro o porquê de o pai de Balaque, Zipor, ser frequentemente citado, mas não seria possível que o objetivo fosse comparar Balaque, filho de Zipor e líder de Moabe, a Moisés, esposo de Zípora e líder de Israel? “Zipor” significa “pássaro”, logo se trata do filho de um pássaro contra o marido de um pássaro. No início de Números, era Israel que temia o povo da terra - Nm 13.33. De maneira simbólica, Israel tinha agora se tornado em “enaquins" e “nefilins”, enquanto os moabitas eram os gafanhotos. O trabalho de Balaão, caso o aceitasse, seria bastante simples. Ele devia lançar uma maldição contra os israelitas, imobilizando-os e deixando-os vulneráveis a um ataque de Balaque. Para tornar a oferta a mais tentadora possível, Balaque ofereceu um pagamento quase que irresistível - Nm 22.7,17. Balaão, após alguma resistência, aceita a oferta de Balaque e vai para Moabe nas costas de uma jumenta para ser recebido com hosanas e ramos de palmeiras. O curioso é que, de início, Balaão rejeita a oferta conforme orientação de Deus - Nm 22.12, mas, quando a

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delegação retorna com uma oferta ainda mais generosa, Balaão parece enrolar um pouco - Nm 22.19. 3.3 - Baal-Peor - Nm 25 Israel havia chegado em Sitim, que fica a leste do Jordão e quase em frente a Jericó, do outro lado do rio. Foi de lá que Josué enviou os dois espiões (Js 2.1). Em Nm 31.16 nos conta que Balaão maquinou um plano para envolver os israelitas sexualmente com as “filhas de Moabe”. Seu sucesso nessa empreitada foi tão absoluto como fora seu fracasso em tentar amaldiçoar Israel. Onde a maldição fracassou, a sedução prevaleceu. Onde a abordagem indireta falhou, um ataque frontal saiu vitorioso. É lamentável que o relato de envolvimento sexual entre Israel e estrangeiros venha logo após profecias de grandes bênçãos, proferidas por um estrangeiro. Quase tudo que Balaão disse sobre Israel (por exemplo: “eis que este povo habitará só” - Nm 23.9; “O Senhor, o seu Deus, está com eles” - Nm 23.21-NVI; “Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! ” = Nm 24.5-NVI; “uma estrela procederá de Jacó” - Nm 24.17) é desmentido pela imoralidade do capítulo 25. A primeira reação de Deus é de ira contra Israel. Na história sobre Balaão e Balaque, a ira de Deus se acende contra Balaão (Nm 22.22), a ira de Balaão se acende contra sua jumenta (Nm 22.27), e a ira de Balaque se acende contra Balaão (Nm 24.10). A ira divina acaba levando ao surgimento de uma praga (Nm 25.9), mas a narrativa indica que suas repercussões teriam sido bastante mitigadas se os mandamentos divinos tivessem sido seguidos.

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3.4 - Segundo Censo e Questões Acerca de Heranças - Nm 26 e 27 Imediatamente após um ato de apostasia (capítulo 25), vem um censo mais detalhado, semelhante ao descrito no capítulo 1. Esse censo inclui os descendentes dos israelitas que saíram do Egito e que eram da idade de vinte anos ou mais, a idade mínima para inclusão no primeiro censo. A frase da NVI: “estes foram os israelitas que saíram do Egito” (Nm 26.4), não pode dizer respeito à primeira geração, pois os versículos 64 e 65 dizem expressamente que ninguém dessa geração, exceto Calebe e Josué, estavam entre eles. Pode-se resumir o versículo 4 dizendo “o povo da idade de vinte anos para cima, como o SENHOR ordenara (à primeira geração de) israelitas que saíra do Egito”. O propósito imediato desse levantamento é produzir dados estatísticos para a partilha da terra após sua conquista - Nm 26.52-56. Isso, por si só, já é um fato curioso, considerando-se a formidável oposição que tinham pela frente. Os resultados do censo, contudo, criaram um problema. Havia uma família cujo pai, Zelofeade, tinha morrido sem deixar filhos homens, mas apenas cinco filhas (Nm 27.1), fato esse que já tinha sido observado no censo - Nm 26.33. O problema é que mulheres, via de regra, não herdavam propriedades - Dt 21.15-17. 3.5 - Calendário Religioso e Votos - Nm 28-30 Os primeiros dois capítulos dessa unidade descrevem detalhadamente os vários sacrifícios que Israel devia oferecer ao Senhor. Ao todo, são destacadas oito ocasiões diferentes: Êx 23.10-19; 34.18-24; Lv 23.1-44; Dt 16.1-17.

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Nos capítulos 28 e 29, a segunda geração é lembrada de que “meus tempos estão nas tuas mãos” (SI 31.15). A adoração precisava pontuar a vida de cada israelita, quer em sua rotina diária (Nm 28.1-8), semanal (Nm 28.9,10), mensal (Nm 28.11-15), ou ao longo do ano (Nm 28.16-29.40). As ofertas de Israel ao Senhor deviam ser em animais, flor de farinha, azeite e vinho. Os capítulos 28 e 29 fornecem o número exato de animais, ou a quantidade específica de produtos, a serem ofertado em cada evento. É, portanto, com certa surpresa que lemos, no capítulo 30, a última parte dessa seção, que um pai tem o poder de invalidar os votos feitos ao Senhor por uma filha solteira - Nm 30.3-5. Semelhantemente, um marido também pode anular os votos de sua esposa, ainda que estes tenham sido feitos antes do matrimônio, enquanto ela ainda vivia junto ao pai - Nm 30.6-8. Escapam dessa regra a viúva e a divorciada - Nm 30.9. A quarta regra desse capítulo prescreve que um marido pode anular qualquer voto feito por sua esposa, se ele o fizer no dia em que tomar conhecimento do voto - Nm 30.10-12. 3.6 - Os Últimos Acontecimentos em Moabe - Nm 31—36 Resumirei rapidamente os últimos eventos relatados em Números. A primeira subseção relata a ordem de Deus para uma guerra santa contra Midiã (capítulo 31) em retaliação por terem seduzido Israel e levado o povo a atos de prostituição e idolatria (e a quarta vitória militar de Israel - Nm 21.1 -3; 21.21-31; 21.22-35). O objetivo era executar a “vingança” de Deus contra Midiã - Nm 31.2,3. “Vingança” não significa desforra ou ressentimento, mas sim uma legítima expressão de autoridade divina quando essa autoridade é 111


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desafiada. Dois interesses dominam esse capítulo: um é o cuidado com a pureza ritual dos soldados (Nm 31.19-24,50), um tema exaustivamente abordado em diversos contextos em Números. O segundo interesse é a determinação de um percentual do espólio de guerra que caberia ao santuário e aos levitas - Nm 31.25- 54. Os soldados contribuíam com 0,2 % da sua parte, enquanto que o resto do povo devia contribuir com 2% do que lhes coubesse. A segunda subseção é o capítulo 32. Vários territórios a leste do Jordão são destinados às tribos de Rúben, Gade e metade da tribo de Manassés, com a condição de que ajudem as outras tribos na conquista de Canaã. Para que Canaã fosse conquistada, todo povo de Deus devia participar. Não havia lugar para espectadores, apenas para soldados. A terceira subseção é o capítulo 33: uma descrição pormenorizada (pelo menos nos versículos 1-49) do itinerário de Israel do Egito até as planícies de Moabe. Esse é o único capítulo voltado principalmente para o passado e, como tal, está cercado de informações voltadas para o futuro. É verdade que a narrativa do capítulo não conta com nenhum comentário ou considerações homiléticas, mas os fatos falam por si mesmos. A quarta subseção é o capítulo 34. Ele descreve os limites da Terra Prometida (Nm 34.1-15), e identifica os indivíduos que deveriam supervisionar a divisão das terras entre as tribos - Nm 34.16-29. O mais interessante é notarmos a expansão da fronteira norte até Hamate (Nm 34.8), um pouco ao norte da tradicional cidade fronteiriça de Dã e a expansão da fronteira sul até Cades-Barnéia (Nm 34.4) um pouco ao sul da tradicional cidade fronteiriça de Berseba. A quinta subseção é o capítulo 35. Uma vez em Canaã, os israelitas deviam erguer quarenta e oito cidades levíticas (Nm 35.1-8), bem como seis cidades de refúgio (Nm 35.9-15), para onde aquele que 112


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matasse alguém, sem querer ou por engano, poderia fugir e escapar do vingador do sangue - Nm 35.16-34; Êx 21.13. Mais uma vez, a preocupação central aqui expressa diz respeito a pureza e santidade. Se as regras divinas para a vida cotidiana não fossem seguidas, a terra seria profanada (Nm 35.33), e contaminada (Nm 35.34). A última subseção é o capítulo 36, que fala sobre os possíveis problemas que poderiam advir no caso da herança da família não ir para um homem, mas para uma mulher. E se a mulher desposasse um homem de outra tribo (Nm 36.3)? Sakenfeld comenta que “a posse de terras cultiváveis tornaria qualquer mulher extremamente desejável como esposa”. A exemplo do que ocorre no capítulo 27, uma nova lei é formulada para atender essa necessidade. O casamento intertribal passou a ser proibido à mulher que fosse herdeira (Nm 36.6-8). Posteriormente, as filhas de Zelofeade são apontadas como exemplos de obediência (Nm 36.10-12). Com esse revigorante registro, que difere dos muitos modelos patéticos e medíocres que vimos até aqui, Números chega ao fim. O fato de ficarem satisfeitas em desposar os filhos de seus tios (Nm 36.11) demonstra a existência de uma relação bem mais positiva que a de Moisés com seu primo-irmão Corá (capítulo 16).

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CAPÍTULO 05 LIVRO DE DEUTERONÔMIO O nome Deuteronômio vem da versão grega Septuaginta e deriva de duas palavras gregas: “deuteros” que significa “segundo” e “nomos” que significa “lei”. Deuteronômio, portanto significa “segunda lei” ou “repetição da lei”. Na Bíblia Hebraica o nome deste livro é elleh haddebarim, que significa “estas são as palavras...” ou “debarim”, que significa “palavras” ou “livro das palavras” - Dt 1.1. No caso, as palavras ou discursos de Moisés. O nome do livro em hebraico segue o costume dos judeus de usar as palavras introdutórias do livro por título. Também pelos rabinos judeus este livro era chamado de mishneh hattorah, que é uma repetição ou duplicação da lei. Parece que esses dois nomes são emprestados a partir Dt 17.18, onde o rei é ordenado a escrever-lhe uma cópia desta lei. Daí vem o nome Deuteronômio usado pela versão Septuaginta. O livro de Deuteronômio consiste em sua maior parte nos discursos de Moisés dirigidos ao povo, na fértil planície de Moabe. Moisés conduziu Israel do Egito às fronteiras da terra prometida. Agora que o tempo de sua partida havia chegado, ele resume perante a nova geração, numa série de discursos, a história passada de Israel, e nesse resumo baseia as admoestações e exortações que tornam Deuteronômio um grande sermão exortativo para o povo. Sua mensagem pode resumir-se em três exortações: Recorda! Obedece! Cuidado!

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1 - RECORDA! - Resumo Da História Das Peregrinações - Dt 1-4 1.1 - Moisés Resume As Jornadas De Israel - Dt 1 – 3 Os quarenta anos de peregrinação estavam para completar. A geração incrédula já havia morrido. Moisés agora em Moabe se dirige à nova geração com seus discursos que têm como propósitos preparar o povo para conquistar Canaã e renovar a aliança que foi feita no monte Sinai. 1.2 - Moisés Exorta O Povo À Obediência - Dt 4.1-43 Considerando o que havia acontecido à geração anterior, Moisés apela fervorosamente para Israel a fim de que não cometa o mesmo erro, mas que guarde a lei e a ponha em ação. Tendo concluído a revisão histórica, Moisés passa a fazer sua exortação final. Esta também está entremeada de apelos às experiências do passado da nação para dar força à substância do apelo. 1.2.1 - Privilégio Da Revelação De Israel - Dt 4.1-8 Moisés começa a peroração estendendo-se sobre o grande privilégio de Israel ser o recebedor da revelação divina. Esta revelação requer resposta prática. Tem de ser atendida e traduzida em obediência ativa: Ouve - Dt 4.1. Certos estudiosos não fazem distinção entre estatutos (chuqqim) e juízos (mishpatim). Outros consideram que estatutos são revelações de validade permanente (choq significa “esculpido ou inscrito”) e sancionadas por Deus e pela consciência. Nada deve ser acrescentado ou tirado da lei de Deus - Dt 4.2. A ideia principal é que não deve haver tentativas de perverter o significado claro da lei divinamente dada. Jesus acusou os fariseus de 118


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invalidar a palavra de Deus pela tradição que eles mesmos inventavam e transmitiam (Mc 7.13). Alei deve ser reverentemente preservada e igualmente observada. Guardar a palavra de Deus significa vida; desobedecer-lhe significa morte, como testifica o destino daqueles que morreram em consequência de sucumbirem às seduções das moabitas para adorar Baal-Peor (Dt 4.3; cf. Nm 25.1-9). 1.2.2 - Perigo Da Idolatria - Dt 4.9-31 O grande privilégio da revelação de Deus a Israel trazia consigo uma responsabilidade especial. ➢ Revelação Original Tem De Ser Lembrada - Dt 4.9-14 ➢ Revelação Original Não Deve Ser Corrompida Com Idolatria - Dt 4.15-24 ➢ Deus Tratará De Israel Com Base Na Revelação Original Dt 4.25-31 1.2.3. - O Privilégio De Ser O Eleito De Deus - Dt 4.32-40 O discurso de Moisés atinge agora um clímax magnífico neste parágrafo. ➢ Privilégio Único - Dt 4.32-34 ➢ Propósito Do Privilégio - Dt 4.35-38 ➢ Obrigação Do Privilégio - Dt 4.39,40 1.2.4 - A Designação Das Cidades De Refúgio - Dt 4.41-43 Pelo visto, esta ação foi empreendida entre o primeiro e o segundo discurso. Quanto à finalidade das cidades de refúgio, vemos em Nm 19.13 e também em Números 35.6,11-34. 119


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É impossível localizar estas três cidades com certeza. Pensamos que Bezer (Dt 4.4), ficava exatamente a leste do lugar do discurso no território de Rúben. Consideramos que Ramote é o mesmo que Ramote-Gileade. Porém, ficava no território de Manassés e não em Gade. Julgamos que Golã se situava no norte do território de Manassés. Todas as cidades foram escolhidas por serem de fácil acesso para a maioria da população, a fim de que o assassino não intencional tivesse a chance de declarar sua inocência. Daquém do Jordão, Dt 4.41, é referência clara à margem leste do rio Jordão. 2 - OBEDECE! - Resumo Da Lei - Dt 4.44 – 27.1-10 Vejamos as várias instruções de Moisés ao povo nesse segundo discurso: 2.1 - Os Dez Mandamentos e Sua Aplicação - Dt 4.44 – 11.32 Os dez mandamentos eram à base da aliança que o Senhor fez com Israel - Dt 4.45. Moisés anuncia a lei de modo simples, claro, e objetivo, de modo a poder exercer domínio na vida do povo ao entrar em Canaã. 2.1.2 - Tema da Unidade - Dt 5-6 O segundo discurso de Moisés começa em Dt 5.1, com uma convocação para que “todo o Israel” ouça, não a conselhos ou reflexões de um sábio, mas à declaração das leis de Deus. O segundo discurso de Moisés começa e termina atentando a importância do “hoje”: “Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos” - Dt 5.1;

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“Tende, pois, cuidado em fazer todos os estatutos e os juízos que eu hoje vos proponho” - Dt 11.32. Os dois versículos são quase idênticos. Duas coisas nos interessam aqui. A primeira é que Moisés lembra ao povo que em Horebe (ou seja, Sinai), o Senhor fez um pacto “conosco [...] Não foi com nossos pais” - Dt 5.2,3. Moisés está se dirigindo àqueles que eram crianças naquela época ou que nasceram após o ocorrido. Além disso, ele claramente se refere, em Dt 4.31, ao “concerto que jurou a teus pais”. O segundo ponto de interesse nesse capítulo é a segunda leitura dos Dez Mandamentos. Temos, efetivamente, diferenças entre as versões do Decálogo em Deuteronômio e Êxodo; algumas maiores, outras menores, sendo que a maioria delas foi analisada na seção sobre Êxodo. Aqui, contudo, precisamos perguntar qual foi especificamente a razão de se repetir o Decálogo nessa parte de Deuteronômio. Até aqui, tínhamos visto a história ser relembrada; agora, vemos as leis dadas no Sinai serem recordadas. 2.1.3 - Chamado à Lembrança - Dt 7-11 Se Israel precisava ter um relacionamento adequado com Deus (capítulo 6), também cabia ao povo ter um relacionamento adequado com seus vizinhos (capítulo 7). Israel era como um anão vivendo no meio de gigantes. O conselho de Moisés é claro: não confraternizem com seus vizinhos - Dt 7.1-5. Seu segundo conselho é igualmente claro: não vivam com medo deles - Dt 7.17-26. Esses avisos são duplamente motivados. Em seu favor, Israel não tinha um tamanho que impressionasse, “vós éreis menos em número do que todos os povos” (Dt 7.7), e sim uma vida em santidade que exige o afastamento de tudo que seja impuro - Dt 7.6. Em outras 121


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partes do Pentateuco, Israel é chamado e exortado à santidade: “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo”, como em Êx 19.6; 22.31; Lv 11.44,45; 19.2; 20.7,26. Pode ser que, nesse oitavo capítulo, Moisés estivesse insinuando que os israelitas deviam temer mais a si mesmos que a inimigos externos. Eles podiam se tornar uma arma mais mortal que qualquer grupo de hititas ou cananitas. Com esse intuito, Dt 8.2 recorda os israelitas do que o Senhor fez por eles no deserto; ao passo que, em Dt 7.18, o povo é chamado a lembrar o que o Senhor fizera a Faraó no Egito. O Senhor humilhou Faraó, mas também humilhou Israel, como vemos no incidente em Êxodo 16. Uma rápida olhada em Dt 9.1-10.11 revela tratar-se mais de uma narrativa livre de Êxodo 32-34, que um relato preciso dessa passagem. Para dar um exemplo, se fossemos organizar as duas passagens em colunas paralelas, conseguiríamos divisar algumas diferenças. Em Êx 32 registra a primeira oração de intercessão de Moisés antes de ele descer do monte (Êx 32.11-14), e em Deuteronômio mostra sua primeira oração após a descida do monte (Dt 9.18-20), além de mencionar uma oração especial por Arão - Dt 9.20. O lembrete que vai do capítulo 10 até o 11.32 é uma seção exortativa final, basicamente estruturada em torno de várias exortações, seguidas por incentivos à obediência, por exemplo: exortação - Dt 10.12,13, incentivo - Dt 10.14,15; exortação - Dt 10.16, incentivo - Dt 10.17,18. Em Dt 11.26-32 serve como uma transição entre a pregação dos capítulos 5-11 e a lista de leis que começa no capítulo 12. Os três itens aqui listados estão em ordem inversa ao que é apresentado nos capítulos subsequentes: bênção e maldição (Dt 11.26-28 e capítulo 28); a cerimônia em Siquém, entre Ebal e Gerizim (Dt 11.29-31 e capítulo 122


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27); as leis do Senhor (Dt 11.32 e capítulos 12-26). O palco estava agora preparado para o anúncio das leis de Deuteronômio. 2.2 - Leis Referentes Ao Culto e à Vida Santa -Dt 12.1 – 16.17 O propósito destas leis era obter a consagração completa ao Senhor. As exigências no tocante aos dízimos, às primícias e aos sacrifícios estavam relacionadas com o estabelecimento de um único lugar de culto que no princípio foi o tabernáculo e, mais tarde, o templo. Ao entrar em Canaã, os israelitas estariam rodeados de idolatria; por esse motivo Moisés os preparou para resistir a esta tentação - Dt 12; 13. A nação de Israel como povo consagrado ao Senhor, deveria manifestar a santidade em todos os aspectos de sua vida - Dt 14.1 – 16.17. Encabeçando estas leis, estão os regulamentos concernentes ao santuário central, sobre o qual se concentra a principal controvérsia dos estudiosos em relação a Deuteronômio. ➢ Santuário Central - Dt 12.1-32 ➢ Apostasia - Dt 13.1-18 Este capítulo trata de três casos de possível apostasia. ✓ Primeiro Caso de Possível Apostasia: É por intermédio de um profeta ou sonhador de sonhos (Dt 13.1-5). Estes dois eram classes de pessoas por quem o Senhor comunicava sua vontade ao povo (cf. Nm 12.6). Também existiam nas religiões pagãs. Em Israel, como no caso sob consideração, havia falsos profetas que por razões várias falavam o oposto da vontade do Senhor (cf. 1 Rs 22.6,8,20-23; Jr 6.13; 28.1-17). O texto admite que era possível o falso profeta dar um sinal ou prodígio que se cumpriria; em outras palavras, fazer algo 123


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que parecesse sobrenatural ou milagroso. A verdadeira proteção contra a apostasia é o compromisso total com Deus. ✓ Segundo Caso de Possível De Apostasia: Por um parente ou amigo - Dt 13.6-11. Primeiramente, o texto considerou a tentação que vem de alguém em posição de autoridade religiosa. Estes versículos tratam de exemplos de sedução por meio de afeto natural. Pelo visto, esta foi a causa da queda de Adão. Ele não foi enganado pela mentira da serpente (cf. 1 Tm 2.14), mas aceitou como sua, a crença da esposa que amava (cf. a mulher do teu amor - Dt 13.6). Note a intimidade das relações: o filho da tua mãe, relação muito mais próxima que o filho do mesmo pai, mas de mães diferentes no caso de várias esposas; o teu amigo, que te é como a tua alma. O profeta diz (Dt 13.2), o ente querido incita (Dt 13.6). ✓ Terceiro de Caso Possível Apostasia: Era por meio dos filhos de Belial (Dt 13.13), ou seja, “filhos da inutilidade”. “O termo é repetidamente usado nas Escrituras para se referir a criminosos devassos, vis em palavras, pensamentos e ações.” Neste caso, não há desculpa. É um despojamento arrogante da prudência e a aceitação insolente de uma religião que favorece os desígnios mais escusos ou as paixões mais ignóbeis da natureza. Esta ação está muito em evidência hoje em dia, quando práticas más pertencentes às eras sombrias da raça humana são descaradamente defendidas por quem 124


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assevera pontos de vista “avançados”. No caso em questão, presumimos que a cidade inteira consente espontaneamente com esta rebelião petulante contra o Deus de Israel. A execução da justiça - Dt 13.14-18. ➢ Os Alimentos Limpos e Imundos - Dt 14.1-21 ➢ Os Dízimos - Dt 14.22-29 ➢ Perdão Para Os Devedores - Dt 15.1-11 ➢ Perdão Para Os Escravos - Dt 15.12-18 ➢ Primogênitos - Dt 15.19-23 ➢ Reuniões Nacionais (Festas) - Dt 16.1-17 As festas descritas neste capítulo são as três que tinham de ser celebradas no santuário central, depois que Israel se instalasse na terra. ➢ Páscoa e a Festa dos Pães Asmos - Dt 16.1-8 O propósito da Páscoa era lembrar os israelitas da noite fatal no Egito, quando o Senhor feriu os primogênitos dos egípcios e salvou os primogênitos de Israel pelo sangue de um cordeiro. A Páscoa tinha de ser comida com pães asmos (Dt 16.3), rememorativo da aflição da escravidão egípcia e da pressa com que saíram da terra. Na primeira Páscoa, o cordeiro foi morto e seu sangue aplicado nas vergas das portas e janelas das habitações. Porém, quando se estabeleceram na terra de Canaã, os israelitas tinham de se reunir no santuário central para celebrar a Páscoa - Dt 16.2,5,6. Quanto à significação da Páscoa para o cristão, ver 1 Coríntios 5.6-8.

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➢ Festa Das Semanas - Dt 16.9-12 Esta festa ocorreria sete semanas (50 dias, daí a palavra grega Pentecostes, que significa “cinqüenta”) depois do início da colheita da cevada. O cálculo começava com a apresentação do molho das primícias no dia 16 de abibe (cf. Lv 23.4-11). Tinha de ser ocasião de agradecimento, alegria e dádivas compassivas, com a mente voltada para passado a fim de promover a gratidão e a obediência - Dt 16.12. A festa seria observada no santuário central, o lugar que escolher o SENHOR, teu Deus - Dt 16.11. ➢ Festa dos Tabernáculos - Dt 16.13-17. Esta festa celebrava o final da colheita, não só da cevada e do trigo, mas também dos vinhedos e árvores frutíferas - Dt 16.13. Durante sete dias (Dt 16.13), celebravam uma festa de regozijo e ação de graças, a mais alegre das festas de Israel. Todos deviam participar: o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva - Dt 16.14. 2.3 - Leis De Justiça e De Humanidade - Dt 16.18 – 26.19 Visto que em Israel governava uma teocracia (governo de Deus), as funções civis e religiosas se uniam para que tudo saísse sob a direção divina. Os juízes eram escolhidos pelo povo - Dt 16.18 – 17.13. No devido tempo, Deus daria um rei a Israel - Dt 17.14-20. As porções dos levitas foram determinadas por Deus - Dt 18.1-8. ➢ Autoridades Públicas - Dt 17 Como já vimos, as leis a respeito de pessoal administrativo começaram em Dt 16.18, com diretrizes para a nomeação de juízes e oficiais. Então se seguem três determinações a 126


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respeito da falsa adoração: não plantar nenhuma árvore como se fazia a Aserá (Dt 16.21), não levantar estátua (Dt 16.22), não sacrificar animal defeituoso (Dt 17.1). ➢ Sacerdotes e Profetas - Dt 18 Após falar sobre as funções “seculares” de juiz e rei, Deuteronômio volta-se para as funções “religiosas” de sacerdote (Dt 18.1-8), e profeta (Dt 18.9-22). As quatro funções demonstram as duas formas pelas quais o indivíduo alcançava uma posição proeminente: carisma (juiz), hereditariedade (rei), hereditariedade (sacerdote e levita), carisma (profeta). ➢ Lidando Com o Crime e a Violência - Dt 19 A primeira parte desse capítulo (Dt 19.1-13) se propõe a impedir uma vingança rápida e injusta contra alguém que, acidentalmente, tenha tirado a vida de outrem. A segunda metade do capítulo (Dt 19.15-21) tem a finalidade de evitar condenações errôneas, produzidas sem testemunhos incriminatórios suficientes e confirmáveis. A penalidade para o testemunho falso e maldoso é bastante severa, como fica claro nos versículos 18-21. ➢ Dispensas de Guerra e Execuções - Dt 20 A primeira metade do capítulo (Dt 20.1-9) é composta basicamente pela exortação de um sacerdote para os soldados serem corajosos (seu único papel fora do santuário) - Dt 20.24, seguida por algumas ofertas dos oficiais que permitem a desqualificação de alguns para o serviço militar- Dt 20.5-9. A segunda metade de Dt 20.10-20, trata de estratégias militares. Uma cidade não palestina tinha, antes de mais nada, a chance de se render (Dt 20.10-15), mas cidades 127


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palestinas deviam ser completamente destruídas (Dt 20.16 18). Um jeito melhor de explicar isto é que os versículos 1015 mostram a forma costumeira de se tratar os povos subjugados, enquanto que os versículos 16-18 tratam de uma exceção à regra geral: como lidar com os povos subjugados dentro da Terra Prometida. ➢ Vida e Morte - Dt 21 No capítulo 21 encontramos o seguinte: uma lei acerca da expiação do homicídio quando o assassino não tiver sido detido (Dt 21.1-9), uma lei sobre o casamento com mulheres (solteiras?), capturadas na guerra (Dt 21.10-14), uma lei sobre heranças, defendendo o direito de primogenitura em um lar bígamo/polígamo (Dt 21.15-17), uma lei sobre filhos rebeldes e contumazes (Dt 21.18-21), uma lei sobre o sepultamento de um criminoso executado (Dt 21.22,23). ➢ Relacionamentos Legais e Ilegais - Dt 22 Esse capítulo possui quinze leis: nove nos versículos 1-12, seis nos versículos 13-29, o versículo 30, na Bíblia hebraica, corresponde ao versículo 1 do capítulo 2. Ao menos, todas as leis nos versículos 13-30 caem em uma categoria geral: castidade. Os primeiros doze versículos, contudo, não podem ser reunidos de forma tão harmoniosa. ➢ Expulsão, Limpeza e Posse - Dt 23 Esse capítulo contém uma mescla de leis, possivelmente sem um tema geral. Os primeiros oito versículos falam sobre quem deve e quem não deve entrar na comunidade de Deus. Cada uma das leis começa com a partícula negativa lô\ “Nenhum homem tomará” (Dt 22.30; Dt 23.1 no texto hebraico); “não entrará” (Dt 23.1), “Nenhum [...] entrará” (Dt 128


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23.2), “Nenhum [...] entrará” (Dt 23.3), “Não lhes procurarás” (Dt 23.6), “não abominarás [...] nem abominarás” (Dt 23.7). Os versículos 9-14 discutem a necessidade de limpeza física no acampamento e, por conta disso, apontam quem precisava sair do arraial: aqueles que tivessem polução (Dt 23.10; cf. Lv 15.16) e aqueles que precisassem fazer necessidades (Dt 23.12,13). Assim, a sequência da segunda metade do capítulo é: não à exploração de escravos (Dt 23.15,16), não à exploração sexual (Dt 23.17,18), não à exploração econômica de um familiar (Dt 23.19,20), não à exploração de promessas religiosas (Dt 23.21-23), não à exploração do sistema israelita de apoio aos pobres (Dt 23.24,25). ➢ Casamento e Pobreza - Dt 24 A primeira lei nesse capítulo (Dt 24.1-4) tem levantado muita discussão. Seu assunto é o divórcio e, de modo mais específico, o novo casamento de uma mulher com seu primeiro marido, após a morte de seu segundo marido ou depois de ela ter novamente se divorciado. O cerne dessa passagem é a explicação do motivo do divórcio: “por ter ele achado coisa indecente nela” (ARA), literalmente, “a nudez de uma coisa”. Curiosamente, uma lei sobre divórcio e novos casamentos é seguida por outra que fala sobre a manutenção do casamento (Dt 24.5). Ao homem é permitido ficar o primeiro ano de casado inteiramente com sua esposa.

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A sequência seguinte de leis encerra o capítulo: sequestro tal qual a lei no versículo 6, trata-se de uma apropriação ilegal –( Dt 24.7), lepra - lembrar de Miriã) – (Dt 24.8,9), outra lei sobre empréstimos, a respeito de como tratar um devedor (Dt 24.10-13), sobre a opressão do pobre, acerca do pagamento imediato de seu salário “antes do pôr do sol”, como na lei anterior, no versículo 13 (Dt 24.14,15), a responsabilidade individual pela violação de leis civis ou criminais (a responsabilidade coletiva continua válida para pecados contra Deus, como no segundo mandamento em Dt 5.9, Dt 24.16, justiça para os indefesos (Dt 24.17,18), sobre deixar alimento para o pobre (Dt 24.19-22). ➢ Litígio e Justiça - Dt 25 Este capítulo contém, principalmente, leis acerca de duplas: uma contenda entre duas pessoas (Dt 25.1-3), o boi e seu dono (Dt 25.4), “Quando alguns irmãos morarem juntos” (Dt 25.5-10), quando dois homens brigarem (Dt 25.11,12), dois pesos e duas medidas (Dt 25.13- 16), Israel e Amaleque (Dt 25.17-19). ➢ Ação De Graças e Obediência: Nesse Dia! Dt 26 O corpo legal de Deuteronômio se conclui com esse capítulo e deve ser claramente dividido em três seções. Primeiro temos a liturgia para a apresentação das primícias - Dt 26.111. Boa parte dessa unidade engloba as crenças que os israelitas deveriam anunciar, uma vez fixados na Palestina e cientes do local que o Senhor escolhera para estabelecer seu

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nome - Dt 26.5-10. Moisés, em essência, diz a Israel: “No futuro, não esqueçam o seu passado”. A segunda parte do capítulo é uma outra liturgia para a apresentação do dízimo trienal - Dt 26.12-15, Dt 14.28,29. A confissão nos versículos 5-10 enfatiza o que Deus havia feito por Israel, por “nós”. A confissão presente nesta liturgia (Dt 26.13-15) destaca o que cada pessoa fez ou deixou de fazer. O último parágrafo (Dt 26.16-19) é a terceira seção, na qual Moisés faz um desafio final ao povo. Trata-se de uma extensão lógica do clamor por bênçãos no versículo 15. Os versículos 16,17 são o caminho para se alcançar estas bênçãos (“fazer estes estatutos e juízos”). O versículo 19 enumera as manifestações dessas bênçãos (“Para assim te exaltar sobre todas as nações que fez, para louvor, e para fama, e para glória [...] um povo santo ao Senhor”). 3 - CUIDADO! - Profecias Sobre o Futuro De Israel - Dt 27 – 34 3.1 - Bênçãos e Maldições - Dt 27 – 30 Os quatro capítulos a serem estudados nesta unidade compreendem os dois últimos capítulos do segundo discurso de Moisés (capítulos 27-28) e também o seu breve terceiro discurso (capítulos 2930). A essa altura, Moisés já havia terminado de apresentar a lei do Senhor a Israel. Diante dessa lei, nenhum crente podia ficar neutro. Era preciso optar entre viver por ela ou ignorá-la. O que Moisés tenta demonstrar aqui é a inevitabilidade de toda paga ou consequência. Toda escolha que se faz corresponde a uma reação divina proporcional.

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3.2 - Últimos Dias De Moisés - Dt 31-34 Moisés antes de sua morte animou os israelitas a esforçaremse por tomar posse da terra, colocou Josué em seu posto de sucessor e entregou o livro da lei aos levitas para ser guardado junto da arca no Lugar Santíssimo. Ele também deu instruções aos levitas para que congregassem o povo nos anos sabáticos a fim de ler-lhes a lei - Dt 31.1-29. O cântico de Moisés em Dt 32 é tido como um resumo total do livro de Deuteronômio. Foi escrito em forma de cântico para que o povo pudesse recordá-lo facilmente. A bênção das tribos por Moisés, em Dt 33, deve comparar-se com a bênção de Jacó em Gn 49. Deus permitiu a Moisés somente contemplar a terra prometida, sendo negada sua entrada à referida terra, devido sua desobediência no incidente das águas de Meribá - Dt 34.1. Deus levou o espírito de Moisés consigo e sepultou o corpo em um lugar desconhecido dos israelitas. Se o lugar de seu sepultamento fosse conhecido, o povo teria convertido em um santuário idólatra. Muitos acreditam que Josué escreveu o último capítulo do livro de Deuteronômio como tributo final a Moisés.

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CONCLUSÃO: O Pentateuco é, portanto, uma introdução verdadeira e lógica de toda a Bíblia. Nele encontramos as verdades e os preceitos divinos para a Igreja e toda a história do povo de Israel, a começar com a promessa da redenção prometida em Cristo - Gn 3.15.

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BIBLIOGRAFIA ALLEN, C. J. Comentário Bíblico Broadman. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP,1987 ELLISEN, S.A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. 9 ed. São Paulo: VIDA, 2002 FRANCISCO, C. Introdução ao Velho Testamento. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1979. HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. HOLF, Paul.

O Pentateuco. Miami: VIDA, 1983.

LIVINGSTON, George H. et al. Comentário Bíblico Beacon Vol. n°1. 4ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. McMAIR, S.E. 1997.

A Bíblia Explicada. 12 ed. Rio de Janeiro: CPAD,

PEARLMAN, M. Através da Bíblia Livro Por Livro. 15 ed. São Paulo: VIDA,1992. RADMACHER, E. D. O Novo Comentário Bíblico - AT. Rio de Janeiro: C. Gospel, 2010. SANTOS, Joiade. Apostila de Antigo Testamento I (O Pentateuco). Brasília: SETEAD, 2003.

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UNGER, M.F. Arqueologia do Velho Testamento. 2 ed. São Paulo: IBR, 1989.

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Questionário Avaliativo dos Livros Pentateuco: 1. Analise as questões abaixo, marque a opção correta. I.

Já os judeus, residentes em Alexandria são responsáveis pela tradução grega das Escrituras, designaram esses livros com nomes que, de algum modo, fossem capazes de ajudar a lembrar o conteúdo de cada livro: Génesis (Gênesis), porque trata das origens do mundo, das criaturas, do ser humano e dos antepassados do antigo Israel; Êxodos (Êxodo), porque trata da saída do Egito; Leuitikón (Levítico), porque trata da legislação relativa a tudo que envolve o culto. Arithmoi (Números), porque trata do recenseamento dos filhos de Israel no deserto; Deuteronómion (Deuteronômio), porque trata da “segunda lei” ou da “cópia da lei” (cf. Dt 17,18), que Moisés deu aos filhos de Israel nas planícies de Moab, antes de entrarem na terra prometida, e que completariam as prescrições recebidas no Sinai.

II.

Em hebraico, cada uma das cinco partes, ou “rolos”, do primeiro corpus literário da Bíblia, é designada pela primeira palavra importante do seu texto: berēšît (“no princípio”); shemôt (“nomes”); wayyiqrā’ (“e chamou”); bemidbar (“no deserto”); haddebārîm (“as palavras”).

III. Da palavra grega pentateukos, originou-se a latina pentateuchus e desta originou-se a palavra portuguesa Pentateuco, que significa “livro de cinco partes”. No hebraico, a palavra para os cincos primeiros livros é Torá que pode ser traduzido para o português por Lei, Ensino ou Instrução. IV.

Até o século XVII, as comunidades judaicas e cristãs atribuíam universalmente a autoria do Pentateuco a Moisés. Mas depois que Baruch Spinoza (1632-1677 d.C.), filósofo judeu, insinuou em 1671

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a possibilidade de ter sido Esdras o autor do Pentateuco, muitas teorias apareceram sobre o assunto. ❖ Marque a única opção correta referente a questão nº 01 a. ( ) Todas as alternativas estão corretas. b. ( ) Somente a alternativa I, II e IV estão corretas. c. ( ) Somente a alternativa II, III e IV estão corretas. d. ( ) Somente a alternativa I, III e IV estão corretas. e. ( ) Todas as alternativas estão incorretas.

2.

Analise as questões abaixo, marque a opção correta.

I.

O livro de Gênesis é a introdução à Bíblia toda. É o livro dos princípios, pois narra os começos da criação, do homem, do casamento, do pecado, da promessa da redenção, do homicídio, das nações, dos idiomas e da nação de Israel. Com o livro de Gênesis, começa também a progressiva, auto revelação de Deus, que se completa em Cristo. Este livro tem sido chamado de “viveiro ou sementeiro da Bíblia” porque nele estão as sementes de todas as grandes doutrinas da Bíblia. Na opinião de alguns expositores bíblicos, sem o Gênesis a Bíblia “é não só incompleta, mas incompreensível”.

II.

Gênesis é o livro manancial de toda a profecia bíblica. A primeira e fundamental profecia está registrada em Gn 3.15, e nesse único versículo toda a revelação divina está compreendida em resumo. Podemos estudar as profecias referentes à terra, Gn 8.22; aos filhos de Noé, Gn 9.35-37; a Abraão, Gn 12.1-3; 15 ao 18, a Ismael, Gn 17.20; a Isaque, Gn 18.1-16; a Esaú e Jacó, Gn 25.23; a Efraim e Manassés, Gn 48.1-22; aos doze filhos de Jacó, Gn 49.1-33. Estas e

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outras profecias são maravilhosas e surpreendentes no seu cumprimento. III. O livro de Gênesis está cheio de tipos. Entre os tipos mais evidentes do Gênesis, podemos destacar os seguintes: o primeiro Adão é tipo de Jesus Cristo, o último Adão; o sacrifício de Gn 3.21, tipo do Cordeiro de Deus morto na cruz; Caim e Abel, tipos das duas naturezas; Abel e Sete, tipo da morte e ressurreição de Cristo; Enoque, tipo da igreja arrebatada antes do Dilúvio, que é tipo do dia da tribulação de Jacó. Noé, tipo de Cristo; os oitos salvos na arca são tipos do restante de Israel que será salvo através da grande tribulação; a Arca, tipo do meio de salvação e libertação na hora do juízo que virá sobre a terra; Abraão e Ló, tipos dos dois princípios de vida: fé e vista; Ismael e Isaque, tipos das dispensações da lei e da graça; Isaque e Rebeca, tipos de Cristo e a igreja; José, o mais perfeito tipo de Cristo que temos na Bíblia. IV.

Há cinco dispensações no livro de Gênesis: dispensação da Inocência, durante o qual Deus fez prova do homem; da Consciência, quando Ele suportou o homem; do governo humano, durante o qual Ele refreou o homem; da Promessa, no qual Ele agiu em favor do homem, e da graça, onde Deus mostra sua graça para com o homem decaído.

❖ Marque a única opção correta referente a questão nº 02 a. ( X ) Todas as alternativas estão corretas. b. ( X ) Somente a alternativa I, II e III estão corretas. c. ( ) Somente a alternativa II, III e IV estão corretas. d. ( ) Somente a alternativa I, III e IV estão corretas. e. ( ) Todas as alternativas estão incorretas.

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3.

Marque “V” para verdadeiro e “F” para Falso, e marque a única alternativa correta. Sobre a Criação, a queda, a Primeira Civilização, o diluvio e a Dispersão das Nações em Gênesis: ( F )

Adão e Eva desobedeceram a Deus e tornaram-se conscientes de culpa. O pecado sempre desposa a alma da pureza e do gozo da comunhão com Deus. Essa é a morte espiritual – Gn 2.17. Seguiram-se ao pecado, resultados desastrosos, como um rio impetuoso. O juízo de Deus foi severo: Sobre a serpente: degradação - Gn 3.14. Sobre a mulher: multiplicação de dor no parto e submissão ao marido - Gn 3.16. Sobre o homem: trabalho árduo até a morte, num solo cheio de espinhos - Gn 3.17-19. Sobre o homem e seus descendentes: exclusão da árvore da vida no paraíso - Gn 3.22-24.

( V ) Qual é a ideia mais importante que encontramos no relato da criação? Não é a descrição do processo de criar, nem a dos detalhes acerca do homem, por mais interessante que sejam. Tal ideia é: há um Deus, e por Ele foram feitas todas as coisas. “No princípio criou Deus os céus e a terra”, Gn 1.1. Neste primeiro versículo chave de Gênesis, Moisés exprime em resumo a obra criadora de Deus. Obra esta, que a partir do versículo 2 ele descreve de maneira mais detalhada ou específica. ( V)

Caim tornou-se o fundador de uma civilização que incluiu uma cidade, agricultura, manufaturas e artes. O caráter dessa cidade foi marcado pela violação da lei do matrimônio e pelo espírito de violência - Gn 4.19-24.

(V)

Noé constitui um raio de esperança em uma época sombria. Dos descendentes de Sete somente a família de Noé permaneceu fiel a Deus. Ele tornou-se o escolhido por meio de quem a promessa da redenção continuou o seu curso até o seu cumprimento - Gn

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5.28,29; 6.8. Noé pregava a justiça de Deus, mas ninguém lhe dava a devida atenção à sua mensagem - Hb 11.7; 2 Pe 2.5; Mt 24.37-39. (V)

A história das nações gira em torno da genealogia semítica, a linhagem da promessa divina feita por meio de Noé - Gn 9.26. Depois o horizonte se reduz aos antepassados de Abraão. Prepara-se, assim, o caminho para começar a história do povo escolhido de Deus.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 03. a)

(

)

V-F-V-F-V

b)

(

)

F-V-F-V-V

c)

(

)

V-V-V-V-V

d)

(

)

V-V-V-V-F

e)

(

)

F-V-V-V-F

4. Relacione a segunda coluna de acordo com primeira, e marque a única alternativa correta. Sobre a história patriarcal: ( a )

ABRAÃO

( d ) As experiências de José estavam ligadas com o plano de redenção que já mencionamos. Deus permitiu que ele fosse vendido para o Egito e que sofresse a fim de ser elevado e dessa maneira ter a oportunidade de socorrer sua família durante a fome, coloca-la num território onde pudesse tornar-se uma grande nação e passar por diversas experiências até que Jeová a conduzisse à conquista da Terra Prometida - Gn 45.7,8; 50.20.

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( b )

ISAQUE

( a )

Um estudo sobre a vida de Abraão, revelará a fé que permeou a vida desse patriarca, seu testemunho de fidelidade o consagrou como o Pai da fé. Sua vida é uma ilustração do tipo de pessoa que receberia a benção prometida em Gn 12.3 e uma profecia da verdade: a salvação vem pela fé (Gl 3.8; Rm 4).

( c )

JACÓ

( e )

Não se diz muito a respeito de sua vida, além do incidente com Abimeleque e Rebeca, e da contenda a respeito dos poços - Gn 26. Isaque era homem dado à meditação, conciliador, tranquilo e pacífico. Sua vida parece ser apenas um eco da vida de seu pai Abraão. Cometeu os mesmos erros do pai, porém buscou a Deus.

( d )

JOSÉ

( c )

Jacó foi o escolhido como o portador da benção - Gn 25:23. O caráter dos seus dois filhos revela-se pela atitude ante essa promessa - Gn 25:29-34. Jacó é o verdadeiro pai do povo escolhido, nasceram-lhe doze filhos, os quais foram os cabeças das doze tribos. Nota-se que ele é um verdadeiro tipo de nação quanto ao caráter e experiências da mesma.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 04. a) ( ) c-a-b-d b) ( X ) d-b-a-c c) ( ) d-c-a-b d) ( ) d-a-b-c e) ( ) a-d-b-c

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5.

Analise as questões abaixo, marque a opção correta, sobre o livro de Êxodo.

I.

A palavra Êxodo vem do grego “exodus”, oriundo da versão Septuaginta, e significa “saída” ou “partida”. O livro é assim chamado porque registra a saída de Israel como povo de Deus da terra do Egito. No hebraico, o nome do livro é “weelleh shemoth”, que significa “estes são os nomes de...”, ou “shemoth”, que significa “os nomes...” - Êx 1.1. Isto é, estes são os nomes dos filhos de Israel que foram para o Egito.

II.

Entre a morte de José em 1804 a.C., e o início da perseguição de Israel no Egito - Êx 1.11, há um intervalo de quase 300 anos. Nesse intervalo os hebreus no Egito se multiplicaram em centenas de milhares conforme Êx 1.7. O povo israelita, outrora objeto do favor de Faraó, é agora escravo temido e odiado do rei egípcio - Êx 1.8-11. A situação política mudou radicalmente no Egito.

III. Por duas vezes, Deus apareceu a Moisés de forma incandescente. Primeiro em uma snh (capítulo 3), depois no sny (capítulo 19). Deus costuma aparecer nos locais mais inesperados, como em uma sarça. Foi próximo a um arbusto que Ele apareceu para Agar (Gn 21.15, com uma outra palavra hebraica para “arbusto”, sîah) e foi em um arbusto, ou sarça, que apareceu pela primeira vez a Moisés. IV.

Moisés foi criado em seu próprio lar - Êx 2.9. Aprendeu com sua mãe Joquebede - Êx 6.20 -, durante os primeiros cinco ou sete anos de sua vida, a ter não somente fé em Deus, mas também simpatia e amor por seu povo oprimido. Sua mãe infundiu-lhe de tal maneira, em sua infância, as tradições de seu povo, que todos os atrativos do palácio egípcio jamais puderam apagar aquelas primeiras impressões - Hb 11.24-27.

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V.

As dez pragas que foram permitidas por Deus visavam diretamente aos deuses do Egito e tiveram o objetivo de provar a superioridade do Deus de Israel sobre as divindades do Egito. As pragas foram a resposta de Deus à pergunta de Faraó - Êx 5.2. Cada praga foi um golpe mortal aos deuses egípcios e uma censura à idolatria. A religião do Egito era politeísta, prestavam cultos às forças da natureza tais como o Sol, a Lua, o rio Nilo e também a certos animais e aves.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 05. a. ( ) Todas as alternativas estão incorretas. b. ( ) Somente a alternativa I, II, III e IV estão corretas. c. ( ) Somente a alternativa II ,III, IV e V estão corretas. d. ( ) Somente a alternativa I, III, IV e V estão corretas. e. ( X ) Todas as alternativas estão corretas. 6. Relacione a segunda coluna de acordo com primeira, e marque a única alternativa correta. Sobre as Dez Pragas no Egito: ( a )

Àgua em sangue

(

)

Êx 8.1-15

( b ) Infestação das rãs

(

)

Êx 7.14-25

( c )

(

)

Êx 8.20-32

( d ) Infestação das moscas

(

)

Êx 8.16-19

( e )

Peste sobre o gado

(

)

Êx 11.1–12

( f )

Úlceras sobre homens e animais

(

)

Êx 10.21-29

( g )

Saraiva, trovões e raios

(

)

Êx 10.1-20

( h ) Infestação de gafanhotos

(

)

Êx 9.13-35

( i )

Três dias de densas trevas

(

)

Êx 9.1-7

( j )

Morte dos primogênitos

(

)

Êx 9.8-12

Piolhos

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*Marque a única alternativa correta referente a questão 06. a)

(

)

c-a-b-d-j-i-h-g-e-f

b)

(

)

d-b-a-c-j-i-h-g-e-f

c)

(

)

j-i-h-g-e-f-b-a-c-d

d)

(

)

d-a-b-c-j-i-h-g-e-f

e)

(

)

b-a-d-c-j-i-h-g-e-f

7.

Analise as questões abaixo, marque a opção correta, sobre o livro de Êxodo.

I.

A travessia do mar de Juncos (preferível a “mar Vermelho”, o qual não se baseia no texto hebraico, mas no grego erythra thalassa e no latim mare rubrum) é descrita como um milagre. Ler o termo hebraico yam süp como “mar de Juncos” e não “mar Vermelho” reflete o fato de que süp, quando utilizado isoladamente, refere-se a juncos ou bambuzal, como em Êx 2.3.

II.

A viagem de três meses entre Egito e Sinai não foi tranquila, nem para Moisés nem para os israelitas. Durante essa breve fração de seu itinerário, eles passaram por pelo menos quatro crises: as águas amargas de Mara - Êx 15.22-27; a falta dos víveres necessários - Êx 16.1-36; a falta de água para beber em Refidim - Êx 17.1-7; a invasão dos amalequitas - Êx 17.8-16.

III. Foi necessária a morte dos primogênitos para que Faraó permitisse que os israelitas se retirassem sem impor-lhes nenhuma condição. Os egípcios entregaram joias de ouro e prata, como também roupas aos hebreus e rogaram-lhes que se retirassem rapidamente. O povo de Israel saiu do Egito em completa liberdade como se fosse um exército de conquistadores com seus despojos e não como escravos que fugiam do cativeiro - Gn 15.14; Êx 3.21; 7.4; 12.51.

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IV.

Jetro com toda sua experiência de vida no deserto não deu sábios conselhos a Moisés quanto à organização e distribuição de tarefas entre o povo de Israel. Temos aí o contexto de um Moisés sobrecarregado. Jetro sugeriu que ele não delegasse autoridade e tentasse fazer tudo por conta própria.

V.

Israel chegou ao monte Sinai depois de uma viagem de três meses após sua partida do mar vermelho - Êx 19.1. Ali permaneceu quase um ano - Nm 10.11. Ao pé do monte Sinai Israel recebeu a Lei e fez um pacto ou aliança solene com o Senhor - Êx 24.1-18. A nação foi organizada e recebeu Deus como seu Rei. Esta forma de governo ficou conhecida como teocracia.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 07. a.

(

) Todas as alternativas estão incorretas.

b.

( X ) Somente a alternativa I, II, III e V estão corretas.

c.

(

) Somente a alternativa II, III, IV e V estão corretas.

d.

(

) Somente a alternativa I, III, IV e V estão corretas.

e.

(

) Todas as alternativas estão corretas.

8. Relacione a segunda coluna de acordo com primeira, e marque a única alternativa correta. Sobre as Principais Festas Religiosas dos Judeus: ( a )

Purim

( b ) Páscoa (Pessach)

(

)

Comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no Egito, em 1445 a.C.

(

)

Os judeus comemoram a salvação de um massacre elaborado pelo rei persa Assucro

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( c )

Shavuót

(

)

É comemorado o ano novo judaico

( d ) Rosh Hashaná

(

)

Celebra a revelação da Torá ao povo de Israel, por volta de 1445 a.C;

( e)

Yom Kipur

(

)

Celebra a entrega Mandamentos a Moisés

( f )

Sucót

(

)

Comemora-se o fim do domínio sírio e a restauração do templo de Jerusalém pelos os macabeus, é festa das luzes

( g )

Chanucá

(

)

Refere-se à peregrinação de 40 anos pelo deserto, após a libertação do Egito;

(

)

Considerado o dia do perdão

( h ) Simchat Torá

dos

Dez

*Marque a única alternativa correta referente a questão 08. a)

(

)

c-a-b-d-h-g-f-e

b)

(X )

d-b-a-c-h-g-f-e

c)

(

)

b-a-d-c-h-g-f-e

d)

(

)

d-a-b-c-f-e-g-h

e)

(

)

h-g-f-e-c-b-a-d

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9. Analise as questões abaixo, marque a opção correta, sobre o livro de Êxodo. I.

Em Êx 32 vemos a forma como Arão e os israelitas, na ausência de Moisés, fizeram um bezerro de ouro aos pés do monte Sinai, em um ato de evidente apostasia. Eram as mesmas pessoas que há pouco tinham dito, não uma, mas duas vezes: “todas as palavras que o Senhor tem falado, faremos” - Êx 24.3, 7. Crentes convertidos e comprometidos caíram em desgraça, quase que da noite para o dia. Sua declaração de obediência fora esquecida.

II.

As orientações de Deus para Moisés podem ser separadas em dois grupos: os planos para o Tabernáculo - Êx 25.1—27.19 -, e o funcionamento do Tabernáculo - Êx 27.20—30.38. O altar do incenso está no segundo grupo por ser descrito segundo sua função - Êx 30.7,8. A mesma explicação se aplica ao fato de a pia no pátio ser descrita apenas nos capítulos 26—31 - Êx 30.17-21 -, quando sua utilização e propósito são esclarecidos.

III. O Tabernáculo é um prolongamento do monte Sinai. Os israelitas não têm como levar o monte consigo ao levantar acampamento, mas podem carregar uma tenda transportável. Assim, deixar o Sinai para trás não significa abandonar o Deus do Sinai. O Deus, cuja presença no Sinai ficava restrita ao cume e envolta em nuvens, seria agora o Deus que habita no meio de seu povo. IV.

Quando Moisés terminou a obra a nuvem que havia guiado a Israel veio sobre o tabernáculo como uma manifestação visível da presença de Deus e aí permaneceu - Êx 40.1-38. Assim o livro de Êxodo termina com o cumprimento da promessa de Deus: “E habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por Deus” - Êx 29.45.

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V.

O Tabernáculo é uma versão ainda mais intensa do monte Sinai. No cume do monte, Moisés “entrou no meio da nuvem” - Êx 24.18, mas, quando a mesma glória divina envolveu o Tabernáculo, Moisés “não podia entrar na tenda da congregação” - Êx 40.35. No Sinai, foi possível entrar na presença divina; no Tabernáculo, a presença de Deus foi inicialmente impenetrável.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 09. a.

(

) Somente a alternativa I, II, III e V estão corretas.

b.

(

) Somente a alternativa I, II, III e IV estão corretas.

c.

(

) Somente a alternativa II, III, IV e V estão corretas.

d.

( X ) Todas as alternativas estão corretas.

e.

(

) Todas as alternativas estão incorretas.

10. Marque “V” para verdadeiro e “F” para Falso, e marque a única alternativa correta. Sobre o Livro de Levítico: ( F )

As cerimônias da consagração incluíam a lavagem com água - Lv 8.5,6; o vestir de roupas sacerdotais - Lv 8.7-9; a unção com óleo - Lv 8.10-13; a oferta de sacrifícios e a aspersão de sangue. Tais ofertas são especificamente pelo pecado, holocaustos, e ofertas pacíficas ou pela ordenação, nessa ordem, - Lv 8.14-29. As instruções para essa cerimônia e investidura são encontradas em Êx 29 e a cerimônia ocorre em Lv. 8.

( V ) Os sacerdotes tinham como função servir como mediadores entre o povo e Deus, consultar a Deus para discernir a vontade divina para ao povo - Nm 27.21; Dt 33.8 -, ser interpretes e mestres da Lei ensinando ao povo os estatutos do Senhor - Lv 10.11- e ministrar nas coisas sagradas do tabernáculo.

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( V)

Os filhos de Arão em vez de usarem fogo tirado do altar do holocausto para os seus incensários - Lv 16.12; Nm 16.46, usaram fogo estranho ou comum perante o Senhor - Êx 30.7-9. Provavelmente havia inveja e rivalidade entre eles porque ambos ofereceram incenso simultaneamente. O sumo sacerdote ou um sacerdote comum podia oferecer incenso, mas parece que não se permitiam que dois oficiassem juntos - Lc 1.5,9.

(V)

As regras referentes à pureza e à impureza tinham como propósitos ensinar a santidade, como também conservar a saúde do povo israelita. Como nação santa, separada dentre as demais nações.

(V)

O termo holocausto no hebraico é olah e no grego é olokaútoma ou olokaútosis, que significa “fazer subir” ou “aquilo que sobe” para Deus como cheiro suave. O sacrifício era literalmente queimado para o Senhor. Isto significava a inteira consagração do ofertante ao Senhor Deus. Todas as manhãs e tardes se ofereciam um cordeiro em holocausto para que Israel se lembrasse de sua consagração ao Deus Todo poderoso - Êx 29.38-42.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 10. a) ( ) V-F-V-F-V b)

(

)

F-V-F-V-V

c)

(

)

V-V-F-V-V

d)

(

)

V-F-V-V-F

e)

(

)

V-V-V-V-V

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11. Marque “V” para verdadeiro e “F” para Falso, e marque a única alternativa correta. Sobre o Livro de Levítico:

( F )

Dois capítulos inteiros de Levítico são dedicados à lepra, seu diagnóstico (Lv 13) e purificação (Lv 14). Podemos seguramente supor que a palavra “lepra” é um termo genérico que abrange diversas doenças de pele, sendo que grande parte não oferecia risco de contágio. O fato de que a doença em questão, pode afetar tanto roupas como construções parece implicar uma variedade de significados, incluindo até mesmo fungos, micoses e putrefação dos tecidos.

( V ) A festa da Páscoa e Pães Asmos era uma das três convocações anuais (páscoa, pentecoste, tabernáculo) em que todos os homens hebreus tinham de ir a Jerusalém a fim de participar de sua observação. Celebrava-se a saída do Egito e a redenção efetuada com o cordeiro pascal - Êx 12.1 – 13.10; 1 Co 5.7. A duração da páscoa era de um dia. O primeiro dia após a páscoa celebrava-se a festa dos pães asmos que durava sete dias. ( V)

No Ano Sabático os israelitas deviam passar um ano em cada sete anos sem semear nem colher. A terra devia descansar. O que ela produzisse espontaneamente naquele ano seria para todos. Deus daria colheitas abundantes no sexto ano para que não fosse necessário trabalhar no ano seguinte - Lv 25.18-22. Era um ano de perdão para os pobres e de liberdade para os escravos - Êx 21.2-6; Dt 15.1-11.

(V)

O propósito do jubileu era evitar a escravidão perpétua dos pobres e a acumulação de riquezas pelos ricos e também preservar a distinção entre as tribos e suas possessões.

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(V)

Os dois caminhos são uma comparação entre o estilo de vida que traz as bênçãos de Deus Lv 26.3-13 -, versus o estilo de vida que traz a ira de Deus Lv 26.14-46. Levítico 26 poderia ser chamado de o “apelo” de Levítico. Esse capítulo funciona para Levítico tal qual Deuteronômio 27 e 28 funciona para Deuteronômio. As bênçãos possuem três aspectos: chuva suficiente para a colheita Lv 26.4; paz na terra Lv 26. 6 e, acima de tudo, a presença de Deus Lv 26.11.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 11. a)

(

)

V-V-V-V-V

b)

(

)

F-V-F-V-V

c)

(

)

V-V-F-V-V

d)

(

)

V-F-V-V-F

e)

(

)

F-F-V-V-V

12. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira, e marque a única alternativa correta logo abaixo. Sobre as Leis Referentes as Festas Solenes dos Judeus: ( a ) Festa das Primícias

(

) O dia de repouso era a primeira festa no calendário sagrado. Nesse dia Israel lembrava seu Criador e o fato de que Ele descansou de sua obra criadora no sétimo dia - Gn 2.2 - como também lembrava sua escravidão do Egito e que agora eles poderiam dedicar a Deus um dia da semana - Dt 5.12-15.

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PENTATEUCO

( b ) Festa do

(

) No primeiro dia da semana depois da páscoa, um feixe ou molho da colheita das primícias era movido pelo o sacerdote perante o Senhor. Era um reconhecimento de que o fruto da terra provinha de Deus.

(

) Era a última festa do ano, e durava oito dias. Comemorava-se o fim da época da colheita e também a peregrinação no deserto quando os israelitas habitaram em tendas, depois da saída do Egito.

(

) O tocar das trombetas proclamava o começo de cada mês, o qual se chamava lua nova - Nm 10.10. Observava-se a lua nova oferecendo sacrifícios pelo pecado e holocausto acompanhados de oblação de presente.

(

) No dia da expiação, o sumo sacerdote reunia todos os pecados de Israel acumulado durante o ano e os confessava a Deus pedindo perdão.

(

) Cinquenta dias após a páscoa era celebrada a festa da colheita. No quinquagésimo dia eram trazidos ao Senhor dois pães com fermento para serem movidos perante Ele.

Pentecostes

( c )

Festa das Trombetas

( d ) Dia da Expiação

( e)

Festa dos Tabernáculos

( f )

Dia de Descanso

a) b) c) d) e)

( ) ( X ) ( X ) ( ) ( )

c-a-b-d-e-f d-b-a-c-f-e f-a-e-c-d-b d-a-b-c-f-e e-a-f-d-c-b

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PENTATEUCO

13. Analise as questões abaixo, marque a opção correta, sobre o livro de Números. I.

Números é o livro das peregrinações de Israel no deserto. É o livro das murmurações e também da disciplina divina. Ele abrange um período de 39 anos de jornada do povo de Israel no deserto. Números foi o quarto livro escrito por Moisés. Foi escrito para relatar por que Israel não entrou na terra prometida imediatamente depois de partir do monte Sinai. O livro trata da fé que Deus requer do seu povo, dos seus castigos e juízos contra a rebelião e do compromisso progressivo de seu propósito.

II.

O censo devia incluir todos os homens da idade de vinte anos para cima - Nm 1.3. Israel estava sendo enviada como ovelha entre lobos. Ações militares, para preservação ou conquista, seriam inevitáveis. A iniciativa do censo foi de Deus, como foi dele a iniciativa de mandar batedores para espiar a terra de Canaã - Nm 13.1,2. Moisés não teve um repentino desejo de aumentar o número de militares.

III. O capítulo 6 de Números se concentra em descrever o que os nazireus não podem fazer, em vez de abordar o que devem fazer. Entendo que isso está de acordo com a ênfase vista até agora em Números, no que diz respeito à exigência divina de santidade. IV.

O capítulo 8 de Números fala sobre a consagração dos levitas. O trecho é bastante semelhante a Levítico 8, que fala sobre a ordenação dos sacerdotes aarônicos, mas traz uma diferença fundamental. Os sacerdotes, ao serem ordenados, são “consagrados/santificados” (Êx 29.1,21,23; Lv 8.12,30). Os levitas, ao iniciarem seu ministério, são “purificados” (Nm 8.7,15,21).

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PENTATEUCO

V.

A escolha de uma esposa, por parte de Moisés, foi o primeiro alvo de insinuações. Ele havia se casado com uma mulher “cuxita” - Nm 12.1. A aprovação parece partir mais de Miriã que de Arão, pois Nm 12.1, no hebraico, diz literalmente: “E ela falou, Miriã e Arão a favor de Moisés”. Esse pode ter sido o motivo de Miriã ficar leprosa, apesar de Arão também ser implicado quando Deus disse: “por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés".

*Marque a única alternativa correta referente a questão 13. a.

(

b.

( X ) Somente a alternativa I,II,III e IV estão corretas.

c.

(

)

Somente a alternativa II,III,IV e V estão corretas.

d.

(

)

Todas as alternativas estão corretas.

e.

(

)

Todas as alternativas estão incorretas.

)

Somente a alternativa I,II,III e V estão corretas.

14. Analise as questões abaixo, marque a opção correta, sobre o livro de Números. I. Devemos notar que o plano original de Deus era: “E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Envia homens que espiem a terra de Canaã”. Podese imaginar que Deus bem podia ter dado as informações sobre Canaã diretamente, poupando todo o tempo e o embaraço envolvidos nessa aventura. Mesmo assim, o povo teve de realizar todo o trabalho de pesquisa e investigação. II.

É Moisés que recebe a informação da morte iminente de Arão. Ele é orientado a “tomar” Arão e seu filho, Eleazar, subir com eles o monte Hor e transferir as vestes de sumo sacerdote de Arão para Eleazar. Essa transferência da liderança sacerdotal de pai para filho, da primeira para a segunda geração, simboliza a dinâmica desse

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quadragésimo ano de jornada no deserto: a transição da geração do êxodo para seus filhos. III. O trabalho de Balaão, caso o aceitasse, seria bastante simples. Ele devia lançar uma maldição contra os israelitas, imobilizando-os e deixando-os vulneráveis a um ataque de Balaque. Para tornar a oferta a mais tentadora possível, Balaque ofereceu um pagamento quase que irresistível - Nm 22.7,17. IV.

Na história sobre Balaão e Balaque, a ira de Deus se acende contra Balaão (Nm 22.22), a ira de Balaão se acende contra sua jumenta (Nm 22.27), e a ira de Balaque se acende contra Balaão (Nm 24.10). A ira divina acaba levando ao surgimento de uma praga (Nm 25.9), mas a narrativa indica que suas repercussões teriam sido bastante mitigadas se os mandamentos divinos tivessem sido seguidos.

V.

Uma vez em Canaã, os israelitas deviam erguer quarenta e oito cidades levíticas (Nm 35.1-8), bem como seis cidades de refúgio (Nm 35.9-15), para onde aquele que matasse alguém, sem querer ou por engano, poderia fugir e escapar do vingador do sangue - Nm 35.1634; Êx 21.13. Mais uma vez, a preocupação central aqui expressa diz respeito a pureza e santidade. Se as regras divinas para a vida cotidiana não fossem seguidas, a terra seria profanada (Nm 35.33), e contaminada (Nm 35.34).

*Marque a única alternativa correta referente a questão 14. a.

(

) Somente a alternativa I, II, III e V estão corretas.

b.

(

) Somente a alternativa I, II, III e IV estão corretas.

c.

(

) Somente a alternativa II, III, IV e V estão corretas.

d.

(

) Todas as alternativas estão incorretas.

e.

( X ) Todas as alternativas estão corretas.

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15. Analise as questões abaixo, marque a opção correta, sobre o livro de Deuteronômio. I. O nome Deuteronômio vem da versão grega Septuaginta e deriva de duas palavras gregas: “deuteros” que significa “segundo” e “nomos” que significa “lei”. Deuteronômio, portanto significa “segunda lei” ou “repetição da lei”. Na Bíblia Hebraica o nome deste livro é elleh haddebarim, que significa “estas são as palavras...” ou “debarim”, que significa “palavras” ou “livro das palavras” - Dt 1.1. II.

O segundo discurso de Moisés começa em Dt 5.1, com uma convocação para que “todo o Israel” ouça, não a conselhos ou reflexões de um sábio, mas à declaração das leis de Deus. O segundo discurso de Moisés começa e termina atentando a importância do “hoje”: “Ouve, ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos” - Dt 5.1; “Tende, pois, cuidado em fazer todos os estatutos e os juízos que eu hoje vos proponho” - Dt 11.32. Os dois versículos são quase idênticos.

III. Moisés antes de sua morte animou os israelitas a esforçarem-se por tomar posse da terra, colocou Josué em seu posto de sucessor e entregou o livro da lei aos levitas para ser guardado junto da arca no Lugar Santíssimo. Ele também deu instruções aos levitas para que congregassem o povo nos anos sabáticos a fim de ler-lhes a lei - Dt 31.1-29. O cântico de Moisés em Dt 32 é tido como um resumo total do livro de Deuteronômio. IV.

Após falar sobre as funções “seculares” de juiz e rei, Deuteronômio volta-se para as funções “religiosas” de sacerdote (Dt 18.1-8), e profeta (Dt 18.9-22). As quatro funções demonstram as duas formas pelas quais o indivíduo alcançava uma posição proeminente: carisma (juiz), hereditariedade (rei), hereditariedade (sacerdote e levita), carisma (profeta).

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PENTATEUCO

V.

Deus levou o espírito de Moisés consigo e sepultou o corpo em um lugar desconhecido dos israelitas. Se o lugar de seu sepultamento fosse conhecido, o povo teria convertido em um santuário idólatra. Muitos acreditam que Josué escreveu o último capítulo do livro de Deuteronômio como tributo final a Moisés.

*Marque a única alternativa correta referente a questão 15. a. ( ) Somente a alternativa I, II, III e V estão corretas. b. ( ) Somente a alternativa I, II,III e IV estão corretas. c. ( ) Somente a alternativa II, III,IV e V estão corretas. d. ( X ) Todas as alternativas estão corretas. e. ( ) Todas as alternativas estão incorretas.

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PENTATEUCO

Instruções para preenchimento do Gabarito Disciplina: Pentateuco Nome: ___José de Jesus______________________________________ Igreja: ___Assembleia de Deus _________________________________ Nº Núcleo: _001___

Nº Aluno: __0001_ Data:

__10 /_ 05_ /_ 2017_

1 2 3 4 5 6 7

1. Preencher o Gabarito com caneta esferográfica preta ou azul. 2. Preencher todo o quadrado.

3. Não colocar apenas “X”, pois dificulta na hora de corrigir.

8 9 10 11 12

4. A nota será anotada na planilha de cadastro do aluno e será anotada na parte superior do gabarito e entregue de volta ao aluno.

13 14 15

163


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