AmchamNews Abril 2010

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São Paulo, 06 de Maio de 2010

Publicação da Câmara Americana de Comércio

BRASIL-EUA

Bem humorado, falando em bom português e confiante em uma relação Brasil-Estados Unidos cada vez mais profunda. Foi assim que o embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon, concedeu sua primeira entrevista ao AmchamNews em 26/04, durante visita à Amcham-São Paulo. O diplomata, que também esteve em evento da Amcham-Recife em 19/04, tem uma agenda intensa desde sua posse no início deste ano, em boa parte para apoiar as negociações de um acordo que evite a retaliação do Brasil aos EUA autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) como compensação pela prática americana de subsídio aos produtores locais de algodão. Shannon se mostra otimista com um desfecho positivo para o caso, mas também realista. Faz questão de pontuar que a solução é complexa e poderá ser plenamente alcançada apenas em 2012, quando está prevista a revisão da Farm Bill, a política agrícola americana. [Amcham] Quais serão os maiores desafios de sua gestão na embaixada? [Thomas Shannon] Prefiro me concentrar em oportunidades. Eu as vejo em praticamente todas as áreas bilaterais em que estamos trabalhando, especialmente a comercial. [Amcham] O sr. atuou no País entre 1989 e 1992. Que diferenças vê hoje em relação àquele período? [Thomas Shannon] A democracia está bem consolidada, as instituições são maduras, a pobreza está diminuindo e a demanda da classe média cresce. O País tem confiança em si mesmo, energia e uma visão clara do futuro. O Brasil sempre teve capacidade para enfrentar os problemas, mas hoje consegue

aproveitar as oportunidades. No que toca ao relacionamento Brasil-EUA, agora os temas mais importantes são globais, o que mostra uma mudança imensa no papel do Brasil no mundo. Há 20 anos, o País era um poder regional. Atualmente, é um poder global. [Amcham] As negociações entre Brasil e EUA para chegar a um acordo no caso do algodão têm progredido, porém ainda existem pontos críticos a serem superados. Como vê esse cenário? [Thomas Shannon] Acredito que encontramos o caminho para uma solução negociada. Estamos construindo um processo que aumenta a confiança mútua e mostra, a cada ganho importante no cronograma, as verdadeiras chances de evitar a retaliação. Confio que temos capacidade para concluir essas negociações de uma maneira que beneficie os dois parceiros. [Amcham] Em 20/04, o governo brasileiro postergou novamente, por 60 dias, a aplicação das sanções autorizadas pela OMC. O que podemos esperar nesse prazo? [Thomas Shannon] Estamos lidando com um processo. Para resolver os problemas que provocaram essa crise, temos que aguardar o Congresso americano agir dentro das regras legislativas e isso não ocorrerá até 2012. O propósito das negociações neste momento é enfrentar alguns dos sintomas do programa americano de subsídios e abrir espaço para um diálogo bilateral que ajude a pensar a maneira como conduzimos nossa política agrícola. O importante é que esse caso exemplifica o compromisso americano de engajamento junto ao Brasil e uma resposta muito positiva por parte dos brasileiros.

Foto: Mário Miranda

Embaixador Thomas Shannon reforça perspectiva de acordo no caso do algodão

Thomas Shannon, embaixador dos EUA no Brasil

A Amcham e o contencioso A Amcham tem trabalhado intensamente por uma saída consensual para a disputa do algodão entre Brasil e EUA. A entidade atuou como um facilitador da interação entre os dois lados, participou das consultas públicas da Câmara de Comércio Exterior (Camex) sobre o assunto, liderou missões aos EUA e organizou, ao lado da embaixada americana, uma recepção a Gary Locke, secretário de Comércio dos EUA, ocasião em que o assunto foi largamente discutido. A Amcham contribuiu para a construção de um conjunto de sugestões que estabeleceu bases para os progressos vistos nos últimos dias e segue dando suporte aos dois países.


CURTAS Recife Brasil-EUA I

Como parte da estratégia de fortalecer ainda mais os laços entre Brasil e EUA, o embaixador Thomas Shannon quer promover uma maior aproximação entre a nação que representa e a região Nordeste. “Estamos em um momento de transformação no relacionamento com o Brasil. Já entendemos que o País terá um papel fundamental na economia mundial e, por isso, pretendemos estimular a construção de parcerias entre empresas americanas e brasileiras, em especial do Nordeste”, declarou ele em café da manhã organizado pela Amcham em 19/04.

São Paulo Brasil-EUA II

Também para estreitar a conexão Brasil-EUA, Suresh Kumar, secretário-adjunto de Comércio dos EUA, esteve em 26/04 em uma round table na Amcham com empresários das duas nacionalidades. Na ocasião, houve ainda uma Rodada de Negócios entre 50 companhias americanas e 30 brasileiras promovida pela Amcham e integrada ao Trade Winds Americas 2010, evento do Consulado dos EUA em São Paulo.

Campinas Arbitragem

O crescimento econômico do País tem impulsionado o uso da arbitragem, meio extrajudicial de solução de controvérsias que permite encaminhar disputas com rapidez e segurança. “Um conflito, quando endereçado por meio de centros de arbitragem, leva em média 14 meses para ser resolvido, enquanto no Judiciário o processo normalmente se arrasta por anos”, afirmou Roberto Pasqualin, membro do comitê gestor do Centro de Arbitragem da Amcham, durante seminário sobre o assunto em 16/04. Neste ano, o centro da Amcham completa uma década de atuação, tendo já intermediado disputas de 67 companhias e 15 pessoas físicas que somaram R$ 67,8 milhões e outros US$ 4,3 milhões em discussão.

Porto Alegre RH

Para repensar a administração de recursos humanos no atual cenário nacional, o Fórum de Gestão de Pessoas reuniu quatro grandes especialistas em 16/04: Chieko Aoki, presidente do grupo Blue Tree Hotels; Sergio Foguel, membro do Conselho de Administração da Odebrecht; Claudio Costa, vice-presidente de Gestão de Pessoas e Conhecimento da TAM; e o headhunter Bernt Entschev. “O líder deve agir como um missionário, conduzindo a organização com o equilíbrio de razão, sensibilidade e emoção, sem nunca esquecer seus dois principais focos: o cliente e a equipe”, ensinou Chieko. O fórum abriu o Ciclo de Decisões 2010, que debaterá também outros aspectos da gestão corporativa em mais quatro eventos ao longo do ano.

São Paulo Anvisa

Iniciado em novembro de 2009, o trabalho conjunto da Amcham – através da força tarefa de Segurança em Saúde – e da Assessoria de Segurança Institucional (Asegi) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na área de combate à pirataria de medicamentos, produtos e equipamentos para a saúde já apresenta saldo positivo. “O convênio tem dado bons resultados porque, a partir das informações fornecidas pelas empresas privadas à Anvisa, efetuamos grandes operações”, informou Adilson Batista Bezerra, assessor da Asegi, em reunião no dia 05/04. Segundo ele, a parceria com a Amcham viabilizou até agora a apreensão de 200 toneladas de materiais clandestinos.

Curitiba Lei do inquilinato

A Nova Lei do Inquilinato (12.112/09), em vigor desde 25/01, introduziu alterações positivas no mercado de aluguéis, porém demandará um período de adaptação entre 12 e 18 meses tanto por parte de quem loca quanto pelos que têm imóveis locados. Quem diz é Janaína Cirino dos Santos, advogada do escritório CMBaiak Advogados. “A lei balanceou a relação entre locador e locatário e deu mais garantias aos fiadores. As companhias agora esperam para ver os reflexos dessa legislação. Anda há receio devido ao desconhecimento sobre a aplicação das medidas previstas”, explicou Janaína, presente em 14/04 ao comitê de Legislação.

Belo Horizonte Pequenas empresas

Em encontro no dia 28/04, gestores de pequenas e médias empresas debateram fatores determinantes para o desenvolvimento de seus negócios e como ter maior longevidade e resistência a turbulências. A base da discussão foi uma pesquisa da revista Exame PME e da consultoria Deloitte Touche Tohmatsu que mostra as companhias desse porte que mais cresceram em 2009 – a exemplo da mineira Apis Engenharia, que expôs detalhes de seu case de sucesso ao público da Amcham.

São Paulo Economia

Persio Arida, integrante do time que elaborou o Plano Real e ex-presidente do Banco Central, foi o convidado especial do comitê estratégico de Economia em 15/04. Hoje sócio da firma de investimentos globais BTG Pactual, Arida trouxe aos membros do grupo reflexões sobre o ambiente econômico internacional e os desafios considerando especificamente a conjuntura doméstica. Neste ano, o comitê já recebeu também Marcos Lisboa, diretor executivo do Itaú Unibanco e vice-presidente da Febraban, e Bernard Appy, diretor de Pesquisas e Projetos de Negócios da BM&FBovespa, ambos ex-secretários de Política Econômica do Ministério da Fazenda.


PROPRIEDADE INTELECTUAL INPI

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), avaliado no ano passado por pesquisa Amcham/ Ibope junto a empresas que fazem uso de seus serviços como de atuação mediana, mas em evolução, trabalha para ganhar mais agilidade na concessão de marcas e patentes. Para atingir esse objetivo, busca enfrentar duas grandes dificuldades: falta de autonomia para tomar decisões administrativas de peso – contratações, por exemplo, dependem de um grande périplo, que envolve a aprovação de projetos de lei (PLs) específicos para cada demanda – e amarras colocadas pela legislação, que pré-determina uma série de passos a serem cumpridos pela instituição em seus processos, implicando em maior rigidez e muitas vezes mais tempo. “São dois pontos críticos, sendo o pri-

meiro ainda mais grave”, afirmou Jorge Ávila, presidente do INPI, em almoço da força tarefa de Propriedade Intelectual da Amcham na sede da entidade em São Paulo em 29/04. De acordo com ele, atualmente, os prazos levados pelo instituto para registro de marcas e patentes são de, em média, dois e seis anos, respectivamente. No caso de marcas, o horizonte é bastante positivo. “Atingiremos um prazo de um ano ou pouco mais sem precisar de grande aumento no quadro de servidores.” Já com relação a patentes, a situação é mais complicada. Nesse segmento, a necessidade de contratação é premente. Acaba de ser incorporada uma nova turma de examinadores e há três PLs em tramitação para aprovar a abertura de novas vagas.

Foto: Mário Miranda

trabalha para agilizar concessão de marcas e patentes

Jorge Ávila, presidente do INPI

TI

Diante de uma perspectiva de expansão do mercado brasileiro de Tecnologia da Informação (TI) na casa dos 13% ao ano até 2013, apontada em Rodada de Tendências & Negócios da Amcham no final de 2009, a entidade reuniu especialistas no seminário “TI em Transformação” em 29/04 em São Paulo para analisar tendências do setor. Uma das questões mais evidentes é a mudança do perfil dos gestores da área, os CIOs (Chief Information Officers), dos quais atualmente se exigem atributos que vão muito além do conhecimento técnico. A TI, agora, é parte integrante do próprio negócio, responsável por agregação de valor e abertura de novas oportunidades de desenvolvimento corporativo, explicou Sérgio Alexandre, diretor de TI da PricewaterhouseCoopers. “O CIO deve ser o profissional que mais conhece os processos na organização, levando em conta o setor financeiro

e o gerenciamento de pessoas. O líder de TI tem hoje mais responsabilidades”, indicou ele. Outro aspecto examinado no seminário foi o crescente uso da TI como aliada em ações de sustentabilidade. A chamada TI Verde ganha espaço entre as companhias em busca de soluções nessa direção, promovendo, entre outros benefícios, economia de energia elétrica e reciclagem de equipamentos eletrônicos.

Foto: Flávio R. Guarnieri

Empresas exigem novo perfil de gestor da área, mais integrado ao negócio

Missão da Amcham Entre 10 e 14/04, a Amcham, em conjunto com a Embaixada do Brasil nos EUA, realiza missão do segmento de TI a Seattle, São Francisco, Washington e Virginia. A delegação participará de rodadas de negócios, encontros com potenciais compradores e fornecedores, e workshops.

Sérgio Alexandre, diretor de TI da PricewaterhouseCoopers


Amcham encabeça seminários para enfrentar altos custos de transação no País Em um ano eleitoral, as oportunidades para discutir o futuro do Brasil se multiplicam. Nada melhor, portanto, do que aproveitar este momento para avançar em um tema que muito preocupa o empresariado: entraves a uma maior competitividade do País que se refletem em elevados custos de transação. Atenta a esse quadro, a Amcham assumiu o compromisso de liderar, mais do que debates, a proposição de caminhos para enfrentar essas deficiências. A entidade já prepara uma pesquisa com o Ibope junto a seus associados para melhor compreender esses obstáculos e os custos que acarretam aos negócios, e realizará um conjunto seminários em

São Paulo entre junho e julho sobre quatro dos pontos mais críticos para garantir um desenvolvimento sustentado do Brasil, identificados pelo Fórum Econômico Mundial em seu ranking de competitividade global: tamanho do Estado, excesso de burocracia, baixa qualificação da mão de obra e deficiências na infraestrutura. As sugestões serão encaminhadas aos principais candidatos à Presidência da República e, nos próximos anos, a Amcham dará continuidade a esse esforço, apoiando o novo governo em sua implementação. A seguir, três dos líderes desses seminários falam sobre as questões mais prementes a serem endereçadas:

Tamanho do Estado

“Precisamos ir direto ao ponto: o que está travando os negócios e os investimentos no Brasil? Abordagens genéricas não têm nos levado a nada nos últimos anos. Temos que ousar na agenda relevante para o País, que é a ‘agenda do destravamento’, algo absolutamente tangível e nada teórico.” Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco

Formação da mão de obra

“As profissões técnicas devem conduzir a carreiras atrativas nas empresas para atenderem às novas realidades que se afirmam na economia brasileira.” Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo

Desburocratização

“O nível de burocratização a que chegamos no Brasil reduz a eficiência da economia, gera custos incalculáveis para as empresas e, no limite, compromete os fundamentos éticos da relação entre a sociedade e a administração pública.” João Geraldo Piquet Carneiro, presidente do Instituto Helio Beltrão

EXPEDIENTE

Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: Carmem Madrilis, Daniela Rocha, Dirceu Pinto e Luiz Felipe Marques Design: Gera Comunicação O noticiário completo da Amcham você encontra no site www.amcham.com.br


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