São Paulo, 26 de Julho de 2012
No primeiro Encontro de Empreendedores da
adequado para o crescimento dos negócios. Leia sobre
Amcham-São Paulo, em 24/05/12, as experiências dos
esse debate aqui.
fundadores de companhias como Ri Happy, Grupo Anhanguera Educacional e Buscapé mostraram que
O professor Marcelo Nakagawa, coordenador do
obter sucesso em um novo negócio exige combinar
Centro de Empreendedorismo do Insper, que atuou
inovação e execução. As lições compartilhadas foram
como mediador do debate, ajudou no mapeamento de
muitas, passando pela necessidade de profissionalizar as
algumas das principais lições dos empreendedores
empresas, persistir e buscar sempre se adaptar a
presentes, tais como:
mudanças. · Contar com uma equipe adequada, que some Em 26/07, a Amcham realizou a segunda edição do
diferentes competências, e formar pessoas que ajudem a
evento, com a presença de empreendedores responsáveis
consolidar o crescimento da empresa;
pelas companhias FOM (fabricante de pufes, encostos, travesseiros e almofadas), Bug Agentes Biológicos (que atua no controle de pragas nas lavouras de cana-deaçúcar, milho e soja) e Casa & Café (agência de
· Aproveitar oportunidades de converter pesquisa e inovação em negócio;
empregos domésticos online). Novamente, os cases apresentados possibilitaram a extração de ensinamentos
· Conciliar a atuação offline e online de modo sinérgico.
válidos a todo empreendedor. Eles indicaram, por
Veja mais detalhes aqui. aqui, em entrevista concedida
exemplo, fatores que ajudam a identificar o ritmo mais
por Nakagawa.
Acompanhe ainda entrevistas com os três palestrantes do II Encontro de Empreendedores da Amcham:
DANIELE KUIPERS NEAIME Sócia-fundadora da Casa & Café revela como, de olho nas tendências do mercado de serviços domésticos, a agência investe para aumentar sua gama de serviços
HERALDO NEGRI DE OLIVEIRA Sócio-fundador da Bug Agentes Biológicos conta que, no
atual contexto de pressão por uma agricultura mais sustentável, a empresa se esforça para ver reconhecida a eficiência de seu produto inovador
SIDNEY RABINOVITCH Sócio-fundador da FOM aponta que uma marca forte e a multiplicidade de canais de venda são as receitas da companhia para se consolidar em seu mercado
RITMO DE CRESCIMENTO ADEQUADO É DETERMINADO POR MODELO DE NEGÓCIO E PERFIL DE MERCADO
Assim que uma pequena ou média empresa consegue se estabelecer, vem a pergunta: como e em que ritmo deve crescer? O II Encontro de Empreendedores da Amcham-São Paulo, em 26/07, mostrou que a resposta correta está vinculada ao perfil do mercado e à estratégia do negócio, e só surge a partir de uma série de outros questionamentos relativos a: · Garantir atendimento adequado às características do público-alvo, com canais de venda pertinentes; · Ampliar presença física para suprir novas demandas reais ou potenciais de produtos e serviços; · Consolidar o modelo de negócios e conter a entrada da concorrência; · Aumentar ganhos de escala; · Divulgar nacional ou internacionalmente uma marca estabelecida regionalmente. No evento, empreendedores responsáveis pelas companhias FOM (fabricante de pufes, encostos, travesseiros e almofadas), Bug Agentes Biológicos (que atua no controle de pragas nas lavouras de cana-de-açúcar, milho e soja) e Casa & Café (agência de empregos domésticos online) apresentaram seus cases e compartilharam como tomam, no diaa-dia, decisões que ditam a velocidade dos negócios. Conheça essas experiências: que executam serviços domésticos como diaristas, babás, cozinheiras e motoristas.
APOSTA NO MERCADO DE SERVIÇOS DOMÉSTICOS Com seis franquias atualmente, a agência de empregos domésticos online Casa & Café tem planos de aumentar esse número para 100 nos próximos três anos. A empresa nasceu há dois anos como um site para intermediar a busca de pessoas físicas por profissionais
O negócio surgiu a partir de uma demanda pessoal de uma das fundadoras, a psicóloga Daniele Kuipers Neaime. Ela, que estava em busca de uma empregada doméstica, reparou que o processo praticamente se baseava em indicações de amigos. “Percebi que era difícil encontrar um serviço rápido e profissional de
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domésticas. Como hoje em dia quase tudo pode ser feito pela internet, perguntei: por que não encontrar uma profissional por esse canal?”
franquia consiste em oferecer uma oportunidade de abrir uma agência de empregos com uma carteira de clientes na região”, diz a empreendedora.
Apostando no aquecimento do setor de serviços e na procura por mão de obra, Daniele e seus dois sócios criaram um site que concentrava o currículo de profissionais de serviços domésticos e de quem procura por eles. “Promovemos o encontro entre os contratantes e os empregados. Os primeiros anunciam as vagas e as domésticas visualizam e encaminham seu currículo”, detalha Daniele.
O histórico e as referências dos profissionais também são checados para garantir sua idoneidade, acrescenta Daniele. No portfólio da Casa & Café constam ainda o treinamento de mão de obra e a venda de uniformes profissionais.
Atualmente, o banco de dados da Casa & Café agrega mais de 100 mil profissionais de serviços domésticos e pessoas físicas cadastradas. Foi um sucesso impressionante, avalia Daniele. “Percebemos que havia uma grande demanda e um público subestimado, que é a classe C. Não sabíamos se eles usariam a internet para procurar emprego, e foi uma surpresa descobrir o quanto acessam. Basta ver a grande frequência com que vão aos cybercafés e utilizam os computadores em suas residências”, detalha.
MAIS PRODUTOS À medida que a procura aumentava, a Casa & Café passou a oferecer novos produtos e serviços. Como muitos contratantes não queriam passar tanto tempo analisando currículos, a agência começou a vender o que chama de 'currículos vip'. “O 'currículo vip' é diferenciado porque tem informações profissionais básicas e nossa avaliação. Isso agrega bastante valor, pois inclui nosso parecer sobre a entrevista, histórico profissional completo e cadastro diferenciado”, explana Daniele. Executar entrevistas e pareceres técnicos sobre os candidatos demandou a criação de lojas físicas. “Temos regiões com muitos cadastros abertos e nenhuma loja física para atender essas demandas. Nosso modelo de
ALTERNATIVA PARA CONTROLE DE PRAGAS NA AGRICULTURA Atuar no controle de pragas nas lavouras de cana-deaçúcar, milho e soja do Brasil é o objetivo da Bug Agentes Biológicos. “Queremos ser a maior empresa de controle biológico do Brasil. Nessa área, não dá para ser pequeno porque nossa agricultura é extensa”, afirma Heraldo Negri de Oliveira, sócio-fundador e diretor de Produção da Bug Agentes Biológicos. Basicamente, o controle biológico consiste em eliminar uma praga de lavoura por meio da introdução de seu inimigo natural no habitat em que ela se encontra. “Produzimos em laboratório uma minivespa que procura os ovos da praga e, ao encontrá-los, deposita neles seus próprios ovos”, conta Negri. Com essa operação, a geração seguinte de pragas é eliminada. Quando isso acontece, as próprias vespas também morrem, pois não se reproduzem de outra forma. Trata-se de uma forma ecologicamente sustentável de combater as pragas, garante o fundador. Há muitos desafios na área em que Negri escolheu atuar. O primeiro, de reproduzir insetos em escala industrial a custos baixos, já foi superado. Já a capacitação de mão de obra e a resistência dos clientes ainda são dificuldades que não foram completamente contornadas. “Muitos agricultores não sabiam usar nosso produto. Então, fornecemos nossos agentes biológicos
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gratuitamente por um ano para que eles se familiarizassem”, revela Negri. Para reforçar a penetração do produto, a Bug passou a treinar seus distribuidores e funcionários no manuseio dos insetos. “Temos que realizar treinamentos intensos e criar procedimentos de uso.”
minha esposa e sócia atua em design [não no negócio propriamente]. Tenho resistência a sócios e firmas de venture capital e equity funds, e estou mais calmo em relação à expansão. Para mim, quanto mais seguro o crescimento, melhor, pois há mais controle da empresa”, comenta.
A falta de um ambiente regulatório específico para a atuação de agentes de controle biológico é um ponto que coloca entraves ao negócio. “Estamos sujeitos às leis de agrotóxicos e agroquímicos”, afirma. Mas isso não tem impedido o crescimento da empresa. “Temos de acreditar em nosso produto, pois ele é o futuro”, acrescenta Negri.
Segurança, segundo Rabinovitch, significa contar com vários canais de venda. “Minha experiência diz que é preciso ter alguns canais de venda, e não ficar na mão de poucos”, disse. No começo do empreendimento, a FOM concentrava 70% de suas vendas em uma grande loja de móveis. Quando esse cliente rompeu o contrato, a companhia se viu diante do imperativo de procurar novos clientes para escoar sua produção.
ALMOFADADOS PARA CLASSES A E B Fabricante de pufes, encostos, travesseiros e almofadas para as classes A e B, a FOM, do empresário Sidney Rabinovitch, não tem pressa para aumentar suas operações comerciais. “Minha leitura de mercado e expansão é ter mais 'pé no chão'. Não sei se quero ter 100 ou 150 lojas”, pondera ele, que é sócio-fundador e CEO da companhia. “Muitos falam em crescimento, mas se esquecem de que têm de manter seus franqueados e seus negócios em boas condições para que a empresa permaneça e dê rentabilidade”, acrescenta. Na visão dele, há tanto vantagens quanto desvantagens na sua estratégia de evoluir aos poucos.“Sofro pelo fato de ser dependente de uma pessoa só [ele mesmo], pois
“A FOM permanece forte em multimarcas, mas vende para vários clientes. Fabricamos acessórios para cadeiras de dentista e brindes, um segmento importante”, ilustra. Além da venda por site, a FOM possui rede própria e de franqueados. “Não estamos voltados para um tipo de canal de venda. Mesmo o de exportação, em que tivemos muitos prejuízos, ainda mantemos aberto. Ainda que de maneira incipiente, continuamos confiantes porque a economia apresenta ciclos temporários. As coisas mudam com certa facilidade, e ter mais canais de venda é uma forma segura de crescer e sustentar a empresa”, analisa. Atualmente, a FOM possui oito lojas próprias e trabalha com quiosques em cerca de 45 shoppings espalhados em 25 cidades do Brasil. “Não abrimos mão da estratégia de quiosques. Lá, as pessoas praticamente tropeçam nos nossos produtos. Elas precisam de uma experiência tátil, pegar, experimentar e ter acesso”, justifica.
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ENTREVISTA
MARCELO NAKAGAWA | COORDENADOR DO CENTRO DE EMPREENDEDORISMO DO INSPER: "CONTAR COM EQUIPE QUALIFICADA E FORMAR PESSOAS ESTÃO ENTRE AS GRANDES LIÇÕES DOS EMPREENDEDORES PRESENTES AO SEMINÁRIO " AMCHAM:
Que balanço o sr. faz do II Encontro de Empreendedores da Amcham?
M A R C E L O N A K A G A W A : Foi muito enriquecedor em função da trajetória dos diferentes tipos de negócios representados. Um deles é o de alta tecnologia [Bug Agentes Biológicos], enquanto os outros vieram de segmentos mais tradicionais, tendo encontrado formas inovadoras decorrentes do uso da tecnologia. No caso da agência de empregos domésticos Casa & Café, isso se deu pela internet; no da fabricante de pufes e almofadas funcionais FOM, pelo produto.
A M C H A M : Quais são as principais lições que os debatedores ensinam?
M A R C E L O N A K A G A W A : A primeira foi a questão da equipe adequada. Isso foi bem colocado por Daniele Kuipers Neaime [uma das fundadoras da Casa & Café], que explicou a importância de se ter sócios com diferentes competências. Ela é de Recursos Humanos, um sócio é de Operações e o outro, de Tecnologia da Informação. Outra lição extraída é que a falta de dinheiro não impede a construção de um grande negócio, como foi o caso da FOM. Sidney Rabinovitch [sócio-fundador da FOM] começou em casa, costurando os produtos na sala. A Bug, por sua vez, indicou que converter pesquisa em negócio atrai financiamento. Heraldo Negri [fundador da Bug]
mostrou uma empresa que exigia altos investimentos e conhecimento técnico, e que conseguiu captar dinheiro junto ao governo.
AMCHAM:
Além de equipes qualificadas e capacidade de transformar ideias em produtos, quais foram outros aprendizados?
M A R C E L O N A K A G A W A : A Casa & Café soube conciliar o mundo online, com sua agência virtual de empregos, e o offline, que são as franquias de escritórios. A empresa conseguiu reunir os dois mundos de forma bastante sinérgica. Também temos a construção de uma grande marca, que foi o caso da FOM. Para que ela fosse facilmente lembrada, optou por começar em quiosques de shopping centers, de modo a que as pessoas fixassem a marca e testassem os produtos.
AMCHAM:
Enquanto a Casa & Café e a Bug priorizam o modelo acelerado de crescimento, a FOM prefere ir com mais calma. Qual o formato ideal de expansão?
M A R C E L O N A K A G A W A : Ambos os modelos fazem sentido. Para a FOM, o crescimento tem de ser de forma sustentável, com o fundador concentrando toda a influência. Ele quer assegurar que todas as suas franquias presentes e futuras tenham o nível de
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ENTREVISTA
qualidade exigido. Nos outros dois casos, a Casa & Café e a Bug, a expansão rápida é importante para garantir o domínio da ideia do negócio e impedir o avanço da concorrência. O negócio de ambos permite esse modelo porque há demanda para eles em vários pontos no País. Já a FOM tem tranquilidade de crescer de forma mais lenta porque domina uma marca bastante reconhecida e também as várias etapas de produção. Então, há um pouco mais de segurança em optar por um crescimento cauteloso.
AMCHAM:
De todos os ensinamentos, há algum que se sobressaia?
M A R C E L O N A K A G A W A : No estágio em que essas empresas estão agora, uma das preocupações é formar pessoas que ajudem a consolidar o crescimento. Sidney Rabinovitch [FOM] tem grande preocupação com seu franqueado. Ele quer saber o quanto o interessado se dedicaria à marca porque deseja ter empreendedores tocando as operações e não um sócio investidor que
compra a franquia e deixa a gestão com os funcionários. Para Daniele [Casa & Café], os franqueados necessitam ser gente com bom conhecimento da região. São eles que terão de entrevistar as candidatas a doméstica ou babá, conhecê-las e cadastrá-las no sistema. Em suma, é fundamental ser alguém que more na comunidade e tenha boa habilidade para avaliar pessoas.
A M C H A M : Nesse contexto, a necessidade de gente qualificada também é importante para a Bug...
M A R C E L O N A K A G A W A : Heraldo Negri [Bug] não explicitou se a empresa crescerá com franquias. Provavelmente, o fará com filiais, parceiros ou sócios porque o franqueado ou sócio terá de ser muito bom em tecnologia. O parceiro precisará ter mestrado ou doutorado, uma vez que a produção de agentes biológicos é muito técnica. Mas, generalizando, todos dependem da qualidade das pessoas. Quando a estratégia está clara, o negócio consolidado e o produto comprova ter apelo comercial, falta desenvolver as pessoas para continuar a crescer.
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ENTREVISTA
DANIELE KUIPERS NEAIME | SÓCIAFUNDADORA DA CASA & CAFÉ : "DE OLHO NAS TENDÊNCIAS DO MERCADO DE SERVIÇOS DOMÉSTICOS, AGÊNCIA INVESTE PARA AUMENTAR GAMA DE SERVIÇOS" AMCHAM:
A Casa & Café atua na intermediação de vagas para empregadas domésticas, babás, cozinheiras, cuidadores e motoristas. Há intenção de incluir novas classes profissionais?
DANIELE KUISPERS NEAIME:
A ideia não é incluir novas classes profissionais, mas aumentar e aprimorar nossa gama de produtos para atender as que já temos. Estamos, por exemplo, desenvolvendo o treinamento online. Também estudamos oferecer um tipo de cartão pré-pago às domésticas.
AMCHAM:
De onde veio essa ideia do cartão
pré-pago?
D A N I E L E K U I S P E R S N E A I M E : Minha empregada costumava falar da preocupação em sair com o salário na bolsa. As domésticas são um segmento esquecido pelas instituições financeiras. Muitas mensalistas não têm conta bancária, então recebem pagamento em dinheiro. Estamos desenvolvendo um tipo de cartão pré-pago [que funciona como cartão de débito comum, para a realização de compras e saque em caixas eletrônicos] com uma bandeira em que o contratante pode creditar o pagamento da trabalhadora.
AMCHAM:
D A N I E L E K U I S P E R S N E A I M E :Acontecerá no País o que os países de primeiro mundo já vivenciaram. O trabalho doméstico terá outro modelo, que será por hora ou dia. Os serviços domésticos serão cada vez mais para coisas pontuais, não mais por trabalho mensal. Terminado o serviço, a profissional vai embora. A M C H A M : Quando isso deve se concretizar? D A N I E L E K U I S P E R S N E A I M E : A tendência é que isso aconteça no Brasil em longo prazo. Tudo é uma questão de adaptação. As pessoas continuarão precisando executar serviços domésticos e esse trabalho continuará existindo. É claro que estamos no começo das mudanças, o aquecimento da economia está gerando escassez de mão de obra doméstica, e existe a questão da inflação dos salários do setor. Essas profissionais estão ficando mais caras, então manter uma mensalista será mais difícil. Há empregadas que ganham salário equivalente ao de um universitário. As pessoas optarão pelas diaristas ou horistas. AMCHAM:
Falando sobre futuro, como a Casa & Café pretende se expandir?
D A N I E L E K U I S P E R S N E A I M E : Nosso objetivo é
Qual a tendência para os serviços de empregada doméstica no Brasil?
crescer rápido, e o modelo de franquia ajudará. Percebemos que existe a possibilidade de um projeto de
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ENTREVISTA
expansão agressiva e com prazo menor do que somente pela inauguração de filiais. Precisamos de pontos físicos em polos industriais onde há demanda por empregada doméstica e gente interessada nesses serviços.
atendimento nacional. Temos uma clientela que muitas vezes quer ter um espaço físico para visitar e que prefere um relacionamento presencial. Já traçamos as cidades com grande movimento.
A M C H A M : Por onde pretendem começar? A M C H A M : E em que ritmo está esse projeto? DANIELE KUISPERS NEAIME: D A N I E L E K U I S P E R S N E A I M E : A ideia é ter 100 franquias nos próximos três anos. Queremos estar nas regiões mais desenvolvidas, como as capitais, e estamos homologando franqueados que possam fazer
Só abriremos franquias em praças de grande potencial. Existe todo o Centro-Oeste, além de muitas cidades do Nordeste. Atualmente, só estamos em Salvador, mas há muito que explorar ainda com as franquias.
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ENTREVISTA
HERALDO NEGRI DE OLIVEIRA | SÓCIOFUNDADOR DA BUG AGENTES BIOLÓGICOS : "NO ATUAL CONTEXTO DE PRESSÃO POR AGRICULTURA MAIS SUSTENTÁVEL, EMPRESA SE ESFORÇA PARA MOSTRAR EFICIÊNCIA DE PRODUTO INOVADOR" A M C H A M : Como um empreendedor lida com os
A M C H A M : Quais são as principais dificuldades de
desafios de um ambiente regulatório complexo como o que cerca seu setor de atuação?
seu setor?
H E R A L D O N E G R I D E O L I V E I R A : A primeira coisa de que ele precisa é uma consultoria que entenda do tema porque os trâmites, dentro dos órgãos governamentais, são burocráticos. Em nosso caso, encontramos uma consultoria que nos ajudou, inclusive, a levar adiante o trabalho pioneiro de registrar os insetos como produto agroquímico. Entramos pela lei de agrotóxicos e afins, nos enquadrando como 'afins'.
A M C H A M : Como é ser pequeno em meio a um setor dominado por gigantes com muito capital em mãos?
H E R A L D O N E G R I D E O L I V E I R A : Há várias empresas iniciando o processo de transformar esse tipo de controle [de pragas] em produto. As dificuldades existirão. É preciso ter um custo baixo e uma distribuição sofisticada para atender o Brasil, que é um país muito grande. A empresa tem de nascer com a preocupação de produção com uma grande base tecnológica, de logística – devido ao tamanho do Brasil – e de conhecimento do setor – porque muitos produtores ainda mantêm uma cultura de químicos. Então, é preciso haver demonstrações de que o controle biológico tem resultados similares aos do químico e de que pode ser até melhor em muitos casos, sem causar prejuízo aos funcionários e ao meio ambiente.
HERALDO NEGRI DE OLIVEIRA:
Há uma preocupação e uma pressão em todo o mundo por uma produção mais sustentável. Isso, por si só, muda a consciência das pessoas aos poucos, mas não basta. É preciso oferecer um produto que funcione porque ninguém o usará só para dizer que é sustentável. O Brasil, nos últimos 30 anos, tem feito muita pesquisa, é um dos líderes mundiais de estudo e controle biológico. O maior programa de controle biológico do mundo é brasileiro. Trata-se de um programa de controle da broca da cana [praga que atinge plantios principalmente de cana-de-açúcar] pela cotésia [vespa que se alimenta das larvas da broca da cana].
AMCHAM:
Pelo que se viu no debate, os pequenos costumam seguir pela criação de novos produtos ou pelo desenvolvimento de segmentos pouco explorados. Esse é o melhor caminho?
H E R A L D O N E G R I D E O L I V E I R A : É inegável que a maior meta dos pequenos é crescer. Em nosso caso, não podemos querer continuar pequenos porque a própria agricultura do Brasil é muito grande. Então, buscamos um fundo de investimento para manter nossa empresa no rumo do crescimento. A dificuldade é crescer com
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ENTREVISTA
uma novidade. Em produtos de controle biológico de pragas, ainda temos muito a aprender. Necessitamos criar um programa de controle de qualidade porque muita gente produz hoje, mas não se sabe se com qualidade. O interesse da Bug é se tornar a maior empresa de controle biológico do Brasil.
voltado à pesquisa. Agora, estamos investindo em desenvolvimento e ampliação da empresa. O dinheiro dessa nova etapa vem de fundos de investimentos. Eles nos ajudam, inclusive, com a parte administrativa porque os sócios da Bug são todos da área técnica.
AMCHAM: AMCHAM:
Por onde uma companhia deve
Quais os principais mercados para os quais a Bug olha?
começar?
H E R A L D O N E G R I D E O L I V E I R A : Não dá para começar grande, a não ser que o empreendedor tenha muito dinheiro. A Bug começou com um fundo da Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] e da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos]. O investimento não foi pequeno e foi todo
H E R A L D O N E G R I D E O L I V E I R A : Olhamos para o mercado de cana, que está crescendo muito no Brasil e tem sérios problemas [com relação a pragas]; para o de soja, que tem entre 23 e 24 milhões de hectares no Brasil; e o de milho. Estamos tentando atacar essas culturas que têm sérios problemas, para os quais temos conseguido resultados bastante eficientes de controle de pragas.
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ENTREVISTA
SIDNEY RABINOVITCH | SÓCIOFUNDADOR DA FOM : "MARCA FORTE E MULTIPLICIDADE DE CANAIS DE VENDA SÃO RECEITAS DA COMPANHIA PARA SE CONSOLIDAR" A M C H A M : Para um empreendimento ter sucesso, é
A M C H A M : Quais são as lições que o sr. aprendeu
preferível ter um produto inovador ou eleger um segmento de mercado pouco explorado?
sobre o modelo ideal para empreender?
S I D N E Y R A B I N O V I T C H : Acredito muito no produto. Se a empresa tem um bom produto, seja ele inovador, diferente ou que tenha uma demanda potencial, precisa focar nisso. Hoje se fala muito em serviços de companhias de tecnologia, mas preferi recorrer a um segmento que é de produção de confecção. Tanto o produto como o controle são as variáveis mais importantes. O que extraí como empreendedor é ter construído uma marca com base no meu produto. A ideia é passar um conceito de função de conforto e bem-estar.
A M C H A M : Quais os principais atributos do produto da FOM? SIDNEY RABINOVITCH:
O produto tem força porque é funcional, não é um mero acessório de decoração. É algo que vale a pena ter, como um bom travesseiro, dada a qualidade de vida proporcionada por um sono melhor. Um assento mais confortável permite um melhor alongamento e relaxamento do corpo. Uma boa almofada deixa a grávida mais bem-posicionada. Conforto e bem-estar são um lastro importante da nossa estratégia.
S I D N E Y R A B I N O V I T C H : A experiência me diz que, para sustentar uma empresa, é preciso ter alguns canais de vendas, não apenas um. Estruturei a FOM para atuar em segmentos multimarcas. Ela vende até para o meio corporativo, que foi um ramo que cresceu bastante, que vai desde acessórios para cadeira de dentista, por exemplo, até produtos para a Embraer. Temos ainda uma área de brindes que se expandiu bastante, assim como as vendas pelo site para o cliente final, sem falar na rede de lojas próprias e de franquias.
AMCHAM:
O sr. prefere diversificar os canais de vendas ou os produtos?
S I D N E Y R A B I N O V I T C H : Não somos uma empresa voltada para um único tipo de canal de vendas, nem queremos isso. Essa postura é importante porque criei a empresa voltada para exportação. Ela se destinava ao mercado americano, mas tivemos dificuldades por conta do câmbio. Mesmo na contramão causada pelo 'Custo Brasil' e com todas as dificuldades de fabricar sem poder alcançar o preço do concorrente China, fui convidado a fazer a Feira de Nuremberg pelo CEO dessa que é a maior feira de brinquedos do mundo. Ele mostrou que é preciso manter até o canal de exportação
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ENTREVISTA
aberto porque as oportunidades mudam ao longo do tempo. É importante contar com todos os canais de venda possíveis como uma maneira segura de sustentar uma empresa.
AMCHAM:
Qual é o principal desafio para o
empreendedor?
SIDNEY RABINOVITCH:
Uma das coisas mais preocupantes da economia brasileira é a carga tributária. Não há empresa que consiga ter rentabilidade e sobra de caixa para investimento e produção com uma carga como a que temos.
A M C H A M : O que é preciso fazer para melhorar a competitividade brasileira?
SIDNEY RABINOVITCH:
A variável tributária é complicada. Enquanto o governo não permitir às empresas respirarem mais [aliviando a carga de impostos], o crescimento não ocorrerá. Até a educação melhoraria. Afinal, empresário não educa por altruísmo, mas por necessidade porque todos querem sempre as pessoas mais qualificadas trabalhando em suas empresas.
Expediente: Editora: Giovanna Carnio (MTB 40.219) Reportagem: André Inohara e Marcel Gugoni Fotos: Mario Miranda Diagramação: Idéiafix Computação Gráfica
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