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A CABRA
ENSINO SUPERIOR
3ª feira, 29 de Abril de 2008
Lojas ganham milhares com corrida ao traje As longas filas à porta das lojas de produtos académicos são sinónimo de elevados lucros para as empresas que comercializam o traje académico em Coimbra Ana Coelho Joana Ferreira O comércio do traje é um negócio que rende milhares, todos os anos, às lojas exclusivas de produtos académicos em Coimbra. O gerente da loja Tertúlia, Nelson Poeta, estima que os lucros da venda da capa e batina rendem “à volta de 100 mil euros por ano”. Das mais de cinco lojas que se dedicam à actividade na cidade, é a única que revela quanto ganha. Quanto a números, vende entre 12 a 15 trajes por dia, em finais de Abril e princípios de Maio. Já a Loja da Associação Académica de Coimbra, só na última semana, vendeu cerca de 20 fatos académicos, adianta a responsável Vânia Pinto. Mas os proprietários destas casas admitem que o pico de vendas acontece nos meses que antecedem a festa dos estudantes, entre Março e Abril. A loja Galerias Coimbra comercializa, nestes meses, entre 200 a 300 fatos, revela a responsável Adélia Rocha. Quando questionada sobre se todos os clientes da loja A Toga recebem recibo de
ILUSTRAÇÃO POR JOSÉ MIGUEL PEREIRA
venda do traje, a secretária de administração, Ana Isabel Esteves, responde que a empresa “passa sempre recibo a todos os clientes”. Porém, a declaração é contraditória às afirmações de Raquel Bento e Patrícia Amorim, ambas estudantes de Ciências da Educação na Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra que, por não terem pedido o comprovativo, este não lho foi dado. Por outro lado, o facto de a mesma loja ainda não dispor da modalidade de pagamento por Multibanco obriga os clientes a efectuarem em numerário ou em cheque. Ana Isabel Es-
teves adianta não ser ainda possível uma “alteração no sistema da central telefónica”, de modo a que o Multibanco possa ser instalado. Lojas cheias, apesar da crise Mesmo com estas condicionantes, tem-se verificado a habitual afluência às lojas para a compra do traje académico, nas últimas semanas. Na generalidade, os responsáveis dizem que, mesmo assim, tem havido um declínio do negócio. Muitos estudantes deixam a compra do traje para os últimos dias antes da festa académica. Poucos são os que com-
pram capa e batina assim que sabem que entraram no ensino superior em Coimbra. Os proprietários dizem que o comércio é, cada vez mais, sazonal. Segundo a secretária de administração da loja A Toga, as vendas concentra-se “fundamentalmente em duas épocas: a entrada na faculdade e na altura da Queima das Fitas”. A loja Galerias Coimbra, que vende trajes há cerca de 40 anos, sente a crise de outra maneira. “Há oito, nove anos, com a abertura de outras lojas, notou-se uma quebra das vendas”, afirma Adélia Rocha. “E há quatro anos, a quebra voltou a sentir-se”, lamenta. Na generalidade, as raparigas são os clientes mais assíduos. O inverso acontece na Tertúlia, onde os rapazes são os principais compradores. Já n’ A Toga, as percentagens são equivalentes. O colete, apesar de já não constar do figurino feminino para quem estuda na Universidade de Coimbra, continua a ser vendido nas lojas. O gerente da Tertúlia comenta que “do Instituto Politécnico de Coimbra todos os alunos compram, já da universidade 60 a 75 por cento continuam a preferir comprar”. “Não somos polícias. Se deixássemos de ter [o colete], teríamos de deixar de o vender ao politécnico. Assim perderíamos clientes”, ressalva. Nelson Poeta, da Tertúlia, realça que o estudante de Coimbra “não sabe usar o traje”, pelo que “são muitas as pessoas que vêm à loja à espera que lhes ensinemos como se usa, e quais as regras do código”.
Arte no colégio para todos os saberes DG/AAC alerta estudantes para prescrições Já em Setembro as artes ganham uma nova dinâmica na Universidade de Coimbra. O Colégio da Artes pretende chamar à universidade público não académico. O projecto vai situar-se na zona do antigo hospital da universidade. O coordenador da comissão instaladora do colégio, Abílio Hernandez, adianta que estão a ser planeados “seminários, conferências e projectos ligados fundamentalmente à prática artística, que não terão necessariamente que ter uma qualificação universitária”. As portas da universidade vão abrir-se a académicos e população em geral interessada em arte. Até 30 de Setembro deste ano, a comissão organizadora do Colégio das Artes tem de apresentar o plano de actividades para o próximo ano lectivo de 2008/2009. O docente revela a intenção de haver pelo menos duas
pós graduações a funcionar tal como actividades artísticas, conferências e seminários. A multidisciplinaridade vai ser uma constante nas actividades académicas a nível de pós-graduação, mestrado e doutoramento. Abílio Hernandez não descarta a possibilidade de haver um futuro cruzamento entre áreas do saber como a Filosofia, Arquitectura, Estudos Artísticos e História de Arte. A organização do Colégio das Artes pretende conciliar cursos estritamente académicos, que concedem graus com a prática artística, e associando a investigação da docência universitária do campo das artes. A criação de novos graus académicos, que pode juntar na mesma formação as várias áreas de saber, vai ser concretizada “sem nunca entrar em concorrência com as estruturas que já existem na universidade”, ressalva Hernandez. Carla Santos
A Associação Académica de Coimbra (AAC) vai continuar com a campanha de alerta e sensibilização sobre a lei de prescrições na Universidade de Coimbra (UC) durante as próximas semanas. A iniciativa teve início na semana passada naas faculdades e na associação académica e partiu do pelouro de Pedagogia da Direcção-Geral da AAC. Na UC, existem cerca de 2700 alunos em risco de prescrever, segundo dados fornecidos pela instituição à AAC. A estimativa refere-se ao número de estudantes que ficam impedidos de se matricular no ensino superior durante dois semestres consecutivos, caso o seu aproveitamento escolar não corresponda a um determinado número de créditos ECTS (Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos). A coordenadora do pelouro, Cátia Viana, refere ainda não saber concretamente “que
alternativas podem vir a ser criadas [na universidade], porque é um número bastante grande”. O pelouro de Pedagogia acompanhou já vários estudantes em vias de prescrever e organizou, agora, esta iniciativa porque “a maioria não tem noção de como pode vir a ser aplicado o regime de prescrições”, refere a responsável pela pedagogia da DG/AAC. Cátia Viana diz que a maior das dúvidas colocadas pelos estudantes é saber se a lei se encontra ou não em vigor. A DG/AAC colocou à disposição dos alunos um horário de atendimento para responder às questões dos estudantes. Cátia Viana acredita que, “nas próximas semanas, a procura vai aumentar de uma forma mais significativa”, na sequência dos números divulgados na campanha de rua junto da coTânia Santos munidade académica PUBLICIDADE