29 de Abril de 2008, 3ª feira
CULTURA
A CABRA
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“O Sonho” está a chegar ao Teatro de Bolso “O Sonho”, de Strindberg, é a peça que o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) vai estrear em Maio, no Teatro de Bolso, como mostra final da formação dada a estudantes Ana Coelho Patrícia Gonçalves Na peça “O Sonho”, Inês é filha dos deuses e desce à terra para saber como vivem os homens. Durante a sua viagem ao mundo dos humanos contacta com um oficial, uma porteira, um advogado e outras personagens, com os quais experimenta várias situações vividas pela humanidade. A conclusão desmoralizaa: “Inês acaba por concluir que as pessoas vivem mal e metem dó”, conta o encenador, Pedro Matos. A peça é uma reflexão sobre o modo como as pessoas vivem e as decisões que tomam na vida, sobre a descoberta do seu sentido. É sobre “o modo como as pessoas vão envelhecendo mesmo quando são novas”, explica Pedro Matos, também professor na Escola Superior de Teatro e Cinema. “Acho que é uma peça interessante para se fazer num teatro universitário”, afirma. Os actores que protagonizam “O Sonho” tiveram uma formação intensiva desde Novembro e vão poder mostrar o que aprenderam com esta produção. As 19 pessoas que incorporam as personagens não pertenciam ao grupo teatral e foram seleccionadas dos cerca de 70 candidatos. São estudantes e trabalhadores que se dividem entre a universidade ou o trabalho, e os ensaios no Teatro de Bolso. A
aluna do terceiro ano do curso de Medicina, Carolina Prelhaz, que protagoniza Inês na peça, conta como iniciou a sua experiência no TEUC: “fiz teatro na escola, antes de vir para a faculdade e gostei muito. Abriram as inscrições para o curso no TEUC e como tinha muitas saudades de fazer teatro inscrevi-me”. Já a estudante de Psicologia, Margarida Rosa, que protagoniza Cristina, a empregada, explica: “na escola secundária tive a cadeira de Oficina de Expressão Dramática e adorei. Tentei este ano entrar para o TEUC e consegui.” Margarida acrescenta ainda: “por causa do meu curso, o encenador quis que ela [a personagem] tivesse alguma perturbação. Exagera-se o seu comportamento, então vou pegar em algumas coisas de psicologia para elaborar a personagem”.
Formação para todos Como refere a presidente do TEUC, Ana Carolina Santos, fazer este espectáculo “é dar oportunidade às pessoas que entraram no TEUC de apresentar ao público o seu trabalho”. O curso consistiu em vários workshops, leccionados por formadores profissionais como o encenador Gonçalo Amorim, os professores da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, António Varejo e António Durães, e ainda o encenador da peça, Pedro Matos. “Ter inscrições abertas todo o ano para as pessoas virem fazer uma peça não faz sentido, pois é um trabalho que exige alguma disciplina e algum auto-conhecimento”, afirma Ana Carolina Santos. Estes cursos de formação são leccionados todos os anos e os promotores alternam entre o Centro de Iniciação Teatral
Académico de Coimbra (CITAC) e o TEUC. Têm como objectivo captar pessoas para receberem formação e, posteriormente, trabalharem como actores e na direcção destes organismos. Promover estas formações e iniciativas nem sempre é fácil. “Fazer um curso de formação fica muito caro”, conta a presidente do organismo autónomo. Pedro Matos explica que o TEUC “é uma instituição com 70 anos e chegar ao ponto de não ter qualquer meio para viajar com as suas produções, não poder partilhar o trabalho, é lamentável”. “Mas é evidente que isso não tira a energia às pessoas para trabalhar”, conclui. Durante a próxima semana o grupo vai fazer um ensaio aberto para avaliar o projecto. Prevê-se que a peça estreie entre 10 e quinze de Maio. FÁBIO TEIXEIRA
A peça dos formandos do TEUC estreia entre 10 e quinze de Maio
Queima recebe festival de tunas
Jazz volta a Coimbra
O Jardim da Sereia recebe no próximo dia 9 de Maio o Festival Internacional de Tunas da Queima das Fitas, integrado no programa cultural da mais antiga festa académica do país. A recepção aos tunos está marcada para a manhã de sexta-feira, 9 de Maio. Para esse dia estão também agendadas duas actividades tradicionais da Queima das Fitas, a Verbena e a Venda da Pasta. Para o responsável pela cultura da Comissão Organizadora da Queima das Fitas 2008 (COQF), Filipe Leite, estas actividades “complementamse”, não temendo a dispersão do público pelos eventos. A apresentação das tunas, no Jardim da Sereia, vai decorrer no fim da tarde do dia 9 e será seguida de um jantar convívio. A noite acaba na Praça da Canção. No dia 10, sábado, “vou convidar as tunas a ir à Gar-
O Salão Brazil recebe amanhã, 30, o pianista Júlio Resende e o saxofonista Perico Sambeat, para celebrar o quinto aniversário do Jazz ao Centro Clube (JACC), fundado em 2003 no âmbito da Coimbra Capital Nacional da Cultura. O JACC, “tem sido o responsável pela organização e produção dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra”, conta o presidente do clube, Pedro Rocha Santos. Para além do festival, o JACC organiza outros projectos a nível nacional, nomeadamente a edição de uma revista de jazz, a Jazz.pt, e o Portugal Jazz, um festival itinerante deste tipo de música. De acordo com Pedro Rocha Santos “o concerto serve também para apresentar o programa dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra 2008, que se vai realizar entre 2 e 15 de Junho”. Relativamente a este
raiada”, adianta Filipe Leite. O comissário refere que o evento foi marcado para o final da tarde “para que as pessoas que passem perto do Jardim da Sereia dêem lá um salto”. Da responsabilidade da COQF 2008, a décima segunda edição do evento tem como principal objectivo “aumentar a qualidade do festival, chamar mais gente a vê-lo e quem sabe torná-lo num dos festivais de tunas de maior prestígio no país”. “É fundamental o evento realizar-se dentro da semana das noites do parque porque é uma mostra das melhores tunas do País e que engrandece a presença da cultura na Queima das Fitas”, acrescenta. No entanto, Filipe Leite faz questão de realçar a importância do programa cultural e desportivo para mostrar que a queima “não são só as noites Ângela Monteiro do parque”.
último festival, o presidente adianta que, o espectáculo este ano vai ter duas grandes alterações: “Nos anos anteriores o evento era dividido em duas partes, uma em Junho e outra em Novembro. A grande alteração é concentrar tudo em Junho”, afirma Santos. Para além da mudança da data, o organizador explica que também vão haver mudanças no local de realização do festival: “vamos sair do TAGV e fazer os espectáculos na rua. Vai ser montado um palco ao fundo das escadas do Quebra-Costas e grande parte do evento irá decorrer nesse espaço”. Pedro Rocha Santos acrescenta ainda que o festival vai contar com um concerto no TAGV e outro no Ateneu de Coimbra, palestras em parceria com a Universidade de Coimbra, exposições em vários locais da cidade e a presença da RUC na Rua Ferreira Borges durante os dias do espectáculo. Cláudia Teixeira