Cartografias Ambulantes | Projeto de Pesquisa

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CARTOGRAFIAS AMBULANTES: investigação da transformação na paisagem urbana através da apropriação efêmera Wandering Cartographies: an investigation of urban landscape transformations through ephemeral appropriation Autora: STRINGHINI, Ana Beatriz F.; Graduanda; UFG; anabstring@gmail.com Orientador: AMARAL, Camilo V. de L.; PhD; UFG; camilovla@ufg.br REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Mapa do entorno da região da Rua 44.

OBJETO DE ANÁLISE A região da Rua 44 (que engloba a Estação Ferroviária, o Terminal Rodoviário, o Araguaia Shopping, a Feira Hippie e a Estação Goiânia) tem sua paisagem constantemente alterada pela apropriação dos vendedores ambulantes numa dinâmica entre comércio formal e informal.

METODOLOGIA

ESPAÇOS E PSICOGEOGRAFIA A psicogeografia e a cartografia mostraram-se como ferramentas investigativas adequadas para a leitura urbana. A experiência direta com a ambiência urbana foi essencial para entender as dinâmicas da realidade. Tais experiências do corpo no espaço são tratadas por Paola Berenstein Jacques como corpografias: uma memória urbana inscrita no corpo, fruto da vivência empírica da cidade. PAISAGEM AMBULANTE Paisagem é a manifestação da vivência social e suas variadas apropriações, compondo experiências plurais. Assim, a informalidade dos vendedores ambulantes traduzem a heterogeneidade dos movimentos no espaço.

Conforme a triplicidade espacial de Henri Lefebvre, o presente trabalho foi decomposto em: 1. PERCEBIDO A fim de apreender sensivelmente a realidade, a etnografia de rua foi realizada utilizando a narrativa em relato para analisar as itinerâncias no espaço. 2. CONCEBIDO A partir das visitas in loco e da apreensão pragmática da realidade, foram realizadas decodificações das experiências com base no exercício taxonômico e na Grounded Theory. O intuito foi identificar códigos recorrentes e defini-los em categorias mediante suas similaridades e variedades, sintetizando sistematicamente as principais dinâmicas do cotidiano. 3. VIVIDO Na intenção de compreender a realidade tal como é experimentada pelas pessoas na prática da vivência ordinária, foi realizada uma investigação de como as relações e interações sociais designam modos de apropriação da realidade, representando por meio da colagem pós digital.

RESULTADOS PERCEBIDO As primeiras impressões relacionam-se ao barulho e ao tumulto no local: a combinação de sons como estratégia publicitária tornaram-se verdadeiros ruídos e a superlotação de pessoas e veículos criava um conflito generalizado de locomoção. A agitação é o aspecto principal que atribui dinamismo à região: a aglomeração de manequins, consumidores e vendedores ambulantes constantemente perturbava a passagem nas calçadas, efetivamente tornando-se um empecilho. As distintas apropriações do espaço resultam em uma paisagem descontínua: ora possui aparatos fixos (tendas da zona de alimentação) ora predominantemente descrita pelo ritmo do deslocamento das pessoas. Os mapas abaixo demonstram aspectos inerentes às dinâmicas urbanas e palavras-chave que caracterizaram a experiência percebida.

CONCEBIDO

VIVIDO A heterogeneidade das práticas cotidianas atribuem vida às cidades. Entende-se que a informalidade na região da Rua 44 é um processo de apropriação do espaço público composto por variadas dinâmicas espaciais; logo, o cotidiano atua em variados ritmos que incessantemente alteram a paisagem urbana. O ciclo constantemente se repete, porém, nunca é o mesmo: ao decorrer do dia, os movimentos e experiências no espaço são agentes transformadores da paisagem à medida que se apropriam dela. É, então, uma paisagem ambulante.

Economias (i)materiais Inspirado em Milton Santos, há Dois Circuitos da Economia que se interrelacionam: o superior (grandes empresas ligadas às tecnologias e à globalização) e o inferior (pequenos negócios fruto de uma economia de sobrevivência, tendo como exemplo a informalidade nos espaços públicos).

(In)transições Em função de sua transitoriedade, os aparatos simples do comércio informal são arquiteturas efêmeras categorizadas em: estáticos, circuláveis e corpos móveis. Estes usos e aparatos artificiais atribuem sentido imaterial à materialidade, resultando em uma paisagem em constante mutação.

Mapa de transformação da região da Rua 44.

CONCLUSÃO

Mapa objetivo e subjetivo da região da Rua 44.

Referências

Corporeidade on sale As modalidades comerciais modernas alteraram a organização das cidades conforme uma lógica capitalista. O comércio conduz à ambientes construídos e simulados estimulando o consumo de massas. A relação entre corpo e cidade foi objetificada, reduzindo a experiência cotidiana do espaço urbano. Em contrapartida, a prática corporal sensível resiste à espetacularização das cidades.

Conclui-se que a vivência dos comerciantes informais na região da Rua 44 abarca múltiplas apropriações espaciais que atribuem uma pluralidade de interações, movimentos e usos no cenário urbano. A transitoriedade dos vendedores ambulantes revela a vitalidade da vivência empírica da cidade, constituindo uma experiência espacial efêmera que constantemente transforma a paisagem urbana. Logo, trata-se, de fato, de uma paisagem ambulante.

Arquitextos (2008), “Corpografias urbanas”, available at: www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.093/165 (accessed 22 August 2020). Santos, M. (1988), Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teórico e metodológico da geografia, Hucite, São Paulo, SP. Santos, R. J. and Rezende, L. de (2002), “A economia informal, a cidade e os ambulantes: lugares e estratégias em Uberlândia - MG”, Sociedade & Natureza, Vol 4, pp. 26. Lefebvre, H. (2000), La production de l’espace, Ed. 4, translated by Pereira, D. B. and Martins, S., Éditions Anthropos, Paris.


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