Triologia Barcelonesa

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Trilogia Barcelonesa

Barcelona é hoje um dos pontos turísticos de referência a nível europeu, sendo uma das cidades que mais forasteiros acolhe durante

o

ano.

Situada

na

costa

mediterrânica da Península Ibérica, a capital da comunidade autónoma da Catalunha é também uma das cidades mais multiculturais da Europa, com cerca de 1 milhão e 600 mil habitantes, das mais diversas nacionalidades.

Depois de receber os Jogos Olímpicos em 1992, a cidade, na sua maioria industrial, transformou-se e é actualmente uma das metrópoles mais atractivas de Espanha e da Europa.

Com um vasto património cultural, com sítios como a Sagrada Família, a Casa Batlló ou o Parque Güell, projectados por Antoni Gaudí, um representante máximo do modernismo catalão, a cidade recebe anualmente cerca de 7 milhões e meio de turistas, vindos de todo do mundo, desde a América à Oceânia.

Associado ao crescimento natural da cidade, o aumento do turismo fez com que o comércio evoluísse nos últimos anos, sobretudo o praticado nas principais ruas de Barcelona. Existe atualmente uma oferta comercial muito heterogénea e direccionada essencialmente para os visitantes que todos os dias chegam à cidade.

Nos últimos dez anos, Barcelona tem tido uma evolução constante no número de imigrantes que recebe. Se em 2001 a cidade recebeu 25 772 novos cidadãos


estrangeiros, em 2011 o número ascendeu aos 89 492, sendo cada vez mais as pessoas que procuram a reigão para viver. Melhores condições de vida, melhores salários ou mais e melhores ofertas de emprego são alguns dos factores que influenciam a vinda destes imigrantes. Em 2007, o número de cidadãos recém-chegados à cidade condal superou a barreira dos 100 mil, totalizando a cifra deste ano 102 993 novos habitantes em Barcelona. Desde então, e até 2011, o número tem vindo a diminuir, havendo apenas um ligeiro aumento em 2010.

A actual crise que teve início em 2008, é apontada pelos especialistas como a responsável por esta diminuição de novos imigrantes que face a uma situação instável também no seu país de origem optam por ficar, uma vez que as dificuldades se instalaram um pouco por todo o mundo, e a saída já não é vista como a opção mais viável. Andreu Domingo Valls, doutorado em Sociologia e actual sub- director do Centro de Estudos Demográficos da Universidade Autónoma de Barcelona, considera este fenómeno “normal”, porque “sempre que há regressão, as pessoas deixam de emigrar”. Os países que mais cidadãos enviaram nos últimos anos, de acordo com os Departamento de Estadística do Ayntamiento de Barcelona, foram o Paquistão, a Itália e a China. Se em 2001 chegaram 123 paquistaneses a Barcelona, dez anos depois o número de novos residentes a escolher esta cidade para viver foi de 6 553. Com o início da crise, de 2008 a 2009 o número de entradas diminuiu 21,6%, passando de 6 889 para 5 404. Porém, em 2010 esse número voltou a aumentar para 8 836. Andreu Domingo justifica este aumento com a reagrupação das famílias paquistanesaes que haviam saído da cidade devido à crise, mas que voltaram quando a situação ficou mais sustentável para elas.

O fenómeno verificado na cidade Barcelona é, também ele, extensível a toda a região autónoma da Catalunha. O número de cidadãos de outras nacionalidades a residir na região aumentou de 257 320 em 2001 para 1 198 538 em 2010. Na página web do Instituto d’Estadística de Catalunha, é ainda possível observar que, de 2010 a 2012,


esse número foi sendo reduzido, à medida do que acontece com a entrada de novos imigrantes em Barcelona. Em dois anos, a região da Catalunha perdeu 1 175 009 residentes de nacionalidade estrangeira. Mais uma vez, é apontando o fenómeno da crise para explicar esta situação.

A entrada de estrangeiros em Barcelona é uma constante ano após ano, embora a maioria não venha directamente do seu país de origem. O indicador de fluxos migratórios do Departamento de Estadística do Ayuntamiento de Barcelona referente à chegada de novos residentes à capital da Catalunha, revela que a maioria deles chega à cidade vindos de outros países e não do seu próprio país de origem. Se em 2011 chegaram 89 492 imigrantes a Barcelona, apenas 33 517 vieram do seu país de origem. Este é um fenómeno natural no caso dos cidadãos paquistaneses, uma vez que são um povo ligado às trocas comerciais e que, com o acentuar da crise, sentem a necessidade de procurar novos mercados para continuar a desenvolver o seu trabalho.

Fonte: Departamento de Estadística do Ayuntamiento de Barcelona No entanto, este indicador também revela que em 2004 chegaram 751 imigrantes vindos do seu país de origem e 25 107 em 2005 25 107, um aumento exponencial do número de estrangeiros oriundos do seu país de origem a escolher Barcelona para viver. A falta de registos completos de imigrantes até 2005 é a explicação encontrada por Andreu Domingo, para justificar tamanha evolução. O especialista em fenómenos demográficos, afirma que “só a partir de 2005 se começaram a regularizar os registos de quem chegava a Barcelona. Até lá, os registos incompletos dos cidadãos estrangeiros não eram contabilizados nestas estatísticas”.


A evolução registada no quadro demográfico, com o aumento significativo da imigração nos últimos 10 anos, conduziu a uma mudança na estrutura comercial e económica da cidade. O pequeno comércio, que até então estava na posse de famílias espanholas, sofreu alterações nos modelos de negócio e de gestão, passando na sua maioria para mãos dos novos inquilinos que foram chegando.

As alterações registadas no pequeno comércio não são fruto apenas da imigração mais recente vinda dos países da Ásia. São também resultado do fenómeno de globalização registado com a chegada e expansão de grandes grupos económicos, como é o caso do grupo espanhol Inditex. Presente em vários pontos da cidade, à semelhança do que acontece um pouco por todo o mundo, o grupo ligado ao sector têxtil, refere na sua página de internet que tem abertas 6 009 lojas em 86 países diferentes.

Associado a este desenvolvimento económico está também o crescimento do turismo em Barcelona, fruto das fortes apostas promocionais no estrangeiro por parte das entidades competentes.

A capital catalã é uma das cidades europeias que mais turistas acolhe durante o ano, ocupando a quarta posição de um ranking liderado por Londres, Paris e Roma, referiu em entrevista o director de comunicação do Turismo de Barcelona, Gabriel Guilera.

Apesar da crise económica presente um pouco por todo o mundo, Barcelona tem apostado na sua promoção além-fronteiras com uma forte aposta no mercado russo nos últimos anos. O poderio económico dos magnatas russos, ligados a sectores energéticos como o petróleo e o gás natural, foi um factor determinante para a aposta neste mercado turístico. Com grande poder de compra, os turistas vindos do Leste da Europa viajam até Barcelona à procura das grandes marcas mundiais, inseridas na franja do comércio de luxo disponibilizado pela cidade condal. Aqui, os preços são mais acessíveis do que os praticados no seu país de origem, o que motiva deslocações constantes à cidade espanhola para comprar, aliando a isso a possibilidade de fazer


turismo pela Europa. Entre os anos de 2004 e 2006, o número de visitantes vindos da Rússia aumentou 123%, de 19 530 turistas para 43 615.

Comércio em expansão A cidade espanhola tem vindo a servir-se da evolução do turismo como motor para o desenvolvimento económico. Com uma forte aposta nas instalações hoteleiras e de restauração, o padrão comercial de Barcelona tem, também ele, vivido tempos de expansão.

Hoje, esta é uma cidade com três quadros distintos de comércio que podem ser analisados com base nas três ruas mais turísticas da cidade e que têm entre si uma grande proximidade geográfica. O comércio no centro é repartido em comércio de ‘recuerdos’, que prevalece numa das ruas mais movimentadas de Barcelona, La Rambla; o comércio dos grandes grupos económicos, como a Inditex, com um públicoalvo de classe média, presente em ruas como o Portal d’Angel, onde o grupo espanhol conta com oito lojas; e ainda, o comércio de luxo com epicentro no Passeig de Gràcia, onde estão presentes as marcas de luxo com um elevado estatuto a nível mundial, como é o caso da Louis Vuitton ou da Chanel.

A rua mais emblemática da cidade, La Rambla, faz a ligação entre o centro nevrálgico da capital catalã, a Praça Catalunha, e o Porto Velho, naquela que é uma viagem carregada de história. Os antigos edifícios característicos de Barcelona que resistem em manter-se com o passar dos anos e sítios como o mercado Boqueria ou o Gran Teatre del Liceu, fazem parte de uma paragem obrigatória para quem chega à cidade. Quiosques de vendas de flores e de pássaros, terraços típicos ou artistas plásticos, formam também eles parte da identidade da Rambla.

Visitada anualmente por 78 milhões de pessoas, segundo um estudo realizado pela associação Amics de la Rambla em 2007, é possível ver na rua uma grande predominância de hotéis, restaurantes com esplanadas e, principalmente, lojas de


‘recuerdos’. Ao longo dos 1200 metros de extensão de uma das vias mais movimentadas por peões, em especial por turistas, é possível encontrar cerca de 50 lojas dedicadas ao negócio de lembranças para turistas que são na sua maioria “propriedade de famílias imigrantes provenientes da Índia”, afirmou Xavi Masip, gerente da associação Amics de la Rambla. Em entrevista ao gerente desta associação que pretende fomentar e manter o comércio tradicional da principal rua de Barcelona há 52 anos, foi possível perceber o tipo de comércio existente, mas também a evolução que houve nos últimos anos.

Alojadas em pequenos espaços, as lojas de recordações têm como público-alvo os turistas que procuram levar pequenos símbolos da cidade e do país. Cabem em poucos metros quadrados recordações do Parque Güell, da Sagrada Família ou do Futebol Clube de Barcelona, mas também brindes alusivos a sevilhanas e até ao Real Madrid.

Os donos dos estabelecimentos e os seus funcionários, também eles indianos, tentam atrair os turistas através de publicidade na porta da loja com o objectivo de rentabilizar ao máximo o seu negócio, procurando durante a abordagem ao visitante e possível cliente, negociar os preços a praticar, acabando sempre por baixá-los. O pequeno comércio que, até aqui, era dedicado a actividades como a alfaiataria está agora voltado para o turista e para o comércio de brindes alusivos à cidade.

Italianos e norte-americanos são os que mais procuram produtos alusivos à cidade nas pequenas lojas da Rambla, de acordo com o funcionário de um dos estabelecimentos de ‘recuerdos’, que prefere não ser identificado. O funcionário de nacionalidade indiana acrescentou ainda que o negócio sofreu uma quebra no volume de vendas desde o início da crise em 2008, tendo contribuído para isso a alteração de comportamentos dos turistas face aos produtos a adquirir. Até então “procuravam produtos mais caros, agora optam por pequenas lembranças”, na sua maioria alusivas ao clube da cidade, Futebol Clube de Barcelona, conta o jovem indiano.


Mas não é só das tradicionais lojas de ‘recuerdos’ que vivem as Ramblas. Como resultado das alterações na tipologia de comércio praticado na zona, também os pequenos quiosques alteraram nos últimos anos o tipo de produtos que oferecem, conjugando agora os produtos tradicionais, como flores e pequenos animais, com alguns ‘recuerdos’ de Barcelona. São os negócios de família que predominam no centro do passeio das Ramblas, nos diversos pontos de venda de flores e jornais. Jordi Castelló é um dos floristas presentes na artéria condal, num espaço que já foi da sua sogra e que desde 2003 está a seu cargo. Depois de manter o negócio de venda de flores fiel à tradição até Setembro de 2012, o vendedor de rua teve necessidade de introduzir a venda de pequenas lembranças da cidade, como ímanes e outros objectos característicos, que segundo ele são o que “sustenta o negócio”. O modelo de negócio teve necessidade de se adaptar, fruto da mudança do perfil do turista que chega a Barcelona e que compra cada vez menos flores, optando por recordações da cidade, confidencia o comerciante barcelonês.

Não é só de comércio familiar que vive uma das principais artérias barcelonesas. Nas Ramblas encontram-se também lojas de marcas com carácter mundial, como a Zara, H&M e El Cort Inglés. Situadas junto à Praça da Catalunha, estas lojas estendem-se ao longo da parte superior das Ramblas, tirando partido da plataforma intermodal em que se transformou esta zona da cidade. Nas Ramblas, estas são as lojas que mais pessoas recebem diariamente, na sua maioria turistas.

Para Xavi Masip “as grandes lojas que se têm instalado num dos principais passeios da cidade condal, olham para as Ramblas como uma grande montra, pelo que apostam na abertura de lojas nesta rua apesar da dimensão reduzida dos espaços”. A loja H&M foi a primeira multinacional a abrir nas Ramblas, à qual se seguiram a Desigual e a Custo Barcelona, que também se instalaram nesta zona para se afirmarem enquanto marcas mundiais. Apesar de dedicada quase na sua totalidade à restauração, hotelaria e comércio, a Rambla de Barcelona é ainda uma zona residencial, apesar do número reduzido e


pouco significativo de habitantes para os 1200 metros que tem. Nesta zona da cidade vivem cerca de 600 pessoas. Masip justifica o número reduzido como consequência dos preços elevados praticados pelos proprietários dos imóveis naquela zona.

Paralela às Ramblas, encontra-se a avenida Portal de l’Àngel que é conhecida pelo seu carácter iminentemente comercial, com lojas dedicadas sobretudo à moda e que ocupa desde 2010 a primeira posição no top das ruas mais caras de Espanha. No ano de 2011, alugar uma loja no Portal de l’Àngel custava, em média, 3120 euros por metro quadrado.

Numa rua onde apenas permanecem algumas lojas dedicadas ao comércio minorista, é possível encontrar a histórica Merceria Santa Ana, uma retrosaria fundada em 1935 e que ainda hoje se mantém em atividade, contando com os seus clientes mais fiéis e combatendo a concorrência feita pelas lojas que a rodeiam.

A Merceria Santa Ana é das poucas que subsiste na rua mais cara de Espanha. Com um edifício próprio, a loja histórica mantém um volume de negócio elevado, havendo constantemente filas de clientes, apesar dos 15 funcionários que a loja tem para o atendimento ao público.

Em entrevista, o responsável pela loja contou que o factor diferenciador do estabelecimento passa pelo elevado número de produtos oferecidos, resultado de um investimento de muitos anos. “Nós compramos a toda a Europa, para termos sempre de tudo. Tem sido um esforço desde 1935, ainda para mais sendo um negócio de família”. “Estamos num centro comercial ao ar livre por excelência. No natal as pessoas descem ao centro para fazerem as suas compras, no verão saem à rua para passear”, refere Salvador Pedret sobre a localização da loja que gere. Já o grupo Inditex é dono da maior parte dos espaços comerciais que se encontram nesta avenida, contando com 8 das 56 lojas existentes. Com lucros no ano de 2012 a


ascenderem aos 2 361 biliões de euros, o grupo de Amancio Ortega no ano de 2009 detia 87 lojas da Zara em Barcelona, às quais se juntam lojas das restantes marcas do grupo como Massimo Dutti, Pull and Bear, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterqüe.

Salvador, que trabalha na retrosaria desde 1976, disse durante a entrevista que por diversas vezes os donos da loja da qual é responsável, que são também proprietários do edifício, foram abordados pelo empresário galego para venderem o espaço, tendo tais propostas sido recusadas. Segundo o responsável pela Merceria Santa Ana, “Amancio Ortega quando questionado sobre as razões para querer mais um edifício na avenida dizia que o El Cort Inglés tinha mais espaço que o grupo Inditex na rua”. Frequentada por muitos turistas, a avenida Portal de l’Àngel tira partido desse mercado para implementar estas marcas e expandir o negócio um pouco por toda a rua, onde é possível encontrar duas lojas da Zara e outras duas da H&M, separadas apenas por alguns metros.

Habitada por marcas com uma dimensão internacional, o comércio presente na avenida está longe de ser considerado de luxo, tendo como público-alvo a classe média.

Ao contrário das marcas internacionais, actualmente a Merceria Santa Ana não tem um público definido. Em tempos eram as modistas, mas tal como o responsável pela loja explicou, com a decaída do sector da confecção, houve também uma alteração nos públicos. Não obstante, e apesar de ter as portas abertas para todos os clientes, os turistas são os que menos procuram a loja, entrando apenas “em dias de chuva para comprar guarda-chuvas ou para ver a loja por ser diferente do que vêem no seu país”. A correria a cadeias mundialmente massificadas poderá deixar os mais distraídos estupefactos, dada a abundância dessas lojas noutras zonas do mundo, mas tal facto pode ser justificado pela globalização das marcas e pela oferta variada de cada loja. O turista já não procura algo que o diferencie, prefere seguir tendências.


Vizinho dessas marcas no Portal D’Àngel, Salvador considera que a massificação põe em causa a liberdade das pessoas, que “acabam por se deixar controlar por meia dúzia de marcas, andando todas vestidas de igual forma”. A antiga praça Santa Ana foi amplamente transformada, tornando-se num “centro comercial ao ar livre” com lojas e com a sede do Banco de Espanha.

Muito próximo das Ramblas e da avenida Portal de l’Àngel encontra-se o Passeig de Gràcia, uma das zonas mais conhecidas da cidade de Barcelona, não só por contar com a presença de ex-líbris da arquitetura modernista de Gaudí e de Lluís Domènech i Montaner, mas também por albergar muitas das maiores marcas de luxo internacionais.

Em 2010, esta zona ocupava a segunda posição no ranking das ruas mais caras de Espanha em termos de alugueres, atrás da avenida Portal de l’Àngel, que conquistou nesse mesmo ano a primeira posição à rua madrilena Preciados.

Marcas de luxo como a Yves Saint Laurent, Burberry e Cartier encontram-se situadas nesta zona e são um dos pontos atrativos para os turistas que vêm até Barcelona atrás do luxo oferecido por estas marcas.


O presidente da associção Amics de Passeig de Gràcia, Luis Sants, disse recentemente ao jornal La Razón em que “os russos são os melhores compradores do passeio. Gastam muito em moda, mas são seguidos pelos chineses e também pelos turistas de Sigapura, Malásia e norte-americanos.”

É em busca de lojas de luxo que não encontram no país ou lojas com preços convidativos que os russos procuram a cidade mediterrânica, tendo deixado, segundo estimativas do Turismo de Barcelona no ano de 2012, em pagamentos com cartão de crédito, 146.6 milhões de euros, o que perfaz um gasto médio de 170 euros por cada visitante russo que em média se manteve na cidade durante 14 dias.

O comércio de luxo, consciente de que o perfil de cliente tem vindo a mudar, introduziu um conjunto de inovações de forma aproximar o seu eventual comprador. Desta forma, apresentaram um conjunto de aplicações móveis que incluem catálogos promocionais em russo onde apresentam a cidade e, sendo a língua uma barreira comum, contratam funcionários que falam fluentemente russo.

Os resultados económicos da cidade são influenciados pela evolução registada no turismo que potencia não só o comércio, como também a restauração e hotelaria.

Turismo em Barcelona Em Espanha, no ano de 2011, os turistas provenientes do estrangeiro gastaram em média entre 92,90€ e 128,5€ por dia, segundo um estudo do Instituto de Estudios Turísticos, embora dependendo do tipo de viagem adquirida. Os pacotes turísticos atingem um valor médio mais alto, quando comparados com as restantes ofertas de mercado. Segundo o mesmo relatório, foram os homens que mais dinheiro gastaram por dia durante a sua passagem por


Espanha, atingindo os 106,31€, com as mulheres a gastarem menos 8%, o equivalente a 97,59€ por dia.

Barcelona recebeu no ano de 2011, segundo dados disponibilizados pelo departamento de estatística da cidade condal, 7 390 777 milhões de turistas provenientes das mais variadas regiões do mundo.

Desde o início da década de 90 que o crescimento do fluxo de turistas em Barcelona tem vindo a aumentar, tendo conhecido apenas um decréscimo de turistas nos anos 2008 e 2009 onde registaram a passagem de menos de 7 milhões de pessoas pela cidade catalã. O decréscimo de turistas é justificado pela crise que rebentou em 2008 e que penalizou as principais economias ocidentais e consequentemente futuros visitantes.

Fonte: Departamento de Estatística do Ajuntamento de Barcelona

Os italianos são os que mais saem do seu país para visitar Barcelona, devido à proximidade e ao baixo custo das deslocações, seguindo-se França e Reino Unido. Acompanhando esta tendência europeia estão os norte-americanos que procuram cada vez mais a cidade banhada pelo Mediterrâneo para passar férias.


Há no entanto, um novo fenómeno em Barcelona com o aumento dos turistas provenientes de países como a Rússia, que só no ano de 2012 enviou para a Catalunha cerca de 800 mil turistas, prevendo a Agência Catalã de Turismo que este ano o número supere o milhão de novos visitantes.

Os turistas russos que rumam ao sul da Europa pertencem a uma classe média-alta e procuram um nicho específico de turismo, alojando-se em espaços com uma classificação superior no quadro dos hotéis e com predisposição para aproveitarem a estadia e para comprarem produtos de marcas de luxo, situadas no Passeig de Gràcia. Em média, um turista russo gasta 1500 euros por uma estadia de 11 dias na cidade.

Em consequência da chegada deste novo grupo de turistas, as entidades promotoras do turismo condal voltam-se para feiras e outras promoções da cidade no país de leste, beneficiando de voos regulares entre Barcelona e Moscovo.

A grande aposta das três zonas comerciais passa por despertar a atenção dos turistas que entre as animações de rua e visitas aos principais pontos turísticos da cidade, aproveitam para comprar alguns dos produtos que oferecem, não sendo de estranhar a aposta na abordagem de rua para atrair mais clientes aos estabelecimentos. Barcelona de Gaudí e Miró é ponto de atração


Obra de Joan Miró Os Jogos Olímpicos de 1992 deram o pontapé inicial para colocar Barcelona na rota das grandes cidades turísticas europeias, acompanhando capitais como Londres, Paris e Roma e ultrapassando Madrid em termos de visitas, que recebeu 4 511 167 milhões de turistas em 2011, como é avançado pelo Instituto de Estadística da capital espanhola. Barcelona é a cidade com um maior número de obras classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO e apresenta uma estrutura comercial diversificada, que assume com base nos dados disponibilizados, uma tendência para se uniformizar através do domínio dos grandes grupos económicos que contribuem para o enfraquecimento das lojas de rua que ainda resistem com a sua vertente tradicional à actual conjuntura.

No campo da imigração e de acordo com a evolução registada ao longo dos últimos anos, os dados apontam para um ligeiro decréscimo do volume de estrangeiros a residir em Barcelona, que deverá ser recuperado ao longo da próxima década.

Ana Daniela Pereira e André Rosado


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