Cicloativismo em Caxias do Sul

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CICLOATIVISMO


O cicloativismo é conhecido na língua inglesa como "bicycle advocacy". Consiste na adoção de atividades que defendem os direitos dos ciclistas no uso da via pública, visando melhores condições para pedalar, e popularização do uso da bicicleta como veículo de transporte.


A existência de grupos organizados de ciclismo data do final do século 19 e inicio do século 20, com o CTC (Cycling Touring Club), no Reino Unido e a Dansk Cyclist Forbund, na Dinamarca, além da holandesa ANWB, que evoluiu como uma associação de motoristas, mas que foi criada como uma associação de ciclistas. Porém, o moderno cicloativismo, com um forte componente político, é na década de 70 que se fortaleceu" (Godefrooij & Rijnsburger, 2007)


O movimento Massa Crítica (Critical Mass) está completando 20 anos em 2012 e surgiu em 25 de setembro de 1992, em São Francisco (EUA). A manifestação ocorre em mais de 320 cidades no mundo pelo menos uma vez por mês e luta por mais espaço nas vias e cidades por meios de transporte movidos a propulsão humana, especialmente bicicletas. No Brasil o termo mais utilizado é Bicicletada (bem como em Portugal e Moçambique) e as manifestações ocorrem em dezenas de cidades no país, incluindo Caxias do Sul.

Chris Carlsson e Luciano Pacheco


Em Caxias do Sul, o movimento surgiu em março de 2011, com 10 ciclistas. Passado um ano, chega a reunir, em média, 150 pessoas. O passeio, que ocorre toda última sexta-feira do mês, é aberto a qualquer pessoa e não tem limite de idade. A ação tem como objetivos divulgar a bicicleta como meio de transporte, incentivar condições favoráveis para o uso deste veículo e sistemas mais ecológicos e sustentáveis entre os meios de transporte, principalmente na área urbana. É utilizada apenas uma via da rua, a fim de não obstruir a passagem de carros e ônibus e mostrar que a convivência entre automóveis e bicicletas é possível.


Caxias tem segunda maior frota de veículos do Estado Os números do Detran apontam que a frota local aumentou 5,5% em 2011 em relação a 2010, passando de 231.960 para 245.449 veículos no período. O município soma 249 mil veículos – uma média de um para cada 1,77 habitante. Os números resultam em desafios ao poder público. No Estado, houve crescimento médio de 6,4% ao ano, de 2004 para cá, até chegar aos 5 milhões no final de 2011.

As regiões com maior taxa de veículos em relação a quantidade de habitantes são o Vale do Taquari e a Serra Gaúcha, com 577 e 576 veículos a cada mil habitantes, respectivamente.

Foto: Porthus Junior


O impacto Nos últimos sete anos, Caxias do Sul ganhou, em média, 37 novos veículos por dia. Isso representa aumento superior a 60%. São 94.210 automóveis, motocicletas e outros carros a mais nas vias desde janeiro de 2005. A quantia é equivalente a toda a frota de um município como Passo Fundo. Calcula-se que 60% da poluição atmosférica nas regiões das grandes cidades sejam decorrentes dos veículos automotores.


É possível? Usar a bicicleta como meio de transporte, principalmente em grandes centros urbanos, pode parecer estranho, até surreal. Coisa de atleta, de gente excêntrica, ou de quem não tem dinheiro para ter um carro. Andar de bicicleta não melhora apenas a sua vida. Melhora sua cidade também.

Congestionamentos

Cada pessoa que passa a se deslocar de bicicleta em substituição ao carro ajuda a diminuir os congestionamentos. A bicicleta ocupa menos espaço nas ruas e não fica engarrafada. Quando o trânsito para, a bicicleta flui, liberando o espaço que estava ocupando. Ela pode ser mais lenta que um automóvel ou uma moto em termos de velocidade final, mas transita continuamente e não congestiona.


Economia de dinheiro Estacionamento, flanelinha, seguro, IPVA, troca de óleo, mecânico, funilaria, retoque na pintura... O custo de um carro é muito maior do que o combustível, que é a conta que geralmente fazemos ao decidir se compensa ir de carro a algum lugar. De bicicleta, tudo isso fica para trás.

Economia de tempo De bike, levamos sempre o mesmo tempo do trabalho até em casa, tendo trânsito ou não, com chuva ou sol, em qualquer horário. De carro, o mesmo trajeto chega a levar até o triplo de tempo, principalmente se houver chuva no horário de pico.

Mais pontualidade Com a bicicleta, você sabe quanto tempo vai levar para chegar ao seu destino. Você pode ir mais rápido ou mais devagar, dependendo do tempo disponível ou da sua disposição física, mas consegue se programar.


Saúde e vida mais saudáveis Andar de bicicleta é um ótimo exercício aeróbico e não causa tanto impacto no corpo quanto outros esportes. Pedalar regularmente previne doenças cardíacas, circulatórias, hipertensão, ajuda a controlar o diabetes, aumenta a resistência aeróbica, reduz a obesidade, ativa a musculatura de todo o corpo, entre outros. Há aumento de massa muscular, queima de calorias e melhoria da capacidade respiratória. Menos stress e preocupação Quando você está dirigindo e o sinal abre e fecha três vezes, permitindo a passagem de meia dúzia de carros, não há como não se estressar. Além do mais, não há como fazer seqüestro-relâmpago com ciclista! Mudança no humor O humor melhora tanto no trabalho como fora dele. Não coloco a vida de outras pessoas em risco

Uma pessoa tem que ser muito criativa para conseguir Machucar gravemente outra com uma bicicleta... Não poluo o ar que meu filho respira



O que diz a lei

Ao contrário do que muita gente acredita, o texto do Código Brasileiro de Trânsito valoriza essencialmente a vida, não o fluxo de veículos. Na redação de seus artigos, percebe-se uma preocupação acima de tudo com a integridade física dos diversos atores do tráfego, sejam eles motoristas, motociclistas, ciclistas ou pedestres. As bicicletas e os ciclistas são classificados sob os termos bicicletas, ciclos, ciclistas, veículos de propulsão humana (VPH) e veículos não motorizados. Veja abaixo todos os artigos que se referem a esse meio de transporte, reconhecido como veículo e com direito de circulação pelas ruas.


Quando a bicicleta moderna surgiu, no final do século XIX, o ciclismo não foi definido como “coisa de homem” ou “coisa de mulher”. No entanto, os homens tinham uma vantagem: eles usavam calças – proibidas para as mulheres em muitos lugares da Europa. Essa regra foi suspensa exclusivamente para o uso das bicicletas por mulheres, que começaram a usar calças folgadas para passear com suas bikes pelos parques.


A empresa britânica Cyclehoop, especializada em transformar ambientes em bicicletários, mostrou de forma divertida que a vaga de um carro pode dar espaço a até dez bicicletas.

Na Dinamarca as 13 estações de metrô mais movimentadas têm oficinas de reparação de bike e desde o ano passado, os passageiros podem combinar os dois transportes para se deslocar, com a regalia de vagões com áreas de estacionamento flexíveis.


Na capital da Dinamarca, 55% da população vai pedalando para o trabalho. Dessa forma, mesmo na hora do rush grandes congestionamentos são evitados, melhorando a qualidade de vida de todos na cidade. Mas, nem sempre foi assim. Durante muitos anos nãos se viam bicicletas nas ruas de Copenhagen. Foi preciso que a população protestasse para que o governo construísse a infraestrutura necessária para tornar o uso de bicicletas mais seguro. Hoje, a prefeitura estimula esse meio de transporte.

Vídeo


“Nós não atrapalhamos o trânsito, nós somos o trânsito


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