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Rumo aos 30 GW

Projetos antecipados e crise hídrica impulsionam aumento da capacidade

A fonte eólica, puxada pelos altos investimentos de projetos para o mercado livre, deve fechar 2021 com 20,9 GW de capacidade instalada, segundo projeção da consultoria especializada ePowerbay feita a pedido de Cenários Eólica. A potência já chegava, em julho, a 19 GW.

A estimativa se baseia no banco de dados da consultoria, que até 24 de julho registrou a entrada em operação de 1.677 MW em 2021, referentes a 451 turbinas eólicas, e se complementa com a previsão da Superintendência de Fiscalização da Geração da Aneel, de que até o fim do ano mais 1.584 MW, de 413 turbinas, serão conectados ao SIN.

Esse ritmo de investimentos confirma a projeção otimista da Abeeólica, de o setor chegar a 30,2 GW de potência instalada em 2024, considerando-se apenas leilões já realizados no mercado regulado e contratos firmados no mercado livre. Se mantiver o mesmo patamar de nova capacidade instalada anual, a fonte chega no projetado com folga.

Apoia ainda mais esse otimismo no médio e longo prazo o fato de, em dezembro de 2020, a previsão da Aneel para 2021 ter sido mais conservadora, de apenas mais 2.231 MW de nova potência eólica. Muitos empre- endedores estão adiantando obras no ano, incentivados pelo aperto na oferta de energia do país, que deve se agravar até dezembro por conta da crise hídrica.

LEILÕES

Depois de um ano de hiato, por conta da pandemia, em 2021 voltaram os leilões de energia nova (LEN). Em 8 de julho ocorreram os LEN A-3 e A-4 e em 30 de setembro é a vez do LEN A-5.

No A-3/A-4, foram cadastrados 66,9 GW de 1.841 projetos, sendo a fonte eólica a segunda a registrar mais, com 700 empreendimentos e 22,6 GW de potência. Da potência cadastrada total, 51,3% dos projetos do A-3 (767) foram habilitados para participar do leilão e do A-4, 52,4% (936).

Ao fim do certame, respectivamente, 33 projetos negociaram contratos do primeiro e 18 projetos do segundo leilão, que totalizam 547 MW e 437 MW. Isto representa 1,9% e 1,3% da potência habilitada nos leilões.

A fonte eólica – que teve 318 projetos habilitados no A-3 e 408 no A-4) – foi o destaque, apesar da baixa contratação no geral, em razão da sobrecontratação das distribuidoras (apenas três contrataram, Light, Celpa e Cemar). Da

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demanda total contratada de 183,3 MWm dos dois leilões, com capacidade instalada total de 984,7 MW dos projetos, a fonte ficou com 38% do total, ou 69,8 MW médios. Em capacidade instalada, os novos parques negociados envolvem 419,5 MW (251,7 MW do A-3 e 167,8 MW do A-4).

Estrat Gia Para O Acl

Os projetos eólicos vencedores demonstram a estratégia do setor voltada para o mercado livre de energia. Na média geral dos contratos, a estratégia foi firmar venda pouco acima do limite mínimo obrigatório de 30% da garantia física dos projetos, o que resultou em aproximadamente 33%. Dessa forma, a maior parte da energia dos parques (67%) se direcionará para o ACL.

Para começar, a Casa dos Ventos – empreendedora que mais cadastrou projetos nos leilões, com 2,7 GW de eólicos e 1,9 GW solares – viabilizou uma capacidade instalada de 134,9 MW de projetos eólicos, com energia negociada de apenas 32% dos 48,6 MW médios da garantia física, ou seja, 15,7 MW médios.

A empresa negociou no A-3 os projetos Ventos de Santa Luzia 12 a 17, em Boninal, na Bahia, com potência de 37,1 MW, garantia física de 12,3 MW médios. Também no A-3 negociou os Ventos de São Rafael 1 a 11, em Picuí, na Paraíba, com potência total de 66 MW e garantia física de 25,5 MWm. Já no A-4, foram negociados os Ventos de Santo Antônio 1, 4 a 8, em Antônio Gonçalves, na Bahia, com potência de 31,8 MW e garantia física de 10,8 MW médios.

Evolução da capacidade instalada (MW)

Também negociaram projetos nos leilões a Elawan, com o projeto Passagem (RN), de 52 MW (vencedor nos dois leilões), e a Oeste Energia, no A-3, com o projeto Oeste Seridó (RN), de 96,6 MW.

A estratégia de vender a garantia física mínima de 30% no leilão, para poder negociar o restante no mercado livre, foi seguida também pela Oeste Energia, que vendeu 30% dos 60,1 MW médios de garantia física do projeto. Já a Elawan, ao somar o mesmo projeto Passagem nos dois leilões, vendeu 75% da garantia física, ou seja, terá apenas 25% para o mercado livre.

Estudo da ePowerbay sobre os leilões A-3 e A-4 de 2021 registrou pequeno aumento na contratação das eólicas em relação aos últimos leilões A-4 de 2018 (33,4 MW médios) e 2019 (15,2 MW médios).

Os últimos leilões, segundo a consultoria, também apresentaram tarifas maiores. O A-3 de 2021, com R$ 148,58/ MWh, e o A-4, com R$ 150,70/MWh, foram bem superiores aos preços do A-4 de 2018 (R$ 67,6/MWh) e do A-4 de 2019 (R$ 90/MWh). Para o estudo, a tarifa superior reflete um pouco do risco de adequação à venda da geração em função da carga e não do consumo, como era em 2018 e 2019.

Autoprodu O

Além de usar os leilões regulados para tornar os projetos voltados ao ACL mais viáveis (os parques negociados no ACR também têm garantia de conexão ao SIN), o mercado tem utilizado outras estratégias em seus novos empreendimentos.

Uma delas é fazer com que grandes consumidores entrem em sociedades com os empreendedores na figura de autoprodutores de energia, para escapar dos encargos pagos por consumidores, sobretudo os voltados à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

A opção tem sido adotada principalmente por indústrias e outras grandes empresas com unidades no Sudeste, onde os encargos são maiores, que estabelecem parcerias com empreendedores com parques eólicos no Nordeste.

As sociedades são principalmente por meio de participações minoritárias nos parques, quando os consumidores optam pela compra de ações ordinárias com direitos a votos nas sociedades de propósito específico (SPEs) criadas para gerir as usinas, o que ocorre a partir do início da operação. Essa modalidade de sociedade é a mais comum e tem sido adotada em projetos da Casa dos Ventos.

No parque Folha Larga Sul, em Campo Formoso, na Bahia, de 151,2 MW, que entrou em operação em 2020, esse novo modelo estreou no país, na sociedade com a mineradora Vale. A consumidora adquiriu ações ordinárias na SPE, que inclui um PPA de 23 anos.

A contratação nesse modelo também foi adotada para a venda de energia da fase 1 do parque Rio do Vento, de 504 MW, no Rio Grande do Norte, no qual foi assinado PPA com a Anglo American, em 2020, para 95 MW médios, e no começo de 2021 com a Braskem, para 50 MW médios, ambos com PPAs de 20 anos.

Já na outra opção de autoprodução, na qual o consumidor entra como sócio com participação igual ao do empreendedor logo no início do projeto, há exemplos na AES Brasil, em parceria com a química Unipar.

Em 2020, foi fechada a constituição de joint-venture 50/50 para controle compartilhado de parque de 155 MW do complexo eólico Tucano, na Bahia, em construção e com entrada em operação para o fim de 2022.

Pelo acordo entre as empresas, que incluiu a compra de 95% das ações ordinárias e 5% das preferen-

Matriz de Energia Elétrica (GW)

ciais pela Unipar, a produtora eletro intensiva garantiu 60 MW médios em um contrato de 20 anos. Do total investido no parque (R$ 625 milhões), 75% foram financiados por BNB e emissões de debêntures, e os 25% restantes divididos entre as empresas.

Fator de Capacidade Médio dos Parques no Brasil

JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembro 201228%25%23%25%28%27%34%41%44%42%34%38%

201333%36%31%24%25%26%30%43%46%47%47%36%

201435%30%24%22%22%36%43%50%48%50%41%40%

201540%32%26%23%35%36%40%52%47%49%39%39%

201623%32%32%37%36%41%48%49%52%51%48%41%

201738%32%27%35%36%44%51%53%61%56%46%41%

201838%26%24%30%39%47%53%56%59%48%45%36%

201941%24%25%26%37%50%48%60%57%56%49%46%

202025%27%19%28%34%45%51%58%58%48%44%46%

202144%31%31%36%41%45%51%

Fonte: ONS

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Mercado De Capitais

A participação cada vez maior do mercado de capitais também tem sido um destaque, por meio da emissão de debêntures incentivadas e green bonds. E a tendência, que começa a ser mais comum entre 2020 e 2021, é o uso dos recursos do mercado financeiro para projetos 100% contratados no ACL.

Esse perfil de estruturação dá mais liberdade na estruturação dos empreendedores, que na maioria das vezes optam por contratar parte dos projetos no mercado regulado, através dos leilões públicos, para dar financiabilidade aos empreendimentos.

Um exemplo ocorreu em janeiro de 2021 com a empreendedora Echoenergia, que emitiu seus primeiros green bonds relacionados totalmente para projeto 100% mercado livre, o cluster eólico Serra do Mel II, no Rio Grande do Norte, em um total R$ 142 milhões. Em setembro de 2020, também para projeto do ACL,

Contratação de energia eólica por leilão

a empresa havia emitido debêntures dos projetos Vila Piauí I e II, em Serra do Mel (RN), de R$ 87 milhões de reais, com vencimento em 2035.

Gera Es Recordes

O ano de 2021 já pode ser marcado como de recordes de geração para o setor. Pela primeira vez, no dia 22 de julho, a energia eólica abasteceu todo o Nordeste durante um dia inteiro, o que antes só havia ocorrido em horários específicos.

O recorde foi registrado pelo ONS, com geração média diária de 11.399 MW médios, o que representou 102% da demanda da região para o dia.

Antes disso, já havia sido batido um recorde em 21 de julho, com 11.094 MW médios e atendimento de 99,9% da demanda.

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