1 minute read

ANÁLISE FELIPE GONÇALVES

Impacto das Térmicas Inflexíveis para a Geração Eólica

Colocar no setor elétrico a responsabilidade pela viabilidade do grande potencial de gás associado tem impacto econômico que transcende o aumento do custo médio de energia elétrica, com efeitos na cadeia produtiva da geração eólica instalada no Brasil. A estratégia de inserção do gás natural na matriz elétrica deve considerar prioritariamente os atributos de flexibilidade necessários para suportar a expansão das fontes renováveis.

Advertisement

O Brasil tem grande expectativa com o crescimento da oferta de gás natural, em especial, o gás associado dos campos do Pré-Sal, inadequado a uma demanda variável. Assim, a indústria petroleira tem olhado apaixonadamente para a geração termelétrica inflexível defendendo a inserção de térmicas a gás natural na base da carga do sistema.

Diante da informação de que a demanda do setor elétrico por gás inflexível não é relevante, os produtores do combustível fóssil têm argumentado que uma política energética integrada traria benefícios que justificam a elevação do custo da eletricidade para os consumidores. Mas o aumento do custo médio da energia elétrica não é o único nó dessa trama a ser desatado. Optar pela inserção de térmicas inflexíveis no setor elétrico leva ao deslocamento de fontes renováveis com importantes impactos econômicos como os que seriam observados tanto na expansão quanto na operação da geração eólica.

O Plano Decenal de Expansão[1] para o horizonte de 2030, produzido pela EPE, indica a expansão de fontes renováveis variáveis em conjunto com termelétricas totalmente flexíveis como a alternativa de menor custo total para o atendimento aos requisitos do sistema.

No mesmo relatório, uma análise dos impactos da expansão de térmicas na inflexível[2] aponta que, no caso de um acréscimo forçado de 4.000 MW (1.000 MW/ano de 2027 a 2030) desta tecnologia, mais de 10.000 MW de outras tecnologias seriam substituídos, a se destacar o efeito na fonte eólica. Caso a inclusão fosse de 8.000 MW, essa alternativa acarretaria na redução de cerca de 18.000 MW de capacidade instalada em renováveis. Seriam menos 12.000 MW em usinas eólicas e 3.500 MW fotovoltaicas, tecnologias com custo variável de operação nulo.

O deslocamento relevante da geração de fontes renováveis observado nesses casos ocorre pelo fato de a geração termelétrica inflexível passar a atender além do requisito de potência do sistema, também o de energia.

This article is from: