Casa de Apoio - O papel do projeto arquitetônico na área da saúde

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casa de apoio O PAPEL DO PROJETO ARQUITETÔNICO NA ÁREA DA SAÚDE

Ana Luiza Cortellini Eleutério 1


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casa de apoio O PAPEL DO PROJETO ARQUITETÔNICO NA ÁREA DA SAÚDE

Aluna: Ana Luiza Cortellini Eleutério

Orientadora: Profª. Drª. Silvana Aparecida Alves

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Artes, Arquitetura e Comunicação Trabalho Final de Graduação Bauru - SP 2020

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04. 11.

15.

29.

33. 45.

sumário

49. 69. 118. 120. 124.

RESUMO INTRODUÇÃO Objeঞvo Jusঞficaঞva Estrutura do Trabalho REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O Valor do Suporte Social e Emocional A Materialização do Conceito de Humanização Humanização em Projeto pelo Olhar do Arquiteto A Psicologia das Cores O Espaço Ínঞmo e as Interações Pessoais METODOLOGIA Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Pesquisa de Levantamento Análise do Entorno ÁREA DE ESTUDO Breve histórico sobre Bauru e seus Hospitais Públicos Os Hospitais da cidade O Terreno escolhido para o Projeto COLETA DE DADOS DA ÁREA DO PROJETO Casa de Apoio do Centrinho/USP Casa de Apoio do Hospital Estadual LEITURA DE PROJETO Casa Ronald McDonald Campinas (Centro Infanঞl Boldrini) Ronald McDonald House BC and Yukon (RMH BC) Casa Acreditar Lisboa, Portugal PROJETO: A CASA DE APOIO A Dinâmica da Casa e o Programa de Necessidades O Conceito e o Parঞdo Arquitetônico O projeto: A Casa de Apoio de Bauru CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICE 4


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agradecimentos

Agradeço aos meus pais, Fabiana e Luis Henrique, por todo o apoio, carinho, dedicação e incenঞvo. Ao meu irmão, Pedro Henrique, por todo o suporte e por escolher seguir a mesma profissão. A todos os amigos que fiz ao longo desses anos e que passaram ao meu lado pela transformação que é a graduação em nossas vidas. A UNESP, pela grande experiência e oportunidade do ensino público de qualidade, e a minha professora orientadora, Silvana, por me guiar, me apoiar e por acreditar em mim. 6


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resumo

O presente Trabalho Final de Graduação envolveu a concepção de um projeto arquitetônico de uma moradia temporária para crianças, adolescentes e seus respecঞvos responsáveis durante o período de tratamento hospitalar de doenças crônicas na cidade de Bauru (SP). Buscou-se entender de que forma o desenho arquitetônico pode proporcionar a sensação de acolhimento e conforto às pessoas que se encontram em uma situação de vulnerabilidade e instabilidade, visto que elas precisam enfrentar o medo da doença, a mudança de cidade e a distância da família. Assim, analisou-se o valor do suporte emocional e social aos moradores, como se dá a humanização projetual e a relação dos indivíduos com seu espaço ínঞmo e com as interações pessoais. Para o desenvolvimento projetual, foi feito um reconhecimento do entorno da área de intervenção na cidade e da dinâmica dos pacientes e seus acompanhantes. O projeto proposto flutua entre a arquitetura hospitalar e a arquitetura habitacional e visa atender às demandas do público infanto-juvenil durante a estadia temporária na cidade para o tratamento de uma doença. Palavras chave: Casa de apoio; Moradia temporária; Projeto Humanizado; 8


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introdução

Objeঞvo Jusঞficaঞva Estrutura do trabalho 10


A doença crônica, quando aঞnge qualquer membro da família, acarreta mudanças decorrentes da preocupação com o doente e na realização das aঞvidades normais do dia-a-dia, interferindo em toda a estrutura familiar. Vários fatores influenciam no modo de enfrentar esta situação e, entre eles, estão o estágio da vida familiar, o papel desempenhado pela pessoa doente na família, as implicações que o impacto da doença causa em cada elemento da família e o modo como esta se organiza durante o período da doença (Elsen et al, 2002). A existência de uma doença crônica, além de afetar toda a família, gera momentos diࣱceis com avanços e retrocessos nas relações de seus membros (ANDERS, 1999). Quando se trata de doença crônica em crianças, o abalo causado na família, na maioria das vezes, é muito maior. Com a descoberta do adoecimento da criança, nasce o senঞmento de fragilidade, de preocupação constante, e por vezes, de culpa, seguidos da sobrecarga gerada pela dependência conঠnua de atenção para a viabilização dos cuidados com o pequeno paciente. Isso porque a doença impõe modificações na vida da criança e de sua família, exigindo readaptações frente à nova situação e estratégias para o seu enfrentamento (VIEIRA e LIMA, 2002). Considerando a complexidade das doenças crônicas, - como, por exemplo, o câncer infanঞl - é importante que o tratamento seja feito em centros especializados. No Brasil, os hospitais de referência localizam-se em grandes centros urbanos, o que torna necessário o deslocamento dos pacientes e seus acompanhantes até o local de tratamento. Viver em uma nova cidade, com uma cultura e uma dinâmica diferente, longe da família, e por um período indeterminado, acaba tornando o tratamento mais diࣱcil e mais doloroso. Esses são senঞmentos que acabam prejudicando a recuperação dos pacientes, já que o âmbito emocional possui grande influência neste momento (SÉLOS et al, 2014). Além disso, a infância é um período único na vida que tem fortes influências na vida adulta. Por isso durante o tratamento, é importante que tanto as crianças quanto os pais se sintam acolhidos quando se deslocam para a cidade do Hospital. Tal acolhimento pode ser feito através das casas de apoio, onde os usuários podem morar durante o tempo do tratamento, estabelecendo vínculos com a nova cidade e com novas pessoas e recebendo o suporte emocional e a infraestrutura necessária. Estudos nos campos da medicina comportamental e da psicologia clínica descobriram, dentre uma variada gama de situações que envolvem ambientes de saúde, que indivíduos com suporte social apresentam menores níveis de estresse do que aqueles que não têm nenhum ঞpo de apoio da família, amigos ou sociedade (ULRICH, 1991). Assim, é evidenciado a importância da existência das Casas de Apoio e o papel do desenho arquitetônico durante o tratamento, como forma de proporcionar a sensação de acolhimento e conforto emocional aos pequenos pacientes e seus responsáveis.

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Objetivo O objeঞvo deste trabalho é propor uma moradia temporária para crianças, adolescentes e seus acompanhantes que estão em fase de tratamento hospitalar na cidade de Bauru (SP). O projeto proposto busca atender as demandas ࣱsicas e emocionais dos seus usuários - com foco nas crianças e nos adolescentes -, priorizando um ambiente humanizado, no qual as pessoas possam senঞr-se melhor no momento de instabilidade e vulnerabilidade em que se encontram. O programa proposto flutua entre a arquitetura hospitalar e a arquitetura habitacional, sendo assim, é essencial abordar essas duas áreas de abrangência para obter uma pesquisa completa.

Justificativa A mudança para a cidade de Bauru - onde há hospitais públicos especializados em tratamentos de algumas doenças - é uma realidade enfrentada por muitas famílias ao procurarem essas insঞtuições. Todavia, em alguns casos elas acabam se hospedando em lugares com infraestrutura inadequada para os enfermos, sem condições sanitárias que supram as necessidades de imunidade e sem qualquer suporte emocional, o que torna ainda mais diࣱcil superar a doença. Considerando que boas condições são indispensáveis para uma plena recuperação no tratamento da doença crônica infantojuvenil, uma casa de apoio é essencial. Logo, sua finalidade é melhorar as condições de moradia das famílias, fornecendo um local pensado e projetado para dinâmica de vida dessas pessoas, de tal forma que elas se insiram na nova cidade, morem em um ambiente agradável e acolhedor e estabeleçam novos vínculos, minimizando o sofrimento.

Estrutura do Trabalho O presente trabalho está estruturado em 7 capítulos descritos sucintamente a seguir: O Capítulo 1 introduz o contexto da pesquisa, apresenta sua problemáঞca e a estrutura do trabalho. No Capítulo 2, é apresentado a revisão bibliográfica, descrevendo quais os principais tópicos que dão corpo ao tema. O Capítulo 3, expõe qual a metodologia de pesquisa e quais foram os métodos uঞlizados no presente trabalho. No Capítulo 4, é apresentada a área na qual o projeto foi desenvolvido, descrevendo quais suas caracterísঞcas e a sua relação com o entorno. No Capítulo 5, é feita a leitura de três projetos de casas de apoio, em diferentes cidades do mundo, com a intenção de embasar o objeto final deste trabalho. Por fim, são expostas quais foram as referências bibliográficas que dão base ao trabalho, e em sequência o apêndice, que contém o quesঞonário elaborado pela autora.

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revisão bibliográfica

O Valor do Suporte Emocional e Social A Materialização do Conceito de Humanização Humanização em Projeto pelo Olhar do Arquiteto A Psicologia das Cores O Espaço Ínঞmo e as Interações Pessoais 14


Os subcapítulos seguintes apresentam conceitos e definições que dão suporte teórico e técnico para a elaboração do projeto final de Arquitetura deste Trabalho Final de Graduação. Ainda neste capítulo, é apresentado aqui, a importância do suporte emocional e social, para tentar minimizar a carência dos pacientes e seus acompanhantes em fase de tratamento hospitalar; os conceitos de humanização aplicados em projeto, para mostrar como é possível viabilizar uma arquitetura humanizada e que tem como foco o bem estar dos seus usuários; a psicologia das cores, para que a paleta escolhida traga aconchego e tranquilidade às pessoas; e por fim, as teorias do espaço ínঞmo e das interações pessoais, para que entendendo a dinâmica dos usuários, seja possível refinar o conforto (em seu senঞdo mais amplo) e as dimensões do projeto através de uma perspecঞva emocional.

O Valor do Suporte Emocional e Social O momento da descoberta do diagnósঞco de câncer infanঞl - e outras doenças crônicas em crianças - é estressante, tenso, coberto de incertezas e leva a um processo doloroso na vida dos familiares. A convivência com a doença e seus significados traz novas preocupações e medo quanto ao futuro e o medo da morte, o que gera mudanças na dinâmica e nas relações familiares (SILVA et al, 2012). Dessa forma, família e criança passam a enfrentar novos problemas: longos períodos de hospitalização, reinternações, terapia agressiva com efeitos indesejáveis, dificuldades pela separação dos membros da família durante as internações, interrupção das aঞvidades diárias, limitações na compreensão do diagnósঞco, desajuste financeiro, angúsঞa, dor, sofrimento e o medo constante (WEGNER et al, 2010). Durante o tratamento de crianças com doenças crônicas, observa-se também que os cuidadores podem apresentar: prejuízos no trabalho, nos estudos, no padrão de sono, no humor, vida sexual, apeঞte, planos para o futuro, saúde ࣱsica e mental, cuidado pessoal, vida social entre outros (BECK e LOPES, 2007). Portanto, os familiares necessitam receber apoio social, que é um processo de interação entre pessoas ou grupos de pessoas que estabelecem vínculos de amizade e de informação, além do apoio material, emocional, afeঞvo, que contribuam para o bem estar recíproco realçando o papel que os indivíduos podem desempenhar na resolução de situações coঞdianas em momentos de crise (BARBOSA et al, 2009). Para melhor compreender a demanda dos familiares, um estudo qualitaঞvo foi feito por Minayo (1998) na casa de apoio Ronald McDonald de Campinas, insঞtuição sem fins lucraঞvos que dá suporte ao Centro Infanঞl Boldrini. Foram entrevistadas onze mães de crianças com câncer que vivem nesta casa de apoio. A entrevista, permeada por empaঞa e intersubjeঞvidade, pode ser vista como um encontro social cujo quesঞonamento norteador foi: Como é para você viver nesta casa de apoio durante o tratamento do seu filho? Uma outra pesquisa, nesta mesma casa de apoio, foi realizada depois, e uঞlizou a mesma questão norteadora (SÉLOS et al, 2014). Cuidar do filho doente apareceu nas entrevistas como uma responsabilidade exclusiva da mãe, obrigação de peso, como se não houvesse outra possibilidade. Essa sobrecarga reitera a necessidade que as mães de crianças com câncer têm por recursos que as ajudem a compreender tudo o que está acontecendo com seus filhos durante o processo da doença, afinal, tal compreensão irá ajudá-las a lidar com as situações dolorosas que envolvem o 15


tratamento oncológico infanঞl (MOREIRA e ANGELO, 2008). A mãe é considerada o eixo da estrutura familiar e sob o seu controle estão a criação e educação dos filhos, o cuidado com a casa e com a saúde dos membros da família (Minayo MCS., 1998). Ela cumpre o papel de principal cuidador, ou seja, é a pessoa da família com o dever moral de ficar com a criança durante seu tratamento e se sente na obrigação de cuidar do filho, uma vez que a própria criança a elege como protetora dentre os familiares (BECK e LOPES, 2007). Através dos relatos da pesquisa, é possível perceber que a experiência da mãe em permanecer numa casa de apoio, longe da roঞna familiar, atrelada à situação de cuidar de um filho doente, gera senঞmentos de tristeza. Elas acabam adequando suas aঞvidades às necessidades de seu filho doente, cabendo a elas, inclusive, a desistência do emprego quando necessário para, assim, atender melhor às demandas da criança. Por outro lado, amizades estabelecidas entre as mães acompanhantes é um recurso uঞlizado para enfrentar a situação no convívio diário. O fato é que a convivência entre elas vai se estreitando e isso minimiza o fardo. Através da percepção do comparঞlhamento das experiências, e do sofrimento de outras mães que vivenciam o câncer na criança, surge o interesse em ajudar e cuidar do próximo e, a parঞr desse processo, forma-se uma extensa rede solidária fortalecida (BELTRÃO et al, 2007). Da mesma forma, é preciso também considerar que viver em uma casa de apoio durante o tratamento de seu filho implica em conviver com pessoas diferentes, que vieram de diversos lugares, com costumes e formas de viver ímpares e nem sempre essas diferenças são vistas como um fator posiঞvo. Dessa forma, além de momentos de encontro e espaços de convívio, é valorizada a preservação da privacidade e da vida parঞcular de cada família na casa. Além do estresse emocional e intrafamiliar, as famílias que possuem uma criança com câncer têm dificuldades financeiras devido a uma variedade de gastos, incluindo viagens longas, hospedagem, tempo fora do trabalho, suprimentos médicos e, por vezes, necessitam até pedir dinheiro emprestado para cobrir custos adicionais ( DI PRIMIO et al, 2010). A oportunidade de morar em uma casa de apoio facilita o acesso ao tratamento da criança com câncer, pois em muitos casos, as famílias não têm condições financeiras para viagens e hospitalizações. Durante a convivência na casa de apoio, as mães acabam construindo amizades que acabam sendo um suporte para a fase diࣱcil. Porém, conviver com a diversidade de cada pessoa não é fácil e pode até gerar senঞmentos de frustração, medo, cansaço e vontade de isolar-se (SÉLOS et al, 2014). Conclui-se, então, que o diagnósঞco de câncer no filho gera ruptura da roঞna familiar e modificação no papel da mãe, de tal forma que a casa de apoio facilita o acesso ao tratamento da criança (SÉLOS et al, 2014).

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A Materialização do Conceito de Humanização A concepção de ediࣱcios hospitalares como locais de tratamento que possuímos nos dias de hoje é relaঞvamente recente. O entendimento desse espaço sofreu uma série de alterações ao longo dos séculos (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Durante a Idade Média, os hospitais funcionavam basicamente com o intuito de hospedar viajantes, doentes e pobres, sem a intenção de curar, somente de isolar as pessoas do restante da sociedade para evitar riscos sociais e epidemiológicos (GÓES, 2004.). Foi apenas a parঞr do século XVIII que a doença passou a ser reconhecida como fato patológico, momento em que hospital se torna um instrumento de cura, fruto da nova visão sobre o homem e a natureza construída com o Iluminismo e com a Revolução Industrial. O entendimento deste equipamento como parte do processo da cura fez com que o desenho dos seus ambientes adquirisse uma atenção especial. Nesse momento, surge uma preocupação com os fluxos do hospital, a quanঞdade de pessoas por ambiente, a configuração do espaço para facilitar a circulação e renovação do ar e a setorização dos ambientes. Com isso, o ediࣱcio hospitalar passa a ser organizado segundo a especialização de áreas internas, baseada em aঞvidades de cuidados aos pacientes e seus diversos apoios (SILVA, 2001). Durante o século XX, o interesse da sociologia e da antropologia pela saúde e pela doença resgata a discussão sobre a qualidade dos ambientes hospitalares. Em consequência, surgem movimentos a favor de reformas sanitárias em vários países com objeঞvo de garanঞr o direito universal à saúde e ao desenvolvimento da medicina prevenঞva. No Brasil, esse movimento teve seu ápice na 8º Conferência de Saúde em 1986, cujo resultado principal foi a proposição do Sistema Único de Saúde na Consঞtuição de 1988 (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Constrói-se um consenso de que é preciso renovar os espaços hospitalares e, nesse contexto, sua humanização aparece como solução para o impasse. Entretanto, se a necessidade da promoção da humanização afigura-se, por um lado, como consensual, por outro lado, a definição do que seria esta ação parece diࣱcil de discernir (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Apesar de não haver nenhuma prescrição para criar um ambiente que promova a cura, pelo menos há uma grande concordância entre os pesquisadores no assunto no que se refere aos fatores que causam reações fisiológicas no corpo humano e ajudam na recuperação dos pacientes hospitalizados como veremos em breve. (HOREVICZ e DE CUNT, 2007) O conceito de Humanização dos Ambientes Hospitalares, aproximando o ambiente ࣱsico dos valores humanos, tratando o homem como foco principal do projeto. Segundo Mezzomo (2003), “a humanização é entendida como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éঞcas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano...”. O ser humano está o tempo todo inserido num espaço onde desenvolve suas ações, seja ele um espaço desঞnado ao trabalho, ao lazer ou ao descanso. Considerando esta relação homem-espaço, o ediࣱcio construído deixa de ser encarado a parঞr da suas caracterísঞcas ࣱsicas e passa a ser avaliado e discuঞdo enquanto espaço sujeito à ocupação, leitura e reinterpretação (ELALI,1997). O arquiteto precisa estar a par das exigências do espaço e segundo Cosঞ (2002) o principal objeঞvo do projeto, além de beleza, funcionalidade e 17


compeঞঞvidade para seu cliente, deve ser a promoção da cura para os pacientes. De maneira geral, existem algumas questões principais que são responsáveis pela redução do estresse e promoção do bem estar aos pacientes, tais como controle do ambiente; suporte social possibilitado pelo ambiente; e distrações posiঞvas do ambiente; (Ulrich, 1991). As pessoas sentem necessidade de controlar o ambiente no qual estão. Algumas soluções arquitetônicas, segundo Malkin (2003) podem proporcionar ao paciente a sensação de direção do ambiente, tais como: oferecer privacidade visual para pacientes vesঞr-se em salas de imagens; permiঞr o controle do canal e do volume da televisão tanto nos quartos como nas salas de visitas; incluir jardins ou páঞos acessíveis a pacientes; criar um local onde os pacientes possam dedicar-se a coisas de seu interesse ou a algum hobby. (HOREVICZ e DE CUNT, 2007) O suporte social e emocional, como já vimos no subcapítulo “O Valor do Suporte Emocional e Social”, é de grande relevância para os pacientes e seus acompanhantes e pode ser favorecido em projeto. De acordo com Malkin (2003) alguns exemplos de estratégias para promoção do suporte social incluem: áreas de espera para visitantes com assentos móveis que permitam reunião em grupo; jardins externos ou locais de encontro que esঞmulem a interação social entre paciente-visitantes e paciente-pacientes; evitar cadeiras lado a lado, encostadas às paredes ou fixas, pois elas reduzem a interação social; criar ambientes com espaços específicos para a realização de reuniões, formação de grupos de estudo, espaços para o lazer e capela para oração. A distração posiঞva é proporcionada por um ambiente formado por elementos que provocam senঞmentos posiঞvos no paciente, prendendo sua atenção e despertando seu interesse para outras coisas além da sua doença, o que reduz ou até mesmo bloqueia os pensamentos ruins (ULRICH, 1991). Algumas sugestões segundo Malkin (2003), para proporcionar distrações posiঞvas no ambiente hospitalar são: presença de átrios, jardins internos ou espaços abertos ao exterior; uso de elementos, tais como fontes, lareiras e aquários; janelas baixas (HOREVICZ e DE CUNT, 2007). O bem estar ࣱsico e emocional do homem é influenciado por seis fatores: luz, cor, som, aroma, textura e forma. Esses elementos do ambiente têm impacto tão grande no psicológico e no ࣱsico dos indivíduos, que uma instalação médica bem projetada, aplicando adequadamente estes fatores, pode ser considerada parte importante do tratamento (GAPPELL, 1995), como veremos a seguir: Luz: Hoje, arquitetos e designers já estão cientes dos beneࣱcios que a luz traz à saúde. A luz influencia o controle endócrino, o relógio biológico, o desenvolvimento sexual, a regulação de estresse e a supressão da melatonina, além de proporcionar um dinamismo no ambiente pelas tonalidades diferentes no decorrer do dia (FONSECA, 2000). Conforme Gurgel (2004), existem inúmeros ঞpos de lâmpadas e diferentes modelos de luminárias que possibilitam várias opções de efeitos, tais como esঠmulo visual, clima próprio para reflexão mental, ambiente com atmosfera ínঞma, destaque de objetos. Cor: Cor e luz são elementos do ambiente que estão inঞmamente ligados, tanto que a 18


intensidade da luz afeta substancialmente o resultado da cor. Por isso, a escolha das cores deve ser baseada nos estudos cienঠficos que indicam o efeito psicológico das cores nos usuários do espaço. De acordo com Modesto (2006) as cores podem ser classificadas como frias e quentes. As cores quentes parecem dar uma sensação de proximidade, calor, densidade, opacidade, secura, além de serem esঞmulantes. Em contraposição, as cores frias parecem distantes, leves, transparentes, úmidas, aéreas e são calmantes. Pela cor possuir um aspecto tão importante, ela será abordada com maior profundidade e com devida atenção no próximo capítulo do presente trabalho. Som: Segundo Jones (1996) o barulho estressante causa irritação e frustração, agrava o mau humor, afeta a percepção visual e diminui a capacidade de aprendizado. A escolha apropriada de materiais de revesঞmento e o posicionamento adequado de janelas e portas podem facilmente evitar ou corrigir problemas acúsঞcos (GURGEL, 2004). O uso de fontes de água e de jardins internos tem aumentado consideravelmente nos projetos hospitalares, por causa dos efeitos visuais e sonoros. Esse lado posiঞvo do som causa a redução da dor e a distração para situações de desconforto (ULRICH, 1991) Aroma: O cheiro é o mais evocaঞvo dos senঞdos, tem uma relação muito ínঞma com o lado emocional e faz o caminho mais rápido de ligação com o cérebro, esঞmulando-o a resgatar memórias. Enquanto os aromas desagradáveis aceleram a respiração e o baঞmento cardíaco, os cheiros agradáveis reduzem o estresse (JONES,1996) Forma: A forma do espaço ࣱsico interfere no processo de tratamento dos pacientes hospitalares, ajudando ou inibindo o seu desenvolvimento, e o desenho da planta arquitetônica afeta a saঞsfação do paciente. Alguns indivíduos requerem privacidade para seus momentos de tensão e alterações comportamentais, por isso quartos individuais são importantes (HOREVICZ e DE CUNT, 2007). Textura: Cada material apresenta diferentes caracterísঞcas e propriedades de textura que permitem várias combinações e diferentes resultados. Considerar e avaliar as caracterísঞcas dos materiais como durabilidade, resistência, manutenção, aspectos térmicos, acúsঞcos e anঞderrapantes são fundamentais para um correto funcionamento do ambiente (HOREVICZ, e DE CUNT, 2007). Conforme Gurgel (2004), os materiais são de aparência dura ou macia. São duros os materiais tais como ferro, ঞjolo, granito, azulejos e cerâmicas, vidro, vinil, aço, cromo, bambu, madeira, concreto. Já materiais como algodão, seda, veludo, couro, sisal, lã, tapetes, são ditos macios ou confortáveis. A conscienঞzação de que o ambiente ࣱsico pode ser um fator a mais na recuperação da saúde dos pacientes é o primeiro passo para a implantação de um novo conceito de ediࣱcio hospitalar. As preocupações devem ser muito mais que eficiência, funcionalidade, markeঞng, custos e respeito às normas. Os conceitos apresentados anteriormente, comprovam que a humanização tem como objeঞvo principal oferecer aos pacientes ambientes projetados para auxiliar na sua recuperação, ou seja, ambientes criados com a intenção de levar beneࣱcios ࣱsicos e psicológicos aos pacientes, fazendo com que se sintam melhor (HOREVICZ e DE CUNT, 2007). 19


Assim, compreende-se que não existe uma definição única de humanização dos espaços hospitalares, em relação a sua materialização em projeto e sim vários conceitos que cada arquiteto compreende e prioriza de formas diferentes (LUKIANTCHUKI, Marieli A. e SOUZA, Gisella B. 2010). Para melhor entendimento, o próximo subcapítulo mostrará a abordagem de humanização projetual através da visão de diferentes arquitetos.

Humanização em Projeto pelo Olhar do Arquiteto Os arquitetos fazem apelo a diferentes analogias em seus discursos, a fim de visualizar o que seria a humanização. A seguir, será exposta a interpretação de diversos profissionais que criaram as seguintes figuras metamórficas para conseguir materializar o conceito de humanização em projetos: o hotel – analogia muito frequente na arquitetura hospitalar americana contemporânea; a relação com a natureza e a integração com obras de artes; o lar e possibilidade da inঞmidade; e, por úlঞmo, a figura do espaço urbano e do convívio social – geralmente associada às experimentações da arquitetura hospitalar francesa contemporânea (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). O arquiteto Jarbas Karmam faz uma analogia do conceito de humanização com o hotel, comparando a arquitetura hospitalar americana contemporânea com as demandas hoteleiras. Karmam acredita que assim como nos hospitais americanos, o paciente deve ser considerado como um cliente e a internação deveria aproximar-se, cada vez mais, a um hotel. A atenção dirigida em especial à internação é jusঞficada pelo fato de esta ser o local de maior permanência dos pacientes no hospital. Karmam destaca que “Projetos de hotéis onde o hóspede às vezes fica apenas um dia exigem tratamento especial para atrair o público. O mesmo deve ocorrer com o hospital, onde a permanência é mais prolongada” (KARMAN,1997, p. 44.). A arquiteta Figuerola (2002) ressalta que a humanização do espaço de internação proporciona maior bem-estar aos seus usuários, aliviaria suas angúsঞas e reduziria, desta forma, o tempo de permanência nos hospitais. Na mesma direção, o arquiteto Lauro Miquelin, também busca a analogia com o hotel como possibilidade para humanização do hospital. Para o arquiteto, alcançar esse objeঞvo passa pela necessidade de desenvolvimento de projetos arquitetônicos que possam definir padrões de excelência. Os hospitais, devem possuir recursos ࣱsicos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes internados. Segundo Miquelin, “A meta é mulঞplicar exemplos de excelência para que possamos, daqui a pouco, entrar em um hotel bem planejado e ouvir alguém dizer que parece um hospital” (MIQUELIN, 1997, p. 104.) Para o arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé, a possibilidade de humanização dos hospitais é encontrada em seus projetos e, caracterísঞcas já presentes na arquitetura moderna brasileira são incorporadas, como: a relação com a natureza e a integração entre arquitetura e obras de arte. Segundo o arquiteto, apesar de os ediࣱcios hospitalares serem projetos extremamente rigorosos em relação à funcionalidade – sendo, portanto, muito importante a atenção a sua distribuição espacial e a seus fluxos –, a beleza não deve ser excluída. A beleza é vista por Lelé como a chave para a humanização, visto que, em suas próprias palavras, ela “alimenta o espírito”. Deve-se, portanto, possibilitar no projeto de arquitetura hospitalar a junção destes dois fatores: humanização, através da beleza, e funcionalidade (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Lelé afirmou em depoimento a Menezes (2004) que: 20


“Ninguém se cura somente da dor física, tem de curar a dor espiritual também. Acho que os centros de saúde que temos feito provam ser possível existir um hospital mais humano, sem abrir mão da funcionalidade. Passamos a pensar a funcionalidade como uma palavra mais abrangente: é funcional criar ambientes em que o paciente esteja à vontade, que possibilitem sua cura psíquica. Porque a beleza pode não alimentar a barriga, mas alimenta o espírito” (Lelé em entrevista à MENEZES, 2004, p. 50).

Logo, o arquiteto busca a humanização/beleza através da inserção de amplos espaços coleঞvos no programa da arquitetura hospitalar, nos quais jardins e obras de arte são convocados como forma de dotar o ediࣱcio da capacidade de contribuir no processo de cura. Dentro desse contexto, a uঞlização da venঞlação e iluminação naturais nas unidades do hospital evita os frequentes espaços herméঞcos e proporciona ambientes mais humanos, além de contribuir no combate à infecção hospitalar (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Em conjunto com o arঞsta plásঞco Athos Bulcão, Lelé, em seus hospitais, aproxima o espaço arquitetônico de elementos arঠsঞcos, como: painéis coloridos, muros de argamassa armada, pinturas, murais, entre outros. Busca-se, desta forma, a concepção de espaços mais alegres, que despertem o interesse dos pacientes e que sejam, portanto, belos (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). “Os painéis e equipamentos criados por Athos Bulcão, presentes nos hospitais da rede, confirmam essa filosofia. São usados como uma contribuição integrada à arquitetura do local. [...] Os painéis de Athos fazem parte do ambiente. O paciente vai se sentir valorizado, mais respeitado, quando convive com uma obra de arte” (Lelé em entrevista à MENEZES, 2004, p. 50.).

A idéia do lar e da inঞmidade também é frequente nos discursos sobre a necessidade de humanizar as arquiteturas voltadas para saúde. O arquiteto Jorge Ricardo Santos de Lima Costa discute sobre as repercussões que a estadia no espaço hospitalar exerce na vida do paciente. Segundo o autor, o hospital é o símbolo da possibilidade de reformulação corporal e mental e, portanto, seus espaços devem ser configurados a parঞr do ponto de vista de seus usuários (COSTA, 2001).

Figura 1: Painel de Athos Bulcão na sala de espera de radiologia na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, projeto arquitetônico de João Filgueiras Lima, em Brasília. Fonte: Portal Iphan, Inventário da obra de Athos Bulcão em Brasília. 21


Para o arquiteto, o acolhimento em um hospital é, muitas vezes, traumaঞzante pelo fato de se tratar de um rito de passagem, em que o indivíduo sai do domínio privado (ambiente familiar) e entra no domínio público (hospital). No ambiente familiar, o ser humano está sujeito a um espaço com dimensões reduzidas – que transmitem sensações de bem-estar e acolhimento –, enquanto que o hospital é um ambiente com grandes dimensões, corredores extensos que transformam o espaço em um local distante, estranho e impessoal, impedindo sua apropriação. Além disso, o problema do paciente é socializado, ou seja, o seu corpo é invadido por ações e pensamentos dos profissionais da saúde deixando o indivíduo submeঞdo às forças e normas desse espaço (COSTA, 2001). “A forma dos espaços internos sugere a dimensão do infinito, as circulações são extremamente extensas [...]. Parece que as referências físicas e de cura estão demasiadamente distantes do sujeito, visto que em um estado de enfermidade o indivíduo se torna fragilizado. A questão da proximidade nesse espaço é fundamental para pensarmos em um ambiente que se proponha a harmonizar e curar o indivíduo. A escala dos objetos e espaços internos parece que se amplia, em vez de reduzirse e atingir um estado de bem-estar humano. O sentido de proximidade entre os objetos, sujeitos e espaços é necessário para a amenização do vazio do homem em crise. Urge a necessidade de uma aproximação física, de um preenchimento pelo afeto, com a respectiva atenuação da dor e a conquista da aceitação individual e social” (COSTA, 2001.).

Logo, a humanização do espaço hospitalar, para Costa, passa por reduzir a distância entre o hospital e o paciente. Tal aproximação, que se baseia na metáfora do lar, não se resume, no entanto à redução da escala de seus comparঞmentos. A impessoalidade desses equipamentos, deve-se também ao fato de não permiঞrem personalização dos espaços por seus usuários, tal qual estes fazem em suas casas. Sem possibilidade de apropriar-se e idenঞficar-se com espaço em que estão hospedados, a angúsঞa dos pacientes amplia-se. O senঞmento de estarem em um local estranho prejudica o processo da cura, tanto ࣱsica quanto emocional (COSTA, 2001.). “O hospital, enquanto equipamento social especializado, tem em sua estrutura espacial um sentido de impessoalidade, pois os usuários não podem marcar e personalizar o espaço que utilizam de forma objetiva. A forma já está estabelecida, não havendo oportunidade para redimensioná-la” (COSTA, 2001.).

As críঞcas de Foucault aos espaços hospitalares, e a exclusão social que promovem, influenciaram fortemente arquitetos franceses e italianos. Segundo Fermand, na França, a fim de responder às questões levantadas por Foucault, os arquitetos vêm experimentando o conceito de humanização como uma possibilidade de trazer a sociedade para dentro do hospital ao invés de excluí-la, buscando a inserção do espaço hospitalar dentro do espaço urbano (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). “Durante os últimos vinte anos, os estabelecimentos hospitalares adquiriram, lentamente, uma nova imagem. Certamente, a evolução das técnicas e práticas medicais tiveram grande importância nas metamorfoses das 'máquinas de curar' dos anos sessenta. Entretanto, se os edifícios 'base-torre' antes edificados nas franjas das cidades – símbolos de ruptura do espaço urbano, como do tempo da vida cotidiana – dão lugar, progressivamente, a edificações melhores integradas em seu entorno, é também graças a uma evolução mais generalizada das mentalidades e às reformas que lhe acompanharam. [...] O hospital hoje deve ser aberto para a cidade e romper com esta imagem de fortaleza implantada no coração ou nas franjas de nossas cidades, que durante séculos simbolizou a exclusão, a doença e a morte” (FERMAND, 1999, p. 79-80. Tradução LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). 22


Esta busca da analogia com o espaço urbano não é, de fato, muito corrente nos discursos brasileiros sobre a humanização do espaço hospitalar. Contudo, essa analogia aparece de forma latente em alguns projetos relevantes dentro do contexto nacional, como é o caso da ampliação do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O projeto de ampliação desenvolvido pelos arquitetos Jarbas Karmam, Domingos Fiorenঞni e Jorge Wilheim reconfigurou o acesso e o espaço de recepção ao público através de uma galeria com grande pé-direito no térreo – localizada no espaço de transição entre o segundo e o terceiro bloco (KARMAN, J. Op. cit.). A intenção foi trocar os espaços frios e estressantes presentes nos hospitais tradicionais por um espaço mais humanizado, representado no caso por uma galeria semipública (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Esse conceito foi experimentado pela primeira vez pelo arquiteto Pierre Riboulet, no Hospital Pediátrico Robert-Debré, em Paris. O ediࣱcio abre-se para a cidade através de uma galeria pública que cruza o hospital e conecta-se a uma série de extensos terraçosjardins, buscando a integração dos usuários com a sociedade. Deste modo, o paciente não é apartado do convívio social durante a sua estadia e o hospital se torna parte do espaço urbano (LUKIANTCHUKI e SOUZA, 2010). Os conceitos de humanização citados pelos arquitetos, não são relevantes apenas no hospital, mas também no seu entorno e em equipamentos associados a ele. Quando o paciente e seu acompanhante se deslocam para fazer um tratamento, eles não vivenciam apenas o interior do hospital, e sim uma gama de aঞvidades ao longo da estadia. A experiência hospitalar envolve desde a primeira impressão da cidade e do hospital até a sua hospedagem, por isso, o conceito de humanização do ambiente construído não deve ficar focado somente no interior do hospital (CAVESAN, 2017.) Com o longo tempo de tratamento e as circunstâncias vivenciadas, o senঞmento de fragilidade se torna muito presente nos pacientes, seja pela condição da doença ou pelas situações que lhes são impostas: o ambiente ࣱsico peculiar, a falta de inঞmidade, a transformação da sua vida privada em pública, além do desamparo que seus familiares são submeঞdos, sem condições de estar, de trabalho e de permanência na cidade (CAVESAN, 2017.) A permanência em um local diferente do seu habitual por meses e anos também deve ser capaz de gerar memórias e histórias, portanto é essencial que o indivíduo possa vivê-la de uma forma posiঞva. A dificuldade de lidar com a doença deve se contrapor às vivências no local, para que o tempo passado não se torne um peso em sua história (CAVESAN, 2017.)

A psicologia das cores A cor é idenঞficada na natureza e nos objetos / ambientes criados pelo Homem, que a uঞliza com senঞdo lógico, psicológico e simbólico. Pode influenciar nas sensações fisiológicas e percepঞvas do Homem, por isso é usada nas artes visuais, no design, arquitetura, publicidade e, até mesmo, na psicologia e medicina, com os tratamentos cromoterápicos (FARINA, 1990; LACY, 1996). Na percepção visual disঞnguem-se três caracterísঞcas básicas da cor, referente a sua tridimensionalidade, cujos aspectos, qualidade ou contrastes parঞcipam da formação 23


daquilo que compõe as cores. Consideram-se como caracterísঞcas básicas da percepção da cor: maঞz (que difere uma cor da outra, como azul e vermelho), luminosidade (o claro e o escuro da cor) e saturação (refere-se ao potencial da cor, por exemplo, quando o maঞz é mais forte e pleno (saturado) ou mais fraco (dessaturado)) (BECK e LISBOA, 2007). As cores influenciam o ser humano e seus efeitos, tanto de caráter fisiológico como psicológico, intervêm em nossa vida, criando alegria ou tristeza, exaltação ou depressão, aঞvidade ou passividade, calor ou frio, equilíbrio ou desequilíbrio, ordem ou desordem etc. As cores podem produzir impressões, sensações e reflexos sensoriais de grande importância, porque cada uma delas tem uma vibração determinada em nossos senঞdos e pode atuar como esঞmulante ou perturbador na emoção, na consciência e em nossos impulsos e desejos (FARINA, 1990). Percebemos que as cores assumem polarizações de senঞdo. Em determinado contexto, estão carregadas de sensações posiঞvas e, em outro, podem assumir sensações absolutamente negaঞvas (FARINA, 1990). Pedrosa (2009) enfaঞza que a percepção da cor é um fenômeno mais complexo do que a própria sensação da cor, pois além das informações ࣱsicas e fisiológicas, envolve as informações psicológicas dos indivíduos. O processo de definição, de escolha das cores trata-se de uma ciência que impõe equilíbrio e harmonia. Mas sabe-se que a cor está para além de questões estéঞcas, pois, por exemplo, os estudos da cromoterapia nos revelam a influência da cor na vida das pessoas, servindo para estabelecer o equilíbrio e a harmonia do corpo, da mente e das emoções (BECK e LISBOA, 2007). Em um ambiente hospitalar, trata-se fundamentalmente com saúde e doença, pessoas e microorganismos. De tempos para cá este espaço tem despertado a sensibilidade dos designers, arquitetos e decoradores para a inovação da cor em suas paredes, como um diferencial na sua estrutura interna, possibilitando uma releitura com a influência das cores. Desse modo, tornando o ambiente mais agradável, aconchegante e humanizado (BECK e LISBOA, 2007). As interfaces que se dão nesta ambiência podem ser consideradas como uma mensagem unidirecional indireta de designers para usuários. Mas, as mensagens por elas veiculadas se caracterizam pela sua capacidade de enviar e de receber mensagens durante o processo de interação entre o usuário e o sistema. Considerando a cor uma linguagem sígnica é salutar valer-se da semióঞca para entender a interpretação resultante da interação que se dá entre todos estes elementos consঞtuintes da estrutura hospitalar (BECK e LISBOA, 2007). A semióঞca como disciplina que está na base de todos os sistemas cogniঞvos biológicos, humanos e não humanos, engloba e promove um marco epistemológico adequado para todas as demais perspecঞvas. Se considerarmos a cor como signo, estamos incluindo todos os aspectos. A cor pode funcionar como signo para um fenômeno ࣱsico, para um mecanismo fisiológico ou para uma associação psicológica. (BRANDÃO, 2003, p. 105) Cor e luz são elementos do ambiente que estão inঞmamente ligados, tanto que a intensidade da luz afeta substancialmente o resultado da cor. Por isso, a escolha das cores deve ser baseada nos estudos cienঠficos que indicam o efeito psicológico das cores nos usuários 24


do espaço. De acordo com Modesto (2006) as cores podem ser classificadas como frias e quentes. As cores quentes parecem dar uma sensação de proximidade, calor, densidade, opacidade, secura, além de serem esঞmulantes. Em contraposição, as cores frias parecem distantes, leves, transparentes, úmidas, aéreas e são calmantes. Esses efeitos são tão significaঞvos que, em alguns hospitais da Suécia, os pacientes são direcionados para os quartos com cores adequadas à natureza de sua doença, conforme o processo de cura avança, eles são transferidos gradualmente para quartos com cores que possuem maior nível de esঞmulação (JONES, 1996). A cor pode ser aplicada ao ambiente com a intenção de destacar algum objeto ou elemento construঞvo, com a intenção de tornar o ambiente mais aconchegante, ou simplesmente para criar uma atmosfera de brincadeira e alegria, evitando a monotonia. O conforto térmico também é afetado pela cor. Pessoas sentem mais frio em ambientes que possuem tonalidades frias e mais calor em ambientes de tonalidades quentes, embora a temperatura seja a mesma (FARINA, 1990). Considerando todas as questões apresentadas sobre a psicologia das cores, percebe-se que as insঞtuições merecem aprofundado estudo sobre a influência das cores no aspecto estéঞco, arঠsঞco e emocional do uso da cor no seu ambiente e, do equilíbrio entre a apresentação visual e a função uঞlitária a que se desঞna (BECK e LISBOA, 2007).

O espaço íntimo e as interações pessoais A melhor maneira para conhecer fronteiras invisíveis é conঞnuar andando, até que alguém reclame. O espaço pessoal refere-se à uma área com limites invisíveis que cercam o corpo da pessoa, e na qual estranhos não podem entrar (SOMMER, 1973). O espaço pessoal não tem necessariamente forma esférica, nem se estende igualmente por todas as direções. Já se pensou nesse espaço como uma concha, uma bolha de sabão, uma aura, um “lugar para respirar”. Existem diferenças básicas, entre as culturas, quanto às distâncias que as pessoas conversam entre si - os ingleses se conversam mais distantes que os franceses e os sulamericanos (SOMMER, 1973). A necessidade do espaço pessoal é uma questão a ser considerada no projeto, visto a importância das pessoas possuírem seus momentos de inঞmidade e também de poderem ter uma distância individual nos espaços que são comparঞlhados. Estudos mostram que os pacientes de hospital se queixam, não apenas do fato de seu espaço pessoal ser conঞnuamente violado por enfermeiras, internos e médicos, que sequer se preocupam em apresentar-se ou explicar suas aঞvidades, mas que seus territórios são violados por visitantes bem intencionados que ignoram os avisos de “visitas proibidas” (SOMMER, 1973). Para o presente trabalho, um grupo pode ser definido como um conjunto face-a-face de indivíduos que têm algum objeঞvo comum para estar juntos. Os primeiros estudos de psicologia social referiam-se à influência social ou a maneira pela qual a presença de uma pessoa influencia em outra (SOMMER, 1973). Em um estudo, observaram 7405 agrupamentos informais de pedestres, crianças em 25


playgrounds, nadadores e compradores de lojas, bem como 1458 pessoas em várias situações de trabalho. Verificaram que 71% de todos os grupos, tanto informais quanto de trabalho, conঞnham apenas dois indivíduos, 21% conঞnham três indivíduos, 6% conঞnham quatro, 2% conঞnham cinco ou mais. Tais dados, deixam muito claro que o tamanho de agrupamento informal, em tais situações comuns, é realmente pequeno - pois consiste, quase sempre, de dois indivíduos. Nossas observações em restaurantes, também indicam que são raros os grupos informais de mais de três indivíduos. Existe urgente necessidade de dados sobre o ponto em que um agrupamento maior tende a dividir-se em subgrupos menores de dois ou três indivíduos. Esses pontos, tem algumas consequências para o planejamento de salas de estar e ambientes de recreação, que atendem à interação informal e espontânea. Dificilmente se jusঞfica a existência de áreas de conversa para grupos de oito ou dez pessoas, a não ser que exista algum ঞpo de aঞvidade estruturada (SOMMER, 1973). Considerando que as pessoas valorizam momentos de isolamento, é essencial que esses espaços sejam projetados. Na arquitetura de insঞtuições, nem sempre se dá a atenção devida a áreas externas como espaço habitável, talvez porque exista uma separação profissional entre o arquiteto e o paisagista, ou divisão administraঞva entre a administração do ediࣱcio e administração do terreno. Nas universidades, nos hospitais para tuberculosos, nas bases da Força Aérea, e “fábricas de ideias”, os melhores lugares para fugir das pessoas estão do lado de fora dos ediࣱcios. Deve-se dar atenção especial ao tratamento paisagísঞco do terreno, a fim de criar lugares parঞculares com móveis duráveis, colocados em áreas sombreadas, arborizadas ou cercadas. Muitas vezes os terrenos são tratados paisagisঞcamente a fim de dar uma vista saঞsfatória para os visitantes ou legisladores estaduais que se aproximam dos ediࣱcios, mas pouco se pensa na possibilidade de criar áreas parঞculares para os internados (ou moradores) (SOMMER, 1973). Num mundo em mudança, parece razoável estabelecer a variedade e a flexibilidade como objeঞvos importantes num programa de construção. Não os proponho como subsঞtuto de harmonia, unidade, equilíbrio, ritmo, excitação ou outros valores tradicionais de projetos, tanto a variedade quanto a flexibilidade aumentam, intrinsecamente, a amplitude de escolha individual. Um corolário necessário desses dois valores é que precisamos estabelecer disposições insঞtucionais - regras, procedimentos e práঞcas de pessoal - que permitam ao indivíduo explorar a variedade e a possibilidade de flexibilidade em seu ambiente. Como variedade quero indicar uma mulঞplicidade de ambientes e espaços que uma pessoa pode escolher, a fim de conseguir ajustá-los a suas necessidades individuais (SOMMER, 1973). A flexibilidade pode ser descrita por vários termos: múlঞplos objeঞvos, usos múlঞplos e espaços mutáveis. Com uma tecnologia em rápida mudança e com a impossibilidade de predizer, mesmo com cinco anos de antecedência, as práঞcas insঞtucionais, sua importância parece evidente. A flexibilidade está inঞmamente ligada à personalização, uma vez que permite que uma pessoa ajuste um ambiente a suas necessidades específicas (SOMMER, 1973).

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metodologia

Pesquisa Bibliogrรกfica Pesquisa Documental Pesquisa de Levantamento Anรกlise do Entorno 28


Neste capítulo é apresentado o método de estudo deste Trabalho Final de Graduação e os procedimentos para coleta e análise de dados referentes a ele. Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemáঞco, que tem como objeঞvo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa adequadamente ser relacionada ao problema (GIL, 2002, pág. 17). A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a uঞlização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos cienঠficos (GIL, 2002, pág. 17). No presente Trabalho Final de Graduação, os métodos uঞlizados foram pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa de levantamento e análise da área do projeto. Convém lembrar que algumas pesquisas elaboradas, com base em documentos, são importantes não porque respondem definiঞvamente a um problema, mas porque proporcionam melhor visão desse problema ou, então, hipóteses que conduzem a sua verificação por outros meios (GIL, 2002, pág. 47).

Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, consঞtuído principalmente de livros e arঞgos cienঠficos (GIL, 2002, pág. 44). Para a elaboração desta pesquisa bibliográfica, foram estudados e consultados, livros, arঞgos e teses, que discuঞam conceitos e informações relacionadas ao tema, Casa de apoio desঞnada à pacientes e acompanhantes que mudam de cidade para fazer um tratamento hospitalar, resultando em uma revisão bibliográfica com fundamentação teórica do tema. Também, foram analisadas referências projetuais, que contribuirão para o desenvolvimento projetual do objeto final deste trabalho. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permiঞr ao invesঞgador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2002, pág. 45).

Pesquisa Documental A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes: Enquanto a pesquisa bibliográfica se uঞliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento análiঞco, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos de pesquisa (GIL, 2002, pág. 45). Enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são consঞtuídas sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, a pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Nesta categoria estão os documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e insঞtuições privadas (GIL, 2002, pág. 46).

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Pesquisas do ঞpo levantamento caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significaঞvo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quanঞtaঞva, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL, 2002, p. 51). Um dos meios de obter essas informações é uঞlizando o quesঞonário ou entrevista. Com a opção de aplicar o quesঞonário pessoalmente, ou seja, face a face, passa a ser denominado Entrevista (Gil, 2002). Na entrevista, existe a possibilidade do entrevistado se senঞr à vontade para relatar experiências e outras informações relevantes ao pesquisador (GIL, 2002). Foi elaborado um quesঞonário simples, e o mesmo foi aplicado, face a face, com dois entrevistados que são funcionários do Centrinho/USP e do Hospital Estadual de Bauru. No Centrinho/USP, a pessoa entrevistada foi a Assistente Social da casa de apoio ao Centrinho - PROFIS, e no Hospital Estadual de Bauru, a pessoa entrevistada foi a responsável pela Área de Engenharia e Higiene do hospital.

Análise do entorno Referente à área escolhida para elaboração do projeto, a coleta de dados se deu através da leitura de mapas, informações levantadas através da pesquisa bibliográfica sobre o local, observações e visitas na área. A correlação de tais dados e sua leitura gerou uma visão geral do local e o conhecimento necessário para o desenvolvimento do projeto.

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área de estudo

Breve Histórico sobre Bauru e seus Hospitais Públicos Os Hospitais da Cidade O Terreno Escolhido para o Projeto 32


No presente capítulo é apresentado um breve histórico sobre Bauru e como ocorreu o desenvolvimento da cidade, quais são os seus principais hospitais e as especialidades que atendem. Em seguida, é determinado quais os hospitais que o projeto tem como foco, o Hospital Estadual de Bauru e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/ Centrinho) da USP. E por fim, é definido o terreno do projeto e quais são as suas caracterísঞcas e as caracterísঞcas do seu entorno.

Breve histórico sobre Bauru e seus Hospitais Públicos A cidade de Bauru, fundada no ano de 1886, está localizada o interior do estado de São Paulo, sendo o município mais populoso do centro-oeste do estado de São Paulo e se desenvolveu principalmente em função do entroncamento ferroviário implantado na primeira década do século XX. Assim, este entroncamento influenciou, e até certo ponto determinou a urbanização e a arquitetura da cidade. Pelo solo de Bauru não ser propício para o culঞvo do café, e também em função do entroncamento ferroviário, a cidade desenvolveu, ao longo das décadas, uma vocação comercial e de prestação de serviços, que levou a uma intensa urbanização da cidade (LANDIN, 2005). Durante seu desenvolvimento, foram implementados planos e invesঞmentos para atrair indústrias em busca de um progresso com a intenção de criar uma nova idenঞdade para a cidade que, pelo anseio por se tornar uma cidade moderna, ou seja, uma “cidade do progresso”, e teve como um dos seus principais resultados a construção de um setor viário monumental (LOSNAK, 2004). Como muitas outras cidades, apesar de invesঞmento em diversas áreas, Bauru teve ao longo do desenvolvimento de seu perímetro e ordenamento espacial um crescimento desordenado à custa de depredação ambiental e problemas de infraestrutura que resultam na forma como a cidade se consolidou nos dias atuais (LAMONICA, 2013).

Figura 2: Estrada de Ferro em Bauru e Vista parcial da Cidade, ambas em 1957. Fonte: IBGE, Brasil. 33


Atualmente, o município de Bauru é caracterizado como uma cidade média do interior paulista, contando com uma área de unidade territorial de aproximadamente 667,684 km² e com população esঞmada de 374.272 pessoas em 2018 (IBGE, 2018). Em 2018, o município possuía 149 estabelecimentos de saúde entre hospitais, pronto-socorros, postos de saúde e serviços odontológicos, sendo 49 deles públicos e 100 privados (IBGE, 2018). Em relação a exclusivamente hospitais, a cidade de Bauru conta com os seguintes estabelecimentos públicos que atendem o Serviço Único de Saúde (SUS): o Hospital de Base de Bauru (HBB), o Hospital Estadual de Bauru (HEB), e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP. Já os principais hospitais parঞculares são: Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Unimed Bauru, Hospital São Lucas, Hospital e Maternidade São Francisco, Insঞtuto Amaral de Carvalho, Associação Hospitalar de Bauru e Hospital Prontocor de Bauru. No presente trabalho, o foco será os hospitais públicos da cidade, que atendem o Serviço Único de Saúde (SUS), portanto será especificado a seguir quais são as caracterísঞcas do Hospital de Base de Bauru, do Hospital Estadual de Bauru e do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP.

Hospital de Base de Bauru (HBB) O Hospital de Base (Figura 3), foi fundado em 21 de janeiro de 1951, e conta com serviço de atendimento de alta complexidade. O Hospital de Base de Bauru possui convênio com a Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo (SES/SP) para oferecer 100% de seus atendimentos ao SUS (Sistema Único de Saúde). Sua caracterísঞca é de Hospital Geral de referência em trauma (urgência e emergência).

Figura 3: Fachada do Hospital de Base de Bauru. Fonte: FAMESP, Notícias. 34


O maior volume de internação é proveniente da microrregião de Bauru (18 municípios), microrregião de Jaú (11 municípios) e microrregião de Lins (9 municípios), assim como a oferta de exames externos (SADT Externo), que também se estende para essas três microrregiões. Os atendimentos podem se estender eventualmente para a macrorregião (no total somam 68 municípios). A área Mulঞdisciplinar do Hospital de Base de Bauru (HBB) é atualmente composta das seguintes especialidades: Enfermagem, Farmácia Clínica, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição Clínica, Psicologia Hospitalar, Serviço Social e Terapia Ocupacional.

Hospital Estadual de Bauru O Hospital Estadual de Bauru “Dr. Arnaldo Prado Curvêllo” iniciou suas aঞvidades em 04 de novembro de 2002, é um serviço da Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) administrado pela Famesp (Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar) e faz parte de um novo modelo de gestão implantado pelo governo estadual (HEB, FAMESP). O HEB, que conta com 23.500 m² de área construída em um terreno de 39.700m², não possui convênios com planos

Figura 4: Fachada do Hospital Estadual de Bauru. Fonte: FAMESP, HEB.

Figura 5: Vista aérea do Hospital Estadual de Bauru. Fonte: Google Maps, adaptado pela autora. 35


de saúde e o seu trabalho é inteiramente voltado aos usuários do SUS – Sistema Único de Saúde. O atendimento prestado é referenciado, ou seja, os pacientes vêm encaminhados pela rede pública de saúde (HEB, FAMESP). As Figuras 4 e 5 mostram imagens do HEB. A insঞtuição presta serviços aos 68 municípios de sua área de abrangência (Departamento Regional de Saúde de Bauru - DRS-VI), sendo referência em uma região de aproximadamente 1,8 milhão de habitantes. Além do atendimento ambulatorial e hospitalar em 40 especialidades, realiza exames dos mais simples aos mais modernos (HEB, FAMESP). Em 2008, o HEB inaugurou o Centro Ambulatorial de Oncologia. Em 2001, recebeu o cerঞficado de 10º melhor hospital do Estado entre os 630 serviços de saúde avaliados no Provão do SUS. Inaugurou a área de quimioterapia em 2014 e em 2017,o HEB foi classificado como o segundo hospital do interior de São Paulo referência em humanização, marco importante para a insঞtuição (HEB, FAMESP). Desde a inauguração do HEB, há uma constante preocupação por parte da gestão em implantar ações de caráter humanizador que abarquem tanto a atenção ao usuário como os trabalhadores da saúde. Algumas das diretrizes da Políঞca Nacional de Humanização – PNH foram implantadas já em 2004, praঞcamente junto com a própria Políঞca, como é o caso da Defesa dos Direitos do Usuário e Ambiência (HEB, FAMESP). Ao longo dos anos com a ampliação das aঞvidades assistenciais, envolvimento dos trabalhadores e apoio dos gestores, as práঞcas foram se solidificando de forma a concreঞzar a Políঞca na Insঞtuição. Atualmente, a Humanização alcançou um patamar insঞtucional diferenciado graças à visão da atual gestão e à construção coleঞva de práঞcas que envolvem aঞvamente a Diretoria Execuঞva, a Comissão de Humanização, o Setor de Recursos Humanos, a Educação Permanente em conjunto com os trabalhadores de todos os setores. Esforços estão sendo realizados no senঞdo de promover mudanças nos modos de gerir e cuidar, aproximando o trabalhador da saúde dos conceitos das políঞcas nacional e estadual de humanização e do SUS e criando oportunidades de melhorias na assistência (HEB, FAMESP). A respeito do ensino e pesquisa, o HEB recebeu a cerঞficação de Hospital de Ensino em 2006, sendo a úlঞma visita de recerঞficação ocorrida em dezembro de 2012, pelos representantes do Ministério da Saúde e da Educação. Desde então, em cumprimento ao exigido pela Portaria Interministerial, que “Estabelece os requisitos para cerঞficação de unidades hospitalares como Hospitais de Ensino”, o Hospital recebe residentes oriundos do Programa de Residência Médica da FMB/UNESP em diversas especialidades assim como, Residentes do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (HRAC), na especialidade de Otorrinolaringologia. A parঞr de 2014, com o credenciamento de Programas de Residência Médica próprios da Famesp, o HEB passou a ter residentes de programas próprios nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia Geral e Pediatria (HEB, FAMESP).

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Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP Em 1962, a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOBUSP) iniciou seu efeঞvo funcionamento na cidade de Bauru-SP. Com sua implantação, a população bauruense se viu diante da oferta de atendimentos antes inexistentes na região, com a criação de uma clínica odontológica. e na clínica, dentre os cidadãos que procuravam atendimento odontológico, começaram a surgir pessoas com fissura labiopalaঞna em busca do mesmo atendimento na então jovem Faculdade. Isso despertou o interesse de um grupo de pesquisadores da FOB, que ao confirmar a demanda por tal atendimento, fundaram em 24 de junho de 1967, o Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, pioneiro no tratamento de fissuras labiopalaঞnas no Brasil (HRAC, USP). Hoje, o HRAC-USP (Figura 6) já ultrapassou a marca de 100 mil pacientes atendidos, através do Sistema Único de Saúde, nas áreas de fissuras labiopalaঞnas, anomalias craniofaciais congênitas e deficiência audiঞva. Sua equipe mulঞdisciplinar, altamente qualificada, presta atendimento integral e humanizado aos seus pacientes. Também é reconhecido como centro de referência dentro e fora do País (HRAC, USP). As fissuras labiopalaঞnas são os defeitos congênitos mais comuns entre as malformações que afetam a face do ser humano, aঞngindo uma criança a cada 650 nascidas, de acordo com a literatura especializada. O processo de reabilitação é longo e deve observar o crescimento craniofacial do indivíduo para que não haja sequelas, como crescimento ósseo inadequado. O tratamento leva de 16 a 20 anos para se completar.

Figura 6: Vista aérea do HRAC/Centrinho. Fonte: Google Earth, adaptado pela autora. 37


O Terreno Escolhido para o Projeto A intenção da Casa de Apoio proposta pelo presente trabalho é acolher e hospedar as crianças e adolescentes em fase de tratamento hospitalar e seus acompanhantes no Hospital Estadual de Bauru e no Centrinho/USP, hospitais públicos que fazem tratamento de doenças crônicas. O foco será principalmente o HEB, que em comparação com o Centrinho/USP, possui menos alternaঞvas de hospedagem. Portanto, o terreno escolhido fica mais próximo ao Hospital Estadual, mas de fácil acesso por transporte público para ambos os hospitais (Figura 8). A área de intervenção, que fica no Bairro Jardim Sambura, é composta por uma quadra procedente da união de dezoito pequenos lotes, totalizando uma área de 5.600 m² e com topografia acentuada, com 7 metros de desnível, ilustrada na Figura 7. O terreno possui sua face sul voltada para a marginal da Avenida Nações Unidas, face leste voltada para Rua Jobe Nicolino, a face norte voltada para a Rua Maria Casadeli Giamolini e a face oeste voltada para a Rua Yolanda da Silva Gamba. A distância entre o terreno escolhido e a entrada principal do Hospital Estadual é de 3,4 km, levando 6 minutos de automóvel para chegar no hospital ou 13 minutos de transporte público. Do Centrinho/USP, o terreno fica distante 2,7 km, levando 6 minutos de automóvel ou 18 minutos de ônibus. O percurso a pé tanto para o Hospital Estadual de Bauru quanto para o Centrinho não é aconselhado pois em parte do caminho não há infraestrutura de passeio público. A figura 9 mostra os principais equipamentos da cidade e destaca em cores

Figura 7: Localização da área de intervenção e declividade do terreno. Fonte: Google Earth, adaptado pela autora. 38


Figura 8: Mapa de localização e acesso à área de intervenção I Fonte: Google Earth, adaptado pela autora.

Figura 9: Mapa dos principais equipamentos da cidade e de mobilidade Fonte: Google Earth e moovit, adaptado pela autora 39


as vias que facilitam a mobilidade a esses locais. Em relação as condições climáঞcas na cidade, os ventos predominantes na região são os do sudeste em direção ao noroeste, como exemplificado na Figura 10 que mostra quantas horas por ano o vento sopra na direção indicada. Seu solo é predominantemente arenoso e com baixa capacidade de drenagem, devido ao clima tropical de alঞtude de caracterísঞca quente da cidade. Através da análise de uso do solo (Figura 12), é possível observar que a região é predominantemente ocupada por serviços e conta com algumas habitações unifamiliares e mulঞfamiliares. Possui muitos terrenos vazios, alguns ediࣱcios residências que foram construídos nos úlঞmos quatro anos e alguns empreendimentos residências que estão em fase de obra. É uma área com grande potencial de desenvolvimento habitacional em Bauru considerando que está próxima a uma das principais avenidas da cidade, a Avenida Nações Unidas e tem fácil acesso a Rodovia Marechal Rondon (Figura 13). Observa-se nas Figuras 12 e 13 que há dois círculos mostrando os equipamentos públicos e privados inseridos em uma raio de 500 metros de distância a parঞr do terreno do projeto, e outro a 1000 metros de distância do referido terreno. Nesse entorno, de 500 metros e 1000 metros, verifica-se alguns locais em destaque, como as praças, um pequeno centro comercial, e a Avenida Jorge Zaiden e também do complexo Confiança Flex. Na Avenida Jorge Zaiden, há uma pista de caminhada (Figura 11) onde muitas pessoas praঞcam exercício ࣱsico, passeiam com crianças e passeiam com seus animais de esঞmação. Ao longo do final de semana, a Avenida fica repleta de carrinhos de lanche, pastel, churros e sorvete com mesinhas para comer ao ar livre, atraindo um considerável público, que usufruem também

Figura 10: Rosa dos ventos predominante em Bauru - SP Fonte: Diagramas climáticos Meteoblue

Figura 11: Praça Jorge Zaiden e pista de caminhada. Fonte: Autora. 40


das duas praças ali presentes, a Praça Jorge Zaiden (Figura 11) e a Praça Flamboyant. Os círculos servem para demonstrar que é possível acessar esses equipamentos, comércios e serviços à pé, além de permiঞr algumas aঞvidades que as pessoas costumam fazer no diaa-dia. Em frente a Praça Jorge Zaiden, existe um pequeno complexo comercial no Ediࣱcio Nova Nação América, que conta com alguns comércios e serviços como restaurante, loja de açaí, sorveteria, hamburgueria, cabeleireiro, clínica, petshop e uma agência de viagens. Na Praça Flamboyant, todas as sextas-feiras há uma feira de frutas, verduras e comidas que movimenta bastante o local. E por fim, o entorno conta com o Complexo do Confiança Flex que funciona como centro comercial e supermercado, e supre praঞcamente todas as necessidades do dia-a-dia. Ali encontramos supermercado, restaurante, padaria, sorveteria, açaí, e alguns serviços básicos como chaveiro, papelaria, farmácia, pequena loja de móveis, loja de roupas, banco 24 horas e lava car. Apesar da carência por diversidade nas necessidades do dia-a-dia, a região se destaca pelo fácil acesso ao transporte público, com diversas linhas de ônibus e pontos de ônibus e por estar na Avenida Nações Unidas, uma das principais da cidade de Bauru por fazer conecções a vários locais da cidade. É importante também destacar o fácil acesso a Rodoviária, que se localiza na Avenida Nações Unidas, e a Rodovia Marechal Rondon, tornado-se assim, acessível às pessoas que vêm de outras cidades. A parঞr dos dados coletados e analisados, percebe-se que a região do terreno escolhido fica entre o Hospital Estadual e o Centrinho USP e possibilita fácil acesso a ambos hospitais através do transporte público ou parঞcular. O entorno é predominantemente de serviços, com algumas residências, e o deslocamento para outras regiões da cidade se dá de forma práঞca e simples. O terreno possui declividade acentuada e possui uma metragem quadrada grande o suficiente para comportar o programa de necessidades recomendado, possibilitando assim, a inserção do projeto proposto. Em relação a legislação urbanísঞca, o lote está inserido zona Z.S., tal classificação significa que esta é uma “Zona predominantemente de serviços”, e é adjacente a zona “ZR3”, ou seja, “Zona predominantemente residencial”. Pelas categorias de uso e definição dadas pela Lei 2.339/1982 (Lei de parcelamento, uso, ocupação e Zoneamento de Bauru) o projeto proposto neste trabalho é permiঞdo no lote escolhido por se enquadrar no grupo de uso residencial, que são as edificações desঞnadas à habitação permanente, e no subgrupo especificado como R2.01, ou seja, unidades autônomas em série ou agrupadas horizontalmente, transversais ao alinhamento predial (aquelas cuja disposição exija a abertura de corredor de acesso) (BAURU, 1982). A Lei 2.339/1982 dispõe as caracterísঞcas Gerais de uso e ocupação para a “Zona Preferencialmente de Serviços”, ZS, que para o uso ‘R2.01’ implica que o lote de projeto deve ter no mínimo 125m² de área construída, 5 m de testada e de alinhamento, constando neste uma taxa de ocupação máxima de 2/3 do terreno e coeficiente de aproveitamento máximo correspondente a 4/3 do terreno. (BAURU, 1982).

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Figura 12: Mapa de uso do solo Fonte: Google Earth, adaptado pela autora. 42


Figura 13: Mapa de reconhecimeto Fonte: Google Earth, adaptado pela autora. 43


coleta de dados da รกrea do projeto

Casa de Apoio do Centrinho/USP Casa de Apoio do Hospital Estadual 44


Para melhor embasar o presente estudo, foi feita uma coleta de dados através de entrevistas, observações e visitas às moradias dos dois hospitais: HEB-Unesp e HRAC-USP, que são os foco de atendimento do projeto proposto.

Casa de Apoio Centrinho/USP O Centrinho conta com uma moradia de apoio aos pacientes, chamada PROFIS - Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio Palatal e que se localiza logo a frente do hospital (Figura 14). Criada em 01 de setembro de 1975, por iniciaঞva de um grupo de profissionais do Centrinho/USP, a PROFIS oferece uma série de serviços e beneࣱcios aos pacientes e seus familiares, principalmente aqueles que não possuem condições de desembolsar grandes quanঞas de dinheiro para estadia em Bauru. Por mais que o tratamento na USP, seja através do Sistema Único de Saúde (SUS), toda vez que uma família muda de cidade, os seus gastos aumentam. (PROFIS) Quando inaugurada, a casa possuía 90 vagas, mas hoje conta 40 vagas devido a solicitação de adequação pelo corpo de bombeiros. Apesar da grande redução no número de vagas, hoje a demanda é atendida. Anos atrás, o Centrinho possuía um fluxo muito maior de pacientes, o que hoje foi reduzido devido a descentralização do tratamento que ocorre em duas etapas, a fase do ambulatório e a fase da cirurgia. Hoje, o centrinho conta com subsedes no interior do estado de São Paulo que oferecem a parte do tratamento ambulatorial, então a sede de Bauru não é mais o único local de atendimento. A casa, que conta com uma área construída de aproximadamente 700m², cobra um valor simbólico de R$25,00 por noite e oferece o café da manhã, roupa de cama e banho. No andar térreo possui os seguintes ambientes: Área administraঞva, recepção, sala da assistência social, sala do gerente, sala de descanso, com várias poltronas retráteis (Figura 14), lactário/copa (conta com mesinhas, microondas, pia e geladeira), brinquedoteca, sala com porta-volumes, refeitório com capacidade para 49 pessoas, cozinha (não é comparঞlhada e não pode ser uঞlizada pelos hóspedes por exigências do corpo de bombeiro e vigilância sanitária), sala do bazar (parte da fonte de renda da casa), 1 quarto especial com banheiro (adaptado para deficientes ࣱsicos) e 1 quarto masculino comparঞlhado, com banheiro e guarda-volume. No primeiro andar, a casa conta com 2 quartos femininos comparঞlhados, com banheiro e guarda-volume. Atualmente, na PROFIS trabalham 6 funcionários fixos: 1 gerente, 2 assistentes sociais, 1 administraঞvo-financeiro, 2 recepcionistas. Já os serviços de cozinha, lavanderia e limpeza são terceirizados. A casa se mantém através de doações, vendas do bazar, eventos beneficentes e pagamento das diárias. A respeito da dinâmica dos pacientes, apesar do tratamento levar de 16 a 20 anos para se completar, o paciente não precisa morar perto do hospital por todo esse tempo, mas sim voltar com uma determinada frequência. Alguns pacientes passam o dia todo no hospital e voltam para suas casas no mesmo dia, nesse caso costumam uঞlizar a sala de descanso da Profis para esperar o horário do ônibus de volta. E outros pacientes passam entre 2 e 10 dias hospedados na casa. 45


O atendimento no hospital não é com hora marcada, então os pacientes costumam ir por volta das 7h e voltam para a Casa de apoio por volta das 17h. É o momento de jantar, tomar banho e a grande maioria dorme antes das 22h, pois o dia todo no hospital é muito cansaঞvo. Então não existem aঞvidades ao longo do dia na casa, pois os pacientes e os acompanhantes não ficam na casa nesse momento. A maioria dos hóspedes são do estado de São Paulo, mas também tem pessoas de outros lugares como Manaus, São Luis do Maranhão, Minas Gerais, já que o HRAC é referência nacional em tratamento de fissura labiopalaঞna. As famílias que se hospedam na PROFIS costumam ficar amigas, pelo convívio próximo e também por que assim, conseguem apoiar umas as outras. Além da PROFIS, no entorno imediato do Centrinho há diversas opções de pousadas, pensões e hotéis que também atendem aos pacientes do hospital.

Casa de Apoio Hospital Estadual O Hospital Estadual de Bauru possui uma casa que dá suporte aos acompanhantes dos pacientes em tratamento, principalmente da área de oncologia e de queimados. A casa (Figura16), que se localiza dentro do terreno do hospital, possui aproximadamente 25 m², comporta 8 pessoas e possui os seguintes ambientes: 1 quarto feminino (com 4 leitos), 1 quarto masculino (com 4 leitos), 1 banheiro comparঞlhado e 1 lavanderia, que fica na área externa da casa (Figura 16).

Figura 14: Fachada principal da PROFIS Fonte: HRAC, USP.

Figura 15: Sala de descanso, com cadeiras reclináveis e Brinquedoteca. Fonte: PROFIS - Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio - Palatal. 46


Ali trabalham apenas os funcionários da limpeza, que são os mesmos do hospital, e não há aঞvidades extras na casa. São fornecidos aos hóspedes roupa de cama, roupa de banho e todas as refeições do dia. Segundo a Sara Baঞsta de Paula, responsável pela área de engenharia e higiene do hospital, a capacidade da casa não supre a demanda dos acompanhantes. Apesar do hospital ser referência na aplicação da políঞca nacional de humanização (PNH) - em que as visitas são ampliadas das 7h às 20h, os pacientes podem permanecer com acompanhantes em suas maioria 24h por dia, e são permiঞdos acompanhantes tanto na enfermaria, quanto na UTI -, se a casa dos acompanhantes possuísse uma infraestrutura melhor, ela seria muito uঞlizada e ocupada. Além da demanda dos acompanhantes, há uma demanda de moradia para os residentes do hospital que vêm de outras cidades, principalmente da UNESP de Botucatu. O hospital possui um alojamento para os residentes, que conta com 15 quartos e cada quarto comporta até 4 pessoas. Tanto a casa dos acompanhantes, quanto o alojamento dos residentes, são ediࣱcios que foram canteiro de obra no momento da construção do HEB. Então, o material construঞvo não é o mais adequado e confortável para funcionar como moradia, já que não foi construído e projetado para tal.

Figura 16: Fachada principal da casa dos acompanhantes do HEB. Fonte: Autora. Figura 17: Área de serviço da casa dos acompanhantes, na parte externa do edifício. Fonte: Autora. 47


leitura de projeto

Casa Ronald McDonald Campinas (Centro Infanাl Boldrini) Ronald McDonald House BC and Yukon (RMH BC) Casa Acreditar Lisboa, Portugal 48


Neste capítulo são apresentados diferentes ediࣱcios projetados para funcionarem como Casas de Apoio á um ou mais hospitais em suas respecঞvas cidades. Tais projetos foram escolhidos principalmente por sua funcionalidade, estéঞca, conforto e atenção à dinâmica do dia a dia de seus moradores. Destaca-se que estes projetos serviram de referência para aconcepção do projeto de Arquitetura deste Trabalho Final de Graduação.

Casa Ronald McDonald Campinas (Centro Infantil Boldrini) A Casa Ronald McDonald, em Campinas, foi inaugurada no início de 1992, pela APAAC (Associação de pais e amigos da criança com câncer e hemopaঞas) e em 2010, foi cerঞficada pelo Insঞtuto Ronald McDonald House Chariঞes. O Insঞtuto busca melhorar as condições de tratamento de câncer infanto juvenil através da vivência na casa, onde há uma preocupação com configuração do espaços e com as aঞvidades que ali acontecem, o que é rigidamente controlado pelo Insঞtuto com a intenção de manter altos níveis de qualidade (Casa Ronald McDonald Campinas, 2019). A Casa de Campinas atende os pacientes e familiares do Centro Infanঞl Boldrini, hospital especializado em oncologia e hematologia pediátrica, e possui um extenso planos de necessidades. As famílias vindas de outras localidades e sem condições de se manter no município encontram na chamada “Casa longe de casa” hospedagem, alimentação e assistência emocional e social. A estrutura da casa conta com 1.806 m² de área construída e possui 28 quartos, que hospedam 96 pessoas (a Figura 23 mostra um dos quartos); O programa da casa é amplo, conta com ambientes para realizar aঞvidades básicas na vida das crianças e adoslescentes, possui: parquinho, canto de leitura, brinquedoteca (Figura 18), visando diferentes áreas de lazer para atender diversos gostos, funcionalidades e idades; capela, para que os moradores possam ter momentos de orações e preces; sala de cinema; sala para bazar e oficina de costura, com objeঞvo de arrecadar parte do capital que mantém a casa; espaços para jogos e espaço gourmet (Figura 20), refeitório, cozinha (Figura 21) e lavanderia, que são ambientes comparঞlhados e de livre uso as famílias, voluntários e funcionários; área externa; salão de beleza (Figura 22); sala de massagem; sala de reuniões, sala de informáঞca e auditório, uঞlizados para reuniões, cursos, palestras e apresentações arঠsঞcas (Figura 24) e garagem, para acomodar o principal instrumento de transporte de casa, a van parঞcular responsável pelo deslocamento dos pacientes e seus acompanhantes entre a casa e o Hospital Boldrini (Casa Ronald McDonald Campinas, 2019). Todos os espaços da casa são coloridos, decorados e funcionais, pensando no bem-estar e no conforto dos seus moradores e funcionários. Na Casa de Campinas, trabalham 9 funcionários e 45 voluntários, que recepcionam e atendem por volta de 450 beneficiados por ano. Todo mês, diversas aঞvidades acontecem uঞlizando o espaço da casa. São eles oficinas de costura, eventos beneficentes, teatros para as crianças, apresentações musicais e eventos beneficentes, que além de ser uma distração posiঞva para os moradores, também é parte da fonte de renda para a casa, que se mantém principalmente através de doações.

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Figura 18: Canto de leitura e Brinquedoteca na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019.

Figura 19: Oficina de costura e Sala de cinema na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019. 50


Figura 20: Espaรงo Gourmet e Salรฃo de Jogos na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019.

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Figura 21: Refeitรณrio e Cozinha na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019.

Figura 22: Salรฃo de Beleza na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019. 52


Figura 23: Quarto e Corredor de acesso aos quartos na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019. 53


Figura 24: Sala de informรกtica e Auditรณrio na Casa Ronald McDonald Campinas. Fonte: Casa Ronald McDonald Campinas, 2019. 54


Ronald McDonald House BC and Yukon (RMH BC) Durante 30 anos, a RMH BC tem oferecido acomodação para crianças doentes e seus familiares quando mudam-se para Vancouver em busca de tratamento. Desde 1983, a casa recebia as famílias nos 13 quartos existentes, porém a necessidade pelo serviço era muito maior. Então, em 2013, se iniciou a construção de uma nova casa, agora com 73 quartos, e localizada convenientemente no terreno do BC Children’s Hospital, hospital a qual dá suporte (RMH BC, 2019). A nova casa, que foi inaugurada em julho de 2014, conta com uma área construída de 8.361 m² e comporta 2.000 famílias por ano em suítes espaçosas com banheiros privaঞvos. Acompanhado da casa maior veio a expansão dos serviços para as crianças e seus familiares, incluindo uma sala de ginásঞca, oficina de artes, sala de mágicas, sala do LEGO e diversos espaços de convívio internos e externo, os quais convidam os hóspedes a ficarem juntos (RMH BC, 2019). O projeto foi elaborado pelo escritório canadense Michael Green Architecture (MGA), o qual buscou uma solução arquitetônica que se assemelha com uma casa e não com um hotel. A ambição do arquiteto era preservar o contato social próximo que acontecia na anঞga casa entre as 12 famílias que lá residiam. Do início ao fim do projeto, o arquiteto integrou os ambientes ao design ideal que iria ajudar as famílias a encontrarem apoio entre si para passarem por um dos momentos mais significaঞvos e desafiadores da sua vida (MGA work, 2019). Para conseguir chegar no projeto ideal, foi feita uma pesquisa com as famílias que passaram pela anঞga casa durante um período de suas vidas. Essas pessoas foram quesঞonadas sobre o que elas gostariam de possuir na casa e o que elas senঞram falta (Vancouver sun, 2019). A arquitetura faz a ponte entre o tecido residencial tranquilo e a arquitetura insঞtucional do hospital. As formas de construção são acessíveis e orientadas pela modésঞa, resistência e uma estéঞca calorosa. Tijolo com ponto de ferro é usado para proteger de forma duradoura uma estrutura altamente inovadora de paredes de madeira maciça e construção de piso de madeira clara. Uma pegada incorporada em carbono neutro melhora o desempenho do ediࣱcio (Canadian Architect, 2019). A Figura 25 mostra o processo de concepção do projeto, que durante a fase de criação levou o arquiteto a pensar nas conecções e posições das áreas de convívio.

Figura 25: Esquema da concepção do projeto em quatro pavilhões com áreas de convívio adjacentes. / Fonte: Canadian Architecture, 2019 55


Para que a nova instalação possuísse o mesmo senঞmento de aconchego da anঞga casa, o projeto foi dividido em quatro “casas” costuradas junto com áreas comuns - salas de jantar, salas de estar e páঞos. Cada casa oferece sua própria idenঞdade, com disposiঞvos de cor e orientação de interiores adequados às diversas idades e origens das crianças, desde crianças até adolescentes. Um “loop house” interno no nível do solo conecta todas as áreas comuns, de dentro para fora para dentro novamente. O espaço é organizado para melhorar as oportunidades de pais comparঞlhados, com páঞos envoltos por salas de estar e de jantar para conter crianças pequenas e espaços de lazer cada vez mais independentes para crianças mais velhas localizadas mais longe do coração do ediࣱcio (Canadian Architect, 2019). Conceitualmente, a arquitetura forma anéis concêntricos. Os anéis começam com a criança doente e a família, crescendo espacialmente: das suítes individuais, às seis famílias que dividem cada andar de uma casa, às 18 famílias que dividem a cozinha e a sala de cada casa, às 36 famílias que reúnem duas casas em uma sala de jantar comparঞlhada e, finalmente, para o círculo de todas as 73 famílias reunidas na sala de estar central e nos páঞos. Locais para recuar e encontrar o tempo de silêncio são complementados por áreas de reunião cada vez maiores que ajudam a construir apoio comunitário e comparঞlhado (Canadian Architect, 2019). O arquiteto introduziu inovações significaঞvas na arquitetura de madeira em massa, desenvolvendo uma estrutura híbrida de parede CLT e TJI. Este é o primeiro exemplo global de uma construção CLT de inclinação e estrutura leve de madeira, e sua durabilidade de mais de um século manterá os custos baixos para a caridade. As inovações da madeira no projeto são marcos importantes para a construção insঞtucional, permanecendo um subtexto para a natureza profundamente importante do serviço que a Ronald McDonald House oferece à região. ”Esta Casa Ronald McDonald desempenha um papel importante no dia a dia das famílias com crianças que recebem tratamento contra o câncer. Embora o prédio abrigue 73 famílias, parece mais uma casa grande do que um hotel hospitalar. A arquitetura tem calor, usando materiais domésticos familiares e uma escala humana. A estrutura é dividida em quatro módulos, cada um com conexões para criar áreas comuns onde as pessoas podem se socializar, bem como espaços privados para as famílias ficarem sozinhas. É um ambiente confortável para famílias que estão longe de suas casas por longos períodos e um modelo para outras instalações.”

Ronald McDonald House A BC & Yukon é o primeiro projeto na América do Norte a usar este método de construção híbrido em um formato inclinado. O processo de construção envolveu a montagem de uma série de painéis CLT no solo, cada um pré-equipado com livros de contabilidade para apoiar as vigas de piso, conforme necessário. Esses painéis são então inclinados no lugar e estabilizados até que a estrutura horizontal seja instalada (Naturally wood, 2019) “Os benefícios de saúde, de economia e de estética da madeira fez com que a escolha desse material acontecesse de forma natural. A madeira exposta traz um caráter acolhedor e confortável para a casa, o que é muito importante para que nossas famílias se sintam em casa.” (Richard Pass, CEO Ronald McDonald House Chariঞes Briঞsh Columbia and Yukon)

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A nova instalação incorpora os sistemas de construção mais atuais disponíveis para proporcionar um ambiente seguro para todas as crianças, incluindo aquelas com sistemas imunológicos compromeঞdos. A casa apresenta uma estrutura de madeira CLT de inclinação inovadora e é possui o cerঞficado LEED Gold Cerঞfied. (MGA work, 2019). O LEED, sigla para Liderança em Energia e Design Ambiental, é um sistema de classificação que estabelece estratégias e padrões para a criação de ediࣱcios sustentáveis. Tal cerঞficado possui 4 níveis de pontuação, do mais básico ao mais completo, e a RMH BC se encontra no terceiro nível, o nível ouro (UGreen, 2019). Uma sequência de imagens mostram os ambientes da casa RMH BC (das Figuras 26 à 32).

Figura 26: Fachada principal e área de convívio externa. Fonte: MGA work, 2019. 57


Figura 27: Brinquedoteca. Fonte: MGA work, 2019.

Figura 28: Cozinha compartilhada e refeitรณrio. Fonte: MGA work, 2019. 58


Figura 29: Parquinho e รกrea externa. Fonte: ITC Construction Group, 2019. 59


Figura 30: Área de convívio externa. Fonte: Ema Peter Photography

Figura 31: Área externa. Uma série de áreas comuns une os quatro pavilhões no térreo. O tijolo com ponto de ferro proporciona uma fachada durável, protegendo os painéis de CLT pré-fabricados que formam o sistema estrutural primário do edifício. Fonte: Ema Peter Photography 60


Figura 32: Planta do pavimento tĂŠrreo Fonte: Canadian Architecture, 2019 61


Casa Acreditar Lisboa, Portugal Referenciadas pelo Serviço Social hospitalar, nesta Casa podem viver as famílias das crianças que têm de sair da sua área de residência para tratamento oncológico em Lisboa. Situada em frente ao Insঞtuto Português de Oncologia, a Casa tem 12 quartos familiares com casa de banho privaঞva. Na cozinha comum, as famílias prepararam as suas refeições diárias. Existem três salas de estar: uma para os pais, outra para os mais pequenos e uma terceira para os adolescentes. O tratamento da roupa ocorre na lavanderia da Casa, também parঞlhada pelas famílias residentes. As famílias cuidam da manutenção e arrumação dos espaços como se da sua própria casa se tratasse, e contam com a ajuda de voluntários que estão diariamente disponíveis para as apoiar e brincar com as crianças. Percebe-se assim que as Casas Acreditar são muito mais do que um equipamento social. São um espaço acolhedor e confortável que permite à família estar reunida e ali viver como se da sua casa se tratasse, contando com a inesঞmável entreajuda de outras famílias com vivências idênঞcas (Acreditar.org, Lisboa, 2019). Quando saem do hospital e vão para a Casa Acreditar, as crianças e seus acompanhantes sabem que estão num “lugar seguro”, sem médicos, sem enfermeiros, sem jalecos brancos. Encontram apenas outras famílias que entendem o que eles estão passando. E voluntários que ajudam no que for necessário, nomeadamente brincam com as crianças quando os pais vão às compras ou simplesmente beber um café. Alguns desses voluntários viveram uma doença oncológica na infância/juventude e ajudam outras crianças a superar esta fase – são os chamados Barnabés, outro projeto da Acreditar. Ansfriede Zwaagstra explica que quando recebe as famílias na Casa, estas “estão assustadas, acabaram de receber a noঠcia de que a sua criança tem câncer, e entram numa confusão de médicos, enfermeiros, dieঞstas, psicólogos, assistentes sociais, etc. Depois de lhes mostrar a casa, de conhecerem o seu quarto e de verem outros pais com os mesmos problemas, ‘os ombros vão para baixo’. Parece que estão a senঞr um cobertor quenঞnho à sua volta. Quando regressam ao hospital, já vão diferentes, vão com um sorriso nos lábios”.

Figura 33: Avaliação de impacto das Casas Acreditar, informações sobre a casa de Lisboa. Fonte: Casa Acreditar, 2019. 62


Em 2016, a Casa Acreditar de Lisboa recebeu 51 famílias. Algumas visitam a casa de três em três semanas, ficando alojadas uma ou duas noites, quando os seus filhos vêm ao IPO fazer tratamentos. Mas há outras que necessitam de uma estadia mais prolongada, como é o caso das famílias provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que não têm possibilidade de fazer viagens constantes entre os seus países e Portugal. Todas encontram o conforto e compreensão que precisam para enfrentar esta fase das suas vidas. As Figuras 33, 34 e 35 mostram resultados da avaliação de impacto das Casas Acreditar. Para além disso, as outras famílias que habitam com os pais de Sofia - residentes na casa em 2019 - estão passando pelo mesmo, falam a mesma linguagem. “Na Casa Acreditar encontramos o melhor ambiente para, se quisermos, falarmos dos nossos problemas. Senঞmos as mesmas coisas, a angúsঞa, o sofrimento e também as alegrias, porque em todo este processo também há alegrias” Vital Health, Portugal, 2019). “Acho que se ঞvéssemos ido para uma das pensões do IPO o sofrimento ঞnha sido muito maior. Esta casa está preparada para receber uma criança com câncer. Uma pensão não tem a mesma cor, não tem voluntários para brincar, não tem crianças na mesma situação que os ajudem a compreender”, acrescentam os pais de Sofia, moradores da casa. (Vital Health, Portugal, 2019). O ediࣱcio é propositadamente assimétrico: do lado esquerdo fica a parte administraঞva da Acreditar e, do lado direito, a morada temporária daquelas famílias. A Casa tem quatro pisos, em baixo ficam os espaços comuns e, em cima, os quartos. Há três salas de estar que foram pensadas para grupos: a das crianças, no rés-do-chão, com uma quanঞdade de brinquedos impossível de listar (desde dinossauros a um armário, do chão ao tecto, cheio de jogos, uma colecção de DVD, ou um charriot com fatos de Carnaval); a dos adolescentes (para maiores de 11), com televisão, mesa de bilhar e computador, e a sala dos pais, ambas no primeiro piso. A cozinha e a sala de refeições ficam no piso térreo. Quando a casa está cheia, a cozinha torna-se pequena. "Tem de fazer-se marcha atrás e esperar que haja vaga", brinca Márcia, a mãe de Carolina. Tem três bancadas, com fogão, forno e lava-louça – em cada uma cozinham quatro famílias – e uma máquina de lavar loiça industrial. Já no congelador, cada quarto tem direito a uma gaveta e no frigorífico há

Figura 34: Avaliação de impacto das Casas Acreditar, informações sobre as estadias na Casa de Lisboa. Fonte: Casa Acreditar, 2019. 63


uma prateleira para cada dois quartos. Os quartos são semelhantes aos de um hotel – com secretária, mesinha de cabeceira, casa de banho e roupeiro –, mas, além de poderem ser personalizados, têm uma parঞcularidade: não há televisão. "A ideia é forçar as famílias a sair", explica Alexandra Correia. E só se abrem excepções quando é mesmo preciso – por exemplo, quando uma criança é transplantada e não pode estar em convívio com os outros. Além da limpeza do seu quarto, cada família também tem tarefas diárias, que consistem na manutenção de uma parte da casa. Há uma tabela afixada na sala de refeições e cada quarto tem de a cumprir até às 13h. "As pessoas sentem-se mais à vontade quando mexem, sentemse mais em casa. Além disso, as tarefas também ocupam as mães, porque o dia-a-dia delas é muito centrado na doença", explica a coordenadora da Acreditar. À semelhança do que acontece em casa, a convivência entre famílias também gera conflitos. Mas, neste caso, isso até é um bom sinal. "Quando já há espaço para estas preocupações, quer dizer que as outras, maiores, já não ocupam tanto espaço. Na altura em que a fase críঞca de tratamento já terminou, uma cadeira fora do síঞo já faz toda a diferença", diz, bemdisposta, Alexandra Correia. Além disso, e apesar da doença, nesta casa também acontecem mudanças boas. Não só nas crianças, conforme conta Alexandra: "Tivemos aqui uma família dos Açores, em que o pai trabalhava em barcos e nunca ঞnha cozinhado. Aqui, foi preciso começar a fazer as refeições para a família e descobriu que ঞnha uma paixão por culinária. Acabou por levar isso consigo. Já não voltou a ter a mesma acঞvidade profissional: mudou de vida" (Sábado, Portugal, 2019). Uma sequência de imagens apresentadas das Figuras 36 à 39 mostram os ambientes da Casa Acreditar.

Figura 35: Avaliação de impacto das Casas Acreditar, através da metodologia Social Return on Investment (SROI). Fonte: Casa Acreditar, 2019. 64


Figura 36: Brinquedoteca . Fonte: Vital Health Portugal, 2019. 65


Figura 37: Sala de leitura. Fonte: Vital Health Portugal, 2019.

Figura 38: Parquina na รกrea externa e Brinquedoteca, respectivamente. Fonte: Vital Health Portugal, 2019. 66


Figura 39: Quarto e Cozinha compartilhada, respectivamente. Fonte: Vital Health Portugal, 2019. 67


projeto casa de apoio

A Dinâmica da Casa e o Programa de Necessidades O Conceito e o Parঞdo Arquitetônico O Projeto: A casa de Apoio de Bauru 68


Neste capítulo é apresentado o projeto elaborado para a Casa de Apoio proposta para a cidade de Bauru - SP. Buscou-se atender os aspectos apontados em entrevista (modelo encontra-se no Apêndice), que se deslocam por moঞvo de tratamento de saúde. Foi com base nessa entrevista que definiu-se o Porgrama de Necessidades apresentado a seguir. Os conceitos e definição do parঞdo arquitetônico estão na sequência deste capítulo.

A dinâmica da casa e o programa de necessidades Segundo a imprensa do Hospital Estadual de Bauru, são realizadas cerca de 1.500 sessões de quimioterapia por mês, entre crianças, adolescentes e adultos. Ao longo do ano de 2018, foram 196 crianças atendidas na área de oncologia e centenas de profissionais envolvidos no tratamento oferecido na cidade de Bauru. Levando em conta que o hospital atende por volta de 16 crianças por mês, e que a intenção da casa de apoio é atender essa demanda, foi considerada tal necessidade no desenvolvimento do projeto. A dinâmica de permanência dos moradores da casa é bastante diversa e varia de caso para caso. Uma família pode precisar ir à cidade fazer o tratamento uma vez por mês durante um ano, outra pode precisar passar três meses seguidos e outra pode ainda precisar ir apenas três vezes durante um ano. Como ilustrado na figura 40, a família A precisa passar uma semana na casa por mês ao longo do ano, já a família B precisa passar um período de três meses e depois voltar outras duas semanas ao longo do ano. Tal dinâmica faz com que a Casa de apoio não funcione como uma grande residência que possui os mesmo moradores durante um ano, e, sim, como uma grande residência com certa rotaঞvidade a parঞr da qual entram e saem pessoas que se conhecem ou não o tempo inteiro, o que precisa ser considerado no projeto para garanঞr a privacidade dos seus moradores. Para atender à dinâmica de funcionamento da Casa de Apoio de Bauru, o programa de necessidades se consolida em quatro principais áreas: a área administraঞva, a área social, a área de educação e bem-estar e a área dos módulos habitacionais, que contemplam os ambientes descritos a seguir.

Figura 40: Esquema da dinâmica de permanência da casa ao longo do ano Fonte: Autora. 69


Área administrativa: espaço no qual acontecem as aঞvidades de serviço, administração e gerenciamento da Casa. ambientes: hall de entrada principal, administração, área de armários para voluntários e funcionários, banheiros. Área social: locais onde os moradores podem conviver, encontrar e socializar entre si, e também se isolar para descansar, ler e refleঞr. ambientes: Salas de estar, cozinha principal, refeitório, sala de jogos e brinquedoteca, parquinho, bosque, horta, páঞos e terraço. Área de educação e bem-estar: espaços onde as crianças, os pais e os responsáveis podem realizar oficinas de marcenaria, pintura ou costura nos ateliês, podem fazer aঞvidades relacionadas a estudos, podem frequentar o apoio psicológico e serem também atendidos no ambulatório. ambientes: Ateliês, biblioteca e sala de estudos, sala de terapia e ambulatório. Área dos módulos habitacionais: local onde os moradores encontram sua privacidade e onde realizam a maioria das aঞvidades diárias. ambientes: Módulos habitacionais com suítes, cozinha e varanda, lavanderia e área de serviços de uso comum entre os apartamentos, e quarto de apoio com banheiro privaঞvo, desঞnado a pessoas que precisam apenas passar o dia na casa.

Figura 41.Implantação Fonte: Autora 70


Figura 42: Plano de massas Fonte:Autora. 71


O Conceitos e o parঞdo arquitetônico A Casa de Apoio de Bauru foi pensada abraçando os conceitos de humanização da arquitetura e foi desenhada para ser um local de morar, cuidar e culঞvar. Ou seja, um espaço que proporcione abrigo, cuidado e culঞvo da relação entre não só as pessoas que ali residem, mas também da natureza. Sendo assim, o verde é o elemento estruturante do projeto, uma vez que ele é visto como local de convívio e conexão.

Figura 43: Diagrama de conexão entre os núcleos verdes. Fonte: Autora. 72


Figura 44: Diagrama de anรกlise do entorno. Fonte: Autora. 73


Figura 45: Funcionamento da horta no projeto da casa de apoio. Fonte: Esquema desenvolvido pela autora com ilustraçþes de Barkova Nadya. 74


Figura 46: IsomĂŠtrica Fonte: Autora

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Figura 47: Planta piso 0

Fonte: Autora

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2,5

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ÁREA TOTAL = 692 m²


Figura 48: Planta piso 1

Fonte: Autora

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ÁREA TOTAL = 608 m²


Figura 49: Planta de Cobertura Fonte: Autora

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2,5

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Figura 50: IsomĂŠtricas Fonte: Autora 79


Figura 51: Cortes “aa” e “bb” Fonte: Autora 80


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Figura 52: Cortes “cc” e “dd” Fonte: Autora 82


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Figura 53: Cortes “ee” e “ff” Fonte: Autora 84


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Figura 54: Materiais do projeto Fonte: Autora 86


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A casa acontece no entorno de espaços ricos em vegetação que são consolidados no projeto por três jardins, um grande bosque e uma horta. Estes três núcleos verdes são interligados, fazendo com que a natureza seja deslumbrada por todos os ambientes do projeto, funcionando como uma distração posiঞva e com o intuito de trazer o verde para dentro do projeto. A percepção da natureza é potencializada através da escolha dos materiais construঞvos da edificação. Foram escolhidos para o projeto a uঞlização do ঞjolo ecológico, da taipa de pilão e da estrutura de concreto armado associada à estrutura de madeira do telhado e das pérgolas, de forma que esses elementos construঞvos também tragam um aspecto natural para o espaço. As diferentes texturas do ঞjolo ecológico à vista, da terra nas paredes de taipa de pilão, das estruturas de madeira e da vegetação se relacionam em harmonia nos diferentes ambientes da casa. Outra intenção do projeto foi trazer o culঞvo de alimentos para a vivência dos moradores, uma vez que, ao mudar de cidade, uma das principais queixas das mães é que elas precisam deixar seus trabalhos na cidade de origem e ficam sem novas responsabilidades no local de tratamento das crianças. Dessa forma, buscou-se resolver tal problema através da criação de funções dentro da casa para as mães, os pais e os responsáveis associadas à necessidade das crianças doentes de uma alimentação mais rica em nutrientes durante o tratamento. É proposta, então, uma horta para culঞvo de alimentos, em que a responsabilidade de culঞvo é dos pais em conjunto com voluntários que trabalham no local. Esses alimentos serão uঞlizados para consumo na casa e também, para realizar oficinas com as crianças com intuito de ensiná-las a respeito de cada fruta, legumes e vegetais, como ocorre a produção de alimentos no país e ensiná-las sobre desperdício alimentar, despertando, assim, o interesse dos pequenos na comida, já que a alimentação tem grande influência no desenvolvimento da criança e é muito importante durante o tratamento oncológico.

Figuras 55, 56 e 57: Entrada Principal e Horta 91


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A implantação da casa leva em conta a localização do terreno, o ruído da Avenida Nações Unidas, a orientação solar e a direção dos ventos. Apesar de estar localizado em sua marginal, a Avenida Nações Unidas possui um fluxo constante e intenso ao longo do dia, gerando um ruído que não seria agradável para uma moradia. A parঞr disso, é proposto uma faixa de 20 metros de árvores com diferentes tamanhos e espécies entre a avenida e a casa, criando um distanciamento da via e melhorando a qualidade do som do ambiente. Esse espaço resultante, o bosque, funciona também como um local de permanência e refúgio dos moradores, que podem ali ficar entre as sombras, colher frutos das árvores fruঠferas e também descansar nos bancos. Para determinar a localização dos ambientes e suas aberturas, foi levado em consideração a orientação solar e a direção dos ventos, de forma que os espaços não recebam luz solar direta e os ambientes possuam troca de ar por janelas opostas, o que gera locais confortáveis termicamente.

Figuras 58 e 59: Jardim das habitações e rampa principal 94


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O projeto, que acontece no entorno de núcleos verdes e foi pensado em quatro diferentes áreas, possui um desnível de oito metros no terreno. A solução encontrada para vencer a topografia íngreme foi a criação de platôs e de muros de arrimo, fazendo com que o projeto esteja subdividido em dois níveis principais. A área administraঞva, área de educação e bem-estar e a área social estão no primeiro piso e são envolvidas pelo jardim da biblioteca, pelo jardim principal e pelo bosque. Já a área dos módulos habitacionais está no segundo piso, ficando reservada dos principais locais de uso comum e é ligada ao primeiro piso através de uma grande rampa que proporciona acessibilidade e um percurso interessante no deslocamento dentro da casa. A área dos módulos habitacionais está envolvida pela vegetação do jardim dos apartamentos, pela horta e pelo bosque.

Figuras 60 e 61: Rampa para o mirante 98


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Figura 62: Esquema de arranjos dos bancos Fonte: Autora

O pátio central, que fica na entrada principal da casa, possui árvores que geram sombra e conforto aos moradores e um grande painel de azulejos colorido, que está instalado no muro de arrimo que divide os dois principais níveis do projeto. No pátio principal é também proposto um espelho d ‘água raso - em que os moradores podem brincar e refrescar os pés em dias mais quentes - e uma grande rampa. A rampa, que possui estrutura e cobertura de madeira associada a uma telha translúcida, é um elemento de destaque do projeto e funciona como um percurso contemplativo para quem passa por ela e como um elemento estético para quem a observa, além de tornar a edificação acessível. Em relação aos locais de permanência do pátio principal, os bancos são configurados espacialmente em uma organização sócio petal, facilitando a socialização entre os moradores. Os ambientes que possuem um maior fluxo de pessoas e mais ruídos, como a cozinha, a brinquedoteca e as salas de estar, foram dispostos no ponto da casa que é mais próximo da Avenida Nações Unidas, uma vez que o barulho do tráfego na avenida não chega a ser um incômodo. Dessa forma, tais ambientes estão localizados em frente ao parquinho.

Figuras 63 e 64: Espelho d’água do Jardim Central e Jardim central 100


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A cozinha da área social atende às refeições em grupo e à realização de oficinas associadas ao ensino sobre alimentação. Ela tem ligação com a brinquedoteca e está voltada para o parquinho para que os pais possam observar seus filhos. Existem duas salas de estar com arranjo de sofás e televisão, sendo uma sala voltada para o pátio principal e outra voltada para o bosque e para o parquinho. Essas duas opções ocorrem para que os moradores possam escolher qual ambiente os agrada mais (dada a possibilidade de contemplar o bosque ou o pátio) e também para poder observar seus filhos brincando em ambos os espaços. O parquinho possui acesso por rampa, escadaria e também possui uma arquibancada. Ele stá envolto pela vegetação do bosque e tem vários bancos para que os pais possam observar seus filhos e conversar entre eles. Alves at al (2010) aponta que: “a configuração espacial de um ambiente construído público ou privado pode caracterizar espaços que facilitam a socialização entre as pessoas ou espaços que a dificultam. O ambiente que possibilita o contato social é chamado de sócio-petal, este pode ser construído pelo espaço arquitetural ou pelo arranjo do mobiliário de modo a facilitar a socialização. O ambiente que não permite o contato social é chamado de sócio-fugal, além da configuração do próprio espaço o arranjo do mobiliário pode ser um elemento a dificultar a socialização”. (GIFFORD, 1997 apud ALVES et at, 2010).

Alves et al (2010) complementa que os bancos são os mobiliários mais favoráveis “para gerar ambientes sócio-petal ou sócio-fugal” e um fator que: “...influi isso é o arranjo espacial dado a esses mobiliários e a proximidade entre eles. Arranjos que configuram espaços nos quais os bancos são implantados um de frente ao outro ou perpendiculares, desde que próximos, facilitam as conversas. Arranjos em que os bancos são colocados alinhados uns aos outros ou em situações em que as pessoas ficam de costas umas para as outras impossibilitam as conversas” (ALVES et al, 2010).

A Figura 62 mostra exemplos de arranjos sócio-petal e sóciofugal empregados no projeto para permitir opções de escolha, se as pessoas querem se socializar ou não conforme o momento e a localização dos bancos.

Figuras 65, 66 e 67: Refeitório e brinquedoteca e parquinho 105


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Os ambientes de educação e bem-estar estão voltados para o pátio da biblioteca que está mais próximo de uma rua calma, portanto com menos ruído e movimentos que poderiam atrapalhar a concentração. Estão também voltados para esse ambiente a biblioteca, sala de estudos, os ateliês e a sala de terapia.Os ateliês possuem layout flexível para que ocorram diversos tipos de oficinas, como pintura, costura e marcenaria. Buscamos aqui um ambiente calmo, tranquilo, de paz e segurança.

Figuras 68: Jardim do ateliê 109


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A área dos módulos habitacionais, que está localizada no segundo nível, fica mais reservada e separada dos ambientes de área comum. A intenção aqui é preservar a intimidade e o conforto das famílias que estão morando na casa. Nessa área há quatro módulos de habitação: são três módulos com três suítes, cozinha, área de refeição e varanda e um módulo com quatro suítes, cozinha, área de refeição e varanda. A ideia é que as pessoas se sintam na escala de uma casa, e não em um grande dormitório hospitalar. O que se busca é um ambiente aconchegante e a madeira prevalecerá entre móveis, decoração e revestimentos. Na área dos módulos habitacionais que são realizadas as principais atividades do dia-a-dia e da rotina dos moradores. é importante citar que cada Módulo habitacional possui sua própria varanda, onde os moradores podem ficar mais à vontade, pois possuem um espaço externo mais privado, para que possam eventualmente cultivar vasos de plantas e tomar um sol no fim do dia.

Figuras 69 e 70: Dormitórios do módulo habitacional 111


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Figuras 71 e 72: Interiro e varanda no mรณdulo habitacional 113


MÓDULO HABITACIONAL

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Figura 73: Mรณdulo habitacional Fonte: Autora 115


O Bosque, espaço de permanência e refúgio dos moradores, possui um percurso que conta com uma área de piquenique, algumas áreas de permanência e um espaço ecumênico. As áreas de permanência contam com arranjos sócio-petal, os quais propiciam a interação entre as pessoas, e também arranjos sócio fugal, que evitam o convívio para aquelas pessoas que buscam um espaço para ler, refletir, descansar ou contemplar o bosque. O espaço ecumênico tem como objetivo acolher as pessoas de todas as religiões para momentos de oração. Logo, é proposto um pequeno edifício de taipa de pilão que explora a textura da terra associada à entrada de luz realizada por um janela alta, na altura dos olhos dos adultos e uma janela baixa, na altura dos olhos das crianças, para gerar um espaço calmo e contemplativo.

Figuras 74, 75 e 76: Bosque e espaço ecumênico 116


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considerações finais

Durante o tratamento de uma doença crônica diagnosticada em crianças e adolescentes é essencial que as famílias disponham de orientação, suporte emocional e infraestrutura adequada. Nesse sentido, a arquitetura pode desempenhar um papel importante como apoio nesse período através de espaços qualificados e humanizados, nos quais as pessoas se sentem confortáveis. No desenvolvimento projetual da Casa de Apoio apresentado neste Trabalho Final de Graduação, buscou-se a criação de espaços agradáveis para os moradores temporários. Para isso, estudou-se como a presença de texturas, vegetação, luz e disposição do mobiliário podem auxiliar no conforto do ambiente. Também foi importante pensar em espaços que melhoram a experiência dos pais e responsáveis como moradores da casa. A horta é uma proposta nesse sentido, uma vez que ela faz com que os pais e os responsáveis possuam uma atividade além de cuidar dos filhos e se sintam envolvidos na casa, traz a alimentação saudável para o dia-a-dia dos moradores, busca despertar o interesse dos pequenos pacientes pelos alimentos e também tem uma intenção educativa, por meio da realização de oficinas ensinando sobre os alimentos para as crianças e adolescentes. Como mostrado ao longo deste trabalho, a cidade de Bauru ainda carece de uma casa de apoio para crianças e adolescentes que precisam mudar de cidade para realizar o tratamento de doenças crônicas nos hospitais da cidade. O projeto apresentado mostra que, através de uma arquitetura simples, é possível projetar um espaço residencial, educativo, de conforto e de refúgio que traz diversos benefícios aos seus moradores. 118


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apĂŞndice


MODELO DO QUESTIONÁRIO O quesঞonário em questão foi aplicado com intuito de fornecer dados para análise, no Trabalho Final de Graduação da estudante de Arquitetura e Urbanismo, cujo tema é Casa de apoio - o papel do desenho arquitetônico na área da saúde. Tenho o intuito de obter informações precisas para propor um projeto condizente com a necessidades dos usuários. Por essa razão, solicito sua contribuição com respostas aos itens e perguntas a seguir. QUESTIONÁRIO APLICADO A ÁREA ADMINISTRATIVA DO HOSPITAL Dados Gerais Nome do hospital: Endereço: Especialidade: Público/Privado: Nome da pessoa entrevistada: Cargo/em qual área trabalha: Formação: Sexo: Cidade de origem: A quanto tempo trabalha no hospital: Telefone: E-mail: Questões específicas Existe uma ala de internação? Se sim, quais especialidades são atendidas nessa ala? Quanto tempo em média os pacientes ficam internados? Os pacientes que estão em fase de tratamento, mas que não precisam ficar internados, precisam ir ao hospital com qual frequência? Existe uma moradia ou alojamento para acolher as pessoas e familiares em tratamento? Quantas pessoas precisam ser acolhidas em uma casa de apoio? Existe alguma necessidade além dos acompanhantes? (Exemplo: estagiários de medicina) De quais cidades os pacientes se deslocam? Caso exista uma moradia de apoio: Área construída: Ambientes: Número de quartos: Capacidade (número de leitos): Número de funcionários e voluntários: Aঞvidades extras que acontecem na casa: As instalações da casa atendem a demanda de pacientes e seus acompanhantes? Qual a dinâmica do dia-a-dia dos hóspedes? Em qual ambiente da casa os hóspedes passam mais tempo? O que os hóspedes sentem falta na casa? Observação: Foram entrevistas a Assistente Social da casa de apoio do Centrinho - PROFIS/ USP, e a Engenheira do Hospital Estadual de Bauru/UNESP. 127


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