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Caçador de tesouros Araquém Alcântara, especialista em fotografar animais e cenas raras da biodiversidade brasileira, esteve na Fazenda da Grama para fazer um ensaio fotográfico do condomínio por Ana Paula Kuntz A Fazenda da Grama está longe de ser exuberante em biodiversidade como a Floresta Amazônica, mas tem seus tesouros em termos de fauna e flora. O mais experiente fotógrafo de natureza do Brasil, Araquém Alcântara, esteve no condomínio para uma sessão de fotos com o objetivo de documentar, com status de arte, a vida selvagem e a paisagem nestes campos. “O que mais me chamou a atenção foi a riqueza de passarinhos. Vi Asa-branca, Irerê, Maria Faceira e Corujas Buraqueiras, entre tantos outros. Foi um mergulho no cotidiano da Fazenda da Grama com o objetivo de criar e repartir belezas”, diz.
vida: animais, pessoas e o cotidiano amazônico são a especialidade do fotógrafo
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A ideia é usar o material para organizar uma exposição. “É um ensaio que merece repercutir inclusive entre pessoas além dos condôminos, pois estamos reunindo cenas belíssimas. Tenho um amor extraordinário pela vida pulsando, acredito que isso será transmitido também nesse trabalho.” Autor do livro de fotografia mais vendido no Brasil – aquele que leva seu nome e tem na capa a foto de uma onça pintada encarando profundamente a lente de sua câmera –, com 86 mil exemplares comercializados desde o ano do lançamento, em 1997, Araquém nasceu em Florianópolis, mora em São Paulo, mas passa meses seguidos nas entranhas das regiões mais selvagens do país, da Amazônia à Caatinga nordestina, do Pantanal à Chapada Diamantina. São quase 40 anos de carreira que lhe ensinaram a observar a natureza, em seus mínimos detalhes, e esperar por aquele momento único eternizado por um clique certeiro. Apesar de descartar bem mais que a metade do material fotografado em suas expedições, Araquém possui um banco com mais de 200 mil imagens, que renderam já 42 livros. O mais novo deles, Amazônia de Araquém e Atala, ainda está na gráfica: reunirá fotos produzidas durante a viagem que fez com o chef Alex Atala, outro entusiasta das riquezas amazônicas, porém na esfera do sabor. É um projeto semelhante à parceria feita com Drauzio Varella no livro Cabeça do Cachorro, em que o médico discorre sobre belezas e mistérios do Nordeste, junto a 100 fotografias de Araquém.
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coletâneas: com mais de 250 mil cliques em seu banco de dados, araquém já publicou 42 livros. o mais novo é amazônia de araquém e atala (acima). e o mais vendido tem a capa estampada pela foto de uma onça pintada (ao lado)
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Algumas fotos feitas na fazenda da grama: exposição para além dos condôminos
Mas o projeto que o tem deixado mais entusiasmado no momento é um filme em 3D para o cinema, que ele considera um divisor de águas em sua vida. Com o título Amazônia, o planeta verde, a produção franco-brasileira, realizada em parceira pela Gullane Entretenimento e pela Gedeon Prgrammes, com verba de cinco milhões de euros, será um “docu-drama”. “É um estilo que mistura cenas reais com ficção. Contará a história de um macaco-prego que sobrevive a um acidente de avião e então conhece a Amazônia”, explica. “Por enquanto, estamos ainda filmando em um set na cidade de Presidente Figueiredo, a 92 quilômetros de Manaus, com uma equipe de 150 pessoas. Para o ano que vem, estou organizando quatro expedições floresta adentro para escolher as locações e buscar imagens. Além dis-
so, estou preparando todo o material fotográfico que será usado na divulgação e vai virar outro livro.” Formado em jornalismo, é de livro em livro, de foto em foto, que Araquém escreve sua história e manifesta seus protestos. Afinal, ele não se depara somente com cenas belas em suas andanças. Há muita morte e destruição, queimadas e desmatamentos no seu caminho. Com seu olhar artístico, Araquém consegue capturar a beleza plástica nos momentos mais mórbidos, e assim passar sua mensagem desolada de preocupação com o meio ambiente. “Atendi uma convocação. Assumi a missão do sacerdócio de mostrar o Brasil para os brasileiros, de retratar o povo humilde e a natureza intocada, tão maravilhosas e frágeis, vítimas da agressão humana.”
“Atendi uma convocação. Assumi a missão do sacerdócio de mostrar o Brasil para os brasileiros”