UM PRECONCEITO TEIMOSO – ANDERSON PETERS Normalmente, os membros de uma determinada sociedade pensam que sua cultura é melhor que a cultura dos outros. Ela considera seus próprios valores como os melhores, desprezando as características de outros grupos sociais. Mas o que leva uma sociedade a pensar que é melhor que a outra? Quais são os critérios usados para medir se uma cultura é boa ou ruim? Esta duas perguntas envolvem diversos tipos de preconceitos, como com as riquezas, a tecnologia, a construção civil, os modos de agir, de se alimentar, de se vestir e até mesmo na cor da pele e traços físicos. Estes preconceitos que cada sociedade ou cultura produz fazem parte do Etnocentrismo. O Etnocentrismo é, basicamente, a dificuldade de ver e aceitar diferenças. As sociedades procuram introduzir, em seus membros, normas e valores próprios. Pensam que se sua maneira de ser e proceder é a certa, então as outras estão erradas. Assim o Etnocentrismo julga os outros povos e culturas pelos padrões da própria sociedade, que servem para comparar até que ponto são corretos e humanos os costumes dos outros. Sendo assim, a identificação de uma pessoa com sua sociedade leva à rejeição das outras. Temos vários exemplos de preconceitos que podem ser citados: falar inglês é estranho e ridículo; as comidas chinesas são uma porcaria; a maneira de se vestir dos árabes é horrível. Estes são pensamentos que ocorrem frequentemente em nossa sociedade, o que é lastimável. Já o Relativismo Cultural busca suspender o julgamento sobre as práticas de outras sociedades para buscar melhor compreendê-las. Somente desta forma é possível conhecer os valores e crenças de outros povos e sociedades. Sendo assim, enquanto o Etnocentrismo pode ser considerado uma forma de preconceito, o Relativismo Cultural procura compreender - através da ciência, do descobrimento e de pesquisas - os conceitos, as diferenças, as crenças e a cultura de uma sociedade. Penso que o Relativismo Cultural não julga uma cultura, afirmando que uma seja superior a outra como no etnocentrismo. É realizada uma análise, onde se produz novos conhecimentos para entender o motivo de determinada região agir de forma diferente de outra. Acredito que isso seja muito importante, pois devemos ter o respeito pelas diferenças, não cabendo a nenhum de nós julgar e sim compreender o modo de vida de cada sociedade, sem preconceitos. Neste contexto, a Antropologia, ao longo de seu desenvolvimento contribuiu significativamente com a resposta conceitual ao etnocentrismo: o relativismo cultural. É essa mudança que marcou o pensamento da Antropologia até a atualidade. Esta concepção introduziu a diversidade cultural em medidas não qualitativas e não hierarquizantes, apontando que a pluralidade de modos de viver e compreender o mundo são um fato. Esta perspectiva foi essencial para o rompimento da ideia de superioridade de uns em detrimento de outros. Com a criação da concepção de relativismo cultural, foi possível consolidar esse campo do conhecimento como capaz de dar voz as mais diferentes culturas, viabilizando assim a construção de debates entre as sociedades. A Antropologia também passou a compreender cada cultura como uma única. Devido a isso, a antropologia é considerada uma ciência integrante, afinal o seu projeto global pode ajudar a compreender, respeitar e valorizar a diversidade cultural. Dessa forma, a contribuição da antropologia para a sociedade é importantíssima, pois ela nos faz refletir acerca de categorias construídas socialmente tais como certo, errado, bonito ou feio além de outros elementos que são subjetivos e que são elaborados coletivamente. É fato que não precisamos
concordar muito menos gostar, de tudo o que vemos ou ouvimos e que sempre vamos ter como bom aquilo que nos foi ensinado que ĂŠ bom. No entanto, ĂŠ preciso olhar para todas as pessoas com muito respeito Ă sua diversidade cultural. Vamos acabar com esse preconceito teimoso!