Vox 74

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Setembro/15 • Edição 74 • Ano VII • Distribuição gratuita

PARA SEMPRE, MAURICIO Aos 80 anos, o mais famoso cartunista brasileiro quer eternizar a Turma da Mônica

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EM TEMPO DE CRISE - AS ESTRATÉGIAS DE QUEM BUSCA LUCRO POR MEIO DE IDEIAS E TALENTOS


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EDITORIAL Sem credibilidade, sem acordo O Governo Federal vem tentando, sem sucesso, restabelecer o ambiente positivo para negócios no país. O ministro Joaquim Levy tem se esforçado em entrevistas para convencer analistas e investidores de que houve uma retomada do controle das contas públicas e dos ajustes necessários para a volta do crescimento.

Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br

“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

Na prática, o responsável pela pasta da Fazenda sabe que o mercado e os eleitores não querem mais promessas nem discursos que terminem vazios no embate entre o Congresso e uma presidente da República cada vez mais enfraquecida e acuada. Levy tem falado ao vento. Junte-se ao momento político ruim, as notícias desalentadoras sobre a economia dos principais parceiros de comércio do Brasil, em especial, a China, para onde Dilma e a equipe econômica voltaram os olhares como que pedindo um socorro que não virá. A experiência recente já nos mostrou que, no jogo internacional do desenvolvimento, sem credibilidade não há jogo. A derrocada da imagem pública brasileira começou por uma eleição presidencial em que dados foram manipulados, omitidos e promessas foram feitas sem a possibilidade de se tornarem realidade. A credibilidade perdida com o eleitor e os empresários não será retomada apenas com palavras. É preciso garantir que os governantes aprenderam a lição e que novas e futuras eleições sejam feitas de forma realista e em bases verdadeiras.

A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060

Se não houver uma correção ética e jurídica sobre o atual rumo da vida pública brasileira, nós vamos reforçar às futuras gerações a certeza de que para ser vitorioso na vida ou nos negócios, vale a pena qualquer tipo de desonestidade ou de uso incorreto da máquina pública. Quem mente na entrada, carrega a fama até a porta de saída. Governabilidade plena só pode ser exercida quando não se trai a confiança obtida nas urnas eleitorais.

Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Lailson dos Santos l Chamada Noivas: Juliana Lery e Serapião l Reportagem: André Martins, Ariane Oliveira, Érica Fernandes, Haydêe Sant’Ana, Rafael Sandim, Tati Barros, Thalvanes Guimarães | Correspondentes: Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@ voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final l voxobjetiva.com.br

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OLHAR BH

Primavera Foto: Felipe Pereira |5


SUMÁRIO 12

Breno Mayer

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Felipe Pereira

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Arquivo Pessoal

40 Bete Nicastro

CAPA

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MAURICIO DE SOUSA Criador da Turma da Mônica fala sobre processo criativo e revela planos para a turminha

METROPOLIS

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SALUTARIS

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“POLIGLOTINHAS”

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CEDO DEMAIS?

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PRIMAVERA

Criando filhos em ambientes multiculturais

Vaidade ou autoestima? Especialistas opinam sobre intervenções estéticas em jovens

COMPARTILHANDO... Para sentir pouco a crise, economia colaborativa é saída para pequenos empresários e população

PODIUM

COBERTOR CURTO Inflação em alta e reajustes salariais inadequados testam resiliência do brasileiro

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Setembro chegou e, com ele, as estampas florais ditam os tons vivos da estação

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TÍTULOS E DÍVIDAS Times brasileiros na mira do Legislativo Federal


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Shutterstock

Cidade Olimpica/Divulgação Arquivo Pessoal

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Felipe Pereira

HORIZONTES

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LONGA JORNADA Conheça a história do mineiro que percorreu 59 países em cima de uma bike

KULTUR NA ERA DA INTERNET... Bibliotecas ainda são muito frequentadas;belo-horizontinos são destaque

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IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Combata a falta de educação no condomínio

METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis Os cuidados com os raios

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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci

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CRÔNICA • Joanita Gontijo É proibido buzinar!

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ARTIGOS

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JUSTIÇA • Robson Sávio Violência e crise

Limitar para crescer

SAPORIS RECEITA – Bouquet Garni Polenta com Ragu de Linguiça Funghi Porcini

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VINHOS – Nelton Fagundes De pai para filho |7


CAPA

O mentor Aos 80 anos de idade, Mauricio de Sousa revela que trabalha em projetos para expandir a marca Turma da Mônica pelo mundo Fotos de Lailson dos Santos

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ilhões e milhões de brasileiros nascidos após a década de 60 tiveram a infância marcada pela turminha encabeçada por uma menina dentuça e irritadiça. Ela só se vestia de vermelho e carregava um coelho de pelúcia a tira-colo. Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão são apenas alguns dos representantes de um verdadeiro império do entretenimento infantil brasileiro. O maior deles. Aos quatro personagens somam-se diversos outros que saíram de dentro da cabeça inventiva do paulista Mauricio de Sousa. O cartunista iniciou a carreira fazendo desenhos para veículos de comunicação da cidade natal, Mogi das Cruzes, na década de 50. Quase na virada da década, Mauricio começou a desenhar histórias em quadrinhos, depois de uma peregrinação por São Paulo e passagem pela redação da Folha da Manhã como repórter policial. Ele começou a desenhar as primeiras histórias aos 24 anos. O artista tinha o futuro bem traçado na cabeça. E tudo saiu melhor do que a encomenda. A internet surgiu e fez com que a turminha mais famosa do Brasil colocasse os pés onde não se imaginava. Em entrevista exclusiva à Vox Objetiva, Mauricio de Sousa conta como tudo aconteceu, uma história que se reinventa a cada dia com a criação de personagens e a 8 | www.voxobjetiva.com.br

maturação do célebre quarteto da turminha. O artista fala também sobre a influência do Japão em seu trabalho e revela um vigor jovial ao contar os planos para os próximos anos. Quando o senhor começou a desenhar, imaginava que um dia seria responsável por esse império do entretenimento infantil? O que o senhor vislumbrava para o futuro naquela época? Quando iniciei minha carreira de desenhista, meu desejo era planejar bem o lançamento das historinhas, montar uma equipe e ir galgando as etapas naturais dessa atividade: histórias em quadrinhos e suplementos para jornais, revistas, depois desenhos animados, licenciamento, filmes para o cinema e parques temáticos. Só não planejei a internet porque não sou adivinho. Mas ninguém planeja o sucesso; planeja, sim, fazer um serviço bem-feito que, se o mantiver, vira sucesso. Os gibis e mangás são materiais característicos da cultura japonesa. O Japão teve alguma influência para que o senhor escolhesse esse caminho? Era uma ideia antiga que foi reavivada pela nossa participação nas comemorações dos cem anos de imigração japonesa em 2008. Criamos as mascotes Tikara e Kei-

Sempre me esforço para que o meu trabalho seja uma boa influência para essas novas gerações que aprenderam a ler e a desenhar com a turminha

ka para a Comissão de Organização das Comemorações. Unimos, então, o estilo “mangá” (Quadrinho Japonês) com nosso estilo para que atingíssemos os jovens em pré-adolescência que estavam deixando de ler Turma da Mônica clássica para a linguagem da época que é o mangá. Embora seja para um público jovem, a nova revista também criou uma curiosidade das crianças menores, resultando no maior sucesso de bancas dos últimos 30 anos. Portanto, creio que tenha dado certo, não é?


CAPA

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CAPA Qual foi o contato do senhor com a cultura japonesa na infância e na juventude? Apenas com família de japoneses que morava em nossa rua Ipiranga, lá em Mogi das Cruzes. Mas comecei a me aprofundar muito mais quando viajei pela primeira vez ao Japão em 1976. Lá conheci o mestre dos mangás, Osamu Tezuka. Depois ele veio ao Brasil e ficamos amigos. Foi uma ligação imediata entre nossas filosofias. Em 2013, o senhor recebeu uma condecoração do governo japonês por contribuir com a propagação da cultura nipônica no Brasil. Qual o retorno que o senhor tem dos fãs da Turma da Mônica do outro lado do mundo? Nos países em que conseguimos entrar com nossas histórias em quadrinhos, a repercussão e a aceitação por parte das crianças é igual à do Brasil. A turminha já fala mais de 20 idiomas e está em mais de 30 países, entre revistas, produtos, jornais e desenhos animados. No Japão não é diferente. Nessa última viagem que fiz por lá, em maio, acertamos a volta da publicação do Horácio e a estreia da Turma da Mônica no jornal Moranguinho da SanRio. Os seus mais reconhecidos personagens foram inspirados nos seus filhos. Na opinião do senhor, por qual razão esse universo que lhe é tão peculiar e íntimo caiu nas graças do povo? Acredito que essa minha inspiração em filhos, amigos e lembranças da minha infância para desenvolver personagens tenha sido uma das razões do sucesso da Turminha. De alguma forma, os 10 | www.voxobjetiva.com.br

leitores sabem que minhas histórias não são apenas criações, mas um espelho do que vivemos no dia a dia. Muitos dos personagens do senhor nascem em um período político conturbado no Brasil. O senhor sofreu algum tipo de cerceamento criativo ou algo do tipo? Passava pela cabeça do senhor trabalhar questões relativas à política e ao governo da época? Como o meu público é o infantil, eu não poderia carregar nas tintas políticas nas historinhas. Mas em algumas colocava um rei leão que não queria dar liberdade aos seus súditos; o Astronauta visitando um mundo

onde cantar era proibido, e assim por diante... Era para lembrar as crianças sobre a liberdade de expressão. Mas nunca fui importunado pelos militares. Alguns personagens do senhor homenageiam personalidades importantes do futebol brasileiro: Pelezinho, Ronaldinho Gaúcho, Neymar Jr., dentre outros. O Mauricio de Sousa é um aficionado por futebol? Para qual time torce? O senhor acompanha campeonatos e o que está acontecendo dentro das quatro linhas? Não me considero um aficionado. Mesmo porque tenho dez filhos e vários torcem por times diferentes. O meu filho que sabe tudo de futebol é


CAPA o mais novo, Marcelinho. Até entrou em uma escolinha de futebol porque queria ser jogador. Ele é corinthiano, e costumo ir com ele a alguns jogos do Corinthians. Quando vou com ele, geralmente o Corinthians ganha. Por isso, ele sempre quer me levar a esses jogos. Só que sou são-paulino. Mas pai é pai, certo? É o senhor que pensa nos roteiros das histórias? Como é desenvolvido esse trabalho de texto e a interlocução com as ilustrações? Tenho uma equipe de profissionais para desenvolver as mais de 1,2 mil páginas de produção mensal. São roteiristas, desenhistas, arte-finalistas, letristas,... E examino todos os roteiros de quadrinhos com minha filha Marina, que também inspirou a personagem de mesmo nome da turminha. O senhor está sempre em diálogo com essa nova geração de ilustradores. Há livros lançados pela Panini que recriam, ao modo desses artistas, personagens da Turma da Mônica. Como o senhor avalia essa safra de desenhistas? A linha de graphics novels MSP é um dos grandes presentes que ganhei. Começou com uma homenagem que um de meus editores na MSP, Sidney Gusman, resolveu publicar quando completamos 50 anos da empresa. Ele lançou uma edição com 50 desenhistas brasileiros produzindo histórias com meus personagens, mas em estilo próprio. Depois mais dois livros com outros cem desenhistas foram publicados na sequência. Aí, para continuar o sucesso, foi criada a linha de graphic novels em que alguns desses desenhistas poderiam desenvolver um livro inteiro. Assim fui sendo apresentado para essa nova geração de autores nacionais, que é

sensacional: Danilo Beyruth, Vitor e Lu Cafaggi, Gustavo Duarte, dentre outros. Entreguei meus brinquedos para eles, e o resultado é algo comovente. Como o senhor se sente ao perceber que todos esses novos desenhistas têm o senhor como referência? Quando começamos, todos nós nos espelhamos em alguns ídolos. Para mim foi Will Eisner. Meu desenho é diferente e mais simples do que o dele, mas a forma de contar história veio muito dessa influência. Então a responsabilidade aumenta. Sempre me esforço para que meu trabalho seja uma boa influência para essas novas gerações que aprenderam a ler e a desenhar com a turminha. No mês que vem, o senhor completa 80 anos, mas parece ter um ímpeto juvenil para o trabalho. O senhor sente o peso da idade? O que impele o senhor a desenhar, produzir e planejar trabalhos aos 80 anos?

Claro que ter 80 anos não é o mesmo que ter 20 nem 30. Mas sempre me cuidei e chego nesta idade com todo o fôlego para ter mais e mais ideias. Meu médico disse que neste momento nasceu a criança que vai viver 120 anos. Portanto, a gente não envelhece mais; a gente evolui na idade. O que o senhor pode nos adiantar em termos de trabalhos futuros? Vamos continuar com a produção de animações para TV porque é necessário inclusive para entrarmos mais no mercado internacional. Após o sucesso da Turma da Mônica Jovem, pretendo produzir a Turma da Mônica Adulta daqui a alguns anos. Cada personagem vai ser desenvolvido nas histórias em tempo real. Assim o leitor percebe que, a cada ano, o personagem faz aniversário e vai envelhecendo... Cada vez mais vamos desenvolver produtos para as plataformas digitais e, quem sabe?, voltamos com as animações para o cinema. | 11


METROPOLIS

NA ERA DO COMPARTILHAMENTO Nova tendência mundial, economia colaborativa inaugura forma de consumo que valoriza experiências Texto de Haydêe Sant’Ana Fotos de Felipe Pereira

ense numa sociedade em que a troca e o empréstimo se tornem atividades tão corriqueiras quanto o ato de comprar. Agora imagine poder alugar um quarto na casa de um desconhecido em vez de se hospedar em um hotel, durante uma viagem. Imagine-se também desfrutando de jantares íntimos na casa de alguém que você nunca viu. Parece estranho, não? Mas esse modelo social já está transformando a realidade de muitas pessoas de vários países. Trata-se 12 | www.voxobjetiva.com.br

de uma nova forma de consumo: a economia compartilhada ou colaborativa. Essa nova modalidade inaugura uma forma de transação que prioriza o empréstimo, o aluguel e o compartilhamento. Com a crise econômica, o desemprego e as altas taxas de juros, a economia compartilhada se tornou bastante atrativa financeiramente. É uma alternativa viável para a população suprir a necessidade de consumo.

Doutor em Economia Aplicada e professor universitário, Fernando Agra observa que o sucesso desse tipo de economia reflete o momento. “Quando as pessoas perdem empregos, têm suas rendas diminuídas ou mesmo, quando há inflação, o poder de compra cai e as mercadorias ficam mais caras. Isso estimula as trocas e os empréstimos”. O dinamismo da economia colaborativa chama a atenção. Por meio desse modelo, é possível ter acesso a serviços de um motorista particular


METROPOLIS até a trabalhos domésticos ou a produtos. A internet possibilita buscar ou oferecer serviços. Isso propicia novas formas de interação e impulsiona o empreendedorismo e a abertura de negócios. Entre uma das plataformas de serviços mais conhecidas e utilizadas em todo o mundo está a Airbnb. Presente em 190 países e em mais de 34 mil cidades, o site oferece o aluguel de espaços variados, como quartos, casas, apartamentos, lofts, balões, aviões, e até mesmo de ilhas particulares. Para quem busca uma hospedagem de luxo, como mansões ou castelos, o site luxury.homeaway.com é uma alternativa. Esses espaços virtuais oferecem salas de cinema, adegas, heliporto, iates e até estábulos. A designer têxtil Nara Guichon já vivenciou a experiência Airbnb das duas formas: hospedando-se e oferecendo hospedagem a turistas. “O Airbnb se mostra de verdade quando você recebe pessoas em casa. Receber é bastante interessante, pois é sempre uma surpresa. Você tem que estar atento para perceber se os seus hóspedes querem mais privacidade ou interagir. No geral, as pessoas são muito educadas e usam a casa como se fosse deles. Sentem-se à vontade e a deixam arrumada quando vão embora”, explica. O gerente de projetos e piloto de paraglider Fernando Resende administra uma página no facebook sobre a atividade. Ele conta que teve o primeiro contato com a economia colaborativa quando viajou para Veneza e ficou hospedado na casa de desconhecidos. “Na época do orkut, eu criei uma página de viagens. Muitos membros não sabiam sobre a viagem e estavam negociando preços. Eu andei estudando sobre países, como Croácia, Tunísia, Itália,... Decidi viajar e cheguei a Veneza no domingo de Páscoa. Cancelei o hotel para ficar na casa de umas pessoas que estavam no navio. Em troca, trabalhei como guia para eles”.

De acordo com Resende, a maior vantagem da economia compartilhada é a possibilidade de negociação direta com as pessoas. “Um exemplo disso é o Uber: os taxistas veem como um grande vilão, mas é a tecnologia, o futuro. E cabe aos taxistas inovar. A mesma coisa é a rede hoteleira. Os hotéis e restaurantes precisam inovar, baixar os preços e ser mais competitivos no mercado”, defende. A possibilidade de serviços oferecidos pelas plataformas on-line ou mesmo por empresas do ramo que têm como lema a economia compartilhada é infinita. Exemplo disso é a locadora de brinquedos Borboletinhas, fundada em 2012 pela psicope-

Atenta ao fato de que crianças se cansam rapidamente de brinquedos, Vânia criou uma empresa que aluga esse tipo de material

dagoga Vânia Beatriz Marra Moraes. A empresa trabalha com o aluguel de brinquedos para as crianças de até 6 anos. Todos os brinquedos são voltados para estimular o desenvolvimento e a aprendizagem. Vânia explica que o aluguel é muito favorável para as crianças e para os pais. “Estudos comprovam que, de 20 a 30 dias, as crianças enjoam de um brinquedo. Então, quando isso acontece, elas abandonam o objeto e partem para outras descobertas. Para os pais, alugar brinquedos diminui gastos e | 13


Ana Corina é uma das poucas cozinheiras de Belo Horizonte que recebem clientes em casa

mas on-line voltadas para a gastronomia. KitchenND, Eatwith, Grubclub, Mealsharing e Dinneer estão entre as mais novas atrações contemporâneas. Esses sites conectam pessoas a anfitriões que oferecem almoços e jantares exclusivos em todo o mundo. Com apenas login, senha e um cartão de débito ou de crédito, o cliente escolhe o menu e faz a reserva. No Brasil, um dos sites que vêm conquistando o público é o Dinneer, lançado em junho. Com a proposta de ser o novo “Airbnb da gastronomia”, a plataforma está presente em 58 cidades do país. Em Belo Horizonte, apenas seis anfitriões oferecem os serviços. favorece também a questão do compartilhamento, da sustentabilidade”, destaca. A despeito da tão falada crise, Vânia ressalta que 2015 tem sido o melhor ano para a empresa. Agra acredita que, no futuro, as pessoas estejam cada vez mais envolvidas em processos de troca e compra. “A lógica do capitalismo, de estimular o consumo, tem tornado os produtos muito descartáveis. Ao emprestar uma mercadoria ou mesmo trocá-la com alguém, há um benefício mútuo, bem como para o meio ambiente que terá seus recursos poupados”. No entanto, o professor alerta para o risco de essa tendência dar origem a um paradoxo. “Comprando menos e vendendo menos, a economia desaquece e isso pode ampliar o desemprego. Cabe aos governos buscar alternativas para conciliar a geração de empregos com a preservação dos recursos naturais e o adequado descarte de lixo”, pondera. EXPERIÊNCIA GASTRONÔMICA Para quem quer saborear uma boa comida, a economia colaborativa traz um novo conceito de refeição: almo-

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çar ou jantar fora de casa. Imagine sair para conhecer uma boa comida e se deliciar com ela na casa de uma pessoa que você nunca viu na vida. Muitas refeições são oferecidas por desconhecidos por meio das platafor-

Para os anfitriões, o importante é a satisfação e o prazer em receber. Para o convidado, o que vale é a oportunidade de vivenciar uma experiência gastronômica inovadora. É o que garante uma das associadas


METROPOLIS

COMPARTILHANDO...

(UseBike)

Conheça alguns sites e plataformas que oferecem serviços compartilhados

(Zumpy)

(Juntos.com)

ao Dinneer.com., Ana Corina Rachid. Graduada em Direito, Ana conta que começou a trabalhar com gastronomia desde a época da faculdade. “Eu tinha uma queda grande por gastronomia e fazia as festas da minha turma. Depois disso, as encomendas e os contratos foram aparecendo. Por isso, nunca atuei como advogada”, conta. Cadastrada na plataforma há dois meses, Ana oferece jantares com pratos variados. Ela prepara tudo sozinha. Por um valor fixo pré-definido, o jantar inclui três pratos: uma entrada, o prato principal e a sobremesa. Bebidas ficam a cargo do convidado, mas às vezes, dependendo do tipo de refeição, elas são oferecidas como acompanhamento. Com duração de três horas, os jantares são direcionados para, no

máximo, seis pessoas. “O diferencial é cozinhar ao vivo. Nada está pronto. Deixo alguma coisa semipronta, mas a maioria é feita na hora. Outro ponto é que recebo seis pessoas numa mesa só, e é só aquela mesa. É muito interessante o fato de ser um grupo restrito. As pessoas interagem mais”, afirma. Mais do que um almoço ou um jantar, o Dinneer proporciona às pessoas uma experiência gastronômica inédita. “As pessoas querem vivenciar uma experiência gastronômica, degustar um bom vinho, sair para comer. É o resgate da casa de antigamente, cheia de gente em volta da mesa. Hoje as pessoas comem em restaurante, no sofá sozinhas. Algumas pessoas almoçam em restaurantes há anos e nunca conversaram com o dono do estabelecimento”, argumenta Ana.

Além do ambiente mais caseiro e intimista, usuários ressaltam pontos positivos da plataforma, como as vantagens econômicas, não ter que pagar 10% ao garçom, a facilidade de estacionar e a segurança. “É muito interessante a experiência do Dinneer, do restaurante secreto, porque você tem diversas vantagens: a facilidade de reserva do horário, de estar com amigos num ambiente familiar, caseiro, comendo tudo do bom e do melhor, experimentando o melhor vinho e uma gastronomia incrível”, destaca a defensora pública Mara Olinta Dutra. Frequentadora de almoços e jantares na casa da Ana, Mara se derrete pela anfitriã. “Vir à casa da Ana é impressionante porque ela tem um carinho especial. Ela tem uma atenção com a gente e principalmente com a comida que é um capricho que eu nunca vi em restaurante nenhum do mundo. E isso faz toda a diferença”. | 15


METROPOLIS

Entre a cruz e a espada Incidindo sobre bens e serviços básicos, a inflação e a defasagem salarial estão entre os principais desafios para os brasileiros André Martins

o abrir a conta de energia ou ao se arriscar nas gôndolas, o brasileiro tem passado por consecutivos testes cardíacos nos últimos meses. Contrariando o recente discurso do Planalto de que a inflação estava controlada, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassou os 9% e, segundo especialistas, deve se aproximar ainda mais da casa dos dois dígitos até o fim do ano. Os constantes reajustes de preços têm afastado os compradores e restringido o consumo, aumentando a percepção do mau momento econômico no país. Consideradas os termômetros mais sensíveis para reajustes de preços, as donas de casa têm sentido a inflação na pele. “Com o valor que elas levavam antes para o mercado, já não compram 16 | www.voxobjetiva.com.br

os mesmos itens. Com isso, as donas de casa têm preferido substituir produtos ou, às vezes, nem isso”, revela a presidente do Movimento das Donas de Casa/MG, Lúcia Pacífico. “A cada semana temos percebido variações. E está acontecendo em todos os supermercados”, acrescenta. A inflação galopante era o maior medo das donas de casa que viveram no final da década de 80 e no início dos anos 90. Em 1993, a inflação no Brasil atingiu 2400%. A título de ilustração e utilizando o Real como referência (moeda que passaria a circular apenas em 1994), um item que abria o ano custando R$ 10, finalizava o mesmo ano valendo R$ 250. A situação provocava um alvoroço nos supermercados com consecutivos escalonamentos de preços e impedia que

as pessoas se planejassem minimamente. Por causar reflexo tão devastador, a inflação nesse período foi associada à figura de um dragão. Embora não passe nem perto do que viveu no início da década de 90, Lúcia acredita que o contexto atual requeira atenção. “Não acho essa elevação da inflação um movimento natural. Precisamos que nossos governantes tenham poder para inibi-la. A população já está fazendo a parte dela economizando água, energia,... Então é preciso que haja uma contrapartida do governo. Não se pode deixar a inflação crescer porque, se deixar, ela vai embora,...”, conta. De acordo com o professor de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG)


METROPOLIS

Lúcia Pacífico, presidente do MDC/MG

Ricardo Rabelo, há vários fatores que levam ao quadro inflacionário atual do Brasil. “Um deles é a indexação de preços à inflação passada, o que leva a reajustes automáticos de preços. Há também o impacto da desvalorização da moeda, que aumenta os preços dos produtos importados no mercado brasileiro”, explica. A inflação tem sido puxada principalmente pelos itens da cesta básica e pela prestação de serviços. Isso tem feito o brasileiro perder o poder de compra. “Com isso, diminui-se cada vez mais a cesta de bens”, resume o professor de Economia do Ibmec/MG Felipe Leroy. Entre os produtos industrializados,

MDC/MG / Divulgação

A população já está fazendo a parte dela economizando água, energia,... Então é preciso que haja uma contrapartida do governo. Não se pode deixar a inflação crescer porque, se deixar, ela vai embora...

quando não dizem respeito apenas aos preços, os reajustes se dão na redução de peso ou de volume. Às vezes, as duas coisas ocorrem ao mesmo tempo. Segundo levantamento feito pelo Movimento das Donas de Casa, energia elétrica, gás de cozinha, telefone e água são os serviços que mais têm encarecido. Hortifrutigranjeiros, laticínios e as carnes têm figurado como os vilões dos supermercados. Entre produtos e serviços pesquisados todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cebola era, até julho, o item que apresentava maior aumento no ano, uma elevação acumulada de 155,19%. Poucos foram os produtos que tiveram

redução de preço no período. A medição da inflação pelo IBGE se dá por meio de dois índices: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que leva em consideração os gastos de famílias com renda de um a seis salários-mínimos, e o IPCA, que leva em consideração os gastos de famílias com renda de um a 40 salários. É com base no IPCA, que nada mais é que do que a inflação, que o governo define metas de inflação e a taxa básica de juros, que em quadros inflacionários é elevada para manter o controle. Para Rabelo, a economia brasileira vive um momento de “estagflação”, a | 17


Marcos Santos / USP

METROPOLIS O quilo da cebola tem levado as donas de casa às lágrimas. É o item que acumula maior aumento no ano

quanto isso, itens e serviços sofrem aumentos ao vento de crises energéticas, baixa safra e da indesejada inflação. Para Leroy, não ocorreram reajustes reais dos salários nos últimos anos. “A inflação acumulada está cada vez maior, sendo que os aumentos de salários acumulados não conseguiram recompor a perda ocasionada pela inflação”, argumenta. Para o professor, corrigido pela inflação dos últimos dez anos, o salário-mínimo, que hoje está em R$ 788, deveria estar próximo de R$ 1,8 mil. junção entre a estagnação e a inflação. Segundo ele, o melhor caminho para o controle inflacionário seria impedir os reajustes automáticos de preços pela inflação passada e tentar controlar a desvalorização do Real. O outro passo seria do mesmo modo desafiador: incentivar o crescimento econômico, que este ano deve registrar números negativos. O professor Rabelo ressalta também que a queda do crescimento pode impulsionar a inflação. “É preciso adotar políticas que efetivamente detenham a inflação. Ela não será reduzida com o aumento da taxa básica de juros. É preciso adotar políticas amplas para manter o valor da cesta básica. Uma rede alternativa de comercialização dos produtos componentes dessa cesta é a única forma de preservar seu

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valor. É necessário também atacar um dos fatores da inflação que é a alta dos preços dos alimentos. Basta o governo manter e ampliar o Programa de Incentivo à Agricultura Familiar e vinculá-lo a essa rede alternativa”, sugere Rabelo. DEFASAGEM Calculada isoladamente em um produto ou outro, a inflação não parece tão ameaçadora. Mas à medida que os carrinhos de supermercado se avolumam e a necessidade por serviços surge, maior é a sensação de impacto causado pela inflação. Diante de reajustes consecutivos, muita gente se questiona sobre o descompasso dos aumentos nos valores de produtos e serviços com os reajustes na folha de pagamento. Os salários se mantêm na folha por meses e anos. En-

O professor do Ibmec entende que, para corrigir de forma adequada, os salários deveriam ser ajustados com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) acumulado nos últimos dez anos e não pelo índice de inflação que, segundo ele, não está na base dos contratos vigentes na economia. Rabelo também acredita que o mecanismo de cálculo do governo esteja defasado. Para o professor, no entanto, o IGP-M e o índice de inflação não são os melhores índices para a correção dos salários. “Deveria ser criado um índice específico, pois o IGP-M também é pouco adequado por ter vários componentes: de índice de preços ao consumidor, do atacado e da construção civil”, indica.


ARTIGO

Kênio Pereira Imobiliário

Combata a falta de educação no condomínio Em um condomínio, os problemas de vizinhança não podem ser ignorados, pois, com o passar do tempo, correm o risco de ser agravados e podem gerar grandes conflitos. Deixar de enfrentar o problema pode ser a pior atitude, pois os ânimos podem ficar acirrados e sair do controle.

de 145 por dia, superior às mortes da guerra civil da Síria. No Distrito Federal foram 780 homicídios em 2012, o que superou os 682 da França. No mesmo ano, a Itália teve 529 homicídios. No Brasil, há cem vezes mais homicídios que a Itália, conhecida por ter a Máfia.

As pessoas estão a cada dia mais nervosas, impacientes e individualistas. Certamente você já ouviu de uma mãe ou de um pai a frase: “meu filho terá tudo que eu não tive”. O resultado desse tipo de postura é a proliferação de cidadãos que se acham deuses, que não aceitam nenhuma regra nem frustração, pois foram criados sem limites.

BOA VONTADE NÃO RESOLVE

Com o crescimento das áreas de lazer, as pessoas ficaram mais próximas nos condomínios, o que contribui para a potencialização das situações de conflitos. Entretanto, muitos fingem que isso não existe, pois continuam a ser redigidas convenções copiadas e ultrapassadas como se vivêssemos num paraíso, sem impor regras e a possibilidade de o síndico aplicar multas. Um leitor me enviou o seguinte relato demonstrando sua frustração: “o juiz anulou a multa que o síndico aplicou ao morador que perturbava os vizinhos com barulho, um cão feroz que late o dia todo por ficar sozinho e que ainda estacionava na área de manobra. A sentença foi fundamentada no fato de o síndico não ter utilizado técnica para aplicar a multa prevista no Código Civil. A coletividade está revoltada, pois o condômino continua a agredir os vizinhos com suas atitudes irregulares. Dois moradores acabaram se mudando do prédio por não aguentar os insultos”. Poucos sabem que o Brasil é o campeão do mundo em número de homicídios. O país superou 50 mil em 2012. Aqui ocorre o mesmo número de assassinatos que na Índia, que tem população sete vezes maior. A média é

Mesmo com cinco décadas de existência da Lei do Condomínio, está evidente o despreparo das administrações dos condomínios para coibir irregulares, pois insistem em agir de maneira primária, baseada na intuição, razão que acarreta a anulação da multa em juízo. Entretanto, há como eliminar esses problemas com uma convenção bem-redigida e com uma orientação jurídica. ENCONTRO IMOBILIÁRIO DA OAB Diante do desafio de inibir atos irregulares nos condomínios, a OAB-MG promove o XXIII Encontro Imobiliário da OAB. Eu vou ministrar uma palestra sobre diversos problemas que os condomínios enfrentam. O evento está programado para as 19h do dia 21 de setembro. Dentre os temas abordados estão o risco de acabar o “condomínio fechado” com a nova posição do STJ, como coibir impontualidade e atos irregulares, o rateio de despesas nos edifícios com cobertura e nos prédios com sobrelojas e salas.

Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br | 19


ARTIGO

Robson Sávio Justiça

Violência e crise Desde 2013, presenciamos sinais de uma crise que talvez aponte o esgotamento do modelo capitalista. Esse esgotamento pode ser percebido em várias dimensões: colapsos do ecossistema, da política institucional, da economia baseada na especulação e no rentismo, das instituições tradicionais,… Quando analisamos a realidade sociopolítica brasileira nos últimos anos, observamos que o modelo de desenvolvimento iniciado no governo Lula só foi possível pelo poder de compra do mercado chinês, que subverteu todo o metabolismo do capitalismo global. A circulação desenfreada e sem lastro de dinheiro foi a tábua de salvação do capitalismo na última década. O lulismo teve o mérito de ampliar a cidadania, sempre altamente regulada no Brasil. Mas apresentou algumas desventuras: não convidou a classe média para o banquete. Paradoxalmente, os mais ricos e os pobres foram os grandes beneficiários das políticas nos últimos anos. Nunca os bancos lucraram tanto; nunca os pobres tiveram tantas oportunidades. Thomas Piketty, autor de “O capital no século XXI”, numa entrevista recente, demostrou que o foco das tensões sociais mundo afora está relacionado com a perda patrimonial da classe média, o que pode explicar, também, o crescimento da direita e do egoísmo social (não somente no Brasil). Segundo Piketty, na década de 70, a classe média tinha cerca de 30% do patrimônio total. Hoje está mais próximo de 25%. Ao mesmo tempo, observa-se um aumento na concentração de renda nas mãos dos 10% mais ricos. Segundo o IBGE, os 10% mais ricos no Brasil concentram 42% da renda nacional. Essa perda de posição da classe média, diz Piketty, poderia levar esse segmento para a extrema-direita: “quando não conseguimos resolver os problemas sociais de forma tranquila, a tentação é colocar a culpa no outro: trabalhadores, imigrantes, gregos preguiçosos, etc.”. 20 | www.voxobjetiva.com.br

É importante analisar o fato de parte da classe média brasileira, historicamente acostumada com privilégios no lugar de direitos, bandeou para um discurso e uma prática que beiram o radicalismo. Em vez de usar seu poderio político para lutar por justiça social e equidade, ou seja, contra a concentração de renda nas mãos de poucos, segmentos da classe média direcionam seu discurso odioso para atacar as conquistas sociais dos últimos anos ou para agredir os pobres e aqueles políticos e partidos que representariam esses estratos sociais. A violência, que sempre determinou a “ordem” das relações sociais no Brasil, tornou-se o recurso utilizado em doses cavalares por setores da classe média e da elite conservadora que tentam reposicionar-se num cenário de disputas reais e simbólicas. Não nos enganemos: não haverá justiça social e igualdade no Brasil sem tocar nos privilégios historicamente acumulados por parcelas pequenas da sociedade brasileira. Não é possível alcançar a paz sem perder nada. Outro problema político vergonhoso, camuflado nesse cenário de crise, é a intolerância, o racismo, o preconceito – principalmente de matriz socioeconômica - e o fascismo disfarçado de nacionalismo. Esses “demônios” saíram do armário, e seus adeptos querem se impor, afrontando a democracia. O processo civilizatório não deixa dúvidas: a conquista e a ampliação de direitos, mesmo lenta e gradual, são irreversíveis em qualquer sociedade minimamente democrática e plural.

Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br


SALUTARIS

CRIANDO FILHOS BILÍNGUES Desmitificando os aspectos da educação multilinguística

m português bem-articulado, sem sotaque e com expressões culturais, Isabel relata sua trajetória de vida. Doutora em filosofia, artista plástica, escritora e mãe do Theo, de 18 meses, ela se comunica com o filho apenas em português. O bate-papo no idioma de Camões e os códigos utilizados por ela com o filho não seriam novidade, não fosse o fato de ela ser sueca. Isabel Löfgren cresceu em um ambiente multicultural. Em casa, a mãe, brasileira, só falava em português, enquanto o pai, natural de Estocolmo, só se expressava no idioma do país escandinavo. O português e o sueco não foram os únicos idiomas que se tornaram familiares para Isabel desde a infância. Os pais se comunicavam em francês, o que possibilitou que ela aprendesse mais uma língua. “Quando eles se conheceram, minha mãe não falava sueco, e meu pai não falava português”, comenta Isabel, fluente em cinco idiomas. Assim como a de Isabel, muitas famílias convivem em ambientes

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Gisele Almeida, de Estocolmo

em que o bilinguismo é uma realidade. O contato com diversos idiomas é natural em famílias multiculturais em que pelo menos um dos pais é estrangeiro ou imigrante. Acontece o mesmo no caso dos pais que optam por introduzir uma educação multilinguística nos filhos desde o berço, mesmo residindo no país de origem.

Eric tem apenas 14 meses, mas a mãe, Vanessa, já pensa em mudar de Quebec, no Canadá, onde se fala o francês, para introduzir a língua inglesa no cotidiano do filho

O ser humano nasce com a incrível capacidade de aprender qualquer língua falada no planeta. Estar em contato com diversos idiomas desde a infância se torna um patrimônio inestimável | 21


Filha de brasileira, Isabel só se comunica em português com o filho, Theo, de 1 ano e meio

AS DÚVIDAS

Gisele Almeida

Muitas famílias que pretendem criar os filhos em ambientes multilinguísticos se deparam com uma dúvida: será que essa exposição multilinguística não criaria um atraso no aprendizado da fala ou não poderia confundir as crianças?

para as crianças em vários sentidos para ampliar as oportunidades profissionais ou até mesmo para preservar a saúde mental. Estudos coordenados pela doutora em psicologia e responsável por pesquisas em diversas áreas relacionadas ao bilinguismo na Universidade de York, no Canadá, Ellen Biolystok, apontaram várias vantagens para o desenvolvimento cerebral das crianças bilíngues. Publicada na revista científica Neurology, a pesquisa associa o bilinguismo a um atraso substancial no aparecimento de sintomas do Alzheimer. Os pesquisadores verificaram que os pacientes bilíngues tinham sido diagnosticados com a doença cerca de quatro anos mais tarde e relataram o aparecimento de sintomas cerca de cinco anos depois da mesma manifestação por parte dos pacientes monolíngues. Os estudos também demonstraram que quem fala duas línguas no dia a dia tem vantagens cognitivas e apresenta maior facilidade para manter a concentração na resolução dos problemas e maior capacidade de foco. 22 | www.voxobjetiva.com.br

Nosso cérebro foi feito para aprender várias línguas. A maioria da população do planeta vive em locais onde se fala mais de uma língua. Nem por isso, as pessoas são mais confusas do que as populações que vivem em ambientes homogêneos linguisticamente, como é o caso do Brasil Juliana Neves Lindgren Fonoaudiológa

Para a graduada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e em Fonoaudiologia pelo Karolinska Institutet, da Suécia, Juliana Neves Lindgren, não existe nenhum estudo que aponte o bilinguismo como atividade que pode confundir a criança. “Nosso cérebro foi feito para aprender várias línguas. A maioria da

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SALUTARIS população do planeta vive em locais onde se fala mais de uma língua. Nem por isso, as pessoas são mais confusas do que as populações que vivem em ambientes homogêneos linguisticamente, como é o caso do Brasil”, reflete a especialista atuante na área de distúrbios de linguagem com crianças em idade pré-escolar. Para a fonoaudióloga, a ideia de que o bilinguismo confunde as crianças é apenas um mito difundido até mesmo entre alguns profissionais da educação. “Crianças bilíngues atingem os marcos do desenvolvimento da linguagem na mesma idade que crianças monolíngues”, afirma. Ela explica que eventualmente crianças bilíngues podem demorar mais tempo para desenvolver o vocabulário nas respectivas línguas, já que aprendem cada palavra simultaneamente em dois ou mais idiomas. Na Suécia, o multilinguismo é uma realidade na vida escolar.

De acordo com dados do Skolverket, órgão do governo responsável pelo sistema de educação, as crianças estudam pelo menos três línguas até a 6ª série da escola pública. Nos primeiros anos de alfabetização, os alunos estudam duas línguas: o sueco e o inglês. Quando iniciam a 6ª série, eles escolhem mais uma língua estrangeira (espanhol, francês, alemão ou mandarim). No caso de filhos de imigrantes residentes no país, é garantido também o direito a aulas da língua materna desde a pré-escola. OS DESAFIOS Entre brincadeiras, músicas e histórias, a suíça Claudia Boemmels, idealizadora da Revista Digital Brasileiros Mundo Afora e residente em Berlim, ensina também o português para os filhos Fabian, de 9 anos, e Anna Lena, de 6. “É essencial ser positiva e incentivar a expressividade deles de várias formas. Adoro quando

eles cantam em português. Eles se juntam para brincar e cantam músicas brasileiras”, conta. Para a criança desenvolver o aprendizado em diversas línguas simultaneamente, é essencial que os pais falem, expliquem, digam o nome das coisas, leiam livros e respondam às iniciativas de comunicação dos pequenos. Também é importante que eles tenham contato com outras pessoas falantes da língua materna ou paterna, além da família. Atento a essa necessidade, em Copenhague, na Dinamarca, um grupo de mães brasileiras decidiu criar uma associação para incentivar o convívio entre crianças que falam português. “A Associação Brasileirinhos - DK promove encontros e atividades para proporcionar às crianças o contato com a língua portuguesa e com Músicas, brincadeiras e histórias. É por meio desses artifícios que Cláudia ensina o português aos filhos

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Maria Eugênia se faz de desentendida quando as filhas usam o italiano para falar com ela. A afetividade é outro ponto usado para estimular as meninas a aprenderem um novo idioma

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One Parent One Language (Opol) que significa (Um parente, uma língua). Essa técnica consiste em definir papéis na família em que cada um dos pais é encarregado de ensinar um idioma aos filhos. “Dessa forma, a criança vai saber diferenciar a língua e, futuramente, o ambiente em que ela será utilizada”, explica a mãe.

a cultura brasileira”, explica Tatiane Due, uma das idealizadoras do projeto. Para os pais que criam filhos bilíngues, a persistência é um aspecto fundamental para que os filhos não se recusem a falar um dos idiomas. A jornalista Maria Eugênia dos Santos, residente em Milão, na Itália, tem duas filhas: Clara, de 10 anos, e Eloisa, de 8. Ela observa que, em certos momentos, as meninas respondem em italiano porque o vocabulário na língua do país de residência é mais rico. “Às vezes eu finjo não entender o que elas 24 | www.voxobjetiva.com.br

dizem para incentivar a comunicação em português. Elas riem e repetem a frase novamente”, conta. Para a jornalista, falar com o coração é a chave para uma convivência amigável com outra língua. “Aqui em casa dizemos ‘Eu te amo’ e não ‘Te voglio bene’, comenta. Ela acredita que educar com amor e sem cobranças é essencial para manter o interesse das filhas pelo português. A empresária Vanessa Kammer e o marido, residentes há seis anos no Canadá, optaram por criar o filho utilizando o método

Vanessa conversa apenas em inglês com Eric, de 14 meses, enquanto o pai fala português. “Moramos na Província do Quebec. Aqui os alunos não aprendem inglês na escola, mas no futuro eu pretendo me mudar para uma província inglesa. É para isso que estou preparando meu filho”, comenta Vanessa, que revela ser alvo de críticas pela decisão. “As pessoas acham que, como sou brasileira, deveria apenas falar em português com o Eric, mas estou certa de que estou fazendo o melhor para o futuro dele”, argumenta. O brasileiro Marcelo Perrucci, residente em Brasília, também resolveu adotar o Opol em sua família. Pai de Yuna, de 4 anos, e William, de 2, Marcelo se comunica apenas em inglês com os filhos enquanto a mãe das crianças é responsável por ensinar o português. “A língua inglesa é muito importante na sociedade. Mesmo vivendo no Brasil, convivemos com o idioma diariamente em filmes, livros ou músicas. Queremos dar aos nossos filhos a oportunidade de crescer entendendo melhor a diversidade cultural do mundo”, comenta Marcelo.


ARTIGO

Ruibran dos Reis Meteorologia

Os cuidados com os raios Pesquisas recentes feitas pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), órgão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que, nos últimos anos, os raios mataram 1,7 pessoa para cada milhão de habitantes na América do Sul. Na Europa e nos Estados Unidos, o registro de mortes por raios é 17 vezes menor: 0,1 pessoa por milhão. Em Minas Gerais, a estação chuvosa começa em outubro e termina em abril, sendo que os meses de outubro, novembro e fevereiro são os que apresentam o maior número de raios. Com a presença do fenômeno El Niño este ano, a previsão é de que o número de raios seja de 30% a 40% maior do que o normal. As chuvas com raios devem começar na segunda quinzena de setembro, principalmente nas regiões Oeste, Sul, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Pesquisas realizadas pela Agência Espacial Americana (Nasa) mostravam que a República Democrática do Congo, na África, era o país com maior número de raios no planeta. O vilarejo montanhoso de Kifuka seria o local com maior número de registros de raios (média de 158 raios por quilômetro quadrado). Entretanto, uma pesquisa recente feita por meio de uma rede mundial de sensores, mostrou que o lago Maracaibo, na Venezuela, é o local onde mais se tem esse tipo de fenômeno. O lago venezuelano ganhou lugar no Guiness pela “mais alta concentração de relâmpagos do mundo” (250 por quilômetro quadrado). A disponibilidade de umidade associada aos ventos frios que descem das montanhas à noite favorecem a formação das nuvens cumulonimbus. Nas noites de verão é comum ocorrer um espetáculo de raios por lá.

Com a presença do fenômeno El Niño este ano, a previsão é de que o número de raios seja de 30% a 40% maior do que o normal

Na minha tese de doutorado pela PUC Minas, em 2005, gerei um mapa de raios por quilômetro quadrado Em Minas Gerais há um cinturão com alta densidade de raios, começando em Bocaina de Minas, na Região Sul, passando por São João del-Rei, Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Belo Horizonte e terminando na Serra da Canastra. Na RMBH, a densidade é de 8 a 9 raios por quilômetro quadrado. Minas é um dos estados que apresentam maior número de raios no Brasil. O primeiro é o Amazonas; o segundo, o Mato Grosso; o terceiro, o Mato Grosso do Sul e depois, em quarto lugar, aparece Minas Gerais. Os raios acontecem em regiões onde há maior número de formação de nuvens cumulonimbus, que pode atingir o topo entre 12 quilômetros e 15 quilômetros.

Durante uma tempestade de raios, a pessoa não deve ficar exposta em lugares abertos. Se for apanhada por uma tempestade em um campo aberto, a pessoa jamais deve procurar abrigo debaixo de árvores. É preferível os locais planos. A dica é se manter com os pés juntos e de cócoras. Dentro de casa, é necessário tomar alguns cuidados: não tomar banho no chuveiro elétrico, não utilizar telefone fixo, não ficar próximo às janelas e evitar objetos metálicos.

Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com | 25


ARTIGO

Maria Angélica Falci Psicologia

Limitar para crescer Estamos percebendo o crescimento no número de pessoas dependentes, que não demonstram condições de tomar decisões por elas mesmas e de assumir responsabilidades sem medos. Como pais, precisamos evitar que as crianças cresçam sem coragem de se posicionar, sem ousadia nem criatividade ou se sintam incapazes de tomar decisões e desejem apenas o que é fácil. A desistência acaba sendo o caminho tomado por muitas. Cresceram com outra postura aqueles que se viram na obrigação de driblar os momentos econômicos conturbados das décadas de 80 e 90 e que saíram de famílias numerosas para conquistar o que hoje têm. Eles deram tudo de si para darem tudo aos filhos. Acontece, entretanto, que dar tudo de material não implica dar educação. Por esse lado, dar “tudo” não é um ato de amor. Muito pelo contrário. Colocar os filhos em uma redoma, satisfeitos em todos os desejos, tem inúmeras consequências. Ver uma geração de pessoas perdidas, inseguras, sem boas referências, sem atitudes, que esperam muito do outro e expressam pouca resistência é sinal de preocupação. Dar conforto e boas condições de vida aos filhos não é o suficiente; o problema é o engessamento mental. A falta de estímulos do crescimento psicossocial tem um lastro perigoso e, às vezes, irreversível. Dar limites e amor faz parte de uma construção de valor imensurável. Se você conseguir também fazer com que o seu filho “descole” de você, sinta-se independente, seguro e saiba conquistar os próprios objetivos, comemore! É algo do que se orgulhar. Muitos sustentam a antiga ideia de “criar bem” os filhos. Mas a criação nem sempre está associada à educação. Içami Tiba, 26 | www.voxobjetiva.com.br

profissional pelo qual tenho grande apreço e que morreu recentemente, frisou em suas obras muitos pontos dessa relação pais e filhos que merecem atenção. Em um de seus livros, ele apontou: “Educar não é deixar a criança fazer só o que quer. Educar dá mais trabalho do que simplesmente cuidar dela, porque é necessário prepará‐la para a vida”. Para construir solidamente a personalidade de uma criança, impor limites é necessário. Caso contrário, a probabilidade de a criança se tornar uma pessoa insegura, fragilizada, vulnerável e dependente aumenta. Acredito que não haja maior tristeza para pais que se perguntam “onde errei?”, mesmo tendo dado “tudo” ao filho. “Dei o meu melhor para o meu filho, mas infelizmente o que considerou ‘melhor’ trouxe problemas e conflitos de toda ordem”, alguns se queixam. Quando a criança não se desenvolve e não há nenhuma questão de ordem neurológica envolvida, geralmente a raiz do problema está no excesso de proteção dos pais. A minha dica é a seguinte: faça realmente o melhor para o seu filho. Encha ele de muito amor, elogios, ajude na construção da autoestima, mas frise que existem limites e que nem tudo o que ele quer é pertinente ao seu crescimento. Vocês são pais, não o “Gênio da Lâmpada”. Termino com mais uma frase de Içami Tiba. Que fique para reflexão. “E os filhos são como navios... A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos para singrar os mares”.

Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental angelfalci@hotmail.com


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DIANTE DO ESPELHO Vaidade ou autoestima? A dualidade nas intervenções estéticas em jovens Tati Barros ocê pode não conhecer ou não saber a razão da fama, mas certamente já ouviu o sobrenome Kardashian em algum momento. O clã liderado pela socialite americana Kim Kardashian West é o que se pode considerar um fenômeno mundial. Tudo o que carrega esse sobrenome passa a servir de influência: são looks, cabelos ou intervenções estéticas tão características do cotidiano da família protagonista do reality show “Keeping Up With The Kardashians”. Em matéria de alterações estéticas, a caçula da família, Kylie Jenner, vem se destacando na mídia há algum tempo. Com apenas 18 anos completados em agosto, a modelo ganhou os holofotes pela clara mudança no visual. A atual marca registrada da garota, os lábios, por

tempos virou motivo de especulação, dado o volume que ganharam de uns tempos para cá. Houve até tentativas de negar os procedimentos, usando como desculpa alguns truques de maquiagem. O visual rapidamente conquistou adolescentes que, na tentativa de conseguir resultados parecidos, aderiram a métodos caseiros, como a sucção dos lábios com objetos que provocam o inchaço momentâneo da região. O procedimento, vale reforçar, pode trazer danos à saúde. Apenas há pouco tempo, em um dos episódios do reality show, Kylie assumiu ter alterado os lábios. Embora haja boatos de que a modelo tenha passado por outros tipos de intervenção, como lipoaspiração e a aplicação de silicone, o procedimento na boca foi o único assumido. O preenchimento labial

de Kylie foi realizado com ácido hialurônico que, segundo o dermatologista Bruno Vargas, é uma substância comumente aplicada na face. Por ser capaz de reter água, o produto hidrata a pele e atenua as rugas faciais, criando um visual harmonioso. O ácido hialurônico é uma substância absorvível e totalmente inerte ao organismo, pois está presente naturalmente na pele. Com a idade, a quantidade do ácido usado na pele diminui gradativamente, ocasionando na perda de volume e de elasticidade. “A volumização dos lábios com esse ácido requer cautela, uma vez que, se feito em exagero, pode deixá-los desproporcionais ao rosto”, comenta o médico. A criação de expectativas irreais requer cuidado especial em se tratando de adolescentes que desejam | 27


Jô Magalhães

SALUTARIS

É preciso determinar cuidadosamente se realmente existe uma alteração corporal que justifique uma intervenção. Além disso, é preciso ficar atento se a cirurgia é desejo do próprio paciente ou dos pais Patrícia Lana, cirurgiã plástica

alterar o corpo tendo como referência celebridades. Isso é o que defende a cirurgiã plástica e membro da equipe de Cirurgia Plástica do Hospital Felício Rocho, Patrícia Lana. “É importante explicar aos jovens que não é possível se tornar igual ou parecido com outras pessoas, mas dá para aperfeiçoar as características do corpo de cada um”, enfatiza. Aos 19 anos, a estudante Larissa Mendonça já passou por três intervenções estéticas. A primeira foi uma lipoaspiração aos 15 anos. Mas o motivo não inclui a vaidade nem o espelhamento em alguma estrela. 28 | www.voxobjetiva.com.br

“Sempre fui aparentemente magra, mas desde criança tive muita gordura localizada nos lados e que não saía por nada. Quando cheguei à adolescência, isso começou a afetar muito a minha autoestima. Não ia mais à praia e só usava roupas bem largas. Isso que parecia algo bobo, acabava afetando em tudo na minha vida, pois deixava de sair com os meus amigos e não usava biquíni na frente de outras pessoas”, relembra. Após frequentar a academia e testar procedimentos estéticos para a redução da gordura localizada, a jovem convenceu os pais a darem a

cirurgia a ela como presente de 15 anos. “Minha mãe me levou ao cirurgião plástico dela pra ele avaliar meu corpo. Na consulta, ele confirmou que essa gordurinha não sairia completamente só com academia. Foi aí que meus pais decidiram marcar a minha primeira cirurgia, já que isso estava me afetando tanto”, conta. Após a primeira intervenção, Larissa implantou silicone nos seios e fez outra lipoescultura, desta vez, reparativa, já que a primeira cirurgia deixou alguns nódulos na barriga. Os procedimentos corresponderam às expectativas de Larissa,


SALUTARIS que diz ter recobrado a autoestima. “É muito bom você se sentir bem consigo mesma, e as cirurgias me proporcionaram isso. Por mais que tenham ocorrido alguns contras no pós-operatório, fiquei bem feliz por ter feito e não me arrependo de forma nenhuma”, finaliza. O MOMENTO CERTO De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o número de operações realizadas entre 2008 e 2012 em pessoas na faixa dos 14 aos 18 anos cresceu 3,5 vezes mais do que no público adulto. Passou de 37,74 mil procedimentos para 91,1 mil. Patrícia explica que não existe uma regra que defina a idade ideal ou mínima para a realização de cirurgias plásticas e cada caso deve ser avaliado cautelosamente de acordo com o desenvolvimento da região a ser operada. “Na maioria dos casos, é preferível aguardar o completo crescimento das estruturas, mas existem exceções. Por exemplo: muitas vezes, pacientes de 16 anos apresentam mamas tão grandes que a espera pelo término da adolescência pode acarretar deformidades na coluna. No caso das orelhas de abano, com 6, 7 anos de idade, a orelha já desenvolveu quase que completamente, e a cirurgia já pode ser feita”, exemplifica. Por outro lado, ela alerta para a necessidade de avaliar se as expectativas do paciente são reais e se ele está preparado para enfrentar os cuidados do pós-operatório. Qualquer tipo de intervenção é indicado pelos psicólogos, após detecção de que o aparente problema incomoda a ponto de limitar a vida social do paciente. Para Patrícia, o acompanhamento dos pais é essencial pois, além de darem o consentimento para a realização de eventuais procedimentos, eles trazem informações importantes so-

tisfação, em vez de procurar se conhecer e se aceitar”, analisa. bre como o adolescente lida com o problema e como isso o afeta. A cirurgiã também alerta para o fato de que a adolescência é uma fase em que ocorrem intensas modificações no corpo e nas relações sociais. Por essa razão, é importante “determinar cuidadosamente se realmente existe uma alteração corporal que justifique uma intervenção. Além disso, é preciso ficar atento se a cirurgia é desejo do próprio paciente ou dos pais”, alerta. O PSICOLÓGICO A psicóloga Maura Albano defende que boa parte das intervenções precoces sejam resultado da sociedade do consumo, em que há a incitação a experimentar algo novo, como forma de se encaixar em um padrão. “Nos últimos tempos, a beleza se transformou em um bem de consumo, algo extremamente desejado. O grande problema disso é que o jovem vê a intervenção como um caminho mais fácil para alcançar uma sa-

Essa visão é compartilhada pelo dermatologista Bruno Vargas, que vê na internet um forte meio de influência para os jovens. “Cada vez mais, principalmente com a internet e as redes sociais, os jovens têm acesso fácil às rotinas de beleza de famosos, à manipulação de imagens, a um verdadeiro ‘culto ao belo’. Isso faz com que essa busca pela perfeição comece cada vez mais cedo”, acredita. No campo psicológico, os danos podem ser ainda maiores, uma vez que a insatisfação possa não ser sanada e, diante disso, o adolescente queira fazer cada vez mais intervenções na busca da imagem perfeita. Segundo Maura Albano, os adolescentes, de forma especial, são impulsionados pelo modismo e, por essa razão, é necessária a orientação dos pais e, principalmente, de um bom profissional, diante da decisão de enfrentar o bisturi. “Muitas vezes, a questão não está no problema estético em si, mas na autoaceitação. Busca-se a solução externa, quando o problema é interno”. | 29


SAPORIS

Polenta com Ragu de Linguiça Funghi Porcini Receita do Bouquet Garni

60 Minutos

10 Porções

INGREDIENTES RAGU

PREPARO RAGU

1 cebola média picada 50 g de alho amassado 50 ml de azeite 1 kg de linguiça semidefumada 2 latas de tomate Pelati 160 g de Funghi Porcini (Hidratado em água fria)

Corte a linguiça em cubos. Coloque o azeite em uma panela grande aquecida e doure a linguiça. Depois acrescente o alho e a cebola, deixe dourar e entre com o tomate amassado. Na sequência, introduza o funghi com água e deixe cozinhar até reduzir a água. Coloque o sal a gosto e pimenta-do-reino. PREPARO POLENTA

INGREDIENTES POLENTA Coloque a água para aquecer e junte dois tabletes de caldo de galinha, introduza a milharina mexendo sempre. Finalize com uma colher de sopa de manteiga e 300 gramas de queijo ralado parmesão.

Divulgação

1 pacote de milharina 5 litros de água 300 gramas de queijo parmesão

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SAPORIS

garrafa seja um ser vivo, louco para ser aberto e degustado por alguém que queira dialogar com ele. O ato de beber e de desfrutar de um vinho remete ao cuidado que temos com nossos familiares, em especial, com pais e filhos. Beber um vinho com o pai é um ato simples, mas a atitude de dividir uma garrafa com quem coloca você no mundo pode ser um momento inesquecível.

Harmonização Polenta com Ragu de Linguiça Funghi Porcini Nelton Fagundes, Enoteca Decanter

Divulgação

Todos os elementos presentes na polenta, no ragu de linguiça e no funghi, além, é claro, de sua cremosidade e do perfil aromático, combinam perfeitamente com os aromas e com todo o frescor presente no Carpaneto, de Umbria, da Itália. Trata-se de um tinto moldado na Cabernet Sauvignon e complementado com uvas típicas italianas, contribuindo para uma fusão entre taninos macios e a incrível cremosidade presente na polenta.

De pai para filho Nelton Fagundes Sommelier da Enoteca Decanter BH Quem teve a oportunidade de beber um vinho da sua idade ou um mais velho sabe como essa pode ser uma sensação emocionante. Essa experiência única marca um admirador de vinhos. Eu tive o privilégio de provar vários da minha idade e vários com muito mais tempo de vida do que eu. Recomendo a todos essa experiência!

fícil. Muitos ainda não têm a devida paciência para isso nem o conhecimento necessário para deixar o vinho em descanso dentro de adegas para que o rótulo aprimore as qualidades organolépticas. Entretanto, muitas pessoas têm o cuidado de guardar para deixá-lo evoluir de forma adequada, buscando extrair do vinho o seu melhor.

Em momentos de pouco tempo para quase tudo, comprar vinhos para envelhecer se tornou uma tarefa di-

Neste artigo, trato de paixão, amor e família! Podemos comparar o vinho às pessoas e considerar que cada

Eu sou um pai em processo de formação. Meu filho, Benício, vai nascer daqui a menos de três meses. Planejo comprar vários vinhos de 2015, com potencial de guarda e que possam melhorar com o passar dos anos, para beber ao longo dos seus aniversários e esperar loucamente que, ao completar 18 anos, ele possa dividir comigo uma garrafa com a mesma idade. Será algo especial! Por enquanto, tenho o privilégio de continuar bebendo vinhos com meu amado pai que, sempre com muito carinho e atenção, escuta minhas explicações sobre o universo enológico. É importante ressaltar que não é qualquer vinho que envelhece bem. Devemos escolher o rótulo certo de regiões que permitem um bom envelhecimento e que possa realmente nos proporcionar prazer em degustá-lo no seu momento pleno. Com certeza, minha adega terá alguns bons Bordeaux, Bourgognes, Brunelos, Barolos e grandes vinhos de todo o mundo. A intenção é ter uma bela coleção de ótimos vinhos para desfrutar com meu filho, mostrando a ele a importância dos rituais e como algo tão emocionante, como bons vinhos, pode nos proporcionar situações simples e únicas. O vinho nos permite isto: sensações e possibilidades infinitas. Um vinho “bom”, que nos emociona, deve ser compartilhado com pessoas especiais. Nada melhor do que beber um vinho com nosso pai ou com nosso filho. | 31


ARTERIS

Vestida em flor A primavera traz a feminilidade das estampas florais para a moda-festa

etembro: mês de mudança de estação e de nova temporada para o mundo da moda. A Primavera - Verão 2016 promete ser ainda mais florida que o habitual. Isso porque as grifes elegeram a estampa floral como o hit que vai colorir as vitrines e ganhar as festas mais badaladas. O print pode até não ser tão inovador, mas é inegável que em 2015 tenha aparecido com ainda mais força nas coleções. A moda-festa, em especial, rendeu-se a essa proposta, garantindo produções luxuosas e cheias de feminilidade. Um exemplo de marca que apostou na tendência é a mineira Mabel Magalhães. Na última edição do Minas Trend, a grife tinha antecipado em seu elogiado desfile que as rosas trariam o colorido especial para a coleção inspirada nas musas do cinema das décadas de 50 e 60. Assim os prints aparecem em shapes ultrafemininos, que desenham o corpo e acrescentam volume. A estampa bicolor com silhueta de rosas em verde e azul klein traz duas versões com o jogo de cores invertido, permitindo maior versatilidade nas combinações. Já a grife Ellizabeth Marques trouxe da China a inspiração floral para a 32 | www.voxobjetiva.com.br

Weber Pádua

Tati Barros

temporada. A botânica oriental, representada pela peônia, é o fio condutor da coleção. A flor na cultura chinesa é simbolicamente responsável por anunciar a chegada da primavera. Além disso, ela é considerada a flor do país. A estamparia digital destaca pinturas florais de peônias da Dinastia Qinge e macroasas das borboletas Malachitas orientais. É romantismo puro!

tampas como as próprias peças produzidas com elas, que ganham formas diferenciadas em sua modelagem por meio da estamparia. Outro tipo de composição especial da temporada são os florais usados em escalas distintas dentro da mesma estampa. Flores miúdas misturadas às flores grandes criam a sensação de estampas distintas na mesma peça”, explica.

A designer Celene Godói é especializada na criação de estampas e, há quatro anos, o nome responsável por assinar os prints das coleções da grife Alphorria. A especialista conta que, nesta temporada, o floral chega com uma característica especial: as composições de flores com outros elementos gráficos, como listras e geométricos. “Este recurso enriquece não só as es-

O processo de criação dos prints que vão estampar as peças de uma coleção está ligado a elementos que vão além da inspiração da designer. Segundo Celene, o trabalho se inicia em conjunto, a partir das ideias da equipe de estilo da marca, do tema da coleção e até mesmo das tendências internacionais. A partir daí, a designer tem liberdade para interpretar essas demandas


ARTERIS

Weber Pádua

à sua maneira. “Desenvolvo imagens e desenhos exclusivos para cada estampa que vou criar. Valorizo muito o trabalho manual e de construção dessas imagens. Gosto de desenhar, pintar, fazer colagens e, com isso, compor minhas estampas. Fotografar também é uma prática muito comum no meu processo. Daí, posso ilustrar sobre os elementos fotografados ou utilizar as próprias imagens nas estampas”, conta. Como não poderia deixar de ser, a estampa floral também está presente na Primavera - Verão da Alphorria. E as flores aparecem como ilustração do tema desta coleção, que foi inspirada nas deusas gregas e suas atmosferas de beleza e feminilidade. “Pesquisei flores que estariam numa paisagem grega para compor as estampas. Foi então que as bouganvilleas, flores características do verão nas ilhas gregas, deram origem a diferentes estampas, utilizadas em fotos e em ilustrações”, explica. Para a designer, os temas das coleções ajudam na hora de diferenciar um floral desta estação para a outra, uma vez que as flores estão sempre presentes nesta época do ano.

Reprodução

A tendência vai além das peças de roupas e estampam, inclusive, coleções de marcas de cosméticos. Um exemplo disso é a L’Occitane au Brésil, que convidou Celene Godói para desenvolver as estampas da linha Pomar de Flores, que tem foco nas flores de frutas típicas do Brasil. “Desenvolvi as ilustrações da Flor de Acerola, Flor de Carambola e Flor de Goiaba. Posteriormente, as estampas corridas de cada uma dessas flores. Tudo isso foi feito a partir das minhas técnicas e do meu estilo. Essas ilustrações e estampas foram a base para a criação das embalagens da linha, desenvolvidas pela equipe francesa de designers da marca”, destaca.

A tendência aparece ainda em um mix com bordado floral

Estampas com flores delicadas e menores dão um toque de sofisticação às peças

Para quem deseja investir na estampa para um momento memorável, a dica é escolher uma padronagem que valorize o seu biotipo. Quem tem uma silhueta magra e é mais alta, uma sugestão é apostar em flores em tamanhos maiores. Já para as mais baixas e que estão acima do peso desejável, a ideia é investir em prints menores e mais delicados. Um truque de styling para criar o efeito de uma silhueta mais fina é optar por peças com fundo escuro, como preto ou azul marinho. Por fim, para quem não tem medo de ousar, uma opção moderna é o mix de estampas. Você pode combinar diversas padronagens florais ou escolher prints diferentes, como o xadrez - tendência há algumas temporadas -, ou a listra, que está em alta. Para não errar, aposte em tonalidades parecidas, criando uma harmonia visual e encantadora. | 33


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À MODA DOS NOIVOS

Uniões personalizadas trazem criatividade ao grande dia e tornam cerimônias cada vez mais autênticas Érica Fernandes s paredes ainda estavam sendo erguidas, mas Juliana Gouveia não tinha dúvida: o museu Caravaggio, na Vila da Serra, era o lugar ideal para a celebração do seu casamento. Ela não tinha referência de conhecidos sobre o que seria selar a união com o então futuro marido, Murilo Guimarães,

nesse espaço cultural da simpática Nova Lima. Mas a vontade de fugir da igreja, ou melhor, do tradicional cenário religioso, animava – e muito – a empresária. E a cerimônia surpreendeu. Os convidados ficaram impressionados com as obras de arte do espa-

ço. E a arquitetura do local trouxe o requinte e a elegância de que o evento precisava. Para agregar ainda mais originalidade, o traje dos garçons foi em estilo medieval, contribuindo para fazer da celebração uma volta no tempo. A aposta de Juliana foi certeira e representou um pouco do perfil inovador do casal.


Oswaldo Marra e Jane Magalhães

Se o que une a história de Juliana e Murilo é o interesse pelo singular, a de outros sete casais, vencedores do concurso Rock in Rio, é o amor ao estilo musical que dá nome ao evento. Eles vão trocar alianças entre os dias 18 e 27 de setembro na cidade do rock. A celebração será feita diante de uma multidão de, pelo menos, 85 mil pessoas. Para fazer parte desse seleto grupo, os noivos tiveram que passar por uma rígida avaliação da comissão organizadora do evento ligada ao setor de casamentos. Mas casar-se diante de uma multidão de desconhecidos não é o que apetece grande parte dos noivos. O casal de Belo Horizonte Dante Gontijo e Carolina Borges preferiu fugir das multidões. Eles optaram pela presença apenas dos pais, poucos familiares na cerimônia e convidados mais íntimos que fazem parte da história do casal. A cerimônia foi celebrada no paradisíaco arquipélago de Fernando de Noronha.

Essas histórias são unidas por uma característica: todos buscaram imprimir a personalidade do casal em cada detalhe do matrimônio. Essa é uma das características marcantes das cerimônias matrimoniais do século 21. Segundo a autora de um blog especializado em casamento, Marcella Lisa, muitos noivos abandonam tradições e formalidades por uma união que tenha a “cara” do casal. “Nos últimos anos, o campo, a praia e a casa se tornaram cenários muito comuns na preferência dos noivos para celebrar a união. Outra mudança recorrente é o casamento com sentido. Muitos noivos preferem trocar as

Oswaldo Marra e Jane Magalhães

Juliana e Dante se mostraram bastante intimistas, mas Shamiah e Pascal foram muito além. Eles resolveram se casar sem a presença de convidados em nada menos que um penhasco. Eles trocaram juras de amor diante das lentes de um fotógrafo nas montanhas de Yosemite, no estado americano da Califórnia.


Frank Bitencourt

alianças em um local que tenha a ver com eles. O casamento diz mais respeito aos noivos e menos sobre a sociedade”, acredita a blogueira com mais de 80 mil seguidores no instagram. Reconhecida no mercado mineiro pela experiência de mais de 300 casamentos, a cerimonialista Carol Namorato avalia essa mudança de comportamento. “Cada vez mais, os noivos querem uma cerimônia personalizada, falando do amor e da história deles. Isso, sem contar os votos não tradicionais, que estão mais lindos e emocionantes”, afirma. Diante desse cenário, além dos casamentos em ambientes naturais, destacam-se as cerimônias em espaços que, até então, não estavam propriamente relacionados com as celebrações matrimoniais. É o caso de hotéis, adegas, resorts e museus. São espaços que impressionam, fogem do tradicional e não estão ligados aos rituais religiosos específicos. Esses ambientes proporcionam novas cores, arquiteturas, formas e uma atmosfera em que todos possam se sentir bem e celebrar o amor acima de qualquer coisa.

mentos diurnos: mais uma influência americana. É o que confirma a gerente de vendas Caroline Marques, que se casou às 11h na Praça do Papa, em uma cerimônia-surpresa. “Amamos esse ponto turístico de Beagá, e a vista dali é maravilhosa. Por isso, meu marido, Filipe, achou que seria perfeito celebrarmos à luz do dia”, relata Caroline. Ela foi surpreendida no casamento com a presença de amigos, familiares e de um pastor incumbido de celebrar a união.

Embora defenda que casamentos à moda antiga nunca saiam de moda, a empresária do ramo e pós-graduada em planejamento e Gestão Organizacional Patrícia Fortes aponta os miniwedding – cerimônia com número menor de convidados – e os destinations wedding – cerimônias em praia, florestas ou no campo – como modelos que estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil. Patrícia confirma esses perfis como ótimas escolhas para quem deseja celebrar de forma original.

Aquela história de que a noiva decide tudo no casamento e quem paga é o noivo também ficou no passado. Os homens estão mais presentes na escolha dos detalhes do casório. Casado há dois anos, o vendedor Rafael Lima fez questão de opinar sobre detalhes dos preparativos. “Ajudei a escolher parte da decoração e sugeri como os padrinhos se vestiriam: segui o modelo norte-americano no qual as madrinhas e os padrinhos se vestem igualmente”, conta com o orgulho de quem contribuiu com uma parcela significativa para o sucesso do enlace. Outra forte tendência são os casa-

Juliana Lery e Serapião

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la de vestido esvoaçante e alvo, com tules e rendas. Ele de terno engomado, gravata e sapatos extremamente lustrados. Essas são as características que descrevem os trajes de um dos ritos mais populares no Brasil – a cerimônia de casamento. Em um país pluricultural como o Brasil, surpreende o fato de essa cerimônia tradicional prevalecer nas mais diversas regiões do país. No entanto, o novo vem ganhando espaço. Cada vez com mais frequência, casais têm optado por peças que combinem com o próprio estilo. Antes predominantemente brancos, os vestidos agora ganham cores. Os sapatos estão abrindo passagem para botas e tênis. Tem até quem não use nada! Já o terno, tradicional peça do guarda-roupa masculino e adotado nas cerimônias matrimoniais, agora não é tão usado.

Véu ou grinalda? Que nada! Cores, acessórios diferenciados e o estilo do dia a dia influenciam casais que caminham em direção ao altar Ariane Lenoir

Para a criadora dos blogs Casando em BH e Casando com Amor, Bel Ornelas, não existe uma ruptura com a tradição, mas a adoção de novidades, como a personalização de trajes. “O ritual do casamento está se tornando mais um momento de escolhas do que algo fechado. E, por isso, as pessoas estão dando um toque de mais personalidade às cerimônias. Consequentemente casamentos fora dos padrões estão acontecendo com maior frequência”, afirma a blogueira. Nos dois blogs, Bel já fez postagens sobre quase 800 casamentos. Um pouco da história dos noivos e fotos do grande dia estão documentados nas postagens. Ela acredita que os casamentos nos quais os noivos buscam originalidade no modo


de vestir representem uma minoria, porém Bel percebe que a ousadia está sobressaindo diante dos tradicionalismos. “Certamente é possível afirmar que essa tendência tem crescido”, conta Ornelas. Por ser um estado muito arraigado às tradições, Minas Gerais não se destaca tanto quando o assunto é ousadia. “Em relação às outras regiões do país, os mineiros são os que se mostram mais ligados à tradição”, destaca. Os paulistas Amanda Francelino e Thiago Bianchisão estão entre os casais que trocaram o convencional pelo irreverente. “Nós somos amantes do retrô e do vintage, adoramos Rock’n’Roll e resolvemos aliar tudo isso no nosso casamento”, conta Amanda. Ela não abriu mão do traje branco, nem do buquê de flores, mas elegeu um modelo curto para o grande dia. Não foi somente no vestido que Amanda ousou. O batom e os sapatos bordôs, típicos das personagens pin-ups, também marcaram o look. O noivo, é claro, não poderia ficar de fora. Outro protagonista no casamento, Thiago abriu mão do paletó, da barba bem-feita e das abotoaduras e manteve-se fiel ao estilo habitual. “No início, o Thiago achou que os suspensórios não iriam combinar com ele, mas, no fim, ficou perfeito”, confessa a esposa. O casal Amanda e Thiago se inspirou na moda do rock dos anos 50 e 60 para compor os looks para a celebração do casamento. Para quem deseja algo menos usual, há muitas opções. Detalhes e acessórios, assim como a roupa para o grande dia, tudo pode ganhar um toque de autenticidade. Se antes as noivas decidiam entre uma tiara, véu ou grinalda para ornar os cabelos, agora o leque de opções se abriu ainda mais. Chapéus, coroas


de flores, headbands, casquetes e voilettes estão entre os preferidos. Esse é um quesito em que os homens ainda são tímidos. Alguns se arriscam com um chapéu ou uma boina, mas a maioria sobe ao altar com a cabeça descoberta. Diferentemente das noivas sempre de branco, os noivos não tinham uma cor padrão para o traje. Simplesmente partiam do princípio de que deveriam se vestir com peças de cores sóbrias. Agora as paletas de cores foram ampliadas. O uso do terno não se limita mais ao preto, ao cinza ou ao azul-marinho. Cores vivas, combinando com os sapatos e os buquês das noivas ou até o xadrez viraram alternativas. Para quem quer inovar ainda mais e aposentar o terno, é possível usar camisa com suspensórios, coletes e até mesmo uma bata no leve estilo hippie. Designer de joias há cerca de 20 anos, Suka Braga identificou, há algum tempo, a falta de opções e o desejo pela inovação por parte de alguns noivos. Nos últimos três anos, ela passou a se dedicar à produção de peças específicas para casamentos. Além das joias e de alianças personalizadas, voilettes, véus e acessórios diferenciados para noivas compõem o catálogo de Suka. “O que mais me inspira são as palavras. Por isso, digo que meu exercício tem um perfume de memória. Quem procura uma tiara de metal com pedras não vai encontrar isso em minhas histórias”, conta a artista. Suka utiliza retalhos, rendas, tecidos garimpados e peças antigas como matérias-primas para seus produtos.

O importante é ser você Como é corriqueiro no mundo da moda, uma tendência que esteve no auge em algum momento e parece ter caído no esquecimento pode voltar com força total. É por isso que tanto se ouve falar no vintage, moda dos anos 20 aos 60 que traz toda

a sutileza e o romantismo para os looks contemporâneos. Com o ar vintage bem-aguçado, mas sem se limitar a rótulos ou a conceitos preestabelecidos, a estilista Gisele Dias uniu a paixão pelo retrô à procura das noivas por vestidos únicos e românticos para inaugurar o atelier A Modista, em São Paulo, há uma década. Inicialmente com um trabalho mais abrangente, com o tempo, a loja se especializou em modelos para casamentos devido à grande demanda. Gisele se dedica diariamente às noivas e define o próprio negócio partindo da seguinte premissa: “um atelier para noivas que pensam ‘fora da caixinha’”. Além dos vestidos que fogem do padrão, inspirados em eternos ícones do cinema e da moda, como as atrizes Audrey Hepburn e Grace Kelly, A Mo-

Para Gisele, sentir-se seguro é fundamental para que o casamento seja repleto de boas recordações

dista dispõe de vestidos conceituais inspirados na história do casal. As peças antigas dos familiares que são redesenhadas são outra opção. A ideia é que o vestido agrade em todos os sentidos – como vestimenta e como artigo de memória afetiva. Para Gisele, as pessoas precisam se sentir seguras, arriscando ser elas mesmas, principalmente em um evento tão importante e protagonizado por elas: o casamento. “A originalidade vem da própria personalidade; não de algo imposto. Assim as noivas têm oportunidade de se mostrar diferentes, verdadeiras e femininas”, pontua a estilista.


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Mimos Na hora de convidar madrinhas e padrinhos surge a dúvida de qual presentinho dar para evidenciar o quanto esses amigos são especiais. Separamos algumas dicas com comentários da blogueira Bel Ornelas para você acertar na escolha.

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“Uma ótima escolha! Afinal, todo mundo ama velinhas perfumadas!”

“Toda madrinha morre de amores ao receber um álbum em que as figurinhas são as fotos de momentos memoráveis da vida de vocês.”

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Nutella personalizada “Doce amado por dez em cada dez formiguinhas! A Nutella é uma ótima opção para encantar os padrinhos com potinhos trazendo o nome deles.”


Buquês Ele é o objeto de desejo de muitas noivas e mulheres que sonham em se casar. A hora do lançamento do buquê é o auge de uma festa de casamento. E pode dar tumulto... Esse importante adorno, que simboliza vida e fertilidade, está ganhando cara nova. Tem muita gente por aí inovando na hora de escolher flores e materiais. Antes de encomendar o buquê, é preciso atentar para os significados que cada flor tem. Basicamente elas inspiram sempre coisas muito boas e traduzem a personalidade da noiva que o porta. Mas não é apenas de flores que os buquês são feitos. Separamos alguns modelos diferentes. Será que eles combinam com o seu estilo?

Buquês de papel Algumas flores são extremamente sensíveis, e isso torna impossível que o mesmo buquê seja usado na cerimônia, nas fotos externas e no trash the dress. Os buquês de papel surgem como alternativa. De diferentes texturas, cores, estampas e dada a maleabilidade do material, esses buquês são originais e lindos, quando meticulosamente trabalhados.

Buquês de botões Os buquês feitos à base de botões são ideais para quem quer algo muito dife-rente e tenha escolhido uma cerimônia sem muitos protocolos. Combinados com acessórios reluzentes, eles podem adquirir um ar chic. Os modelos com botões mais simples e em tonalidades claras conferem um ar de romantismo ao look.

Buquês de broches Eles podem carregar histórias familiares de anos. O adorno pode levar broches da mãe da noiva, de avós ou de outras pessoas especiais ligadas à noiva. Existe também a possibilidade de trazerem, amarrado à base, um relicário com fotos dos pais ou dos avós. Tudo isso faz desse buquê mais que um adereço brilhante: uma peça de valor simbólico e afetivo.

Para relaxar A semana que antecede o casamento geralmente é marcada por uma carga de estresse para a noiva que sonhou com a cerimônia perfeita ao longo de meses ou até durante anos. Spas e muitos locais que cuidam dos detalhes da cerimônia oferecem tratamento VIP às noivas, tudo visando o relaxamento delas para o grande dia. Elas submergem em si para conseguir se revigorar por completo, são assistidas por profissionais de nutrição e de estética em geral para chegarem ao altar lindas e serenas. Os pacotes podem incluir diárias e os mais diversos rituais de beleza. O penteado, a maquiagem e os detalhes finais antes do encontro com o noivo na igreja acontecem lá também. É uma ótima pedida para quem quer descansar e não se preocupar com nada além de sorrir e ensaiar discursos a serem feitos antes da tão aguardada hora de dizer sim.


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KULTUR

O PREÇO ALTO DO No futebol brasileiro, a regra é diretamente proporcional: as dívidas aumentam à medida que um clube atinge o ápice do desempenho dentro das quatro linhas Thalvanes Guimarães

PODIUM

eveu, pagou, certo? Isso é o que ocorre quando se assume um compromisso financeiro. No futebol, entretanto, algumas regras sociais são distorcidas em nome do fanatismo e da paixão de milhões de pessoas. No Brasil, então, gastar mais do que se ganha é praticamente uma regra. Mas uma hora a conta chega de alguma forma. Seja com os salários atrasados, com os sete gols da Alemanha, seja com o rebaixamento. No futebol nacional, Atlético e Cruzeiro receberam muitos elogios pela gestão dos clubes no período que conquistaram títulos como a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Libertadores da América. Em comparação com os clubes nacionais, os dois times mineiros foram certeiros na montagem dos elencos, na | 35


PODIUM escolha dos treinadores e em demais detalhes que resultam em um bom trabalho. Mas, com os triunfos, a dívida de ambos cresceu substancialmente. No mundo do esporte, ganhar nem sempre significa ter grandes lucros. Pelo contrário. Para montar a equipe vencedora do Brasileirão de 2013 e 2014, o Cruzeiro não pagou mais de R$ 60 milhões em impostos entre 2011 e 2014. Quando conquistou os dois títulos seguidos, a dívida do time aumentou 110%. Já o Atlético, time com uma das maiores dívidas do país, teve um crescimento nos dividendos de 32%. Se serve de consolo para os mineiros, clubes como São Paulo e Internacional pioraram as finanças, porém não conquistaram as taças. Outro time com histórico parecido com o do Cruzeiro é o Corinthians. Quando conquistou o mundial em 2012, o Timão deixou de pagar impostos. Num momento de intensa crise financeira, a presidente Dilma Rousseff sancionou, no início de agosto, a Medida Provisória (MP) 671. O documento trata do refinanciamento das dívidas dos clubes com a União. No total, o débito gira em torno de R$ 4 bilhões. Todo esse valor é R$ 1,4 bilhão superior ao estimado para a duplicação da BR-381, antiga reivindicação dos mineiros, dado o perigo da via. Para o parcelamento dos débitos com maior prazo, os clubes devem aderir ao Programa de Modernização do Futebol Brasileiro (Profut). E, em troca, vão adotar

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novas práticas de gestão, adquirindo assim maior disciplina nos gastos. Os times que não cumprirem o acordo vão pagar com o rebaixamento, o que não é pouca coisa para os mais apaixonados torcedores. O deputado federal Otávio Leite (PSDB/ RJ), relator da MP, acredita que a série de medidas se configurem como uma solução para o futebol brasileiro. “É um verdadeiro ‘tranco de ajuste’ no futebol brasileiro. A equação financeira aprovada certamente não se repetirá na história. É a oportunidade única para os clubes. É pegar ou largar! Os torcedores ganham mais transparência, pois serão impostas aos clubes diversas obrigações novas por meio de práticas administrativas saudáveis e modernas”, afirma.

mediante a participação doravante dos clubes da série B. O mandato será de, no máximo, quatro anos, permitida apenas uma reeleição, inclusive nas Federações. O mesmo ocorre com os regulamentos dos campeonatos regionais: devem prever o rebaixamento dos clubes que não estiverem em dia com as mensalidades das dívidas, o recolhimento dos tributos correntes e o pagamento de atletas e funcionários. Tudo isso está bem amarrado juridicamente, pois eu fiz isso por meio de alterações da Lei Pelé e do Estatuto do Torcedor. Cabe aos clubes exigir a fiscalização da Autoridade Pública de Governança do Futebol (APFut) e a atuação do Ministério Público, se o caso requerer. Lei é para ser cumprida”, explicou.

Mesmo com a MP sendo vista pela maioria dos especialistas em gestão esportiva como uma ótima medida para o futebol nacional, o senador Romário, um dos críticos expoentes dos dirigentes do esporte, votou contra a aprovação. O ex-jogador justificou que a lei não garante que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vá cumprir o regulamento e rebaixar clubes inadimplentes e que itens importantes foram retirados do texto do projeto. O baixinho argumentou nas redes sociais que a bancada da câmara, na CBF, dificultou que o projeto fosse aprimorado.

O responsável pelo blog Olhar Crônico Esportivo, do Globoesporte, Emerson Gonçalves, também está otimista com a nova lei. Para ele, a mera existência da MP faz com que dirigentes tenham medo de cometer novas loucuras. “O futebol brasileiro está passando por uma mudança. Creio que nosso futebol venha a ser solidificado. Agora é aguardar que ninguém invente caminhos para burlar a lei. Se essa regulamentação existisse, o Corinthians não deixaria de pagar; o Cruzeiro e outros também não”, observa.

No entanto, Otávio Leite comemorou o fato de conseguirem alterar algo inimaginável para a CBF. “O texto é claro. Foi ampliado o colégio eleitoral para a eleição e as assembleias da CBF,

Outro fator apontado pelo especialista como importante nesse processo é a situação política do país e de grandes dirigentes do mundo da bola. “Os poderosos estão com medo; estamos vivendo um momento muito propício para mudanças, de transformação de algo que é uma zona para uma coisa muito mais responsável. E isso começou a acontecer também no grande mundo do futebol. São transformações profundas que causam grande impacto”, avalia. Mas as dívidas não são exclusividade de times brasileiros. Real Madrid e Barcelona devem, juntos, um valor superior a R$ 3 bilhões de reais. Entretanto, por mais que o valor assuste, se comparadas as receitas aos valores das marcas, times brasileiros estão numa


Maus lençóis De 2011 a 2014, Cruzeiro mais que duplicou a dívida. Já o Atlético, deve quase meio bilhão de reais

Fonte: Amir Somoggi

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Alexssandro Loyola

Os torcedores ganham mais transparência, pois serão impostas aos clubes diversas obrigações novas por meio de práticas administrativas saudáveis e modernas Otávio Leite, deputado federal

situação pior. Como dois dos clubes que mais faturam no mundo conseguem reverter os bons resultados em campo em lucro? Na temporada passada, o Real bateu recorde de faturamento com R$ 1,6 bilhão de renda. Só de lucro, o clube espanhol teve R$ 111,7 milhões na temporada 2013/14. Com o Barça, mais recordes: nas últimas quatro temporadas o lucro acumulado foi de R$ 437 milhões, com a cotação do euro atual. Pela dimensão internacional, os clubes espanhóis certamente não servem muito como parâmetro para os clubes brasileiros, mas o resultado de ambos derruba a máxima de que é necessário dever para ir bem em campo. “Nas grandes ligas, os clubes têm gestões empresariais, 38 | www.voxobjetiva.com.br

profissionais. Aqui, no Brasil, são torcedores que trabalham com o time do coração. Todos eles deixam de pagar impostos, gastam além da conta e deixam isso para o sucessor”, diz Emerson. MOVIMENTO FUTEBOL MELHOR Enquanto os dirigentes não pensavam na necessidade de profissionalização do futebol, a iniciativa privada já contribuía. Em janeiro de 2013, a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) liderou a criação do Movimento por um Futebol Melhor. Na época, eram 15 clubes com 158 mil sócios-torcedores. Pouco mais de dois anos depois, agora são 64 clubes participantes com mais de 1 milhão de torcedores associados. A receita,

que antes era de R$ 57 milhões anuais, agora chega aos R$ 400 milhões por ano. Os sócios dos clubes associados ao movimento têm descontos em produtos e serviços das diversas marcas participantes. Gerente de Marketing da Ambev e do Movimento por um Futebol Melhor, Rafael Pulcinelli ressalta que os clubes descobriram a importância da relação de proximidade com o torcedor. “Essa é uma fonte crescente de receita e fundamental neste momento em que o futebol passa por dificuldades financeiras. E não só os clubes ganharam, mas os sócios-torcedores que tiveram mais de R$ 60 milhões em descontos nas centenas de produtos oferecidos pelas 12 empresas que formam atualmente o Movimento”, alega.


HORIZONTES

TRÊS ANOS, TRÊS MESES E TRÊS DIAS... NA ESTRADA A incrível jornada do mineiro que percorreu 54 mil quilômetros pelo mundo e conheceu 59 países em cima de uma bicicleta Rafael Sandim iante da televisão, assistindo às competições do Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan, na Rússia, muita coisa passa pela cabeça de Danilo Perrotti Machado, de 34 anos. “Eu sonhava estar ali, naquelas águas, competindo, brigando por medalha”, revela. Mas a história desse belo-horizontino que almejou tirar ouro das piscinas é uma típica traje-

tória inspiradora que revela o quão imprevisível a vida pode ser. Na década de 80, o plano de ganhar a vida nas águas começou a ser formulado. Danilo tinha 6 anos e dava as primeiras braçadas nas piscinas do Minas Tênis Clube. A vida era calma, alternada entre ocupações escolares e os treinos no clube pelo qual se tor-

nou profissional na adolescência. Entre a casa e o Minas, ele fazia o caminho na companhia de uma bicicleta simples. Mesmo com bons resultados nas águas e uma série de competições a partir dos 13 anos, a trajetória nas águas não engrenou. “Tem certa hora que não depende só de vontade. É preciso talento,... uma série de coisas.

Arquivo Pessoal

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HORIZONTES Tinham outras coisas reservadas para mim”, resume. E havia mesmo. Aos 19 anos, Danilo largou as piscinas e iniciou os estudos em Administração na Faculdade Milton Campos. Em 2005, já formado, a cidadania italiana de Danilo foi reconhecida e, no ano seguinte, o jovem administrador partiu para a Europa. Aprendeu italiano e inglês, ao mudar-se para Londres. Parte do dinheiro conseguido trabalhando como garçom foi reservada para comprar uma bicicleta que seria usada em viagens dentro do continente. Reprodução

Na página e na telona

No dia 8 de agosto de 2008, o jovem partiu para a saga que tinha dia certo para terminar: 11 de novembro de 2011. Da primeira pedalada, em Londres, até a chegada a Belo Horizonte, passaram-se incríveis três anos, três meses e três dias. Danilo percorreu 59 países e todos

Arquivo Pessoal

É descobrir mais detalhes sobre a expedição de Danilo Perrotti Machado por meio do livro "Homem Livre", da editora Ciao Ciao, e do filme documentário homônimo lançado este ano e dirigido pela cineasta Gisele Mirabai. Os projetos foram executados por meio de recursos da Lei Rouanet.

Aos 27 anos, em Santiago de Compostela, na Espanha, o administrador teve uma ideia ousada. “E se eu percorresse o mundo em cima de uma bicicleta?”, conjecturou. Por mais louco que pudesse ser o projeto, Danilo tocou em frente. Era o início de uma jornada de resistência e com lições homéricas de resiliência capazes de impactar qualquer ser humano que acredita na força dos sonhos.

os continentes do globo. Em síntese, o que ele levava era a bicicleta, duas mochilas compridas e poucos Euros no bolso. Ele calcula que tenha gastado, em média, apenas US$ 5 por dia. Danilo pedalava cerca de 100 quilômetros por dia. Nos desertos, ele chegou a percorrer 180 mil metros. Engana-se quem pensa que o administrador tinha luxos ao longo do caminho. Sempre que podia, Danilo pernoitava em uma barraca de camping simples. “Eu já estava acostumado a fazer viagens de bicicleta pela Europa. A questão do preparo físico é algo que a gente vai adquirindo ao longo das viagens. O maior problema é o fator psicológico, mental. Você pedala uma quantidade de quilômetros, aí termina o dia e você não tem lugar para dormir, para tomar banho, então aí começam os desafios impostos pela mente”. Quando chegava a uma localidade, ele não tinha tempo para passeios turísticos. Os momentos eram destinados ao descanso e para colocar o site com seus registros fotográficos e as impressões escritas no site criado para essa finalidade. Danilo registrava também toda a jornada em um diário de bordo. Antes de colocar o pé em cada local previsto no roteiro, o jovem tinha o costume de fazer pesquisas para não entrar em apuros. Ele conta que teve locais em que chegou a ser hostilizado. “Mas havia muitas coisas que só aprendi na prática, vivendo a situação. O Iêmen, por exemplo, é um país volátil. Eu o atravessei quando a situação estava boa. Agora ele está em guerra civil. Hoje o Estado Islâmico está tomando conta de várias cidades no Oriente Médio. A situação dos países vai sempre mudando. Tem coisas que você só vai descobrir estando lá”. Além das diferenças culturais, o clima, às vezes extremamente hostil, Danilo e os amigos feitos ao longo do caminho. Ao lado, no Omã e, acima, na Bósnia Herzegovina

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Há milhas e milhas de distância, Danilo se comunicava com a família por meio do Skype. Quando não havia conexão de internet nem rede de telefonia, ele usava o Spot - dispositivo de mensagens que funciona via satélite e informa o ponto em que o viajante está. O pai e principalmente a mãe ficavam aflitos ao perceber que em um dia o filho estava no meio de um deserto; no outro, atravessando o perigoso Paquistão. No entanto, os prazeres da viagem compensavam qualquer ameaça ou restrição climática. Danilo conta que as pessoas ficavam intrigadas ao saber a que ele se propunha sobre de uma simples bicicleta. Para ele, a receptividade do povo árabe foi um dos pontos altos da viagem. “Essa coisa de abrir a casa, oferecer coisas, comida, dinheiro, de fazer festa era muito legal”.

A rota

Arquivo Pessoal

era um fator que impunha uma série de dificuldades ao cumprimento das metas. “Todo dia aparecia uma dificuldade diferente. Não tinha um dia fácil. A dificuldade era normal. O objetivo era sair dela. Quando você está em um lugar muito montanhoso, em um deserto, em um lugar frio e com chuva, é muito complicado”, revela.

Para que a experiência não fosse prejudicada, o mineiro viajou totalmente “desarmado”; ele se esquivava de qualquer preconceito ou juízo de valor. “Como eu estava viajando com o objetivo de conhecer culturas, eu não fui com esse olhar de estranhamento. Eu fui para absorver aquelas culturas. Não fui com o olhar julgador. Não importava se o cara comia com a mão ou tinha hábitos que não correspondiam à minha cultura”, explica. Momentos marcantes, Danilo teve aos montes. Mas foi no continen-

te asiático que ele diz ter aprendido mais. O contato com a cultura hindu, a muçulmana, o budismo foi importante para provocar uma importante introspecção. Foi lá que Danilo pôde conhecer líderes espirituais, como o Nobel da Paz Dalai Lama e o guru Sathya Sai Baba. Percorrer 54 mil quilômetros requer força de vontade e persistência. No longo caminho, o administrador revela que pôde conhecer mais sobre si, o que pode ser um desafio maior do que percorrer milhas e milhas de bicicleta. “Eu tive contato com várias pessoas e culturas e aprendi a celebrar as diferenças. Mas a minha busca como ser humano é eterna, contínua e pessoal”. Residindo em São Paulo, casado, e pai de duas crianças pequenas do Davi de 10 meses e da Diana, de dois anos -, Danilo diz que não faria tudo de novo, por mais que isso certamente corresponda a mais conhecimento. Ele, no entanto, parece confortável ao ser provocado a escrever outras páginas de uma história já fantástica ao lado da família. “Acho que a vida é muito curta para fazer o que já foi feito. É tipo querer subir o (monte) Aconcágua depois de ter feito o Everest. Não faz muito sentido. Mas, quem sabe?, pedalar com os filhos, no Japão, por exemplo?”, deixa no ar. | 41


KULTUR

CASA CHEIA Nos últimos quatro anos, em plena era tecnológica, o número de empréstimos de livros nas bibliotecas de Belo Horizonte praticamente dobrou Texto de Érica Fernandes Fotos de Felipe Pereira

o passar pela seção infantil da maior biblioteca pública de Belo Horizonte, Luiz de Bessa, você provavelmente deve encontrar a bibliotecária Maria da Conceição Santos ou Santita, como prefere ser chamada. Dona de cabelos alvos e mãos ágeis, ela se dedica aos livros há mais de 20 anos. Nos últimos dez, Santita tem se ocupado com a organização e o 42 | www.voxobjetiva.com.br

empréstimo do acervo da biblioteca pública. Pelos corredores repletos de livros alinhados, a bibliotecária conta que passam diversos perfis de leitores. O que mais a chama a atenção é o de um senhor que busca exemplares para a filha duas vezes por semana. Pelas contas da funcionária pública, a menina devora, em média, 80 livros por mês.

A ação desse senhor desconhecido de ir à biblioteca em busca de livros pode parecer um comportamento ultrapassado. Atualmente tablets, smartphones, o leitor de livros Kindle e uma porção de dispositivos podem trazer, por meio de um clique, a história ou a informação de que você precisa antes mesmo que esta frase chegue ao final. Nos últimos quatro anos, cerca de 30 mil pessoas estiveram nos es-


KULTUR paços destinados à leitura existentes na cidade. A informação é do Departamento de Bibliotecas e Promoção da Leitura de Belo Horizonte. E não para por aí. O número de empréstimos de livros quase dobrou. Com isso, não é de se admirar que a capital mineira tenha aparecido na primeira posição do ranking das capitais brasileiras onde mais se lê, segundo pesquisa recente do Target Group Index, do Ibope. Nos últimos 30 dias, 41% dos belo-horizontinos leram pelo menos um livro, como aponta o estudo. A média nacional é de 33%. O levantamento registra a presença de crianças e jovens no rol dos públicos mais representativos de leitores da cidade. As iniciativas de incentivo à leitura e o surgimento das bibliotecas comunitárias estão entre os fatores responsáveis pelo aumento do público leitor. Essa percepção é da coordenadora da rede de bibliotecas públicas da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Fabíola Farias. “Nos últimos anos, as pessoas estão lendo mais e aumentando a frequência nas bibliotecas. Até porque o número de espaços destinados à leitura aumentou em Belo Horizonte. Em função do fortalecimento das políticas públicas para a Educação e a Cultura, a cidade tem mais acesso a livros e a outros materiais de leitura, seja em suportes impressos, seja nos virtuais”, ressalta. Belo Horizonte tem 21 bibliotecas públicas, um Ponto de Leitura e vários centros destinados a esse fim.

a partir de cursos externos e atividades de valorização à leitura, especialmente a ligada à literatura. Na opinião de Santita, as ações de incentivo à cultura vêm funcionando bem. “Todo terceiro sábado do mês temos “A Hora do Conto”. É um momento em que os profissionais da área contam de uma a três histórias para o público presente. Não é só criança que gosta. Os adultos também se divertem muito”, relata. INTERNET VERSUS TRADIÇÃO

Outra ação que vem estimulando o crescimento do número de leitores é o projeto “Belo Horizonte, Cidade Leitora”. A iniciativa promove a renovação dos acervos bibliográficos e a formação continuada dos profissionais da área,

Segundo a doutora e professora de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Cíntia Lourenço, a era da internet não afetou de forma tão drástica a frequência do público

nas bibliotecas. Para a docente, embora cada vez mais pessoas tenham computadores em casa, o acesso à internet ainda não é uma realidade para a maioria da população brasileira. O professor da Escola Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira, Edson Alves, corrobora o fato exposto por Cíntia. “Ainda temos alguns mitos sobre a internet. A inclusão digital, por enquanto, não é uma realidade. Muitos alunos ainda não têm acesso à rede mundial de forma cotidiana. Quando pensamos num trabalho, nós nos preocupamos em garantir uma fonte tradicional de pesquisa”, comenta. Mesmo com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, Cíntia lembra que a compra de livro | 43


KULTUR não é uma prioridade no país. “Quem está na vida acadêmica é que prioriza a compra de obras. A maioria dos estudantes da UFMG, por exemplo, utilizam os livros das bibliotecas. A mesma realidade acontece nas escolas públicas. Existe também a questão do direito autoral. Muitos livros não estão disponíveis on-line”, elucida.

concluindo a leitura do clássico “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Marquez. Dentro das bibliotecas, a queda por pesquisas bibliográficas parece ter sido o maior impacto provocado pela força da web. “Realmente tivemos uma diminuição do número de pessoas que vão às bibliotecas

no celular ou no computador”, completa Santita. O estudante de Ciência da Computação Magjeander Oliveira é um dos que trocaram o espaço físico pelo virtual na procura por conteúdo. “Tenho certa dificuldade de concentração. Por isso, encontrei na internet a minha saída. Ela é muito mais dinâmica e permite que eu pesquise vários autores ao mesmo tempo. É uma busca muito mais rápida e prática”, opina. O FUTURO DAS BIBLIOTECAS Como consequência da expansão da internet, a tendência é que mais pessoas estejam on-line, informatizadas e se tornem leitores virtuais. Percebendo esse novo momento, as bibliotecas tomam algumas iniciativas para se adequar à mudança de comportamento das pessoas.

Guardiã de livros há 20 anos, Santita revela que as bibliotecas passaram a ser pouco procuradas para pesquisas

Mesmo que os números apontem para a vivacidade das bibliotecas, a internet veio para ficar. Até quem está ambientado há anos no universo dos livros físicos confessa estar se abrindo às novidades. Ao ser questionada sobre a frequência com a qual lê os livros da biblioteca onde trabalha, Cíntia comenta entre sorrisos que, graças ao Kindle, finalmente ela está 44 | www.voxobjetiva.com.br

para esse fim porque as pesquisas são feitas cada vez mais pela internet”, reconhece Fabíola. “As pessoas agora vêm muito mais para pegar livro de literatura do que para fazer pesquisa. A internet retirou muito esse perfil de público dos nossos espaços. O “leitor.com” só precisa copiar e levar para o professor. Com todos os pontos positivos da internet, um dos aspectos negativos é o fato de as pessoas estarem perdendo o hábito de guardar a informação porque ela está salva

O WorldCat aparece como uma estratégia. Idealizada nos Estados Unidos, a nova concepção de biblioteca promete dar às pesquisas outra dimensão. Na busca por um autor, o internauta pode encontrar vídeos, arquivos eletrônicos, artigos e outras obras que fazem menção ao escritor, além dos livros tradicionais, é claro. O WorldCat ainda está em fase de testes. Por meio de uma conta, o usuário vai poder comentar as obras que achou mais interessante e interagir com outros leitores virtuais. Outra iniciativa que sobressai nesse contexto são as Librarythings. Trata-se de um formato de biblioteca pessoal, tanto com livros físicos quanto com digitais, em que várias pessoas têm acesso e podem fazer comentários e promover debates sobre obras em grupos de discussão.


TERRA BRASILIS • LITERÁRIA Renato Russo Autor: Renato Russo Editora: Companhia das Letras Páginas: 160 Preço: R$ 23,90

Reprodução

Entre abril e maio de 1993, Renato Russo passou 29 dias internado numa clínica de reabilitação para dependentes químicos. Durante esse período, o músico seguiu os Doze Passos, programa criado pelos fundadores dos Alcoólicos Anônimos que incluía um diário e outros exercícios de escrita. É esse material inédito que vem à tona depois de mais de 20 anos, graças ao desejo de Renato de ter sua obra publicada postumamente. Entremeando as memórias do líder da Legião Urbana com passagens de autoanálise e um olhar esperançoso para o futuro, esse relato oferece aos fãs um contato íntimo com o artista e um exemplo decisivo de superação.

A sorte do agora Autor: Matthew Quick Editora: Intrínseca Páginas: 224 Preço: R$ 29,90

Reprodução

Bartholomew passou seus quase 40 anos morando com a mãe. Depois que ela morre, ele não faz ideia de como viver sozinho. Wendy, sua conselheira de luto, diz que ele precisa abandonar o ninho e fazer amigos. Mas como isso seria possível para um filho-canguru? Bartholomew então descobre uma carta de Richard Gere na gaveta de calcinhas da mãe. Convencido de que o ator vai ajudá-lo, ele começa essa nova vida sozinho escrevendo uma série de cartas altamente íntimas para o ator. De Jung a Dalai Lama, de filosofia a fé, de abdução alienígena a telepatia com gatos, tudo é explorado nessas cartas, que revelam uma tentativa dolorosa e sincera dele de se integrar à sociedade.

Quem comanda a segurança pública no Brasil? Autor: Robson Sávio Reis Souza Editora: Letramento Páginas: 336 Preço: R$ 58

Reprodução

O colunista da revista Vox Objetiva, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Robson Sávio acaba de lançar o livro “Quem comanda a segurança pública no Brasil?”. A obra disseca aspectos da área de Segurança Pública no Brasil do governo FHC, passando por Lula até o governo Dilma. O livro descreve minuciosamente o processo de identificação de atores políticos com suas ideias e coalizões que alteraram a política nacional de segurança pública nos últimos 20 anos. Na próxima edição da Vox, o leitor confere um bate-papo com o autor do livro, Robson Sávio. | 45


Bairro em Bairro Até outubro, quem passar por Belo Horizonte vai poder apreciar toda a variedade de sabores da culinária brasileira. Na maior competição já realizada entre bares da capital mineira, chamada Bairro em Bairro, estabelecimentos duelam entre si para ver quem oferece os melhores pratos de acordo com o regulamento da competição. Bares de cada regional da cidade vão apresentar pratos elaborados especialmente para a disputa. O Bairro em Bairro vai funcionar como uma peneira para o tradicional Festival Bar em Bar, promovido nacionalmente pela Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) desde 2007. Eleitos por um júri popular, os três melhores bares de cada regional estão confirmados na disputa nacional, que este ano acontece de 5 a 22 de novembro. Além de proporcionar novas experiências gastronômicas, o Bairro em Bairro prioriza uma cartela saborosa e economicamente viável para o público. O valor dos petiscos varia de R$ 12 a R$ 35. Os pratos servem, no mínimo, duas pessoas. Ao lado, você confere a relação dos bares que estão na briga e oferecem pratos do dia 1º ao dia 30 de setembro nas regionais Norte, Nordeste e Noroeste da capital.

Calendário Bairro em Bairro

Norte e Nordeste

Regional Norte (de 15 de agosto a 15 de setembro) Pratos com tema da Região Nordeste do Brasil Regional Nordeste (de 1º a 30 de setembro) Pratos com tema da Região Nordeste do Brasil

(Pratos com tema da Região Nordeste do Brasil) Butiquim Medalhão Jhones Bar Peixes O Fino do Alho Barção Moreira Pier 76

Noroeste

Regional Noroeste (de 1º a 30 de setembro) Pratos com tema da Região Sudeste do Brasil

(Pratos com tema da Região Sudeste do Brasil)

Regional Leste (de 15 de setembro a 15 de outubro) Pratos com tema da Região Sudeste do Brasil Regionais Centro-Sul e Barreiro (15 de setembro a 15 de outubro) Pratos com tema da Região Sul do Brasil

Bar do Véio Academia da Carne Botequim Demerval Gabiroba Butiquim Vila da Azambuja Nino Pizzaria Espetado Bar Ponto de Prosa

Regional Oeste (de 15 de setembro a 15 de outubro) Pratos com tema da Região Centro-Oeste do Brasil

Pier 76 / Divulgação

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CRÍTICA

Nervoso e inquietante Com muita aventura e truques de ilusionismo, “Missão Impossível - Nação Secreta” vai além dos tradicionais filmes de ação Divulgação

Haydêe Sant’Ana

epois de quatro anos do lançamento de “Missão Impossível - Protocolo Fantasma”, Tom Cruise está de volta ao quinto filme da franquia. E nele, o ator demonstra que continua firme. “Missão Impossível – Nação Secreta” é produzido e estrelado por Cruise. Como se não bastasse, mesmo no auge dos 53 anos, o ator dispensa dublês. Todas as cenas de ação continuam sendo protagonizadas por ele. O novo projeto do ator superou expectativas trazendo cenas muito mais eletrizantes. O filme é aberto com uma sequência em que Cruise tenta alcançar a porta de um Airbus A400 em pleno voo. Para fazer a cena, ele ficou pendurado em um cabo na parte externa do avião. Uma cena subaquática, sem cortes, também exigiu muito do astro. Em “Missão Impossível - Nação Secreta”, Tom Cruise interpreta Ethan Hunt, um agente da Força Missão Impossível que investiga uma agência de espionagem internacional: o Sindicato. Sem o apoio do governo dos Estados Unidos, que desativa o IMF, Hunt luta para provar a existência do Sindicato. O apoio de Benji (Simon Pegg), amigo de Hunt e ex-agente do IMF, é fundamental para a descoberta dos planos da organização.

Outra personagem de relevância que ajuda a dupla, dando pistas e informações sobre o Sindicato, é Ilsa Faust (Rebecca Ferguson). Agente infiltrada no Sindicato, Ilsa fez parte da inteligência britânica. Com postura suspeita, Ilsa se mostra uma personagem dúbia e não muito confiável. O filme explorou várias locações com cenários belíssimos: Cuba, Inglaterra, Marrocos e Áustria. As cenas de ação são similares aos dos filmes de 007: adrenalina pura e perseguições de tirar o fôlego. Em uma cena, Cruise pilota uma moto a mais de 100 km/h, irresponsavelmente sem capacete. Ilsa também dá um show, fugindo de moto no estilo bondgirl.

Mas o grande trunfo do filme é, sem dúvida, o jogo de espelhos e imagens e o uso de fumaça. O recurso é usado estrategicamente para iludir e confundir o espectador. A cena em que Hunt é capturado por agentes inimigos explora bastante o ilusionismo. Em um uso claro de metalinguagem, a cena se reproduz quando Hunt consegue capturar o inimigo Solomon Lane. O novo Missão Impossível é um filme emocionante em que o espectador assiste curioso e apreensivo às reviravoltas dos personagens. É uma bela produção em que roteiro, ações e recursos técnicos estão completamente alinhados, dando origem a uma história muito dinâmica.

Plantão 24 horas Av. do Contorno, 10.368 Barro Preto

(31) 9389-7920 | 47 (31) 2535-9977 (31) 9823-6590


Dois Amigos

Marcílio Godoy

Divulgação

Divulgação

TERRA BRASILIS • AGENDA

É melhor ser

Corpo de Baile

Comemorando 50 anos de carreira, Caetano Veloso e Gilberto Gil se reúnem na turnê “Dois Amigos, Um século de música”. Na turnê, cada um apresenta alguns dos sucessos que ganharam projeção em suas vozes. O show também explora a amizade, as histórias e a vivência dos artistas.

De volta com uma turnê nacional em homenagem às compositoras brasileiras, Simone cria um repertório que percorre a obra de artistas, como Zélia Duncan, Marina Lima, Adriana Calcanhotto e Rita Lee. Além disso, a cantora interpreta canções de Dolores Duran (“A noite do meu bem”), Isolda (“Outra vez”) e até mesmo “Canteiros”, poema de Cecília Meireles transformado em melodia por Fagner. Imperdível!

Com uma voz encantadora de meio-soprano e um repertório refinado, a cantora paulistana Mônica Salmaso lança o CD “Corpo de Baile” no Palácio das Artes. O show conta com a participação do fotógrafo e cineasta Walter Carvalho, responsável pela parte artística, que cria uma movimentação por meio de um videocenário projetado num tule transparente entre a plateia e a artista.

Chevrolet Hall Dia 26 de setembro, às 22h, e dia 27, às 20h chevrolethallbh.com.br

Teatro Bradesco 10 de setembro, às 21h teatrobradescobh.com.br

Palácio das Artes 19 de setembro, às 21h, e dia 20, às 20h R$ 40 (inteira) fcs.mg.gov.br

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TERRA BRASILIS • AGENDA

Decole mais rápido.

Divulgação

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Por trecho.

17° Festival de Curtas O 17° Festival Internacional de Curtas tem o propósito de divulgar os curtas-metragens, além de promover uma reflexão sobre as formas de produção entre o público e os profissionais da área. Só no ano passado, o festival teve 3 mil curtas inscritos de 90 países. A programação prevê mostras competitivas, programas especiais e distribuição de prêmios pelos júris oficial e popular. Palácio das Artes De 18 a 27 de setembro festcurtasbh.com.br

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Semana Internacional do Café Expominas De 24 a 26 de setembro, das 11h às 20h semanainternacionaldocafe.com.br

Uma semana inteira dedicada ao cafezinho, tão presente no cotidiano brasileiro. Para cafeicultores, empresários, baristas e amantes da bebida, a Semana Internacional do Café é o maior evento de promoção do produto em Minas Gerais e no Brasil. O evento busca desenvolver o mercado brasileiro e divulgar a qualidade dos cafés nacionais para os mercados interno e externo.

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CRÔNICA

Joanita Gontijo Comportamento

É proibido buzinar! Trânsito congestionado na volta para casa. Filhos esperando na porta da escola. A lista de supermercado na bolsa me lembrando que a despensa estava vazia e que eu ainda teria que fazer compras naquela noite. Passava das 8h da noite e tudo o que eu queria era acabar logo com as tarefas, tomar um banho e dormir. No carro da frente, um motorista falava ao celular enquanto dirigia. A luz verde do semáforo se acendeu mas, distraído, o homem nem percebeu. Não tive dúvidas e apertei a buzina para que ele “tirasse o pé da minha janta”! Para minha surpresa, nada de som… Apertei de novo e de novo… Descobri, mais tarde, que meu filho tinha queimado a buzina do carro comemorando a vitória do nosso time, no último clássico. O sinal fechou sem que eu me movesse um metro sequer. Considerando minha rotina cheia e o fato de que o estepe do meu veículo está furado há seis meses e ainda não tive tempo de ir ao borracheiro, nem precisa dizer que também, até hoje, não passei no eletricista pra trocar o fusível da buzina. Só me lembro dela quando algum motorista à minha frente insiste em manter um ritmo de locomoção tão tranquilo que até ignora a minha pressa. Isso me obrigou a um exercício hercúleo de paciência. Piscar os faróis e abanar freneticamente as mãos não fazem o mesmo efeito. Minha única saída diante da lentidão alheia é esperar. Resignada ao silêncio do meu carro, o horário de hush tem sido, para mim, como um remanso. Nas águas paradas há um excessivo número de barcos e, mesmo quando bate um vento promissor, alguns condutores insistem em manter a âncora presa às rochas. Como só me resta o silêncio, aproveito o tempo para tentar me colocar no lugar dos outros motoristas e compreender os motivos para a desatenção e os pensamentos vagantes. Problemas em casa? Paixão nova? Contas no vermelho? Fim de um casamento? Ao contrário da época em que meu car50 | www.voxobjetiva.com.br

ro resmungava alto, agora, sem o instrumento da ira disponível, chego a achar justo que eles estejam distraídos. Respeitar o tempo do outro é fundamental. Crianças e idosos costumam nos mostrar isso. Nossa vida não é um processo de produção industrial, mas nos parecemos cada vez mais com robôs automatizados que têm que bater metas ao final do dia. Acordo meus caçulas, afobada, para que não se atrasem para a aula de inglês; atendo ao telefone e peço a minha mãe que conclua rapidamente a história que ela conta sobre o bolo que queimou no forno; prometo ligar mais tarde pra conversar com meu pai porque, apesar de não passar das 9h da manhã, não há mais tempo; almoço com os olhos no relógio; leio a pauta do dia enquanto envio mensagem à empregada pedindo a lista de compras do sacolão… Buzino para os outros e para mim mesma, o tempo todo. Quero fazer as pazes com o silêncio. Sei que não posso permanecer com a buzina do carro estragada. A legislação exige e posso ser multada. Em alguns momentos, um alerta ajuda a evitar acidentes. Além disso, é simpático sinalizar sua presença quando reconhece algum amigo passando por você nas ruas. Mas, na minha rotina, preciso me habituar a buzinar menos e frear mais. Nem sei bem por que corro tanto. O pódio não me interessa. Quero me demorar numa caminhada longa e leve. O desafio é grande, mas vi uma frase inspiradora na traseira de um carro de autoescola que pode me ajudar nos momentos mais difíceis: “Não buzine. Estou aprendendo.” E quem não está?

Joanita Gontijo Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela” joanitagontijo@yahoo.com.br


Educação em BH

A PREFEITURA ESTÁ FAZENDO A MAIOR TRANSFORMAÇÃO DA NOSSA HISTÓRIA.

130 UMEIs até dezembro Já são 108 UMEIs funcionando e outras 22 ficarão prontas ainda este ano.

O trabalho da Prefeitura não para. Em todo canto, tem uma obra sendo entregue. Grandes obras viárias, novas UPAs, um novo hospital, novas UMEIs e centenas de outras obras. Um investimento de mais de 7 bilhões de reais que está transformando a cidade e a vida das pessoas.

INFRAESTRUTURA DE ALTO NÍVEL.

ATÉ 5 REFEIÇÕES POR DIA.

Pensada especialmente para receber crianças de 0 a 6 anos.

Merenda de qualidade com cardápio balanceado e nutritivo.

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EDUCADORES QUALIFICADOS.

CUIDADO, CARINHO E ATENÇÃO.

Projeto pedagógico moderno e humano.

Desenvolvendo as crianças de forma integral.

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Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina

Exposição

Longo Caminho de um rapaz apaixonado, 1989. Aquarela e tinta preta sobre papel, 12 x 18cm. Foto: Eduardo Fraipont

Leonilson: Truth, Fiction

As qualidades minimalistas de um dos maiores artistas da arte contemporânea brasileira.

Até 28 de setembro, quarta a segunda, das 9h às 21h Entrada franca CCBB Belo Horizonte Praça da Liberdade, 450

/ccbb.bh @ccbb_bh

Número do alvará: 2013155660 Data de validade: 12/08/2018 Órgão emissor: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais (MG)

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Apoio

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Realização


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