Vox 77

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Dezembro/15 • Edição 77 • Ano VII • Distribuição gratuita

O QUE É A FELICIDADE? PARA ESPECIALISTAS, O CONCEITO MUDA DE PESSOA PARA PESSOA

ANO-NOVO - A VIRADA DE ANO NOS PRINCIPAIS DESTINOS DO BRASIL

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EDITORIAL Tempestade perfeita A expressão inglesa “perfect storm” aparece na literatura inglesa desde 1718. Muito usada por economistas, ela funciona como a melhor definição para o momento em que vivemos no Brasil. A expressão relaciona causas e efeitos sucedâneos em um conjunto ininterrupto de consequências que atingem um grande espaço geográfico ou uma grande população.

Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br

“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

Entre nós, os primeiros sinais de que enfrentaríamos problemas começaram quando, em busca da reeleição, o governo Dilma Rousseff desrespeitou todas as regras referentes à gestão pública no controle dos gastos, na geração de políticas sustentáveis de renda e no controle da inflação. Reempossada, a presidente fez exatamente aquilo que disse que não faria e abriu a temporada de uma grande crise política. A crise foi reforçada pela condenação no Tribunal de Contas da União e por uma ameaça de impedimento ainda não anulada. Sem políticas claras de governabilidade, o país entrou na segunda fase “perfeita”, com os números da economia em queda e o desemprego piorando a vida de quase 10% da população economicamente ativa. Na última semana de novembro, a “storm” fechou o ciclo, dessa vez, chegando ao mercado financeiro com a prisão do presidente do BTG Pactual, André Esteves, do senador petista Delcídio Amaral e de um advogado suspeitos de tentar obstruir os trabalhos da Justiça na Operação Lava Jato.

A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060

Gravações feitas pelo filho de um dos colaboradores da Justiça, Nestor Cerveró, colocou em suspeição pelo menos três ministros do STF, o vice-presidente, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros. As detenções de gente rica e graúda na política jogaram por terra o que restava no discurso de sobrevivência política do Partido dos Trabalhadores e a possibilidade de um ajuste fiscal para o próximo ano. Sem poder escapar das consequências, a tempestade perfeita do atraso para os brasileiros em 2016 está completa. Diante do quadro preocupante e, por que não dizer?, assustador, ficamos à espera das decisões que possam nos recolocar na rota do crescimento. Essa retomada para o desenvolvimento, sem dúvidas, está cada vez mais difícil para o governo Dilma. Quanto mais tempo sem rumo, mais dias à deriva e menos expectativa de tempos mais tranquilos e equilibrados.

Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Shutterstock l Reportagem: André Martins, Camila França, Cassio Teles, Haydêe Sant’Ana, Leo Pinheiro, Vinicius Grissi | Correspondentes: Gisele Almeida - Estocolmo | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@ voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final l voxobjetiva.com.br

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OLHAR BH

EdifĂ­cio Acaiaca Foto: Felipe Pereira |5


SUMÁRIO 8

Breno Mayer

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Bete Nicastro

Especial Infantil

VERBO

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ALDA MARMO Mastercoach dá dicas para que planos e objetivos listados para 2016 se tornem realidade

METROPOLIS

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ARTES

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PROGRAMINHA

A arte e o desenvolvimento infantil

IMPACTO GLOBAL

Contra os tecnológicos e a obesidade. As sugestões para que os pequenos se movimentem nas férias

Qual a relação entre a produção de lixo e as alterações climáticas?

ARTERIS

CAPA

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A FELICIDADE Especialistas discutem sentimento perseguido de maneira incansável pelo ser humano

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GENDER-BENDER Conheça a vertente da moda que quebra os paradigmas dos guarda-roupas masculino e feminino


Edilson Rodrigues/ Agência Senado

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Felipe Pereira

Pân Alves

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Cidade Olimpica/ Divulgação Divulgação/Fasano

PODIUM

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JOGATINA Beagá recebe evento de pôker que rodou o mundo

HORIZONTES

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CONTAGEM REGRESSIVA

Shutterstock

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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci

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METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis

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Já decidiu onde passar o réveillon? A Vox ajuda você!

ARTIGOS

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IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira

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JUSTIÇA • Robson Sávio

Abandono do lar e perda da moradia

O mundo evolui?

A preocupação com as mudanças climáticas

CRÔNICA • Joanita Gontijo Mais respeito com o amor, por favor!

SAPORIS

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RECEITA – Pizzaria Pizza Sur

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VINHOS – Nelton Fagundes

Pizza Surpreendente 2016

Desvendando o universo dos vinhos

Menos armas = menos crimes |7


VERBO

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VERBO

UM ANO DE CONQUISTAS Mastercoach Alda Marmo dá dicas para que 2016 não fique só na promessa André Martins

m novo ciclo de 365 dias sempre é entendido como uma oportunidade de realizar sonhos e atingir metas que não foram alcançadas no ano que passou. Pular sete ondas, escolher criteriosamente a cor das peças de acordo com o que se deseja para o próximo ano, comer lentilhas,... as superstições podem ajudar sob o ponto de vista espiritual. Ocorre que, muitas vezes, é preciso arregaçar as mangas e fazer acontecer. Para isso, organização é fundamental. Colocar no papel os objetivos para o próximo ano pode ser um hábito saudável, desde que a pessoa se empenhe para realizar aquilo que só compete a ela fazer. A mestre em Análise do Comportamento e Mastercoach Alda Marmo trabalha há anos com pesquisas e metodologias que têm por princípio o desenvolvimento de competências e a melhora de resultados. De acordo com a psicóloga, os resultados. A psicóloga afirma que, ao longo de sua formação, os resultados práticos e visíveis sempre exerceram maior fascínio que os procedimentos psicológicos clássicos, como terapias. Na entrevista concedida à Vox Objetiva, a Mastercoach fala sobre objetivos, o foco, a disciplina, a força dos sonhos e as formas para ter aumentadas as chances de chegar ao fim de

2016 com muito para comemorar. “Realizar coisas produz sentimentos maravilhosos e efeitos psicológicos muito positivos: confiança, segurança, orgulho, prazer, admiração, força. E tudo isso gera felicidade”, esclarece. Por quê, mesmo não tendo cumprido as metas estabelecidas para o ano, as pessoas continuam a fazer planos e a estabelecer objetivos para o ano vindouro? Há uma variável importante para a vida do ser humano: a esperança. Principalmente a esperança de um futuro melhor. Cientificamente pode-se dizer que um plano ou um objetivo funciona como uma regra para o indivíduo ou como um precursor que tem um efeito sobre o comportamento futuro. Assim, quando fazemos planos, aumentamos a probabilidade de nos engajar em ações que nos levem rumo ao nosso objetivo. Uma reclamação geral é que o tempo está passando rápido demais. Essa sensação se dá por qual razão? Já faz tempo que o ‘tempo’ deixou de ser um fenômeno natural. O relógio, que hoje foi trocado pelos celulares, tornou-se um tirano, um meio de controle social. Se não fizer no tempo, há multa. Em inglês, o termo

‘prazo’ é conhecido como ‘deadline’, que significa hora da morte. “Não vai dar tempo”, “Não tenho tempo”, “Preciso fazer dar tempo”, “Estou gastando meu tempo”, “Preciso poupar mais tempo” são frases proferidas pelo menos uma vez por dia por quase todo o mundo. Diversas tecnologias, listas, relógios e cursos de administração do tempo buscam fazer com que façamos mais coisas no tempo que temos. Cortamos o tempo em pequenas porções e cultuamos a velocidade. Além disso, a internet faz com que não tenhamos mais barreiras que separam os tempos apropriados para cada área de nossas vidas. Trabalhamos domingo de manhã, resolvemos problemas domésticos em horário comercial, atendemos clientes sábado à noite,... Assim acredito que não seja uma impressão somente de que o tempo passa rápido demais. No mundo, vemos inúmeras diferenças entre os homens durante toda a sua existência. Também compartilhamos inúmeras semelhanças, mas o tempo nunca mudou, independentemente da tribo, da crença religiosa, geografia, cultura. Ele é sempre o mesmo. O que muda é o nosso comportamento e como nos relacionamos com o tempo que te-


VERBO Diante de muitos pontos de interesse, há quem se sinta perdido em relação às possibilidades. Como conseguir hierarquizar o que é mais importante quando tudo parece necessário, urgente? Sem um objetivo específico realmente não se consegue estabelecer prioridades. Também é difícil estabelecer muitos objetivos para serem trabalhados no mesmo momento. Já diz o ditado: “Quem tudo quer, nada tem”. Conseguimos hierarquizar e dar prioridade às coisas quando relacionamos um objetivo claro e específico para nossas vidas. O objetivo vai servir como bússola sobre o que é realmente importante e é urgente. Caso contrário, seguiremos perdidos e geralmente na emergência, nunca fazendo o que realmente importa. E aí passam-se dias, anos, uma vida...

Divulgação

mos. Se for do modo como temos feito, talvez ele continue, sim, passando cada vez mais rápido. Para quem estuda ou vislumbra um concurso, conseguir a tal da disciplina é uma tarefa, às vezes, árdua. Como é possível adquirir isso, trazendo resultados práticos e visíveis para o dia a dia? Quando estabelecemos um objetivo, precisamos ter muita clareza sobre o tempo, tanto sobre os benefícios quanto sobre as perdas que a sua conquista vai ocasionar. É preciso levantar os obstáculos para poder construir estratégias de

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‘luta’. Uma estratégia importante é encarar o objetivo e, a despeito dos obstáculos, fazer o que tem que ser feito. A disciplina não considera ‘a vontade’, ‘o pique’, ‘o humor’, o feriado, o final de semana ou coisas desse tipo... Veja a vida de um atleta profissional: sem disciplina, ele jamais vai alcançar os resultados esperados. Cientificamente podemos dizer que ter disciplina leva em consideração pessoas que conseguem se comportar e agir apesar de condições difíceis, externas ou internas. O objetivo deve ser soberano e prevalecer.

A dica é: depois de hierarquizar o que deve ser feito, preocupe-se em realizar 20% do topo da lista que você vai obter 80% de resultado. As redes sociais representam um grande problema para as pessoas, porque elas estão sempre conectadas. A vida se esvai e, muitas vezes, a produtividade também. Há alguma estratégia para reduzir o uso, despendendo tempo com o que realmente importa? O que realmente importa? Essa é uma pergunta que deve ser respondida por cada um de nós e, depois que for ‘conhecida’, devemos colocar em prática ações que sejam congruentes com o que faz sentido e importa. A internet, as redes sociais e aplicativos de interatividade fazem parte do nosso tempo. São ambientes


VERBO que produzem relacionamentos virtuais, porém reais. Vejo muita gente, pesquisadores, educadores, filósofos, fazendo campanhas para que as pessoas não passem tanto tempo nas redes ou que parem de postar uma vida linda e feliz, quando a realidade não é essa. Acredito que, primeiro, devamos assumir essa ‘rede’ como um dos ambientes que fazem parte da nossa vida. Acho que talvez não tenhamos forças ou armas para lutar contra. Talvez cada um de nós possa fazer campanhas de um uso mais produtivo ou funcional ao mesmo tempo que devemos tornar o ambiente real mais gostoso: convidar mais amigos para atividades, fazer mais visitas, ir mais aos parques,... Cada tipo de objetivo demanda uma estratégia? Como definir a melhor forma de alcançar um objetivo? Depende, sim, de cada objetivo, do repertório individual de cada um e das condições em que a pessoa vive. Alguns pontos podem ser gerais. Geralmente alguém que ajude, um profissional coach, psicólogo, professor, mentor, pais, um plano (levantamento de forças, obstáculos, importância,...) pode ser útil. Mas, talvez, o mais importante seja ter o objetivo claro e o mais específico possível.

vavelmente outros resultados: pode abrir portas, reconhecimento, notoriedade, credibilidade, dentre outras coisas. Tudo isso só pode ser bom, não é?! Muitas pessoas fazem uma confusão com os termos metas, objetivos e sonhos. É preciso pensar no que é possível realizar e o que é um desejo, digamos, abstrato. Por mais irreal que possa ser ou parecer, o sonho... que papel cumpre em nossa vida? É preciso sonhar, não é? O sonho faz com que nos conectemos com o que realmente importa na nossa vida. Ele pode estar relacionado com o nosso propósito, com a nossa missão e com os nossos valores. Nosso sonho é algo que deve ser levado muito a sério! Acredito que o sonho seja o primeiro passo para a reformulação de um objetivo real e alcançável, de preferência, e que dependa das ações do indivíduo que está sonhando. Um objetivo é composto de partes tangíveis e intangíveis. Como disse, um objetivo deve ser específico, devemos descrever o que realmente queremos, como deve ser, onde, quando, com quem. Quanto mais características, melhor. Assim, aquilo que é tan-

Em termos psicológicos, o que resulta quando uma pessoa consegue atingir um objetivo seguindo um planejamento, uma organização? Realizar coisas produz sentimentos maravilhosos e efeitos psicológicos muito positivos: confiança, segurança, orgulho, prazer, admiração, força. E tudo isso gera felicidade. Conquistar um objetivo produz tudo isso e pro31 8685-3955 • 31 9920-8787

adrianomrsouza@gmail.com

“A disciplina não considera ‘a vontade’, ‘o pique’, ‘o humor’, o feriado, o final de semana ou coisas desse tipo... Veja a vida de um atleta profissional: sem disciplina, ele jamais vai alcançar os resultados esperados”

gível vai produzir o que é intangível, mas talvez o mais importante seja o sentimento que queremos alcançar, conquistar. Ao se esforçar para realizar um objetivo, procuramos determinado sentimento,... geralmente, a tal da felicidade!


ARTIGO

Kênio Pereira Imobiliário

Abandono do lar e perda da moradia Muitas pessoas que se casaram no cartório ou que vivem em união estável nem imaginam uma coisa. Se um dos cônjuges sair de casa de forma não oficial ou abandonar o lar, ele pode perder a propriedade da casa que ajudou a comprar. Basta que se passem dois anos da saída. Alguns maridos têm ficado surpresos ao serem informados pelas esposas que o apartamento ou a casa que eles compraram passou a pertencer somente a elas. Isso é possível desde 2013. A Lei nº 12.424 de 2011, que criou o artigo 1.240-A do Código Civil, estipula: “Aquele que exercer, por dois anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. Assim, caso um dos cônjuges ou companheiro deixe o lar espontaneamente, sem autorização judicial, o outro pode adquirir a propriedade da moradia que partilharam e que possua até 250m², medida essa que enquadra até apartamentos compactos de 4 quartos. Para tanto, basta que tenha a posse direta, mansa e pacífica pelo prazo de dois anos ininterruptos e sem oposição, com exclusividade para sua moradia ou de sua família. É importante esclarecer que aquele que pretende adquirir a propriedade por meio da usucapião familiar não pode ser dono de outro imóvel urbano ou rural, nem ter tal direito à propriedade reconhecido mais de uma vez, conforme previsto no parágrafo 1º do artigo 1.240-A do CC.

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POLÊMICO ABANDONO DO LAR A questão do abandono do lar, no caso de usucapião familiar, tem retomado o velho questionamento sobre a existência ou não da culpa na relação conjugal que se findou, tema já discutido amplamente e superado pelo Direito de Família. Para evitar esse risco no casamento ou na união estável, é aconselhável buscar assessoria especializada para resolver a situação antes que surja o conflito. A experiência comprova ser comum um cônjuge sair de casa, podendo voltar ou não. Mas perder a casa que comprou com seu esforço para quem nada ou pouco contribuiu tem sido uma surpresa para muitos. É estranho, mas quando ocorrer uma separação, às vezes vê-se nos Tribunais a pessoa que chamava a outra carinhosamente de “meu bem”, esquecer todos os bons momentos que vivenciaram, a importância de manter uma boa relação em proveito dos filhos e de lutar de forma irreconhecível visando apenas “meus bens”. Muitas pessoas somente conhecem o outro realmente no momento da separação ou quando envolve valores materiais.

Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br


Edilson Rodrigues/ Agência Senado

METROPOLIS

O PREÇO DA INÉRCIA O que a produção e a destinação inadequadas de lixo têm a ver com a instabilidade climática? Cassio Teles

s indicadores desfavoráveis ao clima são muitos: as previsões do verão mais quente da história, um Super El Ninho que promete derreter o Brasil a partir do fim de 2015, os nervos de boa parte dos brasileiros que terão de conviver com lixões a céu aberto por sabe Deus quanto tempo. Os locais de depósito de lixo lançam toneladas de gás metano na atmosfera e contribuem de forma direta para o efeito estufa. Os sinais emitidos pelo

governo, em todas as suas esferas, não indicam preocupação nem susto.

Com a medida, a lei representaria o fim dos lixões e dos bota-foras irregulares.

Em julho, o Senado aprovou a prorrogação do cumprimento da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, sancionada pelo então presidente Lula. A lei delegava obrigações aos municípios e às empresas geradoras de resíduos. Uma das exigências é dar destinação ao lixo provocando o mínimo dano ambiental.

Nos lixões e nos aterros sanitários são produzidos diversos gases. Alguns em maior quantidade, como o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2), e outros com quantidade variável dependendo do tipo de resíduo despejado nos aterros, exemplo da amônia (NH3), do hidrogênio (H2), do gás sulfídrico (H2S), do nitrogênio (N2) e do oxigênio (O2).

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METROPOLIS Para o professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG Gilberto Caldeira, qualquer disposição incorreta de lixo tem efeitos ambientais, como contaminação do ambiente e das pessoas e propagação de doenças. “Esses problemas são conhecidos desde a Idade Média. Dentre eles, a falta de saneamento básico, que é a primeira obrigação de qualquer cidade: pequena, média ou grande. Agora sabe-se também que o lixo emite gases que contribuem para o aquecimento global. Na decomposição anaeróbica dos resíduos sólidos urbanos, forma-se o gás metano, que tem um potencial muito destrutivo na camada de ozônio, contribuindo para o efeito estufa”, comenta. O

Geração de RSU per capita

docente também é membro da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças no Clima. Dados do Ministério do Meio Ambiente indicam que a concentração de biogás no solo, incluindo o gás metano, pode durar o período de 30 anos ou mais, mesmo depois de encerradas as atividades nos lixões e nos aterros irregulares. Como o metano é um gás de produção anaeróbica (na ausência de oxigênio), ainda existe liberação de CH4 nos aterros sanitários. No entanto, esse gás pode ser coletado, queimado ou utilizado como fonte de energia. “Se foi queimado, ele se transforma em CO2, então o efeito climático desaparece, porque esse gás volta para a atmosfera; o próprio gás que foi retirado para a produção dos resíduos orgânicos”, explica Caldeira. Muitos aterros têm essa tecnologia. O de Belo Horizonte, próximo à BR 040, coleta biogás. O material é usado em motores para geração elétrica. Não é o mesmo que acontece nos lixões. Devido ao descontrole, as emissões de metano são inevitáveis e acontecem à revelia da lei.

Geração de RSU per capita

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O problema da emissão de gases tóxicos e danosos à saúde e à camada de ozônio adquire uma dimensão ainda maior quando se analisam hábitos observados ao redor do mundo. A população mundial ultrapassou a casa dos 7 bilhões. Cerca de 75% dos habitantes do globo vivem em cidades onde o consumo é maior. A produção industrial para abastecer todo esse contingente resulta na utilização de materiais, em sua grande maioria, descartáveis, com processos de degradação que atravessam séculos. A soma desses fatores evidencia a necessidade de um gerenciamento eficaz quanto ao

... o lixo também emite gases que contribuem para o aquecimento global. Na decomposição anaeróbica dos resíduos sólidos urbanos, forma-se o gás metano, que tem um potencial muito destrutivo na camada de ozônio, contribuindo para o efeito estufa

Gilberto Caldeira, professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG

destino de milhões de toneladas dos resíduos sólidos urbanos. No Brasil, a produção de resíduos não para de expandir e já ultrapassa o crescimento populacional. Para dar uma ideia do tamanho da montanha de lixo produzida em terras tupiniquins, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), só em 2014 o país produziu 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, registrando aumento de 2,9% em relação ao ano anterior. Nesse período, o crescimento populacional foi de 0,9%. Em 2013, cada brasileiro produziu, em média, 379,96 quilos de resíduos. Em 2015, a geração anual foi de cerca de 390 quilos. A variação corresponde a um crescimento de 2,02%.


METROPOLIS Analisando o destino de todo esse lixo, a associação divulgou, na edição 2014 do Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil, que 41,6% têm destino inadequado, que “seguiram para lixões ou aterros controlados, os quais, do ponto de vista ambiental, pouco se diferenciam dos lixões, pois não têm o conjunto de sistemas necessários para a proteção do meio ambiente e da saúde pública”, apresenta o documento. Diante desse cenário, o Senado Federal adiou a aplicação da lei da Política de Resíduos Sólidos que determinava a extinção dos lixões até agosto de 2014. Os prazos agora foram adiados para entre 2018 e 2021, de acordo com a realidade de cada município. Até o fim do prazo inicial, somente 2,2 mil municípios, de um total de 5,57 mil, conseguiram se adequar à legislação, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Os municípios se manifestaram contra o prazo para as adequações alegando insuficiência financeira para a construção de um aterro sanitário. Em Minas Gerais, prefeitos se reuniram e formalizaram consórcios intermunicipais para a construção e a utilização dos aterros. A maioria não obteve sucesso por motivações políticas. No estado, 16,4% do lixo produzido em 2014 foi parar em lixões. Isso re-

presenta cerca de 2,8 mil toneladas por dia. Embora apresente uma ligeira queda em relação a 2013, que foi 16,8%, Minas detém o pior indicador na Região Sudeste. Em São Paulo, 8,2% dos resíduos sólidos vão diariamente para os lixões; no Rio de Janeiro, 9,9%, e no Espírito Santo, 12,8% têm destinação inadequada. Para Gilberto Caldeira, as lideranças municipais alegam não ter condições de dar tratamento adequado aos resíduos produzidos e tentam fazer com que alguém arque com a responsabilidade que compete a eles. “Na verdade, o lixo é responsabilidade de cada cidadão, de cada município. Cada um que gera lixo tem obrigação de dar um destino adequado a ele. E quem é o representante desses cidadãos? É o prefeito; a prefeitura é a organização responsável pela coleta, pelo tratamento e pela destinação correta dos resíduos sólidos urbanos, de cada um dos seus moradores, e cabe aos seus moradores pagar por isso. Nós pagamos nossos impostos para isso. Então, se o prefeito quiser, ele tem como organizar esse setor. Mas existe um jogo de empurra que envolve questões tributárias, repasses da união, Fundo de Participação de Municípios, uma longa discussão política e não se resolvem os problemas reais”, comenta.

Destinação Final de RSU em Minas Gerais

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METROPOLIS O resultado desse descaso é meio ambiente e clima instáveis, chuva forte em Porto Alegre, enchentes no Rio Madeira, no Amazonas, e estações do ano confusas. Para o engenheiro civil Francisco Oliveira, fundador da Fral Consultoria, empresa que atua nas áreas de geotecnia e projetos relacionados à Gestão e ao Tratamento de Resíduos, a má destinação do lixo é um dos grandes responsáveis pelas intempéries climáticas. “As mudanças climáticas têm ligação direta com a má destinação e os efeitos que os gases gerados pelos lixos causam na atmosfera, como o aquecimento global, tema hoje tão discutido por entidades especializadas. Claro que outros fatores contribuem para o aquecimento da Terra, como as queimadas e o contínuo desflorestamento, mas a questão do lixo é algo que podemos mudar. O estilo de vida do brasileiro contribui para que produzamos cada vez mais lixo e que todo esse ciclo se repita”, salienta Oliveira.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), se todo o lixo produzido no país fosse reciclado, seriam gerados R$ 8 bilhões anuais. “Agora pense nesse montante investido em iniciativas em prol do meio ambiente e durante gerações,... Claro que a discussão é muito mais abrangente. É necessária uma mudança de cultura”, conclui o empresário. Para os líderes da Abralpe, para resolver o problema do lixo, o governo desembolsaria metade do dinheiro gasto com saúde e meio ambiente, ou seja, o custo de não fazer nada é o dobro do custo para ações adequadas na gestão de resíduos.

BOM EXEMPLO Enquanto o poder público adia responsabilidades com o meio ambiente, o planeta não espera. E quem tem consciência do seu compromisso com a natureza busca dar o destino correto à própria produção de lixo. Esse é o caso do casal de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Mirna

Célia Gonçalves Messias e Dário dos Reis Messias. Em casa, o lixo é separado há mais de dez anos e encaminhado para reciclagem. Para o casal, a importância desse trabalho vai além da preservação do meio ambiente e parte de uma consciência social sobre o lixo. “Além de ajudar na preservação do meio ambiente, separando esse material, contribuímos para melhorias em nossa casa e nas casas de famílias que vivem da reciclagem. O material não serve para nós, mas é muito útil para outras pessoas. Com isso, diminuímos a quantidade de lixo que mandamos para a coleta comum e, consequentemente, reduzimos o lixo que vai para o aterro. É pouco comparado ao que a cidade produz, mas se cada um fizesse sua parte, a produção de lixo seria bem menor”, explica a auxiliar administrativo Mirna Célia. Atitudes positivas inspiram atitudes positivas. E como em todo bom exemplo, os familiares do casal, os colegas de trabalho e os vizinhos também se sentem responsáveis pelos resíduos. “Em casa, todos participam ajudando a separar o material e apoiam o trabalho. A maioria faz o mesmo trabalho em casa. Na loja onde trabalhamos também separamos o material e incentivamos os funcionários a fazer o mesmo em casa. Alguns vizinhos gostaram da ideia e passaram a separar o material”, conclui o gerente comercial Dário dos Reis. Todo material separado é recolhido por um caminhão da Prefeitura de Caeté que percorre os bairros da cidade e encaminha os resíduos para a Associação dos Gestores/Catadores Ambientais de Caeté (Agea).

Marina Messias

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Na casa de Mirna Célia há recipientes apropriados para o acondicionamento do lixo orgânico e para resíduos que podem ser reciclados


ARTIGO

Robson Sávio Justiça

Menos armas = menos crimes A Comissão Especial que analisa mudanças no Estatuto do Desarmamento aprovou o texto do deputado e relator Laudívio Carvalho (PMDB-MG) que afrouxa as regras para o porte e a compra de armas de fogo. O projeto ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Senado para virar lei. Da Comissão Especial da Câmara, o texto segue para a análise do plenário do Senado. Caso algum deputado entre com recurso, o projeto pode também ser votado pelo plenário da Câmara. Após uma eventual aprovação nas casas legislativas, ele segue para sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff. Enquanto parlamentares ligados à bancada da bala patrocinam essa irresponsabilidade populista, o Mapa da Violência 2015 defende a importância da lei na redução das mortes com arma de fogo. De acordo com o relatório, o Estatuto foi responsável por poupar 160.036 vidas desde a sua sanção em 2003. Entre os anos de 1980 e 2010, as mortes causadas por armas de fogo no Brasil aumentaram 346%, de acordo com o Mapa da Violência 2013. A pesquisa analisou as mortes por armas de fogo decorrentes de agressão intencional de terceiros (homicídios), autoprovocadas intencionalmente (suicídios) ou de intencionalidade desconhecida. De acordo com esse estudo, o crescimento da mortalidade por armas de fogo foi maior entre as pessoas com idade entre 15 e 29 anos (414%), se for comparado com o conjunto da população (346,5%). Os homicídios de jovens cresceram de forma mais acelerada: na população como um todo foi 502,8%, mas, entre os jovens, o aumento foi 591,5%. De cada três mortos por arma de fogo, dois estão na faixa de 15 a 29 anos. Os jovens representam 67,1% dos mortos por arma de fogo no Brasil. Em 30 anos, um total de 799.226 pessoas morreram baleadas.

Uma pesquisa do Conselho Nacional do Ministério Público divulgada em 2012 apontou que as maiores causas de homicídios decorreram de motivos fúteis, como “brigas, ciúmes, conflitos entre vizinhos, desavenças, discussões, violência doméstica, desentendimentos no trânsito”. Portanto, significativa parte dos homicídios no Brasil não é fruto de guerras originadas nas disputas pelo tráfico de drogas. Os impactos do Estatuto e das campanhas pelo desarmamento passaram a vigorar a partir de 2003, incidindo na redução no número de armas ilegais em circulação. Não obstante a isso, o alto índice de homicídios provocados por armas de fogo mostra que o desafio de debelar os homicídios ainda é grande. De acordo com o “Mapa do Tráfico Ilícito de Armas no Brasil e o Ranking dos Estados no Controle de Armas Brasil”, o país tem 16 milhões de armas de fogo, sendo que 80% estão nas mãos de civis. Desse total, 14 milhões de armas estão nas mãos de civis e 2 milhões com o Estado. Um amplo estudo sobre os impactos de políticas de desarmamento em vários países, feito por Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é esclarecedor. Nas últimas duas décadas, vários estudiosos de diversas áreas do conhecimento se debruçaram sobre a relação entre a disponibilidade de armas de fogo e o cometimento de crimes. A conclusão é a seguinte: menos armas implicam menos crimes.

Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br

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CAPA

A TAL FELICIDADE Bem maior desejado por todos, a felicidade é tema central de estudos e de reflexões científicas Haydêe Sant’Ana

la está presente em expressões, músicas, poesias, filmes, histórias. Felicidade é um tema recorrente no curso da vida em geral. O desejo de vivenciar esse sentimento move pessoas em todo o mundo. Mas o que é a felicidade? Por que o ser humano a almeja tanto? As primeiras reflexões sobre o tema nasceram no âmbito das investigações filosóficas acerca da natureza humana. A referência mais antiga aparece no trecho do filósofo grego Tales de Mileto, entre 623 - 546 a.C. “Ser feliz é ter corpo forte e são, boa sorte e alma formada”, disse. Para os gregos, a felicidade era chamada, entre outros nomes, de eudaimonia, que traduzido ao pé da letra seria ‘estar habitado por um bom daimôn’. A professora e filósofa Miriam Campolina destrincha o termo. “Os daimones seriam divindades menores no Panteão grego, privadas de individualidade, responsáveis por zelar para que os homens evitem ações funestas e realizem ações boas. A felicidade seria, assim, um estado descrito por algo como a posse do divino em seu interior”, detalha.

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Posteriormente outros filósofos incrementaram essa visão e apresentaram novos aspectos que insistiram na ideia do homem como agente

responsável pela busca da felicidade. Para Demócrito de Abdera (460 a.C e 370 a.C.), a felicidade consiste em estar de “bom ânimo” (euthymia),

A partir do momento em que nos damos conta do que realmente ela seja, calibramos nosso desejo sob a égide da razão, animamos a razão pela força do nosso desejo e assumimos o desafio de nos fazer artesãos da nossa felicidade

Miriam Campolina, filósofa


CAPA que surge do equilíbrio entre os excessos e as deficiências na vida. Para ser feliz, o homem deveria procurar a moderação dos desejos e reconhecer o primado dos bens da alma sobre os bens do corpo. Na contemporaneidade, a definição de felicidade se assemelha ao ideal socrático. Ser feliz é atingir um estado interior de bem-estar e equilíbrio; de harmonia. Para cada indivíduo, a felicidade se concebe de maneira diferente: é algo relativo, subjetivo, não existindo fórmula universal para alcançá-la. A propósito da associação da felicidade à paz, ao amor, à saúde ou ao sucesso, recorrente no senso comum, Miriam pensa que limitá-la a isso seria um equívoco: “Cada uma dessas coisas pode, sim, ser indício de uma vida boa e concorrer para

a felicidade. Mas não passam de meios para experimentá-la; não a própria felicidade. A partir do momento em que nos damos conta do que realmente ela seja, calibramos nosso desejo sob a égide da razão, animamos a razão pela força do nosso desejo e assumimos o desafio de nos fazer artesãos da nossa felicidade’’, enfatiza. A ideia de associar a felicidade também a fatores e elementos externos, como bens materiais, sucesso, poder e riqueza revela-se frustrante, pois quando o indivíduo alcança o bem almejado, não dá mais tanta importância nem valor a essa conquista. Miriam destaca que isso ocorre porque o ser humano se ilude ao pensar que a felicidade seja algo exterior. “Isso ocorre, a meu ver, precisamente porque nos iludimos ao julgar que a felicidade esteja

fora de nós e que possa ser alcançada de uma vez por todas. Não há uma felicidade vitalícia! A felicidade é e permanece sempre efêmera. A única forma de permanecer na felicidade é fazer com que se sucedam, um após outro, os momentos felizes, isto é, os momentos em que nos mantemos lúcidos e determinados, quando temos a necessidade de perseverar na disposição de reflexão e cálculo diante de cada uma das nossas ações e atitudes”, afirma. Outra ciência que se dedica ao estudo da felicidade é a psicologia. Desenvolvida nos anos 80 pelos psicólogos Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyia, a Psicologia Positiva busca compreender as origens da felicidade. Para isso, volta-se para o estudo das emoções consideradas positivas (alegria, prazer, felicidade), das experiências e dos relacionamentos positivos.

Shutterstock

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CAPA de adultos, Angelita Scardua explica como cada elemento contribui para atingir a felicidade autêntica e estável definida pela psicologia positiva. “A boa vida está relacionada com o investimento que um indivíduo faz de suas forças pessoais e virtudes em seus relacionamentos, no trabalho e no lazer. A vida engajada está ligada ao envolvimento cognitivo e emocional que um indivíduo tem com as atividades desafiadoras que resultam em crescimento e em sentimento de competência e satisfação. A vida significativa como a boa vida depende de o indivíduo aplicar as forças pessoais em atividades, mas a diferença é que essas atividades são percebidas como algo que pode contribuir para um bem maior”, detalha.

A avaliação que fazemos dos eventos e dos fatos da nossa vida é parte essencial da capacidade de nos sentirmos felizes

Angelita Scardua, psicóloga

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Nesse caso, em vez de trabalhar com os pontos negativos, como ocorre na psicologia tradicional, a Psicologia Positiva foca o estudo das forças humanas em vez de considerar as fraquezas. O objetivo é reforçar os pontos positivos para promover uma qualidade de vida maior. Na Psicologia Positiva, o conceito de felicidade proposto por Martin Seligman é analisado por fatores diferentes: emoções positivas, engajamento e significado. As emoções positivas estão associadas à boa vida, realçar o positivo e minimizar o que é negativo. Já o engajamento está relacionado ao conceito de fluxo. O fluxo caracteriza o estágio de estar imerso e engajado naquilo que se faz. E o significado é o processo de ter um propósito maior na vida. Psicóloga especializada no estudo da felicidade e no desenvolvimento

De acordo com essa corrente de pensamento, sentir-se feliz ou não se refere principalmente à maneira como o indivíduo percebe a vida e não com o que está vivendo. “A avaliação que fazemos dos eventos e dos fatos da nossa vida é parte essencial da capacidade de nos sentirmos felizes. A situação vivida não é tão importante quanto a forma como avaliamos cognitiva e emocionalmente”, destaca Angelita. Dessa forma, os fatores engajamento e significado contribuem muito mais para a felicidade do que o prazer. “O prazer se associa aos estados de euforia, satisfação e alegria. O engajamento e o significado se associam a sentimentos mais duradouros, como plenitude, realização e contentamento. Na vida engajada e significativa, a fonte da felicidade é muito mais interna do que externa, ao passo que, na boa vida, a felicidade está muito mais associada ao prazer extraído do mundo externo. Sendo assim, pode-se dizer que o alcance da felicidade depende, em grande parte,


CAPA de vivermos uma vida na qual o que pensamos, o que sentimos e o que fazemos estejam em harmonia”, explica a psicóloga. A FELICIDADE É HERANÇA GENÉTICA? Segundo a Psicologia Positiva, estudos realizados com gêmeos univitelinos criados em lares diferentes mostram indícios de que até 50% da nossa predisposição para sermos felizes pode vir de herança genética. Algumas características da personalidade herdadas dos nossos familiares como, o

O QUE É A FELICIDADE? A felicidade é um estado de equilíbrio interior, uma satisfação pessoal, um estágio de harmonia consigo, independentemente do que ocorre no mundo exterior. Felicidade não é o que acontece na vida, mas a forma como o indivíduo interpreta e elabora os fatos.

JOSINA RIBEIRO DE MATOS faxineira

Nasci no Interior e vim para Belo Horizonte aos 15 anos para trabalhar como doméstica. Engravidei muito cedo, com 17 anos. Por isso, tive que parar de estudar. Assim que a minha filha nasceu, minha

otimismo, a resiliência e a criatividade favorecem uma percepção positiva da vida. No entanto, ter essas características não é garantia de felicidade. “Se 50% dependem da genética, os outros 50% estão divididos entre 10% de circunstâncias da vida das quais não se pode controlar, como doença, saúde, riqueza e pobreza, e 40% que estão em nossas mãos, como a forma de lidar com a vida: como avaliamos o que vivemos, como interpretamos as experiências pelas quais

mãe a levou para morar com ela, pois eu não tinha condições de criar. Depois de cinco meses, engravidei novamente. Foi quando descobri que não podia ter filhos pelo fato de o meu útero ter um formato diferente. As duas vezes que eu engravidei foram milagres. Minha filha só veio morar comigo quando completou 17 anos. Eu tentei buscá-la antes, mas minha mãe não deixou. Até hoje ela não aceita muito o fato de eu não tê-la criado. Mas a minha vida era muito complicada! Meu marido era novo e chegava bêbado em casa, quebrava tudo. Eu e meu filho tínhamos de nos esconder pra não apanhar. Ele me bateu durante 12 anos até eu ter coragem de denunciá-lo. O trabalho sempre foi uma distração. Às vezes, eu trabalhava em troca de um prato de comida, mas não me arrependo de nada. O trabalho para mim é a melhor coisa que tem. Primeiramente vem Deus, depois o trabalho e, em seguida, a saúde. O remédio da depressão é o trabalho. Você ocupando a cabeça, a depressão não entra na sua mente. Felicidade primeiramente é ter muita fé em Deus, uma família unida, saúde e trabalho. Dinheiro não tem muita importância. Eu não sou uma pessoa apegada ao dinheiro.

passamos e como nos vemos uns aos outros”, reflete Angelita. Para a Psicologia Positiva, a mensuração desse tipo de sentimento pode ser feita por meio de parâmetros e indicadores. “Por exemplo: se os resultados de pesquisas indicam que as pessoas com um propósito de vida claro se percebem como mais felizes do que quem não tem, eu posso utilizar esse parâmetro (propósito de vida) como um indicador de felicidade”, explica a psicóloga. A partir dos parâmetros, são definidos os índices de felicidade.

JOSIANE CRISTINA DE SOUZA farmacêutica

Felicidade é uma dádiva, um sentimento nobre que pode ser acompanhado de sorrisos, choros, gargalhadas e que não deve ser guardado apenas para si, mas demonstrado ao mundo, mesmo que seja por meio de um sorriso a um desconhecido que passa pela rua. A felicidade é transmitida ao corpo físico e envolve a nossa alma; é um sentimento que remete ao nosso bem e/ou ao bem a outras pessoas e aos seres. - Josiane Cristina de Souza, farmacêutica

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CAPA NEUSA DA SILVA SANTOS

SANDRA FERREIRA GREIS

MARIA JOSÉ DE SOUZA

auxiliar de serviços

professora

professora aposentada

Eu nasci em Capim Branco, distrito de Araçuaí, e vim para Belo Horizonte muito nova para trabalhar como empregada. Fiquei grávida, e os meus patrões me mandaram embora. Esse momento foi o mais difícil da minha vida porque tive que morar com meu marido em uma favela. Morava em um quarto. O banheiro era o mesmo para três famílias. Lá nasceram meus dois filhos. Depois saí da favela e fui morar em Ribeirão das Neves. O lugar não tinha luz nem água. Era muito sofrido. Nós fomos construindo nossa casa aos poucos. Nessa época, eu estava feliz. Depois meu marido começou a me bater. Então pensei em me separar. Mas esperei meus filhos crescerem. Em 2005, eu tomei a atitude de sair de casa com meus dois filhos. Perdi tudo que tinha construído. Fomos morar de aluguel em um apartamento. Não tínhamos fogão nem geladeira. Éramos só nós. Chegamos, deitamos e passamos a noite felizes. Em 2009, fui incentivada pela minha patroa a comprar um apartamento. E assim eu fiz com meu filho. Hoje sou feliz porque tenho meus filhos e sou amiga do meu ex-marido. E acho que felicidade não é dinheiro. Felicidade é quando a gente encontra alguém para ser feliz; quando a gente faz o que a gente gosta e conquista as pessoas

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Felicidade são momentos em que podeArquivo pessoal mos usufruir do bem que pode ser causado por algo esperado ou inesperado. Felicidade é estar viva vivendo a vida!

RAQUEL EMANUELLE DORES

Felicidade primeiro é estar em comunhão com Deus; estar com saúde e sempre perto da família; solucionar problemas, viajar e conhecer lugares diferentes; viver cada dia como se fosse o último; enfrentar obstáculos, preocupações e problemas com confiança, justiça, segurança e alegria; ver o mundo sem drogas nem drogados; ser otimista e alegre.

estudante de Letras

LÍVIA PACHECO secretária executiva

Felicidade é uma sensação passageira, mas que traz sentido para a vida. O sabor de uma comidinha bem gostosa, o decifrar de um livro que prende e inspira, o procedimento de escrever a própria voz e imaginação. Para ser feliz, cada um cria sua ‘lista do que traz sentido à vida’.

Felicidade é uma escolha você tem que sair da sua zona de conforto e se reinventar para se encontrar e, então, ser feliz


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Especial Infantil

Arte para a vida ESPECIALISTAS DISCUTEM A IMPORTÂNCIA DAS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL André Martins As minúcias impressas nas obras do pintor e escultor italiano Leonardo da Vinci e a precisão dos passos da bailarina russa Anna Pavlova; o cinema pungente do sueco Ingmar Bergman e a ousadia da moda da francesa Coco Chanel: a perfeição de formas, cores, movimentos e sons associados aos protagonistas da história da arte impressiona de tal forma que chega a ser estranho imaginar que esses e outros artistas visionários não tenham nascido

prontos. Mas a arte, assim como a vida, obedece a fases impossíveis de ser transpostas. A infância é, talvez, a mais importante delas. As construções feitas ao longo dessa etapa do desenvolvimento têm fundamental importância para o exercício da arte e para a vida como um todo. Os gênios artísticos da humanidade e a imensurável importância de seus legados suscitam uma longa discussão que não

tem prazo para terminar: a arte é inata a algumas pessoas ou tudo não passa de vontade aliada a estímulos na infância? A psicopedagoga Cecília Mata explica que existe, sim, uma predisposição para as artes. “Cada um de nós traz uma carga bem grande de possibilidades motoras e intelectuais para serem desenvolvidas no decorrer de nossa vida. Buscar estímulos é muito importante para desenvolver o nosso autoconhecimento,


Especial Infantil

Arquivo pessoal

O rendimento escolar se dilata ainda mais quando as artes são ferramentas utilizadas em sala de aula. Cecília explica que cada tipo de arte guarda potencialidades e contribui de forma distinta. Enquanto a música estimula o desenvolvimento cognitivo, a memória e a leitura, o aprendizado de um instrumento musical leva a uma maior facilidade com os números. A pintura contribui para as capacidades motoras, a alfabetização e o desenvolvimento da autoestima. As atividades de recorte e colagem, por sua vez, estão ligadas à criatividade e às noções de espaço e superfície. Já o teatro contribui para a formação da personalidade da criança e a descoberta da vida de forma lúdica e criativa.

descobrindo, assim, a nossa verdadeira vocação”, opina. Muitas vezes, no entanto, a vocação artística pode estar escondida, necessitando de um estímulo para vir à tona. É o que explica a pedagoga especialista em Psicopedagogia Gláucia Dutra dos Santos. Descoberto o talento e estimulado de forma correta, a relação passa a ser simples. Quanto maior o esforço, mais surpreendentes tendem a ser os resultados. O estímulo ao contato com a arte não é recomendado apenas a quem deseja que o(a) filho(a) descubra uma aptidão que venha a se tornar mais que um hobby no futuro. O envolvimento com algum tipo de manifestação artística é fundamental para o desenvolvimento infantil. “Isso é essencial para a construção social, afetiva e cognitiva da criança. Quando interagimos com as diferentes formas de expressão artística em um espaço lúdico de experimentação, criação e mediação, contribuímos para a transformação da aprendizagem infantil, possibilitando uma interação do mundo interno com o externo”, explica Gláucia.

Júlia Vitória, de 7 anos, cursa a primeira série em uma escola municipal de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Agitada, a menina apresentava sérias dificuldades de concentração, o que vinha se refletindo no desenvolvimento escolar. A história começou a mudar a partir de março, quando a menina iniciou aulas de pintura. “A Júlia sempre gostou de pintar. Então decidi unir o útil ao agradável. Além disso, as minhas paredes agradecem”, conta humorada a mãe da

De que forma? A especialista em Psicopedagogia Gláucia Dutra dos Santos descreve os benefícios da arte e em que eles se refletem.

menina, a técnica em Radiologia Graciela Costa de Sousa. Os resultados das aulas que acontecem uma vez por semana começam a surgir. Segundo Graciela, Júlia se sente mais segura e autoconfiante. Na escola, as professoras relatam que a menina está mais sociável e apresenta melhoras significativas na concentração. A evolução de Júlia pode ser vista ainda em uma parede da casa de Graciela onde a filha expõe um novo trabalho a cada semana. “Ela adora ser elogiada! Eu a incentivo muito. Quando percebo que ela desenvolveu algo diferente, é muito gratificante. Os traços dela estão mais finos, a coordenação motora melhorou, o uso das cores é mais adequado,... Então é possível ver a evolução artística e em relação ao aprendizado”, conta orgulhosa a mãe. O interesse de Graciela pelo que a filha produz faz toda a diferença, como garantem os especialistas. Ao longo da infância, os pequenos necessitam de se sentir validados pelos pais. Dessa forma, é de fundamental importância que as crianças tenham uma resposta encorajadora de quem está por perto. “Fomos educados

OS BENEFÍCIOS PODEM SER PERCEBIDOS NAS ÁREAS: Matemática: a melhoria do raciocínio lógico-matemático; Espaço-temporal: domínio da dimensão do espaço e do tempo;

a memória;

Motora e consciência corporal;

a atenção;

Tudo isso se reflete no “empoderamento da autoestima”, possibilitando à criança ser o sujeito da própria aprendizagem.

a concentração; a observação; a percepção audiovisual.


está em família, a festa continua. “Aqui em casa é superlegal porque o avô paterno dele toca piano e gaita. Então toda vez que nos encontramos é uma festa! Um pega a gaita, o Lucas pega uma flauta, o meu marido também toca piano,... Então já tem um pouquinho da veia artística do pai”, conta.

Felipe Cecilio

para apreciar a obra de arte, a estética, o belo e a não dar a devida importância ao ato e à capacidade de criar. Mas é isso que deve ser considerado pelos pais. Para a criança, arte é o prazer de realizar”, sugere Cecília. A especialista explica que não é razoável que os pais forcem a criança a desenvolver uma atividade na qual ela não sinta prazer. O pequeno Lucas, de 4 anos, foi introduzido no universo da música pelo interesse da mãe, a bióloga Luciana Fernandes Meyer. Desde a idade de 1 ano, o menino faz atividades com musicoterapia. “Sempre li muito sobre o processo de desenvolvimento de crianças e a importância da música. Tinha vontade de contribuir com a socialização dele, de dar outro estímulo, já que ele não ia à escolinha. Então a música surgiu da necessidade disso e é algo de que sempre gostei muito”, conta Luciana. O que inicialmente foi escolhido para o Lucas, tornou-se algo prazeroso para o menino. A mãe conta que o filho demonstra grande interesse por instrumentos, é afinado e tem uma noção de ritmo ressaltada por quem entende do assunto. A bióloga revela também que o filho a surpreende a cada dia, demonstrando desinibição e carisma, o que ela associa ao contato com a música.

Quando completou 2 anos, Lucas começou a frequentar uma escola. A mãe optou por uma instituição que prezasse pelo contato dos alunos com as artes. Lá, Lucas também tem aulas de musicalização, além de atividades de cunho artístico. Quando Felipe Cecilio

Luciana espera que Lucas continue interessado em música e, quem sabe?, dedique ao estudo de um instrumento. Mas tudo deve ser a seu tempo, com respeito e liberdade ao que o filho realmente se sentir satisfeito em fazer. “Gostaria de algo a que ele se adapte melhor. Se ele quiser, vou investir. Eu acho que isso faz bem para qualquer pessoa. Ter um momento de tranquilidade, de concentração... A música nos desliga dos problemas. Acho que levar uma atividade como essa para a vida é superpositivo”, arremata Luciana.


Especial Infantil

Para fugir da rotina OPÇÕES DE ATIVIDADES E LOCAIS PARA MOSTRAR ÀS CRIANÇAS QUE A INFÂNCIA VAI MUITO ALÉM DO ENTRETENIMENTO ELETRÔNICO André Martins

A pequena Alice não tem mais que 4 anos. A pouca idade, no entanto, não diz nada sobre o ritmo semanal intenso da garotinha. Além de frequentar a escola, ela faz balé, aulas de equitação e natação. Isso, sem contar o inglês, língua com a qual a menina tem contato desde os 3 anos. Todas as atividades foram livremente escolhidas por Alice, exceto a natação, considerada obrigatória pela mãe, a psicóloga Ludmila Abuid Cabezas Andrade. Os principais locais que a família frequenta, inclusive no condomínio onde vive, a presença de piscinas acendeu o alerta vermelho em Ludmila.

Tecnologia é algo que Alice começa a ‘tatear’ aos poucos. O interesse é percebido pela mãe, que estabelece limites desde já. A intenção é não permitir que a menina vire refém dos objetos que vêm redefinindo o conceito do que é ser criança nos últimos anos. Ao acompanhar Alice no dia a dia, Ludmila sempre reflete sobre a infância vivida por ela mesma. “Eu acho que tínhamos mais liberdade. As minhas brincadeiras aconteciam na rua. Os nossos pais brigavam conosco para que a gente entrasse para casa. Hoje as crianças estão mais paradas. Então temos que ficar a todo momento incentivando nossos filhos a desenvol-

ver atividades que eles gostem e inventando formas de fazê-los exercitar, sair de casa”, conta. A percepção de que a infância mudou não é unicamente de Ludmila. De acordo com a psicóloga infantil Maria Angélica Falci, a fase do desenvolvimento que demanda a consolidação de construções tem sido marcada pela velocidade e pela precocidade impulsionada pela mídia, pelos tecnológicos e, às vezes, até menos pela negligência dos pais. “Não abomino a tecnologia. Sei da importância dela, mas o seu uso por parte de crianças tem sido algo exaustivo e maçante”, opina.

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o depósito de gordura pode evoluir para um quadro de cirrose hepática - e os pulmões, que passam a ter dificuldade para efetuar as trocas gasosas. O obeso geralmente ronca demais porque à noite ele tem obstrução das vias aéreas. Às vezes, ele tem a apneia do sono, quando deixa de respirar de 30 a 40 segundos. Isso pode levar à morte”, alerta o presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Associação Mineira de Pediatria, Antônio José das Chagas.

Arquivo pessoal

Em vez de se adequar ao tempo, Maria Angélica foi na contramão. Substituiu os eletrônicos do próprio consultório por objetos que faziam parte dos momentos de recreação das crianças: jogos de tabuleiro e brincadeiras. “Trabalhar o lúdico desperta um aprendizado de ordem cognitiva e emocional. O prazer se instala de forma aprofundada e não fugaz, como na tecnologia”, ressalta. A psicóloga também chama a atenção para a importância da ludicidade e das brincadeiras para o desenvolvimento infantil. “O lúdico estimula a iniciativa, a curiosidade, a criatividade, a autoconfiança e a autonomia, além de propiciar o desenvolvimento da linguagem, da organização do pensamento, da concentração e da atenção. Brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual da criança”, pontua. Queimar energia tem sido uma tarefa inglória para as crianças. A inércia associada a maus hábitos alimentares e de entretenimento são a raiz de um problema considerado doença crônica

multifatorial pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a obesidade. “Muitas pessoas acham que a obesidade leva ao comprometimento apenas do coração e das artérias, mas, na verdade, a doença compromete os rins, o fígado - que com

“Cultivar bons hábitos desde a infância contribui para que uma vida saudável seja encarada com leveza

Antônio José das Chagas, médico

“Cultivar bons hábitos desde a infância contribui para que uma vida saudável seja encarada com leveza,” sugere Chagas. Para combater a ameaça da obesidade, as atividades físicas são fundamentais. Se hoje, pelo menos nos grandes centros, as brincadeiras de rua caíram em desuso, há muitas alternativas e atividades que podem ser úteis para fazer com que as crianças se desenvolvam adequadamente. Nas academias, as estratégias para ‘segurar’ o público infantil é a diversificação de atividades. Aquela rotina de fichas seguidas meses a fio não funciona para as crianças. Nesses espaços, elas quase sempre desenvolvem atividades aeróbicas para queimar calorias. É também nas academias que a natação, as lutas e as danças, associadas a uma alimentação regrada, ajudam a tornar o balanço energético dos pequenos equilibrado. Para os pais, é imprescindível ouvir o filho e permitir que ele desenvolva a atividade desejada. “A criança deve fazer aquilo com satisfação, prazer e alegria. Assim ela vai fazer, vai se envolver e se dedicar. E vai ser algo importante para queimar calorias e evitar a obesidade”, explica Chagas. O endocrinologista ressalta que, além dos benefícios para o corpo, as atividades físicas tendem a tornar a criança mais sociável, proativa e emocionalmente forte.


FÉRIAS Os meses de julho e os fins de ano são dedicados ao descanso da família. Mas na correria do dia a dia, nem sempre é fácil compatibilizar agendas de pais e filhos. Diante desse quadro, é sempre mais fácil e conveniente permitir que as crianças se entretenham com eletrônicos dentro de casa. No entanto, definitivamente essa não é a alternativa mais benéfica. Oferecidas por muitas escolas, empresas e casas de festa, as colônias de férias proporcionam aos pequenos o contato com a natureza e atividades recreativas e lúdicas. A empresária Monica Fernandes Nunes encaminha os filhos Giovanna e Rafael, ambos de 9 anos, para colônias de férias desde o primeiro ano de vida dos gêmeos. “Acredito que as crianças aproveitem muito mais a infância quando estão em companhia de outras crianças, principalmente com atividades elaboradas por pessoas que trabalham na área da educação. Então eles participam de brincadeiras muito mais saudáveis e lúdicas. E essas atividades os tiram da frente da TV, do computador ou do tablet”, analisa a mãe. As atividades em colônias de férias variam de acordo com a faixa etária. As crianças menores ouvem histórias, desenham, pintam e se divertem com brincadeiras de roda. Além disso, elas têm o contato com brinquedos compatíveis com a idade. Quando maiores, as crianças participam de teatros, oficinas de cozinha e de meio ambiente e de atividades ao ar livre. Para que os filhos se sintam ainda mais animados para participar das colônias de férias, Monica combina com os pais dos colegas de escola de Giovanna e Rafael para enviarem os filhos no mesmo período. Assim as crianças se

Arquivo pessoal

encontram e têm contato extraclasse. “A tecnologia existe e é praticamente impossível lutar contra ela. Eles cresceram envolvidos por esse universo e não conseguem ver a vida sem ela. O que precisamos fazer é envolvê-los em outras atividades para que eles experimentem e possam vivenciar outras experiências”, opina Monica.

Arquivo pessoal

Longe do ritmo intenso das grandes cidades, os hotéis-fazenda surgem como opções repletas de atrativos. São locais ideais para apresentar cenários que muitas crianças desconhecem. Assim os pequenos têm a oportunidade de vivenciar a rotina em uma fazenda. Além da gastronomia típica, com alimentos característicos da roça e feitos


Especial Infantil A ida à cozinha não se resume a executar os pratos propostos. Márcia explica que a intenção é estimular os sentidos das filhas e reforçar o aprendizado que, muitas vezes, se inicia na escola. “Sempre eu mostro e estabeleço um diálogo com elas. ‘Isso aqui tem cheiro de quê?’, ‘o que vocês acham que tem aqui? Que tempero?’. Tudo isso é feito para desenvolver o paladar, o olfato, o tato - eu deixo elas amassarem quando é possível. Tem também a questão da divisão,... Cada uma faz um pouco da tarefa. Alerto também para a questão da higiene, a necessidade de usar o gorro e lavar as mãos, por exemplo. Nós também fazemos a limpeza juntas e separamos o lixo para a coleta, algo que elas aprenderam na escola”, conta a mãe.

André Martins

de modo artesanal, é possível andar a cavalo, tirar leite de vacas, alimentar animais, colher frutas e realizar outras atividades relacionadas com o campo.

Tem criança na cozinha! Cozinhar com os filhos é uma alternativa diferente, fonte de prazer e de muito aprendizado para as crianças. Quem tem o hábito de levar as filhas para a cozinha é a veterinária e zootecnista Márcia Cristina Costa Nascimento. Faz tempo que a mãe tem repassado para as filhas Thaís Helena, de 6 anos, e Bianca Cristina, de 5, uma das atividades associadas à história da família. “Eu sempre gostei de cozinha. A minha mãe também sempre gostou. Inclusive eu tenho um caderno de receitas que ela deixou. Decidi introduzir as meninas nesse universo com a intenção de fazê-las gastar energia mesmo. Desde pequenas, elas estão sempre juntas de mim, ajudando”, revela a mãe. Thaís e Bianca têm até roupa apropriada, um avental estampado e um gorrinho. O ‘uniforme’ veio da Bahia. A tia das meninas, dona de uma cupcakeria que desenvolve atividades ligadas à gastronomia com crianças, encaminhou o presente às sobrinhas ao saber do gosto delas pelo prazer de cozinhar.

Muitas das receitas que as irmãs fizeram foram sugeridas por elas. Já alfabetizada, Thaís anota receitas que vê nos programas infantis de TV e repassa os detalhes à irmã. Tapioca, orelhinha, enroladinho e cuscuz são os pratos que elas mais gostam de desenvolver. E se engana quem pensa que o que é feito em casa fica por ali apenas. “Eu tive que fazer uma receita de bolo de casca de banana para enviar para a feira de cultura. Fizemos eu, minha irmã e minha mãe”, conta Thaís. André Martins

Em um tempo em que o contato com os filhos se restringe aos finais de semana, toda a atividade partilhada entre pais e filhos tende a ser positiva, como evidencia a pedagoga Cecília Mata. “É de muita importância a participação e a presença dos pais na vida dos filhos durante toda a vida. É uma forma de repassar para os filhos, os valores, o conhecimento, a convivência e o vínculo com a família”, analisa.


Agendinha Divulgação

Teatro

Divulgação

O Pequeno Príncipe

A Turma do Madagascar

Cine Theatro Brasil Vallourec

Teatro Sesiminas

5 e 6 de dezembro, às 15h

5 a 13 de dezembro, às 16h

R$ 70 (inteira)

Preço não informado

Baseado na mágica obra de Antoine de Saint-Exupéry, a peça conta a história do princepezinho que vive em um asteróide em companhia de uma rosa. O espetáculo conta com uma cenografia moderna combinada a uma iluminação lúdica e projeção de imagens. Imperdível!

Um leão, um hipopótamo, uma zebra, uma girafa e um grupo de pinguins vivem em um zoológico. Mas a zebra, cansada de viver presa, sai em uma aventura, seus amigos vão em busca de resgatá-la e causam muita confusão. Um espetáculo muito divertido que mostra o valor da amizade.

Cinema

Snoopy e Charlie Brown - Peanuts O Filme Lançamento: 14 de janeiro de 2016

Baseado nos quadrinhos do cartunista Charles M. Schultz, a animação traz o clássico cachorrinho Snoopy em aventuras com seu grande amigo, Charlie Brown e turma. Divulgação

Alvin e os Esquilos: Na Estrada

O Bom Dinossauro

Lançamento: 24 de dezembro

Lançamento: 7 de janeiro de 2016

A animação acompanha as novas aventuras dos esquilos irmãos e cantores, Alvin, Theodore e Simon. As vozes peculiares continuam ditando o tom de comicidade da franquia.

E se os dinossauros não tivessem sido extintos? Assinada pela Disney, animação é centrada na amizade e nas desventuras vividas pelo garotinho Arlo e o dinossauro Spot.


ARTIGO

Maria Angélica Falci Psicologia

O mundo evolui? Final de ano muito próximo, e as reflexões começam a borbulhar em nossas mentes. Sempre é bom analisar nossos sonhos, planos, passos, atitudes e dificuldades. Seria ideal buscar uma autoanálise, de preferência ao longo de todo o ano, mas sabemos que é natural que essa intensificação ocorra nesta época do ano. Refletir sobre questões pessoais é muito importante, mas não é tudo. Abrir os horizontes para valores e para o formato que o mundo está adquirindo na contemporaneidade também pode contribuir para um avanço mental de modo mais intenso. Para você, o mundo evolui de forma significativa ou não? O que vivemos e o que vamos deixar para as outras gerações faz nos orgulhar? Precisamos aprofundar essas avaliações. Elas são importantes para que tenhamos real noção do tempo em que vivemos e para que não fiquemos alienados. O não ficar alienado, mas antenado é isto: ter curiosidade, pesquisar, conversar, trocar ideias e aumentar o conhecimento. Precisamos ter percepção do tempo e definir postura e posição mediante o que vamos enfrentando. É fato que as pessoas estão mais temerosas em manifestar os próprios ideais e pensamentos sob a clássica ameaça de que tudo pode se voltar contra elas. Realmente existe muita intolerância no mundo, mas se posicionar é uma forma de treinar o respeito e a consideração das pessoas com as diferenças. Quando nos omitimos, o sentido da

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vida se perde um pouco. Reduzir a perseguição psíquica e se posicionar sobre o que é necessário pode contribuir com o crescimento pessoal, pois assim se exercita a criação, a crítica, as descobertas, o respeito e a tolerância, que passa a ser algo natural na relação com o próximo. Eis aqui o verdadeiro sentido da evolução pelo ajuste emocional. Vamos acreditar que possamos encontrar e fazer um mundo melhor, evoluído nas questões dos maiores valores e sentimentos. Vamos respirar e inspirar as diferenças e dignificar o outro pelo o que construiu em seu viver. Vamos dizer não à arrogância e à prepotência do mundo, que tenta validar sua ‘verdade’ com desamor. A questão da evolução ou involução está muito presente em nosso dia a dia, mas nossa postura faz toda a diferença. Somos mais fortes quando agimos com humanidade e bons sentimentos.

Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental angelfalci@hotmail.com


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PREPARO

100 g de queijo de cabra 100 g de presunto Parma 140 g de figo seco 20 ml de molho de tomate temperado com sal e orégano

Hidrate o figo em água morna por cinco minutos. Pincele o disco de pizza com o molho de tomate e, em seguida, acrescente o queijo de cabra e o figo fatiado. Asse e, no final, acrescente o presunto Parma.

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INGREDIENTES

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SAPORIS mesmo para consumo próprio, não é necessário devorar livros e livros, estudando demais, mas saber claramente o próprio gosto e o estilo preferido. Entretanto, aos que querem se aprofundar, adianto que se trata de um mundo alucinante.

Harmonização Harmonização para a Pizza Surpreendente 2016

Existem cursos para iniciação que são ótimos para quem deseja se aprofundar mais e conhecer harmonizações, estilos de uvas e características de cada bebida. Na Enoteca, por exemplo, temos o curso de iniciação e vários jantares com vinhos de regiões diferentes ou uvas específicas. Os encontros permitem que as pessoas possam adquirir um bom embasamento. Há também as feiras de vinhos para o contato com a bebida ganhar amplitude e promover discussões.

Nelton Fagundes, Enoteca Decanter Para essa harmonização bem inusitada, levamos em conta os elementos do prato, sua tendência leve à doçura cedida pelo figo e a textura tenra do presunto Parma. Para realçar e intensificar essas características, sugiro um vinho branco com frescor vibrante e leve toque adocicado, com aromas frutados e toques florais. O Rieslving Mariengarten 2014 Eugem Muller, da Alemanha, acompanha muito bem essa pizza, proporcionando um incrível equilíbrio.

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Desvendando o universo dos vinhos Nelton Fagundes Sommelier da Enoteca Decanter BH Dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) revelam que o consumo de vinhos no Brasil aumentou em 4,6% no primeiro semestre de 2015 na comparação com o mesmo período de 2014. Mesmo com o crescimento pela procura, muitos ainda não sabem escolher vinhos que agradem ao próprio paladar. Eles até mesmo guardam a bebida em condições incorretas. Para explorar esse mundo fantástico, o ideal é começar reconhecendo o próprio gosto do vinho. Depois é só se deixar levar pelo encanto. Deve-se procurar vinhos com uma leitura mais acessível,

de impacto, com fácil informação. Por exemplo: um rótulo europeu, de forma geral, é mais elegante e tem um frescor mais presente, principalmente se for de regiões frias. Conhecer sobre o vinho, em muitos casos, é necessário para uma boa harmonia entre ele e os alimentos. Cada pessoa deve definir seu estilo e ir degustando os vinhos da forma que melhor lhe convier. Sugerimos também diversificar e provar espumantes, brancos, rosés e tintos, dentre outros. Para ter conhecimento sobre o mundo enológico, ou

Outro ponto importante para quem deseja ter vinho em casa é saber exatamente como estocá-lo. Se puder, o ideal é ter uma adega. Procure uma com compressor, pois funciona melhor no clima brasileiro, lembrando que a adega é para acondicionar vinhos. Dependendo do estilo, é necessário colocar para gelar. Por exemplo: um espumante na adega vai estar a 15ºC. Para consumi-lo, é recomendado que a bebida esteja a 6ºC, 8ºC. Caso não tenha uma adega, guarde os vinhos no lugar mais frio da casa, sem presença de cheiros fortes, nem trepidação, evitando paredes expostas ao sol diretamente e sem esperar muito tempo para bebê-los. Indicar vinhos sem conhecer o apreciador é uma tarefa muito delicada. Contudo, para começar uma coleção, há alguns que são bem versáteis e atendem a uma boa gama de consumidores: o Espumante Bossa Brut (Brasil), Prosecco Bedin Extra Dry (Itália), Chardonnay Estate De Martino (Chile), Sauvignon Blanc Expresíon Villard (Chile) e Macabeo Artero (Espanha), dentre outros. No mais, prove, prove e prove! Só assim, o paladar se desenvolve para que você possa conhecer e beber vinhos cada vez melhores. | 35


ARTERIS Julianne Schaerb

Francisco Cacau

F

az tempo que é considerada ultrapassada a ideia de categorizar roupas entre masculinas ou femininas. O termo “gender-bender”, que em tradução literal significa além-gênero, é tendência no mundo da moda. Ele propõe que as roupas sejam entendidas simplesmente como peças, não existindo distinção entre os guarda-roupas masculino e feminino. Saias, por exemplo, podem ser usadas também por homens assim como os ternos estão liberados para as mulheres. O gender-bender traduz o ideal de liberdade de escolha e quebra das definições de masculino e feminino, mas a discussão é bem maior e vai além, como sugere o termo. Para o designer Raphael Ribeiro, essa é uma proposta que veio para ficar. “Os conceitos de gênero estão sendo muito questionados. Acredito que o papel da moda seja subverter esses padrões e auxiliar na profusão de ideias”, destaca. Este ano, Raphael lançou a Cacete Company, uma marca idealizada para o público masculino que vem conquistando também as mulheres. “Nosso foco era produzir roupas para homens, mas como temos peças que funcionam para ambos os sexos, desde o início algumas meninas se interessaram. Inicialmente as consumidoras da marca foram minhas amigas e agora atingimos um público maior que se identifica com a nossa identidade”, conta.

LIVRE PARA OUSAR Misturar peças masculinas e femininas está na “moda”. O conceito de “gender-bender” propõe quebrar preconceitos e tabus Camila França

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Para o designer, as roupas devem ser cada vez mais independentes dos conceitos de gêneros nos armários de homens e mulheres. “Há alguns anos tivemos o boom de calças boyfriends. Agora os meninos estão usando saias. Acho que não existe roupa de menino nem de menina; existe roupa”, acrescenta. Embora pareça um assunto recente, a mistura de peças femininas e mascu-


ARTERIS linas está presente há muito tempo no mundo da moda. Este ano, o assunto voltou à pauta com o primeiro desfile da marca internacional Gucci. No entanto, em 1920, a estilista Coco Chanel propunha que as mulheres se apropriassem de roupas vistas como exclusivas do universo masculino. Outros ícones da moda e da cultura pop de diferentes décadas também levantaram o debate sobre a questão de gêneros ao se vestir. Nos anos 80, por exemplo, o cantor e compositor britânico Boy George inspirou uma geração embalada pelo estilo musical new wave com roupas que transmitiam um ar de androginia e excentricidade. Nessa mesma década, a modelo e cantora Grace Jones marcou época com o seu disco Nightclubbing. A capa, concebida pelo fotógrafo Jean-Paul Goude, mostra Jones vestida em uma jaqueta Armani e segurando um cigarro na boca. A imagem se tornou icônica e símbolo de uma artista que representou a androginia.

Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Couto entrou no universo da moda quando começou a produzir as próprias roupas. De acordo com o estilista, ele não encontrava nas lojas peças que traduzissem o seu gosto e a sua personalidade. Hoje, além de produzir as próprias roupas, o estilista produz para outras pessoas. “Costumo trabalhar com uma palheta de cores mais neutra e com a malha, um tecido que permita várias possibilidades de criação. O resultado são peças para qualquer corpo e pessoa”, explica.

COISA DE MENINO Sabe aquela história de que azul é cor para meninos e rosa para meninas? Então, o “gender-bender” propõe deixar isso para trás e misturar cores, peças, acessórios e formas. Para algumas pessoas, isso é bem natural e faz parte do guarda-roupa e do estilo de vida há bastante tempo. O artista Edmar Pereira, conhecido como Ed Marte, busca nas roupas o mesmo colorido e a leveza com que leva a vida. Para Ed, a grande questão é ter liberdade de usar o que quiser e desmitificar

Pân Alves

No Brasil, diversas personalidades também se apropriaram dessas misturas de peças. Entre elas, o grupo de teatro e dança Dzi Croquettes, que celebrava a alegria, a androginia e a liberdade nos anos 60, usando nos palcos cílios postiços, purpurina, plumas e saias em pleno período da ditadura militar. Segundo Matheus Couto, estilista na AMDO, galeria de moda que reúne designers de Belo Horizonte, as tendências na moda estão sempre indo e vindo. “Existe hoje uma discussão de gênero na sociedade, fator que influencia diretamente no comportamento das pessoas. Essas distinções entre o feminino e o masculino estão sendo quebradas, mas ainda há muito o que fazer”, explica. Para mulheres e homens as peças produzidas pelo fortalezense Cacau Francisco não obedecem a regras de gênero

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ARTERIS essa questão de que existem roupas exclusivas para homens e para mulheres. “Para mim, é muito natural sair de casa usando uma saia, por exemplo. Precisamos quebrar paradigmas e preconceitos e usar essa liberdade de escolher o que vestir no nosso dia a dia”. Presença constante na cena cultural de Belo Horizonte, Ed Marte é ator, performer e arte-educador. O artista descreve como os ideais se refletem na sua maneira de se vestir. “Exercito minha criatividade também por meio das roupas. Existe uma coisa de corpo político que deve ocupar e circular pela cidade. Quando andamos pelos espaços, criamos uma relação com ele e com as pessoas. Quanto mais levarmos essa liberdade para as ruas, mais as pessoas vão perceber com naturalidade”, descreve. Assim como Ed, o artista modernista Flávio de Carvalho circulava de saia pelas ruas de uma capital nos anos 50, causando questionamentos e polêmicas em torno da peça. Hoje a saia retorna para o universo masculino e rompe com os conceitos de que existem roupas destinadas para homens e para as mulheres. Prezando pelo conforto, o ator Arthur Arock também incluiu a peça no vestuário. Para ele, o ideal é usar sempre roupas confortáveis e que lhe tragam a sensação de bem-estar. “Essa apropriação de peças do guarda-roupa feminino pelos homens, assim como o contrário, é um processo de desconstrução da regra social em prol do que faz você se sentir melhor. É como diz aquela frase que ficou famosa na internet: ‘coisas que são unissex: todas!’”, acrescenta Arthur. As peças consideradas masculinas são vistas com mais frequência nos armários das mulheres. Para o estilista fortalezense Cacau Francisco, existe, sim, uma naturalidade maior nesse uso des-

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de que essas peças não desconstruam a feminilidade da mulher. “Quando o uso dessas peças foge à regra, também é visto com estranheza e preconceito pela sociedade. No entanto, a moda sem gênero Matheus está Couto ganhando cada vez mais espaço”, explica. A ideia de aplicar às peças o conceito “gender-bender” surgiu ainda na faculdade, quando Cacau estava desenvolvendo o trabalho de conclusão de curso. “Comecei a desenvolver roupas que dialogassem com qualquer indivíduo, misturava elementos de modelagem dos universos masculino e feminino, mas não se identificava como moda unissex, termo que era comumente utilizado para definir esse modo de fazer roupa sem gênero”, descreve. Para Cacau, o processo de criar roupas sem gênero definido está diretamente relacionado ao próprio processo de

O envolvimento de Matheus Couto com a moda começou diante de uma inquietação particular: ele não encontrava peças que refletissem a personalidade dele

amadurecimento profissional e pessoal. “Quando comecei a levar essas questões para o meu trabalho, queria me comunicar com as pessoas que passavam pelas mesmas descobertas que eu. Naquele momento, era uma verdade que eu trazia em mim e consegui transpor para as roupas que criei. O que vejo hoje é que o uso de roupas não masculinas pelos homens, por exemplo, muitas vezes se restringe a editoriais, desfiles e campanhas. No dia a dia, o uso ainda é cercado por tabus. Para desconstruir essa questão, acredito que as marcas, as revistas e as pessoas de uma forma geral devam construir um diálogo mais político sobre o uso dessa moda não binária”, finaliza.


PODIUM PODIUM

À espera de regulamentação, esporte ganha adeptos na capital. Em dezembro, Belo Horizonte recebe torneio com pelo menos R$ 500 mil em prêmios

Vinicius Grissi

Apenas no início de 2012, o pôquer foi reconhecido como “esporte mental” pelo Ministério do Esporte. Mas bem antes disso, fabricava milionários em torneios que, só nos últimos anos, chegaram à televisão. Aos poucos, esses prêmios começam a cair nas mãos de brasileiros, como Bruno Vendramini Politano ou Bruno Foster, como é conhecido no mundo do pôquer. Aos 32 anos, o paulista se tornou o primeiro (e único) brasileiro a entrar no seleto grupo do “november nine”, os nove jogadores que disputam a mesa final do mundial de pôquer. O empresário abocanhou quase US$ 1 milhão pelo oitavo lugar no

World Series Of Poker em novembro de 2014, em Las Vegas. De malas prontas para Belo Horizonte, onde vai disputar pelo menos R$ 500 mil em prêmios, Bruno destaca a importância de torneios em espaços como o Mineirão. “Para a comunidade do pôquer, que sofre com o preconceito, a expectativa é a melhor possível. Quando a gente fala em um estádio de futebol, fazemos um link com um esporte que só agora está começando a despontar e ser entendido pelas pessoas”, relata o profissional. Quem também acredita na importância de atingir espaços como o Mineirão é o diretor de marketing do Sierra Poker, Filipe Souza. Responsável pela organização do torneio, o clube é um dos dez espaços dedicados ao esporte em Belo Horizonte. Aberto no fim de 2012, o espaço recebe cerca de cem jogadores por dia e tem mais de 7 mil associados cadastrados. “Beagá já caminha para ser um dos maiores polos de pôquer no Brasil. Temos muitos praticantes de final de semana com a família e os amigos. Mas um torneio como esse pode popularizar a prática e quebrar paradigmas por ser um local icônico. Além disso, deve dar um crescimento considerável no nível de praticantes”, explica.

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O PÔQUER DÁ AS CARTAS EM BH

ai o campo gramado, entra a mesa. A bola dá lugar às cartas. Os chutes são substituídos por fichas. Entre 10 e 15 de dezembro, com o fim da temporada de futebol, o Mineirão vai receber uma edição do 888 Live Local, evento de pôquer que só neste ano passou por Austrália, Canadá além de vários países europeus. O espaço foi escolhido por ser o templo mineiro da maior paixão nacional. Nada mais inspirador para um esporte que, apesar de lutar contra o preconceito, ganha adeptos de forma vertiginosa mundo afora.


A expectativa da organização é de que nos seis dias de competição no Mineirão, pelo menos 2 mil pessoas passem pelas mesas que serão montadas no espaço vip do estádio, com vista para o gramado. Dentre elas, profissionais brasileiros e sul-americanos além de jogadores esporádicos. “O que a gente espera em sua grande maioria é um público que já pratica, mas não teve a oportunidade de conhecer um evento desse tamanho”, conta Filipe, destacando que alguns satélites ao vivo e pela internet dão vagas para disputar o torneio com o pagamento de apenas US$ 0,01. A inscrição custa R$ 490.

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“Para a comunidade do pôker (...) a expectativa é a melhor possível. Quando a gente fala em um estádio de futebol, a gente faz um link com um esporte que só agora está começando a despontar e ser entendido pelas pessoas

Bruno Foster, empresário

Gente como o publicitário Pedro Senra se reúne com os amigos pelo menos uma vez por semana para jogar pôquer. Às vezes, ele se arrisca também pela internet. Como não é um profissional do esporte, ele ainda luta para conseguir folgas na agência onde trabalha para se arriscar no Mineirão. “O final de ano promete ser cheio de trabalho e ainda não posso confirmar. Mas além da ótima premiação, a possibilidade de jogar um torneio grande na minha cidade é muito legal”, explica. O fato de ficar frente a frente com grandes jogadores é encarado com naturalidade. “Serve mesmo é de motivação. Cair na mesa de um profissional serve de incentivo para buscar o melhor jogo e, quem sabe?, eliminar o ‘shark’ do torneio”. Quem garantiu presença foi Vitor Viana. Depois de passar os últimos anos aperfeiçoando seu jogo com amigos pelo menos uma vez por mês e em algumas sessões on-line, ele está disposto a elevar o nível da brincadeira. “É rara a oportunidade de jogar um campeonato nesse formato aqui. Para quem gosta de jogar como eu, mas não é profissional, pode ser única“, revela. Ele é mais um a fazer coro quando

o assunto é o encontro com grandes jogadores. “Imagino que possa encontrar alguns caras que eu já vi disputar grandes prêmios pela televisão. E acho que vai ser uma experiência sensacional”, conta o advogado. A oportunidade de dividir o espaço com grandes jogadores também é destacada pelos profissionais. “Eu jogo tênis, mas jamais vou ter a oportunidade de jogar com o Djokovic ou o Nadal. O cara que disputa um torneio como esse tem a possibilidade de se sentar a uma mesa ao lado do Akkari, do Ariel, do Decano. É um esporte que dá oportunidade de jogar ao lado do seu ídolo. E ainda pode arrumar uma premiação em dinheiro que pode melhorar muito o fim do ano”, brinca Foster, que dá dicas para jogadores de primeira viagem: “muita paciência, foco, determinação e, principalmente, atenção”. Mesmo com a ajuda para os iniciantes, o torcedor do São Paulo não quer perder a oportunidade de levantar um título no Mineirão. “Eu nunca imaginei essa possibilidade na vida. Já pensou jogar no Morumbi um dia?”, sonha ele. Para Filipe Souza, o evento ainda traz essa particularidade. “Apesar dos 7x1 (lembra da derrota do Brasil para a Alemanha no Mundial do ano passado), o Mineirão é um estádio de Copa do Mundo, um dos mais queridos e conhecidos do Brasil. E as pessoas não vão entrar para se sentar na arquibancada. Elas vão é participar ativamente da competição. Vão ser jogadores de fato”, salienta. À espera de ser regulamentado pelo Ministério do Esporte (em outubro foi anunciado um grupo de trabalho para resolver a situação), o pôquer parece disposto a dar “all in” em Belo Horizonte. E a cidade, ao que tudo indica, está pronta para pagar ou até mesmo dobrar a aposta.



HORIZONTES

FELIZ ANO NOVO! Saiba onde ficam as melhores hospedagens e festas de réveillon do Brasil. Confira as dicas selecionadas pela equipe de Vox Objetiva Leo Pinheiro

A virada nos morros cariocas inclui uma deslumbrante vista do show de fogos de Copacabana

Julianne Schaerb

altam poucos dias para a chegada do Ano Novo. E se você não sabe onde celebrar o dia 31 de dezembro e gosta de se preparar para não ter dor de cabeça na hora da virada ou para economizar um bom dinheiro, está mais do que na hora de escolher o seu destino e fechar a compra de pacotes de hospedagem e de festas. Os melhores hotéis e as baladas de réveillon do país estão com seus ingressos disputadíssi-

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mos. Quem demorar a se planejar vai acabar pagando mais caro ou ficando sem eles. O réveillon mais famoso do planeta, o do Rio de Janeiro, também é um dos mais concorridos. A média de ocupação hoteleira da cidade está em mais de 85%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio de Janeiro (Abih-RJ). Quando se fala apenas em Copacabana, esse índice chega a

95%. A procura é maior nos estabelecimentos que oferecem vista privilegiada da praia onde o show de fogos de artifício deve atrair mais de 2 milhões de pessoas. A princesinha do mar promove um dos espetáculos mais deslumbrantes do mundo. Mas não só do estouro de foguetes vive a Cidade Maravilhosa. Na última noite de 2015, festas para todos os gostos e bolsos vão ani-


HORIZONTES mar os cariocas e os turistas. Além do Rio, o Nordeste é uma ótima opção em tempos de alta do dólar. Mas se você quer pegar um voo mais rápido ou até viajar de carro, a Região Sul oferece belas praias, como o Balneário de Camboriú e Florianópolis. Agora se o mar literalmente não é a sua praia, não desanime. O seu lugar pode ser em uma noite sofisticada e com muito glamour em São Paulo. Para não deixar ninguém de fora da última celebração de 2015, a equipe de reportagem de Vox Objetiva selecionou algumas opções com perfis e preços bem variados para você avaliar e escolher a melhor opção para entrar o Ano Novo com o pé direito,... pulando sete ondas ou não.

SIMPLESMENTE UM LUXO Reduto de celebridades, a festa do Copacabana Palace é sempre a mais concorrida – também uma das mais caras – do Rio. Além de artistas e políticos, são esperados este ano membros do comitê executivo do Comitê Olímpico Internacional e a presidente da República, Dilma Rousseff – em função das cerimônias das Olimpíadas de 2016, que o prefeito Eduardo Paes vai realizar no palco em frente ao hotel. No Copa, é claro, nenhum funcionário confirma a presença da presidente nem de nenhum outro famoso da lista de convidados, mas é certo que muitos estarão lá! Com bufê assinado pelo chef executivo Pierre-Olivier Petit, a festa, que acontece nos Salões frontais, Nobre, Golden e Palm, inclui bebidas e banda ao vivo a partir das 21h. Os preços por pessoa variam de R$ 2,9 mil (mais taxas) para o Salão Palm, e R$ 3,3 mil (mais taxas) para os salões Frontais, Nobre e Golden. Localizado à beira da mítica piscina do hotel, o restaurante Pérgula oferece cardápio assinado pelo chef Filipe Rizzato. O preço por pessoa é R$ 2,55 mil (mais taxas) e inclui bebidas. Para a ceia do italiano Cipriani, comandado pelo chef Luca Orini, o jantar custa

Divulgação/ Fasano Hotel

R$ 2,65 mil (mais taxas) por pessoa e começa a partir das 20h, com piano ao vivo. No estrelado restaurante MEE, o menu da noite criado pelo chef Kazuo Harada apresenta sete pratos, incluindo sobremesa, e o valor da ceia é R$ 2,65 mil (mais taxas), com bebidas. Para os clientes que optarem pela ceia de um dos três restaurantes do hotel, a partir das 22h a área da piscina será transformada em pista de dança com o DJ Papagaio. Já os preços das hospedagens são um pouco mais salgados do que o da comida. O mais barato: R$ 17 mil pelo pacote de cinco noites. Está podendo? Então prepare-se para fazer a reserva para o ano que vem. Em 2015, o Copacabana Palace não tem mais quartos disponíveis. Com 39 andares, o Windsor Atlântica é outro ponto cobiçado para ver o espetáculo dos fogos de artifício. E o melhor: ainda tem quartos disponíveis em andares altos. De frente para o mar, o preço é de R$ 9,27 mil (mais taxas) o pacote de três noites para uma ou duas pessoas. As suítes sem vista frontal para a praia custam a partir de R$ 7,18 mil (mais taxas). Quem quiser passar a virada no restaurante The View, localizado no 4º andar, vai precisar desembolsar ‘apenas’ R$ 1,6 mil por pessoa. No restaurante italiano Alloro, no térreo, a ceia sai por R$ 1,3 mil. Outra opção de luxo é o Fasano, na vizinha Ipanema. No hotel que abrigou a maior parte das estrelas internacionais que se apresentaram no Rock in Rio este ano, como Katy

Para quem procura luxo, o Fasano pode ser uma boa opção

Perry, Rihanna e os metaleiros do System of a Down, as festas são promovidas no bar Londra e no restaurante Al Mare e custam respectivamente R$ 2,5 mil e R$ 2,8 mil (mais taxas). A partir das 23h30, o acesso ao terraço é liberado e, na hora da virada, será servido champanhe à beira da piscina. Quem quiser comprar o pacote que inclui hospedagem e coquetel de réveillon no terraço do hotel terá que desembolsar, no mínimo, R$ 21 mil (mais taxas) pelo pacote de cinco noites por um apartamento com vista interna. O valor maior é do pacote de seis dias na Suíte De Luxe de frente para o mar: módicos R$105 mil. Segundo a gerência do hotel, o investimento vale cada centavo. A permanência no hotel pode ser considerada uma experiência; que inclui translado em carro de luxo do aeroporto ao hotel, frutas no momento da chegada, garrafa de champanhe, café da manhã para dois, servido no restaurante Fasano Al Mare, serviço de praia exclusivo e até um mordomo disponível para desfazer e refazer as malas.

BOM, BONITO E BARATO Mais próximo do ‘mundo real’ há opções luxuosas e divertidas fora dos hotéis, em clubes, bares, restaurantes, quiosques e pontos turísticos cariocas. A festa do Morro da Urca completa duas décadas. O ponto alto da celebração é a vista livre para toda a orla e a queima de fogos de Copacabana e do Flamen-

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HORIZONTES

Ivete Sangalo é a atração principal do “Melhor Réveillon do Mundo”, em Salvador...

da Praia de Copacabana (altura do Posto 5) não tem vista para o mar. Porém, você vai poder sair para ver os fogos e voltar à balada programada para até as 6h. O preço é de R$ 250 para mulheres e R$ 300 para homens. A hospedagem em quarto compartilhado custa R$ 950 pelo pacote de quatro noites. O preço da suíte particular para duas pessoas durante as mesmas quatro noites é R$ 3,2 mil.

I hate flash

PELO BRASIL

De frente para um dos mais belos cartões-postais da cidade, a Lagoa Rodrigo de Freitas com a sua árvore de Natal flutuante e o Cristo Redentor, a festa do quiosque Palaphita Kitch tem ingressos a partir de R$ 540. O menu tem ingredientes amazônicos, frutos do mar, risotos, culinária japonesa e vegetariana e bebidas premium. Já o cardápio musical é variado com DJs de vários estilos tocando a partir das 21h. No Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, o réveillon também é eclético, com apresentações do grupo Carrossel de Emoções, Primeiro Amor – Samba Retrô, Sany Pitbull, DJs Tartaruga, Gagau Dieckman e Rodrigo Loyola. Os ingressos custam a partir de R$ 340, e o sistema é all inclusive, com bufê do restaurante Laguiole, do MAM, que promete um cardápio exclusivo para a noite da virada.

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FESTA NA FAVELA! Quem não fizer questão de festa chique, mas ainda quiser desfrutar das mais belas paisagens do Rio, tem como opção festejar em uma comunidade. A R$ 300 por pessoa, o hostel Favela Inn, atrás da praia do Leme, oferece ceia e até uma noite de sono e o café da manhã seguinte. Mas as bebidas – cerveja, caipirinha, refrigerante, água e suco – serão cobradas à parte. Há também opção para quem for só para a festa. Nesse caso, o preço cai para R$ 250 por pessoa. Em outra comunidade dos arredores de Copacabana, o hostel Pura Vida, que fica no sopé do Morro do Cantagalo, faz pelo quinto ano seguido a sua festa de réveillon, com muita música em duas pistas de dança, além de VJ e open bar. O casarão a cem metros

Mais acima no mapa da Região Nordeste, o Marina Park Hotel de Fortaleza promete um ‘Réveillon Splendour’, com direito a comida e bebida liberadas. O gênero axé também vai predominar, mas o cardápio musical será mais variado. As atrações da virada de ano cearense serão Banda Acaiaca a dupla sertaneja Luís Marcelo & Gabriel e Bell Marques, que escolheu a festa para gravar o primeiro DVD da carreira solo. Uma tenda com música eletrônica será montada para aqueles que pretendem dormir pouco em 2016. O preço do convite é a partir de R$ 450. Já o pacote de três noites com café incluído custa

... já em Fortaleza, Bel Marques comanda a festa no Marina Park Hotel

Divulgação

go para quem adquirir o convite com acesso ao Morro da Urca e ao Pão de Açúcar no valor de R$ 1,84 mil. Por menos da metade, R$ 792, você pode aproveitar a festa com acesso somente ao Morro da Urca. Em ambos, o sistema é serviço de bufê e open bar, e as atrações são a Banda Soul de Quem Quiser e da Bateria da Unidos da Tijuca. Nos intervalos, a pista de dança fica sob o comando dos DJs Janot e João Rodrigo.

Fora do Rio de Janeiro também há muitas opções para celebrar. Quem estiver em Salvador, por exemplo, pode ver o furacão Ivete Sangalo embalando a noite no ‘Melhor Réveillon do Mundo’, na praia de Guarajuba. O grupo Harmonia e a queima exclusiva de fogos são as outras atrações. A entrada custa R$ 290 para mulheres e R$ 310 para homens.


R$ 4.6 mil para uma pessoa e R$ 5,75 mil para duas. Nos dois casos, os hóspedes ganham o ingresso para a festa. Em um dos pontos mais bonitos de Florianópolis, o Réveillon Jurerê é tão identificado com essa região litorânea catarinense que leva até o nome da praia. Quem anima a festa é o ator e cantor Thiago Martins, o músico Thiago Brava e a Furacão 2000. Os ingressos custam a partir de R$ 250 (open bar) e R$ 310 para os que adquirirem o ingresso com jantar. Ali perto, na Praia do Estaleirinho, Balneário Camboriú, o Réveillon Shed Parador Hotel promete repetir a animação do ano passado, quando o jogador de futebol Robinho e o cantor Mariano prestigiaram o evento. Os ingressos com direito a música ao vivo, DJs e bebida liberada custam a partir de R$ 300. Em São Paulo, festa é o que não falta. Então, mesmo sem vista para o mar, a capital brasileira da vida noturna oferece baladas repletas de atrações e hospedagens a preços variados. Dependendo do tamanho do seu bolso, você pode escolher se hospedar no Hotel Fasano, a partir de R$ 4,62 mil (mais taxas) por noite, cear por R$ 1,2 mil (mais taxas) ou ir à descolada festa Glow Party na Le Rêve Club por módicos R$ 55. O ingresso inclui apresentação ao vivo da Bateria Groove House, um mix dos sucessos da Le Rêve com percussionistas, performances, frutas, café da manhã e desconto de 50% no champanhe Chandon. A reserva da mesa na Pista custa R$ 140 com direito a uma garrafa de Chandon Brut 750ml. Agora é só fazer as contas, separar as peças de roupa branca, escolher o seu destino e aproveitar as últimas horas do ano e as primeiras de 2016! Mas corra, porque a procura é muito alta e muitas das hospedagens e das festas podem sofrer alteração de preço. *A Vox Objetiva não se responsabiliza por possíveis mudanças de valores nem de serviços oferecidos pelos estabelecimentos listados nesta matéria.

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BELMOND COPACABANA PALACE Local: Praia de Copacabana (21) 2548-7070 WINDSON ATLÂNTICA Local: Praia de Copacabana (21) 2195-7800 HOTEL FASANO – RIO Local: Praia de Ipanema (21) 3202-4000 RÉVEILLON DO MORRO – COMPANHIA CAMINHO AÉREO PÃO DE AÇÚCAR Local: Urca (21) 2546-8400 PALAPHITA KITCH Local: Lagoa Rodrigo de Freitas (21) 2227-0837 RÉVEILLON CIDADE MARAVILHOSA – MUSEU DE ARTE MODERNA Local: Aterro do Flamengo (21) 2240-4944

HOSTEL FAVELA INN Local: Morro do Chapéu/Mangueira Informações e vendas: (21) 3209-2870

HOSTEL PURA VIDA Local: Morro do Cantagalo – Comunidade Pavão Pavãozinho Informações e vendas: (21) 2210-8885 O MELHOR RÉVEILLON DO MUNDO Local: Guarajuba – Salvador Informações e vendas: (71) 3342-3131

RÉVEILLON SPLENDOUR Local: Marina Park Hotel Fortaleza (85) 4006-9595 RÉVEILLON JURERÊ Local: Florianópolis (48) 8453-0262

REVEILLON SHED E PARADOR HOTEL Local: Balneário de Camboriú (41) 3079-6151 HOTEL FASANO – SÃO PAULO Local: Jardins (11) 3896-4000 GLOW PARTY – LE RÊVE CLUB Local: Consolação – São Paulo (11) 3154-1669

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ARTIGO

Ruibran dos Reis Meteorologia

A preocupação com as mudanças climáticas De 30 de novembro a 11 de dezembro, governantes de mais de 90 nações e representantes de 196 países vão se reunir para propor uma nova fórmula de enfrentar o processo de aquecimento global do planeta. Com base em informações de estações climatológicas cujos dados são coletados desde 1880, pode-se verificar um aumento de 0,84 grau na temperatura média do planeta, sendo que em algumas regiões a temperatura do ar elevou até 3ºC.

brasileiros estão preocupados com as mudanças climáticas. O índice mundial é de 78%. Quando questionados se as mudanças climáticas poderiam impactar a qualidade da vida, 87% dos brasileiros disseram que sim. O resultado mundial foi de 66%. De todos os países de língua portuguesa, o Brasil é o que demonstra estar mais consciente. Ainda assim, somente 13% dos brasileiros entendem que as mudanças climáticas deveriam ser prioridade dos governos federal, estadual e municipal.

Quando questionados se as mudanças climáticas poderiam impactar a qualidade de vida, 87% dos brasileiros disseram que sim

Isso pode parecer pouco em relação à variabilidade normal da temperatura diária. Ocorre que os cientistas calcularam o que representa esse aquecimento estabelecendo uma relação com a disponibilidade de energia desprendida pela bomba atômica lançada sobre Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial. O dado é assustador. A energia gerada pelo aquecimento global até o momento equivale à energia que seria desprendida por três bombas atômicas a cada segundo. Portanto, as atividades antrópicas são muito significativas para as mudanças climáticas observadas nos últimos 30 anos. O impacto das mudanças climáticas no Brasil levou à intensificação das estiagens dos últimos quatro anos, à formação de um furacão no Oceano Atlântico Sul, em 2004, a estiagens em alguns anos e a grandes enchentes na Amazônia. Em junho, consulta pública realizada em diversos países e coordenada pelo secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas revelou que 75% dos

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Os cientistas calculam que, até o final deste século, a temperatura média do ar pode vir a subir até 2ºC em relação a 1880. Para que não ocorram desastres ambientais com frequência e que inviabilizem a vida em determinadas regiões, é preciso que sejam tomadas medidas concretas e urgentes para a diminuição da emissão dos gases de efeito estufa na COP 21, realizada em Paris. Se não houver esse controle, é bem provável que esse limite seja extrapolado.

Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com


CRÍTICA real noção da gravidade da privação de liberdade e de escolha. Ao longo do filme, a menina elabora formas de insurgir no momento mais oportuno.

Divulgação

CINCO GRAÇAS Filme explora o sufocamento da juventude por regras religiosas impostas André Martins

No caminho entre a escola e a casa, cinco irmãs órfãs de pai e mãe festejam a chegada das férias de maneira ingênua com alguns colegas de escola. O comportamento delas, no entanto, tem repercussão negativa no vilarejo em que moram com a avó e um tio, a cerca de mil quilômetros de Istambul, maior cidade da Turquia. Como punição, as meninas passam a viver enclausuradas, aprendendo serviços domésticos, sendo orientadas sobre como se portar e se vestir e tendo as mãos prometidas em casamentos arranjados.

natismo islâmico. Embora seja um país cada vez mais aberto, a Turquia (ironicamente dividida também geograficamente entre Europa e o Oriente) é como uma terra que se acomoda após um terremoto, convivendo o novo e o tradicional ao mesmo tempo. A caçula das irmãs é quem narra a história e é ela a personagem mais interessante. Curiosa, enérgica e questionadora, a garota é a única que parece ter

O filme acerta em cheio ao retratar o frescor da juventude, seja com takes explorando os longuíssimos cabelos da primogênita, dos corpos das irmãs amontoados e que servem de travesseiros às cabeças umas das outras, seja de quando as meninas fogem para ver um jogo de futebol - o que dá origem à cena mais humorada do filme. Em contraposição a esses signos de juventude, o sofrimento e a angústia de cada uma delas dá ao filme um tom mais pungente e extremamente delicado. Apesar de ser um filme totalmente turco, “Cinco Graças” foi escolhido para representar a França no Oscar 2016. A justificativa está no fato de o produtor do longa ser francês. O caso relembra o de “Orfeu Negro”, obra que conta uma história genuinamente brasileira, rodada em português, mas que ganhou a estatueta pela França. “Cinco Graças” aparece como um dos mais cotados para disputar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro na festa do Oscar ao lado do húngaro “O Filho de Saul”, do brasileiro “Que Horas Ela Volta”, do alemão “Labirinto de Mentiras” e do taiwanês “A Assassina”.

Dirigido pela cineasta turca iniciante Deniz Gamze Ergüven, “Cinco Graças” (“Mustang”) não ‘reinventa a roda’. O filme lembra, em muitos momentos, “As Virgens Suicidas”, da americana Sophia Coppola, pela maneira como a religião é retratada - como engrenagem que suprime e engole a juventude. Passando-se na Turquia, “Cinco Graças” critica o fa-

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TERRA BRASILIS • AGENDA

Abigail e a girafa

3 a 21/12

O espetáculo conta a história de Abigail, uma menina curiosa e cheia de imaginação. Em um passeio escolar pelo zoológico, a menina conhece uma girafa e aí se inicia uma bela amizade e uma viagem encantadora.

Diego Bresani

CCBB R$ 10 (inteira) De 3 a 21 de dezembro bb.com.br/cultura

Paulo Gustavo 220 Volts

5 e 6/12 Reprodução

Paulo Gustavo volta a Beagá para a apresentação do espetáculo sucesso de público “220 Volts”, que traz personagens conhecidos pelo público pela TV. Ao longo das apresentações, Paulo Gustavo dialoga com a plateia, levando-a a um verdadeiro ataque de risos. Grande Teatro do Palácio das Artes A partir de R$ 50 (inteira) 5 e 6 de dezembro fcs.mg.gov.br

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4/12

Ana Carolina Solo A cantora mineira juiz-forana Ana Carolina se apresenta em um show de voz e violão interpretando sucessos de seu repertório e músicas de outros compositores de sua admiração, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan.

Sesc Palladium A partir de R$ 125 (inteira) 4 dezembro sescmg.com.br/sescpalladium


KULTUR 5/12

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Decole mais rápido. Conexão Aeroporto BH e Betim. Agora, pela pista rápida e exclusiva do MOVE.

BH 23, R$

70

Por trecho.

BETIM R$36,05 (HORÁRIOS ESPECIAIS VIA FIAT)

Viola de Ouro Almir Sater, Renato Teixeira e Sérgio Reis: três dos principais nomes do sertanejo brasileiro se apresentam num show imperdível em que músicas clássicas do sertanejo de raiz fazem parte do setlist. Chevrolet Hall R$ 250 5 de dezembro chevrolethallbh.com.br

WI-FI TEL.

AR

3224 1002

6/12

Show das Poderosinhas Anitta vem a Beagá apresentar o seu novo trabalho, ‘Bang’, terceiro álbum da funkeira. O show inclui novas músicas, com referências rítmicas, que vão do pop ao hip hop, e composições que impulsionaram a carreira da cantora. Chevrolet Hall A partir de R$ 70 (inteira) 6 de dezembro chevrolethallbh.com.br

Por trecho.

www.conexaoaeroporto.com.br

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CRÔNICA

Joanita Gontijo Comportamento

Mais respeito com o amor, por favor! Ah! Como é bom encontrar aquela pessoa que te completa, compreende, é seu amigo e amante para todas as horas! Ao lado do companheiro ou da companheira, podemos desabafar sobre os desafetos de um dia duro no trabalho, acordar de mau humor – afinal este é o nosso jeito: descarregar a nossa impaciência provocada pela TPM, ficar emburrada quando o time do coração perde para o arquirrival, enfim... Podemos descansar da postura social que nos abriga à amabilidade diante de situações que nos desagradam. Certo? Acho que não... Parece bizarro, mas geralmente permitimos dizer grosserias e impropérios às pessoas que mais amamos. É como se esse sentimento mútuo vindo de pais, irmãos, namorados estivesse imune a qualquer ofensa. É verdade que o tal amor incondicional se aplica à esmagadora maioria de genitores. Retribua com carinho. Sobre irmãos... Caim e Abel já mostraram lá no início dos tempos que dividir o quarto, compartilhar objetos pessoais e disputar o amor dos pais nem sempre é tarefa fácil. Mas aprender essas lições com os “manos” nos ensina a conviver com o resto da humanidade. Ceda gavetas e empreste as meias. Você será mais feliz por isso. Sei que em briga de marido e mulher não se deve meter a colher, mas vou palpitar sobre esse assunto mesmo assim. Se você acha que só porque encontrou o amor da sua vida, sua alma gêmea, a outra metade da laranja, você pode sugar a tolerância dessa pessoa até o bagaço, está cometendo um erro grave. Ah! Entendi... Ele ou ela juraram amor eterno? Não confie em datas de validade tão imprecisas. Lembre-se do poeta: “que seja eterno

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enquanto dure”. Quer fazer durar? Então cuide! Casais extrapolam, perdem a cabeça e dizem coisas que não deveriam. Depois vem a culpa, a desculpa e as pazes. O amor é um sentimento nobre que rouba a memória de casais apaixonados. Não há espaço para o rancor depois de um chamego caprichado. Que sorte têm os que amam e são amados! Se tem nas mãos esse bilhete premiado, não gaste sua fortuna acreditando que ela nunca vá acabar. Antes de “soltar o verbo” e adjetivos impróprios, pense: “Você falaria assim com seu colega de trabalho? Com a vizinha? Com o cliente?”. Se a resposta for “não”, respire fundo e prefira os argumentos aos palavrões na defesa do seu ponto de vista. O xingamento desafia a censura. Quem começa com o sutil “filho da mãe” manda a pessoa que ama para lugares impublicáveis num piscar de olhos. Sem culpa, constrangimento nem mudança de atitude, estarão se estapeando em alguns meses. Nada mais eficiente para mostrar o limite do amor do que a falta de respeito. O que cada um tolera não é da minha conta, mas não tenho dúvidas sobre a importância da delicadeza nos relacionamentos. Por isso, amantes e amados, com licença para um conselho: além de pedir desculpas pelo que não deveriam ter dito, por favor, não digam mais. O amor também pede cerimônia.

Joanita Gontijo Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela” joanitagontijo@yahoo.com.br


BH COM MAIS PROTEÇÃO. É A PREFEITURA AO SEU LADO.

Todo mundo sabe que segurança pública não é atribuição do município. Mas aqui em Belo Horizonte a Prefeitura está fazendo uma grande transformação. Um trabalho integrado, com foco em educação, prevenção na área social, investimento em tecnologia e fortalecimento da Guarda Municipal.

Mais de 2.100 guardas municipais

presentes em todas as unidades de saúde, todas as escolas da Prefeitura e em pontos estratégicos por toda a cidade.

Central de Operações da

vigilância NO MOVE BH em todas

as estações, 24 horas por dia.

Prefeitura: monitoramento de mais

de mil câmeras em toda a cidade para auxiliar o trabalho das polícias.

Passo a passo, a Prefeitura faz uma grande transformação em BH. n ão pa r a d e t r a b a l h a r p o r vo c ê . | 51

w w w.pbh.gov.br


ALFONS

HUG

IMAGEM: THOMAS FLORSCHUETZ. SEM TÍTULO (PALAST) 29, 2006/07 CORTESIA DA GALERIA ANITA SCHWARTZ, RIO DE JANEIRO E THOMAS FLORSCHUETZ, BERLIM

CUR ADORIA

ARTISTAS: CHRISTIAN JANKOWSKI / CYPRIEN GAILLARD / FRANK THIEL FRANZ ACKERMANN / FRIEDERIKE VON RAUCH / JULIAN ROSEFELDT JULIU S VON BISMARCK & JULIAN CHARRIÈR E / KIT T Y KR AU S MARC BR AND ENBURG / MARCEL D ET TMANN / MARCELLVS L M A R K F O R M A N E K / M A R T I N E B E R L E / M I C H A E L W E S E LY NORBERT BISK Y / R E YNOLD R E YNOLDS / SERGEJ JENSEN SV EN MARQ UARDT / THOMAS FLORSCHUE T Z / THOMAS R ENTMEIST ER / THOMAS SCHEIBIT Z / TOBIAS ZIELONY

SAL A

CLUBE

BERLIM

POR HEIKO HOFFMANN / DJS EM SOUNDTUBE : RØDHÅD / HEAD HIGH / MASSIMILIANO PAGLIARA / TALE OF US ANS W ER COD E R EQ UE S T / DAVID AUGU S T / MOD E SELEK TOR

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

21 . 1 0 . 2 0 1 5 11 . 0 1 . 2 0 1 6 4ª A 2ª F E I R A DE 9H ÀS 21H

ENTRADA FRANCA

LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS

aSSINatuRa CONjuGada COlORIda COM CCpl

Produção

Apoio

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Realização


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