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3.2_A QUESTÃO NORMATIVA

Figura 53 - Conjunto habitacional construído na cidade de Manizales pelo arquiteto Gilberto Flores

No Brasil existem algumas normativas para a construção com os materiais convencionais, como concreto armado, alvenaria, madeira entre outros. Ter uma normativa para um material possibilita diversas vantagens como: ter maior credibilidade para se construir ,para regularizar e financiar uma obra, ,além de criar parâmetros de construção como apontado pelos arquitetos Fabiana Carvalho e Guilherme Naoum :

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“A norma ela traz uma credibilidade muito grande para os escritórios e pros clientes, de que a gente consegue projetar e construir de acordo com a norma, então traz muita segurança “.(FABIANA CARVALHO ,ENTREVISTA AO AUTOR)

“Ai você começa entrar em um campo de burocracias organizacional de toda essa cadeia produtiva ne e é necessário pra gente ter segurança do que faz também e respaldo quando faz de forma correta, sabe? Isso dá respaldo. Você cria uma norma para poder seguir e ter o respaldo que você está fazendo aquilo corretamente. Então a gente aqui como não tem essa norma não tem nada a gente vai pesquisando como é feito lá em um lugar ou em outro e utiliza a norma técnica de outro lugar e tenta aplicar. O ideal seria isso essas cadeias produtivas serem mais eficientes. O cara comprar essa peça com um padrão de parede interna pois todas teriam sido colhidas em um tempo próximo de tempo de vida você começa a conseguir padronizar por 67

mais que seja em natura por mais que seja bambu, tem as peculiaridades você vai ter um mínimo de padronização acontecendo. Facilita toda essa parte de cálculo. No caso o fato de não ter isso me acarreta ter que comprar 3 ou 4 vezes a mais de peças para fazer uma seleção boa, isso é um fator muito importante eu compro sempre a mais isso já encarece o preço final para o cliente. ” (ENTREVISTA GUILHERME NAOUM , ENTREVISTA AO AUTOR)

Por outro lado o bambuzeiro Lúcio Ventania coloca um outro ponto interessante sobre a questão da normalização:

’’Ao mesmo tempo eu entendo que não deve ter norma nenhuma por enquanto no Brasil que ainda é muito incipiente, ainda é muito novo o processo de relacionamento da população com a planta. Se população começa a relacionar com a planta e já existe norma ela desiste. É necessário que haja o afrouxamento para que a população possa ter sua experiência e se desenvolver com a planta também. Por outro lado, aproxima o bambu dessas relações mais convencionais que tem com todos outros materiais como o concreto com o ferro com tudo.’’ LÚCIO VENTANIA ,ENTREVISTA AO AUTOR)

“Isso daí pode abrir algum caminho para facilitar a regulamentação em áreas urbanas e até mesmo rurais e poder ter licenciamento ambiental e o habite-se que os órgão de burocracias exigem, ao mesmo tempo podem intimidar também pessoas da área rural que estão experimentando construções com bambu e realmente tem dificuldade para enfrentar o grande arcabouço burocrático que existe né.” LÚCIO VENTANIA ,ENTREVISTA AO AUTOR)

De fato, as normas e todo sistema de produção da construção civil utilizam uma linguagem distante e muitas vezes inacessível a pessoas que não tiveram acesso ao conhecimento necessário para a sua interpretação. Porém acredito que a criação da norma não irá inviabilizar a experimentação da população com o material. Olhando o contexto colombiano, por exemplo, as autoconstruções em comunidades ou mesmo nas áreas rurais continuaram sendo feitas pela população depois da regulamentação. Pude observar isso na cidade de Manizales tanto na área rural quanto nas zonas periféricas urbanas. Desse modo acredito que possa haver uma norma, que venha dar suporte a profissionais que necessitam dessa regulamentação para que possam desenvolver melhor seu trabalho e ao mesmo tempo que a população possa continuar experimentando a planta nas suas mais diversas possibilidades. Outro ponto interessante colocado pelo arquiteto Jaime Peña sobre a questão da normalização:

“E quanto ao Norma de Construção da Colômbia, não é algo muito pessoal que eu possa lhe dizer. É um avanço interessante porque o fato de que se normatize algo se legalize algo, já mostra interesse de melhorar o processo

governamental e institucional com esse tema. Eu acho que era uma norma de construção muito fechada e muito limitada na criatividade,sabe?É muito básica , muito quadrada , muito caixinha ,muito engenharia. Nós temos demonstrado que com nossos projetos que definitivamente o bambu pode ir muito além e que seremos capazes de obter muito mais resultados de engenharia estrutural, como o que estou fazendo aqui no México com o engenheiro Esteban Morales da Colômbia. Também estamos fazendo um projeto muito interessante. Estamos demonstrando que o bambu vai muito além de quatro paredes quadradas e que, com a arquitetura orgânica, é possível criar uma boa posição da planta do bambu como material. Então essa na minha opinião é interessante o que foi alcançado, mas acho que é muito limitado e pode dar muito, muito mais. “(JAIME PEÑA ,ENTREVISTA AO AUTOR)

Figura 54 - Templo de Yoga _Tulum México .Fonte : arquitetura Mixta

De fato, se olharmos a norma colombiana ela não comtempla as estruturas mais orgânicas e mais complexas como por exemplo o projeto Templo de Yoga em Tulum México produzidas pela Arquitetura Mixta.Desse modo é um ponto interessante pensar em uma norma que comtemple esses tipos de estruturas. Por fim, para a última análise do tema das normativas coloquei a seguinte questão: Como pensar uma norma construtiva tendo em vista que um bambu de uma mesma espécie pode apresentar diferentes propriedades físico-mecânicas em diferentes regiões do país? Essa é uma questão importante visto que o bambu, por ser um material natural, vai apresentar comportamento físico-mecânicos distintos em função do solo, clima, bioma

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