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2.5_ENTREVISTAS

As entrevistas serviram para tentar compreender de forma mais ampla o processo de produção da arquitetura com bambu e cumpriram a função de ocupar as lacunas que a pesquisa nas outras etapas não consegui preeencher. Dessa forma, deveria me debruçar no entendimento da cadeia produtiva desse material. Quais os maiores desafios para produção dessa arquitetura? Como se estabelece a cadeia produtiva desse material, a produção, o transporte, amanufatura? Em relação ao projeto, Casa das Maritacas procurei fazer perguntas que me ajudassem a entender como poderia funcionar o processo de produção da casa. Para isso, precisaria conversar com pessoas que estivessem envolvidas nesses processos produtivos com o bambu. Essa necessidade deu origem a 6 entrevistas semiestruturadas com: Guilherme Naoum, Lúcio Ventania, Fabiana Carvalho, Chepe Monõz e Jaime Peña e Thiago Oscar. A partir da realização das entrevistas foram identificados alguns temas principais dentro do contexto de produção da arquitetura em bambu: Questão Cultural; Normativa; produção/transporte, manufatura e profissionalização. A questão cultural foi colocada em primeiro lugar por sua maior importância que será justificada em sua parte especifica.

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GUILHERME NAOUM

Entrevista não está na integra

Figura 28 Guilherme NaoumFonte:facebook.com/guilherme.naoum

Eu gosto muito da estética do bambu de como pode trabalhar ele, da facilidade de se produzir de gerar peça de gerar esse trabalho. O bambu é democrático qualquer um consegue cortar furar sabe. O aço por exemplo você tem que ter uma siderúrgica pra gerar sabe. É um sistema produtivo que qualquer um pode ter uma touceira e plantar bambu. Ta gerando essa matéria prima e trabalhando e gerando esse produto final. Qual a cadeia produtiva do aço? Eu não consigo fazer. Você também acredita que não. Se juntar todo mundo aqui não faz. Então é muito mais democrático mais fácil.

E esse bambu que vocês utilizaram você comprou desse mesmo fornecedor ou foi difícil chegar na obra?

Não, foi sempre tranquilo. Esse fornecedor é um fornecedor que eu compro de Angra que é o Bambujango. Não conheci nem procurando na internet não. De um meio conhecido meu mesmo .Daqui eu não conheço que venda perto guadua. Na hora eu estava procurando sem saber até eu procurei, umas arquitetas que me indicaram que usavam, talvez comprariam e que teriam estoque de guadua. Eu queria fazer com guadua não queria fazer com outro. Ai nessa eu lembrei que tinha esse contato ai eu fui e virou um parceiro bem interessante. É eles tem um sistema muito bom da produção ,do tratamento é uma produtora mesmo sabe? Bem refinada assim. O sistema deles é muito bem-sucedido então eu. Ai que entra a questão só do frete, então é bom sempre estar comprando em escala, criar parcerias assim sempre vai ajudar. Quer comprar um frete já fala com outros parceiros que aí também insere já no montante mais peças ai paga o mesmo frete todo mundo escolhe suas peças. Então dá pra ir fazendo umas parceiras pra ir diminuindo esse custo porque e isso, por sinal, é essa dificuldade dessa questão da cultura que dificulta muito esse trabalho de bambu. Na Colômbia acredito que você possa até falar melhor do que eu que não fui mas acredito que lá você encontra muito mais manufatura a sua disposição. Desde a produção dessa matéria prima quanto das variadas manufaturas de placas de telas de não sei o que sabe, de corte de peça, de rolo, esteira qualquer coisa sabe. A manufatura é muito abundante. Que aqui não é. Então você acaba tendo muito pouco fornecedores ,pouco poder de escolha ,pouca concorrência, a produção fica mais complicada e você tem muita. Você acaba tendo que fazer todo processo ,você não consegue ter uma facilidade como aqui por exemplo a nossa cultura é essa convencional a construção nossa convencional ,tijolo, cimento, concreto armado. Então aqui a cada esquina vai ter uma loja dessa de construção que eu vou lá eu compro tudo que eu quero e eu construo, se eu quiser uma malha de ferro soldada eu compro do tamanho que eu quero, da grossura que eu quero ,então você tem esse leque de opções assim facilita a sua construção com essa tipo de material. Então assim por faltar essa produção de manufatura que pra mi é só cultura até por conta dessa questão democrática do bambu, da facilidade de se produzir o bambu e de se gerar manufatura de ser bem democrático isso é só questão de cultura que eu acho que empaca, mas dificulta pra quem começa porque você acaba tendo que fazer o procedimento compra bambu ai eu to comprando desse que vem guadua ,mas

geralmente eles não tem bambu fino ai vou ter que comprar de outro produtor que tem ai esse produtor não trata da mesma forma. Ai se eu quiser um bambu tratado eu vou ter que fazer esse pedaço dessa cadeia produtiva ,dessa matéria ,então dificulta porque você, obviamente se tivesse a cada esquina eu vou ali do lado e compro uma tela pronta de bambu eu fazia já umas telas pra montar a casa de pau-a-pique. Olha a facilidade que isso entra na nossa economia. Eu acho que tem um potencial do caramba. Isso que é maneiro do bambu. Como ele é democrático essa palavra é muito importante, é fácil de produzir ,é aqui do nosso clima, dá pra caramba, a gente entra em qualquer estrada tem bambu, é só a pessoas se interessarem por produzir isso ter demanda de giro dessa matéria e tenho certeza que a capacitação disso é muito fácil de mexer. Qualquer artesão que mexe com madeira pode se capacitar pra mexer com bambu também e é muito mais fácil acesso da matéria.- Joar Arquitetura e Bambuê Arquitetura Viva.

Figura 29 área de lazer Pendotiba Joar Arquitetura e Bambuê Arquitetura Viva. Fonte:https://www.facebook.com/joararquitetura/

E na questão desse projeto você acha que se fosse com outro material teria saído mais barato? Se fosse com madeira teria saído mais barato? Ou o bambu foi pau a pau?

A madeira de cara ela já tem uma trabalhabilidade mais difícil pelo peso. Quando você está trabalhando com uns madeirões, um bambu muito grosso que eu tenho aqui por sinal você chegou a ver umas peças bem grossas ali. É muito mais leve então po, aquela madeira que eu fiz de degrau ali é muito mais pesada e é metade do tamanho. Então a trabalhabilidade já muda nisso. Duas pessoas tranquilo, sem fazer muito esforço, levantam uma peça de bambu. Qualquer peça. Duas pessoas tranquilo levantam sabe? É madeira não. Dependendo da peça.3 ,4 marmanjos segurando aí fazendo muita força sabe. Então a trabalhabilidade vai ter a produtividade de eu pegar conseguir botar um pilar no prumo ali levar, transportar. Bambu e. madeira são dois ritmos diferentes é .Mas por ia.Os preços por aqui no Brasil ,os preços vão se equivaler. O bambu vai tá um preço caro por causa da pequena produtividade, poucas pessoas fazendo pouco acesso, longe. Então quanto mais pessoas tiverem produzindo aquilo ali sabe ai entrando a concorrência. O cara vai tentar produzir melhor e mais barato de forma melhor, mais quantidade, qualidade então vai gerando esse padrão de qualidade agora se você tem um fornecedor só perto você comprar 3 ,4 peças a mais para poder selecionar as peças boas pra ter padrão de qualidade é esse que tem sabe?

Você compra de uma pessoa que produz lá em Angra.Se você resolvesse produzir aqui e tratar aqui seria viável isso?

Então é aquilo a gente ta entrando exatamente, na necessidade de eu fazer toda cadeia produtiva desse material então o tempo energia .Depende de seu foco tempo energia ,capital tudo mais. Não é difícil é fácil. Mas ai você tem que ter um terreno num local legal pra botar. e tem que ter uma manutenção muito boa .Tem que ter o manejo sabe? Manejo ele vai crescendo vai quebrando você volta lá dois anos ta o ninho de mafagafinho. Não consegue ter acesso direito. Então é difícil é isso eu ter necessidade de ter que fazer toda cadeia produtiva e não ter acesso alguém que ta fazendo cada ponta dessa cadeia produtiva e facilitar. Aí facilita a produção. Quanto mais eu tenho que fazer todo o trabalho mais eu fico limitado no tempo na ação, na quantidade de trabalho que eu tenho que executar para fazer um serviço. Então fazer uma casa, tenho que cortar o bambu, tratar o bambu, posso comprar tratado posso comprar uma tela pronta,sabe.? Você consegue articular o tempo de uma forma muito

melhor e até custo também. É isso vai ter que ter mini tudo sabe? A estação de tratamento, uma oficina de trabalho, um manejo de bambu, olha quantas infraestruturas eu vou tendo que criar pra a fazer . A dificuldade é essa ter toda a cadeia produtiva,ter poucos fornecedores, poucos agentes desse universo. Pô a Colômbia é uma quantidade enorme ai já facilita . Qualquer projeto que você tenha na cabeça você dá uma volta vê quem ta vendendo.Que.po já comprar as coisas prontas como você compra o painel ,como você compra uma grade é uma manufatura fácil de executar .É muito pratica.

Figura 30 àrea de lazer Pendotiba. Joar Arquitetura e Bambuê Arquitetura Viva. Fonte:https://www.facebook.com/joararquitetura/

Uma demanda de projeto, quais são os campos férteis de trabalho?

Eu tenho sentido crescer, eu acho que ta crescendo é, desde construções civis assim residências acho que mais pesadas quanto efêmeras. Então a estética entrando em muitos lugares eventos, entrando em feiras, esse crescente ambiental, o bambu é carregado também junto. A nesse bolo, nesse universo. Conforme o universo traz o bambu ele está nessa pegada. Então a pessoa que faz evento vegano pô vai 28

se interessar muito mais em fazer as barraquinhas de bambu. Então esse universo criado. E essa tendência está aumentando com a questão ambiental aumenta. Eu acho há uma tendência crescente porque a gente não vai despreocupar com o meio ambiente .Você não vai ter a gelera, “o agora pode sujar o rio “ se não vai ter esse processo é sempre o processo pra mais. Mais eficiência, mais sustentabilidade, mais empreendimentos de outras formas ,começar repensar todo urbano, toda a forma de produção. Sempre o bambu ele vai ta dentro disso .Ele vai ta nesse escopo. Por mérito próprio dele .Não é por que ele ta de marketing .É uma espécie ,que cresce rápido ,ela bate velocidade ,tem todas essas qualidades do bambu que faz ele ta umas das principais matérias dessa cara, dessa universo ai meio ambiente, preocupação.

E em questão de manutenção você, por exemplo essa obra que você fez como é feita essa manutenção ?

Eu mantenho muito contato com todos os clientes assim do trabalho, sabe? Visito é criado assim um manual de uso, de tempo em tempo você tem que ficar aplicando a manutenção das estruturas de lixar, envernizar, tanto pode ser pela estética. Qualquer material em natura vai sofrer ação do tempo. Madeira ,aço, qualquer coisa, minhas grades estão enferrujas , em natura sofre até. Mas você não tem proteção química alguma coisa assim. Então você vai ter que aplicar manutenção. Então você tem num tempo curto uma manutenção estética. Pô descascou um pouquinho pelo uso ,acabou rabiscando pra manter um aspecto como uma madeira e você tem a manutenção do tempo assim. Eu ainda estou na fase de teste mantendo essa presença assim acompanhando e não tem uma produção em padrão . Não é um material que ele é produzido. Então ele vem todo diferente então ele vai tentar selecionar os mais parecidos de espessura de parede. Então você vai ter que fazer um trabalho de seleção das peças, já dependendo essa cadeia produtiva anterior que é seu fornecedor se ele ta colhendo certo se ele ta plantando certo se ele ta fazendo os esquemas certo sabe. De produção do bambu então você vai pegar um material que ele é todo disforme. Que são tamanhos entre colmos diferentes, são espessuras de parede diferentes, então é um leque muito aberto assim. Eu até fiz uns testes. Eu faço uns testes assim. Quando eu faço uma estrutura que é pra peso eu faço o cálculo faço o teste e eu pego uma peça padrão assim até mais fina geralmente escolho uma

das piores peças e faço o teste nela de esforço. Nessa daqui eu fiz e na última de Botafogo também e aí faço o teste para ver qual é o esforço pra romper a peça e ai eu mesmo que faço o cálculo estrutura então eu já dimensiono assim com certeza do que eu estou fazendo usando a peça mais frágil.

Mas aí esse teste que você faz é colocar peso nela?

Eu apoio geralmente no andaime na obra que eu to .Apoio lá .Deixo um vão ai de dois metros, menos entre os andaime e a peça .Pra ter esse vão 2m e com corda vou pendurando saco de cimento que eu já comprei pra obra e ai no momento ela vai romper .Vou ter ali um vão, uma carga e a seção do bambu de parede e de seção inteira ,transversal e ai você consegue fazer o cálculo de tensão admissível daquela peça toma com base .Majora também pra caramba. Bota o coeficiente de segurança grande alto, porque ne é uma peça produzida com um sistema de controle forte então você desconta isso num coeficiente de segurança em várias etapas desde a carga. Todo o processo. Etapa do cálculo. Você vai colocar o fator de segurança e ai pra mim aqui eu faço teste. Então por exemplo essa peça que eu usei aqui eu acho frágil considero uma peça frágil mas eu botei pra segurar uma peça pesadíssima .segurando os bambus mas eu to querendo testar pra ver até aonde vai. Mas nas obras pra cliente eu não inovo nesses esquemas. Quer dizer inovo. Que nem aquele apoio que eu fiz em Botafogo .Só que ai eu calculei também. Fiz todo cálculo estrutural da sapata do piso do dimensionamento do ferro .Não tem muito que fugir sabe.

Ai é o calculo parecido com a estrutura de concreto?

O trabalho é parecido quando você trabalha com pilares de aço tubulares. Ai praticamente mesma formula de cálculo só que você tem os vãos de bambu ne? Mas a seção a formula de cálculo é a mesma coisa. Você vai tirar a resistência do material por esse teste. A única coisa que muda nesses calculo é realmente se é um material misto, que é concreto armado para o aço. Ta fazendo a conta só com aço. A geometria da peça que você ta usando e a tensão admissível de cada material especifico do material que aí você faz esse teste de rompimento aí tira a tensão admissível joga no cálculo e faz o cálculo normal.

Esse teste faz não tem erro?

É isso você usa a peça mais fina.aA gente fez um corpo de prova também da sapata .Ai e fizemos esse testizinho ai você tem certeza que é uma peça boa se ta rachada .Ai a gente reforça as peças com as braçadeiras nos pontos de fragilidades já vai fazendo assim reforços pontuais e sempre fica uma estrutura hiperdimencionada. Você acaba hiperdimencionando pra aquela fator de segurança muito grande sabe.

Figura 4 -àrea de lazer Pendotiba .Joar Arquitetura e Bambuê Arquitetura Viva. Fonte:https://www.facebook.com/joararquitetura/

Mas assim sabe qual que é a formula de tratamento, tratamento por imersão, sais de boro?

Esse é tem o outro ácido que eu sempre esqueço o nome que você faz uma imersão depois eles fazem enxerto eles furam cada gomo ali e enxertando esse produto. Ele vem até dependendo da peça que eu peço que as vezes já tem uma peça 31

la parada .Quando eu peço um carregamento grande eles tem que cortar e trazer e produzir mais peças e ainda vem toda melada desse produto ai sabe. “Então assim o ideal é que a gente já tenha isso tabelado e a produtora também já te vender a peça com tais resistências ter uma organização de uma forma. Como eu ligo para uma empresa de concreto, de fazer laje, né de comprar cimento concreto e você fala eu quero 20 Mpa,15Mpa,10Mpa você escolhe e sabe o traço exato para fazer aquilo que a necessidade manda O bambu poderia ser assim também como uma viga de aço que você compra ,eu quero tal tamanho para aguentar tanto peso com a tal resistência. Então o bambu se tiver um sistema de tratamento, ai vem a excelência também de toda cadeia produtiva em estar cortando no tempo certo.O manejo da touceira ser mais preciso e correto e não burlar e ter fiscalização.Ai você começa entrar em um campo de burocracias organizacional de toda essa cadeia produtiva ne. E é necessário pra gente ter segurança do que faz também e respaldo quando faz de forma correta , sabe?. Isso dá respaldo. Você cria uma norma para poder seguir e ter o respaldo que você está fazendo aquilo corretamente. Então a gente aqui como não tem essa norma não tem nada a gente vai pesquisando como é feito lá em um lugar ou em outro e utiliza a norma técnica de outro lugar e tenta aplicar. O ideal seria isso essas cadeias produtivas serem mais eficientes. O cara comprar essa peça com um padrão de parede interna pois todas teriam sido colhidas em um tempo próximo de tempo de vida, você começa conseguir padronizar por mais que seja em natura por mais que seja bambu, tem as peculiaridades você vai ter um mínimo de padronização acontecendo. Facilita toda essa parte de cálculo. No caso o fato de não ter isso me acarreta ter que comprar 3 ou 4 vezes a mais de peças para fazer uma seleção boa, isso é um fator muito importante eu compro sempre a mais.Isso já encarece o preço final pro cliente por que eu to tendo que comprar a mais até por que se ele ta me contratando pros trabalhos e ele sabe que do meu acabamento.Ele vai me exigir um acabamento muito bom ,refinado de qualidade .Ai minha proposta é essa tirar esse jeito desleixado de fazer as coisas e sempre deixar com aspecto bem refinado Até pra tentar entrar no mercado de áreas de lazeres assim. Pra eu fazer esse trabalho como eu não tenho essa segurança de comprar peças e ela vir toda perfeitinha eu tenho que comprar a mais sempre a mais pra ter a garantia de que eu vou conseguir entregar peças boas e com paredes parecidas. Eu uso as vigas tento selecionar. A gente tem esse trabalho de seleção o que vai ser viga

,o que vai ser pilar e analise pelo peso. A peça em si o que ela vai se comportar de forma melhor e o que você consegue padronizar melhor e ai vai trabalhando assim.

Eu fico pensando também que o desafio é mão de obra

Mas como eu to trabalhando com uma turma eu pego muito mais obra convencional eu to trabalhando com uma turma de pedreiro mesmo, marceneiro, eletricista pô eu já to ensinando eles assim, eles já estão fazendo. Cortando bambu fazendo encaixe. Os caras são safos ne cara. Pega a manquita sabe usar, tem quase um gancho do capitão gancho a maquita na mão do pedreitro.Igual o Jean fazendo aquela brincadeira lá. Pô isso é talento sabe? Aqueça afinada que ele deu ali na maquita não passa desapercebido do meu olhar não,cara. Isso é muito talento e pedreiro tem isso. Ele só não teve acesso a executar sabe eles têm o talento de uma confiança de uma segurança e po eles vão tirar de letra e já tiraram. Os que trabalham comigo já fazem, já boto o cara pra fazer, faço um dois mostro e fiscalizo obviamente fico ali exigindo o padrão de qualidade que eu tenho que entregar. Mas é isso não é tanto problema se você vai depender realmente deu saber passar o que eu quero e ensinar.

FABIANA CARVALHO

Entrevista não está na integra.

Viva Figura32 - Fabiana Carvalho Fonte: Site Bambuê Arquitetura

Quando eu fui pra lá ,eu fui justamente pra pesquisar como o Brasil assim o Rio de Janeiro mais o Brasil poderia se devolver na construção com bambu assim como lá e desenvolvido ne.Isso era umas das grandes coisas que eu queria entender porque lá tem tanta construção é pais vizinho e aqui não tem. Ai acho que são duas coisas principais que eu senti que lá tem. Primeiro a norma construtiva, aqui no brasil está sendo estudada. Acho que alguns anos a gente tenha. Mas acho que a norma traz uma credibilidade muito grande por escritórios e pros clientes de que eles conseguem projetar e construir de acordo com a norma então traz muita segurança. Outro ponto que eu senti que lá tem é o curso profissionalizante. Alguns cursos profissionalizantes, no Sena que equivale a nosso Senai isso eu achei fundamental, que cria mão de obra especializada então pra gente arquiteto que projeta é muitas vezes eu sinto que a gente precisa ,está numa obra convencional a gente faz o projeto a gente tem nossa equipe de mão de obra ,já especializada mais na construção convencional ,mas se a gente precisa contratar um cara pra ,sei lá ,pra mexer na

elétrica ,mexer na hidráulica a gente consegue contratar , na construção com bambu não .Tem um grupo ali formado mas é um grupo que não está tão coeso. Não é uma equipe que a gente consegue enquanto arquiteto manter. Uma equipe sempre, porque não é sempre que tem trabalho. Então você acaba fazendo uma coisa mas quando surge o projeto você fica meio sem ter mão de obra pra contratar e por não ter um ensino no profissionalizante eu acho que se deixa uma base muito fraca pra profissionalizar realmente a construção e eu vi essa diferença lá. De tipo fulano fechou uma obra e que os encaixes vão ter muitas bocas de peixe e ai você consegue contratar especialistas em boca de peixe .Você viu isso lá? Não sei se você viu? Muito arquitetos e engenheiros falavam isso. Cara genial sabe aqui isso né. A gente fica cassando quem já fez cursos.Quem já aprendeu a técnica, mas não tem um órgão que regulamenta .Então eu acho que a profissionalização é um passo importante pra construção de bambu aqui no Brasil vingar. Mais para ter mercado realmente, pra quem quer trabalhar com isso assim cola lá eu vi que isso acontecia. Lá eu vi além disso, a cadeia produtiva do bambu era bem desenvolvida além de mão de obra para a execução tinha as fazendas certificadas que plantam e vendem. Está tudo ali no diâmetro que você quer na humidade certinha que foi tratado, que não poluiu. Você consegue comprar a quantidade e aqui no Brasil ainda é meio você vai tocar um projeto e você ainda fica preocupado será que eu vou realmente conseguir o bambu e ai vai vir não sei de onde que ainda são poucos que produzem e ai fica caro, e ai nem sempre o cliente entende o bambu era para ser barato? Mas não tem uma cadeia por traz né.Então eu vi que na Colômbia que tava rolando. A gente visitou vários locais de plantio e locais de tratamento e deu para ver que tem um monte. E tem um monte que a gente não visitou também porque não dava. Então tinha quem plantava, tinha quem tratava, escritório de arquitetura de engenharia e mão de obra para contratar e Norma construtiva e curso profissionalizante e aí para mim foi um grande recado aqui para o Brasil que a gente precisa desenvolver isso, para conseguir ganhar mercado.

Figura 5- Bambuzeria Tiba Fonte :Site ambuÊ Arquitetura Viva

Figura 33 - Simpósio de Bioarquitetura Fonte:Site Bambuê Arquitetura Viva

Mas você sentiu essa cadeia produtiva mais nas áreas rurais ou estavam no ambiente das grandes cidades também?

Pelas cidades que eu passei eu vi nos dois, Bogotá tem escritório é o Zuarq que faz um monte de obra que faz obras tanto urbana, mais rural. Mas faz obra urbana também. As plantações no Rural claro, mas tinha na cidade.

Em relação a essa questão do transporte para você assim fazer um projeto aí .De onde você tem uma facilidade aqui no Rio para pegar bambu. Você tem que pegar de muito longe?

No Rio dependendo da obra, dependendo do tipo de projeto,vai ser um tipo de bambu A gente tem alguns fornecedores de confiança para comprar Já compramos de alguns que não deu certo a gente mantem alguns. A gente compra de Angra dos Reis a guadua.O mossô o que a gente mais gosta é de São Paulo e o Mirim a gente comprava aqui do Rio, mas agora tem um novo fornecedor que compra na verdade

de Curitiba e aí vem um frete cheio, caminhão cheio.Isso é bom. E aí ele revende aqui no Rio e aí esse bambu é muito bom é melhor do que o daqui aí não vem de longe. O interessante desse fornecedor que eu gostei é que é isso como você falou: o transporte traz muito impacto né no ciclo de vida da construção, no ciclo de materiais a energia embutida fica muito grande pelo transporte. Bambu é legal mas vem de longe, mas na prática todo material vem de longe então a coisa se equilibra. A gente consegue ser menos pior, eu acho. Em alguns aspectos. Se eu Fabiana Bambuê comprasse um carregamento do Sul e que, viesse vazio isso é muito ruim. Mas se eu compro de um fornecedor que comprou do Sul com caminhão cheio isso é bem melhor. Energia embutida reduz. Em relação ao custo da produção você acha que para os materiais convencionais tem essa questão, o frete do bambu acaba encarecendo. O bambu tem essa questão do preço.

Se pra você ter que comprar de longe o bambu.Isso sai pau a pau numa obra convencional com bambu ou não?

Sai, sai meio pau a pau sim. Assim, das experiências que eu tenho já tive é fica um pouquinho abaixo. Mas não significativamente, não vira um motivo de escolha o preço. Isso eu já falei para vários clientes. Não escolha o bambu porque ele é mais barato.Nao.voce vai economizar muito pouco. Você tem que escolher por outros fatores, principalmente pelo motivo ambiental.

Figura 34 - Quintal Pendotiba- Bambuê Arquitetura Viva e Joar Arquitetura . Fonte: Site Bambuê Arquitetura Viva.

E sobre os projetos que são em áreas rurais você acha que vale a pena se ter um bambuzal perto? Vale a pena você fazer o manejo, tratamento local daquela obra ou é melhor você comprar tratado?

Eu acho que se tiver o bambu bom tipo isso o gigante, um bambu bom para a construção, tratar é a melhor escolha. O impacto é muito menor. Pelo transporte e o custo também seria menor. A própria pessoa pode tratar ne.Não precisa de uma estação de tratamento. Você faz um tratamento local, temporário e com certeza ficaria muito mais barato e é muito mais interessante.

Esse é o caso desse projeto que eu te mostrei lá tem um bambuzal a uns 100m, 150 m do terreno. É um terreno de pessoas conhecidas e aí eu fico me questionando assim como seria feito esse tratamento. Você teria que criar um tanque de alvenaria. Você poderia fazer um buraco no chão, colocar uma lona o que você acha?

Eu acho que essa é uma boa solução de fazer um buraco e colocar lona é infalível. Funciona com certeza. Ou aquele método de furar cada gomo e injetar o produto só que o gigante ele tende a rachar ele costuma a ter muita rachadura então o produto pode vazar um pouco. Acho que o gigante valeria a pena ele é muito pesado

Figura 35 - Mezanino em Vila Isabel Fonte: Site Bambuê Arquitetura Viva

para manusear parede grossa pra ficar furando.Eu faria o tanque de imersão com uma lona grossa para não vazar .

Tem alguma coisa que você queira acrescentar, quais são suas maiores dificuldades?

Eu acho que a maior dificuldade é um mercado estruturado e cliente e mão de obra aí que é uma coisa puxa a outra, mas eu acho que ainda tem muito a evoluir. Assim acho que para gente de certa forma e que a gente precisa ter experiência para trabalhar às vezes é difícil esperar esse tempo sabe trabalhar exclusivamente com o bambu.Eu percebi que eu não consigo trabalhar exclusivamente com bambu. Em termos de renda. Teria até trabalho, mas, alguns trabalhos muito pingados muito sem ser de arquitetura mesmo. Tem uma grande busca por painel de bambu por exemplo. Não tenho interesse em ficar fazendo painel de bambu por exemplo, fazer um ou outro, mas assim não é a minha formação de arquiteta.Eu quero fazer estruturas, eu quero pensar no ambiente, no espaço. Então eu sinto dificuldade em arranjar mercado de trabalho confiança nas pessoas e que pague um valor justo pra todo mundo pra quem está trabalhando que, para quem está coordenando, mas sigo ai trabalhando ai com bambu não 100%.

Figura 36 - Virada Sustentável 2018 Fonte : Site Bambuê Arquitetura Viva

Ele corresponde quanto por cento do seu trabalho hoje em dia?

Olha esse ano ele corresponde a uns 15% talvez. Esse ano está menos. Por que surgiu esse projeto da Fundição e que valia muito tempo fazer. E que eu to me dedicando muito a ele. Em termos de horário e energia. Então não sobra muito tempo e que meu intuito não é trabalhar só com bambu também. Eu gosto muito. A eu tenho outros materiais também que dá vontade de trabalhar até pra expansão da cabeça. Abrir o leque. Não ficar tão especializado numa coisa e se isso não dá certo você não tem o resto pra se virar, mais ou menos isso.

Em relação ao cálculo estrutural da dificuldade na literatura ou vocês conseguem fazer isso como que é?

Cara a gente faz, mas o lance da Norma, não tem norma. Então você pega o valor se for usar a guadua a norma colombiana ou se não pega o valor que tem já em algumas literaturas de alguns artigos. Então tem uma tabelinha lá com valores de referência.

Você pensa em fazer algum tipo de curso ou algum lugar que você recomendaria aqui no Brasil pra capacitação, continuando os estudos, você acha que existe esse espaço aqui no Brasil para isso ou mais na Colômbia?

Acho que não existe muito nao.Acho que existe só um nível 1 assim. Em termos de cursos acho que não tem curso realmente avançado para quem já sabe construir e quer desenvolver uma outra técnica. Não tem muito não.

LÚCIO VENTANIA

Figura 37 - Lúcio Ventania Fonte:nosnobambu.blogspot.com

Entrevista não está na integra.

Quais as maiores dificuldades que você vê para construir com bambu?

Bom é as moires dificuldades é a falta de conhecimento e a falta de profissionais especializados porque o bambu ele é diferente de madeira, é diferente de ferro, é diferente de plástico e é diferente de cimento. Tem que ter o conhecimento especializado pra você entender como que funciona o bambu. Então as pessoas elas começam a querer trabalhar com bambu através de pesquisas na internet, mas o bambu se dá mesmo pela relação presencial com a planta e com a orientação de quem tem no mínimo 10 anos de experiência. Para poder transmitir realmente aquelas peculiaridades materiais que são inerentes a composição física, química e mecânica do bambu. Então a maior dificuldade é essa.Relamente a falta de mão de obra especializada.

Como está essa questão da norma e quais são as maiores dificuldades comentadas no seminário que você participou na Bahia?

Nós temos vários campos de visão sobre essa questão de regulamentação. Ambos os campos apresentam aspectos negativos e positivos. A ausência de uma norma que indique parâmetros para construção com bambu é mais sentida por profissionais que estão saindo das academias. São os arquitetos e engenheiros formados .Mas para isso já está saindo, dentro de poucos dias, deve entrar para comentários e críticas no site da ABNT a primeira norma para cálculo estrutural de bambu que foi feita por acadêmicos liderados pelo professor da Paraíba senhor Normando Perazzo entre outros e que tem colaboração inclusive do Luiz Eustáquio Moreira que é aqui ,engenheiro ,professor de engenharia da UFMG que é uns dos mais especializados em cálculo estrutural .Isso daí pode abrir algum caminho para facilitar a regulamentação em áreas urbanas e até mesmo rurais e poder ter licenciamento ambiental e o habite-se que os órgão de burocracias exigem .Ao mesmo tempo podem intimidar também pessoas da área rural que estão experimentando construções com bambu e realmente tem dificuldade para enfrentar o grande arcabouço burocrático que existe né.Então eu vejo que do ponto vista de quem preocupa-se com a popularização devia ter essas cordas mais afrouxadas porque essa norma também é baseada em normas de outros países .Só cálculo estrutural não basta. É necessário que tenha uma norma mais ampla ou com capítulos que trate realmente dá imunização, do tratamento das espécies adequadas, da idade dos bambus e uma série de outros parâmetros que só depois o cálculo estrutural venha ter realmente função. Não adianta fazer cálculo estrutural para um bambu que não foi tratado, que foi colhido verde, que foi colhido fora da época. Então essa norma deve preceder. Ao mesmo tempo eu entendo que não deve ter norma nenhuma por enquanto no Brasil que ainda é muito incipiente, ainda é muito novo o processo de relacionamento da população com a planta. Se população começa a relacionar com a planta e já existe norma ela desiste. É necessário que haja o afrouxamento para que a população possa ter sua experiência e se desenvolver com a planta também. Por outro lado, aproxima o bambu dessas relações mais convencionais que tem com todos outros materiais como o concreto com o ferro com tudo.

Figura 38 - Núcleo de Permacultura Fonte:https://pindorama.org.br/o-arquiteto-como-uma-coisa-horizontal/

Ia te perguntar essa questão da popularização aqui no Brasil quais são esses passos?

É veja bem ,aqui no Brasil também existe construções históricas com o bambu.Essa construções do período colonial principalmente da Bahia e de Minas Gerias de Ouro Preto Mariana ,tudo tem bambu. As próprias cúpulas das igrejas eram feitas com bambu também, e adobe e barro e tudo. É mais isso ai foi esquecido porque realmente a indústria madeireira e a indústria do cimento entraram deliberadamente com um lobby muito forte para descredibilizar o bambu como um material e isso ficou na mente do homem do campo. O homem do campo olha pro bambu como se fosse uma praga, um covil de cobras, mas na verdade não é isso. O bambu é um excelente material, que pode prestar excelentes serviços para a sociedade brasileira. Porém ele não tem a durabilidade do concreto e nem a mesma a rigidez do ferro, então é um material que precisa ter entendimento para que ele possa ser incorporado à cultura de construção do país, seu tempo de durabilidade e suas outras especificidades. Agora o Brasil ele precisa realmente passar por um processo onde o povo brasileiro possa ter acesso a metodologias e as tecnologias e materiais mais sustentáveis o bambu ele não pode ser um material que fique apenas nas classes mais favorecidas e seja absorvida pelas classes mais favorecidas e entendido por arquitetos que formam em universidade. Isso seria uma grande coisa: se os arquitetos entendessem. 43

Mas a universidade precisa mudar. Quem ensina arquitetura no brasil precisa parar de ensinar concreto, parar de ensinar ferro porque nós não podermos mais conviver com usura das mineradoras sobre o patrimônio nacional. As mineradoras hoje fazem o que querem. Exploram da maneira que querem. Detonam, e destroem de maneira muita agressiva o patrimônio natural brasileiro. Se as universidades brasileiras ensinam para os seus formandos que você deve construir com concreto e ferro logo a universidade corrobora, colabora e aprova o modus destrutivo das mineradoras e isso não pode acontecer entendeu? Então eu acredito que deve ocorrer duas coisas .Primeiro as academias, as universidades particulares as universidades federais tem que fazer investimento em conhecimento para que ela possa ministrar esse conhecimento e reformar a sua grade curricular inserindo bambu como um material principal e não como um material alternativo, mas como um material substitutivo ao ferro ,ao cimento e a madeira nativa de florestas ok?Agora em relação ao outro aspecto da popularização nós atravessamos uma fase onde a política no Brasil é a destruição da educação, a destruição do meio ambiente, deliberadamente e confessadamente por esse governo que foi eleito nas últimas eleições ai .E por fim nós temos que fazer e o seguinte, lutar para que o povo tenha aceso a educação e dentro dessa nova educação que permita acesso ao bambu como elemento para que as crianças já entendam desde a primeira infância desde o ensino básico o bambu realmente como um elemento para a construção de casas, escolas ,principalmente aparelhos públicos como creches restaurantes populares e ai vai .Então o arquiteto ele tem que a começar construindo o que ?Não é a casa de burguês não. Começar a construindo creche restaurante popular, centro de saúde com bambu e por aí vai.

Figura 39 6- Instituto Cerbambu.Bambuzeria Fonte:https://www.changemakers.com/ptbr/powerofsmall/entries/projeto-ravena-30-0

Você teve que mudar pra Ravena justamente para fazer toda cadeia produtiva?

O que se entende por cadeia produtiva no Brasil é um histórico de relações com matérias e possibilidades muito negativo. Nós não podemos através do bambu, imitar as cadeias produtivas que existem porque elas já começam assim como um equívoco que é a acumulação de bens em vez da distribuição de bens. Então quando eu penso na popularização do uso do bambu eu penso em associações cooperativas e mesmo quando que as pessoas possam trabalhar no desenvolvimento individual.Eu penso na autonomia e não do sistema de um patrão que domina um mercado. Domina a tecnologia e coloca vários empregados ganhando salário mínimo ao seu serviço. Nós temos que mudar o padrão. Nós temos que mudar o padrão de salário mínimo para salário justo. Nós temos que mudar o padrão de patrão empregado para autônomos satisfeitos entendeu? Então tudo isso é uma mudança de conceito. O Brasil precisa muito de uma mudança de conceito e é muito importante que essa mudança de conceito seja feita através da educação através do entender da história política do país entendeu? Porque está tudo relacionado né.Todo o sistema produtivo, comercial e econômico no Brasil tá atrelado a questões políticas e o que nós desejamos não é o desatrelamento, mas um aprofundamento nas relações políticas que gere consciência e uma postura de autonomia e cooperação. Então a natureza da planta bambu sugere isso porque é uma planta que tem um elemental que se traduz 45

em generosidade. Então nós buscamos, realmente mais solidariedade em ser mais proativo no sentido da localidade. A pessoa pode resolver as questões por exemplo dentro da sua localidade. Não a exportação de produtos caminhões atravessando estradas, navios atravessando e poluindo mares com produtos. Essa lógica é a lógica do sistema. Uma lógica que já está comprovada que não deu certo. Nós queremos que as localidades sejam autossuficientes. Em cama de bambu, mesa de bambu, broto de bambu para alimentação. Construtoras que constroem casas de bambu. Aparelhos públicos de bambu. Que a comunidade fiquei feliz e assim cada comunidade plantando seu bambu e ficando feliz nós vamos ter uma sociedade mais equilibrada.

Figura 40 - Cozinha Escola Nestlé-Mercado Central Belo Horizonte .Fonte : http://rosenbaum.com.br/projetos/cozinhaescolanestle/sobre-o-projeto/

Como que ta hoje as bambuzerias que você ajudou a construir? Queria saber um pouco assim do momento que eles estão passando como que está atualmente?

Muitas bambuzerias elas não deram certo como cooperativas porque não existe cultura de cooperativismo no Brasil. Existe cultura de empreguismo. Então as 46

pessoas não suportam. Não estão preparadas, educadas para suportar os níveis de solidariedade, de compreensão e cooperação que essas associações exigem pra dar certo e funcionar como associação, como cooperativa. Então todo sistema ele atua para que as pessoas desistam de seus projetos e as cooperativas elas sucumbam, mas de tudo as pessoas com conhecimento e com a experiência tornam-se aqueles que tem vontade e entendimento, tornam-se bambuzeiros então as cooperativas acabam se formando, se transformando em grupos de artesão autônomos que acabam por questão de afinidade ne cooperando entre si. Essa é a história da cooperativa no Brasil e de nossa cooperativas com bambu .Vem surgindo ne autônomos aqui ,autônomos ali e processos ne.Geralmente os acadêmicos tem melhor condição de estruturar negócios com mais chances de dar certo .Mas o bambu também se resolve em outros campos em outras dimensões da renda complementar, do artesão que vai desenvolvendo, começa na movelaria ,começa a fazendo coisas erradas e com o próprio bambu vai descobrindo e tudo .Então uma nação ela se desenvolve com vários aspectos com várias formas. E a bambueira pode ser realmente uma alternativa ,uma força para que as populações venham se desenvolvendo .Então apesar do Brasil não ter seu processo de popularização estruturado dentro de uma cadeia produtiva normal ne.Como são outras eu vejo isso como propositivo .Deixa o povo ir descobrindo gradativamente ,aproximando do bambu e fazendo no seu tempo que isso também é positivo, porque essa propulsão que tem pra negócios e geração de renda de trabalho e renda se ela for copiada do sistema ela acaba inviabilizando projetos de verdadeira sustentabilidade então é preciso ter um olhar também sobe a natureza dos processos e o tempo que leva para que uma população vá se apoderando ne de dessas novas tecnologias como o bambu.

Na Colômbia, ainda é muito tímido eu to falando um avanço mais grosso né A grosso modo como, por exemplo monocultura de bambu pra fazer esse processo de industrialização pra colocar no mercado em grandes volumes. Isso ai é completamente negativo transformar o o bambu como num eucalipto em uma outra matéria prima . .O bambu não é pra ser siderurgizada .O bambu é pra ser um elemento pra que o homem do campo faça seu usufruto e realente ele venha cumprir o papel de sustentabilidade que é uma lacuna mesmo no pais .Não precisa imitar o

sistema produtivo ,econômico que ele é muito bruto ,é isso que eu quero dizer. Nós não precisamos fazer isso com bambu.

Figura 41 - Biblioteca Milton Santos Fonte:https://www.cerbambu.org.br/quem-somos

Você tem mais alguma coisa que queria colocar sobre alguma inquietação?

Essas outras informações que o bambu é um material excelente pra construção civil, pra construção de casas, pra movelaria, pra substituição da madeira, do ferro já são informações que já estão disponíveis na internet. Já estão comprovadas. Já existem muitas obras de bambu no Brasil na América Latina, no mundo todo. Novidade nesse processo todo não é o bambu como material. É o bambu como protagonista social. Como elemento de transformação da economia e transformação a economia não é repetir a economia é gerar uma nova economia com participação popular e usufruto popular.

Em relação ao custo quando você vai fazer uma obra se você tem um custo assim parecido que seria de outro material convencional ou se o bambu sai mais barato pra construção?

Não sai mais barato. Porque ainda não foi formalizado mercado ne.O mercado da madeira, do ferro, do cimento já existe. Essa cadeia produtiva que é explorativa onde só o patrão ta ganhando então é de fácil aceso, mas é de má distribuição. O bambu ainda não tem isso mas vai se formar. Ainda é muito novo pra ter ainda. Vamos ter que esperar algumas décadas pra isso se estruturar atualmente no Brasil. Por isso é um pouco mais caro. Mas o que é mais caro? Você pagar um pouco mais de moeda corrente do seu país para uma construção ou ver todo seu patrimônio da sua nação ser depredado de maneira irreversível? Qual é mais caro?

JAIME PEÑA

Entrevista na integra

Figura 42 - Jaime Peña Fonte:Fonte:arquitecturamixta.org/pt/equipe/

Como foi seu aprendizado na construção de bambu?

Eu trabalhei quando eu me formei de arquiteto, eu trabalhei por um ano pra um escritório de arquitetura de interiores, mas aquele escritório não trabalhava nada com bioconstrução nem materiais naturais, tudo muito hi tech.Ai eu decidi me encaminhar pra bioconstrução. Fiz uma viagem pela América Latina conhecendo as técnicas locais de cada país, de cada comunidade, de cada povo, que ficava na montanha que tinha adobe, bambu e assim fui melhorando e conhecendo e depois já voltei pra Colômbia. Criei meu escritório de Arquitetura Mixta ne e já iniciei a pegar clientes e projeto traz projeto e a gente foi avançando e madurando essa ideia.

2/ Figura 43 - Restaurante Humo .México Fonte:http://arquitecturamixta.org/pt/project/restaurante-humo-

Como você avalia a cadeia de produção de bambu na Colômbia e no

Brasil?

A cadeia de produção de bambu na Colômbia em relação ao do Brasil. A Colômbia tem mais avanços, tipo mais pesquisas, tem uma cultura mais local mais forte com a construção de bambu. Acho que a cadeia produtiva de Colômbia está desenvolvendo de uma maneira interessante, mas ainda não consegue fechar todos os processos juntinhos ainda está muito fragamentada.Ainda tem muito pessoal trabalhando, porém cada um pelo seu lado, mas está forte. Acho que no Brasil está no processo. A gente lá no Brasil está desenvolvendo alguns cursos pra conseguir expandir ne esses conhecimentos de bambu no Brasil, mas acho que no Brasil está rolando muito bem. Já criou a Sociedade Brasileira do Bambu. Algumas universidades já estão fazendo pesquisa, faculdades estudando o tema de bambu, palestras. Então acho que está fortalecendo. Ainda não fechou completa a cadeia. Está crescendo, está Bruno Sales que ele trabalha muito bem silvicultura, com muita produção mudas ne.Na construção também está o Lúcio Ventania com seu bambu que é muito forte também. A Irina Biletska está trabalhando com bambu lá na Bahia. A gente está também fazendo projetos de bambu né.Então acho que está crescendo ne.

Quais são os maiores desafios do trabalho com bambu na Colômbia? E no brasil?

E quanto os maiores desafios de trabalho em Brasil e na Colômbia eu acho que o trabalho com bambu é um só. Cada país tem suas condições seus avanços. Mas se você tem bambu, tem todas as possibilidades ne.Mesmo que a cadeia não esteja em cada país.Eu não olho tanto de falar de dificuldades sabe. Porque eu acho que é tudo um processo e todo processo precisa trabalho. Precisa se focar se concentrar no que está fazendo. Mesmo se é fácil, difícil. Eu acho que não é problema de dificuldades é problema de processos. Os maiores processos agora são criar projetos, credibilidade com as pessoas. Projetos sustentáveis que tenham continuidade ne.Criar mais escritórios de construção com bambu. Criar mais espaços ne.Tipo o parque de bambu está fazendo um trabalho muito interessante também e tem outros grupos que estão trabalhando muito com bambu no Brasil então acho no Brasil tem uma galera muito forte, agora tem que se ligar. Isso eu acho que é um desafio forte. Ligação de toda essa rede. Criar uma grande rede de apoio entre todos. Para avançar tanto na Colômbia quanto no Brasil como aqui no México onde a gente está trabalhando agora. Isso ne de criar uma grande rede de apoio que vire uma plataforma para todo o pessoal que quer avançar nesse tipo de trabalho com bambu.

Figura 44 - Domus Saramandala- Fonte:http://arquitecturamixta.org/pt/project/domo-saramandala-2/

É fácil encontrar mão de obra qualificada para construção com bambu na Colômbia?

Então mão de obra qualificada tanto em Colômbia quanto no Brasil tem mão de obra qualificada na Colômbia, mão de obra com experiência maior. Tem muito sim mas em brasil também tem.Ta Elieser Souza, ta o Bruno.Eu já criei uma galera muito interessante ne.Ta Jefersson Cruz .Aqueles que eu já te falei ,ta o Cerbambu com Lucio.Ele tem sua equipe também eu acho que tanto Brasil quanto Colômbia eles tem pessoal que de verdade conhece. Mas ainda tem que se educar ainda tem que expandir. Tem que se criar muitos curso, muita troca de conhecimento ,abrir espaço pra que o pessoal ,as crianças a gente jovem chegue ne e continue esse processo está grande cadeia mas de que tem, tem sim.

O que você acha da norma colombiana de construção com guadua?

E quanto ao Norma de Construção da Colômbia, não é algo muito pessoal que eu possa lhe dizer. É um avanço interessante porque o fato de que se normatize algo se legalize algo, já mostra interesse de melhorar o processo governamental e institucional com esse tema. Eu acho que era uma norma de construção muito fechada e muito limitada na criatividade,sabe?É muito básica , muito quadrada , muito caixinha ,muito engenharia. Nós temos demonstrado que com nossos projetos que definitivamente o bambu pode ir muito além e que seremos capazes de obter muito mais resultados de engenharia estrutural, como o que estou fazendo aqui no México com o engenheiro Esteban Morales da Colômbia .Também estamos fazendo um projeto muito interessante. Estamos demonstrando que o bambu vai muito além de quatro paredes quadradas e que, com a arquitetura orgânica, é possível criar uma boa posição da planta do bambu como material. Então essa na minha opinião é interessante o que foi alcançado, mas acho que é muito limitado e pode dar muito, muito mais.

Qual a opinião que os colombianos tem sobre as construções com guadua?

O colombiano local, como tal, sempre vê a construção com guadua como uma construção secundária econômica e provisória sabe? Se você olha a cultura normal colombiana, mas se você olha a comunidade da bambuzeira colombiana, as pessoas

que conhecem a história do bambu que trabalham com ele a opinião muda .Porém tradicionalmente, a tradição colombiana de bambu da guadua, para a gente comum do dia a dia são estruturas provisórias e econômicas.

CHEPE MOÑOZ

Entrevista na integra

Figura 45 - Chepe Moñoz

Como foi seu caminho de aprendizagem na construção com guadua?

Concluindo meus estudos na universidade, o arquiteto Oscar Hidalgo, chega Escola de Arquitetura e apresenta seu doutorado em arquitetura e construção em Bambu-guadua o qual gera um grupo de estudantes dos últimos anos de jovens arquitetos. Começamos a desenvolver pesquisas e projetos em guadua, reconhecendo a nossa cultura ancestral de bahareques, nunca presente na época na escola de arquitetura pós-moderna e internacionalista.

Qual é o cenário que encontrará um arquiteto recém-formado para trabalhar com construção de guadua na Colômbia?

Hoje, a arquitetura alternativa sustentável do bambu guadua ganhou um lugar importante na arquitetura colombiana. A propósito, esse é o aspecto arquitetônico colombiano mais reconhecido internacionalmente. Devido ao seu grande potencial para o desenvolvimento de arquiteturas sustentáveis pelos novos arquitetos

colombianos ou os arquitetos de outras nacionalidades que desejam desenvolver seu trabalho na Colômbia.

Quão importante é o guadua para a cultura da construção colombiana?

No marco das tecno culturas construtivas, o guadua como material de construção na Colômbia é uma parte fundamental da tradição arquitetônica do passado. Juntamente com a madeira, o guadua está presente nas arquiteturas patrimoniais de Bahareque hoje chamadas Paisagem Cultural do Café Colombiano; Declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2011. Deve-se dizer que sua importância não é só no terreno local, mas também é internacional.

O ensino da construção de guadua nas escolas de arquitetura é suficiente para capacitar arquitetos que podem trabalhar com esse material?

O ensino de arquitetura e construção em Guadua é desenvolvido de maneira particular na Universidade Nacional da Colômbia, especialmente na sede da Escola de Arquitetura e Urbanismo de Manizales, por sua tradição histórica neste território cafeteiro da Colômbia. Muitos dos arquitetos que optaram por essa alternativa arquitetônica e construtiva de seus estudos na Escola de Arquitetura El Cable, hoje não apenas transcendem a nível local ou nacionalmente, mas também internacionalmente

O que é bom e o que poderia ser melhorado?

O importante é ter conseguido recuperar as arquiteturas e as construções em Guadua como lembrança do passado e reinterpretá-las em um regulamento de construção contemporâneo - Decreto 052/2002 - que permite que essas arquiteturas históricas sejam reinterpretadas de maneira contemporânea em um cenário de renascimento das arquiteturas e técnicas construtivas ancestrais. A academia contemporânea que alguns professores desenvolvem atualmente no âmbito da pedagogia da aprendizagem - não a do ensino - sempre força um processo de desenvolvimento investigativo e inovador, razão pela qual esse tema das

arquiteturas e da cultura tecno-construtiva em guadua ou bahareque (estruturas de madeira e guadua), no caso de nossa arquitetura regional está sempre evoluindo, portanto, está sempre melhorando.

O que você acha da cadeia de produção de guadua na Colômbia? Funciona bem?

A cadeia de produção de guadua-bambu na Colômbia é um paradoxo. Embora seja um material presente em massa nas arquiteturas históricas e hoje seja novamente considerado como o material básico das arquiteturas sustentáveis da Colômbia; existindo extensões originais de florestas de guadua, particularmente na região cafeeira, as políticas governamentais não são positivas para incentivar o desenvolvimento de sua indústria agroflorestal e, portanto, seu uso maciço na arquitetura tem muitas dificuldades. Quais são as maiores dificuldades em trabalhar com o guadua na Colômbia? Por um lado, existem restrições governamentais para sua exploração e uso na arquitetura. Por outro lado, o imaginário coletivo não apenas local, mas também global, que considera o bambu - no nosso caso, o guadua, como material temporário, não durável e aplicável apenas em arquiteturas para baixos estratos socioeconômicos.

É fácil encontrar mão de obra qualificada para construção com o guadua?

Embora a tradição histórica mostre um exemplo paradigmático na região cafeeira - Paisagem Cultural do Café, de uma extensa e massiva arquitetura histórica em bahareque - madeira e guadua; o mito modernista, pós-moderno e ainda contemporâneo das construções em “material” - concreto e tijolo - hoje predomina sobre as novas construções em guadua e, portanto, estamos dificilmente em um processo tecno-cultural de recuperar e melhorar as tecnologias de construção bahareque e guadua .Por esse motivo, apenas está ressurgindo uma nova geração de construtores de guadua na região cafeeira, o que ainda dificulta a existência

massiva de mão de obra qualificada nessas tecnologias sustentáveis de construção de bahareque e guadua.

É fácil encontrar um engenheiro que faça o cálculo estrutural dos projetos em guadua?

Não é fácil. O paradoxo também se manifesta nesse cenário de engenharia de cálculo estrutural para arquiteturas bahareque ou guadua, uma vez que as faculdades de engenharia, como acontece em Manizales, NÃO treinam engenheiros no cálculo estrutural desse tipo de construção e são orientadas apenas ao treinamento de engenheiros estruturais de concreto, alvenaria ou estruturas metálicas, basicamente.

O que você acha da norma colombiana de construção com guadua? "(Os pontos positivos e negativos).

É possível ponderar os pontos positivos do padrão de construção colombiano em Guadua - Decreto 052/2002 - NSR / 10, porque melhora, otimiza e legaliza novamente as arquiteturas e construções em Guadua. Ou seja, reinterpreta essas técnicas históricas de maneira contemporânea. Com a norma, foi possível evoluir da "técnica" das construções de guadua desenvolvida pela tradição, para a "tecnologia" de bahareque e guadua hoje desenvolvida sob as ciências da arquitetura e engenharia representadas nas normas atuais de construção em guadua.

Qual é a opinião que as pessoas na Colômbia têm sobre a construção com o guadua?

Infelizmente, ainda predomina no imaginário coletivo de ser um material temporário e pobre, ou seja, para arquiteturas e construções temporárias e de estratos sociais de baixa renda.

Você acha que existe uma cultura de construção com o guadua consolidado na Colômbia?

Sim. Existe histórica e massivamente presente em arquiteturas históricas ou patrimoniais, particularmente na região cafeeira hoje reconhecida como Paisagem Cultural do Café e, de fato, seu valor é cada vez mais reconhecido, particularmente pela indústria do turismo. Porém ainda é pouco reconhecida para o desenvolvimento de novas arquiteturas.

THIAGO ÓSCAR

Figura 46 - Thiago Óscar Fonte:Fonte:facebook.com/joararquitetura

Entrevista na integra

1)Quais as maiores dificuldades de se produzir arquitetura com bambu no Brasil?E porque para você ela ainda não se difundiu no país?

A falta de oferta do material tratado e de mão de obra capacitada. Porque a pesquisa do material precisa cada vez mais ser aprofundada e o tema fazer parte das disciplinas de graduação de cursos relacionados à construção civil. Isso se deve também ao domínio do padrão construtivo por empresas de materiais de construção de grande parte que tornam mais difícil a inserção do Bambu no mercado. Essa realidade pode mudar com o aumento do número de pessoas interessadas na redução dos impactos ambientais pela indústria da construção através do uso deste recurso resiliente e que requer pouco gasto energético para chegar ao canteiro de obras.

Figura 47 - Marc van Lenge e Thiago Óscar Fonte:https://www.facebook.com/tibario/photos/

2)Quais as maiores diferenças que você pode notar na condição para a produção da arquitetura de bambu na Colômbia comparada com o Brasil?

Em primeiro lugar, a cultura ancestral presente na Colômbia com o uso da Guadua para construção das estruturas das moradias. No Brasil, a herança do uso do 60

bambu está mais nas tramas de paredes de pau-a-pique, cestarias e em alguns tipos de fechamentos também. O fato de haver uma norma construtiva para o material na Colômbia também facilita que leigos percebam a capacidade do material. A reboque disso, a produção de peças de Guadua tratadas lá está no patamar de exportação a exemplo do Instituto Pachamama, em Quindío, que envia pedidos para Europa, China e, inclusive, pro Brasil. Enquanto isso, aqui, existe uma dificuldade muito maior em ter acesso a produtores do material tratado, além da falta de informação sobre a qualidade do material de cada fornecedor. Dessa forma, no Brasil, vemos que a consciência ambiental nessa área cresce e muitos bambuzeiros são “obrigados” a crise seus próprios testes de resistência e o resultado na grande maioria dos casos é o hiperdimensionamento da estrutura para garantia da segurança da obra. De qualquer maneira, é uma luta que está crescendo e muitos grandes nomes do Brasil e também internacionais vêm se unindo no país e percebe-se que na persistência o conhecimento evolui e um grande número de pessoas se interessa a cada dia que passa.

Figura 48 - Thiago Òscar no Tibá Rio Fonte:Thiago Òscar

3)Qual é a visão que as pessoas tem sobre as construções com bambu aqui no Brasil?

No senso comum, existe a dúvida sobre a resistência e a durabilidade e, na maioria dos casos, o interesse pelo uso do mesmo é mais para mobiliários ou objetos decorativos. A falta de divulgação e acesso a informação a respeito das mil e uma possibilidades do uso do bambu gera essa percepção, afinal, existe uma escassez de referências sobre sua utilização até mesmo dentro das escolas, escritórios e conferências de engenharia, arquitetura e urbanismo. Graças a uma enorme grande quantidade de pesquisadores, Bambuzeiros e interessados na propagação do uso do material para redução dos impactos ambientais na construção civil, o cenário vem apresentando um melhora notável e surgem cada vez mais obras, escritórios e coletivos dedicados a trabalhar com o material.

4)Alguma outra inquietação que queira colocar:

A mudança desse paradigma será cada vez mais fácil a partir do momento que a consciência na construção civil passar pelo respeito à nossa mãe Terra e aos materiais naturais que ela oferece, nesse caso, o Bambu. Podemos mostrar a cada dia como é melhor trabalhar em união assim como o bambuzal: todos unidos são mais fortes! E um ditado que me motiva e representa muito para mim é:

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