Revista Movimente

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OVIMENTE

Nas Arquibancadas virtuais 1


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SCORE

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Qual foi o legado?

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CrossFit: Sua Selfie nos patrocina

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A faixa preta não é o limite

12 Pingue Pong

78 Esportista. Mãe. Mulher.

82 Atletas de fim de semana

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Bio: Jéssica Florêncio

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Uma doença chamada “Copa do Mundo”


Para alĂŠm do esporte

Esporte da vez: Paraente

Pra quem quer ver

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CAPA Arquibancadas virtuais: os novos jeitos de assistir Ă Copa


O TIME Heliaster Morais Fotรณgrafo

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OVIMENTE Diretoria de redação e coordenação de projeto: Ma. Andréia Moura Dra. Karla Ehrenberg Editora-chefe: Kemelly Ferreira Chefe de reportagem: Jota Terres Secretárias de redação: Mariela Espejo e Fernanda Silva Diagramação e projeto grá ico: Kevin Dantas, Dalila Santana, Eva Cueva e Sarah Dornelis Diretora de fotogra ia: Amanda Ferelli Revisores: Ana Caroline Gonçalves, Jota Terres e Kemelly Ferreira Repórteres: Amanda Ferelli, Amilly Caroline Diniz, Ana Caroline Gonçalves, Ana Maria Miguel, Cláudia Brito, Cleidiane Araújo, Danielly Lopes, Eduardo Arantes, Eva Cueva, Evelina Abdyl, Giancarllo Batistoti, Kathleen Marques, Kawanna Cordeiro, Kelwin Ramos, Laura Cachaneski, Michael Harteman, Priscila Vasconcelos, Thalita Gameleira, Thalita Gerez, Vitor Esperança, Vitória Ribeiro, Walace Ávila Infogra ia: Dalila Santana, Fernanda Silva, Jota Terres, Kemelly Ferreira, Kevin Dantas, Mariela Espejo

LARGADA

O TIME QUE NÃO ENTROU EM CAMPO Não quisemos icar parados. Chega uma hora que a inércia não é mais opção. Em pleno ano de Copa do Mundo, falar dessa especí ica modalidade não foi nossa primeira escolha. Me parece que o País do Futebol já está saturado esperando pelo hexa. Pensando nisso, formamos um time. O termo esporte se apresenta muito voltado ao mundo futebolístico, por isto decidimos nos mover tendo como meta mostrar a amplitude do termo e sugerir outras formas de olhar para o esporte. Nosso time se juntou, se alinhou e colocou suas forças para derrubar o muro que separa o esporte da terra irme e séria que engloba o mesmo mundo da política, das causas minoritárias, da tecnologia, da grana que sai do seu bolso, da cultura em que está inserida e outras visões subconscientes não muito conscientizadas. Após adentrar esse universo alternativo, a sensação será a de salto rumo ao penhasco, sustentado pelo vento e contemplando toda a grandiosidade debaixo de seus pés. Vai descobrir que o esporte não é sinônimo de esporadicidade, e que quando considerado assim, é estabelecido limites bem rígidos. Delimita-o a puro entretenimento. Passageiro. Logo esquecido. Lembrado quando bater vontade... Sem perceber, pouco a pouco, você estará em movimento. Prestes a sair de um consenso que só lembra de ser torcida em eventos mundiais. Pronto para investir mais tempo em prol de uma vida mais “levada na esportiva”, e consciente de que, para chegar a algum lugar, é preciso pôr-se em movimento. Logo notará que o esporte vai além do futebolzinho de domingo, do con lito constante entre torcidas organizadas e das próximas partidas relaxantes entre amigos. Será libertador. Está dada a primeira largada. Mova-se!

Colunistas: Jota Terres, Mariela Espejo, Sarah Dornelis

Kemelly Ferreira

Fotos: Heliaster Morais, Unsplash, Fotos Públicas

Editora-chefe “Esporte é diálogo pleno”

Ilustradores: David Vigo Vasquez, Maxson Cezario 7


MOVE +

Modalidade da deficiência visual Você sabia que existe um esporte que só pode ser praticado por pessoas com limitações de visão ou que não enxergam? O nome dessa modalidade é Goalball. Ela é semelhante ao futebol, nosso velho conhecido. No entanto, cada time conta com apenas três jogadores. A bola utilizada nas partidas é mais pesada e, além disso, contam com guizos dentro. Eles têm a importante função de guiar os jogadores ao

Danielly Lopez “Esporte é desenvolvimento e união”

Thalita Gerez “Esporte é sinônimo de saúde, cuidado com a mente” 8

longo da partida. O grande objetivo é chutar a bola na rede do time adversário, enquanto a defesa busca deter o avanço da bola com o próprio corpo. Vence quem marcar o maior número de pontos. Ah! Isso tudo acontece em uma quadra retangular e repleta de marcações táteis! O silêncio das torcidas durante as partidas é fundamental. O Goalball é uma modalidade exclusiva das Paralimpíadas.

Os mais elitizados Se você foi uma daquelas crianças que jogava bola descalça na rua e fazia as traves do gol com chinelo, é provável que não tenha muito interesse por polo, golfe, tênis, windsurfe, esqui, canoagem, stand up, esgrima, tiro esportivo e hipismo. Na infância talvez você nem os conhecesse. O polo é o esporte mais caro de ser praticado no mundo, seguido do hipismo, no qual o custo de um espaço para guardar um cavalo pode chegar a R$ 50 mil. Os tacos de golfe podem chegar a custar até R$ 14 mil, uma prancha de windsurfe R$ 4 mil. O tênis é um pouco mais popular, porém suas aulas são caras. A canoagem exige um alto investimento inicial. Já as aulas de esgrima são di íceis de serem encontradas e é mais fácil serem feitas com cabos de vassouras (sqn). E aí, icou com vontade de praticar alguns desses esportes? Então, deixe de visitar tantas vezes a cantina!

Vantagens de sediar a Copa


Três erros na corrida biomecânica O nome pode parecer estranho, mas biomecânica da corrida, nada mais é, do que a forma como nos movimentamos a cada passada. Algumas características podem ocasionar sobrecarga nas articulações musculares e, assim, reduzir o rendimento do corre-

dor. As mais comuns são: alto impacto - pode ser percebido pelo barulho dos pés ao tocar o chão e quando o barulho é muito alto; overstride, é aquela pisada longa, quando o pé, ao aterrissar, está muito distante do corpo; e correr “sentado”, ocorre quando nosso

tronco não está totalmente ereto e parece estar apoiado nos quadris. Corra de forma mais suave, reduza a distância das passadas e mantenha o tronco ereto, assim você terá uma boa biomecânica e consequentemente, uma corrida mais saudável.

Controlar um evento desse porte não é fácil. A Copa do Mundo mobiliza milhões de pessoas. Quem é fã de futebol pode chegar a viajar milhares de quilômetros, tudo para ver suaamadaseleção jogar! Volte, então, quatro anos no seu calendário, e lembre quando o seu país se tornou a sede do mundial FIFA.Foi aí que a

festa aumentou, não é mesmo?!O país sede da Copa do Mundo ganha grande visibilidade mundial, podendo atrair investidores e gerar negócios, estimulando a economia. Obras de mobilidade, infraestrutura e turismo que precisam ser feitas para receber os visitantes são uma das grandes vantagens, isso ocasiona na cria-

ção de postos de trabalho, alavanca a economia, o comércio e a rede hoteleira. Além de estádios modernos e diversas obras importantes, a Copa também gera empregos permanentes.É por estes e vários outros motivos que os países competem para sediar a Copa. Agora você já sabe que bene ícios é que não faltam. 9


MOVE +

Partiu pro fight? Alguns esportes são considerados superviolentos. Ah! E não basta ter espírito de equipe, tem que ter determinação, força, estratégia e cautela. Os esportes considerados mais violentos do mundo são: polo aquático, futebol americano, hóquei no gelo, MMA – Mixed Martial Arts. O polo aquático

é a versão aquática do rúgbi, em que os atletas têm que se agarrar e empurrar durante todo o jogo. No futebol americano os oponentes se atacam o tempo todo. Já no hóquei, a velocidade em cima dos patins e a marcação cerrada entre os jogadores, podem ocasionar muitos acidentes. No MMA

Senta que lá vem história Quem não gosta de curtir uma tarde de sol, na praia, jogando uma partida de vôlei com os amigos? Talvez, você não conheça a origem desta modalidade. Então senta aí que lá vem (só um pouquinho) de história. O “mintonette”, primeiro nome dado ao vôlei, foi inventado pelo professor de educação ísica William G. Morgan. A ideia era combinar elementos do basquete, beisebol, tênis e 10

handebol. Ao criar o vôlei e suas regras, Morgan desejava ter um esporte em que o contato ísico entre as pessoas não existisse. A razão para isso era oferecer às pessoas com mais idade a oportunidade de realizar uma atividade ísica que oferecesse o menor risco de lesões possível. A primeira vez que um grupo de pessoas foi à praia jogar uma partidinha de vôlei foi na Califórnia, em 1965.

há uma mistura de várias formas de artes marciais, sendo considerado por muitos, o esporte mais violento de todos. Então já sabe, se pegar DP em alguma matéria, é só chamar seu professor pra praticar um desses esportes, que a sensação vai ser a mesma - ou quase - de passar sem essa DP!


A Chama Olímpica nunca apaga? Você sabia que o fogo era um elemento sagrado para os gregos? Sim, isso mesmo jovem. Durante a celebração dos Jogos Olímpicos, era comum que os templos mantivessem tochas acesas. Ela é o símbolo que representa a lenda de Prometeu. Titã que roubou o fogo de Zeus para entregá-lo aos mortais. Só em 1936 que a Chama Olímpica passou a ser

transportada. Uma comissão é escolhida para isso e seu último portador, geralmente é um esportista importante para o país sede. Mas a chama não pode ser apagada! Para isso, é feito

um e iciente revezamento que mantém ela acesa por meses e só é apagada com o encerramento dos jogos. Cada tocha custa R$1150, mas só pode ser comprada por quem a carregou. Então, se você não é Ronaldo, Tom Cruise ou uma das outras 3598 pessoas que izeram isso, lamento informar, mas, ESQUEÇA!

O que tem de mais radical? “Viver é negócio muito perigoso”, já dizia Guimarães Rosa. Fica mais ainda se, nas horas vagas, o vivente caminhar sobre aviões em pleno voo ou surfar entre ondas da altura de prédios. Essas atividades são o 1º e o 2º lugares no ranking dos esportes que apresentam maior risco de morte. Os esportes mais radicais do mundo são: wing walking, praticado sobre as asas de um avião em movimento, onde os atletas fazem movimentos ou-

sados; big wave surfe, que nada mais do que se arriscar surfando ondas gigantes. No free style motocross, os atletas praticam saltos mirabolantes em cima de uma moto. O street luge, consiste em descer uma ladeira em cima de um skate gigante, deitado de bruços ou de costas. O rafting é um esporte onde os competidores descem a correnteza de uma cachoeira ou queda d’água em alta velocidade. E aí?! Qual deles você teria coragem de encarar? 11


PING-PONG Amanda Ferelli “Esporte é sinônimo de cuidado. Cuidado com a saúde e a mente”

O PING PONG, DESSA VEZ, É LITERAL

Professor e treinador, Walter Quiaper, há sete anos tem instruído a equipe de tênis de mesa do Unasp, campus Engenheiro Coelho 12


O tênis de mesa, ou pingue -pongue, como é conhecido para propósitos recreativos, surgiu durante o século XIX, na Inglaterra, como ping-pong. Manteve este nome até se tornar uma marca registrada e foi estabelecido que se deveria se chamar “Tênis de Mesa”. Segundo o Atlas do Esporte Brasileiro, o esporte é um dos mais populares do mundo, e o terceiro no Brasil em número de praticantes. “O esporte se tornou parte de minha identidade como pessoa, me ensinou disciplina, trabalho em grupo, respeito ao adversário, valorização das vitórias e crescimento com as derrotas”, declara Walter Quiaper, professor e treinador de tênis de mesa. Em seu último ano no Centro Universitário Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho (Unasp-EC), Walter Quiaper, aluno de Teologia e Pedagogia, resolve compartilhar os seus conhecimentos sobre Tênis de Mesa com receio que o esporte deixasse de ser praticado na instituição. Dois anos depois, em 2014, Walter retorna ao campus como mestrando em Educação. Motivado por sua paixão pelo esporte, decide retomar de onde havia deixado. No mesmo ano, começa a ensinar e preparar alguns jovens do centro universitário para suas primeiras competições. Em novembro, do mesmo

ano, cativado pelo desempenho dos alunos que havia levado para uma competição, Quiaper decide criar um time, para que juntos pudessem se dedicar aos próximos campeonatos. Como equipe, o time Unasp, tem cerca de 76 medalhas alcançadas em campeonatos regionais e internos. Número que, segundo Quiaper, aumentará em 2018, já que ainda há campeonatos que estão por vir. Representando a equipe, o treinador, conta com cinco medalhas conquistadas em campeonatos regionais, entre o ano passado e este ano. Mesmo equilibrando os estudos, trabalho e a paixão pelo esporte, Walter Quiaper, sempre demonstra uma admiração e orgulho da equipe que formou e tem instruído durante esses anos.

Movimente: Qual foi o seu primeiro contato com o esporte? Walter Quiaper: Como a maioria dos brasileiros, antes do Tênis de Mesa eu conheci o pingue-pongue. Tinha 10 anos. Aos 12, comecei a brincar de pingue -pongue, eventualmente, em um clube. Até que na sétima série me inscreveram para um Interclasse [campeonato entre classes] no Colégio Adventista de Vila Yara, em Osasco, SP, sem eu saber. Eu cheguei a participar e até que estava indo bem, mas perdi nas quartas para um menino da

“É um esporte que não vê idade, altura ou peso, todos são iguais na mesa” 13 13


sexta série. O que me motivou a procurar um clube para treinar e não perder mais. Foi então que encontrei a Associação Cultural e Esportiva Nipo Brasileira de Osasco, a Acenbo, e conheci o tênis de mesa. Passei a treinar cinco horas por noiteduas vezes por semana e consequentemente não perdi mais jogos escolares.

M: Qual impacto o esporte teve na sua vida? Quiaper: O esporte sempre me fez bem. Eu gosto de jogar a maioria dos esportes, desde os coletivos, até os individuais do atletismo, badminton, natação. Isto se tornou parte de minha identidade, me ensinou disciplina, trabalho em grupo, respeito ao adversário, saber valorizar as vitórias e crescer com as derrotas. Lições que levo para a vida, mas de forma geral o esporte abriu portas para o meu desenvolvimento social, ísico e mental.

“...de forma geral, o esporte abriu portas para o meu desenvolvimento social, físico e mental”

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M: O que levou você a con!nuar pra!cando o esporte? Quiaper: Ao me mudar para o interior do Estado de São Paulo, com 16 anos, em 2004, resolvi que ao invés de parar de jogar, eu ajudaria a promover a modalidade e é o que venho fazendo desde então, como hobby. M: Quando você decidiu criar a equipe de Tênis de Mesa, Time Unasp?

Quiaper: Em 2014, levei quatro dos meus alunos para jogarem em um campeonato representando a cidade de Mogi Guaçu, SP. Na ocasião, um deles foi campeão, o outro conquistou o segundo lugar na categoria e as meninas conquistaram o terceiro e quarto lugar (na categoria feminina). Quando vi todos com medalhas, pensei que podia montar minha própria equipe. Então no dia 16 de novembro de 2014, izemos nossa estreia em um campeonato, como equipe Unasp, e levamos o segundo lugar geral de clubes, mesmo enfrentando mais de 10 clubes de tênis de mesa do interior de São Paulo. Esse foi o início de toda nossa história.

M: Você teve apoio de familiares, amigos e mesmo da ins!tuição quando inaugurou o !me? Quiaper: Não teríamos equipe sem o envolvimento e dedicação de todos os atletas nos treinos. A instituição nos ajudou com o transporte em nossa primeira participação, em 2014, e depois na primeira participação de 2015. Considero nossa equipe muito guerreira, pois, as despesas icam com os pais ou com os atletas. A realidade do esporte amador no Brasil é muito complicada. A prefeitura de Engenheiro Coelho, SP, nos ajudou com transporte algumas vezes, em 2016, e, atualmente, temos parceria com


a prefeitura de Artur Nogueira, SP, que nos ajuda com o transporte em algumas etapas da liga.

M: Existe a par!cipação de outros campi, além do de Engenheiro Coelho, no !me? Quiaper: Sim, temos atletas de Hortolândia, SP e de São Paulo, SP também. E, no caso, eu sou funcionário do Unasp Educação a Distância. Então todos os campi estão representados em nossa equipe atualmente. M: Quando vocês começaram a par!cipar de campeonatos? E quais foram eles? Quiaper: Começamos a jogar em 2014. Até 2015, o principal evento era a Liga Romeu Tibério do Interior, a Liga RT. Depois começamos a participar dos Jogos Regionais, representando a cidade de Engenheiro Coelho, o campeonato Paulista Universitário representando o Unasp e a Liga Metropolitana onde representamos tanto o Unasp, quanto a cidade de Artur Nogueira. M: Vocês representaram os municípios de Engenheiro Coelho e Mogi Guaçu em campeonatos. Poderia compar!lhar um pouco sobre essas experiências? Quiaper: Nós representamos Mogi Guaçu antes de formar nossa própria equipe. Fomos medalhistas com quatro alunos na ocasião. Em 2015, nas quatro etapas

da Liga RT, conseguimos 20 medalhas, sendo quatro de ouro, e sete de prata. Participamos, em 2015, dos Jogos Regionais representando Engenheiro Coelho. Eu iquei em 6º lugar e outra atleta icou em 5º, no feminino. Em 2016, conquistamos a primeira medalha da história da cidade de Engenheiro Coelho, nos jogos regionais em qualquer modalidade: o bronze no feminino. Nesse mesmo ano izemos nossa estreia no Paulista Universitário e fomos campeões no feminino. Ano passado entramos na Liga Metropolitana, e icamos em 3º lugar geral, representando o Unasp e Engenheiro Coelho. Em 2018, representamos o Unasp e a cidade de Artur Nogueira, e atualmente entre os mais de 20 clubes de tênis de mesa estamos em 2º lugar geral.

M: Além de representar o município, vocês também treinaram com a equipe de Mogi Guaçu. No que essa oportunidade agregou à você e ao !me? Quiaper: Foi a chance de levar os atletas para conhecerem uma estrutura melhor, outros estilos e se prepararem para os desaios que começaríamos a encarar dali em diante. Com a união com o clube, pudemos conhecer os campeonatos na região do interior de São Paulo, para depois disputarmos como Unasp.

“Disciplina, dedicação, repetição de movimentos e aprimoramento da agilidade e coordenação motora”

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M: Há algum campeonato programado para este ano? Quais outros campeonatos o !me deseja se inscrever e par!cipar nos próximos anos? Quiaper: Neste ano, disputamos a Liga Metropolitana. No evento, acontece uma etapa por mês ao longo do ano. Disputamos o Paulista Universitário icando em 3º lugar por equipes no masculino. Ainda vamos disputar as etapas individuais e duplas. Participaremos dos Jogos Regionais, em julho, representando Engenheiro Coelho e Artur Nogueira.ira. M: Na sua opinião, existe idade para começar? Quiaper: Na China, onde esse é o esporte nacional, as crianças começam com cerca de quatro ou cinco anos.

“Na China, onde esse é o esporte nacional, as crianças começam com cerca de quatro ou cinco anos”

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M: Por ser um esporte que exige muita técnica, existem fatores essenciais para o aprimoramento do atleta. Quais os mais importantes? Quiaper: Disciplina, dedicação, repetição de movimentos e aprimoramento da agilidade e coordenação motora. M: Quais são os bene"cios da prá!ca do Tênis de Mesa? Quiaper: Para a saúde: melhora a circulação sanguínea; desenvolve a velocidade de raciocínio; melhora a coordenação motora,

re lexos, a coordenação entre mão e olhos; e exercita os nervos do cérebro; queima calorias e não existem choques ísicos em uma partida. Na educação, toda a família pode participar junta; não existe vantagem por idade ou biótipo; ensina a lidar com vitórias e derrotas; desenvolve a disciplina e a concentração e melhora o rendimento escolar.

M: Nos úl!mos anos, o Brasil foi bem representado nas compe!ções. Exemplo disto são os Jogos Pan-americanos de 2015. Mas infelizmente, o esporte ainda não é tão popular no Brasil. O que poderia ser feito para ajudar no reconhecimento do esporte? Quiaper: Valorização do nível de alto rendimento, exibição de campeonatos brasileiros e notícias da seleção brasileira nas mídias mais populares. Assim, a busca poderia ser maior. M: Devido a essa falta de reconhecimento, há dificuldades para conseguir patrocínios? Quiaper: Passamos, praticamente, três anos sem patrocinadores. Com gasto de transporte e de inscrição do bolso do atleta, mas depois dos resultados positivos de 2017, conseguimos patrocinadores. O [restaurante] Ivo Foods, o [centro médico] Medcenter e uma professora do Unasp EaD. Hoje,


conseguimos pagar a inscrição de 12 atletas e a prefeitura de Artur Nogueira nos fornece o transporte. Na liga, encontramos times mantidos 100% pelas prefeituras, com salário ixo para os técnicos. Então, em São Paulo, creio que não haja tanto esse problema. A Decathlon, loja de artigos esportivos, por exemplo, patrocina uma equipe em São Paulo. Acho que não é o esporte o ponto, mas como o projeto é apresentado para o patrocinador.

M: No começo, houve procura pelo esporte? E agora, com a equipe já formada, como é a busca pelo !me?

Quiaper: Sim, nós começamos a equipe com trinta atletas. Como o Unasp é um lugar muito dinâmico, todo ano perdemos atletas que se formam, mas sempre recebemos novos.

M: Onde são realizados os treinos? E qual a frequência? Quiaper: Treinamos todas as terças e quintas a noite no ginásio do Unasp, campus Engenheiro Coelho, das 19h30 às 21h30. Na terça-feira para os iniciantes que se preparam para as competições, e na quinta-feira quem já está participando das ligas. M: Como os alunos da ins!tuição podem par!cipar da equipe? Existe critério?

Quiaper: Podem curtir nossa página no Facebook, Tênis de Mesa Unasp, e mandar mensagem. Daí marcasmo um jogo para ver o desempenho. Todos podem participar, mas tenho focado em treinos só para quem quer se preparar para competição.

M: Para quem você recomendaria o esporte? É um esporte para todas as idades. Nossa equipe disputa nas categorias: Sub-12, Sub-15, Sub-20, Adulto (20 a 30 anos), Veterano (31 a 49 anos) e Sênior (à partir de 50 anos). Todos são bem-vindos para se juntar a nós. É um esporte que não vê idade, altura ou peso, todos são iguais na mesa.

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O “X” DA QUESTÃO

O X DA QUESTÃO PRA NINGUÉM (QUEM QUER) VER 18 18


Amilly Caroline “O Esporte é o combustível que possibilita enfrentar os obstáculos”

Kathleen Marques “Esporte vai além de entreter, é um estilo pra se viver”

O treino é pesado. Independentemente da especialidade, é preciso ralar muito. O despertador toca por volta de 6h15 da manhã, indicando que já é hora de iniciar a rotina. O dia só está começando. As atividades são intensas, o que faz com que o atleta esteja constantemente exposto ao estresse ísico e psicológico, entretanto, o sonho de ser ginasta, e pro issional, é bem maior. Uma cochiladinha até o centro de treinamento e pronto! As atividades começam com tudo. A rotina é iniciada com cuidados: prevenção contra lesões e alongamento. O papo com a treinadora acontece ao mesmo tempo que o aquecimento, seguido pela preparação ísica. Logo após uma série de repetições de exercícios isolados, ao som das orientações da treinadora que parece sem ritmo e um pouco sem graça, ganha-se vida com a rotina da série, só que agora, com música. O relógio marca 12h, é hora do almoço. Uma pausa para

recuperar energias. A refeição é acompanhada pelo nutricionista, assim os atletas mantém a forma com saúde. O açúcar é reduzido à quase zero, carboidrato supercontrolado, proteína indispensável. Ainda faltam seis horas de treino. No ginásio sem janelas, não se sabe ao certo se chove ou se faz sol. São horas e horas, todos os dias, em imersão total no mundo da ginástica. Um esforço que vale a pena, segundo Heloisa Bornal, atleta de ginástica rítmica do clube Unopar de Londrina, no Paraná. Ela conta que iniciou no mundo da ginástica rítmica com seis anos de idade e há 17 anos pratica a modalidade. “Depois que eu descobri a ginástica, sim, meu sonho é ser uma grande ginasta!”, a irma. Para que os sonhos se tornassem reais, algumas coisas precisavam de ajustes. Coisa simples, como estudar, se tornou uma verdadeira ‘barra pesada’. “Tive que começar a estudar à noite para poder me dedicar

O X DA QUESTÃO A rotina é cansativa, o caminho a ser percorrido é extenso e, por vezes, desafiador, mas o amor pelo esporte os faz continuar. E nós? Nós apreciamos o espetáculo

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mais aos estudos e, assim, evitar, também, de faltar aos treinos. Quando viajo, tenho que recuperar a matéria perdida, trabalhos e provas”, declara. Mas para que o sonho continue sendo realidade, ainda há muito trabalho pela frente. Heloisa tem, apenas, 23 anos, e já pode exibir um currículo extenso. “Sou bicampeã pan-americana, tricampeã sul-americana e participei do campeonato mundial do ano passado, além de ter integrado a Seleção Brasileira de conjuntos em 2017”, conta. Apesar do título de conjuntos que possui, ela treina apenas para apresentações solo. “Uma das coisas boas em relação ao solo, é que eu posso morar com meus pais, na minha cidade”, a irma. Mas nessa vida de correria, o centro de treinamento, acaba se tornando uma segunda casa. “A gente, quando sonha, sempre dá um jeito de fazer dar certo. Deixamos muitas coisas de lado pelo esporte. São muitas horas de dedicação. É a escolha que eu iz. É o que eu amo, então, vale a pena!”, confessa a atleta. Para Heloísa é possível ter os pais por perto, mas Gabriel Faria não possui o mesmo privilégio. Morar com seus pais não é uma realidade desde os 11 anos, já que há nove, o ginasta saiu de casa para correr atrás de seus sonhos. Os 26 km de distância fo-

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ram seu trajeto de casa ao Centro de Treinamento até os 18 anos. Agora, treina no Minas Tênis Clube (MTC), onde aumentou não somente o nível de exigências, como a distância de casa. Mas Gabriel revela que, mesmo longe, o apoio dos pais sempre esteve presente, e a torcida inegável. Sua rotina, assim como a dos demais atletas, é intensa. Até às 7h da manhã, o desjejum e o banho já devem ter acontecido. Uma corridinha até o centro de treinamento ajuda com o aquecimento. Às 11h, o relógio indica que está na hora de repor suas energias: hora do almoço. Mais uma corridinha até em casa. É hora de um pequeno cochilo, já que o próximo descanso será, apenas, daqui a oito horas. Outra corridinha até o centro de treinamento e, então, uma longa tarde de treino. Quando o relógio marcar 17h, signi ica que é o momento de ir embora e se arrumar para não perder o transporte público, que irá levá-lo até a faculdade. Gabriel faz parte dos mil atletas federados do MTC, e representa a nossa Seleção na modalidade de Ginástica Artística Adulta. O atleta disputou recentemente a Copa do Mundo na Croácia, e uma etapa da Copa na Eslovênia. Sua próxima disputa será o Campeonato Brasileiro por equipes. Em meio a tanto


comprometimento, é comum que os atletas passem por muita pressão. E a ajuda de um pro issional é indispensável. “Nos encontramos uma vez por semana com o psicólogo, e com mais frequência perto das competições. Eles nos ajudam a controlar as emoções, adrenalina e ansiedade. Isso é fundamental. Ainda mais na ginástica, um esporte de muita precisão”, expõe Gabriel. Há pouco tempo, a ginasta chinesa Wang Yan anunciou sua aposentadoria, aos 18 anos, em virtude das lesões causadas pelo esporte e pressão que sofria. Wang, que também participou da modalidade Artística, fraturou a segunda e terceira vértebras enquanto disputava uma vaga na Seleção Olímpica. A atleta, que tinha pontos fortes no solo e saltos de alta di iculdade, passou dez dias em coma. Em entrevista, após o incidente, o diretor do Centro Administrativo de Ginástica da China, Gao Jian, disse que as regras internacionais recém-criadas não determinam um limite de di iculdade para os exercícios, o que pode levar a lesões gravíssimas, caso de Wang. Durante três anos a atleta serviu à equipe chinesa como sênior. É comum, nesse meio, que os atletas sofram pressão psicológica, além da autocobrança e ansiedade durante as competições.

Exatamente por este motivo, é importante o auxílio de um pro issional da área. A psicóloga e mestre em Qualidade de Vida e Promoção da Saúde, Marilza Amaral, comenta a importância de uma equipe preparada no âmbito esportivo. Para ela, é fundamental que o atleta tenha acompanhamento multidisciplinar, não apenas do psicólogo. Dessa forma, garante-se o respeito ao seu desenvolvimento dentro de cada fase, e é dispensada qualquer possibilidade de abuso, seja ele ísico ou psicológico.

Eis o caso Em abril de 2018, o caso do ex-técnico da Seleção Brasileira, Fernando de Carvalho, veio à tona. Fernando trabalhava no renomado clube Mesc, em São Bernardo do Campo, São Paulo, treinando uma equipe masculina de atletas de base. Foi afastado da Seleção, há dois anos - data próxima às Olimpíadas do Rio -, por conta da denúncia de um menor. Recentemente, o ex-técnico foi acusado por 40 atletas de abuso sexual. Todos eles a irmaram ter sido molestados, induzidos a mostrar suas partes íntimas, ou submetidos a situações constrangedoras quando mais jovens. O primeiro a divulgar o caso foi o ginasta Petrix Barbosa. Ele conta que tinha, aproximadamente, dez anos quando aconteceu, e só

“O abuso psicológico é tão devastador quanto o sexual” Marilza Amaral, psicóloga

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“Deixamos muitas coisas de lado pelo esporte. São muitas horas de dedicação, e essa é a escolha que eu fiz.” Heloisa Bornal, ginasta

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conseguiu sair do clube em que era treinado por Fernando aos 13 anos. O caso foi comentado por vários atletas, que prestaram solidariedade às vítimas. Não são raros os casos de esportistas pro issionais e renomados que sofreram algum tipo de trauma dentro do ambiente conhecido, porém, pouquíssimos foram, de fato, expostos. Isso não se trata apenas de assédio sexual, bem como o qualquer tipo de assédio emocional, ou abuso de poder. Dentre as situações citadas, geralmente são resolvidas (e isso quando são), “debaixo dos panos”, o que triplica a di iculdade em combater o problema em questão. Os próprios atletas, talvez por medo de serem desligados de suas funções, ou apenas receio de conversar sobre o assunto, se calam diante da situação, que é, por sua vez, guardada na gaveta e ignorada. “O abuso psicológico, é tão devastador quanto o sexual, e acontece quando uma pessoa se expõe, ou é exposta, a comportamentos que podem resultar em traumas psicológicos e transtornos”, explica Marilza. São exemplos: ansiedade, depressão, e/ou transtorno de estresse pós-traumático. Ele ocorre, geralmente, em relações abusivas, onde há desequilíbrio de poder. A vítima pode sofrer humilhação, despre-

zo, e inferiorização, sendo exposta a agressões verbais e ofensas. Em um ambiente esportivo, o relacionamento citado, seria o de treinador e o aluno, ou próprios alunos em posições superiores e alunos novatos: sempre em posição hierárquica. O abusador pode ter a intenção de forçar a melhora no rendimento do atleta, ou, até mesmo, fazê-lo sentirse culpado por não atender às expectativas da equipe. Isso pode acontecer, por exemplo, através de humilhação na frente da equipe, como punição.

A realidade é que... No Canadá, existe um trabalho de proteção, inclusive do técnico, para evitar situações que causem esse transtorno. Todos os envolvidos com a modalidade sabem que, quando os pais buscam os atletas, o treinador não pode icar sozinho com nenhum atleta. Logo, o penúltimo pai deve esperar o último a buscar o ilho, para, então, ir embora. É também oferecido à equipe, cursos e treinamentos sobre como lidar com o atleta de forma a não passar limites ísicos e emocionais. Cuidados simples, que podem evitar futuras complicações. Aqui no Brasil, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) disponibiliza, em seu portal, uma cartilha de prevenção contra o abuso, seja ele ísico ou moral,


intitulado “Mantenha o equilíbrio! Força contra o assédio”. O projeto é uma parceria com o Ministério Público do Trabalho, e objetiva a conscientização sobre os prejuízos que o abuso pode causar no ambiente esportivo. E visa sua prevenção, antes que seja necessária uma repreensão. O incentivo à apuração dos fatos, a denúncia e a proteção do indivíduo devem ser prioridades. Nela também podem ser identi icados comportamentos que caracterizam os tipos de abuso, e como reagir diante do quadro. Michelle Carbinatto é doutora em Educação Física pela USP, e Coordenadora Técnica da modalidade Ginástica Para Todos, da Confederação Brasileira de Ginástica. Ela explica que é preciso que os familiares estejam por perto, que a vítima se sinta à vontade para falar. “É necessário que haja um tipo de comissão de ética, um disque-denúncia, e o atleta se sinta acolhido. Além de tudo, é sempre bom ter família por perto. É necessário assistir e interagir de modo saudável com o técnico”, a irma. É comum que os atletas desta modalidade iniciem sua carreira enquanto bem jovens. A maioria relatada inicia os treinos desde criança, o que não é um problema, caso o centro de treinamento seja especializado, e aplique uma

metodologia correta. Michelle explica que não há problema em a criança ser inserida no esporte desde cedo, aliás, defende que desde bebês, o estímulo esportivo deve ser realizado. Isso porque ao estimular a criança com esportes variados, o resultado é o estímulo de habilidades e capacidades motoras da mesma. “A especialização em si, não é uma opção saudável nesta idade, por expor a criança a treinos mais centralizados. Treinamentos sistematizados são indicados a partir de 10 a 12 anos, tomando cuidados em relação à carga de treinamento durante os períodos de estirão e maturação. Sobretudo um nível de prática, se pensado em alto rendimento e formação de atletas”, aponta. A ginástica é como um espetáculo, quem assiste não se cansa e, pelo contrário, é envolvido, cada vez mais, com as performances e movimentos. Não por menos, quase 50 milhões de pessoas ligaram seus aparelhos televisivos para assistir ao esporte durante a cobertura olímpica do Rio 2016, segundo dados do Kantar IBOPE Media. E como, muitas vezes, só o que vemos é a atração, podemos ser induzidos a acreditar que é apenas isso, quando, na verdade, é possível que haja muito além do que vemos. Mas é como dizem: pior cego é aquele...

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REGRA DO JOGO

PARA ALÉM DO

ESPORTE

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Cleidiane Araújo “O esporte é o combustível que possibilita enfrentar os obstáculos”

Thalita Gameleira “Esporte vai além de entreter, é um estilo pra se viver”

“As políticas públicas representam a força que faltava”

Era dezembro de 1996, nascia a primeira ilha de Fabiano e Brígida. Tudo ocorria bem, quando a família recebeu a notícia que mudaria a vida de todos. Com apenas um ano e dois meses, Beatriz Zuzi sofreu uma paralisia infantil, que deixou sequelas permanentes. Além da escoliose lombar, a menina teve que lidar com a perda total da força em sua perna direita e quarenta por cento da força da perna esquerda. Aos dois anos, ela entrou na natação para começar um processo de reabilitação. Com o tempo, Beatriz começou a competir e ganhar suas primeiras medalhas e percebeu que a natação poderia ser mais do que uma simples reabilitação. Com muita determinação, ela consegue uma vaga na seleção paulista e um ano depois já estava na seleção brasileira de jovens. Entre suas medalhas, a jovem coleciona títulos dos

campeonatos mundiais, parapan -americanos e sul-americano, o que fez com que ela fosse comtemplada com o bolsa atleta. O auxilio, dado pelo Governo Federal, consiste em patrocinar individualmente atletas e paratletas de alto rendimento das competições nacionais e internacionais. Diferentemente do futebol, o paradesporto sobrevive principalmente das entidades públicas. Isto deve-se, principalmente, ao fato de o paradesporto ser pouco visado, comparado a outros esportes. Nas Olimpíadas, por exemplo, são 42 modalidades e apenas 22 nas Paralimpíadas. O número de atletas paralímpicos é, também, signi icativamente menor que a de atletas olímpicos. Rafael Reis do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas para o Esporte da Universidade Federal do Paraná e Coordenador de Paradesporto na Associação

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É dever do Estado proporcionar atividades esportivas para todos os cidadãos Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas, em sua dissertação “Políticas Públicas para o Esporte ParalímpicoBrasileiro”, aborda as principais iniciativas e di iculdades do meio. “Hoje, a maior di iculdade do paradesporto é oriunda da iniciativa privada, pois, poucas empresas patrocinam o esporte paralímpico, além da falta de divulgação midiática do paradesporto que infelizmente não é tão atrativo quanto o olímpico e o futebol”, ressalta. Reis conclui que o problema não é o investimento do Ministério do Esporte (ME), mas sim a falta de uma especi icidade das políticas públicas no esporte paralímpico. “É preciso pensar em políticas públicas especi icas que atendam às necessidades de cada modalidade, por exemplo, cadeiras de rodas que são extre-

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mamente caras, além de adaptações de espaços, como quadras e ginásios acessíveis”, destaca. Na cidade de Campinas (SP), em 1988, a Unicamp criou o Projeto de Atividade Motora Adaptada (PAMA). A iniciativa abrangia esportes, como natação, atletismo, handebol, basquetebol e futebol de salão. Devido à falta de recursos na PAMA, parte dos integrantes decidiu fundar em 1999 o Gadecamp (Grupo de Amigos De icientes e Esportistas de Campinas). “Temos uma equipe de 40 atletas de auto rendimento que disputa o Campeonato Paulista e Brasileiro, além de grupos de iniciação com crianças, adolescentes e jovens”, a irma o técnico Milton Ferreira. A Lei do Incentivo ao Esporte – 11.438/2016 - estimula as empresas e pessoas ísicas que

invistam parte do seu Imposto de Renda (IR) em projetos esportivos aprovados pelo ME. “Isto ajuda a manter a equipe Gadecamp na di iculdade de encontrar patrocinadores que apoiam o trabalho”, salienta Ferreira.

Inicia vas e resultados Mesmo com algumas di iculdades, o incentivo ao paradesporto cresce no Brasil. Vale destacar o rendimento dos paratletas nas competições, caso das paralimpíadas. Isto faz que o Brasil seja considerado uma potência mundial na categoria. Um re lexo desse resultado é a realização do parapan-americano e da paralímpiada no país nos anos de 2007 e 2016. Reis comenta que ambos eventos foram importantes, pois, além de serem sediadas no país, houve maior destaque nas mídias, pos-


sibilitando um contato maior entre o esporte e a população. O ME garante que é dever do Estado proporcionar atividades esportivas para todos. Reis ainda ressalta que “a pessoa com de iciência tem direito a prática esportiva, seja ela em qualquer dimensão, e o Estado, por obrigatoriedade, deve oferecer a oportunidade para que a mesma possa ter uma vida esportiva ativa”. O coordenador acredita que as políticas públicas sejam e icazes e explica o motivo. “O principal deve-se a uma boa gestão e administração do movimento paralímpico no Brasil e a grande inserção da academia nas ações diretas e indiretas do movimento paralímpico”, argumenta.

Teoria e Prá ca Para aqueles que vivem no mundo paradesportivo, ainda

existem di iculdades de políticas públicas para serem vencidas. “Na grande maioria das vezes, as iniciativas não passam de projetos, não vemos nada do que é proposto na prática”, destaca Beatriz. O que ela percebeu é resultado de dois problemas enfrentados pelo setor público. “Ou as entidades não estão enviando projetos para o ME, ou estão enviando, mas os projetos não estão sendo aprovados”, complementa Reis. Mesmo assim, Beatriz, que sempre residiu em Limeira (SP), fez uso dos projetos realizados pelo governo. Na cidade, existem diversas iniciativas que fomentam o desenvolvimento do paradesporto. Ângeli Boaventura, gerente de projetos para pessoas com de iciências (PCD), da Secretária de Esportes de Limeira,

destaca uma das iniciativas. “O Programa de Esportes Adaptados (Proesa) tem como objetivo estimular a prática de atividades ísicas, esportivas e de lazer para pessoas com de iciência e despertar na sociedade o interesse pela inclusão”, informa. Atualmente Beatriz dá aulas de natação na Associação de Nadadores e Esportistas de Limeira (ANEL), graças a uma parceria com a prefeitura, além de cursar o terceiro ano de Educação Física. A história da ex-atleta mudou graças ao paradesporto e as políticas públicas oferecidas pelo Estado. “O paradesporto é muito importante para os de icientes, pois é onde encontramos nossa independência e liberdade. Foi a partir do esporte que amadureci e vi o que realmente queria para mim”, conclui.

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ONDE TÁ A GRANA?

SUA SELFIE NOS “PATROCINA” Passando por cima das críticas, o CrossFit é menos prejudicial do que se imagina, além de ser um sucesso como negócio 28


Kelwin Ramos “Esporte une lados, culturas e pensamentos diferentes”

Priscila Vasconcelos “O esporte transforma e é uma forte ferramenta para desdobramentos políticos”

Vitor Esperança “O esporte é a melhor junção entre o mero entretenimento e as questões sociais”

Quando o assunto é exercício ísico, se pensa logo em CrossFit. Caso você tenha voltado recentemente de sua viagem ao centro da Terra e não conseguiu nenhuma conexão com o mundo online nesse período, talvez não tenha ideia do que seja “CrossFit”. Pois bem, o CrossFit foi criado no ano 2000, nos Estados Unidos, pelo preparador ísico Greg Glassman, inicialmente, como uma marca, a CrossFit Incorporation. A marca criou a modalidade esportiva composta por treinos intensivos, que misturam levantamento de peso, ginástica olímpica e atividades de condicionamento metabólico. Corrida, ciclismo, salto em cordas e até remo. O novo esporte causou febre em todo o mundo, mas se tornou popular há pouquíssimo tempo no Brasil. O interesse dos amantes do esporte na modalidade propiciou sua implantação em academias especí icas. Apelidadas de box, - caixa em português -, as academias de CrossFit são um pouco diferentes das convencionais. Contém poucos aparelhos e muito espaço interior. Lembra o formato de uma caixa, daí o nome. Enquanto o comum é ter esteiras, máquinas de treino para perna, braços, costas, 29


São mil horas treinando para que três azarados acabem se machucando

peito e agachamento, na box, há acessórios como barras, anilhas, argolas, bolas, kettlebells. E não para por aí: ao redor do globo, há diversas competições de CrossFit. Sim, o CrossFit não é apenas uma modalidade esportiva que emagrece e melhora o condicionamento ísico, é um esporte levado muito a sério. Por ser considerado novo , existe muita descon iança. O Cross!it é, inclusive, acusado de ser prejudicial à saúde corporal.

Será? Embora haja muitas notícias a irmando que o CrossFit pode lesionar seus praticantes, os adeptos, em sua maioria, se mostram otimistas quanto aos bene ícios. André Takimoto, estudante e praticante da modalidade, a irma que “qualquer prática de esportes pode causar lesões”. Embora já tenha ouvido, muitas vezes, essas declarações sobre os male ícios

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para o corpo, explica que não há perigo “desde que você faça direito e conheça sua estrutura ísica”. É enfatico em seu posicionamento: “Já me disseram várias vezes isso, mas eu não pararia de fazer CrossFit. Tudo é feito com moderação e acompanhamento. Quando a gente fala de ultrapassar limites não é de um dia para o outro. Existe técnica absurda por trás daquilo. São de quatro a cinco meses para começar a pegar 10kg e vários outros até conseguir chegar aos 120kg”. Para ele, o CrossFit tem muito mais bene ícios do que se imagina. O esporte mal chegou ao país, mas já esbanja popularidade e instiga o jovem a superar seus limites a cada treino. É esse estímulo que João Gabriel a irma ser a injeção de ânimo para a prática. O universitário, que pratica a modalidade há menos de dois meses, explica que “a

academia é uma atividade retilínea, já o CrossFit vai explorar o seu extremo”. Ele a irma que resolveu colocar a modalidade na rotina, pois “a academia já estava maçante, não tinha novidade. No CrossFit cada aula é nova, cada aula é uma motivação. Sem contar que ali é um grupo, todo mundo se motivando”. João ressalta que a modalidade não bene icia o praticante apenas na questão ísica. “Para mim, além de lazer, hoje, o CrossFit signi ica um estilo de vida; os bene ícios e os resultados são para a vida toda. Trabalha-se a coluna, os músculos e a parte psicológica, sem falar da parte alimentar. É um estilo de vida”, aponta. Para Rafael Pereira, praticante do CrossFit há quatro anos, é um estilo de vida que veio da superação. O jovem inseriu a prática na rotina após um acidente que resultou na perda de quase


toda a perna esquerda. O esmagamento lhe custou a amputação do joelho pra baixo. Desde então, começou a procurar por alternativas para superar o trauma. “Buscava algo em que eu pudesse me superar a cada dia. Iniciei o handebol adaptado, foi uma experiência incrível, mas não era o que eu queria. Foi aí que recebi um convite de um amigo para realizar um treino de CrossFit com ele, apenas para conhecer o esporte. Me apaixonei”, conta. Rafael observa que o fato de ser sempre um treino diferente, possibilita uma superação diferente todos os dias. “Isso fez com que eu me reergue-se emocionalmente e tivesse a minha autoestima de volta”, conta. Ao falar dos bene ícios trazidos pela prática do CrossFit para o seu corpo, ele ressalta uma melhora na performance, com maior resistência cardiorrespiratória”.

Embora os três praticantes entrevistados sejam jovens universitários, o CrossFit não possui limite de idade para a prática, declaram os envolvidos. O coach André Santos, do box de Artur Nogueira garante que não há limite de idade. “Embora os treinos pareçam muito puxados, são adaptados para cada praticante, respeitando idade e condicionamento ísico. Portanto, o que um jovem faz não é a mesma coisa que um idoso fará”, explica. Até mesmo crianças podem participar. Mas não pense que é apenas chegar ao box e sair carregando peso. Antes de iniciar os treinos é preciso passar por avaliação ísica com um médico e realizar exames que garantam não haver problemas para a realização de atividades ísicas. O problema é que, na maioria das vezes, ignoramos os conselhos médicos.

Menos perigoso que futebol Aos que ainda acreditam que o CrossFit é algo prejudicial há outra informação que pode mostrar que o esporte talvez não seja ruim. Uma pesquisa realizada, recentemente, pelo International Journal of Sports Medicine e The Journal of Strength & Conditioning Research, mostrou que no CrossFit aparecem 3,1 lesões para cada mil horas de treino. São mil horas treinando para que três azarados acabem se machucando. Ruim para esses três? Claro, mas comparado com o futebol o CrossFit é bem mais tranquilo. Comparando a modalidade com o esporte favorito dos brasileiros, o futebol causa 7,8 lesões para cada mil horas treinadas. Se você prefere um jogo com menos contado ísico, como o vôlei (se arriscar para que, né?), saiba que, ainda assim, acontecem sete lesões a cada mil horas. E,

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acredite se quiser, o campeão de lesões é o Squash! Aquele esporte que parece Tênis causa incríveis 18,3 lesões a cada mil horas treinadas. Quem diria, não é? Parece que se você quiser praticar algum esporte seguro o destino pode ser um box de CrossFit, ou um campo de golfe. Lá, as lesões são de 0,3 a cada mil horas - sendo a modalidade que menos machuca. Com todo respeito ao golfe, o CrossFit parece um pouco mais convidativo. Um fator de controle das lesões no CrossFit é o envolvimento do professor, chamado de coach no Cross it, com seus alunos. Quanto mais aplicado for o professor, no acompanhamento dos alunos, menor a probabilidade de lesão. Agora, se o coach for mais desprendido e deixar o aluno por contra própria, melhor tomar cuidado. Bons pro issionais promovem bons resultados. Sucesso como marca Depois de entender um pouco o que é esse esporte, é válida a pergunta: como o CrossFit conseguiu se tornar tão famoso? O coach André a irma que, ano após ano, o número de interessados aumenta. “A junção de vários esportes, o aumento da variedade de acessórios para a prática e a forma de treino fazem com que ele seja muito mais interessante que as academias conven-

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cionais”. Em relação à forma de treinar, os praticantes interagem como se fossem, praticamente, uma família. Um apoia o outro, as pessoas se unem, se desa iam, socializam. Tudo isso de uma forma diferente do que a maiorias dos esportes convencionais. Você deve ter reparado, o coach menciona o aumento da variedade de acessórios para a prática. Não podemos esquecer que o Cross!it possui um “Inc.” no inal. Ele é uma empresa, que cria equipamentos e acessórios constantemente, para chamar a atenção, e vender aos praticantes/amantes da marca. Seria seu criador um capitalista malvado que só visa o lucro? Bom, que visa o lucro sim, mas talvez nem seja tão malvado assim. Por ser uma marca, ela tem que vender o seu peixe. Para isso, é preciso chamar a atenção do público alvo e, assim, fazê-lo comprar o produto. É muito fácil fazer isso quando o produto se torna febre em todo o mundo. Estamos no século 21: a era da tecnologia e da informação instantânea. É possível que, dentro de cada casa, seja fácil achar mais aparelhos de celular do que banheiros. Esses aparelhos possuem acesso à internet e se pode publicar nas redes sociais tudo que se faz. Todos querem ser, ou pelo menos, parecer saudáveis e pre-


ocupados com o corpo. Entretanto, na era da informação rápida, cuidar do corpo não é su iciente, é necessário mostrar que está fazendo isso. E como mostrar? Postando aquela foto em frente ao espelho da academia, ou do box e, claro, colocar na descrição as hashtags #Cross it, #Fitness e a clássica #NoPainNoGain. Postada a foto, seus amigos vão reagir a ela, curtir e comentar. Entre esses amigos, alguns vão se interessar pela atividade e, possivelmente, vão procurar fazer também. Desse modo, outras fotos serão postadas, chegando aos amigos, amigos de amigos, produzindo o hype, a famosa febre. O medo do século Devido à facilidade em compartilhar momentos nas redes sociais, acaba-se por desenvolver o vício de postar e acompanhar o dia-a-dia do resto das pessoas. Atitude que pode acabar se tornando em uma síndrome, chamada FoMO, Fear of Missing Out. Em português, Medo de Ficar de Fora. Essa síndrome foi citada pela primeira vez no ano 2000, pelo estrategista de marketing, Dan Herman. Segundo o psicólogo e professor Breno Rosostolato, “a competitividade entre as pessoas se alimenta cada vez mais pela internet. Você só é reconhecido se tiver algo, se pensar algo, se fa-

lar algo, se cumprir uma norma, se enquadrar-se e corresponder a expectativa e exigências sociais”. As pessoas que sofrem dessa síndrome estão tão viciadas que começam a necessitar fazer parte de tudo aquilo. “A inveja é um sentimento que está associado a essa atitude e a essa síndrome”, explica Rosostolato. Essas pessoas observam alguém realizando, por exemplo, uma viagem e se sentem incomodados, precisam de todo jeito fazer parte. Sentem que o outro é realmente feliz e que ele é um inferior por não compartilhar das mesmas experiências. “A inveja é desejar o que o outro possui. Esta competitividade, muitas vezes, não faz sentido, logo, a sensação de vazio é muito maior”. O Medo de Ficar de Fora pode causar angústia e mau humor, criando di iculdade em se expressar e se comunicar em sociedade, podendo, até mesmo, desenvolver depressão, explica o psicólogo. Embora não seja exclusiva dos jovens, são eles os que mais sofrem, já que são mais antenados nas redes sociais. Falando estrategicamente no ambiente do marketing, não há nada melhor do que se ver no meio disso, participando, postando e compartilhando. Quando uma marca chama atenção, e, por qualquer motivo, o usuário da

marca sinta a necessidade de postar em suas redes sociais, signi ica dizer que essa marca é algo bom, que ela vale a pena. Imagine-se como alguém com a síndrome FoMO. Ao ver alguém feliz, é preciso saber as razões de sua felicidade e, ao ver que sua felicidade se dá graças a uma empresa, marca ou produto, instantaneamente, percebo que preciso dele e preciso mostrar que tenho uma vida ativa e repleta de alegrias. Aproveitando-se de síndromes ou não, o marketing não liga de que forma fará sucesso com o público. Vender é essencial, capitalizar é preciso! E se a música é essa, as notas serão tocadas conforme este ritmo. Ritmo que não deve, no fundo, ser de todo o mal. A inal, o esporte, assim como qualquer outro setor, precisa de recursos inanceiros. Com o CrossFit vê-se um caso especí ico onde os recursos inanceiros criaram uma modalidade, de sucesso. Embora em grande parte, os recursos não criem esportes, eles servem para, cada vez mais, causar evolução, progredir o que já existe. O economista Vitor Ximenes explica como a economia se une ao esporte. “A partir da lógica inanceira, economia gera riqueza com crescimento econômico ou perde riqueza, quando há decres-

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cimento econômico. O esporte funciona por meio de recursos inanceiros, assim como qualquer setor do comércio. Ele move as indústrias de entretenimento, de turismo, a mídia, a indústria têxtil, o comércio em geral. Já o setor privado, com o investimento, recebe a ajuda inanceira através do lucro, podendo gastar mais com a propaganda. Pagando, por exemplo, por mais segundos em um comercial de um jogo”.

... o marketing não liga de que forma fará sucesso com o público. Vender é essencial, capitalizar é preciso!

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Inves mento no esporte Vitor ainda comenta, que “quando o país entra em crise, empresas investem menos em propagandas, os blocos destinados a comerciais, nas emissoras de TV, icam mais baratos e, consequentemente, os clubes esportivos recebem menor ajuda inanceira. Acontece, então, que não conseguem investir muito em jogadores, di icultando o planejamento e até mesmo afeta o resultado esperado nas partidas”. Assim, as marcas se transformam para atender ao público. “As empresas, juntamente com a equipe de marketing, precisam de um ponto de referência. No último século houve duas grandes guerras, como, por exemplo, a guerra fria. Nas décadas após essas guerras vieram os tempos de paz, e, então, o esporte se apresentou para preencher esse vazio na sociedade. As seleções

de futebol, as Olimpíadas, e, até mesmo, como a atenção do público se volta ao esporte foram pontos de partida para a in luência da economia. As marcas se modi icam, a im de coletar uma grande parcela dos consumidores que se identi icam com o tipo ou grupo do esporte em questão, podendo, então, fazer com que o setor esportivo cresça e o setor privado (empresas) cresça também”, inaliza. Ou seja, o esporte é um grande in luenciador e modi icador da economia. O crescimento dos esportes já inseridos e o aparecimento das novas modalidades transformam a sociedade, gerando novos eixos para a economia. Embora, muitas vezes, se encontre um excesso de publicidade durante eventos esportivos, não pode-se dizer, simplesmente, que as marcas causam mudanças nos esportes. Os esportes também modi icam o modo das empresas trabalharem para conseguirem agradar aos espectadores e fãs de esportes. Como explica Ximenes, as empresas precisam trabalhar seu marketing para encontrar um ponto de referência e trabalhar em cima de seu público. A inal, como associar aquela marca que abre a felicidade vendendo refrigerante, algo nada saudável, com futebol, uma prática espor-


tiva, logo, saudável? O pessoal da publicidade precisa vender mais que um simples refrigerante, mas algo que faça sentido comprar, já que se relaciona com futebol. A empresa precisa se reinventar. Partindo para um exemplo mais especí ico com o esporte: Adidas e Nike. As duas maiores patrocinadoras de uniformes esportivos em todo o mundo. O que elas produzem? Roupa. Mas há um diferencial. Essas marcas se moldaram para vender roupas, em sua totalidade, voltadas para o meio esportivo. Roupas que são sinônimo de excelência, extremo conforto e qualidade, além de certo status (status, principalmente, entre aqueles esportistas de apartamento). A inal, são as roupas que Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo usam! Quem não quer meter aquele golaço e apontar para o “mozão” na comemoração tendo como vestimenta a mesma camiseta e a mesma chuteira que o Cristiano Ronaldo usa? Por alguns segundos, sentimos a mesma coisa que os grandes craques têm na hora do grande momento do futebol! Que depois passa e voltamos a lembrar dos boletos para pagar. Esse exemplo não se encaixa apenas no futebol, em qualquer esporte a situação se repete. Assim como qualquer meio existente hoje no planeta Terra

(em breve em Marte também), o esporte, do ponto de vista econômico, também é um ótimo setor para ser utilizado no tocante a ganhar dinheiro e oferecer produtos cada vez melhores. Voltando ao CrossFit, podemos dizer que ele foi a criação mais recente do sistema capitalista no esporte. Não por, simplesmente, patrocinar um esporte, igual todas as marcas conhecidas, mas por se auto patrocinar, já que vende seu produto para seu próprio esporte e vende os locais autorizados para se praticar esse esporte! O CrossFit não precisou encontrar o que patrocinar, já que ele auto se sustenta. O resultado que o CrossFit encontrou, pode ser comprovado sem di iculdades com o crescimento e o aumento da busca pela prática por novos praticantes. Eles procuram praticar o CrossFit, simplesmente, por considerarem isso uma prática saudável? Eles escolheram o CrossFit por ser moda na internet e poderem colocar suas fotos com frases de motivação e mostrar aos outros sua felicidade? Para Greg Glassman, criador do CrossFit, talvez isso não importe muito. O que vale é a alta procura por seu produto e, por consequência, a conversão desse sucesso em lucro. “Aleluia”, ele deve exclamar todo dia.

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LADO B

Sarah Dornelis “Além de diversão, esporte, para mim, é inclusão social. Pode ser um divisor de águas e um destruidor de barreiras”

QUAL FOI O LEGADO MESMO? O lixo, as promessas e o estado míope de enxergar prioridades Eu vou te contar a história do Joãozinho. Você já deve ter o encaixado em diversos cenários. Mas o de agora, é em 2016. Nesse ano, os olhos do mundo inteiro se voltaram para o Brasil, especi icamente ao Rio de Janeiro.

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Joãozinho viu as esperanças encherem os corações de sangue verde e amarelo, inclusive o dele. Se viu seguro de suas expectativas, a inal, como uma cidade degradada ambientalmente seria sede das olimpíadas? Não é pos-

sível que os governantes seriam capazes de expor uma cidade tão desgastada, o oposto do tal “espírito olímpico”. Seria necessário melhorias, construções e investimentos. Deixou para trás o pessimismo, comprou a sua


bandana e a bandeira nova (pois tinha jogado a velha fora após o 7x1). Era a oportunidade de fazer das Olimpíadas um catalisador do turismo. Os grandes legados de fato seriam deixados. Passaram-se as competições, as dezenove medalhas ganhadas, dentre essas sete de ouro, ainda produzia em Joãozinho a sensação de que estava tudo sobcontrole. As novas atrações – Museu do Amanhã, Boulevard Olímpico e AquaRio – dividiam a atenção com as praias e os outros pontos turísticos da capital carioca. E ainda com os investimentos de dez bilhões em reformas e construções, segundo a Associação de Hotéis do Estado do Rio, a rede hoteleira atingiu sessenta e dois mil quartos, mais do que o dobro dos trinta mil de 2009. O clima ainda era favorável. Porém, após dois anos do evento, o que viu foi o que o seu subconsciente, acostumado com o jeitinho brasileiro, temia: muitos prometeram, poucos izeram. O legado ambiental foi o que passou mais longe de ser cumprido. As lagoas de Jacarepaguá exalam tanto metano e gás sul ídrico, de dia e de noite, que apenas na lagoa da Tijuca seis milhões e meio de lama e

lixo estão acumuladas. Quase nada sobrevive nas águas contaminadas, que estão praticamente sem oxigênio. Posso dizer que estão em estado terminal sem previsão de melhora. A explicação do cheiro que Joãozinho sente ao se aproximar da baía de Guanabara, ou melhor, da grande latrina metropolitana, é que a maioria dos seus rios são esgotos que recebem diariamente uma carga imensa de lixo sem tratamento. Seja o porto do RJ, Marina da Glória, enseada de Botafogo e na maioria das cidades ao redor, o comum é a poluição e nada foge dessa regra sem expectativa sequer de mudança. Dos nove projetos da área no Plano de Políticas Públicas – documento que reúne todas as obras de legado que deveriam ter sido concluídas até os jogos – apenas as dezessete ecobarreiras feitas para reter o lixo que vai até à Baía de Guanabara foram mantidas de forma correta depois dos jogos. As obras de saneamento e recuperação das lagoas na Barra da Tijuca e Jacarepaguá icaram pela metade. As onze embarcações usadas para retirar o lixo lutuante saíram totalmente de operação em meio à crise inanceira do Estado.

E o próprio Joãozinho pode con irmar que, toda vez que a cidade se mergulhava no caos dos preparativos, o então prefeito Eduardo Paes, reforçava promessas de que todo o transtorno era para o bene ício do povo, e vinha para o bem. Pelo menos, Joãozinho aprendeu a andar de metrô e se deu bem com isso. A mobilidade urbana despontou como um dos principais legados deixados pela competição. Ainda assim, a capacidade prevista não foi alcançada. A linha 4 do metrô transporta em média 150 mil passageiros por dia, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), carrega em média 40 mil pessoas por dia, longe dos 300 mi previstos. A conclusão do traçado até a Gávea ainda não tem previsão de reconstrução. Nesse cenário se monta uma peça em que todos exercem papéis de importância para o desenrolar da trama. As autoridades míopes diante de tanta deterioração. E nós os “Joãozinhos” que pagamos boa parte da festa, somos inertes diante dos descomedimentos públicos. Um país que não tem prioridade e muito menos massa crítica está fadado a tornar os seus recursos, pó. É só uma questão de tempo.

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CAPA

ARQUIBANCADA

VIRTUAL

Eduardo Arantes “O esporte muda a perspectiva e motiva a auto superação”

Laura Cachaneski “O esporte é manifestação social e aculturamento do ser”

Michael Harteman “O esporte é a ferramenta capaz de transformar corpos, almas e mentes” 38 34


Os potentes computadores e celulares, aproximaram as redes sociais e as transmissĂľes esportivas

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As grandes coberturas devem ser classificadas como antes e depois do celular

A derrota da Seleção Brasileira, na inal da Copa do Mundo de 1950, contra o Uruguai, foi traumática. A dor foi tamanha, que a Confederação Brasileira de Desportes (CBD) decidiu criar nova roupagem. De um concurso surgiu a camisa amarela, com detalhes verdes na gola e nas mangas. O calção era azul e trazia listras brancas. Os meiões brancos com frisos em verde e amarelo completavam o uniforme, estreado num jogo contra o Chile, na casa dos adversários, válido pelas eliminatórias da copa de 1954. A maior parte dos detalhes passava despercebida pelo público, que acompanhava os jogos pelos simples aparelhos televisivos da época. Simples e poucos. 40

No Brasil, havia cerca de 34 mil aparelhos. O novo uniforme da seleção não foi a única novidade da edição de 1954, da Copa disputada na Suíça. Iugoslávia e França entraram em campo, não somente para os milhares de torcedores presentes, mas também para cidadãos de oito países europeus, que tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de assistir um jogo ao vivo. O Sputnik III, satélite russo lançado ao espaço em maio de 1958, permitiu que toda a Copa daquele ano, sediada na Suécia, fosse transmitida ao vivo. Dessa vez, 11 países europeus puderam usufruir da tecnologia. Para países de outros continentes, restava a opção de comprar os

kinescópios dos jogos. No Brasil, a responsável por trazer os objetos foi a TV Tupi, que, em alguns casos, chegou a mostrar os jogos dois dias após o ocorrido. Naquela edição, o Brasil conquistou sua primeira das cinco estrelas que estampam o uniforme.

A evolução da mídia espor va De lá para cá, muita coisa mudou. Atualmente, 32 seleções disputam a Copa do Mundo. Segundo a FIFA, a última Copa contou com um público de 3,2 bilhões de pessoas. Pelo menos 1,01 bilhão viu, no mínimo, no minuto da inal do torneio, entre Alemanha e Argentina. Além disso, 280 milhões de pessoas assistiram aos 64 jogos pela internet, seja


usando celular ou na tela de um computador. Somente pela Rede Globo, 19,9 milhões de espectadores acompanharam o evento, um montante capaz de lotar 268 estádios do Maracanã. Tanta tecnologia transformou a Copa em um espetáculo mundial. Nada no planeta é mais comentado no mundo no período do evento. A cada jogo, uma explosão de comentários invade as redes sociais. Opiniões, piadas, ponderações, análises táticas e até mesmo a beleza dos atletas fazem parte das asseverações. Não importa se o jogo está acontecendo do outro lado do planeta, você só não saberá de cada detalhe se realmente não quiser. Tanto é assim, que a Copa do Mundo

obrigou as grandes agências e marcas a estabelecerem novos planos de marketing e comércio, devido a esse grande marco na história do país. Até o momento, o único canal da TV aberta no Brasil, que irá transmitir a Copa será a Globo. A emissora terá, exclusivamente, um estúdio em Moscou, onde serão apresentados diariamente boletins, informações e entrevistas com os participantes do evento. A Band está em busca de negociações para conseguir também o direito de transmissão da Copa em seu canal. Já nos canais de TV pagos, quem ganha o direito de transmissão é o SporTV, que irá trabalhar juntamente com a Globo na cobertura do

evento, e será patrocinado por marcas como a Ambev, a Caixa, a Claro, o McDonald’s e a Renault. Disputando a audiência com o SporTV, teremos também a Fox. A emissora promete uma cobertura e transmissão diferente. Eduardo Zebini, sênior vice-presidente e CCO dos canais Fox Sports no Brasil, conta que eles já estão trabalhando arduamente para esse evento, há muito tempo antes dele acontecer.

Dentro da cobertura espor va Wanderley Nogueira tem 68 anos e trabalha na cobertura das Copas desde 1978. Com experiência em diversas áreas do jornalismo, ele é um apaixonado pelo futebol. Com tantos mundiais de

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experiência, Wanderley sabe o que é a cobertura do evento, seja nas di iculdades para fazer uma ligação telefônica, ou na agilidade em fornecer conteúdo para uma geração totalmente conectada. “As grandes coberturas devem ser classi icadas como antes e depois do celular, antes dele usávamos o velho telefone e quando as transmissões eram dos estádios, tínhamos a Embratel”, explica o experiente jornalista. Atualmente, Nogueira é comentarista esportivo na Jovem Pan. Ao relembrar dos áureos tempos de cobertura jornalística, ele a irma que a tensão e as di iculdades e se fazer a cobertura nas décadas passadas, gerava certo prazer emocional. “Não tem como, preciso reconhecer, na questão emoção aquela época ganhava, os desa ios eram muito maiores do que hoje, no tempo do celular”, relembra. Outro ponto abordado por Wanderley Nogueira são as redes sociais. Ele a irma que, pelo fato das pessoas estarem sempre conectadas e podendo opinar sobre as próprias transmissões, até mesmo o trabalho do jornalista é in luenciado. “Metade da população mundial, hoje, tem acesso às redes. Só esse dado con irma a in luência que as redes sociais exercem nos pro issionais da área”, explica. Em meio a tantas

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facilidades para se comunicar, o jornalista explica que é preciso agir com moderação nas redes. “É preciso ter uma espécie de ‘freio de avaliação’”. Limite não é censura, é inteligência, bom senso e cuidado. É preciso ter sempre em mente que a credibilidade é um bem valioso. É comum encontrar pessoas que acreditam ser profundos entendedores de futebol, em época de Copa do Mundo. “São 200 milhões de técnicos”, a irmam alguns. Todos têm opinião sobre tudo. Essa situação não é nova. Em 1981, Jô Soares tinha um personagem denominado Zé da Galera. O personagem nada mais era do que um fanático torcedor da seleção brasileira, que ligava de um orelhão para Telê Santana, técnico da seleção na Copa de 1982. Uma das insistências do personagem era o pedido, aos berros, para que Telê colocasse um ponta no time. O bordão ‘bota um ponta’ icou extremamente conhecido naquela Copa. Hoje, os palpiteiros não estão mais em orelhões, mas nos comentários do Twitter, Facebook, posts do Instagram ou em qualquer tipo de rede já inventada Sobre isso, Wanderley Nogueira a irma que é preciso manter a credibilidade. “É muito interessante o que acontece quando se aproxima uma Copa do Mundo


ou um evento esportivo importante, brotam ‘comentaristas’ esportivos. Gente boa e competente de todas as áreas passa a falar sobre futebol”, completa. Wanderley nem vê tanto problema quanto a isso, ele mesmo a irma opinar sobre assuntos que não entende muito, mas faz uma ressalva: “A minha única torcida é para que o público selecione pela qualidade aquilo que ouve, lê e assiste em todas as áreas”. Alexandro de Souza, ou simplesmente Alex, foi dos jogadores que podem ser chamados de craque. Atuava como o típico camisa dez, dando brilho aos jogos e dor de cabeça aos adversários. Começou a carreira no Coritiba, passou por Palmeiras, onde foi ídolo, e esteve no Flamengo e Cruzeiro. O craque tinha tudo para brilhar na Europa. Brilhou. ‘Cabeção’, como icou conhecido no meio dos boleiros, esbanjou talento. No Parma, da Itália, fez apenas cinco jogos, azar o deles. Alex foi brilhar no Fenerbahçe, da Turquia. Em gramados Turcos, o camisa dez fez arte, brilhou, encantou e conquistou. Foram 185 gols em 378 jogos. O craque ainda é reverenciado quando pisa em solo turco, mesmo tendo saído de lá há seis anos. Alex encerrou a carreira de jogador em 2014, após jogar, por duas temporadas, no time que o revelou, o Coritiba.

Além de craque nos gramados, Alex sempre esbanjou categoria na oratória. Em entrevistas, sempre passava com facilidade suas opiniões. Aliás, engana-se quem pensa que o ex-jogador jogava na defensiva ao se expressar. Com críticas contundentes, o Cabeção fazia os seus ouvintes re letirem. Tanto é assim, que após pendurar as chuteiras, Alex se tornou comentarista dos canais ESPN. Perguntado sobre a parceria entre rede social e jornalismo esportivo, ele é enfático. “Vejo com bons olhos, essa proximidade e interação é sempre bem-vinda”, comenta. Ser ‘cornetado’ nas redes é algo comum na vida de um atleta e comentarista. Alex, embora seja ídolo, já passou por isso. O que poderia irritar, não o incomoda. “Vivemos em uma democracia e ninguém é obrigado a concordar com tudo o que ouve e lê, no entanto, temos a obrigação de aceitarmos uma opinião diferente”, enfatiza o comentarista. A superexposição é um problema na vida de muitos famosos, uma barreira quase que intransponível. Não para ele, acostumado a driblar, passa pelas di iculdades das redes com muita naturalidade. “Uso as redes sociais de duas formas: a primeira para me informar, e em seguida, como interação mesmo”, ressalta.

os palpiteiros não estão mais em orelhões, mas nos comentários do Twitter, Facebook e posts do Instagram 43


Ser aberto às novidades da internet é quase uma exigência hoje. Qualquer pro issional que se disponha a falar para multidões precisa entender também as consequências disso. Exposição gera, quase instantaneamente, uma resposta, opinião, aplausos ou críticas severas. Não há mais como fugir desse cenário. O momento atual sequer lembra aquele apresentado nas primeiras edições da Copa do Mundo.

Intera vidade pelas redes Com a chegada da Copa do Mundo de 2018, diversas novidades sobre a cobertura das partidas começam a se revelar. Pensando na forma como o mundo interage, as grandes emissoras de TV buscam unir forças com a internet para mostrar variados aspectos do evento. Este é o caso da Fox Sports. Uma dessas novidades é o acordo realizado entre Fox Sports dos Estados Unidos e o Twitter para a transmissão de um programa que será transmitido, diariamente, durante todo o período do Mundial na Rússia.

1938 EVOLUÇÃO DAS TRANSMISSÕES DA COPA DO MUNDO

O programa se chama FIFA World Cup Now, terá duração de 30 minutos e será transmitido diretamente da Praça Vermelha, em Moscou, exclusivamente pelo Twitter. Serão 27 episódios ao vivo, além de muitos outros conteúdos exclusivos, disponíveis diretamente para a rede. O programa apostará na interação ao vivo com os usuários da rede social. Segundo a emissora, os vídeos dos gols e os principais lances das partidas estarão no ar, em até dois minutos após o acontecimento real. Isso mostra um avanço importantíssimo em relação à Copa do Mundo de 2014, na qual cada vídeo demorava, em média, 15 minutos para estar na web. O Twitter também terá acesso às entrevistas pré e pós-jogo de jogadores e técnicos, além das tradicionais coletivas de imprensa. Para o evento deste ano, a transmissão estará disponível apenas para os Estados Unidos, já que é o país no qual a Fox Sports possui os direitos de transmissão. No entanto, a inovação já indica uma forte tendência dos esportes para o ambiente online.

1954


Gustavo Villani é jovem, tem 37 anos. A maior parte da pro issão está conectada, sem trocadilhos, às redes sociais. Villani é daqueles expoentes no mundo da cobertura esportiva. Com experiência em rádio e TV, ele já passou por ESPN e Fox Sports. Pensando na cobertura para a Copa do Mundo 2018, chamou a atenção da Sportv. A ideia da emissora é que o paulista possa comandar diversos tipos de atrações esportivas dentro do Grupo Globo. Villani reconhece a importância da rede social nas transmissões esportivas, mas faz uma ressalva: “Ela é complementar, não essencial”. Ele acredita que rede social e transmissão esportiva podem seguir juntas durante as competições, mas cada um no seu campo. “Essa relação é antiga, de duas décadas, mas não conheço nenhuma atenção especial às redes sociais como estratégia de cobertura”, revela. Se em 1998 a população só soube da convulsão de Ronaldo após a fatídica inal, o mesmo talvez não se repetiria em dias de hoje, onde uma ilmagem, foto ou

informação são repassadas com facilidade. Villani, ao falar sobre isso, explica que aumenta o risco de informações não verdadeiras. “As redes sociais podem até dar uma informação antes da TV. No jornalismo esportivo, por exemplo, muitos clubes divulgam as escalações pré-jogo nas redes sociais, antes mesmo de a ixar os papéis na sala de imprensa dos estádios”, assevera o narrador. Jota Junior tem uma vasta experiência na área de esportes. Trabalhou em diversas rádios pelo interior de São Paulo. O acúmulo dos vários anos de trabalho e do talento nato como narrador o levou para o Sportv em 1999. Jota está totalmente adaptado às tecnologias atuais. Convive bem com as redes e entende a importância de se reinventar continuamente como pro issional. Jota relembra, com carinho, dos tempos em que cobria Fórmula 1, pela Rádio Bandeirantes, no início dos anos 80. “Era outra época, pediase ligação para o Brasil a cobrar e o tempo de espera era muito grande para a feitura dos boletins”, relembra.

Jota diverge do pensamento de Villani, quando se fala em adaptações da TV para atender as redes sociais. “As empresas estão alterando os padrões. Já é o futuro e chegou para icar. Quem não se adaptar irá sucumbir”, enfatiza. Tanta velocidade exige cuidados. O jornalista a irma que, entre tantas informações super iciais, um bom trabalho é reconhecido pela seriedade. “Nos tempos atuais e com a velocidade das mídias, o jornalismo ica mais competitivo e requer muita responsabilidade quanto ao conteúdo entra a apuração profunda e a informação segura e precisa”, conta. Com tantos anos de pro issão e milhares de eventos no currículo, Jota Junior conhece o caminho das pedras. “Em resumo, o bom jornalismo, em sua essência, é feito com honestidade e profundidade”, conclui. TV e redes sociais caminham juntas e contribuem para a transformação uma da outra. No início, a distância entre o televisor e a tela dos primeiros celulares parecia incompatível. Cada um na sua, cumprindo a função para

2018 1970 970

2010- 2018


YouTube TV

Ser aberto às novidades da internet é quase uma exigência no mundo de hoje

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a qual foi concebida. Mas as plataformas se aproximaram e a tendência é que o relacionamento seja cada vez mais íntimo. Mais que isso, a fusão entre as duas pode permitir que os produtos, antes pertencentes estritamente a uma delas, circule livremente. Algumas coisas já acontecem nesse sentido. Um exemplo é o time norte-americano, Los Angeles Football Club, que inovou no quesito transmissão de jogos. A franquia entrou em comum acordo com a Fox Sports e o YouTube e é a única equipe que compõe a Major League Soccer (MLS) a ter transmissão exclusiva do YouTube TV. A equipe de Los Angeles, que tem como principal jogador em seu plantel o ex-atacante da Real Sociedad, Carlos Vela, é a mais nova estreante na principal liga de futebol estadunidense.

De acordo com o site da própria MLS, como parceiro o icial da equipe, o YouTube transmitiu os primeiros 12 jogos do Los Angeles, por todo os Estados Unidos pela ESPN, Fox Sports e Fox. A noga revelou que as outras 18 partidas restantes da temporada do Los Angeles foram levadas aos torcedores apenas na região da cidade. No total, os fãs do clube assistiram 30 das 34 partidas da temporada. Segundo o contrato, o YouTube TV ainda tem exclusividade na transmissão de programas de pré e pós-jogo em língua inglesa, cada um com 30 minutos de duração, transmitidos apenas para o mercado de Los Angeles. A respeito dos meios de comunicação, a equipe pretende, em breve, anunciar a transmissão de suas partidas em espanhol, que serão


transmitidas por acordos feitos com estações de rádio com os idiomas inglês e espanhol. Além dessas mudanças, o Los Angeles anunciou que o YouTube TV será seu patrocinador e estampará o logotipo da empresa na camisa do clube. Este serviço foi lançado em abril do ano passado em mais de 80 áreas metropolitanas dos Estados Unidos. Ao desembolsar 35 dólares mensais, o usuário tem programação ao vivo de quase 50 canais, como ESPN e Fox Sports, sem precisar pagar por TV a cabo. A novidade, portanto, torna mais fácil a vida do consumidor. A plataforma está disponível em celulares, tablets e computadores, assim como em Smart TVs, Xbox One e dispositivos de streaming populares, como o Chromecast e a Apple TV.

Engana-se quem pensa que chegamos ao ápice de uma mudança, o im de um ciclo. Das primeiras edições de Copa do Mundo até o momento atual, as transformações foram constantes. Os kinescópios cumpriram o seu papel, passaram a bola para os videoteipes. Esses, por sua vez, foram saindo de campo à medida que as transmissões ao vivo começaram a icar comuns. Lá estavam elas, as TVs, reinando absolutamente por algumas décadas. Do preto e branco ao 4K. Com o advento dos computadores e celulares, munidos de potentes conexões de internet, redes sociais e transmissões esportivas passaram a caminhar juntas, íntimas. E agora? Quais detalhes estão passando despercebidos por nossos olhos, que nos impedem de ver o que vem por aí?

As empresas estão alterando os padrões. É o futuro, e chegou para ficar. Quem não se adaptar irá sucumbir

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Bora Torcer?

Se você é brasileiro, certamente faz parte da torcida verde -amarela. Desta vez, vamos embarcar num tour pelas as cidades que sediarão os jogos do Brasil na copa da Rússia. Iniciaremos em Rostov do Don, também chamada de Portões ao

Cáucaso, por suas fortes tradições cossacas. Seguiremos para Kaliningrado, conhecida como cidade secreta, terminando em Moscou, uma das maiores metrópoles do mundo. Descubra os principais pontos turísticos e quanto terá que desembolsar. Preparado? Então, bora torcer!

Legado do ros, é um s cossacos, gu err a da Rúss das maiores i eig ia, cons truída e rejas Custo: m 1905 Entrada gratuita Esta reg iã

Mariela Espejo “Esporte é superação”

Fernanda Silva “Esporte é paradoxo, une e divide, 48entretém e provoca reflexão”

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verão o parque ab re todos os dias das 8h as 20hs

mais de o está localizad a 40 km d e Rostov a

Rostov do Ro Rost d Don Don A cidade, de 1 milhão de habitantes, é um importante centro comercial. A região recebe muitos intercambistas da América Latina. Não é surpresa entrar em uma discoteca e ouvir músicas latinas.

de Catedral sk a k r e Novoch


sosa de Mo m Moscow Mo fa is a rar Feira m Com quase 12 milhoes de ara comp p l a e id , cou po habitantes, é a cidade mais porancinhas b m le ada curso No europa. voada da ar uma M v e l e d o de P capital como história, serviu Custo: R$ 32,46 diversos divers Estados que rerepsenioska por são bonecas arter t taram tara a região geográfica. ta scas a As matrio s da cultura russ e n o O Edifício sanais íc Prin dade, é o m cipal da Universiais alto do ss nha-céus stalinistas ete arrad e Moscou Custo: T our com g uia partir de R$ 436,0 a r Éa Mercado Popula 0 universid antiga da ade mais Rússia

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s nciona da A roda fu 22 hs 10h as

Universidade Estatal de Moscou

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Kali ngrado Kalining Kaliningrado do po causa cida por Pouco conheecida g ão geoação zação alizaç ocaliz da sua locali gráfica. É conhecidaa como ta Cidaddee Secreta.

Ilha de Kant 49


HISTÓRIA

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Cláudia Britto “Esporte é diversão, competição e alegria”

UM TOUR NA

GRANDE RÚSSIA

O país sede da Copa 2018 é o maior do mundo em território e seu vasto contexto histórico vale a pena ser contemplado

Dois mil e dezoito, ano da primeira Copa do Mundo na Rússia. A Seleção Brasileira estreia contra a Suíça, em Rostov. A Rússia é o maior país do mundo e tem Moscou por capital. Localizada no leste da Europa, domina quase metade da região e mais um terço da Ásia, sendo assim, um país euroasiático. A sua extensão territorial de, aproximadamente, 17 milhões de quilômetros quadrados, faz com que possua climas diversos e a temperatura média anual é de 5ºC. O inverno russo é bem rigoroso, se inicia em meados de novembro e vai até março. Foi o frio que fez a Rússia e os Aliados ganharem da Alemanha a 2ª Guerra Mundial. Já estamos em junho, mês em que começa o inverno no hemisfério sul, mas ique tranquilo, ele não ica nem aos pés do inverno russo, ainda bem, não é mesmo?

A pro issional em Educação Física, Yasmin Camargo, diz que o frio rigoroso pode atrapalhar o rendimento atlético, caso o esportista não esteja preparado isicamente e adaptado ao meio. “O corpo tende a icar mais rígido, gasta mais energia para aquecer-se, o que causa di iculdade respiratória”, explica. Já o professor de História, Gilvan Rodrigues comenta que “muitos países perderam guerras, tentando conquistar a Rússia, e não tiveram sucesso devido ao frio congelante”. Um exemplo disso é Napoleão Bonaparte e Alexandre, O Grande, que tentaram invadir a terras gélidas da Rússia e não conseguiram. Para chegar à Rússia, a principal porta de entrada é Moscou. Muitos turistas encontram di iculdades para se comunicar pelo fato da língua materna ser 51


Muitos países perderam guerras, tentando conquistar a Rússia e não tiveram suscesso devido ao frio congelante

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o russo, língua eslava. Lá a língua inglesa é pouco usada. Marianna Hidalgo, estudante de pedagogia, notou esse detalhe importante quando visitou o país em 2016. “É um país lindo, com uma cultura muita rica e uma história fascinante. A comida é deliciosa e os preços muito bons”, conta. Nas estações de metrô todos os anúncios estão escritos em russo, o que di iculta a vida de quem não tem o domínio da língua. O alfabeto é o cirílico, ou seja, com letras diferentes do nosso bê-á-bá. Irina Kstarkova é russa e trabalha como guia de estrangeiros em seu país há vinte anos. Em sua experiência com os visitantes, explica que “poucas pessoas falam inglês, pois exige treino constante”. Enquanto é guia, aproveita para treinar inglês e português com os brasileiros. “Quem contrata um guia por um ou dois dias, já consegue se virar sozinho depois”, a russa dá a dica. As estações de metrô começaram a funcionar em 1935 e se parecem a museus. As obras de arte estão por toda parte. Tem esculturas, estátuas, pintura, mosaicos. A ideia original era que a grande massa de passageiros desfrutasse das belezas dos castelos czarianos diariamente. As comidas mais típicas do lugar são Borscht (sopa com beterraba e tomate), Blini (panque-

ca recheada com caviar ou outros ingredientes) e o Frango à Kiev (desossado e recheado, frito ou cozido). Antes de embarcar rumo à Rússia, não deixe de ir até uma casa de câmbio, pois lá somente o Rublo – moeda russa - é aceito como forma de pagamento.

Grande Crise do Século 20 Antes de a Rússia entrar na Primeira Guerra Mundial, o país estava dividido em dois partidos, os Mencheviques (a minoria), que defendiam a conquista do poder por alianças políticas, e os Bolcheviques (a maioria), que defendiam que uma luta revolucionária contra os czares. Nações como Alemanha, França e Inglaterra estavam avançadas em termos industriais, enquanto a Rússia ainda vivia uma realidade semifeudal. Os camponeses, miseráveis, riqueza era concentrada na mão do clero e da nobreza russa. Revoltados com a exploração, a população rural participa de uma manifestação pací ica. Foram ao palácio para apresentar uma carta com pedido de melhora nas condições de vida do povo russo. Os manifestantes foram recebidos a fogo pela guarda imperial, e esse dia icou conhecido como o Domingo Sangrento. O número de mortos na história é incerto. Vendo o que acontecia, o intelectuais e pro issionais liberais tramaram tirar o Czar do


poder. Indignados com a situação do país, surge o partido marxista dos bolcheviques. O Czar abdica do trono em 1917, em seguida é preso e morto. Depois de muito sangue e luta sobre quem icava [ou não] no poder, veio a 1º Guerra Mundial e devastou a Rússia. A Revolução Branca assume o poder. Mas nada do que fora prometido é cumprido. O povo queria a retirada da nação da guerra. Com este cenário tortuoso, Lênin anuncia sua campanha, prometendo ao povo “paz, pão e terra”, o que, com o tempo, também não é cumprido. Com o Partido Comunista Russo fundado, a cidade de Moscou se tornou o icialmente a União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas (URSS). E assim surge o primeiro Estado Comunista. Elena V. Katyshevtseva, professora associada pela Universidade Técnica Estadual de Izhevsk na Rússia, a irma que “a Primeira Guerra Mundial trouxe morte e destruição em uma escala inimaginável. No começo de 1917, mais de dois milhões de pessoas foram mortas. Sem falar dos mais de dois milhões que foram feitos prisioneiros”, conta. Com a economia do país em ruínas, Lênin lança, em 1921, a Nova Política Econômica. Agora, os camponeses podiam vender seus produtos. Um ano depois a economia se recupera e a União Soviética é fundada.

O livro Modern Russian History (2012), relata que mesmo com todas as di iculdades encontradas pela Rússia, se obteve resultados positivos. Fizeram escolhas para o “desenvolvimento econômico, sócio-político e cultural, que foram, com o tempo, moldadas pela história russa durante o século 20. As lições foram dramáticas, mas otimistas. Eles mostraram tanto uma força nacional gigantesca, quanto um talento para a paz”. O espaço é limitado para falar de um país como a Rússia. Fica aí o convite para desvendar o território além de seus estádios os quais faremos tours a cada jogo. Ah sim! Há muito, muito mais. Acredite. 53


E EU COM ISSO?

A FAIXA PRETA NÃO É O LIMITE 54


Evelina Abdyl “ Esporte é sinônimo de saúde, educação, inclusão sociocultural”

Ana Caroline Gonçalves “Esporte é mais que entretenimento, é inclusão social.”

Com sete anos de existência, o Projeto Judô Esporte Social é pivô de transformação na vida de vários alunos

Brasil: o país do futebol! Quem nasce aqui, nasce sabendo que se tem um esporte que o representa, o futebol. Ou será que é apenas ensinado a acreditar nisso? Entre tantas opções, por que atribuir apenas um, a uma sociedade plural? Por que generalizar? Essa é a luta de cada atleta brasileiro dos 42 esportes olímpicos que existem atualmente: ser reconhecido pelo seu próprio país e fazer com que a sua nação vibre com uma conquista, como vibraria com um gol do Neymar na inal de uma Copa do Mundo. Entre tantas e diferentes histórias sobre essa luta, podemos encontrar o Judô, que é justamente uma outra luta, mas que, assim como esta, busca ensinar valores para uma sociedade formada por pessoas diferentes e que têm o direito de pensar por si só e escolher o que o representa e isso, em qualquer área da vida.

Ser judoca no país do futebol não é fácil, e Rodolpho Lavoura sabe bem disso. Ele é idealizador, fundador e professor do Projeto Judô Esporte Social, que ica localizado na pequena cidade de Artur Nogueira, São Paulo. O programa, que teve início em 2011, hoje, possui núcleos, literalmente, nos quatro cantos da cidade. Mas, como tudo o que está começando não é tão simples, essa iniciativa também não foi. O Projeto nasceu no coração de Rodolpho muito tempo antes de ser colocado em prática. “Com 18 anos, comecei a fazer faculdade de Educação Física na Universidade Estadual Paulista em Franca (Unesp). Eu queria fazer alguma coisa que fosse além, que ensinasse uma criança virar gente, trabalhar, mas que continuasse a fazer Judô. Ganhei uma bolsa de estudos na ECS (Escola-Cantinho-do-Saber), eles abraçaram a

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Essa é a luta de cada atleta brasileiro dos 42 esportes olímpicos que existem atualmente: ser reconhecido pelo seu próprio país

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causa para começar uma linha de pesquisa e criar uma sequência pedagógica de Judô. Quando saí da Unesp, tinha o Projeto pronto. Eu ia nos congressos apresentar, achando que estava lindo. Eles não gostavam, aí eu mudava novamente”, lembra. Ele conta ainda que tinha o Projeto em mãos, mas via muitas ONGs e Associações dependerem de favores políticos para terem um contrato ou patrocínio, porém, como ele mesmo diz, “são coisas que aqui no Brasil não funcionam”. Todavia, ele estava determinado. Tinha um bom projeto em mãos, mas só iria inseri-lo depois de ser concursado em algum lugar. Com persistência e desejo de levar os valores do Judô para outras pessoas, Rodolpho passou em um concurso de Campinas (SP), mas não o deixaram fazer o Projeto lá, e precisou trabalhar com o adorado futebol do brasileiro. Porém, ele não desistiu. Passou em alguns outros concursos e escolheu trabalhar em Artur Nogueira. “Vim para cá e iquei um ano na geladeira. Não me deram nada para fazer. Apresentei o Projeto para a prefeitura. A resposta era sempre ‘Não! Não vai funcionar’, e só me davam a opção de futebol. Rodolpho conta que o diretor de esportes da cidade lhe pediu para ser o seu coordenador. Aceitou, desde que fosse possível iniciar o que

queria organizar. “As vezes, ele passava aqui, tinha só dois alunos e sempre me falava para eu fechar o Projeto, eu insistia para que esperasse mais um pouco”, comenta. E assim o sonho de Rodolpho se tornou realidade. No inal do primeiro ano o professor já tinha 89 alunos. Hoje, o sonho que começou pequeno já conta com 509 alunos. Em 2018, o Judô em Artur Nogueira completou sete anos de existência e puro sucesso. O Projeto possui 50 alunos federados, e entre os 10 melhores do Brasil, três representam o Judô Esporte Social. Ao ser questionado sobre a sua paixão pelo Judô, Rodolpho se empolga. “Eu comecei o Judô com 3 anos de idade e, como todo mundo, sonhava ser atleta. Eu regrei a minha vida para isso. Não tomava refrigerante e dormia oito horas por noite”, lembra. Mas aos 17 anos, passou por uma cirurgia, em que houve um erro médico. Três ligamentos de seu joelho foram rompidos, e isso comprometeu o seu sonho de ser um atleta. Porém, um médico em São Paulo conseguiu ajudá-lo em sua recuperação, e desde então, Rodolpho tem dentro de si o desejo de poder lutar e ensinar tantas outras pessoas.

Transcendendo o nome Hoje, o Projeto Judô Esporte Social faz jus ao nome. Não é


qualquer Projeto, é um Projeto de esporte. Esporte que movimenta a vida, que faz querer mais. Não é apenas um esporte, é o Judô, que estabelece valores, que traz uma carga histórica. E o nome não termina por aí. Para completar, se encerra com o “Social”. O Projeto Judô Esporte Social tem a função de formar um cidadão melhor, pensando no futuro de uma nação com princípios. “O objetivo é socioeducacional. A gente quer trabalhar o esporte com a inserção dos valores sociais, como disciplina, cooperação, respeito, responsabilidade e, especialmente, autonomia”, destaca. E não para por aí. O Projeto desenvolveu chegou até às escolas. “A gente conseguiu se fortalecer. Temos uma cobrança muito grande com relação à escola. Se os alunos matam aula, a diretora liga para mim, não para os pais. Se eles tiram notas vermelhas recebem um tipo de correção, que é icar alguns dias sem fazer Judô”, comenta Rodolpho. Já para os alunos, o esporte teve o poder de mudar suas vidas. Cada um, segundo suas particularidades. Ao enfrentar os desa ios da vida, se apoiam no Judô para encará-los. Dentro deles lorescia um espírito guerreiro, mas invisível. A gentileza, humildade e a tranquilidade que criavam, no futuro formaria um grande caráter. Com 10 anos de idade, André

Nonato começou a treinar com o professor Rodolpho. Somente os dois e mais ninguém. O menino conheceu o Projeto pela divulgação. Incentivado por sua mãe, decidiu participar e, assim, se tornou o primeiro aluno. “Minha mãe me motivou muito, porque eu era pequenininho, gordinho, tímido e todo mundo me zoava na escola, mas agora isso não existe mais”, explica. Em 2014, André começou a competir na segunda divisão e conseguiu chegar até o Campeonato Paulista, conquistando a sétima posição. No ano seguinte, o resultado não foi como esperado, mas, com muita paciência e esforço, se superou nas competições e foi capaz de chegar até o Campeonato Estadual. “Socialmente, foi incrível! Antes disso aqui eu era muito retraído. Eu fui criando amizades no Judô. Cresci, emagreci, e isso ajudou na minha fala. Hoje eu estou fazendo faculdade de Educação Física”, conta. Determinado a se tornar um professor, e continuar a parceria, André deixa as competições para segundo plano. Hoje, com 17 anos, aquele pequeno e primeiro aluno não consegue se imaginar sem o esporte. “O Judô está enraizado em mim. É aqui onde estão todos meus amigos”, grato e cheio de admiração por seu treinador, completa, “para mim, o Rodolpho é um paizão e um 57


amigo. Não é aquela igura que só está lá para ordenar, excluir e ser diferente da gente. Ele é junto. Ele lidera, mas lidera junto. Nós somos todos uma família”.

Colecionador de medalhas Em contrapartida, para Lucas Vieira, de início, o Judô foi uma escapatória. Incentivado por um parente, ele entrou no Projeto depois de uma grande perda em sua vida. Não tinha conhecimento desse esporte, sabia apenas que era uma luta. Mas bastou participar do primeiro treino para nunca mais parar. “Com a morte do meu cunhado, o Judô me ajudou muito. Me fez ocupar a cabeça, ter distrações. Me fez querer viver novamente”, confessa. Sua primeira competição foi aos 13 anos de idade. Depois de

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perder, a reação foi querer desistir. “Eu levei uma surra tão grande, que não quis ir mais”, diz. Apesar da perda, ele se desa iou. A motivação e o desejo por uma conquista maior foram as razões para continuar. Sempre foi apoiado pelo professor e por sua família. Na competição seguinte, ganhou do mesmo menino que havia perdido no campeonato anterior. Em 2014, quando Lucas tinha acabado de ganhar a faixa verde, competiu na Copa São Paulo. “Nesse campeonato estavam competindo 70 atletas na minha chave, ou seja, eram 70 pessoas buscando uma única medalha. Aí eu fui e ganhei a primeira, ganhei a segunda, ganhei a terceira... eu iz sete lutas e ganhei as sete por Ippon, que é o ponto máximo. Esse dia parece que eu

estava iluminado. Foi bem bacana”, lembra. Depois da vitória animadora, Lucas se preparou para a próxima competição. O campeonato exigia comprometimento e disciplina. O treino diário era a chave do sucesso. E o resultado não podia ser diferente. Foi campeão pela segunda vez. Em 2016, mais uma vez, a parte social do Projeto pôde ser vista nitidamente. Com a ajuda do seu treinador, que lhe emprestou vários livros e deu aulas para o Enem, Lucas conseguiu uma bolsa de 100% na faculdade. Já está no segundo ano de Educação Física. Lucas e outro estagiário, dão aulas em três escolas na cidade de Artur Nogueira. “Minha rotina é bem corrida, porque toda segunda e quarta-feira a gente tem aula aqui nesse núcleo,


“O Judô me fez homem. Além de formar competidores, ele molda caráter” e aprendemos com o professor. E toda terça e quinta-feira a gente aplica essas aulas sozinhos nas escolas”, explica. Com o desejo de compartilhar o estudante almeja continuar a dar aulas, mas também não quer deixar de lado as competições. “É muito gostoso dar aula para as crianças. A gente tem alunos de um ano e 10 meses, e é maravilhoso você os ver correndo e pulando. Mas quero continuar com a equipe de alto rendimento também, que é a parte de competição”, relata.

Exemplo é o que não falta Para Lucas, o primeiro aluno do Projeto que ganhou a faixa preta, o aprendizado não é só a parte ísica, mas inclui todo o ato emocional da criança. “Aqui a gente tenta conversar, e saber o

que realmente está acontecendo. Muitas crianças chegam rebeldes. Não podemos logo de cara repreendê-la, a gente precisa entender o que está acontecendo na sua vida”, conta. E para que toda atenção possível seja dada, os responsáveis pelo Projeto, frequentemente, conversam com os pais, diretores e psicólogos. Para Kauan Cabrini, o Judô já era familiar. Ele já treinava antes mesmo do Projeto começar em Artur Nogueira, mas por um bom tempo icou parado e não participava de nenhuma atividade esportiva. Porém, isso só durou até se encontrar com o professor Rodolpho. Soube do novo Projeto e não hesitou. Voltou aos treinos e viu que o amor por esse esporte continuava o mesmo. “O Judô me fez homem. Além de formar

competidores, ele molda caráter. Até por vir de uma cultura japonesa, então, você vê que eles são um exemplo. Em questão de respeito, disciplina e pontualidade o Judô in luenciou muito na minha vida”, conta. Ele explica ainda que o esporte teve um papel extremamente importante ao ajudá-lo a lidar com os problemas que tinha na época. “É um esporte complexo. Por isso, é essencial se identi icar com ele. Mas o Judô sempre terá alguma coisa a te ensinar”, e ainda completa, “quando você pega a faixa preta, começa a auxiliar como técnico. Na verdade, a gente começa a aprender Judô depois da faixa preta, porque a tua visão se ampli ica. Você começa a ser técnico, professor e competidor ao mesmo tempo”, termina. Hoje, Kauan tem 24 59


anos. Já formado em Gestão de Processos continua os estudos em Administração, sua segunda faculdade. Mas ainda assim considera que no futuro possa conciliar a sua atual pro issão com a sua paixão pela Educação Física.

E vai mais um E entre tantas histórias de pessoas a quem este Projeto já ajudou, há também a Flaviane Macedo, de apenas, 14 anos de idade. De origem simples, a atleta já foi campeã regional, vicecampeã interestadual e terceira colocada no último Campeonato Paulista. Assim como muitos adolescentes, Flaviane estava acostumada com o sedentarismo. “Na verdade, eu nem sabia que existia o Judô. Antes daqui eu não fazia nada. Eu icava em casa, ia para a escola. Só fazia um pouco de ginástica nas aulas de Educação Física. E um dia, em 2014, eu estava na escola, e eles foram apresentar lá. Eu vi, gostei e pedi para minha mãe me matricular”, lembra a menina. Flaviane também pôde se desenvolver tanto isicamente, quanto socialmente. “O Judô me auxiliou com disciplina. Eu tive mais educação, mais diálogo com as outras pessoas, eu me abri mais. Antes eu era bem tímida. Agora eu converso com todo mundo, faço amizades, vou para os campeonatos e converso com as meninas. É muito

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legal. Eu tenho muitos amigos aqui. A parceria é muito boa”, conta com entusiasmo. Quando questionada sobre o seu objetivo, a resposta é certeira: “O meu foco é continuar treinando para trazer mais resultados, porque no inal do ano eu vou para a seletiva nacional, em Porto Alegre, disputar uma vaga na seleção. A gente vai em busca, não só do resultado, mas também da experiência. E no futuro, eu penso sim em fazer uma faculdade, e eu quero de Educação Física”. Mesmo com tão pouca idade, a rotina da garota já intensa, e em meio a tantos aprendizados, Flaviane frisa que o Judô não a priva de outros “prazeres”. “Eu vejo um monte de adolescente na rua, curtindo com coisas não tão boas. Mas eu não. Todo domingo eu venho, eu não saio para ir em festa, meu foco é só treinar mesmo. Eu vou à escola de manhã, vou para casa almoçar, venho para o treino e depois vou embora”, esclarece a menina. Mas, assim como existem as alegrias de uma conquista, existem também as di iculdades para chegar até essa conquista. E para subir a um pódio, não são necessários apenas talento e esforço. O dinheiro também faz parte. Entretanto, até nisso, o Projeto não deixa seus alunos sozinhos, e para Flaviane, que sabe que os


valores aprendidos no Judô são maiores que os preços de competições, o apoio que recebeu do Projeto, de seus amigos e de seu professor vai além de palavras positivas. “A gente precisa pagar as inscrições, porque não temos patrocínio. Muitas vezes, a minha mãe não teve dinheiro para pagar, e o professor Rodolpho já me ajudou muito nos campeonatos, pagando para mim. O professor é uma ótima pessoa. Ele ensina a gente, apoia, nos dá bronca, mas é para o nosso bem. Ele é maravilhoso”, reconhece a atleta.

Tem grana envolvida, né?! Contudo, os recursos inanceiros continuam sendo importantes, e se não vêm de órgãos públicos, o próprio Projeto Judô Esporte Social precisa dar o seu jeito. E para isso, o professor explica que as arrecadações precisam da cooperação de todos. “A gente faz desde catar latinha, vender pizza e brigadeiro, até mesmo fazer rifas. Nós corremos atrás da parte inanceira porque não temos apoio. Na verdade, o nosso apoio é o espaço, que, por sinal, quem dá toda a manutenção somos nós. Inclusive, se uma lâmpada queima, se entope a privada, tudo. Teve outros probleminhas e fomos nós que arrumamos tudo. A aula começa às oito. Eu chego todos os dias antes, para limpar a privada. Os

meninos me ajudam bastante também. Limpamos o lugar todos os dias para que no dia seguinte esteja em ordem”, conta o professor. Mas a falta de apoio é apenas o resultado de outras duas de iciências: falta de conhecimento, e, consequentemente, de interesse. “O Lucas Brito foi terceiro lugar no campeonato Sul-Americano e vice-campeão em Bremen, na Alemanha, ninguém se manifestou. Mas quando ele foi campeão em uma copinha sem importância por aqui, eles vieram”, lamenta Rodolpho. E a luta não para por aí. Em agosto do ano passado, com muito esforço, o professor conseguiu que a Secretaria Municipal de Esportes liberasse duas vagas para estagiários, entretanto, o desenvolvimento com os outros esportes ainda não é tão e icaz quanto o Judô. E a verdade é essa: o dinheiro é tão importante quanto o treino e o amor pelo esporte. Rodolpho conta que o Projeto, mesmo já tendo ajudado tantas crianças, ainda perde para o esporte que representa “todo” brasileiro, quando o assunto é patrocínio. “Se você vai hoje no centro da cidade de Artur Nogueira, e pede recursos para comprar o uniforme de um time de futebol eles dão R$ 2 mil. Mas quando se trata de um judoca que foi classi-

icado para o campeonato Sul-Americano, eles soltam um ‘sinto muito’”, e ainda exempli ica, “no começo do ano passado, o Lucas Brito se tornou líder no ranking nacional da seleção brasileira e teve competição na Alemanha. A gente precisava R$ 2 mil em apenas dois dias. Para conseguir, iz uma vaquinha virtual. Depois disso, recebemos uma lista de quem doou e tinha inúmeras cidades do Brasil, mas nada de Artur Nogueira”, completa. Entretanto, isso nunca será motivo para desistir. As di iculdades são muitas. E vão desde motivar cada aluno após uma perda em uma luta até conseguir um forte apoio das autoridades públicas. Porém, o brilho no olhar de cada aluno e a transformação de cada vida que já passou pelo Projeto, fazem tudo valer a pena. E não. O Brasil não é o país do futebol. É o país do Judô, do Vôlei, do Atletismo e de qualquer esporte. O Brasil é o país da diversidade. E o esporte que representa cada brasileiro é aquele que ensina valores, respeito, igualdade, autonomia, humildade e que forma o caráter. O Projeto Judô Esporte Social tem em sua essência em ensinar todas essas coisas, pois, como inaliza o professor Rodolpho, “o Judô não é apenas um esporte, mas sim, um estilo de vida”.

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BIO

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Vitória Nunes “Esporte é inclusão social por uma sociedade mais tolerante e educada”

NO CONTROLE DA PISTA Jéssica Florêncio possui mais de 200 troféus de competições de skate e títulos como bicampeã nacional e campeã sul-americana

Dona de uma personalidade forte, segura de si, agradável, adaptável a qualquer situação e que não costuma se assustar com desa ios. É assim que a skatista Jéssica Florêncio se descreve. Em 1991, na cidade de Campinas, interior paulista, Juraci e Alessandra davam à luz a Jéssica, e mal sabiam que a pequena que tinham nos braços ganharia o mundo, conquistando o título de campeã sul-americana de skate. Jéssica sempre teve um gosto muito grande por esportes. Passou pelos patins, pelo patinete e até mesmo pela bola de futebol, mas foi no skate onde se encontrou. A jovem teve interesse pelo esporte quando viu um amigo praticar. Ela queria fazer o mesmo que ele fazia. Foi in luencia-

da também pelos jogos de vídeo game do skatista Tony Hawk. O primeiro passo foi se dedicar mais à modalidade. Largou o joystick e decidiu trocar seu Char do Tíbia - personagem de um jogo - pelo skate do seu primo, que era de brinquedo que não durou muito. Ela logo precisou de um novo. Decidiu então pedir um original de presente para os pais, que deram, mas em troca, ela teria de manter a casa em ordem. Era uma forma de “pagar” pelo novo presente. A partir disso, Jéssica não parou mais. Começou a colocar em prática todas as manobras que fazia nos jogos eletrônicos. De início, ela só queria mesmo andar e curtir a sensação que o skate a proporcionava. Não se ligava muito nas

coisas que rolavam no mundo do esporte, e sua única referência era um jogo de Play Station 2. No começo, Jéssica lembra que sua mãe icava meio receosa por ela andar de skate, devido as grandes possibilidades de se machucar. Mas depois da primeira competição, dona Alessandra viu que a ilha levava jeito e que gostava realmente de fazer aquilo. A família icou encantada com o talento da menina, como ela mesmo diz, viraram verdadeiros “pais corujas”, e, desde então, sempre apoiaram a ilha a seguir carreira no esporte. Toda competição que acontecia na cidade de Artur Nogueira, que era onde moravam, eles faziam questão de levá-la, e, com isso, o medo de ver a ilha se 63 63


“Por causa do apoio dos meus pais, pude me tornar skatista profissional” 64

machucar foi passando com o tempo. No esporte, cair é a parte principal do aprendizado. O único acidente grave que Jéssica teve, foi quando estirou o ligamento do tornozelo, mas, graças há meses de isioterapia, a menina das manobras estava de volta as pistas. O apoio da família foi uma questão crucial na carreira de Jéssica, “por causa do apoio dos meus pais, pude me tornar skatista pro issional”, ela destaca. Jéssica possui mais de 200 troféus. Participou de competições nacionais e internacionais, conquistou o terceiro lugar no ranking mundial, foi tricampeã do interior paulista, bicampeã paulista de skate, bicampeã nacional e campeã sul-americana. Ela não lembra ao certo o número exato de competições e nem quais já participou, mas a competição mais importante, talvez até a maior, que Jéssica nunca irá se esquecer de ter participado, é o renomado campeonato esportivo de ação X-Games em 2013. O evento esportivo é conhecido por ter a participação de grandes nomes dos esportes radicais e por ter uma ampla visibilidade das principais marcas de patrocínio. O evento é dirigido e transmitido pela ESPN e é considerado “Os Jogos Olímpicos dos esportes radicais”. Naquele ano, a jovem nogueirense representou o Brasil,

competindo na categoria Street Skate com nomes importantes do Skate Feminino, como Letícia Bufoni e Eliana Sosco, que, por sinal, são grandes inspirações para ela. Ao im do campeonato, Jéssica conseguiu levar a medalha de bronze e dividiu o pódio com Letícia Bufoni e Lace Bayker. Para se preparar para eventos de grande porte como o X-Games, Jéssica procura descansar bem no dia anterior, e na data do evento procura manter a calma para executar as manobras que são exigidas pela comissão do evento. Questionada se em algum momento já sentiu vontade de desistir, Jéssica responde: “Desistir do esporte? Nunca!”, mas desistiria da vida agitada, cheia de viagens das competições. O porquê é simples: a falta de patrocínio no esporte é grande, principalmente quando se trata do skate feminino. Não é fácil e, muito menos, barato participar de algumas competições. Ter a ajuda de patrocinadores é essencial para a evolução de qualquer esportista e para conseguir participar de grandes competições. Com 12 anos de carreira, hoje, Jéssica se alegra em ver o skate, inalmente, fazendo parte do programa olímpico. A partir de Tóquio 2020, o esporte estará, por enquanto, apenas com as modalidades street e park (mais conhecido como bowl), mas já


podemos considerar uma grande vitória para o desporto. Para a skatista, é uma forma de dar um ar de seriedade para o esporte, e é uma maneira de quebrar o estereótipo de “esporte dos desocupados” que o skate carrega. Assim como outros participantes, ela tem a esperança de que essa seja uma maneira do skate ganhar mais visibilidade entre os grandes patrocinadores. Hoje, aos 26 anos, pratica o esporte apenas como hobby. Suas metas são um pouco diferentes do que eram no passado. Um dos seus principais objetivos, agora, é graduar-se em Educação Física. Ela se vê futuramente morando fora do Brasil, praticando o skate e conseguindo manter a vida de forma digna. Assim como todo esporte, que, na maioria das vezes, proporciona coisas boas na vida de quem o pratica, o skate proporcionou situações maravilhosas na vida da skatista Jéssica Florêncio. Por causa dele, conseguiu novos amigos e uma bagagem cultural extensa, devido às cidades e países que visitou enquanto competia. Além disso, adquiriu muitos atributos que se aplicam em todas as vertentes da vida, não apenas dentro de uma pista. Quedas, tombos e arranhões do passado não são nada. Perto do seu amor pelo skate, o resto é manobra. 65


LEVEL UP

A ASCENSÃO DO

E-SPORTS

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Giancarllo Batistoti “Esporte une as pessoas positivamente”

Walace Ávila “O esporte é uma extensão da vida”

A primeira premiação foi a assinatura de um ano da revista The Rolling Stones. Hoje, o maior prêmio em esporte eletrônico foi de R$ 63,4 milhões

O que você sabe sobre o ano de 1972? Para um historiador, podemos destacar dois fatos marcantes. Foi nesse ano que faleceu o 33º presidente americano Harry Truman, e Okinawa, território de 169 ilhas japonesas, foi devolvido pelos Estados Unidos ao Japão. Para quem é conhecedor e amante dos esportes, deve-se lembrar, com tristeza, o episódio amargo, durante a fase dos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha Ocidental. Dezessete pessoas (incluindo 11 integrantes da equipe olímpica de Israel) foram assassinadas por um grupo terrorista palestino. Se você é um amante da música, saberá que o rapper americano Eminem, nascia na década de 70. Para os geeks brasileiros, podemos relembrar dois episódios

clássicos: foi nesse mesmo ano a inauguração do primeiro computador construído por uma equipe tupiniquim, pertencente à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). A década de 70 foi o ponto de partida para o surgimento das competições de esporte eletrônico. Em 1972 aconteceu o primeiro campeonato de jogos eletrônicos registrado. A Universidade de Stanford, nos EUA, foi o palco desse embrião do e-Sports. SpaceWar foi o primeiro jogo da competição. Para os que jogam videogames há pouco mais de trinta anos, lembrar desse jogo é extremamente nostálgico. A década de 80 foi um período de ouro para os jogos de árcade, ou liperama, como é conhecido aqui no Brasil. Em 1980, a Atari

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(sim, a famosa Atari criadora do console) organizou a competição Space Invaders Championship. O evento contou com a participação de dez mil jogadores, icando conhecido como um dos primeiros em grande escala. Um ano depois, a comunidade geek percebeu a necessidade de criar uma organização. Com o objetivo de registrar os recordes de jogos eletrônicos, em 1981 surgiu a Twin Galaxies, entidade que colaborou para incluir o e-Sports no livro Guinness World Records. A famosa empresa de games, Nintendo, entrou na onda de campeonatos e fundou, em 1990, a Nintendo World Championships (NWC). A competição abriu portas para muitos amantes de jogos produzidos pela companhia. Em

2015, durante a feira internacional E3, em Los Angeles, a Nintendo fez uma segunda edição da NWC em comemoração aos 25 anos do primeiro evento. A década de 90 foi a fase precursora para jogos de computador. O advento da internet contribuiu para a crescente massa de jogadores e torneios. Jogos populares até hoje como Starcraft, Quake, Warcraft e Counter-Strike, nasceram neste período. No estilo FPS (First Person Shooter, traduzido para: Tiro em primeira pessoa), o jogo Quake, lançado em 1996, é considerado um dos maiores prodígios já lançados. Logo após sua estreia, conquistou uma legião de fãs. Em agosto do mesmo ano, um grupo de amigos, que se conheceram

pelo jogo, se reuniu num mesmo local e organizaram a Quakecon, realizada no Texas (EUA). Cerca de 60 pessoas compareceram à competição com seus próprios computadores. Hoje, a Quakecon acontece anualmente. Inspirado neste pequeno torneio, a Microsoft, empresa do querido Bill Gates, patrocinou o evento Red Annihilation. A competição aconteceu no ano de 1997, em Atlanta (EUA), reunindo mais de 2 mil pessoas. A premiação: uma Ferrari 328 GTS. Isso mesmo! Sem dúvidas, o campeonato foi um grande sucesso, pois decorreu na demanda de futuras edições com a mesma magnitude. A Liga Pro!issional dos Cyber Atletas (CPL) foi criada em poucas semanas após o su-


cesso da Red Annihilation. Ela tinha o propósito de criar torneios e premiações cada vez maiores. A Liga foi a pioneira no quesito desenvolvedor de campeonatos de esportes eletrônicos. Entrando nos anos 2000, o arranque das competições o iciais ganhou força. Em 2010, cerca de 160 torneios o iciais aconteceram, número bastante elevado em comparação aos anos anteriores, em que foram registrados apenas dez torneios. No mesmo ano, o e-Sports caminhou mais alguns degraus para a formalidade, com a criação de três principais grandes torneios: o World Cyber Games, a Intel Extreme Masters e a Major League Gaming. Estes eventos possuem edições anuais até hoje.

Com a chegada do serviço de streaming em 2010, as transmissões começaram a ter mais visualizações. Lançado em 2011, o site com maior quantidade de jogos sendo transmitidos foi o Twitch. Especializado em transmitir competições de e-Sports, chegou a atingir 4,5 milhões de visualizações durante o The International, que, atualmente maior torneio de DOTA 2 no mundo. Mas não é só pela internet que os fãs acompanham as competições. Durante o League of Legends World Championship, por exemplo, no estádio Seul World Cup Stadium, na Coréia do Sul, mais de 40 mil pessoas compareceram ao local.

Melhores Premiações As premiações tiveram um crescimento absurdo. A primeira,

em 1972, foi a assinatura de um ano da revista The Rolling Stones. Hoje, o maior prêmio em ciberesporte foi de R$ 63,4 milhões, entregue no The International 2015 em Seattle, nos Estados Unidos. Podemos destacar três jogos que mais rendem dinheiro atualmente: Dota 2, Counter-Strike: Global Offensive e League of Legends. O gênero abreviado do Dota 2 é MOBA, o que signi ica Multiplayer Online Battle Arena. Resumindo, Dota 2 pode ser jogado por várias pessoas, de diversas partes do mundo, ao mesmo tempo. Os times destaque são: Evil Geniuses (Estados Unidos), Team Secret (Europa) e Newbee (China). As premiações da franquia chegaram a atingir a casa dos R$ 213 milhões. No

A primeira premiação em e-Sports em 1977, foi a assinatura de 1 ano da revista The Rolling Stones


gênero FPS, CSGO (Counter-Strike: Global Offensive), é o jogo de mais destaque. CSGO rendeu R$ 86 milhões em recompensas em eventos de e-Sports. Os times de maior destaque são: SK Gaming (Brasil), Fnatic (Suécia) e Natus Vincere (Ucrânia). Outro famoso jogo do gênero MOBA, é o League of Legends (LoL), que atingiu uma premiação de, aproximadamente, US$ 28 milhões. Os melhores times são: Fnatic (Suécia), Team Solo Mid (Estados Unidos) e SK Telecom T1 (Coréia do Sul).

E-Sports no Brasil Enquanto a popularidade das competições do e-Sports ganham força ao redor do mundo, para nós, brasileiros, a modalidade ainda engatinha. O cenário dos games, no Brasil, teve um começo signi icante no início dos anos 2000. Acho que você se lembra de ter visto uma lan house no seu bairro ou pode até ter sido um frequentador. Estes famosos estabelecimentos tiveram papel essencial na propagação de games online. O jogo Counter-Strike 1.6 conquistou uma grande legião de fãs brasileiros, que sempre buscavam aquela moedinha de um real para ter mais uma hora no computador da lan. Por conta desta forte in luência, em 2006 o Brasil conquistou o campeonato mundial de “CS” na Eletronic Sports World Cup.

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O quadro para os jogadores brasileiros começou a ganhar mais cor em 2013. Joana Machado, ex-jogadora de LoL, relembra dessa transição. “Na época em que eu jogava, o cenário era diferente. Games on-line não tinham tanta visibilidade quanto tem hoje. A premiação era mil vezes abaixo do que se encontra hoje em dia”, relata. Situação bem diferente se compararmos com Gabriel Henud, mais conhecido pelos jogadores de Lol pelo nickname “Revolta”. O jogador pro issional já desembolsou cerca R$ 120 mil reais em competições. Como qualquer esporte, ganhar prêmios exige esforço e treino diário, também requer disciplina do atleta. Revolta está ciente dessa rotina. O jogador treina, diariamente, cerca de 14 horas. “Minha rotina de treino se baseia em dois blocos de três jogos. Tendo o começo do primeiro às 13h, terminando às 16h. O segundo vai das 17h até 20h. Fora isso, nós, geralmente, treinamos individualmente no nosso tempo livre”. Aos poucos, investidores começaram a perceber a popularidade “BR” dos games, fundando assim no Brasil as “gaming houses”. Essas casas são totalmente voltadas para o treinamento dos jogadores. “Foi em 2014, que a maioria dos jogadores passou a receber um salário ixo, antes

não acontecia, pois os empregadores (donos de clubes) davam a casa que não era popular na época”, conta a ex-jogadora, Joana. A paiN Gaming, localizada em São Paulo, foi uma das primeiras na América Latina a ter esses locais com treinamento mais intenso. O crescimento dos e-Sports não parou por aí. Em 2016, canais de televisão nacionais (Bandsports, Esporte Interativo e Sportv) iniciaram transmissões ao vivo das competições. Como jogador amador, Yssam Jaoude começou a acompanhar os eventos no mesmo ano. Ele descreve os e-Sports sendo “mais dinâmicos que os esportes convencionais”. Para Yssam, algo que difere são “narrações envolventes que deixam tudo mais interessante”.

A busca pela legi midade Enquanto o Brasil é o “país do futebol”, a Coréia do Sul é o “país do e-Sports”. Em 2000, o Ministério da Cultura, Esporte e Turismo sul-coreano criou a Korean e-Sports Association (KeSPA) para coordenar eventos, regular transmissões e trabalhar com a promoção da modalidade no país. A KeSPA também é responsável por iscalizar a condição de trabalho dos jogadores pro issionais. O país leva tão a sério o esporte, que a Universidade Chung-Aung dá bolsas de estudo para jogadores pro issionais.


Ainda há estigmas em considerar a modalidade e-Sports como esporte o icial no Brasil. O jogador Revolta enfatiza esta questão. “Claro que existem as pessoas que acham que isso não deve ser considerado esporte. Para essas, acho que simplesmente precisam de tempo para repensar sobre o assunto, quando for conveniente”, destaca. O debate divide opiniões quando se pensa no que é, de fato, esporte. Para a professora de Educação Física, Priscila Bueno “o esporte exige movimentos ísicos, necessita ser algo dinâmico entre bem-estar ísico e emocional. Velocidade de reação, competitividade, alta-performance, treinamento, acompanhamento psicológico”, explica. A professora Djuly C. Kupas tem uma de inição mais ampla, pois, diz considerar passatempos e lazer como práticas esportivas. Porém, Kupas ressalta que o esporte só é válido “desde que você aprimore alguma das aptidões corporais: corpo, tipo ísico e mental”, xadrez, por exemplo, estimula aptidão mental, segundo a professora Djuly. Atualmente, o senado brasileiro está analisando a regulamentação do esporte eletrônico no país. Realizado pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), o projeto de lei 383/2017 visa

buscar garantia para uma possível o icialização do ciberesporte como uma modalidade desportiva. Como citado, ainda é um projeto. No Brasil, a modalidade não tem reconhecimento como um esporte verdadeiro. Mas algo é certo: o e-Sports está conquistando cada vez mais visibilidade e atraindo grandes investidores privados. Revolta é jogador pro issional desde 2013, ele pôde acompanhar o processo inicial do esporte eletrônico e a busca pelo reconhecimento do Governo Federal e conscientização dos brasileiros. Para ele “sempre que você se depara com algo novo, você se pergunta se aquilo é pra valer ou não. Algumas pessoas acabam zombando disso para não se dar o trabalho de pensar, outras estudam mais a fundo para saber se é realmente algo válido”, inaliza o atleta. Sem dúvidas o e-Sports tem mostrado suas caras e, desde então, tem crescido sua in luência. Para um mundo que está mergulhado na vivência tecnológica, desconsiderar o esporte digital parece inconcebível. Fácil lembrar de datas que movimentaram o interesse geral na década de 70. Agora, perceber a ascensão de um esporte que pode chegar ao topo daqui alguns poucos anos, aí é para poucos.

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E-SPORTS v

PRÊMIOS $6.91M 1.238 JOGADORES

DOTA 2 LEAGUE OF $143.7M LEGENDS $53.4M CS:GO $ 55.8 M

JOGOS QUE MAIS PAGAM Dados de 2018; fonte: https://www.esportsearnings.com/

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Prêmios $1.55M 317 JOGADORES


vs LUCROS

Dalila Santana “O esporte é um dos caminhos que nos torna mais fortes”

Kevin Dantas “Esporte é paixão”

PRÊMIOS $ 2.52M 280 JOGADORES PRÊMIOS $4.04M 666 JOGADORES PRÊMIOS $5.56M 517 JOGADORES

Cada vez mais os e-Sports ganham espaco , na economia do entretenimento. Atletas que antes eram amadores, agora recebem patrocínios e prêmios altos. A categoria muda de hobby para profissao. 73 17


ESPORTE DA VEZ

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Kawanna Cordeiro “Esporte é autodeterminacao, é competir consigo mesmo”

LIVRES Seja de avião, balão, asa delta ou parapente, a sensação de liberdade, ao voar, sempre será única, deixando-se levar pelos ventos

Liberdade. Essa é a palavra usada pelos praticantes do voo livre para descrever a sensação de simplesmente não sentir mais o chão debaixo dos pés enquanto o vento bate no rosto. Sentimento que Rafael Saladini experimentou pela primeira vez aos 16 anos de idade, em São Conrado, Rio de Janeiro. Os pais, que achavam o esporte perigoso demais para o ilho, não deram autorização para as aulas, contudo, o céu já fazia parte do destino do garoto. Ele chegava à rampa de decolagem escondido no porta-malas do carro para fugir do iscal do clube, e daí veio o apelido que perdura até hoje: Sardinha. É claro que a família não imaginava que o amor pelo céu fosse levar Rafael tão longe, realizando o sonho do garoto de 16 anos ao se tornar campeão brasilei-

ro de parapente. Mas o que ele guarda com carinho na memória é o primeiro recorde mundial em distância livre, conquistado nove anos depois, aos 25. “Foi em 2007, 461 km, e foi a minha primeira conquista relevante no esporte. Até então eu era apenas uma promessa, mas ali eu consegui romper um paradigma e entrar para o grupo seleto dos pilotos vitoriosos. Foi uma sensação de vitória, auto realização di ícil de descrever”, diz o parapentista. A praticidade do instrumento não motorizado, que exige somente as forças da natureza e a habilidade do piloto, ganha cada vez mais adeptos. Apesar do berço do parapente ser a França, onde o esporte é praticado desde 1970, o Brasil soma a 5ª maior comunidade de parapentistas do mundo, atrás apenas da própria

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“Até então eu era apenas uma promessa, mas ali eu consegui romper um paradigma e entrar para o grupo seleto dos pilotos vitoriosos” – Rafael Saladini 76

França, Alemanha, Suíça e Itália. Nosso país ainda conta com cerca de oito mil praticantes ativos. Além disso, somos agraciados com alguns dos melhores lugares do planeta para se voar de parapente. As competições do esporte aqui se dividem em: estaduais, regionais e o brasileiro. Fora isso, o país também recebe, quase todos os anos, etapas da Copa do Mundo - Paragliding World Cup. Hoje, existem muitas escolas de parapente espalhadas pelo Brasil, e isso é o que torna o esporte ainda mais interessante, porque não são somente os pilotos pro issionais que podem voar. Qualquer pessoa pode se aventurar e praticar o voo duplo, acompanhado de um instrutor e dos equipamentos necessários. Em média, são 20 minutos de voo sobre cenários de tirar o fôlego, e ao contrário do que se imagina, o medo não se torna presente. No entanto, o vício pela liberdade e a paixão pelo céu podem se tornar uma rota sem volta. Como foi o caso de Marcella. Em 2009, após um salto duplo de paraquedas, ela conta que se apaixonou no mesmo instante em que pulou. Após fazer um orçamento para dar início as aulas, notou que gastaria mais do que esperava para manter o novo vício. A surpresa veio quando ganhou um excelente desconto da

escola por ser a primeira mulher interessada nas aulas. Hoje, Marcella não nega que o voo livre é a maior paixão de sua vida. “É o que me faz sentir viva de verdade! Me trouxe muitos bene ícios, principalmente autoconhecimento. Conhecer meus medos, saber enfrentá-los, saber respeitá-los”, conta a parapentista. Atualmente, Marcella é a recordista brasileira feminina em distância livre. Ela classi ica o voo do recorde como o mais intenso e lindo de sua vida. Foram 362km em 9h22 nos céus do nordeste brasileiro. “O voo está no meu sangue, tenho certeza absoluta que nasci para voar”, completa.

Bem para a alma O voo livre não exige esforço ísico, uma pessoa sedentária pode voar, mas quando existe a relação de paixão pelo esporte, a dedicação se torna maior, fazendo com que o atleta busque um condicionamento favorável, até para se prevenir de acidentes. A prática de atividades radicais libera alguns hormônios importantes para o corpo humano, como a adrenalina e a noradrenalina. Elas são substâncias químicas especí icas, fabricadas pelo sistema endócrino, que acelera o metabolismo e traz resultados positivos para o corpo. No cérebro, ocorre a liberação de endor ina e dopamina.


A primeira traz a sensação de bem-estar e recompensa, já a segunda a de euforia e força de vontade. É através da liberação dessas substâncias que algumas pessoas podem se tornar “viciadas” em esportes radicais, pois, juntamente com os efeitos da dopamina, algumas atividades acessam a área de recompensa do cérebro, potencializando o prazer. O mesmo tipo de prazer vivenciado quando se faz o uso de alguma substância química, por exemplo. Além disso, ter o esporte como hábito no dia a dia traz bene ícios signi icativos, como: melhora o humor, a concentração e a memória, e também diminui a tensão e o estresse. O bem-estar pode auxiliar na exclusão de pen-

samentos negativos ou autodestrutivos, direcionando a pessoa a seguir uma base de positividade, com um estilo de via pautado na busca de saúde, qualidade de vida, com aquela dose extra de aventura e perigo. “A prática regular de qualquer esporte é o alicerce para uma mente saudável”, explica a psicóloga Lidiane Silva. Joe Voeira, mais conhecido como Joe Voador, é instrutor de parapente há 12 anos e praticante do esporte há 17. Ele, assim como Lidiane, garante que o esporte pode, sim, tornar alguém mais forte mentalmente. “Todo mundo que voa, de certa forma, se torna uma pessoa melhor, pois ela conquista o bloqueio do medo, passa por uma experiência maravilhosa, que é voar, e se

torna uma pessoa mais corajosa, mais atrevida, alguém que tem mais ação para realizar seus sonhos. Ela dá um passo à frente”, diz o instrutor. No entanto, é sempre válido um acompanhamento de um psicólogo antes de dar início às práticas, pois o voo livre exige um equilíbrio mental para quaisquer situações que a prática possa vir proporcionar. Nessa mistura de sentimentos, o que se torna evidente é a paixão por voar, visto que todos os pilotos frisam o sentimento de liberdade e o vício imediato após o primeiro voo. “Nós, pilotos, dizemos que entendemos o porquê de os pássaros cantarem. Voar é a melhor sensação do mundo. Simples assim”, conclui Marcella.

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MERGULHE NESSA

ESPORTISTA. MÃE. MULHER. Atletas sofrem preconceito por serem mulheres, por gerar vida

Com 33 anos, e uma carreira proeminente no vôlei, Dani Lins decidiu cumprir um sonho que tinha adiado por conta do trabalho, ser mãe. Quando descobriu que estava grávida, anunciou para o clube, mas a resposta não foi como o esperado pois não renovaram seu contrato. No inal de fevereiro sua ilha nasceu. Porém, há nove meses, não caia dinheiro na conta de Dani. Como ela, muitas outras atletas

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sofrem preconceito quando decidem engravidar. Em agosto de 2017, o programa Esporte Espetacular da Rede Globo produziu uma reportagem sobre casos de atletas que sofreram prejuízos por conta da gravidez. Alguns comentários me deixaram indignada. “Por isso nós HOMENS ganhamos mais! A licença maternidade hoje chega a um ano em alguns casos para mulheres e o nossa não passa de cinco dias. Sem dizer que somos


mais predispostos a contribuir com horas extras e contribuímos cinco anos a mais que as mulheres. Até porque a expectativa de vida do homem é de 8 anos a menos que a mulher! Não vejo injustiça alguma nisso!”. “Ninguém é obrigado a bancar gravidez de ninguém”, como foi percebido em comentários da reportagem esportiva no site do veículo. A realidade do Brasil é essa, se você é atleta, a maternidade se torna obstáculo na carreira pro issional. E muitos concordam com essa política. Tal opinião re lete o pensamento machista que domina nossa sociedade. É verdade que no esporte a ferramenta de trabalho é o corpo. Corpo que sofre mudanças durante o período de gestação. Porém, há inúmeros casos de mulheres que, depois do parto, voltam aos treinos e continuam

competindo com mesmo nível de competência. Ou, mesmo grávidas, competem. Dani, por exemplo, voltou com os treinos em maio. Dessa vez num clube diferente e com mais uma torcedora na arquibancada, a pequena Lara. Um clube que não se importa pelas suas jogadoras, deixa claro que o seu interesse principal não é fomentar o esporte, lutar contra a pobreza e promover a igualdade, como estipula a legislação desportiva brasileira. E sim o que, a inal de contas, move o mundo: o dinheiro. Por outro lado, considerar o sexo oposto como um rival, não é a solução. Quem é machista, nem sempre escolheu sê-lo. Se formos examinar a posição deles, veremos que os homens também são vítimas desse pensamento. Assim como há este-

reótipos de que a mulher é fraca, incapaz e vulnerável, a sociedade exige deles, atingir um nível determinado de masculinidade para serem aceitos. Um homem livre de machismo, é livre da sobrecarga de ter que ser “duro”, “insensível”, “su icientemente homem”. Um dos motivos desse problema é pensarmos que a sociedade é um conjunto de pessoas alheias a nós, quando, na verdade, a sociedade somos nós. Se continuarmos pensando que azul é cor de homem e rosa de mulher, e mandarmos as meninas para a cozinha e os meninos para cortar a grama, não podemos esperar que no mercado de trabalho exista igualdade. A liberdade para que ambos gêneros sejam capazes de realizar atividades de acordo com suas preferências, só pode ser construída a partir da conscientização.

Mariela Espejo “Esporte é superação”

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CÁ ENTRE NÓS

Jota Terres “Se souber utilizar o esporte como ensinamento, já terá um grande passo na vida”

UMA DOENÇA CHAMADA

COPA DO MUNDO

Uma enfermidade que a cada evento ataca mais pacientes, quer dizer, mais torcedores

Ao passo que os dias vão se aproximando da Copa do Mundo 2018, os noticiários ao redor do globo destacam que cada vez mais pessoas são acometidas inesperadamente por uma doença silenciosa. Até agora, é sabido que o vírus es-

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teve encubado durante quatro anos nos hospedeiros e sem motivos aparentes ataca vorazmente o lóbulo pré-frontal, a parte do cérebro onde icam armazenadas as memórias. Os enfermos simplesmente esquecem dos problemas atu-

ais como: saúde, educação, economia, segurança, política interna etc., e passam a focar a atenção em seus televisores para contemplarem o mundo mágico da copa do mundo. Médicos do globo todo estudam o vírus através dos mais


variados testes a im de entender esta doença que, a cada evento, ganha mais enfermos, quer dizer, mais torcedores. No Brasil, o vírus é chamado de a doença Copa do Mundo. Além de ainda não ter cura, causa sérios riscos para a sociedade. Alguns sintomas são: como já mencionado, esquecimento agudo de problemas econômicos e políticos, euforia múltipla, patriotismo incoerente, fechamento de estabelecimentos comerciais e administrativos, feriado fora de data e entre outros sintomas. Mas, talvez, o que tenha deixado a equipe médica mais intrigada é o pseudo amor para com a Seleção Brasileira. Quando esta vai bem nos jogos, os corações se vestem de verde e amarelo e o povo grita o nome dos jogadores em alta voz como ídolos exaltados. Contudo, basta um deslize da equipe tupiniquim que as ban-

deiras são removidas das janelas, os gritos histéricos trans iguram-se em vaias e o apreço pelo time canarinho se esvai. Mil novecentos e setenta. É claro que mesmo a chuva de cassetetes e represálias da ditadura militar não barrariam a divulgação massiva dos mídia sobre a terceira conquista do time de Pelé, Jairzinho e Carlos Alberto Torres. 1970 foi um dos anos mais tensos da história do Brasil em função do regime militar implantado em 1964. A vitória da Seleção Brasileira sobre a Seleção Italiana de 4x1, na inal, veio a calhar para o governo ditatorial. O jornal Folha de S.Paulo estampava em letras garrafais no dia 22 de junho de 1970, PARA NÓS, UM MUNDO É UMA BOLA. Mesmo que nos dias de hoje, alguns tapados por aí pensem que a Terra é plana, a terra em que habitamos, chamada Brasil,

é uma bola ou pelo menos é movida por ela. De quatro em quatro anos, o povo brasileiro esquece dos problemas habituais que se estendem por tantos anos e se vestem de verde amarelo a im de regatar um amor ufanista sobre a Seleção. E chegamos à metade de 2018. Mas cá entre nós, você lembra dos vinte centavos? Dos panelaços no meio da noite? Das manifestações contra a corrupção? Do impeachment da “presidenta”? Do pior PIB da história do país registrado em 2016? Das acusações contra o Temer? Dos recordes em assassinato? Lembra da recente greve dos caminhoneiros que deixou o país parado? Não? Vou ajudá -lo. Lembra do 7X1? Ah, claro! Como esquecer deste triste dia. Bom, não tão triste para a doença Copa do Mundo que marca 1X0 com o nosso esquecimento.

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SAÚDE

ESPORTE

TAMBÉM DÓI Se mal feita , toda modalidade esportiva traz risco de lesão. Coluna, quadris, joelhos e tornozelos são os mais prejudicados 82


Ana Maria Miguel “Esporte é qualidade de vida”

Eva Cueva

“O esporte melhora a nossa qualidade de vida e serve como um meio de inclusão social”

Esporte é sinônimo de saúde e bem-estar. Esta declaração deixa de ser uma verdade absoluta, quando o assunto é sobre o atleta de inal de semana. Praticar exercícios ísicos poucas vezes por semana ao invés de fazer bem, pode ser um problema para a saúde. Segundo os médicos, os peladeiros de im de semana, aqueles cuja única atividade ísica é o futebol no sábado ou no domingo, correm mais risco de sofrer lesão muscular. Lesões no joelho, pé, coluna e distensões, estão entre as mais frequentes entre atletas que utilizam apenas um dia da semana para praticar atividade ísica. Graziela Batista Pereira, isioterapeuta e pós-graduanda em isioterapia traumato-ortopédica esportiva pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), fala sobre os riscos que estes atletas correm, e a necessi-

dade de uma frequência de atividades ísicas para que os efeitos sejam signi icativos e riscos de lesões minimizados. “Ao contrário do que muitos pensam, a prática de atividades ísicas só nos inais de semana pode trazer mais riscos do que bene ícios na saúde. Não praticar exercícios ísicos regularmente, antes de qualquer atividade esportiva, pode causar várias consequências, como, dores musculares e, pior, inúmeras lesões, como fratura por estresse, tendinite, lesões no joelho, entre outros. Fora as lesões de impacto, o atleta de im de semana corre o risco de sofrer de problemas mais graves, como o temível Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou infarto. Além disto, o desportista que não pratica exercícios ísicos regularmente, desenvolve uma lentidão no processo de recuperação da lesão, quando comparado com uma pessoa que

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A falta de atividade física, somada a uma alimentação não balanceada, é responsável por 54% do número de mortes por infarto. Um estilo de vida ativo, pode ajudar a reduzir o risco de morte em até 40% 84

se exercita regularmente. Praticar esporte uma vez por semana sempre é um risco. E mais, não tem bene ício.”, explica a isioterapeuta. Fora as contusões musculares, esses atletas esporádicos podem sofrer de problemas do coração. É o que explica o Paulo João, mestre em saúde pública pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Eles submetem o organismo a uma carga excessiva de exercício e isso pode expô-los sobre os mais variados problemas cardiológicos, como um infarto, arritmias graves e problemas mesmo que podem levar à morte súbita”. Pedro Martins, formado em ciências do desporto e doutor em saúde pública pela Universidad de La Integración de Las Américas (Unida), explica que “quando nos exercitamos, o ácido ribonucleico (RNA) em nossas células responde e é convertido em proteínas. Em geral, o efeito dura, cerca de 36 horas. Jogar futebol durante três horas uma vez por semana, por exemplo, é pior do que não fazer nada. Isso gera estresse oxidativo nas células, um processo que de lagra in lamação e desequilíbrio no organismo”, explica.

O segredo Quando se pratica atividades ísicas num período curto, mas

com regularidade, o corpo é vacinado pelo exercício. “Ele gera doses pequenas de estresse e essas levam a adaptações bené icas, ativando mecanismos protetores. O exercício é homeostático. Ele normaliza tudo o que está alterado. Isso acontece porque nosso corpo evoluiu para o movimento. E essa adaptação ao movimento faz com que precisemos de estímulos. O exercício faz esse papel”, completa Martins. Este alerta não serve apenas para atletas de futebol, vôlei ou basquete. André Rodrigues Alves, personal trainer em tae -kwon-do, fala sobre a importância de exercícios ísicos regulares para esta modalidade. “Toda a modalidade esportiva, precisa de um condicionamento ísico adequado, e no tae-kwondo não é diferente. Nesta modalidade é necessário que o atleta desenvolva resistência, força, além de trabalhos coordenativos, de velocidade de reação, e lexibilidade. O aconselhável é que estes atletas se exercitem três vezes na semana, e no inal de semana, treinem com a equipe especí ica em modalidade, além de apelar para uma alimentação mais saudável e regrada”, aconselha o instrutor. Mas não para por aí. Santiago Francisco Araújo, corredor de Bom Jesus da Lapa, na Bahia,


atleta desde 1983, e o primeiro brasileiro a vencer a Maratona da Disney, em 1998, conta como a prática constante de exercícios é bené ica ao seu desenvolvimento pro issional. “Eu passei a me exercitar todas as manhãs. Isso me ajudou a proteger meus músculos mais usados nas corridas de lesões. O alongamento regular aumentou a minha lexibilidade e a amplitude de movimento, o que permite uma passada mais longa e uma melhor circulação. Eu me concentrava em alongar meus músculos dos glúteos, quadríceps, isquiotibiais e da panturrilha. Sem eles, não teria o desempenho que obtive”, conta.

Tá aí a solução Embora os termos “exercício ísico”, “atividade ísica” e “esporte” sejam usados por muitas pessoas como sinônimos, são bem diferentes um do outro. Paulo João ressalta ainda que a incidência de problemas cardiovasculares é muito pequena, principalmente quando comparada à incidência de complicações ortopédicas. “Embora não exista letalidade nessas intercorrências, as lesões ortopédicas podem interromper permanentemente a prática de algum esporte ou mesmo desestimular o interesse por um programa de exercício mais

estruturado. Devemos, portanto, preparar tanto nossos músculos (entre eles, o coração), quanto nossos ossos e articulações através de um exercício regular pelo menos três vezes por semana, praticando atividades aeróbicas, musculação e alongamentos. Estaremos, assim, prevenindo lesões, melhorando nossa qualidade de vida e garantindo maior segurança para quem gosta da prática esportiva. Esportes integram corpo e mente e, por isso, auxiliam no desenvolvimento neuromotor, fortalecem músculos e melhoram a capacidade de respiração”, pontua o especialista. De acordo com o Ministério da Saúde, 57,4 milhões de brasileiros têm, pelo menos, uma doença crônica. A prática de esportes entra como um importante aliado na prevenção dessas doenças, que atingem uma parcela preocupante da população. Ter regularidade em praticar esportes não só ajuda na saúde ísica, mas também na saúde mental. Ela previne e combate doenças como depressão e ansiedade. Através dela, encontramos refúgio para o estresse do dia a dia e nos tornamos indivíduos mais equilibrados e felizes. Até porque a prática de esportes promove um equilíbrio pessoal precioso.

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