Uma publicação do Sistema de Ensino Pueri Domus • Ano 7 • nº 22 • Abril / Maio / Junho
As angústias do século XXI A burocratização, a ausência da participação da família e a cobrança voraz por resultados são os principais desafios encarados por educadores na escola contemporânea. Compartilhar ideias pode representar alternativa para superar tais obstáculos
Receita premiada Trajetória de estudos, dedicação e a inserção em atividades lúdicas resultaram em centenas de casos vitoriosos nas escolas parceiras do Pueri
Vencer pela diferenciação Ser inovador é a chave de sucesso para superar a concorrência e mergulhar em “oceanos azuis” em meio a um “mar de ofertas”
Entrevista - Luis Carlos de Menezes: os caminhos e descaminhos da educação
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editorial
A propósito da Educação
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esta edição da Super Escola, propomos uma importante discussão acerca dos caminhos e descaminhos da educação em nosso País. Em tempos de alta produção do conhecimento, em suas mais variadas formas, e de pleno desenvolvimento de tecnologias voltadas para o setor, torna-se dever do educador problematizar o propósito das ações educativas no sentido da produção da diferença, seja no aluno, no educador, seja na instituição escolar. Para aquecer essa discussão, contamos com nosso colaborador de longa data, o professor Luís Carlos de Menezes que, em uma rica entrevista, nos provoca a pensar sobre a educação em tempos atuais. Ele defende a ideia de que a escola seja lugar de apresentação do mundo como questão aberta ao invés de um lugar seguro e de transmissão de conhecimentos fechados. O desafio atual é tornar a escola mais significativa para os alunos, principalmente para os jovens que cursam o ensino médio. Neste sentido, a matéria de capa – “Soluções para as angústias do século XXI” – aponta para as mudanças que vivenciamos no mundo atual e para a necessidade de a escola se rever e criar situações que estimulem a criatividade, a reflexão e o compromisso com a sociedade. Atentos a tal questão, o artigo “Lições do futuro profissional” também apresenta ideias que poderão gerar oportunidades de crescimento para os alunos, assim como diferenciais para as escolas parceiras. Outro aspecto importante a ser considerado é o papel dos gestores como facilitadores do processo de crescimento da escola como um todo. Para isso, temos de estar atentos a novos modelos estratégicos e de organização. A reportagem contida na seção Marketing/Gestão traz grandes contribuições sobre isso: Como vencer por meio da diferenciação?
escola que desenvolve as Melhores Práticas do Brincar. Isso é motivo de orgulho para todos nós, pois o programa envolveu a participação de 4 mil escolas de todo o País. A partir de agora, a Super Escola conta com uma nova seção – Caso de Sucesso – que irá apresentar por onde “andam” nossos ex-alunos. Entendemos que nosso trabalho educativo deve preparar o jovem a ter sucesso no vestibular e, principalmente, em sua vida profissional. As histórias aqui apresentadas evidenciam o quanto a escola deve ter um currículo abrangente, contextualizado e que valorize a aprendizagem permanente. E como a inovação faz parte do DNA do Sistema Pueri Domus, cumpre ressaltar que o projeto editorial da revista, a partir da edição 23, trará diversas novidades. A principal delas será a migração da revista de sua plataforma impressa para o formato on-line, de modo a conduzir os temas com maior interatividade, sinergia, rapidez e convergência midiática. Aproveito para convidá-lo a enviar depoimentos de seus ex-alunos para que possamos compartilhar entre todas as escolas parceiras. Escreva-nos: superescola@sistemapueridomus.com.br Boa leitura e grande abraço! Luis Antonio Laurelli Diretor Geral Sistema de Ensino Pueri Domus
Falando em estratégia, queremos destacar ainda a contratação de Mekler Nunes, que assume a posição de diretor superintendente dos Sistemas de Ensino da Pearson Brasil. Você poderá conhecê-lo melhor na entrevista que deu com exclusividade para nossa redação.
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Outro destaque diz respeito ao case do excelente trabalho desenvolvido pela Escola Viverde, de Bragança Paulista, que ganhou um prêmio nacional da Unilever por ser qualificada como uma
sumário
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CAPA
As angústias do docente no século XXI
A Super Escola é uma publicação do Sistema de Ensino Pueri Domus. Site: www.sistemapueridomus.com.br E-mail: superescola@sistemapueridomus.com.br
Os obstáculos que o educador enfrenta na escola contemporânea
Conselho Editorial Diretor Geral: Luís Antonio Laurelli Diretor Pedagógico: Altamar Roberto de Carvalho
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Gerente de Educação e Formação: Danielle Nogueira Buna Gerente de Marketing e Vendas: Marcos Antonio Muniz Gonçalves
MARKETING/GESTÃO
Coordenadora de Assessoria Pedagógica: Maria Teresa Canteras
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indicação de leitura
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ENTREVISTA Luis Carlos de Menezes: Os caminhos e descaminhos da educação
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institucional Mekler Nunes: O desbravador de fronteiras
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caso de sucesso Os alunos e suas carreiras vitoriosas
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inovação Pearson oferece programas de aprendizagem com certificação internacional
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Técnicas que auxiliam a vencer a concorrência pela diferenciação
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estudo de caso A importância das atividades lúdicas e de recreação para construção da aprendizagem
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espaço docente Intercâmbio de estudos para profissionais de escolas parceiras
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história do mantenedor Ademilde Tavares
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Artigo Altamar Roberto de Carvalho: A educação na era atual
Marketing Pueri Domus – Pearson Brasil: Fernando Nakamura Coordenação Geral: Altamar Roberto de Carvalho Projeto Editorial: Trama Comunicação Diretora de Redação: Leila Gasparindo (MTb: 23.449) Editora-chefe: Helen Garcia (MTb: 28.969) Editor: Adriano Zanni (MTb: 34.799) Reportagens: Adriano Zanni, André Salvagno, Caroline Pellegrino e Viviane Scultori Projeto Gráfico e Design: Arthur Siqueira e Fabiana Santos Revisão: Gisele C. Batista Rego (Istárion) Produção Gráfica: Fernando Nakamura Fotolito e Impressão: Cromat Artes Gráficas Ltda. Tiragem: 12 mil exemplares
INDICAÇãO DE LEITURA
As opções de obras selecionadas nesta edição prestigiam temas como liderança, coordenação de equipes e também desafios da educação brasileira. As obras são recentes e atualizadas com assuntos que ainda abordam avaliação de escolas e lições preciosas na área de gestão educacional. Boa leitura!
Pedagogia Escolar- Coordenação pedagógica e gestão educacional Ano: 2011 - 1ª edição Autor: PINTO, Umberto de Andrade Editora: Cortez Número de Páginas: 184 Preço: R$ 31,00 As mudanças de paradigmas sobre a docência e a pedagogia são abordadas no livro. A tradição histórica de atuação dos pedagogos nas escolas brasileiras, a crítica aos especialistas de ensino também são contempladas, assim como as perspectivas de atuação do pedagogo escolar. A obra ainda fala sobre a atuação da equipe diretiva da escola, as áreas de atuação do pedagogo escolar e a coordenação do trabalho pedagógico.
Perspectivas da Avaliação Institucional da Escola Ano: 2012 - 1ª edição Autor: LUCK, Heloisa Editora: Vozes Número de Páginas: 160 Preço: R$ 21,00 O livro aborda princípios, fundamentos e diretrizes da avaliação institucional da escola como instrumento da gestão escolar. Com esses conhecimentos, os gestores poderão estabelecer avanços e melhorias necessários para a qualidade dos processos educacionais.
O Brasil Fugiu da Escola - Motivação, criatividade e sentido para a vida escolar Ano: 2011- 1a edição Autor: Prof. Dr. Sérgio Kodato Editora: Butterfly Número de Páginas: 277 Preço: R$ 32,90 A obra é um retrato inédito e sem retoque do ensino fundamental. A leitura é especialmente indicada para educadores, profissionais, pais e autoridades envolvidas no processo da educação. Seu foco é na realidade educacional brasileira e também nas soluções práticas para valorizar a relação entre professores e alunos. Para o autor, este é o momento de reverter o quadro da educação.
Lições de Liderança - Sabedoria para futuros líderes Ano: 2011- 1ª edição Autor: SEELERT, Bob Editora: M. Books Número de Páginas: 256 Preço: R$ 75,00 As “Lições de Liderança” são formadas por 94 histórias da vida real, vivenciadas em 40 anos de carreira, que revelam ideias e práticas para qualquer um que intencione construir carreira executiva, como líder empresarial ou empreendedor. Neste livro, o autor apresenta sua abordagem centrada em princípios, práticas e estratégias para a tomada de decisões e solução de problemas. O leitor conhecerá os fundamentos de um negócio e uma base filosófica para a liderança.
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Entrevista
Luis Carlos de Menezes
Os caminhos e descaminhos da educação
Autor de materiais didáticos do Pueri Domus e coordenador do Ensino Médio aponta perspectivas para o cenário face às novas tecnologias utilizadas por alunos e professores em sala de aula
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ducação participativa em que professores são promotores da aprendizagem e alunos protagonistas é uma tendência crescente no ensino médio. A transmissão de conhecimento passa a ser substituída pela construção de ideias. Essas reflexões permeiam os conceitos que o educador Luis Carlos de Menezes acredita e expressa em suas obras literárias e nas diversas palestras que realiza. O profissional é docente desde 1974, colaborador sênior do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), orientador de doutorandos e mestrandos em Ensino de Ciências e Educação. Menezes também é professor de disciplinas do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e de Licenciatura em Física. O educador acumula experiências, sendo assistente científico na Carnegie-Mellon University, nos Estados Unidos, onde realizou seu Mestrado, e professor assistente da Universität Regensburg, Alemanha, onde concluiu o Doutorado. No Ministério da Educação, Menezes integra o Conselho Técnico Científico da
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CAPES para a Educação Básica. Coordenou ainda a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e integrou a equipe de concepção das Matrizes Curriculares do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Há cinco anos, é colunista regular da Revista Nova Escola, da Editora Abril, e publicou, recentemente, um livro de poemas Lições do Acaso (2010). Sua principal área de interesse atual é a formação de professores e a concepção de uma educação para a sociedade pós-industrial. Na entrevista a seguir, Menezes fala com exclusividade para a Super Escola sobre os desafios do ensino médio no País. Super Escola - Você é autor de materiais didáticos do Pueri Domus e também coordena o ensino médio. Como sua experiência nesta área se concretizou? Luis Carlos de Menezes - Começou há mais de uma década, com um seminário “A ciência e o futuro na encruzilhada”, que foi gravado em vídeo e prosseguiu com um amplo projeto coordenado por educadores do próprio Pueri Domus.
Ainda escreveu e organizou livros sobre formação de docentes, tais como Professores - formação e profissão (1996, e sobre física – A Matéria, uma aventura do espírito (2005). Também criou diversos textos didáticos de caráter científico, entre eles “Quanta Física – 2011”.
Super Escola - Quais são as perspectivas do cenário educacional mediante novas tecnologias às quais alunos e professores têm acesso? Luis Carlos de Menezes - Fazer uso das tecnologias de comunicação e informação não é dúvida, é uma certeza. Mas a escola não deve se tornar refém delas, e sim constituir um contraponto vivencial ao mundo virtual. Vivemos em uma era em que é preciso tornar mais significativa a presença dos jovens na escola e apresentar o mundo como questão aberta, não como cenário seguro e conhecido. As tecnologias ajudam nesse processo, certamente. Super Escola - O que há de envolvente hoje em termos de aprendizagem? Luis Carlos de Menezes - A maior participação real dos jovens, que não se conformam mais em ser meros pacientes da ação da escola. Os professores devem se compreender como promotores de situação de aprendizagem, e não mais como transmissores de conhecimentos ou agentes disciplinares.
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Vivemos em uma era em que é preciso tornar mais significativa a presença dos jovens na escola e apresentar o mundo como questão aberta, não como cenário seguro e conhecido
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Entrevista
Luis Carlos de Menezes
Para promover as qualificações desejadas, a escola de nível médio precisa ser um espaço de ação, de participação ativa, não de gente passivamente perfilada “assistindo aula”. Super Escola – Diante desse novo cenário, como preparar adequadamente esse aluno contemporâneo para os vestibulares e para a construção da carreira? Luis Carlos de Menezes Há várias estratégias, entre as quais o trabalho em grupo de alunos que almejam as mesmas carreiras, assim como reservar o último semestre para uma grande revisão conceitual. É preciso fazer da escola um ambiente de vida cultural ativa, em que produzir arte, ciência e praticar esporte sejam parâmetros curriculares, não extracurriculares. Super Escola - Os jovens do ensino médio, geralmente, são atraídos por jogos de diferentes plataformas. A familiaridade que os alunos têm com o conteúdo dos games está sendo aproveitada nos métodos pedagógicos? Luis Carlos de Menezes Não está, mas precisa estar. Todas as experiências que acompanho nesse sentido têm sido bem- sucedidas. Mas ainda são poucas.
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Super Escola - Como os pais podem contribuir para o sucesso nos processos seletivos universitários e na formação da carreira? Luis Carlos de Menezes - A escola pode dar instrumentos para os pais ajudarem na avaliação de competências dos filhos, em lugar de se queixar de sua omissão. Super Escola - Como os professores, gestores e pedagogos podem se preparar para oferecer educação de qualidade aos alunos do ensino médio atual? Luis Carlos de Menezes - Compreendendo que eles mesmos, os professores, devem aprender continuamente, inclusive com seus alunos. Por isso, gosto muito das atuações em que o Pueri Domus se envolve, em projetos que vão além da sala de aula, tangibilizando problemas reais da comunidade em que as escolas estão inseridas. Isso gera engajamento social e conceitual, sobretudo, para os docentes. Super Escola - Qual é a sua análise sobre a situação do ensino médio hoje no País? Quais são os pontos fortes e os que precisam ser adequados? Luis Carlos de Menezes - O ensino médio progrediu numericamente, dada a necessária e bem-vinda ampliação do acesso, mas continua com graves limitações. O nome “médio” já prenuncia um equívoco, que é a ideia de precisar ser seguido de outra etapa, em lugar de fazer jus à letra da lei que o define como etapa conclusiva da educação de base. Isso seria cumprido se, ao seu término, o
jovem tivesse o domínio de múltiplas linguagens, a capacidade de interpretar fenômenos e processos, de diagnosticar situações-problema, de argumentar, enfim, tivesse as competências do antigo Enem. Super Escola - Que modificações deveriam ser propostas para um ensino médio mais adequado? Luis Carlos de Menezes - Para promover as qualificações desejadas, a escola de nível médio precisa ser um espaço de ação, de participação ativa, não de gente passivamente perfilada “assistindo aula”. O mais complicado é que o que se segue ao médio muitas vezes reproduz o equívoco, ou seja, ser mera passagem para outra etapa leva de um problema a outro, pois parte do ensino superior hoje cursado não profissionaliza de fato. A formação de professores e sua carreira são pontos também frágeis, mas isso é agravado pela falta de um currículo efetivo, ou seja, de um percurso formativo real, em que as habilidades e vocações sejam de fato promovidas e mobilizadas. A reação dos estudantes à atual condição, ora de apatia, ora de indisciplina, está sendo percebida há um bom tempo. Vale acrescentar que este não é um problema unicamente brasileiro, e não será equacionado simplesmente por iniciativa da escola, mas por demandas sociais que estão ficando mais claras a cada ano. Também por isso, surgem novas propostas sobre como conduzir o ensino médio e o superior. Creio que não precisaremos esperar muito para vermos vicejarem práticas bem mais estimulantes e eficazes para a formação dos jovens.
INSTITUCIONAL
Mekler nunes
Reforço estratégico
Com experiência em análise de risco e desenvolvimento de projetos em todas as frentes educacionais, novo Diretor Superintendente dos Sistemas de Ensino da Pearson aposta em saltos de qualidade para o cenário educacional brasileiro
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raduado em Ciências Atuariais, ele é desses profissionais incessantes quando o assunto é atualização curricular e descoberta de novos cenários para estudos e pesquisas. Com uma formação bastante diversificada, cursou MBA em Gestão Empreendedora pela ESPM, em São Paulo, e também em Direção Estratégica pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, realiza mestrado em Direção Estratégica pela Universidad Léon (Espanha). Em fevereiro de 2012, Mekler Nunes foi convidado a assumir o cargo de Diretor Superintendente dos Sistemas de Ensino da Pearson.
Nascido no Rio de Janeiro, Mekler optou por delinear a carreira profissional na área de educação, após vasta experiência no ambiente corporativo. “Atuei em vários segmentos, tais como tecnologia na IBM, consumo na AMBEV e serviços na Vivo/Telefonica. Ingressei na educação em 2007, em meio à corrente de profissionalização e abertura de capital que tomava conta do setor”, relembra. Foi então que chegou à Pearson para atuar no desenvolvimento de novos projetos estratégicos, que gerem o crescimento qualitativo e regional dos sistemas. Entre os principais desafios que Mekler vislumbra para os Sistemas de Ensino do Grupo estão a consolidação de uma posição de liderança no Brasil. “A Pearson está em um patamar bastante privilegiado nesse sentido por possuir três plataformas que cobrem praticamente a totalidade das demandas do mercado nacional: Pueri Domus, COC e Dom Bosco, além de já ser líder no atendimento às prefeituras municipais por meio do Núcleo de Apoio à Municipalização do Ensino, outro sistema do Grupo”, enfatiza.
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Outro desafio, segundo o novo Diretor Superintendente, é manter o elevado nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento da Pearson. Brasil na mira Segundo o especialista, as tendências que se apresentam para o Brasil servem de combustível para os projetos de educação capitaneados pela Pearson. “A globalização já nos remete à ampliação do bilinguismo.
As demandas atuais e futuras do mercado de trabalho nos desafia quanto ao aprimoramento pedagógico para uma geração que atuará em negócios que provavelmente ainda nem existem”, pontua. A interação dos futuros cidadãos com o mundo requer uma nova didática na visão do executivo. “Será exigida uma atividade docente diferenciada. Plataformas de ensino, de interação, de gestão do conhecimento serão fundamentais para qualquer instituição. As escolas precisam facilitar o desenvolvimento de competências necessárias ao novo mundo corporativo. Aí está o nosso papel”, completa. O Pueri Domus está bem alinhado em relação às necessidades acima citadas porque desenvolve, há muitos anos, habilidades e competências em seus alunos por meio de sua intervenção pedagógica. A proposta de ensino ainda coloca os estudantes em condição de atender imediatamente às demandas do mercado de trabalho. Além disso, o Sistema continuará investindo em formação e apresentará as novidades durante EDUCAR 2012 e também em reuniões com mantenedores. “Haverá boas novidades em tecnologia, consolidando projetos embrionários que se mostraram efetivos em resultado de ensino-aprendizagem. Haverá ainda foco mais denso em formação docente, conforme a necessidade de cada escola. Além das atuais ofertas do próprio Sistema, serão apresentados produtos e serviços que tiveram êxito nos diversos países em que a Pearson atua”, finaliza. SUPER ESCOLA 9
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O organismo vivo que é a educação inclui pais, professores e sociedade. O que se observa, no entanto, é um excesso de liberdade por parte do educado e uma cobrança social, exigindo mais preparação e criatividade da escola. Entre as soluções apontadas para aproximar alunos e educadores destaca-se o compartilhamento de ideias
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“Há uma sociedade que cobra da escola um desempenho, independentemente dos recursos e da participação familiar. O foco tem sido os resultados que o aluno apresenta e se a escola está no ranking das melhores”, revela Silvailde de Souza Martins da Silva, mestranda em Gestão da Educação Básica, pela Universidade de Brasília (UnB).
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figura do professor que faz jornada dupla de trabalho e tem de lidar com alunos, muitas vezes, sem disciplina familiar é comum nas escolas brasileiras. Porém, o reflexo dessa rotina inexorável na vida dos educadores e na qualidade da educação é velado.
Muitos professores questionam ainda o desrespeito de determinados alunos, em função do perfil permissivo de alguns pais que dedicam menos tempo ao acompanhamento escolar dos filhos. “Para sanar conflitos desse tipo, é necessário o diálogo. Um ícone que devemos ter como subsídio é Paulo Freire. Ele não receitou, mas nos trouxe ao entendimento a ferramenta dialógica como algo preciosamente necessário para fortalecer a relação entre os sujeitos escolares”, afirma Silvailde. O especialista em Psicologia do Desenvolvimento e Processos de Aprendizagem pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Paulista de Psicologia, Lino de Macedo, lista
Somente de 1999 e 2004, o número de escolas particulares no Brasil aumentou 19%, passando de 29,5 mil para 35,2 mil instituições, enquanto a quantidade de estabelecimentos públicos diminuiu. Os dados são da Fundação Getulio Vargas (FGV), levantados a pedido da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).
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A burocratização de algumas escolas, a ausência da participação da família e a cobrança voraz por resultados são as principais causadoras de angústias enfrentadas pelos docentes nos dias atuais. O ritmo da sociedade cada vez mais tecnológica bem como a concorrência no setor educacional são outros fatores que geram desafios diários para os educadores, em especial os de instituições privadas.
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as agruras que o docente enfrenta
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outros fatores que influenciam o dia a dia do docente. “Um grande problema é a expectativa criada tanto pela sociedade, quanto pela família, a respeito do sucesso escolar das crianças. Vivemos um fenômeno que envolve maior investimento em educação. Além de exigir do professor o ensino de vários conteúdos, ele precisa desenvolver uma educação social e afetiva em relação aos alunos. Nem sempre todos estão preparados para isso”, reforça. Inversão de valores A burocratização é outro aspecto que, em excesso, torna-se um impasse quanto ao trabalho do educador. “Entristece-me ver na sala de aula um professor ao fundo, preenchendo relatórios. Aborrece-me, ainda mais, uma coordenação que se prende à elaboração de relatórios de disciplina para prestação de contas aos pais. Isso é uma inversão. Falta um olhar aprofundado sobre as questões em grande parte das escolas”, reforça a especialista. Muitas dessas angústias dos docentes podem ser sanadas com doses de dinamis-
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mo. Aulas mais participativas, com uso de tecnologia podem ajudar o professor a envolver os alunos. “Fazer uso das tecnologias é, sem exagero, questão de sobrevivência. As ferramentas podem auxiliar no trabalho pedagógico e devem estar integradas ao currículo. Como o professor que não conhece as redes sociais pode alertar quanto a seus perigos? Há um vocabulário diferente, que pode ser um tema riquíssimo para uma aula”, completa Silvailde. Macedo ainda dá dicas para os docentes lidarem com os desafios da sala de aula, principalmente em relação ao comportamento dos alunos. “O professor precisa conhecer muitos aspectos relacionados à gestão de conflitos, aprender sobre relações humanas. Hoje há vídeos-documentários, filmes e livros sobre o assunto. Há escolas que fazem o aluno e a família assinarem contratos de conduta e isso cria responsabilidade. Algumas instituições também utilizam monitores. Fórmulas existem, portanto. Basta saber aproveitá-las com consciência”, diz .
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Vencer pela diferenciação Com um mercado cada vez mais competitivo, ser inovador e apresentar diferenciais possibilita mergulhar em oceanos azuis. Aqui, especialistas apontam técnicas que auxiliam a vencer a concorrência e tornar-se único em meio a um “mar de ofertas”
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best -seller em vendas A Estratégia do Oceano Azul, de W. Chan Kim e Renée Mauborgne, tornou-se livro de bolso de muitos empresários e futuros empreendedores. Com mais de 200 mil cópias vendidas em todo mundo, a obra de capa azul e vermelha, conta como algumas empresas conseguiram nadar em diferentes “mares” ao criar novos mercados, sem rivais, tornando a concorrência irrelevante. Em suas 258 páginas, os leitores mergulham em uma intensa comparação entre oceanos, o vermelho, considerado sangrento e no qual a maioria das empresas está inserida, e o azul, límpido, inexplorado e com grande valor agregado. Um dos casos que mais chama atenção na obra é o case do Cirqué du Soleil, que deixou de competir dentro dos limites do seu setor e criou um espaço ainda não disputado no mercado. Desta maneira, ele tornou sua concorrência irre-
O livro apresenta uma nova maneira de pensar sobre estratégia, resultando em uma criação de novos espaços (o oceano azul) e uma separação da concorrência (o oceano vermelho). Os autores estudaram 150 ganhadores e perdedores em 30 indústrias diferentes e viram que explicações tradicionais não explicavam o método dos ganhadores. O que eles acharam é que empresas que criam novos nichos, fazendo da concorrência um fator irrelevante, encontram um outro caminho para o crescimento. O livro ensina como colocar em prática essa estratégia.
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levante. A estratégia possibilitou atrair um novo público que, em sua maioria, não era o frequentador tradicional de circo, mas sim de óperas, teatros e balés. Adultos e clientes corporativos começaram a pagar muito mais do que o preço normal de uma entrada para um simples espetáculo circense. Em contrapartida, vivenciaram uma experiência única e totalmente inovadora de entretenimento. Vermelho para a maioria Nas últimas duas décadas, fenômenos como o surgimento da internet e a crescente globalização dos negócios possibilitaram que os mercados se tornassem cada vez mais acessíveis. Além disso, hoje em dia, é fácil atrair talentos em qualquer parte do mundo, bem como importar produtos e serviços e obter informações e conhecimentos sobre o “como fazer” de tudo. Novos empreendedores e novas empresas “start-ups” lançaram-se nos variados setores com jovens modelos de negócio, às vezes, não tão novos assim, quase cópias. Os coreanos e chineses entraram com força nos setores eletrônico e automotivo (LG, Samsung, HTC, Hyundai e Jac Motors).
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Os brasileiros passaram a incomodar o mercado em setores como siderurgia (Gerdau) e aviação (Embraer). Os indianos atuaram em software (Tata, Infosys) e produtos farmacêuticos. Ou seja, o cenário passou a ser de concorrência global. “O jogo agora é outro. E para jogá-lo é preciso ter foco, consistência e, sobretudo, promover uma experiência única junto aos consumidores e clientes”, explica André Ribeiro Coutinho, diretor executivo da Symnetics. Para Coutinho, o mar vermelho significa uma situação competitiva em que todos os jogadores estão fazendo mais do mesmo. “Eles se copiam naquilo que fazem (não vão em busca da inovação) e acabam competindo somente por preço. A consequência desse mar sangrento é que alguns jogadores desaparecem ou se unem (fusões e aquisições) para tornarem-se mais fortes. Mas será que a saída não seria encontrar o oceano azul?”, questiona o diretor executivo. O tão esperado “Mudar é difícil, mas é possível”. Essas são as palavras do educador brasileiro Paulo Reglus Neves Freire. Nadar nesse mar demanda, em primeiro lugar, um modo de pensar diferente de quem está à frente dos negócios. Para André
É preciso visão de futuro dos gestores, criar e investir (recursos humanos e financeiros) em projetos cujos resultados serão alcançados após dois, três anos André Ribeiro Coutinho, diretor executivo da Symnetics
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A migração A lógica empresarial de atingir resultados em curto prazo, de cumprir orçamentos, leva-nos a atitudes mais imediatistas no cenário de negócios, alertam os consultores. Apostar no oceano azul é arriscar no médio-longo prazo. “É preciso visão de futuro dos gestores, criar e investir (recursos humanos e financeiros) em projetos cujos resultados serão alcançados após dois, três anos. Criar um ambiente de diálogo com alunos, pais, professores e gestores da escola no intuito de
Também é preciso estimular a realização de novos experimentos educacionais com ideias desenvolvidas pelas pessoas. “É importante incentivar a imaginação, criatividade, inovação e, principalmente, o espírito empreendedor dos alunos. O mundo atual precisa disso urgentemente. De pessoas que sejam capazes de criar soluções e novidades, com iniciativa própria, garra, assertividade, perseverança e que queiram melhorar o mundo em que vivemos”, complementa Chiavenato.
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Ricardo Chiavenato, professor e diretor executivo do Instituto Chia-
Chiavenato ainda complementa: “empresas como o Google, Facebook e Apple conseguiram fazer o diferencial. Encantaram as pessoas e tornaram-se imprescindíveis e admiradas. Elas surgiram a partir do espírito empreendedor de seus criadores, que mudaram as regras do mercado”, ressalta.
Determinação, experimentação, prédisposição a riscos e investimento nas ideias nascentes também são algumas das prioridades. É possível transferir-se para o mar azul, mas é necessário abertura por parte dos gestores. Oferecer ambiente e estímulo para que os alunos, pais, professores e gestores da escola estejam em contato com novas tendências do mundo atual, em diferentes áreas e que possam se inspirar e conectar-se com o novo mundo.
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Atualização constante As empresas precisam “abrir” espaço para novas possibilidades e, para tanto, devem estar “ligadas” nas tendências, no que acontece no mundo em termos sociais, comportamentais, culturais e tecnológicos.
entender seus reais sonhos e preocupações e possibilitar que eles cocriem novos caminhos (programas educacionais, serviços, espaços de interação) para a escola”, aponta André.
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“Tradicionalmente, as escolas são detentoras do saber transmitido por meio de seus professores e pesquisadores. Temos percebido que a aprendizagem significativa é aquela em que o aluno, mais do que um receptor passivo de informações e conhecimentos, é conduzido a refletir sobre sua vida ou prática social ou profissional (se ele já trabalha), junto a outros indivíduos. Em seguida, ter contato com novos conceitos com os quais irá construir a sua “própria ideia” sobre as coisas”, explica Coutinho.
venato de Educação, acredita que há falta da prática da imaginação e do desprendimento quanto aos paradigmas atuais. “O oceano azul é uma ficção. Um mundo ainda inabitado. É considerado um mercado ainda virgem e um nicho cheio de promessas. Mas ele só surgirá quando se criar algo inteiramente”, explica.
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Coutinho, os gestores de escolas, por exemplo, precisam estar abertos a compreender as mudanças que estão acontecendo na sociedade, no comportamento dos alunos e pais, nas tecnologias de informação e em toda comunicação.
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Os alunos e suas carreiras vitoriosas
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Trajetória de estudos, horas de dedicação e inserção em atividades lúdicas resultaram em centenas de casos vitoriosos nas escolas parceiras do Sistema de Ensino Pueri Domus
O resultado de um bom trabalho durante a vida escolar pode se traduzir em sonhos realizados e competência pela qual os ex-alunos das escolas parceiras do Sistema de Ensino Pueri Domus são reconhecidos mundo afora.
zendo perguntas intrigantes que denotavam um repertório cultural e acadêmico acima da média. Isso se devia, em boa parte, ao estímulo recebido de sua família e do hábito de leitura”, explica Wendel Ferraz, coordenador pedagógico do Colégio Jandyra. Após concluir o ensino médio, Rafael passou no curso de Direito, em 2005, na Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), sem a Divulgação
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ais do que ser aprovado em um vestibular bastante concorrido, é preciso desenvolver uma aprendizagem ampla e duradoura para encarar os desafios que a vida em sociedade traz. A conquista de uma carreira sólida e de uma educação de qualidade exige muito mais do que ensinar “macetes” de provas e envolve, entre outros fatores, debates e oportunidades que levam o aluno ao pensamento crítico.
Diante de uma sociedade multidisciplinar, a educação básica e, principalmente, o ensino médio devem ser abrangentes de modo a estimular a construção da aprendizagem permanente. Esses conceitos foram fundamentais para a carreira de Rafael de Almeida Rosa Andrade que, aos 25 anos, foi aprovado no Mestrado em Direito da Universidade de São Paulo (USP). Rafael estudou por nove anos no Colégio Jandyra, em Limeira (SP), parceira do Pueri.
necessidade de realizar curso preparatório e, quatro anos depois, formou-se bacharel. “Eu sempre gostei das matérias relacionadas a humanidades, mas a escola me ajudou muito com exercícios envolvendo temas da atualidade e interdisciplinares”, relembra.
“O Rafael sempre foi um aluno responsável e dedicado. Seus professores o elogiavam pela postura participativa, sempre fa-
Atualmente, Rafael é advogado associado em um renomado escritório de advocacia, em São Paulo. Ele lembra que o gosto
pela leitura foi bastante influenciado pelas atividades do colégio. “Eu adorava os fascículos do Pueri Domus, os temas são interessantes, dão caráter orgânico à matéria e os eventos da escola, como a Semana de Filosofia e Desfile de 7 de Setembro, reforçavam os conteúdos vistos em sala de aula”, atesta. As amizades sinceras dos tempos de colégio também são algo marcante na vida de Rafael. “Tenho bons amigos do Jandyra, inclusive a minha namorada estudou no mesmo colégio. São lembranças que carregarei para sempre comigo”, conclui. Carreira bem-nutrida Gabriela Fornagieri Fernandes é ex-aluna do Colégio Maria, em Jaboticabal (SP), e aos 17 anos foi aprovada em diversos vestibulares para o curso de Nutrição. Totalizou aprovações em seis universidades: USP, Unesp, Unicamp, Unifesp, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Universidade Federal de Lavras (UFLA). Ela estudou no Colégio Maria, do segundo ano do ensino fundamental I ao terceiro ano do ensino médio. Atualmente, a jovem mora em Ribeirão Preto (SP) e estuda na Universidade de São Paulo (USP). “A Gabriela sempre foi estudiosa. Acredito que o número reduzido de alunos por
Vídeo apresenta depoimentos de ex-alunos do Colégio Jandyra http://youtu.be/tQxtP1ZMSvU
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Segundo a jovem, o ambiente proporcionado pela escola também contribuiu para a sua formação. “Acredito que a maneira como os professores davam aula facilitou muito o aprendizado. As aulas eram dinâmicas e eles conversavam sobre como seria a vida depois do colegial. Agora na faculdade, sinto falta das aulas, dos professores e de todo o pessoal. A relação aluno-professor é um pouco distante.”
Para a aluna, a escola forneceu a base necessária para os conteúdos cobrados no vestibular. “Além, é claro, de auxiliar no desenvolvimento de várias habilidades como interpretação, raciocínio, capacidade de se expressar. A escola sempre me ajudou, os professores principalmente”, diz.
Busca pela toga e diplomacia Entre os casos bem-sucedidos de ex-alunos há inúmeras estórias inusitadas como a da estudante Lia Freitas Lima, aprovada em direito pela USP, no ano de 2011. Ela ainda ficou em segundo lugar no mesmo curso na Unesp, em primeiro na Universidade Esta-
A paixão pela diplomacia foi o estímulo para a escolha do curso. “O que me fez escolher Direito foi o desejo de seguir carreira diplomática. Conversar com meus professores sobre a profissão foi bastante esclarecedor. Os professores se dispuseram a fazer plantões, aulas de sábado, inclusive. Eu
lembro desse empenho com um carinho muito especial”, emociona-se Lia. Paixão pela medicina Eric Schwellberger Barbosa sempre quis ser médico. Ele estudou na Escola Viverde, em Bragança Paulista (SP), por uma década e, aos 18 anos, realizou seu sonho, sendo aprovado em Medicina pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Para o estudante, diferentes fatores contribuíram para sua vitória. “A dedicação e o estudo, mas também o incentivo dos pais, professores e amigos. Acredito que a principal contribuição da Escola Viverde foi o fato de que ela me ensinou a buscar o conhecimento além da sala de aula, o que despertava muito mais o interesse e solidificava o aprendizado”, relembra. Sua estratégia de estudo começou no segundo ano do ensino médio. “Eu comecei a dedicar boa parte do meu dia revisando conteúdos. Meu pai sugeriu uma tabela com dias certos para cada matéria. O método deu certo e, às custas de alguns finais de semana e férias, consegui estudar muito”, conta o jovem que faz planos para o futuro. “Agora minha preocupação é ter um bom aprendizado e me preparar para a residência médica, que é praticamente outro vestibular, daqui a seis anos”. Divulgação
Gabriela conta que sempre estudou duro e que, a partir do segundo ano do Ensino Médio, passou a se dedicar mais. “Eu prestava a atenção na aula, fazia resumos e os exercícios. Como não deixei de fazer as coisas que gostava (academia, inglês, vôlei) não tinha muito tempo durante a semana, então eu passava praticamente o fim de semana inteiro estudando”, revela.
A estudante vitoriosa nas provas revela o segredo: “Comecei a definir uma disciplina de estudo no terceiro ano. Estudava de manhã na escola, à tarde, revisava o conteúdo, não só a matéria do dia como também conteúdos do primeiro e segundo anos do ensino médio. Dediquei o primeiro semestre a aprofundar as matérias em que tinha mais dificuldade e a ler os livros obrigatórios. A partir do meio do ano, revisei tudo e fiz muitas, muitas provas”, conta Lia satisfeita. Divulgação
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sala (máximo 20), a atenção do educador às dúvidas dos alunos, a rotina de estudos desde o primeiro ano do ensino médio são fatores fundamentais que impulsionam os estudos”, explica Grazielli Gracioli de Mattos, coordenadora pedagógica do Colégio Maria.
dual de Maringá (UEM) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A jovem que estudou 11 anos no Colégio Euclides da Cunha, em Ilha Solteira (SP), tem somente 17 anos e, desde o início de 2012, estuda na USP de Ribeirão Preto.
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INOVAÇÃO
PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM
Lições do futuro profissional Programas de aprendizagem com certificação internacional oferecidos pela Pearson desenvolvem competências profissionais em alunos de escolas parceiras do Sistema de Ensino Pueri Domus. Escola Crescimento, do Maranhão, foi o piloto da solução
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iderança, trabalho em equipe e outras competências são indispensáveis aos futuros profissionais do século XXI. Ciente do papel da escola na preparação do jovem para o mercado de trabalho, a Escola Crescimento, de São Luís (MA), foi a primeira da América Latina a aderir aos programas de qualificação profissional com certificação internacional conhecidos como BTEC (Business & Technology Education Council), trazidos ao Brasil pela Edexcel, empresa do grupo Pearson. Os programas BTEC vêm sendo desenvolvidos há 170 anos. Em 2005, a Pearson adquiriu essa linha de produtos. Hoje, são mais de mais de 5,5 mil qualificações desenhadas, desenvolvidas em conformidade com o sistema educacional britânico e com o mercado de trabalho, por meio de reuniões com comitês setoriais para verificar se as qualificações estão de acordo com a realidade de mercado.
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A Pearson é, hoje, o maior órgão de certificação autorizado pelo governo britânico para desenvolver programas educacionais de curta e longa duração.
Ao planejar a inserção dos programas BTEC no Brasil, a Pearson identificou que uma entre as milhares de qualificações se encaixaria perfeitamente à realidade das escolas de ensino fundamental e ensino médio do País: a BTEC WorkSkills, que diz respeito às competências ligadas às possibilidades de trabalho.
Uma forma de tornar viável a preparação do jovem para o mercado de trabalho o quanto antes é desenvolver competências-chave que conectem a escola ao empresariado
Em 2009, a empresa fez um estudo intitulado “Educação efetiva para o emprego”, junto a 25 países. O objetivo era identificar se o perfil de competências do jovem que sai da escola é o mesmo demandado pelas empresas. A pesquisa apontou como emergencial a necessidade de preparar o jovem para o mundo corporativo. “Uma forma de tornar viável a preparação do jovem para o mercado de trabalho o quanto antes é desenvolver competências- chave que conectem a escola ao empresariado”, garante Jorge Dores, gerente de Desenvolvimento Regional da Edexcel.
Piloto de sucesso A BTEC WorkSkills é aplicável a alunos a partir de 14 anos – do nono ano do ensino fundamental ao terceiro do ensino médio. Ao constatar que as escolas poderiam inserir a qualificação em suas grades ou até mesmo oferecê-la como uma atividade extra, a Pearson decidiu apresentar a solução ao mercado. Era preciso um projeto-piloto e, então, a Escola Crescimento entrou na história. O colégio maranhense já tinha um projeto de voluntariado. A turma do segundo ano do
Jorge Dores, Edexcel
A intenção é que o jovem brasileiro participe de situações diferenciadas na escola, que lhe darão suporte para o ingresso na vida profissional. Além disso, os alunos participantes receberão um Certificado Internacional que possibilitará um currículo diferenciado no mercado de trabalho mundial.
Os alunos têm mais autonomia e são preparados para lidar com situações que encontrarão no mercado de trabalho. Até a disposição da sala foi pensada para tornar a atmosfera mais próxima do mundo corporativo Adrianne Castro, Escola Crescimento
TRABALHO
LIDERANÇA
EM
EFICIÊNCIA
EQUIPE Shutterstock
Adrianne Castro, diretora da Escola Crescimento, conta que sair da sala de aula para outro formato de curso é algo que mexe com os alunos. “Nesse novo ambiente, eles têm mais autonomia e são preparados para lidar com situações que encontrarão no mercado de trabalho. Até a disposição da sala foi pensada para tornar a atmosfera mais próxima do mundo corporativo”, explica.
Modelo tropicalizado Com base no piloto de sucesso, a Pearson formatou um novo produto para oferecer às outras escolas. Nasceu, então, O Empreendedor, programa que trabalha com competências ligadas ao empreendedorismo. Em linhas gerais, é um material que orienta melhor aos professores sobre como trabalhar com as qualificações BTEC.
VISÃO
ensino médio planejava um evento junto a uma instituição carente. Era algo interessante, mas informal, segundo Jorge. Como, nesse caso, as competências de voluntariado e autoavaliação são chave e estão mapeadas pela WorkSkills, o colégio aceitou participar do piloto e desenvolveu um programa formal seguindo os padrões da qualificação para que os alunos obtivessem a certificação internacional.
ESTRATÉGIA
ÉTICA
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SALA DE AULA Entrevista
ESTUDO DE CASO
É brincando
que se aprende
Premiação recebida por escola parceira do Pueri Domus, de Bragança Paulista, reacende a discussão sobre a importância das atividades lúdicas e de recreação para construção da aprendizagem. Selo outorgado à Escola Viverde ampliou ainda mais a visibilidade da instituição perante a comunidade local
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ue brincar é muito bom, todo mundo já sabe. Mas poucos têm conhecimento que esse simples e infantil ato deve ser considerado importante e essencial na infância para construção do processo de aprendizagem. E não apenas para as crianças, os adolescentes também podem e devem participar de atividades lúdicas. As brincadeiras auxiliam em todo o desenvolvimento do indivíduo e em sua relação com os demais.
Realizado pela Unilever, o Programa reconhece escolas que valorizam a importância do brincar e do aprender pela experiência em suas práticas escolares. “Brincar e jogar são formas de desenvolvimento. Apesar de não saberem disso, ao realizar essas atividades, as crianças vivenciam experiências únicas e fundamentais no processo de construção do seu próprio futuro”, destaca Maria Regina Zago Leite da Silva, diretora da Escola Viverde.
Com base nesse contexto, algumas escolas parceiras do Sistema de Ensino Pueri Domus têm construído estudos de caso muito profícuos para serem disseminados para outras instituições, reconhecidos até por organismos internacionais por meio de premiações.
Mudança de paradigmas Antigamente, as brincadeiras se passavam no quintal de casa ou mesmo nas ruas e vielas onde as famílias habitam. Hoje, cenas como essas são cada vez mais raras. Afinal, quantas famílias têm área de lazer disponível em suas residências? Ou então, quem deixa os filhos brincarem na rua, mesmo que seja em frente a suas casas?
A Escola Viverde Escola, localizada em Bragança Paulista (SP), é um desses exemplos. Recentemente, foi premiada com o selo “Aqui se Brinca”, do Programa pelo Direito de ser Criança.
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Na Viverde, os alunos têm a oportunidade de fazer tudo isso com um espaço adequado e atividades monitoradas por instrutores devi-
damente capacitados. Aliás, aí está o grande foco do projeto. A escola conta com 530 alunos, de 1 a 18 anos. Localizada na zona rural de Bragança Paulista, o colégio é considerada uma eco-escola. “Estamos em um local que proporciona aos frequentadores um ensino diferenciado. Temos o privilégio de ter um rio que corta a escola. Nele, os alunos podem desenvolver diferentes atividades. E eles adoram”, relata Regina. As aulas diárias fazem que os pequenos brinquem livremente em contato direto com o meio ambiente, com colegas de diferentes idades, o que também leva ao manuseio de materiais não estruturados. “Nossos professores e funcionários estão sempre em total atenção à metodologia que preconizamos. As crianças precisam produzir enquanto brincam para que as atividades lúdicas tenham reflexo em seu processo de aprendizagem”, enfatiza Regina.
plo da brincadeira em uma idade avançada são as aulas de Física”, conta Regina. Para atrair o interesse dos alunos, o professor utiliza seu carro Fusca como laboratório. “A intenção é aproximar mais os estudantes do dia a dia. O mestre usa várias partes do carro para ensinar a disciplina. Essa forma de lecionar faz parte da atividade de brincar”, conclui a diretora.
O contato com a produção de papel reciclado, reutilização de materiais, recolhimento de água da chuva, produção de energia solar e coleta seletiva de lixo também fazem parte do cotidiano escolar. Todo esse trabalho faz que os pequenos reconheçam, desde seus primeiros anos de vida, como tratar melhor a natureza e sua real importância. Sentem-se realmente parte integrante dela.
Reconhecimento Para a Viverde, receber a premiação da Unilever significa reconhecimento pelo trabalho realizado e um avanço nos modelos de ensino. “Fomos reconhecidos nacionalmente como uma escola que acredita nos valores humanos. Nós investimos na formação de nossos educadores e buscamos sempre estar em consonância com as melhores práticas e teorias educacionais. Isso nos mostra que estamos no caminho acertado”, conta Regina.
“Nossos funcionários são treinados para lecionar. Eles precisam entender o brincar e, para isso, estudam e se desenvolvem a fim de, futuramente, avaliarem os alunos”, explica Regina. Os coordenadores organizam diariamente a escola para que as crianças tenham tempo e o espaço para realizarem as tarefas, assimilando a conscientização do cuidado com a sociedade e com o planeta, além de valorizarem a cultura local. “É importante ressaltar que brincar não envolve somente os pequenos. A atividade vai até o ensino médio. Um exem-
para uma expedição pelo Brasil para pesquisar e documentar as mais diversas manifestações das crianças brasileiras: seus gestos, saberes e fazeres, por meio do que lhes é mais genuíno: o brincar. A participação da escola de Bragança Paulista se dará no intercâmbio de saberes entre as crianças e educadores envolvidos no projeto. A história da premiação No Brasil, a Unilever/Omo e o Instituto Sidarta aderiram ao movimento que teve início na Dinamarca para desenvolverem essa premiação. A iniciativa reconhece escolas de todo o Brasil pelas práticas do brincar em prol do desenvolvimento infantil.
Após a conquista do prêmio, a procura por novas vagas em salas de educação infantil aumentou significativamente. A escola acredita que a participação no concurso e o bom resultado alcançado tornaram ainda mais visível o diferencial da Viverde e tudo que ela proporciona para seus alunos.
Em 2011, mais de 4 mil escolas de todo o País participaram. Após um processo seletivo entre as inscritas, foram realizadas várias etapas e somente 18 escolas foram selecionadas, sendo que 15 delas receberam a qualificação Boas Práticas do Brincar e apenas três as Melhores Práticas do Brincar. Entre as três primeiras colocadas estava a Viverde.
E as conquistas não cessaram por aí. Houve outros desdobramentos. A Viverde recebeu convite para ingressar como escola parceira no “Território do Brincar”. O projeto é uma iniciativa da educadora Renata Meireles e do documentarista David Reeks que, mais uma vez, caminham
Além do selo, a escola de Bragança foi premiada com um parque desenvolvido para potencializar a experiência do brincar, feito com brinquedos modulares e de materiais sustentáveis. Fora isso, também pode compartilhar a conquista indicando outra escola para receber material semelhante.
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Algumas das atividades exercidas pelas crianças são pouco comuns hoje em dia. Entre elas estão: plantar, peneirar húmus, fazer composteira, montar espiral de ervas, alimentar diferentes animais, colher frutas diretamente das árvores nativas e cozinhar no fogão à lenha. Além disso, na Viverde, os pequenos vivenciam diariamente os princípios da sustentabilidade.
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intercâmbio de estudos
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ESPAÇO DOCENTE Entrevista
Por meio do Intercâmbio de Estudos, profissionais de escolas parceiras podem se aprofundar em boas práticas e tendências pedagógicas que são referência mundial
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nvestir na formação do corpo docente das escolas parceiras é uma das premissas do Sistema de Ensino Pueri Domus, que considera o aperfeiçoamento constante algo fundamental no atual cenário educacional. Por isso, promove eventos educacionais para manter professores, coordenadores e mantenedores atualizados acerca das principais práticas e tendências pedagógicas em discussão no mundo. Um dos programas de destaque organizado pelo Pueri Domus é o Intercâmbio de Estudos, que leva representantes de escolas a outros países para participarem de encontros nos quais conhecem e compartilham conhecimentos e experiências multiculturais e interdisciplinares com profissionais que vivem outras realidades econômicas, sociais e culturais.
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Em 2011, o Pueri Domus promoveu duas viagens a Buenos Aires, na Argentina, em abril e outubro. Educadores de várias partes do Brasil seguiram rumo ao Colegio Aletheia, referência no segmento educacional do país vizinho. O objetivo da viagem foi aproximar os professores das práticas pedagógicas realizadas na Argentina, por meio de um estudo conjunto de diferentes projetos, propostas de avaliação e registros, bem como pela participação como professores-ouvintes em diversas turmas para conferir de perto o plano de aula e a interação dos alunos. Luis Antonio Laurelli, diretor geral do Sistema de Ensino Pueri Domus, diz que as viagens foram excelentes para os profissionais se aprofundarem nos estudos sobre documentação pedagógica. “Pudemos aprender como registros organizados se transformam em poderosa documentação pedagógica a serviço dos educadores”, relata.
O Colégio O Bom Pastor, de São Luís (MA), enviou duas diretoras e duas gestoras pedagógicas ao território portenho. E o balanço das viagens é bastante positivo, segundo Marta Carvalho, diretora do colégio. “Conhecemos o trabalho da escola Aletheia e seus respectivos espaços. Pudemos constatar a relação entre a proposta e a prática em sala de aula. Foi uma experiência única e enriquecedora, que nos possibilitou um olhar diferenciado sobre as práticas pedagógicas por meio de cenários que nos inspiram”, compartilha. O Colégio Aletheia se destaca pela utilização de uma metodologia inspirada no modelo pedagógico Reggio Emilia, cuja proposta é criar uma rede de comunicação constante entre criança e professor, considerando Nasceu após a Segunda Guerra Mundial, na cidade italiana de Reggio Emilia, com a proposta de mostrar às crianças que, com união, os objetivos podem ser atingidos
Foto:Divulgação
Foi uma experiência única e enriquecedora, que nos possibilitou um olhar diferenciado sobre as práticas pedagógicas por meio de cenários que nos inspiram
“Registramos o que as crianças dizem e fazem, ou alguma cena que percebemos representar significativamente o pensamento ou sentimento da criança. Esses registros podem ser anotações escritas, fotografias, vídeos ou gravações de áudio das produções das crianças. Esse material nos abre a possibilidade de olhar, escutar e compreender mais profundamente as teorias que elas vão construindo”, explica María Victoria Alfieri, diretora geral do Colégio Aletheia. Segundo ela, os registros são parte importante da documentação pedagógica, mas não os únicos. A diretora afirma que é necessário realizar um processo
de análise, discussão, reflexão e interpretação, aberto e democrático, para que a documentação se torne uma ferramenta valiosa que permita entender melhor os processos de pensamento das crianças, suas teorias e emoções. “Com base nisso, é possível construir propostas pedagógicas repletas de significado”, completa.
“O professor é trabalhador do conhecimento, cuja dinâmica faz que a educação assuma caráter de permanente recomeço e renovação”, complementa.
Conhecimento em prática O corpo docente da Escola Crescimento já tem implementado alguns dos conceitos absorvidos nas viagens à Argentina. A aplicação se dá de forma pensada, planejada por meio de projetos, documentações e ciclos de formação. Para Martha, iniciativas como o Intercâmbio de Estudos fazem jus à frase do autor José Frederico Marques:
O programa continua... Graças ao sucesso das viagens realizadas em 2011, o Intercâmbio de Estudos continuará neste ano. O objetivo do Pueri Domus é ser cada vez mais presente no desenvolvimento de profissionais e instituições parceiras. Do ponto de vista de Altamar Carvalho, diretor pedagógico do Sistema de Ensino, as viagens de estudo representam uma ação formativa essencial.
Foto:Divulgação
que o aluno fala em múltiplas linguagens e expressões no intuito de dizer algo. Nesse contexto, o educador assume o papel de ouvinte e observador, registrando as falas na documentação pedagógica. É um instrumento privilegiado da Pedagogia da Escuta.
Marta Carvalho, Colégio O Bom Pastor
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história do mantenedor
ADEmILDE TAVARES
Educação
vem de berço
Mantenedora do Pueri Domus na Cantareira passou alguns anos sem exercer atividade docente, mas a vocação falou mais alto. O lado “professora”, que já se manifestava na infância, fez que Ademilde Tavares retomasse antigos sonhos e descobrisse novos caminhos adormecido por um tempo, no período em que trabalhou com o marido na rede de lojas Virtual Music. Aparentemente, a atuação numa rede varejista do ramo musical não teria como contribuir muito para o desenvolvimento da educadora. Contudo, o contato diário com os fun-
cionários mostrou a ela o quão necessária é a educação escolar de qualidade. Nasce o Pueri Cantareira Para a alegria da professora, a inquietação chegou ao fim quando surgiu o convite para participar de um grupo de Divulgação
a
demilde Tavares sempre demonstrou afinidade com questões relacionadas à educação. Nascida em berço presbiteriano, quando criança, participava de aulas religiosas. Não demorou muito, tornou-se docente de outras crianças. Desde então, muita coisa aconteceu, até a professora “Dê” (como gosta de ser chamada) participar da criação da unidade do Pueri Domus na Serra da Cantareira, da qual é sócia-mantenedora. Após ministrar aulas na educação infantil, ela iniciou um trabalho com adolescentes na igreja que frequentava. Mais tarde, integrou atividades de evangelização em favelas, época em que teve contato muito próximo com o analfabetismo. “A experiência com a alfabetização marcou de tal maneira minha vida que, mesmo depois de me casar com um português e de alguns anos residindo em Portugal, não consegui me desvencilhar desta nobre vocação”, relata. A professora “Dê” conta que o desejo de exercer a docência permaneceu
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No “pé da Serra”: a parceria entre a educadora e o Pueri se consolidou a aprtir de 2003
pessoas que realizariam um estudo de campo na Serra da Cantareira, na zona norte da cidade de São Paulo. A região necessitava de uma escola de qualidade para atender aos moradores locais, sobretudo, por causa do aumento populacional que ocorrera por lá. A partir de 2003, as histórias de Ademilde e da unidade Pueri Domus Cantareira se misturaram. Para atender à demanda local, uma parceria entre empreendedores e as professoras Roberta e Fernanda Zocchio, fundadoras do Pueri Domus, deu vida ao projeto. Em 2007, o colégio iniciou suas atividades já com a proposta de contar com profissionais altamente qualificados e uma metodologia de ensino vanguardista, à qual a Pearson tem dado continuidade. Parceria de sucesso A unidade cresce a cada ano. Fiel à causa de que o ensino precisa ser de extrema qualidade, Dê ressalta que os professores do Pueri Cantareira são educadores com ótima formação pedagógica e sempre atualizados graças aos rotineiros cursos complementa-
res disponibilizados pelo Sistema de Ensino Pueri Domus. Comprometida com os valores que norteiam sua atuação como docente, Ademilde revela que a escola tem seu projeto pedagógico embasado em uma filosofia que contempla o estudante como sujeito de seu processo de aprendizagem, tendo como missão ser um centro de referência e excelência em educação. “Temos atividades programadas cujo objetivo é promover a interação, a convivência, o desenvolvimento da aprendizagem e a capacidade de socialização dos estudantes, visando sempre destacar os aspectos intelectuais e sociais”, explica. A escola oferece diversas atividades extracurriculares nas áreas esportiva, artística e cultural. Pela experiência que teve ao trabalhar com comunidades carentes, Dê entende que nenhum currículo, por mais completo que seja, consegue atender aos múltiplos interesses dos estudantes. “A própria vida ensina muito, mas cabe também à escola proporcionar o máximo possível de alternativas, em todas as áreas do conhecimento”, enfatiza. No Pueri Cantareira, os estudantes aprendem a conhecer, fazer, conviver e ser. É por meio desta abordagem, aliada à qualidade de vida proporcionada pela natureza que a circunda, que a escola constitui seu diferencial, respaldada pela experiência de sua mantenedora que, ao longo de sua trajetória pessoal e profissional, percebeu a importância da educação para que não haja abismos culturais entre os membros de uma mesma sociedade.
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A experiência com a alfabetização marcou de tal maneira minha vida que, mesmo depois de me casar com um português e de alguns anos residindo em Portugal, não consegui me desvencilhar desta nobre vocação
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opinião
Altamar roberto de carvalho
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Educação na era atual Altamar Roberto de Carvalho é Diretor Pedagógico do Sistema de Ensino Pueri Domus
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randes mudanças vêm ocorrendo em todo o mundo, nas últimas décadas. Entre elas, vale destacar o desenvolvimento tecnológico, o crescimento e a globalização das informações e da economia. A mudança faz parte da história, ela sempre aconteceu desde os primórdios da humanidade. O que transformou-se de fato foram a rapidez e a agilidade com que tais mudanças vêm surgindo. Uma marca forte deste período são os avanços tecnológicos que, por um lado, oferecem possibilidades de melhorias de vida para o âmbito público e privado, sendo que, por outro, trazem consigo novos hábitos, comportamentos e valores. Isto implica na necessidade de revermos a forma como educamos. O ritmo vertiginoso com que as coisas se apresentam faz que tudo a nossa volta tenha um caráter de transitoriedade intensificada, onde os fluxos de informações, pessoas, ferramentas, imagens se modificam rapidamente. Diante deste quadro, onde as modas tornam-se obsoletas em um pequeno espaço de tempo, é necessário rever o papel da escola e do educador. Tudo ao redor é pura velocidade. A mídia expõe um universo de celebridades, mitos, produtos milagrosos (que realizam todos os desejos), com tal grau de intensidade que tais elementos geram dúvidas sobre o que é verdadeiro ou falso, virtual ou real, original ou cópia. E como fica a escola diante deste quadro? Ela tem que entrar neste ritmo?
Edgar Morin, sociólogo francês e grande pensador da era atual, ressalta que é preciso elaborar uma nova forma de trabalhar com o conhecimento e, assim, na escola, ao invés da simplificação, memo-
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rização excessiva e da fragmentação de saberes, é necessário trabalhar com o conceito de complexidade. É preciso retomar a função da escola: ela existe para possibilitar o contato do aluno com o conhecimento produzido pela humanidade. O aluno deve conhecer (e valorizar) as diferentes ciências e ser incentivado a ampliá-las, revê-las, recriá-las, ou refutá-las. A escola tem que ser permeável, contextualizar as ideias ali trabalhadas e incentivar a capacidade criativa e ética de seus alunos. Por isso ela não pode ser “acelerada”, porque pensamento não é acelerado. O homem se diferencia de outros animais por sua inteligência, mas ela tem que ser incentivada, estimulada e, na atualidade, não existe lugar melhor que a escola para fazer isso. Na era das tecnologias de ponta, é necessário que ferramentas como lousa-eletrônica, tablets, data-shows e e-books sejam utilizados, mas sem perder o foco. O trabalho do educador é utilizar estas ferramentas para auxiliar o aluno a “ver” com mais cuidado e detalhar as informações que recebe cotidianamente. Por um lado, o professor muda de papel, deixa de ser a maior fonte de referências para o conhecimento do aluno (visto que este aprende em todos os espaços em que circula). Por outro, eterniza aquele que sempre foi e será seu foco: auxiliar o aluno a aprender a analisar, criticar e se posicionar diante dos fatos que vive. Mais do que dar conteúdo, o professor tem que incentivar o aluno a ler e a interpretar este nosso mundo. Acredito que assim, com estas ferramentas, o aluno terá uma bússola para ser capaz de navegar nos mares da era da incerteza, nunca antes navegados.
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