Angola'in - Edição nº 12

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ISSN 1647-3574

ano iii · revista nº12 · 2010 700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros Economia & Negócios · Sociedade · Turismo

Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades

REVISTA Nº12 · 2010 R

ANGOLA PRESIDE CPLP

Aumentar a circulação de pessoas e bens é o objectivo do novo líder. Um contributo para o reforço de cooperação entre todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Organismo composto por mais de 250 milhões de pessoas que têm o português como língua-mãe e que procura hoje ter uma relação mais forte entre as suas economias com a criação de uma Confederação Empresarial

gestão hospitalar

classe média

governança corporativa

A ser alvo de reestruturação, o sector da saúde é um dos alicerces da sociedade. Nesta edição, avaliamos o ‘estado’ dos hospitais públicos e sugerimos um dos modelos mais usados na Europa: as Parcerias Público-Privadas

Descubra os dez factores que influenciam as tendências da procura no domínio da habitação. Oriente os seus negócios e redireccione as ofertas para áreas mais lucrativas, segundo as necessidades da ‘emergente e nova’ classe média

Sabe do que se trata? Fique a saber de que forma influencia o investimento na sua empresa e como torná-la um diferencial competitivo para atrair financiamento de investidores nacionais e internacionais com o objectivo de expandir o seu negócio



COMUNICARE - Portugal J&D - Consultores em Comunicação, Lda. NPC: 508 336 783 | Capital Social: 5.000€ Rua do Senhor, 592 - 1º Frente 4460-417 Sra. da Hora - Portugal Tel. +351 229 544 259 | Fax +351 229 520 369 Email: geral@comunicare.pt www.comunicare.pt Delegação Angola’in Representante: Lisete Pote Rua Rainha Ginga, nº 228, 2º andar Mutamba - Luanda - Angola Tel. +244 923 416 175 | +244 923 602 924 E-mail: lpote@comunicare.pt

in loco

Poder para Mudar! revista bimestral nº12 - 2010 http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain

Direcção Executiva Daniel Mota Gomes - dgomes@comunicare.pt João Braga Tavares - jtavares@comunicare.pt Direcção Editorial Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt Redacção Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.pt André Sibi - asibi@comunicare.pt Micael Vieira - mvieira@comunicare.pt Colaboradores António Gameiro · Boca do Lobo Inglês Pinto · João Carlos Costa Miguel Matos Torres · Wilson Aguiar Design Gráfico Bruno Tavares · Patrícia Ferreira design@comunicare.pt Fotografia Ana Rita Rodrigues (freelancer) Luaty D’Almeida · Shutterstock Serviços Administrativos e Agenda Maria Sá - agenda@comunicare.pt Revisão Marta Gomes Publicidade Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 E-mail - publicidade@comunicare.pt Departamento Financeiro Sílvia Coelho Departamento Jurídico Nicolau Vieira Impressão PERES-SOCTIP, Indústrias Gráficas, SA Distribuição ANGOLA - MN Distribuidora PORTUGAL - Logista Tiragem 7.500 exemplares — ISSN 1647-3574 DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 — Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

’IN NE ANGOLA ASSI 36 EUROS 4200 KWANZAS / 45 USD / 1 ANO —

É um marco importante para Angola. O país assume a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Julho e a Angola’in, como é habitual, faz a antecipação do momento em que a comunidade abre um novo capítulo e pode seguir o rumo aguardado por todos os que acreditam que a aposta na área económica (sem descurar a sua génese) é o caminho para a hegemonia da entidade. “Solidariedade na Diversidade” será o tema da gestão angolana e os desafios são distintos. Nesta edição, fique a conhecer algumas das ideias defendidas pelos dirigentes nacionais, bem como as iniciativas que serão implementadas durante a próxima presidência. A entrada em funcionamento da Confederação Empresarial promete revolucionar o relacionamento entre os Estados-membros e colocar a comunidade no centro das decisões internacionais. A promoção de uma circulação recíproca e efectiva e a promoção da Língua Portuguesa (onde se destacam as controvérsias em torno do acordo ortográfico) serão algumas das ‘batalhas’ dos novos dirigentes. Domingos Simões Pereira, Secretário-Executivo da CPLP, é a figura desta edição. Em entrevista exclusiva, o principal representante da comunidade faz o balanço dos últimos anos de actividade. Ao longo de cinco páginas, o responsável aborda a abertura a novos países e a importância do idioma no contexto actual. A vertente económica adquire importância capital num período em que as exigências da globalização e das economias

emergentes obrigam a organização a reposicionar-se no contexto internacional. Os mesmos desafios se colocam a outras áreas da sociedade, que devem aprimorar a capacidade de gestão. É o caso do sector da saúde. Este mês, elaboramos um especial sobre o sistema hospitalar público, que enfrenta uma profunda reestruturação. A implementação de modelos de Parcerias Público-Privadas pode ser eficaz para colmatar determinadas carências. A Angola’in explica o seu funcionamento e enumera alguns casos de sucesso no continente africano. A criação de um serviço de saúde pública consistente coincide com o aparecimento de uma classe média com poder de compra crescente e que procura serviços de qualidade. De acordo com um estudo da empresa de consultoria Deloitte, a que a nossa publicação teve acesso e divulga neste número, este grupo surge num momento em que se verifica um acréscimo da procura de habitação própria. O “Re-search Angola” foi desenvolvido a pedido da ESCOM Imobiliária e Mota Engil Real-Estate e conclui que há que segmentar o mercado. A par do aparecimento da classe média, a sociedade assiste ao emergir de verdadeiros fenómenos. É o caso dos Tuneza, um grupo de cinco jovens promissores da stand-up comedy que está a tornar-se num caso de sucesso entre as massas e começa inclusive a ganhar notoriedade internacional. São um autêntico exemplo da nova sociedade, cada vez mais eclética. A Direcção

assinaturas@comunicare.pt

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)

IN LOCO · ANGOLA’IN

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24 GRANDE ENTREVISTA (SEC. EXEC. CPLP)

simões pereira confiante

Em contagem decrescente para a tomada de posse de Angola enquanto presidente da CPLP, a sua revista falou em exclusivo com o secretário-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Conheça o balanço que o responsável máximo faz das actividades da organização, dos desafios e projectos em estudo e das expectativas em relação à nova presidência. Descubra o rumo que o organismo vai seguir para se adaptar às novas exigências da globalização. Uma entrevista a não perder!

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ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

ECONOMIA & NEGÓCIOS - IN(TO) BUSINESS

‘boom’ da classe média

marcas globais – made in angola

A empresa de consultoria Deloitte divulga um estudo encomendado pela Escom Imobiliária e Mota-Engil Real Estate. A pesquisa do mercado imobiliário indica uma série de conclusões que podem auxiliar as empresas a orientar os negócios e a redireccionar as ofertas para as áreas mais proveitosas. Os autores anunciam uma nova classe média e sugerem a segmentação dos clientes. Descubra os dez factores que influenciam as tendências da procura

Trata-se de um universo cada vez mais abrangente e competitivo. Criar uma marca que perdure e tenha sucesso é algo que exige dedicação, visão e estratégia. Num momento em que países como a Suécia se tornam gigantes mundiais neste contexto, o país decide proteger a produção interna e a instituição do ‘Made in Angola’ é uma opção que tem sido considerada e crescentemente defendida pelos especialistas

ANGOLA IN PRESENTE

03 IN LOCO

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INSIDE

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IN FOCO

86 ESTILOS

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MUNDO

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FOTOREPORTAGEM

92 LIVING

6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO


ECONOMIA & NEGÓCIOS

34 corporate governance É uma questão que tem assumido grande relevância nas unidades empresariais com alguma dimensão. As empresas estão a ser alvo de um processo de reordenamento e consolidação, assistindo-se ao aparecimento dos primeiros grupos económicos. A designação ‘corporate governance’ é recente. Compreenda o que muda com a nova estruturação das empresas e em que consiste este novo conceito, há muito enraizado nas economias ‘maduras’. O conhecimento do fenómeno pode ser decisivo para a expansão do seu negócio

TURISMO

54 aventura ou glamour Mónaco é o destino eleito pela Angola’in para umas férias inesquecíveis numa das últimas monarquias europeias. Luxo, festas requintadas e praias paradisíacas são ingredientes para uns dias de descanso entre as celebridades internacionais. Longe da ostentação, surge a Patagónia, um país que convida os turistas a explorar a natureza selvagem e exuberante. É o local ideal para quem deseja vislumbrar paisagens que se mantêm intactas

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

66 aquecimento global

As alterações climáticas e as recentes catástrofes naturais, ocorridas um pouco por todo o mundo, são resultado do aquecimento global. Os últimos acontecimentos levam os cientistas a alertar os Governos e populações para os perigos da falta de cuidado para com o ambiente. Nesta edição, mostramos em que medida estas situações vão alterar a nossa vida a curto prazo. Descubra como pode salvar o Planeta

DESPORTO

72 formação de ‘quadros’ Nesta edição, dedicamos especial atenção aos profissionais que estão na retaguarda dos atletas. Os treinadores e árbitros são figuras centrais num jogo, mas quando se fala em formação são provavelmente as mais esquecidas. A Angola’in acompanha a evolução dos quadros técnicos. Perceba a forma como esta área tem progredido, as principais dificuldades e qual o grau de necessidade de apostar na aprendizagem da classe dirigente e técnica

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LUXOS A tecnologia é ‘rainha’ nesta edição. Descubra as ‘máquinas’ que estão a fazer furor nos salões internacionais e deslumbrese com os gadgets que estão a ser lançados no mercado. Temos opções para todos os gostos e para todas as faixas etárias, onde a inovação está constantemente presente. Consulte as novidades de relojoaria com os modelos mais ‘in’ e exclusivos

42 SOCIEDADE

gestão hospitalar

A Angola’in elaborou um dossier sobre o ‘estado’ dos hospitais públicos. Além da análise da evolução do sector, que está a ser alvo de profundas reestruturações, pode constatar as acções efectuadas no âmbito da formação profissional e da gestão de recursos humanos. Sem descuidar o lado empresarial, apresentamos um dos modelos mais usados nas unidades europeias e que tem sido testado com sucesso em África: as Parcerias Público-Privadas

VINHOS & COMPANHIA

106 gourmet Noma é o melhor restaurante do Mundo. Recentemente eleito pela revista Restaurant, a Angola’in mostra as qualidades deste espaço dinamarquês e as razões que levaram à sua escolha. O Masa, em Nova Iorque e Le Normandie, na Tailândia são igualmente imperdíveis e sugestões a anotar para um jantar requintado, preparado pelos melhores chefs do planeta

CULTURA & LAZER

110 5 ‘kambas’ felizes Tuneza é o nome do mais recente fenómeno nacional, que começa a adquirir notoriedade além-fronteiras. Os cinco jovens têm percorrido o país, que está rendido à stand-up comedy. Estiveram recentemente em Portugal e a adesão do público foi imediata. Em entrevista à Angola’in, falam dos seus planos, do novo programa na televisão, da dimensão do projecto e da amizade que os une. A não perder!

PERSONALIDADES

114 embaixadores O Duo Ouro Negro marcou uma geração e foram os primeiros a catapultar o nome de Angola no panorama musical internacional. No ano em que se assinalam os 50 anos da banda, recordamos o legado de dois artistas que impressionaram o mundo com a qualidade dos seus temas. Fique a conhecer o novo CD de tributo a Raul Indipwo e Milo MacMahon

SUMÁRIO · ANGOLA’IN

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editorial

pai rico, pai pobre mbartolo@comunicare.pt

Se já leu o best seller “Pai Rico, Pai Pobre”, de Robert Kiyosaki, sabe o que ele pensa a respeito dos empregos. Se ainda não leu este livro, faça um favor a você mesmo e trate de o ler o mais rápido possível. A primeira vez que o li foi há quase quatro anos. Lembro-me muito bem de que quando terminei a leitura, foi como se me tivessem tirado uma venda dos olhos. O que o autor explica desconstrói tudo o que nos ensinam sobre os modelos de trabalho. O livro mostra que vários paradigmas precisam de ser mudados se quisermos sobreviver num mundo, cada vez mais, competitivo. Como uma espécie de profecia, termina dando-nos a ideia de que se quer realmente ficar rico, precisa primeiro de investir...em si. Mas pode-se perguntar, porque decidi escrever este artigo? Primeiro, porque quando analiso o modo como o mercado tem evoluído, mais percebo que Robert Kiyosaki está certo. Apesar de o livro ter sido escrito numa época em que as mudanças não eram tão presentes, hoje elas estão mais actuais do que nunca. Segundo, porque num número em que se fala de um organismo que poderá alargar a sua influência para áreas como o emprego (intra-comunidade) é importante perceber se o caminho a seguir é o exigido à luz das necessidades e expectativas dos cidadãos que compõem os diferentes países. Com frequência o “pai pobre” diz ao “filho” para não dar importância ao dinheiro, pois é o menos importante, enquanto o “pai rico” afirma que dinheiro é poder. Observação: o “pai pobre” não o era por causa do dinheiro que ganhava, mas por influência dos seus pensamentos e acções. Logo, mais do que aprender

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sobre dinheiro é fundamental hoje em dia ter instrução financeira e conhecimento de mercado. As vidas são conduzidas por duas emoções: medo e ambição. Razão pela qual, muitas vezes, a causa da pobreza ou das dificuldades está no medo e ignorância, não apenas na economia, no governo ou em última instância nos ricos. O Estado apoia. Aliás, a economia angolana criou, só no ano passado, mais de 320 mil novos empregos. No entanto, nunca é suficiente, pois a instabilidade de trabalho é, mais cedo ou mais tarde, um facto na sociedade moderna, visto que mesmo com cursos superiores nada é garantido. Importa, por isso, procurar alternativas para este quadro, mas todas requerem uma mudança de pensamento e da maneira como olhamos o mundo. As vantagens de se pensar empreendedoramente em relação ao dinheiro permitem, por isso, perceber as oportunidades reais de se chegar à riqueza ou de pelo menos alcançar novos e melhores padrões de vida. Motivos suficientes para que os actuais e futuros empresários nacionais desenvolvam ainda mais a sua inteligência financeira, de modo a processarem as próprias informações e encontrarem o tão desejado caminho para o nirvana financeiro.


EDITORIAL · ANGOLA’IN

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INSIDE

| patrícia alves tavares

Crescimento até 7,5 por cento As previsões do Banco Mundial para 2010 apontam Angola como uma das economias que mais vai crescer. Os especialistas referem valores entre os 6,5 e os 7,5 por cento. Segundo Ricardo Gazel, o aumento do preço do petróleo será decisivo para esta evolução, visto que a produção de crude representa cerca de 90 por cento das exportações nacionais. O orçamento para este ano indica uma produção de 1,9 milhões de barris de petróleo por dia. Por sua vez, o Governo avança com previsões de 8,6 por cento de crescimento.

Acordo ortográfico em 2013 O país solicitou recentemente um período de três anos para aderir ao Acordo Ortográfico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O pedido está relacionado com a necessidade de incluir o vocabulário nacional no da comunidade. Angola e Moçambique são os Estados membros que ainda não ratificaram o acordo. Segundo o deputado Luís Reis Cuanga, em declarações à imprensa durante a II Assembleia Parlamentar da CPLP, o Governo entende que “deve haver reciprocidade na sua aplicação, defendendo que haja integração do vocabulário angolano no comum” com vista à uniformização na escrita, já que o novo acordo exclui as letras “k”, “Y” e “W” do alfabeto.

Energia eléctrica O município de Viana, em Luanda, vai ganhar ainda este ano três novas subestações de energia eléctrica. A sua construção insere-se no âmbito da quarta fase do projecto Angola-China. De acordo com Carlos Ferreira, da Empresa de Distribuição de Energia de Luanda (EDEL), está ainda projectada a inserção de postos de transformação de electricidade por toda a província. A execução do projecto, que teve início em Março, deverá ficar concluída em 2012. “A par das três subestações está prevista a instalação de cerca de 40 a 50 mil postos de transformação (PT) de energia eléctrica em Luanda, que iria beneficiar no município de Viana aproximadamente 20 mil habitantes”, anunciou o responsável. O projecto é financiado pelo Governo central através da linha de crédito concedida pela China e está orçado em 203 milhões de dólares. Carlos Ferreira não descarta ainda a possibilidade de execução de outros planos de dimensão inferior, que poderão completar o projecto de electricidade Angola-China.

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AEP organiza feiras A Associação de Empresarial de Portugal prepara-se para organizar três grandes iniciativas na capital angolana. Após o sucesso em 2009 com os dois primeiros certames (Export Home – feira de mobiliário e decoração e EMAF – para produtores de máquinas, ferramentas e equipamentos para trabalhar madeira), que contaram com o apoio da Feira Internacional de Luanda, a organização lusa está a programar as primeiras edições do Luanda Fashion Week (moda e calçado), da Expocosmética Angola (cosmética, estética e cabelo) e da PortoJóia Angola (joalharia, ourivesaria e relojoaria). Os eventos, que decorrem entre 26 e 30 de Maio, marcam o arranque de uma série de actividades, desenvolvidas em parceria com a FIL. De 24 a 27 de Junho, terá lugar a segunda edição do Export Home Angola. Entre 9 e 12 de Setembro, o país acolhe dois importantes eventos, que são simultaneamente estreias nacionais: a Feira de Saúde da Normédica Angola e a Ajutec Angola – Feira de Ajudas Técnicas e Novas Tecnologias para Pessoas com Deficiência.


País gasta mais na África do Sul Um estudo da South Africa Tourism revela que a população angolana prefere a África do Sul para passar férias. Os turistas nacionais gastam em média 3,157 dólares naquele país. Entre Janeiro e Outubro de 2009, o número de visitantes cresceu 12 por cento, o que levou a presidente da SA Tourism, Thandiwe January-Mclean a garantir que estão empenhados em “dar ao mercado angolano a atenção que merece. Vamos designar um administrador para Angola, que vai trabalhar com agentes de viagens”.

TAAG volta à Europa A Comissão Europeia autorizou novamente a companhia aérea TAAG a voar para todos os destinos da União Europeia, “sob determinadas condições estritas e com aeronaves específicas”. O documento apresentado por Bruxelas indica que a operadora angolana vê as restrições que lhe foram colocadas “parcialmente levantadas sob determinadas condições”. “A autoridade de aviação civil de Angola é convidada a intensificar a fiscalização sobre todas as transportadoras e continuar o processo de voltar a certificar as outras transportadoras aéreas angolanas que continuam proibidas de operar na UE”, refere o documento. Recorde-se que em Julho do ano passado, a Comissão Europeia autorizou a TAAG a voar para Lisboa “com certos aparelhos e segundo condições muito restritas”, tendo permitido em Novembro o acréscimo de aviões com destino a Portugal. Bruxelas incluiu a companhia aérea na lista negra das empresas interditas a operar na Europa, em 2007, por motivos de falta de segurança.

Novo Parlamento A construção do novo Parlamento ficará a cargo da Teixeira Duarte. A construtora lusa assinou o contrato em Março com a Presidência da República. O novo centro político e administrativo da capital está avaliado em 185 milhões de euros. Num comunicado enviado à CMVM, a empresa informa que o memorando foi “celebrado ao abrigo da Convenção Financeira Portugal-Angola”, tendo sido adiantado um pagamento de 15% do valor total, ou seja, de 27,75 milhões de euros.

Nigéria quer parcerias O Ministro dos Negócios Estrangeiros nigeriano, Ojo Manduekwe, esteve em Angola onde, em audiência com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, manifestou a intenção de estreitar as relações com Luanda nos vários domínios económicos. Recorde-se que as duas nações disputam a hegemonia do petróleo de S. Tomé e Príncipe. Angola e Nigéria são os maiores produtores de crude da África subsariana e constituem os mais importantes países da Comissão do Golfo da Guiné, recentemente criada e que tem sede na capital angolana. O responsável nigeriano garantiu a José Eduardo dos Santos que o actual presidente interino, Goodluk Jonathan, pretende assegurar as boas relações, em função das potencialidades. Já o ministro das Relações Exteriores, Assunção dos Anjos, acredita que existem “condições do ponto de vista político, económico, infra-estruturais e estruturais para se passar à acção com projectos e programas concretos”.

Mercado de Carbono O Ministério do Ambiente encontra-se a preparar 15 projectos de várias dimensões do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MLD) para colocar no programa internacional “Mercado de Carbono”. Os planos foram autorizados pela agência governamental Autoridade Nacional Designada, responsável por verificar se as acções correspondem aos critérios do país para o desenvolvimento sustentável. Durante a primeira reunião da entidade, a ministra do Ambiente, Fátima Jardim, adiantou que os projectos estão ligados à possibilidade de redução de emissões de gases de efeito de estufa, estando relacionados nomeadamente com a melhoria da qualidade de água, distribuição da energia eléctrica, agricultura, minas e produção mineira, transportes, construção e indústria. A responsável esclareceu que “dessa forma Angola reforçará a capacidade de maximizar as vantagens do mecanismo de flexibilidade criados pelo protocolo do Kyoto, no âmbito da Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas”. Fátima Jardim lembrou ainda que o Mercado de Carbono está cada vez mais competitivo, situação que poderá mudar a vida organizacional dos países e na qual o país quer participar. Este mercado está a movimentar este ano 30 milhões de dólares, montante aberto aos países em desenvolvimento pelo facto de emitirem poucas quantidades de gases de efeitos de estufa.

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INSIDE

Estagiários

Portugal quer apostar na saúde

Narciso Benedito, vice-ministro da Educação, defende a obrigatoriedade de recepção de finalistas por parte das empresas do ramo industrial. O responsável quer implantar a medida no quadro do ensino teórico-prático, apesar de não existir uma lei-quadro que defina o estatuto de estudante estagiário. O dirigente sustenta que o ensino funciona através do processo tecnológico e termina com a defesa de um projecto final, considerando ainda que existe um esforço conjunto entre o Ministério da Educação e a Sexta Comissão da Assembleia Nacional, no sentido de criar quadros de qualidade. A proposta foi analisada durante uma reunião da referida comissão, que se debruçou sobre as problemáticas relacionadas com os estágios e inserção efectiva dos finalistas no mercado de trabalho.

Francisco Ribeiro Teles, embaixador português, aproveitou a participação no Congresso Internacional dos Médicos de Angola para revelar que o seu país está empenhado em aprofundar e diversificar a cooperação com o sector da saúde nacional. O responsável salientou que a nação lusa possui diversos projectos em curso neste âmbito e pretende potenciar essa parceria por considerar que a referida área é um dos motores fundamentais para o desenvolvimento nacional. “Portugal, como parceiro incontornável de Angola, definiu a saúde, a par da educação, como uma das áreas prioritárias da parceria bilateral entre os dois países, por ser um ramo que contribui rápida e significativamente para o crescimento de qualquer nação”, sustentou, lembrando que o idioma comum é uma mais-valia para a implementação de acordos.

FMI impõe objectivos Os inspectores do FMI estiveram em Angola para fazer o balanço do acordo Stand-by, que implica o financiamento de projectos de desenvolvimento social. Após alguns encontros, a instituição financeira lançou ao país uma série de requisitos a serem cumpridos ao longo do ano. Assim, o Governo comprometeu-se a reformar o sistema fiscal (no sentido de torná-lo mais eficiente e simples), a criar uma agenda a médio-prazo para aprofundar as reformas estruturais, que tenham impacto no crescimento económico e a melhorar a transparência fiscal das empresas públicas. O programa Stand-by implica ainda a não implementação de restrições cambiais durante os 27 meses de vigência do plano e o desenvolvimento de uma política de diálogo com o FMI, com vista a preparar medidas suplementares, caso seja necessário. Além de manter a estabilidade do sector bancário, o Governo angolano deverá apresentar relatórios quadrimestrais acerca da execução do Orçamento Geral de Estado. O Acordo Stand-by foi assinado em Novembro de 2009 e está avaliado em mais de mil milhões de dólares.

Amorim deixa Cimangola A empresária Isabel dos Santos e o grupo Américo Amorim terminaram a sua parceria com a empresa de cimentos Cimangola. O empresário português apontou como causa a falta de posição estratégica. Porém, há muito que são conhecidos os sinais de mal-estar entre o grupo português e os parceiros angolanos na Galp Energia. Recorde-se que pouco depois de Amorim ter adquirido uma participação indirecta de 4,5% da Caixa Galicia na Galp, o presidente da Sonangol, Miguel Vicente, mostrou vontade em entrar directamente na Galp Energia. Manuel Vicente e Isabel dos Santos são ainda parceiros da Amorim Energia que, por sua vez, detém 33,34% da Galp. Os jogos de poder na Galp são evidentes. Murteira Nabo, ‘chairman’ da petrolífera lusa, defende o aumento de capital na empresa (situação aplaudida pelos angolanos), enquanto o presidente executivo, Ferreira de Oliveira (próximo de Amorim), tem opinião contrária. O término do acordo parassocial na Galp, no final do ano, poderá trazer novidades.

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Millenium reactiva depósito Diamante O Banco Millenium Angola relançou o depósito Diamante, dirigido a clientes particulares e empresas. A conta pode ser constituída em euros, kwanzas ou dólares americanos. A oferta, válida para depósitos máximos de 500 mil kwanzas, está limitada ao stock existente. O produto tem total liquidez e garantia do capital investido. As taxas de juro atingem os 18 por cento nos depósitos em kwanzas (4,75% USD e 2,75% Eur).



MUNDO

| patrícia alves tavares

união europeia

Energia: investimento inédito Mais de dois milhões de euros vão financiar 43 projectos nos sectores da electricidade e do gás. A União Europeia aprovou o co-financiamento de 31 programas no domínio do gás, destacando-se o plano Nabucco, um gasoduto que ligará a região do mar Cáspio à Áustria (através da Turquia) e o Galsi, um gasoduto que vai unir a Argélia à Itália (passando pela Sardenha). Os restantes referemse à modernização das conexões entre redes eléctricas, que vão aproximar os países mais afastados da rede energética da UE. No total, serão investidos 2.300 milhões, o valor mais alto de sempre. O pacote utiliza o resto dos 3.980 milhões de euros reservados pela UE durante o período de recessão para redinamizar a economia, onde se prevê a criação de emprego e ajudas a pequenas empresas. A contribuição inicial da União Europeia pode conduzir à angariação de até 22 mil milhões de euros de investimentos privados. O objectivo da injecção de capital consiste em melhorar o fluxo de energia entre os países membros, diversificando as importações de gás.

inovação

iPad já disponível A versão sem ligação 3G do iPad chegou aos EUA no dia 3 de Abril. A versão completa com 3G foi lançada no mercado americano no final do mês, com preços que oscilam entre os 367 e 609 euros. O tão aguardado modelo da Apple só deverá estar disponível nos restantes países a partir de Maio, pelo que ainda não foram divulgadas as datas de lançamento e os preços. Steve Jobs, o CEO da Apple, anunciou entretanto que o novo gadjet da empresa se apresenta como “mais íntimo do que um computador portátil e com muito mais capacidade do que um smartphone”.

tecnologia

CeBIT 2010 A maior feira de tecnologia do mundo reuniu 4150 expositores de 68 países, que se concentraram em Hanover, Alemanha, para apresentar as mais recentes novidades. Dedicada ao tema “Connected Worlds”, a edição deste ano foi inaugurada por Angela Merkel e pela primeira vez as expectativas dos participantes foram largamente superadas. De acordo com informações da organização, as previsões de crescimento na área das TIS “conduziram a contratos milionários”. Verificou-se um acréscimo no investimento das pequenas e médias empresas. Dos 6.262 expositores, mais de três mil eram oriundos do exterior. O certame, que vai já na vigésima edição, registou um aumento de cerca de 20% nos contratos fechados. Entre as novidades apresentadas merecem destaque os tablets, netbooks e computadores com telas sensíveis ao toque, capazes de projectar imagens em 3D. Os novos rumos da música também estiveram em evidência com o CeBIT Sounds.

moçambique

AEP e Consulgesti criam Exponor A empresa moçambicana Consulgesti e a Associação Empresarial de Portugal (AEP) assinaram em Maputo um acordo para o desenvolvimento de uma empresa mista, com competências na área das feiras de negócios e gestão de parques de exposições. O projecto deverá estar concluído em breve. A Exponor Moçambique visa a troca de experiências ente os dois países, bem como o fomento do sector empresarial. O memorando foi rubricado durante a visita do Primeiro-Ministro português, José Sócrates, a Moçambique. Subscreveram o acordo o presidente da AEP, António Barros, e o presidente da Consulgesti (empresa de referência da organização de feiras e eventos), Américo Magaia. Entre os projectos a desenvolver consta o pavilhão de Moçambique para a Expo 2010, em Xangai. “Temos grande experiência e um know-how consolidado no mercado das feiras e este é o nosso contributo para a dinamização da economia moçambicana e reforço das relações bilaterais”, defendeu o vice-presidente da AEP, Nunes de Almeida. Assim, a entidade portuguesa passa a ter duas participações no estrangeiro no negócio das feiras, após ter criado a Exponor Brasil, que opera a partir de São Paulo para todos os países da América do Sul. Recorde-se que a AEP está ainda ligada à gestão de feiras em países da Europa e possui um protocolo com a FIL Angola.

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china

Economia, ambiente e política global O Primeiro-Ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou, após o encerramento da reunião anual da Assembleia Nacional Popular, as medidas a adoptar para combater a crise que o país enfrenta. A recuperação global da economia continua incerta e espera-se um ano bastante difícil. O responsável rejeitou as pressões internacionais para valorizar a moeda, sustentando que defende o “comércio livre”, anunciando “a firme posição da China ao proteccionismo”. “O desemprego ainda é alto, as crises de débito de alguns países continuam a aprofundarse e os preços das mercadorias e as taxas de câmbio não estão estáveis, o que poderá causar algum retrocesso na recuperação económica”, admitiu Wen Jiabao, afirmando ser necessário reformular o sistema nacional. Por outro lado, as relações entre Washinghton e Pequim sofreram um revés devido à visita de Dalai Lama à Casa Branca, uma vez que Pequim aponta o líder tibetano como indutor do “separatismo” e como uma “ameaça à integridade e soberania territorial chinesa”. Wen Jiabao critica ainda a venda de armas por parte dos EUA a Taiwan, admitindo a possibilidade de recorrer à força para reintegrar a província no domínio da China. Em relação ao ambiente, o país foi recentemente criticado pela Dinamarca, devido à inércia na resolução dos problemas de aquecimento global e redução das emissões de dióxido de carbono. Após algum período de reflexão, o negociador chinês Su Wei acabou por aceitar o Acordo de Copenhaga.

economia

Europa frágil

informática

“.com” faz 25 anos O domínio da Internet “.com” assinalou em Março um quarto de século de existência. Em 1985, existiam apenas seis sites registados. Actualmente são mais de 86 milhões. A criadora de computadores Symbolics foi a primeira empresa a adoptar o “.com”. Até à década de 90, o domínio era praticamente desconhecido. Nos dias de hoje, registam-se em média mais de cem mil sites diariamente. Recorde-se que apesar dos milhões de sites activos, nos últimos 25 anos apareceram e desapareceram quase imediatamente 113 milhões. Em entrevista à BBC, o presidente executivo da empresa responsável pela manutenção do domínio, a Verisign, mostrou-se surpreendido. “Quem iria adivinhar há 25 anos aquilo que a Internet se tornou hoje, o número de negócios que permitiu construir?”, questionou Mark McLaughlin.

No terceiro trimestre de 2009, os analistas ditaram o fim da mais profunda recessão que UE enfrentou ao logo da sua história. No entanto, apesar do PIB real estar a crescer, a Comissão Europeia prevê que este se aproxime progressivamente de níveis de pré-recessão. A economia europeia continuará com a vida complicada. De acordo com as previsões do final de 2009, esta deverá crescer apenas 0,7 por cento em 2010. Em termos de economia mundial, os dados são animadores. Espera-se um crescimento de 4,25 por cento para este ano (com exclusão da UE). A fragilidade do mercado imobiliário em alguns países e a descida da produção industrial, bem como do volume de vendas a retalho são factores que podem condicionar o crescimento da UE em 2010. Por outro lado, a tendência para a subida da taxa de desemprego faz comprometer o consumo. Já uma recuperação à escala mundial mais forte do que o previsto pode ter uma influência positiva na economia europeia.

economia

Forbes divulga milionários Pela primeira vez na história do ranking da Forbes um latino-americano é o maior bilionário. Sinal da mudança dos tempos e da escalada das economias emergentes, Carlos Slim é o homem mais rico do mundo, o primeiro latino-americano a conquistar o topo do ranking que a Forbes publica há 24 anos. Desde 1994, o título é atribuído anualmente a americanos. Outra novidade é a descida do número de bilionários com nacionalidade norte-americana. Dos 97 novos membros deste clube restrito, apenas 19 por cento são dos EUA. Já dois terços dos estreantes são oriundos da Ásia, a nova Meca dos ricos. Na lista de 2010, os americanos ainda dominam o ranking dos 1.011 mais ricos do mundo, mas a predominância está a baixar. O novo bilionário tem uma fortuna de 53,5 mil milhões de dólares, é oriundo do México e reúne empresas mineiras, de energia, logística e exploração de petróleo e gás. Bill Gates, o homem forte da Microsoft foi destronado para segundo lugar. Apesar de ter aumentado a sua fortuna ao longo do último ano, não foi o suficiente para vencer o ‘rei Midas’ (alcunha de Carlos Slim no México).

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MUNDO comissão europeia

Nova estratégia A Comissão Europeia apresentou a nova estratégia para assegurar a saída da crise e preparar a economia da UE para a próxima década. Para tal, foram identificados três vectores fundamentais do crescimento (inteligente, sustentável, inclusivo), que deverão orientar as futuras acções do organismo. Assim, a Estratégia Europa 2020 deverá visar as referidas áreas, através do desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e inovação, que promova o crescimento sustentável e competitivo dos recursos e que gere altas taxas de emprego. Todos os Estados deverão seguir estas indicações, de forma que seja possível assegurar na próxima década 75% do emprego na população em idade activa, a redução do abandono escolar e o cumprimento dos objectivos em matéria de clima/ energia, tirando 20 milhões da pobreza.

estudo

Luz e ciclo do sono

tailândia

Marcha pela paz Milhares de mulheres cristãs saíram às ruas para protestarem contra a violência intra-comunitária. A marcha decorreu na localidade de Jos, na capital tailandesa, e serviu de apelo ao fim dos confrontos que já causaram centenas de mortos. A disputa envolve agricultores cristãos e pastores muçulmanos. Os camponeses deslocaram-se ainda à capital para exigir eleições antecipadas e o regresso ao país de Thaksin Shinawatra, que vive exilado no Dubai e enfrenta uma pena de prisão por corrupção. Cem mil pessoas vieram das zonas rurais da Tailândia para pacificamente pedir o regresso do antigo líder, acusando o actual Primeiro-Ministro de esquecer os camponeses e favorecer as elites. Cinquenta mil militares, polícias e civis voluntários foram mobilizados para a capital.

Um estudo revela que o ciclo do sono dos adolescentes e a exposição à luz da manhã estão directamente ligados. Os jovens passam cada vez mais tempo no interior das casas, que na maioria dos casos não recebem luz matinal suficiente e que é essencial para o funcionamento adequado do ciclo biológico que regula o sono. As conclusões são de um estudo da autoria de Mariana Figueiro, do Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, Nova Iorque. A investigadora avançou que os “adolescentes privados da luz da manhã vão dormir mais tarde, dormem menos e isso afecta o seu desempenho escolar”. O estudo foi publicado na revista Neuroendocrinology Letters e teve por base 22 alunos do oitavo ano de uma escola da Carolina do Norte. O grupo foi dividido em duas partes, em que metade dos estudantes usou lentes especiais que impediam que lhes chegasse aos olhos a luz de onda curta (azul), característica da manhã, situação que permitiu chegar às conclusões agora publicadas.

eua

Indemnizações pós 11/09 Nova Iorque vai indemnizar os mais de 10 mil trabalhadores que ficaram doentes após ajudarem na reconstrução da baixa da cidade, após o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001. No total, serão dispendidos 657,5 milhões de dólares. O acordo marca o fim de uma longa batalha judicial, aguardando-se a aprovação dos lesados e do juiz. Recorde-se que os referidos trabalhadores laboraram durante semanas entre destroços e poeira, pelo que começaram a surgir diversas queixas de casos de cancro e doenças respiratórias provocadas pela inalação de diversos componentes tóxicos. Como a maioria dos envolvidos não possuía seguros de saúde, o governo criou a World Trade Center Captive Insurance Company para lidar com os casos de invalidez e doença. Em 2008, já existiam quase dez mil processos contra a companhia, que atribuíra apenas seis compensações. “É uma solução justa”, argumentou o presidente da Câmara da Nova Iorque, Michael Bloomberg, a respeito da decisão judicial.

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Novo capítulo Em Julho, Angola assume a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Durante a II AP-CPLP, Paulo Kassoma, presidente da Assembleia Nacional (AN), fez antever no seu discurso os desafios e as medidas que o país poderá propor enquanto líder da comunidade. Nesta edição, a Angola’in analisa a importância da organização para o desenvolvimento regional de cada Estado membro. Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste compõem a CPLP, criada em 1996, com a finalidade de desenvolver protocolos de cooperação no âmbito da cultura, educação e preservação da língua portuguesa. Após um mês intenso em matéria de encontros entre os chefes de Estado, a Angola’in faz o balanço das actividades e dá a conhecer o tema que proposto por Angola para a sua presidência: “Solidariedade na Diversidade”. Fortalecer parcerias A poucos meses da cimeira de Angola, Paulo Kassoma defendeu o reforço da cooperação efectiva entre os países da CPLP, alegando que a materialização deste objectivo passa pela “circulação crescente e recíproca” de pessoas e bens dentro do espaço territorial da entidade. Durante a II reunião da Assembleia Parlamentar (AP-CPLP), o responsável angolano reconheceu que o “fenómeno da imigração” tem contornos complexos. As trocas comerciais, a cooperação empresarial,

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a formação académica, a assistência médica qualificada e o turismo são exemplos de áreas que carecem de “soluções pragmáticas e equilibradas que satisfaçam as necessidades dos cidadãos e dos Estados”. Kassoma sugeriu o respeito mútuo pela soberania de cada nação e a identificação dos interesses e prioridades dos parceiros como elementos-chave para um relacionamento vantajoso. Após um encontro com o secretário-executivo, no âmbito da preparação para a VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, Kassoma reiterou que há uma “enorme expectativa”, pelo que espera “contar com a liderança das instituições angolanas no desenvolvimento dos programas e da agenda da CPLP”. Já Simões Pereira mostrou-se satisfeito com a escolha do tema “Solidariedade na Diversidade” para a próxima presidência, considerando que o mote está “nos princípios basilares da organização”, especialmente num momento em que será abordada a possível integração da Guiné-Equatorial. O responsável defendeu que o Conselho Em-

presarial da CPLP deve continuar a desempenhar um papel de destaque no auxílio ao empresariado público e privado, responsável pela consolidação do apoio entre as nações. Por outro lado, sugeriu que se dê uma “atenção especial” às entidades da sociedade civil. “Quando se fala em cooperação ou reforço de cooperação entre Estados-membros de uma organização, há que se ter em conta os elementos aglutinadores dessa comunidade e os níveis de desenvolvimento entre si, para que se possa elaborar uma estratégia que atenda as reais necessidades das populações”, sustentou, admitindo que o objectivo poderá ser atingido com a nova Estratégia Geral de Cooperação. A integração de cada membro em organizações regionais, como as Nações Unidas, cria oportunidades de colaboração em múltiplos sectores. 2010 é decisivo com a entrada em vigor de novos acordos intra-regionais. Impõem-se outros desafios à CPLP, enquanto comunidade. Ao assumir a presidência, Angola tem a possibilidade de mostrar o que vale


“Cabe à CPLP dar um contributo para a definição da arquitectura financeira internacional utilizando a voz dos mais de 250 milhões de pessoas que têm o português como língua mãe” enquanto nação emergente. Na última assembleia, Raimundo Pereira, presidente do parlamento da Guiné-Bissau, sugeriu que a AP-CPLP fosse dotada de estruturas que se dediquem à análise e estudo dos domínios de acção. Com os actuais poderes, o organismo pode executar todos os acordos entretanto celebrados a nível dos Estados membros, definindo a livre circulação dos seus cidadãos, implementando o acordo ortográfico e incrementando a língua portuguesa no espaço comunitário. Na VIII Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, agendada para Julho, na capital angolana, será discutido um ponto que poderá alterar por completo a génese da CPLP. O alargamento da comunidade a outros Estados será tema de destaque da próxima reunião, devido ao elevado número de pedidos de adesão. Os responsáveis defendem que esse interesse está relacionado com o espaço que a organização vai conquistando ao nível das relações internacionais, visto que tem trabalhado para transformar as actuais sinergias em cooperação mutuamente vantajosa para os membros e organizações estrangeiros. “Obviamente queremos que a nossa organização continue a ser um espaço para a promoção e difusão da língua portuguesa, mas transcendendo efectivamente esse aspecto”, sustentou Assunção dos Anjos, durante o último encontro com Simões Pereira.

Paulo Kassoma defendeu o reforço da cooperação efectiva entre os países da CPLP, através “circulação crescente e recíproca” de pessoas e bens Dinamizar economia O arranque da Confederação Empresarial é aguardado com expectativa, pois é considerado “peça-chave” na inter-relação entre as diferentes economias. Os novos órgãos sociais tomam posse na segunda quinzena de Julho, coincidindo com a passagem de testemunho do Chefe de Estado Português para o homólogo angolano. Murteira Nabo, impulsionador da iniciativa, defendeu, em entrevista à agência portuguesa de notícias Lusa, que o organismo assumirá uma importância estratégica

para a “promoção de negócios, para a relação e uma inter-relação muito mais forte entre as economias destes países”. O presidente da Galp refere que a língua, o “factor de união” e a cultura devem ser valorizadas pelos Governos, enquanto estratégia de desenvolvimento económico conjunto da lusofonia. O ministro das Finanças português, Teixeira dos Santos, incentiva a cooperação no novo sistema mundial. “Os países da CPLP devem, como membros da comunidade global, participar activamente nesse processo, contribuindo para a implementação de políticas anti-cíclicas e de reformas estruturais para fortalecer a economia real, os mercados financeiros e as instituições financeiras internacionais”, defendeu durante a I Reunião de Ministros das Finanças. Na ocasião, disse que cabe à comunidade dar um “contributo para a definição da arquitectura financeira internacional utilizando a voz dos mais de 250 milhões de pessoas que têm o português como língua mãe, para que essas soluções sejam ouvidas e implementadas”. O líder apelou para a união, “no-

meadamente ao nível da reforma do sistema financeiro institucional, nunca esquecendo o papel dos países em vias de desenvolvimento”, sustentando que a actual crise surge como uma “oportunidade” para a CPLP assumir “um papel mais positivo a nível regional”. Mais e melhor circulação A agilização na circulação entre os cidadãos dos Estados membros da CPLP e o exercício dos seus direitos são as principais aspirações das populações. As organizações da sociedade civil têm dado voz a estas intenções. A questão está incluída nas preocupações políticas, tendo sido debatida na II Assembleia Parlamentar. Aristides Lima, representante de Cabo Verde, defendeu que o projecto deve ser aplicado paulatinamente, devendo privilegiar na primeira fase as categorias sociais e profissionais que têm maiores necessidades de deslocação. Alguns parâmetros do Estatuto do Cidadão Lusófono são aplicados parcialmente pelos países. O Projecto de Convenção Quadro está a ser discutido no seio da organização e os direitos standards mínimos respeitam os compromissos anteriormente assumidos pela CPLP no quadro das Nações Unidas e da ratificação do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. O projecto quer consagrar o princípio de igualdade de tratamento de todos os cidadãos de outros Estados membros em relação aos nacionais. O acordo mereceu ainda a consideração do secretário-geral da Câmara dos Deputados do Brasil, Rafael Guerra, que garantiu que o seu país reúne as condições para a implementação da livre circulação dos cidadãos lusófonos e que não pode “simplesmente ser implementado com a ideia de gerar emprego, migrações, sem avanço da cidadania”. Jaime Gama, presidente do Conselho de Ministros da CPLP, argumenta que “a institucionalização da livre circulação deve ser um objectivo dado com passos seguros”. Os líderes admitem em uníssono que existe vontade política em viabilizar o acordo de livre circulação na íntegra. Contudo, continuam a ter dificuldades em avançar com o projecto devido à necessidade de se adoptar legislação interna para a posterior assinatura dos acordos internacionais. Recorde-se que esta discussão se prolonga há dez anos.

O organismo [Confederação Empresarial] assumirá uma importância estratégica para a “promoção de negócios”, uma relação mais forte entre as economias dos países” IN FOCO · ANGOLA’IN

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IN FOCO

A agilização na circulação entre os cidadãos dos Estados membros da CPLP e o exercício dos seus direitos são as principais aspirações das populações Língua mater É considerada a base de uma cooperação eficaz. Se todos os lusófonos usarem o português no dia-a-dia e nas reuniões da CPLP, as trocas de informação e as relações económicas e comerciais serão facilitadas. Uma das principais funções da organização reside na promoção, divulgação e estudo da língua portuguesa. O novo Acordo Ortográfico tem gerado alguma controvérsia. Este pretende aproximar os PALOP, uniformizando a escrita e a linguagem dos membros da CPLP. A directora do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, a angolana Amélia Mingas, criticou o organismo por não ter definido ainda uma política comum em relação à linguística. “A responsabilidade pela afirmação futura do português ou da sua crise resultará do empenho das formulações políticas dos Estados membros”, defendeu durante a II AP-CPLP. Em Março, Brasília (Brasil) foi palco da Conferência Internacional sobre os destinos da língua portuguesa no Sistema Internacional da CPLP. No evento, foram discutidos temas ligados ao futuro do idioma, nomeadamente a sua utilização em foros multilaterais, o grau de importância na diáspora e a difusão nos meios de comunicação. No final do encontro, Osvaldo Varela, director para a Europa do Ministério das Relações Exteriores, lembrou que a questão deve ser encarada em duas vertentes distintas: a intra-comunitária e a extra-comunitária. Sugeriu ainda o lançamento de uma edição de dicionários de literatura dos países da CPLP. Tal foi defendido em Banguecoque (Tailândia), em que os deputados das oito nações propuseram a inclusão do português como língua de trabalho da União Inter-Parlamentar (UIP), juntando-se ao árabe, espanhol, inglês e francês. A decisão será divulgada no próximo encontro de concertação. Apoio da UE A CPLP possui protocolos de cooperação com diversas organizações internacionais e da sociedade civil no âmbito das principais áreas de intervenção: agricultura e segurança alimentar, ciência e tecnologia, desporto, educação e recursos humanos, juventude, meio ambiente

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e energias renováveis, migrações, saúde, telecomunicações e governo electrónico, trabalho e solidariedade social. Assim, a comunidade aderiu à declaração dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Tanto Luís Amado, como Paulo Kassoma defendem que a organização deve abrir-se a outros organismos regionais e internacionais, nos quais cada país está inserido. O responsável português alega que a CPLP é “uma comunidade de dimensão universal, com vocação global num tempo da globalização”, lembrando que “10 anos é muito pouco para desenvolver o espírito comunitário alargado a todos os países”. A importância da CPLP foi reconhecida pela União Europeia em 2007 e a partir daí tem surgido como parceiro na criação de sinergias em matérias de política externa e desenvolvimento através de um Memorando de Entendimento, rubricado entre ambas as partes. O documento marca a cooperação no combate à pobreza, o fomento da democracia e dos direitos humanos, a promoção da diversidade cultural e o desenvolvimento económico e social. É o caso do acordo assinado no início do ano com a ONU, no âmbito do combate da SIDA.

Visão interna Os países membros procuram promover os objectivos de integração dos territórios lusófonos. Na Guiné-Bissau ajudaram a controlar os golpes de Estado e a implementar uma reforma política. Em S. Tomé e Príncipe propuseram a reestruturação económica. Para os sociólogos, a CPLP está longe de cumprir o propósito que esteve na base da sua criação. Nenhuma das nações está na lista dos 20 países mais humanamente desenvolvidos e, de acordo com o sociólogo luso Boaventura de Sousa Santos, “está demasiadamente focada em dois países”: Portugal e Brasil. José Sócrates, primeiro-ministro português, destacou no último encontro que a projecção internacional e externa da lusofonia tem saído “reforçada”, pois soube “concertar melhor as suas posições em organizações internacionais: aproximou-se a organizações geográficas ou tematicamente afiliadas ao espaço da CPLP”. “A concertação política e diplomática é sem dúvida um dos êxitos que muito tem contribuído para a afirmação dos países de expressão portuguesa”, admitiu.

a cplp A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tem como principal finalidade o aprofundamento multilateral da amizade mútua e cooperação entre os oito países. Tem autonomia financeira e foi desenvolvida para reforçar a presença dos lusófonos no cenário internacional politico-diplomático. Promove a língua portuguesa e a cooperação nos domínios da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social. Possui personalidade jurídica e rege-se por vários princípios como o da igualdade soberana e o respeito pela integridade territorial dos Estados, pela reciprocidade de tratamento, pela promoção do desenvolvimento, da paz, do Estado de direito, da justiça social e dos direitos humanos, respeitando a sua identidade nacional e autonomia interna.


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GRANDE ENTREVISTA

| patrícia alves tavares

“Contamos com uma presidência angolana global” Domingos Simões Pereira, actual secretário-executivo da CPLP, está confiante nas capacidades de liderança de Angola e acredita que o país poderá trazer uma nova dinâmica à comunidade, auxiliando na integração dos Estados africanos. Em entrevista exclusiva à Angola’in, o exministro guineense faz o balanço dos dois anos de gestão do organismo e destaca os principais desafios da nova década. o líder Que análise faz da sua governação, desde que tomou posse em Julho de 2008? Foram dois anos intensos de muita aprendizagem, interacção, criatividade e dedicação. Terá coincidido com um período de maior disponibilidade e empenho dos Estados-membros, o que permite constatar actualmente um maior reconhecimento, visibilidade e eficiência da organização. Hoje, a cooperação ocorre em todos os domínios da vida pública dos Estados, há uma adesão

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maior da sociedade civil que desenvolve acções por iniciativa própria e o empresariado comunitário assume maior dinamismo. Estamos certos de que a combinação de tudo isso irá resultar em ganhos efectivos para os cidadãos da nossa Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O que mudou na organização desde esse período? A mudança não é um objectivo. É sobretudo um meio. Para alcançar os resultados acima descritos (e outros aqui não reproduzidos)

houve um esforço intenso de abertura à sociedade, que se mantém. Estamos a executar a “nova visão estratégica de Cooperação”, que pressupõe um envolvimento mais consequente dos beneficiários dos programas. As estruturas decisórias são motivadas e não se quedam por declarações de intenção, mas por produzir mecanismos de implementação e de monitorização. Surgiu a Assembleia Parlamentar para, entre outras capacidades, facilitar a coordenação das nossas instâncias legislativas. Os “Momentos CPLP” realizados em São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau, com a sua multiplicidade de temas e manifestações, permitiram às populações descobrir, questionar e participar na formulação do conceito CPLP. Hoje, acreditamos com muitos fundamentos na existência de oportunidades soberanas de crescimento e consolidação da organização, com benefícios tangíveis para a nossa comunidade.


“Nos próximos tempos, devemos assistir a medidas concretas que harmonizem o conjunto mínimo de direitos a outorgar a todos os nossos cidadãos no espaço CPLP. A sociedade civil está envolvida e dinamizada” Quando tomou posse referiu que tinha chegado a hora da CPLP dar “o salto qualitativo”. Esse intento foi alcançado? Esse é um processo que se vai materializando. Reconhecemos que ainda falta fazer muito, mas certamente a caminhada foi empreendida. O salto para nós significa integração, presença, visibilidade e resultados. Para qualquer dos âmbitos da intervenção da Comunidade, perante essas referências, algo foi feito e no mínimo estão identificadas as medidas necessárias para alcançar os objectivos: para o estatuto de cidadão lusófono e a livre circulação, após reuniões de alto nível, um estudo específico e o contributo da Assembleia Parlamentar, alguns países já avançaram na melhoria das condições de atendimento dos visitantes ou emigrantes oriundos dos demais espaços da CPLP. Nos próximos tempos, devemos assistir a medidas concretas que harmonizem o conjunto mínimo de direitos a outorgar a todos os nossos cidadãos no espaço CPLP. Na cooperação, nem a componente Segurança e Defesa representa algum tabu. Pela primeira vez, os Exercícios Felinos (a terem lugar em Angola) vão contar com a presença de observadores por parte de organizações internacionais de elevado peso nesses domínios. E, finalmente, a língua e a cultura da CPLP. O dia 5 de Maio ficou instituído como o dia da Língua e da Cultura da CPLP - desde o Conselho de Ministros da Praia, de 2009 - e, pelo terceiro ano consecutivo, foi realizada a semana da cultura da CPLP com uma variedade impressionante de manifestações. Entretanto, este ano, em Brasília, uma conferência internacional sobre o futuro da língua estabelece as estratégias para a sua promoção e divulgação. A sociedade civil está envolvida e dinamizada. Ainda falta concretizar muito, mas certamente que sem estes preliminares estávamos mais distantes de o alcançar. Que áreas de cooperação podem ser incrementadas?

‘O Homem tem de estar no centro das nossas atenções e estratégias’ O ano de 2009 foi um ano que permitiu sistematizar um conjunto de procedimentos e metodologias, de que a aprovação do documento “Cooperação na CPLP - Uma Visão Estratégica de Cooperação Pós Bissau” é o exemplo mais importante. Mas as linhas de actuação que ganharam maior visibilidade dizem respeito a um programa de colaboração sectorial para a área da saúde: o “Plano Estratégico de Cooperação em Saúde – PECS/ CPLP”. Assistiu-se a uma importante intervenção na área do ambiente, com especial destaque para a cooperação técnica no domínio do combate à desertificação, gestão sustentável das terras, segurança alimentar e educação ambiental. Destaco também o programa na área do trabalho e protecção social e algumas acções de formação e capacitação de recursos humanos. Sublinho a preparação e acompanhamento de um processo de credenciação junto da Comissão Europeia, a chamada “Auditoria dos 4 Pilares”; o Plano Estratégico da CPLP para Timor-Leste e o desenho de um Plano de Apoio à Estabilidade na Guiné-Bissau, baseado em desenvolvimentos nos sectores da segurança alimentar, saúde e educação. Não posso deixar de realçar ainda a coordenação e monitorização permanente com os Pontos Focais que se foram criando em diversos domínios já referidos e nas áreas do governo electrónico e telecomunicações. Por último, recordo a absoluta necessidade

de dinamização dos protocolos ou memorandos de entendimento assinados com vários organismos (Organizações internacionais e observadores consultivos). Pode-se sempre fazer mais, mas o que se tem feito é importante e substantivo. Acredita que o crescimento não deve depender exclusivamente do petróleo. Que sectores podem ser explorados? Recursos económicos que possam impulsionar o crescimento e o desenvolvimento não são negligíveis e reconhecemos a sua importância para a melhoria das condições de vida das populações. No entanto, a consolidação e sustentabilidade do progresso tem a ver fundamentalmente com a expansão humana. O Homem tem de estar no centro das nossas atenções e estratégias. Por isso, a formação e capacitação dirigidas à criação de novas lideranças que tenham como base o domínio das tecnologias, a competitividade económica e a estruturação de uma sociedade plural, justa e democrática são os pergaminhos do desenvolvimento que temos que ambicionar. Todos os nossos Estados possuem uma grande diversidade de factores económicos, mas apraz-nos registar em todos a componente agrícola e o mar. Fazemos votos para que sejamos capazes de desenvolver uma visão estratégica de sucesso para estes sectores,

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GRANDE ENTREVISTA

‘Estamos a caminhar a um ritmo permitido pelo próprio estado de desenvolvimento dos nossos países’ de forma a melhorar a nossa capacidade de prestar serviços e garantir emprego às nossas massas populacionais. Nos encontros dos ministros da Agricultura e na recente reunião dos ministros que tutelam os Assuntos do Mar foram estabelecidos contactos importantes para esses efeitos.

cplp Qual o papel da CPLP no panorama internacional? A integração dos países nos seus espaços regionais – Angola e Moçambique na SADC, Brasil no Mercosul, Cabo Verde e Guiné-Bissau na CEDEAO, Portugal na União Europeia e, acreditamos que será para breve, Timor-Leste na ASEAN – é essencialmente uma oportunidade para a preponderância dos nossos interesses multilaterais na agenda destes espaços regionais e sub-regionais do panorama internacional. Paralelamente, estão formalmente constituídos mais de três dezenas de grupos CPLP nos países onde existem mais de três representações diplomáticas dos nossos Estados-membros. Os embaixadores reúnemse com regularidade e concertam posições alargando o nosso leque de influência junto a essas nações. Temos grupos CPLP em Adis Abeba, Berlim, Bruxelas, Buenos Aires, Budapeste, Cairo, Dacar, União Europeia (Bruxelas), Dili, FAO (Roma), Genebra, Haia, Harare, Havana, Jacarta, Londres, Madrid, Moscovo, Nairobi, Otava, Rabat, República Democrática do Congo (RDC), Roma, Telavive, Tóquio, Varsóvia e Viena, entre outros. Este número tem vindo a crescer. Quero ainda referir o reconhecimento internacional das missões de observação eleitoral. A CPLP realizou missões no referendo sobre a autodeterminação de Timor-Leste, nas eleições para a Assembleia Constituinte e eleições presidenciais em Timor-Leste (Agosto de 1999, Agosto de 2001, Abril de 2002); às eleições autárquicas, presidenciais e legislativas em Moçambique (Novembro de 2003 e Dezembro de 2004); às legislativas e presidenciais na Guiné-Bissau (Março de 2004 e Julho de 2005); às legislativas e presidenciais em S. Tomé e Príncipe (Março - Abril e Julho de 2006); 1ª e 2ª volta dos pleitos parlamentares em Timor-leste (Junho de 2007) e às presidências em Timor-Leste (Abril de 2007 e Maio de 2007) e Guiné-Bissau, em Junho de 2009.

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‘A actuação político-diplomática foi o motor fundamental da criação da própria CPLP. A evolução do Conselho Empresarial aponta para o aprofundamento das relações económicas’ Como tem sido promovida a cooperação interna entre os oito membros? A actuação político-diplomática foi o motor fundamental da criação da própria CPLP. Actualmente, os políticos dos Estados-membros encontram-se a nível ministerial mais de vinte vezes por ano, abordando áreas de actuação tão diversas como a Saúde, o Ambiente, a Agricultura, as Finanças ou a Educação e Cultura. Nesta matéria, dou especial destaque ao Plano Estratégico de Cooperação em Saúde (PECS-CPLP 2009/2012), aprovado no ano passado pelos ministros com esta tutela nos nossos países. Ao nível mais técnico, os encontros e projectos em conjunto são em número ainda maior. Por outro lado, a evolução do Conselho Empresarial aponta para o aprofundamento das relações económicas e empresariais com a proclamação de uma Confederação Empresarial da CPLP pelos nossos empresários, que deverá ser apresentada à próxima cimeira de Luanda, em Julho. Naturalmente, também a Cultura e a Comunicação são objectivos importantes no âmbito do desenvolvimento da CPLP, pelo que temos intensificado a nossa actuação nestes domínios. Sublinho o projecto de documentários DOCTV CPLP e outros como, por

exemplo, os efectuados no acompanhamento e dinamização de projectos e actividades conjuntas (aprovadas pelos ministros da Cultura e constantes do perfil de projectos culturais já delineado), como o “Momentos CPLP” e a “Semana Cultural da CPLP”, promovidos pelo Secretariado Executivo em conjunto com os Estados-membros. Quais os principais constrangimentos com que o organismo se depara? Não estamos conformados. Não podemos estar inteiramente satisfeitos com o funcionamento da CPLP, porque é sempre possível fazer mais. Estamos a caminhar a um ritmo permitido pelo próprio estado de desenvolvimento dos nossos países. Somos oito Estados, mas a maioria está classificada como países menos avançados. O crescimento interno acaba por condicionar o que podemos fazer, representando, todavia, o grande estímulo para aprimorarmos o nosso desempenho. A vertente empresarial é menos impulsionada. A que se deve esse afastamento de um sector considerado pelos especialistas como ‘peça-chave’? Esta percepção não é completamente real.


Existe cooperação económica e empresarial entre os nossos Estados. Ela não tem a expressão que corresponda ao potencial das nossas respectivas economias e, por isso, é preciso melhorar e incrementar. Penso que é o que está a acontecer. O Conselho Empresarial ganhou dinamismo e transformou-se numa confederação que está exactamente no processo de revisão do ordenamento jurídico (para poder formular propostas às instâncias de decisão) que instrui o sector. Estou ao corrente de iniciativas tendentes a desbloquear a componente dos transportes e comunicações entre os países e, por tudo isso, acredito que resultados mais visíveis irão surgir nos próximos tempos. A abertura das fronteiras entre os Estados-membros pode facilitar a consolidação interna da comunidade? Cada um dos Estados-membros da CPLP pertence a um espaço regional específico, regendo os fluxos comerciais transfronteiriços por acordos e convenções nessa matéria. A tendência de uma maior abertura é um princípio subscrito por todos, seguros de ser um factor impulsionador das trocas, da integração e do crescimento. É obvio que ainda enfrenta dificuldades, inerentes à própria complexidade do tema e que vão sendo reguladas com o tempo e com a crescente consolidação dos mecanismos internos dos próprios países. A CPLP não é necessariamente uma organização regional, porque não tem fronteiras físicas comuns entre os países. Por este motivo, a nossa vocação é assistir quanto possível, através do intercâmbio de conhecimentos e experiências, os nossos Estados a ter uma presença mais efectiva e favorável nos seus espaços geográficos e que possa servir de porta de entrada dos homens de negócios dos demais países da CPLP nesse espaço. A possível entrada da Guiné Equatorial promete dinamizar a organização? A eventual adesão de um país a uma organização como a CPLP não deve à partida provocar uma alteração da sua agenda. Todavia, tal só faz sentido se for um contributo positivo e é o que esperamos.

rial, sendo o único país africano de Língua Espanhola, entende ser esse o espaço mais adequado por um largo conjunto de afinidades. Desde 2004, os Estados-membros têm promovido a avaliação das condições (objectivas e não só) para a sua inclusão como membro de plenos direitos. Nas cimeiras anteriores, a conclusão foi a de que precisavam de mais tempo, apesar de acarinhar a intenção. Vamos ter de aguardar a próxima reunião para saber a decisão que os Chefes de Estado irão tomar. Os elementos fundamentais são a observância dos Estatutos e a adesão aos princípios da organização. Como analisa as relações bilaterais intra CPLP? Os nossos Estados-membros têm uma relação muito próxima, pelos laços históricos e pela partilha da língua. As relações bilaterais são profícuas e significativas, sobretudo na cooperação bilateral entre o Brasil e Portugal e os demais países da CPLP. Recordo que as mesmas são importantes para a construção de uma comunidade a oito, como exemplifica o alargamento de condições especiais, já contempladas nas relações bilaterais, para os cidadãos brasileiros, portugueses e caboverdianos (particularmente, a possibilidade de se poderem candidatar aos órgãos de poder local). Em que moldes se baseia a cooperação com a União Europeia? O Secretariado Executivo da CPLP já foi auditado pela Comissão Europeia. Denominada aos “quatro pilares”, a auditoria validou os procedimentos internos da nossa organização, tornando-a elegível para gerir alguns fundos europeus destinados à cooperação.

As Nações Unidas são parceiras importantes? Naturalmente. A CPLP participa na Assembleia-geral da ONU todos os anos. Temos diversos acordos com organismos do sistema das Nações Unidas. Vou referir apenas alguns: assinámos, no corrente ano e no âmbito do PECS-CPLP, um entendimento com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a ONUSida no sentido de estabelecer o quadro de cooperação no domínio da Saúde. No âmbito da formação, em 2009, promovemos um acordo com a Unitar e na cultura temos uma relação firmada de dez anos com a Unesco, que nos tem permitido adoptar instrumentos jurídicos nos nossos países. Dinamizamos e realizamos diversas iniciativas e projectos conjuntos no âmbito da capacitação temática dos jornalistas dos nossos países. Os projectos com a FIDA e FAO têm-se revelado muito importantes e prometedores em matéria do desenvolvimento agrícola, segurança alimentar e gestão sustentável das terras.

“A CPLP participa na Assembleia-Geral da ONU todos os anos. Temos diversos acordos com organismos do sistema das Nações Unidas” língua portuguesa Qual a importância da Língua Portuguesa no mundo? A Língua Portuguesa é actualmente falada por cerca de 240 milhões de pessoas. As previsões apontam para um crescimento do número de falantes, enquanto língua materna e segunda língua.

“Contamos com a sua liderança, envolvimento e determinação em todos os domínios”

Que factores têm pesado na avaliação do pedido? A CPLP enquanto organização multilateral rege-se por princípios e por um Estatuto que fixa a Língua Portuguesa como elemento de identidade fundamental. A Guiné Equato-

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GRANDE ENTREVISTA Que acções têm sido promovidas pela CPLP para difundir o português? A assunção de políticas partilhadas para a projecção da Língua Portuguesa como idioma global. A acção conjunta deve guiar-se pelos pressupostos do realismo na fixação de objectivos, do pragmatismo na sua execução e da persistência na concertação política necessária. Realço a importância da dimensão interna e externa da acção. Com satisfação, o Conselho de Ministros de Brasília registou a conclusão dos trabalhos de revisão dos Estatutos e do Regimento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), com vista a dotá-lo de meios para transformar-se num instrumento útil às políticas comuns e nacionais dos países da CPLP nas diversas vertentes da promoção, difusão e projecção da Língua Portuguesa. Recordo que este conselho, reunido no passado mês de Março, recomendou à VIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, a realizar-se em Julho, em Luanda, a adopção do “Plano de Acção de Brasília para a Promoção, a Difusão e a Projecção da Língua Portuguesa”. Como o nome indica, é um plano estratégico de actividades de promoção global do nosso idioma comum.

‘É importante defendermos um idioma que se fala em todos os continentes, que nos dá identidade e abre as portas ao conhecimento e às actividades económicas. Acreditamos que a unificação das grafias nos vai permitir consolidar e garantir a expansão da língua’ Qual a mais-valia da língua para o dia-a-dia das populações? É importante defendermos um idioma que se fala em todos os continentes, que nos dá identidade e abre as portas ao conhecimento e às actividades económicas. “A nossa língua é a nossa janela para o mundo”. O acordo ortográfico pode aproximar os cidadãos dos Estados-membros da CPLP? Acreditamos que a unificação das grafias nos vai permitir consolidar e garantir a expansão da língua: no discurso científico que veicula, nas expressões culturais e artísticas criadas, nas relações económicas que estabelece e nas suas demais dimensões, como a promoção no panorama internacional.

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“Contamos com uma presidência, que permita uma maior mobilização de todos os Estados e, se possível, ainda mais dos países africanos, que podem assim instituir um terceiro alicerce da Comunidade” angola na cplp Angola assume a liderança da CPLP em Julho. Quais os desafios que o país vai enfrentar? A presidência de Angola na CPLP chega num momento importante para esse país. Coincide com uma aceleração significativa do crescimento económico e num momento em que assume uma relevância especial no contexto regional. Para a CPLP, esses são elementos importantes. Contamos com uma presidência angolana global, que permita uma maior mobilização de todos os Estados e, se possível, ainda mais dos países africanos, que podem assim instituir um terceiro alicerce da Comunidade. Temos indicadores encorajadores da construção democrática nos nossos países, mas em alguns esse processo requer a contínua monitorização e assistência. Contamos com a experiência e a forte liderança de que Angola tem dado provas e, numa base multilateral, encontrar caminhos e áreas de intervenção que promovam e consolidem a construção de um Estado Democrático, em que prevaleça a liberdade e a justiça. Tendo em conta as previsões económicas, Angola tem condições para se assumir como potência dentro da CPLP? A conversão do poderio económico numa liderança estratégica é ainda uma conquista a realizar pelos nossos Estados-membros e em que Angola tem algo de muito importante a dizer, tanto internamente como no domínio comunitário. Os indicadores dos investimentos que o país tem feito para a formação

e capacitação da sua juventude, assim como a diversificação económica, levam-nos a acreditar numa resposta adequada e positiva a esse desiderato. Portanto, acreditamos no papel que Angola irá jogar e nos resultados que daí irão advir. A liderança angolana pode dar um importante contributo em algum sector específico? Em todos. Angola irá presidir e coordenar os diferentes fóruns de cooperação e, por isso, contamos com a sua liderança, envolvimento e determinação em todos os domínios. Estamos, entretanto, informados da intenção de dedicar a sua presidência à “Solidariedade na diversidade”. Apesar da abrangência do campo que esse enunciado pode cobrir, deduzimos uma atenção especial à pluralidade cultural e a uma interacção dinâmica em todos os aspectos da cooperação Sul-Sul-Norte. Ainda em Julho, inicia funções a Confederação Empresarial da CPLP. Em que medida Angola pode promover a inter-relação entre as economias da comunidade? Através da criação de condições que favoreçam essa inter-relação: leis favoráveis e que garantam o seu estímulo; meios económicos (infra-estruturas e linhas de crédito) que promovam a abertura dos mercados e a real implementação dos programas; mecanismos fiscais, financeiros e bancários capazes de regular e fortalecer as trocas. Angola tem o que é preciso para que isso resulte. Terá de o fazer em conjunto e de forma integrada.


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DO IDEAL AO REAL

DESAFIOS DO PRESENTE E DO FUTURO Desde 17 de Julho de 1996 até aos dias de hoje já passaram 14 anos. Para alguns, tidos como realistas impregnados de uma certa dose de cepticismo, lembram que com os meios disponíveis no mundo actual é considerado tempo suficiente para a consolidação e demonstração (entenda-se prática) da pertinência sociopolítica de uma organização com os objectivos, princípios e abrangência de uma entidade como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Para outros, os mais optimistas, que recorrem a uma relação meios/resultados, atendendo às contingências de cada um dos Estados membros, dizem que se está no bom caminho. A este propósito, com o respeito que é devido à língua de Camões que sem preconceitos usamos não apenas como simples meios de comunicação mas também como expressão cultural, reafirmamos que o idioma é inquestionavelmente importante, mas não é determinante num mundo sem fronteiras. Há que concretizar projectos de cooperação efectiva, com resultados palpáveis no plano social, na vida dos milhões de cidadãos da Comunidade. Força-nos a verdade e a honestidade intelectual a afirmar que algumas das dezenas de projectos têm tido alguma eficácia social. Mas temos a percepção que se tem realizado mais no plano das ideias, conferências, reflexões, encontros, seminários, concertação e outras tertúlias das letras às ciências e tecnologias, que são indubitavelmente importantes a um determinado nível, mas no que se refere ao quotidiano da maioria dos luso-comunitários são acções pouco expressivas. Impõe-se no linear da VIII Conferência de Chefes de Estado da CPLP e nos anos subsequentes maior perspicácia, a definição de políticas mais realistas e orientações mais pragmáticas, em função da realidade dos Estados e dos seus povos. Há que incrementar a motivação política para que, sem titubeações, sem estranhas engenharias jurídico-políticas e de outra índole, o princípio orientador do primado da Paz, da Democracia, do Estado

de Direito, dos Direitos Humanos e da Justiça Social (alínea c) do artº 5º dos Estatutos, seja efectivo em todo o espaço da Comunidade e a base para a realização dos mais legítimos interesses, expectativas e direitos dos cidadãos que a integram. Uma responsabilidade não só dos políticos que conduzem os Estados da Comunidade, mas também dos que legitimamente lutam pelo exercício do poder político – oposição e os cidadãos agindo como tal, propondo, participando, criticando, fiscalizando ao seu nível, o mais organizados possível –, pelo exercício da cidadania porque, salvo alguns casos, ainda existe uma grande debilidade neste domínio na maioria dos nossos países. Enquanto advogados, temos vindo a dar o nosso modesto contributo. Vejamos as conclusões do I Congresso Internacional dos Advogados de Língua Portuguesa. Poderá ser dito que não passam de ideias. Estamos de acordo, mas não é justo que duvidem da eficácia, do nível, em função dos mais nobres interesses dos cidadãos. Recorde-se as intervenções práticas no foro, ou fora dele, de muitos dos advogados da comunidade ao longo destes anos, muitos dos quais pondo em risco a sua estabilidade material, espiritual e mesmo a sua integridade física, submetidos a pressões múltiplas, trabalhando melhor, batalhando em condições difíceis, mas sempre firmes na defesa dos direitos dos seus constituintes, resguardando a consolidação do Estado de Direito Democrático. Entenda-se que agem como tal na promoção e defesa dos Direitos Humanos, que passa necessariamente por um sistema de Administração da Justiça eficiente, o que, diga-se em abono da verdade, é um dos pontos fracos na nossa comunidade. A CPLP, com uma cooperação mais firme, poderá dar um valioso contributo neste domínio. Tal implica combatividade e, em muitos casos, uma boa dose de ponderação, o que não quer dizer, de modo algum, o pactuar com a arbitrariedade, com o não ético e o irracional, por mais subtil que se apresente, por vezes sob a capa diplomática, em especial para nós advogados que, em nosso entender, devemos estar na vanguarda, na luta pela dignidade humana. Enfim, uma responsabilidade colectiva, para que esta organização seja, sem vacilações, merecedora da confiança dos milhões de cidadãos, que são a razão de ser da sua existência. Para nós, este é um dos grandes desafios do presente e do futuro da CPLP. inglês pinto bastonário da ordem dos advogados, angola

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Fluxos comerciais e de investimento Em Julho, Angola vai assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Como estão as relações comerciais e qual a evolução recente das exportações/importações e dos fluxos de investimento desde 2000 entre Portugal e os países desta comunidade? Em termos de comércio de bens e de serviços este país tem, até à data, mantido na generalidade uma balança comercial positiva, na medida em que exportou mais do que aquilo que importou. É sabido que Angola ocupa uma posição cimeira, no ranking de países fora da Europa, no que se refere à importação de bens e serviços de Portugal. No entanto, esse volume não é assim tão elevado como poderia ser, já que a economia portuguesa ao nível das relações comerciais está ainda muito voltada para os seus parceiros europeus.

EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS PARA OS MEMBROS DA CPLP (2000-2009)

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística | Unidade: Milhares de euros

‘As empresas angolanas procuram no estrangeiro investir particularmente nos sectores bancário e energético. Recebe, interessantemente, muito investimento por parte de Portugal precisamente nestes dois sectores’ IMPORTAÇÕES PORTUGUESAS DOS MEMBROS DA CPLP (2000-2009)

‘Importa reduzir muitos dos entraves que dificultam a circulação e/ou entrada de produtos nos diversos países membros da CPLP’ Não podemos esquecer também que os principais pólos de comércio e de investimento na CPLP são o Brasil, Portugal, Angola e Moçambique. Estes países têm relações comerciais e de investimento muito dinâmicos com países vizinhos. Porém, o factor distância geográfica, aqui aplicado aos diferentes parceiros comerciais da comunidade, é tendencialmente cada vez menos relevante numa aldeia global, onde futuramente se pode formar um triângulo de negócios muito promissor com os vértices Europa – África - América do Sul. Esta trilogia leva a que outras economias possam ser arrastadas para uma espiral ascendente de contactos e de negócios, que poderão originar níveis mais elevados de riqueza. Contudo, e para que tal se verifique, deverão ser reduzidos muitos dos entraves que dificultam a circulação e/ou entrada de produtos nos diversos países membros da CPLP. Da mesma forma, devem ser fomentados os apoios para o estabelecimento de contactos com países vizinhos, no sentido de criar parcerias privilegiadas para a criação de economias de escala. Por outro lado, deverá existir uma forte aposta nas tecnologias, pois estas funcionam como um apoio por relação aos negócios.

‘Devem ser criadas condições para fomentar maior entrada de empresas angolanas, moçambicanas, brasileiras, etc, na economia portuguesa’ miguel matos torres (miguel.torres@ua.pt) professor da universidade de aveiro (degei), portugal

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Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística | Unidade: Milhares de euros

No que diz respeito ao investimento directo no estrangeiro, ao analisarmos a diferença entre entrada e saída e a entrada de investimento, Saída Líquida de Investimento (SLI), por parte de Portugal face aos restantes membros da CPLP, verificamos que com todos os países Portugal tem uma situação em que este indicador é favorável à economia portuguesa, isto é, o país tem mais investimento no exterior do que recebe de empresas oriundas dos restantes membros da CPLP. Deste modo, devem ser criadas condições para fomentar maior entrada de empresas angolanas, moçambicanas, brasileiras, etc, na economia Portuguesa. INVESTIMENTO DIRECTO DO EXTERIOR EM PORTUGAL

Fonte: Banco de Portugal | Unidade: Milhares de euros

Focando a nossa atenção em Angola, esta economia (juntamente com o Brasil) tem sido um dos principais destinos de localização escolhidos pelas empresas portuguesas. Este facto deve-se sobretudo à dimensão e ao potencial de crescimento apresentado pelo mercado angolano. No entanto, se o sistema financeiro angolano se encontrasse totalmente desenvolvido, o investimento a receber, quer de empresas portuguesas, como de outras nacionalidades, seria bem mais elevado. É sabido que as empresas em processo de investimento no exterior preferem arriscar dinheiro emprestado a aplicar fundos próprios. As empresas angolanas procuram no estrangeiro investir particularmente nos sectores bancário e energético. Recebe, interessantemente, muito investimento por parte de Portugal precisamente nestes dois sectores. De modo a aprofundar as relações comerciais e a internacionalização das empresas dos países da CPLP surge outro determinante de peso, a língua. Esta é um denominador comum dos membros da comunidade que não poderá ser perdido de vista porque será tão ou mais relevante no futuro como o foi até agora.


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A CPLP pode ser um facilitador do fluxo e intercâmbio de quadros lusófonos entre estados-membros

O Mercado como o Brasil e Angola, em que as suas ecoA CPLP, criada em Julho de 1996, tem, desde de ligação e de apoio nos problemas políticos, nomias já voltaram a crescer. O Brasil, Angola a sua criação, o objectivo primordial de aproeconómicos e sociais entre estados membros. e Moçambique têm vindo a ser um dos prinximar e valorizar os oito estados-membros, cipais destinos de investimento das grandes onde a língua portuguesa é o elo de ligação Deficit de quadros qualificados multinacionais e das empresas portuguesas, desta comunidade lusófona. Ao longo da sua Estes países, principalmente os do continente como forma de compensar a falta de crecihistória, a sua influência tem vindo a ser noafricano, têm um deficit de quadros qualificamento do mercado caseiro. tória, pois passou de um mero obeservador dos. Nos últimos anos a falta de oportunidades a um interveniente sempre presente e a instabilidade política e económica lenas situações mais dificeis. As áreas vou muitos dos quadros nacionais a saA comunidade tem demonstrado de actuação da comunidade têm vindo írem do país. Muitas empresas têm que mais preocupação com as áreas a diversificar, desde as áreas da culturecorrer a mão-de-obra estrangeira para sociais, como o emprego e a ra, às económicas e sociais, com uma as suas necessidades de recrutameneducação. Uma mudança de preocupação centrada cada vez mais to, o que significa custos acrescidos e actuação que pode vir a significar, dificuldades de adaptação ao mercado. nos sectores sociais, como o emprego no futuro, um mercado comum de e a educação. Esta mudança de actuaMuitos destes quadros encontram-se ção, pode vir a significar, no futuro, um maioritariamente em Portugal e esemprego e oportunidades para os mercado comum de emprego e oportupalhados pelo mundo, esperando uma jovens quadros lusófonos nidades para os jovens quadros lusófooportunidade para o regresso. Muitos nos. Países membros com economias dos governos destes países, como AnDesafios da presidência emergentes e pujantes como é o caso de Angola e Moçambique criaram condições para o No próximo mês de Julho Angola assume pregola, Brasil, Moçambique ou mesmo a Guíne regresso dos seus quadros e dos jovens estusidência da CPLP, o que pode representar um Bisau (num futuro próximo), podem ser a aldantes que optaram por tirar os seus cursos aprofundar de relações e a preparação de uma ternativa para a velha Europa, já com econono exterior. A CPLP pode ser um facilitador estratégia de futuro para a cooperação entre mias de pouco crescimento e altas taxas de deste fluxo e intercâmbio de quadros lusófoos estados-membros. Os próximos dois anos desemprego. A crise económica que a Europa nos entre estados-membros num futuro próserão fundamentais para o futuro da comunie a América estão a atravesar e que alastrou ximo e que tem uma significante diferença na dade. Existem dois caminhos, um deles o mais ao resto do mundo pode ser uma oportunidaestabilidade e no crescimento em relação aos fácil será manter tudo como está e a CPLP de para os menbros da Comunidade de Países países vizinhos. continuar a ser um observador, o outro e mais de Língua Portuguesa (CPLP), principalmente joão carlos costa partner da jobfair global search & associates, portugal ambicioso, passa por a comunidade ser um elo os países membros ricos em recursos naturais

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| manuela bártolo

Accionistas nas ‘urnas’

“One share, one vote” Compromisso de defesa das boas práticas societárias, que se reflecte no aumento dos direitos e influência dos accionistas nas sociedades. Este é um dos pontos base do princípio “one share, one vote”, assente no direito de voto, que a política de corporate governance (governança corporativa) defende. Os accionistas devem ter o direito ao voto nas assembleias gerais de acordo com a proporção de capital social detido e não devem ser condicionados por nenhuma desproporção de direitos de voto, que visem influenciar o balanço de poder dentro da Assembleia Geral. É porventura este, a par da transparência informativa, um dos pilares básicos sobre os quais assentam os direitos e decisões dos investidores, razão pela qual a defesa destes princípios passa necessariamente pela atribuição de verdadeiros deveres de governação societária e não apenas o hastear de uma bandeira. A governança corporativa pode ajudar as empresas africanas a crescer. A sua importância no mundo dos negócios não deve, por isso, ser ignorada, assim como o facto das

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empresas que adoptam as melhores práticas serem as mais susceptíveis de conjugar factores como a rentabilidade, competitividade e sustentabilidade. Ela está no topo da agenda das empresas em todo o mundo, pelo que em África não deve ser excepção. Como os empresários do continente pretendem desempenhar um papel maior na economia global, estão-se a tornar conscientes de que precisam seguir as melhores práticas para poderem ser competitivos com as empresas estrangeiras. A questão da governança corporativa é, por isso, assegurar que a gestão e os accionistas maioritários das empresas se comportem de forma a equilibrar o lucro com os interesses dos accionistas minoritários e outras partes interessadas, o que inclui aspectos como a transparência financeira e divulgação, tratamento dos accionistas minoritários, estrutura organizacional e do conselho de administração. Defende-se a ideia de que as empresas fazer uma separação das funções de presidente e director-executivo e um conselho forte não-executivo, em consonância com as melhores práticas da área. Outros elementos de governança corporativa incluem auditorias

internas e externas, gestão de risco, planeamento de sucessão, direitos dos accionistas minoritários, divulgação de informações a analistas e accionistas, bem como o cumprimento da legislação, regulamentos, bolsa de valores e estruturas da indústria de regulamentação. A sua política não se faz apenas com o cumprimento de uma obrigação legal ou quadro (voluntária ou involuntária) de regulamentação, mas (sobretudo) em fazer a coisa moralmente certa.

A governança corporativa começa a ser entendida como um excelente diferencial competitivo, uma vez que pode ajudar as empresas a atrair financiamento de investidores nacionais e internacionais O valor das melhores práticas As empresas africanas, em particular as PME’s, nem sempre compreendem o valor da governança corporativa. A adopção das


melhores práticas pode parecer caro e complicado para as pequenas empresas em fase de crescimento. No entanto, o quadro está lentamente a mudar, pois esta política começa a ser entendida como um excelente diferencial competitivo, uma vez que pode ajudar as empresas a atrair financiamento de investidores nacionais e internacionais. As que fazem negócios no mercado internacional estão, por isso, também sob pressão dos seus clientes para mostrar que têm uma boa governança corporativa e as credenciais éticas exigidas. Razão pela qual, os governos, como os do Gana, Malawi, Moçambique e Zâmbia, e respectivas associações empresariais estão, cada vez mais, a criar estruturas a este nível. Influência no investimento A adopção de boas práticas de governança corporativa, como forma de protecção sobretudo dos accionistas minoritários, tem vindo, no entanto, a ser discutida há algum tempo na Europa e nos Estados Unidos. A sua influência sobre a decisão de investimento tem aumentado, uma vez que uma boa percentagem dos investidores demonstra, cada vez mais, disponibilidade para pagar um preço maior por acções de empresas que adoptam tais práticas. Isto porque simboliza, por um lado, que a instituição dá a segurança necessária ao investidor ao criar um ambiente de negócios saudável e, por outro, que são empresas com um custo de captação menor, o que afecta a opinião do investidor no momento da aplicação do seu dinheiro em acções. No entanto, ainda há os que preferem analisar o risco e o retorno do investimento, sendo o factor governança pouco, ou quase nada, analisado, o que faz ressaltar a importância de um aumento na divulgação e promoção da adopção de boas práticas entre os investidores. Com especial relevância no mercado de capitais. A opção de bom senso na ‘governação’ das empresas cotadas (designadas por públicas nos países anglo-saxónicos, em virtude da abertura de capital ao público através das bolsas) não se encontra em nenhum dos dois extremos hoje militantemente defendidos pelos respectivos grupos de fãs: a moda da bicefalia no poder (separação

formal entre presidente do conselho de administração e o director-geral/CEO) ou o regresso à fusão tradicional das duas funções de topo (com um único líder carismático ao leme). A ideia ingénua de que os riscos de conflito entre as duas funções se resolvem escolhendo adequadamente as pessoas ‘certas’ nem sempre é comprovada pela prática – a oferta de pessoas ‘certas’ é infinitamente menor do que a procura, explica, com algum humor, Charles M. Elson, especialista norte-americano em corporate governance e presidente do Centro para a Governação Empresarial da Universidade de Delaware. Por isso, a solução realista é fazer com que o conselho de administração – todo ele – desempenhe efectivamente as funções para as quais foi escolhido pelos accionistas, sublinha, afirmando que a questão crucial não é concentrar a autoridade num só ou dividi-la em dois. O foco do debate – e da atenção dos accionistas – deveria estar nos administradores independentes e na estrutura dos comités da administração. Sinais de fogo O bom desempenho de um Conselho de Administração (CA) só se conseguirá se uma maioria substancial dos seus membros for efectivamente independente, não sendo uma extensão da “rede” de relações políticas ou económicas do presidente. Charles Elson frisa, ainda, que estes membros do CA deverão ser pró-activos na supervisão da agenda da sua área de responsabilidade e funcionar em regime de rotatividade, ao fim de algum tempo, nos comités que presidem, não aquecendo o lugar. O papel dessa maioria de administradores independentes deverá, também, manifestar-se em casos de sinais de fogo: se há uma ‘guerrilha’ entre o presidente e o

CEO, então compete-lhes actuar e reavaliar as pessoas escolhidas, ou um, ou outro, ou ambos, afirma, peremptório, o especialista. A dualidade de poder no topo das empresas cotadas tornou-se moda, nomeadamente nos Estados Unidos, desde 2001, e em 2008 já atingia 50,4% das companhias “públicas” norte-americanas, de acordo com Charles Elson. A repartição de poderes entre um presidente do CA (designado por “chairman”, uma expressão “vip” que se generalizou mesmo nos países sem língua oficial inglesa) e o director-geral (CEO, na expressão anglo-saxónica) tem conduzido, em muitos casos, a um duplo poder dentro das empresas cotadas, facilitando a “guerrilha” entre facções que se agrupam em torno das posições de um, ou de outro, paralisando as actividades de gestão e afectando a imagem e valorização das empresas, o que, por vezes, prejudica seriamente os accionistas. Por essa razão, no calor inicial do debate, um reputado especialista, William T. Allen, ex-presidente do organismo regulador criado pela SEC norte-americana e director do Centro de Direito Empresarial da Universidade de Nova Iorque, recomendou que se cortasse o “mal pela raíz”. A eficiência empresarial exige a liderança num só lugar – no CEO, argumenta, acrescentando que o papel de controlo da gestão deveria ser ex-

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as empresas não angolanas, nomeadamente as portuguesas, que desenvolvem alianças e parcerias com empresas angolanas, em especial as que têm modelos de governance mais sofisticados nos seus países de origem. É, pois, essencial, um movimento de construção equilibrado e consensual das melhores práticas de ‘corporate governance’ nos grupos empresariais angolanos para que os mesmos se possam afirmar nos mercados internacionais, onde terão que actuar cada vez mais, na sequência do desenvolvimento que Angola apresenta. Os modelos a adoptar deverão, em minha opinião, ter em conta os vários stakeholders que interagem com estes grupos empresariais, na óptica de um desenvolvimento económico-social sustentado”, explica a este jornal.

cercido pelos administradores independentes. Charles Elson não é radical a esse ponto, mas admite que a figura da bicefalia é particularmente adequada a situações de excepção nas empresas familiares, onde, por vezes, o problema delicado da sucessão requer temporariamente um tratamento equilibrado. Realidade nacional O crescimento de grupos empresariais em Angola ainda é insípido, até porque se vive essencialmente um processo de reordenamento e consolidação dos diferentes sectores de negócio. Aliado a este facto, está a inexistência das SGPS, como explicou Luís Todo Bom, professor convidado do ISCTE, ao Semanário Expresso, no ordenamento jurídico angolano, o que torna menos claro e menos estruturado o processo de consolidação empresarial, muitas vezes suportado em SA, que funcionam simultaneamente como holdings e empresas operacionais. De acordo com o mesmo, “o facto de a grande maioria dos grupos empresariais angolanos serem grupos familiares aumenta a complexidade deste reordenamento de participações sociais e de negócios, uma vez que é rara a separação entre unidades patrimoniais da família e as unidades operacionais nas diferentes áreas de negócio dos grupos”. Razão pela qual, as questões de ‘corporate governance’, que “têm uma importância clara em

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todas as unidades empresariais com alguma dimensão e sofisticação, assumem no caso vertente um papel de uma grande relevância”. De facto, “a separação entre os direitos e atribuições dos accionistas e o papel dos gestores, a actuação dos gestores profissionais e independentes, as comissões de auditoria independentes no seio dos conselhos de administração e a sua ligação aos auditores externos e as funções do conselho fiscal assumem uma importância inquestionável para o bom governo das empresas”, refere o docente. “O facto de um grande número de grupos empresariais não apresentar contas consolidadas e a inexistência de um mercado de capitais que estabeleça regras de funcionamento dos mercados a serem seguidas pelas diferentes unidades empresariais do país, constitui uma dificuldade adicional para o urgente e correcto movimento de clareza e eficiência empresarial”. Segundo o mesmo, em artigo de opinião ao Expresso, “é sempre possível utilizar as recomendações de organismos internacionais, como a OCDE ou adoptar modelos de outros mercados mais desenvolvidos, mas raramente estas normas são directamente transponíveis para a realidade angolana”. “A cultura angolana tem especificidades, por exemplo, ao nível da avaliação das performances e distribuição de lucros entre as ‘famílias’ de accionistas e de gestores. O conhecimento detalhado deste fenómeno é essencial para

a saber A governança corporativa pode ser definida como as regras, estruturas e processos para dirigir e controlar as relações da empresa com seus stakeholders, incluindo gestão, accionistas, consumidores, credores, empregados, público em geral e fornecedores Existem vários tipos de estruturas de administração em diferentes países. Em geral, prevalecem duas estruturas: “one-tier system”, em que uma única administração incorpora função de gestão e de supervisão, e a “two-tier system”, em que estas duas funções estão divididas por dois corpos


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| patrícia alves tavares

FAO

Erradicação da fome

A presidência regional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) foi atribuída a Angola, após esta ter sido eleita pelos 53 Estados africanos que participaram na 26ª reunião do organismo, que decorreu em Luanda. O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Afonso Pedro Canga, representará o país e vai dirigir a entidade durante os próximos dois anos. “Angola vai assumir nos próximos dois anos a presidência da Conferência Regional da FAO para África, actuando como porta-voz dos povos africanos no domínio da segurança alimentar e nutricional e através da participação no sistema de governação da FAO”, anunciou Mamadou Diallo, representante da delegação nacional da organização. Os novos dirigentes da Conferência Regional tomaram posse em Maio, substituindo o ministro da Agricultura guineense Gideon NDambuki. Da parte angolana, Amaro Tati, secretário de Estado da Agricultura, agradeceu durante a última conferência a confiança depositada e assumiu o compromisso de cumprir as metas estabelecidas na 26ª reunião, assegurando a participação nos conselhos da FAO em Roma. Aliás, este será um dos principais desafios da nova equipa que, segundo Mamadou Diallo, deverá “acompanhar e assumir a voz de África e compartilhar com o continente as conclusões e recomendações saídas dos encontros” e fóruns internacionais. “Haverá uma nova dinâmica de diálogo depois da Conferência que será li-

derada por Angola”, concluiu. Jacques Diouf, director-geral da FAO, partilha da mesma opinião. “Antes o trabalho terminava com a conferência, agora ele terá de continuar até 2012 e participará em acções da organização ao nível mundial e regional”, advertiu recentemente, à saída de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, Assunção dos Anjos. O dirigente realçou que a nomeação de Angola foi unânime, pelo que “a satisfação foi manifestada não só pelos Estados africanos, mas também pelos elementos das Organizações Não Governamentais, sociedade civil e observadores de outras regiões”.

‘O país terá como competências a definição das prioridades do continente a nível da segurança alimentar e a mobilização de recursos para combater a fome e a pobreza nas regiões africanas’

A missão O país terá como competências a participação nos projectos e no orçamento da FAO, a eleição e definição das prioridades do continente a nível da segurança alimentar e a mobilização de recursos para combater a fome e a pobreza nas regiões africanas. Mamadou Diallo adiantou que a temática “prioritária para Angola” diz respeito à forma como valorizar o potencial dos bio-combustíveis sem prejuízo da capacidade de fabrico dos produtores. O responsável congratulou-se com a parceria estabelecida entre a nação e a FAO, definindo a cooperação como excelente. “Estamos a trabalhar em conjunto na implementação de uma estratégia nacional de segurança alimentar e nutricional e as recomendações saídas da Conferência Regional da FAO vão ser integradas no programa de desenvolvimento rural e de combate à pobreza no país”, sustentou. Da parte da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o Governo nacional poderá contar com a colaboração no âmbito da efectivação dos objectivos delineados e no cumprimento das recomendações da última reunião. A conferência regional da FAO em África decorre de dois em dois anos, com o objectivo de nomear o país que vai presidir o organismo e de proceder ao balanço dos problemas e prioridades específicas de cada região. Durante o encontro são analisados os planos de trabalho, projectos executados e o grau de eficácia da entidade nos países. O evento reúne os ministros da Agricultura do continente, a União Africana, organizações regionais e sub-regionais, parceiros da entidade e elementos da sociedade civil. A FAO ocupa-se dos problemas alimentares e agrícolas mundiais. Uma das suas prioridades é a redução da subnutrição, fomentando a produção agrícola das nações menos desenvolvidas, através de apoios financeiros e técnicos.

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ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS

| manuela bártolo

Made in Angola

Inegável! A globalização estimula a concorrência. Entre países, regiões e cidades pela atracção de investimento, de mão-de-obra qualificada, de turistas e até de eventos, assim como promove a valorização dos seus produtos (exportações) e das suas instituições. Razão pela qual, o desenvolvimento de estratégias de Place Branding se tem tornado uma ferramenta importante para o crescimento, sucesso e notoriedade de um país, cidade ou região. Senão vejamos: nos últimos 10 a 15 anos, países como os EUA, a Espanha, a Alemanha, a Escócia e a Nova Zelândia, cidades como Paris e Nova Iorque e regiões como o Arizona, os Pirinéus ou o Silicon Valley, têm implementado estratégias de gestão das suas marcas local, tendo como objectivo primordial a atribuição de valor para si e para os seus cidadãos. Cientes desta necessidade, começa hoje a (re)nascer o projecto de (re)lançamento da Marca Angola. A promoção de uma marca global exige a concertação de um conjunto de variáveis que vão desde a gestão de marcas até ao desenvolvimento político, criando um novo fenómeno que se focaliza tanto na definição de estratégias, como na sua implementação. É importante, portanto, adicionar às ferramentas clássicas uma liderança forte, a diplomacia política e os negócios estrangeiros. Os locais devem desenvolver campanhas

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de promoção das suas marcas baseadas nos seus pontos fortes, criando uma imagem única e diferenciada num mercado, cada vez mais, global. Este é um processo bastante complexo e difícil, uma vez que implica controlar todas as acções que influenciam a percepção que os consumidores têm dessas marcas. A competição entre países no intuito de facilitar a venda dos seus produtos e serviços, de atrair pessoas mais qualificadas, turistas ou investimentos é feroz e constante no mundo actual. Nesse sentido, cada país deve desenvolver a sua estratégia de promoção e posicionamento centralizando-se em atributos positivos, atractivos e únicos, sustentáveis e relevantes aos mais diferentes públicos, um pouco por todo o mundo. Contudo, esta tarefa só é possível se os governos e todas as instituições governamentais e não-governamentais transmitirem de forma consistente a mesma imagem ao longo do tempo.

Quando falamos na marca da nova Angola falamos de uma ‘jovem’ de sete anos, que tem obrigatoriamente de crescer para se afirmar no mundo das marcas. Consolidar a sua imagem através do desenvolvimento e crescimento do país, com um trabalho consistente e sustentado em vários sectores é, por isso, imprescindível. Nada de impossível para uma nação que aparece na revista Economics como um dos países com maior taxa de crescimento nos próximos dez anos. “Made in Angola” tem, portanto, tudo para prosperar e se afirmar, caso as marcas locais incorporem a cultura nacional e as raízes que identifiquem a angolanidade. Para isso, é igualmente fundamental que o sector empresarial se torne mais competitivo e consiga captar mais investimentos. Um alerta para os executivos, que inclui o próprio Governo, pois este precisa de investir mais na divulgação das melhorias em várias áreas sociais, económicas e políticas.

Para a construção da marca angolana no mercado internacional, os gestores devem levar em consideração três factores importantes: a qualidade do investimento, o preço - como factor de compra - e a marca. Carlos Coelho, CEO da Ivity Brand Corp, Portugal


sabia que… Os clientes reconhecem em geral como principais atributos de uma marca a tecnologia, a sustentabilidade, a qualidade, a segurança, a credibilidade, a funcionalidade e o respeito pelo ambiente Um trabalho que deve ser realizado em parceria com a Agência Nacional de Investimento Privado, para maior promoção das potencialidades do país, concentrando-se, por exemplo, numa primeira fase nos países amigos. Paralelamente a isso, numa perspectiva global, importa fazer um esforço ao nível dos media, pois as marcas estão intimamente associadas a eles, uma vez que estes são dos seus mais fortes aliados, dando-lhes visibilidade para o mundo. Razão pela qual, convém nunca esquecer que uma marca se constrói com bases fortes e manifesta-se num logotipo, símbolo, cor e imagem que fazem a sua denominação própria, aspectos a não descurar visto que no ‘futuro’ a publicidade à mesma agirá como divulgadora da estrutura edificada, utilizando todas estas ferramentas para comunicar. A este nível então é que a concorrência é feroz, embora muitas vezes as marcas internacionais estimulem as marcas nacionais a serem cada vez melhores. Isto sem esquecer que a existência de marcas fortes é sempre um factor positivo para o país, ‘basta’ as parcerias não se limitarem a uma cooperação económica e política, de forma a existir uma relação equilibrada e saudável. Nesse sentido, do ponto de vista económico, é uma enorme vantagem no que concerne à oportunidade uma boa escolha de parceiros, enquanto que a nível politico se

deve aproveitar o momento presente e fazer opções estratégicas das políticas do Estado, atraindo investimento em áreas como a agroindustrial, para Angola produzir as suas marcas através das suas próprias riquezas. Sendo, por isso, que já se fale na criação de um fundo de apoio às marcas angolanas. A ideia é que o próprio Estado incentive os gestores nacionais a contribuírem para o desenvolvimento do país. Embora as verbas estipuladas possam não ser suficientes, é a base de uma agenda política preocupada em fazer germinar e crescer mais marcas com o cunho do país.

A cultura, as raízes e a identidade nacional são factores importantes na criação de uma marca-país Imagens de Marca A Sonangol, a companhia de aviação TAAG, a operadora de telecomunicações Unitel, os canais de televisão TPA 1 e 2, a cerveja Cuca, os diamantes da Endiama e as financeiras BFA, BAI, BESA, BPS e BIC são as principais marcas angolanas a usufruir de elevados índices de notoriedade em Angola, tendo algumas já forte potencial para serem exportadas. Destas, a que se destaca é a Sonangol. “Em Angola, a

consciência empresarial para a importância das marcas, enquanto factores de desenvolvimento de um mercado, tem despertado de uma forma bastante visível nos últimos cinco anos”, esclareceu Carlos Coelho, presidente da Ivity Brand Corp, no congresso “Marcas made in Angola, que se realizou recentemente na capital. Ao longo de três dias, o II Congresso Nacional de Marcas de Angola proporcionou debater a importância decisive da marca nas estratégias competitivas actuais. Profissionais nacionais e internacionais procurando contribuir com os seus conhecimentos e experiência para a criação de marcas angolanas e, sobretudo, para a criação da marca “Made in Angola”. Durante o encontro foram discutidos temas como as “Marcas e os Mercados”, “Fidelidade à Marca” (Brand Loyalty), “O Papel do Marketing, da Publicidade e das Relações Públicas”, “Marcas e a Media”, “Marcas Institucionais e Privadas”, “Marcas Singulares e Culturais”, e ainda realizado o workshop a “Anatomia de uma Marca”. Uma oportunidade única para debater, reflectir sobre as diferentes vertentes e disciplinas que envolvem a criação, desenvolvimento e estratégia de marca, bem como para tomar conhecimento de “case studies” sobre a experiência nacional e internacional na matéria. Segundo os especialistas, ao Jornal de Angola, a marca constitui,

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ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS nos nossos dias, um argumento concorrencial decisivo, possuindo tanto um valor ofensivo (permite conquistar mercado), como um valor defensivo, salvaguardando as características mais peculiares e a origem dos produtos. Ainda a este jornal, a ministra do Comércio, Idalina Valente, referindo-se à legislação que o Governo pretende implementar com vista à protecção da marca nacional, frisou que a mesma constituirá uma mais-valia para a salvaguarda dos produtos originários de Angola, contribuindo para a projecção do país a nível internacional, bem como para a preservação da auto-confiança dentro das empresas. Esta acção do Estado é fundamental para que os cidadãos queiram, cada vez mais, preservar a marca do seu país e que é o reflexo da comunidade angolana no mundo. A cultura, as raízes e a identidade nacional são factores importantes na criação de uma marca-país.

A marca constitui um argumento concorrencial decisivo, possuindo tanto um valor ofensivo (permite conquistar mercado), como um valor defensivo, salvaguardando as características mais peculiares e a origem dos produtos Study-case Suécia A forte aposta em I&D, a partilha de modelos de gestão empresarial e o pragmatismo das soluções apresentadas são os três factores principais que têm tornado as marcas suecas verdadeiros fenómenos de êxito global, em vários sectores de actividade. Conhece a nacionalidade da IKEA (mobiliário) e da Volvo (automóveis)? Talvez. E a de empresas como a Tetra Pak (embalagens), Electrolux (electrodomésticos), Ericsson (telefonia móvel), H&M (vestuário), Oriflame (cosmética), SKF (rolamentos) ou Atlas Copco (equipamento industrial)? Ou ainda de marcas como a Absolut (vodka) ou Tena (higiene)? E a do Spotify (música online) e Unibet (jogos online)? Estas e outras marcas e empresas globais foram criadas na Suécia, um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que mais investee m I&D relativamente ao seu PIB e com um dos maiores números de patentes registadas em todo o mundo. A título de exemplo é de referir que a sueca Ericsson tem um portefólio com mais de 25 mil patentes e que prevê investir cerca

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de três mil milhões de euros em I&D em 2010. Com um território de apenas nove milhões de habitantes, o país é ‘detentor’ também de duas marcas no topo do ranking europeu da Interbrand de 2009: a H&M e a IKEA, no primeiro e terceiro lugares, com valores estimados em 11.125 milhões de euros e 7.373 milhões de euros, respectivamente. De acordo com declarações de Vera Norte, directora de comunicação da Tetra Pak, à revista Marketeer, na edição de Abril, “as mais-valias das invenções suecas é tornarem-se soluções universais”, o que também faz com que muitas vezes não se tenha “a noção de serem inovações de origem sueca”. Segundo a mesma responsável a esta publicação, “as grandes marcas suecas assentam, na sua maioria, em conceitos inovadores que lançaram no mercado um conceito de produto novo”. Razão pela qual, a Suécia é entendida, não raras as vezes, como um país de empreendedores, uma vez que poucos são os países, sobretudo com esta dimensão, que têm tantas marcas internacionais e empresas. Embora, numa primeira fase, tenha sido berço da criação de um grupo de empresas, adstrito sobretudo a sectores tradicionais como a indústria pesada e os transportes, actualmente produz marcas de referência em diversas

áreas: telecomunicações, embalagens, moda, internet, entre outras. Para além destas, um dos sectores a ganhar maior visibilidade tem sido o design. Catalogado por muitos como minimalista e discreto, ajudou, nos últimos anos, o país a ganhar uma posição de destaque em segmentos novos, onde a tecnologia de ponta e a investigação são cruciais como vantagem competitiva. Bom exemplo disso é a Ericsson (já citada), mas há outras. A Spotify, uma empresa que surgiu em 2008 para permitir a transmissão de música online, em formato streaming. Ou a Unibet, casa de jogos online, criada em 1997, e que hoje opera em 100 mercados diferentes. Igualmente são os “autores”, juntamento com um dinamarquês, do Skype, software criado em 2003 para permitir a realização de chamadas gratuitas através do computador, utilizando conexões de voz sobre IP. A empresa acabaria por ser vendida ao eBay, numa transacção que atingiu os 3,1 biliões de dólares. Já em 2009, o eBay venderia 65% do Skype a um grupo de investidores privados por 1,9 biliões de dólares. Por confirmar está ainda a anunciada venda da Volvo à chinesa Geely por dois mil milhões de euros. Números que retratam o valor das marcas que a Suécia tem sabido gerar.


O Ministério da Indústria quer produção nacional com rótulo “ Made in Angola”, para identificar o país de origem Outra solução que o suecos têm ‘experimentado’ com êxito é a extensão da marca como estratégia de crescimento, o que lhes tem possibilitado aumentar ainda mais a popularidade nas últimas décadas. O uso de extensões como uma estratégia de branding é considerado mais eficaz e permite reduzir os custos em comparação com o lançamento de uma marca nova. Com esta forma de actuar no mercado, as empresas do país têm aumentado os segmentos de clientes e conseguido atender às suas necessidades, atingindo assim maiores níveis de julgamento positivo, o que permitiu fazer crescer a consicência e o valor da(s) marca(s), adquirir maior poder de negociação com parcerios de negócios e revitalizar a(s) imagem/imagens da(s) marca(s). Factores que os coloca em vantagem competitiva e proporciona, cada vez mais, a transferência de conhecimento tecnológico. O processo de extensão de marca é informal, embora a geração da ideia de triagem, as previsões, os critérios de

brand equity, financeiros e de lançamento, assim como o acompanhamento e a avaliação são passos que estão incluídos. Uma extensão de marca bem sucedida tem de cumprir os critérios de ajuste, o que significa que a extensão precisa de encaixar com a marca principal, (a imagem de marca) bem como com a categoria de produto. A avaliação positiva da marca pelos consumidores levará à valorização da marca núcleo, enquanto que uma avaliação negativa levará à sua diluição. Nunca se esqueça! Projecção O Ministério da Indústria quer produção nacional com rótulo “ Made in Angola”, para identificar o país de origem. A intenção foi expressada pelo secretário de Estado para Indústria, Kiala Gabriel recentemente. Em declarações à imprensa, este responsável afirmou que tal objectivo tem como intuito mostrar e dar valor à produção angolana. Kiala Gabriel elogiou a iniciativa privada por fazer investimentos em área que ajudarão sectores como o da construção civil, obras públicas e agricultura, sem deixar de salientar que o executivo angolano tem projectos em carteira para diversos sectores entre os quais agro-indústria, cerâmica, indústria têxtil e metalo-mecânica.

quanto vale a marca de um país?

AS 10 MARCAS MAIS VALIOSAS DO MUNDO 01. EUA - US$ 19.735 triliões 02. Japão - US$ 9.590 triliões 03. Alemanha - US$ 5.396 triliões 04. Reino Unido - US$ 3.560 triliões 05. França - US$ 3.168 triliões 06. Itália - US$ 2.787 triliões 07. Espanha - US$ 1.604 triliões 08. Canadá - US$ 1.402 triliões 09. China - US$ 1.121 triliões 10. Austrália - US$ 930 bilião FONTE: Estudo publicado pelo especialista britânico em Nation Branding, Simon Anholt

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SOCIEDADE

| patrícia alves tavares

“Os sistemas de saúde devem contribuir para a equidade e justiça social” Diosdado Nsue-milang OMS, ANGOLA

Especial Hospitais Públicos

Diagnóstico favorável José Van-Dúnem, Ministro da Saúde, tem como meta para os próximos quatro anos combater as grandes epidemias. Intrinsecamente associado a este objectivo surge a necessidade de implementar urgentemente o programa de reestruturação dos hospitais nacionais, meios essenciais para a prestação eficaz de cuidados de saúde às populações (especialmente as mais carentes). A aposta recai na colaboração dos responsáveis do sector e das entidades internacionais, que têm desenvolvido com sucesso parcerias com as unidades públicas africanas. “O sistema de saúde em Angola vive um momento de transição”, afirmou recentemente Van-Dúnem, em declarações à TPA. O ministro acredita que o país caminha para uma saúde mais eficiente, em que a reestruturação das infra-estruturas representa uma mais-valia para a prestação de cuidados primários eficazes. O ministério começa a dedicar especial atenção à saúde hospitalar, tendo desenvolvido um conjunto de políticas e programas que visam a reorganização do sector e a melhoria das condições de trabalho. Luanda, a capital, é onde se regista uma maior evolução. As províncias tentam acompanhar o ritmo.

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Plano 2009/2013 A OMS em Angola delimitou as estratégias para o triénio 2009/ 2013, tendo em conta as prioridades nacionais e as orientações estratégicas regionais do organismo. A entidade internacional entende que o crescimento económico, conjugado com o aumento progressivo do orçamento do sector da saúde, permitirá a reforma do sistema baseada nos cuidados primários. À Organização Mundial de Saúde caberá apoiar o Governo angolano no desenvolvimento e gestão dos recursos humanos, contribuindo para a concepção de um mecanismo de informação sanitária e facilitando o acesso aos cuidados, tecnologias e produtos médicos, cuja qualidade e utilização devem ser melhoradas. O empenho em corresponder às expectativas e exigências da OMS tem conduzido o Ministério da Saúde a adoptar políticas de desenvolvimento dos cuidados médicos, começando pela requalificação dos hospitais públicos.

Política de Saúde Diosdado Nsue-Milang, representante da OMS em Angola, confirma que a organização tem auxiliado o Governo na execução e criação de políticas para o sector, apostando na gestão dos recursos humanos e das tecnologias, de modo a garantir o financiamento sustentável e a sua administração eficiente. A instalação do Sistema de Informação Sanitária (SIS), promovida pela OMS, tem sido decisiva para elaborar o perfil dos doentes e poderá igualmente ser útil para avaliar a qualidade dos serviços hospitalares. O plano de acção para os próximos anos tem dois pilares fundamentais. O primeiro está relacionado com a atenção redobrada para a saúde primária. O outro respeita a toda a estrutura hospitalar - desde as urgências às áreas de consultas externas e enfermarias -, questão que tem sido acautelada na construção e reabilitação dos novos hospitais.

Desde o final da guerra o número de hospitais gerais cresceu de 79 para 163


‘Requalificar’ Os últimos dados da OMS são de 2008 e indicam que desde o final da guerra o número de hospitais gerais cresceu de 79 para 163, devido a investimentos governamentais. No dia em que empossou Alberto Masseca para viceministro da Área Hospitalar e Evelize Festas para vice-ministra da Saúde Pública, Van-Dúnem sublinhou que para atingir os objectivos de 2012 é necessário reorganizar os hospitais e preparar novas soluções para responder “às grandes enchentes”. A solução passa pela atribuição de equipamentos e alargamento das infra-estruturas. Em 2009, novos espaços foram criados ou restaurados e aderiram às tecnologias de ponta. A formação de novos especialistas foi incrementada e em 2010 espera-se que o país receba no mínimo 200 profissionais estrangeiros. Aliás, a modernização dos hospitais prossegue. Apenas em Luanda estão em construção unidades em Viana, Cacuaco, Kilamba, Kiaxi e no sul da província. O Ministério da Saúde tem procurado sincronizar as actividades das redes primárias, secundárias e terciárias, para conferir maior eficiência aos serviços de urgência. Os postos de saúde estão a nascer nas comunidades, que começam a contar com médicos, serviços de laboratório, primeiros socorros e ambulâncias. O programa de Controlo da Qualidade Hospitalar (CQH), lançado em 2008 e que resulta de uma parceria entre o CQH internacional, o Ministério da Saúde e a Pracsis (empresa brasileira-angolana de consultoria em gestão de saúde), tem estimulado a qualidade dos hospitais públicos. À semelhança das principais capitais mundiais, as unidades nacionais recebem regularmente a visita de técnicos de CQH estrangeiros, que inspeccionam o trabalho e as carências de cada serviço. Saúde na capital Os principais hospitais públicos de Luanda têm sido alvo de profundas reformas, tendo sido construídas mais de 50 instalações de saúde nos bairros da periferia. É o caso do Hospital da Samba, um dos municípios que contará a partir de Julho com uma unidade de referência. O administrador da comuna do Futungo de Belas, Lázaro Sebastião, referiu à imprensa que o projecto faz parte do programa de investimentos públicos do governo provincial e albergará as especialidades de clínica geral, pediatria, ginecologia, obstetrícia e serviço permanente de urgência. O Hospital do Prenda também foi visado pelo programa de recuperação das unidades públicas de saúde. Totalmente modernizado, conta actualmente com

Apenas em Luanda estão em construção unidades em Viana, Cacuaco, Kilamba, Kiaxi e no Sul da província um serviço de urgência dividido em duas áreas: urgência e emergência. Esta última está inserida no projecto do ministério, intitulado “Sistema Integrado de Emergência Médica”, o que contribuiu para que o espaço acolhesse um serviço de diagnóstico com um laboratório clínico e uma área de imagiologia, sendo capaz de suportar uma unidade de cuidados intensivos. O espaço dispõe de tecnologia de ponta e um sistema de intranet. Já o Hospital Américo Boavida ganhou o primeiro gabinete do utente. O objectivo deste serviço consiste em propiciar a interacção entre os pacientes e a administração da unidade, respondendo assim às reclamações dos utentes quanto ao atendimento. As mudanças das direcções do Hospital Josina Machel e da Maternidade Lucrécia Paim prometem dinamizar o funcionamento das instituições. Essa é a intenção do ministro, que quer garantir uma melhor prestação dos cuidados de saúde para alcançar os objectivos governamentais. Aliás, o Josina Machel foi reabilitado e reequipado graças a uma doação do governo japonês (correspondente a mais de 37 mil dólares), no âmbito do protocolo com o Estado, que comparticipou 5.656 dólares. As obras duraram três anos e permitiram que o espaço se adaptasse à filosofia do hospital moderno. Os principais benefícios dizem respeito à melhoria das condições de trabalho e atendimento.

Aposta provincial O Gabinete de Gestão dos Projectos de Investimentos Públicos do Uíje reabilitou o hospital provincial da região, que adquiriu novas funcionalidades que lhe permitiram agregar vários serviços como medicina geral, ortopedia, pediatria, cirurgia, hemoterapia, entre outros. A ampliação dos dois blocos para cirurgia e ortopedia vai contribuir para um melhor atendimento e aumento da capacidade de internamento que vai passar de 315 para 750 camas. Na Huíla, o Hospital Central do Lubango foi reinaugurado em 2008 e, este ano, promete implementar uma nova dinâmica no atendimento ao público, mediante a introdução de consultas personalizadas. Actualmente com capacidade para internar 500 pessoas, a infra-estrutura ganhou muito com a requalificação, que equipou a unidade com os mecanismos necessários para corresponder à procura dos utentes da Huíla e das províncias vizinhas. O protocolo de cooperação com as regiões italianas de Abruzzo e Pescara tem contribuído para o reforço dos profissionais no hospital angolano, nomeadamente na especialidade de ortopedia. Em Abril, a unidade vai receber três ortopedistas italianos, bem como equipamentos médicos. As parcerias surgem como o caminho mais viável e imediato para a reestruturação dos serviços dos hospitais públicos.

exemplo da guiné O protocolo de cooperação firmado entre o Governo da Guiné-Bissau e o Hospital de S. João, no Porto, Portugal, tem sido fundamental para a evolução dos cuidados de saúde no país africano. O acordo comporta, além da formação dos profissionais guineenses, a recepção e tratamento de crianças com patologias reumatismais no Hospital de S. João. A unidade portuense recebeu dez menores. Já os profissionais portugueses têm a oportunidade de trabalhar numa nação com “dificuldades especiais, em particular os cuidados intensivos e cardiologia”.


SOCIEDADE

| patrícia alves tavares

Parcerias Público-Privadas

Hospitais SA Surgiram no Reino Unido nos anos 90. As Parcerias Público-Privadas aliadas à gestão hospitalar são modelo comum nos países desenvolvidos e começam a ser implementadas com êxito nas economias emergentes. Através desta fórmula, torna-se possível captar o investimento privado para uma renovação mais rápida, eficaz e menos dispendiosa das unidades de saúde estatais. A Angola’in avaliou a implementação do sistema nas economias mais maduras e revela alguns casos de sucesso. O recente método de gestão hospitalar envolve uma parceria/ contrato entre Governos e entidades privadas, que se responsabilizam pelo serviço público e pela parte substancial do risco operacional, técnico e financeiro. O projecto pretende extrair o melhor de cada agente envolvido. Actualmente, é bastante comum no sistema de saúde europeu. Alguns países da América do Sul, Ásia e África começam a aplicá-lo com bastante sucesso, visto que os maiores proveitos são visíveis em regiões onde os serviços são desajustados e a maioria da população não tem acesso aos cuidados de saúde primários. Angola ainda não aderiu a este sistema. A reestruturação hospitalar está a dar os primeiros passos. Porém, as Parcerias Público-Privadas (PPP) podem ser agentes importantes neste processo, contribuindo para a melhoraria da qualidade dos serviços, através de equipamentos modernos, tecnologias de ponta e espaços adequados. As PPP implicam a criação de um contrato de longo prazo entre sector público (contratante) e sector privado (contratado). Os projectos têm várias fases: elaboração do plano, financiamento, construção da infra-estrutura e gestão da actividade. A adesão dos hospitais é sempre voluntária e são escolhidos consoante um conjunto de critérios que variam de país para país.

‘Empresarialização não significa privatização. Os ministérios da Saúde e das Finanças mantêm a tutela da instituição’ A fórmula No início da década de 90 surgiu um novo modelo de gestão hospitalar que agrupou os benefícios dos dois métodos existentes até essa data: o sistema público e o privado. Estas unidades Estatais obedecem a um esquema or-

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ganizativo económico-financeiro centrado no utente e assenta na eficiência de gestão. A nível jurídico, trata-se de uma transformação dos hospitais em empresas. No entanto, empresarialização não significa privatização. Neste caso, os ministérios da Saúde e das Finanças mantêm a tutela da instituição. Esta situação é recorrente quando é necessário construir um novo hospital, cuja “concessão” é atribuída a uma entidade privada por um determinado período de tempo. O sistema público de saúde sai beneficiado pois ganha mais uma unidade, sem investimento inicial, assumindo posteriormente um contrato para prestação dos cuidados à população. A gestão torna-se mais eficiente e eficaz e a entrada do sector privado permite a melhoria dos espaços que não dispõem de recursos suficientes e promove a qualidade da Saúde no sector público. O Estado pode financiar na totalidade ou em parte os serviços. Além de subsídios, nalguns casos o Governo cria atractivos para os investidores, como isenção de impostos. O modelo de Parceria Público-Privada é frequente em países como Inglaterra, México, Madrid e Perú.

‘O modelo de Parceria Público-Privada é frequente em países como Inglaterra, México, Madrid e Perú’ Exemplo europeu O projecto nasceu no Reino Unido. O “Hospital Fundação Estatal” é o protótipo aplicado no país europeu e o que detém a maior taxa de sucesso. A sua estrutura conceptual e administrativa tem garantido a sustentabilidade económica e financeira do sector empresarial do Estado. O modelo inglês tem vantagens que se traduzem num melhor desempenho económico e financeiro por parte dos hospitais.

Aqui as regras e princípios de gestão próprios da iniciativa privada podem ser aplicados e incrementados com sucesso, conferindo ganhos de eficiência e neutralizando o desperdício. O Hospital Fundação Estatal contempla ainda a participação de elementos da sociedade, de grupos representativos dos doentes e de profissionais da área. Estes tornam-se decisores na gestão e definição das grandes linhas estratégicas da unidade. O sistema britânico baseia-se em princípios de ‘Corporate Governance’ e está obrigado a divulgar os indicadores de desempenho (sobretudo financeiro), como forma de prestar contas aos seus principais financiadores: a sociedade (contribuintes). Em Portugal, as Entidades Públicas Empresariais (EPE) foram lançadas em 2001. Todavia, a adopção deste modelo não é inédita no sector da saúde luso. Já nos anos 90 existiram alguns casos pontuais de gestão público-privada. Mas foi no início do século XXI que esta componente assumiu uma dimensão nacional, tornandose uma inovação revolucionária, pois atingiu as infra-estruturas representativas de mais de metade da actividade hospitalar portuguesa (actualmente são 36 unidades). As EPE, também conhecidas como PPP, apresentam um modelo organizativo composto por múltiplas entidades públicas e privadas, que avaliam as políticas de saúde e o cumprimento das metas e compromissos financeiros. Este regime promove uma gestão por objectivos, centrada no utente e que proporciona vantagens ao nível da qualidade clínica, da facilidade de acesso a profissionais especializados, da melhoria do serviço e do atendimento. Na prática, a eficiência dos recursos é evidente devido à adopção de uma cultura de performance baseada na optimização da gestão. Quanto às receitas anuais dos EPE, a maior parcela (cerca de 80 por cento) cabe ao sistema nacional de saúde, enquanto o restante é asseverado pelos priva-


‘A entidade privada gere a unidade, equipa os serviços e no final do contrato devolve o espaço totalmente recuperado e dotado de equipamentos‘

dos e seguradoras. O balanço é ainda incipiente, visto que a análise dos resultados só é fiel a longo prazo. Os lucros não são imediatos, uma vez que o investimento inicial é dispendioso, apesar do factor risco não ser tão previsível como no sector privado, pois está assegurado pelo Estado. Contudo, devido aos últimos dados que indicam derrapagem orçamental na gestão destes organismos, tem levado vários médicos lusos a sugerir a aplicação da génese do modelo, baseando-se nos pressupostos da gestão inglesa e da criação de fundações.

‘O sistema britânico baseia-se em princípios de ‘Corporate Governance’ e está obrigado a divulgar os indicadores de desempenho (sobretudo financeiro), como forma de prestar contas aos seus principais financiadores: a sociedade (contribuintes)’ Países emergentes Brasil, China e Índia representam actualmente as nações que mais cresceram em termos de desenvolvimento das infra-estruturas de saúde. Estão ao nível dos melhores do mundo e são casos de sucesso da aplicação da fórmula britânica. No que concerne ao sistema brasileiro está a proceder-se a um aproveitamento da estabilidade e qualidade do sector privado, através da transferência dos seus conhecimentos e eficácia empresarial para o sistema nacional. A fraca coordenação dos organismos estatais levou à adopção das PPP, que são complementadas por uma vasta oferta de serviços ‘non-profit’ nos cuidados secundários. O Hospital do Subúrbio foi o primeiro a aderir a este modelo de gestão administrativa

e médica. Marco na administração da saúde no Brasil, este caso incentivou os restantes operadores, calculando-se que cerca de onze Estados e municípios estão interessados em aderir ao sistema de PPP. Neste contexto, a entidade privada gere a unidade, equipa os serviços e no final do contrato devolve o espaço totalmente recuperado e dotado de equipamentos (tudo o que foi instalado passa a propriedade do Estado). A remuneração da empresa é paga pelo Estado. Na Índia, as Parcerias Público-Privadas na área da saúde começam a ser soberanas na gestão dos hospitais públicos. Os organismos estatais estão crescentemente a recorrer à contratação de operadores privados para implementar as suas mais-valias. Por outro lado, o Estado possui políticas que promovem a boa gestão e que penalizam os espaços com fraco desempenho. A China prevê construir até 2011 dois mil hospitais regionais e 29 mil áreas de saúde nas zonas rurais. Na maioria das situações, será criado um sistema de parceria com os privados para ajudar no financiamento dos novos organismos.

‘George Mkhari e os complexos académicos de Polokwane [África do Sul] poderão aderir em breve ao modelo de Parceiras Público-Privadas’ Lição sul-africana O novo Hospital Port Alfred foi o primeiro projecto-piloto na África do Sul. A parceria foi estabelecida entre o Departamento de Saúde de Eastern Cape e um consórcio privado composto pela Netcare e Nalithemba Hospitals. Este último será responsável por gerir as instalações e equipamentos durante os próximos 15 anos. O representante do governo, Majodina,

referiu na ocasião que o programa converteuse “numa esperança e inspiração para melhorar a indústria de saúde sul-africana”. A troca de experiências com o governo local e com os representantes das comunidades é a mais-valia deste sistema, que está a contribuir para o desenvolvimento económico da região (através da gestão eficiente dos recursos de saúde) e para o verdadeiro aperfeiçoamento da prestação de cuidados e de bem-estar da população. Entretanto, o governo sul-africano anunciou recentemente que o plano de PPP no hospital Hani Baragwanath - que se tornou na ‘bandeira’ governamental - está completo e vai introduzir uma novidade no sistema. Com o intuito de alargar a parceria entre Estado e privados, está a proceder-se à inclusão no projecto de instalações para formação dos médicos e enfermeiros. O sucesso do sistema colocou novos organismos na calha, que deverão aderir à proposta governamental. George Mkhari e os complexos académicos de Polokwane poderão aderir em breve ao modelo de Parceiras Público-Privadas. Aliás, esta é a principal aposta do ministério para o sector da saúde. O país tem trabalhado conjuntamente com a Corporação de Desenvolvimento Industrial (IDC) e conta com o apoio e aconselhamento do Banco de Desenvolvimento Sul-africano (DBSA) que, inclusive, está a financiar e a colaborar na inclusão do sistema neste hospital e noutras clínicas do país. O Lesoto aderiu este ano à curta lista de países africanos que estão a recorrer às PPP para gerir os hospitais estatais. Em Abril, o DBSA cedeu um fundo de R740 milhões para a construção e gestão do novo hospital público, que funcionará através de uma parceria público-privada. Será um contributo fulcral para a reestruturação do sistema de saúde do Lesoto, que está neste momento em curso. O futuro espaço vai substituir o actual hospital Queen Elizabeth II. Os promotores relembram que se trata de um projecto ambicioso, mas que será rentável para o país e para os pacientes, bem como para a qualidade do sector e para atrair investidores de topo. O continente africano começa a somar casos de PPP associadas ao desenvolvimento do sector hospitalar, através de parcerias lucrativas com empresas privadas que se comprometem a rentabilizar e melhorar a qualidade das unidades de saúde. As vantagens e êxitos consecutivos destes processos podem desencadear o interesse de outras nações nestes projectos e provocar profundas revoluções na estrutura e no modo como a saúde é encarada nas regiões de África. Há que esperar pela evolução a curto prazo e analisar os efeitos que estas decisões podem ter no bemestar das populações.

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SOCIEDADE

| patrícia alves tavares

FORMAÇÃO

Massificação no topo das prioridades Actualmente existem duas universidades de Medicina em Angola. O Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Alberto Pinto de Sousa, referiu numa entrevista que o país necessita de uma instituição de formação “para cada 2.000.000, ou seja, para o nosso caso precisaríamos de pelo menos sete faculdades”. O responsável apontou, na ocasião, a longa duração e os elevados custos como motivos para incrementar a formação técnico profissional. Em 2008, em declarações à Angop, defendeu a descentralização das pós-graduações, salientando que o alargamento dos cursos às províncias constava dos objectivos da Ordem. O responsável alegou que seria um incentivo para que os médicos se concentrem nas regiões periféricas, destacando que o Governo tem investido na reabilitação e equipamento das unidades de Huambo, Benguela, Malanje, Cabinda e Huíla. Nos últimos dois anos, o sector cresceu e a massificação da formação e da especialização contínua fazem parte das preocupações do Ministério da Saúde. A Universidade Agostinho Neto tem cursos a decorrer em algumas instituições de ensino provinciais e o Estado tem estabelecido protocolos com outros países, no âmbito do intercâmbio de estudantes e de conhecimentos nesta matéria. Multidisciplinar O grau de aprendizagem dos profissionais nacionais esteve em destaque no VI Congresso Internacional dos Médicos, que decorreu em Luanda, em Março. Esta é uma das preocupações governamentais para o quadriénio 2009/2012. Com a fragmentação da Universidade Agostinho Neto surgiram novas instituições que ganharam autonomia e permitiram a criação de cursos superiores nas províncias. É o caso da Universidade Katyavala Bwila, em Benguela, onde Medicina é dos mais procurados. O professor do referido curso, Fernando Brandão, é peremptório em relação ao ensino. Em recentes declarações à Angop, lembrou que o país precisa de pelo menos 20 mil médicos para cobrir todo o território, admitindo que Angola tem actualmente um médico para cada dez mil habitantes. O docente explicou

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que a criação da nova faculdade na província representa a visão da necessidade de massificar e expandir o sistema em todo o território. ‘País precisa de pelo menos 20 mil médicos para cobrir todo o território’ “A formação de profissionais de saúde no exterior é outra alternativa”, sugeriu o Bastonário durante as IV Jornadas Científicas da Clínica Multiperfil. No final do último ano, o responsável voltava a apelar para a criação de mais instituições. A aprendizagem no exterior é, na opinião de Carlos Pinto, a solução a curto e médio prazo para a aquisição de profissionais dotados para as várias especialidades. Porém, o país precisa de ser autónomo. O responsável sustentou que o desenvolvimento da formação (em quantidade e qualidade) deve abranger todos os profissionais, incluindo técnicos de diagnósticos, enfermeiros e especialistas.

As Parcerias O primeiro médico angolano especializado em cirurgia vascular e a primeira hematologista formaram-se este ano, no Brasil. Esta tem sido a alternativa mais viável e requerida pelos responsáveis públicos e privados para corrigir rapidamente o défice de profissionais. Apesar de o Governo estar a alargar a rede de ensino, será necessário esperar alguns anos para que os futuros médicos concluam os estudos. Por outro lado, alguns cursos não existem porque não há especialistas nacionais em certas áreas. O ministério e as organizações de saúde têm recorrido a protocolos com outros países para contratação de docentes e médicos especializados ou para intercâmbio de alunos, que ganham a possibilidade de concluírem a sua aprendizagem em unidades estrangeiras, onde existem os cursos da sua área. Só a Clínica Multiperfil tem 25 médicos a especializarem-se no Hospital das Clínicas em São Paulo, em áreas como radiologia, cardiologia ou cuidados intensivos, graças a um convénio com a Fundação da Faculdade de Medicina de São Paulo. A maioria dos profissionais angolanos é formada ou especializada em universidades do Brasil, Portugal, Cuba e Rússia. O convénio com Cuba inclui ainda o recrutamento de médicos para exercer nas unidades angolanas. A Universidade Jean Piaget licenciou recentemente 36 ‘doutores’ e tem um protocolo com o Hospital de Santo António, em Portugal, onde os estudantes fazem estágios. A embaixada Venezuela em Angola anunciou em Maio que ofereceu 25 bolsas de estudo nos cursos de medicina e ciências desportivas a estudantes das 18 províncias. O primeiro grupo (composto por 12 alunos) já embarcou e vai concluir a formação até ao doutoramento. Os restantes viajam em Setembro.


EDADEICOS

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| ana rita rodrigues

NAMIBE

Arquitectura e memória Antiga Moçamedes, a cidade do Namibe, como tantas cidades angolanas, abriga no seu centro histórico casas, igrejas e outras edificações que representam um constante avivar da herança colonial portuguesa. Para os que melhor conhecem Portugal, a plana Namibe à beira-mar plantada traz-nos à memória a cidade algarvia de Tavira. De ruas amplas desenhadas a régua e esquadro, entre o deserto e o Atlântico, vão-se destacando pontos de maior relevância arquitectónica. O tribunal, ao lado do Forte, delimitando a avenida principal que dá acesso à Marginal, a Igreja de S. Pedro, de barra amarela virada para o mar ou o mercado municipal são alguns dos exemplos vivos de uma estética muito portuguesa e que os angolanos souberam conservar e, de certo modo, homenagear mantendo viva a sua presença por terras africanas. A igreja de Santo Adrião também em excelente estado de conservação e no activo, vai um pouco mais além e é um dos símbolos de uma era portuguesa dourada, em que se apostava mais nas colónias do que no próprio Portugal Continental. De uma surpreendente modernidade e com linhas arquitectónicas rectas e minimalistas, sem contudo perder a entidade portuguesa, esta Igreja continua a ser palco de missas dominicais e inúmeras cerimónias de matrimónios e baptizados e comunhões. No presente a cidade aposta em melhorar o seu aspecto e estado de conservação. Por outro lado, à volta do centro a cidade estende-se a grande ritmo com inúmeras construções maioritariamente de adobe. Um crescimento urbano orgânico que vem dar resposta ao crescimento da população e que no seu conjunto reflecte bem a comunhão entre o passado e o presente.

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TURISMO

| patrícia alves tavares

Sabia que... (cidade velha) e a O Palácio do Príncipe o (onde estão os restos Catedral do Mónac ace Kelly, princesa mortais da actriz Gr numentos mais do Mónaco) são os mo e merecem uma visita importantes da região

é a última parte do principado e é composta pelo subúrbio industrial. A capital Monte Carlo, principal centro de atenções, é a região responsável por reunir diversos artistas que procuram o destino mais luxuoso para umas férias europeias.

mónaco

reduto de reis e princesas É o segundo menor país da Europa, mas o mais procurado pelas celebridades internacionais. O Mónaco cativa ricos e famosos pela sofisticação e beleza que superam o ínfimo solo deste principado banhado pelo Mar Mediterrâneo. Possui o glamour de França, a beleza etérea de um conto de fadas e o clima fantástico do Mediterrâneo. O principado do Mónaco, loca-

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lizado no litoral Sul de França, divide-se em quatro partes e define-se como um mundo ‘à parte’. Aqui não existe violência ou pobreza. É o refúgio para ricos e personalidades do panorama mundial, que procuram repouso num local paradisíaco em pleno coração europeu. A cidade velha, bastante conhecida por albergar o Palácio Real e o prédio do governo, é apelidada de Monaco Ville. La Condamine agrega o porto e as casas residenciais. Fontvieille

Nicho de atracções Monte Carlo é a maior atracção para indivíduos com elevado poder de compra e que procuram um país onde a vida não difere dos cenários principescos. Aliás, esta é a ‘casa’ de uma das principais famílias reais. Aqui ainda impera uma das últimas monarquias europeias. Na capital, os visitantes encontram tudo aquilo com que sempre sonharam. O casino de Monte Carlo surge no topo da lista de diversões. É o espaço mais procurado neste pequeno território. Afinal, trata-se de um dos casinos mais importantes do continente. O recinto co-habita com o principal teatro monegasco, conhecido pelas exibições de ópera e por ter sido desenhado por um arquitecto francês do século XIX. A lista de actividades é bastante extensa. O Mónaco oferece aos visitantes fantásticos locais para praticar golfe, ténis, desporto aquático e até voos de helicóptero para os mais excêntricos. O Grand Prix de Monte Carlo é responsável por atrair muitos turistas, em Maio, nomeadamente os apreciadores e adeptos do automobilismo. O palco é o sumptuoso circuito citadino. A capital é uma cidade que nunca se cansa, nem mesmo quando o tema é vida nocturna. As discotecas, bares, pubs, cafés e centros de animação funcionam quase 24 horas por dia e a oferta é tão variada que vai de encontro a todos os gostos. É o local perfeito para uma noite excepcional. Monaco Ville Conhecida como “le rocher” ou “a rocha”, a vila medieval no coração do principado é o cenário ideal para uma caminhada, através das ruas pitorescas e minúsculas, ladeadas por casas seculares que perduram ao longo da história. A sensação de entrar numa cidade da Idade Média é aguçada pela presença de lojas tradicionais e excelentes restaurantes, onde impera a cozinha monegasca. As iguarias tradicionais são uma fusão da culinária


ocidental, sempre com um toque francês. O Stocafi é uma das especialidades. O peixe é preparado no vinho com azeitonas pretas, conhaque e cebola. No Palácio do Príncipe, às 11.50h assiste-se diariamente à cerimónia de troca da guarda. O espaço é um ex-libris da região, pois aloja uma galeria com frescos do século XVI, dividindo-se ainda no salão Luís XV, no salão Azul, no salão Mazarin, na Sala do Trono, na Capela Palatine do século XVII e na Torre de Santa Maria. Refúgio para os apreciadores de arte, o Monaco Ville tem ao seu dispor o Museu Oceanográfico, inteiramente dedicado às belezas naturais, escondidas no Mar Mediterrâneo. Fundado em 1910, detém fama mundial, tendo sido dirigido por Jacques-Yves Cousteau. O Museu des Souvenirs Napoléoniens guarda objectos que pertenceram a Napoleão. Não pode esquecer de visitar a Catedral do Mónaco, erguida em homenagem a São Nicolas e que abriga as obras dos antigos príncipes do país. Foi erguida em 1875 no sítio onde existia uma antiga igreja do século XIII. O seu estilo bizantino atrai muitos apreciadores de arte. Nas redondezas, descobrirá os melhores restaurantes do principado. Exuberância cultural A cidade do Mónaco é conhecida como destino para a evasão aos impostos. O comércio destina-se às elites, sendo unicamente composto por lojas de luxo que vendem exclusivamente as mais elegantes e prestigiadas marcas do mundo. Porém, ao invés do que muitos imaginam, os preços são idênticos ao que é praticado nos principais centros europeus, como Londres ou Milão. Pode optar ainda por uma visita ao Museu de Antropologia Pré-histórica, onde encontra peças originárias do principado e das regiões vizinhas, retratando uma parte importante da história da humanidade. Por toda a região encontra uma panóplia de monumentos dedicados à preservação do acervo cultural. Reserve um dia inteiro e descubra o que esconde o Novo Museu Nacional do Mónaco, o Museu dos Selos e Moedas ou o Museu Naval, onde estão expostos mais de 250 objectos e modelos dos célebres barcos da marinha, incluindo exemplares da colecção privada do príncipe Rainier

tradições milenares O turismo é a actividade nuclear do Mónaco e o maior gerador de riqueza. A aposta nesta vertente e no comércio de luxo é reflexo da longa história que envolve o nascimento do principado mais famoso do mundo. O país foi povoado pelos Fenícios, Gregos e Cartagineses e fez parte do Império Romano. No século XII tornou-se numa colónia Genoveva e no século XIII a família Grimaldi conquistou a soberania plena do território. Até ao século XX, a gestão do país passou pelos espanhóis, franceses, italianos e alemães. Só em 1945 foi libertado definitivamente e mantém-se sob a égide da dinastia Grimaldi. Em 1993, aderiram às Nações Unidas

III do Mónaco. Os adeptos do desporto automóvel preferem uma visita a Fontvieille para contemplar a quase centena de carros clássicos de diversos modelos, criados pelas mais prestigiadas marcas europeias e americanas e os seis coches que pertencem ao príncipe Alberto do Mónaco. Aproveite a estadia e consulte os horários do pequeno e ecológico comboio da cidade e marque um passeio pelos principais pontos de Monaco Ville. Estações ímpares Qualquer altura do ano é boa para descobrir a atmosfera única e fantástica de Riviera. O principado do Mónaco significa entretenimento e vida. O corrupio de artistas e euforia são constantes e o país nunca pára. Seja no Verão ou no Inverno, os eventos são sempre fantásticos e atractivos. A vida cultural reserva-lhe opções para cada estação do ano. A Primavera no Mónaco é celebrada de uma

forma muito especial. O Spring Arts Festival é um programa eclético que festeja a chegada desta época e baseia-se numa festa cultural inédita, cujo tema muda a cada edição. O programa inclui eventos musicais, recitais, concertos, teatro, cinema, artes e cujo ponto alto culmina com a escolha de novos talentos e a distinção dos melhores artistas nacionais. O Concurso Internacional de Arranjos Florais decorre anualmente nesta época. Na Primavera, as flores brotam por toda a região, que ganha uma nova cor com a colorida panóplia de plantas. O Verão atinge o ponto máximo com a organização do “Monaco Red Cross Ball”, uma gala de caridade que reúne a alta sociedade e doadores provenientes de todos os cantos do mundo. Na mesma altura, decorre o Festival Internacional de Teatro Amador, que se realiza a cada quatro anos (desde 1957) e promove durante dez dias peças de teatro diárias, espectáculos que re-

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TURISMO

únem uma centena de actores estreantes que se apresentam à sociedade através de três representações na língua-mãe. O “Monte Carlo Magic Stars”, que decorre no Teatro Princesa Grace, é responsável por abrilhantar as noites de Outono. O campeonato reúne jovens mágicos que disputam as medalhas de Ouro e Prata e traz até ao Mónaco os mágicos internacionalmente conhecidos para apresentações inesquecíveis. Este período é fértil em acontecimentos culturais, visto que se dá início à preparação das Festividades de Final de Ano. O arranque do novo calendário e do Inverno fica a cargo do Festival Internacional de Circo. A arte circense de Monte Carlo detém fama além-fronteiras. O espectáculo foi criado pelo príncipe Rainier III, em 1974. Os mais exigentes podem procurar diversão de outra índole em qualquer altura do ano, já que todos os meses existe algum espectáculo ou festividade a decorrer. Beleza natural O clima propicia o florescer de vegetações exuberantes e praias paradisíacas. Situado no coração da Europa mediterrânica, o principado é brindado pelo sol durante quase todo o ano (mais de 300 dias). O clima ameno faz com que as temperaturas variem entre os 8ºC e 14ºC, no Inverno e rondem os 27ºC no Verão. Uma das épocas recomendadas para passar férias no Mónaco é o Outono, período em que as temperaturas oscilam entre os 17 e 21ºC, convidando os turistas a explorar as belezas naturais do país, como os Jardins Exóticos, plantados na famosa gruta pré-histórica que se encontra a 60 metros abaixo do solo e conserva milenares estalactites e estalagmites. O jardim está inserido na rochosa montanha e abriu ao público em 1933. Tem milhares de tipos de diferentes plantas, que merecem ser apreciadas e fotografadas. Já o Jardim Zoológico, fundado em 1954 pelo príncipe Rainier III, serve de refúgio para cerca de 250 animais de 50 espécies diferentes, como pássaros exóticos, hipopótamos, uma pantera negra, um tigre branco, répteis e outras espécies, que vivem que nem ‘reis’, em condições exemplares. A harmonia oriental está patente no Jardim Japonês. São 7000 m2 repletos de serenidade conjugada com a montanha, a praia, as quedas de água e a vegetação própria. É uma autêntica experiência Zen. A mesma tranquilidade pode ser encontrada no Jardim Princesa Grace Rose, um oásis de cerca de quatro mil rosas perfumadas que rodeiam

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diversas esculturas contemporâneas. Em alusão à magistralidade das paisagens africanas, no casino do Mónaco foi recriado um jardim com espécies exóticas e exuberantes, que fazem recordar uma “pequena África” e que convive harmoniosamente com o alinhamento e com as fontes características do estilo francês. Complete a sua viagem com uma estadia num dos 80 hotéis de luxo. São mais de 2,600 quartos e suites, em que o atendimento personalizado e a hospitalidade dos habitantes são mais-valias a ter em conta num país que encara o turismo e a capacidade de proporcionar uma estadia requintada como uma arte. Opte pelo seu estilo preferido. Aqui encontra espaços hoteleiros clássicos (Belle Epoque), românticos, contemporâneos ou ao estilo mediterrânico. Todos oferecem restaurantes glamourosos, spas e espaços de relaxamento e diversas opções para um serão inesquecível.

DICAS: Passaporte e visto: Para quem deseja ficar no território durante um período não superior a três meses deverá dispor dos documentos requeridos para entrar no território francês (passaporte ou documento de identificação). Idioma: Francês é a língua oficial. O inglês e italiano são frequentemente falados. Fuso horário: 6 horas EST Cartão de crédito: A maioria é aceite Moeda oficial: Euro Cheques: Os cheques em USD devem ser cambiados nos bancos ou nas lojas próprias. A maioria do comércio não aceita dólares. Shopping: O principal centro comercial é o Place du Casino, onde estão as lojas mais sofisticadas. O Boulevard des Moulins tem preços mais acessíveis Dress Code: É proibido passear em fato-de-banho ou em chinelos, excepto nas praias e zonas balneares. Para entrar no casino deverá usar blazer e gravata. Para eventos de gala, é obrigatório o uso de fato preto Deslocar-se na cidade: Os numerosos elevadores são a forma mais confortável e prática para se deslocar. A Companhia Monegasca de Autocarros tem disponíveis seis linhas, com partidas a cada 11 minutos, de segunda a sexta-feira, da 7.00AM às 9.00PM. Não se esqueça do mapa da cidade!



TURISMO

| patrícia alves tavares

patagónia

natureza selvagem Escondida entre montanhas e lagos, num dos pontos mais altos dos Andes surge uma terra recôndita, surpreendentemente bela e pronta a ser explorada pelos turistas mais audazes. A Patagónia é limitada pelo rio Colorado (a norte), pelo Estreito de Magalhães (que separa o território da Terra do Fogo) e pelos oceanos Atlântico (a leste) e Pacífico (a oeste). São excelentes razões para explorar este país que tem a particularidade de se situar num dos pontos mais escondidos e simultaneamente numa das mais fantásticas reservas de vida selvagem do planeta. Na fronteira entre a Argentina e o Chile pode encontrar um território marcado pela paisagem verde, onde se destacam os lagos e lagoas, os rios e quedas de água, as florestas e as fileiras montanhosas. É igualmente a porta de entrada para o Parque Nacional Torres Del Paine, que se estende até ao extremo sul do continente americano e à Antárctida. Quer escolha a Patagónia Argentina ou a Patagónia Chilena, é garantido que terá umas férias inesquecíveis. É o destino recomendado para aventureiros e apaixonados pelo estado ‘natural’ da natureza. Riqueza oculta Terra de sonhos, a sua geografia é um autêntico tesouro por descobrir. Na zona costeira, os visitantes terão a oportunidade de encontrar pinguins, lobos e elefantes marinhos,

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enquanto nas baías descansam as baleias, golfinhos e orcas. As províncias possuem paisagens e culturas ímpares, pelo que são dignas de uma visita. Em La Pampa, as míticas terras associadas à produção agropecuária surgem indissociáveis da identidade local. As amplas planícies convidam ao descanso. Neuquén destaca-se pelos cumes de neve, banhados por rios e verdes vales. A vegetação é única e merece ser apreciada. Em Rio Negro, Bariloche é a localidade mais conhecida e procurada. Os turistas encontram nesta província actividades para todos os gostos. Além da cordilheira frequentemente coberta por mantos de neve, a região possui uma zona litoral, que se destaca pelas praias de águas quentes, onde a aposta recai no turismo rural. É um bom local para experimentar os produtos da Patagónia e os pratos típicos. Para quem prefere cenários selvagens, onde imperam as leis da natureza, Chubut é o destino perfeito. Aproveite para mergulhar, praticar esqui ou windsurf. Aqui é frequente vislumbrar baleias, orcas e pinguins. A terra do Glacial Perito Moreno, Santa Cruz, é um convite à descoberta e exploração da imensa área selvagem, onde encontrará o célebre Fitz Roy. A Terra do Fogo é provavelmente a província mais conhecida dos viajantes. Famosa pelas florestas milenares, pelos lagos e montanhas cobertas de neve, é o autêntico paraíso para os amantes

de desportos de Inverno. As possibilidades de diversão são diversas. A gastronomia baseada em peixes e mariscos fazem desta região um local inesquecível. Imperdível Bariloche, habitualmente eleito pelos alunos do ensino médio para festejar a conclusão do curso, é o destino de esqui mais famoso do país. Entre montanhas e cerros, a região beneficia da localização junto do Lago Nahuel Huapi, pelo que as paisagens são deslumbrantes em qualquer altura do ano. A Angola’in destaca outras regiões da Patagónia que, apesar de menos famosas, são igualmente belas e merecem ser visitadas. Para os apaixonados pelos animais, a Península Valdés é o destino perfeito. A província serve de abrigo para as baleias francas austrais, que se instalam nas águas do Golfo San José e do Golfo Nuevo. O Caminho dos Sete Lagos oferece 110 quilómetros de lagos, mirantes naturais, rios e intermináveis atracções que unem duas das vilas mais espantosas da Patagónia: San Martín de los Andes e Villa La Angostura. Setembro é a altura ideal para visitar Punta Tombo. Nesse período, mais de 200 mil casais de diversas espécies chegam à costa desta localidade, na província de Chubut, para se reproduzirem, formando a maior colónia do continente.


INFORMAÇÕES GERAIS Clima: Outono (Março – Maio): 16ºC | Inverno (Junho – Agosto): 13ºC Primavera (Setembro – Novembro): 19ºC | Verão (Dezembro – Fevereiro): 23ºC Acessos: Existem voos diários com partida de Santiago até Punta Arenas (quatro horas de viagem). Transporte de luxo desde Punta Arenas até Puerto Natales (254 km, 3 horas), que é a porta de entrada até ao Parque Nacional Torres del Paine. Ou transporte de luxo desde Punta Arenas até ao Parque Nacional (403 km, 6 horas) | Documentos: Passaporte válido no mínimo por seis meses Moeda: Peso 1€ = 5,07 ARS. | Diferença horária: GMT/UTC - 4

Os parques A natureza rica em fauna e flora está ao dispor dos visitantes nos múltiplos parques naturais, que propiciam uma jornada em plena paisagem selvagem, simultaneamente atraente e convidativa à aventura. O parque das Torres del Paine, localizado na cordilheira dos Andes, é um desses exemplos. É o mais conhecido parque sul-americano, assumindo a designação de Património Mundial da Unesco desde 1978. Conhecida pelas montanhas rochosas, pelos lagos verde-azulados e pela flora verdejante, a região é habitat de espécies animais únicas, como os pica-paus patagónicos. A área é bastante íngreme e selvagem, apelando à habilidade dos visitantes, que têm que percorrer caminhos junto aos rios e lagoas para visualizar as elegantes agulhas de granito das Torres del Paine e o Lago Grey, que se evidencia pelos inúmeros icebergs. Os cumes rochosos de Fitz Roy e Cerro Torre podem ser contemplados no parque dos Glaciares. Este é o ponto de partida para descobrir o glaciar Perito Moreno, que consiste numa massa de gelo em movimento, onde é possível assistir à queda de enormes blocos de gelo, cujo impacto nas águas do lago é surpreendentemente estrondoso. Aliás, este é um dos grandes atractivos desta área remota da zona austral do planeta.

Com mais de 400 km de comprimento e 50 km de largura, é um dos 48 glaciares alimentados pelo campo de gelo do sul da Patagónia, que consiste na terceira maior extensão de gelo continental (depois da Antárctida e da Gronelândia) e de reserva de água doce do mundo. Localizado na zona ampla e quase inacessível da cordilheira dos Andes, o Perito Moreno é um dos três únicos glaciares da Patagónia imunes ao aquecimento global. Esta é uma das razões que o torna tão especial e desejado pelos turistas, especialmente os que se preocupam com as questões ambientais. Os nevões que caem na sua base (Andes) levam-no a avançar 700 metros por ano. Porém, há cerca de 90 anos que este ponto perde anualmente a mesma superfície. A cidade envolvente, El Calafate, é uma espécie de zona operacional en-

tre os sectores sul e norte do Parque Nacional Los Glaciares. O centro urbano foi baptizado com o nome de um arbusto patagónico espinhoso que dá bagas azuis, usadas na confecção da doçaria argentina. Os edifícios (quase todos pré-fabricados) caracterizam-se pela simplicidade que acompanha a beleza natural da planície onde está localizada. Em Ushuaia, a cidade mais meridional do Planeta, espera-o o parque da Terra do Fogo e um longo passeio pela sua floresta, descendo em direcção ao rio Lapataia, em Kayak, onde habitam curiosas aves. Tem ainda a oportunidade de navegar pelo canal Beagle, com a missão de observar as colónias de lobos e aves marinhas que nidificam nos ilhéus. O vento será uma constante, num país que muitos definem pela luminosidade do crepúsculo.

ente turecebendo anualm excelentes vinhos, de ra ltores do rta icu po vit ex de é ina , um grupo A Patagónia Argent e a última década nt ra dos Du o. Um çã o. sta iat gu ed de de sso foi im ristas para visitas del Chañar e o suce cio ais tri m Pa s n do Sa um de s de fértei selhamento apostou nas terras e conta com o acon la do pe un te M l en de alm Fin l ga de destaca-se igu pioneiros é a Bode el Rolland. A NQN ich cio M na s: ter ho in vin ios de res vários prém influentes consulto ntude, arrecadaram ve s ju ha da vin ar r es po ap o e, ad s qu sort rode qualidade dos tinto 18 quartos, num re Perdido dispõe de lle Va a eg ad va no nais. A

Sabia que...

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ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

| patrícia alves tavares

Especial Sector Imobiliário

‘Boom’ da classe média Apostar em novos segmentos de mercado e descentralizar as ofertas habitacionais, alargando as opções até às províncias são as principais conclusões do estudo “Re-Search: 10 Factores de Competitividade do Sector Imobiliário Angolano”. A Angola’in teve acesso à pesquisa da agência de consultoria Deloitte e revela as principais premissas que podem influenciar a dinâmica do sector

O estudo “Re-Search Angola” alerta os profissionais do sector imobiliário para o renascer de um novo grupo de potenciais investidores. As conclusões apontam para a necessidade e urgência de se apostar em novos segmentos e para o afastamento da produção exclusiva para as classes altas. O mesmo documento adianta que o país assiste ao emergir de uma classe média pró-activa, com poder de compra e interesse crescente em adquirir casa própria. A pesquisa encomendada pela ESCOM Imobiliária e pela Mota-Engil Real Estate traz uma nova visão do mercado, revelando a dinâmica e as tendências deste sector face à evolução constante. Para corresponder às novas carências e às necessidades do momento de reconstrução nacional, a Deloitte (responsável pelo estudo) conclui que a competitividade e evolução da indústria imobiliária estão intrinsecamente dependentes de dez factores: burocracia, concorrência, custos de construção, custos/ riscos financeiros, demografia, direitos de propriedade, produto, segmentação, terrenos e localização e ‘preço a pagar’. A Angola’in divulga, em exclusivo, os factores e as tendências que podem auxiliar as empresas de construção no desenvolvimento de estratégias de negócio. Estas devem estar conscientes de que existem diversos segmentos com diferentes necessidades, o que implica uma diversificação das ofertas. O “Re-Search Angola” enumera outras questões pertinentes que têm ditado o rumo do sector. A análise dos resultados dos

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inquéritos leva os investigadores a concluírem que o ramo imobiliário angolano revela pouca maturidade, situação frequente nos mercados emergentes, uma vez que ainda não existem produtos de financiamento imobiliário estruturados por causa da ineficácia de registos prediais. Esta situação é o principal motivo da inibição do desenvolvimento do crédito à habitação. De facto, a generalidade da população ainda não dispõe das garantias reais suficientes para aceder ao crédito. Porém, o emergir da classe média permite que uma parcela crescente de angolanos reúna as condições necessárias para adquirir casa e para revolucionar o mercado.

O país assiste ao emergir de uma classe média pró-activa, com poder de compra e interesse crescente em adquirir casa própria A nova geração São jovens e trabalham na função pública, em multinacionais, em instituições bancárias e em serviços que lhe permitem auferir um rendimento crescente e aceder a meios que até aqui eram exclusivos das elites. A classe média assume importância primordial neste estudo e, de acordo com a Deloitte, deve ser considerada como uma alternativa viável. A oferta é ainda muito reduzida face à cres-

cente procura. Portanto, uma das principais advertências da pesquisa diz respeito a esta matéria, apontado a necessidade de considerar outros segmentos e de deixar de se focar unicamente a produção nos segmentos upper upscale, concentrados em Luanda. A nova classe trabalhadora tem um nível de educação superior, tem poder de compra e procura habitação própria (fruto do aumento da taxa de emprego e da estabilização laboral). O crescimento económico, nomeadamente o proliferar da actividade empresarial, tem sido decisivo no combate ao absentismo e na geração de riqueza. Este novo mercado tem uma particularidade interessante e que tem motivado a dinamização do sector. A classe média comporta uma alteração da estrutura demográfica, pois assiste-se a uma redução do número médio de elementos por agregado familiar. Esta situação conduz à procura de mais casas por parte de cada família e é determinante na escolha da tipologia do edifício, especialmente no que toca aos jovens casais que optam por espaços mais pequenos. Assim, regista-se um aumento da procura de tipologias entre o T1 e o T3.

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Os custos O interesse por casas mais pequenas conjugado com os elevados preços praticados nas zonas nobres são razões fortes para levar os agentes imobiliários a orientar os seus produtos para um leque alargado de potenciais clientes. Aliás, a questão financeira é um dos motivos para apostar em novos segmentos. O facto dos terrenos disponíveis em localidades como Ingombotas, Maianga (Luanda) ou Restinga (Lobito) serem escassos conduz à inflação dos preços e é o principal indicador de que os construtores devem apostar noutras áreas de Luanda e, sobretudo, nas províncias mais dinâmicas. Orientar as ofertas para zonas menos premium permite chegar a segmentos com poder de compra inferior, o que reduzirá o preço de comercialização. Por outro lado, a Deloitte constatou que há um crescente número de expatriados que tendem a procurar espaços temporários, o que revela que existe um mercado de arrendamento ainda por explorar e que é bastante atractivo para a diversificação e crescimento do sector. A este grupo junta-se as empresas que procuram habitações em segunda mão para alugar e que têm dificuldade em encontrar áreas com as condições mínimas de habitabilidade. O esquecimento deste nicho tem provocado prejuízos nos agentes imobiliários, que se vêem obrigados a baixar as rendas. O estudo refere ainda uma componente crucial, responsável pelo investimento total e que constitui um dos principais handicaps da competitivida-

de do imobiliário. A construção é a área base desta indústria e a que reúne maiores preocupações. A insuficiente capacidade produtiva de matérias-primas é o principal entrave que, associado aos constrangimentos de transporte, contribui para o aumento dos custos dos empreendimentos. Os autores do estudo, apontam ainda a falta de legislação sobre a propriedade horizontal como condicionante do alargamento do sector imobiliário, que enfrenta barreiras como a excessiva carga burocrática, os custos de compra dos terrenos, a dificuldade na aprovação dos projectos e no desbloquear das licenças. Dinheiro por valor As conclusões do “Re-Search Angola” deixam algumas dicas importantes. Uma das fórmu-

las mais viáveis para orientar as estratégias de negócio consiste em desenvolver projectos que contemplem melhorias nos espaços públicos, acção bastante valorizada pelas autoridades nacionais e municipais. ‘Value for Money’ será certamente outro conceito a reter. É evidente que a maioria dos players deste mercado desconhecem o rumo e o modo como será a evolução do sector, o que tem conduzido à criação de produtos que consistem num mix de valências (residencial, comercial e escritórios), em parte devido à escassez da oferta. Tendo em conta que os clientes estão cada vez mais informados acerca do funcionamento da actividade, o caminho do imobiliário passa certamente pela comercialização de produtos baseados no conceito ‘Value for Money’.

à lupa O “Re-Search: 10 Factores de Competitividade do Sector Imobiliário Angolano” foi desenvolvido pela Deloitte para a ESCOM Imobiliária e Mota-Engil Real Estate. O estudo teve como principal finalidade elaborar uma análise e traçar o panorama do sector imobiliário, bem como antecipar as tendências e identificar as áreas onde é possível inovar. A pesquisa incidiu sobre a totalidade do território nacional, conferindo especial enfoque a algumas cidades, consideradas com maior potencial de desenvolvimento a curto/ médio prazo. Assim, a análise destacou Luanda, Benguela, Lobito, Huambo, Lubango e Soyo. A Deloitte efectuou questionários aos residentes das referidas cidades e surveys aos segmentos que constituem a procura de imobiliário comercial, industrial e de escritórios

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“As necessidades de mercado da média/ alta, média e média/baixa renda ainda estão por satisfazer”

entrevista ricardo gonçalves, managing partner da deloitte

“Imobiliária é combinação de demografia e economia” A Angola’in conversou com o Managing Partner da Deloitte e aprofundou as ideias veiculadas pelo estudo “Re-Search Angola”. Ricardo Gonçalves apresentou as conclusões da sua pesquisa e lançou algumas considerações que os empresários do imobiliário poderão reter e aplicar na altura de direccionar as suas ofertas

“re-search” Como surgiu a ideia de desenvolver este estudo? A iniciativa foi da Escom Imobiliária e da Mota-Engil Real Estate, duas empresas com uma forte presença em Angola que procuraram criar uma ferramenta de apoio à decisão para os intervenientes no mercado imobiliário angolano e, assim, contribuir para um maior conhecimento do sector e para o seu desenvolvimento. Durante quanto tempo decorreu a avaliação do sector imobiliário? O projecto teve início em Setembro de 2009 e decorreu até Janeiro de 2010. As visitas às Províncias realizaram-se até Novembro. Apesar de analisarem todo o território, debruçaram-se maioritariamente sobre

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a situação de Luanda, Benguela, Lobito, Huambo, Lubango e Soyo. Que factores motivaram a escolha destas cidades? A realidade geográfica de Angola é muito grande e muito heterogénea. Como os recursos são limitados é necessário delimitar o âmbito. Com base em aspectos demográficos, investimento público e investimento privado, definimos um grupo de cidades que teriam um estudo mais aprofundado. Quais as principais conclusões do estudo? O mercado imobiliário angolano, pelo seu estágio de desenvolvimento, apresenta alguma imaturidade. No entanto, as variáveis sócio-económicas que temos indiciam um potencial de desenvolvimento significativo. Actualmente, a maioria da oferta imobiliária está concentrada na província de Luanda para um segmento de alta renda (escritórios e residencial). As necessidades de mercado da média/alta, média e média/baixa renda ainda estão por satisfazer. Nos 10 factores de competitividade apresentados, surgem alguns aspectos que têm de ser trabalhados, por entidades públicas e privadas, tal como a lei da terra, os registos de propriedade, os instrumentos de financiamento, os processos de

aprovação e licenciamento de obras, a eficiência dos custos de construção, entre outros. A pesquisa foi desenvolvida para a Escom Imobiliária e a Mota-Engil Real Estate. O que é que as empresas esperavam deste estudo? As empresas esperavam que este estudo indicasse quais as necessidades, as especificidades e as tendências de futuro deste mercado, para que os seus intervenientes pudessem desbravar caminho, potenciar as imensas oportunidades existentes e contribuir para o crescimento de Angola.

mercado residencial O estudo indica que é necessário apostar em novos segmentos. Quais são os que podem ser explorados com sucesso? É importante melhorar a segmentação que se faz do mercado e a forma como se direcciona o produto para cada target. Observamos que há muita confusão no mercado com a oferta imobiliária, existindo muito produto em localização não premium (periférica) com uma ambição de se posicionar no topo da pirâmide. No imobiliário, o factor mais importante no posicionamento é a localização.


O desenvolvimento de habitação para a classe média é o caminho a seguir pelas imobiliárias e construtoras? É importante separar as construtoras das promotoras imobiliárias. Estas últimas têm de desenvolver uma oferta e um conceito de imobiliário mais orientado para a nova classe média, jovens quadros que iniciam a sua actividade profissional em multinacionais ou quadros médios e superiores da função pública (médicos, professores, etc.). As construtoras têm de ser mais eficientes e apresentarem técnicas construtivas que façam baixar os custos de construção.

“Em todos os países do mundo a capital política e financeira tem sempre um papel de destaque e Luanda não vai ser excepção”

“Observamos que há muita confusão no mercado com a oferta imobiliária, existindo muito produto em localização não premium (periférica) com uma ambição de se posicionar no topo da pirâmide”

Enumerou 10 factores condicionantes da competitividade da indústria imobiliária angolana. Como chegou a estas variáveis? Com base no diagnóstico e nos bechmarks internacionais. Realizámos 300 entrevistas pessoais, 300 surveys a empresas e 1.500 inquéritos à população. Estivemos em contacto com governo central, governos provinciais, construtores, promotores, investidores, financiadores e utilizadores. Recolhemos informação durante vários meses.

Quais são as mais-valias deste grupo para o mercado imobiliário? Sectores da construção e da promoção mais eficientes contribuem para uma sociedade mais competitiva. Os custos relacionados com o imobiliário têm um impacto transversal em toda a economia, tal como a energia ou o trabalho.

A procura centra-se maioritariamente em Luanda. Descentralizar é a alternativa para organizar o sector? A procura centra-se em Luanda. Mas também é a província que tem a maior concentração populacional e a que mais contribui para o rendimento gerado na economia. Em todos os países do mundo a capital política e financeira tem sempre um papel de destaque e Luanda não vai ser excepção.

“O desenvolvimento do sector da construção obrigará os custos de construção a baixar de forma significativa e a aumentar a eficiência do sector da promoção imobiliária” Em que medida cada uma delas pode comprometer a evolução do sector a médio e longo prazo? Quando se fala em 10 factores de competitividade estamos a considerar os aspectos críticos. É importante termos sempre presente que um sector vive da interacção de diferentes agentes e que todos têm de contribuir para o seu desenvolvimento, quer sejam agentes públicos ou privados. A ausência de uma indústria sólida de materiais de construção civil é ainda o principal ‘handicap’ do imobiliário? Alguma da ineficiência do sector resulta dos elevados custos de construção. Temos observado que os promotores tentam passar todas

É o caminho a seguir para contornar a especulação imobiliária? O mercado tem de funcionar. Como é um sector de capital intensivo é importante que se criem instrumentos que contribuam para atrair capital e para que o seu custo baixe. O mercado de oferta de soluções para a classe alta está saturado? A classe alta é reduzida. Mas ainda há espaço para o desenvolvimento de novos produtos para nichos de mercado específicos. Que tipo de ofertas procuram os restantes segmentos de mercado? Existem vários segmentos. O das famílias de classe média que procuram comprar apartamentos de tipologia T2 ou T3 com preços razoáveis, o das empresas que necessitam de alojamento para colocar os seus colaboradores com fácil acessibilidade ao local de trabalho, entre outros. Cada segmento tem as suas especificidades.

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as ineficiências para o cliente final e depois não há procura para os preços que se pretende praticar. O desenvolvimento do sector da construção obrigará os custos de construção a baixar de forma significativa e a aumentar a eficiência do sector da promoção imobiliária. Quais as regiões privilegiadas para incrementar a construção de habitações? Imobiliária é a combinação de duas variáveis: demografia e economia. As províncias com maior capacidade de atrair população e empresas são as que maior dinamismo apresentarão. O estudo indica que se verifica uma maior procura das habitações para arrendar. É um nicho de mercado que pode ser explorado? O mercado do arrendamento é e vai continuar a ser muito importante. O segmento de mercado dos investidores que compram para garantir rendimento vai continuar a ser uma oportunidade. A economia angolana vai manter os registos de forte crescimento e a atrair investimento. Como tal o mercado do arrendamento vai atrás. Há uma maior procura de casas para arrendamento ou de habitação própria? O mercado do arrendamento é maior do que o da habitação própria, uma vez que o sector financeiro ainda não disponibiliza um crédito hipotecário adequado. No caso da habitação temporária existem opções? As construtoras e os promotores devem oferecer o que o mercado lhes pede. O custo do capital e o custo de oportunidade que a economia apresenta devem ser muito bem ponderados pelos agentes que estão a operar no sector. A escassez de capital obrigará a uma maior especialização. Habitação e escritórios devem ser encarados e analisados separadamente? São dois segmentos distintos com características distintas. Os promotores que pretendam orientar a oferta para o segmento das empresas multinacionais poderão apresentar uma oferta integrada e ganhar alguma vantagem competitiva. O Governo tem um papel fulcral na regulação deste sector?

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O papel do Estado é muito importante. O enquadramento legal (lei da terra, registo de propriedade, licenciamentos, etc.), a regulação, o ordenamento do território, a construção de infra-estruturas e das acessibilidades serão da responsabilidade do sector público e determinantes para atrair capital e consequentemente baixar o seu custo.

mercado imobiliário Refere que se verifica uma “incipiente maturidade no mercado imobiliário”. Como chegou a esta conclusão? Pela forma como o mercado se organiza e funciona. A reduzida segmentação da oferta, a política de pricing, os instrumentos de financiamento e o perfil da procura são características de um mercado emergente. O que pode ser feito para reverter o problema? “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. Penso que a ESCOM e a MOTAENGIL RealEstate pretenderam dar o pontapé de saída com este projecto. Os grandes desafios estão na capacidade do sector aumentar a sua eficiência e atrair capital. Para isso, é importante uma melhor regulação (terrenos, licenciamentos) e uma garantia da propriedade mais objectiva (registos prediais, etc.). Cabe ao Estado criar mecanismos que incentivem a diversificação do sector e a aposta em novos segmentos? O Estado poderá contribuir essencialmente no mercado residencial de média, média/ baixa e baixa renda, estruturando linhas de financiamento e de benefícios fiscais para as empresas e para as famílias.

“A requalificação do espaço público é um dos grandes desafios que os governos provinciais vão ter” Em que medida as autoridades valorizam projectos que contemplem intervenções nos espaços envolventes? A requalificação do espaço público é um dos grandes desafios que os governos provinciais vão ter. É natural que o esforço seja partilhado entre privados e públicos, uma vez que quanto melhor estiver a zona envolvente de um imóvel ou de um complexo imobiliário maior será o seu valor.

Que aspectos do espaço público podem ser desenvolvidos pelas construtoras? Os arruamentos, os jardins e a iluminação são os mais transversais. Depois, cada caso é um caso.

observatório O estudo Re-Search contempla o lançamento de um Observatório Semestral. Existe uma data para o arranque do seu funcionamento? O primeiro será apresentado nos próximos meses. Onde será implantado? Será um projecto centralizado em Luanda que recolherá informação de todo o território, com enfoque nas seis cidades mais estudadas. Em que consiste essa ferramenta? É um instrumento de recolha de informação sobre a situação actual e perspectiva de evolução futura da economia e do mercado imobiliário, junto de um painel de responsáveis de empresas relacionadas com o sector imobiliário angolano. Este deverá monitorizar e antecipar as tendências do mercado.


ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO ARTIGO DE OPINIÃO

É nosso! Ultimamente fala-se e escreve-se sobre o património, em especial o cultural. Penso que chegou a minha vez de fazê-lo porque começo a sentir que está na hora de abrirmos um debate público em relação a esta matéria. Existem muitas pessoas que acham que um edifício não pode ser lugar de memória e, como tal, não devia ser classificado como património cultural, já que o Decreto nº 80/76 de 3 de Setembro não caracteriza este ou aquele edifício e, por esta razão, a Lei do Património Cultural diz que somente devemos considerar x, y ou z. Foi assim que vimos desaparecer em Luanda o Palácio de Dona Ana Joaquina, o Mercado do Kinaxixi e, mais recentemente, o edifício que albergou o Centro de Documentação e Informação da Universidade “A. Neto” (em Benguela), a Estação do Caminho-deFerro de Benguela e a Estação do Caminhode-Ferro da Catumbela, para não citar outros, senão o artigo seria uma lista sobre a qual não interessa chorar. Partindo do princípio de que não existem leis (nem outras coisas) perfeitas, acredito que o Decreto 80/76 de 3 de Setembro, elaborado menos de um ano após a nossa independência, foi a primeira “bíblia” que tivemos em mão, para a partir desta data podermos determinar a forma de conservação e a protecção do Património Histórico-Cultural do Povo Angolano. O património é a nossa herança do passado, com que vivemos hoje e que passamos às gerações vindouras. As entidades que procedem à identificação e classificação de certos bens como relevantes para a cultura de um povo, de uma região ou mesmo de toda a humanidade, visam também a salvaguarda e a protecção desses bens. O objectivo é que cheguem devidamente preservados às gerações vindouras e que possam ser objecto de estudo e fonte de experiências emocionais para todos aqueles que os visitem ou deles usufruam.

‘Vimos desaparecer em Luanda o Palácio de Dona Ana Joaquina, o Mercado do Kinaxixi e, mais recentemente, o edifício que albergou o Centro de Documentação e Informação da Universidade “A. Neto” (em Benguela), a Estação do Caminho-de-Ferro de Benguela e a Estação do Caminho-de-Ferro da Catumbela...’ Hoje em dia a maioria dos países adoptam nas suas constituições artigos que determinem a “incumbência ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais, a promoção, a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum”. Compete aos Institutos de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico conferir atribuições no âmbito das novas leis, bem como proceder à inventariação e classificação dos bens culturais. De acordo com as leis, os organismos competentes definem os critérios de selecção dos locais, quer numa óptica histórico-cultural, estético-social ou técnico-científica, quer ainda na perspectiva da integridade, autenticidade e exemplaridade do bem. A evolução destes critérios ao longo dos anos leva a que, por exemplo, se incluam hoje em dia no património cultural obras de arquitectura modernista ou de arquitectura industrial que antes não eram sequer consideradas. A inventariação e classificação dos bens culturais leva a que sejam desencadeados mecanismos de protecção, quer no que diz respeito à sua manutenção e conservação, quer à sua eventual alienação ou alteração. Os Estados, para além de signatários da Convenção sobre a protecção

do património mundial, cultural e natural e da Convenção sobre o património cultural imaterial, devem proteger os bens culturais nacionais, através de Leis que definam as regras de “inventariação” dos bens pertencentes ao “Património Histórico e Artístico Nacional”, bem como a protecção a que esses fiquem sujeitos no sentido da sua preservação e conservação. Pareceme ser essencial que tenhamos consciência de que não habitamos neste mundo sozinhos, que mesmo não sendo perfeitos em matéria de legislação, não estamos fora do que internacionalmente se produz em matéria de preservação do património histórico-cultural. As cidades lêem-se como se lêem os livros. Na geografia dos seus rostos, no traçado das suas avenidas, na arquitectura das suas construções. Luanda, quer se entenda a palavra no sentido de cidade ou de província, é uma região que está a sofrer grandes mudanças. O que torna uma cidade singular é o seu património histórico e cultural, traduzido pelos hábitos das suas gentes, mas igualmente pelas pedras, construções, espaços e edifícios que foram sendo introduzidos ao longo dos séculos da sua génese.

‘O património é a nossa herança do passado, com que vivemos hoje e que passamos às gerações vindouras’ Termino dizendo que “tudo o que possa ser considerado como fazendo parte do Património Histórico-Cutural do Povo Angolano pertence inelutavelmente ao Povo Angolano e fica sob a jurisdição enunciada neste diploma (Decreto nº 80/76) por parte dos organismos do Estado competentes para o efeito.” (Artigo 1º) Cumpra-se. antónio gameiro bastonário da ordem dos arquitectos, angola

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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

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4 ESTAÇÕES Terramotos, maremotos, falta de chuvas, chuvas em excesso, muito calor, pouco calor, invernos longos, invernos curtos, vulcões em erupção... A lista é comprida para justificar a ‘vingança’ da natureza contra o mau comportamento do Homem. Este é o principal culpado pelo aquecimento global e está apenas a ser punido pelos seus próprios erros. Mas afinal do que falamos quando nos referimos ao aquecimento global? A referência é simples e objectiva. Fenómeno climático que consiste no aumento da temperatura na superfície do planeta, tendo como maiores consequências o aumento do nível do mar e as mudanças repentinas no clima de diversas regiões mundiais. A sua causa principal é o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, principalmente os derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, óleo diesel e outros). Os gases (dióxido e monóxido de carbono, entre outros) acumulam-se na atmosfera formando uma camada de poluentes que dificulta que o calor do sol seja reflectido para fora do planeta, tendo como consequência a elevação da temperatura – o famoso efeito de estufa. Já alguma vez se questionou porque será que são, cada vez mais, intensos e frequentes furacões e enchentes? Muito se tem falado acerca deste assunto, mas poucas são as medidas práticas para conter o avanço do aquecimento global. Inclusive um dos maiores

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poluidores do planeta (EUA) se tem mostrado relutante em subscrever algumas mudanças necessárias para travar este problema. Enquanto isso o problema agrava-se. Há dez ou 15 anos, esta questão era quase uma ilustre desconhecida e pouca ou nenhuma emoção despertava no cidadão de rua. Para a comunidade científica, no entanto, com a acumulação de dados preocupantes - o aumento do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, a tendência global para o aumento da temperatura ou o recuo do gelo nos glaciares -, tratava-se já de uma questão no topo da sua agenda de trabalho. Convencer os políticos da realidade que começava a emergir dos estudos era a outra árdua tarefa que os cientistas teriam pela frente. A experiência frustrada de Al Gore, político norte-americano pioneiro nesta matéria, que iniciou ainda enquanto congressista campanhas de informação junto dos seus colegas no Congresso, ilustra bem essas dificuldades. A sua mensagem, conta ele, foi ignorada. De então para cá, porém, algo já mudou neste panorama. Desde logo no lado da ciência, que conseguiu estabelecer alguns factos fundamentais, hoje incontestados: as alterações climáticas são uma realidade, já estão a acontecer e têm origem na actividade humana. Do lado da política, mesmo que insuficiente, há Quioto. E para o cidadão comum, alterações climáticas também já deixaram de ser ex-

pressão abstracta. As 37 mil vítimas mortais da onda de calor de Julho de 2003, na Europa, ou a sucessão de superfuracões que nos últimos anos fustigaram as Caraíbas, Florida e golfo do México despertaram consciências. Mas será que o problema se arrisca a ser uma moda, para depois voltar tudo à mesma? Ou, pelo contrário, este é o momento certo para a consciencialização global do problema e para um salto crítico no ataque ao mesmo? Nos EUA, onde o debate político sobre as alterações climáticas é hoje uma realidade emergente e as acções locais e dos Estados para a redução de emissões de CO2 se multiplicam espera-se que haja um efeito maior nas acções de políticos, cidadãos e empresas nesta matéria. Posição de Angola Angola mostra-se empenhada em colaborar com as restantes nações na definição de programas de combate às alterações climáticas. Em Março, aderiu ao Protocolo de Quioto contra o aquecimento global. “Estamos interessados em modelar o clima do futuro, contribuindo desta forma para uma visão comum, que requer compromissos acrescidos no quadro do desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento”, sustentou recentemente a ministra do Ambiente, Fátima Jardim. O país participou na 15ª Conferência das Nações


soluções para diminuir o aquecimento global › diminuir o uso de combus tíveis fósseis (gasolina, die sel, querosene) e aumentar o uso de biocom bustíveis (exemplo: biodie sel) e etanol; › os automóveis devem ser regulados constantemen te para evitar a queima de combustíveis de forma desregulada e ser obriga tór io o uso de catalis dor nos escapes de autom óveis, motos e camiões; › instalação de sistemas de controlo de emissão de gases poluentes nas indústrias; › ampliar a geração de ene rgia através de fontes lim pas e renováveis: hidroeléctrica, eólica, sol ar, nuclear e marés. evitar ao máximo a geração de energia através de ter moeléctricas que usam com bustíveis fósseis; › sempre que possível deixar o carro em casa e usar o sist ema de transportes colectivos ou bicicleta; › colaborar para o sistema

de colecta selectiva de lix

o e de reciclagem;

› recuperação do gás met ano nos aterros sanitário

s;

› usar ao máximo a ilumin ação natural dentro dos

Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 15) que, em Dezembro de 2009, sentou na mesma mesa representantes de 197 países. A reunião de Copenhaga (Dinamarca) gorou muitas expectativas, uma vez que não foi possível firmar um acordo transversal e que reunisse a unanimidade dos presentes. Angola fez questão de participar no debate, pois apesar de o continente africano ser dos menos poluentes, é o mais susceptível de ser fustigado pelas alterações climáticas. A questão é encarada como um desafio e o Governo tem tido um papel activo no seio da organização internacional. Fátima Jardim anunciou que o ministério deseja reforçar “a capacidade de maximizar as vantagens do mecanismo de flexibilidade criadas pelo Protocolo de Quioto, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas”. A responsável comunicou a decisão durante a I Reunião da Autoridade Nacional Designada (AND), uma agência governamental obrigatória, criada em Janeiro. O mecanismo autoriza a criação de projectos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), desde que estes se enquadrem no desenvolvimento sustentável da nação. Os planos devem contemplar a redução de emissões de gases de efeito de estufa e, no caso nacional, estão relacionados com a melhoria da qualidade da água, distribuição da energia eléctrica, agricultura, minas, transportes e construção, entre

ambientes domésticos; › não praticar queimadas em florestas. pelo contrá rio, deve-se efectuar o plantio de mais árvores com o forma de diminuir o aqu ecimento global; › uso de técnicas limpas e avançadas na agricultura para evitar a emissão de carbono;

outros. No total, estão em preparação 15 projectos de várias di› construção de prédios com implantação de sistemas mensões de que visem economizar energia (uso da energia sol ar para aquecimento da águ MLD. O oba e refrigeração). jectivo governamental para este sector passa por propor e incluir para observar o grau de estes programas no “Mercado de Carbono” execução do programa de criação da zona de (assim designado internacionalmente), que biosfera de reserva transfronteiriça, que será está cada vez mais competitivo, obrigando os desenvolvida no âmbito de um diploma estapaíses a adaptarem-se e a mudar a sua vida belecido entre Angola, República Democrática organizacional. Aliás, a entidade movimendo Congo e Congo Brazaville, em 2009. O obta actualmente 30 milhões de dólares nortejectivo consiste em preservar o ambiente em americanos, um montante que está aberto à colaboração com as nações vizinhas. Técnicos participação dos países em desenvolvimento nacionais estão a avaliar as possibilidades de (de preferência às regiões que libertam baixas arrancar com o projecto na floresta do Maiomquantidades de gases de efeito de estufa). No be. O país conta com o auxílio das autoridades caso angolano, o ministério e os seus parceida Convenção das Nações Unidas, o que tem ros encontram-se à procura de oportunidades permitido à nação receber propostas de finande coordenação para que a AND possa ter caciamento para a criação de centros de clima. pacidade em recursos humanos e logísticos. O projecto vai possibilitar um melhor conhePara atingir os objectivos a que se propôs, a cimento do clima e a identificação dos agenministra lançou o desafio às economias industes de poluição. Os activistas e ambientalistas trializadas para que se associem aos desafios têm colaborado igualmente na elaboração de angolanos. O Governo tem mantido uma acprojectos de sensibilização ambiental, promoção transversal, estabelecendo ainda protocovendo acções de reflorestação, colóquios, camlos de colaboração com os países vizinhos. No panhas de recolha e tratamento do lixo, entre último mês, Fátima Jardim esteve em Cabinda outras iniciativas.

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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO PUBLIREPORTAGEM

SOLUÇÕES DE LONGO ALCANCE Num mercado exigente e global, onde a procura permanente de resultados constitui um factor decisivo de competitividade, a aposta nas melhores soluções tecnológicas é uma decisão que se impõe. Ciente, da necessidade de assegurar plenamente a resposta a este desafio a LifeDigital projecta e desenvolve no terreno, em parceria com os seus parceiros, nomeadamente a Sony, projectos customizados absolutamente integrados com os objectivos comerciais dos seus clientes. Em entrevista à Angola’in, Nuno Riço, administrador da empresa, fala do core business da empresa e os seus projectos para o nosso mercado.

a empresa Iniciaram funções em 2007. Qual o balanço destes três anos de actividade? Positivo. Apesar destes três anos se caracterizarem e dividirem por momentos distintos e com a sua complexidade própria, podemos afirmar que cada uma das etapas previstas foram, com maior ou menor dificuldade, ultrapassadas e vencidas. A LifeDigital conseguiu pela sua capacidade entretanto instalada, bem como pelo reconhecimento técnico e humano dos seus activos, sedimentar a sua posição no mercado, oferecendo hoje resposta cabal para os projectos em que se tem envolvido. Cada uma destas etapas foram obviamente previstas e antecipadas no âmbito do plano de negócios desenvolvido em 2007 e mesmo tendo em conta os factores externos, consequentes da conjuntura desfavorável e de todos sobejamente conhecida, conseguimos redefinir em tempo útil determinadas opções e estratégias. São as vantagens de termos enfrentado o turbilhão da crise com uma estrutura pequena e flexível, dando-nos capacidade de adaptação a uma nova realidade que parece ter vindo para ficar. Podemos por isso afirmar que somos hoje um player reconhecido neste sector pelas diferenças na abordagem em sede de projecto, pela metodologia na execução dos mesmos e obviamente pelo valor inegável das soluções que propomos.

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Porquê a aposta em Sistemas de Segurança e Controlo? Ponto prévio. Antes do nascimento da LifeDigital parte da equipa fundadora tinha estado directa ou indirectamente ligada a este sector de actividade. Todos nós nos conhecíamos e percebemos que podíamos constituir diferença e acrescentar valor num mercado maduro e tão competitivo. Tínhamos o know-how e os meios técnicos, pelo que o nascimento do projecto foi uma resposta natural à ambição de dar corpo a uma ideia autónoma e própria. O desejo natural de um grupo de profissionais jovens que aspirava e aspira a ser uma referência. Contudo, é importante referir que essa aposta foi feita numa dupla perspectiva. Num primeiro plano, é consequência do reconhecimento e avaliação de condições de mercado no subsector da videovigilância, feito em conjunto com o nosso maior parceiro, a Sony Portugal. Foi claro para ambas as organizações verificar que o mercado português pelas suas especificidades não revelava e de certa forma ainda não revela uma valorização efectiva das soluções e sistemas avançados propostos por nós, embora essa falta de valorização se prenda sobretudo pela insuficiente informação técnica junto dos clientes face às características do produto e das efectivas vantagens e benefícios que promovem. Parte substancial da nossa acção teve e ainda tem uma componente comercial e pedagógica importante,

é fundamental projectar junto dos agentes do mercado as diferenças e valias operacionais que se podem obter com plataformas mais ágeis, robustas e tecnicamente mais avançadas. Foi e é uma aposta de risco face ao contexto cultural português, mas ainda a encaramos como um nicho de mercado de valor e com potencial de crescimento efectivo. Mas só esta vertente por si não chega, procurávamos dar uma resposta de maior profundidade. Assim sendo, e num segundo plano, verificamos que as múltiplas componentes de um sistema de segurança nas suas várias aplicações e valências, apesar de polarizado numa mesma vertente no âmbito das instalações técnicas especiais, é desenvolvido e instalado de forma desconexa, numa lógica segmentada e compartimentada, realidade essa, verificada logo em sede de projecto. A Lifedigital tem oferecido aos seus clientes uma perspectiva nova para esta realidade, traduzida no desenvolvimento de projectos onde são de salientar valências fundamentais como os Sistemas Detecção Incêndio e Monóxido, a Intrusão, o Controlo de Acessos, os Sistemas Anti-furto e a Videovigilância, que são geridas por plataformas integradas, associadas a softwares poderosos onde a gestão, controlo e monitorização são cruzadas e ligadas em arquitecturas de design abertas e escaláveis, permitindo uma capacidade inédita na versatilidade e alcance destes dispositivos. Verifica-se uma procura crescente destes equipamentos? O crescimento é mais visível a nível de particulares ou de empresas? Apesar de existir já alguma maturação, pelo enquadramento legal que obriga à instalação de algumas vertentes da segurança e pela natural apetência para a instalação de Sistemas de Videovigilância, consequência da necessidade em proteger bens materiais e humanos, verificamos que existe um gap entre a tecnologia instalada num passado recente, quase toda ela analógica e uma nova geração em base tecnológica IP. Ela é incomparavelmente mais versátil e tendo uma arquitectura descentralizada permite, entre outras vantagens, a divisão do processamento entre a câmara e o servidor, a câmara informa o servidor de determinado evento, analisa a imagem, detecta movimentos e envia a pedido do servidor os eventos relevantes, o que resulta em menos «carga» para o sistema, mais velocidade e optimização de recursos. Este exemplo prático reposiciona a nossa oferta para este universo de mercado e podemos dizer que face a esta realidade verificase claramente uma procura crescente destes


equipamentos. O nosso mercado é sobretudo o corporate, claramente o mais identificado e «consumidor» desta soluções. Que características enumeraria para justificar a rápida solidificação no mercado? Para além das indirectamente enumeradas anteriormente e que se prendem com diferenças de base tecnológica, a LifeDigital desenvolve políticas de aproximação ao cliente numa lógica de consultoria. Isso permite-nos entrosar com a realidade do cliente, com as suas necessidades e sobretudo criar mais valor à solução logo em sede de projecto. O cliente confia-nos a nós o «desenho» plenamente convicto que o resultado é mais positivo. Esta política permitiu-nos rapidamente crescer e solidificar a nossa posição. É uma área bastante competitiva? Sim. No entanto, o nosso «combate» é sobretudo feito na clarificação das diferenças entre soluções que têm base em lógicas distintas, a maioria provenientes sobretudo do mercado chinês. Acabamos por competir sobre o mesmo mercado e as mesmas necessidades, mas com objectivos e respostas completamente distintas. Trabalham com clientes bastante conceituados. Essas conquistas significam o reconhecimento do vosso esforço? Estou convicto que sim. É gratificante observarmos a resposta dos clientes depois da concepção e execução dos projectos. Na sua maioria deu continuidade à relação comercial e técnica para novos desafios. Neste momento, encontram-se em fase de expansão. Quais são os próximos passos? Estamos nesta fase em plena prospecção para encontrar um novo espaço, é fundamental dotar a empresa de mais capacidade e darmos resposta ao crescimento dos nossos recursos humanos e técnicos com uma nova sede e um espaço mais capaz. Fomos desafiados a desenvolver uma unidade de negócios com a Sony na área do Digital Signage. É um mercado imaturo, ainda a dar os primeiros passos e onde a Sony pelas características dos seus equipamentos e a LifeDigital pela sua capacidade integradora poderão dar «cartas». Este sector também denominado por Corporate TV ou Public Display (em LCD) constituem uma poderoso e robusto instrumento de comunicação e marketing. Associado a um poderoso software de criação e gestão de conteúdos, permite de forma simples e eficaz captar a atenção e influenciar as decisões do clientes ou público-alvo. Em simultâneo podem também ser activadas apresentações de outras

informações (ex.: gestão de filas, tempo, hora, notícias RSS, etc). O exemplo de promoção de produtos e/ou serviços, vídeos, imagens, spots publicitários ou uma simples informação de preços interactiva, são algumas de muitas possibilidades que esta ferramenta permite oferecer. Projectos e perspectivas para este ano e para longo prazo? Comercialmente, é importante crescer e consolidar a nossa presença no mercado com novos desafios, mas perspectivamos este e o próximo ano também como o momento para cimentar parcerias com os nossos clientes. mercado angolano Uma das apostas para a expansão internacional da LifeDigital passa pela conquista do mercado angolano. O que motivou a escolha de Angola para investir? Em primeiro lugar é fruto das raízes familiares criadas em Angola, onde estivemos sempre presentes. Pelo conhecimento profundo do meio, pelos laços de amizade, pelas ligações empresariais, este foi um caminho natural para a LifeDigital. Em segundo lugar pelo evidente potencial deste mercado. Quais as potencialidades deste mercado? É um mercado deficitário de uma oferta de qualidade e competitiva neste sector. Contam com parcerias estratégicas nesse país? Sim, embora tenhamos uma abordagem autónoma, possuímos e desenvolvemos parcerias estratégicas com empresas portuguesas e angolanas que procuraram activar e incluir esta valência no âmbito dos seus portefólios Qual será o peso de Angola nos lucros da empresa? Sem adiantar valores concretos estamos, face à avaliação efectuada, convictos que ela representará uma fatia interessante na totalidade dos proveitos, embora queiramos criar estratégias de reinvestimento no espaço angolano, principalmente na nossa capacidade logística e componente humana. Queremos decididamente autonomizar procedimentos e acções recorrendo e investindo na capacidade dos recursos humanos de origem angolana. Existe mercado para estes equipamentos? Há uma procura crescente? A construção e o sector imobiliário são espaços de evidente crescimento no mercado angolano, logo os naturais consumidores da nossa oferta. Logicamente para nós isso constitui um enorme terreno de trabalho e crescimento.

Que tipo de ofertas têm disponíveis neste país? Para além das referidas anteriormente, possuímos um valor estratégico evidente: base logística em Angola (onde possuímos escritório e armazém). Em conjunto permitem-nos garantir capacidade instalada e consequentemente respostas eficazes a todas as solicitações. Há muita concorrência neste sector? Em que difere o vosso serviço? Neste aspecto a realidade não difere muita daquela que encontramos em Portugal e que atrás explicitei. A concorrência é diversificada, nem sempre fácil de avaliar e definir, se acrescentarmos a realidade complexa de um país em crescimento acelerado, rapidamente percebemos que a definição transparente de um modelo de actuação, dos serviços e produtos a serem disponibilizados serão fundamentais para a credibilidade e competitividade da nossa empresa. Está prevista a expansão da LifeDigital para as províncias ou a abertura de novos escritórios em Luanda? Os vossos clientes são maioritariamente empresas ou particulares? Curiosamente temos tido solicitações de ambos os campos. Ainda assim procuramos uma envolvência empresarial, meio para qual estamos mais capacitados e adaptados. Como analisa o mercado em termos de equipamentos de segurança e de desenvolvimento das novas tecnologias? Pretendem alargar a actividade para outros países africanos? É uma hipótese em aberto.

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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO BREVES

| manuela bártolo

Cuba é parceira nas telecomunicações Mediatecas revolucionam ensino A Rede de Mediatecas de Angola (REMA) foi aprovada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no âmbito do Programa de Construção e Organização de Mediatecas. O projecto possui uma comissão executiva para a sua execução, composta pelo vice-ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Sebastião Teta. O organismo vai emitir pareceres acerca da concepção e desenvolvimento da referida rede, que conta ainda com o apoio da FESA e da Nolomits Consulting. A comissão encontra-se a definir a micro-localização da REMA, contando com o auxílio das entidades provinciais. A ferramenta está a ser implementada nos países de língua oficial portuguesa e visa facilitar o acesso dos alunos à literatura e investigação científica.

Angola e Cuba firmaram dois protocolos de carácter técnico e científico nos domínios das telecomunicações. O memorando de entendimento formaliza a cooperação entre as duas nações, que se tornam parceiras nos sectores das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e da Indústria e Geologia e Minas, enquadrando-se no Plano Estratégico de Cooperação no domínio das telecomunicações. Desta forma, Cuba passa a participar no desenvolvimento da informática, da informação, das telecomunicações e da indústria electrónica angolana. O vice-ministro cubano, Arufe Rodriguéz, garantiu que o acordo oficializa e fortalece a cooperação entre os dois ministérios. O homólogo angolano Alcides Safeca referiu que o protocolo resulta da transversalidade que as tecnologias têm nos múltiplos sectores. O objectivo principal consiste em gerar sinergias entre os dois Estados, através da troca de experiências.

Aposta na meteorologia Empenhado na prevenção de fenómenos naturais, o Governo está a proceder à modernização dos serviços do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET). Sebastião Teta, vice-ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, anunciou numa conferência em Nairobi (Quénia) que o programa inclui a instalação de estações meteorológicas automáticas, de estações sísmicas remotas e a criação de um centro regional de formação de recursos humanos, para que o país possa ter quadros especializados nesta área. O responsável garantiu que o ministério procura tornar as tecnologias inovadoras acessíveis às regiões e populações mais desfavorecidas. “O Governo reitera o seu interesse e disposição em contribuir nos esforços que a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) vem desenvolvendo para o fortalecimento dos mecanismos de cooperação entre países, permitindo a partilha de informação e experiências”, frisou.

Adesão ao IFAC viável Uma comissão vai criar as condições necessárias para a adesão do país à Federação Internacional de Automação e Controlo (IFAC). A decisão foi tomada durante o workshop “O Fomento da Sociedade Angolana de Automação e Robótica” e será composta pelos participantes do referido evento. A organização internacional é responsável por apoiar os sectores das ciências de investigação em mecatrónica e é formada pelos representantes das sociedades científicas e de engenharia, que promovem a temática de controlo automático na forma mais abrangente. Carlos Eduardo Pereira, presidente do comité técnico da IFAC, garantiu ainda que o Brasil vai poder formar angolanos nas áreas de automação e controlo. O professor da Universidade do Rio Grande do Sul (Brasil) manifestou-se interessado em avançar com a possível parceria, assegurando que a formação de mais técnicos é um dos desafios da instituição, que quer assegurar a sustentabilidade do país. O docente admitiu que o Brasil tem défice de quadros nessa área, pelo que deseja alargar a actuação para África. O coordenador do evento e director nacional para o desenvolvimento tecnológico do Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia (MESCT), Gabriel Miguel, explicou que o encontro permitiu avaliar o nível de ensino dessas matérias, que ainda não está massificado nas universidades nacionais.



DESPORTO

| patrícia alves tavares

Quadros técnicos

Ministério e Federações unem esforços

“Precisamos de quadros, de pessoas competentes, capazes de potenciar todo o dinamismo que estamos a implementar”, Gonçalves Muandumba

O italiano Pierluigi Collina, considerado o melhor árbitro de todos os tempos, dá um conselho sábio a todos os profissionais: “devem ser consistentes e actualizarem-se constantemente para interpretar bem as leis”. Além da experiência, o saber é decisivo para formar bons quadros técnicos. A aprendizagem constante significa uma dose de “abertura a mudanças”. O ícone lembra que um profissional capaz “deve ser um bom líder, bom comunicador e bom decisor”. O sucesso do jogo depende de uma adequada preparação física e académica, aliada à “motivação, intuição e coragem”. A ‘receita’ é válida para árbitros e treinadores. Enquanto líderes, a formação é imprescindível para o sucesso. Considerando que desporto ultrapassa os atletas, a Angola’in foi investigar o nível académico de quem dirige uma equipa, dentro e fora de campo. ‘Alicerce’ do conhecimento “De que adianta termos infra-estruturas modernas, se não tivermos pessoas para fazer um trabalho tecnicamente competente?”, interroga-se Gonçalves Muandumba, Ministro da Juventude e Desportos, que destaca a ‘se-

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de’ de conhecimento como mais-valia para o incremento da formação de técnicos e especialistas na área do Desporto. Djalma Cavalcanti, treinador brasileiro, defende a criação de escolas como meio para alcançar o desejado desenvolvimento do futebol angolano. Como

solução, o técnico sugere a aposta em especialistas estrangeiros com experiência e formação adequada para colmatar as carências e auxiliar na capacitação dos treinadores nacionais. O ministério não tem parado e procura desenvolver a componente educativa para acompanhar o crescimento dos equipamentos (que sofreram um incremento com o CAN2010 e onde se prevê a criação de mil campos de futebol até 2012). O ministro avançou recentemente que está em curso uma “reformulação” da legislação para acompanhar as novas necessidades, as “infra-estruturas e exigências”. Para tal, contou com a colaboração de especialistas em direito desportivo e do instituto do Desporto de Portugal. Na agenda governamental, está enquadrada a formação de qua-


dros qualificados, através da “criação de um Instituto Superior do Desporto e de três institutos médios”. “Precisamos de quadros, de pessoas competentes, capazes de potenciar todo o dinamismo que estamos a implementar”, alegou Muandumba. O responsável explicou que “há que dar a base técnica ao trabalho a fazer”, pelo que conta com o “contributo de seis mil agentes desportivos” que estão a ser formados em diferentes pontos do país. As acções de aprendizagem são dinamizadas maioritariamente pelas federações, responsáveis por admitir e dotar os futuros profissionais das competências necessárias para orientar ou arbitrar uma equipa. As carências de cada modalidade estão relacionadas com a iniciativa de cada organismo. FIFA apoia futebol O desporto-rei conta com um importante parceiro, a FIFA. Em Abril, 50 técnicos seleccionados pela Federação Angolana de Futebol (FAF) frequentaram um programa de nível I da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). O curso, que se subdividiu em aulas teóricas e práticas, abrangeu os treinadores do Campeonato Nacional da I Divisão, Girabola. Para 35 técnicos angolanos, a formação foi paga pela FIFA, enquanto a FAF financiou os restantes treinadores. Os técnicos receberam orientações da inspectora da FIFA, Florie Raynogodi, do Botswana e do instrutor técnico Marcos Falopa, do Brasil. Na ocasião, o presidente da FAF, Justino Fernandes lançou um alerta para incentivar a formação de treinadores, árbitros e professores de Educação Física como meio para melhorar a qualidade da modalidade.

“O secretário-geral da Federação Angolana de Boxe anunciou seminários para elementos da arbitragem, provenientes do Centro e Sul” Escola de Basquetebol A Federação Angolana de Basquetebol (FAB) é das mais activas. O crescimento da modalidade e o sucesso das equipas, particularmente dos atletas ao serviço da selecção nacional, tem contribuído para a aposta na profissionalização dos árbitros e treinadores. A revitalização da Associação de Treinadores de Basquetebol tem contribuído largamente para o fomento das actividades. Apesar de ter surgido em 1998, acabou por desaparecer e reapareceu em 2009, graças a um gru-

po de pessoas que reuniu uma nova direcção. O organismo marca uma viragem positiva na formação dos treinadores, que podem contar com seminários regulares e cursos de nível 1, 2 e 3. A entidade pretende criar parcerias com o Comité Olímpico Angolano, com a Federação Angolana de Basquetebol e com outras entidades, de forma a pressionar a FAB a não descurar a vertente da formação permanente. Há ainda o projecto de editar uma revista para informar os treinadores sobre as acções que têm ao seu dispor e de propor a emissão de carteiras profissionais num futuro próximo. Raul Duarte, director da Associação, admitiu numa entrevista que “todas as modalidades desportivas” sofrem com a “falta de actualizações” dos ensinamentos adquiridos no início da carreira, visto que há dez anos que não existem acções de especialização contínua. O responsável sustenta que desenvolvimento do desporto e aprendizagem são indissociáveis. “Se queremos ter jogadores das camadas de formação com boa qualidade, temos de investir na formação de treinadores”, argumenta, exemplificando que “a metodologia e psicologia de treino, a técnica desportiva e a fisiologia do desporto” devem “ser do domínio dos treinadores para que façam um bom trabalho”. Raul Duarte vai mais longe e frisa que “não é digno que uma modalidade com dez títulos em África tenha treinadores nas equipas seniores sem cursos” específicos. A Escola Nacional de Basquetebol, afecta à Federação, demonstra a visão abrangente da modalidade face às suas diversas componentes. Porém, a execução do projecto nas províncias tem sido difícil, devido à desconfiança das associações locais. A escola visa a implementação da formação de treinadores, dirigentes desportivos, estatísticos, juízes, árbitros e oficiais de mesa. O organismo tem em execução 12 programas, em colaboração com os agentes e os clubes regionais. A parceria entre as federações de Portugal e Angola tem sido decisiva no desenvolvimento da componente formativa dos quadros das equipas e selecções de basquetebol. Os organismos assinaram um protocolo de cooperação em 2009, com vista à troca de experiências entre os treinadores e árbitros das duas nações. Os países associaram-se recentemente na organização da Super Taça Compal, um torneio entre os primeiros classificados nacionais. Descentralizar As modalidades menos reconhecidas pelo público são as que se mostram empenhadas em diversificar a formação, procurando organizar acções fora da capital, onde está concentra-

“Os treinadores de basquetebol podem contar com seminários regulares e cursos de nível 1, 2 e 3”

da a maioria dos meios. É o caso da Federação Angolana de Boxe (FABOXE) que esteve no Huambo, em Março, a promover um curso para árbitros, juízes e cronometristas e outro para técnicos e monitores do escalão provincial. As formações gratuitas destinaram-se a promover o plano de desenvolvimento do Boxe amador para o triénio 2009/ 2012, visando o acréscimo do nível técnico da modalidade. O secretário-geral da Federação anunciou ainda seminários para elementos da arbitragem, provenientes do Centro e Sul de Angola. No caso do Kickboxing, o início oficial é embrionário. Contudo, a visão alargada da modalidade tem contribuído para o desenvolvimento equilibrado da componente técnica em todas as vertentes. A par da formação dos atletas, a Comissão Instaladora da Federação Angolana de Kickboxing e Mauythai está empenhada na criação de profissionais especializados, nomeadamente treinadores e árbitros. Em Dezembro do último ano, decorreram os primeiros cursos de Treinadores e Árbitros, certificados pela federação internacional (WAKO) e que contaram com a colaboração dos técnicos especialistas Manuel Teixeira e Irineu Fernandes. A formação é resultado do protocolo assinado entre os presidentes da Federação Portuguesa e Angolana de Kickboxing e Muaythai, Mário Fernandes e Camilo Ferreira, respectivamente. A iniciativa representa um salto gigante para a massificação da modalidade. Os 40 primeiros treinadores e árbitros nacionais oficialmente formados detêm diploma certificado pelo coordenador técnico do curso, Carlos Ramjanali, vice-presidente da WAKO-pro.

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DESPORTO BREVES

| patrícia alves tavares

basquetebol

Jogos três contra três

futebol

Hervé Renard é o novo ‘mister’ A Federação Angolana de Futebol apresentou oficialmente o novo seleccionador, que vai substituir Manuel José, que se demitiu pouco depois do final do CAN 2010. Hervé Renard é o técnico escolhido para os próximos compromissos e tem contrato válido por dois anos, renovável findo esse período. O técnico francês assume pela terceira vez a liderança de uma equipa africana. Aos 41 anos, o antigo jogador de futebol já tinha treinado as selecções do Gana e da Zâmbia. Justino Fernandes, presidente da FAF, revelou esperar que o novo seleccionador possa incutir uma nova filosofia de trabalho nas selecções nacionais, anunciando que esta contratação marca o encerramento dos projectos imediatistas da sua direcção. “Contratamos este treinador para reestruturar todo o nosso futebol desde as selecções sub-15, 17, 20, 23 à de honra”, justificou. Renard sustentou que “quando se trabalha com selecções como as de Angola, o objectivo não pode ser outro senão a qualificação para o CHAN do Sudão, em 2011 e para o CAN de 2012”. Os Palancas Negras, que estavam sob o comando provisório de Zeca Amaral (antigo adjunto de Manuel José), serão dirigidos pela primeira vez por um treinador francês.

A Federação Angolana de Basquetebol (FAB) anunciou que pretende implantar o sistema de jogo três contra três. Nuno Teixeira, director técnico da FAB, não avançou datas para aplicação das alterações, mas adiantou que esta decisão é prioritária para o organismo, tendo em conta as próximas competições, onde Angola vai participar. A técnica já tinha sido aplicada no ano passado na categoria de masculinos. Porém, o responsável admitiu que não teve os resultados esperados, embora destaque que, após a Supertaça Compal, vários jovens receberam contribuições de técnicos portugueses, o que vai permitir a implantação da modalidade em todo o território. Numa primeira fase, está prevista a formação de técnicos e a criação das condições materiais (nomeadamente, ao nível de infra-estruturas) para que a modalidade três contra três arranque brevemente.

infra-estruturas

Estádios Rentabilizados O presidente da Federação Angolana de Xadrez (FAX), Aguinaldo Jaime, afirmou recentemente à imprensa que o CAN 2010 contribuiu para o desenvolvimento de uma cultura de construção, manutenção e rentabilização das infra-estruturas desportivas. “Creio que estão a ser criadas as estruturas que se vão ocupar da manutenção e gestão dos estádios que albergaram o CAN 2010”, prosseguiu. Aguinaldo Jaime sugeriu ainda que se estabelecesse um processo de utilização, que auxilie na angariação de receitas capazes de garantir a manutenção dos espaços, que passam a ser rentabilizados. “Sei que noutros países os estádios não são apenas utilizados para a prática do futebol, albergam espectáculos ou eventos que permitem angariar receitas que depois irão facilitar no processo da sua manutenção”, explicou. Recorde-se que actualmente os estádios criados para a Competição Africana albergam os jogos do Girabola 2010, além das partidas das Afrotaças e de selecções nacionais de outras modalidades.

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desporto adaptado

Projecto ‘Criança’ consolidado O presidente do Comité Paralímpico Angolano (CPA), Leonel da Rocha Pinto, revelou que a implementação da paz contribuiu positivamente para o crescimento do maior projecto de massificação do desporto adaptado. O projecto “Criança” está em curso e envolve cerca de 250 crianças. Implementado em 2008 em algumas províncias, o programa tem como finalidade o alargamento e desenvolvimento do desporto adaptado nas modalidades de atletismo, natação, basquetebol em cadeira de rodas e futebol com muletas. Com o final da guerra em 2002, foi possível organizar competições em locais anteriormente inacessíveis e consolidar o processo de formação de técnicos e profissionais de saúde especializados. O responsável fez alusão à ascensão deste desporto a nível do continente e em competições mundiais quando, em 2004, conquistou três medalhas de ouro na classe de deficientes visuais nos Jogos Paralímpicos de Atenas.


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LUXOS

| patrícia alves tavares

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LUXOS

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LUXOS

| patrícia alves tavares

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LUXOS

| patrícia alves tavares

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LUXOS

| patrícia alves tavares

GRAND CARRERA Calibre 17 Rosegold Chronograph

A bracelete de pele e o mostrador em safira fazem deste modelo da Tag Heuer um exemplar único e excepcional. Possui um cronómetro original e é um dos elementos mais importantes da linha Grand Carrera. Ideal para desportistas, causa impacto pelo design sofisticado e elegante.

TAG HEUER

Monaco twenty-four Inspirada no filme ‘As 24 horas de Lemans’, a Tag Heuer lançou um modelo que fica na história para os amantes de carros e de relógios. A sua caixa é resistente ao choque (para proteger as componentes mecânicas) e protegida por um cristal de safira.

BREITLING Superocean

O ‘velhinho’ Superocean foi rejuvenescido e surge com um design mais moderno e conceptual. Inicialmente concebido para militares e profissionais da aviação, surge com uma bracelete em borracha ou aço, com cores mais apelativas e é à prova de água até 1.500 metros.

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HUBLOT

F1 King Power É o relógio oficial do campeonato mundial de Fórmula 1. Desportivo e high-tech, o novo modelo apresenta uma bracelete com o logótipo da F1 no interior e Nomex negro no exterior e uma caixa ‘King Power’ com diâmetro de 48 mm. Esta edição é limitada.



ESTILOS

| lisete pote · luaty d’almeida (fotografia)

MATERIAIS Organzas, cetim, brocados, linhos e alinhados, tecidos de camisaria, tecidos pintados, tecidos com brilho, sedas, acetatos, tecidos gravateiros, algodões marcerizados, denim. CORES Preto - Pirate black | Branco – Snow white Cinzentos – Silver grey e neutral grey | Castanhos – Licorice e dune.

Blazer branco com vivo emblema bordado em cinzento

REFLEXOS Numa busca por harmonia e inspiração, da magia da luz do nascer e pôr do sol em África, ao exotismo e beleza dos nobres brilhos do Oriente, uma explosão de influências e sensações envolve-nos quase como uma fragrância com notas luminosas de mistério e exuberância, fantasia e sedução, intemporalizada com pitadas de nuances dos mais preciosos metais e pedras preciosas. É a essência da elegância e do clássico em submissão total ao esplendor…a mais recente colecção do estilista português Miguel Vieira, à venda na loja Xandala Spot, sita na rua Garcia Matos, nº 113, S. Paulo. A silhueta masculina segue linhas justas e definidas que combinam casualidade com elementos clássicos de corte de alfaiataria. Lisete Pote - lpote@comunicare.pt

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Camisa em popeline branco Miguel Vieira e gravata bege em seda Fato clássico azul-noite, com reflexos cristais, casaco em algodão branco, com os punhos bordados com o seu distintivo Fato em tom cinza com t-shit azul clara. Uma sugestão para os mais desportistas

ESTILOS · ANGOLA’IN

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Calça de ganga Miguel Vieira com seu distintivo em pele na parte de trás, t-shirt de algodão e casaco com pé de gola branco em jeans de algodão Calça de ganga, t-shirt em algodão, casaco sport com listas brancas e cinzentas com uma gravura na parte de trás

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ESTILOS · ANGOLA’IN

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ESTILOS

| patrícia alves tavares

lacoste

Lacoste Red

a nova fragrância da lacoste personifica o espírito auto-confiante e de liderança. as notas de maça verde, folhas de cedro, jasmim, pinheiro da sibéria, vetiver, musgo e patchouli adequam-se a homens que gostam de vencer.

calvin klein

Calvin Klein Free

a mais recente fragrância da calvin klein acaba de chegar ao mercado. as notas de citrinos, rosmaninho, jasmim, madeiras e tonalidade de brisa marinha conferem a este produto uma intensa frescura. ideal para homens jovens e desportivos.

hugo boss

racco

a nova fragrância de lalique é indicada para indivíduos modernos e sofisticados. o seu aroma cítrico e ingredientes como a pimenta branca, noz-moscada, violeta branca e tamarindo transmitem toda a sensualidade e energia de quem usa este perfume.

a racco lança uma fórmula que estimula as sensações, sendo adorada pelas mulheres. o novo perfume é perfeito para homens que querem causar impacto. tem as notas insinuantes do jasmin e ylang-ylang, a intensidade do cravo e o afrodisíaco do óleo de pimenta, misturado com o cedro, almíscar e baunilha.

Platinum

Compulsion Aphrodisiac

hugo boss

Elements

o design da embalagem em forma de tubo de oxigénio é uma alusão ao homem cosmopolita. a sua fragrância é a opção correcta para indivíduos modernos e citadinos. o seu aroma resulta de uma mistura de notas de ameixa, bergamota, cedro, sândalo, almíscar e musgo de carvalho.

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animal

Animal Black

a escolha perfeita para uma saída à noite. o novo animale simboliza o mistério, a sofisticação, a espontaneidade e rebelião masculina. as notas à base de gengibre, lavanda, jasmim, canela, mogno, musk e patchouli conferem um toque único a este perfume poderoso.


LUXOS · ANGOLA’IN

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LIVING

| boca do lobo

hino à arte Criada em 2005, à procura da excelência no panorama do design de mobiliário português e estrangeiro, a BOCA DO LOBO tem vindo a trabalhar com o intuito de partilhar o que Portugal tem de melhor: o conhecimento do seu povo como criador de mobiliário, a tradição de trabalhar materiais nobres, a sabedoria, a experiência, o amor e a dedicação com que os artesãos e marceneiros se dedicam à sua arte. A marca tem-se revelado uma experiência emocional única, partilhando com os seus clientes um sentimento de pertença e um estado de espírito inovador. Esforça-se por despertar sentimentos através das suas peças, que são inspiradas na paixão pela artesania portuguesa desenvolvida por uma equipa que ama o que faz. Nenhum detalhe é ignorado, oferecem o melhor da fronteira entre o design e a arte. As colecções COOLORS, SOHO e LIMITED EDITION, são o reflexo daquela que é a maior pre-

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missa da BOCA DO LOBO - oferecer emoções através de peças intemporais, com requinte e altos níveis de qualidade. O seu público é exigente e por isso a excelência é a palavra-chave da marca todos os dias. Os cinco anos de existência são sinónimo de empenho, dedicação e paixão, que culmina nos sucessivos sucessos que tem conquistado e na sua presença um pouco por todo o mundo. Sempre atentos às oportunidades, o mercado angolano representa para a marca um desafio atraente, identificado como um mercado exigente na procura de exclusividade, altos níveis de qualidade e luxo, sendo estas as premissas para qualquer peça com assinatura BOCA DO LOBO. Tendo já marcado presença em eventos como a EXPORT HOME, Angola 2009 e a FILDA - Feira Internacional de Luanda, 2009, a marca vai mantendo desde então relações comerciais activas com parceiro local sediado em Luanda.


COOLORS O poder da cor é o fenómeno “cool” que inspirou a criação da colecção coolors. As cores são utilizadas pela sua estética, bem como pela capacidade de influenciar a mente humana através da estimulação do sentido visual de cada um. As cores induzem muitas emoções e estados de espírito. Assim, a intenção ao associar sensações de cor à colecção, é estimular emoções de modo a que quem entre em contacto com o design da marca se possa identificar com ele e se possa colorir por ele.

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LIVING

| boca do lobo

LIMITED EDITION O desejo inato da BOCA DO LOBO de criar móveis exclusivos, que diluam a fronteira entre o design e a arte, é perfeitamente ilustrado na colecção Limited Edition - Large Emotion. Pedro Sousa, designer fundador desta colecção, possuí um inegável talento para a concepção de peças que agitam as emoções nos nossos admiradores. Limited Edition começou a trazer status e singularidade a cada projecto de Pedro Sousa, acrescentando valor à marca BOCA DO LOBO. Limited Edition é constituída por doze peças com personalidades distintas e únicas. A fusão entre a arte e o design é apresentada numa série limitada de 20, feita à mão por um único artesão.

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LIVING

| boca do lobo

SOHO Sempre na vanguarda da reinterpretação e no design de alto nível, familiarizado com extraordinários estilos arquitectónicos, o Soho está no lugar central na primeira colecção BOCA DO LOBO. Inspirado no lado cosmopolita que caracteriza este bairro de Nova Iorque e com uma reinterpretação de formas e materiais, a colecção Soho apresenta um equilíbrio entre o design arquitectónico e um apelo ao clássico. Madeiras requintadas, técnicas tradicionais, e temas intemporais são aplicados nos nossos projectos criando peças carismáticas e sedutoras.

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LUXOS · ANGOLA’IN

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VINHOS & CA.

| patrícia alves tavares

Pancas

1º Prémio Confraria dos Enófilos do Alentejo- 2007 É óptimo para acompanhar desde os típicos pratos alentejanos até à nobreza de um Faisão recheado com frutos secos ou a suavidade de um Soufflé de Chocolate. Com sabor a compota fresca de amora, especiarias e taninos com muita garra, revela um aroma a frutos pretos maduros, com frescura mentolada e cacau de ligeira tosta.

Vinha da Tapada

Vinho de cor rubi intenso, com aroma a frutos vermelhos maduros. Bem equilibrado e complexo, possui um final frutado e persistente, ideal para acompanhar carnes assadas ou grelhadas e queijo.

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Este néctar de tom vermelho cereja é uma óptima sugestão para refeições de carne e massas. Possui um paladar suave, com a fruta e as especiarias em evidência, que revelam o aroma a notas de frutos vermelhos e menta.

Dão Special Selection 2005

Possui um aroma intenso e elegante, onde se evidenciam as notas de frutos vermelhos bem maduros (amora e ameixa preta), com notas de baunilha e especiarias. Na boca, este vinho detém uma estrutura poderosa e uma acidez viva.


Leopard’s Leap Chardonnay Elegante, este néctar possui o aroma cremoso dos frutos vermelhos. Na boca, esta colheita de 2009 apresenta-se com notas de frutos tropicais e lima.

Viña Maipo Sauvignon Blanc /Chardonnay

Límpido, de cor amareloesverdeado, este produto possui um aroma frutado, com notas de pêssegos, maçãs e citrinos. Suave e muito fresco, este néctar é uma boa sugestão para refeições de peixe.

Quinta dos Aciprestes Reserva Encorpado, este vinho combina com pratos ricos de carne, caça e queijos fortes. Possui aromas maduros de ameixa, cereja e floral, onde se evidenciam os sabores dos frutos vermelhos e pretos.

Gatão Rosé

Límpido e de cor rosada, este néctar apresenta-se com um aroma jovem e frutado. Delicado, macio e fresco, é excelente para servir com pratos de carne magra grelhada, massas, pizzas e todo o tipo de entradas.

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VINHOS & CA.

VIP Champions Perfeito para acompanhar pastas e pratos de carne, este néctar de cor rubi apresenta uma excelente intensidade gustativa. Elegante e com uma boa estrutura de taninos macia, apresenta-se com um aroma complexo em frutos vermelhos e especiarias, com destaque para a ameixa e cereja. Serve-se a uma temperatura entre os 16ºC e 18ºC.

Royal Oporto Extra Dry White

Vinho jovem que acompanha frutos secos, salgados e é recomendado como aperitivo. É uma boa escolha para o Verão, podendo ser servido com gelo e limão. O aroma frutado e equilibrado lembra os frutos secos.

Hankey Bannister

Este Whisky escocês possui um tom de caramelo cremoso e apresenta-se como um whisky leve. A sua tonalidade dourada revela um aroma doce e picante, com um toque de mel e um final longo e agradável.

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Brandy 1920 O seu aroma de aguardente e madeira de carvalho faz deste Brandy de cor topázio uma boa opção para consumir depois das refeições, acompanhando o café.


VINHOS & CA. BREVES

| patrícia alves tavares

Porto Rosé em braille A Porto Cálem vai lançar o primeiro vinho de Porto rosé e garrafas com rótulo escrito em Braille. A novidade foi criada a pensar nas “pessoas com deficiências e incapacidades visuais”. O novo néctar rosé foi concebido pelo enólogo Pedro Sá e é propriedade do grupo Sogevinus. Caracterizado como “rico, sedoso e envolvente em todos os sentidos”, o Cálem Rosé surge no mercado após “uma solicitação por parte dos clientes nacionais e estrangeiros”. A empresa quer ser vanguardista e aposta pela primeira vez num rótulo em alfabeto Braille, de forma a tornar o produto acessível a todos, explorando um outro sentido: o tacto. O objectivo consiste, segundo Cátia Moura, responsável de comunicação, em chegar a “pessoas a quem o acesso a bens de consumo está muitas vezes dificultado”.

Encontrado genoma da uva Um grupo de estudiosos do Serviço de Investigação Agrária dos EUA encontrou um método para acelerar o processo de identificação de marcadores genéticos presentes no genoma da uva. A descoberta vai permitir identificar a qualidade da fruta, a capacidade desta em se adaptar às condições ambientais e a sua resistência a doenças e pragas. Os cientistas utilizaram uma nova tecnologia para sequenciar as proporções representativas dos genomas de dez tipos de uva (seis silvestres e Pinot Noir clone). O processo já tinha sido estudado em 2007, mas só agora foi possível rectificar erros comuns da sequência e descobrir milhares de marcadores genéticos que servem como indicadores do relacionamento entre as plantas e a sua origem geográfica.

Vinho sem álcool

Energia eólica em vinhas É a nova tecnologia associada à produção de vinhos. O recurso a energia eólica está a tornar-se frequente nos EUA. Desde o Alaska ao Texas ou de Oregon ao Michigan, verifica-se o uso da fonte natural de energia. A vinícola Anaba, Sonoma, tornou-se recentemente no primeiro local do norte da Califórnia a recorrer à energia do vento. Uma turbina com 14 metros de altura foi instalada na região, estando orçada em 21.000 US$. O investimento permitiu a redução das despesas anuais de electricidade em 1.000 US$ e, de acordo com o proprietário John Sweaze, o retorno desta aposta será visível dentro de 12 anos. Os produtores contam com os subsídios estatais para compensar os custos iniciais. Ainda para este ano, a companhia vinícola Honig, no Napa Valley, vai concluir a instalação das turbinas eólicas, que vão captar energia solar, capaz de produzir 10.800 Kwh/ ano.

O WineZero foi lançado no mercado italiano e pretende combater o consumo abusivo de álcool. O novo vinho com baixo teor alcoólico é produzido em Valladolid, Espanha, a partir de uvas do Duero, Rueda e Cigales e está disponível nas categorias de tinto, branco e rosé. Com a mesma fórmula, está a ser desenvolvido um tinto envelhecido em carvalho americano. Com um teor de 0,5 por cento, é feito com fermentação total e destilado a vácuo, para permitir a redução do índice de alcoolemia. O inovador produto foi concebido pelos italianos Massimiliano Bertolini e Manuel Zanella. O empresário Bertolini referiu recentemente que o WineZero “não pretende competir com os vinhos tradicionais; é uma nova bebida, como a cerveja sem álcool ou o café descafeinado. Já estão na moda em Espanha, França e Alemanha e já estava na hora de lançá-lo no mercado italiano”.

Produção de azeitona supera expectativas As previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE) indicam que a produção de azeitona para fabrico de azeite deverá atingir em 2010 o valor mais elevado dos últimos cinco anos. O organismo espera uma produtividade na ordem das 421 mil toneladas, representando um crescimento de 25 por cento em relação ao ano anterior. As estimativas estão relacionadas com as condições climatéricas favoráveis e com o início do pleno funcionamento dos olivais intensivos, plantados nos últimos anos na região do Alentejo. O INE avança que a “qualidade dos frutos é boa ou muito boa, sendo de prever que os azeites produzidos sejam este ano de excelente qualidade e de muito baixa acidez”.


VINHOS & CA. BREVES

| patrícia alves tavares

Melhor rosé do mundo

Portugal inaugura hotel vínico O primeiro hotel vínico de luxo em Portugal, o The Yeatman Oporto abre ao público a 5 de Julho. Localizado na zona histórica de Gaia, no Porto, o espaço representa um investimento de 32,5 milhões de euros e tem como principal finalidade a “promoção de todos os vinhos portugueses”. O presidente executivo da Fladgate Partnership e do The Yeatman realçou que o empreendimento pretende assumir-se como “uma plataforma para expandir o mercado de turismo da cidade no sector de luxo”, lembrando que o “Vinho do Porto é uma bandeira de Portugal”. O empresário já admitiu a possibilidade de novos investimentos no sector hoteleiro. Recorde-se que o grupo é detentor de 11 quintas no Douro. O novo hotel dispõe de 12 suites e 70 quartos com vista para o rio Douro e o Centro Histórico do Porto. Está distribuído por seis socalcos em alusão à distribuição das vinhas.

O vinho Casal da Coelheira Rosé 2009 foi o vencedor da edição deste ano do Concurso Mundial de Bruxelas, na Bélgica. O néctar, produzido em Abrantes, Portugal, recebeu o ‘Best Wine Trophy’, sendo considerado o melhor vinho rosé do mundo, perante 275 provadores de 40 países. O produto obteve ainda uma das seis ‘Grande Médaille d’Or’, passando a fazer parte restrito lote de “melhor resultado absoluto” registado em cada uma das categorias.

Alentejo faz acção de promoção em Luanda

Vinho do Porto em Cannes A iniciativa é inédita. A edição deste ano do Festival de Cannes conta com a presença do Vinho do Porto, numa acção promovida pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto e que se insere no plano de promoção deste néctar no mercado internacional, nomeadamente entre as categorias Premium. O organismo associou-se pela primeira vez ao evento. Em plena praia do Majestic, no coração do Mercado do Filme e junto ao Palácio dos Festivais, os actores, cineastas e líderes de opinião que marcaram presença na 63ª edição do certame tiveram a oportunidade de degustar uma selecção dos melhores vinhos do Porto (puro ou em cocktails) e descobrir a sua diversidade e qualidade. O mercado francês continua a ser o cliente mais importante deste néctar da Região Demarcada do Douro português.

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Café Gourmet Angola está a participar num projecto sobre Produção de Café “Gourmet” ao lado de países como a Tanzânia e o Uganda. O país aderiu à iniciativa devido às enormes potencialidades de produção e promoção da cafeicultura. Este passo tem sido decisivo na reabilitação dos centros de pesquisas, uma vez que a produtividade do grão depende de uma boa investigação. Por outro lado, confirma a aposta na revitalização da cafeicultura angolana e no enquadramento da juventude neste sector de actividade. Entretanto, a nação acolheu recentemente um colóquio sobre a matéria. “Devemos encorajar o país a continuar a produzir devido à experiência adquirida e à boa qualidade de café que Angola possui, pois assim iremos contribuir para a diversificação da economia e para a redução da pobreza no meio rural”, defendeu Josefa Sacko, secretária da Organização Inter-Africana do Café (OIAC).

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) realizou uma acção de promoção dos vinhos do Alentejo em Luanda. A entidade escolheu o mês de Maio para divulgar os produtos da região portuguesa em Angola, visto que o país é o seu principal importador. Segundo uma fonte da CVRA, em declarações à agência de notícias Lusa, o evento decorreu numa unidade hoteleira da capital e inseriu-se na estratégia da promoção de vinhos do Alentejo em mercados externos. O certame contou com a participação de uma dezena de produtores da região alentejana, pelo que foi direccionado para importadores, profissionais de hotelaria e restauração. Em prova, estiveram as mais recentes colheitas de uma dezena de profissionais do Alentejo. A organização apresentou ainda um jantar temático com pratos típicos acompanhados pelos néctares portugueses. De acordo com a CVRA, em 2009, foi registado um total de mais de 3,4 milhões de litros de vinho do Alentejo exportado para o território angolano. A exportação é a grande aposta dos produtores alentejanos e representa já cerca de 17 por cento das vendas. Angola é o principal ‘cliente’ desta produção.


VINHOS & CA.

| wilson aguiar

À mesa com o fiel amigo Olá a todos! Nesta edição, sugiro uma receita inspirada no fiel amigo: o bacalhau. Para quem não dispensa produtos regionais na sua mesa, pode escolher o bacalhau de água doce, proveniente dos rios da Huíla. Existem mais de mil maneiras de preparar este peixe, que abunda nos países do norte da Europa e é muito comum nas festas tradicionais (Natal e Páscoa). No entanto, optei por uma receita de fácil confecção. Rápida e saborosa, a minha açorda de bacalhau é a escolha ideal para um jantar após um dia de trabalho, em que o cansaço e os horários apertados (por vezes difíceis de conciliar com os restantes membros da família) não dão oportunidade para preparar refeições muito elaboradas. Agora que o Outono está a chegar, delicie-se com um prato tradicional, que recorre à base mais importante da dieta alimentar: o pão. É a escolha ideal para dias mais frios. Acompanhe com sumo natural ou um copo de vinho e finalize a refeição com uma peça de fruta. Para quem não gosta de bacalhau, recordo que podem sempre substituí-lo por outro ingrediente da vossa preferência, como por um exemplo um peixe característico da vossa província. Bom Apetite!

Wilsron ia re: Agu suge

u a h l a c a b e açorda d CONFECÇÃO deixe azeite e o alho e o e m lu ao ve Le bastante é que este fique aquecer bem at o alho do momento retire alourado. Nesse calhau, desfie bem o ba o, nt ta re nt E . te azei azeite o e coloque-o no aem pr es , -o ve la tiver Quando este es e deixe refogar. ua. um pouco de ág refogado, junte pedaços rta os pães em De seguida, pa . Deixe eparado anterior e junte-os ao pr Retire do pão se desfaça. ferver até que o a salsa os bem batidos, ov os ne io ic ad lume, ture tudo o de limão. Mis picada e o sum

S INGREDIENTE au 750 g de bacalh 500 g de pão

2 ovos 0,5 dl de azeite 1 dente de alho de salsa picada 1 colher (sopa) Sumo de 1 limão b. Sal e pimenta q.

muito bem. leiro e leve arado num tabu Coloque o prep quente e star. Sirva bem ao forno para to pouco de salsa. decore com um

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VINHOS & CA. GOURMET

| patrícia alves tavares

noma [dinamarca]

O melhor do Mundo

sua culinária flores e ervas selvagens e criaturas do mar pouco conhecidas. A sua habilidade traduz-se na interpretação pessoal da cozinha tradicional, onde os métodos típicos, os produtos nórdicos e as receitas locais são reinventados através de uma abordagem gastronómica completamente inovadora. Situado ao lado do porto de Copenhaga, o Noma é o único restaurante na Dinamarca com duas estrelas no Guia Michelin. O nome surge de duas expressões dinamarquesas: “Nordisk”

(nórdico) e “Mad” (alimento). Actualmente, oferece apenas menus de degustação, preparados para clientes que querem uma experiência gastronómica única. O ambiente rústico e despretensioso convida-o a descobrir os sabores da região do Norte do Atlântico e a divulgar os produtos regionais. A decoração do interior é assinada por Signe Bindslev-Henriksen. Foi inaugurado em 2004 e é gerido pelos sócios René Redzepi, Claus Meyer e pelo sommelier sueco Pontus Eluffson.

informações Eleito pela revista Restaurant como o actual número um do mundo, o Noma conseguiu a proeza de destronar o experiente El Bulli da liderança do conceituado ranking. René Redzepi é proprietário e chef do espaço dinamarquês, que se evidencia pelos inconfundíveis menus gourmet nórdicos. O talento de 32 anos ganhou notoriedade por recorrer exclusivamente a ingredientes que podem ser facilmente encontrados na região nórdica. Contudo, a expressão ‘comum’ está fora do seu vocabulário. Redzepi descobre e aplica na

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Morada: Strandgade 93, 1401 Copenhaga K Telefone: +45 3296 3297 Site: www.noma.dk Email: noma@noma.dk Estacionamento: Sim, na Strandgade 100 Horário: Almoço: terça-feira - Sábado: 12.00 até 13.30h (hora local) Jantar: terça-feira - sábado: 18h até 22h (hora local) Reservas: Obrigatório (até 90 dias antes da data pretendida). Para reservas até 5 pessoas pode ligar para o +45 3296 3297, de segunda a sexta-feira, entre as 10.00 e as 15h. Tem ainda a possibilidade de efectuar a sua marcação através do email: booking@noma.dk ou directamente no site.


masa [nova iorque]

Experiência divinal É simplesmente o restaurante mais caro de Nova Iorque. A especialidade é o sushi, considerado pelos especialistas como o melhor do mundo. Em pleno coração da Time Warner, o espaço cotado com três estrelas do Guia Michelin é um ‘must go’ na requintada cidade americana. As criações são da autoria do famoso chef japonês Masa Takayama, que aposta numa fusão entre o melhor da gastronomia tradicional japonesa e as mais modernas técnicas e ingredientes de vanguarda. O resultado são refeições repletas de personalidade que conquistam gourmets e gourmands, que ficam apaixonados pelos sabores únicos e inconfundíveis de Masa. O ambiente intimista, inspirado nas casas de sushi japonesas, convida a uma experiência que dura aproximadamente três horas. Não existe um menu. Os pratos são adaptados à disponibilidade e sazonabilidade dos ingredientes. As refeições são preparadas na hora e diante dos clientes, que degustam as criações na ordem sugerida por Masa. O vestuário é o mais informal possível. Neste restaurante, a estrela é o sushi!

informações Morada: 10 Columbus Circle Time Warner Center, 4/F - Nova Iorque, NY 10019 (entre as ruas Broadway e 59th Street) Telefone: 212-823-9800 Fax: 212-823-9809 Site: www.masanyc.com Email: reservation@masanyc.com Horário: Almoço – terça a sexta-feira das 12.00h às 13h, Jantar - segunda-feira a sábado das 18h às 21h Encerra aos domingos Reservas: Recomendável. Existem apenas 26 lugares. Podem ser efectuadas à segunda-feira das 10h às 20h ou ao sábado entre as 12h as 20h. A reserva só é válida após a apresentação de um cartão de crédito válido. Para grupos com mais de 5 pessoas é necessário pagar metade da reserva uma semana antes. Cancelar reserva: Até 48 horas antes da data. Se ultrapassar o prazo pagará uma multa de 200US$ Dress code: Informal Sugestão: Escolha um lugar no bar, preferencialmente em frente ao chef Masa e encante-se ao visualizar a preparação das refeições

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VINHOS & CA. GOURMET

le normandie [tailândia]

Charme francês em Banguecoque

Na Tailândia surge um dos restaurantes mais sofisticados da região, que apresenta as melhores especialidades da cozinha francesa. Inserido no majestoso Hotel Mandarin Oriental, o Le Normandie é o único espaço a arrecadar simultaneamente 10 valores na qualidade do atendimento, na comida e nos vinhos. A pontuação é atribuída pela Luxe Dining, a conceituada lista que define os melhores restaurantes da Tailândia. O preço tem igualmente nota máxima. É um dos mais caros de Banguecoque. O custo de cada prato oscila entre US$25 e US$40. A decoração imponente e elegante é o cartão-de-visita. Com vista privilegiada para o rio Chao Phraya, o espaço sobressai pelos candeeiros de cristal, os arranjos florais e as paredes e tectos

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revestidos a sedas de ouro. O fato e gravata são peças obrigatórias para degustar as tentações gastronómicas, podendo optar pelos menus ou pelas propostas à la carte, sempre acompanhadas pelas melhores sugestões de vinhos. O atendimento é extraordinário, os

funcionários demonstram conhecimentos e técnicas apuradas, tudo a pensar na máxima satisfação do cliente. É sem dúvida o melhor restaurante de cozinha francesa que pode encontrar na Ásia e que lhe proporciona uma experiência única.

informações Morada: Mandarin Oriental Bangkok, 48 Oriental Ave, Bangkok 10500 Telefone: +66 0-2659-9000 Reservas: Obrigatório Dress code: Formal Site: www.mandarinoriental.com Email: mobkk-businesscenter@ mohg.com Estacionamento: Sim Horário: Aberto todos os dias das 12h às 14.30h (almoço) e das 19h às 22.30h (jantar) Pagamento: Aceita AE, Visa, Mastercard, D Curiosidade: Possui três a cinco pratos vegetarianos e música ambiente (piano)


VINHOSLUXOS & CA. · ANGOLA’IN

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CULTURA & LAZER

| manuela bártolo

5 ‘KAMBAS’ FELIZES De humor em riste, os Tuneza têm uma missão – fazer rir, de uma forma lúdica e pedagógica, os milhares de fãs que foram conquistando ao longo dos últimos anos. O objectivo primordial sempre foi dinamizar e valorizar a comédia no país, primeiro no teatro e agora também na ‘caixinha que mudou o mundo’, a televisão. Daniel Vilola (“Costa”), Cesalty Paulo (“Cesalty”), Guilmar Vemba (“Gilmario”), José Chieta (“Tigre”) e Orlando Kikuassa (“Orlando”), numa entrevista intimista, em que até Jesus compareceu.

o grupo Fizeram parte do extinto Colectivo Artes Tuneza Teatro. Como recordam essa experiência? É uma experiência recordada com muitas saudades, porque foi ali que tivemos as nossas primeiras inspirações e onde todos nós nos formámos como actores. Durante muito tempo o Colectivo de Artes Tuneza foi o nosso bebé, era o projecto que nós queríamos que funcionasse. Para nós continuará a ser uma grande escola. O nome do grupo foi inspirado nesse período? Exactamente. Tuneza é o nome do colectivo que juntou os cinco actores que hoje fazem parte deste grupo. É a nossa homenagem às nossas raízes. Como surgiu a ideia de criar os Tuneza? Não houve uma ideia pensada para se criar os Tuneza. O objectivo era promover o próprio teatro levando pequenos quadros performativos a um ambiente diferente e convencer as pessoas a irem ao teatro. Achamos que o melhor seria levar quadros engraçados para podermos chegar a todos os ambientes e mostrar que o teatro pode ser divertido. No entanto,

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por influência do músico “Maya Cool”, acabamos por tornar aquele projecto inicial numa coisa constante e rentável que mais tarde deu origem a um grupo humorístico profissional.

Aceitamos o nosso desígnio e crescemos muito, tanto a nível pessoal, como artístico Surgiram em 2003. Qual o balanço destes sete anos de trabalho? O grupo Tuneza aprendeu a saber aquilo que quer e a caminhar para atingir objectivos. O balanço que fazemos é bastante positivo, embora tenhamos enveredado por esta profissão por um mero acaso. Aceitamos o nosso desígnio e crescemos muito, tanto a nível pessoal, como artístico. Graças ao esforço e dedicação dos cinco, o grupo pode hoje dizer que tem alcançado todas as etapas a que se foi propondo. A adesão do público tem sido favorável? Somos um grupo conhecido e acariciado por toda Angola, de Cabinda ao Cunene, de Norte a Sul e de Este a Oeste. Onde quer que vamos somos sempre muito bem recebidos. Já fomos chamados de “Orgulho nacional” e is-

so enche-nos de alegria, mas também de responsabilidade. Como decorreram as vendas do disco que lançaram em 2007, “Humor ao domicílio” e do DVD “Fora de Série”? De ambos os projectos já não resta nada... Apenas nas prateleiras daqueles que os compraram! Aliás, as pessoas já há muito que clamam por um novo cd ou dvd do grupo. No último ano, assinaram um contrato de exclusividade com a TV Zimbo. Sentiram que foi o reconhecer do vosso trabalho? Sentimo-nos orgulhosos pela valorização do nosso trabalho. O contrato com a TV Zimbo foi o reafirmar de que estavamos no caminho certo e que se continuarmos a fazer bem o nosso trabalho e a respeitar os nossos clientes e fãs, conseguiremos ir ainda mais longe. Basta acreditar. Entretanto, estrearam um novo programa na TV Zimbo, o “Coisa Doida”. Como está a decorrer a experiência? É um programa que ainda está a crescer... Foi muito aguardado pelos nossos fãs, o que acarreta uma enorme responsabilidade, e esperamos que venha a ser do agrado de todo o


público. Queremos que seja um sucesso para o bem de todos os angolanos e para as panelas lá em casa (se não vão de férias...). Tem superado as expectativas? As expectativas acompanham-nos sempre...

os elementos Como se conheceram? Conhecemo-nos todos na ilha de Luanda. Quais as características de cada elemento do grupo? Ou seja, qual é o mais espontâneo, o mais tímido, o mais organizado ou o mais experiente? O Orlando é musculado, alto e fala pouco, está aqui mais para a segurança do grupo do que para membro do mesmo. O Costa é corcunda, muito atrapalhado e se fosse ele a responder sozinho a esta entrevista responderia duas vezes porque já se teria esquecido que respondeu a primeira. O Tigre é o Mr. No Way, se não lhe agradar não vai a lado nenhum. O Cesalty era gordo, comia muito e andava muito devagar, não sabemos como está agora porque não o vemos a andar desde o início da entrevista. O Gilmario é simplesmente o ‘tudo de bom do grupo’, não tem defeito praticamente nenhum, é um Jesus humorista (foi o Gilmário que respondeu a esta pergunta). Como são os Tuneza fora do palco? Existe uma forte união e amizade entre todos? A nossa amizade é super organizada, temos dias de luta e dias de amor fraterno. Somos todos amigos próximos porque vivemos todos na mesma zona e temos uma amizade avaliada em dez anos. Os angolanos estão preparados para o vosso humor, isto é, para um humor mais elaborado e satírico? Desde a nossa criação que caminhamos com este público. Os nossos seguidores têm acompanhado todas as fases do grupo e aprenderam a gostar da nossa maneira de fazer rir. Procuramos chegar a todos. Onde se inspiram para criar as vossas sátiras? Em todos os dias, em todas as pessoas, em to-

dos os locais, em todos os problemas e alegrias, não só de Angola e África, mas de todo o mundo. Têm alguma influência em particular? Infelizmente nós surgimos numa época em que o humor angolano estava adormecido, o que aconteceu depois da morte do Cisco que foi, e continua a ser, o ícone do humor em Angola. Nessa altura éramos ainda putos e estávamos todos ainda bem longe do desejo de fazer humor. Não tivemos por onde nos guiar e tivemos que criar o nosso próprio estilo, mas fomos sendo orientados por pessoas que também trabalhavam na área, como Salú Gonçalves, Adão Filipe e Afonso Quintas que fizeram parte do mesmo grupo que o falecido Cisco.

Já fomos chamados de “Orgulho nacional” e isso enche-nos de alegria, mas também de responsabilidade

Quem escreve os textos? Os textos são o produto acabado de 5 cabeças, 5 almas e 5 corações a pensarem...Portanto, isto dá qualquer coisa como 15 escritores.

projectos Em Abril, assinaram um acordo de parceria com a empresa de gestão de carreira e eventos culturais ‘Speedlight’. Quais as mais-valias desse contrato? Com a Speedlight podemos crescer mais profissionalmente. Estarmos inseridos numa estrutura organizada ajuda-nos a gerir melhor o nosso tempo e tarefas. Ficamos com mais tempo para aquilo que gostamos e sabemos fazer - a criação artística. Sentimos que a gestão da nossa carreira está bem entregue. Estiveram em Lisboa, onde participaram em alguns programas e fizeram uma formação mais alargada. Qual o balanço dessa experiência? Ir a Portugal é sempre um óptima experiência. Temos muitos amigos lá. Desta última vez a nossa visita à Tuga foi ainda mais proveitosa porque tivemos a oportunidade de frequentar uma acção de formação de actores onde aprendemos com os melhores professores. Sentimo-nos agora mais preparados depois do nosso intercâmbio com o actor Guilherme Filipe (interpretação para palco), com a actriz Ana Rocha (interpretação para audiovisual), com o Miguel Fonseca (potencial performativo do actor), com o

poeta José Fanha (escrita criativa) e com a actriz Inês Nogueira (oficina de voz). Foram bem recebidos pelo público português? Fomos a Portugal para a apresentação de uma empresa angolana lá - a Publivision. Não demos nenhum espectáculo de bilheteira, mas as pessoas que estiveram no evento deramnos os parabéns e na rua somos reconhecidos e muito acarinhados. Para este ano está agendada uma minitournée por Angola e o lançamento de um DVD. O que é que podem adiantar acerca desses projectos? Estão a ser estudadas as melhores datas para a nossa tournée . Assim que tivermos novidades o nosso público será o primeiro a saber. Nós vamos aí...prometemos! Quais são os planos do grupo a longo prazo? Os nossos planos a longo prazo não são diferentes dos das outras pessoas. Queremos continuar com saúde, felizes, amigos, com vontade de fazer mais e melhor e com o desejo forte de que nos continuem a seguir e a apoiar. Com isto seremos seguramente 5 kambas felizes.

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CULTURA & LAZER BREVES

Cuba e Angola mais próximos Abiel Prieto, ministro da Cultura de Cuba, esteve em Angola, onde reuniu com a ministra Rosa Cruz e Silva e delinearam em conjunto projectos de intercâmbio cultural. No final, rubricaram um protocolo que abrange as áreas de Formação Artística e engloba o envio de professores cubanos para o país africano com a missão de leccionarem diversos cursos, como artes plásticas, dança, música, teatro e cinema. As duas nações concordaram em lançar um projecto de produção de filmes e documentários sobre a luta de libertação. Para o desenvolvimento deste sector, está ainda prevista uma acção conjunta de recuperação do acervo filmográfico, de formação de quadros em Cuba e uma amostra de cinema entre os dois países. O documento materializa igualmente o plano “Rota dos Escravos”, que comporta a publicação de uma síntese sobre as vivências linguísticas “Congo, Mayombe e Angola” em Cuba. A cooperação facilita a troca de conferencistas, de exposições e documentos, que vão dar vida a uma produção sobre o tráfico de escravos. Nos sectores de arquivo e biblioteca está previsto o desenvolvimento de acções de formação para os técnicos de cada área e cursos de especialização.

UEA com nova direcção A União dos Escritores Angolanos (UEA) tem nova direcção, que será responsável pela gestão da entidade durante o triénio 2010-2013. Os novos responsáveis tomaram posse em finais de Abril e prometem um mandato inclusivo e participativo ao nível dos associados, de forma a cumprirem com sucesso as metas para os próximos anos. A actual direcção quer internacionalizar as obras nacionais, rentabilizar o património da UEA e melhorar as condições sociais dos autores. Carmo Neto é o actual director e contará com o auxílio de Adriano Botelho de Vasconcelos (presidente da Assembleia-geral), Roderick Nehone (vice-presidente) e Aguinaldo Cristóvão (secretário). Para secretário das actividades culturais foi nomeado Abreu Paxe e Albino Carlos para as relações exteriores. A entidade possui um estatuto reconhecido de associação prestigiada.

Trienal de Luanda 2010 A capital vai acolher de 12 de Setembro a 19 de Dezembro a segunda edição da Trienal de Luanda. As datas foram recentemente divulgadas, juntamente com a informação de que o certame vai promover e divulgar a cultura nacional, nomeadamente os aspectos históricos. O evento é organizado pela Fundação Sindika Doloko e inspira-se em dois temas centrais: a história de Luanda e do país. Assim, durante 14 semanas serão apresentados 196 projectos de artes cénicas, 28 conferências e actividades de moda, teatro, cinema, dança e música. Com o intuito de valorizar a cultura nacional e africana, a segunda trienal terá lugar no espaço Chá de Caxinde.

Obras nacionais em Cuba

Mais salas de cinema

A ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, assinou um protocolo de cooperação com o seu homólogo cubano, Abel Prieto. À luz desse acordo, os autores nacionais vão ter a possibilidade de publicar as obras em Cuba e vê-las traduzidas em espanhol, através de uma antologia que será publicada em Fevereiro de 2011, durante a Feira do Livro de Havana (Cuba). A compilação vai contribuir para a internacionalização dos escritores angolanos e para a divulgação da cultura nacional. Os responsáveis da União dos Escritores Angolanos (UEA) encontram-se já a recolher textos para a publicação. “Cuba já traduziu e publicou livros de alguns dos nossos autores consagrados, mas que se esgotaram devido ao número de anos passados desde a sua publicação. Agora estamos em condições de relançarmos este processo”, destacou Rosa Cruz e Silva.

Alcida de Jesus Camatele, directora provincial da Cultura no Bié, anunciou que vai proceder à construção e reabilitação de todas as salas de cinema da província. O governo local vai apostar nesta área ainda este ano, devido à forte afluência da população ao único cinema do Kuito. Apesar de estarem a funcionar algumas salas nas localidades da Kamacupa e do Andulo, estas não são suficientes e está em estudo a construção de novos espaços nos municípios do Kuemba, Chinguar, Chitembo, Kunhinga, Katabola e Nhârea.

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CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN

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PERSONALIDADES

| patrícia alves tavares

“Os Duo Ouro Negro editaram “Blackground”, um álbum que abordava a escravatura, o nascimento do continente e de Iemanjá, a origem dos sons e do homem africano”

embaixadores O Duo Ouro Negro deixou uma marca inegável na história da música angolana. Portugal abriu as portas do sucesso a esta dupla que conquistou o mundo com a sua qualidade artística. A banda revelação da década de 50 recebe este ano o merecido tributo com a edição do CD ‘Muxima’, que reúne quatro vozes conhecidas para interpretarem os seus sucessos Faz precisamente meio século que Raul Indipwo e Milo MacMahon desembarcaram em Portugal vindos de Angola e se transformaram nos maiores artistas da música africana. Nascidos em Benguela, inicialmente chamavam-se Ouro Negro, por sugestão de Maria Lucília Dias, locutora do Rádio Clube do Congo Português. O nome escolhido, uma expressão local, designava tudo o que era excepcional. Após várias actuações em Luanda, a dupla viajou para Lisboa, onde cantou no Cinema Roma e no Casino Estoril. A partir daí, nunca mais pararam. Envergando trajes exó-

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ticos e cores coloridas, o duo gravou os dois primeiros discos em 1959, onde contou com a colaboração do brasileiro Sivuca. No início de 1961 gravaram o terceiro álbum. No mesmo ano, regressaram à terra-natal e José Alves Monteiro passou a integrar o grupo, que durante esse período lançou cinco CDs, onde se destacam os sucessos “Garota” e “Mãe Preta”. Em 1964, retomam o duo e dão início à internacionalização do projecto, actuando na Suíça, França, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Espanha. No ano seguinte, participaram nas comemorações do IV Centenário do principado do Mónaco. O brilhante percurso na música valeu-lhes o Prémio da Casa da Imprensa (1965). Em 1969, alcançaram o segundo lugar no Festival RTP da Canção, em Portugal, com o êxito “Tenho tudo para Amar”. Concorreram novamente em 1974 com “Bailia dos Trovadores”. Inspiradas no folclore angolano das várias etnias e línguas, as suas músicas percorreram os principais palcos mundiais, incluindo os japoneses que ficaram rendidos ao talento angolano. No caso da América Central, os fãs alegam que apenas três países ficaram de fora da passagem do Duo Ouro Negro, em parte devido à morte de Milo, em 1985 e que colocou um ponto final na carreira do grupo e na digressão à Broadway.

Solo Raul e Milo lançaram em 1971 o disco mais ambicioso da sua carreira. Decididos a criar um projecto dedicado às raízes do cidadão africano, editaram “Blackground”, um álbum que abordava a escravatura, o nascimento do continente e de Iemanjá, a origem dos sons e do homem africano. Após a morte de Milo, Raul Indipwo deu início a uma carreira a solo, editando o álbum “Sô Santo”, dedicado ao seu amigo Milo MacMahon. Em 1991, Raul Ouro Negro lançou um disco sobre as crianças africanas. Entretanto, apostou na pintura e desenvolveu em 2000 a Fundação Ouro Negro, com sede em Portugal e Angola. O espaço promovia acções de solidariedade e culturais. Em 1998, a EMI publicou o duplo CD “Kurikutela – 40 anos, 40 Êxitos”. Raul faleceu em 2006. Muxima A ideia partiu do produtor e guitarrista luso Manuel d’Oliveira, que desejava assinalar o meio século da chegada do Duo Ouro Negro a Portugal. O disco Muxima, lançado em Março, reúne dez canções da dupla angolana. Os temas, interpretados por quatro caras conhecidas, procuram respeitar a essência do grupo original. Manuel d’Oliveira confidenciou à imprensa portuguesa que escolheu Janita Salomé por se tratar de “um grande cantor, com uma carreira incontornável e contemporâneo do Duo”, Yami porque se afirma como um “músico com conhecimento muito profundo das raízes africanas mas também da música europeia” e Filipa Pais, pois é “uma cantora de música tradicional com grande versatilidade”. Rita Lobo foi a outra convidada do produtor, que procurava “uma cantora africana que quando abrisse a boca se percebesse que vem mesmo de lá”. Janita Salomé recordou recentemente o grupo, lembrando que “deram sem dúvida um conhecimento da música africana, afirmando o orgulho do homem negro”.



ISSN 1647-3574

ano iii · revista nº12 · 2010 700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros Economia & Negócios · Sociedade · Turismo

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REVISTA Nº12 · 2010 R

ANGOLA PRESIDE CPLP

Aumentar a circulação de pessoas e bens é o objectivo do novo líder. Um contributo para o reforço de cooperação entre todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Organismo composto por mais de 250 milhões de pessoas que têm o português como língua-mãe e que procura hoje ter uma relação mais forte entre as suas economias com a criação de uma Confederação Empresarial

gestão hospitalar

classe média

governança corporativa

A ser alvo de reestruturação, o sector da saúde é um dos alicerces da sociedade. Nesta edição, avaliamos o ‘estado’ dos hospitais públicos e sugerimos um dos modelos mais usados na Europa: as Parcerias Público-Privadas

Descubra os dez factores que influenciam as tendências da procura no domínio da habitação. Oriente os seus negócios e redireccione as ofertas para áreas mais lucrativas, segundo as necessidades da ‘emergente e nova’ classe média

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