Angola'in Ed.09

Page 1

· Nº09 · 2012

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº09 - 2012 — 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD — ISSN 1647-3574

De olho em nós

O interesse norte-americano por África não é novo. Mas sabe o que esconde? Os avanços e recuos de uma nação em mudança

embaixadora de angola

elizabeth simbrão

INFLUENCIAR POLÍTICAS EUROPEIAS Diplomata na Bélgica, Luxemburgo e Holanda, Elisabeth Simbrão é também a representante do país na UE. A análise da Europa face à necessidade de investimento atual e ao papel do angolano no continente

O Papa da pub

Consagração é a palavra. Conheça a marca que todos desejam e descubra o que a torna diferente das concorrentes. Desafio superado!

Fim do défice

Fique a par das metas para a nova política habitacional. Uma empreitada que corre a bom ritmo



2012

03


Espaço Leitor

SUMÁRIO

— Talento imenso da nova geração musical angolana. Vale muito a pena ouvir e expandir a música da Aline Frazão. Ruca Rebordão

— Fernando Alvim é o orgulho de todos os Angolanos e Africanos. É o verdadeiro Embaixador da Cultura africana e em particular da nossa Angola. É esta nossa cultura que ele valoriza e que defende os nossos valores de um povo orgulhoso da sua cultura. Rui Alvim de Faria

— Quero agradecer a Fernando Alvim. Obrigado pelo contributo que tem dado à cultura angolana. Alberto Botelho

— Linda Aline! Sucesso, muito sucesso! Marta Romero Guerreiro Adoro a tua música Aline Frazão! Xana Marinhas

— O Festival de Jazz de Luanda foi muito fixe! Eu estive lá e confirmo que foi um grande espetáculo. A produção está de parabéns! Evandro Almerindo

— Quero dar os meus parabéns a José Armando Sayovo. Uma força da natureza, um grande atleta e um orgulho para a nossa nação. Mais uma vez fez história e surpreendeu o mundo ao ganhar duas medalhas nos Paralímpicos. Espero que não desista do atletismo. O desporto adaptado precisa destes talentos. Manuel Costa

— Aconselho todos a conhecerem melhor Anastácio Roque. Muito interessante a entrevista que ele deu à Angola’in. Revela que tem espírito empreendedor e boas ideias para a nossa economia. Precisamos de mais empresários com este perfil. Raúl Simões

envie as suas para o seguinte endereço

leitor@revistaangolain.com

Esta revista é escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

04

2012

18

IN FOCO

Obama ‘deseja’ África

— É inegável a gradual importância geoestratégica do continente africano. Com o crescimento económico e infraestrutural de vários países, as grandes potências mundiais não ficam indiferentes a estes acontecimentos. É o caso dos EUA, que olham para África como um parceiro à altura e como o mais recente trunfo de Barack Obama na corrida às presidenciais americanas

68

INOVAÇÃO&DESENVOLVIMENTO

Primeiro parque eólico — Tombua, no Namibe, é a região escolhida para albergar o primeiro parque eólico de Angola, um dos maiores do continente. Nesta edição, as energias limpas estão em destaque e a sustentabilidade ambiental promete revolucionar o mercado elétrico


46 SOCIEDADE

Quantos somos?

— Esta será apenas uma das muitas perguntas do recenseamento demográfico e habitacional, que irá recolher informações sobre a atual realidade nacional. O questionário irá percorrer o país em 2013. Entretanto, o Instituto Nacional de Estatística está a realizar o censo-piloto em algumas regiões, durante este mês. A importância do estudo da população é um dos grandes temas deste número

28 42 62

Economia&Negócios

A grande muralha verde

A desertificação africana é uma crescente preocupação para todas as forças governamentais, que estão empenhadas em levar o desenvolvimento económico às regiões mais esquecidas da civilização e em combater a pobreza. O deserto do Saara e o poder económico da zona estão em destaque na Angola’in

Marcas ID

A força da Unitel

É o maior anunciante na imprensa e na televisão. Conheça as razões que levam o gigante dos operadores móveis a investir tanto em publicidade e porque não descuram a comunicação com o exterior nem por um segundo!

ARQUITETURA&CONSTRUÇÃO

Maior PLANO público

Dentro de dois anos, o Plano Nacional do Urbanismo e Habitação fica concluído. Neste mês fazemos o balanço da execução de uma medida governamental que representa um pesado investimento na melhoria das condições de vida. Até 2014, cada município terá no mínimo 200 casas sociais

08 10 14 50 58 72 86

MOSAICO

INSIDE

MUNDO

UM DIA COM...

FOTOREPORTAGEM

DESPORTO

LIFE&STYLE

2012

05


EDITORIAL

www.comunicare.pt Angola

Rua Rainha Ginga, nº 228 – 2º andar Mutamba – Luanda TEL 923 416 175 / 923 602 924 Portugal Parque Tecnológico Inova.Gaia Avenida Manuel Violas, nº 476 – Sala 21 4410-136 São Félix da Marinha Vila Nova de Gaia TEL 00 351 222 431 902

“Justiça será feita”

www.revistaangolain.com Diretor Geral Daniel Mota

danielmota@comunicare.pt Direção Editorial Manuela Bártolo

manuelabartolo@comunicare.pt Direção de Research ANGOLA - Lisete Pote

lisetepote@comunicare.pt

PORTUGAL - Jorge Saboga

jorgesaboga@comunicare.pt

Este mês foi marcado por um vídeo no You Tube em que se divulga uma imagem caricata de Maomé. “A Inocência dos Muçulmanos”, é o trailer anti-islâmico, de 13 minutos, responsável por várias revoltas em diferentes partes do mundo. As manifestações que gerou foram co-responsáveis pela morte do embaixador e de mais dois funcionários da embaixada dos EUA na Líbia. Um facto que marcou a atualidade e disseminou-se de forma viral, ao ponto de replicar ainda mais as crenças dos radicais muçulmanos. A questão de facto não é o vídeo, mas a utilização que fizeram dele e sobretudo as consequências diretas que causa, pois rapidamente se transmitiu a ideia (errada) de que todo o ocidente compartilha, promove e assiste a este juízo de valor. Uma manipulação mais perigosa do que o próprio filme, uma vez que muitos grupos aproveitam o seu sentimento anti-ocidental para angariar apoio para as suas causas políticas. O mesmo funcionou como uma espécie de combustível, contudo o seu conteúdo nunca chegou a existir, pelo menos como foi largamente anunciado pela imprensa internacional. Mas aí já era tarde. Em Singapura, após pedido do governo, o You Tube retirou o vídeo para acesso naquela região, a que se seguiu o seu bloqueio na Índia, Indonésia, Malásia, Líbia e Egito. Os vídeos do filme circularam na internet durante semanas antes do surgimento dos protestos. Neles, o profeta muçulmano Maomé é retratado várias vezes como um mulherengo, homossexual, molestador de crianças, falso religioso e sanguinário

Mais recentemente, houve o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Washington, em que o mesmo afirmou: “ justiça será feita”. O governante condenou o ataque “ultrajante” e “chocante” ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, dizendo que “não há justificativa para essa violência”. Apesar do acontecimento, Obama reforçou que não vai romper com este país. “Não se enganem, nós vamos trabalhar com o governo líbio para levar à justiça os assassinos que atacaram o nosso povo”. Discurso que deixou o mundo em suspenso. Ora, esta edição traz à superfície um tema muito importante: os interesses dos EUA em África e no Médio Oriente. A sua hegemonia nesta região é, cada vez mais, evidente, no entanto o Pentágono continua a defender uma posição de ‘sombra’. Na política externa do país, que vai a votos em novembro, o continente é marcado como primordial. Estes últimos acontecimentos incitam ainda mais essa vontade, por uma questão de segurança nacional e de interesses económicos em vários estados africanos. Entretanto, publicamente o governo norte-americano condena todos os atos de violência e mantém-se à margem de todas as polémicas. O ataque à embaixada foi um protesto evidente contra as mensagens que rotulam o islamismo de ‘cancro’. Resta-nos esperar a continuidade das suas consequências, sem no entanto deixarmos de estar atentos à movimentação destes países face ao papel dos EUA no mundo, designadamente em África. A Direção

Coordenador de projetos especiais Tiago Vidal Pinheiro Coordenação Editorial Patrícia Alves Tavares

patriciatavares@comunicare.pt Gestão de Conteúdos Life & Style Carla Marques

lifestyle@comunicare.pt

Gestão de Conteúdos Desporto Luís Freitas Lobo

desporto@comunicare.pt

Redação Isabel Santos · Maria Sá Arte Bruno Tavares · Patrícia Ferreira

design@comunicare.pt

Fotografia Paulo Costa Dias [editor] Shutterstock Serviços Administrativos e Agenda Patrícia Silva

agenda@revistaangolain.com Publicidade

Interpublishing Contacto: Isabel Azevado Tel: 00351 217 937 205

isabel.azevedo@interpublishing Impressão Peres-Soctip Indústrias Gráficas S.A Distribuição Angola – Green Line Portugal – Logista Espanha – Expedição de sconto

Tiragem 10.000 exemplares

30% ASSINE JÁ

!

s atura lain.com Assitunras@revistaango assina

30€ 60€

2€ eros - 4 12 núm 4€ 1 ano eros - 8 m ú n s 24 2 ano

— ISSN 1647-3574 DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 — Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

06

2012

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)


2012

07


MOSAICO

08

2012

Manuela Bรกrtolo


A eleição do ano — A corrida eleitoral rumo à Casa Branca está na meta final. Em novembro, os americanos vão às urnas decidir se mantêm Barack Obama no cargo de presidente ou se colocam um republicano no seu lugar. Ambos os partidos estão a postos e têm pela frente o árduo desafio de convencer eleitores descrentes de que a situação económica do país pode ser resolvida a curto prazo. Na imagem, uma democrata mostra a sua confiança. Se o opositor republicano Mitt Romney tem tido alguns apoios de peso, como Clint Eastwood, as hostes de Obama ganharam um novo fôlego nos últimos meses. As sondagens dão uma vantagem muito ligeira ao primeiro, pelo que qualquer resultado é possível.

2012

09


INSIDE

Patrícia Alves Tavares

Auto Sueco investe 40 milhões

— A internacional Auto Sueco vai apostar na expansão da sua rede pós-venda no território nacional. O alargamento da cobertura geográfica vai custar 40 milhões de dólares e visa implementar uma maior proximidade com os clientes e promover a qualidade do serviço mediante uma resposta célere e assistência eficaz. A empresa, especializada na venda de peças para camiões, automóveis, autocarros, grupos de geradores e motores marítimos, pretende abrir até ao final do ano instalações em Malanje e expandir para Viana, Huambo, Cabinda e Uíge, nos próximos cinco anos.

4 mil empregos

— Augusto da Silva Tomás, ministro dos Transportes, anunciou que a conclusão das três linhas de Caminhos-de-Ferro vai possibilitar a criação de quatro mil postos de trabalho a curto prazo. Com a finalização das infraestruturas ferroviárias, o responsável referiu que há a possibilidade de alargar o projeto a países vizinhos, de modo a ligar a nação à República Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia. A hipótese poderá ser realidade a longo prazo.

Inaugurada pediatria

— É a primeira clínica pediátrica da província do Huambo. O equipamento, que custou 250 mil dólares, foi erguido por privados e inaugurado em agosto pelo diretor provincial da Saúde, Frederico Juliana. São Cosmo coloca ao dispor da população laboratório, consultório, berçário e enfermaria e vai atender crianças e jovens dos zero aos 14 anos. A clínica, que incorporará o Programa Alargado de Vacinação, será a segunda do país a administrar as vacinas prevenar e de meningite C. 10

2012

Primeiro cartão de frota

— A Sonangalp acabou de lançar o primeiro cartão nacional de combustíveis. O Sonangalp Frota é resultado de uma parceria com o banco KEVE e destinase exclusivamente ao mercado empresarial. Trata-se de um cartão pré-pago, que recorre à plataforma da EMIS e vai possibilitar a gestão das frotas e uma maior eficiência no controlo das despesas em transporte. Os condutores não têm necessidade de transportar dinheiro e as transações são efetuadas com base em SMS e um extrato de conta associado.

Mestrado Agrário em 2013

— A província do Huambo vai disponibilizar a partir do próximo ano um curso de mestrado em Agronomia e Recursos Naturais. A formação decorrerá na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos, com sede na região, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (Portugal). O curso terá a duração de dois anos e é subdividido nas especialidades de desenvolvimento rural, recursos naturais e engenharia rural. As inscrições já terminaram, pelo que se contabiliza meia centena de candidatos. No entanto, existem apenas 40 vagas destinadas a licenciados com média mínima de 14 valores. A seleção inclui ainda avaliação da experiência profissional.

Mais passageiros na TAAG

— A ligação Luanda – Porto iniciou há apenas um ano e quase que duplicou no transporte de passageiros. Segundo dados da empresa, em julho transportou 4275 passageiros, registando um crescimento de 43% face ao período homólogo de 2011. Contudo, entre julho do ano anterior e 15 de agosto a estimativa aponta para cerca de 40,5 mil passageiros, estando ainda abaixo da estimativa da empresa aquando do lançamento da rota, que apontava para 50 mil pessoas/ano.


Huambo ganha polidesportivos

— Dois polidesportivos foram reabilitados nos últimos meses, no Huambo, com o objetivo de massificar a prática das várias modalidades e dar melhores condições aos atletas da região. Na prática, o governador da província, Fernando Faustino Muteka, apresentou à comunidade duas quadras desportivas adjacentes ao pavilhão multiusos, que sofreram diversas obras nos últimos quatro meses. A obra decorreu no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP) e custou 30 milhões de Kwanzas, que foram usados igualmente para distribuir material desportivo pelas diversas associações desportivas da região.

A nova Baía

— Foi há um mês que José Eduardo dos Santos, Presidente da República, cortou a fita inaugural da nova marginal da Baía de Luanda. O projeto, que resultou da sociedade Baía de Luanda (que detém como principais acionistas a Sonangol, Banco Privado Atlântico, Banco Comercial Português e FiniCapital), tem 147 mil metros quadrados de espaços pedonais, 3,1 quilómetros de passeio marítimo e de ciclovia. A obra custou 36 mil milhões de Kwanzas e a execução durou 30 meses. A envolvente da capital passa agora a oferecer à população três parques infantis, três de desporto, cinco campos de street basket e cinco espaços para diversos eventos.

Provedoria inaugura instalações

— A Provedoria de Justiça inaugurou o novo edifício sede, que reúne todas as condições para acolher os 300 funcionários da instituição. A ministra da Justiça, Guilhermina Prata, presidiu ao ato e destacou a importância do organismo enquanto meio independente que está ao serviço da defesa do cidadão e preservação dos seus direitos. Orçada em 30 milhões de dólares, a infraestrutura foi erguida pela construtora lusa Mota Engil e dispõe seis pisos.

Águas residuais tratadas em Luanda

— Custou nove milhões de dólares e evitará que a lama e lixo oriundos do processo de lavagem de filtros e decantadores da estação de captação, tratamento e distribuição de água de Kifangondo sejam despejados no rio Bengo. A recém-inaugurada estação de tratamento de águas residuais do Cacuaco vai reduzir a poluição do referido rio, através do tratamento das águas. O equipamento é composto por tanques que separam a lama da água e que reutilizam a lama em adubos para a agricultura e cerâmica. No Kikuxi e nos Mulenvos estão em conclusão duas infraestruturas semelhantes.

Mediateca em Benguela

— A segunda mediateca do país já está a funcionar. Depois de Luanda, seguiu-se Benguela após 13 meses de obras. A nova infraestrutura integra o projeto governamental que visa a construção de 25 bibliotecas multimédia até 2016. Com capacidade para atender 250 pessoas, corresponde a um investimento de 700 mil dólares e está dotada com 500 pontos de rede, 150 computadores, dez mil livros, 350 mil conteúdos eletrónicos e cinco mil DVDs.

Eleições com novo sistema de comunicação

— A votação presidencial deste ano contou com uma novidade eletrónica. No Uíge, dias antes das eleições, foi implementado um novo sistema de comunicação para os eleitores. O equipamento implantado na província permitiu à população encontrar com facilidade (e maior rapidez) o seu novo local de voto, através da inserção do cartão de eleitor no sistema que em poucos minutos imprime um documento com a localização da assembleia e mesa de voto. Os quiosques foram instalados nas regiões de maior densidade populacional, nomeadamente no Uíge, Quimbele, Damba, Songo, Negage e Maquela do Zombo.

2012

11


INSIDE Sociedade civil envolvida no combate do HIV

— A Rede Angolana das Organizações Não-Governamentais de Luta contra o HIV-Sida (Anaso) elaborou um projeto de apoio às comunidades na prevenção da doença. O plano “Sociedade civil e prestação de serviço de base comunitária para prevenção dos cuidados e apoios” será lançado em breve e levará cinco anos a ser implementado. Com um orçamento de 15 milhões de dólares, o programa vai facilitar o desenvolvimento de ações de informação e educação das populações, alertando para os perigos da doença e necessidade de cuidados de saúde. O projeto foi concebido com base nas conclusões da XIX Conferência Internacional sobre Sida, que decorreu em Washington (EUA).

2 biliões DE DÓLARES Investidos pela Chevron

— “A produção do campo Lianzi terá início em 2015 e os investimentos serão de 2 biliões de dólares”, anunciou o porta-voz da Chevron, em declarações à Reuters. A empresa quer investir no campo petrolífero que se situa na fronteira marítima entre a República do Congo e Angola, que tem reservas de mais de 70 milhões de barris e cujas receitas serão divididas de forma igualitária entre os dois países.

Vietname mais perto Hemodiálise em novembro — Em novembro, o centro de hemodiálise do Hospital Geral do Huambo abre ao público, permitindo que os pacientes possam receber tratamento na sua área de residência. Até então tinham que se deslocar à capital. O espaço, que poderá atender diariamente 40 pacientes, estará ao dispor dos doentes das regiões limítrofes, nomeadamente Bié, Kuando Kubango e Kwanza Sul.

Presidente condecorado

— Vladimir Putin, presidente da Rússia, condecorou o recém-eleito presidente José Eduardo dos Santos com a “Ordem de Honra”. Trata-se de uma das mais importantes condecorações atribuídas por aquele país e que destaca o líder angolano pela sua reeleição para um mandato de mais cinco anos. «Atribuímos esta condecoração a José Eduardo dos Santos pelo grande contributo dado ao desenvolvimento das relações entre a Rússia e a República de Angola», lê-se no comunicado lançado pelo gabinete de Putin. A Rússia já tinha atribuído a “Ordem da Amizade”, em 2006, ao presidente.

12

2012

— Ba Khoa, diplomata vietnamita em Angola, acredita que a abertura de uma embaixada no Vietname vai contribuir para o incremento das relações diplomáticas entre os dois países. No momento, estão em estudo oportunidades de cooperação em áreas como a agricultura, formação profissional, ciência e tecnologia. Entretanto, o governo vietnamita atribuiu as primeiras cinco bolsas a estudantes angolanos que desejem estudar agricultura naquela nação.

Professores formados em Benguela

— A curto prazo, Benguela terá 18 salas para formar mais de 600 professores. A construção da escola de formação Comandante Kwenha, no Lobito, está quase concluída, embora a empresa responsável pela obra ainda não tenha adiantado uma data para entrega da empreitada. O espaço tem 18 salas de aula, duas para o ensino de línguas, três laboratórios e duas para formação específica. O governo provincial espera formar mais de1500 docentes por ano letivo.


2012

13


MUNDO

Patrícia Alves Tavares

Cabo Verde e Portugal cooperam

— Vigorará no triénio 2012-2014 e é o Programa Indicativo de Cooperação (PIC), um plano de cooperação entre Portugal e Cabo Verde. Os dois países assinaram ainda um protocolo nas áreas de Formação Diplomática e do Intercâmbio de Informação e Documentação, com o intuito de reforçar as relações bilaterais. Os documentos foram rubricados pelo ministro luso das Relações Exteriores, Paulo Portas e o seu homólogo cabo-verdiano Jorge Borges.

Feira da Água em Cabo Verde

— A Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, organizou a Feira da Água com o intuito de sensibilizar os habitantes para um uso racional da água. Empenhada em formar e apostar na educação ambiental, a Agência de Fomento à Ocupação e Animação (AFOCA) organizou o certame, que decorreu no mês passado.

China compra títulos europeus

— A China vai continuar a comprar títulos do Tesouro da União Europeia. A notícia foi divulgada pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que disse ter avaliado plenamente os riscos do investimento. A UE é o maior parceiro comercial da China.

Madrid dá lugar a videojogo

Cabo Verde recebe arroz do Brasil

— A fundação cabo-verdiana Ação Social Escolar, FICASE, recebeu uma doação do governo brasileiro. No total, são 300 toneladas de arroz a distribuir pelas crianças das escolas do ensino básico e dos jardinsde-infância durante o ano letivo 2012/13. O donativo surge no âmbito da cooperação Brasil/ Cabo Verde.

14

2012

— A Las Vegas Sands, operadora norte-americana de videojogos, escolheu a comunidade de Madrid para construir o seu novo projeto, o “Eurovegas”. As localidades de Paracuellos del Jarama/Torrejón, Alcorcón e Valdecarros foram as que demonstraram interesse em participar no novo jogo. A empresa irá investir 17 mil milhões de euros na criação do complexo “Eurovegas” e criar 260 mil empregos. Contudo, a empresa ainda não escolheu a localização exata para implantar o projeto que vai contar com seis casinos, 12 hotéis, um centro de convenções, três campos de golfe, centros comerciais, bares e restaurantes. O “Eurovegas” deverá estar concluído em 2022 e conta com o apoio do empresariado e turismo espanhol. De registar que ecologistas e lideres sindicais mantêm a sua oposição ao plano da Las Vegas Sands.


CPLP dinamiza língua portuguesa

— Edleise Mendes, presidente da Sociedade Internacional de Português- Língua Estrangeira, considerou num colóquio em Pequim (China) que o interesse pelo português é um avanço da CPLP (Comunidade dos Países da Língua Portuguesa). “O sucesso económico do Brasil e Angola está a puxar internacionalmente pelo interesse pelo português”, indicou, lembrando que é um “avanço conjunto” da comunidade. “Estamos a viver o ‘boom’ do português e a crescer como bloco cultural e linguístico”, reforçou, lembrando que há “mais de 250 milhões de falantes de português no mundo” e que os próximos acontecimentos desportivos agendados para o Brasil vão incrementar a dinamização língua.

Projeto de turismo em Salvador

— A comunidade de Salvador, no Brasil, e a prefeitura local estão a implementar o plano “Turismo Afro no Candeal”. Trata-se de um projeto que se destina a incentivar a promoção do turismo na região, que deverá assumir um papel de destaque no desenvolvimento sustentável da localidade, criação de emprego e de receitas para a comunidade. A ação conta com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional ao Desenvolvimento (AECID), da Agência Brasileira de Cooperação e de associações do Candeal.

ONU pode apoiar Guiné-Bissau

— As Nações Unidas estão prontas para apoiar a Guiné-Bissau na estabilização do país. “Quero assegurar-vos que a organização das Nações Unidas está pronta, em estreita colaboração com os outros parceiros internacionais, a seguir e apoiar a GuinéBissau e o seu povo nos seus esforços rumo à Paz, Estabilidade e Desenvolvimento”, anunciou o representante da ONU naquele país, Joseph Moutaboba. O responsável acredita que é urgente criar um ambiente propício e um diálogo inclusivo. Para tal, vai reunir com parceiros internacionais da Guiné-Bissau no sentido de encontrarem soluções para a nação.

1 milhão por Miró

— “O lagarto de plumas de ouro” é a mais recente obra a ser leiloada por um valor histórico. Pintado por Joan Miró, em 1969, o quadro pertencia à coleção do ator francês Gérard Depardieu e foi vendido pela leiloeira Christie’s, em Paris. Com um valor estimado entre 700 e um milhão de euros, a obra foi licitada por 1.050.600 euros. Desconhece-se a identidade do comprador, que adquiriu o quadro por telefone.

Olho biónico em humanos

— Pela primeira vez na história da ciência, uma equipa de cientistas australianos implantou o primeiro protótipo de olho biónico numa mulher. Caso tenha sucesso, este equipamento poderá devolver a visão a muitos cegos. O aparelho foi desenhado para pacientes que tiveram uma perda de visão degenerativa e hereditária, causada pela retinite pigmentosa. É implantado no globo ocular e tem uma pequena câmara que envia as imagens captadas para um processador. O dispositivo emite um sinal dentro da retina que estimula os neurónios vivos e envia imagens ao cérebro. Um mês depois da cirurgia, a paciente já tem reação visual. O olho biónico foi desenvolvido por uma empresa apoiada pelo Governo australiano e continuará a ser melhorado até permitir a recuperação de uma visão perfeita.

Sabia que…

— Em setembro, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) organizou um ciclo de cinema lusófono. Intitulada “5 Domingos | 5 Filmes”, a iniciativa decorreu em Cascais, na Casa Seis, e apresentou películas da Guiné-Bissau, Angola, Portugal, entre outros.

2012

15


MUNDO Kosovo é soberano

Brasil reduz preço de energia

— É já no próximo ano que o preço da eletricidade vai baixar 16,4% no Brasil. Dilma Rousseff, presidente brasileira, anunciou no dia da independência do país (celebrado a 7 de setembro) que para o setor produtivo será implementada uma redução de 28%. A medida visa incentivar a competitividade do país, que passa a fazer parte do modelo de crescimento, estabilidade e inclusão. A proposta destina-se a ajudar os empresários que se dedicam à exportação e as indústrias, enquanto forma de reduzir custos e impedir mais despedimentos no setor privado.

Ouro nos JO valem vaca

— É a recompensa mais insólita da última edição dos Jogos Olímpicos de 2012. Os atletas sul-africanos que alcançaram a medalha de ouro em remo na competição que decorreu em Londres receberam uma vaca quando regressaram ao país. Sizwe Ndlovu e Matthew Brittain escolheram dois bezerros da fazenda Scannel e mostraramse encantados com o prémio, avaliado em cerca de 700 euros. Sizwe Ndlovu vai levar o ‘troféu’ para a quinta de uns amigos, em Pietermaritzburg, e o colega irá deixar a bezerra numa exploração em Lydenburg.

16

2012

— A antiga província da Sérvia, o Kosovo é desde setembro um Estado soberano. Foi a 10 do último mês que o Grupo Internacional de Orientação anunciou em Pristina a sua dissolução colocando termo a quatro anos e meio de período transitório. O fim da “vigilância internacional” do país foi decretado em julho pelo International Steering Group, após considerar que o Kosovo deu provas do seu “sólido apoio a um Estado democrático e multiétnico”.

Rússia quer mais comércio

— Os líderes dos países do Fórum para a Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC) consideraram no último encontro que o comércio é o elemento chave para impulsionar o crescimento económico. A reunião decorreu na Rússia e o presidente aproveitou a ocasião para pedir a supressão das barreiras que atualmente colocam entraves ao livre comércio, considerando que é importante construir “pontes, não muros”. “A principal mensagem que precisamos enfatizar é que, para superar esta crise, o que o mundo necessita hoje em dia, é mais comércio, não menos”, considerou, por sua vez, Calderón, presidente mexicano e que integra atualmente o G20.

Medicamentos para pediatria de Maputo

— A primeira-dama portuguesa, Maria Cavaco Silva, ofereceu medicamentos e um parque infantil ao departamento de pediatria do Hospital Central de Maputo, em Moçambique. A doação contou ainda com o apoio da construtora lusa Mota-Engil e de várias farmácias de Portugal. As crianças do orfanato que integra a unidade receberam ainda uma ludoteca. “Portugal tem de se incluir na colaboração com Moçambique, não só pelos laços históricos, mas também afetivos. Estamos numa fase de recuperação dos reencontros no âmbito da cooperação. É das pequenas coisas, como esta, que se fazem as grandes caminhadas”, exemplificou a responsável que esteve no país acompanhada pelo marido, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

“Message in a bottle”

— Foi na costa do Reino Unido que apareceu a garrafa com a mensagem mais antiga do mundo. A garrafa, que esteve à deriva durante 97 anos e 309 dias, foi encontrada por um escocês que ‘pescou’ a mensagem com as redes do seu navio. A descoberta faz já parte do recorde do Guinness e o teor do conteúdo indica que faz parte de um estudo científico que se dedicava à pesquisa das correntes marítimas à volta da Escócia. Lançada em junho de 1914, a mensagem pedia a quem a encontrasse para registar a sua localização e que a enviasse para a Escola de Navegação de Glasgow, tendo como recompensa “six pence”, o equivalente a um euro. A garrafa apareceu a 17 quilómetros do local de lançamento.


2012

17


IN FOCO

As relações comerciais mantidas entre Pequim e os diferentes países africanos cresceram de US $ 10.6bn, em 2000, para US $ 160 biliões, no ano passado. Em comparação, o comércio dos EUA com a África foi de US $ 38.6bn, em 2000, mas só tinha crescido para US $ 125.9bn, até 2011.

Na altura, Obama falou sobre as novas oportunidades para África, sobretudo durante a sua visita ao Gana, em 2009. Com base nestas promessas, a Casa Branca lançou uma nova estratégia para o continente, prometendo fortalecer a democracia e estimular o crescimento económico através do comércio e do investimento. Embora a estratégia mencionasse a importância de combater a Al-Qaeda nos países africanos, o documento não continha nenhuma referência específica ao papel da AFRICOM - organismo sob o comando dos EUA, criado em 2007 pelo então presidente George W. Bush. Durante a adminis-

18

2012

tração Obama, o país expandiu a sua presença militar e a sua operação de inteligência secreta em todo o continente, estabelecendo uma série de pequenas bases para lançar missões de espionagem e ataques aéreos em grupos organizados como o Al-Shabab, na Somália. Tropas norte-americanas foram sendo implantadas, designadamente no Uganda, país onde procuram por Joseph Kony, o líder do Lords Resistance Army (LRA). Uma constatação que faz prova do número crescente de empresas militares privadas que operam em África. Em simultâneo também a China tem vindo a construir laços estratégicos e

comerciais com este continente rico em recursos. Este país ultrapassou os EUA nos últimos anos para tornar-se hoje o maior parceiro de África ao nível do comércio bilateral.

Continente na rota dos EUA Para os EUA os diferentes países africanos representam ‘a nova rota das especiarias’ – uma homenagem à rede de comércio medieval que ligava a Europa, África e Ásia. Apesar da ligação atual nada ter a ver com canela, cravo ou sedas, a verdade é que o continente se transformou para esta superpotência numa enor-

Manuela Bártolo

me ‘autoestrada’, tendo-se vindo a instalar por intermédio de camiões e navios de transporte de combustível, alimentos e equipamentos militares, infraestruturas de ligações terrestres e marítimas, redes de postos de abastecimento e aeródromos, que possibilitaram um rápido crescimento e manutenção da sua presença militar em África. Ao longo dos últimos anos têmse realizado inúmeras missões de treino e exercícios militares conjuntos em países que a maioria dos norte-americanos não consegue localizar no mapa. Aos portos a leste do continente chegam regularmente contentores


Quais são os objetivos do Africom? A política externa norte-americana esteve sempre cercada de polémicas durante os dois mandatos de George W. Bush à frente da Casa Branca. Invasões ao Afeganistão e ao Iraque, ações no Médio Oriente, apoio a Israel. Muitos são os episódios já conhecidos em que houve resistência às operações dos EUA e que incluem a visita a África. Na altura, o objetivo declarado das passagens por Benin, Tanzânia, Ruanda, Gana e Libéria foi o combate à AIDS, malária e a intensificação de diálogos para o fim de conflitos noutros países do continente. De acordo com Bush, os destinos escolhidos representam países considerados como exemplo para a democracia atual. O propósito principal, porém, seria iniciar as negociações para a instalação do AFRICOM, um comando militar norte-americano na região.

Luta de

Obama por África

Atualmente, este posto avançado fica em Stuttgart, na Alemanha, mas há planos de transferi-lo para o continente africano, o que ainda não ocorreu por conta das inúmeras polémicas já citadas. A começar pelo seu verdadeiro propósito: qual a sua função real? Estudos apontam que, até 2015, cerca de 25% de todo o petróleo consumido nos EUA será produzido em África. Um motivo certamente importante para que a região comece a ser analisada com mais atenção pelos norte-americanos. No Gana, antes mesmo de ser perguntado sobre o assunto, Bush classificou como “um disparate” as afirmações que relacionam os interesses dos Estados Unidos às reservas petrolíferas.

Dia 6 de Novembro o mundo vai parar para assistir à eleição presidencial dos EUA. Barack Obama, elegível para um segundo e último mandato, nomeado pelo partido democrata, será muito provavelmente o candidato vencedor. à memória vem a eleição, pela primeira vez na história do país, de um presidente com um pai queniano. um facto saudado por entre cenas de Júbilo no Quénia, em 2008.

A Casa Branca sustenta oficialmente que o objetivo é treinar forças de paz para ajudar missões no continente, castigado por seguidas guerras civis, violência e ditaduras sem fim. A verdade é que, apesar dos nobres propósitos do projeto, o AFRICOM é visto no continente como uma grave ameaça à soberania dos países, a ponto de apenas a Libéria ter declarado sua intenção de hospedar a base. O país é o maior aliado norte-americano entre as 53 nações da região. Outro importante reflexo da anterior visita de Bush é sinalizar aos africanos que os EUA também podem oferecer ajuda e acelerar o desenvolvimento, como a China já faz. Os chineses empenham-se em construir pontes e melhorar as infraestruturas de países castigados com a miséria, abastecendo-se na região com petróleo e minérios para alavancar o seu desenvolvimento.

2-4 2-4 1-2

2-4

FONTES: OECD E BANCO AFRICANO DE DESENVOLVIMENTO

6-8

0-1 0-1 0-1

0-1 0-1

0-1

0-1

0-1 0-1

0-1 0-1 0-1

0-1

2-4

0-1 0-1

0-1

0-1

0-1

8-10 0-1

0-1

1-2 1-2

0-1

0-1

1-2

0-1

0-1 0-1

ACESSO À ELETRICIDADE 0-15%

40-50%

15-30%

50-100%

0-1 0-1

8-10 0-1

0-1 0-1 0-1

30-40%

INFORMAÇÃO NÃO DISPONÍVEL

0-1

0-1 0-1

INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO [NÚMEROS] VALORES MÉDIOS ANUAIS ENTRE 2003-2008 EM USD MILHÕES

4-6

0-1

0-1

0-1

A aproximação com os africanos mostra à China que os EUA também terão papel de destaque no continente, mas Bush rejeitou a ideia de taxar as duas nações como rivais na região, salientando que há espaço para ambas e que os africanos certamente sairão a ganhar com as duas presenças na região. Entretanto, certamente a mudança do AFRICOM para terras africanas garantiria mais autonomia e poderia oferecer aos americanos excelentes vantagens comerciais no futuro. Resta é sabe atualmente qual a posição que Obama irá tomar e de que forma irá tratar o tema. Aguardaremos pelas novas eleições e o novo plano estratégica de política externa desta superpotência.

2012

19


IN FOCO Estudos apontam que, até 2015, cerca de 25% de todo o petróleo consumido nos EUA será produzido em África

2

1

3 4

OCEANO ATLÂNTICO GEOGRAFIA UTILITÁRIA DE ÁFRICA CAMPOS DE PETRÓLEO E DE GÁS 6

DEPÓSITOS MINERAIS LARGA CONCENTRAÇÃO DE PEQUENAS REPRESAS PARA IRRIGAÇÃO

5

GOLFO DA GUINÉ

NOVOS PROJETOS DE EXPLORAÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS REDES FRAGMENTADAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA PRINCIPAIS LINHAS ELÉTRICAS EXISTENTES

7

TUBOS DE PETRÓLEO E GÁS PRINCIPAIS PROJETOS DE INFRAESTRUTURAS

1 2 3 4 5 6 7 8

CONSTRUÇÃO, RENOVAÇÃO OU ALARGAMENTO DE ESTRADAS, AUTOESTRADAS, CAMINHOS DE FERROS E PRINCIPAIS SISTEMAS DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA — LINHA DE COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE TANGIERS-CASABLANCA-MARRAKESH LINHA DE COMBOIO DE ALTA VELOCIDADE E AUTOESTRADA LESTE-OESTE MAIOR RIO ARTIFICIAL (SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA) SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA IN-SHALAH-TAMANRASSET AUTOESTRADA ADDIS ABABA-NAIROBI-MOMBASA FAIXA SUDÃO DO SUL-ETIÓPIA-QUÉNIA (ESTRADAS, AUTOESTRADAS, CAMINHOS DE FERRO) CORREDOR CENTRAL AFRICANO: MATADI-DAR ES SALAAM E KISANGANI-KAMPALA-MOMBASA [CAMINHOS DE FERRO, ESTRADAS, REDES DE ENERGIA ELÉTRICA] MAIOR PROJETO DE TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA_ LESOTO-JOANESBURGO

com material a utilizar nessas missões, muitos deles carregados com camiões que seguem caminho por estradas esburacadas em direção a bases empoeiradas e postos distantes. Dire Dawa na Etiópia, Manda Bay, Garissa, e Mombasa, no Quénia; Kampala e Entebbe, no Uganda; Bangui e Djema, na República Central Africana; Nzara, no sul do Sudão, 20

2012

e a base do Pentágono, Camp Lemonnier, em Djibuti, na costa do Golfo de Aden, são alguns dos locais que compõem a rede. De acordo com Pat Barnes, portavoz do Comando dos EUA para África (AFRICOM), o Camp Lemonnier serve apenas como base oficial dos EUA no continente. Em entrevista recente ao órgão de comunicação TomDispatch,

afirmou existirem “mais de dois mil militares norte-americanos neste posto”. “A AFRICOM presente em Camp Lemonnier é a combinação de uma Força Conjunta - Corno da África. (Combined Joint Task Force — Horn of Africa (CJTF-HOA). Os esforços deste organismo estão concentrados na África Oriental e têm como objetivo trabalhar em con-

8

OCEANO ÍNDICO

FONTE: LE MONDE DIPLOMATIQUE – EDIÇÃO INGLESA

junto com as nações parceiras, de forma a ajudá-las a fortalecer as suas capacidades de defesa”, explicou. Este responsável referiu que a presença militar dos EUA no continente procura facilitar as diferentes atividades levadas a cabo junto dos países parceiros, pelo que as “forças envolvidas são pequenas equipas, com uma presença temporária”.


Avanços-sombra Em 2003, quando o CJTF-HOA foi criado, o acampamento Lemonnier era o único posto avançado dos EUA em África. Desde então, de forma tranquila e desapercebida, o Pentágono e a CIA têm disseminado as suas forças um pouco por todo o continente. Hoje - denominações oficiais à parte - os EUA mantêm um número surpreendente de bases em África. Na verdade, o fortalecimento dos exércitos africanos passa a ser uma denominação verdadeiramente elástica para o que está a acontecer na realidade. Sob a presidência de Obama, as operações no continente aceleraram muito para além das intervenções mais limitadas dos anos Bush. A intervenção do país na guerra ocorrida o ano passado na Líbia, a multifacetada presença da CIA nos diferentes países, que inclui operações de inteligência e treino especializado a agentes, ou o fluxo de dinheiro mantido para operações contra o terrorismo em toda a África Oriental são alguns exemplos que demonstram a rápida expansão e influência de Washington nos planos e atividades da região. Para apoiar estas missões, multiplicaram-se não só o número de operações de treino, mas também a construção de alianças e exercícios conjuntos. Postos avançados, de diferentes dimensões, estão a surgir em todo o continente, conectados por uma extensa rede de logística até ao momento pouco conhecida. Se de início as bases americanas em África eram pequenas e austeras, a verdade é que estão (aparentemente) cada vez maiores e permanentes.

Império americano Após o fatídico 11/09, a presença militar dos EUA mudou em três regiões principais e de forma significativa: no sul da Ásia, Médio Oriente e no Corno da África. Hoje, o país tem uma presença inferior no Afeganistão e está lentamente a abandonar o Iraque. África continua,

Documentos apontam para que, nos próximos anos, o Pentágono invista cerca de US $ 50 milhões em novos projetos em África

no entanto, a ser uma oportunidade de crescimento para o Pentágono. Os EUA estão agora envolvidos, diretamente e por procuração, em operações militares e de vigilância contra uma crescente lista de inimigos regionais, nas quais se inclui a al-Qaeda, no Magreb Islâmico do norte da África, o movimento islâmico Boko Haram, na Nigéria; possíveis representações ligadas à al-Qaeda na Líbia, pósKadafi; a força de resistência LRA, na África Central, Congo e Sudão do Sul; os rebeldes islâmicos no Mali; a Al-Shabaab, na Somália, e os guerrilheiros da al-Qaeda na Península Arábica através do Golfo de Aden, no Iêmen. Para fazer face a esta atividade, os planos do país integram uma nova base na nação recém-nascida do Sudão do Sul. Informação que não é confirmada pela AFRICOM. Até ao momento sabe-se que este organismo norte-americano tem programados 14 exercícios de treino conjuntos para este ano no continente, que incluem operações em Marrocos, Camarões, Gabão, Botswana, África do Sul, Lesoto, Senegal e Nigéria. Atualmente, realiza também treino antiterrorismo e militar na Argélia, Burkina Faso, Chade, Mauritânia, Níger e Tunísia. O tamanho das forças

norte-americanas presentes na realização desses exercícios conjuntos e missões de treino flutua, mas de acordo com Barnes, “numa base de dimensão média há cerca de 5 mil militares, que podem ser destacados para todo o continente a qualquer momento”. Para 2013, está programada a implantação de mais tropas norte-americanas na região, com diferentes capacidades de resposta às necessidades do continente. Documentos militares revelam planos para um investimento superiores a US $ 180 milhões, o que inclui obras para erguer estruturas modulares de manutenção e instalações de armazenamento de munição. Os mesmos acordos apontam para que, nos próximos anos, o Pentágono invista cerca de US $ 50 milhões em novos projetos em África. Dados que confirmam que a presença dos EUA no continente apenas começou.

A disputa por África Num discurso recente, em Arlington, Virgínia (EUA), o comandante geral do AFRICOM, Carter Ham, explicou o raciocínio por detrás das operações do país no continente: “o imperativo absoluto para o exército

dos Estados Unidos é proteger a América, os americanos e os interesses americanos. No nosso caso, para nos proteger das ameaças que podem surgir a partir do continente africano”. A AlQaeda, por exemplo, é uma empresa global. Combatê-la tem sido um princípio central da política externa norte-americana por décadas, especialmente desde 11/09. No entanto, os acontecimentos dos últimos anos provam que aplicar soluções militares para complexos problemas políticos e sociais tem conduzido regularmente a consequências imprevistas. Por exemplo, a guerra do ano passado, apoiada pelos EUA, na Líbia, resultou no regresso de centenas de mercenários tuaregues bem armados, que tinham lutado pela Líbia autocrata de Muammar Kadafi, ao Mali, onde ajudaram a desestabilizar o país. Com a administração Obama claramente comprometida na luta do século XXI por África, a possibilidade de sucessivas ondas de oposição cresce exponencialmente e este exemplo é apenas o primeiro de muitos que podem surgir. Razão pela qual é importante estar de olho no desenvolvimento do continente e nas ações do exército norte-americano previstas para os próximos anos. 2012

21


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

Economia acelera, mas continua vulnerável O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Angola conseguiu estabilizar a situação financeira e está em aceleração do crescimento económico, mas que ainda continua vulnerável a uma quebra das receitas petrolíferas. A avaliação foi lançada numa declaração da direção executiva do FMI, divulgada em Washington, uma semana depois de uma reunião sobre o cumprimento do programa de ajuda ao país, iniciado, em 2009, na sequência de um abalo das finanças públicas motivado pela quebra das receitas petrolíferas e concluído em Março deste ano. No documento de “monitorização pós-programa”, o FMI afirma que a situação orçamental angolana continuou a melhorar em 2011 e que as reservas de moeda estrangeira foram reconstituídas, com a inflação em trajetória descendente. Embora as previsões de crescimento sejam favoráveis, “o país continua vulnerável a choques nas receitas petrolíferas, um grande défice de infraestruturas mantém-se e a pobreza continua generalizada”, adianta o mesmo organismo. Em 2012, o crescimento económico deverá acelerar para cerca de 7,0 por cento, à medida que a produção petrolífera recupera de constrangimentos sentidos no ano passado. Os setores da energia, transportes e construção deverão sentir o impulso do maior investimento público, segundo o FMI. Na avaliação, os diretores do FMI recomendam às autoridades angolanas uma “postura orçamental prudente, ancorada num envelope de gastos realista”. Saúdam ainda o projeto de relatório apresentado para explicar as “inconsistências orçamentais entre 2007 e 2010”, esperando uma “avaliação total” na próxima revisão do programa. As discrepâncias nas contas angolanas, e em particular nas receitas petrolíferas estimadas em 41 mil milhões de dólares não registadas no referido período, têm levado organizações não governamentais, como a Human Rights Watch e Open

22

2012

Society, a apelar ao FMI para suscitar uma auditoria independente junto do governo angolano. Nesta última avaliação divulgada, os diretores do FMI apelam ainda a um “fortalecimento da gestão das receitas petrolíferas”, em particular através da “definição de regras claras para acumulação e uso de recursos do Fundo Petrolífero para Infraestruturas”.

Crescimento de 9,1%, em 2012, e 8,8%, em 2013 Crise europeia e possível nova recessão mundial continuam a ensombrar as expetativas mais otimistas para a economia angolana, que deverá crescer 9,1%, este ano, e 8,8%, em 2013, segundo as estimativas do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola. No Relatório Económico de Angola, divulgado recentemente, o CEIC refere que este ano “dirá se a retoma do crescimento económico no país se fará com a mesma intensidade da verificada durante a mini-idade de ouro”, que decorreu entre 2004 e 2008, quando a taxa média anual de crescimento do PIB foi de 17%, a maior de África e uma das maiores do mundo”. “Não estará a economia angolana a entrar num período de crescimento menos intenso, ainda que bastante positivo?”, questiona o CEIC, segundo aponta a agência noticiosa portuguesa Lusa.

Riscos para a economia interna A previsão de abrandamento do crescimento económico tem em conta “o risco de a economia mundial poder entrar novamente em recessão” e a “crise das dívidas soberanas na Europa”, que pode “desencadear efeitos sistémicos semelhantes às turbulências verificadas em 2008 e 2009”. As perspetivas do CEIC para o crescimento do PIB de Angola em 2012 são mais otimistas do que as do Banco Mundial (8,1%) e do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD - 8,2%), mas mais pessimistas do que as do governo de Luanda (9,8%) e do Fundo Monetário Internacional (FMI - 9,7%). Já as perspetivas para 2013, são melhores do

que as do FMI (6,8%) e do BAD (7,1%). Para 2014, o CEIC prevê um crescimento económico de 7,5%.

Setores mais dinâmicos Numa análise setorial da economia nacional, o CEIC prevê que a agricultura seja o setor que mais cresce em 2012, com um aumento de 13,2%. Por outro lado, “a entrada em funcionamento dos grandes empreendimentos no domínio do gás e dos derivados do petróleo ajudará a diversificar a indústria transformadora”, enquanto o investimento público em obras públicas e a construção civil “continuarão a desempenhar um papel positivo na estratégia de crescimento do país”. O documento destaca ainda que, “pela primeira vez desde que o objetivo de redução da inflação foi eleito como um dos principais da política económica do Governo, o valor do índice de preços no consumidor se situou abaixo da meta”. Ainda assim, “permanece o desafio de situá-la em um dígito”, embora a meta oficial para 2012 tenha sido estabelecida ainda em 10%.

Meta de criação de empregos vigiada A promessa do governo angolano de criar 1,2 milhões de empregos até 2012 é impossível de concretizar, conclui o relatório. A promessa foi feita em 2008, em plena campanha eleitoral, e o diretor do CEIC, Manuel José Alves

da Rocha, questiona hoje “com que bases concretas se avançou com aquele número”. O professor universitário considera que a meta avançada em 2008 “foi excessivamente otimista” e questiona também os números avançados pelo governo em 2009, “ano em que o PIB angolano cresceu com a taxa mais baixa de sempre depois da paz”. “Como é que nessa altura foi possível criar 386.000 empregos?”, questiona o economista, citando as estatísticas oficiais. “Para que a meta de emprego prometida em 2008 fosse cumprida até final de 2012 e considerando uma variação no valor da produtividade bruta média aparente do trabalho de 7,5%, teriam de ser cridos quase 630.000 postos de trabalho e o PIB teria de crescer 16,8% (a previsão oficial é de 9,8%)”, diz ainda o documento. O CEIC estima em 24,8% a taxa de desemprego em 2011, praticamente o mesmo valor que o calculado para 2010 (24,7%). “Parece que a capacidade da economia formal criar empregos a uma velocidade superior à do crescimento da população economicamente ativa se encontra bloqueada por qualquer razão”, lê-se no relatório. Alves da Rocha reconheceu que o facto da qualificação dos trabalhadores angolanos não ser aquela que o setor privado necessita pode ser um limite à criação mais intensa de novos postos de trabalho.


CASH-FLOW R. D. CONGO

BLOCO 14K-A-IMI BLOCO 14 BLOCO 32 BLOCO 33

Novo campo de petróleo da Galp em Angola e no Congo

OCEANO ATLÂNTICO

LUANDA

BENGUELA

ANGOLA

NAMIBE

NAMÍBIA

Galp aumenta produção de petróleo O novo campo de petróleo da empresa no bloco 14, em águas territoriais de Angola e do Congo, foi aprovado recentemente pelos governos dos dois países. A norte-americana Chevron, que será a operadora deste campo, mesmo sem ter a maior participação acionista no consórcio, anunciou a assinatura do Final Decision Investment (FID), o documento que oficializa o projeto e que permite começar a construir a plataforma petrolífera e todas as infraestruturas necessárias para se começar a produzir. Avaliado em 1,6 mil milhões de euros (dois mil milhões de dólares), o projeto inclui, por exemplo, a construção de um cabo elétrico de 43 quilómetros, que terá que ser aquecido porque estará localizado em águas muito profundas e geladas.

Os primeiros barris do campo Lianzi devem começar a ser produzidos já em 2015 e estima-se que seja possível produzir um total de 46 mil barris diários. Situado a 105 quilómetros da costa, aproximadamente a 900 metros de profundidade, o Lianzi - o primeiro projeto no Congo - vai ser desenvolvido pela Chevron, com 31,25%, pela Total, com 36,75%, a italiana Eni (ainda acionista da Galp) e a Sonangol, cada uma delas com 10% e ainda a

SNPC, a Companhia Nacional de Petróleo da República do Congo, com 7,5% e a Galp, com 4,5%. De acordo com o presidente executivo da empresa, Manuel Ferreira de Oliveira, o consórcio do qual a Galp faz parte “vai avançar em breve para a exploração deste novo campo, no qual será feito um investimento de 1,6 mil milhões de euros”, o que permitirá à empresa reforçar a produção de petróleo no país. À Galp deverá caber 9% deste montante, já que é esta a sua participação no consórcio que envolve a Chevron, a Total e a italiana Eni, ainda acionista da empresa portuguesa com 28,34%. Segundo Ferreira de Oliveira tudo indica que ainda este ano começarão os trabalhos no Lianzi, onde a produção poderá chegar, ainda que não para já, aos 70 mil barris por dia. Este reforço surge numa altura em que a produção de petróleo em Angola está a cair porque os campos em atividade no bloco 14 – ainda o único de onde a empresa está a extrair petróleo – “já se encontram em fase de maturidade”.

De acordo com o mesmo documento, entre janeiro e junho deste ano, a produção em Angola caiu 15%, face ao mesmo período de 2011, para 15 mil barris por dia.

Apesar das previsões de crescimento favoráveis, ‘o país continua vulnerável a choques nas receitas petrolíferas, um grande défice de infraestruturas mantém-se e a pobreza continua generalizada”, adianta o FMI, que apela ainda a um “fortalecimento da gestão das receitas petrolíferas”, em particular através da “definição de regras claras para acumulação e uso de recursos do Fundo Petrolífero para infraestruturas”. A dependência nas receitas do petróleo afeta, de forma negativa, a capacidade dos estados e a sua aptidão para governar. Quanto mais gastam, mais precisam das receitas do petróleo. “Os cidadãos têm o direito de saber como os contratos petrolíferos e minerais estão a ser efetuados, quem participa ativamente nessas promoções e onde o dinheiro está a ser aplicado”, refere o último documento apresentado.

2012

23


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Regresso à “mini-idade de ouro” Angola deverá voltar a registar, este ano, uma taxa de crescimento próxima das observadas no período após a guerra civil, apelidado de “mini-idade de ouro”, embora numa conjuntura de incerteza, afirma o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC), da Universidade Católica Angolana. No Relatório Económico de Angola 2011, coordenado pelo economista Manuel Alves da Rocha, o CEIC afirma que ao longo deste ano se saberá “se a retoma do crescimento económico em Angola se fará com a mesma intensidade da verificada durante a chamada ‘mini-idade de ouro’ da economia nacional”. “A questão que se coloca em 2012 é se, perante um conjunto de fatores externos adversos, a taxa real de variação de 17% pode ser retomada durante o ano em curso e conservada nos próximos”, refere. Entre 2004 e 2008, a taxa média anual de crescimento do PIB foi de 17%, a maior de África e uma das maiores do mundo, devido às exportações de petróleo, investimentos públicos na reconstrução das infraestruturas, investimento privado não-petrolífero e consumo privado. Para 2013 e 2014, o risco é a economia mundial entrar novamente em recessão, sublinha o estudo, que apresenta como fatores fundamentais para o futuro de Angola a promoção da agricultura, diversificação económica, criação de emprego e controlo da inflação. Historicamente rica em termos agrícolas, Angola vive a “urgência de um esforço gigantesco para formar” agricultores e “abrir as portas ao investimento privado, quer nacional quer estrangeiro, com definição de incentivos de natureza fiscal e patrimonial”. A diversificação da economia entrou nas orientações oficiais com a crise económica internacional de 2008-09, mas o índice de diversificação comparativa de Angola na região austral do continente “é muito baixo” e “a dependência das finanças públicas relativamente ao sector petrolífero é um factor de instabilidade do ciclo de negócios”. “Em resultado de variações do preço de petróleo, as despesas públicas têm enfrentado flutuações elevadíssimas que transmitem enorme incerteza aos empresários, o que faz com que que estes tenham apetência para os investimentos com prazos de retorno muito curtos, causando ineficiências na adjudicação dos recursos e dificultando o desenvolvimento de sectores que seriam fundamentais no tecido económico”. O estudo sugere uma urgente “reforma fiscal”, numa altura em que o governo de Angola está a executar um Projeto Executivo para a Reforma Tributária (PERT). Ao nível do emprego, em 2011, a taxa de desemprego estimada pelo CEIC situou-se em 24,8%, praticamente o mesmo valor do que o calculado para 2010, dando a entender que a “capacidade da economia formal criar empregos a uma velocidade superior à do crescimento da população ativa se encontra bloqueada”. “Os empresários identificam a falta de qualificação dos recursos humanos como um entrave à sua iniciativa e seguramente um obstáculo a uma criação mais intensa de novos empregos”, adianta o CEIC. A taxa de desemprego de longo prazo pode ser estimada em 31,6%, “muito elevada face às necessidades de geração de rendimentos permanentes necessários”. Outro elemento fundamental para o futuro próximo de Angola, segundo o CEIC, será a redução da inflação para um dígito. O CEIC elege como “factores a corrigir” no futuro a abertura às transações comerciais, o grau de facilidade de montar um negócio, diminuição da corrupção e aumento da produtividade e competitividade.

24

2012

Korea Eximbank em Angola O Banco de Exportação-Importação da Coreia (Korea Eximbank) poderá brevemente assinar acordos com as instituições bancárias angolanas, de acordo com a agência angolana de notícias Angop que citou o presidente daquele organismo, Kim Yong-hwan. Durante um seminário económico para os chefes de missões diplomáticas de países africanos e do médio oriente, que contou com a participação do embaixador extraordinário e plenipotenciário de Angola na Coreia do Sul, Albino Malungo, o responsável coreano deixou claro o seu interesse em cooperar com as instituições bancárias angolanas e africanas, assim como as do Médio Oriente. Segundo a Angop, o Banco de Exportação-Importação da Coreia (Korea Eximbank) vai organizar no próximo mês de Outubro a Conferência de Cooperação Económica, Coreia-África, que contará com a presença de altos representantes do Governo sul-coreano e de estados Africanos. De acordo com as autoridades, a referida conferência visa facilitar e apoiar as empresas sul-coreanas com investimentos em África. O Banco de ExportaçãoImportação da Coreia (Korea Eximbank) é uma agência oficial de crédito à exportação e programas de garantia, para apoiar empresas sul-coreanas na realização de negócios no exterior. Desde a sua criação em 1976, o banco apoiou ativamente a economia da Coreia do Sul e facilitou a cooperação económica com os países estrangeiros.


CASH-FLOW AGRONEGÓCIOS

Exportação de madeira aumenta Angola exporta anualmente cerca de 12 mil metros cúbicos de madeira em toro principalmente para os países europeus, disse, em Luanda, o diretor geral do Instituto do Desenvolvimento Florestal, Tomás Caetano. Ao falar em entrevista à Angop, Tomás Caetano afirmou que, há cerca de cinco anos, o país começou timidamente a exportar madeira em toro, chegando mesmo a exportar folha de madeira, tendo atingido a quantidade de 12 mil metros cúbicos/ano. “O que se pretende é atingir esta quantidade em madeira transformada e evitar a exportação em madeira em toro” disse o responsável do IDF, em alusão à indústria transformadora. Indicou como principais destinatários das exportações angolanas de madeira países europeus apesar de existirem também já exportações para a China, Japão e outros mercados como os Estados Unidos. Em relação ao atual estado de exploração de madeira, Tomás Caetano referiu que este processo está regulado por lei (Lei Florestal), onde estão clausulados os agentes que devem e podem fazer a exploração, as competências relativas às administrações locais e o que o empresário deve fazer para se habilitar à atividade. Apontou como principais províncias produtoras Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Malanje e o corredor de florestas plantadas, (eucaliptos), propriedade dos ministérios da Agricultura Desenvolvimento Rural e das Pescas, Geologia e Minas e da Indústria e dos Caminhos-de- Ferro de Benguela.

Agricultura apoia mais de 300 mil famílias Trezentos e 83 mil famílias camponeses vulneráveis da província do Huambo serão apoiadas com meios diversos, durante a campanha agrícola 2012/2013, pela direção provincial da agricultura, desenvolvimento rural e pescas, informou recentemente, nesta cidade, o seu diretor, Emitério Tiago. Estas famílias, que estão distribuídas pelos 11 municípios da província, vão receber da direção local da agricultura a partir de Setembro próximo, fertilizantes e gado para tração animal. Emitério Tiago disse que uma boa parte dos meios já estão em posse da instituição que dirige faltando apenas entregar as 383 mil famílias camponeses. Para o sucesso da campanha agrícola que se avizinha, disse, a direção da agricultura prevê também aumentar as áreas de correção de solos através da aplicação de calcário neolítico nas regiões onde os níveis de acidez são consideráveis. O responsável indicou os municípios de Cachiungo, Bailundo, Londuimbali, Tchicala-Tcholohanga e Huambo, capital da província, como os selecionados para a aplicação do calcário nos seus solos, de forma a se aumentar a produção agrícola. Garantiu existir calcário e equipamento suficientes para as zonas identificadas. “Em relação à correção dos solos com calcário temos experiência do município de Cachiungo onde as áreas abrangidas o ano passado atingiram produções até quatro toneladas, contra 70 quilos obtidos normalmente pelos camponeses”, explicou. Para a campanha 2012/2013, está prevista a reabilitação de valas comunitárias e a construção de pontos de água para assegurar o sistema de irrigação nas comunidades, caso falte chuva.

Nova usina de bioetanol A japonesa Marubeni Corp. anunciou ter firmado recentemente com o governo angolano um contrato para construir no país uma usina que produzirá açúcar e bioetanol de cana por US$ 650 milhões. A instalação, que ficará na província de Cunene, no sul do país, terá capacidade anual para produzir 400 mil toneladas de açúcar e 40 milhões de litros de bioetanol, com as operações comercias previstas para começar no final de 2015, disse o porta-voz da companhia. As informações são da Dow Jones.

Indústria vai custar US$ 650 milhões e terá capacidade para produzir 400 mil toneladas de açúcar e 40 milhões de litros de etanol

2012

25


ECONOMIA&NEGÓCIOS

CASH-FLOW

Províncias BENGO

entreposto frigorífico O ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Afonso Pedro Canga, anunciou no passado mês, em Caxito, província do Bengo, a construção, no próximo ano, de um entreposto frigorífico para ajudar na conservação de vários produtos. Em declarações à Angop, Afonso Canga disse que a iniciativa deve-se ao facto de existir um grande número de produtos agrícolas e de produtores de animais. Afirmou que o entreposto frigorífico vai contribuir para revitalizar o sector das pescas e aumentar a produção de pescado na região. O ministro sublinhou que neste momento estão criadas as bases para se atingir resultados e níveis satisfatórios de produção. Disse que nos próximos tempos pretende-se implementar igualmente um projeto agroindustrial nas províncias de Benguela e do Namibe.

Huíla

Província com 134 postos de combustíveis A província da Huíla conta, desde janeiro deste ano, com 134 bombas de combustíveis, informou o responsável do gabinete de estudos e estatísticas da direção da Huíla do comércio e hotelaria e turismo, Abílio Kapiñgala. Em declarações à Angop, Abílio Kapingala disse que os postos foram na sua maioria abertos na sede capital da província da Huíla, Lubango. Abílio Kapiñgala afirmou que neste período foram licenciados nove postos de combustíveis nos municípios de Quipungo, Matala, Humpata, Chibia e Quilengues. Sem revelar o valor arrecadado no licenciamento dos empreendimentos, adiantou apenas que os pedidos para licenciar empresas deste segmento estão a crescer no interior da província. Contudo, a direção do comércio, hotelaria e turismo da Huíla arrecadou no primeiro semestre deste ano 13 milhões, 901 mil e 617 Kwanzas na emissão de 204 alvarás comerciais diversos. A província da Huíla controla três mil e 348 estabelecimentos comerciais.

Bié

Quilómetros de estrada O governador do Bié, Boavida Neto, assegurou que foram asfaltados 360 quilómetros de estrada em toda a extensão da província. As estradas interprovinciais que dão acesso às províncias do Kuando-Kubango, Huambo e ao Mussende, no Kwanza-Sul, “estão completamente asfaltadas”. Em relação ao setor da Educação e ao fornecimento de energia elétrica, Boavida Neto reconheceu a necessidade de se aumentar a oferta desses serviços, tendo em conta o aumento da densidade populacional. O governador lembrou que o número de hospitais, centros e postos médicos tem-se expandido em todos os municípios da província, com o objetivo de reduzir o défice que havia em relação aos cuidados primários de saúde. Boavida Neto sublinhou, além disso, que as 30 sedes comunais dos nove municípios da província do Bié possuem, desde 2004, iluminação pública e abastecimento de água potável através de perfurações. Em relação a estes dois serviços, salientou que, face ao aumento da densidade populacional, os sistemas instalados de abastecimento de água precisam ser melhorados, para corresponder à procura.

26

2012


2012

27


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

A Grande Muralha Verde — The Great Green Wall – A Grande Muralha Verde – é o projeto que está a ser implantado em África com o objetivo de impedir a desertificação da região abaixo do Sahara. O maior deserto do mundo está em constante expansão e a tendência é que avance para sul, para a região conhecida como Sahel. Para impedir esse deslocamento, líderes africanos iniciaram um projeto conjunto de forma a criar uma barreira verde com 15 quilómetros de largura e quase 8 mil quilómetros de comprimento, tendo como prioridade máxima ‘segurar’ o deserto e se possível avançar a área verde para norte.

Fonte: Monde Diplomatique – English Edition

Um projeto marcado por inúmeros desafios. Utilizar variedades resistentes à seca é um dos maiores, pelo que a iniciativa tem servido como campo de testes para experiências realizadas por laboratórios estrangeiros, que trabalham com esse propósito. A outra dificuldade é de ordem política. 11 países africanos precisam de concordar e trabalhar em harmonia para que a ideia funcione. Autoridades e especialistas estão atentos a uma importante ação que pode servir de piloto para outras regiões do globo com problemas semelhantes. O bom andamento dos trabalhos, que iniciaram em 2010, tem vindo a mostrar resultados concretos, principalmente na parte ocidental do continente. Disputa por árvores

A Grande Muralha Verde de África é uma metáfora para a importância e urgência da plantação de árvores em grande parte da paisagem africana, região onde elas são absolutamente necessárias. As mudanças climáticas que têm vindo a ocorrer surgem marcadas por secas persistentes que endurecem o solo, pelo que apesar da construção da muralha ser, por enquanto, mais uma visão do futuro, do que da realidade atual, o seu sucesso pode mudar 28

2012

África, sendo um sólido avanço na luta contra problema parece óbvia. Essa foi uma das raa pobreza, que o contrário, ou seja, a inação zões para a criação deste projeto, uma ideia produz. A fome no Corno de África é a última proposta pela primeira vez, em 2005, pelo pretriste lembrança daquilo que os cientistas di- sidente nigeriano Olesegun Obasanjo. A vizem há anos - o continente será o primeiro a são deste responsável era simples: pediu para sofrer as consequências das alterações climá- plantar uma linha de 15 quilómetros de difeticas das rentes variepróxidades de mas dé- A construção da ‘parede verde’ terá um árvores, que investimento de US $ 115 milhões e terá cadas. diminuísse Aliás ela também o apoio de várias instituições os efeitos das não é a internacionais de desenvolvimento, que se alterações únicara- comprometem a investir até US $ 3 biliões climáticas no zão para continente e que cerevitasse a exca de 750 mil pessoas - metade delas crian- pansão do deserto da Sahara, a sul. Este ‘muças - estejam propensas a morrer neste local ro’ de árvores servirá para proteger a região a médio prazo. De acordo com a Organização do Sahel, densamente povoada a sul do Sahadas Nações Unidas, a Somália, o epicentro da ra, onde dezenas de milhões de agricultores fome, tem sido assolado por uma guerra ci- pobres e pastores enfrentam as condições vil e um governo em não-funcionamento há quentes e secas que assolam Koutal. Chefes anos. Mas esta fome veio dar a conhecer ao de Estado africanos endossaram a visão de mundo a pior seca dos últimos 60 anos, que Obasanjo e a ideia ganhou força internaciotem causado a miséria no Quénia e na Etiópia, nal com a criação da Parceria África-União os dois países mais estáveis. Europeia sobre a Mudança Climática, que, em 2007, aprovou o plano, agora conhecido como Com as projeções a apontarem para um con- a Grande Muralha Verde para a Iniciativa do tinente, cada vez mais, quente e seco, a ne- Sahara e do Sahel. “A Grande Muralha Verde cessidade de preparar novas abordagens ao é uma iniciativa emblemática de propriedade


OUTSIDE A LINHA VERDE REPRESENTA A EXTENSÃO DA GRANDE MURALHA

“A Muralha Verde deve ser analisada como uma metáfora para a coordenação de uma variedade de projetos internacionais ao nível do desenvolvimento económico, proteção ambiental contra a desertificação e apoio à estabilidade política no coração da África”

MAURITÂNIA MALI

SUDÃO

NÍGER

ERITRÉIA

CHADE

BBURKINA U FASO

DJIBUTI

NIGÉRIA

ETIÓPIA

GRANDE MURALHA VERDE PAÍSES VISADOS OUTROS PAÍSES

africana que vai lutar contra a desertificação, a degradação do solo, perda de biodiversidade e as mudanças climáticas, combatendo em simultâneo a pobreza rural e insegurança alimentar”, diz o professor Abdoulaye Dia, presidente da Agência Pan-Africana para Grande Muralha Verde. Economia verde

Esta visão inicial foi criticada por cientistas, ONGs e outras entidades que alegam que a mesma incorpora uma abordagem de cima para baixo, isto é, que desvaloriza a importância das pessoas e da ecologia local. No entanto, as árvores ‘jovens’ precisam de cuidados para sobreviver, como rega, poda ou proteção de animais, o que significa dar às pessoas locais o incentivo para prestar esses cuidados, bem como instalações de irrigação. Assim, importa também incentivar uma abordagem de base científica para a recuperação ambiental e desenvolvimento sustentável da região. O plantio de árvores continua a ser central, mas integrada com a produção local de alimentos e meios de subsistência. O objetivo é o de reverter a degradação da terra, bem como aumentar o rendimento das culturas, a renda rural e segurança alimentar. Esta visão inclui

atualmente um mosaico de projetos em todo o Sahel, independentemente deles se alinharam num mapa para formar um ‘muro’. De fato, o cultivo de árvores intercaladas com as culturas é uma prática antiga na África, que caiu em desuso com a chegada da agricultura moderna das nações industrializadas, mas a cujo método agora se está a regressar. A técnica de inter-colheita, como os agrónomos modernos intitulam, depende das árvores e das suas folhas para manter uma cobertura verde em terras agrícolas ao longo do ano, o que melhora a estrutura do solo, a fertilidade e a capacidade de absorver água. Bom demais para falhar

A Grande Muralha Verde é uma boa ideia, que não está autorizada a falhar. Mas como é que as partes interessadas - governos africanos e europeus, agências internacionais de desenvolvimento, ONG’s em África e na Europa e a sociedade civil, podem reunir-se em torno de um objetivo compartilhado e de um meio de alcançá-lo? Esta é a pergunta que se tem imposto e na qual o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, tem sido um defensor intransigente. Se, por um lado, a maioria dos chefes de estado africanos apoiam a versão

original de Obasanjo, por outro, os doadores ocidentais – União Europeia, Fundo Global para o Meio Ambiente do Banco Mundial e FAO - cujos recursos são necessários para financiar o projeto, mantêm a opinião de que o mesmo não terá o sucesso previsto. Também ao nível da organização têm existido obstáculos, uma vez que três diferentes entidades africanas reivindicam a liderança do projeto: a Agência Pan-Africana, a União Africana e a Comunidade de Estados Sahel-Saharan. A par desta situação, subsiste ainda o medo de que a visão literal de Obasanjo de uma Grande Muralha Verde irá provavelmente enriquecer mais os departamentos florestais africanos do que as comunidades locais, o que também acaba por radicar num erro de base científica. Imagens satélite de alta resolução captadas pela Pesquisa Geológica dos EUA (USGS) mostram que o Sahara não está, de fato, a avançar para sul. Em vez disso, diz Gray Tappan do USGS, a imagem mostra que “há muitos lugares específicos onde a má gestão da terra conduziu à sua grave degradação”. Esta constatação não significa, no entanto, que a Grande Muralha Verde seja uma má ideia, isto porque a degradação da terra no Sahel continua a ser um problema sério”. O objetivo é, 2012

29


ECONOMIA&NEGÓCIOS

OUTSIDE

Sahel: Crise alimentar

Número de pessoas vulneráveis por paíS

13.4 m

10 m

pessoas vulneráveis

sofrem de escassez de alimentos

1M

crianças corre o risco de má nutrição muito grave

Área afetada pela seca e em risco de escassez alimentar severa NÍgER

MALI

BURKINA FASO

5.5 m 3.5 m 1.7 m

portanto, prosseguir o projeto junto das diferentes realidades políticas e sociais a fim de criar uma dinâmica operacional que permita a implementação bem sucedida de práticas de regeneração da terra realmente valiosas em todo o Sahel. Stop à desertificação

A parede imaginada por 11 países africanos na fronteira sul do Sahara e os seus parceiros internacionais visa, sobretudo, limitar a desertificação da zona do Sahel. Imagine uma parede verde viva de árvores e arbustos, com 15 quilómetros de largura e até 8 mil quilómetros de comprimento, a crescer a sul do Sahara, de Djibouti, no Corno de África, no leste, em toda a extensão do continente para Dakar, no Senegal, no oeste. A construção desta Grande Muralha Verde Pan-Africana foi aprovada por uma cúpula internacional, na antiga capital alemã, Bonn, num evento paralelo à conferência conjunta das comissões de ciência e tecnologia e para a revisão da implementação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). O projeto, tal como concebido servirá também como catalisador para um multifacetado programa internacional económico e ambiental. A zona do Sahel é a transição entre o Sahara, no norte, e as savanas africanas, no sul, e inclui partes do Burkina Faso, Chade, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal e Sudão. A iniciativa inicialmente envolveu o plantio de uma faixa de floresta com 15 quilómetros de largura em todo o continente. Esse ‘corre30

2012

CHADE

1.6 m

MAURITÂNIA

0.7 m

SENEGAL

0.7 m

dor’ contínuo de vegetação será sempre que necessário reencaminhado a contornar obstáculos como rios, áreas rochosas e montanhas ou vincular áreas habitadas. Durante a reunião, em Bonn, para o Meio Ambiente Global (GEF), confirmou-se a promessa de alocar até US $ 115 milhões para apoiar a construção dessa ‘parede verde’. Outras instituições internacionais de desenvolvimento também fizeram promessas de investimento para apoiar a construção do muro, investindo até US $ 3 biliões. O GEF - formada por 182 governos membros, inúmeras instituições internacionais, organizações não-governamentais e do setor privado - oferece subsídios aos países em desenvolvimento e com economias em transição para projetos relacionados à biodiversidade, mudanças climáticas, águas internacionais, degradação do solo e similares. “A Muralha Verde deve ser analisada como uma metáfora para a coordenação de uma variedade de projetos internacionais, para o desenvolvimento económico, proteção ambiental contra a desertificação e apoio à estabilidade política no coração da África”, disse Boubacar Cissé, co-coordenador africano do secretariado da ONU contra a desertificação. O projeto foi proposto pela primeira vez em 1980 por Thomas Sankara, então chefe de estado do Burkina Faso, como um meio de parar o crescimento do Sahara. A ideia foi expressa novamente cerca de 20 anos mais tarde pelo então presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, que o apresentou à União Africana (UA), em 2005. Desde então, tem ganho apoio internacional fora de África pelas várias vantagens que apre-

senta. Além de parar a desertificação e a erosão, o muro pode proteger as fontes de água, como o Lago Chade, que foi secando ao longo de décadas, e restaurar ou criar habitats para a biodiversidade. Além disso, o ‘corredor’ pode fornecer recursos energéticos; frutas, legumes e outros alimentos, apoiar o desenvolvimento económico local e até mesmo a estabilidade política em toda a região, disse Daniel André, da UNCCD. “A construção da Grande Muralha Verde em toda a África deve ser o motor para a cooperação internacional, tanto a nível nacional, como a nível comunitário, com o objetivo de combater a pobreza. “O intuito do projeto é mais do que parar a desertificação”, acrescentou. “Ele vai direto para o coração da luta contra a pobreza: deve proporcionar às pessoas de todo o continente, com uma perspectiva económica para parar a migração dos jovens da região, deve dotar a região de uma almofada contra a mudança climática, e assim fazendo, também ajudar a restaurar a estabilidade política”. O responsável reiterou que a estabilidade política é mais importante agora, dada a presente turbulência política no mundo árabe - um vizinho imediato a todos os 11 países envolvidos na construção da Grande Muralha. Bernd Wirtzfeld, do ministério alemão para a cooperação económica e desenvolvimento, disse que os doadores internacionais estão prontos para apoiar o projeto. “Na sua conceção atual, o projeto é muito mais do que o seu nome ou a sua trajetória sugerir”, disse Richard Escadafal, presidente do Comitê Francês Científico da Desertificação. “O objetivo é garantir o plantio e o desenvolvimento integrado de espécies de interesse económico, de plantas tolerantes à seca, lagoas de retenção de água, sistemas de produção agrícola e outras atividades geradoras de rendimentos, bem como infraestruturas básicas sociais”. O responsável também apontou que, além dos problemas técnicos associados à iniciativa, o seu sucesso depende consideravelmente do ambiente social em que a propagação de plantas e projetos de plantio de árvores são realizados. “As ações de reflorestamento que vão sendo colocadas em prática sem a participação dos habitantes locais são quase sempre limitadas e não-sustentáveis”, adverte. Importa atender aos direitos dos agricultores e aos esforços técnicos para selecionar as melhores espécies, de forma a que estas se possam desenvolver adequadamente em viveiros modernos que utilizam técnicas de plantio avançados, capazes de gerar bons resultados, mesmo a curto prazo. Se está interessado em obter mais informação aceda ao vídeo: http://youtu.be/bdRDfXFjgZg Fonte: Monde Diplomatique – English Edition


2012

31


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

BES Angola com novo plano de expansão A consultora Mckinsey tem como missão apoiar o BESA em projetos de otimização, estabilidade e eficiência perante as atuais exigências do mercado financeiro angolano, nomeadamente nos segmentos de mercado de capitais, apoio a particulares e PME.

Portugal e Angola estudam seguros de crédito Portugal e Angola vão estudar a criação de seguros de crédito de incentivo à troca de exportações para os dois países, afirmou o ministro da Economia e do Emprego português, Álvaro Santos Pereira, na sua última deslocação ao país. O responsável falava à imprensa no final da conferência organizada pelas Ordens de Engenheiros de Portugal e Angola, sobre o crescente papel da engenharia portuguesa no crescimento e desenvolvimento de Angola. “Estamos a estudar a possibilidade de desenvolver toda uma série de instrumentos para apoiar as nossas empresas e as

32

2012

nossas indústrias, quer ao nível dos seguros de crédito para a exportação, das empresas angolanas que querem exportar para Portugal, quer das empresas portuguesas que querem exportar para Angola», disse o ministro português, citado pela Lusa.

Lisboa e Luanda promovem empresas de capital misto Os governos de Portugal e Angola vão promover a criação de empresas de capital misto com o objetivo de estimular o investimento nos dois países. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, esteve reunido com o seu homólogo angolano, Marcio Gurgel, e à

A instituição liderada por Álvaro Sobrinho pediu o apoio da Mckinsey & Company no desenvolvimento de um plano estratégico de crescimento para os próximos cincos anos. O futuro do BES Angola (BESA) já está a ser desenhado. A instituição liderada por Álvaro Sobrinho aguarda a conclusão do plano estratégico, a ser elaborado em parceria com a consultora McKinsey, para arrancar com uma nova etapa de expansão. O plano estratégico tem como horizonte temporal os próximos cincos anos e deverá pressupor um reforço de capital no banco angolano, como já admitiu Ricardo Salgado, presidente do BES. O programa em preparação vai incidir sobre um “processo de expansão que tem em conta o risco, a rentabilidade e a operacionalidade”, adaptando-se às exigências e aos condicionalismos que o crescimento da economia angolana terá no futuro, tal como revelou recentemente o BESA num comunicado ao Jornal de Angola. O BESA deu, recorde-se, um contributo significativo para as contas consolidadas do BES no primeiro semestre, ao lucrar 49 milhões de euros. “O produto bancário situou-se em 184M€ (+16%), para o que contribuiu o forte crescimento dos serviços a clientes que evoluíram para 93M€ como resultado de comissões de advisory e de estruturação de operações contratadas no mercado da energia”,

saída do encontro disse ainda que estas empresas de capital português e angolano terão acesso a linhas de crédito bonificado. Por sua vez, Angola admite a criação de um seguro de crédito para facilitar as relações de investimento entre os dois países. Marcio Gurgel, ministro da Economia angolano, confirmou que o Governo de José Eduardo dos Santos “está empenhado na desburocratização dos processos de registo e de assessoria aos investidores. “Recentemente, foram aprovadas linhas de crédito para as PME e há um novo instrumento que podemos estudar, que pode ser o seguro de crédito, seja para empresas portuguesas em Angola, seja para empresas angolanas em Portugal”, disse o ministro em Luanda. O responsável adiantou ainda que, da parte dos investidores angolanos e da banca, existem reservas a explorar no setor financeiro.

lê-se na apresentação de contas. Em contrapartida, os custos operativos apresentam um crescimento de 31%, o que reflete o aumento da atividade. Angola é a joia da coroa do BES e, a par com o Brasil e Espanha, compõe o triângulo estratégico da estratégia internacional. Estes mercados são representativos de 81% do total internacional. Álvaro Sobrinho referiu, recentemente, que o banco está “a assumir-se como um sólido parceiro do Estado angolano, dos cidadãos, empresas nacionais e internacionais e das instituições que se ocupam da promoção da sustentabilidade”. Também o Espírito Santo Financial Group (ESFG), holding proprietária do BES, anunciou recentemente que mais do que quintuplicou os resultados líquidos para 233 milhões de euros no primeiro semestre, impulsionado pela aquisição e consolidação de 50% da seguradora BES Vida. No mesmo semestre do ano anterior, o lucro da cotada do PSI 20 tinha registado um lucro de 45,4 milhões. “Os resultados positivos das operações bancárias e de seguros foram significativamente beneficiados pelo impacto da consolidação dos 50% da seguradora BES Vida que não eram detidos pela holding da família Espírito Santo e que foram adquiridos ao Grupo Crédito Agrícola”, explicou o ESFG em comunicado à CMVM. “O ganho da BES Vida para o período foi de 208 milhões de euros.”


BANCA&SEGUROS

200 milhões do empréstimo do Estado para recapitalizar o banco

IDE de Angola em Portugal cresceu 35 vezes em 10 anos O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) de Angola em Portugal cresceu 35 vezes nos últimos 10 anos com os investidores de olhos postos em setores estratégicos da economia nacional, como a banca, a energia ou os meios de comunicação social. Segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em 2011, o IDE angolano atingiu os 70,3 milhões de euros, 35 vezes acima dos 2,2 milhões de 2001. Ainda assim, no último ano, este investimento representou apenas 0,2% do total de IDE no país. Só este ano, entre janeiro e maio, o IDE de Angola atingiu 126,1 milhões de euros, acima do total de 2011, tendo sido o principal investidor em Portugal entre os países extracomunitários. Apesar do impacto público da entrada de

capitais angolanos em Portugal, os dados da AICEP mostram que o investimento é maior no sentido inverso: o IDE de Portugal em Angola foi de 246,4 milhões de euros o ano passado, quatro vezes mais do que no início da década (1,6% do total). Nos primeiros cinco meses deste ano, o investimento português em Angola ascendeu a 111 milhões de euros, tornando aquele país no quarto destino dos capitais portugueses, depois da Holanda, Espanha e Brasil. Os investidores angolanos que entram em Portugal têm-se focado em setores estratégicos da economia, com destaque para a banca, a energia, as telecomunicações e os meios de comunicação social. Em Angola, são sobretudo a construção civil, a hotelaria e a banca a atrair as empresas portuguesas.

O BPI (Portugal) já amortizou 200 milhões de euros do empréstimo obrigacionista do Estado destinado a reforçar o seu rácio de capital, ficando agora com 1300 milhões de euros em instrumentos convertíveis para amortizar. “Na sequência da conclusão do aumento do capital (...) informa-se que, na presente data, o Banco BPI recomprou ao Estado português uma parte (...) dos instrumentos de capital core tier 1 (obrigações subordinadas de conversão contingente) emitidos pelo Banco BPI e subscritos pelo Estado Português”, disse o banco em comunicado de imprensa. A instituição liderada por Fernando Ulrich concluiu, no mês passado, um aumento de capital de 200 milhões de euros em novas ações, inserido no plano de recapitalização do banco, que foi subscrito em mais de 80 por cento pelos seus dois principais acionistas o espanhol CaixaBank (que reforçou a sua posição para 46,22%) e a holding angolana Santoro, de Isabel, que permaneceu perto dos 20% (19,47%).

lhões de euros em instrumentos híbridos (obrigações convertíveis em ações em determinadas condições, designadas ‘CoCos’). A subscrição de ‘CoCos’ pelo Estado, em junho, serviu o objetivo de reforçar o rácio core tier 1 (medida mais eficaz de avaliar a solvabilidade de um banco) para 9%, de acordo com as regras da Autoridade Bancária Europeia (EBA em inglês), e 10% segundo as exigências do Banco de Portugal. Os 1500 milhões de euros inicialmente subscritos pelo Estado passam agora a 1300 milhões, que o BPI tem de amortizar no prazo de cinco anos. Pelo empréstimo estatal, o BPI (tal como o BCP, que também recorreu ao Estado para subscrever ‘Cocos’) vai pagar um juro anual que começa em 8,5% e aumenta todos os anos.

Os 200 milhões de euros conseguidos com a operação foram, tal como previsto, entregues ao Estado para amortizar parte do empréstimo concedido, em junho, ao abrigo da linha da troika para o setor financeiro de 1500 mi-

2012

33


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Telecoms quando não se devem seguir as velhas receitas… — Jorge Santos Partner de Management & Risk Consulting da KPMG Angola —

Quando em Julho passado a Google lançou de forma relativamente discreta o Google Fibra nos Estados Unidos, este evento, que pode ter passado razoavelmente despercebido aos consumidores finais, terá sido visto com uma dose de enorme preocupação pelos habitualmente designados “Operadores de telecomunicações” tradicionais. De facto, esta nova oferta da Google, proporciona internet grátis por 7 anos a quem gastar $300 USD no terminal de acesso da Google, complementada por uma gama de preços super competitivos para velocidades de acesso até aos 1 Gbit. Este tipo de oferta acaba por ir ainda mais longe do que as piores expectativas daqueles que receavam a “comoditização” das telecomunicações, ao tornar

34

2012

gratuita a componente de acesso, um pouco como se, por exemplo, no caso da televisão, os operadores oferecessem a electricidade para podermos consumir mais anúncios. E de que forma este aconteci­ mento poderá afectar os mer­ cados ditos emergentes e o mercado angolano em particu­ lar? Potencialmente de forma muito sensível! Este efeito de “comoditização” do serviço de acesso nas telecomunicações, até ao ponto de se tornar virtualmente gratuito, será porventura muito mais rápido (na Europa ou nos Estados Unidos demorou várias décadas a materializar-se), e tenderá a verificar-se sobretudo nos acessos móveis de banda larga (mais comuns

e prevalentes no nosso mercado), criando dificuldades imensas de retornos aos diversos operadores, que terão que decidir entre a aceleração dos investimentos para aproveitar uma janela de oportunidade mais estreita, ou aceitar a resposta do mercado e da concorrência ao manterem os preços mais elevados. De facto, esta “guerra” entre os operadores ditos tradicionais e os novos players da área dos conteúdos (conhecidos como OTT – ou Over the Top – providers, como sejam por exemplo o Google e o Facebook) tem vindo a ganhar forma ao longo da última década. Trata-se de uma guerra pelo controlo da relação com o cliente final, e em última instância pela parte mais relevante da margem dos serviços que, de momento,


Consultório

está nas mãos dos operadores tradicionais mas que, a prazo, pode fugir-lhes, particularmente quando se insistem em cometer alguns dos erros mais elementares que têm sido observados em mercados mais maduros. Alguns dos erros mais comuns que temos visto nesses merca­ dos envolvem: A opção pelas estratégias de diferenciação tecnológica - Um excessivo foco nas novas redes e nas funcionalidades da mesma, sem que seja possível estabelecer uma verdadeira diferenciação de qualidade pois, no final do dia, as velocidades de acesso e a experiência de utilização oferecidas pelas diferentes tecnologias acabam por ser muito similares. Este facto leva os grandes fabricantes

de equipamento a reduzir os ciclos de investimento tecnológico, diminuindo o ”fôlego” dos operadores para reaverem o seu investimento entre cada salto tecnológico.

A cópia pouco fiel das ditas “melhores práticas” – limitando-se muitas vezes a tentar copiar as abordagens da Google, do Facebook, da Apple, sem um esforço profundo e continuado na inovação da experiência e dos serviços, tem levado os operadores a perder a guerra das aplicações, acabando por beneficiar os OTTs que têm do seu lado um exército de seguidores e programadores à escala mundial, sempre disponíveis para desenvolver e comercializar novos conteúdos, novos formatos e novas aplicações.

Ausência de uma verdadeira cultura de cliente - embora muitos operadores digam que os clientes são o centro da sua estratégia a verdade é que quando analisamos a estrutura de recursos humanos de um qualquer operador, não é incomum que sejam precisamente as posições de “customer facing” (call centres ou lojas) onde encontramos os funcionários com menor formação, salários mais baixos e incentivos normalmente alinhados com critérios de eficiência e não de satisfação dos clientes. Mas então, como podem os operadores angolanos preparar-se para esta realidade e inverter ou controlar esta tendência para que não venham a ser, as vítimas da próxima década? A resposta a esta questão será

naturalmente distinta de operador para operador, mas passará sempre pela transformação do papel do operador de telecomunicações numa espécie de gestor do ecossistema de entretenimento, através de estratégias e acções que incluem:

A criação de uma obsessão com o bem-estar dos seus clientes desmultiplicando de forma eficiente o número de serviços e bens de modo a manter o consumidor na sua rede, o contacto com o cliente e a informação do que esse cliente consome e valoriza (que é algo que nenhum OTT pode aspirar conseguir de forma transversal – ex: o Google ia adorar saber o que fazem os seus consumidores no Facebook, e vice-versa).

2012

35


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Melhorar a experiência das lojas tornando-as apelativas e um espaço de convívio habitual onde consumidores e funcionários trocam experiências e conhecimento que conduz à posteriori a vendas e consumos de serviços adicionais – um pouco à imagem do que a Apple procurou introduzir nas suas lojas, mas ampliado pela capacidade de promoção de interacções multi-utilizador.

Capitalizar no valor sociológico e económico da informação, através da dinamização de ferramentas de marketing que permitam analisar comportamentos de mercado a terceiros pelo acesso a dados anónimos/filtrados dos clientes das operadoras;

Aposta na oferta de condições tecnológicas de base (espaço e conectividade) para a incubação de novas ideias e novos conceitos, abrindo espaço ao desenvolvimento de conteúdos locais e ao apoio aos jovens empreendedores angolanos no lançamento de

36

2012

novos negócios de modo a que futuros mini-“Googles” contribuam para a diferenciação de conteúdos.

Investimento em parcerias com grandes grupos tecnológicos e com outros operadores, para a optimização das infraestruturas de rede, tanto activas como passivas, criando modelos de negócio mais leves e eficientes, onde o reinvestimento e o retorno possa ser partilhado e não duplicado. Neste momento os operadores do hemisfério sul estão numa posição interessante para promover estas alterações ditas estratégicas, pois gozam de boa saúde financeira, têm boas margens, uma base de clientes em crescimento acelerado, baixas pressões regulatórias e poucas exigências de serviços e banda, sobretudo quando comparadas com outros players de mercados mais maduros. Estes operadores devem, por is-

Consultório

so, convencer os seus accionistas a investirem em serviços de cloud, dinamizarem uma oferta completa de Home Networking, que possa desbloquear as limitações de conectividade para combater os OTTs no seu próprio terreno – se a Google esta a oferecer tablets, Pc’s, espaço livre de storage na cloud e office na cloud, os operadores podem ajudar os seus clientes a integrarem os diversos devices que existem, cobrando por isso e posicionando-se no ecossistema como agregador de valor. Um exemplo interessante da forma como mesmo os operadores globais começam a olhar para mercados como o angolano é o caso da Telefónica, que optou pela criação de vários fundos de investimento para empreendedores que depois podem usar a rede da Telefónica para difundir as suas aplicações e acederem a dados de cliente de forma anónima (assegurando a total e completa confidencialidade) para testarem os seus produtos. Sur-

giram destas incubadoras aplicações como o Tuenti que é uma rede social espanhola que já rivaliza com o Facebook, dado que a população latina é muito ciosa da sua identidade cultural. Angola tem uma situação privilegiada, tem uma série de operadores que estão a investir em fibra ate casa dos clientes e novos cabos submarinos (WACS) que vão reduzir o custo de interligação internacional, criando a possibilidade de vir a ter uma indústria muito competitiva de produção de conteúdos e aplicações para a comunidade lusófona. O futuro da indústria de telecomunicações é incerto e já foi mais brilhante, mas é nas épocas de crise que surgem as grandes evoluções e as grandes oportunidades, por isso o grande desafio dos gestores dos nossos operadores é o de deixarem de seguir o livro de receitas que foi escrito no hemisfério norte e optarem por escrever a sua própria história de sucesso!


2012

37


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

Twitter ganha nova versão _ O Twitter anunciou a terceira grande mudança estrutural da sua história, iniciada em março de 2006. A nova interface, que fica bastante parecida com a do Facebook, já está disponível a usuários e será aplicada tanto nas versões web, como nas exibidas em dispositivos móveis. A principal mudança é a adoção de uma foto de capa na página principal do usuário no microblog, recurso já apresentado pelos rivais Google+ e Facebook. Para aderir à nova funcionalidade, o utilizador deve aceder ao campo de “Configurações”, presente no canto superior direito da tela, clicar na opção “Aparência” e escolher a imagem que deseja inserir no perfil. O Twitter também disponibiliza novas versões do seu apps para iOS e Android, dando maior destaque às fotos. “Agora, também vai conhecer pessoas a partir de imagens”, diz o comunicado oficial da rede. A atualização dos aplicativos para Android, iPad e iPhone já estão disponíveis na Play Store, do Google, e na App Store, da Apple. A primeira grande renovação no site aconteceu em outubro de 2010, quando o microblog introduziu mudanças visuais significativas, com o objetivo de reunir mais informações sobre o comportamento do utilizador. Essa mudança introduziu o lay-out atual. Em dezembro passado, o microblog tratou de apresentar uma nova interface, que valoriza a essência do serviço: a partilha e discussão de histórias. Hoje, com meio bilião de cadastrados, chega o momento de valorizar o uso das imagens.

Microsoft lança tecnologia de _ aplicativos A Microsoft lançou recentemente novas tecnologias que facilitarão o desenvolvimento e gestão de novos aplicativos: o Visual Studio 2012 e o .NET Framework 4.5. O Visual Studio 2012 fornece um rico ambiente de desenvolvimento para a criação de aplicativos modernos que atendem às necessidades dos usuários, em especial aplicações que estejam acessíveis em qualquer lugar e que consumam grandes volumes de dados. “Hoje mais do que nunca, os técnicos têm a oportunidade de criar aplicativos modernos, conectados aos serviços de nuvem que tornam as informações mais acessíveis aos usuários, em qualquer dispositivo, a qualquer momento”, disse Carlos Zimmerman, gerente de produto para empreendedores da Microsoft . “O lançamento do Visual Studio 2012 e do .NET Framework 4.5 oferece o conjunto mais abrangente de ferramentas, fornecendo uma experiência de desenvolvimento integrada com as melhores e mais recentes plataformas da Microsoft.” Para Zimmermann, os aplicativos ganham cada vez mais mercado e geram oportunidade de negócios. “Aplicativos modernos são centrados na experiência do usuário e são acessíveis a partir de qualquer dispositivo. Além disso, é fundamental que eles tenham um fator social e que seja integrado com o consumidor no mundo virtual (redes sociais, sistemas de autenticação de empresas) e conectados instantaneamente aos seus pares, colegas e amigos. O ponto essencial é a construção de aplicativos que possibilitem o consumo inteligente de dados, pois a integração de informações com as tarefas permite a tomada de decisão em contexto”, declara o executivo da Microsoft.

38

2012


Telecomunicações

Apple: maior capitalização bolsista de _ sempre A Apple bateu a maior capitalização bolsista de sempre nos EUA, derrubando a Microsoft, que ostentava esse título desde 1999. Cada ação da Apple está agora a 664,75 dólares (538,4 euros), o que representa uma capitalização bolsista de 623,14 mil milhões de dólares (504,7 mil milhões de euros).

Bradesco expande soluções _ O Bradesco Next, novo conceito de agência bancária desta instituição financeira brasileira, poderá ser replicado inicialmente às cerca de 300 unidades Prime e outros 300 espaços Prime do banco no país. Segundo o diretor executivo, Candido Leonelli, esse processo poderá acontecer ao longo dos próximos 18 meses. O conceito da nova unidade é oferecer um espaço para os clientes conhecerem as possibilidades tecnológicas subjacentes às diferentes transações bancárias. A ideia é educar o cliente para o uso dos meios digitais em procedimentos de rotina, como pagamentos ou conferências de extratos. “Este será um local onde a tecnologia se adapta às necessidades dos clientes”, disse Leonelli. Entre os serviços que a loja conceito oferece está um painel interativo sensível ao toque onde os clientes acedem informações sobre os aplicativos para a realização de operações bancárias. Os novos terminais de auto-atendimento também serão por toque (touch screen), e os comprovantes de transações de transferências enviados por e-mail, dispensando o uso do papel. Outra novidade para os clientes será a consultoria financeira de forma interativa, com as informações enviadas posteriormente para o e-mail do cliente e podendo ser visualizadas pelos gerentes para contratações. Dentro do processo de expansão, as lojas Prime poderão receber inicialmente os consultores financeiros online (especialistas em crédito ou investimento) e os displays de tabela de prestação de serviços interativo de tarifas. Especialmente a tabela de serviços poderá ser replicada mais rapidamente, para até mil agências até ao final do próximo ano, projetou Leonelli. Mais do que os serviços no espaço conceito, a intenção da empresa é ampliar o uso de serviços bancários em smartphones, tablets e computadores pessoais. “São novos canais para alavancar os negócios”, disse o diretor de canais digitais do banco, Luca Cavalcanti. Segundo ele, os serviços na internet têm vindo a crescer por meio do internet banking, que avançou 74% em número de transações e 22% em volume financeiro de janeiro a julho, em comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, de acordo com os executivos do banco, aproximadamente 91% das transações já são por meio de canais online. Entre este universo, 5% são através de telemóveis. Entre as utilidades do telemóvel está o pagamento de contas ou consulta ao saldo via mensagem de texto (SMS). Apenas de janeiro a julho, foram realizados 670 mil pagamentos, por meio do uso de aplicativos em aparelhos com leitores de códigos de barra.

2012

39


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

Redução das taxas de bonificação O ministro da Economia, Abraão Gourgel, afirmou, na província do Bié, que o Executivo central reduziu significativamente as taxas de bonificação junto das agências bancárias, com o objetivo de possibilitar o fomento de emprego no país e, consequentemente, facilitar os beneficiários empreendedores. O governante lembrou que o governo reduziu as taxas dos programas “Angola investe”, destinados a pequenas, médias e grandes empresas, bem como o “Meu negócio, minha vida” dos Balcões Únicos do Empreendedorismo (BUE) a nível do país. No programa “Angola investe”, o Executivo reduziu 5% a taxa de juros a nível dos bancos, uma vez que as taxas de reembolso para os programas é de 16%. O responsável acrescentou que para o programa do BUE a taxa de juros caiu significativamente em relação aos projetos de PME’s sem, no entanto, adiantar as percentagens. Segundo o titular da pasta da Economia, a iniciativa visa sobretudo criar mais oportunidades de empregos aos jovens, assim como contribuir diretamente no desenvolvimento socioeconómico do país.

Mais 10 mil empreendedores O diretor-geral da Incubadora de Negócios do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional, Jacinto Domingos, revelou ao Jornal de Angola que o Centro de Empreendedorismo vai formar até ao final do ano dez mil empreendedores. Jacinto Domingos disse que o Centro de Formação Profissional de Cambambe formou 7.039 empreendedores. No município de Cambambe foram qualificados 450 empreendedores em gestão de pequenos negócios e empreendedorismo, dos quais 220 beneficiaram de microcrédito comunitário para lançarem o próprio negócio. O Centro de Empreendedorismo vai dar cursos de gestão empresarial e fomento do empreendedorismo. Os técnicos do centro vão fazer deslocações pontuais às comunidades para identificar atividades geradoras de rendimento. O espaço vai prestar serviços de mediação entre a procura e a oferta de mão-de-obra, identificando junto dos setores empresariais locais ofertas de postos de trabalhos, além de registar os empreendedores que estão no desemprego e procuram trabalho. Angola tem 142 Centros de Formação Profissional, dos quais 132 tutelados pelo Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFOP), para além de 133 centros itinerantes.

40

2012

Novo fundo de capital de risco O Fundo Ativo de Capital de Risco Angolano (FACRA), afeto ao Programa de Desenvolvimento das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), foi lançado em Luanda pelo Ministério da Economia de Angola, de acordo com a agência noticiosa angolana Angop. A gestão do FACRA foi entregue à Sociedade Kwanza - Gestão de Projetos Empresariais tendo, na ocasião, o ministro da Economia, Abraão Gourgel, afirmado que um dos objetivos da sua constituição é o de garantir fundos de financiamento a longo prazo para o arranque e expansão das micro, pequenas e médias empresas angolanas. Criado ao abrigo de um decreto com data de 7 de junho, o fundo pretende também estimular projetos empresariais com elevado potencial de crescimento nas suas fases iniciais. Até 2022, o impacto do FACRA deverá traduzir-se num crescimento de mais de 10 mil milhões de dólares no Produto Interno Bruto (PIB) e na criação de mais de 500 mil novos empregos, diversificando a economia para além do petróleo e aumentando a competitividade global de Angola. Por seu turno, o presidente da Sociedade Kwanza - Gestão de Participações Empresariais, Alberto Mendes, garantiu que o Fundo Ativo de Capital de Risco Angolano terá uma gestão “transparente, responsável e profissional.”


Emprego & Formação

ISUTIC acolherá 1800 estudantes O ministro das Telecomunicações e Tecnologia de Informação, José Carvalho da Rocha, declarou, em Luanda, que o Instituto Superior para as Tecnologias de Informação e Comunicação (ISUTIC) vai albergar mil e 800 estudantes assim que entrar totalmente em funcionamento. Para o próximo ano letivo, essa instituição pública, que o Executivo coloca à disposição dos estudantes, disponibilizará 700 vagas nos cursos de Engenharia Informática e Engenharia Telecomunicação. Depois do termo da segunda fase de construção do estabelecimento de ensino, arranca os cursos de Engenharia Biomédica, Engenharia Electrónica e em Gestão em Telecomunicações.

“Para os jovens é uma oportunidade de puderem ter formação ao mais alto nível na área das tecnologias de informação e comunicação. Vamos desenvolver aqui essencialmente cinco grandes cursos, transformando essa zona num verdadeiro centro do saber”, garantiu o dirigente em entrevista à imprensa.

O ministro José Carvalho da Rocha não disse o valor global da infraestrutura, mas revelou que somente a instituição com todo os equipamentos custou cerca de 19 milhões de dólares. Acrescentou ainda que 25% desse valor foram contribuições das empresas do setor das telecomunicações e tecnologias de informação, particularmente aquelas que estiveram ligadas à construção da rede de fibra óptica de Angola. O dirigente considerou ser um dos grandes ganhos do ministério, tendo em conta a utilidade que o ISUTIC trará futuramente no tocante à formação do homem angolano. “São estes desafios que queremos ter: angolanos formados ao mais alto nível para poderem suportar projetos que temos no setor como o AngoSat e a migração da televisão analógica para digital, entre outros”, referiu.

CFB e aeroporto de Catumbela em alta O arranque da fase comercial do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) e o novo aeroporto internacional da Catumbela, que juntos vão criar mais de 2.500 postos de trabalho, são dois dos fatores que têm levado a uma fase de grande dinâmica da economia de Benguela, criando grandes oportunidades. As duas infraestruturas são apontadas como alavanca na promoção do crescimento rentável, através da criação de oportunidades de emprego para a juventude, e no antecipar de tendências para outras atividades económicas na região. O CFB, por exemplo, tem capacidade para transportar milhões de toneladas de mercadorias diversas por ano e realizar a ligação transfronteiriça, sendo de esperar que ajude a impulsionar uma viragem nas operações comerciais, avaliadas em milhões de kwanzas, quando ficar pronta a ligação da linha ferroviária entre o Atlântico e a África Central. Foram adquiridas novas locomotivas, carruagens de passageiros, uma composição para transporte de mercadorias dotada de vagões para contentores e plataformas cisternas para combustíveis.

2012

41


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Patrícia Alves Tavares

Unitel expande serviços

Unitel

— A operadora anunciou há um mês que vai dar continuidade ao processo de expansão dos seus serviços no plano internacional. Após estabelecer acordos com as operadoras Orange e Latelz, a Unitel consegue dispor de roaming de dados no Cambodja e nas Ilhas Maurícias, respetivamente. O serviço foi igualmente reforçado em Espanha e Inglaterra.

O Papa da publicidade É sem dúvida a marca responsável pelo maior investimento publicitário na imprensa e liderou a tabela de anunciantes em televisão no primeiro semestre do ano. A Unitel tem conquistado crescentemente o seu mercado e é atualmente muito mais que uma empresa de telecomunicações. É um exemplo de sucesso no que concerne a influenciar as massas e um gigante capaz de transmitir a sua mensagem com a maior eficácia. Todos os meios de comunicação social desejam a Unitel enquanto anunciante. Descubra porquê!

42

2012


MARCAS ID

O mais recente galardão para a Unitel, no âmbito publicitário, veio de Moçambique. A operadora móvel recebeu em junho o Prémio Concha de Prata, na 7ª Edição do Festival Internacional de Publicidade de Maputo. O filme protagonizado pelo maratonista João N’Tyamba conquistou o júri do evento que considerou a campanha eficaz pela originalidade e qualidade. Afinal foram necessárias apenas duas personagens (o atleta e as paisagens nacionais) para mostrar ao país que a empresa tem cobertura de rede em todas as sedes de município. A distinção vem comprovar o poder visionário de uma empresa nacional que usa e abusa da melhor arma de sedução dos consumidores, evidenciando uma tática de mestre a cada campanha que surge no exterior.

A consagração Foi durante o Campeonato Africano das Nações organizado por Angola que a Unitel se destacou da concorrência. As estatísticas vieram comprovar aquilo que muitos analistas já tinham vaticinado. A empresa foi responsável pela melhor e maior campanha publicitária, assumindo-se como o maior anunciante do mercado nesse período. Com o claim “Futebol – esta é a paixão que nos liga”, adaptado a todos os suportes de comunicação, a marca conseguiu tirar vantagem do maior evento desportivo que o país acolheu e que não se repetirá nos próximos anos. A estratégia foi delineada um ano antes do evento e soube pegar no mote que une todos os simpatizantes do desporto: alegria e emoção. Ciente das potencialidades de um evento da envergadura do CAN e dos esforços do país em organizar um campeonato memorável, a Unitel aproveitou para a reforçar a sua proximidade não apenas com os seus clientes, mas com toda a população. Afinal, todo o angolano é um possível consumidor. E foi essa a razão que motivou o investimento de cinco milhões de dólares em marketing durante em CAN. Excecionalmente, a operadora viu a oportunidade de juntar diversos segmentos de potenciais clientes e transmitir a sua mensagem a todos em simultâneo. A projeção do evento assegurou o retorno do investimento, mediante a maior visibilidade da marca junto de diferentes públicos e faixas etárias. Após ter atingido o objetivo de cobrir todos os municípios com rede Unitel, a marca voltou a associarse à recente edição do Mundial de Futebol de África do Sul utilizando novamente o desporto para se aproximar dos seus clientes.

União de sucesso O êxito da estratégia de comunicação e de marketing da Unitel é igualmente fruto da escolha dos parceiros adequados. Habitualmente, a operadora recorre à Ogilvy Design para criar a publicidade dos produtos da empresa. Na FILDA 2012 (Feira Internacional de Luanda), a agência voltou a merecer o

‘Em maio, a Unitel anunciou ter oito milhões de clientes no país. Para alcançar este valor em muito tem contribuído a sua estratégia de promoção da marca’ Sabia que…

— Durante o CAN 2010, a Unitel investiu cinco milhões de dólares em marketing. E desenganese quem pensa que o valor foi apenas remetido para os spots publicitários. Divulgar uma marca vai além disso. Um dos trunfos da campanha foi a distribuição de material de merchandising, no total 500 mil peças. http://www.opais.net/resources/ images/exame/edicao_03/ unitel%201.png

Novidades não param desde 2011 —

2012

Lançamento dos Serviços de Subscrição no portal de conteúdos: Horóscopo, Piadas e Termómetro de Amor

2011

Cobertura da rede em todos os municípios de Angola; Atingiram 101 lojas próprias difusas em todo o país; Abertura da segunda Loja Empresarial; Atinge o número de 8 milhões de clientes; Lançamento do serviço “Google SMS Service” Fonte: Unitel

voto de confiança, sendo escolhida para idealizar o stand com que se apresentaram. O mundo digital foi o mote para promover a notoriedade da marca e dar a conhecer os seus conteúdos. Três equipamentos de grande dimensão serviram de atrativo para convidar os visitantes a conhecer o stand, que recorreu à Internet e a uma aplicação interativa para conquistar o público. A originalidade do projeto valeu mais um prémio para a empresa de telecomunicações móveis, que foi eleita com os galardões “Melhor participação de marca” e “Tecnologias de informação e comunicação”, na Gala Leões de Ouro FILDA 2012. Já durante o CAN 2010, a Ogilvy foi a responsável pela concretização da campanha que recorreu ao kuduro para “galvanizar as pessoas e chegar ao público jovem”. E não foi a primeira vez que a Unitel usou este estilo musical genuinamente nacional para cativar os seus clientes. Em relação ao campeonato africano, a operadora acautelou todas as situações e foram gravadas campanhas para todas as previsões do desempenho dos Palancas Negras na competição, desde a qualificação à eliminação ou vitória final.

Oito milhões de clientes Em maio, a empresa anunciou ter oito milhões de clientes no país. Para alcançar este valor em muito tem contribuído a sua estratégia de promoção da marca. Por outro lado, a empresa detém mais de uma centena de lojas próprias e conseguiu ter cobertura de rede em todos os municípios do território. Fundada há 11 anos, a Unitel não para de crescer e traça constantemente novos objetivos. Detentora de uma panóplia de serviços, como roaming de voz e dados e soluções de internet móvel, a aposta recai na melhoria das atuais ofertas e lançamento de novas tecnologias. Tendo em consideração que os angolanos são dos que mais falam ao telemóvel e estão entre os que mais gastam por mês em serviços móveis, em África, a marca tem todas as condições para continuar a afirma-se e a ser um player muito importante no mercado publicitário.

2012

43


MARCAS ID

ECONOMIA&NEGÓCIOS

‘Happy Customers’

O novo mundo DO mobile marketing A exigência das sociedades atuais têm tornado cada vez mais claro que o perfil de cliente está rapidamente a mudar, a adquirir competências novas e a exigir do marketing não só produtos com qualidade e comunicação adequada, mas também um serviço de apoio ao cliente, seja ele centrado nas vendas ou no pós-venda, que acompanhe o ciclo de vida do produto e as necessidades do cliente de forma mais competente. Nunca o consumidor tinha assumido um papel tão importante na definição de estratégias de marketing! Hoje não existem apenas ‘focus group onde se testam produtos: hoje pergunta-se aos clientes o que desejam adquirir a seguir, seguem-se ilustres desconhecidos nas redes sociais, procuram-se opinion makers na Web, estejam eles no Twitter, no Facebook ou no Youtube e criam-se estrelas com os blogues de opinião! Mais importante que adquirir novos clientes, as empresas inteligentes, centram esforços na criação de clientes fidelizados, participativos e adeptos da sua marca, ao ponto de defenderem a sua escolha na praça pública, como por exemplo, os fanáticos pelos produtos Apple. As ferramentas de marketing têm surgido, por isso, com o objectivo subliminar de criar um núcleo de ‘happy customers’ com o desenvolvimento de conteúdos interessantes e atrativos para quem é curioso, seja cliente ou profissional da área. Para alcançar o sucesso junto dos seus cliente, os responsáveis de marketing têm vindo a fazer uma aposta forte no denominado Mobile Marketing, potenciando as suas aplicabili-

44

2012

dades numa estratégia de marketing positiva. Numa era em que os dispositivos móveis ganham cada vez mais terreno, não se pode descuidar este ponto de contacto com o cliente e deve-se pensar em estratégias integradas, online e offline. O mobile marketing permite explorar novo níveis de engagement com o cliente, assim como gerar leads qualificados e, consequentemente, vendas. Algumas das ferramentas que permitem criar boas estratégias de mobile marketing, são as SMS ou o Bluetooh, QR Code, Sites Mobile, APP’s e publicidade mobile, assim como a geolocalização/referenciação. Uma das campanhas emblemáticas do género foi a criada para a marca de jeans “Diesel”, em que combinaram o offline das lojas, com o mobile através de QR Codes e o online, com o like do Facebook (httpv://www. youtube.com/watch?v=4OZmbBP ym1k&feature=player_embedded). Ainda no ‘mundo dos QR Code’s, o Pizza Express, uma rede de pizarias no Reino Unido, adotou o ‘multichannel QR code’, que em vez de linkar apenas a uma imagem num website, permite publicitar uma APP e efetuar pagamentos, entre outras vantagens, o que cria uma relação de confiança na marca e um sentimento de controlo por parte do cliente. Estes são apenas dois dos muitos exemplos de uma estratégia de mobile marketing de sucesso. O que distingue o marketing através de dispositivos móveis do restante marketing online e offline é esta capacidade de conjugar várias técnicas e de sem dúvida se transformar numa estratégia ‘multicanal’.


2012

45


SOCIEDADE

Patrícia Alves Tavares

Censo-Piloto 2012

É hora de conhecer a nossa realidade O primeiro recenseamento demográfico da democracia chegará brevemente às casas das famílias angolanas. A 1 de outubro arrancou o censo-piloto que está a ser implementado em sete províncias. Neste momento, o projeto é apenas um teste. O verdadeiro exame avança em julho do próximo ano. Nesse período, será possível elaborar estatísticas fiáveis e próximas da realidade da sociedade. No total, o Governo irá gastar 100 milhões de dólares no Recenseamento Geral da População e Habitação.

O censo-piloto obedece às recomendações das Nações Unidas e vai testar in loco o Recenseamento Geral da População e Habitação, que está agendado para julho de 2013 e que será o primeiro estudo exaustivo da sociedade angolana desde 1975. Durante este mês, os técnicos vão verificar a coerência das perguntas que compõem o questionário, com o intuito de perceberem se estão corretamente formuladas e são de compreensão fácil para toda a população. De acordo com o Gabinete Central do Censo (GCC), o Estado vai gastar 40 milhões de dólares, cerca de metade

46

2012

do valor investido na totalidade do processo que fica concluído no próximo ano. A atualização cartográfica custará 9,6 milhões de dólares. O processo arrancou a 1 de outubro e vai incidir em sete províncias, visando apenas algumas comunas e municípios das regiões selecionadas. Cunene, Huambo, Kuando Kubango, Kwanza Norte, Luanda, Uíge e Namibe serão os alvos do censo-piloto, agora que todas as condições humanas, técnicas e financeiras estão reunidas para implementar o ato experimental. O Recenseamento Demográfico de 2013 possibilitará a recolha de dados

como o número de habitantes (bem como de homens, mulheres, crianças e idosos), o modo como vivem, a sua profissão e outras informações que permitirão compreender o dia-a-dia da população. Após este período, o Governo pretende realizar censos de 10 em 10 anos à semelhança do que acontece na maioria das nações.

Mais próximo dos ODM O Recenseamento da População e Habitação divide-se em dois recensea-

mentos, que decorrem em simultâneo e vão permitir conhecer a população e o mercado habitacional. Com a obtenção de estatística fiável e atualizada, o Governo poderá pela primeira vez adequar as suas políticas ao estado real do país e avaliar a estratégia de combate à pobreza. O estudo irá fornecer indicadores que permitam a avaliação dos progressos alcançados no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). O inquérito final fornecerá aos governantes e estudiosos informações relevantes sobre a estrutura da população (úteis para todas as unidades administrativas), material que conduza a futuras recolhas de dados, reforçará a capacidade nacional técnica, criará uma base de dados para planeamento, gestão e tomada de decisões e desenvolverá uma amostra para futuros inquéritos aos agregados familiares. O processo é sigiloso. O GCC está igualmente a atualizar os mapas geográficos, os limites das aldeias e bairros, a contagem das


O que pensam os angolanos do Censo de 2013? — “Vamos testar as nossas tecnologias, se realmente a metodologia de recrutar o pessoal na área local onde residem os agregados familiares é viável no censo real” Paulo Fonseca, coordenador técnico do Gabinete Geral do Censo, in Jornal Expansão

— “O último censo foi realizado em 1970, ainda no período colonial. O censo dá informação que nos vai servir para que todos os planos e programas políticos possam ser executados de forma sustentável”

Sabia que…

O INE realizou pré-testes dos questionários, que foram subdivididos por regiões. Na área urbana foram selecionados agregados familiares de três estratos sociais possíveis, com base no tipo de habitação. Na área rural foram escolhidas seis habitações numa determinada aldeia, sob orientação do Coordenador da mesma e mediante indicação do Administrador Comunal. As entrevistas, individuais, focaram os itens tempo de duração cada entrevista; eficácia do questionário; nível de compreensão das questões (recenseador/entrevistado); consistência das perguntas e das secções. O censo-piloto vai possibilitar a revisão do questionário e o afinamento de pormenores.

Camilo Ceita, diretor do Instituto Nacional de Estatística, in Jornal de Angola

habitações e a definir as secções censitárias do território. Os agentes de terreno que estão em formação irão ter a prova de fogo durante este mês. Nas visitas às famílias, cartógrafos, geógrafos e topógrafos vão colocar em prática os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos, nomeadamente ao nível do uso das novas tecnologias, como GPS e imagens de satélite. Para o estudo final foram recrutados e formados 16 supervisores e 200 agentes para as dez províncias. Governos provinciais, Administrações Municipais e Comunais, Sobras, Polícia Nacional, Forças Armadas e outras autoridades estão a ser formados para sensibilizar a população a participar no recenseamento de 2013. As 17 províncias terão um gabinete de Serviços Provinciais do INE (SPINE), que vão apoiar a coordenação entre todos os intervenientes no recenseamento geral. Cabinda, Uíge, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malange, Benguela, Huambo, Kuando Kubango, Namibe, Huíla, Moxico e Cunene já têm a

— “A realização do censo populacional e da habitação torna-se num fator fundamental na concessão de políticas e ações viradas ao progresso socioeconómico do país” Mário Ndeitunga, vice-governador do Cunene, in Angop

— “Sabemos que a informação real é necessária para o desenvolvimento sustentável, porque as prioridades vão ser melhor dirigidas, os projetos e programas vão ser melhor avaliados e executados. O censo vai mexer com a sociedade e o país” Camilo Ceita, diretor do Instituto Nacional de Estatística, in Jornal de Angola

infraestrutura em funcionamento. As restantes vão abrir os SPINEs a curto prazo.

INE surpreenderá em 2013 Camilo Ceita, diretor do Instituto Nacional de Estatística, explicou recentemente que o processo tem várias etapas e que a atualização cartográfica é provavelmente a tarefa mais complicada, uma vez que os mapas mais recentes do país datam de 1985. Definida a comissão de logística, formação, publicidade, marketing e administrativa, a preparação do censo-piloto foi a fase que se seguiu. O fundo aprovado pelo Conselho de Ministros é de cerca de 100 milhões de dólares, mas poderá sofrer alterações, pois não é possível definir um custo final. A despesa do recenseamento populacional é suportada na íntegra pelo Estado. O responsável mostrou-se confiante de que o censo do próximo ano vai

transformar o INE na “maior empresa de Angola”, uma vez que se perspetiva o recrutamento de 50 mil pessoas. Os resultados do censo de 2013 serão conhecidos 18 meses depois, após a recolha e tratamento estatístico.

O Estado vai gastar 40 milhões de dólares no censopiloto, cerca de metade do valor investido na totalidade do processo que fica concluído no próximo ano

2012

47


SOCIEDADE

Patrícia Alves Tavares

África imune 4 anos é a estimativa para a chegada da vacina aos hospitais

200 m 800 M

de pessoas contraem a doença anualmente

cidadãos vivem em zonas de risco

É a segunda doença parasitária mais devastadora. As principais vítimas são as populações africanas e brasileiras que vivem em áreas onde o saneamento básico é precário. A Esquistossomose pode ter os dias contados graças a uma vacina que a organização brasileira Fiocruz está a desenvolver há várias décadas. Após o sucesso dos testes em laboratório, os cientistas preparam-se para experimentar o produto em solo africano. Se os resultados forem positivos, a primeira vacina contra a Esquistossomose fará parte dos lotes de medicamentos dos hospitais mundiais, dentro de três a quatro anos.

48

2012

É mais um passo da fundação brasileira Oswaldo Cruz (Fiocruz)no combate de doenças que atingem grande parte dos países africanos, onde existem condições precárias de tratamento de águas. Os cientistas da organização desenvolveram uma vacina contra a Esquistossomose, uma doença parasitária que aparece em áreas com saneamento básico precário e vão testá-la no Brasil e em África. O Laboratório Esquistossomose Experimental do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, Brasil, fez saber que a vacina foi testada em humanos, numa experiência que visou vinte voluntários e onde não se verificaram efeitos secundários graves. Provada a sua segurança de imunização, os cientistas preparam-se para levar a investigação para o terreno, nomeadamente as zonas africanas e brasileiras que detenham elevado índice de contração da doença. Os países ainda não são conhecidos, até porque caberá à Organização Mundial de Saúde (OMS), em parceria com a Fiocruz, designar os locais específicos que reúnam as melhores condições para o teste do medicamento. Miriam Tendler, chefe do laboratório que desenvolveu o projeto, admitiu à imprensa internacional que, após o período de experimentação, a vacina poderá estar disponível em hospitais

e centros de saúde dentro de três a quatro anos. Espera-se que com a entrada no mercado farmacêutico a vacina contra a Esquistossomose possa tratar 200 milhões de pessoas, em África, América Central e Brasil. A Esquistossomose é uma doença parasitária, grave, composta por organismos multicelulares, cujas larvas dos parasitas penetram na pele e provoca anualmente a morte de milhares de pessoas, sobretudo nas regiões indicadas. Após a infeção, os pacientes apresentam dores de cabeça, diarreia e tosse com sangue. Nos casos mais graves causa a morte ao atingir órgãos vitais, como o fígado, os rins, os

pulmões, a medula e o cérebro. Até ao momento, o único tratamento que existe recorre a antiparasitários. Contudo, este método não elimina o risco de novas infeções. Tendo em consideração os dados da OMS, é a segunda doença parasitária mais mortal. A primeira é a malária. Ainda de acordo com a organização mundial, cerca de 800 milhões de pessoas correm o risco de contrair a doença. A chegada ao mercado de uma vacina é um avanço considerável para a medicina, que poderá controlar uma doença que atinge as populações mais desfavorecidas.

4 décadas de pesquisa Foi em 1975, há quase 40 anos, que arrancou a investigação para a criação de uma vacina contra a Esquistossomose. De acordo com a fundação foram necessárias duas décadas de trabalho para identificar o princípio ativo que poderia atuar contra o parasita, neste caso a proteína S14. Esta exerce igualmente efeito farmacológico e imunizador contra doenças como a fasciolose hepática, uma doença que surgiu na Europa e atinge o gado.



50

2012


UM DIA COM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO Texto Patrícia Alves Tavares Fotos Direitos Reservados

— “Podemos influenciar as políticas europeias” —

Em 2009, assumiu o cargo de Embaixadora de Angola na Bélgica, Holanda e Luxemburgo, sendo também representante do país junto da União Europeia. Elizabeth Simbrão é o rosto da liderança feminina e da causa europeia. Ciente daquilo que a Europa espera do parceiro angolano, a responsável traça os novos desafios do relacionamento entre africanos e europeus e acredita que África deverá colocar-se numa posição de aliado do velho continente, de forma a procurar sinergias profícuas aos interesses comuns.

Frontal e determinada, Elizabeth Simbrão lembra que a sua pátria é muito mais do que petróleo e diamantes e que a Europa reconhece o investimento nos restantes setores de atividade. Ser parceiro dos países mais importantes da Europa e do mundo é, na voz da embaixadora, o futuro.

2012

51


UM DIA COM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO Parceiro europeu Como é que a embaixada angolana na Bélgica analisa e acompanha a situação económica e financeira na Europa? Na sua opinião, a incógnita existente face à evolução do seu conjunto de países e mercados pode ser um entrave para o desenvolvimento das relações de investimento vivenciadas até ao momento junto dos diferentes países africanos? Como embaixadora de Angola no Reino da Bélgica e como cidadã acompanho com preocupação a crise económica e financeira da Europa e do Mundo. Vivemos num mundo globalizado com mercados cada vez mais liberalizados e os problemas de uma determinada região do globo, como é o caso da Europa, são cada vez mais problemas globais que ultrapassam as suas fronteiras e extravasam, contagiando outros mercados como é o caso do mercado africano. Julgo que mais do que uma crise económica e financeira, vivemos num período em que é necessário inverter uma crise de valores à escala mundial. Durante as últimas décadas terão sido cometidos erros que, como se veio infelizmente a constatar agora, estão a ser pagos a um preço muito elevado. O crescimento não foi sustentado e alguns mercados foram evoluindo de forma virtual evidenciando os desequilíbrios macroeconómicos e as soluções foram sendo adiadas. Hoje tais problemas afetam não apenas a Europa mas o Mundo, dada a forte interdependência das economias dentro e fora da zona euro. É óbvio que o clima de incerteza que daqui resulta afeta a confiança dos investidores mas também não é menos verdade que só existe uma solução para o problema da atual crise económica: relançar o crescimento e criar mecanismos inovadores e mais eficazes de regulação dos mercados, tanto na Europa como a nível internacional. Não é possível sair da crise sem crescimento económico e julgo que a estratégia 2020 lançada pela União Europeia para a próxima década apenas poderá ser efetiva se tiver em linha de conta a sua relação com as outras economias emergentes, onde se inclui a africana. Qual será no seu entender o papel/ posição do continente africano na ajuda a uma velha Europa que carece de uma melhor orientação/rumo das suas estratégias? Não tenho a veleidade de pensar que vai ser o continente africano a endireitar o rumo da Europa. Penso sim, que o África deverá colocar-se numa posição de parceira da Europa, estreitando canais de cooperação bilateral em áreas de interesse comum. Considero que, para além da concretização dos objetivos de Desenvolvimento do Milénio, a Euro52

2012

pa e África estão empenhadas em consolidar e aprofundar os seus laços, apoiando-se no potencial ainda não explorado das relações UE-África. Foi aliás isso que ficou bem evidenciado aquando da realização da III Cimeira UE-África que decorreu em 2010 na Líbia, tendo-se elencado um conjunto de objetivos e estratégias comuns em domínios tão diversos como o desenvolvimento científico, o setor energético, a empregabilidade e outros. Em nosso entender, o continente africano deverá sempre colocar-se numa posição de parceiro relativamente à Europa procurando sinergias capazes de alcançar objetivos de interesse comum. Nesta senda julgo que podemos inserir o acordo de cooperação bilateral rubricado “ Caminho Conjunto Angola-UE”. Quais os principais interesses ou áreas de investimento angolano na Europa? Como é do conhecimento público, o nosso país tem riquezas naturais importantes. O petróleo e os diamantes são, de facto, a imagem de marca de Angola, mas esta é uma realidade que tende a mudar. O setor petrolífero contribuiu efetivamente para uma elevada taxa de crescimento da economia, mas outros setores apresentam também um crescimento contínuo e dinâmico, tais como a agricultura, pecuária, pescas, o setor da construção e serviços. No entanto, e apesar de considerar que o crescimento económico de Angola continuará a estar fortemente ligado à exploração das suas riquezas naturais, que estarão agora ca-

tratégico através da banca e da presença forte em empresas do ramo energético, das telecomunicações e de outros setores, fazem parte do caminho a seguir. Quanto mais presente a economia angolana estiver na Europa, mais facilmente poderá influenciar as políticas europeias, sejam elas relativas ao setor primário, secundário ou terciário. Recentemente o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, visitou Luanda. Nessa altura, anunciou o denominado “Caminho conjunto EUAngola” que inclui a cooperação entre áreas até hoje inéditas, como a energia, a mobilidade, o ensino e o desenvolvimento sustentável. Em segundo plano ficou o auxílio económico-financeiro de outrora. É este um símbolo do crescimento angolano? Quais os setores que, no seu entendimento, são prioritários para ambos os contextos de desenvolvimento? A visita do Presidente da Comissão Europeia a Angola é o sinal evidente que o país está na agenda política da União Europeia e que assume um papel cada vez mais importante no interface África - Europa. Parece-me que este é um dado adquirido e incontornável e revela bem o estatuto que Angola tem vindo a conquistar no panorama político mundial. O novo Acordo de Cooperação entre a União Europeia e Angola, designado “Caminho Conjunto Angola - União Europeia”, anunciado pelo Presidente da República, José Eduardo

“Importantes países da Europa e do mundo olham para o meu país não como um Estado que é necessário financiar, mas sim como um parceiro económico na senda do desenvolvimento” da vez mais diversificadas, a situação de paz e estabilidade tem ditado uma alteração do panorama socioeconómico diferente daquela que vigorou durante décadas a fio. Importantes países da Europa e do mundo olham para meu país, Angola, como um mercado apetecível recheado de oportunidades e encaram-no não como um Estado que é necessário financiar, mas sim como um parceiro económico na senda do desenvolvimento. Nesse sentido, o Executivo tem vindo a estabelecer inúmeras parcerias entre Angola e outros Estados que acabarão por inevitavelmente conduzir a um processo de industrialização e modernização do nosso país, que começa já a marcar presença em importantes mercados como é o caso do europeu. Ganhar posicionamento es-

dos Santos e pelo Presidente da CE, Durão Barroso em abril deste ano, por altura da sua visita a Luanda, e celebrado a 23 de julho, em Bruxelas, é o sinal inequívoco de que Angola e a União Europeia pretendem uma maior convergência de políticas e ações nos domínios da paz, segurança, crescimento económico, direitos humanos e um conjunto de outras áreas consideradas fundamentais, enunciando uma estratégia de cooperação mais abrangente que ultrapassa o quadro de Cotonou. A par dos tradicionais “Objetivos de Desenvolvimento do Milénio”, Angola e a UE discutem hoje em dia um conjunto mais diversificado de questões que passam, para além das que já enunciei, pelo desenvolvimento sustentado, inovação ciência e tecnologia, educação,


ém de ém l a a mb “Par al , ta ria g u t e Por a dev c i g l z a Bé da ve a c r da esta agen a n es s m ai tidor s e v n dos i s” lano ango

ambiente, energia e outras. Angola, apesar do seu enorme potencial de crescimento resultante das suas fontes de riqueza naturais, necessita, do meu ponto de vista, de alargar o mais possível o seu espectro de ação também no domínio da indústria e dos serviços e, nesse sentido, a aposta na formação superior e na ciência assume-se como fundamental. Hoje em dia, é impossível pensar-se em modernização e desenvolvimento sem apostas efetivas na ciência e na formação, o que é bem revelador da importância desta nova parceria. Para além de ser o maior doador a fundo perdido de Angola, a UE é também um importante parceiro de Angola no plano político e económico. A este nível não é de mais sublinhar que as exportações da UE para Angola duplicaram desde 2005 e que a UE é já o terceiro maior parceiro comercial de Angola em termos globais. Os laços que nos unem são, portanto, fortes e a vários níveis, sendo necessário alimentar no futuro as boas relações que existem no presente. Qual o balanço da concertação político-diplomática entre Angola e a Comunidade Europeia ao nível das relações internacionais e de cooperação?

O lobby junto das instituições comunitárias cria várias oportunidades de emprego Se não fossem boas, dificilmente se teria assinado o Acordo de Cooperação “Caminho Conjunto Angola - União Europeia”, em julho passado. A intensificação do diálogo e da cooperação entre Angola e a União Europeia são prova da vitalidade política- diplomática entre as partes. A presidência angolana da Comunidade dos países de Língua portuguesa (CPLP) e da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral (SADC) também contribuiu para que Luanda se tenha afirmado como um dos principais interlocutores africanos junto de Bruxelas. Faço votos que esta relação de proximidade se mantenha e como Embaixadora de Angola tudo farei para alimentar esta relação que tem tudo para ser coroada de sucesso.

Consolidação democrática 2012 ficará na história por ser ano de eleições em Angola. Como é que a população radicada na Bélgica, Holanda e Luxemburgo viu este acontecimento? São participativos e acompanharam de perto o que se passou no último mês na sua terra natal? Nestas eleições, que decorreram em agosto, o voto dos angolanos não foi extensivo à diáspora. Porém, a Embaixada em Bruxelas, facilitou, em termos migratórios, a deslocação a todos aqueles que pretenderam exercer o seu direito democrático de voto no país. Os que vivem ou já viveram fora de Angola sabem que os laços que os ligam à terra natal vão muito além da esfera geográfica. Longe ou perto, os angolanos trazem sempre o seu país no coração e estou certa que todos mantêm uma esperança de retorno à pátria. Nesse sentido, é natural que se preocupem com o seu destino, mas confiam na vitória do líder, que consideram que melhor servirá os interesses de Angola e dos angolanos. Na Bélgica, no Luxemburgo ou em qualquer recanto do mundo, os angolanos estarão sempre atentos ao que se passa no seu país. 2012

53


UM DIA COM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO “Vivemos num período em que é necessário inverter uma crise de valores à escala mundial. A estratégia 2020 lançada pela UE para a próxima década apenas poderá ser efetiva se tiver em linha de conta a sua relação com as outras economias emergentes”

54

2012


Perfil —

Maria Elisabeth Simbrão, que já foi Cônsul-Geral de Angola em Lisboa, foi nomeada por José Eduardo dos Santos representante do país em Bruxelas, em 2009, substituindo Toko Diankenga Serão. Licenciada em direito pela Universidade Agostinho Neto, a também embaixadora de Angola junto da União Europeia ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1976, tendo desempenhado várias funções, entre as quais se destacam a de Secretária do Presidente da República para as Relações Exteriores entre 1986 e 1990. Posteriormente foi Conselheira na Embaixada de Angola na República Federal da Alemanha (Bona) e, mais tarde, regressou ao país para ocupar o cargo de diretora dos Assuntos Jurídicos e Consulares. Em 1999 foi nomeada Cônsul em Lisboa, onde se evidenciou pelo empenho na promoção da inserção social dos angolanos na sociedade portuguesa. Daí rumou ao Benelux, onde se mantém ainda hoje nas funções de embaixadora. A Embaixada de Angola na Bélgica foi inaugurada em 1977

A Comissão Europeia observou a ida às urnas. Este é no seu entender um fator importante para que os parceiros europeus reconheçam a transparência do processo eleitoral? Antes de mais, julgo que é importante referir que a realização das terceiras eleições gerais resultou de um processo contínuo e sustentado de maturação política de Angola e dos angolanos. Este facto é digno de registo e é o retrato da consolidação da democracia no nosso país, o que é de enaltecer. A efetivação de eleições justas e transparentes, respeitando a soberania do Estado e a Constituição da República, é um objetivo real e legítimo que os angolanos sempre defenderam. Não obstante a construção democrática se estar a processar de uma forma positiva, e ser importante garantir a credibilidade externa dos processos que estão a ser aplicados no nosso país, consideramos que a observação das eleições por parte dos parceiros comunitários deve ser encarada como natural e de forma positiva tendo em conta o processo de crescimento e consolidação da democracia já conseguidos.

cas entre diferentes países. Estando no coração da Europa e fazendo fronteira com países influentes, a Bélgica assume-se como uma interessante “montra” de produtos e serviços tendo em vista a conquista de vários outros mercados contíguos, principalmente o francês, luxemburguês, holandês e alemão. Para além de Portugal, que por razões históricas e linguísticas continua a ser para Angola uma excelente plataforma de entrada na Europa, também a Bélgica deveria, pelo que já referi, estar cada vez mais na agenda dos investidores angolanos. Defende uma reforma dos métodos de trabalho da embaixada. Na sua opinião, o que é que pode ser mudado e como é que o organismo se pode adaptar mais eficazmente às novas dinâmicas? Como é do conhecimento público, toda e qualquer Embaixada é uma representação de um país no exterior cujo objetivo é o de fazer funcionar o sistema de intercâmbio que os Estados utilizam nas suas relações internacionais, como instrumento da sua política. Es-

“Angola necessita de alargar o mais possível o seu espectro de ação também no domínio da indústria e dos serviços. A aposta na formação superior e na ciência assume-se como fundamental” Quantos angolanos existem atualmente a viver na Bélgica? Como se processa a sua integração nesta sociedade e em que setores se incluem? Se tivesse de caracterizar o país em termos de oportunidades, como o faria? Num universo estimado em oito mil angolanos residentes, temos cerca de 2500 inscritos, cujo processo de integração nem sempre foi fácil para a maioria ainda existente. Porém, a Bélgica pode considerar-se um país de oportunidades para a maioria dos migrantes e não falo apenas dos angolanos. Pode o mesmo ser uma importante porta de entrada para um mercado global e sem fronteiras? Na verdade a Bélgica, e em particular Bruxelas, é a porta de entrada para o mercado da União Europeia sendo uma cidade de trabalho onde grande parte das empresas europeias e mundiais, sejam elas ligadas ao setor primário, secundário ou terciário têm, pelo menos, uma agência de representação permanente. O lobby junto das instituições comunitárias cria várias oportunidades de emprego e o posicionamento geoestratégico da Bélgica e de Bruxelas fazem deste território um local de excelência para as relações económi-

tas organizações pretendem aproximar o país que representam do país de acolhimento, não obstante o distanciamento geográfico. Este é, por assim dizer, o principal desígnio da Embaixada de Angola junto do Reino da Bélgica que, de entre os deveres de representação institucional, ressaltam a defesa dos interesses e proteção dos cidadãos angolanos, que na Bélgica se radicaram e laboram nos diferentes setores da economia. Neste sentido, a nossa missão tem por principal finalidade fazer funcionar o interface Bélgica-Angola, em todos os domínios da diplomacia, servindo de canal privilegiado no relacionamento institucional entre o Governo de Angola junto do Reino da Bélgica, do Grão Ducado do Luxemburgo e igualmente junto das instituições comunitárias da União Europeia sedeadas em Bruxelas. Como embaixadora, o meu papel é o de garantir que esta ponte funcione e que os métodos de trabalho sejam sistematicamente aperfeiçoados por forma a servirmos cada vez mais e melhor aqueles que, legitimamente, de nós esperam sempre o máximo. Que tipo de apoio é mais procurado pelos angolanos na diáspora? De que forma este é peça fundamental para tornalos cidadãos melhor integrados, pró2012

55


UM DIA COM… EMBAIXADORA ELIZABETH SIMBRÃO

to u per o e g “Lon la , os zem o g n ra de A nos t aís a l o p ang o seu e r p e sem ação ue r o c q no erta c u o m est antê m s do o tod ança ” r pe s uma e o à Pátria rn reto

ativos e participativos neste país de acolhimento? O apoio documental é o mais procurado. Os nossos concidadãos requerem todo o tipo de documentação de âmbito consular que possibilite a sua legalização no país de acolhimento como única forma de conquista desse espaço através do exercício de uma atividade profissional. Uma das missões da Embaixada é dar resposta às questões e aspirações dos cidadãos angolanos residentes. Quanto melhor for essa resposta, mais bem preparados estarão para assumir os desafios a que se propuseram, optando por viver e trabalhar na Bélgica e poder contornar as dificuldades e constrangimentos que uma experiência destas também acarreta. Tal como num casamento, o papel de um embaixador é estar presente nos bons e maus momentos. E é um pouco isso que procuro fazer relativamente à nossa comunidade aqui residente. Quais as ações mais importantes que têm previsto realizar este ano, bem como ao nível das funções, quais as atividades diplomáticas que desenvolvem no sentido de dar a conhecer melhor Angola e a sua cultura? Devo salientar que contamos com quinze associações da diáspora angolana, com as quais 56

2012

“Quanto mais presente a economia angolana estiver na Europa, mais facilmente poderá influenciar as políticas europeias, sejam elas relativas ao setor primário, secundário ou terciário” trabalhamos no sentido de aproximar a nossa comunidade o mais possível das suas origens. Buscamos sempre formas de alívio para que ela se sinta apoiada e defendida como nos casos de repatriamento ou detenções. Numa era em que a internet assume um papel fundamental na vida de todos os cidadãos, considero que a conclusão, em breve, do nosso site como fórum interativo associado, sob a cobertura desta embaixada, será o próximo passo importante a seguir, embora o mesmo já funcione como um relevante veículo de informação para a nossa comunidade. Nesse sentido, também criamos uma newsletter a “AngoNouvelles” com o primeiro número já publicado e como é óbvio será periodicamente enviada a todos aqueles que manifestem interesse em recebê-la. Faremos a abordagem de temas atuais de interesse, não apenas para a comunidade angolana, mas também para ou-

tros públicos, nomeadamente para a comunidade diplomática. Temos assinalado algumas datas importantes do calendário angolano como o 4 de fevereiro, 8 de março, 25 de maio, 11 de novembro, além de outras datas como o dia da CPLP e da SADC, organizando eventos. Estamos em contacto com alguns deputados europeus para, no Parlamento Europeu, organizarmos workshops, seminários e debatermos questões fundamentais no âmbito da relação Angola-UE, sobre a Paz, Segurança e Crescimento Económico e desenvolvimento científico e tecnológico, como temáticas que poderão estar em cima da mesa. Em suma, queremos estar cada vez mais próximos da nossa comunidade, interagindo com ela, mas sobretudo ser a vitrina do nosso país para reportamos, de forma objetiva e reflexiva, a nossa realidade num mundo globalizado em constante mutação.


2012

57


FOTOREPORTAGEM

Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia Lindomar de Sousa

A força da arte do lápis —

Definição de cartoon Caricatura, desenho humorístico acompanhado de legenda (ou não), que retrata de forma crítica o dia-a-dia de uma sociedade.

— Inconfundível e único, o cartoon tem a capacidade de num pequeno quadrado dizer mais que infinitas linhas de texto. Consegue transmitir em imagem a crítica social e surtir um efeito que muitas palavras, por muito acutilantes que sejam, não despertam na sociedade. É uma arma poderosa, que de forma descomprometida diz o que um país pensa, mas não pode ou não quer verbalizar. Luanda recebeu a nona edição do Festival Internacional de Banda Desenhada (BD) dias antes das eleições presidenciais e o evento foi o rosto da sociedade expectante. Três dezenas de cartoonistas nacionais e 11 estrangeiros abrilhantaram o encontro organizado pela Lindomar Estúdio, que contou pela primeira vez com a participação da Alliance Français. Nesta edição, viaje pelo mundo do cartoon, no ano em que o país foi a votos.



FOTOREPORTAGEM

60

2012


2012

61


ARQUITETURA&CONSTRUÇÃO

Patrícia Alves Tavares

O fim do défice habitacional

— Em 2014 cada município do vasto território terá 200 casas erguidas pelo Estado. É essa a garantia do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, que contempla a criação de infraestruturas básicas e apoio ao ordenamento urbano. Tudo para que nenhum cidadão fique impossibilitado de usufruir de uma habitação condigna, mesmo que tenha poucos rendimentos.

Até ao momento, cada localidade está a construir 100 das 200 habitações previstas. São casas do tipo T3, geminadas e independentes

62

2012


PROCESSO DE VALORIZAÇÃO DE RESERVAS FUNDIÁRIAS

Exemplo de casas com padrão económico pré-definido

Terra

Reserva fundiária

Infra estrutura

Habitações

“Trata-se de um esforço gigante em termos de dimensão de execução, inédito no nosso país, mas necessário e viável, que só será possível com uma ampla participação de todos”. É desta forma que o Ministério do Urbanismo se refere aos programas que o Executivo tem lançado no segmento habitacional. Entre 2006 e 2007, Angola integrava a lista das Nações Unidas das cidades cujo crescimento económico não era acompanhado pelo aumento da população urbana. Na ocasião, existia um défice habitacional de 1,7 milhões de casas, apenas em Luanda. Atualmente, o Programa Nacional de Urbanismo e Habitação é uma referência junto dos parceiros europeus. O plano divide-se em vários projetos: o Subprograma de 200 fogos por município, o Subprograma de 120.000 casas em todas as províncias do país, o Subprograma de autoconstrução dirigida e o Subprograma de Aldeamentos Rurais autossustentáveis, cujos projetos-pilotos serão implementados nas províncias de Cabinda e Uíge. Contudo, o projeto de implementação de duas centenas de casas por município é o mais emblemático e aquele que tem data de conclusão definida. Além do mais, o seu grau de sucesso fez com que o Ministério do Urbanismo e Construção tivesse apresentado o programa numa conferência internacional sobre habitação.

Projeto de ouro Desenvolvimento urbano, ordenamento do território e crescimento das cidades foram alguns dos ganhos do projeto governamental que tem conclusão agendada para 2014. O plano de habitação estabelece a construção de 200 casas em cada município do país. Para Adérito Mohamed, diretor nacional do Intercâmbio do Ministério do Urbanismo e Construção, o programa “vai de encontro com aquilo que são os desafios do crescimento mundial no que toca a urbanização”. Partindo de um direito fundamental patente na Constituição do país (Todo o cidadão tem direito a habitação e à qualidade de vida, artigo 85º), o Governo quer desenvolver o setor habitacional, propiciando aos cidadãos o acesso a uma habitação condigna e com as infraestruturas básicas. Ao referido programa juntam-se uma série de iniciativas do Estado e de privados que visam a construção de habitações sociais, a criação de mecanismos de crédito que facilitem a aquisição e arrendamento de propriedades e o impulsionamento da autoconstrução dirigida.

Metas da Política Habitacional —

› Promover a

qualificação do território (e consequente qualidade de vida através da preservação do património natural e da ocupação humana sustentada);

› Consolidar as condições essenciais ao processo de desenvolvimento;

2012

63


ARQUITETURA&CONSTRUÇÃO Projeto Nova Vida quase concluído

ExemploS de UrbanizaçÕES

— Cada município tem desenvolvido paralelamente programas de incentivo à urbanização das regiões e criação de infraestruturas adequadas à população. É o caso projeto habitacional Nova Vida, que começou a ser materializado em 2001, em Luanda. Com data prevista de conclusão para o final do ano, o plano é uma parceria público-privada e destina-se a reduzir o défice habitacional da capital. Prestes a finalizar a segunda fase do projeto, o Executivo congratula-se de ter erguido mais de 4500 casas (apartamentos e moradias) no município de Kilamba Kiaxi.

Verbas em fevereiro “Construir para o desenvolvimento de Angola” é o mote do Executivo para se referir à execução do programa nacional. As verbas foram garantidas em fevereiro e, a partir desse momento, o país tem assistido ao avanço da construção de 200 habitações distribuídas pelos 165 municípios, que apesar dos ritmos diferentes de cada região está a decorrer com toda a normalidade. Entretanto, “foi feito o arrolamento dos edifícios que constituem património das instituições do Estado, para que possa ser transferido para o Instituto Nacional de Habitação”, anunciou publicamente o ministério. Uma medida essencial para libertar os terrenos para a execução do programa. Na ocasião ficaram igualmente garantidas as condições e o modelo do Fundo de Fomento Habitacional, que vai fundamentar o projeto habitacional e estabelecer o relacionamento entre cidadãos e instituições bancárias.

64

2012

201

é o ano de conclusão do programa

200

casas em cada município das 18 províncias

120.000 habitações em todas as províncias

100

esidências ficam brevemente concluídas em cada sede de município

Bom ritmo A empreitada já se sente em todas as sedes de município. O projeto está dividido em duas fases e a primeira está a dias de ser concluída. Até ao momento, cada localidade está a construir 100 das 200 habitações previstas. São casas do tipo T3, geminadas e independentes, compostas na maioria por cozinha, sala, três quartos, casa de banho, varanda e quintal. Para o segundo turno ficam os edifícios detentores de habitação e pequeno comércio acoplado. Estes empreendimentos deverão ser inaugurados dentro de dois anos. As primeiras edificações ocupam 25 mil hectares de cada município, cujo espaço está dividido em 300 lotes de 300 metros quadrados. Para garantir a segurança das construções, o Governo tem implementado projetos complementares que visam a infraestruturação dos espaços onde estão a ser erguidas as residências, bem como a melhoria das capacidades de distribuição de energia elétrica e de água potável

O investimento ultrapassa os quatro milhões de dólares. O valor cresce se incluirmos os projetos paralelos que cada província tem desenvolvido. Por exemplo, no Kwanza Norte, o plano de urbanização comporta a construção de 4500 residências em Cazengo, uma iniciativa que se insere no plano diretor de desenvolvimento da capital da província, que no total tem mais de 500 mil habitantes. Também na Huíla, as obras decorrem a bom ritmo e o governador provincial, Isaac dos Anjos, admite mesmo que este plano tem contribuído para melhorar o grau de confiança da população. Reconhecendo que a criação de 200 casas em cada localidade está longe de ser suficiente para colmatar o défice habitacional, lembra que o Governo não tem recursos suficientes para “construir casas para todos os cidadãos, mas tem meios para entregar aos munícipes para edificar uma residência com qualidade e de gosto próprio”.


Para o segundo turno ficam os edifícios detentores de habitação e pequeno comércio acoplado. Estes empreendimentos deverão ser inaugurados dentro de dois anos

Exemplo de infraestrutura Técnica

REDE DE DRENAGEM REDE DE SANEAMENTO REDE DE ÁGUA REDE ELÉCTRICA (ILUMINAÇÃO PÚBLICA) PAVIMENTOS E PASSEIOS

REDE ELÉCTRICA REDE DE ÁGUA POTÁVEL REDE DE SANEAMENTO SISTEMA VIÁRIO

3 províncias com estradas O programa é igualmente composto pelo Plano Estratégico de Reabilitação e Conservação das Estradas Terciárias (PERCET). Estas constituem mais de metade das vias nacionais e permitirão levar os serviços básicos e terciários a todas as populações. As obras do referido plano estão em curso em Luanda (municípios de Icolo e Bengo e Kissama), Benguela e Kuando Kubango. As restantes ainda aguardam o início das obras. A aposta nos equipamentos envolventes das estruturas habitacionais é fundamental para a resolução de um dos grandes problemas da população e condicionante da economia local. A prossecução da política de construção e habitação contribui para o combate ao desemprego, “incentiva a requalificação e valorização dos centros urbanos e rurais, promove uma fixação ordenada das populações e a superação das assimetrias regionais”, indica o ministério.

Regime de isenção —

Em Janeiro foi aprovado e publicado em Diário da República o Regime Especial de Isenção de Imposto para incentivar a execução do Plano Orçamental. A Angola’in teve acesso ao documento e reproduz parte dos objetivos desta medida: Artigo 1º (Objecto) 1. É criado o Regime Especial de Isenção de Imposto sobre Aplicação de Capitais que recaia sobre os juros de financiamentos e de suprimentos concedidos às entidades do sector público empresarial, isto é, às empresas públicas e respectivas subsidiárias, bem como as sociedades comerciais cujo capital social seja, directa ou indirectamente, integralmente, subscrito pelo Estado que executem o Programa Nacional de Habitação.

A Isenção do Imposto sobre a Aplicação de Capitais ora criada visa constituir um incentivo fiscal para as entidades do sector público empresarial, relativamente aos projectos que desenvolvam na execução do Programa Nacional de Habitação.

2012

65


ARQUITETURA&CONSTRUÇÃO

Patrícia Alves Tavares

UN Habitat parceiro de Angola Angolano no Mosan Art Museum

— O artista Etona está em Seul, na Coreia do Sul, a criar uma escultura em pedra. A obra, que tem dois metros de largura, dois de comprimento e dois de profundidade começou a ganhar forma no início do mês e tem dois elementos inspiradores: o elefante, símbolo da cultura mundial, e o pensador, que representa a cultura nacional. O escultor integra uma lista de 10 artistas internacionais que foram escolhidos para idealizar peças de arte exclusivas para a exposição no museu asiático. Etona é o único africano convidado pela casa de cultura e espera deixar a sua marca naquele país.

— A UN Habitat, Nações Unidas para Assentamentos Humanos, anunciou que vai assinar um acordo de cooperação com o Governo e irá enviar um representante já no próximo ano para desenvolver assessoria técnica na capital do país. O protocolo visa várias áreas, nomeadamente a melhoria dos assentamentos informais e a redução de riscos das calamidades. O objetivo consiste em apoiar ações que evitem situações intrinsecamente associadas à questão da administração da terra e do ordenamento territorial. A assessoria da ONU irá orientar os financiamentos, apoiando o Governo angolano no desenvolvimento dos assentamentos humanos. De acordo com a agência, o país tem conseguido solucionar os problemas básicos de habitação, acesso aos serviços básicos e urbanização.

11 mil casas na Huíla

— Isaac dos Anjos, governador da Huíla, analisou a nova centralidade que está a ser erguida em Quilemba, nomeadamente a construção das 11 mil residências. A obra está a cargo da empresa chinesa Grupo Savana, que explicou ao governante o estado atual dos trabalhos. Contudo, não adiantou quando será concluída a empreitada. O responsável avaliou os empreendimentos sociais e económicos que estão a ser erguidos e foi conhecer a reserva fundiária onde serão erguidos mais de 30 estabelecimentos comerciais.

Mercado residencial cresceu no Cunene — Em apenas quatro anos nasceram mais de quatro mil casas no Cunene. O investimento visou as sedes municipais e comunais da província e esteve a cargo do Governo que construiu 4.606 habitações. Paralelamente está em execução o Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, que se destina a minimizar os problemas habitacionais da região. O projeto indica que cada município da localidade vai ganhar 200 residências sociais. Metade das casas já está concluída. As obras arrancaram em março.

Portuguesa vence concurso internacional

— Mais de três mil fotógrafos oriundos de todo o mundo concorreram à 3ª Edição do Art of Building (Arte da Construção) e o vencedor fala português. Inês Costa, de Lisboa (Portugal), ganhou o concurso internacional de fotografia de arquitetura com uma imagem tirada em Banguecoque, na Tailândia. A vencedora foi eleita através de votação no site do concurso. A imagem retrata um homem que participa na construção de um templo e que trabalha debaixo de sol intenso. Segundo a autora, está a “construir arte”. As 12 fotos finalistas serão leiloadas e o valor angariado será aplicado no projeto de construção de escolas no Haiti.

66

2012



INOVAÇÃO&DESENVOLVIMENTO

Patrícia Alves Tavares

Parques eólicos

Ventos de mudança

— Angola junta-se brevemente ao círculo restrito de nações africanas que detêm parques eólicos. O país vai erguer a sua primeira infraestrutura, que será uma das maiores do continente e vai dinamizar a produção energética num setor que tem grande potencial, mas que apenas aproveita cinco por cento da sua capacidade. Ainda não foram divulgadas datas quanto ao início da sua construção ou entrada em funcionamento. Para já, sabe-se que Tombua, no Namibe, foi a região eleita para albergar o complexo.

Será o primeiro de muitos parques eólicos a nascer no país. O Governo angolano está empenhado em deixar a sua pegada de eficiência energética e proteção do ambiente e prepara-se para construir aquele que será um dos maiores parques de produção de energia eólica do continente africano. Tombua, no Namibe, é a região escolhida para albergar a infraestrutura que terá como mais-valia um centro de formação e ensaio de novas tecnologias. O projeto vai permitir suprir as necessidades de consumo e impulsionar a produção industrial. O programa go-

68

2012

vernamental indica que deverão ser instalados cinco mil MW até 2016. Tal vai permitir o autoabastecimento e alcançar os países a sul de Angola. “Temos um amplo potencial ainda por explorar e que pode permitir atender necessidades não só no domínio de consumo, como também da produção industrial, sendo que o programa do governo estabelece este princípio e objetivo que é instalar até 2016 cinco mil Mw”, anunciou o ministro da Energia e Água, João Baptista Borges. No entanto, não desvenda qual a data de início das obras naquele que será o primei-

ro parque do género a nascer no país. Apenas se sabe que o projeto arranca em breve. O parque terá uma produção de 100 MW e inclui a criação de um sistema nacional de abastecimento que assegure o fornecimento da energia do vento aos principais centros urbanos, como Benguela, Cabinda, Huambo e Luanda. A capacidade de produção adicional será igualmente alargada através da instalação de novas centrais e a reabilitação dos sistemas de distribuição.


Números

100 mEGAwATTS é a potência do futuro parque eólico

18 mil mEGAwATTS é a potência que o país consegue gerar

50%

capacidade eólica de Angola é explorada

Tombua, no Namibe, é a região escolhida para albergar a infraestrutura que terá como maisvalia um centro de formação e ensaio de novas tecnologias

Potencial subaproveitado

Atualmente, o país explora apenas cinco por cento do seu potencial e a nova central vai permitir aumentar largamente a sua capacidade de produção e exploração que pode chegar aos 18 mil MW. Situação que o Governo quer inverter rapidamente, uma vez que pretende assegurar a estabilidade do funcionamento energético dos múltiplos sistemas e o aproveitamento de uma fonte de energia renovável é a melhor solução. Para o Ministro da Energia e Água, João Baptista Borges, a aposta nes-

te segmento é o percurso natural do mercado energético nacional e um investimento fundamental, uma vez que se trata de uma energia limpa e que é produzida de forma sustentada. “É forte aposta nas energias renováveis e na redução do déficit energético”, frisou durante a apresentação do projeto. A edificação do parque eólico será faseada e a curto prazo deverá avançar a primeira etapa, que consiste na montagem das torres. Católica estudou mercado nacional Este mês decorre na Universidade

Católica, no Centro de Estudos de Investigação Científica (CEIC), decorre a habitual Conferência Internacional sobre Energia, que reúne anualmente especialistas nacionais e estrangeiros. No ano passado foi abordado o tema “As relações Angola-China no domínio dos petróleos” e apresentado o relatório do desempenho do setor em 2011. Além do enquadramento macroeconómico da exploração de petróleo, a conferência destaca-se habitualmente pela discussão que gera à volta de outras fontes de energia, nomeadamente o abastecimento elétrico no país. Na ocasião, o relatório centrou-se na enumeração dos novos projetos que no ano passado contribuíram para o aumento

da produção de energia. Este ano, os profissionais do setor aguardam com expectativa o novo relatório e esperam abordar as novas iniciativas governamentais.

Eletricidade e biocombustíveis O futuro parque eólico integra o programa governamental que inclui o investimento em energias renováveis para produção de eletricidade e biocombustíveis. De acordo com as recentes declarações de Maria Graciette Pitra, diretora do Departamento de Biomassa do Ministério da Energia e Águas, o Executivo está a estudar as várias formas de exploração e rentabilização da energia ge-

“Temos um amplo potencial ainda por explorar e que pode permitir atender necessidades não só no domínio de consumo, como também da produção industrial, sendo que o programa do governo estabelece este princípio e objetivo que é instalar até 2016 cinco mil Mw”, anunciou o ministro da Energia e Água 2012

69


INOVAĂ‡ĂƒO&DESENVOLVIMENTO O Governo planeia criar duas fĂĄbricas de biocombustĂ­veis Ă base de canade-açúcar para reforçar o mercado de distribuição energĂŠtica. O prazo de execução ĂŠ de dois a trĂŞs anos

rada pelo vento e planeia criar duas fĂĄbricas de biocombustĂ­veis Ă base de cana-de-açúcar para reforçar o mercado de distribuição energĂŠtica. Este projeto tem um prazo de execução de dois a trĂŞs anos. Nesta tarefa, o Governo de JosĂŠ Eduardo dos Santos conta com a colaboração de parceiros privados para produzir eletricidade e etanol partindo da queima da cana-de-açúcar. A responsĂĄvel discursou numa conferĂŞncia que reuniu a Associação dos Reguladores de Energia dos PaĂ­ses de LĂ­ngua Oficial Portuguesa e revelou que estĂĄ na agenda ambiental angolana a aposta no desenvolvimento de “polĂ­gonos florestais no centro sul e norte do paĂ­sâ€?, em que os resĂ­du-

os sólidos florestais e urbanos serão convertidos em projetos de energia. A meta Ê ambiciosa, mas possível: permitir que 50 a 60% da população rural tenha acesso a energia atÊ 2025. Nas localidades mais isoladas estå em fase de conclusão a instalação de 63 sistemas solares fotovoltaicos. Ainda em relação ao Namibe, importa recordar que estão em construção duas centrais de fornecimento de energia elÊtrica, uma junto ao aeroporto e outra no påtio da central tÊrmica do Xitoto. Os equipamentos, que ficam prontos este ano, terão capacidade de dez megawatts e vão servir 11 mil ligaçþes domiciliårias nas zonas perifÊricas da província.

Sabia que‌ Angola prepara-se para investir em 130 projetos de energia solar para minimizar os problemas de fornecimento de energia a escolas e centros de saúde. Segundo o ministro da Energia, os fornecedores de equipamentos de energia solar vão beneficiar de incentivos fiscais.

2012

A zona årida do QuÊnia Ê a região africana que terå o maior parque eólico do continente. O equipamento estå em fase final de construção e deverå começar a eletricidade em 2014, prevendo-se que atinja a capacidade total de produção (de 300 MW) em 2015. A infraestrutura terå 365 turbinas e virå suprir 30% das necessidades do país, que tem ventos que sopram a 11 metros por segundo. O projeto Ê financiado pelos Estados Unidos, Holanda e Dinamarca.

70

QuĂŠnia tem o maior parque eĂłlico


INOVAÇÃO&DESENVOLVIMENTO

Patrícia Alves Tavares

Centro de Ecologia inaugurado

— O Huambo já inaugurou o Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC), o primeiro do país e que vai incidir na investigação aplicada no âmbito da ecologia tropical e respetiva gestão de ecossistemas naturais. O CETAC destina-se a apoiar a implementação de programas de preservação do ambiente e vai desenvolver a atividade em todas as regiões do território. Em estudo, está a implementação de mais estações de investigação científica noutras províncias.

Recursos minerais investigados

— Um laboratório português vai proceder ao levantamento dos recursos minerais existentes no sul de Angola. Uma equipa do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) luso vai percorrer durante os próximos oito anos a região sul em busca de recursos minerais metálicos e rochas industriais. O acordo inclui ainda a formação de quadros do Instituto Geológico de Angola e o auxílio à reestruturação do organismo, que vai receber 30 milhões de euros, devido a este projeto. O país quer relançar o setor mineiro e conta com o apoio de Portugal para apostar nesta matéria.

Faltam especialistas em África

— Maria Abreu, diretora de markting da DStv Eutelsat, revelou numa palestra sobre “Prémios Estrela da DStv Eutelsat 2012” que o continente africano ainda não produz licenciados suficientes para colmatar as necessidades das áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. A responsável afirmou que as empresas de base tecnológica ainda se deparam com a falta de especialistas com competências específicas. As referidas áreas, considerou, são “um pré-requisito para o crescimento económico sustentável” e são estratégicas para o continente.

Espaço público com energia solar

— O largo do cine São João, no bairro Popular, em Luanda, é o primeiro espaço público a ter iluminação proveniente de energia solar. A inovação faz parte do Projeto Vias de Luanda que recorreu pela primeira vez a painéis fotovoltaicos para iluminar a capital. Para dar luz ao largo foram colocadas 24 colunas com luminosidade de 150 watts e oito com 70 watts, que captam e transformam os raios solares em energia que é armazenada em baterias. O projeto foi instalado em abril, mas só agora entra em funcionamento. O plano encontra-se ainda na fase experimental.

Múcua tem aproveitamento

— Mabiala Damasco, inventor nacional, desenvolveu um projeto que se baseia no aproveitamento industrial da múcua, o fruto do embondeiro. O criador vai mostrar a sua ideia na Feira Internacional da Alemanha. De acordo com a sua pesquisa, o processo industrial da múcua vai utilizála em derivados como compotas, gelados, sumos, chocolates e outros suplementos alimentares. Apesar de ainda estar na fase de investigação, o cientista defende que a substância é uma matéria reativa antibacteriana, extraída da flora angolana e que tem componentes medicinais, sendo usado para combater doenças infeciosas.

Mediatecas Primeira fase concluída

— O projeto Rede de Mediatecas de Angola, que está a levar os espaços informativos multimédia às diferentes províncias, prepara-se para dar início à segunda fase. O primeiro momento ficou concluído com a formação dos primeiros quadros nacionais especializados em biblioteconomia e com a inauguração das mediatecas de Luanda, Benguela e Lubango. O programa que se destina à inclusão social e digital da população está a decorrer dentro dos prazos e em outubro e dezembro serão inaugurados os espaços do Soyo (Zaire) e do Huambo.

2012

71


DESPORTO

Manuela Bártolo

KICK-OFF GRANDE ÁREA····························· 74

O homem que não perde tempo

Ayrton Senna é o maior piloto de todos os tempos. A sua marca continua viva na memória de todos os amantes de Fórmula 1. 18 anos após o fatídico acidente, a recordação dos seus últimos 21 minutos de glória

Insight············································ 78

Vontade de vencer

A provar que a deficiência também se vence, a brasileira Terezinha Guilhermina é um exemplo de força e superação. Vencedora de ouro nos Jogos Paralímpicos Londres 2012, revela nesta imagem que a palavra impossível nunca deveria ter sido inventada

GPS Pedroto orgulhoso no Interclube É a única equipa que está em três competições em simultâneo, o que representa um acréscimo de esforço físico para os jogadores. O treinador do Interclube, Bernardino Pedroto, já reconheceu os sacrifícios dos atletas e diz estar “extremamente orgulhoso” por orientar um grupo que sabe reagir condignamente “à fome e à desgraça”, mantendo o espírito de campeões. Foi contra o Sagrada Esperança que a equipa regressou às vitórias. “Não é todos os dias que uma equipa que, em 21 dias tem sete jogos, com viagens desgastantes pelo meio, consegue manter o comportamento e uma índole e integridade profissional acima da média”, explicou.

ANGOLA na luta do GP2 Series Ricardo Teixeira foi convocado para a última prova de GP2 Series, que decorre em Singapura. «Esta participação foi inesperada, pois não contava com a mesma, pelas dificuldades económicas que atravessamos. Assim, num domingo à tarde fui

FORA DE JOGO···························80

contactado pelos responsáveis da Rapax, para me preparar para embarcar para

Na elite do xadrez

ao Extremo Oriente», explica o piloto luso-angolano em comunicado. Motivado para

É angolano e o quinto praticante de xadrez a ser reconhecido como mestre pela Federação Internacional da modalidade. O percurso de Eduardo Pascoal, atual tetracampeão nacional absoluto, desde a infância até à data. Uma história feliz que começou por pura brincadeira!

Singapura, já que os dois carros da equipa embarcaram nesse mesmo dia em direção lutar por um bom lugar, o atleta já fez o reconhecimento da pista e diz que tem como principal objetivo terminar as duas corridas, “de preferência sem toques”.

Cruzamento······························ 82

O ano da Palanca

José Sayovo voltou a surpreender o mundo e a dignificar a nossa bandeira. O velocista subiu ao pódio por duas vezes e ouviu-se o hino de Angola em terras de Sua Majestade. Mais duas importantes medalhas para o atletismo nacional que renovam as esperanças para 2016

Bloco de Notas······················ 84

Desporto em notícia

Hóquei em patins, voleibol, futebol e boxe. Quatro modalidades em destaque nas novidades de desporto este mês. Uma chamada de atenção para a notíciaRio2016 apoia africanos. Finalmente uma excelente novidade para os atletas do continente

72

2012

Isner Paulo João Futebolista prodígio Isner Paulo João tem apenas 14 anos mas é considerado uma promessa do futebol nacional. Natural de Luanda, o jovem jogador cedo despertou o interesse dos clubes portugueses. Jogou nas escolas do Águias de Camalati de Lisboa e esteve a um passo de assinar pelo Sporting Clube de Portugal. Atualmente representa o Progresso de Sambizanga e é constantemente convocado para integrar o plantel da equipa sénior. É canhoto e detentor de uma técnica invejável para qualquer atleta da sua idade. Razões que colocaram Isner num escalão acima da sua idade. Ainda não completou 15 anos e já foi promovido ao escalão de juvenis e treina regularmente com a equipa principal. Nos jogos, o jovem inspira-se no seu ídolo, Neymar do Santos do Brasil, que apesar da baixa estatura é um grande marcador. Quanto à equipa, Isner acredita que esta irá manter-se na primeira divisão, pois “tem um grande treinador e jogadores capazes de justificar a permanência”.


Angola Mundial de Hóquei em Patins 2013 Angola acolhe o próximo Mundial de Hóquei em Patins que está agendado para setembro de

PARALÍMPICOS Atletismo adaptado homenageado

2013. A construção dos

A Seleção Nacional de Atletismo para portadores de

pavilhões que vão albergar

deficiência foi homenageada pela petrolífera BP Angola,

os jogos do grande

que realizou um jantar comemorativo no Hotel Epic

campeonato já começou

Sana, em Luanda. A cerimónia serviu para agradecer

e os responsáveis pela

aos atletas o seu desempenho e representação de

organização estão

Angola na Europa, nos Jogos Paralímpicos de Londres.

empenhados em fazer o melhor evento possível. Para o vice-presidente

Recorde-se que o velocista José Sayovo foi o único

da Federação de Patinagem (FAP), Pedro Azevedo ‘Chipita’, o campeonato internacional é um

a conquistar medalhas na competição, alcançando o

bom mote para apostar e desenvolver a modalidade a nível nacional. As infraestruturas estão

ouro e prata em diferentes provas. A empresa foi um

a ser erguidas na capital e na província do Namibe. «O que estamos a verificar neste momento

dos patrocinadores oficiais da Seleção Nacional de

traduz o empenho e aposta do Executivo angolano na concretização do evento, bem como

Atletismo, que foi representada nas olimpíadas por José

no desenvolvimento do desporto nacional, principalmente no que concerne a construção

Armando Sayovo, Octávio Ângelo dos Santos, Maria

de infraestruturas modernas em várias parcelas do país», frisou o responsável no dia do

Silva e Esperança Gicasso. A parceria com a BP vai

arranque das empreitadas. O pavilhão de Luanda, a ser erguido na zona da Camama, num

manter-se nos próximos Paralímpicos, em 2016.

espaço adjacente ao Estádio Nacional 11 de Novembro, com capacidade para 12 mil lugares, será o maior recinto desportivo coberto do país. Na mesma área será edificado um Centro de Reabilitação Física, destinado sobretudo a atletas de alta competição. No Namibe, o recinto que irá receber o 41.º Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins terá capacidade para três mil pessoas. Os equipamentos ficam concluídos em julho do próximo ano, a tempo de efetuar alguns ensaios e constatar falhas que podem ser corrigidas antes do Mundial. Está igualmente previsto um terceiro pavilhão, em Malanje (três mil espectadores), devido à política de expansão da modalidade. A província recebe em agosto de 2013 o Torneio Internacional José Eduardo dos Santos, cuja edição 11.ª decorreu na cidade do Huambo e foi conquistada pela seleção angolana.

Clube de Ténis de Luanda “Oportunidade para todos” serem tenistas O projeto é do Clube de Ténis de Luanda e não poderia ter um balanço mais animador. “Oportunidade para todos” destina-se a 30 crianças do lar “Mamã Muxima” e consiste em propiciar-lhes aulas de ténis gratuitas. Os jovens não tinham nenhuma atividade

México quer Mundial de 2026

desportiva há mais de seis meses e é com grande entusiasmo que frequentam as aulas do técnico João Sanda. A maioria já domina os princípios básicos da modalidade e mostram bons níveis de remate e

O presidente da Federação Mexicana de Futebol anunciou

receção de bola. O projeto filantrópico é da autoria de

que o país irá candidatar-se para organizar o Campeonato do

João Almeida, responsável pelo clube e conta com o

Mundo de 2026. O responsável, Justino Compeán, defende

apoio determinante de uma frequentadora do Clube

que o país reúne as condições necessárias para acolher o

de Ténis de Luanda. Manuela Nganga trabalha em

evento, que irá decorrer dentro de 14 anos. “O México foi um

planos de desenvolvimento sustentável e abraçou

grande anfitrião em 1970 e 1986. A infraestrutura do futebol

de imediato a causa, contribuindo financeiramente

mexicano continua a crescer e esse Mundial pode ser decisivo

para que nada falte aos jovens tenistas. As crianças

para o país”, alegou à Comunicação Social. A confirmar-se, a

são oriundas de meios desfavorecidos e sem

nação poderá ter que concorrer contra os vizinhos Estados

possibilidades para praticar uma modalidade que tem

Unidos, que também já manifestaram vontade para acolher a

custos elevados. O mentor do projeto quer alargar

competição internacional. Brasil recebe o Mundial de 2014 e

a iniciativa a mais jovens. No entanto, as inúmeras

Rússia e Qatar organizam o de 2018 e 2022, respetivamente.

dificuldades económicas impedem o Clube de receber mais praticantes.

2012

73


DESPORTO

Manuela Bártolo

A lenda O que mudou no automobilismo depois de Senna? — “A Fórmula 1 é um tempo perdido se não for para vencer.” Ayrton Senna

Antes da curva, a vida. Depois dela, tudo mudou. Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, morreu no GP de San Marino, há 18 anos, mas o sentimento de perda ainda hoje é sentido. Na memória, as imagens do impacto, o muro marcado pelas cores azuis do Williams. À sétima volta, no autódromo de Ímola, em

74

2012

Itália, Senna passa direto pela curva Tamburello, a 300 quilómetros/hora, e bate. 41 vitórias em GP, 65 pole-positions depois, um dos maiores fenómenos do automobilismo de todos os tempos cai com o mundo a assistir. Nenhuma imagem simboliza melhor a emoção dominante do que a de Alain

Prost a chorar numa das boxes.

E o mais incrível é que não eram as lágrimas de um fã, mas de um rival – o maior de todos em 10 anos de competição dentro e fora das pistas. O seu ‘alter ego’ na Fórmula 1, afirma ainda hoje quem os acompanhou durante aqueles fantásticos anos. Quem assistiu naquela manhã de do-

mingo, afirma que minutos antes de entrar pela última vez no cockpit, Senna encontra-se com o ex-adversário, dá-lhe uma palmada nas costas e afirma: ‘Prost, você faz falta’. Horas mais tarde, cercado pelos jornalistas, o francês não conseguiu retribuir a gentileza tamanha era a consternação. Limitou-se a chorar.


Sabia que...

— Além da competência nas pistas, Senna também ficou conhecido pela generosidade fora delas. Iniciou obras filantrópicas que deram origem ao Instituto Ayrton Senna, que hoje atende cerca de 400 mil crianças e jovens em todo o Brasil. A sua irmã Viviane gere o projeto desde a sua criação.

21 minutos

Este é o triste epílogo de um fim-de-semana em que a morte passeou pelo circuito. Já na sexta-feira, o carro de Rubens Barrichello se tinha destruído. O brasileiro só não morreu porque o choque foi amortecido pelos pneus. Nos treinos de sábado, o carro do austríaco Roland Ratzenberger desintegrouse no muro depois de passar reto numa curva. O piloto chegou morto ao hospital, vítima de comoção cerebral. Um quadro de presságios que antecedeu o acidente de Senna. O piloto manteve a liderança do GP por exatos 21 minutos. “Vi a traseira do seu carro bater violentamente no solo”, lembra o alemão Michael Schumacher, que ia colado em Senna na entrada da curva. “Em seguida, ele perdeu completamente o controlo”. O Williams era considerado como o melhor carro do mundo e, naquela temporada, tinha também o melhor piloto do mundo. Porque é que estas duas combinações não impediram o acidente? Os fatores apontados estão interligados e são dois: má qualidade da pista e um defeito mecânico do carro. Schumacher revela que o carro pulou duas vezes antes de sair da pista. O excampeão

Niki Lauda e Nelson Piquet

explicam que

o problema foi mecânico, provavelmente devido a uma quebra na suspensão. Uma outra explicação dada foi a dos pneus. Como a corrida estava iniciar-se depois de uma paragem provocada por um acidente na partida, os pneus ainda não teriam atingido a temperatura e a pressão adequadas para manter o carro na pista. Senna acelerou fundo e foi atirado para fora. Fim de linha. A notícia da sua morte deixou o mundo desolado. Shumacher, o vencedor da corrida, deixou o pódio e foi chorar nas boxes. O austríaco Gerard Berger, ex-companheiro de equipa de Senna na McLaren, afirmou na época que ‘não sabia como voltar às pistas depois do que aconteceu”. Também em Buenos Aires, Juan Manuel Fangio, a maior legenda de todos os tempos do automobilismo, na altura com 82 anos, sentiu-se mal ao ouvir a notícia pela rádio. Mais tarde, em comunicação divulgada pela família, declarou: ‘o mundo perdeu um dos maiores pilotos e eu perdi um grande amigo. Compartilho com os brasileiros este momento de dor”. A morte de Senna chamou ainda mais atenção para um desporto tão fascinante, quanto cruel, devido ao alto risco que comporta. “A Fórmula 1 é um desporto extremamente perigoso e não depende da habilidade do piloto evitar acidentes”, relembra o excampeão Niki Lauda, ele própria vítima de um acidente. “Senna era o melhor piloto de todos os tempos. Ele sabia tudo”, finaliza.

A curva que mudou a história

Há 18 anos, na Tamburello, Ayrton Senna entrava para a história ao encerrar de forma abrupta a sua carreira. Considerado um dos maiores ícones do automobilismo de todos os tempos, foi traído por uma curva que mudou a história do desporto. Quase duas décadas não são suficientes para apagar da memória as conquistas extraordinárias do piloto. O tricampeão mundial de Fórmula 1 (1988, 1990 e 1991) começou a sua brilhante trajetória antes. Primeiro, tinha passado pelo automobilismo inglês e conquistou títulos em todas as categorias - F-Ford 1600, 2000 e F-3 Inglesa. A primeira vez em que pilotou um carro da equipa da Williams, Senna classificou o evento como uma experiência incrível: “Foi em Donnington Park, um dia depois do GP da Inglaterra, em julho de 1983. Parecia

GRANDE ÁREA um sonho ver de perto aquela tremenda máquina, altamente sofisticada, campeã do mundo, um privilégio permitido a apenas dois pilotos. Naquele dia, a Williams não era de ninguém. Era só minha. Liguei o carro, bati o recorde da pista, uma grande recordação.” Filho de um empresário do ramo metalúrgico, Ayrton Senna da Silva desde cedo interessouse por carros de corrida. Aos quatro anos, ganhou de presente um pequeno kart de 1 HP, com o qual começou a brincar no pátio da empresa do seu pai. Três anos depois, passou a treinar no kartódromo de Interlagos, em São Paulo. Com oito anos, Ayrton Senna correu pela primeira vez num kart profissional, competindo com adultos. Em 1974, foi campeão paulista na categoria júnior, conquistando o título de campeão brasileiro na mesma categoria no ano seguinte. Venceu diversos títulos no kart, chegando a campeão sul-americano, e foi duas vezes vice-campeão mundial, em 1979 e 1980. Em novembro desse ano, Senna fez testes para ingressar na equipa Van Dieman, de Fórmula 1600, na Inglaterra. Participou de diversas competições, obtendo várias vitórias. No ano seguinte, por um breve intervalo, voltou ao Brasil, disposto a assumir os negócios na empresa de seu pai, mas logo retornou à Inglaterra. Em 1982, Senna disputou o Campeonato Europeu 1600. Nesse mesmo ano, transferiu-se para a Fórmula Fiat 2000. A entrada de Ayrton Senna na Fórmula 1 começou em 1983, quando disputou a Fórmula 3 na Inglaterra. Bem-sucedido nessa temporada, obteve propostas para competir na McLaren e na Williams. Acabou por escolher uma equipa pequena, a Toleman. Em 1985, Senna passou a competir pela Lotus, uma equipa de tamanho médio com a qual preparou o salto que daria posteriormente na sua carreira. Na Lotus, disputou 2012

75


DESPORTO “Ayrton tinha um carisma que Schumacher não foi capaz de transmitir. Fernando Alonso, por exemplo, ainda tentou depois conquistar essa categoria, mas ficou sempre longe de transmitir emoções parecidas com as que Senna despertava nas pessoas” afirmou Bernie Ecclestone

48 grandes prémios, entre 1985 e 1987, vencendo seis vezes. Passou a competir com pilotos consagrados, como Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Senna acertou a sua entrada na McLaren Honda em 1987. Com tecnologia de ponta, a McLaren associava aerodinâmica e potência. Com ela, foi campeão mundial, em 1988, vice, em 1989, e novamente campeão nos anos de 1990 e 1991. Nessa época, a inimizade entre Senna e o também piloto da McLaren, Alain Prost tornou-se pública. O ano de 1992 marcou a decadência da equipa da Honda. Senna teve problemas em várias provas e acabou a temporada em quarto lugar. No ano seguinte, Senna despediu-se da McLaren, completando uma prova pela última vez, em Adelaide, na Austrália. O campeão mundial transferiuse para a Williams em 1994, numa transação de 20 milhões de dólares. No dia 1 de maio Senna liderava a prova no circuito de Ímola, na Itália, quando saiu da pista e foi socorrido. Quando a equipa médica chegou, porém, o piloto já estava em coma. No dia 4 de maio de 1994, coberto com uma bandeira do Brasil, o corpo do campeão foi velado por milhares de pessoas, recebendo honras de Chefe de Estado. Em dez anos de Fórmula 1, Ayrton Senna disputou 161 corridas, venceu 41 e conquistou 65 pole positions (primeira posição de largada). O impacto de sua morte ainda hoje entristece o mundo.

Qual era a diferença? Hoje, à distância, percebe-se que Senna, tal como Aquiles, possuía aquilo que os gregos denominam por timé: o valor proeminente de um indivíduo, a sua excelência pessoal, qualidades e méritos que lhe

Tome nota

— ‘Senna’ mostra a notável história do piloto na sua busca pela perfeição e o status de mito que alcançou. O filme abrange os anos da lenda do automobilismo como piloto de F1, desde a sua temporada de estreia em 1984 até à sua morte precoce uma década depois. Se é um apaixonado pelo percurso do brasileiro não pode deixar de assistir a este documentário.

garantem o seu lugar junto dos melhores. Essa honra exige àqueles que a possuem mostrarem-se à altura da sua gloriosa reputação e Ayrton teve-a. Como Aquiles, a sua paixão era a alegria de ‘combater’ – correr. O medo não tinha poder sobre ele. Forte nas pistas, amava a glória acima de tudo. Como o guerreiro grego, parece ter escolhido uma vida breve nas pistas de corrida, o seu local de competição. E a vitória imperecivelmente estava-lhe reservada. Tal como nos livros, muitas vezes, a glória imperecível é paga com a vida. Senna, tal como Aqui-

les, ganha em glória na memória dos homens e a celebração das suas conquistas como herói da velocidade. A morte de um jovem vencedor, numa sociedade como a Ocidental, que cultiva a beleza, a juventude e o sucesso, fortalece o culto. A imagem congelada, sem decadência, eterniza o modelo a ser seguido e imitado. O seu exemplo será recuperado por cada um, na forma possível de uma construção imaginária atravessada pelos órgãos de comunicação social, sedentos de mais-valia.


2012

77


DESPORTO

Manuela Bártolo

Da mesma matéria que o sonho

78

2012


INSIGHT

— A palavra impossível é uma expressão infeliz. A testála, este fantástico exemplo de Terezinha Guilhermina, a velocista brasileira, atleta paralímpica especializada nas corridas de 100, 200 e 400 metros rasos. Nascida numa família humilde mineira, tem doze irmãos, sendo que cinco também possuem deficiência visual. Portadora de cegueira total tem ultrapassado todas as dificuldades para lutar pelo seu sonho. Nos jogos paralímpicos de Londres voltou a mostrar de que matéria é feita. Conquistou uma medalha de ouro pela vitória nos 200m T1.

2012

79


DESPORTO

Patrícia Alves Tavares

FORA DE JOGO

Na elite do xadrez mundial É angolano e o quinto praticante de xadrez a ser reconhecido como mestre pela Federação Internacional de Xadrez. Até alcançar o título oficial, Eduardo Pascal teve que superar diversos obstáculos e nunca desistir do sonho. Afinal, foi necessário tornar-se tetracampeão nacional absoluto na modalidade para obter um estatuto que está reservado apenas às elites mundiais. Nesta edição, conheça a história de um menino que começou na modalidade por brincadeira!

Sempre a somar

— Em 2004, 2006, 2007 e 2009 Pascoal ganhou os títulos de campeão nacional absoluto. Em duas ocasiões, enfrentou o mestre FIDE Catarino Domingos na final. Em coletivos, ‘deu’ cinco títulos ao GD da EPAL e três à Rangol-Benfica de Luanda.

80

2012


as suas habilidades incentivaram o jovem jogador a evoluir e a empenharse ao máximo para conseguir um lugar na equipa principal da cervejeira. Esta, juntamente com a rival Cuca, detinha a hegemonia no xadrez. Eram as que mais investiam nas Escolas de Formação.

Desporto no emprego

Campeão no Lubango

— Eduardo Pascoal concilia o xadrez com a recolha de dados de clientes na Empresa Provincial de águas de Luanda (EPAL). A empresa integrou os xadrezistas da equipa principal do seu Grupo Desportivo em áreas de serviços da empresa compatíveis com as suas capacidades. O atleta de 31 anos faz o registo dos pagamentos dos clientes da entidade. O dia começa às 4horas com os treinos de xadrez (durante duas horas) e depois prossegue na EPAL.

Foi no bairro Marçal, em casa de uma tia e juntamente com os primos, que Eduardo Pascoal entrou no mundo do xadrez. Foi igualmente nesse período que compreendeu que a modalidade o entusiasmava bem mais que o “quinito”, uma espécie de futebol de botões, que o jovem jogava com tampas de garrafa. Hoje, com 31 anos, tem um currículo invejável na modalidade, aproximando-se a passos largos do grande ícone do xadrez nacional, Adérito Pedro, que detém cinco títulos nacionais. “Tinha entre 14 e 15 anos quando um vizinho, chamado Zé Maria, começou a ensinar-me o jogo. No segundo dia, deu-me mais alguns pormenores e, no terceiro, já estava a jogar bem”, recordou recentemente o mestre, lembrando o dia em decidiu aprender aquela que viria a ser a sua profissão. O empenho e dedicação aliados ao talento nato levaram-no ao estatuto mais desejado: ser oficialmente um mestre FIDE (Federação Internacional de Xadrez). O reconhecimento do seu nível foi dado apenas este ano, após sagrar-se novamente campeão nacional absoluto. Contudo, o título foi obtido em 2010, depois de ter conseguido mais de 50% dos pontos na Olimpíada da Rússia. O tetracampeão alcançou assim o patamar mais desejado e que poucos no seu país conseguiram, ao

assistir à atribuição oficial do título. É o quinto mestre FIDE e junta-se aos compatriotas João Francisco, Arsitotéles Ramos, Catarino e Ediberto Domingos. A nível nacional, apenas é ultrapassado pelo mestre internacional Adérito Pedro, o melhor jogador angolano “de todos os tempos”, que tem cinco títulos nacionais.

Nocal, a primeira ‘casa’ Foi em 1977, que Pascoal decidiu levar a modalidade a sério e investir no seu talento. Começou a vida desportiva no extinto Grupo Desportivo da Nocal, onde foi admitido por Domingos Fernandes, um dos jogadores mais consagrados da época. Tornou-se federado e foi nessa altura que compreendeu que tinha que trabalhar muito para chegar ao nível de aprendizagem de um campeão. Foi no GD da Nocal que aprendeu o conceito da anotação (linguagem do xadrez em que cada movimento de uma peça é descrito de forma abreviada numa folha específica) e conviveu com o mestre internacional Armindo de Sousa, atual treinador da Seleção Masculina, que jogava na Nocal e lhe transmitiu ensinamentos preciosos. Pascoal faz parte de uma geração de apaixonados pelo xadrez, como António Félix, Tito Agostinho e Júnior da Silva. Todos frequentaram a Nocal e

O objetivo de integrar a equipa principal da Nocal tornou-se realidade. Pascoal passou a ser o sexto tabuleiro alinhando com os veteranos Adérito Pedro (MI), Catarino Domingos (MFIDE), Agostinho Diogo, Domingos Paulino e João Castelo. Porém, foi em 1998 que começou a construir a sua carreira de jogador individual. No Campeonato Nacional de Juniores, no Lubango, conseguiu o primeiro título nacional. a participação na competição surgiu por acaso. Pascoal explica que “Angola já detinha o título de Campeão Africano de Juniores através de Vladimiro Pina” e que iria “acompanhá-lo no Campeonato Mundial realizado no Brasil, em defesa do continente, mas, infelizmente, a viagem foi abortada por motivos que desconhecemos”. Um ano depois, o mestre FIDE voltou a vencer o campeonato e subiu de escalão. Em 2000, era jogador sénior e mudou-se para a Rangol, que nesse ano se fundiu com o Benfica de Luanda. Foi ao serviço da equipa encarnada que venceu três campeonatos provinciais (2000, 2001 e 2002), em coletivos, e deu o salto, em 2003, para o Grupo Desportivo da EPAL. O arranque não podia ter sido mais estimulante. Obteve o título principal nessa temporada e manteve-se na equipa principal até 2009. Nesse período, a EPAL assumiu-se como o ‘gigante’ da modalidade.

Perfil

Naturalidade: Luanda, Bairro Marçal Idade: 31 anos Altura: 1,90m Peso: 118 kgs Calçado: 48 Estilo de Jogo: Posicional (mais estratégia do que tática) Cidade: Roma País: Espanha Hoobyes: Escrever, ler livros especializados

Paralelamente, nas competições individuais, Pascoal continua o bom desempenho. Em 2004, teve um revés no ciclo de soma de sucessos, pois não conseguiu o apuramento para o zonal A para o Campeonato Nacional Absoluto. A má sorte durou pouco, pois acabaria por ser repescado pela Associação de Luanda para representar a província na prova maior. Venceu e conquistou o primeiro triunfo no Campeonato Nacional Absoluto e o título de mestre nacional (MN). A primeira participação na Seleção Nacional Olímpica ocorreu em 2004. Voltou a representar as cores nacionais em 2010, em Khanty-Mansiysk (Rússia), e a performance valeu-lhe o título de mestre FIDE, que foi oficialmente atribuído no decorrer deste ano.

Sabia que…

— O jogador tem um convite para participar no XI Festival Internacional de Xadrez de Benidorm, em Alicante, Espanha, de 20 de novembro a 9 de dezembro. Nesse campeonato, o atleta espera alcançar o título de mestre internacional.

2012

81


DESPORTO

Patrícia Alves Tavares

CRUZAMENTO

Jogos Paralímpicos Londres 2012

O ano da Palanca Duas medalhas no atletismo é o balanço da participação nacional nos Jogos Paralímpicos de Londres. A figura que voltou a surpreender o mundo é bem conhecida do público: José Sayovo. O velocista subiu ao pódio por duas vezes e ouviu-se o hino de Angola em terras de Sua Majestade. Para 2016 está tudo em aberto, uma vez que o corredor pondera retirar-se.

82

2012

“Angola está a tomar uma posição nova e apropriada na comunidade internacional”. Foi com esta afirmação que o embaixador do Reino Unido em Angola, Richard Wilddash, definiu a participação dos Palancas nos Jogos de Londres. Dias antes do início oficial das olimpíadas, o responsável mostrou-se confiante quanto ao desempenho dos atletas angolanos e de como a sua participação iria mostrar o desenvolvimento que o país tem registado nas modalidades. Os Jogos Olímpicos encerraram sem medalhas para os Palancas, mas nos Paralímpicos, que terminaram no início do último mês, a história foi diferente. Com apenas dois candidatos ao pódio, a pequena comitiva paralímpica conseguiu levar uma medalha de ouro e outra de bronze para a terra vermelha. O autor do feito voltou a ser Sayovo. O velocista mais conhecido dos

amantes do desporto teve um desempenho surpreendente e captou todas as atenções, pois completa 40 anos ainda este ano e venceu adversários que fazem parte da nova geração do atletismo adaptado mundial. Lucas Prado, Xue Lei e Filipe Gomes, que têm em média 29 anos, tiveram que suar para “tirar” o pódio a José Sayovo nos 100 metros.

Ouro e bronze

A 5 de setembro foi conquistada a primeira medalha para Angola. Curiosamente, os portugueses conquistaram o primeiro galardão no mesmo dia, na modalidade de boccia. Sayovo levou a melhor na última prova dos 200 metros, conquistando o bronze. O velocista chegou ainda à final dos 400 metros, onde foi medalha de ouro. Em três olimpíadas, o atleta de 39 anos arrecadou sete medalhas, três das quais de ouro. Na corrida,

o angolano bateu o seu recorde pessoal e revalidou o título que tinha alcançado na edição de 2004, em Atenas. Apenas falhou a subida ao pódio nos 100 metros. Ficou em quarto lugar, registando o tempo de 11 segundos e 36 décimos. Sayovo é um exemplo para os colegas africanos. Orlando Mascarenhos, chefe da missão de Cabo Verde, elegeu o corredor e o cabo-verdiano Márcio Fernandes como as apostas dos Países Africanos da Língua Oficial Portuguesa (PALOP) para se destacarem nos grandes jogos das modalidades. Durante o campeonato mundial, o responsável elegeu Sayovo como o atleta de maior referência no atletismo adaptado para visuais (classe T11 - invisuais), sendo o africano com melhores resultados em provas do género. Recorde-se que na edição de 2012 apenas nove atletas representaram os países


Comitiva angolana 2012

Esperança Gicaso

— A jovem de 20 anos participou nas competições de atletismo para invisuais nas categorias de 100, 200 e 400 metros. A atleta paralímpica foi medalha de prata nos Jogos Africanos do ano passado, nos 100 metros. A velocista conquistou a primeira medalha de ouro em 2010, nos V Jogos da SADC.

Octavio dos Santos

— O campeão africano dos Jogos Africanos de Maputo (Moçambique), em 2011, não alcançou medalhas, mas conseguiu melhorar as marcas pessoais. Tem 31 anos e divide o tempo entre o atletismo e a música. Participou nas provas de 100, 200 e 400 metros, tendo alcançado a semifinal dos 100 metros.

Maria Gomes da Silva — A velocista de 20 anos ainda conseguiu chegar às semifinais dos 400 e 200 metros. Nos 100 não passou da primeira prova. Contudo, bateu o recorde africano obtido no campeonato continental na Tunísia, alcançando os 27 segundos e 60 décimos, nos 200 metros.

Africanos medalhados África do Sul africanos lusófonos. Opinião partilhada pelos britânicos e pelo representante diplomático da Rainha Elizabete II em Luanda. “Foi com muita felicidade que vimos o velocista José Armando Sayovo, principal referência da seleção paralímpica de Angola, a brilhar nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 na categoria dos T11. Com a conquista de medalhas, uma de bronze e outra de ouro, nos 200 e 400 metros, respetivamente, Sayovo honrou a participação dos angolanos no maior evento desportivo do mundo e fê-lo por mérito próprio”, sustentou Richard Wilddash.

Procuram-se recordistas

A próxima edição dos Jogos Paraolímpicos será dentro de quatro anos, no Rio de Janeiro, no Brasil. O país organizador já anunciou que vai apoiar os atletas africanos, para

— Atletismo: 17 medalhas Ciclismo (estrada): 1 Natação: 11

Nigéria

— Atletismo: 1 medalha Levantamento de peso: 12

Etiópia — Atletismo: 1 medalha

QUÉNIA

— Atletismo: 6 medalhas

NAMÍBIA

— Atletismo: 2 medalhas

Tunísia

— Atletismo: 19 medalhas

Malásia

— Atletismo: 1 medalha Tiro com arco: 1

Egipto

— Atletismo: 3 medalhas Levantamento de peso: 11 Ténis de mesa: 1

Argélia — Atletismo: 16 medalhas Judo: 3

Marrocos — Atletismo: 6 medalhas

que possam melhorar a sua qualidade e apurar o máximo possível de candidatos às medalhas. No caso nacional, o grupo de escolhidos terá uma baixa de peso. José Sayovo, 39 anos, anunciou à chegada a Luanda (após a participação nos Jogos de Londres) que deverá deixar de correr, devido à idade. A confirmar-se a sua intenção Sayovo deixa um legado difícil de igualar, uma vez que é a principal referência do desporto adaptado em África e Angola. É o atleta nacional com mais medalhas no desporto adaptado. Em 2004, venceu nos 100, 200 e 400 metros e bateu o seu recorde pessoal. Em 2008, voltou a brilhar e subiu ao pódio três vezes para receber a medalha de prata nas referidas categorias. Há que lembrar a preciosa ajuda do seu guia, Nicolau Palanca, que o acompanha em todas as provas e treinos. 2012

83


DESPORTO

BLOCO DE NOTAS

Patrícia Alves Tavares

Jogos Paralímpicos

VOLEIbol

Voleibol a votos

— As eleições na Federação Angolana de Voleibol estão agendadas para 20 de outubro. Os candidatos vencedores vão assumir os destinos da modalidade durante o quadriénio 2012-2016. A federação irá receber candidaturas até dia 18 e a direção cessante, presidida por António Justino (que vai no segundo mandato), já manifestou a intenção de se recandidatar ao cargo. HÓQUEI

Mundial de Hóquei em Patins em Angola

— Em setembro do próximo ano, Angola será o palco do 41º Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins, em seniores masculinos. Luanda e Namibe serão as cidades sede do evento, cuja mascote e logótipo ainda está em execução. A prova foi divulgada junto dos participantes europeus durante o Europeu da modalidade, que decorreu em Paredes (Portugal), com material de merchandising, como camisolas, bandeiras ou cachecóis do país. A meta da Federação Angolana de Patinagem (FAP) consiste em dar a conhecer a nação Palanca e divulgar atempadamente o campeonato mundial junto do restante público.

— Está em curso a preparação dos próximos Jogos Paralímpicos, que vão decorrer em 2016, no Rio de Janeiro, Brasil. O comité organizador já garantiu que os atletas africanos contarão com um apoio especial dos anfitriões dos jogos para que tenham o melhor acompanhamento possível durante os treinos e estágios. O objetivo consiste em proporcionar ao continente uma participação condigna, apesar das dificuldades que os praticantes das várias modalidades destas regiões enfrentam diariamente. A organização brasileira espera conseguir o maior número de participações possível e igualar todos os candidatos em termos de qualidade desportiva. Para já, os agentes africanos vão observar as paraolimpíadas escolares, que decorrem em outubro, em São Paulo.

BOXE

FUTEBOL

CAN 2013 decide-se este mês

— Angola perdeu na primeira mão da eliminatória de acesso ao CAN2013, frente ao Zimbabué. Contudo, e face ao trabalho demonstrado na última parte desse jogo, o presidente da Federação Angolana de Futebol, Pedro Neto, acredita que a equipa vai conseguir inverter o resultado. O segundo jogo da eliminatória será disputado em outubro e os Palancas têm que vencer por 2-0 para se qualificarem.

84

Rio2016 apoia africanos

2012

Boxe recebe material

— Simão Muanda, antigo campeão de boxe da África Austral, esteve no Uíge, onde visitou o núcleo da modalidade da província. O pugilista aproveitou para distribuir equipamentos desportivos, como materiais, luvas, ligaduras e protetores. O atleta quer incentivar a prática da modalidade e pretende distribuir materiais por todas as províncias. O projeto arrancou em início de junho e, até ao momento, percorreu as regiões de Luanda, Huambo e Benguela. A associação do Uíge tem 70 praticantes.


2012

85


eLife&Stylee índice É tempo de deixar a vida ganhar a cor do sol. Pensar em momentos de diversão seja à beira mar, numa viagem ou na leitura de uma revista

86

2012


88 92 98 110 118 124 126 129 130

{ BOCA A BOCA }

E no diz-que-diz que passa pelo mundo, vamos descobrindo curiosidades que nos fazem sorrir e sonhar. É o mundo visto pelo olhar de quem vive os dias pela cor da alegria

{ TURISMO }

Quénia! O nome só por si remete-nos para um paraíso, onde o tempo se mede pelas belas praias e pelos safaris exóticos que aí existem. A magia em África sente-se também no pulsar desta terra, nas suas cores e experiências inesquecíveis

{ LUXOS }

Carros O Infiniti Emerge é a surpresa em termos de carros. Veja e deixe-se conquistar. O Pagani Huayra funde o passado, presente e futuro através de uma interpretação intemporal da arte automóvel. É uma das surpresas que o setor nos apresenta Gadgets Quando a tecnologia se alia ao bom gosto e consegue tornar reais os sonhos de alguns, encontramos gadgets que são verdadeiras obras de arte Relógios Ver as horas pode ser um ato banal ou pode estar revestido de uma dignidade que só alguns conseguem alcançar. Um relógio pode ser uma marca de distinção Joias O nome só por si diz tudo. São joias, são pérolas que alimentam desejos e fazem brilhar olhares

{ ESTILOS }

A alta costura apresentou as propostas para a nova época. Arrojo, cores forte aplicadas em tecidos ricos são algumas das sugestões que encontramos. Sol, mar…saiba o que vestir para conquistar olhares quando se deslocar à praia. Destino Quénia Charme, exotismo e um toque de sensualidade. O Quénia exala magia e sedução na enorme diversidade que oferece. Vista-se para entrar no paraíso com glamour.

{ GOURMET }

O Chefe Fausto Airoldi é um nome inquestionável no panorama gastronómico nacional. Conquistou prémios, esteve à frente de alguns dos mais conceituados restaurantes nacionais. Para a Angola’IN apresenta uma proposta gourmet simples, saborosa que conquista o olhar e o paladar

{ ARTE }

Ricardo Quaresma não nasceu em África, mas tem uma profunda ligação a este continente. Angola tem sido o destino de grande parte da sua atividade cultural e é aí que ele se sente em casa.

{ CULTURA & LAZER }

Entramos no mundo do Instituto Camões e conhecemos uma equipa que trabalha diariamente para salvaguardar e divulgar a língua portuguesa

{ PERSONALIDADES }

Fernando Batalha passou a maior parte da sua vida no nosso país onde ganhou o estatuto de principal investigador do urbanismo nacional. Descubra porquê!

{ AGENDA }

A cultura não tem fronteiras. É através dela que o mundo se torna mais pequeno e os homens se conseguem identificar de forma mais fácil. Viajamos por esse mesmo mundo para descobrir o que em termos artísticos ele nos oferece. 2012

87


Life&Style

Carla Marques

Willis Bag da Coach: a surpresa

— A atriz Kate Mara com o must-have desta estação - a Willis Bag da Coach em vermelho e com toques de coral. A carteira é já um verdadeiro sucesso da marca, pois tem vindo a conquistar fãs em todo o mundo, sendo uma autêntica surpresa, visto que é robusta e bem mais espaçosa do que parece à primeira vista. Hoje, mais do que nunca, a Coach está na moda e, apesar da sua idade (nasceu em 1941, num pequeno loft localizado no distrito têxtil de Manhattan, na cidade de Nova York), continua a produzir malas e carteiras que não deixam ninguém indiferente.

Lizzadro: conto de fadas em ouro

— O Lizzadro Museu de Arte da Lapidação em Elmhurst (Illinois, nos EUA) expõe o Castelo Lizzardo, uma escultura valiosa que se assemelha a um conto de fadas perfeito. A obra foi construída em memória do neto do fundador do museu Joseph Lizzadro que se afogou em 1983, com apenas 15 anos de idade. O castelo feito em ouro amarelo, branco e vermelho é também constituído por diversos diamantes e foi encomendado pelo museu.

88

2012

Frédérique Constant conquista Portugal

— Frédérique Constant, marca relojoeira suíça, aposta em Portugal confirmando presença no El Corte Inglés. As coleções de relógios estão disponíveis na seção de alta relojoaria dos espaços comerciais de Lisboa e de Vila Nova de Gaia. Frédérique Constant, criada em 1988 por Aletta Bazx e Peter Stas, distinguese pela manufatura de relógios clássicos de alta qualidade. Todos os relógios são produzidos integralmente pela marca na manufatura em Plan-les-Ouates, Genebra, desde a conceção inicial, produção de calibres até á montagem final. A qualidade dos materiais, o design, a produção própria e a inovação são valores privilegiados pela Frédérique Constant e a componente chave para o sucesso da marca.

Mansão ecológica de Gisele Bündchen

— Gisele Bündchen e Tom Brady já habitam na sua luxuosa residência avaliada em mais de 20 milhões de euros. A mansão da supermodelo e do jogador de futebol americano teve por base conceitos sustentáveis e ecológicos. A embaixadora da Boa Vontade pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, quis que sua casa tivesse sistema de reutilização de materiais, energia solar e reaproveitamento da água da chuva. A mansão fica em Brentwood, em Los Angeles, terá oito quartos, cozinha gourmet, adega, piscina e garagem para seis carros.


{ BOCA A BOCA } Arcaro Martini com banheira de luxo

— Esta é uma criação requintada da empresa italiana Arcaro Martini. Uma banheira de hidromassagem banhada a ouro de 24 quilates e incrustadas com cristais Swarovski. Este objeto de luxo pode também ser revestido de couro legítimo ou sintético, consoante os gostos. Com capacidade para seis pessoas, esta banheira de luxo está apenas a ser comercializada para clientes dos Emirados Árabes e possui três modelos disponíveis.

VO Vapen com edição limitada

VW Caddy inova

— O Volkswagen Caddy é um dos mais populares e versáteis veículos para entregas urbanas no seu segmento de mercado. Este modelo passa agora a disponibilizar em opção o “Park Assist System”, sistema que possibilita o estacionamento automático do veículo, facilitando de sobremaneira as constantes necessidades de paragem durante o dia de trabalho. Com este inovador sistema a VW Caddy alarga a sua exclusividade de oferta neste segmento, que já se verificava com a disponibilidade da tração às quatro rodas 4Motion e da transmissão automática DSG.

Tendências em iates de luxo

— Na mostra “Dubai International Boat 2012” foram apresentadas algumas das tendências em iates de luxo, que permitem satisfazer o gosto de alguns bilionários. E entre o extravagante e o bom gosto foi possível apreciar um pouco de tudo. Uma das novidades “mais vistosa” e fascinante foi um quarto de banho feito com peças banhadas a ouro e que foi instalado numa suíte master do luxuoso iate “Majesty” de 135 pés e com um valor superior aos 18 milhões de euros. De referir que este iate é também famoso por possuir um elevador interno que leva os hóspedes às plataformas inferiores do navio.

— A fabricante sueca de armas de fogo VO Vapen, cuja linha de espingardas para caça de edição limitada possui designs inspirados desde os vikings até Ernest Hemingway, lançou recentemente sua sexta coleção, a VO Falcon Edition. A série possui quatro versões feitas sob medida e avaliada em mais de 870 mil euros a peça, foi concebida como uma homenagem à falcoaria. A série VO Falcon Edition faz referência a dados históricos de falcoaria do Médio Oriente, local onde poderá ter surgido este desporto, possivelmente 2000 a.C., ou antes. As espingardas serão entalhadas com imagens de falcões e forjadas a partir de uma versão contemporânea de aço damasco bastante valioso, porque pode ser transformado numa ponta afiadíssima sem perder a resistência à quebra.

2012

89


Life&Style

{ BOCA A BOCA }

Chang Jiang 750

— É uma Chang Jiang 750 completamente revestida em preto fosco, com exceção do farol dianteiro e da lanterna traseira. Esta mota foi completamente refeita pelo estúdio chinês de customização Bandit9. Para além da cor também a transmissão e o motor foram reconstruídos, além de rodas 19 polegadas com liga metálica traseira e uma série de peças personalizadas, incluindo escape, tanque, para-choques, guidão e assento traseiro. Esta Chang Jiang 750, agora denominada como Bandit9 NERO, é uma moto nova feita sob medida, o que leva os seus mentores a afirmar que mais que uma moto é uma verdadeira obra de arte.

January Jones inseparável da sua Coach

— A atriz americana elegeu o modelo Duffle da nova coleção Coach Outono-Inverno 2012. A carteira Duffle tem como inspiração o icónico Duffle Sac da marca de 1973. Um verdadeiro sucesso nos anos 70 que promete repetir-se com esta nova edição.

Louis Vuitton Island Maison

— O lançamento da nova flagship em Singapura pela Louis Vuitton tem sido um sucesso e permitiu que a grife levasse a sua experiência para a vida real. O projeto foi elaborado pelo arquiteto Peter Marino e apresenta uma arquitetura moderna e totalmente inovadora. O exterior da nova loja é todo envidraçado e com estruturas de alumínio. O interior lembra um barco, decorado com tábuas de madeira e mastros até ao teto. Do lado de fora, um deck semelhante ao de um iate. Para chegar até este espaço existem caminhos diferentes: uma ponte suspensa, via barco ou caminhando através de um túnel subaquático, que conta com um espaço para exposições.

90

2012


2012

91


Life&Style

92

2012

Carla Marques


{ TURISMO } Cores quentes do Quénia —

‘O coração de África’ —

No Quénia, as manhãs invadem lentamente, com o sol a conquistar o azul do índico por entre recifes de coral. Mas os fins de tarde não deixam de ser menos fascinantes, com um pôrdo-sol cercado por tons vermelhos, laranjas e lilases. Quando a noite se aproxima ecoam melodias quentes que nos baralham a noção do tempo entre lendas e realidades que lembram que estamos num continente mágico. África!

Como turistas sonhamos com o lobby do histórico Stanley Hotel, em Nairobi, ou uns minutos de descanso na esplanada do Long Bar enquanto esperamos para sermos transportados para um mundo, para muitos de nós, apenas conhecido através do Na-

Exotismo e aventura num paraíso na terra. O Quénia é um país único que pode proporcionar experiências repletas de beleza e magia.

tional Geographic, o Lago Nakuru. Um lago desenha-

xonado por uma das mais estranhas aventuras naturais do nosso planeta. Nas margens do Mara, espraiam-se crocodilos que oferecem um ritual de sangue dos mais cruéis que se encontra na natureza. E numa viagem na estrada vermelha é possível o contacto direto com um povo

do de um azul intenso, com milhares de fla-

misterioso e cheio de tradições: os masai. Um

mingos rosados e vermelhos, retirado de

mundo que os olhos conquistam ao longo das

uma nuvem de sonho, onde cada hora tem

estradas que cortam as planícies do Quénia

uma magia especial e rinocerontes, zebras e

e que cativa os corações com as suas danças

búfalos se passeiam. Este é um destino em

tradicionais, numa exaltação da virilidade

que o nosso olhar se estende por uma ima-

masculina. Mas, para além dessa vida pas-

gem clássica, mas real da grande savana,

sada nas savanas, o Quénia oferece praias

que se torna quase asfixiante perante a im-

de grande encanto e Mombasa, uma cidade

ponência que nos oferece. A grande reserva

cheia de história feita de séculos de comércio

Masai Mara pede-nos um olhar lento e apai-

e de variadas influências. Vale a pena visitar.

2012

93


Life&Style

Hilton Nairobi

No coração da cidade —

No coração da cidade, o Hilton Nairobi hotel fica ao lado do mercado de artesanato e a 25 minutos de carro do Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, a 5 minutos a pé do Internacional Kenyatta Conference Centre.

de cozinha continental e está

Disfrutar da piscina, manter-se em forma na

decorado com malas de couro

academia ou fazer uma massagem no clube

e acessórios de viagem para se

Hilton Nairobi hotel saúde são algumas

assemelhar a um comboio de

das propostas que este hotel tem para si.

estilo antigo. Há ainda o Restaurante Sale

Aproveite ainda para fazer um safari e ver

E Pepe, especializado em pratos italianos

a vida selvagem no Parque Nacional de

gourmet e o Pub do Hilton Nairobi hotel

e arejados e concebidos com uma decoração

Nairobi, ou simplesmente fazer compras no

Jockey.

de inspiração árabe. Dispõem de televisão

mercado de artesanato.

Possui ainda instalações de SPA, 7 salas

por cabo, uma área de estar com poltronas e

de reuniões e um business center com

uma casa de banho com luxuosos artigos de

Este luxuoso hotel de 5 estrelas em Nairobi

acesso de alta velocidade à Internet, para

higiene. Alguns quartos incluem um pátio

tem 5 restaurante onde pode degustar a

além de uma piscina exterior rodeada por

espaçoso.

boa comida que o Hilton Nairobi oferece.

espreguiçadeiras.

O Hilton Nairobi fica a 20 minutos do Parque

O Traveller’s Restaurant serve uma fusão

Os quartos do Hilton Nairobi são luminosos

Nacional de Nairobi.

94

2012


{ TURISMO } Lonno Lodge

O mar a seus pés! —

Um atendimento personalizado que procura conciliar as necessidades do cliente, o máximo de privacidade com a beleza que a proximidade do mar pode proporcionar. O conforto, aliado a um luxo de classe, é a palavra de ordem neste hotel que pratica uma política de ecoturismo e que se apresenta como um espaço aconchegante e único. Um excelente restaurante dentro do hotel com uma cozinha internacional, mas que procura dar uma atenção peculiar aos pratos locais e menus personalizados a pedido do cliente é uma das apostas deste hotel tão caraterístico. A receção está aberta 24 horas e está sempre disponível uma equipa preparada para fornecer informações sobre as atrações locais, sugestões para viagens, ou simplesmente formas de relaxar no hotel ou região. Sem ruídos, sem “animação de praia”, este hotel está vocacionado para um público seletivo que aprecia o mar, brisa, estrelas e uma natureza incrível para explorar. O Lonno Lodge possui uma piscina de água salgada, um bar de apoio à piscina, ligação à internet disponível e, acima de tudo a certeza de que cada pessoa encontra neste espaço a satisfação dos seus desejos, por mais ínfimos que possam ser.

2012

95


Life&Style

{ TURISMO }

Safari Park Hotel & Casino

O Paraíso Africano —

No Quénia os safaris são uma das imagens

estando cada um deles exclusivamente

O Café Arirang, a loja mais recente do Safari

de marca. Este hotel representa na

decorado com temas tradicionais que vão

Park Hotel, opera a partir do coração da

perfeição esse espírito de abraço entre

desde o Extremo Oriente à Europa. Escolher

Kenyatta International Conference Center e

a natureza e o conforto, entre o luxo ea

entre a cozinha internacional do Café

oferece deliciosas bebidas de qualidade, chá

tradição. O Safari Park Hotel e Casino é um

Central Kigwa, que combina o estilo de café

queniano, café e uma variedade de sumos.

hotel que se apresenta aos seus hóspedes

parisiense com Nova York, ou o charme

A vida noturna ganha contornos no Safari

como um destino de luxo localizado num

rústico italiano de La Piazzetta, que oferece

Park Hotel a partir do clube e discoteca Cats

mundo próprio. Um hotel de cinco estrelas

massas caseiras com deliciosas receitas

Safari, com os famosos gatos bailarinos e

localizado a 15 minutos de carro do centro

italianas e cozinhadas em tradicionais

acrobatas, tudo isto antes de passar para

da cidade, Nairobi. O hotel está localizado

fornos a lenha.

uma atmosfera mais relaxante do Piano

num espaço de cerca de 50 acres de jardins

Há também o conceituado Pavilhão chinês,

Bar contemporâneo ou ao Hemingways

bem cuidados e oferece uma seleção de

um restaurante especializado em frutos do

salão, localizados no Paradise Casino.

205 quartos com um espaço traseiro e

mar delicadamente temperados que realiza

Para relaxamento e rejuvenescimento, O

varandas privativas, decorados e mobilados

requintadas festas requintadas Szechwan,

Safari Fitness proporciona tratamentos e

com bom gosto e todos eles com o sabor

ou ainda o autêntico Chiyo, um restaurante

instalações ultramodernas.

tão característico que África oferece. Os

japonês com os seus jardins esculpidos,

luxuosos quartos têm acesso a wireless de

telas de papel de arroz, contadores sizzling

Este hotel que se apresenta como um dos

alta velocidade e conetividade com Internet

Tepanyaki e tentadoras seleções de sushi

melhor do Quénia consegue aliar de forma

por cabo, serviço de quarto de segurança 24

e sashimi. Finalmente, a atmosférica

feliz o contemporâneo e o tradicional, tendo

horas por dia. Geralmente considerado como

Nyama Rancho Choma oferece uma seleção

no seu interior um dos melhores centros de

o líder de lazer e um hotel de conferências

impressionante de carnes grelhadas

congressos do país, com capacidade para

na África Oriental e Central, o Safari Park é

na brasa e que são servidas em espetos

mais de 1200 pessoas. É a casa para as

reconhecido pela sua combinação feliz de

esculpidos em cada mesa contra o pano de

Reuniões, Incentivos, Congressos e Eventos

negócios e relaxamento.

fundo uma das fases mais evocativa mostra

mercado (MICE). O Centro de Negócios

O hotel possui cinco restaurantes de

na África - o sizzlingly. Este é o único hotel

Paraíso localizado dentro do hotel está

especialidades internacionais que oferecem

no Quênia, onde pode desfrutar de um safari

totalmente equipado para ser um escritório

uma das melhores gastronomias em Nairobi,

jantando no hotel.

de qualquer homem de negócios.

96

2012


2012

97


Life&Style

Carla Marques

Infiniti EMERG-E

Um conceito de luxo

A Infiniti é a marca de luxo da Nissan. A linha Infiniti é tradicionalmente baseada em plataformas de modelos da Nissan, embora a tendência atual seja no sentido de se acentuarem as diferenças entre os veículos, por forma a acentuar os conceitos de luxo e performance.

Os motores elétricos geram 402bhp (300kW)

Luxo e qualidade

Desafiando as convenções de carros desportivos de alto desempenho o Infiniti EMERG-E é um carro 100% elétrico, logo amigo do ambiente, belo, luxuoso e com um alto desempenho. É um carro desportivo cujo conceito foi revelado já no decorrer deste ano. Nem sempre um carro-conceito se transforma em realidade. A tecnologia avançada exibida no Infiniti EMERG-E baseia-se no conhecimento dos fornecedores e tem por base uma marca preocupada em descobrir o hardware mais inovador e knowhow técnico existente. Usufruindo de uma série de novas tecnologias o Infiniti EMERG-E também fornece uma nova expressão da linguagem Infiniti, com um design aplicado a um alto desempenho. Os carros de demonstração permanecem fiéis ao espírito e à inspiração do carro conceito original; os motores elétricos geram 402bhp (300kW), tornando o EMERG-E capaz de acelerar de 0-60mph em apenas quatro segundos. Estes motores avançados dirigem o seu poder através de uma única velocidade de transmissão (XTRAC) para criar o que é efetivamente um diferencial aberto, permitindo reduzir significativamente as perdas por atrito no acionamento, possui

98

2012

ainda um quarteto de inversores para controlar os motores e a sua regeneração de energia na travagem. O poder recuperado é dirigido a uma bateria de iões de lítio montado atrás dos bancos. A bateria pode ser recarregada a partir de uma fonte de alimentação elétrica (doméstico e de carga rápida) e armazena energia suficiente para impulsionar o INFINITI EMERG-E durante 30 milhas urbanas, ponto no qual o motor a gasolina de bordo inicia a sua atuação como um gerador. O programa de desenvolvimento do AMERG-E continua a ser um processo de aprendizagem contínua, e tem permitido melhorias fundamentais e cruciais para o seu sucesso. O Infiniti EMERG-E representa um projeto e um desafio de engenharia para Infiniti e para os parceiros envolvidos. Com o EMERG-E, a marca tenta investigar e mostrar duas coisas: o potencial de um desportivo com motor central para a gama Infiniti e um powertrain de longo alcance novo A Nissan e a Infiniti já possuem tecnologia para motores normalmente aspirados, motores turbo, motores diesel, veículos elétricos e veículos híbridos, contudo ainda não tinham estudado em profundidade o potencial de um veículo elétrico de longo alcance e uma nova motorização também. O EMERG-E que trouxe as duas coisas juntas para a infiniti.


{

}

2012

99

CARROS LUXOS

Acelera de 0-60mph em apenas quatro segundos


Life&Style

Pagani Huayra

União entre arte e ciência O Pagani Huayra funde o passado, presente e futuro através de uma interpretação intemporal da arte automóvel. O novo Pagani Huayra, da Pagani, nome do projeto C9, demorou sete anos a ser construído e a tornar-se um dos supercarros do momento. O conceito nasceu em 2003, ano da introdução do Roadster o Zonda S, tendo evoluído para o atual Huayra, um automóvel feito com mais de 4000 componentes (motor e caixa de velocidades não incluídas) e cuja composição resulta de muitas criatividade, paixão e competência. Um carro com uma silhueta elegante que atrai, com um conceito aerodinâmico similar ao de uma asa. A suspensão ativa na frente e as 4 abas permitem perfeitamente equilibrar o coeficiente de arrasto. Assim que as portas se fecham o Pagani Huayra transporta os ocupantes para uma dimensão totalmente nova que agrada e surpreende os sentidos. O condutor vai encontrar todas as principais funções no volante, para que nunca precise de tirar daí as mãos. Os assentos proporcionam um conforto acrescido para viagens longas. Ao contrário da maioria dos carros desportivos, o Pagani Huayra

100

2012

não usa uma caixa de câmbio de dupla embraiagem, tendo optado por uma caixa de câmbio sequencial de sete velocidades e dupla embraiagem de disco. Esta escolha deveu-se ao fato de conseguir uma redução no peso de mais de 70 kg. A Mercedes-AMG criou um motor original e leve, de 12 cilindros que está no pico de eficiência em termos de CO2 , um twin turbo com mais de 700 HP e 1100 Nm de torque, que complementa perfeitamente o carro dando um sentimento que motivou toda pesquisa: a da força bruta de um avião a descolar. A Pirelli diz “poder não é nada sem controle” e para garantir um total controle para o condutor, esta marca desenvolveu os bespoke P Zero pneus, especificamente para o Huayra Pagani, pneus que possuem um baixo atrito de rolamento de referir ainda que cada aspeto relativo à segurança foi tido em conta. “A equipa foi capaz de trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo, a condução em pistas diferentes que ocasionalmente vinham para atender através da partilha de conceitos de engenharia, materiais, de segurança e estudos científicos ou design”, refere Horacio Pagani ao apresentar este supercarro.


{

}

2012

101

CARROS LUXOS

etros Altura: 1169 milím

05 milímetro Comprimento: 4.6

AMG Motor: Mercedeso rb Tu 8 V12 twin-M15 Pesa 1.3 eéo desp 50 kg ortiv o o de su mais lev a cat e egor ia


Life&Style

{

CARROS LUXOS

Carla Marques

}

Nova geração Mercedes-Benz GLK

Imparável!

pot en t limpo, , e t n e E f ic i o GLK o t or d e is o m

S eg u r

a

pass tiva e nç a a

iva ex

ares empl

, de sé

e:

r ie

Com um novo design, detalhes exclusivos, sistemas de compacto, permitindo a conformidade com a norma de assistência pioneiros e motores eficientes, a nova geração do emissões EU6. GLK reivindica a liderança do segmento de mercado de SUVs “No GLK, temos um SUV para um estilo de vida dinâmico, que compactos. O recém-desenhado exterior confere ainda mais oferece uma combinação vencedora de tecnologia inteligente carácter a este automóvel, ao combinar as linhas retas típicas de e imenso carácter,” afirma o Dr. Joachim Schmidt, Membro do veículos todo-o-terreno com a linguagem de design dos atuais Conselho de Administração da Mercedes-Benz Cars, Vendas e automóveis Mercedes-Benz. Materiais de elevada qualidade, Marketing. novos interiores, acabamentos totalmente revistos e os novos O GLK oferece uma notável dinâmica e uma excelente segurança sistemas de entretenimento culminam numa experiência de condução, bem como excecional conforto. Para além das de condução verdadeiramente inesquecível. A nova geração versões de tração traseira, os modelos 4MATIC com tração tem como trunfos uma gama dos mais avançados sistemas integral permanente demonstram um espírito destemido, de assistência e abrangentes medidas BlueEFFICIENCY, tais mesmo nas condições mais adversas, dentro e fora de estrada. como a função ECO Start/Stop de série. O controlo de emissões Como todos os SUVs e veículos todo-o-terreno da Mercedesdiesel BlueTEC está disponível, pela primeira vez, para o SUV Benz, o GLK é um imparável todo-o-terreno.

102

2012


{

H2O LUXOS

}

Cessna Grand Caravan EX

Versátil este rei dos ares —

A Cessna Aircraft Company lançou recentemente o Grand Caravan EX. Versatilidade, conforto, confiabilidade e segurança, são a imagem de marca de uma aeronave que permite a ocupação até 9 passageiros e, na configuração executiva, leva até 8 passageiros, com espaço e conforto similares a linha de jatos Citation. Sua configuração interna de poltronas pode ser alterada rapidamente, permitindo que um avião de passageiros se torne num veículo de transportes de cargas.

taxa de subida distância de

de 1220 pés/m

inuto

decolagem de

689 m

Uniesse 70 SPORT

Através das ondas

Projetado ao sabor do vento, é um barco aerodinâmico duro especialmente concebido para todos os que apenas ambicionam o melhor. Com a sua forma de desportivo fino e elegante- parecendo agachado sobre o mar e pronto a atacar através das ondas - o 70SPORT é um casamento entre um desempenho superior e estilo. Este iate apresenta uma clara divisão entre o espaço de estar e os quartos de dormir, o que permite uma experiência de navegação que dura todo o dia seguindo noite dentro.

Van’s Aircrfat RV-14

…a diferença! —

A Van’s Aircrfat apresentou o novo RV-14. Trata-se de uma aeronave acrobática em kit de dois lugares lado-a-lado, semelhante ao RV-7, mas com uma cabine mais espaçosa, mais espaço para as pernas e para a bagagem. Mas o RV-14 é diferente. Provavelmente a primeira coisa que se nota é que a posição do assento na posição vertical e copa grande bolha fornecer visibilidade excelente em todas as direções.

foto giga®

rtivo Despo nte ga e e el

2012

103


Life&Style

Carla Marques

{

GADGETS LUXOS

Sharp Aquos LC-90LE745U

Veuve Clicquot

Sony lança

A Sharp apresentou o Aquos LC-90LE745U que é a maior LED-backlit LCD HDTV do mundo disponível comercialmente. Com 90 polegadas permite a visualização clara com HD 1920 x1080 resolução.

A prestigiada marca de champagne francesa, Veuve Clicquot lançou o seu famoso Brut Yellow numa lata de sardinha de cores claras. Uma ideia de sucesso!

O controle Dual Shock 3, do PlayStation 3 em ouro é uma das formas encontradas pela Sony para comemorar os Jogos Olímpicos de Londres.

Outra dimensão

Em lata de sardinhas

DualShock3 em ouro

Fita Desk Lamp LED

Ajustável

A lâmpada de mesa LED projetado por Alberto Fraser é ajustável e ideal para pessoas que querem uma fonte de luz próxima. A lâmpada tem um pescoço de PVC transparente que torna extremamente flexível e estável.

Adamo da Dell

Hama Universal

Elegante e minimalista. A Dell apresenta, Adamo, considerado o mais fino laptop do mundo. Tem apenas 1,64 cm de espessura quando fechado, 33cm de largura, 24,1 cm de profundidade.

A pensar nos comandos perdidos, danificados ou, simplesmente, com funções limitadas, a Hama apresenta um comando universal para sistemas de ar condicionado com controlo à distância.

Case Logic

C Explorers

Steven Grotel

A Case Logic lançou as suas mais finas capas de proteção, para iPad e MacBook Air, de sempre – os modelos IFOL 301 e SSMA 311. São capas de transporte elegantes e que oferecem uma dupla proteção graças a um acabamento duplo exterior e interior, que preserva os dispositivos de riscos, poeiras e mesmo de choques.

A U-Boat Worx lançou os “C Explorers”, submarinos que estão certificado para mergulho a profundidades de 1.000 metros. Podem transportar de 1 a 6 passageiros, tem um casco de pressão totalmente acrílica, maneabilidade, velocidade, ar condicionado e rampa de lançamento do trailer.

Steven Grotel concebeu um conceito de anel relógios. O relógio-anel em ouro branco de 18k apresenta um cristal e diamantes, sendo feito de metal nobre.

Elegância

104

2012

Laptop mais fino do mundo

Submarinos individuais

ControlO RemotO

desenha anel-relógio

}



Life&Style

Carla Marques

Brilho de prazer —

Anel

Dinh-Van na XN

Quando os olhos cintilam como estrelas, quando a pele ganha um brilho especial e as joias fazem sonhar há um novo mundo feito de um prazer sem limites. Uma joia, por singela que seja, pode ser o princípio desse prazer!

Anel

Pandora

na Visão do Tempo Grupo Cronos

Colar

Montblanc

na XN Miss Chamilia

Miss Chamilia

Pulseira

Isabel Marant na Fashion Clinic

Pregadeira

Marina Fossati na Fashion Clinic

106

2012

Trinket Purple

da Storm London

Pulseira com brilhantes

Marina Fossati na Fashion Clinic


{

JOALHARIA LUXOS

}

Marcolino Joalheiros Inovar para conquistar — O espírito inovador e empreendedor da Marcolino Relojoeiro volta a surpreender todos os que passam na Baixa da cidade do Porto, a norte de Portugal. Após mais de 75 anos de tradição a Marcolino Joalheiro mantem a mesma capacidade de inovação que sempre caracterizou esta loja. Bom gosto e qualidade são a sua imagem de marca deste espaço que tem procurado satisfazer os gostos dos amantes da relojoaria e joalharia. Da parceria Marcolino Relojoeiro - Internacional Watch Co. nasceu um novo conceito, a SIS, a mais pequena boutique IWC do mundo. É com um enorme orgulho que o convidamos a conhecer este espaço que não se rege pelas suas dimensões, mas sim pela complexidade das peças expostas. Angola’in falou com Rui Castro

Neves, administrador da Marcolino Relojoeiro para saber o porquê de numa época de crise terem apostado na abertura de uma loja cheia de requinte e glamour na Baixa do Porto. “Acreditamos no nosso país, acreditamos na nossa cidade, acreditamos na baixa do Porto e acreditamos que a rua de Santa Catarina vai voltar a ser uma zona de comércio de luxo”. Sendo a Marcolino Relojoeiro uma marca conceituada na cidade Invicta, esta aposta exprime um desejo de internacionalização da marca, como avança o nosso entrevistado, garantindo que “queremos dialogar com um público exigente, de todos os países que nos visitam, por

isso ao selecionarmos os produtos disponíveis da loja temos como critério base procurar produtos e marcas que sejam do agrado de públicos modernos e cosmopolitas”.

Tradição alia-se à inovação Este novo espaço apresenta um conceito moderno, aliado a uma tradição histórica de requinte e qualidade. “ Quisemos fazer uma loja de referência na baixa do Porto; sabemos que o edifício é histórico, da autoria do arquiteto Francisco de Oliveira Ferreira, e, assim, garantimos os valores originais, aliados à modernidade e ao luxo.

Com esta aposta acreditamos que podemos contribuir para a revitalização da Baixa do Porto e, simultaneamente atrair novos investidores do mundo da moda e acessórios para esta localização”. Em relação ao futuro Rui Castro Neves garante que ideias não faltam. “Após o verão contamos surpreender com algumas iniciativas que vão ajudar a atrair novos públicos para a loja, nomeadamente compradores que apreciam a qualidade das peças de relojoaria e joalharia e que vão conseguir descortinar na Marcolino Joalheiros uma loja capaz de lhes proporcionar um encontro com o que de melhor existe a este nível no panorama mundial”.

2012

107


Life&Style

Carla Marques

{

RELÓGIOS LUXOS

}

Um pulso de…charme! —

E numa peça simultaneamente simples e complexa pode estar a raiz de todo o charme. Um relógio pode fazer a diferença! Um relógio pode tornar uma presença inócua em alguém marcante inesquecível. Descubra as novas propostas que temos para si.

Eletta Dual

Radiomir Black Seal 3 Days Automatic

na Visão do Tempo Grupo Cronos

Albatross Scuba

na Visão do Tempo Grupo Cronos

Lacoste

Tag Heur Formula1 Ceramic Bicolor

Baume-et-Mercier (Capeland)

na Torres Distribuição

Tommy Hilfiger 108

2012

Versace Destiny Precious na Torres Distribuição


2012

109


Life&Style

Carla Marques

Quénia Vista-se para o paraíso —

O Quénia é um paraíso natural. Um país do interior e de costa muito interessante, com parques nacionais e paisagens deslumbrantes: o Parque Nacional de Nairóbi, os Aberdares, e lagos como o Lago Naivasha e Lago Turkana são locais a não perder. Nestes e em muitos outros parques irá encontrar uma flora e fauna impressionante, com rinocerontes pretos, leões, leopardos, rinocerontes cinzentos, girafas, búfalos, hipopótamos e crocodilos nos lagos e pântanos do país.Além disso, lugares como o Monte Quénia devem ser visitados, bem como percorrer toda a extensa savana. Na mala deve levar roupa confortável para usar durante o dia e roupa cheia de glamour para brilhar à noite. Aventure-se num safari e marque a diferença!

03

10

01

07 08 12

09 14

16 05

13

15

02 11

04 06

06

110

01 b Carteira Coach 02 b Sapatos Coach 03 b Porta-moedas Coach 04 b Vestido Manoush 05 b Camisa Manoush b Camisa Manoush 07 b Casaco Miss Sixty 08 b Calças Miss Sixty 09 b Cinto Diesel 10 b Sapatos Diesel Antoinette 11 b Carteira Tom Ford, na Fashion Clinic 12 b Chapéu Maliparmi, na Loja das Meias 13 b Vestido Glüen 14 b Óculos Missoni, na Fashion Clinic 15 b Bolsa Lacoste 16 b Saco Lacoste

2012


{

DESTINO ESTILOS

01

}

10

02

08

07

11

04

15

06

03

09

14 13

12 01

05

b Blusão Barbour 02 b Impermeável Barbour 03 b Camisa Energie 04 b Camisola Dolce & Gabbana, na Fashion Clinic 05 b Sapatilhas Dsquared, na Fashion Clinic 06 b Calças Gucci, na Fashion Clinic 07 b Bermudas G-Star 08 b Calças G-Star 09 b T-shirt G-Star 10 b Lenço Hermès 11 b Camisa Lion of Porches 12 b Cinto Lion of Porches 13 b Boné Dsquared, na Fashion Clinic 14 b Mochila Camel, Camel Active 15 b T-Shirt Energie

2012

111


Life&Style 13 07

05 09

11

10

15

Um convite …

12

14

Delicie-se, num dia de sol, a banhar-se nas águas quentes do Atlântico. Deixe o corpo responder ao apelo da água e vista-se de forma apropriada para esta ocasião. Tempo de descontração, tempo de viver a vida ao ritmo do calor. 16

03 02

04

01

08

06

b Calção de banho Dolce & Gabbana, na Fashion Clinic 02 b Sunga Dsquared, na Fashion Clinic 03 b Calções Lacoste 04 b Calções de banho Dsquared, na Fashion Clinic 05 b Calções de Banho Paul Smith, na Fashion Clinic 06 b Sweatshirt Dolce & Gabbana, na Fashion Clinic 07 b Óculos Moschino 08 b Chapéu Hermès 09 b Sandálias Hermès 10 b Calções CAMEL ACTIVE 11 b Bermuda CAMEL ACTIVE 12 b Saco CAMEL ACTIVE 13 b Boina CAMEL ACTIVE 14 b Pólo Lacoste 15 b Chinelos Fly London 16 b Pólo Lion of Porches 01

112

2012


{

MODA ESTILOS

}

08

01 10

14 16 11

15

07

06

Vista-se para o calor

02

— Sol, praia, mar…sinónimos de lazer e boa disposição. Céu azul convida a um sorriso nos lábios e a uma deslocação até águas quentes e cristalinas. Roupas coloridas e divertidas complementam este quadro de alegria que oferecemos. Vista-se para bronzear.

03

09

12 04

13

01 12

b Touca Hermès 02 b Luvas Hermès 03 b Chapéu Hermès 04 b Toalha Hermès 05 b Calções Barbour 06 b Sandálias Hermès 07 b Saco Hermès 08 b Sandália Lacoste 09 b Vestido de praia Lacoste 10 b Bikini Lacoste 11 b Fato de Banho Lacoste b Saco de praia Lacoste 13 b Bikini Lacoste 14 b Óculos Fly London 15 b Sandálias Fly London 16 b Chinelos Fly London

2012

113


Life&Style

02

05

03

06

01

Linhas de moda

— Há estilistas que todos reconhecem pelo arrojo das suas produções, outros impõem-se pelo seu cunho pessoal que faz das suas peças de roupa uma tradição a respeitar entre os amantes da alta costura. Entre tons de negro, ouro e branco, texturas lisas ou geométricas os desfiles das grandes casas oferecem uma panóplia de ofertas que permite à imaginação voar por entre os traços dos corpos femininos que os envergam.

04

05

114

07

01 b Custo Barcelona 02 b Custo Barcelona 03 b Custo Barcelona 04 b Hermès b Maliparmi, na Loja das Meias 06 b Patrizia Pepe, na Fashion Clinic 07 b Patrizia Pepe, na Fashion Clinic

2012


{

TENDÊNCIAS ESTILOS

}

Mudança no masculino

— A irreverência tomou conta da moda no masculino. Os criadores reinventam e o homem torna-se numa fonte de inspiração quase infinita. Cores, textura e formas inovadoras vão mudando gradualmente o armário dos homens. 02

05

03

06

01

04

01

07

b Cavalera 02 b Yves Saint Laurent 03 b Cavalera 04 b Hermès 05 b Hermès 06 b Osklen 07 b CustoBarcelona

2012

115


Life&Style

{

COSMÉTICA ESTILOS

Perfume

Zadig & Voltaire Fragrance-C-reflection Vernizes

L’Oréal

Sasha

na Fashion Clinic

Dias de luz

— Os dias fazem-se de brilho, cor, sol, praia e muita luz. Há uma conjugação de fatores que deve ter em conta para conseguir uma pele perfeita e um brilho muito especial que contagiam e tornam a sua presença inesquecível!

Perfume

GAP

na Fashion Clinic

Sérum

Body Lotion

L’Oréal

Jimmy Choo

na Fashion Clinic

Eau de Toilette

Sunny Diane

Corretor Mister Perfect

Givenchy

Pincéis de maquilhagem

Givenchy

}



Life&Style

Carla Marques

q

q

1001 utilizaçþes para o vinagre

118

2012


t

{ GOURMET }

De “vinho azedo” a produto de eleição

Remete-se a um passado quase tão longínquo como as mais antigas das civilizações humanas. Segundo dados existentes esta iguaria foi descoberta por acaso, há cerca de 10 mil anos, quando um barril de vinho foi esquecido e a bebida se transformou num outro produto. Talvez por isso não tenha sido mero acaso o nome dado a tal descoberta: Vinagre, ou “vinho azedo”. Uma das referências mais antigas referentes ao vinagre remonta a mais de 5000 a.C. relativo ao processo de obtenção do vinagre através de tâmaras. No Antigo Egito era usado como medicamento, enquanto os romanos e persas lhe davam um uso diversificado que ia do seu uso para tempero, conservação e desinfeção de alimentos e medicamento.

Um condimento, diversos aromas

Apesar do seu nome remeter ao vinho, a verdade é que o vinagre pode ser produzido a partir de qualquer fruta ou alimento que contenha açúcar, daí a extensa variedade existente. As variações são um reflexo de como cada civilização antiga desenvolveu o condimento, de acordo com as suas próprias especificidades. No Mediterrâneo a sua constituição tem predominância do uso das uvas, enquanto que na Suécia, Grã-Bretanha, Finlândia e outras regiões é produzido com sucos de frutas típicas. Já

a leste e sudeste asiático o arroz é a matéria-prima e no Brasil há o vinagre de álcool de canade-açúcar. O vinagre de álcool é produzido a partir da fermentação do álcool de cana-de-açúcar, a coloração varia entre transparente, clara ou escura e é geralmente usado na fabricação de conservas, temperos e na limpeza doméstica. O vinagre de vinho provém da fermentação acética do vinho, pode ser branco, rosado ou tinto, dependendo da matéria-prima usada e são utilizados para temperar saladas, carnes e em muitos casos como auxiliares em dietas nutricionais O vinagre de cereais é obtido com a fermentação de cereais como arroz e milho, contém aminoácidos, minerais como o fósforo e o cálcio, potássio, ferro, zinco e cobre, além de vitaminas. O vinagre de milho é um produto típico da Tailândia. O vinagre balsâmico é tipicamente italiano, feito a partir do vinho tinto e extratos vegetais envelhecidos lentamente. Caracteriza-se pela consistência densa e pelo sabor agridoce e amadeirado. Pode ter ainda em sua formulação a adição de aromas de frutas ou mel. É utilizado na culinária mais sofisticada, tanto na elaboração de pratos doces como salgados, por ter um sabor levemente agridoce. Relativamente ao vinagre de frutas, o mais comum é do de maçã, originalmente feito na Alemanha. Estes vinagres possuem na sua composição os valores nutricionais das frutas das quais foram produzidos. No caso do de maçã, apresenta substâncias antioxidantes e elemen-

tos funcionais, especialmente os chamados fitoquímicos. Destacam-se também pelo aroma frutado e sabor mais suave. Frequentemente utilizados em temperos, sucos e, em alguns casos, como auxiliares em dietas nutricionais. Vinagre também é gourmet Durante muito tempo o vinagre foi considerado um subproduto do vinho, usado maioritariamente para desinfetar alimentos e temperar saladas. Com o tempo e graças a características muito especiais, o vinagre conseguiu conquistar um novo status na cozinha. Falamos dos chamados vinagres gourmet, preparados a partir de frutas, de champanhe ou de vinhos nobres. A diferença neste caso entre o vinagre normal e o gourmet está na matéria-prima usada e no processo de fabrico. Aprenda a usar alguns tipos de vinagre gourmet: Vinagre de champanhe: usar com peixes e frutos do mar. Vinagre de estragão:perfeito para utilizar em carnes de sabor mais forte e peixes em geral. Vinagre de sidra de maçã: para temperar pratos frios Vinagre balsâmico de Módena: Produzido na Itália, é ideal para reavivar o sabor de carnes. Vinagre de framboesa: Indicado tanto para temperar carnes e condimentar saladas de batata como para dar um toque diferente a uma salada de frutas. Vinagre balsâmico branco: ideal para saladas podendo também ser usado em sobremesas. Vinagre de vinho ao alho: Bom para temperar saladas, carne de cordeiro e de porco. 2012

119


Life&Style

Sabores com design Carla Marques

q

q

SPOT São Luiz

Com um espírito cosmopolita o SPOT São Luiz tem no Teatro com o mesmo nome a sua base. Num ambiente que exala cultura o espaço foi pensado para um público urbano e heterogéneo. É o ponto de encontro certo de gerações para experiências de sabores, que não escolhe nem hora, nem tempo, nem idades. O espaço é dirigido por Glover Barreto. Originalidade e sabor são os pilares dominantes nos pratos apresentados com a assina-

120

2012

tura do chefe Fausto Airoldi, o que só por si é garantia de uma marca com a tradição de sabores português, aqui revisitados numa perspetiva de inovação, qualidade e design. Do simples e delicioso café aos almoços durante toda a semana até aos tardios jantares e “light choices” durante todo o dia, sem esquecer o brunch aos domingos, não há desculpas para não marcar presença no Spot São Luiz. Com capacidade para 80 lugares sentados, 15

lugares de Bar Lounge e 34 lugares de esplanada este restaurante tem como pratos emblemáticos as bolinhas de alheira de caça com couli de laranja, bacalhau fresco escalfado em azeite com á Brás de espargos verdes, risotto de camarão e lima com peixe do dia panado em farinha de milho, além das deliciosas sobremesas que fazem as delícias de todos os comensais.


{

RECEITA GOURMET

}

Chefe Fausto Airoldi

Qualidade garantida — Fausto Airoldi é um chefe executivo de cozinha, empresário, consultor e gestor profissional na área de Catering e Horeca. Sempre atento às tendências tem participado em muitos dos certames e foruns culinários a nível nacional e internacional. Com 16 anos de experiência tem no seu curriculum uma panóplia de projetos desde hotéis de 5 estrelas, restaurantes conceituados, centros de congressos, cozinhas centrais e produção de produtos de conveniência. Um líder eficaz, com um sentido equilibrado procura constantemente novos desafios como empresário e como profissional que proporcionem oportunidades e através do qual possa usar “know-how” de diversas maneiras novas. Experiente em estratégia e da gestão dia a dia num nível corporativo ou mais comercial. Líder motivado mantem a calma mesmo sobre pressão e foca a sua actividade na resolução de problemas. Já projetou e assumiu a direção de projetos desde a conceptualização até contratação de grandes equipas de trabalho, “soft-openings”, lançamentos e operações de longo prazo. Com sucesso têm liderado projetos multifacetados desde restaurantes internacionalmente reconhecidos, mega eventos como cafés e bares locais. Atualmente à frente do Spot S. Luiz, já foi chefe executivo do restaurante Bica do Sapato, do Regency Hotels & Resorts Group, H2O Restaurante, Hotel Quinta do Lago, Orient Express, entre tantos outros. Tem uma exposição Internacional que lhe permite movimentar-se em vários continentes e estilos gastronómicos e culturais.

2012

121


Life&Style eReceitae

Xerêm de camarão com filete de robalo corado sobre feijão verde — Número de pessoas 4 pax

Quantidades 2 robalinhos de 800/900g [retirar os filetes] 160 g Feijão verde, cozido Xerêm 260 g Camarão tigre 30/40 120 g farinha de milho grossa

300 ml Caldo de camarão 40 g cebola 10 g alho 10 g coentros 15 ml azeite

Preparação

Refogar a cebola e alho no azeite Juntar o caldo de camarão, quando estiver a ferver juntar em fio a farinha de milho, mexendo constantemente. Deixar a farinha de milho cozinhar pelo menos 20 minutos, mexer com frequência Temperar com sal, pimenta preta em grão e piripiri a gosto Juntar os camarões mesmo antes de servir e envolver com coentros picados

Para servir:

Corar o filete de robalinho em azeite quente temperar com flor de sal e pimenta Colocar o xerém num prato fundo, ao meio colocar o feijão verde e sobrepor com o robalo corado Guarnecer com coentros picados e pó de pele de tomate ( pele de tomate seca ao ar)

122

2012


E se afinal a perfeição existe?

{

SHOPPING GOURMET

Como em tudo há coisas que fazem a diferença. No gourmet a qualidade, a inovação, a beleza podem ser sinónimos de uma mais-valia que nos leva a acreditar que afinal a perfeição pode estar apenas a um passo dos nossos sentidos.

}

c

Biscoitos

LuBonometti

f

c

Taça de gelado vintage

Pack Temperos

Spal Gourmet

Guzzini

g

Licor

Cupies Gourmet c

c

Mestre Cacau,

azeites gourmet

na Chocolate ao Quadrado

Zaeli

f c

Serviço de jantar

Spal

Conservas de peixe espada preto

Artesanal Pesca (Sesimbra) 2012

123


Life&Style

Carla Marques

Entrevista Ricardo Quaresma

Paixão pela arte

— Hoje tem com Angola uma relação quase umbilical. Nascido em Portugal, Ricardo Quaresma só há muito pouco tempo descobriu os encantos de África, ao participar na produção de uma exposição em Luanda..

A partir daí a ligação a esta terra foise estreitando e Ricardo Quaresma foi desenvolvendo ou participando num conjunto de iniciativas. “Fui convidado pelo ator e amigo Meirinho Mendes a participar no “OKUPAPALA” (brincadeira em Umbundo), projeto internacional que propõe um encontro de arte e cultura urbana com intervenções artísticas em bairros desfavorecidos - musseques - no Lobito. (Mais info: www.okupapala.org)”. O mais recente projeto foi a idealização de um cenário para uma peça de dança 124

2012

infantil “Encantos na Floresta”, que teve a direção artística da Prof. Rita Oliveira. Este espetáculo de dança infantil decorreu no Cine Teatro Nacional de Angola e contou com a participação de cerca de 80 crianças. Esta peça decorre numa floresta mágica onde acontecem várias pequenas danças que compõem uma obra completa. As crianças interpretaram diferentes personagens que dançam em grupo e interagem entre si, criando uma história única que deu o nome ao espetáculo.

Um história dentro de outra(s) história(s) O interesse de Ricardo Quaresma Vieira pela fotografia é uma questão genética herdada de seu pai. Para além de ser portador dos genes que lhe deram uma forte ligação à imagem, Ricardo Quaresma afirma ainda que o seu interesse pela imagem surgiu quando, aos 6 anos, uma televisão o atingiu na cabeça, cicatriz que exibe até hoje orgulhosamente. Natural da Vila de Pontével, no Cartaxo, Ricardo Quaresma Vieira estudou cinema na E.S.A.P. no Porto, e ainda a estudar, recebeu o Apoio à Produção de Curtas-Metragens do I.C.A.M. com o filme Hoje Foi Amanhã, no qual foi argumentista e realizador. Participou em vários festivais, como o Fantasporto, Festival de Cine de Badajoz (Melhor som), Festival de Cinema de Arouca (Melhor Filme/Melhor Actor), Caminhos do Cinema Português (Melhor Filme). No ano de 2003 decidiu ir para a Alemanha onde organizou 3 exposições, a destacar @ and Alpha – Superior Via Connection, uma instalação contemporânea de Arte Pública na estação de metro Schlump, Hamburgo. Na série 1.000.000€ Girl, Ricardo Quaresma revela imagens inéditas de Diva Von Teese. Apresenta uma série de imagens de um dos shows desta diva, ao estilo voyeur, e, simultaneamente questiona e provoca os valores e a sobre-valorização da arte contemporânea: um dos trabalhos é exibido em formato Pay-per-view em que o visitante tem de colocar uma moeda no peep-show


{ ARTE }

para vê-lo, revertendo os lucros para a associação Abraço. Um dos seus últimos projetos, Modamorfose, baseia-se na fotografia de moda que tenta chegar à perfeição impossível ou à beleza idílica. Em moda, são disparadas 100, 200 ou 500 imagens quando na realidade é apenas utilizada uma, como um efeito Kalashnikov. Este trabalho de Ricardo Quaresma parte do seu arquivo fotográfico de moda dos últimos anos e cria assim uma nova obra artística em que se juntam milhares de imagens resultantes de shootings de moda. Este género de reaproveitamento do arquivo fotográfico sugere uma espécie de reciclagem digital contemporânea, porque as imagens escondidas ou esquecidas nos discos rígidos são aproveitadas como mosaico para a construção de um trabalho mais plástico, revelando a sua relação amor/ódio com o tema. Ricardo Quaresma vive atualmente em Lisboa, cidade onde aprofunda os seus conhecimentos de fotografia e filme através da arte, da moda, de retratos de celebridades,

reportagens, entre outras áreas onde deixa um cunho marcante etc. Os seus trabalhos foram publicados em inúmeras revistas de moda de referência, como Máxima, ELLE, Vogue, Público, Egoista, GQ Maxmen, FHM, DNA, JUP, Parq, Must, Lusobeat, Umbigo, DIF, Slang, Neo2, Cream & IDN (Hong Kong). Recentemente foi requisitado pela companhia aérea “Fly Emirates” para fotografar a campanha de publicidade mundial e a divulgação dos novos voos para Portugal. Tem como Mecenas na Arte a I.M.V. (Italian Motor Village) através da associação Art In Park e atualmente o seu trabalho expressa-se em várias formas: fotografia, cinema, vídeo e instalação. Continua determinado a investigar e a projetar as suas ideias nas Artes Visuais, na Arte Social e na Arte Trans-Contemporânea., como se pode ver através do seu site: www. ricardoquaresmavieira.com Para este ano além da exposição patente no Centro de Arte Contemporânea de Skopje, Macedónia, tem prevista uma outra em Paris, data por definir.

O futuro em terras de Angola Questionado sobre eventuais iniciativas que está a desenvolver em Angola no domínio artístico, o nosso entrevistado referiu que: “Tenho sido requisitado frequentemente para produções de publicidade nas áreas de fotografia e cinema. Neste momento estou em pós-produção/edição de um videoarte para um grande colecionador angolano de Arte Contemporânea e Arte Africana. Este documento vai fazer parte da sua coleção e servir de memória para o futuro espaço cultural que irá surgir em Luanda. Este e outros projectos, como uma futura exposição individual, ainda estão guardados no segredo dos deuses”.

2012

125


Life&Style

Patrícia Alves Tavares

INSTITUTO CAMÕES

Alma lusófona —

“Através das Portas”, do artista lusoangolano Mário Tendinha, é a exposição que estará em exibição no Instituto Camões, em Luanda, até ao final de outubro. O Centro Cultural Português (IC-CCP) soma e segue no plano cultural e orgulha-se de ter uma agenda repleta de eventos das mais diversas áreas, com atividades até ao final do ano. Nesta edição, conversamos com o diretor do organismo, que conquistou o seu lugar na capital, e descobrimos as razões que cativam os visitantes nacionais e portugueses.

O lema do IC-CCP é a qualidade. “Para além da promoção dos artistas portugueses e angolanos, temos uma política de abertura em relação a qualquer projeto cultural que se destaque pela qualidade”, afiança Francisco Duarte, diretor do centro. Para o responsável, a missão mais importante do organismo de promoção da lusofonia está na aproximação da língua portuguesa dos seus falantes e na sua promoção junto das populações lusófonas. “A economia é, sem dúvida, muito importante, mas entre Angola e Portugal há muito mais: temos a língua, a cultura, os laços de sangue e os afetos. Em suma: o IC-CCP é uma casa comum, nossa, de angolanos, portugueses e de todos aqueles que se interessam pela cultura”, constata. O Instituto Camões nasceu em 1996 e desde então assumiu o papel de pólo cultural na 126

2012

que escreveu há um ano e afirma capital do país. Instalado na que o relacionamento entre Embaixada de Portugal, o centro lusos e angolanos oferece ao público tem contribuído uma biblioteca, “O IC-CCP é para a consagração sala de exposições uma casa da importância da e um auditório, comum, língua comum. infraestruturas que nossa, de “Julgo que a resposta têm sido cruciais angolanos, a esta pergunta na dinamização de uma agenda cultural portugueses começou a ser e de todos definida já antes e social onde o aqueles da independência português é o único que se de Angola, nos idioma admitido. interessam poemas e nos textos pela em que Agostinho cultura”, Lingua Neto, Viriato da Francisco mater Cruz e Mário de Duarte Indissociável da Andrade afirmaram preservação da a sua angolanidade língua portuguesa, e proclamaram o Instituto Camões foi criado “Vamos redescobrir Angola, num momento em que se discutia vamos ser nós mesmos””, explica, qual a verdadeira dimensão lembrando ainda a prosa de da lusofonia e do português. Pepetela, consagrado Prémio Língua estrangeira ou língua Camões e que deu nome ao nacional? Francisco Duarte auditório do IC-CCP. recorda um artigo de opinião O responsável considera que as

atividades desenvolvidas pelo espaço valorizam um dos idiomas mais falados do mundo enquanto “instrumento de cultura e de desenvolvimento económico”. Recordando o escritor Miguel Torga, lembra que “a língua portuguesa constitui-se em “traço de união” de cultura, de afetos, de negócios, da construção de um espaço comum de prosperidade partilhada entre os países da CPLP”. O português é falado por 250 milhões de pessoas, sendo o sexto idioma mais falado a nível global e o terceiro da Europa. Com um potencial económico elevado e prevendo-se que será uma das línguas vencedoras da globalização, deverá ser o idioma de 350 milhões habitantes da CPLP até 2050. “O português escrito e falado em Angola já enriqueceu o meu português: ‘maka’, ‘mujimbo’, ‘mambo’, ‘bué’, ‘candando’ e


{ CULTURA&LAZER } Números

Agenda

40 mil

20 SET. a 22 OUT. › 18H30

a Biblioteca

(luso-angolano) – inauguração

do Instituto Camões

pessoas visitam anualmente

300

visitantes por dia frequentam a biblioteca

6000

livros em língua portuguesa

112

lugares é a capacidade da galeria de exposições

tantas outras expressões fazem parte do léxico de cada vez mais pessoas que falam e escrevem em português”, finaliza.

Biblioteca é o ex-libris Foi remodelada há dois anos e é um dos locais mais procurados em Luanda. A Biblioteca do Instituto Camões – Centro Cultural Português de Luanda recebe anualmente cerca de 40 mil pessoas, uma média de 300 utilizadores que diariamente procuram as obras e espaços de consulta do local. São na maioria jovens estudantes, que encontram no centro uma panóplia de meios de pesquisa, acesso à Internet e documentos que os aproximam da língua portuguesa. Este ano, a empresa Roff doou equipamentos informáticos para melhorar os serviços de consulta

Exposição de pintura “Através das Portas” do artista Mário Tendinha

Outubro 2012 › 09H00/13H00 Concurso BESAFOTO – auditório Pepetela

08 a 29 NOV.

5ª Edição Exposição World Press Photo – inauguração (patrocínio do BESA)

17 a 23 NOV.

Festival Internacional Cinema Luanda

06 DEZ.2012 e Janeiro 2013

Exposição de pintura do artista plástico Van – organização Atelier Sabby – inauguração

digital e atualizar as tecnologias da informação. Com um reforço das suas capacidades no domínio da comunicação e informação da comunidade, o Instituto Camões detém uma função social extremamente relevante ao abrir as portas a uma comunidade que dispõe de poucas bibliotecas públicas. São sobretudo os estudantes do ensino médio e universitário que recorrem aos 300 m2 de espaço informativo, onde podem descobrir seis mil obras variadas e passar uma tarde na sala de leitura ou no espaço multimédia, que disponibiliza uma dezena de computadores com acesso wireless.

Palco da lusofonia As instalações do Instituto Camões sofreram uma profunda remodelação, o que permitiu ao Centro renovar a sua imagem e

criar condições para aumentar a qualidade dos serviços prestados no âmbito da missão de difusão da Língua e Cultura Portuguesa no país. Além da concorrida biblioteca, a infraestrutura oferece uma sala de leitura, um espaço de encontro entre os diversos públicos, que é palco de intercâmbio e de cooperação entre as instituições palancas, nomeadamente as que atuam em áreas ligadas à cultura e educação. A galeria de exposições é constantemente requisitada, em virtude do palco e dos 112 lugares, sendo o cenário ideal e preferido pelos artistas nacionais e internacionais que a consideram uma sala de referência para mostrar o seu trabalho aos angolanos. Além dos habituais ciclos de cinema e espetáculos de teatro e musicais, é regularmente utilizado para palestras e conferências.

O IC-CCP dispõe igualmente de uma sala de formação, contribuindo para a comunidade local com um espaço adequado para a concretização de sessões de formação, promovidas pelas entidades empresariais. São fatores apontados por Francisco Duarte para justificar o crescimento gradual da instituição ao nível de receção de público e de credibilidade junto da comunidade. “O facto de os artistas angolanos procurarem o IC-CCP para exporem as suas obras permite-nos estabelecer uma relação de proximidade e de colaboração que deixa frutos duradouros, contribuindo para o reforço dos laços culturais e para a saúde da relação bilateral em todas as suas outras vertentes”, conclui em entrevista à Angola’in.

2012

127


Life&Style

III Encontro de escritores lusófonos

— De 15 a 17 de outubro, a cidade de Natal, no Brasil, vai receber nomes internacionais da literatura e linguística que vão participar no III Encontro de Escritores de Língua Portuguesa. O certame destina-se a promover o intercâmbio entre os escritores lusófonos dos diferentes continentes e conta com o apoio da Associação Lisboa/ Natal (LisNatal). Figuras como Mia Couto (escritor moçambicano), Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães (escritoras portuguesas) ou Roberto DaMatta (antropólogo brasileiro) são presenças confirmadas. “Literatura e futebol”, “Literatura infanto-juvenil” e “Literatura e Oralidade” são os temas a debater.

{ CULTURA&LAZER }

Patrícia Alves Tavares

Toronto exibe filme angolano

“O Grande Kilapy”, de Zeze Gambôa, foi um dos filmes que integraram a 37ª edição do Festival Internacional de Cinema do Toronto, Canadá, que decorreu em setembro. A longametragem tem a duração de 100 minutos e foi produzida este ano com o apoio da European Film Promotion e European Unions Media Programme. É o segundo trabalho de ficção do cineasta, que é conhecido no meio internacional desde que se apresentou em festivais mundiais com o filme “O Herói”, de 1998. A recente película retrata a história de Joãozinho, alto executivo de um banco central que burlou o regime colonial português para ajudar os movimentos nacionalistas que existiam em Angola. O brasileiro Lázaro Ramos interpreta o papel principal.

Hoji Fortuna escreve livro

— O ator angolano Hoji Fortuna lançou o seu primeiro livro. Intitulado “New York for Actors” retrata a experiência do artista radicado em Nova Iorque, nos EUA, nomeadamente as suas vivências no cinema americano. “O livro oferece uma variedade de dicas e truques partilhados por alguém que vive na pele as peripécias de uma vida de ator numa das cidades mais competitivas do mundo”, referiu durante a apresentação da obra que visa ser um guia para qualquer estrangeiro que deseje enveredar pela carreira artística naquele país. O livro está à venda em formato digital em www.lulu.com.

Hotelaria coopera com UNAC

A União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC) assinou um protocolo de cooperação com diversas unidades hoteleiras. O objetivo do memorando consiste em incluir música ao vivo nos principais hotéis e restaurantes do país, de modo a aumentar a empregabilidade dos artistas. “Nos contactos preliminares que mantivemos com os hotéis, com a mediação do Ministério da Hotelaria e Turismos, prevaleceu o bom senso. Por isso, foi decidido iniciar esse programa, enquanto uma equipa integrada pelo ministério, UNAC e a Associação dos Hoteleiros vai criando as condições legais para que essa atividade se desenvolva sem constrangimentos”, explicou Belmiro Carlos, secretário-geral da UNAC.

128

2012

“Geração Gospel”

— Bambila anunciou que está a gravar um novo projeto. “Geração Gospel” contará com a participação de vários músicos nacionais do gospel, como Eliot Kassoma, Miguel Buila e Irmã Sofia. O cantor explicou que se trata de um trabalho que se destina a unir os talentos deste género musical e incentiva a população a ouvir estes artistas. O disco terá 15 músicas cantadas em vários dialetos.


{ PERSONALIDADES } Fernando Batalha

Património humano — Fernando Batalha nasceu em Portugal, mas foi na terra vermelha que passou parte da sua vida. Encantado com o país, aqui desenvolveu a sua atividade e ganhou o estatuto de principal investigador do urbanismo nacional. O arquiteto faleceu há quatro meses e deixou a nação órfã de um dos maiores estudiosos do seu património arquitetónico.

Falar de arquitetura é recordar Fernando Batalha, o responsável pelo inventário do património arquitetónico de Angola após a sua independência. Quatro meses após a sua morte, a Angola’in recorda a história de uma figura que nasceu no Alentejo, em Portugal, mas que se apaixonou pelo nosso país desde o primeiro momento e que escolheu para viver grande parte da sua existência. Morreu com 104 primaveras e deixou uma vasta obra sobre o país do seu coração. Estudou Arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa e viajou ainda jovem até Paris, capital francesa, onde se especializou em Urbanismo. Contudo, foi em 1935 que a sua vida mudou, quando conheceu o continente africano. Foi no primeiro cruzeiro de férias dos estudantes portugueses às antigas colónias lusas que o aluno de arquitetura se apaixonou pela cidade. Bastaram três anos na terra da Palanca Negra para que o arquiteto luso fosse escolhido para desenvolver os planos do pavilhão principal da Exposição-Feira de Angola. Ainda em 1938, Fernando Batalha concluiu o Palácio do Comércio e assinou o projeto original do Grande Hotel, em Luanda. O cinema Monumental e o Mercado Municipal do Huambo são outras das obras que surgiram da mão do urbanista, que se evidenciou pela defesa acérrima do património urbanístico e arquitetónico do país. Só regressou a Portugal com 83 anos, após ter lecionado Arquitetura na Universidade de Luanda. Fernando Batalha foi pioneiro no estudo e

Último livro aos 100 anos Pouco tempo após ter completado um século de vida, Fernando Batalha concretizou um sonho que acalentava há anos. “Só queria viver até ao lançamento do meu próximo livro, Povoações Históricas de Angola”, relatou em 2007, a um jornal português. Em 2008, a obra chegava às livrarias e o arquiteto revelava que ainda tinha mais seis originais para publicar. Não conseguiu cumprir essa missão, embora tenha trabalhado diariamente nos seus rascunhos até aos últimos dias.

preservação das construções nacionais e foi publicando durante mais de 50 anos diversos documentos que retratam milhares de quilómetros percorridos no imenso território. “Andei por todos os lugares onde se registou presença portuguesa. Confirmei ruínas desaparecidas, recolhi imensa informação. Fiz a lista completa daquilo que lá existe e do que existiu e os meus olhos testemunharam”, contou numa das últimas entrevistas que concedeu.

Livros eternizam o génio Até completar os 83 anos, o arquiteto integrou igualmente gabinetes de arquitetura e urbanismo angolanos e dedicou-se à investigação de áreas diversas como a etnografia, história e arqueologia. Na década de 40, Fernando Batalha chefiou o gabinete de Urbanização de Benguela, onde desenvolveu o plano da cidade, bem como planos de urbanização para outras urbes. A sua obra ficará eternizada nos vários livros que foi escrevendo ao longo da vida, baseando-se nas viagens e experiências em Angola. Atraído pela diversidade arquitetónica do país, o arquiteto Batalha dedicou-se ao estudo e divulgação do património urbanístico de Angola, durante a década de 50 e 60. Foi autor de publicações como “Urbanização de Angola” (1950), “Em Defesa da Vila do Dondo” (1963) e “Em Defesa do Património Histórico e Tradicional de Angola” (1963). O cinema Monumental e o Mercado Municipal do Huambo são outras das obras que surgiram da mão do urbanista

2012

129


Life&Style

Agenda

Carla Marques

28

As exposições e eventos que marcam pelo mundo fora…

03

até

St. Martinin-the-Fields Church é o local escolhido para a realização, no próximo dia 3 de Outubro, pelas 19.30 de uma noite de grandes clássicos, com o brilho das “Bodas de Fígaro” de Mozart, o pungente “Unfinished” de Schubert e a “Ode” de Beethoven. O concerto da London Musical Arts Orchestra também inclui John Landor.

Até ao próximo dia 28 de Outubro está patente na Casa das histórias Paula Rego, em Cascais uma exposição de Paula Rego e Adriana Molder intitulada a “Dama Pé-de-Cabra”. Esta é a primeira apresentação internacional de trabalhos inéditos de Paula Rego e Adriana Molder, que tiveram como inspiração a história com o mesmo nome de Alexandre Herculano. As duas artistas conceberam, em simultâneo, um conjunto de trabalhos autónomos, de grandes formatos, que estão agora expostos. Neste novo ciclo de trabalhos, Paula Rego desenvolve um fulgor imagético e narrativo que a lenda lhe inspira, em total liberdade de traço e composição.

Outubro

Outubro

14

até

Revisitar a obra de Edvard Munch, com a exposição “The Moderna Eye” é o objetivo da tate Modern, em Londres. A mostra do pintor norueguês da dor estará aberta ao público até ao próximo dia 14 de Outubro e nela é possível vermos como as mortes prematuras de sua mãe, irmã mais nova e irmão, sua solidão ao longo da vida o marcaram e deram origem a obras como “O Grito”, “A Criança Doente” e o “Auto-retrato com os olhos feridos”.

Outubro

Outubro Novo CD de Gizela Silva

A cantora Gizela Silva anunciou que pretende publicar em Dezembro o seu segundo trabalho discográfico a solo, com o selo da produtora Bué de Beats, do produtor Heavy C. A autora disse à Angop tratar-se de um trabalho ainda sem título, em que vai experimentar algumas nuances melódicas diferentes do seu primeiro disco “Amor Veneno”. A autora de “Vou Xinguilar” e “Vizinha tá querer quê” anunciou que o novo projeto vai ter entre nove a 12 temas, tocados na linha melódica do semba, kizomba, soukuss e kilapanga.

Nacho Criado

01

até

Organizada pelo Museu Reina Sofia está patente no Palácio de Velázquez até ao próximo dia 1 de Outubro a exposição Agentes Colaboradores, de Nacho Criado, considerado uma das figuras centrais da arte espanhola experimental dos últimos 40 anos. A mostra oferece uma retrospetiva do trabalho do artista e a utilização de ferramentas de investigação relacionando ideias, referências do passado, nomeadamente artistas como Bruno Taut, Matthias Grünewald, Samuel Beckett ... e sua realização material.

Outubro

130

2012



· Nº09 · 2012

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº09 - 2012 — 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD — ISSN 1647-3574

De olho em nós

O interesse norte-americano por África não é novo. Mas sabe o que esconde? Os avanços e recuos de uma nação em mudança

embaixadora de angola

elizabeth simbrão

INFLUENCIAR POLÍTICAS EUROPEIAS Diplomata na Bélgica, Luxemburgo e Holanda, Elisabeth Simbrão é também a representante do país na UE. A análise da Europa face à necessidade de investimento atual e ao papel do angolano no continente

O Papa da pub

Consagração é a palavra. Conheça a marca que todos desejam e descubra o que a torna diferente das concorrentes. Desafio superado!

Fim do défice

Fique a par das metas para a nova política habitacional. Uma empreitada que corre a bom ritmo


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.