Revista Angola'in 13

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ISSN 1647-3574

ano iii · revista nº13 · 2010 700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros Economia & Negócios · Sociedade · Turismo

Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades

SUA MAJESTADE,

A COMMONWEALTH A aproximação da Comunidade Inglesa a Angola revela ‘segredos’, cada vez mais, evidentes - os altos interesses britânicos neste mercado. Um assédio que se estende à CPLP e que abrange 61 nações, com quase dois biliões de pessoas. Sectores como a banca ou as novas tecnologias estão na mira dos investidores ingleses

afio atural,, o desa Gás na e Total

l, Sonangol BP, Chevron, ExxonMobi enture para desenvolver uniram-se numa joint-v iniciar funções em 2012. o projecto LNG Angola, a ra, com o objectivo da A política do Governo é cla os. Aumentar as receitas exportação nos comand fazem parte também e produzir energia limpa a o sector da estratégia angolana par

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COMUNICARE - Portugal J&D - Consultores em Comunicação, Lda. NPC: 508 336 783 | Capital Social: 5.000€ Rua do Senhor, 592 - 1º Frente 4460-417 Sra. da Hora - Portugal Tel. +351 229 544 259 | Fax +351 229 520 369 Email: geral@comunicare.pt www.comunicare.pt Delegação Angola’in Representante: Lisete Pote Rua Rainha Ginga, nº 228, 2º andar Mutamba - Luanda - Angola Tel. +244 923 416 175 | +244 923 602 924 E-mail: lpote@comunicare.pt

in loco

De ‘silly’ tem muito pouco! revista nº13 - 2010 http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain

Direcção Executiva Daniel Mota Gomes - dgomes@comunicare.pt João Braga Tavares - jtavares@comunicare.pt Direcção Editorial Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt Redacção Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.pt André Sibi - asibi@comunicare.pt Micael Vieira - mvieira@comunicare.pt Colaboradores António Gameiro · Celso Sobrinho Império dos Sentidos · Inglês Pinto João Carlos Costa · Wilson Aguiar Design Gráfico Bruno Tavares · Patrícia Ferreira design@comunicare.pt Fotografia Luaty D’Almeida · Midan Campal SXC · Showpress · Shutterstock Paulo Pinto Serviços Administrativos e Agenda Maria Sá - agenda@comunicare.pt Revisão Marta Gomes Publicidade Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 E-mail - publicidade@comunicare.pt Departamento Financeiro Sílvia Coelho Departamento Jurídico Nicolau Vieira Impressão PERES-SOCTIP, Indústrias Gráficas, SA Distribuição ANGOLA - MN Distribuidora PORTUGAL - Logista Tiragem 7.500 exemplares — ISSN 1647-3574 DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 — Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

’IN GOLA AN/ 45 ASSINE NZA USD / 36 EUROS S 1 ANO 4200 KWA — assinaturas@comunicare.pt

Quem apelida Agosto de ‘silly season’ é porque ainda não leu esta edição da Angola’in. Um número onde as novidades não faltam e a informação assume posição de destaque com uma Grande Entrevista a Álvaro Sobrinho, presidente do Banco Espírito Santo de Angola. Ao longo de sete páginas, uma das principais figuras da banca nacional revela em exclusivo os projectos da instituição para o corrente ano. O balanço de 2009 faz antever um forte crescimento da entidade em Luanda e nas províncias, sem esquecer os projectos sociais que o BESA apoia. Factores que motivaram o banqueiro a analisar o mercado e o crescimento económico da última década. O relacionamento africano com o exterior está igualmente em relevo. O interesse da Commonwealth em Angola é um dos temas a não perder. A organização europeia, de raiz britânica, está a aproximar-se, cada vez mais, do país, sendo que este está no topo das preferências dos empresários ingleses que anseiam por investir nos diversos sectores. E, (talvez) surpreenda-se, o petróleo não é a prioridade! O objectivo passa por desenvolver domínios com potencial de crescimento, que permitam a diversificação económica. O Fundo de Negócios Africano tem promovido desde 2005 o relacionamento entre empresários dos dois países, pelo que, actualmente, assiste-se à participação do Executivo de José Eduardo dos Santos em cimeiras organizadas pela Commonwealth. E se de petróleo falamos, importa referir que para aliviar a dependência deste sector, o Governo está a apoiar o projecto LNG (Gás Natural Liquefeito), uma alternativa energética para reaproveitar os resíduos provenientes da produção do crude, evitando a sua queima.

Ao contribuir para a redução da emissão de gases poluentes, Angola está a dar um passo decisivo na diversificação das suas exportações. A fábrica entra em actividade em 2012 e terá como principal cliente o mercado dos EUA. A nível interno, o plano será decisivo para a emancipação da província onde está instalado (Soyo), criação de empregos e oferta de gás natural para consumo doméstico. Para concluir, fazemos uma retrospectiva de dois meses memoráveis para o continente africano – Junho e Julho. A organização do maior evento de futebol da FIFA, o Mundial de 2010, foi um desafio abraçado com sucesso pela África do Sul e que ninguém quer esquecer. Durante um mês, o mundo focou as atenções na região sul-africana para acompanhar o evento capaz de unir povos em prol de uma única bandeira: a do desporto. A Angola’in não podia deixar de assinalar este marco importante, que representa uma nova etapa para o crescimento das nações africanas. O país e o continente provaram ser capazes de estar ao nível dos melhores na recepção de uma prova desta envergadura. Elaboramos, por isso, um suplemento sobre o Mundial de Futebol, numa edição de coleccionador. Queremos que mais tarde recorde os melhores momentos e reveja as personalidades de uma competição que vai ficar na história pelos inéditos e recordes superados. Conheça as caras do jogo, as surpresas e as desilusões, as estatísticas, o percurso dos novos campeões (Espanha conquistou o primeiro título) e os eleitos da FIFA e dos leitores da Angola’in. Bons motivos para não perder a 13ª edição! A Direcção

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20 IN FOCO

angola e a commonwealth A aproximação entre o país e a organização de raiz britânica é cada vez mais evidente e consistente. A comunidade pondera um alargamento às nações africanas e o Governo angolano está a trabalhar no sentido de captar investimento. O interesse dos empresários da Commonwealth em Angola visa múltiplos domínios, mostrando-se disponíveis para apostar na diversificação económica. Confira os moldes desta parceria e o papel do Fundo de Negócios Africano no relacionamento e cooperação entre os dois Estados

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SOCIEDADE

ECONOMIA & NEGÓCIOS - IN(TO) BUSINESS

a febre das redes sociais

marketing de guerrilha

A maioria dos cibernautas já não consegue viver sem elas. As redes que promovem o intercâmbio de informações e o relacionamento virtual entre pessoas de diferentes países e culturas vieram para ficar. Conheça o que mudou na vida dos utilizadores da Internet com o aparecimento do Hi5, Facebook, Twitter ou Orkut, formas de comunicação que estão a revolucionar o contacto empresarial (interno e com os clientes)

O conceito surgiu na década de 80, mas nunca foi tão utilizado como actualmente. A ferramenta de marketing, inicialmente associada às pequenas empresas com pouco poder económico para investir em publicidade e para projectar-se nos meios tradicionais, transformou-se numa prática recorrente das grandes marcas. Compreenda de que forma o seu negócio pode prosperar com estratégias baseadas no imprevisto e na originalidade

ANGOLA IN PRESENTE

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FOTOREPORTAGEM LIVING


ECONOMIA & NEGÓCIOS

28 energia limpa O projecto LNG entra em actividade em 2012. A Angola’in adianta em exclusivo as particularidades da produção de energia amiga do ambiente, que será exportada para os EUA. O gás natural surge como alternativa ao consumo de petróleo e como forma de diversificar a economia. O Governo escolheu o Soyo para implementar a primeira fábrica que vai aproveitar a queima do crude, convertendo-o num gás menos poluente

TURISMO

62 relaxar no oceano A Angola’in sugere um cruzeiro rumo à tranquilidade e ao multiculturalismo do Médio Oriente. O navio Brilliance of the Seas inaugurou uma nova rota de luxo, com escalas nos locais mais emblemáticos das águas do Índico. Para quem prefere uma experiência em terra firme, propomos momentos de relaxamento num dos 25 Spas mais caros do mundo. Glamour e técnicas tradicionais (ou as mais modernas) são o cartão-devisita destes espaços, onde o stress não entra

68 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

alta definição O apagão da era tecnológica está agendado para 2013. Este foi o prazo estabelecido pela SADC para que todos os Estados-membros procedam à introdução da Televisão Digital Terrestre. Angola encontra-se a preparar o processo e já anunciou que os custos dos novos conversores serão suportados pelo Estado. Nesta edição, revelamos as funcionalidades da futura tecnologia, que promete oferecer conteúdos em Alta Definição (HD) e a possibilidade de gravar os programas

DESPORTO

72 especial mundial áfrica do sul Não perca o suplemento do primeiro Mundial de futebol organizado em solo africano. Numa edição de coleccionador, oferecemos em exclusivo aos nossos leitores um destacável de 15 páginas, onde são recordados os melhores momentos do evento. Descubra as características que fizeram da Espanha a campeã da prova, os melhores atletas, as estatísticas e os pormenores que vão ficar na história do desporto-rei

VINHOS & COMPANHIA - GOURMET

126 o melhor de portugal O litoral luso está em destaque neste número. Tempo de férias para muitos, a sua publicação oferece-lhe um roteiro dos principais restaurantes de Portugal. O ponto de partida é a costa da capital. Descubra os melhores locais de Lisboa e siga viagem até ao Algarve, onde encontrará áreas gourmet e riquezas gastronómicas únicas, disponíveis em espaços inesquecíveis

ESTILOS

106 fashion com muito estilo Não perca as últimas tendências da moda e descubra as cores e as roupas mais in para esta estação. Sugestões que lhe proporcionam um look fantástico seja qual for o momento. Uma produção fotográfica realizada em exclusivo para si, que mais uma vez não esquece as fragrâncias em voga para esta época do ano, lançadas recentemente pelas maiores marcas internacionais.

VINHOS & COMPANHIA

118 garrafas raras A pensar nos coleccionadores e apaixonados pela vinicultura, foi elaborado um especial, onde se destacam os dez vinhos mais caros de sempre. Acessíveis para poucos, descubra quais os exemplares que todos desejariam ter na sua garrafeira, seja pela história ou pela qualidade do produto. Certo é que um Romanée-Conti pode custar o mesmo que uma viagem às Maldivas

CULTURA & LAZER

129 festival jazz luanda Cucho Valdés e Dianne Reeves são algumas das figuras de cartaz da segunda edição do Festival Internacional de Jazz de Luanda. A Angola’in falou com a organização e revela os pormenores do certame. Os convidados de luxo prometem uma forte componente rítmica africana e a superação de todas as expectativas

PERSONALIDADES

130 mia couto Escritor moçambicano, filho de portugueses, Mia Couto transpõe as suas raízes para as obras. Apaixonado por África, o continente está constantemente presente nos seus livros. Conhecido pela africanidade do discurso, é membro activo da CPLP. Defensor convicto da língua portuguesa e dos dialectos de cada país, é um autor que não pode perder!

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editorial

o degrau que faltava!

mbartolo@comunicare.pt

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A necessidade de abertura da economia angolana aos mercados internacionais forçou o executivo a mandatar as três maiores agências mundiais de avaliação de risco (‘rating’) – a Ficht, a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P) -, para efectuarem a avaliação de risco soberano do país. Um primeiro exercício de classificação de risco soberano, que se torna um marco importante no aprofundamento da integração da economia do país nos mercados internacionais, uma vez que melhora o seu estatuto no mercado financeiro global e na economia mundial. Como é do conhecimento geral, as avaliações de risco soberano reflectem a opinião sobre a capacidade de um país honrar as suas dívidas e a publicação dos relatórios das agências de “rating” oferece aos investidores internacionais uma avaliação independente a respeito do potencial económico de Angola. Facto que facilita e beneficia o acesso aos empréstimos internacionais por parte do Governo, das empresas e das instituições financeiras nacionais e a atracção de investimentos para o país. Nesse sentido, a agência Fitch atribuiu a Angola a classificação B+ e a agência Moody’s atribuiu B1 (que é equivalente a B+), ambas com perspectiva positiva, e a agência S&P atribuiu a classificação B+, com perspectiva estável. Em termos comparativos, a agência S&P confere tanto a Angola, como à Nigéria o mesmo patamar B+, enquanto o Gana, Cabo Verde, Uganda, Moçambique e Quénia estão classificados ou no mesmo patamar, ou num patamar inferior. A perspectiva positiva para Angola, tanto da Moody’s, como da Fitch, constitui a indicação da existência de um potencial de elevação do país para uma categoria BB (a categoria imediatamente superior a B+), num prazo relativamente curto, caso as potencialidades de crescimento económico e institucional das agências se concretizem. Paralelamente a isto, tratando-se da sua primeira avaliação, importa referir que a classificação de risco soberano de Angola é igual às classificações iniciais obtidas por países emergentes como a Rússia e o Brasil, países que devido às suas realizações económicas e institucionais viram as suas classificações de risco melhorarem rapidamente.

De facto, a primeira classificação atribuída pela agência S&P ao Brasil, em Julho de 2002, foi um B+ com perspectiva estável (igual à atribuída agora a Angola, por esta agência). As classificações posteriores foram melhorando e, em Abril de 2008, o “rating” deste país era de BBB – com perspectiva estável. O primeiro “rating” da Rússia, por seu lado, obtido em Dezembro de 2001, pela S&P foi um B+ com perspectiva positiva (o mesmo atribuído a Angola pelas agências Moody e Fitch). As classificações seguinte fizeram evoluir este ‘rating’ para BBB com perspectiva estável, em Dezembro de 2008. Segundo os relatórios das agências, a classificação de Angola reflecte uma visão equilibrada da sua dotação de recursos naturais e das boas perspectivas de estabilidade macroeconómica, de maior crescimento económico e desenvolvimento, bem como a necessidade de reforço da sua capacidade institucional do Governo, que já revela um aumento crescente neste domínio. As agências apreciaram favoravelmente os recentes esforços do Executivo para a reconstrução das infra-estruturas do país, que vêm aumentando a capacidade produtiva dos sectores não petrolíferos e contribuindo para superar os constrangimentos relativos à produção interna. Positivos são também os esforços de longo prazo para a consolidação da estabilidade política e as mudanças constitucionais e institucionais em curso. As agências enalteceram ainda as medidas aplicadas no âmbito das políticas fiscal e monetária e para diminuir a vulnerabilidade da economia à volatilidade dos preços do petróleo. A esse respeito, consideram o programa acordado entre Angola e o FMI, em fins de 2009, como um factor positivo, que espelha a vontade do Executivo de seguir adiante com as políticas visando a normalização dos mercados, a manutenção da estabilidade macroeconómica e a diversificação económica. Finalmente, as agências consideram que a forte retoma do crescimento económico, em 2010 e nos anos futuros, contribuirá para o êxito das medidas do Executivo e para que se alcance níveis maiores de diversificação económica. Sem dúvida, boas notícias para Angola atingir o progresso que o país tanto anseia!


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INSIDE

| patrícia alves tavares

PARCERIA BRITÂNICO-ANGOLANA A necessidade de fomentar uma cooperação entre o parlamento britânico e a Assembleia Nacional angolana foi recentemente sugerida pelo embaixador inglês Richard Wildash. O diplomata defendeu que o intercâmbio entre as duas nações é determinante para o fortalecimento da democracia em Angola, uma vez que a troca de experiências seria útil para o seu crescimento. Por outro lado, o representante britânico reconheceu que é preciso trabalhar mais para solidificar o relacionamento bilateral, que considerou de ‘excelente’. Porém, espera que com a tomada de posse do novo Executivo inglês se dê atenção a novas oportunidades de cooperação, que podem ser exploradas com sucesso. “Angola encontra-se num momento muito significativo”, contou à agência de notícias Angop, salientando a evolução vertiginosa em múltiplos aspectos da vida sócioeconómica. Este considerou que as bases políticas são fortes e podem ser ampliadas.

NOVO SHOPPING EM LUANDA

FMI AUMENTA APOIO O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou a aprovação de um crédito de 171,5 milhões de dólares para o Governo nacional. O apoio financeiro ao desenvolvimento sobe assim para 514,5 milhões de dólares. A ajuda foi concedida após a avaliação positiva do desempenho do programa económico angolano auxiliado pelo acordo “stand-by”. “As autoridades merecem elogio pelo bom começo da implementação de programas de reforma exaustivos para lidar com os desequilíbrios macro-económicos de Angola”, salientou Murilo Portugal, director adjunto do FMI, que esclareceu ainda que “as medidas em prática e planeadas oferecem confiança de que os objectivos do programa podem ser alcançados”. O Fundo aplaude igualmente a retoma dos leilões de moeda estrangeira. O acordo com Angola foi aprovado em Novembro de 2009, onde está prevista a atribuição de 1,3 milhões de dólares pelo FMI ao longo de 27 meses. Na primeira revisão, ficou acordado o incumprimento de duas metas do acordo: a não acumulação de novos pagamentos atrasados externos e domésticos.

A capital vai receber um novo centro comercial em 2011. O Atrium Nova Vida está localizado em Luanda Sul e resulta de o investimento de cerca de 20 milhões de dólares. A obra está ao cargo da Companhia Angolana de Comércio (CAC), uma empresa de capital angolano e é financiada pelo Banco Espírito Santo (BESA). Este equipamento será o maior shopping do país e vai albergar 51 espaços comerciais, subdivididos em 35 lojas, um supermercado, dez restaurantes, um banco, três megastores e uma praça multi-usos. Com quatro pisos, a estrutura será inaugurada em Novembro do próximo ano e, de acordo com os sócio-gerentes, Mário Pereira e Hailé Cruz, terá como “core business” a prestação de serviços, restauração e lifestyle. O Atrium Nova Vida visa colmatar a carência de serviços, visto que o crescimento desta zona não tem sido acompanhado pelas infra-estruturas. O centro comercial vai criar 600 postos de trabalho directos e indirectos.

HUÍLA GERA RECEITAS NO TURISMO O chefe do Gabinete de Informação e Análise dos Serviços de Migração e Estrangeiros, António Samuel Booka, adiantou que no primeiro trimestre de 2010 a província da Huíla recebeu mais de cinco mil turistas. No total, 5.711 estrangeiros visitaram a região, registando-se um acréscimo de 1.200 em relação a igual período do ano anterior. Quanto ao perfil do turista, referiu que são na sua maioria cidadãos portugueses, chineses, namibianos, sul-africanos, malianos, senegaleses e congoleses-democratas, que procuram novas oportunidades de negócio para explorar na província. António Booka explicou que o movimento de cidadãos nacionais e estrangeiros no aeroporto do Lubango regista uma média diária de 206 passageiros (entradas) e 205 saídas, entre residentes e não-residentes. Durante esse período, a entidade que controla a deslocação dos cidadãos na fronteira repatriou 31 ilegais.


GOVERNO ATENTO A ASSIMETRIAS

COTAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE RATING As três principais agências de notação financeira classificaram pela primeira vez Angola. Este é o culminar de um longo processo, que teve inicio em 2009. A Standard & Poor’s cotou o país com um B+ para longo prazo e um B para curto prazo. A Fitch atribuiu uma classificação semelhante para longo termo e um ‘outlook’ positivo. Já a Moody’s optou por um rating inferior, ficando-se por um B1 “not-prime”. O ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, encarou estes valores como “muito positivos” porque representam o “bom desempenho da economia” nacional. “As três classificações são praticamente no mesmo sentido”, asseverou, destacando que as agências apresentam uma “perspectiva positiva da economia angolana”, pelo que “o país pode, em muito pouco tempo, chegar a níveis superiores de classificação”. “Estas classificações revelam o reconhecimento da comunidade internacional relativamente ao avanço da economia angolana nos últimos anos”, finalizou.

Ana Dias Lourenço, ministra do Planeamento, esclareceu que o Estado está preocupado com as assimetrias económicas regionais, pelo que se encontra empenhado em desenvolver um modelo de crescimento que permita colmatar este défice, de forma a possibilitar uma melhor distribuição dos rendimentos e recursos. Esta questão está incluída nos planos de progresso anuais e bianuais. A responsável pelo planeamento acrescentou ainda que as políticas de harmonização do desenvolvimento da economia contemplam acções de incentivo, que visam nomeadamente a localização das actividades produtivas e da prestação de serviços em locais descentralizados dos grandes centros de negócios. A prioridade governamental respeita à criação de medidas que promovam a descentralização do centro para a periferia, através da maximização das facilidades concedidas. “Os incentivos que o Governo tem para promover o crescimento económico passam pelo respeito das vantagens comparativas de cada uma das províncias”, sustentou, lembrando que cabe às regiões evidenciar as suas aptidões específicas para a implementação dos estímulos financeiros, fiscais, cambiais e monetários.

FRASA LANÇA FRIGORÍFICO AMERICANO O grupo português Frasa, que além da marca própria distribui e representa em Portugal as marcas líderes internacionais, apresentou em Angola o frigorífico FFA 540900. Inspirado no estilo americano, o equipamento está dotado com tecnologia total “no frost” e “multiflow”, display LCD de temperatura electrónico e controlo de humidade e temperatura. Possui ainda função “supercongelação” com desligar automático, função de memória em caso de falha de energia, alarmes (de descongelação, porta aberta e desligado) e funções “Férias” e “Party”. Estas novidades colocam este novo modelo no topo da inovação em frigoríficos. A Frasa está no mercado nacional desde 2005 e é presença constante nas feiras FILDA e Constrói Angola. A marca pode ser adquirida em Luanda e nas províncias de Lobito e Lubango.

CGD E SONANGOL EM SINTONIA O banco de investimento promovido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pela Sonangol, que foi anunciado há cerca de um ano, está “em andamento” mas a um ritmo “marcado pela conjuntura internacional”. O vice-presidente da CGD, Francisco Bandeira, assegurou que “apesar da crise financeira, não baixou o ânimo” para a construção da estrutura bancária. Durante uma visita a Saurimo (Lunda Sul), região conhecida pela extracção de diamantes e onde funciona o primeiro balcão fora da capital (com a nova marca do Caixa Totta), o responsável adiantou que estão para breve desenvolvimentos em relação a este processo. “Vamos ter uma aceleração de processo e é nesse plano que estamos - de recrutamento e formação -, porque um banco de investimento é mais exigente que um banco de retalho”, frisou, garantindo que a unidade da CGD e Sonangol terá sede em Luanda e uma filial em Lisboa para fortalecer o relacionamento entre os dois países e “abrir cada vez mais portas do mercado português às entidades angolanas”.

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INSIDE

VISTOS DE DEZ ANOS PARA ESTRANGEIROS

TERMOS PETROLÍFEROS EM DICIONÁRIO O primeiro dicionário em língua portuguesa de termos utilizados no sector do petróleo foi apresentado em Luanda. A obra, lançada pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, visa colmatar algumas lacunas no âmbito da definição de expressões técnicas, explicando claramente as terminologias específicas usadas no ramo dos hidrocarbonetos. O volume conta com 635 páginas divididas em sete capítulos e contou com a participação da empresa portuguesa de serviços petrolíferos Partex, da Petrobras e do Instituto de Petróleo e Biocombustíveis. A obra está igualmente à venda no Brasil e em Portugal e disponível em português, inglês e francês. Os 900 mil termos comuns no sector dos petróleos surgem por ordem alfabética, incluindo expressões usadas nas áreas de pesquisa, exploração e produção do crude. Botelho de Vasconcelos, ministro dos Petróleos, considerou que o dicionário representa um contributo inestimável para os trabalhadores desta área.

O país vai conceder vistos privilegiados de dez anos para investidores estrangeiros. A iniciativa surge no âmbito das medidas para captar investimentos exteriores. Será ainda lançado um mecanismo online para aproximar os empresários a Luanda. “Depois de aprovado o projecto (de investimento), o investidor tem direito a um visto privilegiado, mas desde já alerto que, para beneficiar desse documento, ele tem, no mínimo, que realizar o capital declarado até 80 por cento”, referiu Olim Neto, da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP). O director argumenta que “sem isso, o investidor não terá o benefício do visto privilegiado”. Sectores como agricultura, pecuária, transportes, educação, indústria transformadora, infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e aéreas são prioritários. No site da ANIP, estão disponíveis os requisitos necessários para investir no país e as prioridades governamentais. “Estamos a concluir um link de interacção com os investidores. Não é necessário deslocarem-se a Luanda”, concluiu.

74 MIL ARMAS RECOLHIDAS EM DOIS ANOS O combate ao tráfico ilícito e proliferação de armamento foi uma das prioridades para as autoridades nacionais. A exemplo disso, Ismael Martins, representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, anunciou que nos últimos dois anos foram recolhidas 74.495 peças. O diplomata lembrou ainda que a par das acções internas, a nação, no que toca a esta matéria, está empenhada a nível sub-regional, especialmente na Comunidade dos Estados da África Austral (SADC) e na Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC). Angola continua a apelar aos parceiros internacionais para que prestem todo o apoio necessário para cumprir os objectivos do Programa das Nações Unidas, que inclui o combate ao tráfico ilícito de armas ligeiras e de pequeno calibre.

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“CENCO” LANÇA LOJAS DE PROXIMIDADE Os municípios e comunas no interior da província do Huambo vão albergar novas lojas de proximidade nos próximos meses. A garantia foi dada pelo presidente do conselho de administração da Central de Compras do Estado (“CENCO”), Manuel Maiato, que referiu que o arranque das obras está previsto para este ano. A entidade prevê ainda dar início à construção de infra-estruturas de “Urbanismo Comercial” e proceder ao alargamento dos mercados da rede nos municípios. O responsável (que coordena também o Programa de Reestruturação dos Sistemas de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População – Presild) visitou a província para verificar o estado dos equipamentos da rede e para reunir com os produtores locais, de modo a preparar acções futuras. Na ocasião, salientou que é “importante manter contacto com os produtores locais, industriais, agricultores, pecuários e outros para troca de impressões”. O dirigente espera desenvolver em conjunto com os parceiros regionais “mecanismos viáveis de absorção da produção local e estimular os camponeses e agricultores na província”. Manuel Maiato já visitou o local onde será construído o “Urbanismo Comercial” e a loja pedagógica “Poupa Lá”, que está a formar 36 jovens colaboradores.



MUNDO

| patrícia alves tavares

venezuela

Chávez quer investimento luso “Queremos que aumentem em diversas áreas, como a energética, agrícola, comercial e não só com Portugal, mas com o resto dos países europeus”, anunciou Hugo Chávez, referindo-se à aposta no desenvolvimento da economia. O presidente da Venezuela explicou num programa de televisão que pretende expandir os investimentos de Portugal e de outras potências europeias no seu país. Na ocasião, lembrou que está prevista uma visita de José Sócrates, Primeiro-Ministro luso, ao país para discutir e planear a participação das empresas portuguesas na reabilitação e expansão do porto marítimo de La Guaira, a norte de Caracas. O encontro terá ainda como objectivo a coordenação de outros planos de investimento conjuntos para desenvolver uma série de obras na região venezuelana.

coreia do sul

Comércio suspenso

tecnologia

Toyota produz carros eléctricos O maior fabricante de automóveis do mundo vai investir numa parceria norte-americana para produzir veículos eléctricos. No total, a Toyota vai disponibilizar 50 milhões de dólares numa joint-venture com a Tesla Motors, ficando com 2,5 por cento do capital. A companhia americana, que produz apenas 15 carros por semana, vai fabricar o novo modelo eléctrico. O local escolhido é uma unidade próxima de São Francisco, adquirindo uma nova capacidade produtiva. Já a marca nipónica obtém acesso à experiência da Tesla, no domínio da produção de baterias eléctricas.

irão

Troca de combustível nuclear Ali Akbar Salehi, chefe da agência nuclear iraniana, concordou com a proposta de Teerão de entregar 1200 quilos de urânio enriquecido a 3,5 por cento (com potencial para criar uma bomba atómica se depurado ao máximo do seu estado de pureza) à Turquia, em troca de 120 quilos de combustível nuclear enriquecido a 20 por cento para alimentar o reactor de pesquisa médica iraniano. O documento assinado pelo responsável foi entregue à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). O acordo de troca de combustível foi mediado pelo Brasil e Turquia. O dirigente explicou que o entendimento entre as nações representa um forte progresso no impasse das negociações em torno do polémico dossier atómico iraniano, que duraram meses. Ali Akbar Salehi confirmou a entrega da missiva, após uma reunião entre a delegação do país e o chefe da AIEA, Yukiya Amano, que decorreu em Veneza. Várias potências ocidentais olham com alguma desconfiança para o desenrolar dos acontecimentos, temendo que Teerão possa desenvolver armas nucleares.

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O Governo sul-coreano anunciou que suspendeu todas as trocas comerciais com a vizinha Coreia do Norte. O mesmo princípio aplica-se a investimentos e circulação de pessoas. O agravamento entre o já difícil relacionamento entre os dois países foi motivado pelo naufrágio da corveta sul-coreana “Cheonan”, a 26 de Março, onde morreram 46 dos 104 tripulantes. “Insto solenemente as autoridades da Coreia do Norte a pedirem imediatamente desculpas à República da Coreia [do Sul] e à comunidade internacional”, referiu o Presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, em declarações transmitidas pelas televisões. Recorde-se que Seul acusa directamente o regime de Pyongyang pelo incidente, após uma comissão internacional de peritos ter concluído que o navio foi atingido por um torpedo lançado por um submarino norte-coreano. Pyongyang nega veementemente a acusação. O chefe de Estado sul-coreano adiantou que vai levar a questão ao conselho de Segurança das Nações Unidas, onde pretende obter a aprovação de mais e reforçadas sanções contra a economicamente debilitada Coreia do Norte. Face à retaliação de Seul, a Coreia do Norte agudizou a retórica, avisando que disparará contra equipamento que a Coreia do Sul planeia instalar para difundir mensagens negativas sobre a Coreia do Norte.


frança

Clássicos do cinema

ONU

Um milhão de espécies catalogadas A ONU apresentou no Quénia, numa conferência sobre biodiversidade, a lista mais completa sobre as espécies de animais. O Catálogo da Vida 2010 contém mais de 1,25 milhões de espécies e pretende ajudar a desmistificar este mistério. Recorde-se que as estimativas actuais apontam para valores que oscilam entre os dois e os cem milhões de espécies, existindo, no entanto, para a ciência apenas 1,9 milhões de descobertas. Reconhecido pela Convenção para a Diversidade Biológica, esta lista é a mais completa de sempre, contando com um espólio de 1,257,735 de tipos de plantas, animais, fungos e microrganismos, com um total de 2,369.883 nomes que lhe estão associados. O trabalho, que resulta do esforço de 82 organizações mundiais, foi coordenado pelo Frank Bisby, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade britânica de Reading. O documento está disponível na Internet gratuitamente.

Os liceus franceses vão dispor de um cineclube virtual com 200 títulos do cinema clássico, que vão desde ‘O Desprezo’ a ‘Citizen Kane’. As películas serão incluídas nas aulas de Literatura ou História e estarão disponíveis para serem mostradas aos alunos em aulas extras. O programa, intitulado ‘Cinélycée’ deverá entrar em vigor no próximo ano lectivo, que tem início em Setembro. A iniciativa surge no seguimento da reforma das escolas secundárias, delineada pelo Presidente da República, Nicolas Sarkozy, que no ano passado alertou para a necessidade de se “desenvolver o seu olhar crítico [alunos] e ancorar a sua relação com a imagem em movimento numa herança cultural”.

ciência

Primeira vida artificial

reino unido

Cheques-bebé cancelados O novo plano para encurtar o défice público no Reino Unido estabelece a eliminação dos cheques-bebé e a suspensão de novas contratações na função pública. Com estas medidas, o Executivo britânico prevê reduzir a despesa em sete mil milhões de euros. Para alcançar esse valor, constam ainda do plano a poupança de 1,15 mil milhões de euros em consultoria e viagens e cerca de 2,3 mil milhões de euros em informática, material e imobiliário. O Ministério das Finanças inglês admitiu que poderá economizar 810 milhões de euros na limitação das contratações e eliminação de institutos e organizações públicas. O pacote de austeridade limita ainda o orçamento do Ministério da Economia para 790 milhões de euros e do Ministério da Administração local para 903 milhões de euros. Os restantes ministérios serão igualmente afectados pelos cortes de verbas. No total, o responsável pelas Finanças, George Osborne, esclarece que serão encaixados 7,5 mil milhões de euros, que eram considerados como “despesas inúteis” no sector público. Contudo, 579 milhões de euros serão “reciclados” e reencaminhados para outras áreas. Recorde-se que o Governo de coligação entre conservadores e democratas liberais está em funções há menos de um mês, o que levou o ministro das Finanças a congratular-se por ter procedido à “mais rápida e abrangente revisão de despesas na história recente”.

A revista Science publicou o resultado de um estudo em que uma bactéria, comandada por uma molécula de ADN sintético, conseguiu reproduzir-se da forma mais natural. As implicações e aplicações deste resultado são em parte desconhecidas. Os microrganismos foram criados a partir dos seus componentes genéticos elementares. A vida artificial foi concebida “a partir de quatro frascos de compostos químicos”. A descoberta foi de Craig Venter. O conhecido “caça-genes” norte-americano inaugura oficialmente, em colaboração com os colegas, a “era da biologia sintética”. “Esta é a primeira célula sintética jamais fabricada e dizemos que é sintética porque a célula é totalmente derivada de um cromossoma sintético”, afirmou Venter. O processo é o resultado de uma pesquisa que dura há mais de 15 anos e já custou 40 milhões de dólares.

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MUNDO cannes

Palma de Ouro para Weerasethakul O realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul foi o vencedor da Palma de Ouro do 63º Festival de Cannes. O seu filme “Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” valeu-lhe o prémio e explora temas relacionados com a reencarnação, recorrendo a uma personagem que confronta a morte iminente. Javier Bardem e Elio Germano receberam em “ex-aequo” o galardão de melhor actor masculino. O primeiro foi reconhecido pela interpretação em “Biutifil” e o italiano pelo desempenho em “La Nostra Vita”. Juliette Binoche foi premiada com a melhor interpretação feminina pelo seu papel em “Copie Conforme”. O francês Mathieu Amalric foi vencedor do prémio de realização pela longa-metragem “Tournée”.

comissão europeia

Mercado único de banda larga para toda a UE O novo plano de telecomunicações apresentado pela Comissão Europeia prevê um mercado único de telemóveis para toda a União Europeia, com tarifas mais baixas e acesso de todos à Internet de banda larga móvel. O prazo estabelecido para alcançar a meta é até 2015. De acordo com o jornal Le Figaro, no caso dos telemóveis, a entidade pretende instituir um mercado único de chamadas, obrigando inevitavelmente a uma redução das actuais tarifas, descartando o pagamento do roaming. O plano da estratégia digital indica ainda que a totalidade dos europeus tenha acesso à banda larga até 2013 e que, em 2020, metade dos lares europeus possam aceder a ligações com mais de 100 Mbps. Com estas medidas, o organismo está confiante de que será possível “regular as normas de comércio electrónico”, através da “harmonização dos sistemas fiscais dos serviços online” europeus.

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vanguarda

Google TV A novidade do gigante tecnológico Google foi apresentada em São Francisco. A Google Tv foi anunciada durante um evento destinado a programadores e marca uma nova etapa no crescimento do maior motor de busca. O mais recente produto assume-se como uma “televisão que se encontre com a Web e a Web se encontre com a televisão”. A aposta neste segmento deve-se ao facto de se estimar que quatro milhões de pessoas vêem televisão em todo o mundo. Os últimos dados indicam que outros tantos consultam diariamente a Internet, o que significa circulação de avultadas quantias monetárias. O facto de um número crescente de utilizadores procurar a Web em detrimento da própria televisão esteve na base do conceito da Google Tv. A plataforma vai funcionar através de uma caixa de texto que aparece directamente no ecrã da TV, possibilitando que os utilizadores procurem o programa ou vídeo que pretendem, tudo a partir de diferentes canais de televisão do serviço de cabo detido pelo cliente ou a partir da Internet. Com o novo equipamento será permitido alugar ou comprar programas da Amazon on Demand ou procurar episódios das séries preferidas no conhecido site Hulu. A procura é possível mediante a utilização de um dispositivo semelhante a um tablet. O dispositivo permite visualizar videoclips do Youtube através do grande ecrã, actualizar o Twitter ou o Facebook ou simplesmente assistir a um programa de televisão tradicional. “A Google Tv é uma nova plataforma que vai mudar o futuro da televisão”, anunciou Rishi Chandra, um dos responsáveis da empresa tecnológica, lembrando que o ecrã televisivo é o mais indicado para a maioria dos conteúdos, devido às suas dimensões e luminosidade.


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IN FOCO

| patrícia alves tavares

Commonwealth

Ingleses procuram oportunidades A presidência da Comunidade de Paassociação é um importante veícuíses de Língua Portuguesa (CPLP) lo de educação e de consolidapode ser o mote para fomenção dos ideais democráticos. tar o relacionamento entre os Foi decisiva no acompaEstados-membros da conhamento do processo de munidade lusófona e da instauração da demoorganização de raiz bricracia em Moçambitânica. Angola, enquanque. Actualmente, os to líder dos países de países da comunidaexpressão portuguesa, de representam cerestá a trabalhar numa ca de 30 por cento do maior aproximação encomércio mundial. tre as nações africanas O protagonismo ane a Commonwealth. O golano tem coninteresse é recíproco, tribuído para uma visto que várias empresérie de encontros ensas (sobretudo inglesas) tre representantes dos têm mostrado vontade de principais sectores da cooperar. A região angolaeconomia nacional e emna surge no topo das prefepresários ingleses. Por outro rências enquanto destino mais lado, assiste-se por parte do atractivo para o investimento euroGoverno a um crescente interesse peu. Nesse sentido, o Conselho de Neem informar e mostrar as potenciagócios da Commonwealth tem promovido, lidades do país aos eventuais parceiem conjunto com o Executivo de José Eduardo ros europeus. Após várias participações em dos Santos, múltiplos eventos vocacionados para conferências, coloca-se a seguinte questão: eso intercâmbio de intará para breve uma Angola é o próximo alvo da Commonwealth. A organização britânica formações entre as adesão de Angola à diversas entidades integra um conjunto de países, na sua maioria ex-colónias (excepto Mo- Commonwealth? e áreas de negócio, çambique e Ruanda), que interagem através de parcerias. A estabilidade com a finalidade pri- política e social dos últimos anos despertou o interesse dos empresários BRITÂNICOS CATIVADOS mordial de estimular da comunidade, que se mostram disponíveis para investir na diversiQuando Aguinaldo o sector económico ficação económica e para aliviar a dependência do sector petrolífero. Jaime, presidente da angolano. Empresas Agência Nacional pade renome internade 54 nações (na maioria ex-colónias do Reino ra o Investimento Privado (ANIP), e Aníbal Silva, cional e instituições de financiamento internacioUnido), integrando mais de dois biliões de habivice-ministro dos Petróleos, discursaram no ABF, nal têm participado em reuniões (em Londres e tantes. O elemento mais recente é o Ruanda, pao público mostrou total pretensão pelo país. A Luanda) para definir formas de cooperar com as ís africano de língua francesa admitido no final de palestra terminou uma hora depois do previsto autoridades nacionais e canalizar os orçamentos 2009. Inicialmente implementada com o objectidevido ao elevado número de dúvidas que foram para as áreas com maior potencial de crescimenvo de unir as diferentes raças, tendo por base a colocadas. “É possível ver o interesse que o merto. Para tal, tem contribuído o Fundo de Negócios língua inglesa, rege-se actualmente por um concado angolano está a despertar em muitas emAfricano (ABF), inaugurado em 2005 para promojunto de Declarações e está sedeada em Londres, presas, que têm várias perguntas a fazer sobre ver o diálogo e cooperação entre os sectores púpróximo do Palácio de Buckingham, residência a economia, o quadro regulador, os incentivos, as blico e privado que pretendem investir em África. oficial da Rainha Isabel II, chefe da instituição. A dificuldades e as vantagens”, verificou Aguinaldo A Commonwealth é composta por um conjunto

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“É possível ver o interesse que o mercado angolano está a despertar em muitas empresas [inglesas], que têm várias perguntas a fazer sobre a economia, o quadro regulador, os incentivos, as dificuldades e as vantagens”, verifica Aguinaldo Jaime Jaime, que revelou que será estabelecido um quadro com o Commonwealth Business Council (CBC) para a troca de visitas de empresários entre os dois países. O interesse inglês extravasa as potencialidades do petróleo. A aposta recai em áreas que possam diversificar a economia nacional, detentoras de potencial para se desenvolver e gerar lucros, afastando progressivamente a excessiva dependência e o peso que o crude tem na balança das exportações. As áreas das infra-estruturas - habitação social, construção e saneamento básico - são as mais procuradas pelos futuros parceiros. “Há várias empresas que querem participar no projecto do Governo de um milhão de casas, que têm tecnologias de construção rápida, barata e também segura”, adiantou à comunicação social. Em destaque, esteve o interesse das instituições financeiras como bancos e fundos privados que querem estabelecer-se em Angola. Um nicho de mercado que a ANIP quer conquistar. Daí ter-se apresentado com a estratégia de captar investimentos “fora do sector mineral para criar empregos e não tornar a nossa economia tão dependente de apenas uma matéria-prima”. Aníbal Silva salienta que o petróleo continua na agenda da diplomacia, sendo uma peça importante nas parcerias com o exterior. O vice-ministro dos Petróleos lembrou que há investidores. Contudo, acrescenta que o gás natural começa a ganhar adeptos e a tornar-se numa alternativa energética. “Há muita gente interessada no gás”, frisou, referindo que o projecto Angola LNG está “em curso bastante avançado”. A Índia, membro da Commonwealth está igualmente à espera de uma oportunidade para estreitar a cooperação política e económica. Agricultura e educação são as áreas escolhidas. O país asiático tem acolhido bolseiros para cursos de curta duração nas tecnologias da informação e da língua inglesa. A meta é alargar a formação para professores, engenheiros petrolíferos e agrónomos. A Índia participa igualmente no projecto de construção do parque de desenvolvimento industrial e na reabilitação de uma fábrica têxtil.

MERCADO PROMISSOR “Há vários pedidos de empresas (que estão sedeadas em Londres) de informação sobre o am-

a commonwealth Sem uma constituição escrita, a organização nasceu em 1931 para unir raças e diferentes culturas. Rege-se por acordos e Declarações, adoptadas ao longo das cimeiras de chefes de Estado dos países membros, que se reúnem quatro vezes por ano para discutir questões relacionadas com a comunidade. É formada por 54 nações, a maioria independente, incluindo algumas que ainda mantêm laços políticos com o Reino Unido. Inicialmente, a Commonwealth destinava-se a promover a integração das excolónias, concedendo benefícios e facilidades comerciais. Com a independência da Índia, a organização viu-se obrigada a uma reforma radical. A sua principal função respeita à promoção da educação e dos ideais democráticos. Está independente de qualquer função política, apesar de esta ser exercida nos bastidores da instituição.

biente de negócios em Angola, a estratégia do Governo, as oportunidades que existem neste momento no mercado”, adiantou o presidente da ANIP, Aguinaldo Jaime, em entrevista à agência portuguesa de notícias Lusa. Para responder às dúvidas, o responsável participou no Fórum de Negócios África G8, organizado pelo Conselho de Negócios da Commonwealth e que decorreu em Londres, em Julho. É evidente o desejo do país em aproximar-se da Commonwealth. O alvo são os investidores e empresários ingleses. O Governo tem sido incansável na actualização e credibilização das informações sobre o país, uma vez que os dados difundidos estão muitas vezes “ultrapassados – pertencem ao passado, nomeadamente aos tempos em que ainda estávamos em guerra” ou não estão “muito correctos”. Interessados em apresentar ao exterior uma boa imagem, os responsáveis governamentais são presença assídua nos principais eventos da comunidade. A delegação da Assembleia Nacional esteve presente na III Conferência Internacional de Parlamentares da Commonwealth, que decorreu em Londres, sob o tema das alterações climáticas. A deputada Ana Maria de Oliveira interveio na reunião, abordando questões relacionadas com a vulnerabilidade e variabilidade do clima. O viceministro britânico dos Negócios Estrangeiros para África, Henry Bellingham, tem agendada uma visita ao continente africano para 2011, devendo passar por Angola em Fevereiro, dado o grande potencial do país e a importância em fortalecer o relacionamento entre as duas nações. O responsável alegou que o Governo de coligação do Reino Unido quer melhorar o comércio bilateral, argu-

mentando que o seu país pode dar um contributo importante para sectores da engenharia civil, energia, processamento de alimentos e ensino da língua inglesa. “Angola é um mercado muito promissor”, confirmou Bellingham, que defende a criação de um fórum de negócios Angola-Reino Unido.

CPLP A Commonwealth vê no fortalecimento do relacionamento bilateral com Angola uma porta de entrada para futuras parcerias com nações emergentes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. O embaixador britânico em Angola, Richard Wildash, sugere mesmo que o país trabalhe, durante a sua presidência da organização lusófona, para uma efectiva cooperação entre CPLP e Commonwealth. O responsável apresentou a ideia durante um encontro com Osvaldo Varela, director para a Europa do MIREX, Paulo Jorge, secretário para as relações exteriores do MPLA e os chefes das Missões Diplomáticas em Angola dos países membros da organização. Wildash apontou a boa governação, a responsabilidade pública, o combate à corrupção e o respeito pelos direitos humanos e a aposta na transparência como valores defendidos pelo organismo e que estão nas prioridades da liderança angolana na CPLP. Esclareceu ainda que a comunidade não é uma organização introvertida. Esta procura estabelecer laços com outras entidades e parceiros que defendam os mesmos valores, lembrando que os membros da organização britânica e Angola têm uma visão comum, mostrando-se dispostos a acompanhar o Governo nos projectos de desenvolvimento.

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IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO

CPLP mais perto da Commonwealth Com Angola na presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), as relações entre a CPLP e a Commonwealth vão ficar mais próximas. O país africano pode unir as duas margens através de uma ponte com 61 nações, com quase dois biliões de pessoas.

Actualmente, pretende-se estender esta parceria a objectivos mais ambiciosos, nomeadamente politícos e economicos.

A Commonwealth, desde a sua criação em 1931, tem historicamente por objectivo promover a integração entre as ex-colónias do Reino Unido, concedendo benefícios e facilidades comerciais. Mas as suas metas mudaram, desde a assistência educacional aos seus países-membros à harmonização das suas políticas. Actualmente, os Estados da Comunidade representam cerca de 30 por cento de todo o comércio mundial.

O país mantém relações privilegiadas com a Commonwealth. Nos últimos tempos, o Governo tem promovido eventos de promoção ao investimento, para empresas de Estados-membros da comunidade britânica, com vista a estimular o desenvolvimento económico de Angola. Os recursos naturais e o potencial do mercado nacional podem aproximar duas comunidades que ao longo da sua existência têm estado de costas voltadas. Este relacionamento pode ser vital para o mercado e para o futuro da CPLP, já que existem sinergias praticamente em todos os continentes, como é o caso de Portugal e do Reino Unido, ambos elementos da União Europeia.

Em contrapartida, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em Julho de 1996 com a finalidade de aproximar e valorizar as oito nações membros, todas ex-colónias portuguesas, onde o idioma é o elo de ligação desta associação Lusófona. Ao longo do seu percurso, a sua influência tem vindo a ser notória. Passou de um mero observador a um interveniente sempre presente nas situações mais dificeis.

‘As velhas economias como Portugal e Reino Unido podem dar o KnowHow e a tecnologia e as nações emergentes os recursos naturais’

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A IMPORTÂNCIA DE ANGOLA NA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE INGLESA

Nas duas comunidades existem países com economias emergentes e com potencial a nível global, como é o exemplo de Angola, Brasil

e Índia. Estas economias podem catapultar as comunidades onde estão inseridas, se os objectivos forem postos em prática de acordo com os estatutos. As velhas economias como Portugal e Reino Unido podem dar o Know-How e a tecnologia e as nações emergentes os recursos naturais. Estas parcerias são fundamentais para ambos, visto que existem excesso de recursos humanos altamente qualificados na Europa e deficite nos restantes continentes. As duas organizações são compostas na sua maioria por antigas colónias de Portugal e Reino Unido, pelo que na maioria os problemas e dificuldades são comuns aos Estados-membros. O ano de 2010 pode ser o início de uma parceria de sucesso ao nível das comunidades e para os elementos que as integram.

joão carlos costa partner da jobfair global search & associates, portugal joao.costa@jobfairglobalsearch.com


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IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO

Sem fronteiras, nem barreiras Se o exemplo da francofonia foi diversas vezes citado em muitos textos que trataram da criação da CPLP, é bom registar que a estrutura da Commonwealth, que congrega 53 paises em vários continentes, parece-nos ser um modelo aparentemente inspirador, ao qual poderemos buscar ensinamentos no campo da cooperação, da economia e da politica, a par do campo da língua e da cultura. Sendo a Commonwealth, uma organização que defende príncipios tais como o da boa governação, o do respeito pelos direitos humanos, o do combate à corrupção, o do fortalecimento da transparência e da responsabilidade pública, sublinho que devem ser áreas prioritarias para o Governo. Estes são príncipios que pres-

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supõem uma melhoria da economia e consequentemente do nível de vida dos cidadãos. O mundo hoje enfrenta outros problemas que na sua maior parte se devem ao próprio evoluir das nações e às contrariedades decorrentes da aplicação dos princípios ordenadores de cada Nação. Pela génese da sua origem é uma organização para a qual pouco sentido faria uma Commonwealth para Angola. É pela evolução dos povos, e com eles as nações, que se justifica algum sentido nesta intenção. Leve-se em conta a pretenção da Guiné Equatorial para com a CPLP. Assim sendo, a questão é simples de se compreender, pois o objectivo está implícito nos princípios actuais que norteiam as Organiza-

ções Internacionais, como é a Commonwealth. Realidades como a pobreza, corrupção, guerra, alterações climáticas, destruição do ambiente, etc, serão as razões-base para justificar a solução para cada um desses problemas, que passa, isso sim, e de uma forma mais alargada e séria, por uma cooperação a nível mundial. Neste âmbito e por essa razão, cairão todos os atributos para as quais as organizações foram criadas - para que as nações se convirjam num só ponto: bem-estar do planeta, a sua segurança e logenvidade.

celso sobrinho assessor de migração do consulado geral da república de angola no porto


IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO

Cooperação possível e necessária

angola/cplp vs commonwealth

Passaram mais de quatro décadas desde que a célebre máxima do estadista português, “orgulhosamente sós”, fez história no mundo político-diplomático, no sentido negativo. É evidente que, se na altura era em todo inconcebível tal declaração, com as consequências políticas e sociais que todos conhecemos, hoje, por maioria de razão, o isolamento voluntário em nada contribui para o desenvolvimento socioeconómico e para a afirmação política dos Estados e dos Povos. Pelo contrário, a interdependência das economias actuais, num mundo cada vez mais globalizado (contudo mais desigual), é um facto incontornável. A cooperação bilateral e multilateral está no topo da agenda política dos Estados, na promoção e na implementação de acções de concertação e de harmonização, em busca da complementariedade das economias, estas são constatáveis no seio de organizações multinacionais, umas mais homogéneas que outras. Algumas tão heterogéneas e pouco expressivas em função dos interesses dos povos, em nome de quem são pomposamente proclamadas que, como alguns afirmam, com o devido respeito, não passam, em termos práticos, de organizações de chefes de Estado e de Governos, tertúlias de políticos que exercem o poder, assumindo-o em alguns casos como seus sindicatos. Em muitos casos, estas instituições procuram a cooperação com outros Estados, não obstante o facto de, por razões diversas, não serem seus membros. Não se trata de integração, a exemplo da já polémica adesão da Guiné Equatorial à CPLP, sobre a qual temos posição clara, face à nossa qualidade, enquanto juristas, advogados membros do observador consultivo desta organização – a União dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP). Além disso, esta postura é um corolário lógico da aplicação dos princípios patentes nos estatutos das nossas Ordens e nas constituições dos nossos Estados, com maior ou menor abrangência. Há que ser coerente com os princípios plasmados nos seus estatutos e analisar a conformidade entre a prática política e social do membro ou candidato, a exemplo do que faz a União Europeia. No entanto, tudo leva a crer que outros interesses se sobrepõem a este critério. Se o lema ‘solidariedade na diversida-

de’ é bastante feliz, impõe-se pensar a amplitude desta diversidade, em função de valores que orientam a CPLP, em regra coincidentes com os que são hoje património universal, em sede do respeito pela dignidade humana. Pronunciamentos políticos no sentido de países membros da Commonwealth estabelecerem parcerias e protocolos de cooperação com Angola em diversos domínios - não se tratando de uma adesão tal como aconteceu com Moçambique em 1995 e o Ruanda em 2009 -, em nosso entender têm razão de ser. Senão vejamos: 1. Os recursos naturais com que a natureza bafejou o território angolano versus a procura das principais commodities. Os indicadores de crescimento económico são em si factores suficientemente atractivos. 2. A estabilidade política, condition sine qua non para o investimento; o desenvolvimento e bem-estar geral, são dados adquiridos, após dezenas de anos de guerra civil. 3. O posicionamento geopolítico do país na região, membro da SADC e cuja maioria dos seus integrantes fazem parte da Commonwealth. A sua posição de “ponte” entre a SADC e a Comunidade do Estados da África Central (maioritariamente membros da francofonia), sem falarmos do seu importante e internacionalmente reconhecido papel político-diplomático na estabilização da região dos Grandes Lagos. 4. Para os membros mais rigorosos da Commonweath, no que se refere ao respeito pelos direitos humanos, já que na diplomacia as suas exigências vão para além dos interesses estri-

tamente económicos, parece-nos, com alguma lógica e legitimidade, confortados no plano jurídico-constitucional, com os ganhos que, neste domínio, são visíveis em Angola, salvo alguns actos passíveis de fácil supressão, dependendo apenas de vontade política de uns e maior tomada de consciência de outros. 5. O relativo ascendente e protagonismo político de Angola são uma boa base para o estabelecimento da ponte entre a Commonwealth e a CPLP. Não se é de menosprezar o papel de Moçambique, como país membro de ambas as organizações. 6. A presidência da CPLP, o seu papel na organização dos Estado do Golfo da Guiné e na SADC. Por estas e demais razões, parece-nos positiva esta aproximação, que deverá passar de meras intenções para acções concretas, mediante acordos de cooperação, parcerias credíveis (com reciprocidades de vantagens), implementação de projectos de investimentos que deverão ter, como é evidente, uma forte componente de capacitação de recursos humanos, que é uma reconhecida debilidade de Angola. Podemos assegurar que a cooperação entre a Commonwealth, os seus membros, Angola e a CPLP é não apenas possível, mas inquestionavelmente necessária, num mundo cada vez mais globalizado, desde que em beneficio dos seus povos. inglês pinto bastonário da ordem dos advogados, angola

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ECONOMIA & NEGÓCIOS

| patrícia alves tavares

‘O projecto é uma “joint-venture” que conta com parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%), ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total (13,6%)’

Projecto LNG

Gás Natural Ecológico Energia limpa, com baixas emissões de gases de estufa, susceptível de ser exportada, segura e amiga do ambiente. Estas são apenas algumas das vantagens do Gás Natural Liquefeito (LNG). O Governo encontrou nesta alternativa uma forma de aproveitar os resíduos da produção de petróleo, evitando a sua queima e reutilizando para um combustível que aproveita os recursos naturais e dá lugar a diversos produtos mais eficientes. O desejo de investimento da Commonwealth volta a relançar o debate sobre a necessidade de diversificar a economia, apostando em áreas que diminuam a dependência do petróleo e das suas oscilações no mercado. Recorde-se que a crise nacional se deve em parte a esta centralização e ao modelo de gestão assente na riqueza do crude. O Governo está a actuar e a canalizar os orçamentos para áreas alternativas. É o caso do gás natural, que está a conquistar adeptos. O número de empresas interessadas em participar na exploração e produção da ‘energia limpa’ não pára de crescer. O projecto Angola LNG (Gás Natural Liquefeito) ainda se encontra na fase de implementação (arranque previsto para 2012), mas já é um sucesso. Apesar de depender da extracção do petróleo, a sua sustentabilidade e o facto de ser ecológica fazem desta energia uma

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fonte de riqueza a longo prazo. O projecto é uma “joint-venture” que conta com parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%), ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total (13,6%). Avaliada em mais de 17 mil milhões de dólares, a produção de LNG deverá alcançar os cinco milhões de toneladas de metros cúbicos por ano. Os primeiros carregamentos estavam previstas para 2010, mas devido a atrasos tal poderá acontecer nos próximos meses. De acordo com um relatório do Banco Mundial, cerca de 85 por cento do gás natural do país é produzido em simultâneo com o petróleo, sendo uma parte queimada. O plano visa transformar o gás natural dos reservatórios petrolíferos (localizados em off-shore – mar) em energia para os mercados internacionais, algo que pode acrescentar às exportações mais de mil milhões de dólares por

ano e evitar a queima do produto. A exploração deste recurso natural vai contribuir para o desenvolvimento das indústrias e da agricultura. O LNG será responsável pelo fornecimento de 125 milhões de pés cúbicos-padrão por dia de gás para consumo doméstico (2.1 milhões de mts cúbicos). A província do Zaire é a maior privilegiada. O município do Soyo vai albergar a fábrica de produção, que vai dar trabalho a seis mil pessoas, proporcionando uma redução da taxa de desemprego na zona (cerca de 95 por cento) e uma melhoria da qualidade de vida das populações que terão acesso a gás butano para cozinha e a uma melhor rede eléctrica. Os 5,2 milhões de toneladas de metros cúbicos de gás natural que serão produzidos no espaço vão ser disponibilizados na maioria à Sonangol para uso doméstico e exportação (continentes americano e europeu).

LNG ANGOLA É a alternativa comercialmente atractiva em relação à queima do gás associado à exploração do petróleo. O projecto vai proporcionar o reaproveitamento do potencial energético angolano para produção de gás natural, que será aplicado no


desenvolvimento industrial local. Na ausência de um mercado interno suficientemente abrangente, o país procura oportunidades de grande escala para comercializar o produto. Recorde-se que cerca de 50 descobertas nas águas profundas dos Blocos 0 - 14, 15, 17 e 18 (incluindo o dos campos Quiluma, Enguia Norte, Atum e Polvo) contêm cerca de dez biliões de barris de petróleo recuperável e vão começar a laborar nos próximos cinco a dez anos. Estima-se ainda que a maior parte das áreas de águas profundas e ultra-profundas são consideradas de grande potencial e continuam por explorar. O gás da zona marítima é recolhido e conduzido por gasoduto até uma unidade de liquefacção situada em terra, perto do Soyo (Zaire). A edificação da fábrica de LNG começou em 2008, enquanto as actividades de construção do gasoduto iniciaram em Maio de 2009. A conclusão dos trabalhos do gasoduto está prevista para 2011, pelo que o primeiro gás natural liquefeito do projecto será entregue no início de 2012 ao mercado dos EUA, através do terminal de regaseificação da Clean Energy (Mississipi), que está a ser instalado pela Gulf LNG Energy LLC. “O projecto permite o aproveitamento útil do gás natural, que de outro modo seria queimado nas nossas áreas de produção petrolífera da zona marítima. Esse aproveitamento vai criar as condições necessárias ao desenvolvimento petrolífero sustentável, ao mesmo tempo que será o ponto de partida para a implantação, em Angola, de uma indústria baseada no gás natural”, afirmou Manuel Vicente, presidente do Conselho de Administração da Sonangol EP, numa entrevista à imprensa diária. O Gás Natural Liquefeito é um gás natural que, quando arrefecido até temperaturas próximas dos -160ºC, condensa-se para o estado líquido tornando-se seguro e económico para o transporte a longas distâncias. Após transformado em LNG, traz benefícios económicos para os países exportadores: além de flexível em termos de transporte, é mais barato e versátil, pois pode ser usado na produção de energia eléctrica, como reservas sazonais de gás e como combustível limpo.

‘O projecto insere-se no quadro da política do Governo com vista a eliminar todo o tipo de queima do gás natural. Deve estar pronto para iniciar funções em 2012’ “Hoje foram criadas condições para que este gás associado ao petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […] o projecto LNG, que vai contribuir também para o aumento de receitas do nosso país”, sustentou Botelho de Vasconcelos ALTERNATIVA LIMPA “Em Angola, num passado recente, o aproveitamento de gás era para produzir energia nas instalações das plataformas. Hoje foram criadas condições para que este gás associado ao petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […] o projecto LNG, que vai fazer o aproveitamento deste recurso, que vai contribuir também para o aumento de receitas do nosso país”, sustentou recentemente Botelho de Vasconcelos, ministro dos Petróleos. De facto, o gás natural foi identificado como o combustível preferido quando se trata de cuidar do meio ambiente. O facto de proceder a uma queima limpa, emitindo níveis mais baixos de subprodutos nocivos para a atmosfera, e as emissões globais reduzidas fazem deste recurso uma forma de energia que não deve ser desperdiçada. O projecto insere-se no quadro da política do Governo com vista a eliminar todo o tipo de queima do gás natural. Este é um passo assertivo para a protecção do ambiente. Angola LNG está em implementação desde 2006 e já ultrapassou a fase de limpeza e estudo de investigação de solos para a fase de construção da fábrica e das instalações de apoio (desde 2008), devendo estar pronto para iniciar funções em 2012.

EXPORTAÇÃO NA CALHA As mais-valias de uma energia limpa e sustentável estão a conquistar adeptos além fronteiras. O produto será comercializado para os Estados Unidos da América e para outros mercados localizados no Atlântico. A Holanda é um dos clientes interessados em comprar gás natural proveniente do projecto LNG. A ministra da Economia, Maria van der Hoeven, manifestou no início de 2009

que o país estava interessado em adquirir parte da produção angolana, existindo actualmente diversos contactos entre empresários que trabalham na área de energia. No total, 19 empresas holandesas (três com representação em Angola) querem fazer parte do programa. “Discutimos a possibilidade de empresários holandeses participarem na segunda fase de exploração de gás no Projecto Angola LNG”, anunciou na ocasião, após um encontro com Botelho de Vasconcelos. O desejo da parceria inclui ainda a criação de uma “rotunda de gás”, para que a Holanda possa distribuir o produto angolano para o Noroeste da Europa. “Este é um projecto extremamente importante e estruturante” para a economia nacional, defende o ministro dos Petróleos, que acredita que vai colocar o país na vanguarda dos parceiros ao desenvolver acções reais que reduzem os gases de estufa.

RESPONSABILIDADE SOCIAL O apoio ao desenvolvimento humano do país, em todas as suas vertentes, é uma das preocupações da Angola LNG. Apesar de ainda estar na primeira fase de implementação, a empresa de exploração de gás natural tem um papel activo em acções de solidariedade. Recentemente, foi um dos agentes activos no auxílio aos angolanos regressados da República Democrática do Congo, após o conflito que ocorreu no início do ano. Um lote com produtos alimentares e higiénicos foi distribuído por 30 famílias, um gesto de responsabilidade social elogiado pelo governo provincial do Zaire, que conta com um novo parceiro. O representante do Angola LNG, Steve Macine, afirmou durante um fórum dedicado ao tema, que a instituição tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida no município do Soyo, tendo em conta que a fábrica de produção está a contribuir para o aparecimento de serviços indirectos que apoiam os habitantes. “Nós participamos na melhoria das infra-estruturas como escolas, restauro e apetrechamento do hospital do município do Soyo e das suas respectivas comunas e a reabilitação das ruas”, esclareceu, lembrando que “de modo a evitar ou atenuar os constrangimentos do trabalho que desenvolvemos mantemos uma ligação estreita com o governo local, outras entidades e a comunidade, numa troca de informações permanentes”. ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN

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ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS

| patrícia alves tavares

MARKETING DE GUERRILHA

QUANDO A MENSAGEM IGNORA O MEIO O conceito pode parecer novidade para a maioria da população. No entanto, ele está subliminarmente presente em muitas campanhas de publicidade e, por vezes, inclui o utilizador no processo sem que este se aperceba que está a ser ‘usado’ na batalha das marcas. O Marketing de Guerrilha é um importante aliado das pequenas empresas que pretendem combater as poderosas rivais ou simplesmente sobreviver no universo da competitividade. Compreenda de que modo esta ferramenta pode auxiliá-lo a projectar a sua marca sem liquidar o seu orçamento.

Todos se recordam do caso das 36 adeptas holandesas que foram expulsas pela FIFA durante o encontro Holanda-Dinamarca, no Mundial de África do Sul, sob a acusação de publicidade ‘encoberta’. Os vestidos laranja que envergavam, da cor da selecção holandesa e bastante usados pelos seus adeptos, fariam parte de uma campanha da cerveja Bavaria, empresa que não é patrocinadora oficial do Mundial de 2010. A marca recorreu ao Marketing de Guerrilha para publicitar o seu produto, sem ter que despender grandes quantias para se tornar parceiro do evento. Com um baixo orçamento, esta conseguiu entrar nos estádios através das roupas oferecidas em conjunto com as cervejas. Aliás, a Bavaria já tinha protagonizado polémica idêntica no Mundial de 2006, através da distribuição de calças promocionais. Estas foram proibidas pela organização, levando muitos adeptos a entrar no estádio em roupa interior. Graças à controvérsia criada em torno destes casos, a empresa conse-

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guiu que o seu nome fosse falado em todo o mundo, sem ter recorrido a campanhas publicitárias dispendiosas. Actualmente, devido à saturação da sociedade face às constantes injecções publicitárias, as grandes marcas começam a valer-se do Marketing de Guerrilha e a incluí-lo na sua estratégia de marketing-mix para atingir a mente e o coração do seu público-alvo. O conceito tem mais de 20 anos. Porém, recentemente adquiriu uma nova força, fruto da evolução dos mercados cada vez mais exigentes. A primeira acção de Marketing de Guerrilha data de 1929, apesar de nessa altura não existir um conceito que definisse esta estratégia. Edward Louis Bernays, sobrinho de Freud, informou a imprensa que iria decorrer uma manifestação feminista, onde seria acesa a tocha da liberdade. Quando os jornalistas chegaram ao local, cada rapariga (modelos contratadas) acendeu um cigarro Luck Strike e fumou perante as câmaras num período em que as mulheres não tinham essa atitude

em público. Porém, foi em 1982 que Jay Conrad Levinson, ‘pai’ desta fórmula, apresentou pela primeira vez o livro “Marketing de Guerrilla”, onde sugeria soluções para se executar os projectos com orçamentos “apertados”. Na sua obra, esclarece que os empresários devem estar cientes de que as grandes empresas não são idênticas a pequenos negócios por muito empreendedores que estes sejam. Levinson recorre a um artigo de Welsh e White, publicado na Harvard Business Review, que defende que as marcas menores não são versões reduzidas de uma grande empresa. Os que tentam sobreviver sozinhos e com poucos meios necessitam de encontrar diferentes tipos de estratégias e tácticas de marketing. PODER DA INTELIGÊNCIA Este termo de Marketing inspira-se no conceito da guerrilha bélica, uma estratégia muito usada por guerrilheiros mais fracos (em recursos, armamento, combatentes) para combater


“O marketing de guerrilha é cada vez mais uma opção das marcas que procuram todos os métodos para captar a atenção do seu público-alvo”

um grupo forte e coeso. Neste caso, o modelo dita que se ‘ataque’ o público-alvo de uma forma inesperada e o menos convencional possível, ou seja, recorre-se à criatividade e energia para lançar um produto, implementando acções que dispensem publicidade em televisão, revistas ou outdoors, poupando assim bastante dinheiro. Com custos abaixo da publicidade tradicional, é uma alternativa viável e lucrativa para empresas com recursos financeiros limitados. Socorre-se de eventos que tenham capacidade de conquistar espaço nos meios de comunicação ou de cativar a atenção do público-alvo, mostrando a marca sem pagar uma exorbitância por espaços publicitários nos Media tradicionais. O Marketing de Guerrilha pode atingir um número reduzido de pessoas. Contudo, é mais posicionado e promove um contacto directo com o consumidor. Altamente vantajosa para empresas com orçamentos limitados, esta técnica usa conceitos como o marketing viral (espalhar histórias verbalmente ou pela internet, como se fosse um vírus) e “ambush marketing” (marketing de emboscada). As diferentes ‘armas’ contribuem para criar uma repercussão espontânea nos Media através de acções distintas. Uma reportagem da revista inglesa “The Economist” divulga que alguns especialistas nos EUA admitem que cada consumidor vê em média 1,5 mil mensagens publicitárias diariamente. Esta fragmentação provocada pelo excesso de anúncios diminui a eficácia individual de cada peça. Este facto tem motivado as empresas mais tradicionais e prestigiadas a recorrer ao Marketing de Guerrilha para se distinguirem dos seus concorrentes. A publicação apresenta como exemplo a Pizza Hut que gastou 1,25 milhões de dólares num anúncio que foi inserido num foguete russo lançado ao espaço. Todavia, há que ter em conta que as acções devem ser bem planeadas para causar uma imagem positiva, para que o consumidor associe a marca a algo original e simpático. Recorde-se o caso da Mattel, fabricante da Barbie, que resolveu pintar uma rua de cor-de-rosa para promover a boneca. A iniciativa provocou o efeito inverso do desejado. Os moradores ficaram irritados com a ‘invasão’ do seu espaço e os consumidores acabaram por reagir mal à campanha. Portan-

“A Pizza Hut gastou 1,25 milhões de dólares num anúncio que foi inserido num foguete russo lançado ao espaço. A mensagem tem uma eficácia idêntica a 30 segundos em horário nobre e permite poupar muito dinheiro” to, além da criatividade e ousadia há que ter inteligência para planear e prever os efeitos da acção. Se tudo correr bem, a mensagem tem uma eficácia idêntica a 30 segundos em horário nobre e permite poupar muito dinheiro. “A alma e a essência do Marketing de Guerrilha permanecem como sempre – atingir as metas convencionais, tais como lucros e alegria, com métodos não convencionais, como o investimento de energia em vez de dinheiro”, descreve Jay Conrad Levinson, na sua obra. Aliás, esta ferramenta apareceu em função da necessidade de novas técnicas publicitárias. Na década de 70, a diminuição da eficácia dos esquemas tradicionais obrigou a repensar estratégias e conceito viria a surgir no início dos anos 80 com a publicação do “Marketing de Guerrilla”. A fórmula destina-se a atrair o público que está exausto de tanta informação. Levinson explica na sua obra que existem doze tácticas fundamentais que diferenciam o novo modelo de marketing do tradicional. São elas: · Em vez de dinheiro, investe-se energia, imaginação, informação e tempo; · Foi inicialmente concebido para ser aplicado em pequenas marcas; · O retorno é medido através do lucro (e não do acréscimo de vendas);

· Inspira-se na psicologia e no comportamento do ser humano; · Foca-se na procura de um elevado padrão de exigência (ao invés do aumento de produtos e serviços); · Não procura novos clientes, mas sim o acréscimo de contactos com o mesmo consumidor; · Coopera com as restantes empresas (não as encara como concorrentes); · Combina as diferentes ferramentas de marketing (não as utiliza separadamente); · Analisa o número de relacionamentos conquistados e não o número de vendas; · Encara a tecnologia como uma mais-valia, pois é barata, fácil de usar e ilimitada; · Recorre a ‘armas’ de baixo custo ou gratuitas; · Acaba com os medos e paradigmas. O modelo recorre a profissionais multidisciplinares, desde relações públicas, jornalistas, sociólogos até agências de comunicação para conferir credibilidade à sua mensagem. Por outro lado, utiliza os Media de duas formas: ou desenvolve algo novo e inusitado, captando a atenção dos meios de comunicação ou dedica-se à produção de press-releases e materiais editoriais que serão enviados para as redacções (apesar de não saber se serão pu-

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ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS blicados). O método dá-lhe ainda a possibilidade de socorrer-se do Buzz Marketing, que tal como a tradução indica significa causar rumores. Várias pesquisas revelam que a melhor forma de divulgar um produto/ marca é através da mensagem ‘boca-a-boca’. Esta técnica estimula a sociedade a repassar a mensagem e a multiplicar-se rapidamente atingindo milhares ou milhões de pessoas (a Internet tem um papel importante), podendo ocorrer de forma espontânea ou por influência de um agente externo. A outra táctica associada ao Marketing de Guerrilha é Ambush Marketing (de Armadilha), que tem sido aproveitada por marcas de peso internacional, que se associam a eventos patrocinados por outras empresas para apresentar o seu produto sem pagar algum tipo de patrocínio. Isto é, liga a sua marca a um evento e aos valores por ele promovidos, sem autorização dos organizadores. O objectivo é que o consumidor fique confundido e não consiga distinguir quem é realmente o patrocinador oficial. Esta situação é frequente em eventos de futebol. A Nike e a Pepsi usaram o Mundial de África do Sul para publicitar a sua marca, sem se tornarem parceiros oficiais do certame (ver caixa).

fifa combate marketing de guerrilha A federação internacional de futebol repudiou publicamente as empresas que exploram o Mundial de África do Sul sem pagar os devidos direitos. Ainda antes do arranque da competição, uma funcionária da FIFA, em declarações ao jornal inglês “The Guardian”, defendeu que “acções parasitas de concorrentes directos dos nossos parceiros oficiais são estrategicamente planeadas por experts em Marketing de Guerrilha”, considerando que essas campanhas vão contra “os princípios fundamentais de qualquer sociedade”. As críticas visaram a Nike e a Pepsi, concorrentes da Adidas e da Coca-Cola (parceiros oficiais da FIFA), estendendo-se a todas as marcas que não investiram os quase 15 milhões de dólares, necessários para patrocinar a competição, mas que continuam a lucrar através da associação do seu nome ao Mundial de 2010. Umas aproveitam o momento para simplesmente vender televisores ou outros artigos, associando o seu nome indirectamente à Copa ou a sua imagem à selecção do seu país. “Se outra companhia lucra sem contribuir com nada para o evento ou para o futebol como um todo, o programa de marketing da Copa, o torneio e a cooperação dos nossos parceiros são enfraquecidos”, alegou a porta-voz do organismo, lembrando que a FIFA “não pode fazer nada oficialmente” para impedir o Marketing de Guerrilha das marcas. Uma pesquisa de marketing a que a FIFA teve acesso indicava que um em cada dez adeptos acreditava que a Nike era a patrocinadora oficial, sendo mais recordada que a rival Adidas. Já 75 por cento dos entrevistados desconhecia quem são os parceiros do evento.

“A Nike é sempre relacionada com o marketing de guerrilha. No entanto, preferimos falar de comunicação inteligente”, esclarece o responsável da marca, Olaf Markhoff’

AGÊNCIAS ESPECIALIZADAS O Marketing de Guerrilha é cada vez mais uma opção das marcas que procuram todos os métodos para captar a atenção do seu público-alvo. O interesse cresceu tão exponencialmente que nos últimos anos surgiram múltiplas agências vocacionadas para esta vertente e que se dedicam exclusivamente a trabalhá-la junto das pequenas e médias empresas. Nos EUA e na Europa, o mercado fervilha e são muitas as empresas que auxiliam as marcas a desenvolver a sua estratégia de guerrilha. No caso africano, nomeadamente no que toca a Angola, esta é uma área por explorar mas que tem um elevado potencial de crescimento, especialmente numa altura em que se fala na necessidade de (re)lançar a marca ‘Made inAngola’ no mercado internacional (ver edição AI 12). Apesar de o conceito estar a dar os primeiros passos em Portugal, existe uma empresa especializada nesta matéria e que tem contribuído para a divulgação

“Gigantes como a Nike, a IBM ou a inglesa The Body Shop já recorrem a este modelo, incluindo esta ferramenta nas suas estratégias de marketing”

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do Marketing de Guerrilha. A Torke nasceu em Maio de 2005, num pequeno espaço em Lisboa e conta actualmente com 20 funcionários e alguns dos melhores clientes do mercado. Zon, Google, Optimus, Peugeot ou os canais Fox e Fox Life renderam-se aos benefícios desta táctica, que concilia a surpresa com o inesperado. O presidente, André Rabanéa, ga-

rante que o objectivo do seu negócio consiste em “surpreender pelo inesperado e pelo barulho, pela emoção, pela ousadia e pela agilidade”. E a meta tem sido alcançada com sucesso. Máscaras de médico a tapar as bocas das principais ruas de Lisboa ou a possibilidade de ver um concerto nos ombros de um segurança de discoteca são algumas das campanhas mais


“Em Portugal, Zon, Google, Optimus, Peugeot ou os canais Fox e Fox Life renderam-se aos benefícios desta táctica, que concilia a surpresa com o inesperado” conhecidas da Torke. O Marketing de Guerrilha tem não só custos menores, mas também uma exequibilidade mais rápida. Ou seja, enquanto uma campanha publicitária leva em média dois a seis meses para ser executada e colocada no mercado, uma acção de guerrilha leva menos tempo, pois é relativamente menor e envolve uma produção mais simples.

vadores. Recentemente o jornal espanhol ‘El Pais’ apontou o exemplo dos fundamentalistas islâmicos que estão a alterar os videojogos americanos para recrutarem novos soldados. Os informáticos da Al-Qaeda mudaram os jogos originais e tornaram as tropas americanas no inimigo e as islâmicas em heróis. É uma outra forma de travar esta guerra.

PODER DE UMA MARCA A estratégia nasceu com o objectivo de auxiliar as pequenas e médias empresas a projectar as suas marcas e a alcançar o seu público-alvo, apesar dos poucos recursos. Os seus benefícios são de tal ordem que as grandes empresas estão a adoptar este modelo como forma de fortalecer o seu produto em novos suportes. Gigantes como a Nike, a IBM ou a inglesa The Body Shop já recorrem a este modelo, incluindo esta ferramenta nas suas estratégias de marketing. Aliás, a marca de cosméticos alcançou parte do sucesso e da internacionalização mediante a transformação das suas lojas e dos seus produtos em autênticas campanhas de defesa dos direitos humanos e dos animais. Ao associar-se a uma causa nobre, a The Body Shop conseguiu que a sua marca fosse divulgada e comentada em todos os pontos do globo. A Kodak, nos Jogos Olímpicos de 1984, patrocinou as emissões dos jogos, apesar de a Fuji ser o parceiro oficial do evento. Mas o caso mais emblemático de Marketing de Guerrilha nestas competições é o que respeita aos jogos de Atlanta, em 1996. A Nike encontrou uma alternativa ao patrocínio do certame, o que lhe valeu uma poupança de 50 milhões de dólares. A marca encheu a cidade de ecrãs gigantes com a transmissão do campeonato, publicidade e outdoors e conseguiu criar um espaço dentro do estádio, onde era possível obter uma vista privilegiada das competições. Esta estratégia não é descartada nem pelos países dito mais conser-

NIKE É um gigante no mundo das vendas de artigos desportivos. Todavia, essa posição não impede que a Nike recorra ao Marketing de Guerrilha para desenvolver campanhas que tenham o impacto desejado junto dos seus clientes e para ultrapassar a concorrência. As suas acções ligadas ao futebol apelam às emoções dos consumidores, pegando em histórias de países desfavorecidos. No Mundial de 2004, distribuíram capas no estádio levando os consumidores a associar o fabricante com a selecção brasileira (esta era patrocinada pela Umbro). “A Nike é sempre relacionada com o Marketing de Guerrilha. No entanto, preferimos falar de comunicação inteligente”, esclarece o responsável da marca, Olaf Markhoff. Esta é a prova de que actualmente quem vence a guerra da publicidade não é quem apresenta um budget maior mas quem tem ideias mais inteligentes. “Um bom exemplo de como sem um grande orçamento se pode ter uma grande repercussão” foi um spot em que o jogador brasileiro Ronaldinho chutava quatro vezes a bola à trave sem tocar no chão. O anúncio foi enviado pela internet aos jovens fanáticos de futebol. Em pouco temo, na Alemanha todos discutiam se o que aparecia na publicidade era realmente possível. “É necessário que seja fora do normal e surpreendente”, refere o responsável de marketing, que explica que privilegiam a Internet por ser a ferramenta favorita do seu público-alvo: os jovens.

sabia que… O termo Marketing de Guerrilha inspirou-se no cenário das guerras. A sua definição está associada à génese da guerrilha bélica. O conceito pretende explicar que mesmo com um armamento reduzido é possível vencer uma guerra. A expressão surgiu em meados da década de 80, com a publicação do livro de Jay Conrad Levinson, onde explicava que era possível alcançar grandes resultados com pequenos investimentos. O especialista argumenta que as organizações podem desenvolver campanhas publicitárias criativas e inovadoras investindo pouco dinheiro. Os métodos mais comuns são as intervenções nas ruas, a criação de espaços exclusivos para acções e a aposta em campanhas de comunicação em lugares insólitos.

“A marca Red Bull tem a capacidade de ser diferente em todos os aspectos e está pronta para surpreender o consumidor em qualquer lugar e qualquer momento” RED BULL Acções inusitadas e um Marketing de Guerrilha agressivo tornaram a marca Red Bull conhecida em todo o mundo por associar-se e organizar actividades de risco e desportos radicais. A bebida energética captou a atenção do consumidor com o Red Bull Air Race, circuito actualmente organizado em várias cidades mundiais. A corrida de aviões arrasta multidões e consegue associar o produto a coragem, ousadia e superação de limites. Em 20 anos de existência, 30 por cento do investimento da empresa é encaminhado para o departamento de marketing. Anualmente, investe milhões de euros no patrocínio de eventos que testam os limites, em que 70 por cento das provas que envergam a marca Red Bull são de alto risco. Quanto mais elevado é o perigo, maior é o retorno para a empresa. O director de marketing, Pedro Navio, indica que para cativar diferentes tipos de público, a marca aposta em modalidades desafiadoras que a transformem em objecto de desejo, já que estes eventos simbolizam “a concretização das loucuras e sonhos que temos, acreditamos e gostamos”. A marca tem a capacidade de ser diferente em todos os aspectos e está pronta para surpreender o consumidor em qualquer lugar e qualquer momento. A fonte de inspiração para a aposta em espectáculos que deixam a população sem reacção está na procura de ideias que inovem, desafiem, surpreendam, excedam as expectativas e brinquem com os sentidos. Este é o segredo para o sucesso de uma empresa que não tem tradição na maioria dos desportos onde investe, mas que consegue cativar o público. Os números também não deixam dúvidas. No último Red Bull Air Race, que decorreu no Brasil, superou-

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ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS “A PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) é uma das pioneiras do Marketing de Guerrilha”

se a expectativa de receber os 600 mil curiosos esperados. “Foram quase um milhão de pessoas para assistir a um evento que durou cerca de um ano e meio” para ser autorizada, afiançou o director de marketing. Em Veneza, a marca aproveitou uma inundação da cidade para surgir com uma acção inusitada. A Red Bull levou um atleta patrocinado para praticar wakeboarding. O caso espalhou-se rapidamente pela Internet, alcançando diversos países. A empresa tem a capacidade de ser diferente em todos os aspectos e está sempre pronta para surpreender o consumidor a qualquer momento e em qualquer lugar. A marca privilegia o Marketing de Guerrilha e o contacto directo com o cliente ao invés da aposta em publicidade nos meios de comunicação tradicionais. Os eventos que patrocina ou recria cumprem essa tarefa espontaneamente. Por ser surpreendente, ela consegue ser exposta e divulgada nos Media sem investir grandes somas de dinheiro em tácticas tradicionais. O retorno é aliciante. As acções “representam e reforçam a identidade que temos: um produto energizante que vitaliza a mente e o corpo e acredita num estilo de vida. E isso traz um retorno imensurável, que é um grupo de apaixonados e ‘believers’ da marca como nós mesmos”, indica o responsável.

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PETA A PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) é uma das pioneiras do Marketing de Guerrilha. A associação tem mais de 800 mil membros, sendo actualmente a maior organização mundial de direitos dos animais. Fundada em 1980, a sua filosofia consiste na defesa de que os animais não foram criados para comer, vestir ou para serem usados em experiências. As suas acções e a sua publicidade são radicais e, por vezes, chocantes, mas são essas características que fazem com que a mensagem seja divulgada e assimilada pelo consumidor. Em relação aos casacos, a PETA mostra detalhadamente todo o processo de extracção das peles e confecção das roupas, apresentando no seu site uma série de vídeos. A organização conseguiu transformar o uso de peles num acto criticado por todos, gerando um clima de receio no mundo da moda, que abdicou destes artigos com medo das investidas da PETA. A inteligência do grupo de defesa dos animais está no desenvolvimento de campanhas que conjugam o humor e imagens chocantes, provocando autênticos tumultos, que captam a atenção das objectivas da imprensa. Este é o segredo daquele que se transformou num dos movimentos de protesto mais eficazes de sempre. Há que lembrar uma iniciativa em que um conjunto de activistas se despiu à frente da Casa Branca e gritaram: “prefiro andar nu a usar peles”. As peles que os membros conseguem retirar aos seus proprietários são distribuídas pelos pobres e sem-abrigo de vários pontos do mundo. A McDonald’s também foi visada por esta luta, devido à criação comercial de frangos. Há dois anos, começaram a distribuir nas ruas dos EUA “McLanches Infelizes” em frente às lojas da cadeia de fast food. O lanche incluía brinquedos de plástico cobertos de “sangue”. Estes acabaram por ceder e orientar os fornecedores para que acabassem com a prática de decepar os frangos ainda vivos. O recurso a esta táctica tem valido um orçamento anual superior a 30 milhões de dólares, oriundos de fundos, taxas dos sócios e vendas dos seus produtos. As campanhas são diversas e em várias vertentes, recorrendo a figuras célebres para participar nas suas acções. ADIDAS No último ano, a marca apresentou uma campanha original para lançar os novos ténis. In-

titulada ‘Boost Your Jump’ (Impulsiona o teu Salto), a acção desenvolvida pela agência TBWA consistiu em pendurar latas de lixo nos postes, a vários metros das ruas de Paris, para mostrar que as sapatilhas Adidas A3 ajudam o atleta a impulsionar o seu salto, especialmente quando jogam basquetebol. Neste Mundial, a marca lançou a campanha “The Quest”, que contou com a presença das estrelas do futebol: Zidane, Ballack, Messi, Káká e Gourcuff.

perfil: jay conrad levinson Considerado um génio do marketing e da publicidade, Jay Conrad Levinson, marketeer e gestor norteamericano, desenvolveu parte do seu trabalho na publicidade, onde se destaca a campanha desenvolvida para a Marlboro, especialmente a criação do “homem Marlboro”. Estas acções, baseadas numa estratégia de Marketing de Guerrilha, permitiram que a empresa, quase insignificante no mercado norte-americano, se tornasse líder mundial em poucos anos. A referida campanha é uma das mais bem sucedidas de sempre na história. Desempenhou ainda funções em empresas de publicidade como a BBDO, Weiner Gossage e Edward H. Weiss. Actualmente é director da Guerrilla Marketing International, uma empresa partner da Adobe e da Apple. Conferencista, colunista e líder de seminários, Levinson tornou-se um ícone do marketing ao publicar como autor e co-autor a série de livros mais vendida na área do marketing: ‘Guerrilla Marketing’ (1984), ‘Guerrilla Selling’ (1992), ‘Guerrilla Advertising’ (1994), ‘Guerrilla Marketing with Technology’ (1997) e, mais recentemente, ‘Guerrilla Marketing for the New Millenium’.


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SOCIEDADE

| patrícia alves tavares

O domínio do click A febre das redes sociais, à semelhança de um vírus, espalhouse por todos os cantos do mundo. Os especialistas encaram esta evolução com naturalidade e como algo positivo, que promete aproximar populações, criando uma aldeia global. As empresas e marcas de prestígio também não escapam ao domínio das novas ferramentas e entram nestes espaços com o intuito de expandir os seus negócios. A Angola’in apresenta-lhe as suas vantagens e perigos e traça o perfil do utilizador nacional. Descubra quais os sites preferidos pelos seus colegas de trabalho O último ano é recordado por muitos como o das redes sociais. Em 2009, milhões de utilizadores “não técnicos” tornaram-se visitantes assíduos da Web via Facebook ou Twitter. Os responsáveis das duas páginas consideram que estes meses ficaram marcados pela adesão dos usuários não tradicionais (todos os que não são adolescentes ou jovens nascidos na era da tecnologia) às ferramentas de partilha de informação. Quem tirou maior partido da situação foram as empresas, que num período de recessão económica conseguiram arrecadar inúmeras vantagens (e até lucros) para os seus negócios. Aliás, foi em 2009 que as organizações se aperceberam dos benefícios das redes sociais, que passaram a ser encaradas como veículos de comunicação directa com os clientes e meios privilegiados para divulgação das suas mensagens, de forma pouco dispendiosa e a um leque alargado de indivíduos. Orkut, Facebook, blogs e Twitter são conceitos que fazem parte do dia-a-dia de muitas marcas de renome internacional. É o caso da Audi, cujo site disponibiliza uma série de ferramentas que promovem a interactividade com os clientes. Estes podem personalizar uma página para receber informações de múltiplas redes sociais em simultâneo. A marca criou uma personagem, o Guto Kleien, que interage com os internautas que possuem uma conta no Orkut, Twitter ou Facebook. Consultoras como a Nielsen e Dan Olds asseguram que o Facebook tem mais de 350 milhões de

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usuários, o que indica que apenas em Abril estas pessoas passaram mais de 13.900 milhões de minutos no Facebook, representando “700 por cento mais do que no mesmo mês do ano anterior”. No caso do Twitter, o tráfego sofreu um aumento em Setembro último de 1.170 por cento, face ao mês homólogo de 2008. O sucesso destas aplicações captou inclusive o interesse dos gigantes da informática, como o Google e a Microsoft que assinaram acordos com o Twitter e com o Facebook.

‘A SNNAngola, um blogue sobre tecnologias de informação, cita que cerca de 300 mil angolanos utilizam o Hi5, que assume o topo da lista’

HI5 LIDERA O fenómeno chegou entretanto ao país. As redes sociais são uma realidade nacional há algum tempo, constatando-se uma adesão crescente de utilizadores de todas as idades e estratos sociais. Estudos indicam que os angolanos interagem cada vez mais no mundo virtual do que no físico e por maiores períodos de tempo. À semelhança do que acontece nos grandes centros urbanos, a utilização da Internet deixou de ser considerada um luxo e a massificação do seu uso levou à consagração da sua importância. As redes sociais são as ferramentas preferidas pelos angolanos para interagir e comunicar com os seus ‘vizinhos’ virtuais. Espaços como o Orkut, Facebook, Hi5, Twitter ou Sónico têm conquistado os cibernautas. A snnangola, um blogue sobre tecnologias de informação, cita que cerca de 300 mil angolanos utilizam o Hi5, que assume o topo da lista como sendo a página mais utilizada pela população. A fonte do estudo é a Alexa Internet Inc., um serviço que mede o número de pessoas que visita um site. A liderança do Hi5 foi consumada em 2009, ano em que conquistou o título de segunda hiperligação mais visitada pelos angolanos. A Alexa refere que – apesar de não existirem estatísticas oficiais -, 0,7 por cento das visitas do Hi5 são provenientes de Angola, num universo de 50 milhões, o equivalente a cerca de 350 mil cibernautas nacionais. Os analistas acreditam que os valores devem rondar os números divulgados pela agência devido ao ‘boom’ da procura das redes sociais. No entanto, mostram-se surpreendidos por este ‘blog’ se assumir como o preferido entre os países do Terceiro Mundo e os mais pobres da Europa e Ásia, “sem precisar agradar às grandes potências mundiais”. A pesquisa indica ainda que são os países lusófonos (excepto Brasil, onde o Orkut é soberano) que preferem o Hi5 para manter contactos pessoais e profissionais com os ‘amigos’ da sua rede. Recorde-se que esta ferramenta surgiu em 2003 e tem mais de 60 milhões de membros activos,


‘Fraude, cibercrime, phishing, malware baseado em mensagens instantâneas e roubo de identidade são alguns dos perigos da Internet, nomeadamente das redes sociais’ registados em 200 países. Neste momento, encontra-se numa fase de adaptação do site aos interesses específicos de cada país, o que tem permitido às empresas angolanas apostar em publicidade neste meio.

FERRAMENTA VALIOSA O valor das redes sociais atingiu tal dimensão que as tecnologias complementares começam a apostar na criação e adaptação dos actuais equipamentos às funcionalidades das novas ferramentas de comunicação. O objectivo é que haja compatibilidade entre todas as infra-estruturas. Os telemóveis já incluem acesso ao Facebook e a outras redes, algumas televisões e ecrãs estão adaptados e permitem a consulta das referidas ferramentas e as barras dos sistemas operativos dos computadores detêm atalhos para um acesso mais rápido aos sites. A nível empresarial, são múltiplas as entidades que recorrem às redes sociais para suportar os seus negócios, não só pela novidade, mas sobretudo pela escala. Os analistas prevêem que em 2010, as grandes empresas utilizem acções de marketing e suporte através das redes sociais, esperando-se que se tornem mais programáticas e estratégicas. Isto porque a tendência global é para que um número crescente de utilizadores comece a ver os posts nos telemóveis, pda’s e nos futuros meios móveis. Aliás, muitas multinacionais estão a substituir o célebre ‘coffee break’ pelo ‘social media break’. Muitas entidades recorrem a estes sites pela escala. Nos EUA, a BestBuy tem uma página de fãs no Facebook com quase dois milhões de seguidores e criou um canal no Twitter (Twelpforce), onde presta diversos serviços aos clientes, ao nível de pré e pós-venda e de logística. A dimensão dos seguidores registados vai para além do potencial e do lucro que a plataforma pode gerar. Sempre que um cliente pesquisar informações sobre um produto encontra os dados concedidos pela BestBuy e as opiniões de todos os usuários que colocaram a mesma questão, ajudando os consumidores na tomada de decisão. Desta forma, as empresas podem poupar dinheiro e atingir níveis de excelência na qualidade do serviço que até aqui não eram possíveis. A publicidade “grátis” é uma das formas mais utilizadas pelas empresas, que encontram na procura destas redes a método privilegiado para divulgar os seus conteúdos, de forma massiva e a baixo custo. Aliás, esta questão tem conduzido alguns países a regulamentar as regras para promover produ-

tos e serviços em sites como o Twitter e o Facebook. É o caso do órgão regulador de publicidade do Reino Unido, a Advertising Association, que está a desenvolver mecanismos que regulem as leis online relativas à promoção das empresas. O projecto ainda está a ser analisado, mas o objectivo é que as novas normas entrem em vigor este ano. O Mundial de África do Sul também está a influenciar o modo como as marcas se estão a posicionar no mercado. A edição da Taça do Mundo é a primeira a decorrer na era das redes sociais e de plataformas como o Twitter ou o Youtube, que exigem linguagens e dinâmicas específicas. Poderosas marcas como a Nike ou a Gilette possuem equipas especializadas nestas novas tecnologias que estão a desenvolver campanhas específicas para estes meios, que estimulem a interacção com os internautas.

CONFIDENCIALIDADE Fraude, cibercrime, phishing, malware baseado em mensagens instantâneas e roubo de identidade são alguns dos perigos da Internet, nomeadamente das redes sociais, onde informações pessoais são divulgadas e tornadas públicas sem que muitas vezes o utilizador se aperceba que ao fazê-lo está a correr uma série de riscos. O roubo de identidade é constante. Os fins são múltiplos. Redes organizadas ou os chamados ‘piratas’ do ciberespaço apoderam-se de informações pessoais de outros utilizadores para fazer compras online, transferências bancárias e diversos crimes. Por outro lado, nem todos os que recorrem a estes meios têm boas intenções. Os perfis criados nem sempre correspondem à realidade e as informações falsas são frequentemente usadas pelas redes de prostituição, tráfico humano e pedofilia para atrair crianças e jovens. A forma como é divulgada a informação, especialmente no que concerne ao Facebook, também deve ser acautelada. Muitas empresas recorrem a estas redes para contratar ou analisar o perfil de potenciais candidatos para uma vaga laboral, excluindo por vezes indivíduos em função da imagem que transmitem nas redes sociais. Aliás, existem casos de pessoas que foram despedidas pelo Facebook ou devido a críticas dirigidas à entidade patronal através destas redes.

MUNDO RENDIDO Cientes do poder que as redes sociais têm, nomeadamente de difusão de informação às massas, as empresas, órgãos de comunicação social,

políticos, atletas, organizações governamentais e ONGs têm explorado todas as suas funcionalidades, utilizando-as como instrumentos para difundir os seus conteúdos. Actualmente, os meios de informação fazem actualizações quase ao minuto, incentivando os leitores a aceder ao site oficial. É possível acompanhar o decorrer de um processo eleitoral ou consultar quase em tempo real os jogos do Mundial de África do Sul. Recentemente, Hugo Chavez, presidente da Venezuela, aderiu ao Twitter e criou uma página no Facebook para comunicar com os seus eleitores. Uma atitude perspicaz, que revela o seu conhecimento das novas tecnologias e do poder que estas podem ter na escolha e no rumo de algumas decisões políticas. É facto consumado que as redes sociais vieram para ficar e são actualmente o meio de comunicação mais usado. Nos EUA, um estudo da Center Media Research refere que em 2009 se verificou um crescimento exponencial de redes como o Twitter, que na América cresceu 1382 por cento e o Facebook está a ultrapassar o MySpace. As previsões são que a tendência para a popularidade aumente em 2010, pois vão tornar-se mais exclusivas e móveis. Afinal, estas foram as primeiras a dar importância vital aos conteúdos e a sobreviver à base da troca de informações.

CONFIDENCIALIDADE Fraude, cibercrime, phishing, malware baseado em mensagens instantâneas e roubo de identidade são alguns dos perigos da Internet, nomeadamente das redes sociais, onde informações pessoais são divulgadas e tornadas públicas sem que muitas vezes o utilizador se aperceba que ao fazê-lo está a correr uma série de riscos. O roubo de identidade é constante. Os fins são múltiplos. Redes organizadas ou os chamados ‘piratas’ do ciberespaço apoderam-se de informações pessoais de outros utilizadores para fazer compras online, transferências bancárias e diversos crimes. Por outro lado, nem todos os que recorrem a estes meios têm boas intenções. Os perfis criados nem sempre correspondem à realidade e as informações falsas são frequentemente usadas pelas redes de prostituição, tráfico humano e pedofilia para atrair crianças e jovens. A forma como é divulgada a informação, especialmente no que concerne ao Facebook, também deve ser acautelada. Muitas empresas recorrem a estas redes para contratar ou analisar o perfil de potenciais candidatos para uma vaga laboral, excluindo por vezes indivíduos em função da imagem que transmitem nas redes sociais. Aliás, existem casos de pessoas que foram despedidas pelo Facebook ou devido a críticas dirigidas à entidade patronal através destas redes.

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MUNDO RENDIDO

‘O Facebook tem actualmente mais de 500 milhões de utilizadores activos, com mais de três milhões de páginas de fãs a funcionar’ top 10 social-networking websites & forums by us market share of visits (%) march 2010 facebook youtube myspace tagged twitter yahoo! answers yahoo! profiles myyearbook windows live home mocospace 0

20

40

6 Source: Hitwis

top 10 visited social-networking websites & forums march 2010

FENÓMENO FACEBOOK

Source: Hitwise

social network usage by country home & work feb 2010

country

time per person (hh:mm:ss)

Source: The Nielsen Company * home only

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Cientes do poder que as redes sociais têm, nomeadamente de difusão de informação às massas, as empresas, órgãos de comunicação social, políticos, atletas, organizações governamentais e ONGs têm explorado todas as suas funcionalidades, utilizando-as como instrumentos para difundir os seus conteúdos. Actualmente, os meios de informação fazem actualizações quase ao minuto, incentivando os leitores a aceder ao site oficial. É possível acompanhar o decorrer de um processo eleitoral ou consultar quase em tempo real os jogos do Mundial de África do Sul. Recentemente, Hugo Chavez, presidente da Venezuela, aderiu ao Twitter e criou uma página no Facebook para comunicar com os seus eleitores. Uma atitude perspicaz, que revela o seu conhecimento das novas tecnologias e do poder que estas podem ter na escolha e no rumo de algumas decisões políticas. É facto consumado que as redes sociais vieram para ficar e são actualmente o meio de comunicação mais usado. Nos EUA, um estudo da Center Media Research refere que em 2009 se verificou um crescimento exponencial de redes como o Twitter, que na América cresceu 1382 por cento e o Facebook está a ultrapassar o MySpace. As previsões são que a tendência para a popularidade aumente em 2010, pois vão tornar-se mais exclusivas e móveis. Afinal, estas foram as primeiras a dar importância vital aos conteúdos e a sobreviver à base da troca de informações.

Tem apenas seis anos, mas já conquistou meio mundo. É a rede social da moda. O Facebook tem actualmente mais de 500 milhões de utilizadores activos, em que mais de 100 milhões acedem à rede através de aparelhos móveis. É mais popular nos EUA, mas cerca de 70 por cento dos inscritos são oriundos de outras nações. As últimas estatísticas apontam para mais de três milhões de páginas de fãs a funcionar e para 60 milhões de actualizações do status por dia (cinco biliões de ‘peças de conteúdo’ por semana). Cada utilizador gasta em média 55 minutos nesta plataforma, contabilizando-se que mais de um milhão de empresários e técnicos ajudaram a desenvolver mais de 500 mil aplicativos. O Facebook começa a ser encarado não apenas como ferramenta para socializar no mundo virtual, mas também como agregador de conteúdos. “É nítido que as pessoas já começam a consumir notícias através das redes sociais”, argumenta António Granado, um jornalista português, em declarações ao Sapo. A nova plataforma tem a vantagem de conhecer o número e as características da audiência. Para alcançar as mais-valias do Facebook, é fundamental possuir uma equipa especializada, que

conheça e saiba utilizar as redes sociais. Há que saber fazer um rastreio das informações, já que as páginas não são locais indicados para “despejar” toda a informação. O sistema foi entretanto bastante criticado pelas recentes alterações da política de privacidade, em que o nome e as fotografias dos utilizadores ficaram disponíveis em toda a Internet, sem que estes fossem consultados. O co-fundador da empresa de marketing online Byside, Vítor Magalhães, considera que o “Facebook fez uma coisa eticamente errada, mudou a política de privacidade sem consultar os utilizadores”. O especialista referiu que as mudanças têm “um foro comercial”, pois quanto mais informações são tornadas públicas, “mais utilizadores vão-se registar no site”. “Torna-se atractivo para qualquer empresa de publicidade ligar-se ao Facebook”, visto que tem ao seu dispor dados pessoais de mais de 500 milhões de utilizadores. Outro verdadeiro caso de sucesso é o LinkedIn. A rede social vocacionada para profissionais foi criada nos EUA, mas rapidamente conquistou adeptos em Inglaterra, na Austrália, na Índia e na Holanda. Recentemente foi lançada em Portugal, alargando assim o serviço para o quinto idioma (até aqui disponível em inglês, espanhol, francês e alemão), de forma a facilitar a “conexão entre os profissionais”. Este avanço vem ainda responder aos desejos dos utilizadores brasileiros, que começaram a ingressar no site, apesar de não existir um plano para aquele país. A disponibilização dos conteúdos em português vai permitir que outros países possam aderir à rede social. O site é responsável por mais de um bilião de buscas e mantém 500 perfis de empresas. Cerca de 60 por cento dos utilizadores estão na América do Norte. Na Europa é responsável por 24 por cento, na Ásia por oito por cento e na Oceânia e em África por dois por cento cada. Apesar dos múltiplos riscos, as redes sociais abrem um leque de possibilidades inimaginável em termos de comunicação, podendo ser bastante lucrativos para usuários, empresas e meios de comunicação. Há que saber usá-las convenientemente, aproveitando as suas mais-valias e tomando precauções quanto aos riscos e efeitos colaterais que uma simples acção pode ter no futuro. Cientes destas condicionantes, muitas empresas recorrem a especialistas que se encarregam de gerir as redes sociais. Actualmente começam a surgir em vários países empresas que se dedicam a prestar esses serviços. Por outro lado, os utilizadores têm que estar cientes que tudo o que partilham pode vir a ser usado contra si, pois as “pegadas digitais” podem ter consequências. Recorde-se que muitas empresas antes de contratar alguém fazem uma pesquisa na internet e os vestígios podem contribuir para a perda de credibilidade.


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SOCIEDADE

| patrícia alves tavares

ALDEIAS SOS

Mães do coração “Construímos famílias para crianças necessitadas, ajudámo-las a moldar os seus próprios futuros e compartilhamos no desenvolvimento das suas comunidades” in www.aldeiasosangola.org

A ideia nasceu na Áustria, em 1949, período em que a Segunda Guerra Mundial deixou muitas crianças órfãs, sem casa e sem condições económicas para sobreviver. O projecto, idealizado por Hermann Gmeiner, auxiliou muitos jovens em risco e, mais tarde, acabou por ser explorado e aplicado numa série de países. O conceito ‘Aldeias de Crianças SOS’ deu lugar a uma organização que está actualmente representada em todos os continentes, com mais de 444 cooperativas em mais de 132 países. Em Angola é recente, mas conta com três aldeias, distribuídas pelo Lubango, Benguela e Huambo. São regiões bastante atingidas pela guerra civil, pelo que há um número crescente de crianças desamparadas. O altruísmo deste tipo de associações tem sido louvado pelos parceiros nacionais e internacionais, tendo inclusive o reconhecimento da Unicef. As aldeias têm o compromisso de criar um ambiente familiar para os jovens, proporcionando conforto, atenção, educação e saúde, como se tratasse de um verdadeiro lar. Aqui, nem as mães faltam! A Angola’in mostra-lhe a realidade das instituições, que vivem exclusivamente das doações e contributos dos ‘padrinhos’.

O SONHO DE GMEINER Quando fundou as ‘Aldeias de Crianças SOS’, Gmeiner pretendia restaurar o equilíbrio da vida de crianças abandonadas, órfãs e traumatizadas

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psicologicamente e fisicamente. O benemérito austríaco entendia que o percurso da infância iria influenciar a vida adulta. Assim, procurou ajudar a fortalecer os laços entre famílias e comunidades, como forma de prevenção do abandono e da negligência social. A génese consiste em ‘adoptar’ crianças necessitadas, funcionando como uma organização de desenvolvimento social independente e nãogovernamental, que explora o método familiar. Integradas nos princípios da Convenção das Nações Unidas, em relação aos direitos fundamentais da criança, as comunidades respeitam as várias religiões e culturas. Porém, não se pode confundir Aldeia SOS com orfanato. Neste caso, cada jovem ganha uma ‘mãe atenciosa’, isto é, mulheres que ficam responsáveis pela criança e comprometem-se a dar segurança, afectos e estabilidade. As mães SOS ou ‘do coração’ são profissionais em cuidados infantis, que partilham o espaço com os seus ‘filhos’, gerindo a vida doméstica da sua habitação. Recorde-se que a comunidade subdivide-se em várias casas, compostas por grupos de rapazes e raparigas com diferentes idades, que convivem e partilham as

tarefas e o espaço como se se tratassem de irmãos biológicos. Cada família SOS desenvolve os mesmos laços emocionais que uma família tradicional, que acabam por se manter após o jovem abandonar a aldeia e adquirir a independência. A vantagem da divisão da comunidade por lares está relacionada com o facto de cada agregado desenvolver ritmos e rotinas próprias. Por outro lado, os seus elementos, além de desenvolverem a percepção de que estão em casa, aprendem em conjunto, através da interacção com os ‘irmãos’ e partilham as responsabilidades do quotidiano. À semelhança dos restantes países, as famílias SOS angolanas vivem em ambiente de entreajuda, tal como nas restantes comunidades. Através da família, da aldeia e do espírito de sociedade, as crianças vivenciam uma infância feliz e gozam de uma perfeita integração no mundo exterior. Estes são os quatro princípios, idealizados por Gmeiner, que garantem a estabilidade e a segurança das crianças acolhidas, que beneficiam de todas as condições económicas e humanas, sendo acompanhadas individualmente ao longo do processo de crescimento.

‘O conceito ‘Aldeias de Crianças SOS’ deu lugar a uma organização que está actualmente representada em todos os continentes, com mais de 444 cooperativas em mais de 132 países’


‘No âmbito da estratégia de expansão do trabalho da SOS Internacional e da delegação angolana, a cidade do Huambo será recentemente contemplada com Aldeia SOS. O projecto está enquadrado no programa governamental de apoio à criança e custou quatro milhões de dólares’ LUBANGO, BENGUELA, HUAMBO Huíla foi a primeira província que acolheu o projecto ‘Aldeia SOS’. A organização radicou-se no Lubango, onde está actualmente implementada a sede. Nesta região, a comunidade é composta por uma escola (lecciona da primeira à nona classe) que apoia as crianças lubanguense extracomunidade; um jardim-escola para crianças até aos cinco anos e um complexo de habitações, em que uma ‘mãe’ é responsável por propiciar os cuidados necessários às várias crianças que educa. A maioria dos ‘filhos’ desta aldeia é órfão de pai e mãe. A infra-estrutura está perto de uma montanha a nordeste da cidade. A comunidade conta ainda com o suporte de centros de saúde e postos médicos, que são implantados perto das aldeias e dispõem de dois profissionais especializados para atender personalizadamente as crianças SOS. No total, são auxiliadas 137 crianças, agrupadas em 13 casas familiares e 41 jovens no projecto juvenil. Paralelamente, há o serviço de apoio à comunidade exterior. Benguela foi a segunda região a abraçar o projecto. A finalidade é a mesma e os serviços são idênticos, sendo uma mais-valia para a província, que conta com o apoio das duas infra-estruturas. Criada há cinco anos, conta com uma escola onde estudam 792 alunos (106 internos), que têm acesso a sala de informática e a todos os materiais académicos essências para a aprendizagem. No âmbito da estratégia de expansão do trabalho da SOS Internacional e da delegação angolana, a cidade do Huambo será recentemente contemplada com uma infra-estrutura semelhantes, que está a ser edificada na província. A entrada em funcionamento está para breve e, numa primeira fase, vai acolher 60 crianças, que serão integradas em famílias adoptivas que vão acompanhar o seu desenvolvimento até aos 18 anos, quando conseguir emprego. O projecto está enquadrado no programa governamental de apoio à criança e custou quatro milhões de dólares. O programa contempla o estudo das comunidades carentes, que são criteriosamente seleccionadas, de acordo com o índice de orfandade e famílias necessitadas com crianças em risco de abandono. A pobreza e as consequências da guerra tem feito crescer o número de crianças abandonadas, que são resgatadas pelas aldeias. Os coordenadores SOS trabalham directamente com as comunidades envolvidas no processo

e com os encarregados de educação, de forma a reforçar a sua capacidade de sobrevivência. O intuito é manter os jovens no ambiente familiar, desde que se reúnam as condições.

‘PADRINHOS’ INTERNACIONAIS São ‘peças’ fundamentais no funcionamento e organização do dia-a-dia das Aldeias SOS. Os ‘padrinhos’ são responsáveis por financiar a educação dos seus afilhados. Os donativos asseguram a integração da criança na sociedade, permitindo que esta tenha acesso à saúde, à educação e aos bens de primeira necessidade. Recorde-se o recente jogo de ex-estrelas, organizado pelo ex-internacional de futebol português, Luís Figo. Em parceria com Akwá, promoveu e participou numa partida, que decorreu no Estádio Nacional de Ombaka, em Benguela. As receitas da venda dos bilhetes reverteram a favor destas instituições. Aliás, a fundação Luís Figo tem sido bastante pró-activa nesta matéria. Em Maio, contribuiu com 80 mil euros para um novo projecto da Swatch, a ‘Casa para o Mundo’. Os lucros do jogo AllStars, organizado em Angola, foram doados para um plano que visa a construção, em Lisboa, de um centro de acolhimento temporário para crianças refugiadas, ao serviço do Conselho Português para os Refugiados. A inaugurar em 2011, será o primeiro do género e terá capacidade para 14 jovens. Em Julho, a primeira-dama de Portugal, Maria Cavaco Silva, fez questão em conhecer a aldeia de Benguela e mostrou-se impressionada com o excelente trabalho desenvolvido em prol das 106

crianças acolhidas. De visita ao país, elogiou as condições de alojamento e o acompanhamento das mães de acolhimento. Paralelamente, a associação conta com o auxílio dos Governos, doadores individuais e diversos parceiros. Desde a fundação da primeira casa, em 1949, as comunidades conseguiram estabelecer uma relação de confiança com as entidades do país, onde estão inseridas. Os fundos e os recursos disponibilizados garantem o bem-estar das crianças, proporcionando altos níveis de cuidados. Assim, as Aldeias SOS desdobram-se em pedidos de ajuda e apelam à sociedade para que ‘apadrinhem’ as crianças. No contexto nacional, a comunidade do Lubango conta com patrocínios externos, de famílias que vivem em Inglaterra e que fazendo doações regulares e visitando os ‘afilhados’. Benguela tem ajudas económicas de habitantes da região, que vão acompanhando o crescimento destes jovens.

UNICEF RECONHECE João Neves, representante da Unicef na região Sul de Angola, enaltece o papel do Executivo na melhoria da situação das crianças angolanos, destacando o contributo das Aldeias SOS. “Notamos investimentos em infra-estruturas sociais em benefício das crianças, nomeadamente escolas, hospitais e campos desportivos. Auguramos que estas acções continuem porque são indicadores do bem-estar da criança”, explicou numa entrevista à Angop. Já o director da escola da Aldeia SOS do Lubango, Faustino Sequilla, lembrou que “os factores pró-activos no país, tais como a adesão do Governo às Convenções Internacionais favorecem as políticas de protecção dos Direitos da Criança”. O responsável defende igualmente a promoção de mais parcerias com instituições públicas e organizações da sociedade civil, para inserção destas crianças no programa e, no futuro, na sociedade.

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GRANDE ENTREVISTA

| patrícia alves tavares

“O prémio de “Best Bank in Angola” é obviamente prestigiante e motivador, sobretudo pelo prestígio e independência da revista Global Finance”

“A atribuição de ‘rating’ é essencial para a venda de títulos no mercado internacional” Num ano em que o Banco Espírito Santo Angola cresceu exponencialmente a todos os níveis, transformando-se numa das principais entidades financeiras a operar no país, a Angola’in falou com o presidente da instituição, Álvaro Sobrinho. Numa longa entrevista, o responsável falou das razões do sucesso, dos projectos para o futuro, da importância da banca nacional e do crescimento económico. O BESA foi constituído em 2001. O que motivou a escolha deste país para implementar a instituição? O período pós-guerra revelou ao mundo uma economia de mercado emergente, próspera e atraente ao investimento estrangeiro. O relançamento económico de Angola nos últimos anos conduziu à consolidação da sua estrutura de negócio, estabilidade financeira e à evolução do mercado de consumo. Angola está, tradicionalmente, ligada a Portugal e ao investimento português, pe-

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la partilha da mesma língua, história e raízes culturais. Embora, vivamos desde 2008 uma situação algo diferente. Este contexto positivo de crescimento sustentou a criação do BESA sendo que cedo se impôs como banco de referência em Angola, pelo seu desempenho financeiro e pioneirismo na oferta de serviços e soluções para empresas e particulares. Acreditamos que o rápido crescimento nacional deve estar sustentado num sistema financeiro e bancário sólido e o BESA pretende partici-

par activamente nesse processo, crescendo e ajudando o país a crescer. Os objectivos que motivaram a sua criação foram alcançados? Desde a sua fundação, o BESA tem desenvolvido uma estratégia sólida de abordagem de mercado, baseada no reforço constante e sustentado da sua posição competitiva no mercado, com total respeito pelos interesses e bem-estar dos seus clientes e colaboradores. Para tal, temos investido na modernização


mos 10 anos, vamos apoiar as iniciativas promovidas pelo Instituto do Planeta Terra, pertencente àquela instituição.

tecnológica, na melhoria do serviço ao cliente e no crescimento do número de balcões para alcançar mais clientes. Conciliando a sua integração internacional com o conhecimento profundo do mercado angolano e das suas necessidades, o BESA destaca-se pela credibilidade, solidez e atendimento ao cliente, garantindo o desenvolvimento contínuo de novos produtos e uma ampla cobertura territorial das

Quais as expectativas para o futuro a médio e longo prazo? Tem como objectivo reforçar a posição de liderança de mercado, constituindo-se como parceiro de referência de clientes particulares, empresas e investidores. O sistema financeiro naagências bancárias. cional encontra-se numa fase de grande evolução Qual o balanço da “O ano de 2009 foi determinante na história e crescimento, com o auactividade do último do BESA e na sua consolidação como grupo mento das taxas de banano? financeiro, um dos objectivos prioritários carização, das operações O ano de 2009 foi determido banco. Estamos a construir os alicerces bancárias e de um maior nante na história do BESA de uma sólida estratégia que temos vindo a relacionamento das instie na sua consolidação codefinir e que a partir deste ano iniciará uma tuições públicas e privamo grupo financeiro, um nova etapa do seu percurso” das com a banca. dos objectivos prioritários Portanto, os próximos do banco. Estamos a consanos serão determinantes truir os alicerces de uma sólida estratégia que para o sector bancário angolano e determinaO BESA encontra-se numa fase expansiva e patemos vindo a definir e que a partir deste ano rão a consolidação da estrutura económicora 2010 o nosso objectivo passa por consolidariniciará uma nova etapa do seu percurso. Em fi nanceira do país. E esta estabilidade trará mos a nossa posição como grupo financeiro 2009, iniciámos as negociações para a constimais oportunidades para crescermos como de referência em Angola, motivo pelo qual o tuição de uma sociedade de leasing, de uma grupo financeiro e darmos seguimento à nosbanco irá apostar na criação de subsidiárias na corretora e um banco de investimento. No sa estratégia de crescimento a longo prazo. área de participação financeira. A BESAACTIF, final do ano, o banco integrou um novo parceiro accionista angolano e essa participação é mais um passo importante na nossa estratégia de expansão. Queremos crescer, apoiar o crescimento da economia e do sistema financeiro nacional e contar com parceiros fortes, nomeadamente angolanos. A 31 de Dezembro do ano anterior, o activo líquido ascendia a 4.5 mil milhões de euros, representando um crescimento de 29% face ao período homólogo. A captação de recursos de clientes alcançou cerca de 1,8 mil milhões de euros, o que significou um aumento de 6%, e a carteira de crédito atingiu cerca de 1,7 mil milhões de euros (+46% face ao ano transacto). O produto bancário ascendeu a 213 milhões de euros, num aumento de 59% em relação ao exercício anterior, para o que contribuiu o aumento do resultado financeiro e dos resultados de operações financeiras e diversos. Resultados que reflectem o crescimento contínuo no mercado e nossa sua solidez financeira. Em que consiste a estratégia de crescimento para este ano?

Sociedade Gestora de Fundos de Investimento, participada pelo Banco Espírito Santo Angola, tem já em comercialização dois fundos, o BESA Património – Fundo de Investimento Imobiliário e BESA Opções de Reforma – Fundo de Pensões. Em licenciamento, estão uma sociedade corretora, outra de leasing e um banco de investimento de direito angolano. Estamos também a investir na melhoria do serviço prestado aos nossos clientes, através de uma maior cobertura geográfica das nossas agências e de uma maior aproximação e personalização do contacto com estes e da aposta nos canais directos, de onde se destaca a operacionalidade do Internet Banking (BESAnet). Paralelamente, o BESA irá reforçar, durante 2010, o seu compromisso com a sensibilização e educação para o Desenvolvimento Sustentável de Angola, dinamizando e apoiando um conjunto de iniciativas de responsabilidade social, valorização cultural e preservação ambiental. Recorde-se que o BESA é, desde o início do ano, parceiro da UNESCO, enquanto “Banco Oficial do Planeta Terra”. Através deste compromisso, estabelecido para os próxi-

O BESA foi quem gerou mais lucros na actividade internacional do organismo financeiro. Que factores têm contribuído para o aumento da importância de Angola nas receitas do BES? O país é considerado como um dos mercados mais importantes dentro do perímetro de internacionalização do Grupo BES. A sua riqueza e elevadas taxas de fomento económico tornam-no num dos mercados com um desenvolvimento mais célere e perspectivas de crescimento mais animadoras a nível mundial. Paralelamente é importante referir que o BESA tem desenvolvido uma estratégia sólida de crescimento, que tem sido fundamental para a sua positiva performance e resultados operacionais. Temos vindo a investir na melhoria do serviço ao cliente, na ampliação de áreas de negócio e na diversificação de produtos bancários, de forma sustentada e relevante para o mercado e isso reflecte-se na nossa posição. A empresa possui parcerias com ou-

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GRANDE ENTREVISTA tras entidades? O BESA conta com uma empresa associada, a BESAACTIF, primeira sociedade gestora de fundos de investimento a operar em Angola, criada em parceria com a ESAF, em 2008. Esta é a sociedade gestora do Banco Espírito Santo Angola, constituída segundo a lei angolana e supervisionada pelo Instituto de Supervisão de Seguros. Disponibiliza um conjunto de fundos vocacionados para a poupança na reforma, com rentabilidades estimadas a médio e longo prazo, com o objectivo de complementar as pensões delineadas pela legislação nacional. Nos últimos três anos têm sido galardoados com diversos prémios, nomeadamente o Best Bank in Angola, em 2009 e em 2010. O que representa essa distinção? O nosso posicionamento sério e coerente no mercado conduziu ao reconhecimento por entidades internacionais independentes. O prémio de “Best Bank in Angola” é obviamente prestigiante e motivador, sobretudo pelo prestígio e independência da revista Global Finance. Apesar da nossa maior motivação decorrer do crescimento a que assistimos diariamente, tanto do banco em si, como do mercado angolano, cada vez mais dinâmico e maduro financeiramente, a verdade é que é sempre motivador merecermos distinções tão prestigiantes como essa. E esperamos voltar a renová-las por muito tempo. Recentemente, fomos premiados como Best Banking Group em Angola e na África Subsariana, pela revista World Finance. Os dois prémios são atribuídos em reconhecimento da solidez da nossa estratégia de expansão para

“O país é considerado como um dos mercados mais importantes dentro do perímetro de internacionalização do Grupo BES. A sua riqueza e elevadas taxas de fomento económico tornam-no num dos mercados com um desenvolvimento mais célere e perspectivas de crescimento mais animadoras a nível mundial” outras áreas do mercado financeiro, como os seguros e a gestão de fundos.

“Recentemente, fomos premiados como Best Banking Group em Angola e na África Subsariana, pela revista World Finance” clientes Quais são os vossos principais serviços? O BESA oferece uma abordagem multi-especialista, assente em propostas de valor diferenciadas para os vários segmentos. Disponibilizámos uma grande diversidade de produtos e serviços, que permitem ao nossos clientes seleccionar a que vai mais ao encontro das suas necessidades financeiras, sejam de conta ordenado, contas poupança ou contas de investimento, capitalização e rendimento. No segmento de cartões, acabámos de renovar todo conceito gráfico dos nossos cartões de crédito, que se dividem em diferentes categorias para responder, mais uma vez, a diferentes necessidades: os cartões BESA Classic, um cartão de fácil utilização para cobrir as necessidades do dia-a-dia; o cartão Platinum, que inclui já vantagens e serviços de apoio

exclusivos, bem como uma linha de crédito de valores elevados; e ainda uma inovadora linha de cartões para empresas, em duas versões: BESA Corporate Silver e BESA Corporate Gold, com condições únicas para o segmento empresarial. O banco tem vindo também a diferenciar-se no mercado pela introdução de serviços que significam valor acrescentado para os clientes, nomeadamente ao nível do Private Banking. O BESA disponibiliza, entre outros, aconselhamento financeiro, através de uma equipa de profissionais altamente qualificada; serviço de apoio ao cliente, disponível por telefone e e-mail; e o serviço BESAnet, sistema de Internet Banking de acesso gratuito, a qualquer hora do dia e da noite a partir de qualquer parte do mundo. Que tipo de soluções são mais procuradas? Com a sofisticação da economia nacional e do mercado de consumo, assistimos a um aumento exponencial das taxas de bancarização e de uma maior abertura dos clientes para a realização de operações bancárias no seu diaa-dia. Este é um segmento que o BESA pretende atender de forma eficaz, proporcionando soluções que vão ao encontro de diferentes perfis de clientes particulares, abrangendo um amplo espectro de necessidades. Um dos mercados em que mais temos crescido é o empresarial, tanto ao nível interno, como empresas e investidores estrangeiros, com interesses comerciais em Angola. O mundo tem os olhos no país e o investimento externo é bem-vindo. Por isso, desenvolvemos consultoria especializada de investimento e abordagem ao mercado, fundamentados num profundo know-how do mercado e das melhores opções de investimento, em conformidade com o contexto internacional e as perspectivas da economia global. Qual o perfil dos vossos clientes? O BESA tem diversificado os seus produtos e unidades de negócio para responder a um número cada vez mais alargado de clientes e de perfis. Mas podemos destacar alguns segmentos em que a nossa actuação tem incidido com maior destaque.

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O Corporate tem vindo a constituir uma das nossas prioridades, por meio de uma oferta de produtos e serviços exclusivos para o sector empresarial. Também gostaria de destacar os clientes executivos, que confiam, cada vez, mais no nosso trabalho e para os quais disponibilizamos condições e serviços únicos.

o mundo, o nosso projecto de sustentabilidade para Angola. Foi a primeira vez que uma instituição privada defendeu, de forma clara, esta posição na ONU. E paralelamente, apresentámos, nas Nações Unidas, a nossa Exposição de Fotógrafos Africanos dedicada ao tema do “Salvar e Preservar o Planeta”, promovida em parceria com a organização internacional World Press Photo. Enquanto Banco Oficial do Planeta Terra, o BESA tem-se empenhado em todas as acções promovidas pelo PEI, participando activamente nas iniciativas, sejam elas conferências, reuniões, acções de rua ou campanhas. Não conseguimos imaginar um melhor parceiro para dar eco a estas preocupações e sensibilizar o mundo para os problemas e desafios do continente africano, unindo esforços e concertando posições para assim conduzir a uma mudança efectiva. O BESA irá continuar a apoiar todas as iniciativas promovidas pelo PEI, participando activamente nos eventos promovidos pela organização. Estas reuniões irão lançar o debate internacional sobre os principais temas relacionados com o Desenvolvimento Sustentável do Planeta e a apresentação de medidas e soluções concretas para o alcançar.

“A nossa estratégia prevê que até ao final de 2010 alcancemos os 40 balcões espalhados pelo país”

senvolvimento sustentável, acreditamos que o crescimento económico deve ser acompanhado por medidas efectivas de preservação ambiental e apoio social, que apenas interligadas, poderão assegurar um futuro melhor Que acções têm desenvolvido para para o país. A rápida evolução económica se destacarem da concorrência e se que o país tem apresentado nos últimos anos posicionarem no topo? tem conduzido a importantes transformaO BESA posiciona-se como banco universal de ções sociais e ambientais que levantaram referência no mercado angolano, mantendo novos desafios e responsabilidades. A estes os melhores níveis de rentabilidade e eficiênfactores, soma-se, ainda, a vulnerabilidade do cia, aliada a uma imagem de solidez, confiancontinente às alterações climáticas e aos proça e excelência no atendimento ao cliente. blemas ambientais, fruto da actual gestão inA diferenciação da concorrência faz-se pela sustentável dos recursos naturais. Sentimos oferta dos melhores produtos e dos melhoque, enquanto agente económico, devemos res serviços, assentes em valores estratégicos ter um papel activo na sensibilização para o essenciais como o investimento na inovação desenvolvimento sustentável não apenas de e tecnologia ao serviço do cliente, aposta na Angola, mas do mundo. É, para nós, um grandiversificação da oferta e aconselhamento fide orgulho sermos parceiros do Planet Earth nanceiro especializado. Institute – PEI (Instituto do Planeta Terra), da O BESA tem-se destacado ainda pela sua esUNESCO, na sua missão de fomentar o detratégia de marketing e responsabilidade, que bate internacional e a procura de soluções têm contribuído para a consolidação de uma efectivas para o crescimento sustentável do marca forte e relevante para os nossos clienplaneta. E assumimo-lo com a responsabilites. Saliento sobretudo a actuação pioneira dade e compromisso com que entendemos do BESA ao nível da promoção do desenvolque este assunto deve ser encarado por todas vimento sustentável do país, através do apoio as instituições mundiais, porque o futuro do à educação, promoção da cultura e sensibiliplaneta e das próximas gerações depende de zação para a importância da preservação do todos, sejam países, empresas, instituições ou ambiente. Este é um dos nossos vectores escidadãos anónimos. Acreditamos que as sotratégicos prioritários e um dos aspectos que luções efectivas de mudança apenas poderão mais nos tem diferenciado da concorrência. emergir da con“O Corporate tem vindo a constituir uma das nos- certação intersas prioridades. Os clientes executivos confiam, nacional, pelo cada vez, mais no nosso trabalho” que o novo Instituto terá um papel determiEstá prevista a abertura de novas nante na identificação de acções globais, caagências, nomeadamente nas propazes de reunir os diferentes países para um víncias? objectivo comum. E assim contribuir decisiActualmente dispomos de 36 balcões, 23 dos vamente na tomada de decisões e na criação quais em Luanda. A nossa estratégia prevê de uma sociedade ambientalmente mais resque até ao final de 2010 alcancemos os 40 balponsável e consciente. cões espalhados pelo país. Isso irá significar mais postos de trabalho, maior cobertura geEm que consiste a parceria entre o ográfica e a prestação de um melhor serviço BESA e a Unesco? aos nossos clientes. Recentemente, estivemos em Nova Iorque para a apresentação oficial do Planet Earth responsabilidade social Institute – PEI (Instituto do Planeta Terra), nas Nações Unidas, durante a 18ª sessão da O BESA foi indicado Banco Oficial Comissão para o Desenvolvimento Sustendo Planeta Terra pela Unesco. Como tável da ONU. Sob o tema “The importance surgiu a nomeação? of private contribution for Sustainable DeveEnquanto instituição financeira, que sempre lopment”, tivemos a oportunidade de dar a se pautou por um compromisso com o deconhecer a agentes e representantes de todo

Como tem decorrido a sensibilização dos angolanos para a necessidade de promover a sustentabilidade do planeta? Em Angola, o BESA dará seguimento à sua estratégia de responsabilidade social, assente em três grandes pilares: preservação ambiental (BESA Ambiente), apoio social e educativo (BESA Social) e valorização da cultura angolana (BESA Cultura). A nível do apoio social, continuamos a apoiar o Programa de Ensino da Língua da Portuguesa, fundamental para reintegração de refugiados angolanos. Este projecto é implementado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e já beneficiou milhares de crianças e adultos. Estabelecemos uma parceria com o Ministério do Ambiente e apoiamos a Campanha de Educação Ambiental, que distribui um kit com vários materiais que incluem informações relevantes sobre o desenvolvimento sustentável, lançado em várias cidades do país. Associamo-nos a esta actividade com a Exposição Itinerante “Salvar e Preservar o Planeta”, que, como disse, foi organizada em parceria com a World Press Photo. Esta exposição surge de um desafio que lançámos a cinco fo-

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“BESA dará seguimento à sua estratégia de responsabilidade social, assente em três grandes pilares: preservação ambiental (BESA Ambiente), apoio social e educativo (BESA Social) e valorização da cultura angolana (BESA Cultura)” tógrafos africanos de renome, para que percorressem diferentes províncias de Angola, retratando cada um, um diferente tema relacionado com o Desenvolvimento Sustentável. A instituição não descura a sua responsabilidade social, actuando nas áreas carenciadas da sociedade. Como surgiu o interesse? Surgiu da necessidade que sentimos de apoiar o desenvolvimento social e educacional do país, ajudando a formar e educar as gerações futuras, como passo essencial para uma sociedade mais evoluída, justa e igualitária. A educação é um bem essencial na formação da cidadania cívica e na garantia de oportunidades iguais para todos, contribuindo para a qualificação de competências e de recursos humanos especializados. Existem pilares que são fundamentais para a construção de um país que se pretende evoluído e sustentável: a cultura, o social, a economia e o ambiente. Actuamos no sentido de dar o nosso contributo em todas estas áreas, acreditando que mais que o nosso contributo directo, estamos a servir de exemplo para incentivar outras instituições a fazer o mesmo. Porque uma mudança efectiva apenas pode surgir da comunhão de esforços entre várias partes, com um mesmo objectivo: assegurar um futuro sustentável para Angola e a pre-

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servação da sua “riqueza” enquanto povo. Uma das actividades tem sido a promoção do ensino da língua portuguesa. Como tem decorrido a adesão das populações? O BESA patrocina, desde 2007, a implementação de um Programa de Ensino da Língua Portuguesa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, destinado a milhares de angolanos, desde adultos a crianças. O projecto tem como objectivo permitir que os refugiados e as suas famílias possam aprender a nossa língua. Devido à sua ausência do país, muitos perderam contacto com a língua portuguesa, o que constitui um entrave relevante à sua reintegração na sociedade angolana. Do mesmo modo, os refugiados de países em conflito da região central de África, do Burundi, Libéria e, maioritariamente, da República do Congo Democrático têm a oportunidade para aprender a Língua Portuguesa. O apoio do BESA envolve a distribuição de material escolar a milhares de crianças, integradas no programa e ainda a formação de professores, que garantam a continuidade do projecto. Fundaram o BESACultura. Em que consiste a instituição? Em 2007, criamos o BESACultura, dedicado exclusivamente ao apoio a actividades cul-

turais e artísticas, que visam a preservação e promoção internacional dos artistas nacionais. No primeiro ano, publicámos o livro de homenagem aos 40 anos de carreira do artista plástico e fotógrafo António Ole, um dos criadores mais reconhecidos em todo o mundo. Uma das áreas em que mais se tem apostado é na fotografia, uma linguagem artística universal e com um poder único de passar mensagens e sensibilizar para os principais problemas sociais e ambientais que o planeta enfrenta actualmente. Continuaremos a desenvolver a parceria com o World Press Photo, com colaborações na organização do BESA foto, concurso de fotografia que já vai no terceiro ano consecutivo, e que constitui uma oportunidade para revelar novos talentos na área de fotografia. Tal como aconteceu em 2009, promoveremos o workshop que dará a oportunidade de transmissão da experiência de dois fotógrafos de referência internacional, seleccionados pela World Press Photo.

economia A banca tem sofrido um exponencial crescimento. Que análise faz deste sector? Apesar da situação actual, a evolução da banca está a montante e a jusante do processo de crescimento nacional. Se as óptimas perspectivas e condições de crescimento, apoiaram a proliferação do sector bancário, também se deve a este a consolidação do sistema financeiro, essencial para desenvolvimento sustentável, assente em alicerces fortes e estáveis. À medida que vamos assistindo ao seu amadurecimento financeiro e das instituições económicas, a banca vai tendo um papel cada vez mais essencial no apoio ao investimento, no aumento das taxas de bancarização da população e garantia de estabilidade financeira. Tendo em conta o actual contexto económico e financeiro, qual o papel desempenhado pelas instituições bancárias? A intermediação financeira é considerada a “espinha dorsal” da economia moderna, uma vez que o sistema financeiro tem um papel determinante na dinamização e canalização de recursos financeiros, incentivando o investimento e o aumento da produtividade. Um sistema financeiro eficiente é essencial para o crescimento económico sustentado. De facto, a contribuição de um modelo bancário moderno e diversificado conduz ao crescimento e cria as condições para o desenvolvimento


“O BESA patrocina, desde 2007, a implementação de um Programa de Ensino da Língua Portuguesa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, destinado a milhares de angolanos, desde adultos a crianças” natural do circuito poupança/investimento/ crescimento económico. Temos assistido a uma evolução positiva do sistema financeiro, que se tem vindo a modernizar e adaptar às regras internacionais para responder às exigências da transição para uma economia de mercado, inserida num contexto global. E essa mudança foi fundamental para o desenvolvimento económico actual. Agora, é importante estabilizar e consolidá-lo, trazendo confiança e optimismo para os investidores.

últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer. É necessário reforçar o investimento nas tecnologias e inovação, disseminar os meios electrónicos de pagamento (redes terminais, caixas de pagamento automático), garantir as bases de eficiência e rentabilidade adequadas a uma crescente sofisticação e à complexidade do sistema financeiro angolano. Por fim, destaco um dos bens mais importantes: o reforço do desenvolvimento do capital humano, um factor estratégico para a sustentação do sistema bancário nacional.

Considera que é um dos elementoschave a considerar na solidificação do desenvolvimento económico? Sem dúvida. Um sistema financeiro eficiente é essencial para o crescimento económico sustentado. Com o aumento do investimento, do emprego, da dinâmica empresarial e de consumo, a banca vai assumir uma importância crescente no desenvolvimento económico e social e, enquanto agentes financeiros, devemos apoiar esse crescimento e proporcionar os instrumentos financeiros adequados para uma economia moderna e sustentável. A economia cresce, cresce o sistema financeiro, criando um ciclo de progresso e modernização.

“A intermediação financeira é considerada a “espinha dorsal” da economia moderna. Um sistema financeiro eficiente é essencial para o crescimento económico sustentado” Que futuro prevê para a banca angolana? O desenvolvimento do mercado financeiro angolano tem registado sucessivas alterações no sentido da sua modernização e adaptação às normas internacionais em matéria financeira e, por outro lado, de satisfazer os requisitos que caracterizam a transição para uma economia de mercado. E essa mudança foi fundamental para o desenvolvimento económico actual. Agora, é importante estabilizar e consolidar o sistema financeiro, trazendo confiança e optimismo para os investidores. A população activa que agora detém conta bancária tem crescido exponencialmente nos

Angola foi recentemente cotada pelas agências de rating. Como encara os valores atribuídos e em que medida o reconhecimento internacional pode contribuir para a projecção da economia? Estando o mercado angolano cada vez mais integrado no contexto económico mundial e no mercado de capitais, a cotação pelas agências de rating significa uma importante etapa do seu crescimento e amadurecimento enquanto economia. A atribuição de “rating” é essencial para facilitar a venda de títulos no mercado internacional. As classificações foram muito positivas, sobretudo tendo em conta que foi a primeira vez que Angola foi cotada. Tem portanto uma longa margem de progresso. Este é um importante reconhecimento da evolução que a economia nacional teve nos últimos anos, a sua aproximação ao mercado internacional e estabilidade macroeconómica. Sinais de uma economia sólida e em progresso. Um dos handicaps da estrutura económica angolana é a sua excessiva dependência do petróleo. Considera que a diversificação das fontes de rendimento pode tornar o crescimento mais sustentável? É inegável que o petróleo tem uma grande importância, mas à medida que a economia estabiliza e se desenvolve, cria-se palco para a diversificação da estrutura produtiva, a descentralização económica e aumento do mer-

cado de consumo. A consolidação de áreas importantes como a construção civil, saúde e educação e também a proliferação de serviços terciários estão a permitir novas oportunidades de investimento em Angola. E esta é uma tendência que irá reproduzir-se nos próximos anos, criando novas e vantajosas perspectivas para os investidores. O caminho para o progresso compreende diversas variáveis. Uma sociedade moderna e sustentável não pode estar ancorada em sectores económicos específicos, independentemente do seu valor. Qual o modelo de crescimento a adoptar para a afirmação do país enquanto futura potência africana? Angola apresenta várias vantagens competitivas enquanto país e economia, como a sua localização geográfica privilegiada sobre o Oceano Atlântico, os seus abundantes recursos naturais e humanos e as políticas de desenvolvimento económico orientadas para o apelo ao investimento privado e investimento estrangeiro. Argumentos de sobra para que o crescimento de Angola continue próspero e sustentável. Mas para isso é necessário investir nas infra-estruturas base da sociedade e pensar o crescimento a longo prazo, através da especialização em sectores estratégicos para a economia angolana, como o sector primário, tirando partido de toda a sua riqueza natural, a indústria transformadora e a construção e obras públicas; do reforço do investimento estrangeiro e apoio ao tecido empresarial, criando mais dinamismo económico; e, sem dúvida, da formação e qualificação de recursos humanos em áreas de desenvolvimento estratégicas. Paralelamente, é importante que o desenvolvimento seja acompanhado de medidas efectivas de protecção social, apoio à educação e cultura e preservação ambiental, que garantam um crescimento sustentável para o país, com os olhos no futuro e na garantia das necessidades das gerações futuras. Que sectores alternativos poderiam ser explorados? O crescimento económico conduziu à multiplicidade dos sectores económicos, assistindo-se à modernização da agricultura, à consolidação de importantes áreas como a construção, saúde e educação e ainda a prolife

“É importante estabilizar e consolidar o sistema financeiro, trazendo confiança e optimismo para os investidores” GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN

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GRANDE ENTREVISTA ração de serviços terciários, que terão um importante papel no apoio ao desenvolvimento do tecido socioeconómico do país. É importante também apostar nos sectores de bens de consumo, que permitam simultaneamente colmatar as necessidades da sociedade, criar emprego e reduzir a dependência de importação deste género de bens. Existem sectores em que o país tem claramente vantagem: petróleo, diamantes e outros recursos minerais e agro-pecuária. Mas, existem outros sectores com óptimas perspectivas de desenvolvimento, como construção, transportes e vias públicas, recursos hídricos, florestais e pescas. Sectores que devem ser potenciados, através do investimento na sua modernização, sofisticação tecnológica e qualificação de competências humanas nestas áreas. Na sua opinião, em termos políticos e financeiros quais são os principais desafios que se colocam neste momento à nação? Angola, sendo uma economia cada vez mais globalizada e aberta ao investimento estrangeiro, sentiu naturalmente as consequências da crise económica mundial. Contudo, o elevado crescimento do país permitiu que, já em 2010, se preveja uma recuperação económica saudável. Podemos concluir que este período menos positivo da economia em 2009, acabou por permitir um positivo impacto no processo de crescimento e amadurecimento da economia angolana, na medida em que contribuiu para o aumento da competitividade e muniu as instituições financeiras e o mercado de instrumentos para enfrentar as adversidades. O sistema financeiro, de onde se destaca a banca, assume-se como principal motor do desenvolvimento dos países. Neste período de retoma financeira, compete à banca a importante missão de estimular a economia e reconquistar a confiança dos investidores e consumidores. Um sector financeiro estável e sólido torna o mercado mais apetecível ao investimento externo e aí também a banca deverá assumir uma postura pró-activa. Enquanto parceiro do investimento externo, desempenha um importante papel na captação de investimento e elevação da atractividade do mercado angolano ao exterior. E este é um desafio que deverá ser prioritário nesta fase crucial da recuperação económica.

relacionamento portugal/ angola Portugal e Angola mantêm um longo relacionamento. Que análise faz

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da troca de experiências e das parcerias que têm vindo a ser firmadas ao longo dos últimos anos? Angola é actualmente um dos mercados mais procurados pelos empresários portugueses na sua estratégia de internacionalização, devido às importantes vantagens competitivas trazidas pela proximidade linguística, cultural e histórica. De acordo com a Agência Nacional para o Investimento Privado, Portugal é actualmente o principal país exportador para Angola, com uma quota de 20%, seguido da África do Sul (13%), Estados Unidos (13%), França (7%) e Brasil (6%). Por isso, temos, desde a nossa fundação, uma estratégia orientada para a dinâmica das relações bilaterais entre Portugal e Angola, apoiando as empresas portuguesas na abordagem ao mercado angolano, através de diagnóstico de oportunidades, parceiros locais e planos de investimento. Paralelamente, temos recebido comitivas de empresários lusos, fomentando o contacto com empresas e instituições locais, bem como a apresentação dos principais projectos e infra-estruturas dentro das áreas de negócio relevantes para esses empresários. Em que medida Angola pode ajudar Portugal a recuperar da crise financeira em que está mergulhado? As previsões do Banco Mundial apontam para uma positiva aceleração da economia angolana. E este optimismo conduz a que o país seja actualmente um dos mercados mais apetecíveis ao investimento externo, sobretudo para os empresários portugueses, aos quais a proximidade linguística, cultural e histórica se traduz em importantes vantagens competitivas. Esta forte relação bilateral entre Portugal e Angola, cujas raízes atravessam a história e a cultura de ambos os países, reflecte-se num encorajamento ao investimento das empresas lusas neste país. Sendo o quarto melhor “cliente” das exportações portuguesas, Angola constitui uma janela de oportunidades para a recuperação económica. A nação reconstrói-se e ajuda a reconstruir. É um país que se abre ao mundo e à economia global, dando passos seguros e firmes no sentido da estabilidade macro-económica e do estabelecimento das bases para um crescimento vigoroso e constante. Crescimento este, fértil em oportunidades para o investimento externo e para o renascimento das economias ocidentais, a quem o país traz renovadas esperanças para enfrentar o novo ciclo que se avizinha.

Considera que o país será cada vez mais um mercado apetecível para os empresários estrangeiros? Sem dúvida. O rápido aceleramento da economia angolana tornou-a numa das mais apetecíveis ao investimento estrangeiro. O investimento estrangeiro directo tem aumentado consideravelmente, de acordo com os dados fornecidos pelas autoridades nacionais. Os olhos do mundo estão em Angola e de facto, as condições alentam ao investimento: estabilidade política, reconstrução urbana; escalada do mercado de consumo; diversificação económica, embora a crise financeira que vivemos nos últimos tempos tenha criado alguns constrangimentos ao mercado. Temos certeza que é uma situação temporária. O BESA, pela sua integração num grupo internacional e abertura ao mercado global tem vindo a reforçar a sua posição como um parceiro importante para os negócios internacionais. Na sua opinião, quais os sectores que detêm força e potencialidades para se internacionalizarem? Embora Angola assuma um papel de relevo enquanto destino do investimento estrangeiro, o sentido dos fluxos comerciais temse invertido, assistindo-se actualmente a um movimento de reforço dos investimentos angolanos no exterior. Os produtos energéticos representam uma grande percentagem do total das exportações, a que se juntam os diamantes, o café, além do algodão. Estes são sectores em que Angola pode e deve potenciar a sua vocação internacional. Como avalia o crescimento da economia nacional? As previsões do Banco Mundial apontam para uma aceleração da economia angolana na ordem dos 7% em 2010, uma das mais dinâmicas da África subsariana. As perspectivas para este ano são de optimismo e confiança na retoma do crescimento económico-financeiro que tornou Angola num dos mercados mais apetecíveis ao investimento externo. Apesar de, em 2009, o país ter sofrido as consequências da crise financeira mundial, acreditamos que neste ano se vai sentir uma efectiva retoma na confiança dos investidores e do consumidor, capaz de devolver a solidez ao sistema financeiro angolano. O país está a crescer a todos os níveis e a amadurecer enquanto sociedade livre, com estabilidade política e económica e isso reflecte-se num desenvolvimento sem precedentes que irá continuar saudável e sustentável a longo prazo.


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FOTO REPORTAGEM

NO TOPO DO MUNDO CIDADE Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas, Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta, Saber que existe o mar e as praias nuas, Montanhas sem nome e planícies mais vastas Que o mais vasto desejo, E eu estou em ti fechada e apenas vejo Os muros e as paredes, e não vejo Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas. Saber que tomas em ti a minha vida E que arrastas pela sombra das paredes A minha alma que fora prometida Às ondas brancas e às florestas verdes. Sophia de Mello Breyner, 1944

Numa edição recheada de exclusivos, a equipa da Angola’in apresenta pela primeira vez uma selecção única das melhores imagens que descrevem os atributos das principais cidades da ‘aldeia global’, que se destacam das restantes pelo custo de vida e pela apetência pelo consumo. Tóquio, Hong Kong, Moscovo, Osaka, Copenhaga e Singapura são alguns dos centros urbanos mais caros da actualidade. Luanda está no topo do ranking de 2010. Descubra as rivais da capital angolana.

tóquio

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TURISMO

patrícia alves alves tavares tavares || patrícia

ESPECIAL MELHORES SPA’S DO MUNDO

Puro prazer Liberte-se de todas as preocupações e stress. Nesta edição, a Angola’in propõelhe uma viagem aos melhores spas do mundo. Compilamos 25 espaços onde poderá descontrair e recuperar as energias, num conceito que alia preocupação com bem-estar e beleza. Sugerimos que aproveite uma pausa no trabalho ou umas mini-férias para conhecer os centros mais luxuosos, onde pode descansar e deixar-se envolver pelos prazeres das massagens, dos banhos medicinais e das aulas de ioga.

O termo é frequentemente usado enquanto sinónimo de mordomia e qualidade de vida. A expressão nasceu na antiguidade, nas termas da cidade de Spa, na Bélgica. O local era muito procurado pela aristocracia romana, que considerava as suas águas como as mais puras do mundo. A zona era exclusiva das elites que procuravam relaxar num ambiente distinto. No entanto, foi já no século XX que o conceito se ‘vulgarizou’ e conquistou o mundo e uma série de adeptos, assumindo a designação de luxo e de espaço onde as pessoas esperam obter tranquilidade, ‘recarregar baterias’ e dedicar-se a cuidar de si, da sua beleza. Actualmente pode encontrar diversas opções e tratamentos nos spas. Concebidos para proporcionar momentos de relaxamento e de cuidado com o corpo e com a mente, pode encontrar desde técnicas relaxantes a tratamentos de emagrecimento e de beleza. Conheça os supra-sumos do planeta e quem se destaca na arte do bem-estar.

aústria

Mavida

austrália

Cradle Mountain Lodge O hotel Cradle Mountain Lodge, na mítica Tasmânia, oferece-lhe um Spa de sonho: o Waldheim Alpine. O espaço evidencia a beleza natural e a pureza intocável da região selvagem. Composto por profissionais especializados, aqui pode descobrir as fórmulas e cuidados avançados que contribuem para o seu bem-estar e para o re-despertar dos sentidos, através das massagens exclusivas. Visite a sala conhecida como ‘The Sanctuary’, que inclui sauna, piscina de água quente e fria, banho turco e área de relaxamento. A combinação das terapias de águas quentes e frias é bastante revigorante promovendo a melhoria da circulação sanguínea.

Localização: Tasmânia, Austrália Reservas: 0845 618 2200 www.cradlemountainlodge.com.au

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Encontra-se no top dos Spa típicos das regiões onde abunda a neve. Integrado num hotel de quatro estrelas, detém os prémios “Designer Hotel 2008” e “Gala Spa Award 2009”. Este local ajuda-o a encontrar o equilíbrio entre corpo, mente e espírito, pelo que dispõe de inovadores quartos (Spa suite), de um “Blue Box” (tecnologia de ponta para relaxar todos os sentidos), do “Floatarium” (área com isolamento sonoro e 26 por cento de água salgada para flutuar) e dezenas de tratamentos bastante apetecíveis. Não perca as terapias “Mavida Crystal Spa” (sauna com aromas biológicos), o peeling corporal com cristais ou o banho de leite com cristais.

Localização: Zell am See, Áustria Reservas: 00 43 65 42 54 10 www.mavida.at

brasil

Kurotel O espaço de gestão sul-americana e brasileira figura entre os melhores e apresenta uma longa história. O Kurotel (Gramado, Rio Grande do Sul) detém uma tradição de quase três décadas e é muito conhecido devido ao sucesso do Kur Estação das Águas e Spa, que é o ‘Day Spa’ deste hotel. Aqui descobrirá tratamentos de hidroterapia com águas térmicas e outros mimos como os banhos com lodo ou com sal, a fonte de gelo, o duche de espuma e a piscina com jactos de água. Os cuidados visam a supremacia do bem-estar, apresentado terapias faciais, corporais, para cabelos, dermatologia e outras áreas. Os visitantes, de acordo com a disponibilidade de tempo, podem escolher apenas um tratamento ou os planos especiais, com várias terapias.

Localização: Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil Reservas: 0800 970 9800 www.kurotel.com.br


chipre

Almyra

Mandalay Bay

Integrado no Hotel Almyra, o Spa goza do ambiente natural, encontrando-se rodeado de jardins extensos com vista para o mar. Aqui pode descontrair através de tratamentos holísticos e massagens relaxantes, que pode acompanhar com refeições de estilo suíço e pratos típicos. É o primeiro do mundo que recorre ao conceito puro do estilo de vida, recorrendo a ingredientes 100 por cento naturais. Tem a possibilidade de escolher um menu vegetariano para complementar os cuidados e a nutrição do corpo. Pode optar por tratamentos individuais ou para casais, dispondo ainda de uma suite de luxo para meditação e ioga. O jardim convida a passeios e dispõe de uma área para almoços inspirados na cozinha mediterrânea, acompanhados por tónicos e chás terapêuticos.

De Las Vegas, nos Estados Unidos, surge um oásis de luxo e promoção da beleza em toda a sua exuberância. A partir de 89,99 USD por dia pode comprar pacotes específicos que podem incluir tratamentos corporais, faciais, massagens e outras terapias, com uma duração mínima de 25 minutos. Para quem deseja aproveitar as potencialidades deste Spa, pode visitar a praia exclusiva que funciona das 9h às 17h e tem três piscinas, playground e rio. O Mandalay Bay goza ainda da proximidade do Beachside Casino.

Localização: Paphos, Chipre Reservas: 01244202000 www.almyra.com

eua

Sanctuary Camelback Mountain Localizado em Paradise Valley, este Spa é um autêntico paraíso asiático em pleno Arizona. Os tratamentos originários da Ásia e decoração zen são atractivos fortes para quem procura relaxar no jardim da meditação. O centro dispõe dos habituais campos de golfe, ténis e piscina. No entanto, a sua mais-valia está no bar, célebre pela extensa carta de vinhos e no restaurante, especializado em gastronomia asiática. Quem ficar por três noites ou mais pode contar com um desconto de 20 por cento.

Localização: Las Vegas, EUA Reservas: 702 632 7777 www.mandalaybay.com

Localização: Arizona, EUA Reservas: 1-480-948-2100 www.sanctuaryoncamelback.com

Rancho Bernardo Inn china

Aman at Summer Palace É um autêntico oásis de tranquilidade e luxo. Integrado num requintado hotel, este Spa está praticamente inserido numa das construções históricas mais importantes de Pequim, o Palácio de Verão ou ‘Yiheyuan’ (em chinês significa ‘Jardim de Harmonia Cultivada’). No Arrival Pavilion, é recebido por uma equipa que elabora o seu plano de estadia de acordo com as suas necessidades e expectativas. Aqui existe um elevador de acesso directo ao Spa, que alberga ainda um fitness-center, uma sala de pilates e piscina, banhados pela luz natural de Beijing. As terapias inspiradas nas técnicas chinesas conjugadas com as mãos experientes dos seus especialistas resultam numa sensação de equilíbrio e harmonia entre mente e corpo.

Localização: Beijing, China Reservas: 020 7426 9888 www.amanresorts.com

O ‘Spa Garden’ é a área mais requisitada do Rancho Bernardo Inn. A temperatura do ar é controlada e possui zona de hidromassagem e relaxamento. A estrutura de San Diego apresenta tratamentos faciais, corporais, cuidados com a pele e massagens completas. No ginásio, os visitantes podem fazer exercício enquanto visualizam os seus programas preferidos de televisão, em aparelhos que estão disponíveis em todos os equipamentos da sala. Os casais podem adquirir o pacote que inclui dois tratamentos no Spa, jantar na varanda do empreendimento e pleno uso do campo de golfe. Tudo por 259 USD por noite.

Localização: San Diego, EUA Reservas: 858.675.8471 www.ranchobernardoinn.com

Mii Amo Tratamentos de pele, corporais, para grávidas até massagens tradicionais e espirituais são apenas algumas das ofertas deste centro de terapia, que está rodeado de grandes montanhas rochosas, no Estado do Arizona (EUA). O tratamento de uma hora é muito procurado, já que inclui massagens e relaxamento por 150 USD. Para os hóspedes que querem aproveitar ao máximo a estadia, existem três tipos de acomodação, onde o luxo e o glamour são uma constante. Pode optar por pacotes ‘all inclusive’ (tudo incluído) ou por algo mais rápido que tem a duração de um dia (refeições não incluídas). As escolhas oscilam entre 390 USD e 575 USD.

Localização: Arizona, EUA Reservas: 928 203 8500 www.miiamo.com

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TURISMO

inglaterra

Babington House

Ojai Valley Inn & Spa Encontra-se entre os melhores há mais de 80 anos. A apenas uma hora do Aeroporto Internacional de Los Angeles, Ojai Valley Inn & Spa possui 308 quartos de luxo e detém um campo de golfe que está entre os points preferidos dos hóspedes. Os tratamentos que oferece são inspirados nas tradições dos índios Chumash. No final da estadia, os visitantes recebem como oferta um creme ou loção de criação exclusiva. O espaço californiano esmera-se nos cuidados do corpo e mente, apresentando diversos tratamentos. O mais exótico é feito com base de lamas Kuyam. As terapias que incluem produtos naturais, como óleo de rosas e gengibre, a meditação, ioga e Tai-Chi estão na lista das preferências dos seus utilizadores.

Localização: Los Angeles, EUA Reservas: 1 888 697 8780 www.ojairesort.com

Calistoga Ranch De Napa Valley chega um Spa com quatro tipos de estadias, que foram desenvolvidas a pensar nas famílias que gostam de um destino com opções de relaxamento para todos. Os lodges têm quartos que podem albergar apenas uma pessoa ou um casal com crianças. Situado numa das regiões vinícolas mais famosas dos Estados Unidos, o Calistoga Ranch distingue-se pelas águas minerais, que alegadamente detêm uma capacidade natural para curar várias patologias. Às tradicionais salas de ioga e ginásios, o espaço tem uma interessante piscina com vista para a área vinícola e para um pinhal composto por carvalhos e 140 hectares de terra que são aproveitados pelos hóspedes para longas caminhadas. Os preços oscilam entre os 635 USD e os 3.800 USD, dependendo do quarto escolhido.

Localização: Napa Valley, EUA Reservas: 800 942 4220 www.calistogaranch.com

frança

Les Sources de Caudalie A CNNMoney elegeu este espaço francês como um dos melhores a nível internacional. O Les Sources de Caudalie situa-se na encantadora cidade de Bordéus, região francófona conhecida pela produção de vinho de elevada qualidade. Assim, uma das suas inspirações e que o torna tão singular é o tratamento à base de vinhos: o ‘vinhoterapia’ (banhos de Cabernet e Merlot). O ambiente é perfeito para os gourmets, que encontram neste Spa palestras sobre vinhos, degustação e aulas de culinária com o chef Nicolas Masse. O programa pode durar dois (598 USD) ou seis dias (1.700 USD). Dispõe ainda de 49 suites de luxo, piscina, ginásio e três campos de golfe.

Localização: Somerset, Inglaterra Reservas: 01373 812266 www.babingtonhouse.co.uk

Localização: Bordéus, França Reservas: 33 (0)5 57 83 82 82 www.sources-caudalie.com

índia

Ananda in the Himalayas

indonésia

Como Shambhala Estate É o melhor da Indonésia e ocupa o topo dos melhores do mundo. Em Bali, surge um espaço com um cenário inimitável. Sem paredes brancas e com uma selva à volta, o Como Shambhala Estate é um apelo ao bom gosto e ao despertar dos sentidos. Os turistas são brindados com uma experiência única logo à chegada. São convidados a falar de si com terapeutas especialistas em bemestar, que elaboram planos adequados às necessidades do hóspede. A maioria dos tratamentos é de inspiração oriental e vão desde a Ayurveda à hidroterapia, passando pelas aulas de pilates e ioga. O mais recente James Bond, Daniel Craig é visitante assíduo.

Localização: Bali, Indonésia Reservas: Cleveland Collection 0845 450 5732 www.cse.como.bz

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Está igualmente no top dos melhores do mundo. Esta casa de campo, localizada no Reino Unido, assume-se como uma combinação perfeita de estilo, glamour e tranquilidade. O espaço, cuja decoração evidencia as tradições britânicas, divide-se entre o ‘Cowshed Active’ e o ‘Cowshed Relax’. Longe da influência oriental, a primeira zona destina-se a actividades de exercício e relaxamento do corpo, detendo piscinas, sauna, salas de aromaterapia, ginásio e área de fitness. O Cowshed Relax foi pensado para a contemplação da natureza e para quem deseja passar algum tempo em reflexão. Os jardins e a casa vitoriana são puro deleite. Os hóspedes são ainda brindados com scones (bolo típico inglês) e água de limão.

Neste Spa encontra cerca de 80 tratamentos corporais e de beleza que aliam as tradicionais e milenares terapias indianas com as mais recentes técnicas ocidentais. Os tratamentos são desenvolvidos à medida e desejos dos hóspedes, que dispõem de mais de 20 salas onde é garantido o alívio absoluto do stress. Encontra ainda sessões de desintoxicação e limpeza do organismo, sessões de relaxamento, tratamentos antienvelhecimento e controlo de peso. O Instituto de Beleza Aveda (da marca Estée Lauder) funciona neste Spa indiano, que tem fantásticas vistas para o rio Ganges e para a cidade Rishikesh. Para quem pretende uma estadia prolongada, o hotel que alberga este espaço é uma boa sugestão. Luxo e conforto não vão faltar.

Localização: Himalaias, Índia Reservas: 00 91 1378 227500 www.anandaspa.com


maldivas

Conrad Maldives C

itália

Cristallo Hotel & Spa Para os hóspedes que passaram o dia na neve, o Cristallo Hotel & Spa apresenta o ritual “Comfort & Heat”, que consiste numa massagem especial que recorre ao calor para reconfortar o corpo, devolvendo a sua flexibilidade e hidratação natural. Localizado no norte de Itália, este Spa é sinónimo de luxo, estando integrado num hotel de cinco estrelas, que detém vários prémios de prestígio. Inspirado nas antigas termas romanas, aposta na conjugação de beleza, fitness e relaxamento, com uma série de tratamentos distribuídos por dois pisos. A vista sobre as montanhas de neve é a mais-valia.

E Entregue-se aos prazeres do ócio e bem-estar, tar, n ldinum dos recantos mais glamorosos das Maldivvas. O Conrad Maldives Rangali Island é um Spa ccom salas de massagem e tratamentos, aplicanand rado os seus avançados conhecimentos em terap ste pias faciais, corporais e serviços de beleza. Neste d destino paradisíaco os apaixonados por uma boa terapia em Spa podem desfrutar de momentos de tranquilidade no ‘Spa Retreat’ ou no ‘OverWater Spa’, que se caracteriza pelo luxo inigualável sobre um chão de vidro, onde se deslumbra o maravilhoso coral, mesmo a seus pés. Tratamentos e actividades não faltam nestes espaços (que pertencem à cadeia de hotéis do célebre grupo Hilton) que são muito procurados pelos amantes de Spas e dos climas apetecíveis das ilhas tropicais.

Localização: Maldivas Reservas: 960-6680629 www.hiltonworldresorts.com

méxico é

Las Ventanas al Paraíso Em pleno coração do México, este Spa dá-lhe a possibilidade de personalizar a estadia. Existem desde aulas de culinária ou ténis a programas especiais para casais (que inclui menus afrodisíacos). Aqui encontra tratamentos reparadores, rituais de cura, produtos orgânicos e terapias holísticas. O Las Ventanas al Paraíso proporciona mimos exclusivos e muito tentadores, como uma sala de boas-vindas com tequila, espectáculos nocturnos, DVDs à escolha do cliente e diversas mordomias. O pacote romântico para quatro noites custa 4.090 USD e inclui massagens, passeios românticos, jantar, entre outros.

Localização: México Reservas: 52.624.144.2800 www.lasventanas.com

Localização: Itália Reservas: 39.0436.881111 www.cristallo.it

jamaica

Strawberry Hill Erguido numa antiga plantação de café nas Blue Mountains da Jamaica, este hotel e Spa é a escolha certa para um retiro espiritual ou umas férias a dois. Delicie-se com os tratamentos especiais para o corpo com ingredientes naturais de flores e plantas, com a hidroterapia e o célebre ‘Himalayan Rejuvenation Treatment’ da Aveda. Decorado com mobiliário colonial e inspirado nos edifícios originais do século XIX, o hotel já recebeu nomes de famosos artistas como Rolling Stones e Bob Marley.

Localização: Jamaica Reservas: 00 876 944 8400 www.islandoutpost.com/strawberry_hill

marrocos

Angsana Riad Riab Bab Firdaus, em Marraquexe (Marrocos), é um mundo exclusivo para alguns. Quem entra no Spa sente que está a alcançar o paraíso que se contrapõe com a movimentada e caótica cidade de Marraquexe. O espaço é o resultado do fascínio do presidente do grupo Banyan Tree por esta região tão peculiar. Além dos habituais tratamentos faciais e corporais, o Spa destaca-se pela experiência do Hammam – o banho turco original. Os aromas a lavanda e jasmim predominam por todo o recinto, que é considerado como um dos cinco melhores do mundo. Calma e relaxante, a experiência no Riad Bab Firdaus é inesquecível e uma lufada de ar fresco numa cidade onde impera a agitação.

Localização: Marraquexe, Marrocos Reservas: Aspire 0845 345 9095 www.angsana.com

portugal

Aquafalls Spa Hotel É o único português incluído na lista dos 101 melhores spas do mundo da revista britânica Tatler. O espaço luso está localizado em Vieira do Minho, entre o Rio Cávado e o Parque Nacional Peneda-Gerês, numa das zonas mais bonitas do Norte de Portugal. O Aquafalls presenteia os visitantes com magníficas vistas para o rio e para a montanha. Estes podem desfrutar a estadia num dos ‘bungalows’ do hotel. O Spa possui piscina interior e exterior, sauna, banho turco, duche de sensações, fonte de gelo, ‘vichy shower’, ginásio, seis salas de tratamento duplas e individuais e diversas zonas de descanso. As ofertas mais procuradas no Aquafalls Spa são os tratamentos com infusões de ervas, os tratamentos anti-idade e de hidroterapia e sobretudo as massagens Shiatsu ou a quatro mãos.

Localização: Gerês, Portugal Reservas: 351 253 649 002 www.aquafalls.pt

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TURISMO

| patrícia alves tavares

tailândia

Kamalaya Koh Samui

suiça

Clinique La Praire Este autêntico oásis de luxo e conforto tem quase 75 anos de existência. Localizado nas margens do Lago de Genebra, o La Prairie tem quartos com vista para os Alpes, um restaurante gourmet e uma particularidade interessante: intérpretes das mais diversas línguas para facilitar a comunicação. Escolha um dos múltiplos serviços de beleza, que vão desde uma simples manicura aos mais avançados tratamentos contra a celulite e o envelhecimento. O programa para duas pessoas para um fim-de-semana com massagem Thai, massagem relaxante, massagem facial e máscara custa a partir de 3.440 euros. Uma semana completa tem o preço de 9.270 euros e inclui ainda consultas com especialistas de fitness, estética, beleza e check-up.

Localização: Genebra, Suíça Reservas: 41(0) 21 989 33 11 www.laprairie.ch

Este centro, situado na Tailândia, não pára de somar prémios. Foi distinguido como o vencedorr do arat “Melhor Destino de Spa” no “Asia Spa Baccarat Awards” e do “Thailand Wellness Sactuary and rina Holistic Spa Resort”. A sua co-fundadora, Karina Stewart, foi igualmente galardoada com o Pré Prémio de Personalidade do Ano (2009) na categoria dos “Spas Asiáticos”. O espaço destaca-se pela sua programação diversificada, elaborada a pensar nos apaixonados pelas técnicas orientais de relaxamento. Tem ao seu dispor actividades de ioga, meditação, anti-stress, fitness, controlo de peso, desintoxicação e balanço emocional, entre outras valências. O Kamalaya Koh Samui foi erguido nas redondezas de uma antiga cave, local privilegiado pelos monges budistas para meditação. A aura kármica mantém-se e a essência da filosofia traduz-se no nome do Spa: Kamalaya - se for dividido em duas partes significa Império de Lotus (símbolo do crescimento e purificação do espírito humano). Encarado pelos turistas e habitantes locais como santuário do bem-estar e da tranquilidade, este Spa tailandês atraia celebridades internacionais. É o caso da cantora Madonna que não dispensa uma regular visita a estas instalações para cuidar da beleza interior e exterior.

Localização: Koh Samui, Tailândia Reservas: Cleveland Collection 0845 450 5732 www.kamalaya.com

A 890 quilómetros de Banguecoque, na ilha de Phuket, os turistas da Tailândia descobrem um Spa, inaugurado em 1988, que se destaca pelo glamour. A partir do aeroporto, os hóspedes têm uma limusina gratuita que em 25 minutos faz o percurso até ao espaço paradisíaco. Amanpuri significa “lugar de paz”. Portanto, a tranquilidade reina nos seis pavilhões, erguidos em madeira e vidro, compostos por sauna e sala de meditação ao ar livre. O Spa tailandês integra ainda ginásio, piscina, livraria, campo de ténis, lojas de antiguidades, joalharia, sala de reuniões, alfaiate, buggies e outros serviços, que estão inseridos à volta das instalações. A piscina de Amanpuri possui uma escada que faz ligação à praia, que dispõe de cadeiras e guarda-sol exclusivos para os hóspedes. A esta mordomia adicione ainda as refeições ligeiras servidas aos clientes e a possibilidade de praticar outros desportos aquáticos. Os preços da diária são a partir de 1.061 USD.

Localização: Phuket, Tailândia Reservas: (66) 76 324 333 www.amanresorts.com/amanpuri/home.aspx

Chiva-Som E Este resort é um clássico. Criado a pensar no b bem-estar físico e mental dos clientes, proporcciona uma sensação de tranquilidade absoluta, b baseando-se na filosofia que conjuga tradições ttailandesas de hospitalidade e os ideais budistas d de harmonia com as terapias orientais ancestrais e as ocidentais mais vanguardistas. As massag gens tailandesas, shiatsu, reflexologia, ginásttica, reiki e tratamentos estéticos contribuem p para uma melhor preparação física e para reduzir oos níveis de stress.

L Localização: Tailândia Reservas: 00 66 3253 6536 R www.chiva-som.com w

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Amanpuri



TURISMO

| patrícia alves tavares

Luxo em alto mar

Os apaixonados pela aventura em pleno oceano, rodeada de conforto e de todas as comodidades que um cruzeiro tem para oferecer, podem a partir deste ano descobrir as maravilhas do Médio Oriente, através de uma viagem de sete dias pelos principais pontos do Golfo Pérsico. O navio Brilliance of the Seas proporciona uma estadia nas águas do Índico com escalas nos locais mais emblemáticos da região, onde se esconde o melhor da cultura oriental.

Tranquilidade e ambientes multiculturais é o que vai encontrar na viagem que a Angola’in sugere. Deixe-se navegar pelas águas tranquilas e verdes do Golfo Pérsico e guiar pelos sentidos, pelos aromas doces e picantes das especiarias das cidades orientais que estão de portas abertas para acolher os turistas na sua imensa riqueza gastronómica e histórica. O encontro com as tradições, mesquitas, praias, mercados e palácios árabes serão uma constante no cruzeiro que atravessa as margens do Oceano Índico. Aliás, a melhor forma de entrar nestes países é mesmo de barco, um ponto de referência para as comunidades, cujos portos não distam muito entre si e permitem ao viajante passar mais horas em terra do que se optar por um roteiro no Mar Mediterrâneo. A Royal Caribbean International apostou num programa de sete noites pelo Médio Oriente, a partir do Dubai. A opção resulta de uma parceria com o Dubailand e visa dinamizar a circulação de cruzeiros pelo Golfo Pérsico. A nova rota está disponível desde o início do ano e, entre Janeiro e Abril, o Brilliance of the Seas já realizou 13 cruzeiros com passagem por destinos inebriantes como Bahrein e Oman. A viagem contempla um equilíbrio entre mar e terra, pelo que permanecerá duas noites (uma à partida e outra à chegada) na famosa cidade de Dubai, intercalando ainda com estadias na capital de Oman, Muscat, nas

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míticas Minas de Salomão no Bahrein e escalas em Fujairah e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. O navio é uma autêntica ‘cidade’. No seu interior, encontra restaurantes, bares, casino, ginásio e ainda um spa. Aqui é possível comprar os bilhetes para os passeios e Tours pelas cidades onde este atraca. Porém, aconselha-se que o passageiro leve cópias das páginas do passaporte, onde estão os vistos, de forma a facilitar o embarque e desembarque nos portos. O preço dos quartos ronda os 630 dólares por pessoa (sem taxas).

PARTIDA: DUBAI É o ponto de partida do Brilliance of the Seas, que dá ao visitante a possibilidade de passar a primeira noite na cidade oriental, que faz do turismo uma das principais actividades e dispõe de animação durante todo ano. Aposta em estadias inesquecíveis, visto que os hotéis e restaurantes de luxo estão presentes um pouco por toda a cidade. As autoridades nacionais indicam que, no último ano, passaram pela cidade 260 mil turistas e uma centena de navios. Para 2010, são esperados 325 mil passageiros de cruzeiros. Para 2011, as previsões apontam para 135 transatlânticos e para o desembarque de 375 mil hóspedes. Durbai é a cidade mais ambiciosa e rica dos sete Emirados Árabes. A extravagância espreita em

cada esquina e muitos defendem que o seu lado ‘kitsch’ é um dos motivos que leva o turista a procurar a região. É o destino eleito pelos consumistas, que procuram produtos exclusivos e altamente luxuosos. Além da emblemática Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo (164 andares) inaugurada em Janeiro de 2010, uma das atracções do Dubai é o lago artificial onde decorrem espectáculos a cada 20 minutos entre as 18h e as 22h. Ao espaço acorrem famílias que aproveitam para ver os artistas de rua que, durante o mês de Fevereiro (devido ao 15º Dubai Shopping Festival), exibem as suas performances. Os dois shoppings também se destacam: o Souk Al Bahar (mercados árabes populares, com uma arquitectura típica) e o Dubai Mall, o maior da cidade, onde encontra as marcas mais caras livres de impostos, como Louis Vuitton, Channel, Dolce & Gabbana ou Dior. As mesmas estão ainda à disposição nos centros comerciais Burjuman e Mall of Emirates. O Madinat Jumeirah é procurado pelos muçulmanos abastados e é opção para quem procura umas férias de requinte e luxo, mesmo que seja para uma estadia de uma noite. O complexo alberga hotéis de elite, como o Burj Al Arab e o Jumeirah Resort, lojas de design e cerca de 40 cafés, restaurantes e bares. Nesta área, uma única bebida pode custar até 75 dólares. Os que preferem o lado naïf e mais apelativo das


particularidades do mundo oriental, os bairros de Deira e Bur Dubai são o destino a escolher. Além do Souk Al Bahar, depara-se com os Gold, Spice e Textile Souks, que são igualmente mercados de rua, mas especializados em jóias, especiarias e tecidos. Para os aventureiros, a Arabian Adventures proporciona ralis no deserto, em carros 4x4, que fazem um circuito pelas dunas e terminam a viagem num acampamento, onde o turista é brindado com refeições típicas e dança do ventre, recriando o estilo da noite das Arábias.

MUSCATE A capital de Omã destaca-se pelas suas imensas particularidades. As montanhas áridas sobrepõem-se às águas cristalinas do oceano, pairando no ar uma mistura de perfume de incenso com especiarias, criando uma experiência única para os sentidos. A cidade é um autêntico manual de história, onde se destacam o imponente palácio Al-Alam do sultão Qaboos Bin Said, o museu Bait Al Zubair (guarda os tesouros culturais do país, representados pelas valiosas jóias, roupas, livros e artefactos) e a mesquita Qaboos, onde sobressaem os cânticos do Alcorão. O bairro mais antigo da capital, o Mutrat, tem uma vista esplendorosa para o colorido da cidade, nomeadamente para a mesquita Al Lawatiya e para o Mutrt Souk, o melhor mercado da zona, muito procurado para aquisição das especiarias, disponíveis nas várias lojas situadas neste souk labiríntico e pouco iluminado. Mais afastado de Muscate (a 40 minutos de carro), encontra as pacatas praias e os sofisticados resorts, nomeadamente o Shangri-La’s Barr Al Jissah Resort and Spa, que é um complexo composto por três hotéis de luxo, praia privada e spas.

FUJAIRAH É o destino perfeito para os praticantes de mergulho, vela, surf e jet sky. O cruzeiro faz escala num dos países mais pequenos dos Emirados Árabes, para que os turistas admirem a beleza do litoral que coabita harmoniosamente com o relevo montanhoso. Em Fujairah, o museu local (que tem o mesmo nome do país) guarda os tesouros arqueológicos da região. A mesquita Bidiyah merece uma visita, por se tratar da mais antiga e a menor de todo o conjunto dos países dos Emirados. A gastronomia também está em destaque, pelo que pode aproveitar a passagem pela cidade para se deliciar com o melhor da culinária indiana no restaurante Swaad ou no Mozaique que tem uma vista privilegiada para o mar.

ABU DABI A principal atracção desta cidade é a inebriante vida cultural. Em certos pontos, Abu Dabi assemelha-se ao Dubai, pela riqueza e construções grandiosas. O Performing Arts Centre, desenhado pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid, será o principal centro da mescla de tradições, onde vão nascer salas de concertos, de teatro e de artes plásticas. O espaço ainda não tem data para ser inaugurado. Prestes a abrir ao público (2012), encontram-se as unidades do museu Louvre e do Guggenheim. Enquanto este locais não estão acessíveis, pode dar um passeio pela cidade e descobrir os antigos edifícios que convivem harmoniosamente com os modernos arranha-céus. A grande mesquita Sheikh Zayed é uma das maiores do mundo e o Emirates Palace, o hotel que representa a riqueza do país, onde o charme e as decorações a ouro se confundem, deixam os visitantes boquiabertos.

MANAMÁ A capital do Bahrein é provavelmente a cidade mais tolerante e liberal do Golfo Pérsico. O facto de mais de metade dos seus habitantes ter menos de 20 anos contribui para atenuar a rigidez dos costumes. As construções são modernas, sem nunca perder o aspecto requintado e sumptuoso. O ponto de referência de Manamá é o World Trade Center do Bahrein, inspirado e idêntico às torres gémeas de Nova Iorque, destruídas em 2001. No topo, a 240 metros de altura, os turistas conseguem visualizar a região, pois têm uma vista de 360º. No primeiro piso, o outlet de 15 marcas famosas a preços acessíveis atrai multidões. O mercado Al Bab Bahrein e a mesquita Al Fareh, que detém lustres franceses no seu interior e é composta por mármore italiano, são imperdíveis.

informações Partida e chegada: Porto de Dubai Duração: sete dias Vistos: antecipados para os Emirados Árabes Unidos. Em Omã e no Bahrein, os documentos são emitidos no porto. O preço total é de 216 dólares. Preços: no Brilliance of the Seas o custo ronda os 799 dólares por pessoa Moeda: No Dubai, Abu Dabi e Fujaraih circula o dirham (vale 0,35 dólares). Em Omã, a moeda é o rya (3 dólares) e no Bahrein é o dinar (2,70 dólares) Em Setembro, decorrem as celebrações do mês sagrado do Ramadão, pelo que os horários dos museus, restaurantes e Tours podem ser alterados A limpeza das cidades é uma preocupação governamental. Deitar lixo no chão é considerado um delito grave Aposte em sapatos fechados, roupas recatadas e lenços. A maioria das mesquitas exige esse tipo de vestuário e proíbe a entrada a visitantes (incluindo turistas) com unhas pintadas (seja das mãos ou dos pés) Para adquirir mais informações sobre estes futuros cruzeiros marítimos Brilliance of the Seas ou de outros pacotes, visite o site da Royal Caribbean em http://www.royalcaribbean.com/

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ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

| patrícia alves tavares

O projecto é arrojado. No futuro, poderá ser realidade, caso surjam investidores interessados em viabilizá-lo. A “Rua da Amizade Angola-Portugal” foi concebida especificamente para a mais recente edição da FILDA e visa expor as valências das empresas portuguesas na área do mobiliário. O espaço, composto por um ambiente de escola, infantário, restaurante e posto clínico (entre outros), foi um sucesso e promete revolucionar a indústria da madeira em Angola.

A RUA IDEAL Representa o maior investimento feito até hoje pelas empresas da fileira casa e decoração lusa. A “Rua da Amizade”, um projecto da Associative Design, uma marca da aimmp (Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal), esteve exposta em mais uma edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA). Dos mesmos autores da “Casa de Sonho Angolana”, que foi um êxito no certame de 2009 e que tem contribuído para a concretização do plano governamental de um milhão de casas até 2012, a nova iniciativa visa promover o intercâmbio entre empresários e marcas portuguesas e angolanas, no sentido de dinamizar e introduzir novas tecnologias no sector da construção civil. Mil metros quadrados é o total da área ocupada por uma infra-estrutura concebida para corresponder às necessidades actuais das famílias, pelo que foi 100 por cento pensada nas aspirações do consumidor. A aimmp e Associative Design propõem uma comunidade, dotada das infra-estruturas e soluções adequadas à cultura, clima, geografia e arquitectura do país. Uma escola, um infantário, um auditório/ Home Cinema, um posto clínico, um restaurante e uma cafetaria são os serviços escolhidos para integrar a “Rua da Amizade”. Um separador central com 4x40 mts dá ainda acesso a uma

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área de lazer, com uma esplanada, jardim e parque exterior. Este ambiente foi o mote para os empresários exporem pela primeira vez as ideias de mobiliário exterior. Os edifícios, idealizados em exclusivo para a região, representam as soluções mais modernas e inovadoras dos sistemas construtivos e dos produtos do sector. O certame superou as expectativas e a receptividade foi excelente, com o público a mostrar interesse não só no projecto, mas também nas múltiplas acções culturais e de animação que acompanharam a sua apresentação (actuações de músicos, provas de vinhos e mostras de culinária nacional). O presidente da República José Eduardo dos Santos e o seu homólogo português, Cavaco Silva, inauguraram mais uma edição da maior feira do sector e aproveitaram a ocasião para elogiar a presença lusa. A “Rua da Amizade Angola-Portugal” favoreceu a interacção entre os profissionais dos dois países, que trocaram informações e experiências. Os empresários nacionais puderam verificar na prática como seria a rua ideal, com réplicas de cada solução. A vantagem das componentes apresentadas está na sua viabilidade e capacidade de ser reproduzida em todo o território, de forma rápida e económica, seguindo a linha da base de construções pré-fabricadas.

‘A aimmp e Associative Design propõem uma comunidade, dotada das infra-estruturas e soluções adequadas à cultura, clima, geografia e arquitectura do país’ Desafio Associative Design A marca portuguesa voltou a participar no maior evento da fileira da madeira e marcou presença com a “Rua da Amizade Angola-Portugal”, assumindo o seu compromisso e responsabilidade social. Esta foi desenvolvida pela aimmp para ampliar a rede de cooperação entre as empresas da Fileira Casa. Depois da “Casa de Sonho Angolana”, a Associative Design abraça novamente a iniciativa da aimmp, promovendo em simultâneo actividades de carácter humanitário em consonância com organizações mundiais, como a Unicef. Uma das particularidades da sua participação neste projecto está relacionada com a difusão de energias renováveis e ecologicamente sustentáveis.


‘Uma escola, um infantário, um auditório/ Home Cinema, um posto clínico, um restaurante e uma cafetaria são os serviços escolhidos para integrar a “Rua da Amizade”. A pequena comunidade conta com um investimento de cerca de um milhão de euros’ ENERGIAS RENOVÁVEIS O projecto é “ambicioso e arrojado”. O recurso a meios ecologicamente sustentáveis é uma das principais novidades da “Rua da Amizade Angola-Portugal”. Esta tem a particularidade de evidenciar as mais-valias das energias renováveis e a forma como estas podem ser adaptadas à arquitectura moderna, beneficiando o dia-a-dia das famílias e das gerações futuras. A iluminação pública do espaço é um desses exemplos, demonstrando que é possível criar ruas e, até mesmo, cidades mais ecológicas. A pequena comunidade, que conta com um investimento de cerca de um milhão de euros, visa informar os investidores sobre a capacidade lusa para projectar e desenvolver mecanismos e produtos que confiram a segurança, autonomia e qualidade a longo prazo que são exigidos na nova fase de desenvolvimento do sector. A indústria portuguesa pretende criar componentes que promovam uma boa relação qualidadepreço e que contribuam para o aproveitamento das possibilidades energéticas do país.

AIMMP REGRESSA À FILDA A Associação de Indústrias da Madeira e de Mobiliário de Portugal surge novamente no maior evento do sector com um projecto megalómano e com um investimento nunca antes visto: cerca de um milhão de euros. Empenhados em consolidar a sua presença no mercado angolano, a entidade tem como estratégia contribuir para o sucesso do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, que contempla a construção de um milhão de casas em apenas dois anos. Desta forma, a organização voltou a apostar nas soluções para habitações pré-fabricadas, propondo materiais e mobiliário de construção elaborados especificamente para este nicho de mercado. A organização representa uma indústria que é um dos principais agentes e parceiros da reabili-

tação do país. Com dois mil milhões de euros de volume de vendas, exporta 1,1 mil milhões de euros em mobiliário, madeiras de pinho e de eucalipto, painéis, rolaria e serradas. A sua missão passa por desenvolver acções que auxiliam as empresas portuguesas a internacionalizar-se, através da mostra da sua qualidade, design e inovações em feiras e eventos do sector. Angola é um mercado privilegiado, dada a afinidade linguística e o momento favorável que o sector enfrenta.

do certame, as habitações vão estar em demonstração, podendo ser experimentadas por todos os participantes e visitantes. No final do evento, estas serão vendidas aos interessados. “Tencionamos levar para o bairro casas e soluções diversas no domínio da construção, mobiliário e decoração de escritórios, hospitais, restaurantes e outros estabelecimentos, a preços para o alto e baixo padrão de estilo de vida”, explicou, recordando que o propósito da aimmp passa por revelar as melhores propostas em edificação de casas, móveis e objectos decorativos. Por outro lado, a associação aposta no princípio ‘celeridade’ para construir empreendimentos a preços acessíveis para as famílias mais carenciadas. Fernando Rolin é líder de uma comitiva de 23 empresas que expuseram os seus produtos na 27ª edição da Feira Internacional de Luanda.

BAIRRO APRESENTADO EM NOVEMBRO

sabia que…

A aimmp aproveitou a participação na FILDA para anunciar que vai proceder à construção de um bairro com um mínimo de 25 casas. As obras arrancam em Novembro e a área residencial, localizada em Luanda, possuirá moradias do tipo T1 e T2, destinadas a famílias de alta e baixa renda. Os empreendimentos serão vendidos ao preço mínimo de 70 mil dólares. Fernando Rolin, presidente da aimmp, contou à Angola’in que se encontram a negociar o terreno com o Ministério do Urbanismo e Habitação e, no caso de um aval positivo (cedência de espaço e licença de construção), as obras poderão estar concluídas até ao arranque da Constrói Angola, feira onde será apresentado o projecto e que está marcada para Novembro. No referi-

A elaboração de uma réplica de uma rua, a ideal numa comunidade, contou com a colaboração de diversas empresas que são parceiras do sector da fileira casa angolana:

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Bi-Bright Bilhares Carrinho Classic Toys Colonial Concept Decotelife Delta (angonabeiro) Fertini Friemo Hemoportugal Induflex Jomaifil JP Sá Couto Lameirinho Levira Luz e Som Plural Editores Sit Soinca Steelsept Viarco Viroc Woodone - Mobiliário SA 4 Plano Aris Arquitectos

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ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO BREVES

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comboio regressa a kuando kubango A reabilitação dos Caminhos-de-Ferro de Kuando Lubango deverá estar concluída em 2011, altura em que os comboios retomam os percursos pela região. O governador Simão Baptista acredita que a infra-estrutura vai estimular o desenvolvimento sócio-económico da província. A circulação ferroviária vai permitir o transporte de mercadorias em larga quantidade, facilitando as trocas comerciais e o crescimento dos serviços. José Kivungua, vice-ministro dos Transportes, esteve na região para acompanhar as obras da via de Moçâmedes e acredita que os comboios vão avançar na data prevista, acontecimento que vai permitir o início de uma nova etapa no diaa-dia das populações.

prevista descida de preços das habitações António Gameiro, bastonário da Ordem dos Arquitectos de Angola, acredita que nos próximos dois anos vai verificar-se uma descida considerável dos custos das residências, devido aos vários projectos imobiliários que estão a ser implementados no território pelo Governo. O arquitecto defendeu numa entrevista que os investidores que querem obter lucros elevados apostam apenas nas construções destinadas à média, média alta e alta renda. No entanto, considera que este mercado está acessível a uma parcela reduzida de população, pelo que serão obrigados a diminuir os preços das moradias e a apostar em projectos imobiliários mais baratos, que se dirijam aos estratos mais carentes. O responsável lembrou ainda que o Governo disponibilizou 400 mil kits (estão previstos 700 mil) para que os cidadãos possam construir as próprias casas, com a orientação de técnicos especializados. Esta nova medida deverá contribuir igualmente para a descida dos valores das habitações.

fábrica de tijolos única José Eduardo dos Santos e o homólogo português, Cavaco Silva, inauguraram a “mais moderna fábrica de tijolos de África”. A Novicer, construída de raiz pelas empresas Mota-Engil e Cerâmicas de Angola (Unicerâmica), representa um investimento de cerca de 36 milhões de dólares. Especializada no fabrico de tijolo de função horizontal, os gestores da unidade, localizada no Cacuaco (Estrada de Kifangondo, Luanda), pretendem introduzir a produção de telhas e de um produto inovador, o “tijolo Termo-Acústico”. O material não existe no continente e apresenta uma série de propriedades acústicas térmicas que permitem um maior isolamento de som e calor. O espaço tem capacidade para criar cerca de dois milhões de tijolos por mês e garantiu postos de trabalho para 98 pessoas (sendo que 91 são angolanos). O empreendimento foi apresentado pelo presidente do Conselho de Administraçao da Mota-Engil, António Mota, que lembrou que o projecto surgiu como resposta ao desafio do Presidente da República, que quer promover novos investimentos e apostar na industrialização do país. A infra-estrutura possui tecnologia moderna e vem colmatar uma necessidade do mercado, que carece deste produto e de materiais de qualidade. A inauguração da Novicer inseriu-se no programa de visita do Presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, a Angola.

roque santeiro reaproveitado O projecto de requalificação e modernização do município do Sambizanga inclui a reconversão do mercado Roque Santeiro em novas infra-estruturas, que alberguem um conjunto de lojas de proximidade. De acordo com o director do Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda, Hélder José, o plano está na fase inicial de implementação, existindo “o mapeamento de uma nova centralidade que integra uma nova urbanização com todo um conjunto de serviços que actualmente não existem”. Os vendedores do antigo mercado serão transferidos para a zona do Panguila (Cacuaco), onde vão dispor de um equipamento com melhores condições de higiene e de trabalho. A renovação do espaço inclui o reordenamento habitacional e sanitário do bairro Operário e a urbanização completa da zona do Mota, locais onde ainda predominam as construções anárquicas.


ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO ARTIGO DE OPINIÃO

Energias renováveis na arquitectura A Organização das Nações Unidas estima que a população mundial será de 8,5 mil milhões de habitantes em 2025 e atingirá os 10,2 mil milhões em 2100. O maior aumento será nos países em desenvolvimento, que a par da evolução demográfica, estão em forte urbanização, bastião do crescimento económico e social. Estes factores exercem enorme pressão no meio ambiente, visto esgotarem os recursos e aumentarem os resíduos, o que provoca a sobrecarga do biociclo e conduz inevitavelmente à poluição. Infelizmente, é um dos problemas com que a humanidade se debate nas últimas décadas, tornando-se premente conseguir que o ciclo natural na origem da vida seja preservado. Tem-se seguido duas estratégias: melhorar os passos limitantes do ciclo e economizar os recursos. A primeira envolve políticas de reciclagem, de tratamento de resíduos e eventualmente, num estado de poluição severa, de remediação. A segunda promove o aumento da eficiência dos processos utilizados, para que o seu consumo seja minimizado e traz importantes benefícios económicos. A sua aplicação tem sido possível com o aperfeiçoamento tecnológico. São exemplo as importantes reestruturações de que tem sido alvo a indústria desde os anos 80 e que permitiram diminuir o consumo de energia. É também vital a sensibilização dos cidadãos, para desmistificar a ideia de que bem-estar está relacionado com o desperdício de recursos. O aproveitamento do sol como fonte de calor e de luz é uma das alternativas mais promissoras para enfrentarmos os desafios do milénio. A energia solar é abundante e permanente, renovável a cada dia, não polui, nem prejudica o ecossistema. É a solução ideal para áreas afastadas e não electrificadas, especialmente em Angola, onde há bons índices de insolação em qualquer parte do território. Importante na preservação do meio ambiente, tem muitas vantagens (não influi no efeito estufa e não precisa de turbinas/geradores para a sua produção), mas exige altos investimentos pa-

ra o seu aproveitamento. Por cada m2 de colector solar instalado evita-se a inundação de 56 m2 de terras férteis, na construção de novas barragens hidroeléctricas. Parte do milionésimo de energia solar que o nosso país recebe durante o ano poderia dar um suprimento de energia equivalente a: • 54% do petróleo nacional • 2 vezes a energia obtida com o carvão mineral • 4 vezes a energia gerada no mesmo período por uma barragem hidroeléctrica. A Arquitetura Bioclimática é o estudo que visa harmonizar os recursos, a pensar no Homem. É a adopção de soluções arquitectónicas e urbanísticas adaptadas às condições específicas (clima e hábitos de consumo) de cada lugar, utilizando a energia que pode ser directamente obtida das condições locais. Esta preocupa-se com o desenvolvimento de equipamentos e sistemas que são necessários ao uso da edificação (aquecimento de água, circulação de ar e de água, iluminação) e de materiais de conteúdo energético tão baixo quanto possível. A energia renovável é obtida de fontes naturais capazes de se regenerarem e, portanto, virtualmente inesgotáveis, ao contrário dos recursos não-renováveis. Na sua maioria têm como origem o Sol. São conhecidas pela imensa quantidade de energia que contêm e por serem capazes de se regenerar por meios naturais. Existe ainda as fontes eólica, hídrica e geotérmica. A sua integração nos edifícios é um desafio, em que o objectivo é conceber uma estrutura eficiente que permita a incorporação de um sistema que capte a energia e a transforme numa fonte útil para o espaço. Por exemplo, a colocação de painéis solares na cobertura do edifício não é por si só uma medida eficiente, pois, se não tivermos em conta a eficiência da construção, esta pode nem ser suficiente para comportar a energia da iluminação, quanto mais do resto dos sistemas. Daí a importância da integração dos métodos renováveis em edifícios eficientemente energéticos que já esgotaram todas as estratégias de design passivo na sua concepção

ou na reabilitação. Os incentivos à utilização de energias renováveis e o crescente interesse devem-se à consciencialização da possível escassez dos recursos fósseis (como o petróleo) e à necessidade de redução das emissões de gases nocivos para a atmosfera (Gases de efeito de estufa), bem como aos objectivos da União Europeia, do Protocolo de Quioto e das preocupações com as alterações climáticas. A utilização dos painéis solares térmicos e fotovoltaicos para a produção de calor e de energia eléctrica (a partir do aproveitamento da energia solar) é uma forma para a qual o país dispõe de recursos abundantes. Mas, estes devem ser tidos como complementos à arquitectura dos edifícios, que não devem descurar o aproveitamento de estratégias de design passivo (uso da orientação solar, da ventilação natural, da inércia térmica e do sombreamento), pois são uma solução bastante proveitosa devido às condições climatéricas favoráveis para a obtenção de uma maior sustentabilidade. A grande vantagem do Sol é que permite a geração de energia no mesmo local de consumo, através da integração na arquitectura. Assim, poderemos criar sistemas de geração distribuída, eliminando quase por completo as perdas ligadas aos transportes (cerca de 40%) e a dependência energética. Porém, essa fonte tem o inconveniente de não poder ser usada à noite, a menos que tenhamos baterias suficientes, o que não é impossível. A sustentabilidade na construção passa por três medidas essenciais: a melhoria dos projectos em termos de eficiência energética, diminuindo as suas necessidades em iluminação, ventilação e climatização artificiais; a substituição do consumo de energia convencional por renovável, não poluente e gratuita; e finalmente a utilização de materiais locais, preferencialmente de fontes renováveis ou com possibilidade de reutilização e que minimizem o impacto ambiental (extracção, gastos de energia, consumo de água na extracção, aspectos de saúde, emissões poluentes, etc.). antónio gameiro bastonário da ordem dos arquitectos, angola

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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

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Alta definição A alta definição está a chegar a Angola e, à semelhança do que acontece no resto do mundo, a substituição do sinal analógico pelo digital promete revolucionar o modo como se vê televisão. A União Europeia determinou que todos os países adoptem a nova funcionalidade tecnológica nos próximos dois anos, enquanto a SADC alargou o prazo até 2013. A Angola’in explica como funciona a TDT (Televisão Digital Terrestre) e em que vai mudar a sua experiência com o pequeno ecrã.

Em três anos, as famílias terão de se adaptar à tecnologia do século XXI. Durante este período, os governos dos países africanos e europeus vão assegurar a cobertura dos respectivos territórios substituindo os sinais analógicos pelos digitais. Na América, a funcionalidade encontra-se vigente desde o último ano. Os utilizadores da televisão ‘tradicional’, à excepção dos subscritores de ligações por cabo ou satélite, terão que adaptar os seus aparelhos para receber a nova tecnologia, através de um descodificador que permitirá aceder a um novo mundo de funcionalidades. O apagão da era analógica está agendado para 2013. Daí em diante será possível ver conteúdos em Alta Definição (HD) e gravar (ou programar) os seus conteúdos preferidos.

META AFRICANA A última reunião de ministros de Telecomunicações, Correios e Tecnologias de Informação e Comunicação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ditou a assunção do compromisso de implementar as metas traçadas pelos Estados integrantes da entidade. Além da discussão em torno do serviço de roamming (está em estudo a criação de um modelo que permita a todos os cidadãos da SADC usar o telemóvel em qualquer país com o cartão SIM de origem), ficou estabelecido que todos os membros da organização regional vão implementar a Televisão Digital Terrestre até 2013. Na ocasião, o ministro angolano José da Rocha referiu que a transição da teledifusão do sistema analógico para digital será um desafio de mudança para as regiões da SADC, pois vai impulsionar e tornar possível uma maior interactividade entre os produtores de conteúdos e os telespectadores. Por outro lado, a alteração vai contribuir para a convergência de redes e de serviços, introduzindo uma nova forma de pensar televisão. No entanto, alertou que a mudança de estações de teledifusão vai implicar um reequipamento de meios com estruturas adequadas ao sistema digital, pelo que ficou definido na reunião que a SADC terá de encontrar um sistema de TV Digital comum para todos os países.

ANGOLA ADERE Em Maio, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Pedro Mendes de Carvalho, frisou que Angola vai implementar a TDT tendo em conta os seus benefícios para o país e os compromissos regionais (SADC) e internacionais (UIT). O responsável adiantou que os aparelhos analógicos, actualmente usados,

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o que é o tdt?

É a nova tecnologia de teledifusão terrestre (através de antenas) que recorre a um sinal digital, substituindo a teledifusão analógica terrestre (chamada televisão tradicional). A TDT contribui para uma utilização mais eficiente do espectro radioeléctrico (gama de frequências que pode ser usada por diversos sistemas de comunicações para a transmissão de som, imagem e dados). O objectivo do novo sistema consiste em proporcionar uma melhor experiência de televisão, já que os canais tradicionais serão emitidos em HD (Alta Definição). A qualidade do som e imagem é superior, devido à natureza digital do sinal (som Dolby digital). A Televisão Digital Terrestre insere novas funcionalidades como Barra de Programação, Pausa TV, Guia TV, gravação da emissão ou agendamento das gravações. tv por subscrição isenta

Os utilizadores de televisão por IPTV, cabo ou satélite não serão obrigados a aderir à TDT, já que não afecta os serviços de TV por subscrição. A ausência de impacto neste sistema está relacionada com o facto de o sinal ser emitido por cabo ou satélite, pelo que não recorre ao serviço terrestre analógico. Os que dispõem de um sinal analógico terão de adquirir um descodificador para fazer a conversão do sinal. É necessário um aparelho por cada televisor. Os actuais equipamentos já são vendidos com essa componente instalada.

só poderão funcionar com um conversor, que será comercializado na “devida altura”. Para uma adaptação gradual à TV Digital, o ministro anunciou que os dois sistemas vão coexistir durante algum tempo, para que os utilizadores possam adquirir os novos equipamentos. A TDT promete catapultar o sector. Essa é a garantia de Pedro Mendes de Carvalho que entretanto explicou que será oferecida uma imagem e som de qualidade superior aos dos aparelhos actuais e que vai permitir a interacção com determinados programas (especialmente os de teor educativo), bem como a possibilidade de gravar o que está a ser emitido, através do descodificador PVR (vídeo gravador pessoal). Durante o III Congresso de Marcas de Angola, o ministro advertiu que a transição obriga o país a prestar especial atenção à capacidade do desenvolvimento humano, em que os intervenientes deverão criar conteúdos nacionais capazes de se converterem em marcas concorrenciais que promovam a projecção dos produtos locais. “A televisão é encarada como um poderoso meio de promoção e fortalecimento da unidade nacional, sendo necessário que cada vez mais se disponibilize os recursos de comunicação nas mais variadas dimensões geográficas do país, permitindo a disponibilidade de serviços públicos através da TV como a educação, saúde, comércio, entre outros”, assegurou.

Na ocasião, o director de operações da empresa MS Telecom, Mário Oliveira, corroborou as afirmações do ministro, sugerindo que a evolução da sociedade justifica a adopção desta tecnologia de transmissão, que tem como principal vantagem a difusão de conteúdos em alta definição. Porém, adverte que o sistema implicará um forte investimento e a modernização do parque tecnológico do serviço público de televisão. O maior desafio para a sua implementação está em tornar as vantagens deste serviço acessíveis à maioria da população. Os custos da nova tecnologia serão subvencionados pelo Estado, que espera com esta acção garantir a todos os cidadãos nacionais o direito à informação, independentemente do seu estrato social. Esta é uma boa notícia, sobretudo para as famílias carenciadas, que estão isentas das despesas relacionadas com a compra dos conversores para ter acesso aos serviços de televisão. A medida abrange todos os habitantes do território nacional.

INOVAÇÃO GLOBAL Na América, os EUA entraram na era digital ainda em 2009 (18 de Fevereiro). No caso americano, a população recebeu em casa cupões de 40 dólares para a compra dos receptores do sinal digital. Tendo em conta que no período das emissões por via hertziana, mais de 22 milhões de

lares detinham este sistema, o Governo optou por emitir vales para os espectadores que desejavam reservar um conversor (do sinal digital para analógico) para garantir a compatibilidade dos seus televisores. O equipamento custa entre 50 e 70 dólares, tendo obrigado as famílias a adquirir dois cupões por cada televisor. A União Europeia estabeleceu o ano de 2012 como prazo limite para todos os Estados membros fazerem a transição definitiva dos sinais. Um pouco por toda a Europa ultimam-se os pormenores para se proceder ao corte definitivo da televisão tradicional. Em Portugal, o apagão está programado para Abril de 2012. O país encontra-se a garantir a cobertura do território com o sinal digital e a preparar as primeiras emissões experimentais. A ruptura será faseada, começando pelo litoral e terminando no interior. Em Espanha, a TDT é já uma realidade. No início deste ano, às 13.26h (horas locais), o país entrou na ‘época’ da televisão digital, primeiro em Madrid, Barcelona e Sevilha e um dia depois em todo o país. A transição decorreu sem problemas e abrangeu mais de 44 milhões de espanhóis. A Comissão Europeia determinou que a TDT fosse introduzida em todos os países da União Europeia. Certo é que a transmissão analógica tem os dias contados (a nível mundial) e o “switch-off” vai marcar a entrada numa nova forma de fazer comunicação.

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telecomunicações

Caála ganha centro de Correios O município de Caála, no Huambo, vai receber um moderno centro de Correios e Telecomunicações. As obras da infra-estrutura arrancaram em Julho e o equipamento vai custar 31.500 kwanzas, um investimento que está ao cargo do ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação. A administração do município cedeu o terreno. O organismo está empenhado em modernizar os serviços postais e optou pela província do Huambo para implementar o primeiro projecto. “Para além de serviços postais e de correios, o centro terá Internet, fotocopiadora e equipamento para plastificação de documentos, informática e lazer, para além de uma agência bancária”, explicou o director provincial dos Transportes, Simão Fontes.

digital

Telecom inaugura sistema digital Kwanza Sul inaugura no final de Julho o sistema digital de rede fixa da Angola Telecom. Os contratos para acesso aos serviços de voz e Internet de banda larga já estão disponíveis. O projecto é financiado pelo Governo italiano em 18 milhões de euros e vai interligar as sedes municipais do Sumbe, Porto Amboim, Amboim, Conda, Cela, Seles, Kibala e Libolo. A nova estrutura vai permitir uma melhor comunicação entre as comunidades.

televisão tecnologia

Coreia do Sul é parceira Angola e Coreia do Sul rubricaram um acordo que visa a partilha de conhecimentos e formação no âmbito tecnológico. A parceria representa um novo ciclo de cooperação entre os dois países. O ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José de Carvalho da Rocha, explicou à imprensa que o documento simboliza o arranque de um processo de parceria que se estenderá a longo prazo e que se prevê sustentável e com benefícios para as nações, que assistem a uma evolução acelerada, fruto da convergência entre informática, telecomunicações e teledifusão. “O memorando de entendimento que acabamos de assinar expressa a vontade das partes em cooperar para que as acções identificadas possam estar integradas nos planos de desenvolvimento do país e, por inerência, nos planos de redução da pobreza”, argumentou o ministro, que frisou que as estratégias devem estar orientadas para o incremento de ferramentas que todos possam utilizar e aceder para partilhar informações e conhecimentos.

nações unidas

Angola quer cumprir objectivos do milénio O Governo está a apostar no incremento das telecomunicações e tecnologias de informação para alcançar as metas de desenvolvimento nacional e cumprir os objectivos do milénio. O vice-ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Pedro Teta, anunciou em Genebra, na 13ª Sessão da Comissão da Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento das Nações Unidas, que vai analisar os progressos nas recomendações da Cimeira Mundial sobre a sociedade de informação a nível regional e internacional, nomeadamente no que respeita à sua implementação e acompanhamento durante os últimos cinco anos. “Angola tem assumido como desafio privilegiado a estruturação de um processo de desenvolvimento local com a inserção competitiva do país, numa economia globalizada e fundamentada no conhecimento e inovação, mas com responsabilidade social, pois só assim se conseguirá um desenvolvimento e crescimento sustentado”, sustentou. O responsável lembrou ainda que está a decorrer a implementação do projecto de criação do Parque Tecnológico de Angola.

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TPA no Kwanza Norte A Televisão Pública de Angola instalou no município da Banga, no Kwanza Norte, um centro emissor que contribui para que a população local tenha acesso às emissões da televisão estatal. O equipamento vai contribuir para que os dois canais da TPA estejam ao dispor dos telespectadores num raio de 40 quilómetros, beneficiando os municípios da Banga e do Bolongongo. A infra-estrutura tem 1.800 metros de altura, o que permite que o sinal seja emitido em algumas localidades próximas do Bengo. O alargamento da rede faz parte do programa de acção do Ministério da Comunicação Social, que contempla a expansão do sinal da TPA para todos os municípios do país, cobrindo todas as habitações.


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DESPORTO

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sonho real

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Espanha e Holanda disputaram a Taça do Mundo, a 11 de Julho, em Joanesburgo. A selecção ‘laranja’ voltou a chegar a uma final, após ter sido vice-campeã em 1974 e 1978. A segunda nunca ganhou qualquer título nesta competição, mas foi desde o início apontada como favorita. No duelo de titãs, os espanhóis levaram a melhor, após um jogo dramático (1-0), decidido apenas no prolongamento. Recorde com a Angola’in o percurso das melhores equipas do Mundial de Futebol, o primeiro torneio da FIFA organizado pela África do Sul.

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DESPORTO

“LA ROJA” DE OURO o campeão ‘LA ROJA’ DE OURO A final do primeiro Mundial realizado em solo africano ficou marcada pelo ‘oráculo animal’. O polvo que habita no aquário Sea Life, em Oberhausen, na Alemanha, tornou-se célebre na arte de adivinhar as equipas vencedoras dos jogos do torneio. Paul (nome do molusco) previu com sucesso todos os vencedores de cada jogo. A sua profecia cumpriu-se novamente: ‘La Roja’ ergueu a taça mais cobiçada de 2010. Espanha sagrou-se campeã após um jogo impróprio para cardíacos. A melhor equipa do mundo só foi conhecida durante o prolongamento, altura em que surgiu o único golo da partida (a três minutos do fim). O herói foi Iniesta, jogador catalão que deu o primeiro título à nação. Aliás, o estilo de jogo do clube da Catalunha saiu vitorioso, já que sete dos onze titulares da final pertencem ao Barcelona e, recorde-se, os oito golos da selecção foram todos apontados por atletas do Barça: David Villa (5), Iniesta (2) e Puyol (1). Há ainda a destacar a genialidade

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de Xavi e a qualidade do guarda-redes Casillas, que negou por duas vezes o golo ao holandês Robben. Findo o jogo, os espanhóis deram início à festa. Vicente del Bosque, seleccionador, elogiou o trabalho e esforço dos seus pupilos, afirmando que se tratava de “um dia feliz”, que se devia a todos “os que estiveram no banco e os que jogaram”. Em declarações à imprensa internacional, explicou que o título “tomou impulso em Junho de 2008”. “Foi uma boa herança que tentámos conservar. Não fizemos questão de apagar o trabalho passado, seguimos o rumo”, esclareceu. O antigo símbolo do Real Madrid felicitou ainda o adversário, lembrando que a “laranja mecânica” tornou “o nosso jogo muito difícil, manietou-nos”. Del Bosque admitiu que foi um embate “muito intenso”. “É possível que esse lance tenha mudado o jogo, pois dominámos a partir daí, com mais passe de bola e profundidade. Tivemos ocasiões muito claras de Fabregas, Sergio Ramos e David

Villa, que podiam ter sentenciado, mas o futebol é assim”, concluiu. A selecção espanhola teve um percurso relativamente simples ao longo do Mundial. Apesar de ter entrado com o ‘pé esquerdo’ ao ser derrotada pela Suíça no jogo inaugural, a equipa recuperou e venceu com facilidade as Honduras e o Chile, apurando-se para a segunda fase, onde se cruzou com os vizinhos ibéricos. Afastou Portugal por 1-0 nos oitavos e eliminou o Paraguai pela margem mínima, nos quartos-de-final. Nas semi-finais, a equipa de Vicente del Bosque teve o encontro mais difícil, ao defrontar a Alemanha, numa ‘reedição’ da final do Europeu de 2008. À semelhança do que ocorreu há dois anos, em que a Espanha se sagrou campeã europeia (e ainda detém o título), também em África, “La Roja” levou a melhor sobre a Mannschaft. Del Bosque, treinador que substituiu Luis Aragonés, manteve idêntica a estrutura e o modelo de jogo. Os escolhidos são praticamente os que


fizeram da Espanha campeã da Europa em título. Protagonista de uma fase de qualificação para o Mundial imaculada, sem derrotas, a ofensiva espanhola contou com craques como Casillas, Andrés Iniesta, David Villa, Fernando Torres e Fabregas. O vasto leque de estrelas foi responsável por atingir uma média impressionante de golos na fase de qualificação – dez vitórias, com 28 golos marcados e cinco sofridos. A “fúria espanhola” valeu a conquista do pódio na FIFA. O número 1 do ranking da federação nacional destacou-se pelo leque de soluções para cada situação de jogo, sendo das poucas equipas que tinha jogadores de luxo em campo e no banco. O país nunca tinha conseguido vencer a prova e apenas esteve no lote de semifinalistas por uma ocasião, há 60 anos, no Brasil. A equipa apenas perdeu um jogo nos últimos dois anos (nas meias-finais da Taça das Confederações frente aos Estados Unidos, em Junho de 2009). No palmarés internacional conta com dois títulos europeus (1964 e 2008).


DESPORTO

O FANTASMA DAS FINAIS SOBERANIA INDISCUTÍVEL O título mundial de futebol era o que faltava na galeria desportiva espanhola. O país tornou-se numa autêntica fábrica de talentos. O ponto de viragem foi a organização dos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona. Há um antes e um depois deste evento, que marcou o arranque de uma política de investimento na formação. Na altura, conquistaram 13 medalhas de ouro e lançaram as bases de um futuro repleto de desportistas de elite. “Houve uma mudança na mentalidade e os atletas espanhóis perceberam que, com entrega total, ganham títulos. Por isso, todas as selecções são muito competitivas”, referem os especialistas. Recorde-se que o actual campeão de futebol já jogava junto desde a adolescência. Seja no atletismo ou no ténis, as academias espanholas são as melhores da Europa, formando inclusive jovens estrangeiros. O segredo está no facto de os desportistas começarem muito cedo, ao que se juntam as

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excelentes infra-estruturas. Espanha domina na Fórmula 1 com Fernando Alonso, no ténis com Rafael Nadal (líder do ranking ATP) e na MotoGP, com Jorge Lorenzo. No andebol são presença assídua nas meias-finais das grandes competições e, em 2005, conquistaram o título mundial. O basquetebolista Paul Gasol ‘dá cartas’ na NBA ao serviço dos LA Lakers. O ciclista Alberto Contador sucede ao histórico Miguel Indurain, tendo vencido o Tour de França por duas vezes. Costuma-se dizer que ‘à terceira é de vez’, mas não foi o caso. Apesar dos protestos dos holandeses (com razão) antes da jogada que ditou o golo espanhol, que reclamavam um canto e uma falta, a “laranja mecânica” viu novamente fugir-lhe o título, à semelhança do que aconteceu na década de 70, onde não conseguiu vencer as duas finais em que participou. A final ficou marcada pela dureza física, evidenciada pelos 14 cartões amarelos, por

uma expulsão aos 109 minutos e por 47 faltas assinaladas pelo árbitro inglês Howard Webb. O guarda-redes Stekelenburg mostrou-se ao mesmo nível do espanhol Casillas e foi uma das figuras da noite graças a uma série de defesas notáveis que mantiveram o marcador a zeros e obrigou ao prolongamento. Robben esteve muito perto de concretizar o sonho dos holandeses, mas foi incapaz de aproveitar duas grandes oportunidades criadas por Sneijder. No final da partida, o técnico holandês, Bert van Marwijk, mostrou-se decepcionado, admitindo à imprensa que “é muito duro” perder a final do Mundial, pois acredita que teriam “chegado à decisão por pénaltis mesmo com dez homens em campo”. “É verdade que a Espanha teve mais hipóteses, mas Arjen Robben teve duas oportunidades claras para marcar. Aí seríamos os campeões mundiais”, contou. Já o capitão da selecção, van Bronckhorst, descreveu o sabor amargo


“Foram a primeira selecção europeia a carimbar o passaporte para a África do Sul, ao vencer os oito jogos de apuramento, marcando 17 golos e sofrendo apenas dois”

da derrota como “uma decepção enorme”, admitindo que deram “muito espaço” no meio campo. Contudo, frisou que tem “muito orgulho na sua equipa”. “Mas numa final é claro que o objectivo é a vitória”, rematou. A opinião foi partilhada pelo avançado Dirk Kuyt que não escondeu a frustração. “Estávamos tão próximo de conquistar o título”, refere, explicando que “as oportunidades que surgiram deveriam ter sido aproveitadas”. Vice-campeã

mundial em 1974 e 1978 com o grupo de atletas que deu origem à designação de “laranja mecânica”, a equipa liderada por Bert van Marwijk rejubilou com o alcance da terceira final do seu historial de participações nos Mundiais da FIFA. A selecção apenas tem no seu palmarés o título de campeã europeia em 1988 e, por isso, chegou a sonhar que voltaria a erguer um troféu. Os holandeses saem desta competição com uma marca única: foram os únicos que não perderam pontos na qualificação para o maior evento de futebol. Foram ainda a primeira selecção europeia a carimbar o passaporte para a África do Sul, ao vencer os oito jogos de apuramento, marcando 17 golos e sofrendo apenas dois. Tal contribuiu para que fosse encarada desde o início como um poderoso adversário a temer e um sério candidato à vitória. O regresso da “laranja mecânica” ficou marcado pela apresentação de um grupo coeso e experiente, composto por alguns dos melhores jogadores do mundo, onde se destacaram figuras como Wesley Sneijder, Van der Vaart, Van Persie, Arjen Robben ou Ryan Babel. O principal objectivo desta formação foi alcançado com sucesso e superou todas

as expectativas. Conseguiram melhorar a sua prestação de 2006, em que foi derrubada pela selecção portuguesa nos oitavos-de-final do Mundial da Alemanha. Tal deveu-se provavelmente à mudança de todo o comando técnico. Após o afastamento precoce no Euro de 2008, Marco van Basten deu o lugar a Bert van Marwijk, que conseguiu levar a sua equipa até à final de África do Sul, derrubando equipas como a Dinamarca, o Japão e os Camarões. Na primeira fase sofreu apenas um golo. Pelo caminho ainda eliminou a Eslováquia (2-1) e o Brasil (2-1). Na semi-final afastou da corrida o Uruguai, num jogo bastante exigente e disputado, mas que lhe abriu as portas para a final de Joanesburgo ao vencer a selecção sul-americana por 2-3. Para os resultados contribuiu o ataque de peso desta equipa, composto por Klaas-Jan Huntelaar e Dirk Kuyt. A ausência mais notada foi a de Ruud van Nistelrooy, o goleador veterano, que trocou o Real Madrid por Hamburgo, em Janeiro, e que falhou toda a fase de qualificação, pelo que nem sequer entrou na pré-convocatória do seleccionador. Van der Saar também abandonou a selecção, que neste momento não tem um líder nato. No entanto, os talentos mais experientes têm assumido o comando da “laranja mecânica” e não correu mal: afinal a equipa conseguiu alcançar a final sem nunca ter perdido um jogo.

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DESPORTO

VICENTE DEL BOSQUE VS BERT VAN MARWIJK A sorte ditou que a ‘fiesta’ se fizesse em Espanha. As duas melhores equipas do mundo, que sucedem a Itália e França, têm um ponto em comum: nunca venceram um Mundial de Futebol. ‘La Roja’ entrou na história do desporto e a ‘Mecânica Laranja’ voltou a ver o título a escapar a poucos minutos do final do prolongamento. A Angola’in conta-lhe o que aproxima e diferencia as duas selecções. vicente del bosque

bert van marwijk

Inevitavelmente associado ao Real Madrid, Vicente del Bosque, 59 anos, jogou durante onze anos nos merengues e treinou a equipa por seis épocas. Enquanto técnico conquistou dois campeonatos espanhóis, duas Ligas dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental. Está a orientar a selecção espanhola desde 2008, após uma experiência pouco positiva no futebol turco.

O técnico de 58 anos foi antigo jogador do AZ Alkmaar e MVV Maastricht. Iniciou a carreira de treinador no FC Herderen, em 1990. Antes de ser seleccionador da Holanda, treinou o Feyenoord, onde atingiu o principal marco da sua carreira, ao vencer a Taça UEFA em 2002. Entre 2004 e 2007 orientou o Borussia Dortmund, assumindo o comando técnico da “laranja mecânica” em 2008, após o Euro.

selecção nacional de espanha

selecção nacional da holanda

ANO DE FUNDAÇÃO 1909

MELHORES MARCADORES

ANO DE FUNDAÇÃO 1889

MELHORES MARCADORES

MELHOR MUNDIAL

David Villa: 5 golos Andres Iniesta: 2 golos Carles Puyol: 1 golo

MELHOR MUNDIAL

Wesley Sneijder: 5 golos Arjen Robben: 2 golos Dirk Kuyt: 1 golo

4º lugar em 1950 [Mundial decidido num quadrangular final]

Finalista em 1974 e 1978

JOGADORES HISTÓRICOS

JOGADORES HISTÓRICOS

Santillana Zamora Fernando Hierro Emilio Butragueño

Johan Cruijff Marco van Basten Ruud Gullit Frank Rijkaard

QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDIAL

Espanha Espanha Estónia Bélgica Espanha Turquia Espanha Espanha Arménia Bósnia

1-0 4-0 0-3 1-2 1-0 1-2 5-0 3-0 1-2 2-5

Bósnia Arménia Espanha Espanha Turquia Espanha Bélgica Estónia Espanha Espanha

[C] [F] [F] [C] [F] [C] [C] [F] [F]

MUNDIAL ÁFRICA DO SUL

Espanha Espanha Chile Espanha Paraguai Alemanha

0-1 2-0 1-2 1-0 0-1 0-1

Suíça Honduras Espanha Portugal Espanha Espanha

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QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDIAL

[C]

[16 JUN] [21 JUN] [25 JUN] [29 JUN] [3 JUL] [7 JUL]

a figura XAVI HERNÁNDEZ O médio de 30 anos foi considerado o melhor jogador do último Campeonato da Europa. Xavi é considerado por muitos como o cérebro da selecção nacional e do Barcelona de Guardiola. Aliás, este jogador mantém-se fiel ao clube onde começou a carreira, com apenas 11 anos nos escalões de base. É por isso um dos ‘meninos de ouro’ da ‘cantera’ dos catalães. Conta com 83 internacionalizações e oito golos.

Macedónia Holanda Noruega Holanda Holanda Islândia Holanda Macedónia

1-2 2-0 0-1 3-0 4-0 1-2 2-0 0-1

Holanda Islândia Holanda Escócia Macedónia Holanda Noruega Holanda

[F] [C] [F] [C] [C] [F] [C] [F]

MUNDIAL ÁFRICA DO SUL

Holanda Holanda Camarões Holanda Holanda Uruguai

2-0 1-0 1-2 2-1 2-1 2-3

Dinamarca [14 JUN] Japão [19 JUN] Holanda [24 JUN] Eslováquia [28 JUN] Brasil [2 JUL] Holanda [6 JUL]

a figura ARJEN ROBBEN Tem 26 anos e tem no Mundial da África do Sul a oportunidade para continuar o bom desempenho que o protagonizou nesta época ao serviço do Bayern de Munique [clube para onde se transferiu do Real Madrid no Verão de 2009]. O extremo-esquerdo, que iniciou a carreira no Groningen, passou pelo PSV, quando tinha apenas 18 anos. Este foi o seu segundo Mundial. Conta com 45 internacionalizações e 13 golos.


TROFÉUS AFRICANOS Um mês depois terminou o primeiro Campeonato do Mundo organizado por uma nação africana. Consagrada a supremacia da selecção de Espanha, chegou a hora da FIFA escolher aqueles que se destacaram ao longo dos 64 jogos. Conheça os eleitos e quem levou o principal troféu para casa: a Bola de Ouro, atribuída ao melhor atleta da competição.

DIEGO FORLAN, BOLA DE OURO Forlan bateu os rivais Sneijder e David Villa (respectivamente Bola de Prata e de Bronze) ao reunir o consenso dos jornalistas credenciados pela prova. Com 23,4 por cento dos votos, tornou-se no melhor futebolista do torneio. “Isso é fruto da campanha espectacular que a equipa realizou”, disse o atleta do Uruguai, em declarações à FIFA.com, após conhecer os resultados. O Mundial da África do Sul representa a consagração do atacante do Atlético de Madrid, que conta já com 69 jogos e 29 golos ao serviço da selecção uruguaia. É um dos líderes do grupo treinado por Oscar Tabárez e é conhecido pela sua técnica apurada e precisão nas finalizações. Até aos 14 anos praticou ténis. Entretanto, a paixão pela bola fê-lo optar pelo futebol, tendo no seu currículo passagens por grandes clubes como o Villarreal CF (Espanha) e o Manchester United (Inglaterra).

THOMAS MÜLLER, BOTA DE OURO E MELHOR JOGADOR JOVEM O jovem alemão de 20 anos foi o grande vencedor da prova. O atacante do Bayern de Munique brilhou neste Mundial e os cinco golos marcados ao serviço da selecção da Alemanha valeram-lhe o troféu de ‘Melhor jogador jovem’ e Bota de Ouro como melhor marcador. Apesar de ter apontado tantos golos (5) quanto David Villa, Wesley Sneijder e Diego Forlan, destacou-se dos adversários pelas três assistências para golo. A grande promessa do futebol germânico carrega o peso do nome. Filho de Gerd Müller, o maior artilheiro da história da Alemanha, começou a jogar no maior clube de Munique nas selecções juvenis e rapidamente ascendeu à titularidade da equipa principal. Foi chamado pela primeira vez à Mannschaft em Março de 2010 e demonstra agora as razões que levaram à sua presença neste Mundial. David Villa recebeu a Bota de Prata e Sneijder ficou com a Bota de Bronze.

INIESTA, ÚLTIMO MELHOR EM CAMPO O homem que deu o título a Espanha foi eleito pela FIFA como o melhor em campo durante o jogo da final. O médio do Barcelona foi captado pelo clube catalão quando tinha apenas 12 anos. O menino-prodígio brilhou nos escalões jovens do clube e da selecção espanhola, com a qual foi campeão europeu de Sub-16 e Sub-19 e chegou à final do Mundial de Sub-20 de 2003, competição onde foi premiado pela FIFA como o melhor da sua posição. Actualmente, com 26 anos, Iniesta é um dos experientes atletas do Barça (estreouse na I Divisão aos 18 anos), cuja técnica revela a sua inteligência para desenhar o jogo. Ao serviço de ‘La Roja’, participou no Euro 2008, onde se sagraram campeões.

IKER CASILLAS, LUVA DE OURO O guardião da baliza espanhola tem motivos para sorrir. Casillas sucedeu ao italiano Buffon e juntou ao título mundial a distinção de melhor guardaredes. O atleta do Real Madrid conseguiu ultrapassar o mau arranque na estreia frente à Suíça, superando as críticas e a forte pressão a que foi submetido. As actuações brilhantes e o facto de ter sofrido apenas dois golos ditaram a sua consagração neste campeonato. A distinção vem confirmar um talento ágil, dotado de reflexos impressionantes e sangue-frio, que já tinha brilhado nas duas últimas edições do Mundial e nos três Europeus (2000, 2004 e 2008).

ESPANHA, PRÉMIO FIFA FAIR PLAY A ‘Fúria espanhola’ voltou a “bisar” e ganhou novamente o troféu “Fair Play”, atribuído pela FIFA à equipa que apresenta o melhor comportamento durante toda a competição. Em 2006, no Mundial da Alemanha, ‘La Roja’ partilhou a taça com o Brasil. Nesta edição, obteve 889 pontos no julgamento do ‘jogo limpo’ e conquistou mais uma medalha para a sua lapela. Em segundo lugar ficou a Coreia do Sul, com 881 pontos, que recebeu apenas dois cartões amarelos, mas apenas jogou três partidas e, em terceiro, surge a Argentina com 870. Recorde-se que a FIFA atribui pontuações à equipa que esteve melhor em cada jogo. Assim, a que reunir mais votos é a vencedora. Neste caso, a Espanha foi soberana com apenas oito cartões amarelos ao longo de sete encontros, sendo que cinco deles foram atribuídos na final. Recorde-se que na primeira fase, a equipa de Vicente del Bosque não sofreu qualquer sanção dos árbitros.

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DESPORTO

PALCO DE SURPRESAS E DESILUSÕES As grandes equipas da Europa prometiam emocionantes disputas pelo título. As expectativas à volta da luta acesa entre Ronaldo e Messi pelo lugar de melhor jogador do mundo eram altas. Porém, nem tudo correu como esperado neste Mundial. As selecções ‘poderosas’ foram afastadas prematuramente, pequenas equipas e jogadores quase desconhecidos surpreenderam e coube ao argentino Forlán levar a Bola de Ouro.

QUEDA DE GIGANTES A antiga campeã do mundo, a Itália, entrou para os inéditos da FIFA ao ser eliminada logo na fase de grupos. Nenhuma selecção campeã teve um resultado tão desastroso no campeonato seguinte. Tal valeu-lhe uma queda de seis posições no ranking da federação internacional (agora é a 11ª). A França desceu 12 lugares na referida lista, ocupando actualmente um modesto 21º posto. À semelhança dos italianos, a vice-campeã da edição de 2006 e vencedora de 1998 não conseguiu passar a fase inicial. A participação na África do Sul ficou manchada pelas sanções disciplinares e por comportamentos pouco desejáveis dos jogadores. Recorde-se que a polémica já tinha estalado ainda na fase de apuramento, quando a equipa empatou no playoff com a Irlanda, num golo que teve a ‘mão’ de Thierry Henry, aos 104 minutos. O Brasil prometia, mas acabou por não alcançar as meias-finais. Os holandeses começaram o jogo a perder, mas rapidamente deram a volta ao resultado e conseguiram dominar os ‘canarinhas’. Filipe Melo foi expulso por agressão a Robben e o técnico Dunga acabou por demitir-se. Inglaterra, também apontada como candidata ao título, fez uma campanha pobre. Afastada pela Alemanha nos oitavos com uma derrota pesada e embaraçosa (4-1), a equipa esteve longe das grandes exibições.

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ASTROS NÃO BRILHARAM

PORTUGAL AQUÉM, GANA DE SONHO

Ronaldo, Kaká e Messi eram apontados como estrelas, esperando-se que este Mundial fosse o ano da consagração dos avançados que mais camisolas vendem. África do Sul adivinhava-se como palco para exibição dos seus talentos. As altas expectativas saíram goradas. Actuações apagadas e parcas em golos são o balanço dos atletas ao serviço das respectivas selecções. Rooney, avançado inglês mortífero da Premiership, esteve longe da performance habitual. Ele, Torres e Kaká recuperaram de lesões que podem ter influenciado os respectivos desempenhos. O CR9, o mais caro de sempre da história do futebol, foi uma das maiores desilusões do Mundial. O número 7 de Portugal disse que queria explodir, mas as exibições ficaram aquém do esperado. A frase “falem com o Queiroz”, após terem sido eliminados pela Espanha, mereceu-lhe várias críticas, especialmente por ser capitão de equipa. Yoann Gourcuff, uma das revelações francesas e que se apresentava como a grande promessa de 2010, acabou por ser expulso no jogo inaugural contra a África do Sul. O avançado Anelka nem chegou a participar no torneio. O atleta do Chelsea abandonou prematuramente o centro de estágios após ter insultado o seleccionador Domenech e ter-se

Uruguai e Gana foram as selecções ‘surpresa’ do Mundial de África do Sul. A primeira, após de ter sido campeã do mundo em 1930 e 1950, pautou-se sempre por exibições discretas. Este ano, voltaram às meias-finais e discutiram o terceiro lugar com os alemães. Apesar de terem perdido, conseguiram ainda marcar dois golos à Mannschaft. O Gana alcançou um feito inédito e fez sonhar quem acreditava numa final disputada por uma equipa de África. Estiveram a um passo das meias-finais. No embate com o Uruguai, Gyan (revelação desta edição) teve nos pés o golo da vitória, atirando à trave no último minuto do prolongamento. Os Bafana Bafana acabariam por ser eliminados nas grandes penalidades. Portugal entrou no Mundial como terceiro classificado no ranking da FIFA. Ficou no mesmo lote do Brasil, no chamado ‘grupo da morte’. Mas, as expectativas em torno da selecção das “quinas” eram elevadas. Depois de um apuramento complicado, o leque de talentos fazia antever um bom resultado e era uma das favoritas para a final. Contudo, foi eliminada nos oitavos pelos vizinhos espanhóis. O seleccionador, Carlos Queiroz, frisou que cumpriram o objectivo mínimo. Certo é que a federação internacional não perdoou o desaire e a equipa caiu para o oitavo lugar do ranking, não lhe valendo sequer a goleada histórica à Coreia do Norte, por 7-0.

recusado a pedir desculpas. Foi punido com a expulsão do grupo. O avançado brasileiro Kaká e o argentino Lionel Messi também deixaram escapar a oportunidade de conquistarem títulos ao serviço da selecção. O menino-prodígio do Barça, “terror” da liga espanhola, arrancou com o pé direito, mas acabou por passar despercebido. “Pulga” não marcou, apesar de ter sido primordial em muitos passes para golo.

REVELAÇÕES Especialistas e imprensa desportiva são unânimes: o Mundial foi a prova dos médios. Apesar de se ter assistido a exibições inesquecíveis e surpreendentes de avançados como o argentino Forlán, o uruguaio Suárez, o espanhol Villa ou alemão Klose (que atingiram o nível máximo), foram os jogadores do meio-campo que se destacaram. Müller, que foi contemplado com a Bota de Ouro, confirmou que tem muito para dar às cores da sua selecção. Sneijder, médio da Holanda, sai vitorioso da prova, pois é um dos responsáveis pela chegada da ‘laranja mecânica’ à final. Sérgio Ramos foi eleito pelos adeptos da FIFA como o melhor jogador. O número 15 de Espanha brilhou pela eficiência e capacidade em aniquilar as investidas dos avançados das equipas adversárias. Fábio Coentrão, da selecção lusa, mereceu muitos elogios, fruto das actuações acima da média. O estreante ao serviço das “quinas” revelou uma grande maturidade e garra. O internacional do Benfica conseguiu superar a sua inexperiência nestes campeonatos. As boas prestações incluíram-no na equipa ideal do jornal francês L’Equipe e despertaram a cobiça dos gigantes europeus.

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DESPORTO

‘Reis’ da bola O Mundial de 2010 será certamente recordado como o ano de Espanha, de Diego Forlán e de uma série de situações imprevistas. Neste especial, recorde os momentos de um evento onde não faltaram vuvuzelas, promessas insólitas, beijos de Maradona aos atletas e animais ‘videntes’. Reviva o melhor do torneio através do cronograma dos principais acontecimentos.

insólitas, desde mandar Pelé para um museu a beijar todos os jogadores. Apesar da promessa, as suas fragilidades enquanto treinador ficaram à vista na eliminatória com a Alemanha. O Paraguai ficou mais famoso fora de campo, graças a uma adepta paraguaia que se transformou na “namorada do Mundial”. Larissa Riquelme, que exibia o telemóvel no decote, prometeu despir-se caso o seu país ganhasse à Espanha. Tal não aconteceu, mas a modelo tirou na mesma a roupa para uma produção com a bandeira nacional.

10 julho POLVO PAUL CERTEIRO 11 junho GLÓRIA E TRAGÉDIA O estádio de Soccer City recebeu a abertura do evento mais aguardado. Africanos, europeus, asiáticos e americanos uniram-se para assistir ao arranque do Campeonato do Mundo de Futebol, em que a cultura local esteve em evidência, bem como as iniciativas associadas ao combate ao racismo. A África do Sul e o México empataram no jogo inaugural, que teve a particularidade de juntar vários chefes de Estado mundiais. A maior ausência foi a do emblemático ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela, devido à inesperada morte da uma neta. O cantor R. Kelly foi a figura de destaque da cerimónia, cantando o hino “Sign of victory”. O norte-americano substituiu o tenor Siphiwo Ntshebe, o escolhido por Mandela para actuar na cerimónia de arranque, com o tema ‘Hope’ (Esperança). A colombiana Shakira também abrilhantou o concerto que antecedeu o início do torneio. “Waka Waka” (This Time for África) foi a música oficial do evento.

24 junho DESAIRE ITALIANO E FRANCÊS Itália e França foram as surpresas deste Mundial. Os antigos campeão e vice-campeão (respectivamente) de 2006 saíram humilhados da competição após serem eliminadas logo na primeira fase de grupos. É um dos inéditos de África do Sul. Nunca dois finalistas de um Mundial tinham sido arrasados logo na primeira fase da edição seguinte. No caso francês, três jogos, um empate, duas derrotas, um golo marcado, um jogador (Anelka) expulso pela Federação por insultar o seleccionador (Raymond Domenech) e greve aos treinos marcam o balanço da sua participação. O embaraço foi de tal ordem que até Thierry Henry teve de se explicar ao presidente Sarkozy. “Vergonha” e “naufrágio” foram os termos usados pela im-

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prensa italiana para resumir os dois empates e a derrota frente à Eslováquia, resultados que ditaram a eliminação da selecção, que ficou em último lugar no grupo.

27 junho NOVAS TECNOLOGIAS A discussão em torno das novas tecnologias no futebol voltou a estar na agenda. Em causa, estiveram um golo por validar à Inglaterra (jogo contra a Alemanha) e a vantagem da Argentina frente ao México graças a um golo marcado num evidente fora-de-jogo. A FIFA já admitiu que na edição de 2014 a arbitragem vai mudar, estando em estudo a colocação de mais dois assistentes em campo.

2 de julho BRASIL ELIMINADO À semelhança do que ocorreu em 2006, a selecção ‘canarinha’ voltou a ficar pelos quartosde-final. Dunga, que entretanto deixou de ser seleccionador, foi sempre considerado pelos brasileiros como polémico. Foi contestado pela escolha de Felipe Melo (um jogador que se descontrola com facilidade e terminou o Mundial expulso) e pelos insultos aos jornalistas em conferências de imprensa. Já o Gana foi a surpresa do evento. A equipa carregou a esperança de todos os africanos, que chegaram a acreditar na primeira presença numa meiafinal. Após um jogo a zero, com direito a prolongamento, o Uruguai venceu nos penáltis e acabou com o sonho africano.

3 julho ADEUS MARADONA Argentina e Paraguai não conseguiram alcançar as desejadas semi-finais. Maradona foi escolhido para levar a Argentina à final, mas apenas conseguiu ser recordado por situações

O molusco do aquário Sea Life, na Alemanha, tornou-se na mascote deste evento. O animal, considerado dotado de poderes premonitórios, adivinhou todos os resultados dos sete jogos da Alemanha e previu o título espanhol. O polvo Paul teve inclusive direito a directos nas televisões internacionais. Antes de os alemães conquistarem o terceiro lugar frente ao Uruguai, já o animal tinha ditado a classificação da selecção do seu país. Apesar das dificuldades encontradas no jogo com os uruguaios, a profecia cumpriu-se.

11 julho FÚRIA FAZ A ‘FIESTA’ A Holanda voltou a perder o título pela terceira vez. Espanha conquistou o troféu que faltava para a história do desporto nacional e Iniesta foi o ‘rei’ da noite. O médio espanhol dedicou o golo a Daniel Jarque, o atleta de 26 anos que morreu no ano passado de ataque cardíaco. “Dani Jarque siempre con nosotros”, lia-se na camisola-interior que Iniesta mostrou ao mundo em lágrimas. Também António Puerta, jogador do Sevilha, que faleceu em 2007, devido a uma paragem cardiorrespiratória, foi homenageado pela ‘La Roja’. A equipa foi recebida em Espanha por um banho de multidão e pela família real. A Federação Portuguesa de Futebol aproveitou a ocasião para felicitar os vizinhos e reiterar que espera que a taça ajude na candidatura ibérica para o Mundial de 2018/2022. O encerramento da prova ficou marcado não só pela alegria de Casillas ao erguer a taça, mas também pela aparição relâmpago de Mandela, que esteve no relvado apenas alguns minutos. Tempo suficiente para ser acarinhado pelos quase 90 000 eufóricos nas bancadas. A cerimónia foi iluminada pelas cores e actuações de músicos africanos, acompanhados por bailarinos, imagens projectadas numa tela gigante e pela presença de Shakira.


MISSÃO CUMPRIDA A FIFA faz o balanço de mais uma edição do Campeonato do Mundo. Terminados os festejos e a distribuição dos galardões, a federação internacional apresenta as estatísticas que fazem deste evento uma marca a considerar pelos próximos responsáveis da prova. Enquanto espera pelo torneio de 2014, que decorrerá pela primeira vez no Brasil, a Angola’in apresenta em exclusivo os números que desmistificam uma competição, que ficou assinalada pelo sucesso da organização africana e por uma série de acontecimentos atípicos.

OS JOGADORES

OS NÚMEROS Suíça estabeleceu o novo recorde do Mundial ao alcançar 559 minutos sem sofrer golos (superou a marca anterior da Itália, com 550 minutos). Xavi fez 669 tentativas de passe (104 a mais que Schweinsteiger, que ficou em segundo lugar) e 42 cruzamentos de bola, ficando apenas atrás de Forlán (com 50). 18.449 voluntários garantiram o sucesso da prova. O elemento mais velho da equipa tinha 80 anos. 261 faltas e 17 cartões vermelhos foram assinalados neste campeonato, verificando uma redução em relação ao evento de 2006, na Alemanha (346 faltas e 26 expulsões). 145 golos marcados na edição da África do Sul. Este foi o menor número registado desde que o Mundial passou a ter 64 jogos (há 12 anos). 117 minutos foi o tempo que Iniesta levou para marcar o golo da vitória frente à Holanda. Foi a final mais longa de sempre para decidir o vencedor do troféu. O maior número de golos foi apontado por atletas do Bayern de Munique (12). O clube da Baviera tornou-se no melhor representante da capacidade atacante da prova. Espanha foi a primeira equipa europeia a ganhar a taça fora do próprio continente.

Seis selecções europeias chegaram aos oitavos do Mundial e apenas três alcançaram os quartos-de-final, fazendo a pior média do Velho Continente nestas provas. Oito países possuem no mínimo um título do Mundial de Futebol da FIFA. 3,18 milhões de adeptos acompanharam nos estádios os 64 jogos, ficando perto de bater o recorde do Mundial de 1994, nos Estados Unidos (3,59 milhões de pessoas). Dois minutos e 39 segundos foi o tempo necessário para ser marcado o golo mais rápido da competição. A marca coube a Müller no jogo contra a Argentina, onde a Alemanha ganhou por quatro bolas a zero.

O jogador do Gana, Gyan, foi o atleta com maior número de remates à baliza. Com um total de 33 chutes, o ícone da selecção africana superou adversários como David Villa (32), Diego Forlán (32) e Lionel Messi (30). Müller ganhou a bota de Ouro Adidas. Porém, não suplantou outros jogadores em número de golos. O jovem talento alemão empatou com Villa, Sneijder e Forlán. No desempate, o avançado da Mannschaft superou devido às assistências para golo: três. O golo de Iniesta surgiu já no prolongamento da final do Mundial da África do Sul. Tal não se repetia há 32 anos, altura em que o argentino Daniel Bertoni marcou para lá dos 100 minutos.

melhores defesas

melhores jogadores (mais golos)

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DESPORTO O camaronês Rigobert Song foi o primeiro africano a participar em quatro edições do Mundial da FIFA. Casillas é o primeiro guarda-redes a defender dois penáltis em edições distintas da competição. Klose (14 golos) igualou Gerd Müller na lista de melhores marcadores, ficando apenas a um golo de Ronaldo (BRA), que lidera a tabela. Keisuke Honda, do Japão, está no topo da lista de jogadores com mais infracções cometidas na competição, com 19 faltas assinaladas. Jerry, Jhony e Wilson Palacios, jogadores das Honduras, entraram na história, pelo facto de se tornarem nos primeiros irmãos a serem incluídos no mesmo plantel. Kaká, Müller, Schweinsteiger, Kuyt e Özil são os ‘criativos’ mais eficazes do Mundial, com três assistências cada um.

confira todos os resultados do primeiro mundial desta década

oitavos-de-final quartos-de-final

mais golos

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FINAL

meia-final

quartos-de-final oitavos-de-final

2-1 (1-0)

3-1 (2-0) 1-1 (1-1 ; 0-1) 4-2

0-4 (0-1) 4-1 (2-1)

1-2 (1-0 ; 0-1) 2-3 (1-1)

0-1

0-1 (0-0) 0-0 (5-3)

2-1 (1-0) 2-1 (0-1)

0-1 (0-0)

3-0 (2-0)

AS EQUIPAS Cinco selecções europeias já ergueram o troféu da FIFA. Curiosamente, todas conquistaram o título mundial sempre que chegaram pela primeira vez a uma final. Foram elas a Itália, Alemanha, Inglaterra, França e Espanha. Alemanha liderou a tabela de golos. Os germânicos foram a equipa que mais marcou neste torneio, com 16 remates certeiros. Segue-se a vice-campeã Holanda, com 12, o Uruguai, com 11 e a Argentina, com 10. Curiosamente, Espanha não aparece nos cinco primeiros. Holanda é a equipa com mais faltas cometidas (126). Espanha é líder em remates. ‘La Roja’ chutou à baliza 121 vezes. Uruguai foi a selecção com maior pontaria, isto é, esteve perto do golo 46 vezes. Além do mais, a edição de 2010 marcou o seu regresso às meias-finais, algo que não acontecia desde 1970. Foi a equipa revelação da prova. A África do Sul, apesar de vencer pela primeira vez uma equipa europeia (França), tornou-se no único país-sede do evento que não superou a primeira fase. Itália abandonou o torneio sem uma única vitória, após ter sido campeã na edição anterior. Com dois empates e uma derrota, a selecção nunca tinha alcançado tal resultado, pelo que o último lugar no grupo foi a pior marca da sua

meia-final

1-0 (0-0) 2-3 (1-1)

oitavos-de-final quartos-de-final

meia-final

história de futebol. O Paraguai chegou aos quartos-de-final do campeonato do Mundo pela primeira vez. Aliás, esta fase reuniu mais sul-africanos do que europeus (quatro contra três), algo inédito na história do campeonato. Honduras e Argélia foram as únicas selecções que não marcaram um único golo na prova. Em 270 minutos de futebol, os argelinos apenas conseguiram um remate à trave.

meia-final

quartos-de-final oitavos-de-final

amarelos e nenhum cartão vermelho. O balanço da Holanda é ligeiramente inferior: 13 remates, 5 golos, 28 faltas cometidas, 6 pontapés de canto, 7 cartões amarelos e nenhuma expulsão. 57 por cento é a média de posse de bola de ‘La Roja’. 43 por cento é a média de posse de bola da ‘laranja mecânica’.

A FINAL Nenhuma equipa vencedora do Mundial de 2010 perdeu na estreia. Espanha reescreveu a história, sendo a primeira selecção que, apesar da derrota com a Suíça (1-0) no jogo inaugural, levou o troféu para casa. A campeã do mundo, em comparação com a rival “laranja mecânica”, teve um percurso mais favorável ao longo da competição. Espanha sai desta edição com 18 remates, seis golos, 19 faltas cometidas, 8 pontapés de canto, 5 cartões

estatística holanda - espanha (final)

mais remates

mais faltas cometidas


Conhecidos os jogadores escolhidos pela FIFA para formar a selecção ideal deste Mundial, a Angola’in responde ao desafio lançado pelos leitores e apresenta os seus eleitos!

equipa ideal da angola’in esquema 4x4x2 01 eduardo (por) 02 maicon (bra) 03 bruno alves (por) 04 pique (esp) 05 fábio coentrão (por) 06 iniesta (esp) 07 tomas müller (ale) 08 xavi (esp) 09 gyan (gha) 10 sneijder (hol) 11 diego forlán (uru)

equipa ideal da fifa esquema 4x4x2 01 iker caillas (esp) 02 maicon (bra) 03 philipp lahm (ale) 04 sérgio ramos (esp) 05 puyol (esp) 06 iniesta (esp) 07 schweinsteiger (ale) 08 xavi (esp) 09 diego forlán (uru) 10 sneijder (hol) 11 david villa (esp)

mais faltas cometidas num jogo

mais golos por jogo

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DESPORTO FOTOREPORTAGEM

lion park, joanesburgo

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paulo pinto


croc city, joanesburgo lion park, joanesburgo

croc city, joanesburgo

lion park, joanesburgo DESPORTO · ANGOLA’IN

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DESPORTO FOTOREPORTAGEM casa nelson mandela

hector pieterson memorial

vendedores, soweto

casa nelson mandela

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festa no soweto

chaf pozi

casa nelson mandela

casa nelson mandela DESPORTO · ANGOLA’IN

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DESPORTO FOTOREPORTAGEM

pormenor do soccer city

cidade de joanesburgo argentina vs coreia do sul, soccer city

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soccer city adeptos da argélia

panorâmica da cidade de joanesburgo DESPORTO · ANGOLA’IN

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DESPORTO

| patrícia alves tavares

DESPORTO ADAPTADO

Africanos reconhecem êxito nacional

O desporto adaptado nacional surgiu pela primeira vez em 1993 e desde então sofreu um crescimento galopante, que tem como auge o ano em que Sayovo conquistou três medalhas de ouro em Atenas, em atletismo. O Governo adoptou medidas que contribuíram para o florescer das modalidades olímpicas e o seu sucesso valeu a Angola a nomeação para a presidência da Confederação Africana de Desportos para Deficientes (Ascod).

çalves Muandumba, lembrou que José Eduardo dos Santos tem orientado a disponibilização dos apoios indispensáveis e incentivado a promoção da actividade desportiva adaptada. Por outro lado, o ministério reitera o apoio à Confederação continental, admitindo um acréscimo das responsabilidades com a transferência da sede para Angola.

A nomeação para a Ascod é o reconhecimento do desempenho do país no que toca ao desenvolvimento dos desportos adaptados ao nível continental e do seu papel na massificação e expansão da modalidade para competições internacionais. A oficialização da língua portuguesa na confederação foi a primeira iniciativa da nova presidência. Leonel Pinto, presidente da Ascod, lidera ainda o Comité Paraolímpico Angolano (CPA). O dirigente anunciou, aquando a tomada de posse (em Maio), que tem como prioridades para os quatro anos de mandato a implementação de acções formativas e o incentivo ao apoio dos Comités Nacionais Paraolímpicos. Está em estudo a disponibilização de ajuda financeira a jovens talentos e a consolidação da Ascod den-

ESCALÕES JOVENS

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tro e fora de África. Leonel Pinto reconhece que apesar da maioria dos governos africanos serem os principais patrocinadores deste desporto – reconhecendo a sua importância na reabilitação e inserção do deficiente na sociedade -, o actual desenvolvimento das modalidades justifica um acréscimo de meios. O responsável argumenta que se os Estados atribuíssem 40 por cento das verbas destinadas ao futebol ao desporto adaptado, este estaria num patamar superior. A nível nacional, o desenvolvimento desta vertente é aposta ganha. O empenho do Presidente da República e da Primeira-Dama, através do Fundo Lwini, é um acto louvado por dirigentes e praticantes. Durante a tomada de posse da Ascod, o ministro da Juventude e Desportos, Gon-

A paz tem contribuído para a massificação do desporto, nomeadamente entre os mais novos. É o caso do projecto “Criança” que está a ser implementado com bastante sucesso, desde 2008. O presidente do CPA destaca a estabilidade política como responsável pelo crescimento do maior de programa de expansão da modalidade adaptada, que actualmente abrange 250 crianças. O plano visa a massificação da actividade paraolímpica que, numa primeira fase, abrange o atletismo, natação, basquetebol em cadeira de rodas e futebol com muletas. O projecto “Criança” está em curso em praticamente todas as províncias. O responsável da CPA recordou que o fim do conflito contribuiu para a or-


ganização de competições locais em áreas até então inacessíveis e para a formação de técnicos e equipas médicas especializadas. O Fundo Lwini é responsável pela introdução do voleibol sentado nas camadas jovens, contando com o apoio do Comité Paraolímpico Angolano. Este reuniu recentemente em Luanda 186 crianças de dezasseis províncias que apresentaram as novas modalidades nacionais, onde se destacam o bóccia e goal ball, actividades que mostram as capacidades de atletas com deficiência visual e paralisia cerebral.

BIÉ É EXEMPLO A província angolana foi uma das mais afectadas pelo período da guerra, apresentando um elevado número de portadores de deficiência física. Porém, o Bié é o modelo do sucesso na adversidade. A região é a segunda força do atletismo adaptado, com êxitos em provas nacionais e internacionais e quer tornar-se no principal núcleo. Óscar Fausto, coordenador da área técnica da Associação Provincial dos Desportos Adaptados, anunciou que a organização está a trabalhar para a massificação da actividade nos nove municípios da província, apostando em todas as classes (visual, motora e auditiva) e simultaneamente em masculinos e femininos. “O Bié é a segunda força da modalidade no país. A nossa província e a de Luanda são as que fornecem mais atletas à Selecção Nacional. Nas competições nacionais, os atletas bienos têm arrebatado vários títulos”, assumiu, frisando que o número de praticantes tem vindo a crescer em todas as especialidades. No entanto, Óscar Fausto adverte para uma falha que advém do crescimento da modalidade. O material desportivo começa a escassear, pelo que o actual treinador da Selecção Provincial de Atletismo deixa o apelo para que a sociedade auxilie o desporto adaptado, não apenas no âmbito material e desportivo, mas também no lado humano e social. “O desporto é um meio de luta contra o racismo e a xenofobia”, frisa.

ATLETISMO LIDERA O atletismo mantém a tradição. O país possui um longo historial nesta modalidade adaptada. Estreou-se nos Jogos de Atlanta, em 1996, seguindo-se as edições de Sidney (2000), Atenas (2004) e Pequim (2008), onde competiram pela primeira vez na categoria de estafeta. Angola estará presente nos Jogos Paraolímpicos de

josé sayovo

Arrecadou três medalhas de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, em 2004, na categoria de atletismo nos 100, 200 e 400 metros. José Sayovo é um ícone para a população nacional. O feito inédito ficou na memória de todos, até porque o atleta bateu o recorde paralímpico e mundial dos 100 metros com o tempo de 11.37, situação que alertou as autoridades angolanas para a necessidade de apoiar o desporto adaptado. Em 2008, nos jogos de Pequim, foi tripla medalha de prata e no mesmo ano alcançou o ouro nos 100 e nos 200 metros dos jogos da CPLP, que decorreram no Brasil.

Londres (Inglaterra) de 2012. A presença do grupo de atletismo em cadeira de rodas é inédita, facto que motivou a aquisição de equipamentos para 25 profissionais. É a primeira vez que o país incorpora esta categoria. Até aqui a sua participação pautou-se por provas de velocidade e estafeta. Leonel Pinto explicou à imprensa que a integração na nova categoria resulta de uma reunião com os responsáveis dos vários comités paraolímpicos, que consideraram que o país tem revelado o seu potencial ao longo dos últimos anos. O CPA obteve ainda o apoio de uma empresa alemã de fabrico de materiais desportivos para portadores de deficiência (‘Alcobock’).

“Angola estará presente nos Jogos Paraolímpicos de Londres (Inglaterra) de 2012. A presença do grupo de atletismo em cadeira de rodas é inédita”

Aliás, a parceria com a Alemanha prevê a construção de uma unidade de produção do referido material em Angola, num acordo que resulta de quatro anos de conversações. A pensar na participação nos Jogos Paraolímpicos, a Ascod e o Comité Paraolímpico Internacional (IPC) rubricaram um memorando de entendimento que confere aos atletas africanos a possibilidade de frequentarem academias de alto rendimento nos EUA e Inglaterra, já a partir de 2011. Ao IPC caberá criar um comité que seleccione os candidatos que vão beneficiar do protocolo. Porém, o país não está focado apenas nas modalidades tradicionais. A par da natação, futebol com muletas e basquetebol em cadeira de rodas, os deficientes angolanos podem praticar Taekwondo. A modalidade surgiu em 2009 e possui uma federação que se prepara para organizar provas demonstrativas ainda este ano, para incentivar a adesão do público. O presidente da Federação Angolana de Taekwondo, Nzuzi Ndolomingo, defende a integração da modalidade nos clubes, como valor acrescentado para a actividade desportiva adaptada.

“Fundo Lwini criou uma equipa de basquetebol em cadeira de rodas” PARCEIROS O fundo de solidariedade Lwini tem tido um papel determinante na promoção das modalidades adaptadas aos portadores de deficiência. Ana Paula dos Santos, Primeira-Dama, foi galardoada com um prémio atribuído pelo Comité Organizador da Convenção Internacional dos Desportos em África (COI), numa cerimónia que decorreu na África do Sul, em Abril. O motivo da distinção deveu-se ao empenho da fundação no âmbito da promoção deste desporto. O Fundo Lwini tem um protocolo de cooperação com o CPA, que dura há seis anos e transcende a componente desportiva, visando igualmente o lado social. “O apoio da Primeira-Dama, por via do Fundo Lwini, tem sido fundamental para que outras instituições se sintam sensibilizadas em apoiar o desporto adaptado em Angola”, enalteceu Leonel Pinto, que acrescentou que o organismo promove o auxílio a pessoas carenciadas e criou uma equipa de basquetebol em cadeira de rodas. A fundação foi responsável por institucionalizar a prova anual pluridisciplinar, denominada “Taça Lwini” (vai na sétima edição) e por organizar o primeiro festival gimnodesportivo para jovens (inserido no projecto “Criança”). Recorde-se que Ana Paula dos Santos já tinha recebido em 2008 o prémio “Mulher Desporto África” do COI, pela dedicação à promoção do desporto adaptado.

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94 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS


ARQUITECTURA ECONOMIA & CONSTRUÇÃO & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN

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LUXOS

| manuela bártolo

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LUXOS · ANGOLA’IN

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LUXOS

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LUXOS · ANGOLA’IN

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LUXOS

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LUXOS

DIY KYOTO O THE WATTSON Wattson permite às famílias monitorizar exactamente quanto consomem de energia nas suas casas. sas. O equipamento mede a utilização de electricidade e mostra num ecrã digital quanto custa o total. O objectivo é economizar dinheiro e preservar o meio ambiente.

SANYO ENELOOP BIKE

MACBOOK TOUCH

A primeira grande inovação deste labtop é o seu display que é totalmente touchscreen, onde se pode navegar apenas com o toque do dedo. MACBOOK TOUCH é o primeiro notebook a virar praticamente 360°

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Pedalar 100 Km sem esforço! A 2ª geração desta revolucionária bicicleta vai ser lançada brevemente no Japão. Um sensor de torque analisa constantemente a velocidade, a força exercida nos pedais e o perfil do terreno com o objectivo de facilitar a deslocação. Em percurso plano e sem desconforto para o utilizador, pedalar esta bicicleta de 25 Kg produz alguma electricidade que é guardada. Uma utilização exclusivamente eléctrica permite percorrer 57 Km. Em “Eco Charge Mode” o modo descrito, pode percorrer 100 Km! A pedalar se vai longe!

PARROT by STARK Um design ultra moderno encurvado, cor preto intenso, som potente e clareza espectacular. Do Bluetooth ao Wi-Fi, as colunas Parrot by Starck são o topo da nova tecnologia sem fio. Reviva as músicas armazenadas no seu computador transferindo-as para as colunas, via Wi-Fi. Descubra a perfeita fusão entre o iPod, iPhone e as colunas Parrot by Starck.


DELL Latitude

AUDI Soccer table

Os notebooks Dell Latitude™ apresentam as opções de design e tecnologia adequadas a praticamente qualquer negócio. Entretanto, no que diz respeito à estabilidade e segurança do notebook, “o melhor” deve ser a única opção - e é isso que você encontra nos conceitos básicos empresariais do Latitude: fácil capacidade de gestão, ampla segurança, opções wireless eficientes, serviço e suporte de alto nível

A Audi apresentou o conceito de design do seu Futebol de Mesa (Foosball Table) O Soccer Audi / Foosball Table será construída em apenas 20 unidades, na moldura de madeira forte, 22 jogadores e, claro, o tom verde tradicional. Há dois anos, o Audi Design de Futebol de mesa era ainda um estudo da Audi Concept Design de Munique, agora é um pequeno lote a ser produzido. Os tempos mudam: não ão deixe ninguém dizer que um jogo de futebol bol de mesa não tem que parecer er bom. Afinal, no futebol profissional a bola é feita de poliuretano, não de couro.

BANG & OLUFSEN BEOSOUND 9000 SAMSUNG LED 9000 3D Este ano a Samsung tem grandes expectativas de venda para o seu modelo 3D, que espera comercializar mais de dois milhões de exemplares. Este facto deverá baixar o custo dos LCD’s, o que irá tornar as mesmas mais acessíveis a todos.

O novo modelo de sistema de cinema em casa baseado em discos blu-ray tem um design elegante, desempenho elevado e versatilidade ilimitada. Todos os modelos disponibilizam reprodução de vídeo HD de elevada qualidade.

SONY WALKMAN W250 O novo Sony Wakman w250 é compatível com os formatos MP3, AAC, WMA (DRM) e L-PCM, inclui a funcionalidade ZAPPIN, uma autonomia de 11 horas e um peso total de 43 gramas. Outra novidade é a sua resitência à água. LUXOS · ANGOLA’IN

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LUXOS

LOUIS MOINET Magistralis Louis moinet é sem dúvidas um relógio de outro mundo. Numa caixa de ouro de 18 quilates, há um pedaço de meteorito lunar de 2000 anos de idade. Possui, além disso um repetidor de minutos, calendário perpétuo e um cronógrafo accionado pelo mesmo botão lateral do repetidor. Um acessório “jóia” que qualquer um gostaria de ter

PORSCHE DESIGN Le Mans 1970

Edição comemorativa da primeira vitória da Porsche na mítica corrida de Le Mans. O carro, o Porsche Type 917, venceu a corrida em 1970, por isso mesmo este relógio encontra-se repleto de referências ao modelo vencedor. Exibe, por exemplo, o seu número no mostrador (23); a pulseira (de borracha) imita o formato do volante, sendo esta uma edição especial limitada a 917 exemplares. A edição é fornecida num estojo especial, que inclui uma miniatura do Porsche Type 917; integra também um livro especial comemorativo dos 40 anos da histórica vitória, individualmente autografado pelos pilotos autores do grande feito, Hans Herrmann e Richard Attwood

ERNST BENZ

Chronoflite World Timer O ChronoFlite World Timer tem 47 milímetros de largura em aço e possui um movimento mecânico automático GMT Suíça O relógio vem também com um mostrador branco e pulseira de couro. Ernst Benz é o mais rápido em apontar o uso de indicadores sobre o anel de rotação interna, este relógio faz uma leitura automática do to tempo em qualquer cidade.

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EDOX

Classe Royale EDOX é uma empresa suíça conhecida pela sua inovação e produção de alta qualidade, cujos relógios marcam por pormenores de luxo e segurança. A Classe Royal é dirigida ao homem elegante e oferece uma colecção de relógios personalizados verdadeiramente distinto.



ESTILOS

| patrícia alves tavares

look gant blazer de linho lin riscado com vivos na lapela e bolsos

blazer e em algodão tratado ado azul com forro estamp pado

camisa a de linho ro rosa

camisa em alg algodão estampado de corn rnucópias

calça alça ç azul marinho em algodão com patchwork chwork a branco bra

gant mercedes benz fashion week berlin

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mala xll de pele


look lacoste t-shirt branca em piquet de algodão com riscas em dois tons de azul blusão impermeável branco com vivos em azul escuro

pólo preto em em piquet de algodão com riscas coloridas blusão impermeável azul com cós e punho em riscas

pólo riscas preto e branco em piquet de algodão calções alções em azul claro c

cintos em lona com fivela metá álica boné azul em algodão com logótipo bordado óculos de sol edição ç especial diesel u music lacoste ss10 new york fashion week

ténis vermelhos

mocassiins em pele branco e vermelho

ESTILOS · ANGOLA’IN

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ESTILOS

lookdiesel

camisa em algodão cinza com pespontos brancos

t-sshirt em malha de algodão preto com m estampa vintage em m branco

jeans azul médio com lavagem em modelo slim jeans ultra vintage em azul médio com pespon ntos

cin nto em camurça ç cinza com m fivela cromada

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ténis pretos em camurça e pele envernizada


look miguel vieira lenço ç estampado em lilás e branco

lenço ç cinza mesclado o em linho e

desfile miguel vieira lisbon fashion week

botões de punho cromados e preto

camisa preta em algodão ã

cinto em pele preto o com fivela cromada a´ com logótipo

sapatos clássicos em pele preta envernizada a

sapatos clássicos em pele preta enverniza ada com entrançado

laço preto

blazer r branco em algodão com viv vos cinza e emblema bordado

blazer preto com estampado floral ESTILOS · ANGOLA’IN

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ESTILOS

| patrícia alves tavares

terre

loewe

D’HERMES

SOLO INTENSE

inspirado nos elementos, o perfume provoca uma experiência sensorial, que nos remete para a terra, água e mar. possui notas de laranja, vetiver, cedro e a energia da pimenta.

pura e fresca, esta fragrância apresenta-se com um equilíbrio perfeito entre a tradição e modernidade. intenso, este perfume possui notas olfactivas do melão, limão e tangerina.

dunhill

PURSUIT concebido para o homem clássico e formal. é uma fragrância intemporal, ideal para quem aprecia o lado bom da vida, sem nunca perder o charme e o humor. para um autêntico gentleman.

versace pour homme

adidas

AFTER SHAVE BALM DEODORANT STICK

DYNAMIC PULSE

conjunto com notas de bergamota, flor de laranjeira, limão, gerânio, salva, madeira de cedro, fava tonkae mush e âmbar mineral. ideal para homens confiantes e determinados.

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a marca lançou um produto específico para o uso diário e casual. possui notas refrescantes de sândalo, tabaco e menta.

tommy hilfiger

JEANS MAN é o perfume indicado para homens que apreciam fragrâncias inspiradas em citrinos. as notas da laranja, mandarim e toranja fazem deste produto uma opção para jovens desportistas e informais.


LUXOS · ANGOLA’IN

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LIVING

a i c n ê l e c x E s e d n a r g s do s r e n g i s e d O Império dos Sentidos nasce em 2001, no Porto, fruto da grande paixão de Paulo Marques e Helena Pessoa pela estética do séc. XX e do que poderemos chamar modernismo (anos 1925 a 1970). Com formação na área do design, Paulo e Helena começam uma grande viagem em todos os sentidos, no estudo e na procura pela Europa e, mais recentemente, no Brasil de peças de excelência destas épocas. No Império dos Sentidos podemos descobrir mobiliário, iluminação e objectos de grandes autores do Séc. XX, tais como Ico Parisi, Osvaldo Borsani, Sérgio Rodrigues, Hans Wegner, Arne Vodder, Ib Kofod Larsen e René Lalique, entre muitos outros. Aqui poderá encontrar desde a pequena peça decorativa até ao grande móvel, tudo da época e restaurado a preceito, segundo as técnicas antigas por pessoal especializado e em oficina própria, onde o compromisso é a perfeição. São peças de grandes mestres, de beleza incontestável e intemporal que fazem ambientes com modernidade e glamour. Recentemente, face às constantes solicitações dos nossos visitantes, criamos o gabinete de design de interiores com soluções personalizadas, adaptadas aos nossos clientes. O nosso mobiliário, sem estar “colado” esteticamente aos móveis de época, tem na sua génese e fabrico todo o saber e técnica dos produtos que restauramos e comercializamos.

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O facto de trabalharmos diariamente com o que de melhor se desenhou no mundo faz com que tenhamos um apurado sentido de estética, proporção e equilíbrio nos ambientes e peças que criamos. Como empresa de referência na área das antiguidades e design do séc. XX estamos preparados para aceitar desafios em qualquer parte do Mundo, sendo que o mercado angolano é para nós muito desafiante e apetecível pela sua capacidade de absorver e apreciar o que de melhor se fez no mundo durante o séc. XX.

Num apartamento na Maia (Portugal) foi-nos pedido para elaborar um ambiente envolvente e requintado. Na sala com uma dimensão de 40 m2 criamos 3 áreas distintas: zona de refeições, zona de estar, Home Cinema e hi-fi e zona de escritório.

W Mesa em pau-santo Severin Hansen Junior e cadeiras Niels O. Moller, também em pau-santo, construídas na Dinamarca, nos anos 60


R Candeeiro “Bolide” da Jumo em baquelite, máquinas fotográficas Kodak dos anos 30, jarra com formato de cara de menina de Bjorn Wiinblad (anos 70) e taça em bronze de Axel Salto (anos 50), ambas provenientes da Dinamarca

V Vista Parcial da zona de jantar, em destaque o aparador Art Deco em ébano de macassar com gavetas em pergaminho gravado a ouro X Esculturas em terracota assinada Marcel Guillard e porcelana Art Deco luminosa, assinadas Elte, provenientes de França

LIVING · ANGOLA’IN

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LIVING

W Vista da zona de jantar e estar. Sofá de 3 lugares de Percival Lafer e par de cadeirões Ib Kofod larsen, do Brasil (São Paulo), nos anos 60 e da Dinamarca, nos anos 50, respectivamente. Mesa de frente de sofá em pau-santo com marqueterie e ponteiras em latão sueca dos anos 50 Q Móvel suspenso de apoio à sala de estar em laca brilhante preta

R Swan Chair de Arne Jacobsen, primeira edição

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Q Candeeiro de tecto Artichoke em cobre de Poul Henningsen, primeira edição (Dinamarca, anos 50)

X Cadeira em pau-santo de Ib Kofod Larsen e mesinha de apoio, com marqueterie de Louis Majorelle (França anos 20)

LIVING · ANGOLA’IN

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LIVING Q Aplique Jean Perzel, em vidro fosco e vidro granitado cor âmbar (França, anos 30)

X Consola em inox e acrílico de Francois Monnet para Edition Kappa (França, anos 70) X Candeeiro de tecto “Sputnick” de Emil Stejnar, desenhador Austríaco dos anos 50

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LUXOS · ANGOLA’IN

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VINHOS & CA.

| patrícia alves tavares

raridades vinícolas É um exclusivo para os apreciadores de Baco. A Angola’in apresenta os 10 vinhos mais caros, que estão ao alcance de poucas carteiras e são o sonho de qualquer coleccionador. Um Romanée-Conti que pode custar o mesmo que uma viagem às ilhas Maldivas ou um Château d’Yquem pelo valor de um carro topo de gama são algumas das sugestões. Descubra quais os exemplares que todos desejariam ter na sua garrafeira.

Château Lafite 1787 A garrafa que faz parte da colecção do ex-presidente norte-americano Thomas Jefferson tem as suas iniciais gravadas e, é desde 1985, o vinho mais caro do mundo. Este néctar, apesar de já não estar nas melhores condições de consumo, é uma das glórias de Bordeaux, a região vinícola francesa mais conhecida, pelo que é muito solicitado pelos coleccionadores.

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Hermitage La Chapelle 1961

Château Mouton-Rothschild 1945

Arrematado na Christie’s de Londres, por 123.750 libras (aproximadamente US$20 mil/ garrafa), este é um dos vinhos mais caros de sempre. A safra 1961 bateu um recorde mundial comparado a outros anos.

Este néctar, produzido no final da Segunda Guerra Mundial, tem uma etiqueta única, que foi concebida por um artista da época a pedido do Baron de Rothschild, com a frase “année de la victoire”. Este vinho destaca-se pelo perfeito engarrafamento e é fruto das condições climáticas excepcionais em que foi desenvolvido, contendo ainda todo o sabor concentrado de amoras negras.


Château d’Yquem 1784 Da mesma colecção de Thomas Jefferson, este é um vinho doce clássico e um dos poucos exemplares do produto mais consagrado da época. A qualidade é ponto de referência na produção deste néctar. Todas as colheitas lançadas entre 1900 e 2000 estão no topo dos melhores vinhos brancos, sendo aconselhado como o melhor para acompanhar sobremesas, devido às suas características únicas.

Domaine de la Romanée-Conti Château Pétrus 1982 É um dos vinhos tintos mais notáveis. Esta casta atingiu o preço mais elevado. Porém, toda a linha Pétrus é muito procurada pelos apreciadores. É um néctar elaborado com uvas da casta Merlot, aromas potentes e uma óptima concentração de sabor.

A colheita de 1978 é a mais conhecida, por se tratar de um dos lotes mais caros e vendidos nos EUA. Este Chardonnay destaca-se no paladar pelo sabor a mel e nozes torradas. A colheita de 1934 também é excepcional, pelos aromas sensacionais e pela textura perfeita de um Pinot.

Château Cheval Blanc 1947

Château Margaux 1900 Eleito pela revista “Wine Spectator” como o melhor vinho do século passado, deste néctar restam menos de mil garrafas. Produzido em Bordeaux, o calor do verão e a ausência de chuvas durante a época das colheitas contribuíram para a excepcionalidade desta colheita, que atingiu níveis de qualidade raros. Cem anos depois, este tinto continuava perfeito, recebendo a nota máxima do crítico de vinhos mais influente do mundo, Robert Parker.

Considerado pelos especialistas como um “feliz acidente da natureza” (fruto do clima muito quente e da vinificação primitiva), este é um dos vinhos mais conhecidos do século XX, essencialmente pela sua óptima consistência, com aromas de café e chocolate. No paladar, evidenciam-se os sabores das frutas doces.

Château Latour 1961 C Es preciosidade pertence a um dos cinco Esta primeiros Cru Classé dos Bordeaux, fabripr cado numa das melhores vinícolas da coca nhecida região. A revista Decanter deu seis nh estrelas (cinco é a nota máxima) a um néces tar grandioso na sua estrutura, profundidata de e complexidade, com madeira e taninos presentes. pr

Cabernet Sauvignon Napa Valley 1941 Em 2001, foi eleito pela revista “Wine Spectator” como o melhor cabernet sauvignon produzido em Nappa Valley. O destaque vai para os sabores escuros, profundos e vibrantes deste néctar singular. VINHOS & CA. · ANGOLA’IN

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VINHOS & CA. PUBLICIDADE

Po orca de Murça Reeserva Vinho de cor rubi, límpido e brilhante. Aroma complexo que integra harmoniosamente a baunilha da madeira e os frutos vermelhos da uva. Encorpado, deixa na prova uma impressão de um vinho redondo e de grande maciez. Os apreciadores de vinhos velhos poderão esquecê-lo por algum tempo na garrafeira. Servido à temperatura ambiente, acompanha preferencialmente pratos de carne e queijos fortes

Angelus Cor rubi com ligeiros reflexos acastanhados. Domina um aroma de frutos negros muito maduros (ameixas) com nuances de mel e suaves notas resinosas. Na boca é macio, com uma acidez crescente, mas bem equilibrada. Taninos aveludados bem presentes. Notas discretas de pão bem tostado. Bastante persistente. Temperatura ideal de consumo entre os 16ºC e os 18ºC.

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Quin Quinta de P Pancas Bran Branco Vinho de cor amarelo citrino. Aroma elegante com notas m de melão, citrinos e sug sugestões florais. Bo com bom volume, Boca gra grande frescura e pe persistência aromática. e É especialmente rec recomendado para pra de peixe, mariscos pratos v e vegetais. Deve servirse à temperatura de 10ºC

Quinta do Portal Auru Retinto na cor, apresenta aromas dominantes florais. Com o evoluir do aroma surgem as notas frutadas características da Tinta Roriz. Volumoso com excelente acidez, taninos possantes mas bem interligados com um fruto fresco. Final extraordinariamente longo e complexo. Servir a 16-17ºC.


“AO SABOR DA EXCELÊNCIA”

VIP Reserva

Cor vermelha profunda. Bouquet complexo de frutos vermelhos sugerindo especiarias e café. Textura rica e aveludada. Taninos redondos e maduros que dão suporte a uma evolução majestosa em garrafa. Boa profundidade e longo final de boca

Grandes es as Quintas Cor vermelho rubi com boa vela profundidade. No aroma revela ura, notas de fruta vermelha e frescura, tas muito boa integração com as notas gio fumadas e abaunilhadas do estágio ade no Carvalho Francês, boa intensidade oca e persistência. No inicio de boca elha temos a frescura da fruta vermelha ma (cereja), prolongando-se com ado ligação às notas de abaunilhado o, a e fumos da tosta do Carvalho, nos elegância é o mote, os taninos em são finos e macios e muito bem ndo integrados com a acidez, elevando om o carácter de frescura, termina com i excelente aptidão gastronómica

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VINHOS & CA. BREVES

| patrícia alves tavares

Primeiro estudo vitivinícola

Tabela para escolher vinho A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa apresentou uma tabela que indica quais os alimentos que melhor combinam com os diversos tipos de vinho. A melhor conjugação gastronómica foi determinada através do recurso a um cromatógrafo, que permitiu separar as misturas e identificar os seus componentes. A investigação, conduzida por Elvira Monteiro Gaspar, é inovadora em Portugal e pioneira em todo o mundo. “O aroma é algo essencial para a degustação de um vinho, para a sua definição e descrição em termos enológicos, qualquer que seja a sua proveniência em termos de casta ou região”, explicou a professora investigadora. O estudo visou a elaboração de uma tabela que sustente cientificamente como e com o que é que cada vinho deve ser degustado. “Com que tipo de carne, em que refeição pode inserir-se melhor ou acompanhado de que determinado tipo de queijo”, esclarece.

A empresa Brands Advance elaborou, a pedido da ViniPortugal, o primeiro estudo sobre o mercado vitivinícola em Angola. O documento indica que os vinhos portugueses dominam o sector nacional, com uma quota de 97 por cento dos vinhos engarrafados. Este valor equivale a 455 mil hectolitros exportados em 2009, o que rendeu aos lusos 54 milhões de euros. A pesquisa revela ainda que a cerveja é a bebida dominante e o vinho ocupa 30 por cento das bebidas alcoólicas, pelo que o vinho préembalado e a granel continua a expandir-se. Depois da África do Sul, Angola é o segundo maior mercado do continente. Quanto ao perfil do consumidor, estima-se que cerca de 3,5 milhões de clientes estão na Grande Luanda, em que 60 por cento são homens e os restantes mulheres. A faixa etária dominante situase entre os 30 e os 45 anos (75 por cento), predominando a classe B e C. Os consumidores masculinos e com mais de 29 anos admitem beber com regularidade vinho de marca engarrafado (26 por cento). A pesquisa encomendada pela ViniPortugal indica que cerca de 46 por cento dos consumidores adquirem o produto em cantinas ou minimercados, 25 por cento nas “vendas de janela aberta”, 10 por cento em armazéns, sete por cento em mercados ao ar livre e seis por cento em vendedores de rua.

Portalegre exporta azeite para Canadá e EUA Vila Real em Luanda

Azeite italiano em livro

Empresários dos sectores do vinho e azeite de Vila Real (Portugal) vão estar presentes numa feira em Angola, com o intuito de promover o seu sector. A comitiva vai permanecer em Luanda entre 15 e 20 de Julho, contando com o apoio do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). Esta é a segunda iniciativa do género. Um outro grupo de industriais ligados à produção de vinho e azeite esteve no país, em Maio, com o intuito de potenciar a criação de novos negócios. Considerando Angola como um mercado emergente, o grupo percorreu Saurimo (Luanda Sul) e a capital.

“Um fio de Azeite” é o título da mais recente obra da investigadora Rosa Nepomuceno. Após uma visita a Itália, a escritora descreve neste livro o processo de criação dos azeites italianos e inclui algumas receitas típicas, recolhidas ao longo da viagem e que têm como base o azeite. “A Toscana é especial pela comida simples, pelos grelhados – de carnes, aves ou peixes -, pelas muitas ervas e legumes, cogumelos, preparos simples e práticos, muitas massas, claro, sopas, saladas frescas maravilhosas e variadas”, conta na mais recente compilação.

Uma empresa portuguesa de comércio agroindustrial anunciou que vai começar a exportar para o Canadá e Estados Unidos da América (EUA). A unidade familiar de Portalegre vai internacionalizar a marca de azeite virgem extra Fadista, um produto que foi lançado em 2009. “Este negócio é de uma enorme importância para nós, numa altura de crise”, garantiu a responsável pela empresa Diterra, Teresa Mendes, em declarações à imprensa lusa. A dirigente adianta ainda que o referido “produto foi pensado para o mercado da exportação e da grande distribuição”, congratulando-se com os dividendos que começam a colher com este negócio. “Espero que a aceitação dos consumidores seja a melhor”, concluiu.

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VINHOS & CA. BREVES

| patrícia alves tavares

Maior loja de vinhos Bordéus “Bordeauxtèque” é o nome da mais recente e maior loja de vinhos da região francesa. Gerido por Jean François Moueix, proprietário do Chateau Petrus e pelo seu filho, Jean Moueix, o espaço resulta de uma joint venture das Galerias Lafayette com a Duclot. Detentora de um espaço de 250m2 e de mais de 12 mil garrafas, a loja fica no segundo edifício mais procurado de Paris, o Lafayette Gourmet, na Boulevard Haussmann. O local recebe cerca de 25 milhões de pessoas por ano, o que faz subir as expectativas quanto ao seu sucesso. Por isso, espera-se uma forte afluência de turistas de todas as partes do mundo, situação que vai contribuir para a divulgação dos vinhos da região de Bordéus. Os preços oscilam entre os 3,90 euros por uma garrafa AC Bordeaux e os 20 mil euros por um Château Mouton Rothschild 1945. O seu responsável, Jean Moueix, está a estudar a possibilidade de abrir mais “Bordeauxthèques”, no-

meadamente em Berlim, Alemanha e Xangai (China). Bbgourmet inova com entregas ao domicílio Dois restaurantes no Porto (Portugal) apostaram numa nova forma de promover as suas criações gourmet. O bbgourmet Bull&Bear e Maiorca pensaram nos clientes que preferem o conforto da sua habitação e desenvolveram um serviço de entrega ao domicílio. Além da comida, podem encomendar vinhos e sangria. Cerca de noventa por cento das sugestões que constam da ementa dos bbgourmet estão disponíveis para serem encomendadas e enviadas para casa. O valor mínimo da reserva é de 10€ e tem ainda uma taxa de 2,50€ pela deslocação. A empresa que realiza as entregas chama-se “Comer em Casa” e pode ser consultada em www. comeremcasa.com. O sistema permite pagamentos com cartão de crédito, multibanco ou dinheiro.

iPad com carta de vinhos

Rótulos no Google Surgiu nos Estados Unidos da América e prevê-se que chegue brevemente ao mercado europeu. O Google criou uma aplicação chamada Google Goggles, exclusiva para Smartphones e que, através de uma fotografia de telemóvel, possibilita a consulta de informações detalhadas sobre um determinado vinho. O processo é simples e tem apenas três passos. Após fotografar o rótulo da garrafa, o telemóvel analisa os dados e mostra todos os resultados disponíveis no motor de busca, como o preço, as notas de prova, o grau alcoólico e informações acerca do produtor. Actualmente, 4,5 milhões de americanos já aderiram a esta nova ferramenta digital.

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A empresa Codeware está a desenvolver um software que vai possibilitar a disponibilização de uma carta de vinhos virtual no iPad, o mais recente dispositivo portátil da Apple, que chega a Portugal em Dezembro. O projecto promete revolucionar a área dos vinhos e está a ser testado num restaurante da capital lusa, o Solar dos Presuntos. Cerca de cem produtores já manifestaram interesse em utilizar esta funcionalidade nos restaurantes portugueses. “Estabelecer uma ponte directa entre o consumidor e o produtor” é a grande finalidade do sistema, afirma o administrador da empresa, Rui Vala. A aplicação está ligada a um site que recebe e organiza os conteúdos fornecidos pelos produtores no formato da carta de vinhos virtual. Os restaurantes aderentes têm acesso a este portal, onde podem consultar as fichas de cada vinho, cedidas pelos produtores. O objectivo consiste em alcançar a centena de restaurantes e garrafeiras do ‘segmento alto’.


VINHOS & CA.

| wilson aguiar

Delícias do oceano

Olá a todos! Para este número, elaborei um prato que é uma das minhas especialidades. A amêijoa está em destaque. Com arroz ou massa, na cataplana, ao natural, de cebolada ou salteados, estes magníficos bivalves são muito apreciados nos dias quentes de Verão. No entanto, no caso do nosso país, são uma boa sugestão para um almoço de Domingo, num dos vários dias amenos que o Inverno nos proporciona. Esta iguaria do mar tem uma grande tendência para acumular toxinas. Por isso, deixo-vos algumas indicações sobre cuidados a ter na altura de comprar. As amêijoas vivas devem ser adquiridas em locais que as conservem no frio, sem contacto com o Sol ou poeiras. Em casa, o produto (fresco ou congelado) deve ser lavado em água fria corrente e posteriormente demolhado num recipiente com água e sal, durante duas a três horas. Não se esqueçam de no final passar novamente por água para retirar todas as areias. Após este processo, estão prontos para dar início à preparação da receita que vos sugiro e que tem o meu toque pessoal. As “amêijoas à moda do Chef Aguiar” podem ser combinadas com salada, arroz ou massa. Deixo a escolha ao vosso critério. Espero que apreciem e não se esqueçam de acompanhar com um bom vinho ou sumo natural. Bom Apetite!

a d o m à s a o j i Wilsron amê ia re: do chef aguiar Agu suge S INGREDIENTE 1/2 kg amêijoas s 2 cebolas grande ho 12 dentes de al elho 1 pimento verm Sal e salsa q.b. a) de pimenta 2 colheres (sop vermelha moída Azeite q.b. o branco 1/2 copo de vinh 1/2 copo de água

CONFECÇÃO tirar a areia. muito bem para as jo êi am as ve La loque em rodelas e co s ho al os e s la Corte as cebo eite e deixe . Regue com az de an gr o ch ta tudo num o. refogar um pouc elho, o sal, a o pimento verm e nt ju a, id gu se De , a água e, por , o vinho branco pimenta moída deixe cozer em Tape o tacho e . as jo êi am as último, meçarem a o as amêijoas co nd ua Q . do an br lume car o sal. queça de rectifi es se o nã r, ri ab ma travessa e o preparado nu Por fim, coloqu te, com Sirva ainda quen a. ls sa m co ue e salpiq a. to à sua escolh acompanhamen

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VINHOS & CA. GOURMET

| patrícia alves tavares

20 razões para ficar em portugal Na Europa é tempo de férias e de aproveitar o Verão. l,, A Angola’in propõe uma passagem pelo litoral de Portugal, as onde poderá desfrutar de praias paradisíacas, temperaturas quentes e muita animação junto à beira-mar. Elaboramos um roteiro exclusivo dos melhores restaurantes da margem sul, com especial enfoque para a zona algarvia, onde se encontram alguns dos espaços mais caros e requintados do país. Seja apreciador da cozinha tradicional e mediterrânea ou de autor, há opções para todos os gostos. Escolha o lugar mais apetecível para um jantar à beira-mar ou em pleno coração da cidade.

Guarda Real Pargo da nossa costa com Xarém de Camarão e Osso Buço e pétalas de rosa, estudado lentamente são algumas das sugestões da carta cuidadosamente elaborada pelo chef Celestino Grave, que procura criar as receitas tradicionais da cozinha lusa. Este restaurante está a destacar-se no panorama gastronómico da cidade, não só pelos sabores, mas também pelo ambiente tranquilo e elegante. Dispõe ainda de um menu executivo, a pensar nas reuniões de negócios. Rua Tomás Ribeiro, 115 (Hotel Real Palácio) Telefone: (351) 21 319 95 00 | Preço médio: 45€

Valle Flôr Decoração luxuosa, ambiente romântico e formal e cozinha de autor são alguns dos motivos para visitar este restaurante, que lhe propõe uma ementa sazonal e paladares únicos. Inserido no Pestana Palace, o Valle Flôr marca pela cozinha criada e recriada para agradar aos sentidos, adaptada à atmosfera palaciana, onde sobressai o jardim interior, com colunas de mármore e decoração requintada.

lisboa

Rua Jau, 54 (Pestana Palace), Lisboa Telefone: (351) 21 361 56 15 | Preço médio: 65€

Panorama (Hotel Sheranton) Tavares T Até ao início deste ano, era o único restaurante em Lisboa distinguido pelo guia Michelin. Produtos de excelência, arte e criatividade, conjugados com uma vasta carta de vinhos são parte do segredo do seu sucesso. O chef Joachim Koerper é o responsável pelas criações gastronómicas. O atendimento exemplar e a decoração do espaço (desde o ambiente aos talheres e copos) são motivos para visitar este local sofisticado e moderno, com vista para o Jardim Amélia Rodrigues.

O chef José Avillez é o responsável pelo sucesso deste restaurante, sendo uma referência internacional. Este ano conquistou uma merecida estrela Michelin, que simboliza o reconhecer da criatividade gastronómica. Não pode deixar de degustar a entrada de legumes, frutos, flores, folhas, cogumelos e rebentos, assados, fritos, secos, salteados e crus com “soro” de queijo de Azeitão, óleo de avelã e presunto de porco preto. Tudo isto e muito mais num ambiente aristocrático, que se mantém fiel aos valores da sua fundação (1784).

Localizado no último piso do hotel, a primeira imagem que vê é a panorâmica da cidade lisboeta. O chef Leonel Pereira encarrega-se de fazê-lo sentirse perto do céu. Inspirando-se na tradição, sabor, frescura e inovação gastronómica, apresenta cartas sazonais que prometem inspirá-lo. Recheados de sabor e de arte inventiva, os pratos do artista culinário satisfazem todos os gostos, desde os adeptos dos produtos tradicionais aos apreciadores da cozinha internacional ou de autor. A decoração sofisticada adapta-se a uma reunião formal ou a um simples encontro de amigos.

Rua Marquês de Fronteira, Lisboa Telefone: (351) 21 386 22 11 | Preço médio: 75€

Rua da Misericórdia, 37, Lisboa Telefone: (351) 21 342 11 12 | Preço médio: 85€

Rua Latino Coelho, 1 (Sheraton Lisboa Hotel Spa) Telefone: (351) 21 312 00 00 | Preço médio: 75€

Eleven

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Fortaleza do Guincho É ponto obrigatório para degustar a poderosa gastronomia franco-portuguesa, tendo como cenário o mar de Cascais e um ambiente sofisticado, com uma decoração luxuosa. Os menus estão ao cargo da alta cozinha francesa de Antoine Westermann e do chef executivo Vicent Farges, que usam sabiamente os produtos nacionais. À noite, o espaço que arrecadou vários prémios adquire todo o seu glamour, onde sobressaem os menus de degustação sazonal e as especialidades da nouvelle cuisine. Estrada do Guincho (EN 247), Guincho, Cascais Telefone: (351) 21 487 04 31 | Preço médio: 75€

Terraço e Sky Bar T

Mezzaluna a

O restaurante foi recentemente remodelado, pelo que convida a uma visita para conhecer a ‘nova cara’. As ementas e a forma de encarar a gastronomia mudaram radicalmente, pelo que o chef Luis Baena espera fazer história e marcar uma nova etapa neste luxuoso e requintado espaço. Apesar da formalidade, os almoços tornaram-se mais descontraídos e os jantares mais intimistas. Aqui descobrirá menus como os medalhões de lombo de vitela flamejados com pimenta verde ou o robalo ao vapor com legumes da época. Os vinhos estão ao cargo de Aníbal Coutinho.

Do Napolitano-nova-iorquino ova-iorquino Michele Guerrieri, este espaço de excelência é visitado com frequência pelo Primeiro-ministro português, José Sócrates. Local sofisticado, a especialidade é o meio lavagante acompanhado por linguini al nero. Sendo esta uma casa italiana, entre as várias sobremesas recomenda-se o tiramisu ou a tarte de framboesa. Rua Artilharia 1 16, 1099-061 Lisboa Telefone: (351) 21 387 99 44 | 21 385 16 61

Avenida da Liberdade, 185 (Hotel Tivoli Lisboa) Telefone: (351) 21 319 89 00 | Preço médio: 55€

setúbal

beja

Amarra ó Tejo

Ribamar É uma referência no concelho de Sesimbra. O responsável pelo sucesso do Ribamar é Hélder Chagas, chef e gestor, que conhece todos os segredos do peixe. Inserido numa vila piscatória e detentor de viveiros próprios, o Ribamar alia os modos de preparação tradicionais com as técnicas contemporâneas para improvisar verdadeiras pérolas de mariscos e peixes de elevada qualidade. A decoração inspira-se obviamente nos motivos marítimos. Avenida dos Náufragos, 29, Sesimbra Telefone: (351) 21 223 48 53 | Preço médio: 35€

A sua inspiração é o rio Tejo. Detentor de uma localização fantástica, com uma beleza rara, o Amarra ó Tejo destaca-se pelos seus menus de peixe, cuja frescura e qualidade é reconhecida por todos os clientes. A decoração é bastante discreta e simples para realçar a imponência natural do ambiente exterior. A sugestão do chef vai para umas gambas salteadas (entrada), seguidas da especialidade da casa: Asa de Raia. Pode optar pelo Lombo Charolês (caso prefira carne) e termine com um granizado de chocolate branco ou uma mousse de três chocolates. Jardim do Castelo, Almada Telefone: (351) 21 273 06 21 | Preço médio: 35€

O Capote A decoração é um marco neste restaurante que é um dos mais antigos da Costa da Caparica. O ambiente típico das orlas marítimas sobressai através das paredes ornamentadas com menus de restaurantes internacionais. As sugestões são mais que muitas para fazer uma boa refeição junto ao mar. Prove os ovos mexidos com míscaros e desfrute de uma caldeira de peixe ou da especialidade da casa: Bacalhau à Capote.

Pousada do Castelo A vista para a vila de Óbidos faz deste restaurestau rante um dos locais de eleição para quem visita a região. O espaço integra uma pousada que está localizada no interior das muralhas do castelo. Aqui impera a gastronomia regional e tradicional, em homenagem aos produtos nacionais. O Bacalhau à Dom Diniz, os filetes de linguado com molho de alcaparras, o cabrito à Obidense e os doces típicos da vila são a imagem de marca deste local sofisticado e de decoração clássica. Largo Coronel Freitas Garcia, Vila de Óbidos Telefone: (351) 26 295 50 80 | Preço médio: 40€

Rua dos Pescadores, 40 B, Costa da Caparica Telefone: (351) 21 290 38 38 | Preço médio: 35€

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN

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VINHOS & CA. GOURMET

The Ocean alhadinha a particularidade de Gourmet da M va, este espaço tem

No das de da Malhadinha ecção das aprimora Integrado na Herda as semanas. A conf s da to o çã dré sta An gu de de a colaboração mudar os menus de ro, que conta com Cla or Vit Se ef s. ch po do curado por gru receitas está a cargo te espaço, muito pro len ce ex co , um É na . eja os nt tradicional alent Pires e Vitalina Sa pratos de cozinha ram bo lha ela co cia es ên a ed ns sabores alie reservar com antec de Borrego. Aos bo cisa ela ou o Ensopado bid Ca de lo ntrará tudo o que pre Ga o co mo te qualidade e en len ce ex de plar s em ho nt vin e permitem co sempre acertada de es envidraçadas qu red pa As . el. do cív ta ue uin sq moderno e req para um almoço ine taurante um local res ste de em faz e nt a natureza envolve , Beja rnoa e & Spa, Albe Country Hous lhadinha Nova € 45 : Herdade da Ma dio mé Preço 28 496 52 11 | Telefone: (351)

Este restaurante, localizado no Vila Vita Parc Hotel, foi galardoado com uma estrela do guia Michelin. Os menus variam todas as semanas e são o resultado da mestria do chef Hans Neumer. O ambiente adequa-se à elegância desta experiência gourmet. É obrigatório envergar traje formal, mas não vai arrepender-se desta formalidade. A vista para o mar, presente no terraço, no jardim de Inverno e na sala principal ganha um esplendor único, podendo ser contemplada enquanto saboreia um dos excelentes vinhos do Ocean. Aconselhável fazer reserva. Alporchinhos, Vila Vita Parc Hotel Telefone: (351) 282 310 200 | Preço médio: 105€

faro

Vincent

Vila Joya

A entrada de terrina de fígado de ganso com molho de amoras faz antever as iguarias que este espaço lhe reserva. O tartare de atum, tamboril e salmão é outra das especialidades deste restaurante, localizado nas Escanxinas. Num ambiente requintado e elegante, delicie-se com menus como o ravioli com filete de peixe-galo e o carré de borrego com molho de alfazema. A mais-valia do Vincent é que inclui na sua ementa menus vegetarianos e petiscos divinais para os apreciadores de queijos. A selecção de vinhos também é rigorosamente cuidada. Pode ainda optar por uma refeição no terraço, com vista para o jardim cuidadosamente tratado.

É o único restaurante em Portugal que se orgulha de ostentar duas estrelas Michelin. O reconhecimento internacional é fruto da conjugação do espírito criador do chef e da beleza da paisagem envolvente (em que o mar é figura de destaque). A decoração requintada é fruto do trabalho desenvolvido no hotel que alberga o Vila Joya. A fama deve-se em parte ao chef Dieter Koschina, que prepara diariamente dois menus diferentes, específicos para o almoço e para o jantar (além da habitual carta fixa). Luxuoso e clássico, possui uma excelente carta de vinhos. Praia da Galé, Albufeira Telefone: (351) 289 591 795 | Preço médio: 95€

Estrada da Fonte Santa, Escanxinas, Loulé Telefone: (351) 289 399 093 | Preço médio: 55€

São Gabriel Orangerie A vista privilegiada para o mar e para a serra algarvia tornam este restaurante num ponto de passagem obrigatório. As suas ementas resultam da parceria entre os chefs Ricardo Ferreira e Albano Lourenço, que instalaram no Vila Monte Resort (Moncarapacho) um restaurante que escolhe o melhor dos produtos regionais para os seus clientes. A cozinha de autor tem como inspiração os sabores mediterrâneos. Os menus variam a cada estação do ano, que se caracteriza por propostas inovadoras e muito apetitosas. Veja-se o caso dos citrinos, alfarrobas e figos que são cultivados na quinta do Orangerie. O peixe e o mel são oriundos da região algarvia. Caliços (Vila Monte Resort), Moncarapacho Telefone: (351) 289 790 790 | Preço médio: 65€

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É um paraíso gastronómico em plena Quinta do Lago. Cada cliente pode optar por um Menu Jantar e um Menu Degustação, elaborados cuidadosamente pelo chef alemão Torsten Schulz, que está neste local há um ano e conseguiu implementar a sua cozinha, que se destaca pelos micro-vegetais em todos os pratos. Lagostim grelhado com funcho e açafrão, variação de fígado de ganso com peras e champanhe ou vazia de vitela com alcachofras e um leve molho de Merlot são algumas das sugestões deste expert da culinária. Desfrute do jardim para improvisar um jantar romântico. Estrada de Vale do Lobo Quinta do Lago, Almancil, Loulé Telefone: (351) 289 394 521 | Preço médio: 65€

Willie’s Mantém a estrela Michelin desde 2006, em grande parte devido à criatividade e genialidade do chef alemão Willie Wurger, responsável por criações como o Ravioli de Marisco com Molho de Vermute ou a Sela de Tamboril Frito em Molho de Mostarda e Mousse de Batata. A atmosfera requintada e clássica, conjugada com o sossego de Vilamoura contribui para que este restaurante seja muito procurado. As reservas são obrigatórias e apenas são servidos jantares. Rua do Brasil, 2, Vilamoura, Loulé Telefone: (351) 289 380 849 | Preço médio: 65€

Henrique Leis O dono do espaço é o autor das iguarias que aqui descobre. O restaurante serve apenas jantares mas vale a pena esperar pela noite. A cozinha, exclusivamente de autor, inspira-se nas criações francesas, sendo influenciada por alguns toques de culinária brasileira. Os produtos base são na sua maioria algarvios e pode escolher entre o menu de degustação (varia consoante as estações) e os pedidos à carta. Informal e luxuoso, aconselha-se a reserva de mesa. Vale Formoso, Almancil Telefone: (351) 289 393 438 | Preço médio: 65€


CULTURA & LAZER

| patrícia alves tavares

Festival Jazz de Luanda

‘Gigantes’ em Luanda Cucho Valdés e Dianne Reeves foram algumas das figuras do cartaz deste ano do Festival Internacional de Jazz de Luanda. Até 1 de Agosto, subiram aos dois palcos do Cine Atlântico artistas do panorama internacional para partilhar com o público angolano a sua música, que teve como elemento agregador a forte componente rítmica africana. “As expectativas para este ano foram cumpridas”. O Festival Internacional de Jazz de Luanda, que encerrou recentemente a sua segunda edição foi um sucesso confirmado. O mentor do festival, António Cristóvão, director geral da Ritek, adiantou à Angola’in que o primeiro ano “superou todas as expectativas”, pois apesar do público se mostrar “tímido” no arranque do certame, posteriormente “aderiu em massa”. Esta aceitação dos angolanos motivou a equipa a “aumentar o número de artistas, bem como a introduzir algumas inovações, como por exemplo a introdução do CD do festival, que foi comercializado durante os três dias de shows”. O pianista cubano Cucho Valdés foi uma das cabeças-de-cartaz da edição de 2010. Vencedor de sete Grammys e com 83 álbuns, o fundador da banda Irakere esteve em Angola com um dos seus muitos grupos musicais: o Cucho Valdés and The Afro-Cuban Messengers, que fizeram um grande espectáculo ao som da rumba. A americana Dianne Reeves foi outra das presenças confirmadas. Considerada a melhor vocalista de jazz feminino no mundo, passou pelo país num momento em que a sua carreira assiste à consolidação de vários sucessos, onde se destacam quatro nomeações para a Melhor Performance de Jazz, tendo vencido um Grammy Award nesta categoria. A nível nacional, o músico Waldemar Bastos e o Filipe Mukenga dispensaram apresentações e participam igualmente na festa do Jazz. De Cabo Verde, chegou a cantora

Lura, que já actuou nos festivais ‘Montreal Jazz Festival’, ‘Festival de Marseille’ e ‘Garden Nights Festival’ (Itália). Trabalhou com os angolanos Bonga e Paulo Flores e com o cabo-verdiano Tito Paris. Os Freshlyground, a banda revelação do momento, que esteve presente na abertura do Mundial de Futebol da FIFA e dividiu o palco com Shakira, também integraram o lote de artistas do festival. A primeira banda sul-africana que recebeu um MTV Europe Music Award, na categoria ‘Best African Act’, apresentou em Luanda o mais recente CD. No total, o evento contou com doze músicos oriundos de Cuba, EUA, Inglaterra, Moçambique, Angola, Brasil, Camarões, Zimbabué, Cabo Verde e África do Sul. O objectivo foi promover o regresso dos diversos ritmos ao país.

GEORGE BENSON É A NOVIDADE O guitarrista americano, um dos mais notáveis da década de 70, foi o convidado de honra do Festival Internacional Jazz de Luanda. O artista actuou durante duas noites (sábado e domingo). A organização teve uma casa cheia de fãs que admiram o trabalho de um músico conhecido por conjugar a sua alma de ‘jazzman’ com a voz funky e soul. Inseparável da sua guitarra Gibson, Benson ainda mantém a sua consistência e criatividade e foi sem dúvida uma das grandes atracções do festival. À semelhança do último ano, o certame promoveu workshops musicais nos dias 29 e 30 de Julho, no Elinga Teatro.

FLASH INTERVIEW

António Cristóvão Director Geral da Ritek Qual a finalidade do certame? O objectivo é o de promovermos os nossos artistas, tanto em Angola, como além fronteiras, bem como incentivarmos o intercâmbio cultural entre músicos de várias origens que abracem várias sonoridades. Vão actuar convidados oriundos de 10 países, na sua maioria do continente africano. Os sons de África estiveram em destaque nesta edição? Sendo este um festival de um país africano, a nossa meta foi dar a conhecer ao nosso público o que se faz no resto do continente em termos musicais. Quisemos também criar um circuito no próprio continente onde possamos promover os nossos músicos. Angola é uma nação com tradição ou apetência para o Jazz? Existe audiência para este estilo musical? É um país com apetência para música de qualidade. A prova disso é o crescente número de eventos que ultimamente se organizam em muitas cidades do país. CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN

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PERSONALIDADES

| patrícia alves tavares

Fui sabendo de mim por aquilo que perdia pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia fui ficando por umbrais aquém do passo que nunca ousei eu vi a árvore morta e soube que mentia Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”

mia couto

‘PAI’ DA LINGUAGEM AFRICANA António Emílio Leite Couto, escritor e jornalista, nasceu em 1955, na Beira, em Moçambique. Filho de uma família de emigrantes portugueses, cedo se interessou pelo meio literário, revelando um talento invulgar para a escrita. Integrou a luta pela independência da sua terra natal, tendo sido membro da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). A partir do 25 de Abril, iniciou-se no jornalismo pela mão de Rui Knopfli, em ‘A Tribuna’. No mesmo período foi director da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e colaborou na revista ‘Tempo’. Até 1985, participou no ‘Notícias’ e, nesse ano, retomou os estudos, acabando por licenciar-se em Biologia, na Universidade Eduardo Mondlane. Contudo, foi enquanto poeta que Mia Couto (apelido literário, que surgiu da paixão pelos gatos e pelo facto do seu irmão mais novo não conseguir pronunciar correctamente o seu nome) se tornou conhecido do público africano e português. O primeiro livro foi publicado em 1983. ‘Raiz de Orvalho’ é uma compilação de textos de contestação contra o domínio da poesia militante panfletária. Três anos depois, lançou os primeiros contos, estreando-se na ficção e sendo galardoado pela qualidade do trabalho com o prémio da Associação de Escritores Moçambicanos. Do espó-

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lio do moçambicano que mais vende e possui maior número de livros traduzidos no mundo, fazem parte ‘Cronicando’ (1988), ‘Terra Sonâmbula’ (1992) (primeiro romance), ‘Contos do Nascer da Terra’ (1997) e ‘Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra’ (2002). Em 2001, Mia Couto recebeu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal, o Prémio Literário Mário António, uma distinção atribuída a escritores africanos lusófonos ou timorenses de três em três anos. O galardão diz respeito à sua obra ‘O Último Voo do Flamingo’. Foi ainda o primeiro africano a ser laureado pela União das Literaturas Românticas. Em Roma, o livro ‘Terra Sonâmbula’ foi eleito um dos 12 melhores do continente africano no século XX.

ÁFRICA E A LÍNGUA PORTUGUESA A obra de Mia Couto ‘Cada Homem é uma Raça’ é um excelente exemplo da paixão deste escritor pela ‘terra’ e por África. Além das descrições que se assemelham a slides sobre as paisagens continentais, a linguagem usada introduz o leitor num perfeito funcionamento africano da língua portuguesa. Ele recorre ao que se costuma apelidar de africanidade do discurso, onde é evidente a harmoniosa mistura de palavras dos múltiplos dialectos moçambicanos com o

português. Mia Couto marca definitivamente a intenção de credibilizar a linguagem africana/ moçambicana. Membro da CPLP e da linguagem comum que une os povos da comunidade, o escritor assume um papel activo na promoção e defesa do português e dos dialectos de cada país. Mia Couto indignou-se publicamente com a introdução do novo acordo ortográfico, que considera uma ideia resultante de “soluções folclóricas”, defendendo que há que promover “uma certa vigilância”. Em declarações à imprensa, após um encontro em Maputo sobre o Dia da Língua e da Cultura da comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o autor sugeriu a equiparação das línguas moçambicanas com o português, para que estas se mantenham apesar da suposta redução de ‘falantes’. “Há escolas que continuam a proibir os estudantes de se exprimirem nas suas próprias línguas dentro do recinto escolar”, revelou, lembrando que todos os países lusófonos têm o desafio de criar diversidade sem hegemonia. Aliás, o poeta lançou recentemente um livro que aborda esta preocupação: “Recados para dentro de Moçambique: nacionalizar todas as línguas nacionais”. Há uns meses, explicou na Antuérpia (Bélgica), durante um congresso, que o peso da língua portuguesa no mundo depende daquilo que as nações que têm este idioma como língua oficial fizerem para se afirmarem em áreas que não estão relacionadas com a linguística. Defensor de que a aproximação entre os países da CPLP depende sobretudo de outras políticas, afiançou que “o futuro da língua portuguesa é muito o futuro daquilo que seja a nossa afirmação dos países que falam português -, como países que podem ter um outro lugar no mundo”.




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