ISSN 1647-3574
ano ii · revista nº09 · nov/dez 2009 350 kwanzas · 4,50 usd · 3,25 euros Economia & Negócios · Sociedade · Turismo
Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades
REVISTA Nº09 · NOVEMBRO / DEZEMBRO 2009
JUSTIÇA À LUPA
Direitos Humanos, Corrupção e a Nova Constituição são os temas do momento para a advocacia nacional. Em entrevista exclusiva, Inglês Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, revela o que está a mudar num sector em evolução
stop à fuga As fragilidades do sistema tributário. Contra a evasão, o Governo prepara-se para aplicar novas políticas de combate à fraude fiscal
poder às províncias Dividir para ‘reinar’. A descentralização marca a agenda política. Do Estado central para um poder local democrático, conheça as grandes metas do país
o preço justo Respeito pelo valor real dos bens e serviços. A ideia é antiga – criar uma cadeia comercial assente em princípios éticos. Veja o que pode fazer
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in loco revista bimestral nº09 - nov/dez 2009
EQUILIBRAR A ‘BALANÇA’ SOCIAL
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Direcção Executiva Daniel Mota Gomes · João Braga Tavares Direcção Editorial Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt Redacção Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.pt Mónica Mendes - mmendes@comunicare.pt Colaborador Especial João Paulo Jardim - jpjardim@comunicare.pt Design Gráfico Bruno Tavares · Patrícia Ferreira design@comunicare.pt Fotografia Ana Rita Rodrigues · Shutterstock · Fotolia Serviços Administrativos e Agenda Maria Sá - agenda@comunicare.pt Revisão Marta Gomes Direcção de Marketing Pedro Posser Brandão Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 E-mail - pbrandao@comunicare.pt Publicidade Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 E-mail - publicidade@comunicare.pt João Tavares - jtavares@comunicare.pt Daniel Gomes - dgomes@comunicare.pt ASSINATURAS - assinaturas@comunicare.pt Envie o seu pedido para: Rua Rainha Ginga, Porta 7 Mutamba - Luanda - Angola Departamento Financeiro Sílvia Coelho Departamento Jurídico Nicolau Vieira Impressão Multitema Distribuição Africana Distribuidora Expresso Luanda - Angola Tiragem 10.000 exemplares — ISSN 1647-3574 DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 — Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais
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A sociedade está em destaque nesta edição. A Angola’in examina o elemento mais importante e a razão da existência de um país, analisando as suas múltiplas valências. A justiça social merece particular atenção, num período em que o Bastonário da Ordem dos Advogados, recentemente eleito, assume o seu segundo mandato. Inglês Pinto abordou, em entrevista exclusiva, questões fulcrais como a luta pelos direitos humanos e a urgência (ou não) na aprovação da nova Constituição.
de é o direito a um comércio justo, que deve basear-se na transparência. A Angola’in apresenta-lhe as garantias de uma transacção assente no respeito do valor real dos bens e serviços, medidos pela quantidade e qualidade. Levamos até si os desafios que se impõem ao sector, num momento em que se vivenciam situações de especulação e a corrupção ainda persiste. Aliás, o seu fomento é uma das apostas governamentais para assegurar o efectivo combate à evasão fiscal.
Por outro lado, revelou algumas das ideias para a gestão da Ordem dos Advogados para o triénio 2009/ 2011, tecendo críticas à ausência de condições para o exercício pleno da profissão e lançando alertas, no que respeita à corrupção, formação, exercício da advocacia e da magistratura e ao estado da Justiça em Angola.
Aproveitando o lançamento do primeiro modelo de Habitação de Custo Controlado, mostramos tudo o que precisa saber sobre o sistema, que pode ser uma mais-valia para a execução de um milhão de casas até 2012, garantindo que todos têm uma casa de qualidade e acessível a todas as carteiras. A habitação de baixo preço tem uma componente social interessante, pois incentiva a interacção entre as comunidades.
Este mês, destacamos as fragilidades do sistema fiscal e tributário, nomeadamente os perigos da evasão fiscal, um dos problemas que preocupam não só Inglês Pinto, mas todas as entidades governamentais. Apesar das reformas, a fraude e fuga ao fisco causam ainda grande consternação, exigindo uma maior fiscalização, especialmente nas alfândegas, onde a situação é mais comum e carece de intervenção urgente. Justiça não diz respeito unicamente à análise da conduta dos povos. O termo é mais abrangente. Proveniente do latim iustitia, é sinónimo de igualdade entre todos os cidadãos. Ora, um dos princípios da equidade numa socieda-
A fechar, não esquecemos um dos temas mais debatidos por toda a sociedade: a importância da governação local. Problemática questionada por quase todas as figuras públicas, a Angola’in faz uma reflexão acerca da necessidade de descentralizar a capital Luanda, sobrecarregada de habitantes e serviços e da urgência de promover o poder local e autárquico, determinantes no comando dos destinos dos munícipes.
A Direcção
Contacto Angola - assinaturas@comunicare.pt
1 ANO 17,55 EUROS (10% DESCONTO) 2 ANOS 31,20 EUROS (20% DESCONTO) Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)
IN LOCO · ANGOLA’IN
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SOCIEDADE
comércio justo
É um dos direitos fundamentais da população, que deve ter acesso aos produtos de subsistência básica, sem ter que pagar preços extrapolados por bens essenciais. O comércio justo baseia-se na transparência, pelo que convidamo-lo a compreender o funcionamento da máquina económica. A especulação cresce de forma preocupante, levando o Governo a tomar medidas. Descubra as bases do respeito pelo valor real dos bens e serviços, medidos pela quantidade e qualidade
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ECONOMIA & NEGÓCIOS
DESPORTO
evasão fiscal
reis das pistas
Esta edição tem como tema central a Justiça. Nesse âmbito, um dos problemas indissociáveis da sociedade diz respeito à justiça social, em que a evasão fiscal é uma problemática que prevalece. Assim, as fragilidades do sistema fiscal e tributário passam pelo ‘radar’ da Angola’in, que deixa o alerta para os perigos da ausência de fiscalização, nomeadamente nas alfândegas, cuja intervenção é urgente
A soberania africana no atletismo é evidente. Uns apontam os factores genéticos como a razão do talento dos negros para as corridas. Outros destacam as condicionantes naturais e sociológicas para a supremacia em relação aos brancos, que ficam aquém da destreza e capacidade física dos atletas, oriundos de África. Conheça os casos de sucesso e os ícones da modalidade
ANGOLA IN PRESENTE
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IN LOCO
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INSIDE
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IN FOCO
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EDITORIAL
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MUNDO
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GRANDE ENTREVISTA
6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
ECONOMIA & NEGÓCIOS
24 quénia - futura plataforma financeira regional
O FMI prevê um abrandamento do crescimento do país, devido às condicionantes mundiais e à crise política. Porém, o Quénia parece passar incólume a estas previsões e promete ser a próxima plataforma financeira regional. As expectativas estão voltadas para a Bolsa de Valores de Nairobi, que é o maior mercado bolsista da África Central e Oriental. Descubra o porquê destas aspirações e conheça os motivos desta confiança inabalável
SOCIEDADE
44 diplomacia não governamental Responsáveis pelo apoio de retaguarda das sociedades, as ONG’s são essenciais no auxílio à sociedade. Em colaboração com o Governo ou com entidades privadas, estas associações conseguem fazer muito com parcos recursos. Descubra as áreas de actuação e iniciativas destas entidades
TURISMO
58 tanzânia e suazilândia Nesta edição, sugerimos um passeio por terras africanas. Encante-se com as paisagens deslumbrantes da Tanzânia, onde subsistem mais de cem tribos com culturas e dialectos próprios. As praias são o principal atractivo. Se preferir, opte por um país único, conhecido pela sua singularidade: a Suazilândia. É o local ideal para quem procura os melhores safaris do mundo e savanas extraordinárias
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
médicos do bairro
Para muitos, uma ida à farmácia local é o que mais se aproxima de uma visita ao médico. A Angola’in traça o perfil do sector farmacêutico nacional, revelando as acções em curso e os projectos que permitem revolucionar o sector, esperando-se que assim seja possível reduzir as importações. O arranque de uma fábrica de produção interna e a aposta na investigação são as novidades que lhe apresentamos
VINHOS & COMPANHIA
120 gourmet
especial - habitação de baixo custo
‘quando menos é mais’
Numa altura em que se aborda a meta governamental de criar um milhão de casas em apenas quatro anos, as habitações de preços reduzidos são uma hipótese viável. A primeira foi apresentada recentemente na Constrói. Descubra as vantagens do novo modelo de construção, em que a simplificação do processo significa ganhos consideráveis
Wilson Aguiar junta-se à equipa Angola’in e traz muitas novidades, prometendo receitas deliciosas, sempre com o toque dos sabores africanos. O reconhecido chef brinda-o com a sua experiência e qualidade. Inauguramos ainda uma nova rubrica, a pensar no seu bem-estar. Não perca os melhores locais para jantar ou passar um momento agradável
DESPORTO
CULTURA & LAZER
126 versejar estórias de um povo
80 sangue novo em campo São jovens, saudáveis, talentosos e...vencedores. Os atletas nacionais com menos de 20 anos compõem um grupo de talentos promissores, distribuídos por diversas áreas. Este mês evidenciamos os benefícios da prática do desporto e revelamos algumas das modalidades mais medalhadas, em júniores e juvenis. Fique a conhecer os atletas mais galardoados, que prometem dar muitos títulos ao país
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FOTO REPORTAGEM
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LUXOS
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ESTILOS
A poesia acompanha os primórdios da humanidade. No caso angolano, os poemas fazem parte da cultura nacional e relatam o desenvolvimento da sociedade, especialmente os momentos mais importantes, que fizeram história. Conheça os ‘pais’ da poesia enquanto literatura, os grandes nomes do século XX e as gerações do novo milénio
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PERSONALIDADES
LIVING SUMÁRIO · ANGOLA’IN
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editorial
moda do low cost
mbartolo@comunicare.pt
Primeiro foram os aviões, depois os hotéis e agora são vários os segmentos de mercado que oferecem produtos ou serviços a baixo custo. O conceito chegou e parece que está para durar porque, pelos vistos, funciona: dá lucro às empresas que o exploram e agradam (todos) os utilizadores. Admito que me tenho deixado seduzir por este fenómeno que nos últimos anos tem tido uma expansão galopante. A tendência de produtos low cost, que se instalou nos mercados mundiais baseia-se na oferta de menos serviços, mas não necessariamente piores serviços a um preço muito inferior ao do mercado. Estes preços fazem com que mais e mais pessoas comprem esses produtos e serviços e assim se construa uma economia de escala que sustenta esses preços muito baixos. Paradoxalmente, é neste formato low cost, quando bem gerido e com uma dimensão de mercado suficiente, que as empresas que trabalham os mercados de massas estão a ganhar dinheiro. Suportado pelo internet e por uma geração de jovens cada vez mais atenta e exigente, as empresas têm reduzido ao mínimo os preços. Um bom exemplo disso é a companhia EASY do multimilionário grego Stelios Haji-Ioannou, que hoje em dia oferece soluções económicas em áreas tão diferentes que vão desde as telecomunicações, ao cinema e ao aluguer de automóveis.
Ao low cost juntou-se mais tarde o no cost, que se baseia na comercialização a preços nulos.
Importa agora explicar o que quer dizer este termo tão ouvido em todo o lado. O que é low cost? Para explicar posso dizer que longe vão os tempos em que se pagava pela qualidade. Baixo custo não significa falta de qualidade, significa reduzir ao mínimo os preços e assim cativar o maior número possível de clientes. Lembrem-se que a internet não tem fronteiras. Postos de atendimento em cada cidade tornam-se inúteis quando se pode ter um site em casa de cada interessado, 24 horas disponível por dia e na sua língua-mãe. Mas o sector mais transformado com esta nova vaga foi sem dúvida o das viagens e consequentemente o da hotelaria. Temos também low cost nos sectores das comunicações, moda, restauração, supermercados e outros
10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
que basta pensarmos. Há também outra tendência que passa pela dissimulação de uma marca noutra. Temos como exemplo mais conhecido a Mercedes e a Smart ou então a Samsung que lançou no mercado uma nova marca low cost, a Samtronic. Mais uma vez no sector das viagens, algumas companhias como a Air Europa renderam-se e tornaram-se low cost. Outras criaram as suas próprias, como a Iberia com a Click Air (nome sugestivo, que revela a inegável importância da internet no desenrolar deste processo.) Para entender melhor este fenómeno temos de recuar até aos anos 80/90 em que o chique passou a não ser necessariamente o caro. Bom exemplo é a Swatch que a meu ver teve um grande papel, era um produto absolutamente na moda e ao mesmo tempo oferecia os relógios mais baratos do mercado. Isto veio transformar todos os cânones do consumismo que existiam até à altura. A ameaça passa para o mercado tradicional, pois por exemplo no IKEA as pessoas sujeitam-se a ser ao mesmo tempo clientes, embaladores, empregados, armazenistas e transportadores. Aí está o (único?) perigo destes fenómenos low cost: as taxas subentendidas ao primeiro olhar e reguladoras. A verdade é que facilitou a vida de todos e tornou possível para os clientes (e todos sabem quem são os clientes-alvo destes grupos) jovens permitirem-se a luxos nunca antes imaginados. Uma viagem? Um fim de semana fora? Deixou de ser exclusivo para as elites… O no cost será um novo standard de mercado, que veio para ficar e marcará as próximas gerações de forma decisiva. Enquanto este modelo conquista os mercados, um outro, mais ousado, ganha forma: preços negativos. Ninguém se deve admirar se em breve algum canal de televisão pagar aos consumidores para verem os seus conteúdos ou um site a pagar a cada unique IP adicional – ou ainda algum grupo de música pagar uns cêntimos por cada download, sabendo que algum sponsor de bebidas, portáteis ou leitores de mp3 lhe paga em posicionamento tanto mais, quanto maior for a sua largura de banda de ouvintes. Os preços negativos surgirão em mercados onde o grátis se tornar standard, como forma de diferenciação. Neste posicionamento, como no modelo low cost, é necessário saber comunicar de forma muito cautelosa e eficaz, de forma a manter a credibilidade e atrair os clientes-alvo e não demais.
EDITORIAL · ANGOLA’IN
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INSIDE
| patrícia alves tavares
TAAG quer mais voos para a China
CTT expande-se para Angola e Moçambique Os correios de Portugal vão investir um milhão de euros em Angola e outro milhão em Moçambique, com o intuito de dar seguimento à política de expansão da empresa. “Os CTT elegeram os países da África lusófona para a sua internacionalização, além de Espanha”, anunciou recentemente Estanislau Costa, presidente da instituição. A entrada no mercado nacional está a ser preparada “há um ano e deverá estar concluída antes de 2009”, estando agendado o lançamento de operações expresso de encomendas. Os CTT vão participar em parceria com os correios locais, sendo detentores de uma posição de 50 por cento.
Volume de negócios do Brasil atinge 900 milhões de dólares O Brasil investiu em Angola um total de 900 milhões de dólares americanos. Os dados são relativos ao período de Janeiro a Junho de 2009 e, de acordo com o embaixador brasileiro, Afonso Cardoso, a actual recessão económica mundial não afectou o relacionamento comercial entre os dois países, que mantiveram os mesmos níveis de importações e exportações. O diplomata confirmou que o petróleo continua a ser o produto dominante nas trocas comerciais, defendendo, no entanto, que o saldo deste relacionamento é positivo e estável, assistindo-se a um aumento do número de angolanos a investir no Brasil e vice-versa. “Tem havido uma forte reciprocidade a nível comercial, pelo que julgamos haver uma boa relação”, garantiu Afonso Cardoso, avançando que quer do ponto de vista político, quer social e económico, os dois países estudam a criação de mais planos comuns e a integração dos seus cidadãos.
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A companhia aérea angolana pretende incrementar a sua oferta de viagens para a China. O objectivo consiste em aumentar a frequência de dois para três voos semanais, para fazer face à procura actual. A informação foi avançada por António Inácio, representante da companhia em Beijing, que revelou que a TAAG tem registado uma maior afluência de angolanos, o que torna insuficiente o número actual de deslocações. Questionado acerca dos motivos da procura crescente, o responsável apontou o nivelamento das tarifas (em relação ao mercado) e a melhoria dos serviços como causas prováveis. “O tráfego tem tendências de aumentar em função dos contratos que foram assinados entre os governos de Angola e da China, e o despertar dos comerciantes e empresários angolanos que estreitam parcerias com outros deste país asiático”, constatou. A entrada da TAAG no referido país asiático, em Dezembro de 2008, permitiu a cobertura dos mercados da Coreia, Japão, Hong Kong e Macau.
Governo liberaliza sector da refinação de petróleo O Conselho de Ministros angolano aprovou a liberalização do sector da refinação de petróleo, abrindo as portas a um mercado que actualmente é exclusivo da petrolífera Sonangol, que gere a única refinaria do país, a norte de Luanda. O Conselho de Ministros, segundo um comunicado divulgado pela imprensa estatal angolana, definiu ainda a liberalização, também no sector dos petróleos, do armazenamento, transporte e distribuição, áreas igualmente controladas pela Sonangol, embora na distribuição a operadora angolana tenha como sócia a portuguesa Galp, na Sonangalp. Esta decisão surge quando o Estado angolano se prepara para arrancar, em 2012, com uma segunda refinaria no país, situada na província de Benguela, Lobito, com um investimento estimado em cerca
de oito mil milhões de dólares. Para o Zaire, na região do Soyo, está prevista uma terceira refinaria, embora sem calendário para a sua construção. A actual refinaria de Luanda tem capacidade para refinar 35 mil barris de petróleo por dia, muito abaixo das necessidades do mercado, levando a que o país importe cerca de 90 por cento dos combustíveis refinados que consome. Cada uma das duas unidades que estão previstas para Benguela e Zaire deverá ter capacidade para cerca de 200 mil barris/dia. Angola é actualmente o maior produtor de petróleo africano a sul do Sahara, com potencial de produção de dois milhões de barris/dia, embora as quotas impostas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) levem a que esta produção se confine a cerca de 1,7 milhões.
Banco de Investimento tem “luz verde” O Banco Nacional de Angola (BNA) autorizou a criação de um banco de investimento, que foi proposto pela Sonangol e pela Caixa Geral de Depósitos. A parceria CGD/Sonangol foi estabelecida em Março deste ano. A nova estrutura terá como finalidade estreitar as relações entre os dois países. O banco central angolano foi autorizado no mês de Agosto, permitindo assim a antecipação do arranque da operação destinada a apoiar projectos de investimento em Angola. Recorde-se que a data prevista para a abertura do espaço estava agendada para o final de 2009. Em declarações ao jornal português Diário Económico, Francisco Bandeira, vice-presidente da CGD e futuro «chairman» da instituição angolana, afirmou que está confiante de que «ainda durante o último trimestre” o grupo terá “condições para olhar para as primeiras operações». A parceria CGD/Sonangol visa potenciar a cooperação entre Portugal e Angola, através do apoio e financiando dos projectos de maior dimensão na economia angolana, especialmente no que respeita à área das grandes infra-estruturas.
Banco Caixa Totta expande rede O banco Caixa Totta foi recentemente criado em Angola, mas já anunciou que vai investir mais de 100 milhões de dólares (cerca de 67,7 milhões de euros) na expansão da rede de balcões para todas as províncias angolanas. Criado a partir do banco Totta Angola, o Caixa Totta é participado pela Caixa Geral de Depósitos, pelo Santander e por dois empresários angolanos anónimos. Francisco Bandeira, vice-presidente do grupo CGD, confirmou, em entrevista à agência de notícias portuguesa Lusa, que a pouca expressão do Totta Angola, quer em quota de mercado quer em número de balcões, vai sofrer uma profunda alteração no próximo ano. “O banco Totta Angola tem pouca expressão quer em quota de mercado quer em número de balcões, mas o banco Caixa Totta Angola vai querer mais expressão e mais unidades pelo país”, esclareceu, definindo como objectivo prioritário o desenvolvimento de acções que permitam ao Caixa Totta assumir-se como um “continuador do crescimento em segurança do Totta” e “um
banco seguro e sólido”, para incentivar o investimento português. Francisco Bandeira quer que os empresários “sintam neste banco uma continuidade da Caixa Geral de Depósitos (CGD)”. “Queremos crescer em todo o país, queremos estar nos principais investimentos das empresas portuguesas em Angola, queremos estar também nos importantes investimentos que se anunciam para Angola”, definiu, manifestando o interesse em fazer da instituição “essencialmente um banco de empresas”, daí “partir para um banco de particulares, mas reforçando a componente de banco de empresas”. Pela frente, o Caixa Totta tem ainda um trabalho de redimensionamento, de refrescamento da imagem, da dignificação dos balcões, desde logo da sede, onde está em negociações para adquirir novas instalações. “Dentro de um ano e meio estaremos em todas as capitais de província, em seis meses duplicaremos o número actual de balcões e no próximo ano atingiremos 35 unidades de negócio no país”, finalizou.
Programa de Comércio Rural José Eduardo dos Santos criou a Comissão Multi-sectorial para a implementação do Programa do Comércio Rural, que é coordenado pela ministra do Comércio, Idalina Valente. A comissão responsável pelo projecto está ao cargo de Pedro Canga, ministro da Agricultura e é composta pelos ministros da Indústria, das Finanças, dos Transportes e da Família e Promoção da Mulher. O grupo terá como missão articular a relação dos diversos parceiros públicos e privados intervenientes no comércio rural. Por outro lado, a comissão deverá definir os requisitos para a selecção dos operadores e das instituições bancárias ou financiadoras, bem como implementar as politicas definidas pelo Ministério do Comércio para a comercialização rural e para o abastecimento às comunidades rurais.
INSIDE · ANGOLA’IN
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INSIDE · ANGOLA’IN
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INSIDE
Sonangol deseja entrar na EDP A Sonangol confirmou o seu interesse em adquirir uma participação minoritária no capital da EDP - Energias de Portugal. A empresa encontra-se à espera de uma oportunidade, tendo Manuel Vicente, presidente do conselho de administração, manifestado a vontade de entrar no capital da entidade portuguesa. “Se houver oportunidade lá estaremos”, admitiu, lembrando que qualquer um “gostaria de estar numa empresa saudável”. O responsável pela Sonangol afirmou que desejam uma participação ao nível dos dois por cento. A intenção foi divulgada à margem da apresentação do Banco Privado Atlântico Europa, em Lisboa. O BPA, que detém uma participação da Sonangol e do Millenium BCP, instalou a sua sede na capital portuguesa, que se encontra a funcionar desde Agosto. Quanto às oportunidades de cooperação em Angola, Manuel Vicente justificou que “estão a ser identificadas”, salvaguardando que o interesse comum surge no sentido da fase de produção até à distribuição de electricidade.
Total investe quatro milhões
BESA promove amostra O Banco Espírito Santo Angola vai participar na Cimeira Mundial do Planeta Terra, com a exposição BESA Banco do Planeta. O certame, que decorre este mês em Lisboa (Portugal), exibe os projectos de cinco fotógrafos africanos, cujos trabalhos foram recolhidos durante uma viagem por várias províncias angolanas. Esta é uma iniciativa do BESA e contou com a colaboração do World Press Photo, a prestigiada agência internacional de fotografia. Os fotógrafos são naturais de Angola, Zimbabué, Gana, Tanzânia e Quénia e efectuaram um workshop para aprofundar conhecimentos acerca do projecto e dos temas que cada profissional retratou (águas; terra e saúde; recursos energéticos; megacities; solos). Os melhores trabalhos retratam um local específico de Angola. O evento tem como finalidade abordar temas relacionados com a protecção do planeta terra e conta com a presença do secretáriogeral da ONU, Ban Ki-moon, do rei Gustavo da Suécia e de vários chefes de Estado e de Governo. O BESA recebeu a distinção Banco do Planeta, atribuída pelo Comité Internacional de Desenvolvimento do Planeta Terra e participa no certame nessa qualidade. A escolha da instituição deveu-se ao seu empenho e apoio na divulgação de mensagens sobre protecção do ambiente e sustentabilidade.
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A companhia petrolífera Total vai aplicar quatro mil milhões de dólares norte-americanos em vários projectos nacionais. A empresa e respectivos parceiros pretendem participar no desenvolvimento sustentável da nação. As afirmações são do director-geral de pesquisa e produção, Yves-Louis Darricare, que confirmou que os valores a investir serão aplicados em áreas de pesquisa e produção, nos domínios operados pela entidade na região. Durante a cerimónia de apresentação do novo director-geral da Total Angola, Philippe Chalon, Yves-Louis Darricare explicou que “ em relação ao investimento do ano 2008 houve um aumento de quase quatro por cento, daí o actual (investimento) de quatro mil milhões de dólares norte-americanos”. A Total lançou a nível mundial um programa de redução de custos que vai permitir manter os seus projectos de investimento em curso, particularmente em Angola. Quanto ao facto do preço do petróleo continuar em baixo, o representante mostra-se confiante e reitera que “é preciso investir para o futuro”. “Se não investirmos agora não vamos ter capacidade para atender a procura depois”, sustentou. O directorgeral contou que o potencial de produção da Total em Angola neste momento é superior a 500 mil barris/dia, significando que a companhia opera pouco mais que em um quarto da produção petrolífera angolano. O novo director-geral da Total Angola, Philippe Chalon pretende prosseguir na mesma linha de actuação dos eixos programados pela companhia, que consistem na produção petrolífera, na angolanização e no desenvolvimento sustentável.
MUNDO
| patrícia alves tavares
banca
Reino Unido pede limites aos prémios dos banqueiros
rd congo
Angola e Kinshasa suspendem expulsões A República Democrática do Congo e Angola chegaram a acordo quanto à recente vaga de expulsões de cidadãos entre os dois países. De acordo com o diário congolês “Le Potentiel”, o entendimento foi firmado após um encontro entre uma delegação angolana, chefiada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, George Chicoty e o presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila. Recorde-se que recentemente mais de 20 mil angolanos foram expulsos da região Congo-Kinshasa, em retalia-
ção contra o repatriamento de congoleses, que Angola tem efectuado nos últimos anos, em virtude de se encontrarem em situação ilegal (cerca de 100 mil), nomeadamente a trabalhar nas zonas diamantíferas. Dias antes da celebração do acordo entre as duas nações (cujo conteúdo ainda não foi divulgado), Kabila suspendeu a expulsão de cidadãos angolanos em resposta a uma mensagem enviada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
A Inglaterra junta-se aos dois principais países da UE, Alemanha e França, no apelo conjunto para que sejam adoptadas “regras obrigatórias” para controlar os sistemas de atribuição de generosos prémios aos banqueiros. A medida surgiu mediante a crise financeira que eclodiu no ano passado e atingiu todas as economias, em que a gestão da banca é apontada pelos especialistas como causa. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, a chancelar alemã, Ângela Merkel e o presidente da França, Nicholas Sarkozy elaboraram uma carta conjunta, onde defendem a adopção de sistemas de contenção dos bónus, de forma a evitar comportamentos de risco na banca internacional. Os responsáveis querem que esta medida seja analisada na cimeira do G20, que decorrerá em Pittsburgh, nos EUA. O objectivo consiste em ligar a dimensão dos prémios às remunerações fixas e ao desempenho dos bancos a longo prazo. Aliás, a França e o Reino Unido já criaram novos regulamentos, que não especificam regras acerca dos limites e critérios de atribuição de prémios aos gestores de topo.
petróleo
Receitas de petróleo “nacionalizadas” O novo modelo de exploração de petróleo e gás natural no Brasil inclui um modelo de partilha de produção existente na Noruega, Venezuela e Rússia. O sistema tem como finalidade controlar as gigantescas reservas, situadas a sete mil metros de profundidade na bacia de Santos e sob a chamada camada de pré-sal. Actualmente a funcionar em regime de concessões, o Estado brasileiro torna-se proprietário de todo o crude e quer ficar com 80 por cento da receita da exploração do mesmo. Assim, a Petrobras passa a operar em todos os blocos, no mínimo com 30 por cento do capital, existindo a possibilidade de ter parceiros privados, que serão remunerados em petróleo. Por outro lado, caberá à nova empresa pública, a Petro-Sal, administrar os contratos. Com as receitas, provenientes do crude, o país vai lançar o Fundo Social do Pré-Sal, que se destina ao combate da pobreza e financiamento de projectos na área da saúde, educação, ciência e tecnologia, meio ambiente e cultura, modelo comum em países como a Noruega.
18 | ANGOLA’IN · MUNDO
fortuna
Bill Gates lidera ranking O fundador da Microsoft encabeça a lista dos magnatas generosos. O ranking foi elaborado pela revista Forbes de filantropos que doaram mais de mil milhões de dólares ao longo da sua vida. A conhecida publicação encontrou apenas 14 “super generosos” em todo o mundo. Dos 793 poderosos que possuem um património superior a mil milhões de dólares, apenas 11 integram a nova categoria da famosa revista, que classifica ainda estes milionários como “possivelmente o subgrupo de ricos mais exclusivo do mundo”.
ambiente
Glaciares perdem espessura em dois anos Um estudo do Centro Mundial de Monitorização de Glaciares revelou que no ano hidrológico de 2005/ 2006 os glaciares perderam uma espessura de 1,3 metros de água equivalente e 0,7 metros no ano 2006/ 2007. No primeiro período, os especialistas estudaram cem glaciares e 80 no ano seguinte. “Estes dados mostram que se mantém a tendência global do degelo acelerado nas últimas décadas”, anunciam os autores da pesquisa. Desde a década de 80, os glaciares perderam em média
11,3 metros de água equivalente. Em Espanha, “se em 1820 o glaciar de Maladeta ocupava 152 hectares, hoje são 54, ou seja, perdeu 35 por cento da sua superfície”, informou Cuellar, da associação Globalizate, no jornal espanhol “El
Mundo”. O responsável garante que a situação implica “uma grande perda da riqueza biológica dos Pirinéus”, pelo que poderá ter graves repercussões no abastecimento de água a zonas densamente povoadas.
ambiente
Fosfatos derramados ao largo de Madagáscar Um cargueiro de bandeira turca naufragou em frente à costa de Madagáscar, derramando 39 mil toneladas de fosfatos, que ameaçam provocar uma catástrofe ecológica, que deverá afectar a zona protegida. O barco, com 186 metros de comprimento, perdeu toda a carga. O naufrágio deu-se a três quilómetros da costa, em frente ao Cabo Faux, a sul da ilha. De acordo com os dados divulgados pela imprensa turca, os 23 tripulantes foram resgatados pelas autoridades.
afeganistão
ONU admite fraudes nas eleições
brasil
Rio de Janeiro, palco dos Olímpicos de 2016 O Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou em Copenhaga que a organização dos Jogos Olímpicos de 2016 ficará a cargo da cidade brasileira Rio de Janeiro, situação que até há poucos meses parecia improvável. O discurso de Lula da Silva, presidente da República do Brasil e o seu poder económico foram decisivos na escolha do país sul-americano para o maior evento multi-desportivo mundial. A cidade concorreu à organização das competições de 2004 e 2012, mas acabou por ser excluída da corrida. Agora, com as previsões do Banco Mundial a preverem que o Brasil se torne na quinta maior economia do planeta, em 2016, os membros do COI deram o tão esperado voto de confiança. “Para os outros países candidatos, será mais uma decisão. Para nós, será a oportunidade de construir um novo Brasil”, argumentou Lula da Silva, recordando que entre as dez maiores economias mundiais, o seu país era o único que ainda não tinha acolhido o certame. Em tom de desafio, o presidente esclareceu que “os que pensam que o Brasil não tem condições de receber os Jogos vão surpreender-se”.
Kai Eide, representante especial da ONU no Afeganistão, explicou que as presidenciais do Afeganistão, que decorreram a 20 de Agosto, foram alvo de “fraudes consideráveis”. Os resultados das eleições ainda não são conhecidos, mas os primeiros dados apontam Karzai como vencedor, com 55 por cento dos votos. As acusações de fraude partiram de observadores afegãos e internacionais, que argumentam que os actos ilícitos foram cometidos a favor do actual presidente Karzai, que procura novo mandato. Eide, em conferencia de imprensa, admitiu que “é verdade que num determinado número de mesas de voto no Sul e Sudeste houve fraudes consideráveis”. Os resultados definitivos serão anunciados brevemente.
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MUNDO
medicina
Encontrados três genes da Alzheimer Dois grupos de cientistas do Reino Unido e da França conseguiram dar um “grande passo em frente” na investigação da doença de Alzheimer. A identificação dos três novos genes poderá, no futuro, reduzir até 20 por cento as taxas de incidência da doença. Após a publicação da investigação na revista científica “Nature Genetics”, a professora da Universidade de Cardiff (Gales), Julie Williams, que esteve à frente da equipa do Reino Unido, referiu que se trata “do maior avanço conseguido na investigação do Alzheimer nos últimos 15 anos”. Os investigadores garantem que, neutralizando a actividade dos genes em causa, será possível evitar num país como o Reino Unido (população estimada de 61 milhões) cem mil novos casos por ano da variante mais comum do Alzheimer, que afecta sobretudo os mais idosos. Recorde-se que ainda não existe um tratamento eficaz para esta doença neurodegenerativa, que se manifesta através de alterações cognitivas e comportamentais, devido à morte de neurónios e à atrofia do cérebro. Ainda segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 0,379 por cento da população mundial sofria da doença em 2005, número que subirá para 0,441 em 2015. Esta descoberta é a primeira a ser divulgada desde 1993. Dois dos genes (CLU e PICALM) foram descobertos pela equipa britânica, enquanto o terceiro (denominado por receptor complementar 1 ou CR1) foi identificado pelo grupo francês. Possuir determinadas versões destes genes aumenta entre 10 e 15 por cento a probabilidade de sofrer de Alzheimer.
parceria
Aproximação à África do Sul
clima
Japão quer reduzir CO2 A nação asiática pretende cortar em 25 por cento as emissões de gás com efeito de estufa, a partir dos níveis de 1990. A medida será aplicada até 2020 e foi definida pelo primeiroministro eleito Yukio Hatoyama, que pretende implantar o ambicioso propósito com uma condição: as principais economias mundiais devem participar no esforço de redução dos níveis de poluição. “Como objectivo a médioprazo, pretendemos até 2020 reduzir 25 por cento a partir dos níveis de 1990, com base nos padrões exigidos cientificamente para deter o aquecimento global”, anunciou Hatoyama, numa conferência em Tóquio sobre alterações climáticas. O seu antecessor, Taro Aso, tinha estabelecido a meta em oito por cento. O Japão é o quinto maior emissor de gases com efeito de estufa e tem sofrido pressões para combater as alterações climáticas, após estas terem subido 2,3 por cento, colocando o país 16 pontos acima dos patamares estabelecidos pelo protocolo de Quioto. Entretanto, a indústria japonesa já começou a levantar objecções a esta medida, proposta por Hatoyama, que tomou posse a 16 de Setembro.
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segurança
Pijamas em papel nas prisões francesas O mais recente método optado pelos estabelecimentos prisionais franceses visa evitar enforcamentos e consiste na adopção de pijamas em papel. Por outro lado, está previsto o acompanhamento de prisioneiros em “stress” psicológico. As medidas constam do plano do governo francófono para diminuir as taxas de suicídio nas prisões, que é uma das mais altas da Europa. O anúncio, proferido pela ministra da Justiça, Michèle Alliot-Marie, foi entretanto criticado por uma associação de defesa dos reclusos. A distribuição de “kits” de protecção e de colchões anti-fogo são outras das novidades. A ministra salvaguardou que o apoio psicológico a presos com tendências suicidas será efectuado por voluntários (também prisioneiros).
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio de Portugal (AICEP – Portugal Global), Basílio Horta, explicou que a presença económica portuguesa em África deve ter uma visão regional, na qual a África do Sul terá necessariamente de estar presente. O responsável participou recentemente na Feira Internacional de Maputo e manteve encontros privados com agentes económicos públicos e privados em Joanesburgo e Pretoria, com o intuito de abrir novas oportunidades de negócio para a economia portuguesa na mais forte economia africana. Basílio Horta, em declarações à agência Lusa, mostrou-se optimista e perspectiva a consolidação dos laços económicos entre Portugal e África do Sul, destacando os sectores das energias tradicionais e renováveis, das componentes automóveis, da agro-indústria e moldes enquanto áreas mais vulneráveis para a penetração a curto-prazo das empresas portuguesas. “Os empresários portugueses têm de partilhar esta convicção de que, através da África do Sul, podem ir mais longe, e, quando vemos a África do Sul ter uma relação com Angola agora em fase de dinamização, é óbvio que as empresas portuguesas não se podem alhear dessa aproximação”, enunciou o presidente da AICEP. A última visita ao país africano, segundo Basílio Horta, marca uma “nova era” no relacionamento económico de Portugal com a África do Sul.
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IN FOCO
| manuela bártolo
TRADIÇÃO DEMOCRÁTICA “No Gana, por exemplo, o petróleo traz grandes oportunidades e o povo do Gana tem sido muito responsável na sua preparação para as novas receitas. Mas como muitos ganenses bem sabem, o petróleo não pode simplesmente transformar-se no novo cacau. Da Coreia do Sul a Singapura, a história mostra que os países se desenvolvem quando investem no seu povo e na sua infra-estrutura; quando promovem múltiplas indústrias de exportação e desenvolvem uma mão-de-obra especializada e quando criam espaço para pequenas e médias empresas criadoras de emprego. À medida que os africanos tentam realizar este potencial, a América estenderá a mão de uma forma mais responsável. Reduzindo os custos que acabam nas mãos de consultores e administradores, queremos colocar mais recursos nas mãos daqueles que precisam deles, formando-os simultaneamente para serem mais auto-suficientes” Barack Obama
Quando o país decidiu aplicar à economia a receita neoliberal, pura e dura, teve como resultados o controlo da inflação, o crescimento económico, o investimento estrangeiro e a confiança da comunidade internacional Barack Obama escolheu o Gana como destino da sua primeira viagem, na presidência dos Estados Unidos, à África, por uma razão nobre: é um dos poucos países subsaarianos com alguma tradição democrática. Durante o seu discurso, em Accra, capital do país, Obama destacou: “para construir um futuro próspero, o continente precisa de se lançar contra a corrupção e a tirania e assim livrarse da pobreza e das doenças”. Esta tem sido a luta de um povo que, ao contrário de outros, sempre se bateu pela democracia, tendo sido o primeiro país da África Ocidental a proclamar a independência, depois de ter ultrapassado uma longa fase de indefinição, instabilidade e golpes militares. Apesar dos
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perigos de retrocesso, dos problemas sociais próprios de uma economia que teve de se submeter à receita amarga do FMI, vive hoje um período marcado pelo optimismo. O típico orgulho dos Ashanti, cuja cultura é “a alma da identidade” nacional do Gana, serve indirectamente para explicar porque é que, no contexto africano, é um exemplo. Desde que em 1992, o ex-presidente Jerry Rawlings, subiu ao poder pela costumeira via do golpe de Estado e optou por se legitimar através da via eleitoral que este acto teve o dom de empurrar o país para a democracia. Cerca de uma década depois este responsável tornou a ter uma nova importância no seu desenvolvimento, quando decidiu aplicar à economia a receita neoliberal, pura e dura, preconizada pelo FMI e pelo Banco Mundial. Resultado: controlo da inflação, crescimento económico, investimento estrangeiro, confiança da comunidade internacional. No entanto, o preço foi o habitual, e revelouse particularmente pesado a nível ambiental – desertificação, desflorestação, preocupante escassez de água potável, mas também se reflectiu no aumento do desemprego, na diminuição do poder de compra, no crescimento do analfabetismo e da mortalidade infantil.
O papel que continua a desempenhar tem feito gradualmente do país um centro comercial da África Ocidental Papel primordial na região O Gana pode não ser um agente económico tão grande quanto o seu vizinho, mas tem uma dinâmica eficaz superior ao seu peso nos fóruns regionais. O país tem desempenhado um papel de liderança na África Ocidental, muito embora não seja um grande agente económico. Os ganenses orgulham-se de ser pacíficos e isso tem-se reflectido no facto do país ter escapado a todos os traumas de guerras civis que afectaram os seus vizinhos. O segredo do seu progresso tem-se baseado na estabilidade e crescimento económico no interior de um sistema democrático sustentável. O país tem conseguido desenvolver no continente africano e na sub-região um papel central no sector do investimento comercial precisamente por causa destes factores de elevada importância para a comunidade internacional. Em toda a sua história, o Gana tem sido um porto
de abrigo seguro para a maior parte dos seus vizinhos. Durante as guerras civis da Nigéria, foi em Aburi, uma pequena cidade fora de Accra, que as facções antagónicas encontraram a paz. O país concedeu refúgio a togoleses, costa-marfinenses, serra-leonenses e liberianos em fuga durante as guerras civis nos seus países. Episódios históricos que lhe proporcionaram um efeito de alavanca sobre os restantes países nos negócios do agrupamento regional – a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS). O seu exemplo sucede-se em outras áreas, pois tem demonstrado ter capacidade para fazer avançar a sua sociedade, como o demonstra no aprovisionamento de água sem interrupção na maior parte das cidades do país, podendo dizer-se o mesmo da electricidade. Factores que fazem com que este se torne um destino privilegiado para o estabelecimento de empresas e que estiveram na génese da implantação do Banco Central, organismo do ECOWAS no país. O Instituto Monetário da África Ocidental está também sedeado no Gana, o que veio revelar que este desempenha um papel primordial na agenda da Comunidade. Governação exemplar Uma concentração persistente no apoio orçamental e à governação, assim como o estabelecimento do Gana como terminal de transportes ocupam um lugar proeminente no pacote de despesas de 367 milhões de euros em seis anos do 10º Fundo Europeu de Desenvolvimento estabelecido entre a União Europeia e o Governo do Gana (2008-2013). Um montante de 175 milhões de euros destina-se ao apoio orçamental geral. A UE é um dos vários doadores que estão a canalizar os fundos de desenvolvimento directamente para o orçamento do Estado a fim de ajudar, por exemplo, a realizar reformas económicas e a desenvolver o sector privado. Os 95 milhões de euros atribuídos à governação têm como objectivo fomentar a descentralização. Os fundos para esta área consistem, em parte, num apoio ao orçamento e, noutra, numa ajuda a projectos. De acordo com os funcionários da Comissão Europeia, estes fundos destinam-se a projectos como vias de penetração e instalações de água e de saneamento. O FED é aplicado principalmente no domínio da educação, da saúde e da água. As verbas reservadas à governação são para ser utilizadas no reforço da sociedade civil (8 milhões de euros) e instituições de governação não executivas (4 milhões de euros), para que ambas possam encetar o diálogo com o governo local e agir como “guardiãs”. O financiamento no âmbito
Tema Port, fora de Acra, tornou-se na base de trânsito para os Estados interiores, como o Burquina Faso, o Mali e o Níger, isto porque o país abriu as suas portas à circulação de mercadorias e de serviços
do 10.º FED destina-se especialmente às organizações básicas e rurais. Transportes Do FED actualmente em vigor foram reservados 76 milhões de euros para os transportes. Este sector é visto como essencial para a redução da pobreza. A UE tem apoiado a elaboração de um Plano Nacional de Integração dos Transportes que abrange portos, instalações portuárias, caminhos-de-ferro e estradas. Com a nova tónica na integração regional, o 10.° FED toma em consideração a beneficiação e a construção de estradas nacionais, de modo a fazer do Gana um centro de transportes regional. Está orçamentada a reabilitação de estradas nacionais no Oeste do país, mas uma nova construção só será efectuada após uma avaliação social e ambiental. Se os benefícios forem considerados insuficientes, as atenções podem ser desviadas para outras estradas nacionais, como a continuação do corredor Leste.
A diáspora é uma fonte de divisas substancial, tanto através das remessas para o Gana, como do turismo Comércio Dos 21 milhões de euros remanescentes, espera-se a afectação de 9 milhões de incentivo ao comércio, tendo o Gana assinado um acordo de parceria com a UE. Espera-se que os fundos ajudem o país a ser mais competitivo em matéria de exportações não tradicionais e possam igualmente ser canalizados para melhorar a documentação aduaneira. São afectados 8 milhões de euros da quantia remanescente à gestão dos recursos naturais, incluindo o reforço dos organismos básicos de regulação envolvidos na gestão dos recursos naturais, e também ao apoio da Aplicação da Legislação, Governação e Comércio no Sector Florestal (FLEGT) da UE para limitar a exploração florestal ilegal.
Diáspora Restam 2 milhões de euros do orçamento total à migração, à diáspora e à segurança. Está igualmente prevista assistência técnica para melhorar a capacidade das agências de polícia e de migração na aplicação da legislação. Cinco por cento da população do Gana faz parte da diáspora, calculandose que, só em África, reside um milhão de ganeses (citado em Twum Baah 2005) e 189.461 inscritos na base de dados da migração da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos, não incluindo a Alemanha. Outros estudos apontam para a existência de 600.000 ganeses só no Reino Unido e na UE. A diáspora é igualmente uma fonte de divisas substancial, tanto através das remessas para o Gana, como do turismo. Muitos ganeses são altamente qualificados e trabalham no sector da saúde no estrangeiro. A construção é o seu principal sector de crescimento e é parcialmente financiado pelas remessas. A lei foi recentemente alterada para permitir a dupla nacionalidade aos ganeses e alargar o voto aos que vivem no estrangeiro. Em 2006, também foi criado um Ministério do Turismo e das Relações da Diáspora. Há também mais dois milhões de euros para um mecanismo de cooperação técnica. Além do pacote conhecido como o pacote ‘A’, estão orçamentados mais 6,6 milhões de euros para os dois primeiros anos do 10.° FED no pacote ‘B’, que cobre necessidades imprevistas, como assistência de emergência, iniciativas de redução da dívida internacionalmente aceite e apoio para mitigar os efeitos secundários da instabilidade nas receitas da exportação. Como membro da Organização Regional da África Ocidental, a ECOWAS, o Gana também beneficiará do 10.° programa indicativo regional da UE para a região da África Ocidental e é elegível para posterior financiamento, tanto ao abrigo das facilidades de Energia e Água da UE como da parceria UE-África no campo das infra-estruturas.
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ECONOMIA & NEGÓCIOS
| manuela bártolo
Quénia
futura plataforma financeira Edward Njoroge - Chairman da NSE
Quando o Governo queniano pôs à venda na Bolsa de Valores de Nairobi (NSE) 25% da sua participação financeira na empresa Safaricom, o seu principal operador de telecomunicações, o registo de investidores multiplicou seis a oito vezes o número de inscrições. Para o presidente do país, Mwai Kibaki, a agitação “mostra a grande dimensão dos recursos locais disponíveis para investimentos rentáveis a longo prazo” Criada em 1954, a Bolsa de Valores de Nairobi é o maior mercado bolsista da África Central e Oriental e o quinto maior do continente africano Tendo atraído 860 mil accionistas, a venda das acções, que teve início em 9 de Junho de 2008, após o lançamento da Oferta Pública Inicial (OPI) em Março, adicionou 200 mil milhões de xelins quenianos à Bolsa de Valores e aumentou a capitalização da empresa para mais de um bilião de xelins quenianos. Actualmente, cerca de um milhão, ou um em cada 18 quenianos, detém uma acção na NSE, incluindo em antigas empresas públicas como Kengen, Kenya Airways, Mumias Sugar Corporation, Kenya Commercial Bank e Kenya Reinsurance Corporation Ltd. O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu um abrandamento no crescimento do país, com 2,5% em 2008 contra 7% em 2007, após a crise política e a redução da oferta de crédito a nível mundial que se receava viesse afectar negativamente a indústria do turismo do Quénia. Todavia, o
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país parece estar a passar incólume sobre esses acontecimentos e aspira a tornar-se uma plataforma financeira regional. Bolsa de Valores Criada em 1954, a Bolsa de Valores de Nairobi é o maior mercado bolsista da África Central e Oriental e o quinto maior do continente africano. Neste momento, possui um sistema de transacções totalmente automatizado e uma gama crescente de produtos. Desde 2007, o estabelecimento de uma rede local permitiu a todos os corretores, bancos de investimento e operadores económicos participarem no mercado de capitais a partir dos seus próprios gabinetes. Numa intervenção na NSE, em Junho, na venda da Safaricom, o presidente Mwai Kibaki afirmou: “Os mercados de capitais se-
rão essenciais para mobilizar fundos de longo prazo e fundos de infra-estruturas.” Instou ao financiamento de projectos de infra-estruturas através de obrigações a longo prazo, para mobilizar recursos financeiros públicos. As obrigações constituem uma forma rápida de instituições como governos e empresas mobilizarem capitais através da Bolsa de Valores para iniciativas como construção de estradas ou sistemas de abastecimento de água. O investidor, também conhecido por mutuante, obtém lucros através dos juros associados à obrigação. Obrigações do Tesouro O Professor Chege Waruingi, presidente do Conselho de Administração da Autoridade do Mercado de Capitais do Quénia, explicou, na altura da venda da Safaricom, que os principais projectos de infra-estruturas para 20082012, que fazem parte da estratégia “Visão 2030” do governo para transformar o Quénia num país de rendimento médio, deverão custar 500 mil milhões de xelins quenianos. Frisou ainda a necessidade de eliminar os obstáculos jurídicos e administrativos ao financiamento por parte de investidores locais e estrangeiros. As inovações actualmente em desenvolvimento para “consolidar” a Bolsa de Valores de Nairobi incluem um sistema de mercado de balcão organizado para os títulos não transaccionados em sessões de bolsa e a introdução de um sistema primário de transacção em que o governo selecciona operadores económicos para promoverem o investimento em obrigações do Tesouro. O Professor Chege Waruingi informou igualmente que não seriam tole-
rados “corretores irregulares”. O desenvolvimento do projecto de sistema marítimo da África Oriental que pretende instalar um cabo de fibra óptica subaquático reduzirá os custos de comunicação no Quénia e países vizinhos e contribuirá para a negociação mais eficiente de acções na NSE, promovendo a imagem do país enquanto destino de investimento regional. Estão já a ser adoptadas medidas para criar uma bolsa de valores da África Oriental (East African Stock Exchange Limited) com o Uganda, a Tanzânia e o Ruanda, entre outros. O Professor Chege Waruingi acrescentou ainda serem necessárias iniciativas que tornem os quenianos mais versados em operações financeiras. Propôs a realização de um troféu universitário anual sobre mercados de capitais, a fim de “aumentar o interesse dos jovens quenianos nas oportunidades de aplicar poupanças em produtos financeiros”. Perspectivas económicas O crescimento económico do país irá diminuir, em 2009, para 4% em relação aos 7,7% de 2008. Isto verifica-se também numa conjuntura de abrandamento económico global, causada pelos preços voláteis e elevados do petróleo. Especialistas afirmam que se os estrangulamentos mais notórios a um crescimento económico mais rápido no Quénia e na região (infra-estrutura arruinada: estradas, portos, caminhos-de-ferro, telecomunicações e imperativos energéticos) fossem determinados, o crescimento económico para toda a Comunidade da África Oriental (Burundi, Quénia, Ruanda, Tanzânia e Uganda) seria reforçado para 10-15% por ano. Redefinição do investimento local a prazo A NSE assumiu um aspecto mais regional quando o Ministro das Finanças propos que, para investir no mercado de capitais, os membros da Comunidade da África Oriental (Burundi, Quénia, Ruanda, Tanzânia e Uganda) deviam beneficiar do mesmo tratamento que os investidores locais. Os membros da Comunidade da África Oriental podem, desde 2008, adquirir uma quota de 40% da Oferta Pública Inicial (IPO), que é reservada aos investidores locais. Além disso, os africanos da região pagam uma taxa de retenção de 5% sobre os dividendos, ao passo que os investidores estrangeiros pagam 10% de taxas de retenção. Os investidores pagam todos uma taxa de 15% de retenção na fonte sobre os juros. Bolsa de Valores da África Oriental Os investidores desejam dispor de um ponto
de acesso único aos diferentes valores listados nas várias bolsas de África e beneficiar de um sistema comercial seguro, rápido e sólido que lhes permita exercer a sua actividade comercial e minimizar os riscos. Querem igualmente ter acesso a uma informação precisa e atempada que lhes permita tomar decisões de investimento bem informados. As bolsas que forneçam uma proposta desteipo aos investidores continuarão a atrair o investimento em carteiras de título. A Bolsa de Valores de Nairobi é membro da Associação de Bolsas de Valores da África Oriental, cujos membros são a Bolsa de Valores do Uganda, a Bolsa de Valores de Dar-es-Salaam e o membro mais recente – o Conselho Consultivo do Mercado de Capitais – Capital Markets Advisory Council (CMAC) do Ruanda, que aderiu em 26 de Abril de 2008. O CMAC funciona como um organismo regulador, orienta e regula o mercado tendo o objectivo final separar estas duas funções no futuro. A visão dos mercados de capitais da África Oriental é “um mercado de capitais totalmente integrado com uma bolsa de valores regional (a partir de Dezembro de
2009)”. Os reguladores e as bolsas chegaram a um acordo sobre as acções a empreender para concretizar esta visão: › Uma plataforma comercial comum a partir de Dezembro de 2008: ponto de acesso único; › Pontos de acesso para emissores e investidores; › Legislação do Mercado de Capitais da Comunidade da África Oriental apresentada a partir de Dezembro de 2008; › Reguladores de cada Estado sujeitos a um quadro regulamentar comum; › Desmutualização de cada bolsa de valores a partir de Dezembro de 2008; – Fusão das três bolsas de valores a partir de Junho de 2009. A bolsa já está em discussões avançadas com a Bolsa de Valores do Uganda sobre uma perspectiva de fusão após a desmutualização das duas bolsas e tem tido discussões com a Bolsa de Valores de Dar-es-Salaam. No intuito de criar uma bolsa de valores única para a África Oriental, com bases comerciais no Quénia, Uganda, Ruanda e Tanzânia, lançou-se recentemente uma ronda de discussões com a Bolsa de Valores do Ruanda.
sabia que
O ÊXITO DA SAFARICOM Criada em 1997, a empresa Safaricom é o principal operador de telemóveis do Quénia e uma das empresas mais lucrativas da África Oriental. Antiga filial a 100% da Telkom Kenya, após a OPI, os seus accionistas públicos detêm agora uma participação de 25%, a Vodafone 40% e o Governo queniano 35%. A Safaricom possui actualmente 80% da quota de mercado de comunicações móveis do Quénia, com 10,2 milhões de subscritores e mais de 100.000 pontos de distribuição. Com 36,6%, a rentabilidade dos capitais próprios da Safaricom foi uma das mais elevadas em comparação com outros operadores de telecomunicações de África
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| manuela bártolo
Nova reforma fiscal
stop à fuga
“É importante que as pessoas entendam que quando se faz uma reforma não é para agravar impostos, nem muitas vezes será para obter mais receitas, embora as receitas sejam, efectivamente, a principal questão a perseguir” Francisco Brandão, presidente do Comité Nacional para a Reforma Fiscal
Angola tem, como aliás todos os países, a necessidade de gerar saldos positivos não só através da exportação do petróleo, mas sobretudo da criação de novas fontes de angariação de impostos directos e indirectos. Os mesmos podem ser obtidos pela circulação de mercadoria, sobre propriedade, sobre produção industrial, sobre o território, produtos importados ou sobre os industrializados. O objectivo é, no entanto, sempre o mesmo - aumentar e diversificar as fontes de rendimento do Governo (Tesouro Nacional), podendo estes se estender sobre a produção/exportação de barris de petróleo ou a entrada de produtos estrangeiros de forma amplificada. Considerando os impostos sobre a produção e exportação de petróleo já existentes “fiéis serventes” das despesas do Estado e o principal apoio na continuidade da expansão das actividades em curso, a redução na angariação destes pode tornar-se um entrave no desenvolvimento da economia, dada a necessária demanda ao processo de diversificação e independência do sector do petróleo na pauta exportadora. Certos estamos, por isso, da urgência da aplicação do plano para a diversificação e do programa de substituição das importações que faz parte do Programa de Desenvolvimento Industrial.
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Desafios que exigem ajustes fiscais (reformas tributárias e administrativas) e a procura de alternativas de financiamento que não os externos, exercendo pressões sobre uma gestão eficiente das receitas provenientes do sector extrativo, associadas à necessidade de manutenção de reservas em moeda forte. O país não pode permanecer dependente de uma só receita (petróleo), embora haja já receitas provenientes das exportações. Importa aumentar o número de contribuintes e não aumentar a carga tributária sobre os poucos que existem, até porque, segundo os especialistas, quanto maior for a carga maior será a fuga.
Assente na reestruturação de três pilares legislativo, administrativo e recursos humanos - a reforma fiscal promete ter um impacto forte na vida dos cidadãos Reformar é preciso Modernizar o sistema fiscal é uma das grandes prioridades do Ministro da Finanças, Severim de Morais, para este mandato. A reforma
de um sector que data de há mais de meio século é urgente por estar “desactualizado e díspar”, tornando-se, por isso, necessário fazer uma “grande reforma fiscal, principalmente na área não petrolífera”. Para o efeito, “é preciso criar novos códigos, isto é um código geral tributário, que permita actualizar uma legislação que, por vezes, tem 60 ou 70 anos”. O Governo está a criar um sistema fiscal moderno, capaz de dar resposta aos objectivos da política tributária e aos desafios do desenvolvimento socioeconómico através de políticas de atracção do investimento, de promoção do emprego e de integração regional. Até ao momento foi dado um passo importante - a aprovação, em Conselho de Ministros, das Linhas Gerais da Reforma Fiscal. Um documento base que propõe acções a curto prazo, tais como a revisão e actualização do Código Geral Tributário (CGT), a adopção de um Código de Processo Tributário, a racionalização e consolidação legislativa do imposto industrial e a simplificação do imposto de selo. A revisão do imposto sobre o rendimento do trabalho, do regime de consignação de receitas fiscais que devem ser atribuídas ao poder local, a prossecução e implementação de políticas de alargamento da base tributária a nível aduaneiro e a
adopção de taxas modelares que promovam a reactivação da produção nacional são outras das medidas previstas pelo Governo. Mudanças difíceis, mas extremamente necessárias, com soluções que incidem sobretudo na reforma da administração, na correcção das desigualdades, na melhoria da despesa pública e no estímulo ao sector produtivo. O país vive diariamente problemas com a tributação fiscal, havendo pessoas e empresas que pagam excessivamente impostos e outras que ficam à margem desta obrigação. Uma injustiça que está intrinsecamente associada a uma outra questão relacionada com os diversos problemas ocasionados pela carga dos impostos. Todos os cidadãos têm o dever de cumprir e pagar os impostos ao Estado, sobretudo aqueles que manifestam sinais exteriores de riqueza, como casas, automóveis ou outros bens visíveis. É do conhecimento geral que o imposto é um pagamento decorrente de uma lei e é através da colecta do mesmo que o Estado consegue prover Justiça, Segurança, Ordem Pública, Educação e Saúde à sua população, além de exercer todas as outras funções que lhe competem. É uma espécie de preço da sociedade moderna, referem muitos juristas. Ora, se este não é devidamente angariado e gerido quem sofre as consequências finais é sempre a sociedade civil, que fica assim impedida de ter melhores tribunais, melhor polícia, melhor exército e por aí adiante. Sabe-se que a aplicação da reforma fiscal é geralmente um
problema de difícil administração, razão pela qual é impossível regermo-nos apenas pela experiência de outros países, até porque a realidade económica de cada Estado e a maneira como está desenvolvido diferem. Nesse sentido, é importante ter em consideração o que se pretende fazer com a própria economia do país. Angola precisa, antes de mais, de melhorar as receitas das empresas e dos trabalhadores, de forma também a evitar o crescimento desajustado das receitas alfandegárias. Criar impostos não é por isso um poder da responsabilidade do Governo, mas sim uma prerrogativa e um poder exclusivo do Parlamento.
É de salientar, nos últimos anos, a consagração de um regime ambicioso de incentivos fiscais e aduaneiros ao investimento privado
em 2003 através do amplo “pacote legislativo”, que incluiu a aprovação da Lei de Bases do Investimento Privado, da Lei do Fomento do Empresariado Privado e da Lei dos Incentivos Fiscais e Aduaneiros ao Investimento Privado. Entre as medidas referidas nos diplomas legais é de salientar a consagração de um regime ambicioso de incentivos fiscais e aduaneiros ao investimento privado. Um progresso travado, por vezes, pela própria complexidade do sistema fiscal do país, de tipo ainda parcelar. No que respeita à tributação dos rendimentos das empresas, Angola assenta na existência de um imposto de carácter geral – o Imposto Industrial – que surge complementado por impostos e regimes parcelares, dirigidos à tributação de actividades específicas, como os impostos sobre a actividade petrolífera. O Imposto Industrial tributa os lucros imputáveis ao exercício de qualquer actividade comercial ou industrial por residentes ou não residentes. A tributação dos ren-
Incentivos fiscais captam investimento São hoje reconhecidas as potencialidades de Angola enquanto destino de investimento privado. A estabilidade política e a criação de um ambiente institucional apelativo, sobretudo para o investimento externo, tem vindo a contribuir para um forte apelo sobre os empresários. Um assédio que se reflecte a nível fiscal com a criação de mais condições apelativas ao investimento, para além das criadas
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dimentos das pessoas singulares encontra-se repartida por três impostos: o Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho, que incide sobre as remunerações recebidas pelos trabalhadores por conta de outrem e sobre os rendimentos resultantes do exercício de actividades por conta própria, obtidos por serviços prestados em Angola, quer o seu titular seja ou não residente, o Imposto Industrial e o Imposto sobre a Aplicação de Capitais. Quanto à tributação do património imobiliário, assenta na coexistência de impostos distintos: o Imposto Predial Urbano, que tributa o património numa perspectiva estática e incide sobre o valor locativo anual, efectivo ou potencial dos prédios urbanos – a Sisa -, devida pelas transmissões onerosas de propriedade imobiliária, rústica ou urbana, e o Imposto sobre as Sucessões e Doações que incide sobre todas as transmissões a título gratuito de propriedade imobiliária ou mobiliária. As transmissões sujeitas a Sisa estão igualmente sujeitas a Imposto de Selo. O Imposto sobre o Consumo, monofásico e cumulativo, recai sobre a produção e importação de mercadorias, o consumo de água e energia, os serviços de telecomunicações, os serviços de hotelaria e outras actividades conexas ou similares. É de salientar, ainda, o Imposto sobre as Transacções Internacionais,
incidentes sobre a importação e exportação de mercadorias e o referido Imposto do Selo, que tributa vários actos, contratos e operações de natureza distinta. Apesar das dificuldades que subsistem, cada vez mais se reconhece internacionalmente que investir em Angola é hoje muito mais fácil. E mesmo conhecendo a concorrência de empresas provenientes de grandes potências mundiais (como a China), a crescente presença de investidores revela o desenvolvimento do país. Política fiscal elogiada O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem vindo a enaltecer as medidas de política fiscal e monetárias adoptadas pelo Governo para estabilizar as reservas líquidas internacionais do país face à crise financeira internacional. O reconhecimento, expresso num relatório da instituição, diagnosticou a situação económica e financeira do país, com principal incidência sobre os efeitos da crise economia e financeira internacional, e concluiu que as “medidas de política fiscal e monetária tomadas foram acertadas”. O diagnóstico do FMI permite saber que, apesar dos esforços das autoridades para minimizar os efeitos da crise, o país está numa situação que precisa de ajuda especial do fundo, principalmente para estabilizar
a balança de pagamentos, mecanismo que reflecte o que o país vende e compra do exterior. Nesse âmbito, foi assinado um acordo especial de financiamento com o Governo para minimizar os efeitos da crise na balança de pagamentos. O acordo especial deverá entrar em vigor a partir de Janeiro de 2010. Nos últimos meses, o Estado adoptou restrições de moeda estrangeira no mercado financeiro para estabilizar as reservas líquidas internacionais, que passaram de 19,5 mil milhões de dólares, em meados do ano passado, para 12,4 mil milhões de dólares, em função, principalmente, da queda do preço do petróleo, principal fonte de recursos. Durante seis anos, Angola teve uma taxa de câmbio regular. O Banco Nacional teve de injectar, nos bancos comerciais, quantidades de dólares suficientes para que a procura do dólar não fosse exponencial. Ao mesmo tempo que agradeceu a cooperação das autoridades angolanas pela sua abertura ao longo das discussões, os especialistas do FMI afirmaram que se o Governo angolano não tivesse tomado medidas de restrição da moeda externa em tempo útil, as reservas líquidas internacionais do país teriam sido “gravemente afectadas”, com reflexos negativos para um país em reconstrução e desenvolvimento.
sabia que A nova reforma irá rever duas das mais importantes lacunas de toda a política fiscal nacional: a dupla tributação e a excessiva burocracia de todo o sistema que, segundo os especialistas, é a principal causa da incorrecta racionalização de recursos. Segundo Manuel Alves da Rocha, professor associado da Universidade Católica, “a burocracia em excesso é uma forma de intervenção perversa do Estado na economia. Influencia a estrutura dos custos empresariais, desvia recursos de finalidades mais apropriadas, promove a corrupção, diminui a produtividade e desvia a actividade das instituições públicas das suas verdadeiras finalidades, centradas na prestação de serviços de qualidade e na regulação de serviços de qualidade e dos processos de mercado”
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| manuela bártolo
PODER LOCAL
dividir para ‘reinar’
Descentralizar é um verbo que entrou definitivamente na agenda política angolana. Actualmente, não existe no país um poder local que traduza a verdadeira dimensão da sociedade civil. Na futura Constituição está consagrado o princípio da descentralização, que “inclui políticas de promoção da boa governança e de desconcentração da administração pública a níveis mais próximos da população”. Nesse sentido, “a criação de condições para a constituição de autarquias” surge como uma das áreas de intervenção prioritária para a consolidação do Estado de Direito. Uma efectivação que carece de todo o empenho do Estado na procura de respostas a temas tão sensíveis e urgentes quanto a definição do futuro da administração e poder local autárquico ao nível das suas competências, funções, dotações, poderes e articulação entre estes e o poder central. Importa criar estratégias
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para a promoção de uma cultura de cidadania participativa que permita a construção de um poder local democrático forte. De acordo com a base legal proposta, é evidente que o poder central delegado não será eliminado, sendo no entanto reformulado no sentido de contemplar os governos provinciais. Os seus agentes serão responsabilizados, havendo maior transparência nos procedimentos, deixando estes de serem apenas receptáculos e canalizadores dos recursos do Estado aos diferentes níveis territoriais para passarem a deter maior autonomia e autoridade. A transferência de recursos do poder central para o poder provincial carece, contudo, de uma gestão exigente segundo critérios objectivos como seja a população, os índices de desenvolvimento ou a performance na criação de receitas próprias. Outra das questões a ser discutida é a disponibilização de meios por parte do poder central para que haja
uma desburocratização eficiente e fiável dos processos. A descentralização não pode ser sinónimo de desresponsabilização, até porque a sua principal missão é gerar bem-estar e coesão social entre as populações ao nível local. Deve haver, por isso, um compromisso do Estado com as reais capacidade de auto-financiamento das autarquias, sempre com a consciência que recai sobre si a responsabilidade quer na atribuição de recursos, quer na distribuição dos mesmos segundo princípios claros de equidade, justiça e transparência.
Um poder local forte deve ser gerador de coesão social, desenvolvimento económico, preservação da pluralidade cultural e de boas experiências democráticas
Não obstante Angola ter nascido sob o princípio da centralização do poder, a verdade é que, num território tão vasto, de geografia humana e natural tão diversificadas – nunca como hoje o Poder Central conheceu um contacto tão extenso e estreito com o nível local, facto para o qual sem dúvida contribuíram o fim da guerra civil, a conquista da paz e a construção gradual da ordem democrática. (Tvedten 2003)
Torna-se por isso, cada vez mais, inviável que um Estado territorialmente tão vasto, de complexas e múltiplas realidades sociais e culturais, possa por si só assegurar a longo prazo a gestão do país. A aposta no poder local, como consagra o novo projecto constitucional, tem-se revelado um imperativo de ordem prática a bem do sucesso da própria relação que, em contexto democrático, será admissível que exista entre a sociedade civil e o Estado. Um dos principais desafios já identificados tem desde logo como palavra-chave ‘educar’ – educar para a cidadania participativa, para a cultura de exigência democrática. Educar para um objectivo que, como se vê, é de longo prazo e de profundas implicações estruturais. Implica um compromisso que, perante as vicissitudes das conjunturas políticas, se revele estável e contínuo entre a estrutura de poder político e a sociedade civil - em particular daqueles que nela se encontram desde já mais habilitados para fazer uso da sua cidadania e que por isso têm responsabilidades acrescidas na emancipação efectiva dos menos favorecidos. Dos vários actores, destacam-se as elites e o seu papel ao nível local na promoção de uma cultura de partilha e de discussão democrática do poder. Promover essa cultura significa aderir a essa cultura, isto é, a uma lógica de partilha de conhecimento, de informação e de recursos, logo de poder. Num Estado de Direito, é importante que este não só crie, mas também saiba reconhecer e incentivar
os comportamentos de agentes (nacionais e internacionais) que na sociedade local promovem a integração económica efectiva dos mais carenciados, da coesão social, do diálogo intercultural e inter-étnico, da igualdade de oportunidades e da participação democrática nas decisões colectivas. Por outro lado, este deve, em simultâneo, actuar como agente exemplar do sancionamento legal e da reprovação ética dos comportamentos que visem preservar feudos de acesso restrito a recursos materiais, e imateriais, como sejam o conhecimento, a informação e o poder. Desde sempre, o poder local assenta na ideia de legitimação popular, no entanto para se assegurar o cumprimento desse significado, é importante ter-se uma população alfabetizada, esclarecida, informada, logo, educada para a cidadania, pois só assim estará em condições de ser continuamente vigilante e exigente quanto ao respeito pela ordem democrática e pelos princípios de circulação do poder. O sucesso do futuro poder local radica não em si mesmo, mas na educação – do Estado e da sociedade civil, para uma cultura de partilha democrática do poder político e de aproximação do mesmo ao cidadão. A descentralização sobretudo no contexto de um poder central com capacidade de gerar riqueza pela exploração de importantes recursos naturais, não pode funcionar como um pretexto de desresponsabilização do Estado na geração de bem-estar da sua população ao nível local.
sabia que... Descentralizar traduz a existência de um poder local democraticamente legitimado pelo povo, autónomo e detentor de identidade, funções, responsabilidades e objectivos próprios, o que não impede que seja simultaneamente um poder em perfeita articulação com o Estado central e em sintonia com as grandes metas de toda a sociedade
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| manuela bártolo e patrícia alves tavares
investir nas províncias O mercado nacional esteve em análise num seminário, promovido pela Associação Industrial Portuguesa – Confederação Empresarial (AIP – CE), BES e AICEP Portugal. A edição 2009 do “Portugal Exportador” decorreu em Lisboa e contou com a presença de Aguinaldo Jaime, presidente da Agência de Investimento Privado de Angola (ANIP)
“Os investidores começam a acreditar em Angola como um todo e como uma alternativa segura para os seus investimentos”, considerou o responsável da ANIP, enquanto discursava acerca do tema “Angola não é só Luanda: o mercado das províncias angolanas”. A questão foi igualmente abordada pelo Presidente da Associação Industrial de Angola, José Severino, e pelo Embaixador de Angola em Portugal, Marcos Barrica. Recorde-se que até Setembro deste ano, o investimento privado em território nacional foi superior ao de igual período de 2008. No total, foram aprovadas pela Agência de Investimento Privado 443 propostas, o que equivale a um valor global superior a 1,377 mil milhões de dólares (Janeiro a Setembro de 2009), enquanto em igual período do ano transacto, o investimento rondou pouco mais de mil milhões de dólares. Da referida injecção
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de capital, 40 por cento corresponde a programas financiados pelos portugueses, isto é, o equivalente a 179 projectos com uma intenção de investimento de cerca de 209,45 milhões de dólares.
A ANIP recebeu 443 propostas, o que equivale a um valor global superior a 1,377 mil milhões de dólares (Janeiro a Setembro de 2009) Aguinaldo Jaime congratulou-se com os dados apresentados, uma vez que as estatísticas correspondem apenas às iniciativas registadas pela ANIP. Os investimentos em sectores como o petróleo e financeiro não foram cal-
culados, pelo que o responsável garantiu que a política de incentivos do Governo para a diversificação dos projectos começa a obter os resultados esperados. O dirigente revelou que áreas como a indústria transformadora (36 por cento do número de projectos), a construção (22 por cento) e a agricultura (27 por cento) “atraem muito do investimento privado em Angola”. Quanto ao tema central da palestra - a descentralização de Luanda -, o presidente da ANIP referiu que, entre os 443 projectos aprovados, uma boa parte se destina a outras províncias, como Malange (com 26 projectos contra os 14 da capital), Benguela, Cabinda e Lubango, entre outras. Os valores reflectem a dinâmica do crescimento e desenvolvimento de Angola, susceptível de gerar empregos direccionados para fora da capital. Aguinaldo Jaime alertou os presentes sobre a vigência de um quadro legal, que os investidores “devem respeitar”. “Não há razões para a informalidade”, esclareceu, em alusão às actividades económicas informais. Quanto ao investimento privado, o presidente da ANIP refutou as acusações de “optimismo exagerado”, justificando-se com a afluência das propostas, que têm crescido “vertiginosamente”.
Dos 443 projectos aprovados, boa parte destina-se a outras províncias, como Malange (com 26 projectos contra os 14 da capital), Benguela, Cabinda e Lubango, entre outras Dirigentes defendem descentralização A 4ª edição do “Portugal Exportador” deu especial atenção ao mercado angolano, uma vez que os organizadores do certame consideram que as províncias podem constituir uma oportunidade de internacionalização para as empresas portuguesas, que se debatem com a crise económica, podendo assim apostar em sectores da agro-indústria, dos serviços, da construção e das indústrias tecnológica, química e metalomecânica. Aliás, o presidente da AIP, Jorge Rocha de Matos, defende que Angola deve ser encarada “num quadro global, com possibilidades de parcerias locais nas províncias e não apenas na capital”. A ocasião foi o mote para o responsável adiantar que a AIP – CE pretende organizar, já no próximo ano, múltiplas missões empresariais às províncias de Luanda, Benguela, Huambo, Huíla e Cabinda. Marcos Barrica, Embaixador de Angola em Portugal, alertou os empresários para a importância de apostar nas províncias do interior, pois para além de representar um desejo da sociedade angolana na necessidade de diversificação da sua economia, é também uma estratégia ganhadora, uma vez que o Governo criou uma política de incentivos, sobretudo fiscais, de apoio que favorece o investimento em sectores que não o petrolífero. Importa alargar a outras áreas, mas tal “só será possível se houver agentes privados fortes em parcerias com os organismos estatais”, referiu. “Há um país aberto para os receber, até porque há reciprocidade no interesse de ambos os países”, concluiu. Por seu turno, Álvaro Sobrinho, presidente do banco BES, esclareceu que, sendo a internacionalização um tema actual, não é possível fazê-lo sem instituições financeiras fortes. Destacando o crescimento do banco no país, salientou a evolução positiva do PIB desde 2002, que tem permitido assistir-se a uma “experiência gratificante do desenvolvimento bancário, com valorização para a sofisticação do sector”. “Para que haja sucesso é importante estabelecer parcerias e relações com empresas locais, consolidando conhecimentos comuns. O BES vive a economia real e aconselha: para que haja progresso é impor-
Sectores como a Indústria Transformadora (36% do número de projectos), a Construção (22%) e a Agricultura (27%) atraem a maior parte do investimento privado no país
Marcos Barrica, Embaixador de Angola em Portugal
Aguinaldo Jaime, presidente da ANIP
tante compreender o activo humano do país como um complemento e nunca com a ideia de substituição”. Durante o seminário, autoridades e especialistas angolanos e portugueses abordaram ainda outras questões que devem ser consideradas na abordagem do mercado nacional e nas oportunidades que existem fora de Luanda. O evento contou com a presença dos responsáveis de algumas das empresas que actuam no país, como o CASBI Group, o Banco Espírito Santo Angola, a seguradora de crédito COSEC e o escritório de advogados PLMJ, que debateram os aspectos a considerar na abordagem ao mercado nacional. O público, constituído maioritariamente por empresários com negócios (ou que pretendem iniciar) em Angola, ficou a conhecer os instrumentos de apoio à internacionalização e as novas soluções para iniciar o referido processo.
Álvaro Sobrinho, presidente do banco BES
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| manuela bártolo
na mente do consumidor
Uma série de novas tecnologias está a ajudar as grandes empresas a identificar desejos e preferências dos clientes sem que eles precisem dizer uma única palavra O empresário Henry Ford, conhecido entre outras coisas por desprezar pesquisas de mercado, afirmou há mais de um século que, se tivesse perguntado aos consumidores o que queriam antes de criar o pioneiro Ford T, o resultado teria sido um cavalo mais rápido e não um automóvel. Talvez essa seja a primeira constatação sobre a discrepância entre o que os clientes dizem e o que eles realmente querem ou precisam. Nos últimos tempos, por desconfiar de que as pesquisas tradicionais não eram suficientes para saber o que de facto os consumidores queriam, muitas empresas passaram a observá-los em vez de apenas lhes fazerem perguntas.
Enquanto os clientes observam o produto, um equipamento chamado eye-tracking rastreia o caminho da íris de cada um deles 34 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
Viagem ao interior do cérebro Desde os anos 80 que o mais conhecido guru desta corrente, o consultor Paco Underhill, colecciona cerca de 20 mil horas de vídeos em que grava o comportamento dos clientes no interior dos supermercados. Mais recentemente, investigadores de grandes indústrias foram além e começaram, em incursões etnográficas, a frequentar a casa dos clientes para ver o quê, porque e como eles consomem os mais diversos produtos. Agora, a pesquisa de mercado ultrapassa outra fronteira, a de entrar, em alguns casos literalmente, na cabeça dos novos consumidores. Foi o que fez a americana Kimberly-Clark com a embalagem de um novo modelo de fralda. Antes de chegar ao mercado, o pacote passou pelo crivo de 300 mulheres. Os investigadores não perderam tempo com perguntas. Enquanto elas observavam o produto no laboratório da empresa, no Estado americano de Wisconsin, um equipamento chamado eye-tracking rastreava o caminho da íris de cada uma delas. A embalagem escolhida atraiu mais olhares para a informação de que o produto era feito de algodão orgânico e vitamina E, dado observado por 69% das entrevistadas. Esta nova forma de chegar aos clientes, tem reduzido drasticamente as pesquisas com questionários, isto porque segundo vários especialistas da área
as pessoas, em geral, falam uma coisa e fazem outra, enquanto que com o eye-tracking é forte a possibilidade de existir um veredicto inequívoco. A mudança de comportamento representa a busca de resposta para uma questão que vale centenas de biliões de dólares gastos em marketing, a cada ano, por empresas em todo o mundo. Para decifrar o que se passa dentro da mente dos consumidores e acertar o destino desses biliões, vale o rastreamento da íris através de câmaras de vídeo capazes de acompanhar clientes numa loja e estabelecer padrões de comportamento, até ao novíssimo neuromarketing, que se denomina pela aplicação da neurociência ao marketing. Por meio de eléctrodos que captam variações na actividade cerebral, acredita-se que hoje seja possível medir a reacção das pessoas a marcas ou produtos. É, por isso, estranho perceber quanto tempo demorou para a ciência e o marketing se unirem. De acordo com o consultor de marcas dinamarquês Martin Lindstrom, especialista em neuromarketing, no seu livro “A Lógica do Consumo”, “a ciência existe desde que começamos a questionar-nos sobre o nosso comportamento. E o marketing, uma invenção do século XX, faz perguntas do mesmo tipo há mais de 100 anos”. Algumas das tecnologias hoje aplicadas ao marketing já estavam disponíveis há
algum tempo, mas ficaram por décadas restritas ao campo científico. Os estudos que basearam a análise do eye-tracking, por exemplo, remontam aos anos 60. O psicólogo russo Alfred Yarbus publicou, em 1967, o primeiro trabalho científico em inglês que relaciona o movimento dos olhos à atenção. A teoria saiu do mundo académico para ter uma aplicação comercial massiva apenas neste século. Para empresas como a Kimberly-Clark, o uso do rastreamento da íris só se tornou sistemático com a criação da sua loja virtual, inaugurada há quase dois anos. Algo semelhante aconteceu com a Procter&Gamble, que inaugurou um moderno laboratório para pesquisas, apelidado de The Cave (ou “A caverna”), em Julho de 2006, na sua sede, em Cincinatti. Nos dois casos, trata-se de um espaço com ecrãs capazes de reproduzir virtualmente o ambiente de uma loja. Os consumidores sob investigação podem simular que empurram um carrinho de compras entre as prateleiras de um supermercado. Enquanto passeiam, o eye-tracking faz o resto do trabalho - detecta o que mais chama a atenção das pessoas, seja numa embalagem, seja numa peça publicitária.
O valor de uma marca pode ser uma coisa inconstante. É impossível medir com precisão e esta pode ser afectada por inúmeros factores voláteis, mas no final do dia, se um consumidor está disposto a pagar mais por uma marca em detrimento de outra, em seguida tornase um valor essencial de um indicador global do valor da empresa. Em nenhum lugar isto é mais importante do que na indústria automóvel, em que a percepção de um consumidor de uma marca pode muitas vezes ser o factor decisivo quando se trata de comprar um carro novo. Um dos melhores indicadores de como é valiosa cada marca em comparação com os seus rivais é o Best Global Brands, levantamento anual realizado pela empresa de consultoria Interbrand e BusinessWeek. No valor de marcas de automóveis, como é habitual, a Toyota domina a lista global. A concorrente mais directa é a Mercedes-Benz com um valor de $ 25.6 bilhões, seguida pela BMW. DEZ PRINCIPAIS MARCAS AUTOMÓVEL EM ORDEM E VALOR: 1 ) Toyota - $ 34 b 2 ) Mercedes-Benz - $ 25.6 b 3 ) BMW - $ 23.3 b 4 ) Honda - $ 19.1 b 5 ) Ford - $ 7.9 b 6 ) Volkswagen - $ 7 b 7 ) Audi - $ 5.4 b 8 ) Hyundai - $ 4.8 b 9 ) Porsche - $ 4.6 b 10 ) Lexus - $ 3.6 b Fonte: Motor Authority
Segundo especialistas, as pessoas, em geral, falam uma coisa e fazem outra. Com o eye-tracking é forte a possibilidade de existir um veredicto inequívoco Neuromarketing Nada representa de maneira mais literal, porém, a intenção de entrar na mente do consumidor do que o neuromarketing. Nos últimos cinco anos proliferaram consultorias especializadas em pesquisas de mercado por meio do monitoramento das ondas cerebrais. Boa parte delas usa equipamentos semelhantes a capacetes e dezenas de sensores conectados à cabeça, num eletroencefalograma, que mede o fluxo dos impulsos eléctricos. É comum que algumas dessas empresas especializadas combinem ao mesmo tempo a avaliação do batimento cardíaco, temperatura corporal e dilatação da pupila para ajudar a avaliação durante a pesquisa. De acordo com A.K. Pradeep, fundador da NeuroFocus à revista EXAME brasileira, este processo permite interpretar reacções em três aspectos: o envolvimento emocional, o nível de atenção e a retenção na memória”. A NeuroFocus é uma das maiores consultorias de neuromarketing do mundo, comprada pelo grupo Nielsen, em Fevereiro de
2008. Ora como é de imaginar, tanta tecnologia não custa barato. Estima-se que a avaliação de um produto ou uma campanha através da monitorização da actividade cerebral possa custar até 10 mil dólares para um grupo de 20 pessoas -- em média, dez vezes mais do que uma pesquisa tradicional. Uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times mostra que o uso da neurociência associado a outras técnicas tem ajudado as marcas a definir a cor da embalagem e a ressaltar informações que interessam aos clientes. Nem todas as novas tecnologias são tão, digamos, invasivas. É o caso das câmaras de vídeo. Tratase de uma espécie de versão 2.0 do princípio criado pelo consultor Underhill. A diferença é que, em vez de simplesmente colocar alguém para assistir às cenas detectadas no momento da compra, programas de computador processam automaticamente informações e
DADOS CORPORATIVOS › Origem: Alemanha › Fundação: 1871 › Fundador: Karl Benz, Gottlieb Daimler
e Wilhelm Maybach › Sede mundial: Stuttgart, Alemanha › Proprietário da marca: Daimler AG › Capital aberto: Sim › Chairman: Dieter Zetsche › Facturação: €99.39 biliões (2008) › Lucro: €3.97 biliões (2008) › Valor de mercado: €40.1 biliões
(Setembro/2009)
› Valor da marca: US$ 23.867 biliões (2009) › Produção: 1 milhão unidades/ano › Presença global: 180 países › Ícones: A estrela de três pontas
de seu logotipo › Slogan: The Future of the Automobile.
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rostos da marca Para contar a gloriosa história da Mercedes-Benz é preciso primeiro entender quem foram os homens responsáveis pela sua criação. KARL BENZ - Nascido em 1844, é considerado o criador do primeiro veículo movido a combustão interna na cidade de Mannhein, na Alemanha, em 1886, onde mantinha uma pequena oficina. O veículo era um triciclo com tracção nas rodas traseiras, monocilíndrico e com 984cc. Desenvolvia uma velocidade máxima de 16km/h. O veículo incorporava à época muitas soluções ainda utilizadas nos veículos modernos, como refrigeração à água, ignição eléctrica e diferencial. O primeiro automóvel de quatro rodas de Benz, o Victoria de 1892, foi também a base para a criação do primeiro autocarro construídos em 1895. O primeiro automóvel com produção em série foi o Benz Velo. Em 1898, foram usados pneus de borracha no Benz Confortable e em 1899 no primeiro carro de corrida. A Benz & Cia., não só se tornou a primeira linha de montagem, como também a maior do mundo no início do século XX. Em 1903, surge o Benz Parsifal inspirado nos conceitos de design dos automóveis Mercedes de Daimler. GOTTLIEB DAIMLER - Nascido em 1834, formou-se engenheiro aos 25 anos na Escola Politécnica de Stuttgart. Associou-se ao Sr. Wilhelm Maybach (grande projectista, criador dos clássicos e legendários automóveis Maybach) e produziram juntos, em 1885, a primeira motocicleta do mundo. Em 1886, alguns meses após o triciclo de Benz, construíram a primeira carruagem movida a um motor refrigerado a ar. Em 1890, fundou a Daimler Motoren-Gesellschaft (conhecida como DMG). Em 1893, por motivos de rivalidades entre os sócios Daimler e Maybach saem da empresa. De volta, em 1895, produziram o Phoenix em 1897, o primeiro automóvel com motor frontal. Dois anos depois veio o primeiro motor 4 cilindros de 28hp. O pioneirismo destes homens fez com que coleccionassem outras conquistas como a construção do primeiro camião com motor a gasolina e a diesel do mundo. produzem estatísticas. É possível, por exemplo, identificar corredores mais e menos frequentados apenas num clique de computador. O sistema também consegue calcular quanto tempo em média os consumidores ficam em frente a cada uma das prateleiras antes de escolher um produto. Já existem softwares tão sofisticados que conseguem até mesmo identificar se quem está ali é um homem ou uma mulher. A indiana Pryia Baboo, vice-presidente da consultoria Videomining, que diz ter mais de 1 000 câmaras espalhadas por lojas dos Estados Unidos a serviço de clientes como Hershey’s e Nestlé, conta que uma das
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suas principais descobertas aconteceu num lojista americano. Com o auxílio dos softwares da consultoria, o comerciante percebeu que 15% dos consumidores que entravam na loja ficavam parados em frente às prateleiras de sumo até 90 segundos e saíam sem levar nada. A solução para melhorar as vendas, segundo Pryia, apareceu após a análise detalhada do porquê da demora em frente à prateleira. “A empresa decidiu diminuir as opções de sabor e marca porque notou que aquela multiplicação deixava o cliente confuso”, explica. Recentemente, a fabricante de produtos desportivos Adidas instalou câ-
maras capazes de contar automaticamente o movimento dos clientesnas suas 27 unidades (até então a empresa usava um método menos preciso, sem o recurso às câmaras.) “Estamos a estudar como usar a informação para medir a eficiência de promoções e de mudanças de montra nas lojas”, afirma Fábio Mendes, gerente de retalho da Adidas. Esta onda das novas tecnologias mostra que o relacionamento que as empresas mantêm com os consumidores hoje é muito mais sofisticado que nos tempos de Henry Ford. Mais de um século depois, o antigo empresário americano parece continuar certo num ponto: é preciso ir além das pesquisas de mercado tradicionais para entender o que se passa na cabeça do consumidor. Mercedes, uma marca de sonho Os seus automóveis são o sonho de consumo da maioria dos mortais. Um Mercedes é destinado a quem tem paixão por carros e por todos os valores que a marca agrega, como forte personalidade, imagem mundial, requinte, qualidade, tecnologia e vanguarda. Pioneira no lançamento de tendências tecnológicas, oferece onze série de automóveis, compreendendo 109 versões de modelos que englobam praticamente todos os segmentos. A abrangência da gama de produtos é uma das principais razões pela qual vende anualmente cerca de 1 milhão de automóveis. A marca tem hoje cerca de 6.4 milhões de clientes, proprietários de aproximadamente 9.5 milhões de automóveis. Além de produzir carros, fabrica também motores para aviões e camiões. Actualmente, cria também protótipos de motores para a equipa de Fórmula 1 da McLaren. ‘Flechas de prata’ O mito começou na década de 30, quando a Mercedes-Benz e Auto-Union (actual AUDI) criaram carros imbatíveis que disputavam entre si o domínio das pistas. Com carroçaria de alumínio sem pintura, entraram para a história como as ‘Flechas de Prata’. O primeiro deste
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sabia que... O mundialmente famoso símbolo da Mercedes teve um início profético. Representando a triplicidade das actividades da Daimler, fabricante de motores para uso em terra, mar e ar, a estrela de três pontas foi adoptada como logótipo em 1909, após a morte de Gottlieb Daimler, apesar de ter aparecido pela primeira vez no ano de 1901 num automóvel da marca. Foi inspirada numa figura que ele tinha desenhado num postal, que endereçou à sua esposa com o seguinte comentário: ‘um dia essa estrela brilhará sobre a minha obra’. Ao longo dos anos, o símbolo passou por várias alterações. Em 1923, foi acrescentado o círculo. E três anos depois, com a fusão das empresas Daimler e Benz, foi incluída a coroa de louros, pertencente ao logótipo da Benz. A forma definitiva foi adoptada em 1933 e desde então mantém-se inalterada. As peças (principalmente chaves, motores, suspensões, etc.) produzidas pela marca são únicas e difíceis de serem ilegalmente copiadas
w125
w196
mitos, chamado W125, tinha chassis de liga de aço com cromo, níquel e molibdênio e carroçaria de alumínio, que pesava menos graças ao truque descoberto, em 1934, no modelo W25. Até àquele ano os Mercedes de corrida eram pintados de branco, a cor da Alemanha para as competições. Como o carro estava com peso acima do permitido pelo regulamento, os engenheiros não tiveram dúvida - rasparam toda a tinta, deixando os carros com o alumínio da carroçaria reluzindo. As “flechas de prata” ganharam sete das onze provas disputadas, com a primeira vitória em Tripoli, na Itália. Depois, veio a II Guerra Mundial e as Flechas de Prata só voltaram a correr em 1954, graças ao esforço da Mercedes-Benz, que retornou às pistas com o modelo W196. Construídos com a mais alta tecnologia da época, os W196 deixaram todos os outros carros obsoletos. A marca não economizou dinheiro na construção dos seus novos modelos. Havia duas carroçarias, uma tradicional e outra usada somente em circuitos de alta velocidade, que cobria as rodas. Os modelos W196 dominaram as temporadas de 1954 e 1955 dirigidos pelos pilotos Juan Manuel Fangio, Stirling Moss e Karl Kling. Com oito cilindros, 2982 cm3 de cilindrada, potência até 310 cv e uma velocidade máxima acima dos 300 Km/h, este “Flecha de Prata” conquistou em 1955 os primeiros lugares nas mais consagradas provas automobilísticas: Mille Miglia, Targa Florio, Tourist Trophy, Eifelrennen, bem como no Grande Prémio da Suécia. Teriam feito ainda mais, mas a Mercedes-Benz resolveu abandonar as competições depois do acidente nas 24 Horas de Le Mans de 1955, em que morreram o piloto Pierre Levegh e 81 espectadores.
o segredo Para vender carros que chegam a custar 3 milhões de dólares, a empresa submete os seus vendedores a um rígido programa de vendas. Todos recebem orientações básicas sobre mecânica, comportamento do consumidor, etiqueta e cultura geral. São três fases de instrução, com intervalo de seis meses entre elas. As aulas são ministradas por professores formados na matriz
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O museu A marca que inventou o automóvel também reinventou o museu do automóvel. Em Abril de 2006, foi inaugurado em Stuttgart, na Alemanha, o Novo Museu Mercedes-Benz. Construído em tempo recorde (apenas dois anos e meio), o novo museu possui um design arrojado e é o único no mundo que apresenta 120 anos da história da indústria automóvel, desde o seu princípio. São 160 veículos e mais de 1.500 outros produtos expostos ao visitante em duas passagens conectadas, que ocupam 16.500 metros quadrados distribuídos por nove andares. Além de apresentar a história da marca, o museu também oferece um olhar revelador sobre o futuro. A dualidade passado e futuro também está presente na arquitectura do edifício. O interior foi modelado com a estrutura da espiral do DNA, que carrega os genes humanos, para ilustrar a filosofia original da Mercedes-Benz, ou seja a invenção contínua de coisas completamente novas para manter a mobilidade, desde a invenção do automóvel, até à visão, orientada para o futuro, sobre a condução livre de acidentes. Em pelo menos duas horas de passeio pelo museu, os visitantes podem acompanhar os 120 anos da história do automóvel como uma jornada pelo tempo. Um elevador leva-os até ao andar mais alto, de onde saem duas rotas em espiral, metaforicamente representando a ge-
nética da marca, para que os visitantes possam descer por nove andares. Pela primeira rota, há sete “Salas Lendárias” que contam a história da marca em ordem cronológica. A segunda rota agrupa veículos em cinco “Salas de Colecção” que apresentam o variado portefólio da marca através do tempo. Uma novidade é que o museu também documenta os mais de 100 anos de história de veículos comerciais da empresa. Os visitantes podem trocar de rota a qualquer momento. Ambas terminam na curva “Flechas de Prata - Corridas e Recordes”, onde estão expostas as lendárias Mercedes. Nesta área, também são exibidos trechos de filmes de corridas históricas. Pertences de famosos pilotos de corrida, dois simuladores e um workshop de corrida oferecem aos visitantes uma oportunidade de entrarem no fascinante mundo das competições. A exposição “A Fascinação da Tecnologia” oferece a oportunidade de espreitar o dia-a-dia de trabalho dos engenheiros e proporciona uma visão do futuro do automóvel. As “Salas de Colecção” mostram a variedade de veículos de acordo com tópicos. Estes tópicos vão desde o transporte por táxi e automóveis, até ao transporte de mercadorias e distribuição, passando pela “Galeria de Ajudantes” no combate ao incêndio, serviços de emergência e operações municipais, até veículos VIP’s e, finalmente a “Galeria de Heróis” - um número incontável
de veículos altamente eficientes que continuam a realizar as suas actividades pelo mundo. Nestas salas o visitante pode ver exposições como o “Papamóvel” usado pelo Papa João Paulo II. Veículos com uma história própria, que, em alguns casos, ajudaram a escrever a história. A exposição “A Fascinação da Tecnologia”, com acesso individual, ocupa uma posição especial. Exibida num contexto altamente sofisticado, proporciona uma visão do trabalho dos engenheiros de desenvolvimento da marca e, portanto, do futuro do automóvel. O museu também disponibiliza um restaurante, um café e várias lojas. Uma ligação directa ao Centro Mercedes possibilita ainda uma transição da lendária marca desde os modelos clássicos, até à actual linha de produtos.
Curiosidade
Interultoria britânica Segundo a cons s-Benz a marca Mercede brand, somente , ocuUS$ 23.867 biliões está avaliada em cas no ranking das mar pando a 12ª posição undo mais valiosas do m
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SOCIEDADE
| manuela bártolo
O PREÇO JUSTO
Ao comprar produtos de comércio justo, o consumidor tem a garantia de que está a fomentar uma cadeia comercial alicerceada em princípios éticos Certamente já ouviu alguém dizer que “o preço justo é aquele que o cliente se dispõe a pagar”. Uma frase habitual em situações comerciais, tida como um instrumento de venda, que sugere que os produtos devem ser comercializados pelo preço mais alto possível, no limite da disponibilidade e interesse dos seus consumidores. Quando há margem para negociar com os clientes até poderá fazer sentido. Não é, no entanto, o que ocorre no âmbito do comércio internacional, marcado pela oferta de produtos superior à procura e pela alta volatilidade de preços. Num mercado como o actual, dominado por grandes corporações, quais são as hipóteses de sucesso de pequenas comunidades produtoras da zona rural da América Latina, África ou Ásia? Algo próximo a zero, obviamente. Como não têm volume no sistema de capital,
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estes agricultores têm restrições de acesso a crédito, o que os torna frágeis frente à variação dos preços. São pequenas propriedades e, portanto, não há como se defender com uma produção em larga escala. A escassez de recursos financeiros, por outro lado, impede a aquisição de novas tecnologias. O acesso à informação destes grupos é baixo, dificultando o desenvolvimento da organização de cooperativas que, na maioria das vezes, só ocorre mediante a assessoria de agentes externos, como as ONG’s, por exemplo. Os pequenos produtores são presa fácil para as grandes empresas, que compram os seus produtos a preços “injustos”, muitas vezes pagando menos do que o próprio custo de produzi-los. O resultado desta equação é o aumento da pobreza, miséria, violência e a degradação ambiental. Ora é neste contexto que se insere o Comércio Justo (Fair Trade), podendo ser encarado como uma ferramenta contra os malefícios de um sistema comercial injusto e socialmente excludente. Ao comprar produtos de comércio justo, o consumidor tem a garantia de que está a fomentar um cadeia comercial alicerceada em princípios éticos. Este é tido como uma forma de comercialização alternativa ao modelo proposto pelo capitalismo, que pressupõe exclusivamente a maximização de lucros, a despeito de outros valores e critérios. Tal interpretação, no entanto, perdeu sentido
com a decadência das economias socialistas. Actualmente, o esquema de comercialização fair trade é visto como uma evolução natural do sistema capitalista, que, na esteira do desenvolvimento sustentável, pauta as suas relações pela ética, assimilando lucro e responsabilidade social. O comércio justo é, por isso, definido como “uma parceria de comércio baseada no diálogo, transparência e respeito, que procura um maior grau de igualdade no comércio internacional. Contribui para o desenvolvimento sustentável oferecendo melhores condições comerciais e protegendo os direitos de produtores e trabalhadores marginalizados, especialmente no hemisfério Sul”. Na prática, o fair trade funciona da mesma maneira que o comércio “normal”, uma relação de compra e venda como outra qualquer. A diferença é que as partes se comprometem a seguir determinados princípios, garantindo que os produtores não sejam “espremidos” em negociações comerciais.
O avanço do comércio justo parece depender fortemente de uma maior consciencialização dos consumidores para os custos sociais e ambientais da produção
um por todos e todos por um O comércio justo é um movimento que guarda semelhanças com diversas outras iniciativas de desenvolvimento sustentável, pois mantém laços com o consumo consciente, introduzindo a responsabilidade sócio-ambiental no acto da compra. Um produto de comércio justo é certamente um alvo para consumidores conscientes Poder ao consumidor O consumidor exerce um papel fundamental no comércio justo, pois é ele que garante a demanda destes produtos. Ao optar pelo fair trade, o consumidor tem a certeza de que comunidades socialmente excluídas não estão a ser injustiçadas nas transacções comerciais. Mas como ter certeza que os pequenos produtores estão a ser efectivamente beneficiados pelas garantias do comércio justo? A resposta a esta pergunta revela um dos grandes diferenciais do sistema. Para que o fair trade realmente funcione, é necessário o envolvimento de todos os actores da cadeia de comercialização - desde o pequeno produtor, até ao consumidor final, passando pelos importadores e exportadores, distribuidores e comerciantes. As organizações de comércio justo garantem as “boas práticas” de diversas formas distintas. Por exemplo, adoptam o processo de certificação em cadeia, com auditoria realizada por organismo externo. É preciso que produtores, distribuidores e comerciantes sejam fiscalizados para que um produto chegue até às prateleiras dos supermercados com o selo oferecido pela organização. E para comercializar os produtos certificados, as organizações estabelecem o preço mínimo que o distribuidor tem de pagar aos produtores, independentemente das oscilações do mercado internacional. Esta imposição de preços deriva de estudos económicos realizados por técnicos da própria instituição e varia de região para região. Outra exigência é o pagamento de um “prémio social” aos produtores, ou seja, um valor adicional pago por unidade de produto comercializado, que é destinado a projectos sociais nas suas comunidades. Vários organismos têm vindo a desenvolver os
seus processos de certificação, porém sem verificação externa. Embora sejam organizações sérias e comprometidas com os objectivos do comércio justo, com rígidos controlos de certificação, nem todas os mercados reconhecem isto como uma garantia efectiva. Há, ainda, organizações que se valem do seu histórico de conduta e na credibilidade das suas marcas para garantir o comércio justo. Um dos ícones desta prática é a cadeia de lojas inglesa The Body Shop, que ao contrário de outras organizações, não comercializa alimentos, e sim produtos manufacturados (cosméticos, perfumes, etc...). É possível também comprar produtos fair trade na Europa, com a garantia das “boas prácticas”, nos mais de 2.000 world shops espalhados pelo velho mundo. Hora da mudança Adoptar critérios meramente financeiros na escolha de produtos, simplesmente ignorando o caminho percorrido entre os campos e as prateleiras dos supermercados, nem sempre é a melhor alternativa, pois é vergonhoso tapar os olhos a eventuais abusos comerciais ou a práticas nocivas ao meio ambiente. Se é possível comprar café com a garantia de que quem o plantou e colheu foi remunerado dignamente, porquê escolher outro produto que não oferece as mesmas garantias? É uma qualidade a mais no produto, tão importante quanto o preço ou a higiene. Não é à tôa que o comércio justo é um movimento que cresce ano após ano, em níveis superiores ao Produto Interno Bruto (PIB) e que alcança dezenas de países em todo o mundo. Embora os produtos de comércio justo ainda não sejam tão conhecidos, já é possível encontrá-los e consumi-los. E para quem produz, há cada vez mais uma enorme procura de consumo no âmbito do comércio internacional.
CONHEÇA OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O MOVIMENTO DE COMÉRCIO JUSTO: 1. Criação de oportunidades para os produtores economicamente desfavorecidos O comércio justo é uma estratégia de combate à pobreza e desenvolvimento sustentável. O seu objectivo é o de criar oportunidades para os produtores economicamente desfavorecidos ou marginalizados pelo sistema de comércio convencional 2. Transparência e Responsabilidade O fair trade envolve uma gestão transparente das relações comerciais para tratar de forma justa e respeitosamente com os parceiros comerciais. 3. Construção de Capacidades Este é um meio para o desenvolvimento dos produtores e da sua independência. 4. Pagamento de um preço justo Um preço justo, no contexto regional ou local é aquele que tenha sido acordado através do diálogo e da participação. Além de cobrir os custos de produção, também permite uma produção socialmente justa e ambientalmente racional. Ele oferece um salário justo para os produtores e leva em conta o princípio da igualdade de remuneração por trabalho igual entre mulheres e homens. 5. Equidade de género Comércio Justo significa que o trabalho das mulheres é devidamente valorizado e recompensado. Estas são sempre pagas pela sua contribuição para o processo de produção e estão habilitadas no seio das suas organizações. 6. Condições de trabalho O fair trade proporciona um ambiente de trabalho seguro e saudável para os produtores. A participação dos filhos (se for o caso) não afecta negativamente o seu bem-estar, segurança e requisitos educacionais, estando em conformidade com a Convenção das Nações Unidas para os Direitos da Criança, bem como a legislação e normas no contexto local. 7. O ambiente O Comércio Justo incentiva activamente melhores práticas ambientais e a aplicação de métodos de produção responsável.
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SOCIEDADE Onde está o comércio justo? O sector produtivo do comércio justo, ou seja onde os produtos são cultivados ou produzidos, localiza-se no Hemisfério Sul da terra, particularmente no continente africano, sul da Ásia e em regiões pobres da América do Sul. O mercado consumidor de produtos oriundos deste comércio, por sua vez, encontra-se do outro lado do globo, no hemisfério Norte. Alemanha, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá são os principais compradores. Tal eixo de comercialização, do Sul para o Norte, obedece a razões históricas. Na década de 1960, época do aparecimento do fair trade, o mundo era dividido entre os países ricos do hemisfério Norte e os pobres do Sul. O avanço do capitalismo globalizado, no entanto, fez esta configuração perder nitidez, com o surgimento de bolsas de pobreza no Norte e a proliferação de elites abastadas em países do Sul. O comércio justo foi naturalmente criando novas rotas de comercialização, que atendessem com mais eficiência à nova geografia da pobreza mundial. O Brasil é um dos destaques, por ter se tornado, em 2007, o primeiro país que é simultaneamente produtor e consumidor de produtos de comércio justo. O fair trade sempre foi mais intenso na área dos produtos alimentares (café, cacau, mel, chá, frutas etc). Porém, há perspectivas de ampliação deste sistema para o sector dos serviços. Um exemplo seria o “turismo responsável ou solidário”, baseado em sinergias entre o comércio justo de produtos artesanais ou alimentares, solicitados pelos turistas, e um turismo que seja exercido sem agressões ao meio ambiente e em benefício das populações locais. Da mesma forma, o comércio justo mantém vínculos com estratégias de desenvolvimento baseadas em APLs - Arranjos Produtivos Locais (formas de partilhar conhecimentos e tecnologias entre empresas da mesma cadeia produtiva ou entre empresas que actuam no mesmo mercado, que podem fortalecer as próprias empresas e promover o desenvolvimento económico local). Tanto o comércio justo, quanto os APL’s supõem a existência de relações de colaboração e confiança entre os agentes económicos, bem como a aceitação do pressuposto de que o equilíbrio da sociedade deve estabelecer parâmetros para a procura de lucro. Até ao momento, as marcas registradas internacionais de comércio justo baseiam-se num controlo vertical da cadeia de produção e comercialização dos produtos. A atribuição de marcas registradas por produto aplica-se a mercadorias cujas cadeias produtivas e comerciais podem ser objecto de acompanhamento e controlo. A IFAT (International Federation of Alternative Trade)
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é a rede mundial direccionada para o desenvolvimentodo fair trade e conta com mais de 220 organizações em 59 países. Cerca de 65% dos membros estão localizados na Ásia, África e América Latina, e os demais estão espalhados na América do Norte e Europa. Embora em crescimento, o futuro das práticas de comércio justo dependerá não apenas da adesão das pequenas empresas interessadas no tema, mas também do envolvimento de corporações socialmente responsáveis, que estejam dispostas a conectar tais práticas às suas cadeias produtivas, do compromisso dos governos democráticos com políticas de desenvolvimento local sustentável e da participação de organizações da sociedade civil e consumidores interessados em promover formas mais equilibradas e solidárias de produção e consumo.
Sabia que...
taxas médias mundial cresceu a O comércio justo ir trade cerfa O . tre 1997 e 2007 en % 20 de is ua an uma facturaável, em 2006, por tificado foi respons crescimento um , biliões de euros 1,6 a r rio pe su o çã tima-se que ao ano anterior. Es ão aç rel em % 42 de tenham sido quenos produtores pe de s õe ilh m 1,5 de na África, as garantias fair tra m co os iad fic ne be a Ásia e América Latin
Sugestão de leitura Como podem os países menos desenvolvidos ser ajudados a se desenvolverem a si mesmos num contexto de comércio livre e mais justo? No provocador e controverso livro ‘Comércio Justo para Todos’ de Joseph E. Stiglitz, Prémio Nobel da Economia, e de Andrew Charlton, pode descobrir mais sobre um dos principais desafios enfrentados pelos actuais líderes mundiais. Os mesmos propõem um novo e radical modelo de gestão para as relações comerciais entre os países mais ricos e os mais pobres. Com uma escrita acessível e repleto de dados empíricos e análises rigorosas, este livro é essencial para as pessoas interessadas no comércio mundial e no tema do desenvolvimento
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SOCIEDADE
| patrícia alves tavares
ong’s
Diplomacia não governamental Actuam em todos os pilares da sociedade e são, de certo modo, os parceiros mais rentáveis do Estado. As Organizações Não Governamentais (ONG’s) trabalham com escassos recursos financeiros e contam quase em exclusivo com o apoio de voluntários e empresas, que abnegadamente contribuem para a valorização da sua componente social, através da cedência de bens ou doações monetárias. Nesta edição, a Angola’in traça o perfil das associações, cujos rostos a maioria desconhece, mas que detêm um papel fundamental junto das comunidades São elementos decisivos e estratégicos no processo de implementação da paz. O país não seria certamente o mesmo sem a presença das ONG’s. O facto de estarem implementadas no seio das comunidades é uma mais-valia, pois conhecem de perto a realidade e têm a possibilidade de analisar os problemas caso a caso. As ONG’s desenvolvem um dos trabalhos mais louváveis. Apoiam áreas estruturais como a educação, saúde, ambiente, alimentação, reconstrução e apoio social. Recentemente as associações humanitárias tiveram um papel importante no auxílio aos refugiados da RD Congo, através da doação de medicamentos. Assumem-se como o principal parceiro do Estado e da Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate ao flagelo da SIDA. Sem o seu contributo, o nível de crescimento nacional e o grau de desenvolvimento humano e social registariam valores bastante preocupantes. A diplomacia
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não governamental é um dos agentes na prevenção e resolução de conflitos, sendo responsável pelo acesso das populações à água e saneamento, pela angariação de financiamento para o desenvolvimento, pela sensibilização para questões como a desigualdade/ exclusão social e as mudanças climáticas. A Angola’in faz o balanço do trabalho desenvolvido nos últimos anos, revelando alguns projectos e apresentando os seus principais ‘actores’. Força do voluntariado Em Angola, a maioria das ONG’s labora sem capacidade financeira, pelo que grande parte dos seus colaboradores são voluntários a tempo inteiro. Uns são oriundos de outros países, outros são cidadãos locais, que desejam ajudar no desenvolvimento do próprio país, auxiliando os grupos e as áreas mais marginalizadas. A Angola’in teve acesso a um es-
tudo desenvolvido por Alessandra Fayet, que entrevistou os principais intervenientes nas ONG’s, como João Castro, da FONGA (Fórum das Organizações Não Governamentais de Angola); Peter Matz, da Unicef e João Kiala, da Cruz Vermelha (CV). A investigação refere que a CV Angolana, a Caritas Angola e a ADRA (associação local ligada à agricultura) são as entidades que reúnem mais voluntários (ultrapassam a centena). A maioria são técnicos profissionais que colaboram nas campanhas de conhecimento, de segurança alimentar e na construção de infra-estruturas comunitárias. Segue-se o pessoal médico, os jovens, os chefes das comunidades e os professores.
“A maioria das ONG’s trabalha sem capacidade financeira, pelo que grande parte dos seus colaboradores são voluntários a tempo inteiro” Privados ‘solidários’ As empresas, cada vez mais preocupadas com a componente social do seu negócio, são importantes financiadoras das associações. O referido estudo indica que existem múltiplos doadores internacionais a investir no país, em que se destacam as companhias petrolíferas e de cooperação bilateral. A Chevron/ Texaco
apoia a formação e programas na província de Cabinda. As companhias petrolíferas Esso, Total e BP possuem alguns projectos para a Responsabilidade Social Colectiva. A União Europeia é um dos principais elementos dinamizadores. Em Setembro, os seus representantes anunciaram que vão disponibilizar 4.5 milhões de euros, para projectos de impactos sociais e económicos a favor das comunidades. Na primeira fase, o plano abrange ONG’s nas províncias da Huíla, Benguela, Huambo, Bié, Kuando Kubango, Kwanza Norte e Kwanza Sul e abarca iniciativas na saúde, saneamento básico e agricultura, entre outros. A UE, que na Huíla patrocina mais de quatro organizações, afiança que vai continuar a ajudar o Governo na construção de infra-estruturas escolares, postos médicos e nos programas agro-pecuários e económicos. Já a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento divulgou que possui uma carteira avaliada em 72 milhões de euros a ser aplicada em projectos sociais. O director, Josep Puig confirmou que estão em execução programas sociais em sete províncias, num total de 77 intervenções em áreas de serviços sociais básicos, como educação, saúde e saneamento.
“As plataformas nacionais de ONG’s acompanham as negociações regionais e internacionais intergovernamentais, fomentando o diálogo e pressionando os governos e instituições relevantes” Humanitários A Inspecção Nacional dos Voluntários das Nações Unidas revela que existem quase 300 ONG’s locais registadas e mais de 120 detêm projectos em implementação. A Comissão de Organizações Não Governamentais em Angola tem como missão a coordenação das actividades e desenvolve o trabalho de advocacia com o Governo. A Rede Humanitária Angolana é a responsável pelo intercâmbio de informações entre organizações, que actuam a todos os níveis, desde os assuntos relacionados com a cidadania, justiça e paz, redução da pobreza e habitação ao apoio a crianças e jovens, às acções humanitárias, ao programa de desminagem, ao desenvolvimento sustentável e ao combate e prevenção da SIDA. As plataformas nacionais de ONG’s agregam a maioria das associações (de de-
“A “Jango Juvenil” quer investir este ano cerca de 65 mil USD num projecto de formação socioprofissional, que deverá abranger 1.076 jovens da província da Huíla”
senvolvimento, de emergência e ambientais) e acompanham as negociações regionais e internacionais intergovernamentais, fomentando o diálogo e pressionando os governos e instituições relevantes. Agente Social Estas organizações constituem um dos principais agentes do apoio social e humanitário, elaborando projectos vitais para o desenvolvimento das comunidades mais recônditas e carentes, promovendo acções de formação/ alfabetização, criando lares, creches, etc. As internacionais investem largamente no sector, pois têm maior facilidade em adquirir apoios para esta causa junto dos países de origem. É o caso da ONG americana “Fundo de Cristãos para as Crianças”, que desde 2008 alfabetizou mais de mil jovens entre os 15 e os 18 anos, moradores em dez aldeias da comuna do Monte Belo (Bocoio, Benguela). O programa conta com o auxílio da OMA, JMPLA, administração e autoridades locais, en-
tre outros. No Lubango, a “Jango Juvenil” quer investir este ano cerca de 65 mil USD num projecto de formação socioprofissional, que deverá abranger 1.076 jovens da província da Huíla. A acção enquadra-se no Programa de Serviços Internacionais e é financiada pela organização americana USAID, destinandose a formar jovens em especialidades como culinária, electricidade, informática e secretariado. A organização realiza ainda acções de formação sanitária sobre prevenção de doenças de transmissão sexual e VIH/ SIDA, em colaboração com a Direcção Provincial de Saúde. São inúmeras as ONG’s locais, nacionais e internacionais que se dedicam à elaboração de estratégias, projectos e acções de combate à doença. As ONG’s detêm um interessante contributo no apoio aos deficientes, nomeadamente na formação e integração dos visados na vida profissional, tendo, em colaboração com a Associação Nacional de Deficientes Angolanos, beneficiado quase 50 mil pessoas, através do projecto “Vem Comigo”. Parceiros internacionais As ONG’s estão presentes na maioria das províncias desde o período da guerra. Durante os 35 anos de conflito, a população não dispunha de um bom apoio governamental. A principal ajuda chegava da solidariedade da sociedade civil. Assim, nos anos 90, surgiram as primeiras associações locais, que iniciaram projectos com escassos recursos. Actualmente, muitas contam com a colaboração de agências da ONU e das ONG’s internacionais, existindo a nível nacional uma representação de quase todas as entidades da agência europeia, responsáveis por amparar a sociedade civil e governamental nos mais diversos campos, desde os direitos humanos, até projectos de desenvolvimento. As mais activas, segundo o que a Angola’in apurou são a Unicef, a FAO (Organização da Agricultura e Alimentação) e a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
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GRANDE ENTREVISTA
| patrícia alves tavares
INGLÊS PINTO
“ADVOCACIA PREVENTIVA E CIDADÔ
Recentemente reeleito Bastonário da Ordem dos Advogados, Inglês Pinto possui um longo currículo na área do Direito, tendo desempenhado funções em alguns ministérios. Defensor incansável dos Direitos Humanos, o alto representante dos profissionais de Justiça falou à Angola’in, numa entrevista que toca questões fundamentais como a situação da advocacia e os desafios que se colocam à consolidação do Estado de Direito Democrático.
ordem dos advogados Quais são os principais desafios que se colocam à organização? A OAA é uma instituição recente (13 anos), com bastantes limitações no plano material (falta de instalações próprias e condignas) e financeiro, facto que tem condicionado a realização dos seus objectivos. Não obstante, a OAA tem-se afirmado como uma organização sócio-profissional de referência em Angola, o que é difícil num país de múltiplos condicionalismos. A consolidação da instituição, a continuidade do incremento das acções de formação e o zelo pelo lado ético e deontológico, no exercício da advocacia, são os grandes desafios da Ordem, no plano interno. No que toca ao lado “externo”, a sua função social, a defesa do Estado de direito democrático e dos
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direitos fundamentais dos cidadãos e a sua protecção jurisdicional assumem-se como outro dos grandes desideratos. Uma advocacia cidadã é difícil, mas jamais impossível. Quais as linhas de acção para o triénio 2009/ 2011? Pretendemos continuar o processo de consolidação da Instituição, o que implica a criação de condições técnico-materiais; a construção da sede Nacional, de sedes para os Conselhos Provinciais de Luanda, Benguela e Cabinda, para os Conselhos Interprovinciais e núcleos com instalações próprias nas restantes sedes de províncias. Queremos desenvolver acções de aprendizagem no Centro de Estudos e Formação, incluindo um curso de inglês jurídico, contabilidade, auditoria e fiscalidade para ju-
ristas e cursos de refrescamento na área dos processos, bem como reactivar a produção da revista da Ordem dos Advogados e consolidar o processo de informatização da legislação “Lexangola” e da jurisprudência. Por outro lado, desejamos dar maior atenção às questões de ética e deontologia, no plano pedagógico e disciplinar. Cooperar com outras instituições da Administração da Justiça para que haja uma Justiça que corresponda às legítimas expectativas dos cidadãos, que passa pela igualdade de oportunidades e a não exclusão de qualquer natureza é uma das nossas metas, tal como a promoção de acções que visem o apoio aos jovens advogados no plano social e de meios para motivação de juristas para o exercício da profissão, em especial em províncias onde não se faz sentir esta tão importan-
te actividade. “Promover” a aprovação da Lei das Sociedades de Advogados, do seguro profissional e da segurança social dos advogados faz parte da nossa linha de actuação, que inclui o aperfeiçoamento dos mecanismos de combate à procuradoria ilícita e a promoção da educação jurídica básica da comunidade, enquanto contributos para uma advocacia preventiva. Qual a importância da OAA para a sociedade e para o sector da Justiça? Entendo que a OAA tem a obrigação de assumir-se como um órgão auxiliar da administração da justiça e, caso os seus membros exerçam o seu ministério com maior profissionalismo, olhando para além dos seus interesses financeiros legítimos, para a função social desta profissão, estarão a contribuir para uma verdadeira justiça, podendo mesmo estar na vanguarda da luta por uma sociedade mais justa. Como avalia o desempenho da instituição ao longo dos últimos anos? Tem sido positivo. Não fizemos mais e melhor por condicionalismos objectivos. Existe vontade e determinação de um núcleo “duro” da direcção e de outros associados, quer da velha guarda, quer das jovens gerações de advogados.
Estado da Justiça Dirige a Ordem dos Advogados desde 2006. Qual o balanço do desenvolvimento do sector? Podemos constatar melhorias a nível de algumas estruturas e da formação. Mas, muito mais temos que fazer. É preciso que o poder político dê mais atenção ao sector no seu todo, que tenha uma nova atitude perante a justiça, enquanto base para a paz social. Na sua opinião, esta área, vital para uma sociedade justa, funciona de forma eficaz e eficiente? Não como quase todos pretendemos. Cabe a todos sem excepção, desde os que têm res-
“Pretendemos continuar o processo de consolidação da Instituição, o que implica a criação de condições técnico-materiais”
ponsabilidades políticas acrescidas ao cidadão que deve cooperar em seu próprio benefício, fazer muito mais. Não podemos ver a justiça de forma isolada. Verifica-se uma maior celeridade na execução dos processos? É a questão da histórica e universal lentidão da justiça. Angola não é excepção, por razões objectivas e subjectivas. E o lado subjectivo preocupa-me e de que maneira! Vai-se fazendo algo, mas temos que fazer muito mais para reverter este quadro constrangedor. É difícil avaliar o tempo médio que leva cada um dos processos, atendendo a sua natureza. Casos céleres existem, reduzidos. Em situações quase anedóticas, um processo cautelar pode levar mais de dois anos. Felizmente as coisas vão melhorando. Há que louvar o leque de magistrados que, não obstante as limitações, vão dando o seu melhor. Como é sabido, a falta de celeridade processual leva ao descrédito em relação à justiça, à insegurança jurídica e à frustração das legítimas expectativas dos cidadãos. Mudanças qualitativas globais levam tempo e dependem da determinação dos homens. Temos que estar conscientes de que esta acção colectiva é a melhor forma de protegermos os nossos interesses imediatos ou mediatos, desde que estes tenham um mínimo de legitimidade. Qual o nível de acesso da população à Justiça? O acesso ao direito e à justiça em Angola ainda está muito aquém das metas que poderemos considerar razoáveis. Há muitas franjas sociais e regiões para quem a justiça formal,
institucionalizada, ainda é uma quimera. No entanto, são notórios os esforços de superação deste quadro, que já foi dantesco. A questão da justiça tradicional, do direito consuetudinário deve ser objecto de profunda reflexão, estudo e investigação. O acesso a um advogado está também aquém do aceitável, não obstante a existência do Instituto da Assistência Judiciária. Quais os principais desafios que se colocam ao actual sistema de justiça? São de diversa ordem, desde a criação de condições técnico–materiais ao recrutamento de pessoal em quantidade e qualidade, não esquecendo a questão da ética e a promoção do mérito, impedindo por todos os meios a mediocridade. Há que defender uma maior responsabilização, reforçar a efectiva independência judicial, criar Tribunais de 2ª instância – “Relação” e acelerar o processo da reforma legal, criando uma ordem jurídica desburocratizada. Deve-se promover os meios alternativos de resolução de litígios, passando por uma mediação semi-profissionalizada. A melhoria dos serviços de investigação criminal e dos serviços policiais no seu todo, a maior divulgação da legislação vigente e uma efectiva reforma do Estado são alguns desses desafios. No plano exógeno, o fim da cultura da “impunidade natural” por parte de alguns sectores, a efectivação do sagro princípio constitucional da igualdade perante a lei, o respeito pelas decisões judiciais e pelas prerrogativas dos advogados e a prevenção das tentativas de influências externas de determinados poderes sobre a Justiça são o caminho a seguir.
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GRANDE ENTREVISTA
“Há que criar Tribunais de 2ª instância – “Relação” e acelerar o processo da reforma legal, criando uma ordem jurídica desburocratizada”
Ética e Deontologia O Código Deontológico adapta-se às necessidades do actual sistema judicial? Estou certo de que este instrumento se adapta perfeitamente. A questão é que o seu cumprimento depende da vontade, de princípios morais e éticos fora do quadro profissional. Isto acontece em todas as profissões. Há que criar mecanismos para a sua efectiva aplicação. De que servem os códigos se o sujeito não está a fim de pautar a sua conduta nos termos neles previstos, já que outros interesses se levantam? Os advogados cumprem o código profissional? De uma maneira geral, apesar das dificuldades objectivas e do individualismo exacerbado que se vai promovendo, a maioria dos colegas vão pautando a sua conduta profissional e social de forma exemplar, cumprindo a lei e os princípios éticos e deontológicos da profissão. Há um combate efectivo à corrupção entre a classe? Na medida do possível, no plano pedagógico e mesmo disciplinar. Num país em que a corrupção faz morada a quase todos os níveis, com menor ou maior grau, é uma missão difícil, mas não impossível. Não só como dirigentes da OAA, mas como cidadãos, assiste-nos o dever de desencadear este combate.
Formação Existem as condições necessárias para exercer a profissão? Ainda não são as melhores. Muito temos que fazer, no plano da formação, do profissionalismo, da dedicação e da vocação. As condições de trabalho não são as melhores, devido à inexistência de salas de advogados na maioria dos tribunais, às dificuldades de acesso à informação em muitas instituições públicas, à
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morosidade ou tratamento indevido das petições dos cidadãos, ao extravio de documentos e à excessiva burocracia. A estes condicionalismos há que acrescentar os casos de desrespeito pelas prerrogativas dos advogados e abusos de poder. No entanto, temos alguns bons profissionais, sérios e determinados. O actual número de profissionais é suficiente? Não. Há províncias que, em termos práticos, não têm advogados. São pelos menos meia dúzia delas, com centenas de milhares de cidadãos a necessitarem destes serviços. Mais de 90% dos advogados estão concentrados em Luanda. Benguela, Cabinda, Huambo e Huíla têm 10 a 20 advogados, outras detêm dois ou três. Um quadro desolador. É evidente que existem regiões e áreas mais motivadoras para os advogados. Estamos a falar da capital, do eixo Benguela - Lobito, da Huíla, Cabinda e Huambo. Falamos das actividades petrolíferas, do imobiliário, da banca, dos seguros, das energias e das minas, sendo o crime, a família e outras áreas do cível pouco apetecíveis. A advocacia de negócios prevalece, o que é legítimo, mas como proteger áreas menos “rentáveis”, contudo, indispensáveis? Temos o mecanismo da Assistência, que deve ser aperfeiçoado, em especial no que se refere à remuneração dos seus advogados. Há cada vez mais jovens motivados para a advocacia? Verifica-se um aumento de jovens interessados em seguir esta carreira. Mas o número está muito aquém das necessidades. A maioria opta pela magistratura. Uma questão de “segurança”, já que a advocacia, nos termos em que está consagrada em Angola, envolve alguns “riscos”. Atrair novos membros tem sido a luta da OAA. A maioria não o faz em regime integral, com todos os inconvenientes inerentes da “advocacia de fim de tarde”. Os “advo-
gados de corpo e alma” não são mais de 20% dos inscritos na OAA. Os actuais cursos superiores são suficientes? No que se refere à licenciatura em direito ainda não são suficientes. É de aplaudir a mais recente criação de universidades públicas e o surgimento de outras privadas, algumas de boa qualidade, quer a nível de infra-estruturas, quer a nível do corpo docente. Contudo, no cômputo geral, há que primar pela qualidade. O nível de formação adapta-se às exigências da profissão? Não obstante a OAA e o INEJ ministrarem cursos essencialmente práticos num período de 6 a 12 meses, creio que devemos ser mais exigentes ao nível das várias faculdades. Há que reformular as metodologias de ensino, rever as disciplinas e promover cursos de prós-graduação, em especial nas áreas económico-financeiras, bem como um maior investimento na capacitação do corpo docente e na organização técnico-administrativa das instituições. Quanto ao ensino privado, é preciso compatibilizar a legitimidade em se obter rentabilidade económico-finaceira e a sua função social, a formação de qualidade em benefício do desenvolvimento harmonioso, para responder aos desafios da competitividade inerente à dita globalização.
Infra-estruturas Quando se fala em infra-estruturas, há que abordar a questão dos tribunais e do seu funcionamento... Apesar do reconhecido esforço do Governo na construção de novos edifícios para instalar tribunais e seus equipamentos, como é o caso do tribunal provincial de Cabinda, Namibe, Lobito, Ana Joaquina em Luanda e do futuro palácio da Justiça, ainda estamos num estado lastimável na maioria das províncias. Há que investir muito mais. Quais os edifícios que carecem de intervenção urgente e qual a intervenção da OAA? Quase todos. À Ordem apenas compete sugerir, “pressionar” para que haja condições de trabalho dignas para todos, pois contribui para o melhor desempenho profissional dos advogados, em benefício dos seus constituintes e da sociedade em geral. Está ainda prevista a criação de tribunais municipais.
E em relação aos meios técnicos? Há carência de meios básicos de trabalho para o pessoal dos cartórios e de informatização dos serviços dos tribunais em geral, processo que está a dar os primeiros passos. Como está a decorrer esse processo de informatização do sistema judicial? Creio que estamos no bom caminho e a OAA tem colaborado com o Ministério da Justiça neste processo. A breve trecho teremos alcançado os objectivos preconizados.
pontos quentes i Parcerias Qual o nível de relacionamento com o Ministério da Justiça? Até à data tem sido satisfatório. Iremos envidar esforços para a consolidação e desenvolvimento desta cooperação em benefício da justiça em geral. Quais as principais áreas de cooperação com esta entidade? Fundamentalmente referem-se à assistência judiciária e informatização da legislação, à reforma legislativa do sector e à promoção dos meios alternativos de resolução de litígios. Um dos projectos em comum é o da criação de condições físicas e a instalação de centros de assistência judiciária (caso da cidade do Dundo, na província da Lunda Norte). A Ordem tem parcerias com entidades estrangeiras? Há alguns anos, com base no financiamento da União Europeia desenvolvemos um projecto, tendo como finalidade a protecção dos direitos humanos. A OAA trabalhou de forma activa e com resultados bastante positivos com o Escritório das Nações Unidas em Angola para os Direitos Humanos.
Legislação Quais as áreas que carecem de intervenção urgente, em termos de regulação legislativa? A legislação de base terá que ser actualizada, a exemplo do processo em curso relativo aos novos códigos do processo penal e laboral. A legislação relativa ao notariado e conservatórias, bem como a do código comercial datado de 1888, não obstante a oportuna aprovação da lei das sociedades comerciais são essenciais. A questão da lei sobre a prisão preventiva, as buscas e apreensões deverão, em meu entender, ter um melhor tratamento em sede do processo penal.
“O acesso ao direito e à justiça em Angola ainda está muito aquém das metas que poderemos considerar razoáveis. No entanto, já são notórios os esforços de mudança” “Num país em que a corrupção faz morada a quase todos os níveis, o seu combate é uma missão difícil, mas não impossível” “Há províncias que, em termos práticos, não têm advogados. Mais de 90% dos advogados estão concentrados na capital” “A maioria dos jovens opta pela magistratura. A advocacia enquanto profissão liberal por excelência envolve alguns “riscos”. Atrair novos membros tem sido a luta da OAA”
Existem leis que necessitam de ser adaptadas ao panorama actual? Sim. No entanto, resta saber que panorama. Há que regulamentar de imediato a legislação base do exercício de direitos fundamentais, em especial os de natureza política e cívica, como a lei de imprensa, das associações, sempre na perspectiva do efectivo exercício dos direitos fundamentais dos cidadãos.
Constituição Concorda com a necessidade de se criar uma Constituição antes das eleições presidenciais? É conveniente, mas não determinante. É urgente a sua aprovação? Em meu entender, a urgência ou não depende das agendas e vontades dos políticos. O mais importante é a efectivação das leis. Mesmo com a actual constituição, desde que haja determinação geral de cumpri-la, com base no estrito cumprimento da lei e no respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos, digo que ela pode vigorar por muitos anos, sem que se ponha em causa a estabilidade política e as bases para o desenvolvimento e bem-estar social. O que deixei dito não afasta a importância que tenho dado a
este processo. É apenas a minha opinião que, felizmente, ainda a posso ter e divulgar, uma conquista que luto, diariamente, pela sua preservação. Quais as entidades envolvidas na sua concepção? Este envolvimento foi alargado, por decisão legal, a toda sociedade, com destaque para as organizações da sociedade civil e cidadãos, o que é positivo, numa perspectiva democrática. É de louvar. Quais as principais matérias a incluir no documento? Em primeiro plano, os direitos fundamentais dos cidadãos, com inspiração na Declaração Universal dos Direitos Humanos e Tratados Internacionais subsequentes e os mecanismos que contribuem para a sua efectiva protecção e realização. A separação efectiva dos poderes e os princípios do artigo 159º da Lei Constitucional vigente também são essenciais. Um texto constitucional mais claro, com um desenho da organização política adequada aos princípios de um Estado democrático que, em princípio, todos nós defendemos, é uma boa base para alcançarmos os mais nobres propósitos políticos, sociais, económicos e culturais.
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GRANDE ENTREVISTA pontos quentes ii “Não obstante o reconhecido esforço do Governo na construção de novos edifícios para instalar tribunais e seus equipamentos, ainda estamos num estado lastimável. Há que investir muito mais” “Há falta de meios básicos de trabalho para o pessoal dos cartórios e a informatização dos serviços dos tribunais em geral” “Há que regulamentar de imediato a legislação base do exercício de direitos fundamentais, em especial os de natureza política e cívica” “Com a actual constituição, desde que haja determinação geral de cumpri-la, ela pode vigorar por muitos anos, sem que se ponha em causa a estabilidade política e as bases para o desenvolvimento” “A economia de Angola é já uma das maiores economias africanas. Muito tem que ser feito para que os indicadores económicos reflictam o desenvolvimento harmonioso e não mero crescimento” “É evidente que o quadro [respeito pelos Direitos Humanos] vai melhorando. Mas ainda estamos muito aquém daquilo que poderá ser tido como normal”
Progresso Como encara o processo de reconstrução nacional e o desenvolvimento económico? Há que ser realista e honesto. Os progressos são visíveis, fundamentalmente no plano das infra-estruturas básicas, em termos quantitativos. Podemos afirmar que a economia de Angola é já uma das maiores economias africanas. Mas, muito tem que ser feito no plano da justiça social, para que seja uma sociedade em que os indicadores económicos reflictam o desenvolvimento harmonioso e não mero crescimento. Esta posição não afasta o reconhecimento dos grupos empreendedores, criadores de postos de trabalho e de riqueza honesta. Esteve ligado ao Ministério da Energia e Petróleos e da Energia e das Águas. O país depende demasiado do petróleo? É um facto reconhecido por todos. Os poderes públicos estão a fazer esforços para reverter este quadro, em nada favorável a um desenvolvimento sustentável. A aposta em outras fontes de energia é uma opção inquestionável.
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Foi vice-presidente e coordenador da Comissão dos Direitos Humanos e Acesso à Justiça. Que tipo de trabalho foi desenvolvido? Realizamos um conjunto de acções no âmbito da promoção dos Direitos Humanos, com destaque para a monitorização de unidades penitenciárias, a avaliação do grau de respeito pelos direitos dos detidos e a intervenção em casos pontuais em processos judiciais. A motivação dos advogados para este tipo de advocacia é que é difícil. Neste mandato iremos dar continuidade, mas numa perspectiva mais jurisdicional. O respeito pelos Direitos Humanos é uma realidade? É evidente que o quadro vai melhorando. Ainda estamos muito aquém daquilo que poderá ser tido como normal, mormente no que se refere aos direitos económicos e sociais. Existe em Angola um aspecto subjectivo que condiciona a militância séria neste domínio – o de intencionalmente ou involuntariamente, alguns extractos sociais considerarem estas acções como algo directa ou
indirectamente ligada à estratégia política da dita oposição, e isto tem o seu preço. Isto vai passar. Leva tempo, mas há que ser optimista e lutar. Como avalia o panorama da segurança? Não avalio as questões de segurança e da criminalidade fora do contexto social. Com o actual quadro, os índices poderiam ser mais elevados. Mas, isto não afasta a ocorrência de alguns crimes hediondos. Há que avaliar as causas da criminalidade e prevenir, sem prejuízo das acções de investigação e julgamento, nos termos da lei, defendendo os princípios da presunção da inocência e da defesa condigna. A OAA e os seus associados não estão indiferentes a esta situação e têm feito o melhor. Sem pôr em causa a independência da profissão e da instituição, vão cooperando com outros órgãos da administração da justiça, instituições públicas e da sociedade civil, em especial no que se refere à educação jurídica da sociedade e ao desencadeamento das acções preventivas. Estamos no bom caminho.
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FOTO REPORTAGEM
| ana rita rodrigues
MÃE NATURA Envolta por montanhas no horizonte longínquo, passeio-me por cenários de planícies douradas e deixo-me seduzir por gazelas e manadas de oryx desfilando ao longe na paisagem. Assim é o Parque Nacional do Iona e Foz do Rio Cunene. Natural. Nas profundezas do Parque, as tribos Muimbas surpreendem-me pela sua genuinidade. Cobertas de barro e peles de animais contemplam o horizonte e fazem-me repensar a essência humana... Em Angola e para Angola, o maior abraço do mundo desde a Welwitschia... a maior do mundo!
texto + fotografias - Ana Rita Rodrigues
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TURISMO
| patrícia alves tavares
viagemtro ao cenra da ter
Tanzânia
sua seus visitantes pela A Tanzânia atrai os evolução la anos, marcados pe riqueza. Os últimos os os sectores económic s do to de e e ad ed ci da so aposta m o sucesso da forte e financeiros, revela os, por mais de cem trib o st po m Co o. sm ri no tu têm a quenos grupos, que o país conta com pe u, os árabes, a tribo Bant Os . ra ltu cu a ri óp sua pr liaridade conferem uma pecu europeus e asiáticos ,o de o inglês, o swahili on o, çã na ta es a al especi ivem diariamente alemão e o árabe conv
Lar de alguns dos mais antigos antepassados do Homem, com fósseis dos primeiros seres humanos encontrados nas proximidades da Garganta de Olduvai, o norte da Tanzânia é frequentemente apelidado de “berço da humanidade”. Este facto constitui apenas uma das muitas razões para descobrir este país, limitado a norte pelo Uganda e Quénia, a leste pelo Oceano Índico, a sul por Moçambique, Malawi e Zâmbia e a oeste pela República Democrática do Congo, Burundi e Ruanda. Antiga colónia alemã (1880 – 1919) e britânica (1919 – 1961), a Tanzânia resulta da fusão do
Tanganhica e Zanzibar, em 1964, após a independência do primeiro (em 1961). O seu passado histórico é uma das principais marcas culturais, que revelam influências das diferentes nações que por aqui passaram. O chefe de estado do país é o presidente Jakaya Kikwete (desde 2005), enquanto Amani Abeid Karume comanda os destinos de Zanzibar (desde o mesmo ano). A capital é Dodoma, onde se concentram parte das instituições. Dar es Salaam, antiga capital, alberga ainda os edifícios públicos, embaixadas e o maior aeroporto internacional do país.
PERFIL País: República Unida da Tanzânia (desde 1964) | Área: 945.087 km2 População: 40.213.162 hab. (em 2008) | Fronteira: Uganda, Quénia, Moçambique, Malawi, Zâmbia, República Democrática do Congo, Burundi e Ruanda | Capital: Dodoma | Cidade mais populosa: Dar es Salaam Moeda: Shilling tanzaniano e dólar norte-americano | Idiomas: Inglês e Swahili | Vacinas: Febre-amarela e profilaxia da malária | Documentos: Passaporte, visto válido por seis meses, carta de condução internacional, boletim de vacinas e seguro de viagem
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“Casa da Paz” Dar es Salaam, que em árabe significa “Casa da Paz”, é a cidade mais importante da Tanzânia, a mais vibrante de África e a verdadeira capital do país (actualmente Dodoma é a oficial). Esta localidade alberga uma mistura eclética da arquitectura germânica, asiática, britânica e swahili, reflectindo as influências do passado colonial e da história recente. Próximo do Equador e do quente Oceano Índico, este centro urbano é a área mais importante da Tanzânia, albergando os principais núcleos económicos e governamentais. A sua importância enquanto pólo de negócios e ponto turístico obrigatório fez florescer o número de restaurantes internacionais, que se instalaram na cidade nos últimos anos e captam o interesse dos viajantes pela diversidade gastronómica e pelos modernos hotéis de cinco estrelas, muito procurados pelos turistas que desejam umas férias de luxo. As praias a norte de Dar es Salaam são outro motivo sedutor. Muitos turistas não dispensam uma passagem pela Península e pela Ilha de Kigamboni, em que a praia mais próxima da capital é Oyster Bay.
Zanzibar A ilha acolhe uma das cidades mais turísticas da Tanzânia, Stone Town ou “Cidade de Pedra”. Aqui concentra-se grande parte do país, onde impera o turismo de praia, o sol e a aventura. Terra natal do famoso cantor e compositor Freddie Mercury, a parte antiga da região, que alberga a capital, está classificada como Património Mundial. As zonas costeiras guardam parte da história nacional, alternando entre passado e futuro. Zanzibar é o contraste da Tanzânia verde, das savanas e dos safaris. A região é o destino perfeito para quem procura férias repletas de luxo, tranquilidade, sol e conforto. As praias isoladas são sem dúvida as mais atraentes de África. Os hotéis garantem uma estadia despreocupada, onde pode praticar windsurf, kitesurf e mergulho nos corais, numa experiência inesquecível. As paradisíacas praias de Zanzibar, decoradas pelos recifes de corais (ricos em diversidade marinha), são recortadas pelas vilas de pescadores, que mantêm o seu tradicional estilo de vida. Não existe grande variedade de animais selvagens na ilha e as áreas florestais são habitadas por pequenos antílopes e macacos. As palmeiras são abundantes e óptimas para uma pausa à sombra. Além do mais, são extremamente úteis para a população, que retira delas uma infinidade de produtos. Oportunidades turísticas A Tanzânia oferece-lhe a possibilidade de desfrutar umas férias recheadas de sol, bom tempo e inseridas nos maiores tesouros naturais do país. As formas de entretenimento são diversas. Pode alugar um barco e percorrer a distância entre Dar es Salaam e a ilha de Zanzibar ou fazer o percurso pela costa ou pelos lagos do interior, como é o caso do Lago Tanganica ou Lago Victoria. As grandes cidades de Dodoma, Dar es Salaam ou Arusha e a capital de Zanzibar (Stone Town) são pontos de excelência para uma tarde de compras. A estas características juntam-se os inúmeros cantos arqueológicos, em que o vale do Rift alberga parte da história e cultura nacional, não esquecendo a Garganta Olduvai e a zona de Laetoli. Nestas regiões de beleza natural, o turista tem a possibilidade de praticar desportos ao ar livre, como caminhadas, mountain bike, escalar o ponto mais alto de África - o Kilimanjaro, ou passear pela Serengeti National Park. Os apreciadores de praias paradisíacas encontram no Oceano Índico uma infinidade de possibilidades, em que o mergulho é a actividade mais procurada. Os safaris são muito
razões para visitar a tanzânia Praias selvagens e não urbanizadas, águas quentes e tropicais, turismo de natureza e safaris, ambiente e cenários exóticos são excelentes motivos para incluir este país na lista de viagens a concretizar. Os hotéis das cidades, as pousadas, casas e villas proporcionam o conforto aos turistas ávidos de aventura e/ ou descanso. Apenas o clima pode constituir uma desvantagem, pois é árido e pode por vezes tornar-se insuportável requisitados, pois os visitantes não dispensam a oportunidade de conhecer ao vivo as paisagens e espécies, que habitualmente encontram apenas na televisão, nos programas de vida selvagem. Último paraíso animal Ngorongoro é o local ideal para observar num único dia um microcosmos da África Oriental. Localizado a norte, junto à fronteira com o Quénia (a cerca de três horas da cidade de Arusha), é muitas vezes apelidado de “a cratera da Arca de Noé”. Este local é refúgio para presas e predadores, que vivem num perfeito equilíbrio e que se mantêm a salvo da intervenção humana. A velha caldeira tem dois milhões e meio de anos e possui uma área de 326 quilómetros quadrados e cerca de 20 de diâmetro. Aí, está reunido um ecossistema ímpar, que recebe as migrações sazonais e favorece a reprodução das mais diversas espécies. A melhor imagem que descreve este achado natural é o lago do Ngorongoro, povoado por centenas de milhares de flamingos rosa, que encobrem a presença de aves como a íbis e os gansos do Egipto, a marabous, as garças e as cegonhas europeias. O acesso à cratera segue as regras do parque natural e
está limitado aos veículos de tracção às quatro rodas. É proibido sair das viaturas, fazer piqueniques, deitar lixo e alimentar os animais. Na savana, passeiam-se manadas de zebras, gnus, gazelas e búfalos, que coabitam com os leões, que controlam a zona das águas. Hienas e abutres pairam sob a cratera, considerada reserva de caça para os leopardos, chetas e chacais. É esta sobreposição territorial entre os animais que mais surpreende os turistas. O Ngorongoro é o refúgio do rinoceronte preto, uma das espécies africanas mais ameaçadas de extinção. A melhor época para se deslocar a esta zona é a estação seca (Maio a Novembro), período em que o clima é mais ameno, com temperaturas a oscilar entre os 14/ 18ºC (mínimas) e 30/ 34ºC (máximas). Contudo, há a necessidade de se preparar convenientemente para este tipo de safaris. Sacos de viagem maleáveis, roupas desportivas e de cores claras, botas de “trekkink” ou “randonnée” e chapéu são indispensáveis, bem como óculos de sol, cantil, canivete suíço, bolsa de primeiros socorros, repelente para insectos, protector solar e binóculos. Se desejar registar o momento pode levar máquina fotográfica e câmara de vídeo, embora não possa captar imagem em todas as zonas.
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TURISMO Flora única A maioria dos espaços naturais da Tanzânia oscila entre as savanas e as florestas no sul, centro e oeste. Na fronteira com o Uganda e Quénia, ergue-se uma das florestas mais conhecidas e que circunda o Lago Victoria. A savana arbustiva do norte, a zona de Serengeti, a área arborizada do sul e os arbustos do centro do país são muito procurados, pela sua beleza e imponência. Nas áreas que fazem fronteira com o Quénia e nos picos das zonas montanhosas, os visitantes deparam-se com vegetação abundante, pastagens e florestas, derivados de um clima mais húmido. Quanto à fauna, o Parque Nacional Serengeti, em Serengeti, alberga a maior parte da diversidade animal da região, onde encontrará girafas, leões, leopardos, aves de rapina, elefantes, rinocerontes, muitas espécies de macacos, zebras e uma grande variedade de espécies selvagens. Este espaço protegido é partilhado pelo Quénia, que tem uma pequena parte do país vizinho. As principais áreas protegidas da Tanzânia são o Parque Nacional de Serengeti, o Parque Nacional de Tarangire e o Parque Nacional Ruaha. Por outro lado, os visitantes têm ao seu dispor as reservas naturais Ngorogoro, Selous ou a Reserva Natural ou Nacional de Katavi. O Parque Nacional de Kilimanjaro destaca-se pela sua altitude, que alcança quase os seis mil metros. Ao passar pela Tanzânia não pode perder outras áreas naturais, detentoras de beleza única, como são o caso do Lago Vitória, do Lago Tanganica e de algumas zonas partilhadas com outros países.
A origem da humanidade Nas terras em Olduvai Gorge são visíveis as marcas da passagem dos primeiros seres humanos. Aí foi encontrada a mais antiga pegada humana. Os restos encontrados indicam que por esta região africana passaram antepassados, como o homem Australopitecos, com mais de três milhões de anos e que muitos consideram tratar-se do primeiro Homem no planeta. A Tanzânia surge ainda associada ao movimento mercantil, tendo sido ponto de passagem para os comerciantes, que navegavam no Oceano Índico e desembarcavam nestas terras para comprar marfim e vender especiarias. Crescimento galopante O desenvolvimento económico da Tanzânia é uma marca de confiança. Nos últimos cinco anos, o país conseguiu uma média de crescimento anual acima dos sete por cento, graças a uma profunda reforma política e económica, que tem vindo a ser aplicada. Devido ao compromisso governamental e à reforma macroeconómica, a nação encontra-se no caminho do desenvolvimento sustentável.
Sabia que...
mil jaro atrai mais de 25 A subida do Kiliman metros ssui mais de 5.900 pessoas por ano. Po tos aladas. Os mais ap de caminhadas ou esc e, bik n tai un mo lo pe tar fisicamente podem op riência única que oferece uma expe
guia de dar es salaam O QUE FAZER E VISITAR: › Museu Nacional da Tanzânia: onde encontrará os fósseis encontrados em Olduvai Gorge › Mercado de Arte Mwenge: descubra os trabalhos e desenhos dos artistas locais › Mercado Kariakoo, pelas suas cores, produtos exóticos e têxteis, confeccionados localmente › Entre as ruas Índia e Indira Gandhi Street encontra os melhores restaurantes da África Oriental, nomeadamente nas ruas Jamhuri, Zanaki, Kisutu e Mkunguni › Jardins botânicos › Ruínas Kaole, em Bagamoyo, a uma hora de viagem, a norte de Dar es Salaam
animação nocturna co nstant
e Os dois grandes desti nos turísticos, Dar es Salaam e a Ilha Zanzibar são os princ ipais centros da vid a nocturna. As duas cidades têm est ruturas hoteleiras, que têm discotecas, onde poderá pa ssar uma noite agrad ável, ao som de boa música e muita festa
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TURISMO
| patrícia alves tavares
suficiente na produção de alimentos. Exportam cana-de-açúcar e albergam importantes reservas de carvão. A sociedade é patriarcal e formada por clãs. Cidade tranquila A capital Mbabane é a maior cidade da Suazilândia, com perto de 50.000 habitantes. A localidade é o cenário perfeito para descansar, devido ao sossego preponderante. A Galeria Indingilizi vende artesanato tradicional, tendo aí a possibilidade de apreciar alguns excelentes trabalhos de artistas nacionais contemporâneos. As principais atracções localizam-se no vale adjacente de Ezulwini. Lobamba é o abrigo do Palácio do Estado Embo e um dos pontos turísticos. É a capital real e legislativa do país. Nesta cidade, descobrirá o Museu Nacional, com interessantes exposições e boa parte da cultura Swazi. Ali encontra uma vila tradicional beehive. Nas proximidades do museu, estão localizados o Parlamento e o Memorial ao Rei Sobhuza II. Nas redondezas, está erguida a Vila Cultural Swazi, composta pelas cabanas beehive e onde pode assistir às apresentações culturais.
o ã ç a r o c o n da savana Suazilândia
A Suazilândia distingue-se de todos os destinos pela sua singularidade. É um dos países mais pequenos de África e a sua tranquilidade ilustra qualquer cartão-de-visita pelos locais relaxantes que proporciona. É a última monarquia absolutista africana e simultaneamente um dos rostos mais amáveis do continente Pequeno e montanhoso, é o palco de férias com que qualquer aventureiro, apreciador de um safari inesquecível, sonha. Situada em pleno pulmão da África Austral, a Suazilândia é uma das poucas monarquias remanescentes no continente. Os motivos para visitar esta região são mais que muitos. Limitado
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por Moçambique e África do Sul, o país não tem saída para o mar, mas em contrapartida oferece uma panóplia de planaltos cobertos por savanas e pastagens. As suas capitais são Mbabane (administrativa) e Lobamba (legislativa) e a economia assenta na agropecuária, embora o reino da Suazilândia não seja auto-
Os melhores safaris No vale de Ezulwini (paraíso, na língua suazi), situa-se a velha casa da família Reilly, o ponto de partida para conhecer parte da Suazilândia, especialmente as três reservas da vida selvagem. A Mkhaya Game Reserve é uma das mais procuradas. Os seis mil hectares são compostos essencialmente pela savana e pela planura sulcada por rios secos. A fauna é composta por múltiplos exemplares do rinoceronte branco, várias espécies de antílopes, impalas, girafas, palancas e elefantes. Os safaris são realizados em jipe aberto, organizados pela administração do parque e que permitem aos turistas olhar de perto para crocodilos, pequenos mamíferos e aves de rapina. Os safaris e alojamentos necessitam de reserva antecipada. Existem ainda os safaris a pé, pensados para os adeptos das caminhadas e que são organizados pelo amanhecer ou anoitecer, para uma melhor apreciação das espécies junto das fontes de água. Além das visitas às reservas e à aldeia de Mantenga, os aficionados de aventuras na montanha, encontram na reserva natural de Malolotja, no Highveld, cerca de 200 quilómetros de trilhos com diversos graus de dificuldade, repletos de florestas de altitude, espécies botânicas raras e fauna diversificada (águias, zebras, impalas e gnus). Aí desfrute das Malolotja Falls, as cascatas mais altas do país, com quase uma centena de metros de altura.
Ecoturismo de excelência A diversidade paisagística é a imagem de marca do território suazi. Cada parque possui características e ecossistemas únicos, embora existam muitos habitats comuns para certas espécies. A ocidente, os visitantes encontram o Highveld, uma região marcadamente montanhosa, onde coabitam o verde das densas matas e os cursos de água e algumas cascatas. O Middleweld abrange os vales com maior densidade populacional (é o caso do vale de Ezulwini), uma vez que a área é menos acidentada. Na metade leste, o turista não pode deixar de passar pelo Lowveld, devido à sua paisagem que contrasta com o resto de território e onde surgem os cenários da savana africana. Aliás, nestes dois últimos ecossistemas encontram-se as três reservas mais importantes da vida selvagem do país: Mlilwane Game Sanctuary, Mkhaya Game Reserve e Hlane Royal National Park (associados ao projecto Big Game Parks, que engloba os três parques nacionais e duas reservas naturais). Mlilwane apresenta-se como a mais antiga área protegida da Suazilândia. Poderá descobrir este território a pé ou a cavalo, visto que a sua fauna é composta principalmente por várias espécies de antílopes (incluindo alguns raríssimos, como o frágil antílope azul), impalas, zebras, búfalos, girafas e pássaros de todas as espécies. O único aviso vai para as áreas junto aos lagos, em que os caminhantes não devem ultrapassar os limites de aproximação, pois aí encontram-se os habitats dos crocodilos e dos hipopótamos. Passeios alternativos Para os viajantes que não abdicam de uma ida às lojas e gostam de comprar objectos que simbolizem as regiões por onde passam, o vale de Ezulwini é o destino mais apreciado. A localidade oferece atractivos diversos, dos quais se destacam as velas decorativas das Swazi Candles (com motivos faunísticos africanos), os batuques da Baobab Batik (dispõe de explicações sobre as técnicas de fabrico artesanal) e o artesanato da cooperativa Gone
À LUPA Capital: Mbabane ti Idioma: inglês e siswa Área: 17.364 km2 5 (2002) População: 1.123.60 Parlamentarista uia Governo: Monarq Nacionalidade: Suazi Moeda: Lilangeni
NÃO ESQUECER
A moeda nacional é o Lijangeni (plural Emalangeni), que possui paridade com o Rand sul-africano. Os pagamentos podem ser efectuados com ambas as moedas, existindo a possibilidade de levantar dinheiro em caixas automáticas
Rural, que comercializa peças de excelente qualidade, confeccionadas pelas artesãs da região. Os trabalhos em cestaria merecem igualmente destaque, devido à sua capacidade inventiva, perfeição e mistura de técnicas. O mercado de Manzini deve fazer parte da agenda de quinta-feira de qualquer turista. Ali encontram peças de artesanato, provenientes do reino da Suazilândia, das regiões da África Austral, bem como dos vizinhos Moçambique e África do Sul. A viagem vale pela descoberta das vendedoras das terras de Maputo, que falam português e adoram partilhar histórias de vida com os visitantes. Em termos gastronómicos, distinguem-se as variedades de pratos, preparados com base em carnes com milho e curries. Um dos produtos mais populares é o bunny chow (fogaça de pão com carne), as espigas assadas e os camarões. Nos principais hotéis e restaurantes, estão disponíveis refeições mais ocidentais.
guia do viajante A Suazilândia partilha fronteiras com a África do Sul e Moçambique. Portanto, a melhor forma de chegar ao país é através de Moçambique. Após o desembarque, a fronteira fica a cerca de uma hora de Maputo, pelo que as boas condições da estrada e a simplificação das formalidades na fronteira, permitem ao turista chegar ao centro da Suazilândia em cerca de duas horas. Caso pretenda viajar entre Junho e Setembro, deverá estar preparado para enfrentar a estação seca, em que as baixas temperaturas podem descer abaixo dos 10 graus. Entre Novembro e Maio, os termómetros sobem (no Lowveld ultrapassam os 40 graus) e os aguaceiros tropicais são frequentes. Os cidadãos da União Europeia não necessitam de visto para a Suazilândia. Porém, para chegar a Moçambique este é exigido aos turistas europeus
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ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
| patrícia alves tavares
Quando menos é mais ESPECIAL - HABITAÇÃO DE BAIXO CUSTO
Habitação de custo controlado significa estandardização. A redução do número de operações exigidas no processo simboliza menos desperdícios e reconstruções. A simplificação do método, sem descurar a qualidade resulta em diminuição de custos. É isto que torna este método de construção tão atractivo para os Governos que desejam resolver o problema da habitação. A Angola’in apresenta-lhe os benefícios do novo sistema e a forma como o sucesso da implementação do primeiro projecto pode constituir uma mais-valia para a execução da meta governamental de criar um milhão de casas até 2012
O modelo apresentado pela Opway-Angola não é novidade. Enraizado em quase todas as partes do globo, é aplicado com frequência em certos países africanos, que têm a possibilidade de desenvolver habitação (para venda ou arrendamento) de qualidade e a baixo custo para o construtor e consumidor final. A Angola’in descobriu que o método é usual na Europa e EUA, sendo aplicado em economias como a Índia, Filipinas ou Paquistão. No caso angolano, a criação de habitação de baixo custo pode ser a solução para duas questões que preocupam o Executivo: a criação em tempo útil de um milhão de casas em quatro anos e a especulação imobiliária. A doação de terrenos estatais para este fim é um incentivo para os construtores - que inflacionam os
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preços das casas, devido aos elevados custos das terras, e para criação de espaços de qualidade, com recurso a materiais nacionais (custo da obra diminui e preço final da habitação desce). Nesta edição, a Angola’in mostra-lhe ao pormenor tudo o que precisa saber sobre a chamada habitação de baixo preço. Inovador A habitação de custo controlado tem uma componente social interessante, já que incentiva à interacção entre os habitantes de cada comunidade, que são convidados a participar no processo. A qualidade dos espaços é salvaguardada e tem vindo a ganhar força. Em Inglaterra, em termos energéticos, estas casas são as mais eficientes do país, com níveis
de reciclagem acima da média, uma vez que o investimento incentiva os moradores a cuidar do seu espaço. Responsável pela descida dos custos de construção, a tecnologia SEB (Stabilized Earth Brick) recorre ao aproveitamento dos materiais retirados do solo e é bastante usada internacionalmente, sobretudo pela empresa Low Cost Housing International. Os tijolos de terra estabilizada são duráveis, mais resistentes perante catástrofes naturais (não necessita de nenhum produto para solidificar) e muito procurados por países que precisam de fabricar anualmente milhões de casas a baixo custo, já que é possível produzir a matéria-prima no local onde decorre a obra. O sistema SEB é barato, torna o edifício mais eficiente energeticamente e está disponível em larga quantidade, permitindo que uma pessoa não especializada (com a ajuda de um único técnico) consiga erguer a sua casa. A tecnologia, frequente nos EUA, foi sugerida por dois especialistas portugueses, que consideram Angola o país indicado para a criação das chamadas ‘casas de terra’, tema abordado pela Angola’in numa das suas edições. O solo nacional é vasto e fértil, pelo que muitos técnicos acreditam que este sistema pode ser aplicado na construção civil nacional, baixando os custos de edificação e a importação de cimento e materiais de construção, um dos principais handicaps do sector.
“Os tijolos de terra estabilizada são duráveis e muito procurados por países que precisam de fabricar anualmente milhões de casas a baixo custo” Realidade mundial O conceito constitui parte da responsabilidade social dos governantes, desde a década de 80. As mudanças sociais obrigaram a repensar os métodos de construção e surgiram as casas adaptadas às carências económicas dos habitantes. Organizações públicas e privadas desenvolveram as primeiras cooperativas e, mais tarde, as casas de custo controlado, que permitiam, através da doação de terrenos (mediante acordos governamentais), a edificação de habitações estandardizadas e a custo menor. O modelo, que permite a integração dos diversos estratos da sociedade, é muito usual na Europa. Na Dinamarca, os principais beneficiários são os idosos e incapacitados. Na Finlândia, são abrangidos os pensionistas e estudantes, enquanto na Grécia e Suécia são os idosos. Em todas as situações, impera o regime de rendas comparticipado pelo Estado. Sucesso no Malawi Exemplo da melhoria da qualidade de vida das populações, sobretudo as rurais, a “Habitat for Humanity” trabalha em parceria com as comunidades locais e com o Governo. Cada área carenciada elege um comité, que têm uma palavra a dizer desde o planeamento à implementação do plano. A construção conta com o trabalho de voluntários da comunidade. O sucesso está na participação dos beneficiários no processo de edificação, que vêem diminuído o preço a pagar pela casa. A média de construção é de dez residências por mês. Contudo, à medida que o trabalho se vai desenvolvendo ao nível da comunidade, o número de beneficiários cresce, contribuindo para isso o intercâmbio de conhecimentos e as parcerias locais - todos colaboram em determinada fase do plano. A quantia que cada família paga pela sua habitação é canalizada para a criação de mais casas dentro da comunidade e é a base da sustentabilidade. A “Habitat for Humanity” conta com o apoio de organizações internacionais, dos governos (oferecem infra-estruturas, terrenos, isen-
ções de taxas e impostos, aconselhamento, apoio público e técnico e vários serviços) e das agências de voluntariado e de financiamento. Até à data foram abrangidas mais de 400 comunidades, que beneficiaram directamente mais de 18 mil pessoas.
“O maior banco da África do Sul comprometeu-se a disponibilizar 100.000 casas de baixo custo até 2010” Adesão africana África não foge à tendência. O crescimento torna urgente dispor de mecanismos de combate à pobreza e exclusão social, em que o repentino crescimento das cidades está a gerar assimetrias sociais abismais. O maior banco da África do Sul, o ABSA comprometeu-se a disponibilizar 100.000 casas de baixo custo até 2010. Em colaboração com o Ministério da Habitação e com os organismos locais e provinciais, a entidade contribuiu com R2,6 biliões, com o objectivo de desenvolver no mínimo um projecto para cada província, dando continuidade a um memorando de entendimento com o governo sul-africano, que se traduziu num investimento de R42 biliões para incremento das habitações de custo controlado. Em Moçambique, a fase piloto do projecto está em fase de teste e decorre no povoado de Chidevele, na província de Maputo, local onde foi erguida uma casa T2.
Orçada em 43 mil meticais, tem uma durabilidade estimada de 50 anos. O estratega A primeira iniciativa do género foi apresentada recentemente. A sua implementação pode significar o início de uma nova modalidade de construção e a revolução do mercado habitacional nacional. A massificação deste plano é útil para travar o alastramento dos musseques que promovem a exclusão social. O projecto foi apresentado na 7ª edição da feira ConstróiAngola 2009. Desenvolvido pela luso-angolana Opway-Angola, depois de implementado, permitirá erguer uma casa em apenas um dia. As futuras habitações, segundo adiantou o administrador da empresa Vital Segurado, custam entre os 40 e 100 mil dólares (consoante o tipo de material escolhido pelo cliente) e serão detentoras de tipologia T2, T3 e T4, conferindo a possibilidade de cumprir os objectivos governamentais, com um custo que rondará os 50 mil dólares por unidade, “respondendo a padrões de qualidade elevados com baixos custos”. As habitações propostas são de fácil montagem, lembrando a dinâmica lego, o que possibilita a sua “rápida execução” e não exige a importação de materiais. “Cada equipa terá capacidade para deixar uma casa acabada no espaço de um dia”, anunciou Vital Segurado, sustentando que a celeridade do processo está relacionada com a aplicação de tecnologias simples, mas “mantendo padrões de conforto e qualidade internacionais”. A execução do plano aguarda a decisão dos promotores, ou seja, das autoridades estatais.
“As casas da Opway-Angola serão detentoras de tipologia T2, T3 e T4, com um custo que rondará os 50 mil dólares por unidade, “respondendo a padrões de qualidade elevados com baixos custos”
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ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO BREVES
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materiais
indústria
Governo combate especulação
Novas empresas de exploração da madeira
Higino Carneiro, ministro das Obras Públicas, garante que o Governo está empenhado em desencorajar a especulação dos preços dos materiais de construção, com o intuito de facilitar a aquisição de habitações de baixa renda. O responsável revelou que existem equipas específicas que estão a trabalhar na fiscalização e regularização da actividade e respectivos preços, para que os cidadãos consigam adquirir os produtos a preços acessíveis. O ministério planeia inserir o Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e Distribuição dos Produtos Essenciais à População (Presild) no plano de comercialização dos materiais de construção civil, prevendo-se que com esta iniciativa as famílias terão a possibilidade de erguer as suas casas em regime de auto-construção dirigida.
A crescente procura de madeira no mercado nacional levou António Rui da Silva, director técnico da Panga Panga, a anunciar a criação de mais empresas de exploração e serração. A reconstrução nacional tem fomentado o recurso a estes produtos, cuja fraca produção tem obrigado os empreiteiros a procurar a importação. A empresa, gerida pela Sociedade de Gestão Empresarial, não consegue fazer face ao elevado número de pedidos, pelo que sugere a entrada de novas entidades no ramo. O responsável propõe a elaboração de novas parcerias entre empresários nacionais e estrangeiros para fomentar a produção interna. “Isto vai permitir à indústria transformadora reorganizar-se e revitalizar a sua produção, tornando o material mais barato para o consumidor”, sustentou.
construção civil
Inertes nacionais registados O Ministério da Geologia e Minas pretende proceder ao registo da origem dos inertes nacionais, de modo a reduzir o preço do produto na área da construção civil. A acção está incluída no Programa Nacional de Inventariação dos Recursos Minerais e possibilitará a actualização dos dados relativos ao mercado nacional de construção e produção de matérias-primas de origem mineral. A execução do projecto contribuirá para a localização das áreas de exploração, bem como a avaliação dos referidos recursos, que se destinam à construção civil e indústria transformadora, assegurando desta forma o objectivo governamental de reconstruir as infra-estruturas nacionais. O projecto compreende a indicação de áreas de reservas para extracção de inertes nos planos directores de ordenamento do território a nível da província, município e comuna, de modo a evitar conflitos.
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território
Ordenamento recomendado O governo da província de Huambo deve desenvolver uma estratégia de ordenamento do território, preservando o antigo e inovando os usos e costumes da população local. A recomendação foi divulgada durante a primeira conferência provincial sobre urbanismo e habitação. A região tem a seu cargo a urbanização de 49.200 lotes de terreno para a construção de habitações durante o quadriénio 2009/ 2012. Os participantes acreditam que é urgente a adopção de políticas de ordenamento do território, que deverão passar pelos planos directores municipais, urbanísticos e de loteamento, bem como projectos que envolvam a requalificação e realojamento das áreas afectadas. Durante a conferência foi proposta a aplicação dos princípios do governo provincial, de modo a que os futuros empreendimentos reservem uma cota mínima de 35% de superfícies para áreas verdes e de lazer.
investimento
Fábrica de tintas no Centro O Ministro das Obras Públicas, Higino Carneiro, anunciou a construção de uma fábrica de tintas e vernizes, localizada no pólo industrial da Caála (Huambo). A empreitada arranca em 2010, ano em que a província do Kwanza Sul vê nascer uma unidade fabril de revestimentos (mosaicos). Os novos centros de produção vão, de acordo com o ministro, estimular a implementação do programa habitacional e promover a criação de novos postos de trabalho. A unidade de Caála terá capacidade para produzir 50 mil tijolos por dia e será a primeira de 40 fábricas, que futuramente vão ser edificadas no pólo industrial.
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
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FARMÁCIAS
MÉDICOS DO BAIRRO “O objectivo fundamental é o de servir os destinatários de saúde”, esclareceu José Pascoal, director da Angomédica, em declarações ao ‘O País’. O sector farmacêutico prepara-se para um novo desafio, após o período de solidificação e de controlo da qualidade dos estabelecimentos. A meta consiste em travar a circulação de medicamentos adulterados e diminuir o número de importações, através da produção interna. Analisando a capacidade dos meios técnicos e humanos, o dirigente insiste para que o país “tenha disponíveis os medicamentos que os angolanos precisam, não aqueles que às vezes nos chegam por razões meramente mercantilistas” É uma das áreas mais estratégicas do sector da saúde. A indústria farmacêutica renasce num período em que é crucial controlar a qualidade dos medicamentos. Perante estes desafios, José Pascoal, médico e director geral da Angomédica, está empenhado em reerguer o gigante farmacêutico, que deverá abastecer o mercado nacional com os fármacos considerados essenciais. A empresa está a desenvolver um laboratório de controlo de qualidade, que possa travar a entrada de medicamentos suspeitos e testar fármacos, cujo desconhecimento fazem os utentes duvidar dos seus efeitos. O desafio está na criação de uma fábrica de produção interna. Renascer do gigante A Angomédica tem um papel decisivo no desenvolvimento da indústria farmacêutica, que depende excessivamente das importações de medicamentos e necessita urgentemente de incrementar a produção interna, de forma a evitar a contrafacção de fármacos. A empresa, segundo José Pascoal, “foi totalmente reestruturada de acordo com os conceitos tecnológicos pelas boas práticas de produção e tendo em consideração as re-
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comendações da OMS”. Em entrevista ao ‘O País’, o responsável alegou que se está a “desenvolver uma lógica empresarial que assenta num elevado nível de profissionalização”, pelo que dispõe de “quadros profissionais treinados” e identificaram “um parceiro tecnológico e científico externo que vai proceder à validação dos processos de fabrico e certificação do controlo e da garantia da qualidade”. O objectivo “essencial” da entidade consiste em “satisfazer as necessidades básicas em medicamentos essenciais para a saúde dos angolanos”. O médico assegura que possui uma estrutura capaz de produzir em quantidade suficiente para atender as necessidades internas, detendo na área da produção médicos, farmacêuticos, químicos e técnicos de laboratório. Espaços adequados Luanda possui 31 farmácias oficiais. De acordo com os registos, até Março do último ano existiam 560 espaços com autorização para laborar durante um ano. Em todo o país encontravam-se habilitados e autorizados a exercer a profissão 114 farmacêuticos. O novo pacote legislativo está em avaliação pelo
Conselho de Ministros, desde 2005 e permitirá reestruturar a actividade. A Companhia das Farmácias, uma das principais redes a operar na província de Benguela, é encarada por muitos como exemplo de boa gestão e sucesso. Com duas farmácias abertas ao público, trabalha ainda na vertente de importação de material médico e hospitalar. Fornecedora de serviços públicos e privados em Angola, a entidade venceu o concurso público de abastecimento de medicamentos essenciais para o primeiro quadrimestre. A empresa, além da importação e comercialização de medicamentos, dedica-se ao seu fabrico, produzindo pomadas, xaropes e soluções externas, possuindo para o efeito um laboratório farmacotécnico. Por outro lado, o correcto funcionamento dos espaços tem sido assegurado pelas sucessivas inspecções. As equipas são multi-sectoriais, compostas por representantes da Saúde, Finanças e Emprego. No caso de Luanda, a verificação dos espaços é regular. A organização e aprovisionamento dos medicamentos são os pontos mais visados, pelo que os inspectores estão atentos à organização dos produtos, rotulação invisível e desordem nos armazéns.
O parceiro Em Maio, assistiu-se à formalização de diversos acordos entre a empresa portuguesa Infarmed e uma plataforma de colaboração com organismos do Ministério da Saúde e com a Direcção Nacional de Inspecção e Investigação das Actividades Económicas (DNIIAE). O compromisso foi firmado em 2008 e incluiu a formação integrada de quadros humanos e das autoridades angolanas. A parceria, em matéria de medicamentos, envolve o apoio regulamentar e científico, disponibilizado pelo Infarmed (enquanto entidade responsável); o apoio académico, da responsabilidade das Faculdades de Farmácia e Medicina e o apoio operacional a cabo da Indústria Farmacêutica.
A Central de Compras e Aprovisionamento de Medicamentos visa garantir o acesso das populações a produtos seguros e ao preço mais baixo possível Medicamentos fiáveis Recorde-se que a entrada de medicamentos no país, seja para o sector público ou privado, é regulada pela Inspecção Geral de Saúde em coordenação com a Direcção Geral das Alfândegas e de uma empresa privada que inspecciona todos os produtos que entram no território nacional pelos portos e aeroportos. A colaboração do Infarmed com o DNIIAE tem sido benéfica no âmbito da disponibilização de resultados científicos fiáveis e credíveis, permitindo uma actuação mais célere no terreno e junto dos tribunais. Foi o caso da “Operação Manvip 2008”, em que o auxílio do Infarmed permitiu apreender cerca de três toneladas de medicamentos contrafeitos. Já o Governo está a elaborar um plano nacional para a actividade farmacêutica, que inclui a fiscalização regular. Uma das medidas foi a criação de uma Central de Compras e Aprovisionamento de Medicamentos, que visa garantir o acesso das populações a produtos seguros e ao preço mais baixo possível. A entidade tem autonomia financeira e administrativa, sendo tutelada pelo Ministério da Saúde, esperando-se que possa garantir aquisições transparentes e uma gestão eficaz, evitando a ruptura
de stocks. A Política Nacional Farmacêutica permitirá complementar o vazio legal que existe em relação a esta matéria. A Direcção Nacional de Medicamentos e Equipamentos terá como funções regular a actividade, gerir a aplicação das disposições administrativas, técnicas e normativas do sector e autorizar a comercialização dos fármacos após avaliação e consentimento do ministério. Apesar de ainda não estar aprovado oficialmente, o documento foi aprovado em 2001. Em fase de projecto, encontram-se ainda a Lista Nacional de Medicamentos Essenciais e o Formulário Nacional de Medicamentos.
Ainda este ano, a fábrica da Angomédica deverá arrancar com a produção de soros, pomadas e supositórios. Para 2010, está agendado o início da produção de outros medicamentos
centro de investigação em saúde O Projecto CISA promete revolucionar as entidades farmacêuticas internacionais. O novo centro destina-se a relançar a discussão em torno das chamadas “doenças negligenciadas”, como a úlcera de Buruli, doença de Chagas, cólera, dengue, dracunculíase, trepanomatose, entre outras. Estas afectam mais de um bilião de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS. Para os países em situação precária, estas doenças são o principal entrave ao desenvolvimento. A pensar na situação nasceu o CISA, que deverá estar a funcionar em pleno em 2010. O projecto tem como finalidade captar a atenção e os investimentos das comunidades internacionais para a escassez de tratamento destas doenças. Baseia-se em três pilares: investigação científica, formação de recursos humanos e melhor prestação de serviços de saúde
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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO Novo impulso Um dos projectos mais importantes do Infarmed é a criação de um laboratório de nível 1 para servir Angola e os países centro-africanos. Foi igualmente celebrado um acordo com a Inspecção Geral de Saúde, que visa a formação de futuros inspectores e aquisição de conhecimentos sobre os procedimentos de licenciamento das actividades. Vasco Maria, presidente do Infarmed, aproveitou a visita à unidade fabril da Angomédica e incentivou a direcção a avançar com a exploração dos meios existentes, uma vez que “as instalações são amplas” e “têm os equipamentos adequados”. “Penso que deve ser urgente a reactivação desta única fábrica de medicamentos de Angola, para a produção de drogas de primeira linha, no quadro das necessidades da população”, frisou o responsável. Por seu turno, Susana Pedro Maria, directora adjunta da Angomédica, mostrou-se disponível para “colaborar com o Infarmed, sobretudo na área laboratorial, uma vez que o nosso objectivo é fornecer medicamentos de qualidade e seguros”. Para tal, as entidades de saúde contam com as equipas fiscalizadoras, que têm intensificado a actividade junto das farmácias. Ainda este ano, a fábrica da Angomédica deverá arrancar com a produção de soros, pomadas e supositórios. Para 2010, está agendado o início da produção de outros medicamentos. Laboratórios testam origens Uma das principais actividades laboratoriais das entidades nacionais consiste na avaliação dos medicamentos que entram no território nacional, que permitem análises mais profundas aos fármacos. É o caso do já referido acordo entre o Infarmed e a DNIIAE, que prevê uma estreita colaboração e apoio na criação do futuro laboratório de controlo de qualidade e serviço de registo de medicamentos, bem como dos centros fármaco-vigilância e de informação farmacêutica. José Pascoal, da Angomédica, esclareceu que o laboratório presta serviços de apoio e análise da matéria-prima e está ao dispor de todos. O espaço conta com assistência técnica do “Laboratório Bial”, de Portugal, possuindo materiais de extrema fidelidade capazes “de detectar impurezas como a dioxina”. No caso da Gripe A (ver caixa), enquanto as principais farmacêuticas internacionais unem esforços no desenvolvimento de uma vacina eficaz, Angola prepara-se igualmente para lidar com uma eventual pandemia. O ministro da Saúde, José Van-Dúnem, anunciou recentemente que foi criado o la-
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SABIA QUEo..d.os Profissionais
A Associaçã a única de Angola é de Farmácia Estado, o nhecida pel entidade reco a ri o é obrigató cuja inscriçã s, co ti farmacêu para todos os ásicos b os ios e técnic técnicos méd A . a a Assofarm registados n ainda rmacêuticos Ordem dos Fa o uma d n ti ação, exis está em form aladora comissão inst
boratório de referência PCR, com a finalidade de fazer testes em tempo real. A medida, que coloca o país ao nível dos europeus e americanos, foi divulgada após a reunião da Comissão Interministerial para a Prevenção da doença. “O envio de amostras para o exterior chegou ao fim, porque o nosso laboratório já tem soluções para passar a confirmar no país”, confirmou o responsável, em finais de Setembro. O ministro revelou que o espaço está dotado dos equipamentos técnicos necessários e que se procedeu à formação de técnicos nesta matéria. A montagem do laboratório esteve ao cargo de um técnico da África do Sul (país onde se efectuaram as primeiras análises angolanas) e o ministério conta ainda com a colaboração de empresas de telecomunicações, que estão a informar os utentes sobre os cuidados a ter, através de SMS.
PANDEMIA ENCARADA COM CAUTELA A gripe H1N1, que começou no México e rapidamente se alastrou a praticamente todos os países, está a gerar uma onda de preocupações. A OMS acredita que o pior ainda está para chegar. O panorama angolano é por enquanto favorável. Existe até ao momento o registo de 13 infectados, em Luanda, Bengo e Benguela. A evolução dos pacientes é positiva e ainda não há registo de óbitos. O Ministério da Saúde já anunciou que o país irá receber 1,8 milhões de vacinas. A directora Nacional de Saúde Pública, Adelaide Carvalho, revelou que foram desenvolvidos desdobráveis com “informações sobre a existência da doença, assim como das medidas simples para evitar o contágio, como lavar as mãos com água e sabão”, que estão ao dispor de todos os angolanos. O vírus é transmitido pelo ar, de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva, e ainda por contacto das mãos com objectos e/ ou superfícies contaminadas. O período de incubação é de sete dias e os principais sintomas são febre, tosse, dores nos músculos, falta de ar e, nalguns casos, vómitos e diarreia.
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AGRICULTURA SOB INVESTIGAÇÃO As metas estabelecidas pelas Nações Unidas durante a Cimeira de 2000, relativamente ao respeito dos objectivos de desenvolvimento do milénio, exigem um combate eficaz e efectivo à fome e à pobreza. O sector agrário é determinante e, nesse sentido, os centros de investigação são fulcrais para cumprir as exigências internacionais e garantir a auto-suficiência alimentar dos angolanos, bem como o acesso equitativo a alimentos seguros e de qualidade. A recuperação e criação de 16 espaços são as apostas. O Ministério da Agricultura, no âmbito de uma profunda reorganização e modernização do sector, está, desde o início do ano, a reestruturar os centros de investigação e política agrária. O Governo pretende implementar estratégias que definam modelos para a sua investigação e para a formação de 30 técnicos por ano. As medidas, incluídas no Plano Nacional, visam o relançamento do sector e a revitalização de uma área determinante para o desenvolvimento económico nacional. Assim, está prevista a reconversão e reestruturação de 16 centros de investigação agrária (até 2012), que serão dotados de equipamentos eficazes e a reabilitação de quatro estações no Huambo, Waku Kungo, Malange e Uíge. Sustentabilidade O investimento na agricultura será determinante para o crescimento desta área da economia. Ana Lourenço, Ministra do Planeamento, anunciou no final do último ano que o sector agrícola deverá crescer até ao final
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deste ano mais de 20 por cento, contribuindo decisivamente para este ritmo os investimentos na reconstrução de perímetros irrigados e nos centros de investigação. “A meta que prevemos é de dois dígitos, portanto acima dos 20 por cento”, frisou, em declarações aos jornalistas. A modernização das infra-estruturas de apoio tem, de facto, contribuído para o aumento do rendimento das culturas e para a melhoria da qualidade das sementes. A inclusão destas medidas no Orçamento Geral do Estado e no Plano Nacional do Governo tem como finalidade garantir a segurança alimentar, questão que passa pela aposta nos sectores agrícola, da pesca e da indústria. Melhor qualidade A modernização do sector agrícola é o meio mais eficaz para alcançar uma produção interna suficiente para satisfazer as necessidades e, até, para exportar. É o caminho mais viável para alcançar a tão desejada qualidade e segurança dos produtos alimentares. Para o vi-
ce-ministro da Agricultura, Zacarias Sambeny, a organização da área de investigação agrária permitirá a médio e longo prazo gerar, adaptar e transferir tecnologias que propiciem a segurança dos alimentos e consequente nutrição e saúde das famílias. Durante a Conferência Nacional sobre o sector, que este ano abordou o tema da investigação agrária, o responsável manifestou o seu optimismo em relação à aposta nos centros de investigação, que permitirão adaptar e transferir as novas tecnologias para a optimização da produção, no que concerne à cultura de alimentos e criação de animais. Por outro lado, de acordo com os responsáveis governamentais, o investimento em locais de estudo, que deverão estar a funcionar em pleno em 2012, vai tornar viável a utilização sustentável dos recursos naturais, sendo possível coordenar, promover e estimular acções de investigação agrária, por parte das organizações públicas e privadas, bem como da sociedade civil, que vão contar com a colaboração de organizações internacionais congéneres, no âmbito da troca de experiências. O programa de fomento da investigação agrária inclui a instalação de 16 centros nacionais, que vão ser espalhados por diversos pontos do país. Para alcançar as metas estratégicas, o ministério tem em curso um conjunto prioritário de Programas Nacionais de Investigação, com vista a adquirir a auto-suficiência em alimentos e matérias-primas e a criação de excedentes para os mercados internacionais, permitindo o desenvolvimento sustentável da agricultura.
“O programa de fomento da investigação agrária inclui a instalação de 16 centros nacionais, que vão ser espalhados por diversos pontos do país, até 2012” Experiência brasileira Detentoras de larga experiência na investigação agrária, em Maio, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV) manifestaram a sua disponibilidade para cooperar com o Ministério da Agricultura angolano e assumem-se como parceiros na reestruturação do Instituto de Investigação Agronómica de Angola (IIA), fornecendo conhecimentos e recursos humanos. O IIA conta com um investimento governamental de 32 milhões de dólares americanos e está a seguir o sistema Embrapa, que este ano deverá colocar em funcionamento quatro dos 16 centros de pesquisa. A quantia vai financiar as áreas da cooperação internacional, que incluem a formação de técnicos nacionais, a contratação de consultoria e a assistência técnica. Os primeiros centros de investigação a iniciar actividades estarão localizados no Huambo (Estação Experimental Agrícola de Chianga, apostando no milho e feijão), em Malange (Estação Experimental de Malange estuda a mandioca, batata doce e amendoim), na Huíla (Estação Zootécnica do Lay, destinada a caprinos e ovinos) e no Kwanza (gado de leite). Para a materialização do programa serão necessários 500 investigadores, contra os actuais cem. “Este ano já contratamos 20 pessoas, que deverão actuar nos centros de pesquisa a serem instalados”, esclareceu o vice-ministro Sambeny. Assim, a segunda etapa deste projecto visa a supressão do deficit de mão-de-obra para estas áreas de pesquisa, através da qualificação dos trabalhadores, graças à colaboração da UFV, que vai dispor de pós-graduações para os pesquisadores. O programa de cooperação visa igualmente acções de formação de curta duração para os técnicos angolanos nas unidades da Embrapa.
Portugal é parceiro Empenhado em manter um relacionamento de cooperação com Angola nos mais diversos níveis, o Governo português mostrou total abertura para formar técnicos nacionais nos institutos de investigação de Portugal. A garantia foi dada pelo ministro português da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Jaime Silva que, durante a última visita ao país, afirmou haver disponibilidade para enviar investigadores para Angola. Os investimentos portugueses neste sector são escassos. “Há apenas duas empresas na área do leite, em parceria com os angolanos e outra na área das aves, em função daquilo que é a potencialidade de produção em Angola”, explicou, adiantando que pretende importar a partir de Angola açúcar, café e outras matérias-primas. O responsável lembra ainda que a possibilidade de exportação para Portugal constitui uma excelente oportunidade para a economia an-
golana, que poderá entrar no mercado da União Europeia, composto por 450 milhões de consumidores. Campanha 2009/ 2010 As associações e cooperativas de camponeses vão receber 1,7 milhões de dólares em crédito, cujo financiamento está a cargo do Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA). O apoio, inserido na preparação da campanha agrícola 2009/ 2010, destina-se à compra de fertilizantes, tractores e outros produtos agrícolas. O ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga espera que, com a entrega dos novos meios, os agricultores possam “enriquecer e elevar os níveis de produção e melhorar a qualidade da dieta alimentar na região”. “Acreditamos que as acções serão executadas para podermos, no fim da campanha, termos os níveis de produção aumentados”, manifestou.
bic financia agricultura O Banco Internacional de Crédito está a financiar pequenos e grandes projectos agrários. O presidente do Conselho de Administração, Fernando Teles, acredita que o investimento neste sector é útil para a diversificação da economia. Reconhecendo que a produção nacional deve ser fomentada, uma vez que se importa desnecessariamente muitos produtos alimentares, o dirigente explica que “é importante apoiar a população no geral que tem um rendimento mais baixo, através de uma aplicação denominada Crédito de Campanha, permitindo assim às pessoas semearem e posteriormente pagarem aos bancos em função das suas colheitas”
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fibra óptica
Cabo interliga rede terrestre “Adones” é a denominação do sistema de cabo submarino de fibra óptica, que interliga a rede nacional terrestre de telecomunicações, de Cabinda ao Cunene, orçado em 80 milhões de dólares. O mecanismo está finalizado, faltando apenas a sua exploração comercial. Actualmente, está em curso o estudo da inserção do trajecto do cabo de fibra óptica nas cartas marítimas, para que as companhias de navegação conheçam o local exacto por onde passa o cabo, para se evitar a sua destruição.
tecnologia
concurso
Coordenar a investigação científica
Fábrica de vidro no Kikolo
Um novo mecanismo que facilita o intercâmbio entre as instituições de investigação científica foi apresentado recentemente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O objectivo consiste em reforçar o processo de educação e formação profissional, dotando-o de capacidade científica e tecnológica. Por outro lado, o novo sistema contribui para o desenvolvimento de um método de pesquisa e inovação integrada, dinâmica e de elevada qualidade, facilitando a disseminação e comunicação do conhecimento científico e tecnológico. “Neste âmbito, para dar maior valor à actividade científica, vai desenvolver-se a capacidade inovadora, traçando sinergias e elaborando um plano de coordenação para poder aproveitar o processo de reconstrução nacional”, explicou fonte do ministério.
A FVK (Fábrica de Vidros do Kikolo) foi recentemente inaugurada pelo ministro da Indústria, Joaquim David. A nova indústria tem como objectivo de colmatar as necessidades de materiais, pois o ‘boom’ na construção civil originou uma forte procura destes produtos. A fábrica recorre a tecnologia inovadora e o investimento em Know How tem como finalidade garantir a qualidade, inovação, flexibilidade e controlo de risco. Aliás, estes são os princípios que regem o funcionamento da empresa, que garante conseguir dar uma resposta eficaz aos clientes mais exigentes. O espaço está especializado na produção de vidro temperado, duplo, laminado e apresenta como valências os serviços de corte, furos, polimento de arestas, entalhes, moldes, entre outros. A aposta nestes serviços é uma mais-valia, pelo que a fábrica conseguiu captar clientes profissionais e particulares.
telecomunicações
Ministério projecta rede privativa O ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, acredita que o desenvolvimento de uma rede privativa de tecnologias de informação permite interligar a administração central e local, agregando uma panóplia de serviços. A ideia foi proferida durante um workshop, em Benguela, onde o governante anunciou que a província poderá ficar interligada administrativamente ainda este ano. Outra das vantagens do projecto, segundo Carvalho da Rocha, está no combate à info-exclusão, uma vez que a novidade contribuirá para o desenvolvimento da sociedade de informação. Por outro lado, o ministro assegurou que, até ao final de 2009, a rede de vigilância sísmica e meteorológica será reforçada em todo o território, com uma estação meteorológica automática em cada capital provincial. Ainda na vertente das tecnologias, o Governo deverá aumentar o número de linhas telefónicas (fixa e móvel), investindo na qualidade das comunicações.
cooperação
UNESCO e Mincit reforçam parceria A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura vai apoiar o Ministério da Ciência e Tecnologia, uma vez que se trata de uma área importante para atingir os objectivos do milénio. A garantia foi dada pelo director regional da Unesco, Alaphia Wright. Os dois responsáveis abordaram a possibilidade de trabalharem em conjunto na área “O Homem e a biosfera”. “A Unesco tem uma experiência mundial muito vasta, o que o torna num colaborador importante para o país, porque essa experiência vai ajudar no progresso das ciências e tecnologia”, destacou Alaphia Wright. Já a ministra angolana Cândida Teixeira revelou que “na área de ciência e tecnologia está previsto para final de Novembro a calendarização do plano de trabalhos de 2010/2011, daí que vamos cooperar para desenvolvermos projectos nesta área, onde a Unesco tem muita experiência”, disse.
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A modalidade de atletismo não diz respeito apenas à resistência. Ela integra essa capacidade com a habilidade física, sendo por esse motivo considerada o desporto-base para testar todas as características básicas do Homem
ÁFRICA
Reis das pistas Os Jogos Olímpicos de Pequim elucidam os mais cépticos e revelam a destreza física dos africanos e afro-caribenhos. A lista de países medalhados em 2008 retrata a superioridade dos atletas de raça negra: a Jamaica conquistou 11 medalhas (seis de ouro), seguem-se o Quénia, com 14 troféus (cinco de ouro), a Etiópia (sete medalhas), o Zimbabué (quatro medalhas), os Camarões e a Tunísia (uma medalha de ouro cada), a Nigéria (quatro medalhas), a África do Sul e o Sudão (uma medalha de prata cada), entre outros. Há que recordar ainda os atletas negros que participaram nas equipas das nações onde nasceram. Muitos americanos representam as cores dos EUA, mas são descendentes de africanos e possuem o talento da sua raça. O mesmo acontece na Europa. Veja-se o caso de Portugal, que apresentava entre os 77 atletas da comitiva olímpica, nove nascidos em África ou com ascendência africana: Afonso Domingos (vela; moçambicano), Edivaldo Monteiro (400 m barreiras; bissauguineense), Francis Obikwelu (100 m e 200 m; nigeriano), Hélder Ornelas (maratona; ango-
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lano), João Costa (tiro com pistola; angolano), Marco Fortes (lançamento de peso; ascendência cabo-verdiana), Naíde Gomes (salto em comprimento; são-tomense), Sandra Tavares (salto com vara; ascendência cabo-verdiana) e Nelson Évora (ouro no triplo salto; ascendência cabo-verdiana e marfinense). Supremacia negra A questão que muitos colocam consiste nas razões por detrás da preponderância dos negros em relação aos brancos, em modalidades como o atletismo. Os casos do Quénia e da Etiópia sustentam que o ambiente é determinante para o sucesso. Estes países oferecem as condições ideais para a formação dos atletas das corridas de fundo, isto é, as zonas rurais de elevada altitude, com temperaturas moderadas todo o ano e sem grandes estradas por perto incentivam as crianças a desenvolver as suas capacidades desportivas, já que adquirem o hábito de correr os muitos quilómetros que separam as aldeias das escolas. Porém, muitos defendem a biologia como explicações
mais plausíveis para justificar este fenómeno. Por razões genéticas, os africanos orientais possuem, predominantemente, fibras musculares lentas, mais adequadas para correr longos percursos e os afro-caribenhos apresentam uma maior incidência de fibras rápidas, o que lhes permite serem bons velocistas. No caso da África Ocidental, o menor desenvolvimento do atletismo é associado ao factor emigratório, que levou as populações a fugir da guerra e da pobreza rumo a outros continentes, onde as crianças acabam por desenvolver os seus talentos. A polémica é antiga e muitos não excluem a intervenção conjunta das componentes “ambiente” e “biologia”. Aliás, esta possibilidade foi admitida pelo recordista mundial da maratona, o etíope Haile Gebrselassie, que durante os Jogos de 2008 respondeu de forma taxativa aos jornalistas: “Os africanos têm um dom. Somos muito dotados para correr. Especialmente no Quénia e na Etiópia (pelo menos no que às corridas de longa distância diz respeito). A área onde vivemos, a comida, a temperatura, a altitude...
tudo. Além disso, quando vamos para uma corrida nos grandes eventos não há indivíduos, o que interessa é o trabalho de equipa. E, se se tem tudo, porque não fazer algo com isso?” África globaliza atletismo Lamine Diack, presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), acredita que o continente africano, que albergará o Mundial de Futebol de 2010, se assumirá como a plataforma de lançamento, para tornar o atletismo num desporto verdadeiramente global. Numa entrevista concedida à ‘Reuters’, o dirigente afirmou que África seria o local ideal para acolher o campeonato mundial bienal. “Queremos distribuir eventos de um dia através do mundo, um programa de encontros de um dia em África, na América, na Oceânia e na Ásia. Quero dar aos atletas europeus a possibilidade de ir e competir em estádios abertos em África, no início da temporada”, manifestou. Os administradores das modalidades temem que a principal modalidade dos Jogos Olímpicos seja demasiado eurocêntrica. Diack considera o caso do futebol como um exemplo positivo e o marcar de uma nova era no desporto, em geral. “Vinte anos atrás ninguém diria que África teria um Mundial de Futebol”, comentou, mostrando convicção de que no futuro o mesmo vai acontecer em modalidades como o atletismo. O presidente da IAAF admite que para impulsionar a exposição mundial do atletismo, há que simplificar e encurtar as competições, de modo a que se tornem mais atractivas para as transmissões televisivas. Legado de Owens Há 73 anos, Jesse Owens fez história no Estádio Olímpico de Berlim. Em 1936, nos Jogos Olímpicos, o norte-americano tornou-se no primeiro atleta de raça negra a conquistar quatro medalhas de ouro (100 metros, 200 metros, 4X100 metros e comprimento) perante a incredulidade de Adolf Hitler, desafiando a propaganda da superioridade ariana. A sua figura e o seu legado foram homenageados no
joão ntyamba, o símbolo Detentor de um currículo invejável, o atleta João Ntyamba é o ícone do atletismo nacional, assumindo actualmente a vice-presidência da federação. O novo cargo é o concretizar de um sonho para o atleta, que deseja trabalhar para o crescimento da modalidade. O corredor participou em seis olimpíadas, bem como em cinco edições do IAAF World Championships Athletics, sendo sempre o melhor angolano classificado. Recentemente participou nas 10 km Tribuna FM, no Brasil, competição da qual se tornou tricampeão e alcançou sempre os primeiros lugares. Nascido numa tribo no interior de Angola (Nganguelas), João Ntyamba iniciou-se no desporto em Luanda, onde jogava futebol. Com 14 anos foi para Portugal à procura de um lugar no Benfica, mas o dom do atletismo falou mais alto e o ícone da modalidade enveredou por esta carreira, que lhe valeu alguns títulos. Em 2001, venceu duas competições importantes: Medellin Half Maraton e Rio Half Maraton
último Campeonato do Mundo de Atletismo, no qual os atletas americanos competiram com as iniciais JO bordadas no equipamento, enquanto descendentes de Owens entregaram as medalhas no salto em comprimento. CAN relança modalidade Os dirigentes angolanos encaram o CAN como uma mais-valia para a divulgação do atletismo, uma vez que a maioria dos estádios, que estão
a ser edificados para albergar a competição de futebol, serão dotados de pistas para a prática da modalidade, que enfrenta como principais entraves para o crescimento as escassas verbas e infra-estruturas obsoletas e desadequadas. É o caso da província da Huíla, em que a construção do novo estádio e a reabilitação de três espaços, no âmbito do CAN, suscitou a satisfação do presidente da Associação Provincial de Atletismo, Pedro Ndala. O responsável
ernestina paulino, a revelação Atleta do 1º de Agosto, Ernestina Paulino é uma das corredoras mais temidas, na categoria de femininos. Ela detém o actual recorde nacional, ao ter terminado os 10 mil metros de pista em 35 minutos e 58 segundos, nas provas organizadas pela Federação Angolana de Atletismo (FAA), que decorreram em Agosto, no Estádio dos Coqueiros. A atleta federada conseguiu ultrapassar a anterior marca de 37 minutos e 21 segundos, conquistada em 2001 por Alda Maurice (Interclube), no Namibe. O secretário-geral da FAA, Mota Gomes considerou o feito como uma viragem na modalidade e o início de uma era de resultados positivos. Ernestina Paulino, de 24 anos, já se tinha evidenciado na sétima prova pedestre, organizada pelo clube que representa, ao classificar-se na primeira posição, com 34 minutos e três segundos. A jovem ocupa o 35º lugar no ranking da Federação Internacional de Atletismo (IAAF World)
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afirmou publicamente que as obras vão permitir o relançamento da modalidade na região. O estádio principal e as estruturas da Senhora do Monte, Benfica e Ferroviário serão dotados de pistas com piso de tartam. “A província já tem mostrado um bom trabalho, mesmo a laborar nas condições actuais. Agora com as novas condições que estes estádios vão oferecer, sem dúvida, no próximo ano, vamos ter atletas com performances melhoradas, para o bem do atletismo nacional”, enunciou, revelando que com as novas infra-estruturas os atletas vão abandonar as pistas de cinza, o que se traduzirá numa melhoria das suas performances desportivas.
na boca do mundo Ele é jamaicano e saltou para o estrelato ao bater todos os recordes no Mundial de Atletismo de Berlim. Ela tornou-se campeã nos 800 metros do último campeonato do mundo. Os
Intervenção prioritária Encontra-se no ranking das modalidades que necessitam de intervenção prioritária. O andebol encabeça a lista, divulgada pelo Ministério da Juventude e Desportos, que define aqueles que merecem maior atenção no âmbito da olimpíada 2008/ 2012. O atletismo surge em quarto lugar, num estudo que tem como finalidade orientar as modalidades para a adopção da estratégia de desenvolvimento desportivo, com vista a participar nos Jogos Olímpicos de 2012. O ministério tenta ordenar os desportos, de acordo com a exiguidade de recursos e a necessidade de serem rentabilizados. A
hierarquização das modalidades permitirá criar indicadores dos desportos que merecem especial atenção e protecção, que sejam considerados capazes de atingir mais rapidamente medalhas e que devido ao seu historial provam que podem competir com “bastante dignidade”, apresentando potenciais de crescimento dentro de um espaço temporal. De acordo com o líder olímpico, Gustavo da Conceição, além do futebol, do andebol e do basquetebol, existe um conjunto de modalidades individuais que podem atingir altas performances. Assim, citou como exemplo o atletismo que nesta fase não é prioridade pelos resultados desportivos, mas pela sua essência. “O atletismo é a base de todas as outras modalidades, porque todos correm e saltam e o atletismo só leva isso a níveis técnicos e de performance de excelência”, frisou. O Director Nacional de Desportos, Raimundo Ricardo, elogiou recentemente, em declarações à Angop, o trabalho que tem sido desenvolvido pelo presidente da Federação Angolana de Atletismo, Carlos Rosa, especialmente no que concerne à procura de apoio dos governos provinciais para a massificação da modalidade. Reconheceu ainda que os dirigentes deste desporto possuem “um rico programa” de trabalho para o desenvolvimento, pelo que carecem ainda de muitos apoios financeiros.
dois atletas são exemplos do talento dos negros para o atletismo. Usain Bolt é considerado pelos analistas como o maior velocista de todos os tempos. Actual campeão olímpico e mundial, tem 23 anos e é detentor dos recordes mundiais nos 100 e 200 metros rasos, sendo que no primeiro estabeleceu os últimos três recordes, conseguindo a proeza da superar-se a cada competição que passa. Caster Semenya, sul-africana, medalha de ouro nos femininos, surpreendeu todos ao bater todos os máximos (da competição e individuais). A conquista esteve envolta na polémica. Os exames podem revelar que a jovem de 18 anos é pseudo-hermafrodita, pelo que se colocam importantes questões quanto à participação da atleta em próximas competições femininas
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evolução do atletismo O atletismo designa todas as actividades desportivas, realizadas individualmente ou entre equipas, que incluem corridas, marcha atlética, lançamentos e saltos. A modalidade assume-se como o evento chave dos Jogos Olímpicos desde a era antiga. Em 776 a. C., Corobeus, de Atenas, tornou-se no primeiro e mais antigo herói do atletismo, ao ganhar a prova de velocidade nos 192 metros de pista improvisada. Após um interregno de 1400 anos, os Jogos Olímpicos regressaram a Atenas (Grécia), repartidos em 26 provas masculinas e 23 femininas. O atletismo é até hoje uma das principais modalidades e das mais disputadas. A pista oficial tem um formato oval e é dividida em oito raias de 400 metros de extensão
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Sangue novo em campo A OMS destaca a relevância do desporto pelo seu contributo para a saúde física, mental e social, para a capacidade funcional e bem-estar de indivíduos e comunidades
Os africanos assumiram, ao longo dos últimos anos, o domínio de várias modalidades. O desenvolvimento económico e social tem contribuído para a criação de infra-estruturas e para a formação de profissionais capazes de preparar novos talentos. Angola não escapa à massificação do desporto e as camadas jovens são exemplo do bom e árduo trabalho, que tem sido desenvolvido por todas as entidades. Os atletas nacionais com menos de 20 anos têm dado provas de que são capazes de elevar o desporto angolano para os rankings mundiais. As acções governamentais, por outro lado, têm tido um peso fundamental. Em colaboração com as associações e federações desportivas, têm contribuído para a formação de campeões nos juniores e juvenis, fazendo augurar um futuro recheado de medalhas. A promoção do desporto, enquanto actividade profissional e federada, conduziu a Assembleia Nacional a votar recentemente a favor de uma resolução que aprovou a adesão de Angola à Convenção Internacional da Unesco contra a Dopagem no Desporto, possibilitando a reunião das condições necessárias para combater este problema, que atinge o território nacional.
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Vencer fora de casa São presença assídua das competições desportivas da CPLP. Este ano, o desempenho dos atletas nacionais nos Jogos da Lusofonia, que decorreram em Portugal, revelaram que o trabalho desenvolvido junto da massificação do desporto e da criação de condições para a formação e crescimento das camadas jovens é bem sucedido. O certame tem como fundamento a sensibilização para a prática desportiva das crianças e jovens. Angola arrecadou 14 medalhas (quatro de ouro), distribuídas pelas modalidades de basquetebol, judo, atletismo, futebol, futsal e taekwondo, alcançando a terceira classificação na tabela de países. Talento confirmado Prova das potencialidades dos mais novos é o andebol, nomeadamente no que concerne à formação feminina. A selecção nacional da modalidade em cadetes femininos sagrou-se campeã em Setembro, ao conquistar a primeira edição do Campeonato Africano da categoria. Com este resultado, as juniores apuraram-se directamente para o Campeonato do Mundo de 2010, a disputar-se na República Domini-
BENEFÍCIOS
ribui idade física cont A prática de activ elhoria inante para a m de forma determ S, o desordo com a OM da saúde. De ac atura, co de morte prem porto reduz o ris desenença cardíaca, de de morte por do rtensão diabetes e hipe volvimento de ção da uindo para a redu arterial, contrib a no dade. É uma ajud depressão e ansie to dos , no fortalecimen controle do peso omoe articulações, pr ossos, músculos r psicológico vendo o bem-esta
cana, revelando que este desporto tem capacidade para liderar as provas internacionais. O basquetebol merece destaque, pois os angolanos são soberanos desde muito pequenos. Aos recentes deca-campeões africanos juntam-se
crianças recebem formação no inter As crianças do projecto polidesportivo “Dom Bosco Inter Campus” vão beneficiar de acções de formação no Inter de Milão (Itália) e de um lote de material do clube. A iniciativa insere-se no programa “Inter Campus África” e capacitará monitores, treinadores e professores para trabalhar com crianças necessitadas. O plano foi apresentado pelo responsável italiano Massimo Seregni, durante a apresentação da equipa infantil angolana, que representará o país na primeira edição da Copa do Mundo Inter Campus em Futebol, em Itália
os jovens das formações, que vão somando alguns títulos. Com o apuramento para o mundial da modalidade (2010) garantido, os sub-18 sagraram-se no último ano vice-campeões africanos. Já em 2009, a participação nos Jogos da Lusofonia terminou com uma medalha de ouro para a equipa. O futebol é uma autêntica máquina de prodígios, cuja qualidade desperta o interesse dos clubes internacionais. A selecção sub-20 sagrou-se pela primeira vez campeã da Taça das Nações Africanas, em 2001. O bom desempenho é constante e, apesar dos poucos títulos, estiveram presentes no Mundial de 2006 e venceram recentemente o torneio internacional de futebol, organizado pela Fundação Eduardo dos Santos. O mesmo ocorre em modalidades como o xadrez que, embora ainda esteja a afirmar-se no desporto, regista uma forte procura e tem apostado na formação de escalões, o que já lhe valeu uma medalha de bronze no Campeonato Africano de Juniores de Xadrez, de 2007. Novas modas À semelhança das artes marciais, a capoeira tem atraído os mais novos, cuja adesão tem superado as expectativas. A cidade de Benguela é um desses casos, situação que levou o membro graduado da Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoeira, Joaquim Tchivela, a elogiar o reconhecimento dos benefícios da modalidade por parte dos jovens. O representante garantiu que as exibições, o empenho e o interesse dos jovens contribuíram para a massificação da capoeira, que contabiliza mais de 200 (quatro graduados) praticantes apenas naquela cidade. O motocross, por outro lado, é a modalidade mais improvável para formar camadas jovens. Porém, Vítor Moreira contraria a tendência. Com apenas nove anos, o pequeno atleta, que pratica desde os quatro anos, é o orgulho do núcleo de
Viana. Actualmente, conduz uma motorizada de 65 centímetros cúbicos e relata que o seu objectivo passa por tornar-se campeão. Os equipamentos Um dos objectivos do Ministério da Juventude e dos Desportos consiste na criação de estruturas adequadas ao ensino dos mais novos, desde espaços adaptados à formação de quadros desportivos. O Governo destaca que as seis novas universidades públicas que arrancam este ano terão um curso superior de educação física e desporto. Por outro lado, o programa Despertar prevê abranger 180 mil jovens em todo o país, por um período de quatro anos, tendo como missão o combate da delinquência através do fomento do desporto. Até 2012 serão erguidos mil campos de futebol. Para massificar modalidades como o basquetebol, o andebol, o atletismo, a ginástica e o xadrez, o ministério está a formar seis mil agentes desportivos. O CAN também constitui um bom agente da promoção do desporto entre os mais pequenos. Os novos estádios estão dotados das infra-estruturas necessárias para servir os escalões de formação de várias áreas desportivas. Desporto nas escolas O desporto escolar é uma das apostas do ministro Gonçalves Muandumba. Inserido no plano de massificação da actividade, o responsável anunciou que foi acordado com o Ministério da Educação que a partir deste ano todos “os estabelecimentos novos de ensino, públicos ou privados, têm de ter uma componente desportiva”. “Só neste ano lectivo, entraram em funcionamento 35 institutos politécnicos novos. Cada um tem um campo de futebol, um polidesportivo e um ginásio para os alunos praticarem desporto”, contou o ministro, em entrevista ao jornal ‘A Bola’.
(Pouco) amigo do coração Os dados não são totalmente fiáveis. Porém, Mário Fernandes, presidente da Associação dos Amigos do Coração (AACOR), afirmou, em declarações a ‘O País’, que o problema da hipertensão afecta faixas etárias mais jovens que a população europeia, pelo facto de se encontrar associado a factores relacionados com a raça negra (estilo alimentar e aos aspectos socioeconómicos). Isto é ainda mais preocupante quando se fala de atletas. Os casos de morte súbita em campo são uma realidade. O recente caso de Cabinda suscitou a necessidade da medicina desportiva e da cardiologia agirem de forma a reduzir estas situações. Mas, Mário Fernandes considera que “nunca será possível atingir o zero”. “Temos sempre a ideia de um desportista é o mais saudável da sociedade, mas também temos que entender que ele faz eventualmente uma das coisas mais arriscadas da sociedade”, lembrou referindo-se às provas de extremo esforço a que são submetidos. O médico evoca que por vezes os dirigentes se esquecem “do essencial que é ter um médico que se responsabilize pela saúde dos atletas”
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motocross
Pista de Saurimo recebe aprovação Os responsáveis e motoqueiros do núcleo de amigos do motocross de Viana consideram que a pista da cidade de Saurimo reúne todas as condições para receber provas internacionais. Os pilotos Pitoca e Bruno Moreira e o responsável Carlos Moreira argumentam que a pista apresenta as dimensões e o perímetro necessários para acolher os melhores atletas africanos. Por seu lado, o empresário José Faria apela ao apoio da classe empresarial da província da Lunda Sul, no sentido de dinamizarem a modalidade na localidade. O investidor conta com a colaboração de ex-motoqueiros de Saurimo e adeptos, que em conjunto estudam a compra de motorizadas de baixa cilindrada nos países vizinhos e pretendem reabilitar o perímetro circundante à pista, que engloba uma zona florestal e uma antiga piscina. As iniciativas prendem-se com o objectivo de divulgar a modalidade.
natação
Modalidade carece de infra-estruturas A falta de equipamentos adequados para a prática da natação constitui um dos principais entraves ao desenvolvimento da modalidade a nível nacional. A análise do actual estado desta prática desportiva foi proferida pelo presidente da Federação Angolana de Natação (FAN), António Monteiro, que revelou que apesar da piscina de Alvalade se encontrar funcional, os agentes preferem os espaços do Clube Náutico e do 1º de Agosto, devido à maior acessibilidade dos preços. O responsável alega que esta situação dificulta a tarefa de massificação da modalidade e respectivo aumento do número de equipas e atletas. O dirigente defende que o Governo deve aproveitar a organização das provas continentais (africanos de andebol, basquetebol e futebol) para construir piscinas nos mesmos recintos de jogo ou nas imediações, canalizando esses investimentos para um aumento das modalidades. Entre 1989 e 1995, período em que a piscina de Alvalade esteve encerrada para obras, o país perdeu 10 mil alunos de natação e assistiu ao encerramento de 150 escolas, levando a uma descida de mil federados para os actuais 232.
basquetebol
Próximos da NBA
boxe
Federação prepara Olímpicos A Federação Angolana de Boxe encontra-se a trabalhar no programa de preparação para os Jogos Olímpicos de Londres (Inglaterra), em 2012. O objectivo da antecipação do evento mundial consiste em conferir maior rodagem competitiva aos pugilistas nacionais. Conforme as declarações do vice-presidente, Azevedo Neto, os atletas encontram-se a treinar nos clubes desde o início do ano e estão previstas convocatórias às selecções nacionais, para que, além da formação base, seja possível aprimorar as técnicas, tácticas e estratégias. A vertente psicológica e as capacidades competitivas também estão a ser trabalhadas. A participação no “zonal da modalidade” já rendeu “duas medalhas de ouro e três de bronze”. “Tivemos cinco participações e agora estamos a preparar o campeonato africano e os jogos africanos de Maputo (Moçambique) ”, explicou. Por seu lado, o antigo técnico das selecções nacionais Franklin Gomes defendeu a aplicação de um regime de treinos especial, que vise os dez melhores atletas, preparando-os para a alta competição.
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Vitorino Cunha, ex-técnico da selecção nacional sénior masculina de basquetebol, está optimista em relação à presença efectiva de jogadores angolanos na prestigiada liga norte-americana NBA. A previsão é de que tal seja viável nos próximos cinco a dez anos, bastando que um base nacional tenha 1,85/ 1,90 metros e possua qualidades de excelente defensor e passador, com lançamentos acima dos 55 por cento. Estes são os requisitos exigidos para que seja aprovado nos testes de aptidão para representar um clube da liga NBA. Já o extremo nacional terá de ser excelente defensor, contra-atacante e passador, bem como medir mais de 2,02 metros. Assim, para possibilitar o ingresso dos talentos nacionais na competição mais requisitada do mundo, há que “começar já a trabalhar nessa senda”, defendeu o técnico. A selecção nacional venceu recentemente a última edição do Afrobasket, somando dez títulos continentais.
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FERRARI 458 ITALIA 86 | ANGOLA’IN · LUXOS
O sucessor do F430 marca o início de um novo capítulo na tradição dos carros desportivos de elevadas ‘performances’, construídos em Maranello. O motor V8 de 4.499cc atinge as 9.000 rpm e debita uma potência máxima de 570 cv. A tecnologia é a mais recente, desde a transmissão de dupla embraiagem com sete velocidades à suspensão revista, destacando-se ainda os poderosos travões Brembo.
MAYBACH EXELERO
É um dos carros mais caros do mundo. Com 700 cv, supera facilmente os 350 km/h e é uma peça única, pois resulta da fusão de linhas retro e futuristas. Está equipado com tudo, como sistemas de navegação por satélite, airbags para todos os lados, comandos eléctricos individuais para cada banco, ABS, ESP, entre outros.
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CADILLAC PROVOQ O mais recente protótipo Cadillac surge na sequência da nova moda dos SUV, com formas coupé. O Provoq utiliza a tecnologia E-Flex, que recorre ao hidrogénio e permite que este circule aproximadamente 32 quilómetros apenas com energia eléctrica e mais 450 km com gás natural. A velocidade máxima é de 160 km/h. O uso de combustíveis alternativos e tecnologias de luxo vai de encontro à satisfação dos clientes de automóveis de luxo.
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BENELLI TNT 899 S Exclusivas, as TNT da Benelli são muito desportivas e o novo modelo funciona de forma mais suave e regular, apresentando, em relação ao modelo 1130, apenas alguns retoques no farol, uma nova instrumentação e modificações nos freios e suspensões. Veloz, a 899 tem em consideração a protecção do condutor, passando uma sensação de estabilidade.
ARAI CHASER JUNGLE
O seu design baseia-se numa linha confortável, disponível em cinco tamanhos. O interior é lavável e possui um sistema que reduz o ruído do vento.
ALPINESTARS DUAL GLOVE
Produto da criação de Clarino, as luvas da Alpinestars existem em vários tamanhos e possuem um fecho anatómico de pulso.
TRIGGER 1PC SUIT
A ergonomia deste fato confere-lhe excelente flexibilidade, apresentando um colarinho adaptável ao utilizador. A boa qualidade da pele torna-o resistente à abrasão.
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DELL Adamo XPS
Ultra-fino, o notebook de 13 polegadas da Dell tem um processador 1.4 GHz Core 2 Duo, 4GB de memoria RAM e um disco de 128GB. A bateria dura 2 horas (podendo estender-se para 5 com uma bateria suplementar).
JABRA STONE
Este auricular Bluetooth de gama alta possui um estojo, que também serve de carregador e autonomia para 8 horas em conversação e 12 dias em repouso.
SONY VAIO P
Tem o tamanho de uma carta comercial e cabe num bolso. O portátil da Sony tem ligação 3G embutida, teclado de dimensões idênticas a um portátil normal, ecrã de 8” e pesa cerca de 640 gramas.
SONY ERICSSON XPERIA X2
O sucessor do caro X1 possui mais funcionalidades. A câmara de 8.1 megapixels tem autofoco e filma em VGA a 30 fps (MP4 em alta qualidade). Apresenta ainda uma tela OLED WVGA de 3,5”, 512 MB de memória RAM e Windows Mobile 6.5.
LG CHOCOLATE
O LG Chocolate BL40 tem um ecrã óptimo para filmes (21:9 em alta definição de 4 polegadas). Dispõe ainda de interface Flash 3D UI, multitouch, AGPS, Wi-Fi, câmara de 5MP e um vidro com superfície resistente a arranhões.
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BOWERS&WILKINS Zeppelin ipod dock
O principal fabricante mundial de caixas acústicas lançou uma dockstation de formato oval, desenhada especificamente para combinar com o design do iPod. O aparelho possui uma caixa acústica amplificada, pelo que pode ser usado como um sistema estéreo.
Canondale ON
É o novo estilo de urban bike. A mecânica da bicicleta parece-se com uma bike de estrada. A pensar nos ciclistas das grandes cidades, surge a novidade: o modelo é desdobrável.
APPLE TV
A novidade da Apple permite-lhe sincronizar sem fios o iTunes com o televisor, podendo ainda adquirir música no iTunes Store e enviá-la para o computador, iPod e iPhone. Veja também as suas fotografias, vídeos e podcasts em alta definição no televisor da Apple.
SAMSUNG LUXIA LED 8000
Os ecrãs LED possuem uma imagem melhor, são muito mais finos e consomem menos energia. Além dos 2,5 cm de espessura, os aparelhos da série 8000 têm Auto Motion Plus, que actualiza o ecrã 240 vezes por segundo, eliminando virtualmente os “saltos” das cenas de acção. Possuem ainda acesso à Internet com ou sem fios.
SAMSUNG BLUE RAY BD-P4600
O novo Blu-Ray da Samsung oferece-lhe imagens incrivelmente detalhadas, com cores brilhantes em alta definição, a uma resolução de 1080 p. O leitor possui ainda Anynet, a tecnologia que permite controlar todos os aparelhos da marca com um único comando. LUXOS · ANGOLA’IN
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ZENITH ACADEMY TOURBILLON BLACK TIE Resistente à água (até 30 m), este relógio de platina é composto por diamantes e por um visor em cristal de safira. Este luxuoso produto é de edição limitada e disponibiliza-lhe três cores, conforme o seu gosto: preto, branco e pérola. O bracelete é em pele genuína e apresenta as tradicionais funcionalidades, que o acompanham no dia-a-dia.
Rolex Daytona
A Rolex acaba de lançar uma linha exclusiva de cronógrafos. Este modelo de elevada qualidade e resistente à água apela ao lado mais elegante de cada comprador, devido à mistura exclusiva dos clássicos preto e branco. É definitivamente uma opção para acrescentar à lista de desejos.
Breitling
Avenger Skyland Blacksteel Edição limitada a 2000 extraordinárias peças, o visor deste relógio é composto por cristal de safira, resistente a arranhões. Este cronógrafo, à prova de água até 300 m, possui uma série de funcionalidades, a pensar nos apreciadores exigentes.
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Raymond Weil Nabuco cuore caldo
A edição é limitada a 500 peças, em que cada uma está numerada de 001/500 a 500/500 (na traseira do relógio). É resistente à água (200m) e constitui uma oportunidade única para apreciadores de relojoaria. O design e acabamento imaculado vão de encontro à qualidade da marca.
| lisete pote
A Markas é uma loja que fica situada na rua Engrácia Fragoso, número 8, Luanda. É a representante de várias marcas que no decorrer das nossas edições serão apresentadas, sendo a Dolce & Gabbana a primeira de muitas, por ser uma marca de renome internacional que se adequa aos homens da nossa sociedade. Nesta colecção, destaque para o cinza e o azul nos tons azul noite e azul-marinho, bem como o branco e os tecidos jeans.
Lisete Pote - lpote@comunicare.pt Modelo - Hadjalmar El Vaim
DOLCE&GABBANA
ESTILOS
Fato cinza escuro com gravata em seda natural, camisa em cambraia branca e sapatos pretos
Anel
Fato numa versão mais confortável e desportiva. Sugestão: opte por ténis em vez dos sapatos!
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Ténis/botas em preto
Pulseira em pele
Relógio em pele
Camisa de algodão denim, calções de algodão xadrez em tons de cinza e verde seco com uns ténis super confortáveis. A grande aposta da marca e que se apropriam ao clima quente de Angola
Corrente para o pulso ESTILOS · ANGOLA’IN
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ESTILOS
Cinto em pele castanho
Ténis azuis
Bermudas que nos permitem fazer combinação com uma camisa em cambraia com a mesma estampa, criando um visual descontraído, mas num estilo mais elegante
Relógio prateado
Relógio em pele castanho
Cinto azul marinho com riscas em azul escuro e laranja
Ténis brancos
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A camisa em cambraia estampada permite-nos também criar um look que pode ser usado em ocasiões mais formais, como uma saída para uma festa ou para a noite, combinando-se com jeans
Anel
T-shirt azul escura com bermudas em algodão sarja estampada e ténis brancos
Pulseira com detalhes em pele castanha ESTILOS · ANGOLA’IN
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ESTILOS
| patrícia alves tavares
d&g
Le Beteleur
o novo perfume da d&g mistura notas de citrinos, rosmaninho e jasmim, apresentando aromas amadeirados, envolvidos em noz-moscada, manjericão, sândalo e vetiver.
paco rabanne
1 Million
é a novidade da paco rabanne. amadeirado ardente, o perfume apresenta notas de hortelã-pimenta, lavanda, cedro, almíscar, café e patchouli. narciso rodriguez
Narciso Rodriguez for him
bvlgari
BLV
é uma óptima opção para homens confiantes e seguros de si. as suas notas de flores de tabaco possuem um toque de tabaco, cedro, gengibre, cardamomo, almíscar e sândalo.
a mais recente fragrância de narciso rodriguez combina notas de couro e bergamota com jasmim, almíscar e sândalo. o toque amadeirado refrescante é perfeito para o uso formal.
banana republic
Cordovan
ideal para uso diário e homens dinamicos, a nova fragrância possui notas de figo, bergamota, nozmoscada, lavanda, lírio e vetiver.
prada
Ambar men
é a escolha certa para homens independentes. o contraste olfactivo do couro e do sabão de barbear é típico de um fougére. apresenta notas de bergamota, mandarina, fava tonka, neroli, madeira de sândalo e camurça.
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LUXOS · ANGOLA’IN
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LIVING
| joão paulo jardim
Luz e Cor Podemos considerar diversos factores como elementos-chave na realização de um projecto de interiores, mas nenhuns são transversais a todos os tipos de projecto como estes dois factores interdependentes: a Luz e a Cor. São dois pontos básicos, (mesmo óbvios) no desenvolvimento de qualquer trabalho e talvez por isso algumas vezes sejam menosprezados na sua importância e peso real no resultado final de um bom projecto. Na prática não é possível pensarmos num sem o outro. Em boa verdade, um deriva do outro. Ou não seja a Cor mais do que um efeito resultante da absorção e refacção da Luz. Falamos do ponto de vista físico da questão, mas existe outra vertente de igual importância: a influência psicológica da cor. A psicologia da cor não é uma ciência exacta, mas a quantidade de estudos que são continuadamente feitos nesta área permite-nos já uma base de informação sustentável que na maioria das vezes sublinha o que o senso comum e o conhecimento popular sempre nos disseram. Se o azul, que é a cor geralmente mais apreciada, nos transmite calma e harmonia, o castanho, por seu lado, sendo a cor que reúne a menor preferência das pessoas em geral, torna um ambiente antiquado. Mas, um azul pode ser frio e distante e um castanho ser acolhedor. Tudo depende da tonalidade, da forma como a cor está inserida no ambiente e da cultura e personalidade de quem a vê. Para o olhar desatento tudo isto parece arbitrário, no entanto um bom profissional sabe que este é um factor crucial para o sucesso de um projecto e que
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merece uma boa dose de atenção e pesquisa da personalidade de quem irá usufruir do espaço a ser trabalhado. Quanto mais monocromático for um ambiente, menos estímulos provocará, tornando-se em breve um espaço monótono, desinteressante e cansativo. Por isso uma boa paleta de cor, mais complexa, tornará qualquer espaço mais vivo e atractivo. Mas isto que é teoricamente simples e óbvio, para surtir efeito na prática exige um grande conhecimento e domínio da Cor. Um tom errado, numa proporção errada, pode comprometer todo o equilíbrio do ambiente a criar. O outro factor que aqui abordamos, a Luz, é quanto a mim, o elemento mais importante em qualquer projecto. Um bom projecto pode ser completamente arruinado por uma iluminação desadequada, tal como um projecto mediano fica indubitavelmente valorizado por uma iluminação cuidada e eficaz. São os jogos de luz e sombra que nos permitem uma boa leitura das cores, determinam a percepção do espaço e condicionam a sua vivência. Mais uma vez um bom domínio técnico da Luz é o segredo para um resultado positivo. Esta é uma área extremamente complexa, e poderíamos alongar-nos mais do que este espaço nos permite. Pretendemos aqui apenas chamar a importância para o tema e sensibilizar o leitor a analisar esta questão ao avaliar eventuais projectos que se lhe possam deparar. João Paulo Jardim - jpjardim@comunicare.pt
DAUM Uma nova visão da arte africana. A Daum explora a estética das mais diversas civilizações como fonte de inspiração para as suas fantásticas colecções e escolheu o seu 130º aniversário para celebrar África, este fervilhante e excitante continente que ainda hoje surpreende e fascina o mundo da arte. Sendo esta talvez a mais conceituada e reputada marca de cristais decorativos do mundo, é uma honra ver a cultura africana retratada e reinterpretada por grandes artistas contemporâneos em peças de grande nobreza e beleza qxR
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LIVING
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MOROSO Desde o início dos anos 50 que esta marca com sede em Itália nos oferece o que há no mundo de melhor e mais inovador em cadeiras e sofás, sempre desenhados por grandes nomes do design internacional e fabricados com igual mestria. Sempre à frente das principais tendências, apresenta-nos uma vasta gama de produtos adequados aos mais diversos projectos e ambientes, sejam eles destinados a espaços interiores ou exteriores. Arrojados quer nas formas, quer nos materiais, os produtos da Moroso são sempre uma garantia de qualidade ao mais alto nível
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LIVING · ANGOLA’IN
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LIVING
P. Senra Radicado em Ontário, Canadá, este jovem emergente é já uma promessa no mundo das artes plásticas. Formado em Ciências Políticas e actualmente a complementar os seus estudos com um mestrado em Política Internacional, nada faria prever que com apenas 25 anos e uma carreira profissional ligada ao governo, se entregasse com tamanha paixão e empenho ao seu lado artístico. Envolvido por diferentes técnicas de expressão plástica que consegue acoplar em envolventes trabalhos de técnicas mistas, cria sempre obras de grande intensidade e expressividade, sendo o seu sucesso internacional imediato reflexo disso
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VINHOS & CA. À CONVERSA COM… António Lopes Alves
| manuela bártolo
Exemplo de Sucesso Com um longo historial no país, a Atlanfina (sub holding do Grupo Atlântica) é uma das maiores empresas em Angola especialista na representação e distribuição de bebidas, designadamente vinhos e espirituosas de qualidade, entre outros produtos alimentares e gourmet. O seu desenvolvimento está patente no crescimento contínuo do volume de negócios, tendo triplicado os mesmos de 2005 para 2007. Actualmente, possui uma forte logística sedeada no centro de Luanda, responsável pela gestão e distribuição de mais de cinco milhões de garrafas/ano, o que lhe permite assumir uma posição de liderança destacada no sector. A grande aposta para 2010 é continuar a somar valor acrescentado aos seus produtos, sem esquecer o apoio ao desenvolvimento dos recursos endógenos, nomeadamente ao nível da formação profissional especializada. Outras das garantias é a promessa de expansão para outras províncias, alargando o número de postos de trabalho locais, actualmente na casa dos 50. Uma acção assente na deslocalização de mais agentes para as principais cidades, continuando o processo de cobertura de todo o território nacional. O leque de representadas resulta sempre de uma rigorosa selecção, marcada por um conjunto de marcas de vinhos e espirituosas de excepcional qualidade, valor e prestígio de dimensão internacional. Em entrevista à Angola’in, António Lopes Alves, administrador da Atlanfina, revela-nos o segredo do sucesso e brinda-nos, com um exclusivo, sobre o lançamento de três novos produtos.
Como surgiu a oportunidade de operar em Angola? Cresci aqui, logo tenho a pretensão de conhecer bem o mercado, assim como o comportamento do consumidor e os seus padrões de consumo. Há dez anos, o país revelava ter todo o potencial para aquilo que é hoje a Atlanfina. O mercado evoluiu muito nos últimos anos, passou-se do comércio de vinho a granel para vinho de grande qualidade. Sem falsas modéstias penso que o nosso processo de desenvolvimento acompanhou esse crescimento. Mudamos quando passamos a conhecer
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melhor o mercado, uma aprendizagem muito própria que nos tem permitido transmitir novas mensagens ao cliente final. Percebemos a nobreza do vinho e deixamos de ser uma empresa que vendia indiscriminadamente vários produtos para apostar num critério unificador assente nesta bebida de excelência. Fomos gradualmente afastando-nos dos produtos de cotação massiva e consumo indiscriminado. Quais as razões que aponta para esse progresso? Por um lado, o mercado amadureceu, por ou-
tro, passou a existir um maior poder de compra, disseminado por pessoas que viajam habitualmente e com isso adquirem melhor conhecimento sobre o sector. Nota-se uma forte internacionalização. Há uma crescente apetência pelo vinho, fruto até de uma certa ligação a Portugal, pelo que procuramos esmerar essa aproximação promovendo não só os vinhos portugueses, mas também os de outros países, apesar de sentirmos uma vocação dirigida do consumo para este país. Nos últimos anos, têm aparecido mercados emergentes também com força de investimento.
Qual o papel da Atlanfina neste crescimento? Primeiro, quero salientar que não somos um mero importador. Vamos muito para além do desempenho desse papel. Temos a importação na base, como se sabe bastante difícil, sobretudo dentro de Luanda, mas apostamos também onde a meu ver há mais valor acrescentado, ou seja, na representação, que passa muitas vezes pela formação, promoção e prestação de serviços de qualidade e acompanhamento ao cliente. Dedicamos um grande esforço a essa área e é através dela que procuramos fazer a diferença. Numa primeira fase, apostamos na oferta de produtos de qualidade e em explicar o que distingue o vinho de outras bebidas. Hoje em dia, há já várias empresas a fazer o mesmo, pelo que o nosso grande objectivo é avançar para todo o território nacional, sendo sempre inovadores. Progredimos de uma fase de diversificação assente na oferta de produtos indiscriminados, para uma de selecção criteriosa representada por um portefólio extremamente seleccionado, em que temos duas a três casas vitivinícolas de qualidade que se complementam por região e é essa linha que queremos continuar a seguir. Por duas razões: primeiro pela excelência de que é representativa e segundo porque são bons parceiros. O lado comercial do negócio é importante, mas para mim não é o essencial. O mais relevante continua a ser a ética e a paixão associada a um forte espírito de parceria. Somos contactados por muitas empresas e dou-lhes normalmente a seguinte resposta: não estamos à procura de fornecedores, mas de parceiros. A subsistência no mercado depende disso? O mercado angolano pelas suas particularidades, por algumas dificuldades próprias da sua evolução e pela distância não se compadece com uma colecção de fornecedores. Importa criar novas acções. O facto de sermos uma empresa luso-angolana permite identificarnos com o território, proporcionando um sentimento de comunhão que queremos que seja perceptível do lado do consumidor. As pessoas têm percebido que nós procuramos ter uma simbiose muito grande com o cliente, o mercado e os valores nacionais. Fomos ganhando consciência da nossa responsabilidade social e cultural, procurando sempre que possível promover os valores angolanos. O ser humano tem outros ideais de afirmação, de valorização e de realização e o lado material não é de certeza mais preponderante do que lado humano e afectivo. Procuramos, por isso, ofe-
recer produtos com maior valor acrescentado. Uma aposta meramente estratégica porque preferimos ter um menor volume de actividade ou transacções, mas com um crescimento sustentado, do que trabalhar meramente a quantidade e para isso precisamos de parceiros fortes. No lado comercial, gostamos de quantificar a nossa evolução quer seja em termos de liquidez, rentabilidade ou crescimento. Temos esse barómetro permanente, que nos ajudar a gerir a evolução e a estratégia. Depois, procuramos assumir uma certa dimensão e liderança ao envolvermo-nos nas relações afectivas. Queremos, cada vez mais, apadrinhar projectos sociais e partilhar os nossos resultados com a comunidade. Procuramos valorizar as pessoas e repartir a riqueza que ajudam a criar. A parte da formação é, por isso, uma área que temos intensificado mais para que as pessoas beneficiem. Queremos que, no âmbito da nossa actividade, haja externalidades sociais e culturais e aceitamos parceiros para trabalhar connosco essas acções.
Haverá um reforço do vosso portefólio? Os vinhos representam 70% dos nossos produtos e dentro destes 80% são portugueses e 20% provenientes do resto do Mundo. A representar Portugal temos as quatro principais regiões, patrocinadas por algumas das melhores casas. No Douro, a Real Companhia Velha e a Quinta do Portal, no Dão, a Borges, na Estremadura, a Companhia das Quintas e no Alentejo, o Esporão. Claramente assumimos ser a bandeira dos vinhos portugueses e não temos nenhum complexo. Mas não podemos ser dogmáticos porque alicerçamos a nossa estratégia através do estudo que fazemos do próprio mercado, ou seja, procuramos não partir com ideias pré-concebidas e perceber o que o mercado nos revela pelos números e pelos inquéritos que fazemos. Temos, por isso, sentido que há também um nicho que aprecia vinhos de outras origens e achamos que é salutar comparar. O vinho está relacionado com essa diversidade, complexidade e confronto de castas,
Queremos apadrinhar projectos sociais e partilhar os resultados com a comunidade; valorizar as pessoas e repartir a riqueza que ajudam a criar
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VINHOS & CA. À CONVERSA COM… António Lopes Alves
EXCLUSIVO As iniciativas da Atlanfina enquadram-se sempre numa aposta grande na inovação, paixão pelo vinho, formação e tributo a Angola. A empresa tem criado ou apoiado algumas marcas a preencher algumas lacunas no mercado. No passado, apoiou um rótulo do Esporão da autoria do pintor António Ole e agora, para além do lançamento em parceria com a Quinta da Aveleda de um rótulo especial para Angola do Casal Garcia, tem três novos projectos. São eles: FLAMINGO: um tributo ao Sul de Angola, que preserva ainda esta ave em extinção e que é característica do Lobito. Um vinho verde distinto, jovem e referescante, preparado em associação com a Real Companhia Velha e a Casa de Vilacetinho, uma empresa vitivinícola de excelência da região dos vinhos verdes em Portugal; VIP: um projecto realizado em parceria com o Luís Duarte, um reputado enólogo luso-angolano nascido no Lobito e duas vezes eleito pela revista dos vinhos o melhor enólogo do ano em Portugal. Trata-se de um vinho tinto regional alentejano, sendo uma edição exclusiva para Angola. Distinto e requintado é adequado à gastronomia mediterrânica e tropical. Como diz o rótulo é um vinho seleccionado para partilhar os momentos especiais da vida com as pessoas mais importantes…aquelas de quem mais gostamos. Haverá também o VIP Reserva que, garante Luis Duarte, será um verdadeiro “Néctar dos Deuses”; FASHION: Um Sparkling (espumante) concebido em associação com a famosa casa sul africana Leopards Leap. Excepcionalmente doce, jovem e “glamouroso”, simboliza o espírito festivo angolano. É especialmente destinado para celebrar as vitórias dos “Palancas” no CAN e os grandes eventos de moda angolana
de sabores e proveniências, sendo também uma questão cultural. Além disso, os produtos são diferentes, há nesse sentido que ter em conta questões comportamentais e de consumo. Assim, temos uma casa representante do Chile, França, Itália e África do Sul, mantendo uma oferta harmoniosa, com uma perspectiva mais alargada do mundo dos vinhos. O maior mercado da Atlanfina continua a ser Angola? Ao nível da exportação e no sector dos vinhos Angola é sem dúvida um país importante. As exportações estão quase exclusivamente vocacionadas para cá, embora já tenha tido experiências crescentes para outros países. Agora iremos passar para uma nova fase, depois de consolidarmos o mercado angolano, avançamos para outros destinos. Estamos a estudar mais dois ou três países para 2010. Um pela proximidade também a Angola, a Namíbia, seguindo-se Cabo Verde. Acredito que neste momento serão os mercados onde podemos crescer de forma sustentada, uma vez que se encontram ‘maduros’ do ponto de vista do turismo e, embora mais pequenos e com menos potencial, estão devidamente desenvolvidos.
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Prevê índices de crescimento elevados para o próximo ano? O consumo per capita sempre foi elevado. Actualmente, foi aumentando por força do crescimento demográfico e económico. Há também mais expatriados em Angola, o que pode induzir a uma maior diversificação, fazendo com que se sinta um alargamento do consumo e aparecimento de novos hábitos. Embora esse crescimento tenha sido mais visível nos dois anos anteriores. Penso que este ano houve alguma contenção a vários níveis, que se prendeu, a meu ver, com o abrandamento do crescimento. Penso que ainda haverá espaço dentro do sector dos vinhos para algum desenvolvimento, sobretudo nas províncias, e no próximo ano, por força da realização do CAN, julgo que irá também aumentar, uma vez que este vai ser um grande evento, tendo um efeito acelerador. Contudo, acredito que a tendência será para a estabilização. Para onde contam expandir? Procuramos seleccionar as províncias mais importantes e representativas. Temos neste momento parceiros e delegações muito fortes no Namibe, Lubango, Benguela, Huambo, Lo-
bito e Cabinda. O centro nevrálgico continua a ser Luanda, onde está instalada toda a logística e área administrativa. Não vamos ter uma atitude estática, vamos procurar levar o know-how que temos em Luanda realmente aos locais, promovendo eventos e acções. Por exemplo, implementamos um roteiro dentro da restauração e hotelaria em que, para além de fornecermos os produtos e acessórios importantes, oferecemos formação. Esta tem sido um estandarte da Atlanfina porque realmente acreditamos na valorização dos recursos e na criação de raízes. Confirma a intenção de avançar com o projecto de produção vitivinícola em território nacional? A Atlanfina rege-se por três diapasões: primeiro, a ética, segundo, a qualidade e excelência no produto/serviço e terceiro, a valorização do potencial endógeno. Nesse sentido, tenho a ambição de poder produzir um vinho em pequena escala no Namibe, que tem marcadamente características típicas do clima mediterrânico. Assim, poderia conjugar esses três valores, criando ao mesmo tempo um vinho emblemático da região.
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| patrícia alves tavares
HERDADE DO ESPORÃO Quatro Castas Límpido, de cor viva e concentrada, este vinho revela toda a elegância e perfume da Touriga Nacional. Ideal para acompanhar desde pratos de bacalhau até uma perna de borrego assada, este néctar apresenta uma mistura de sabores muito equilibrada, revelando toda a sua textura aveludada, sustentada por taninos firmes, conferindo um final longo e persistente. Deve consumir-se entre os 16 e 18ºC.
LEOPARD’S LEAP LOOKOUT RED Este néctar possui um aroma a frutos vermelhos, com um toque de notas de baunilha. No paladar, sobressaem os sabores das bagas e do chocolate, com um final a revelar o paladar do café.
HERDADE DO ESPORÃO Duas Castas Singular, complexo e elegante, este néctar apresenta notas de minerais, amêndoas, pimenta e chocolate, inseridas num fundo elegante de frutos vermelhos e vegetais frescos. Caracterizado pela enorme frescura, é recomendado para carnes assadas e pratos de caça, servindo-se à temperatura de 18ºC.
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QUINTA DE PANCAS 2005 Na boca tem um toque suave, volumoso e encorpado, evidenciando-se as frutas e especiarias. Este néctar vermelho cereja possui um final longo e agradável e um aroma finamente fumado, com notas de frutos vermelhos, menta e especiarias. É ideal para pratos de carne e massas, sendo servido a 18ºC.
QUINTA DE PANCAS 2007 Recomendado para pratos de peixe, mariscos e vegetais, este vinho, de cor amarelo citrino deve ser conservado a uma temperatura constante de 15ºC. Elegante, com notas de melão, citrinos e sugestões florais, este Quinta de Pancas apresenta-se na boca com um bom volume, persistência aromática e boa frescura. Serve-se a 10ºC.
EVEL Branco Dourado, complexo e detentor de grande intensidade aromática, este vinho possui aromas florais e de frutos brancos, apresentando sabores a pêssego e melão. É óptimo para acompanhar pratos de peixe e carnes brancas.
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FUNDADOR Porto Tawny Este néctar possui reflexos aloirados e um aroma muito fino. O travo harmonioso e refinado resulta da lotação de vinhos com múltiplas idades e características, que foram envelhecidos em cascos de carvalho.
GATÃO ROSÉ Table Wine Límpido e de cor rosada, este vinho apresenta um aroma jovem e frutado, revelando na boca toda a sua delicadeza, maciez e frescura. Acompanha pratos de carne magra grelhada, massas, pizzas e entradas.
GATÃO Óptimo para pratos de peixe, marisco e aperitivos ligeiros. De aroma jovem e frutado, este produto de cor citrina é macio e delicado, apresentando-se como um vinho meio-seco, que deve ser consumido ainda jovem.
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BUTLERS Marula Cream É um licor proveniente de uma fruta africana, a Marula, que confere um gosto particular e único a esta bebida. Um néctar que se distingue pela sua cor e textura cremosa, tornando-se por isso uma bebida espirituosa de eleição.
BUTLERS Blue Curacao O método de fabrico é simples, as cascas de laranja são embebidas em água destilada, ficando mergulhadas durante algum tempo, o que lhe confere uma cor inconfundível, sendo por isso muito usado em cocktails.
BUTLERS Triple Sec Licor com sabor a laranja com um processo de fabrico exclusivo, em que as cascas deste citrino são mergulhadas em água destilada. Trata-se de uma bebida utilizada na confecção do cocktail Cosmopolitan. Sem dúvida, uma boa escolha para oferecer em festas.
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| patrícia alves tavares
2ª EDIÇÃO DO CONCURSO DE ESCANÇÕES
Diário de uma jornada em terras lusas A Real Companhia Velha, em parceria com a Atlanfina, organizou mais uma edição do Concurso de Escanções. O certame é “uma aposta ganha” e a adesão “excedeu as expectativas”, garante Manuel da Silva Reis, director da empresa portuguesa. Os candidatos a escanções frequentaram ao longo de uma semana um curso intensivo com um enólogo e os mais talentosos ganharam uma viagem a Portugal. Estes ano, os três eleitos tiveram a oportunidade de, durante cinco dias, conhecer as emblemáticas quintas do Douro e Alentejo e compreender in loco todo o método de produção do vinho, desde a vindima ao engarrafamento do néctar de Baco. A Angola’in acompanhou os vencedores na descoberta dos tesouros de Portugal e revela-lhe, em exclusivo, os projectos daqueles que podem vir a constituir a primeira sociedade de escanções angolanos
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Dia 1 na Invicta Cidade do Porto, pátria do emblemático Vinho do Porto Orgulho e curiosidade são os adjectivos que melhor descrevem o sentimento que se vivia entre os jovens escanções, vencedores da 2ª edição do concurso promovido pela Atlanfina, com o apoio da Real Companhia Velha, Quinta do Portal e Herdade do Esporão. Aliás, foi nas caves da primeira que arrancou a jornada dos visitantes, que estiveram em Portugal com a finalidade de conhecer o processo de fabrico dos vinhos que habitualmente aconselham aos clientes. A empresa portuense é a principal produtora de Vinho do Porto e detentora das melhores quintas da região do famoso néctar: Quinta das Carvalhas, Quinta de Cidrô, Quinta dos Acipestres, Quinta do Casal da Granja, Quinta do Síbio e Quinta do Corval. Interessados e ávidos de conhecimento, Adriano Carvalho, Marlene Santos e Bruno Guise, os escanções premiados, mostraram uma enorme vontade de complementar os conhecimentos adquiridos, tentando assimilar toda a informação, colocando dúvidas e revelando um grande desejo de aprendizagem. Esta foi uma das qualidades evidenciadas pelo director da Real Companhia Velha, Manuel da Silva Reis. “Uma das coisas que noto neles é o interesse, a vontade e o querer saber e aprender”, manifestou. O responsável explica que a organização deste evento se deve ao facto de Angola ser “considerada um mercado indispensável e fundamental para a empresa”. “Fizemos uma análise aprofundada, conjuntamente com o nosso parceiro da Atlanfina, e chegámos à conclusão de que haveria umas marcas que pelo seu passado já teriam alguma influência em Angola e resolvemos apostar. A aposta foi ganha porque conforme podemos ver nos últimos quatro anos nós temos vindo a duplicar anualmente as vendas”, sustentou.
Em entrevista à Angola’in, Manuel da Silva Reis descreveu o consumidor angolano como sendo “exigente” e “muito rigoroso”, salientando que não entende “como num país tão quente só bebem tintos, pois deviam beber muito mais brancos”, lembrando que “Portugal produz vinhos maravilhosos” e que “existe um mercado perfeitamente virgem”, que deve ser explorado. “Quando eles descobrirem o vinho branco para os aperitivos, para as tapas, para as entradas, com aquele calor, aquele clima, será um exponencial boom de vendas”, proferiu. Quanto ao futuro, a Real Companhia Velha, que exporta para Angola essencialmente as marcas Porca de Murça e Evel e cujo mercado representa cinco por cento das receitas da entidade, está “a desafiar a Atlanfina” para um novo projecto. “Encontramo-nos na fase de ver locais e terrenos e fizemos um primeiro contacto com a nossa equipa de enologia e de agronomia, para começarmos a fazer um vinho lá, um vinho local, porque entendemos que há uma componente de formação”, anunciou, confidenciando que, neste momento, se encontram “na fase de procura de um local para podermos fazer uma produção de vinho local a ser comercializada pela Atlanfina, com tecnologia da Real Companhia Velha”, finalizou. Detentora de 250 anos de história e de actividade ininterrupta ao serviço do Vinho do Porto, a Real Companhia Velha está ligada directamente à evolução do famoso produto portuense, tendo desempenhado um papel relevante na sua produção e comércio. Os escanções vencedores da edição 2009 aproveitaram a visita às caves da empresa para conhecerem de perto o processo de fabrico do vinho mais famoso de Portugal, que por ser generoso e encorpado e pelo carácter inimitável faz do Vinho do Porto uma das bebidas de mais classe do mundo, muito apreciada pelos ingleses e americanos.
perfil
Adriano Carvalho Idade: 34 anos Profissão: Sub-chefe de sala no Hotel Trópico Percurso profissional: “Estou no Hotel Trópico há seis anos. Nesta área estou há nove anos. Trabalhei primeiro numa esplanada do grupo e depois fui para o hotel.” Projectos: “Quero ajudar os outros trabalhadores para termos profissionalismo nesta área, de forma a que as pessoas quando vão a qualquer área ou zona turística se sintam à vontade, acolhidos do mesmo modo como em qualquer parte do mundo, porque hotelaria não é só em Portugal ou em Angola. Funciona da mesma maneira na China e em todo o lado.”
Marlene Santos Idade: 28 anos Localidade: Kwanza Sul Profissão: Assistente de Marketing Percurso profissional: “Comecei em 2005, fui convidada para participar numa feira da Atlanfina na FILDA e fiquei na empresa. Ao longo destes anos fui aperfeiçoando e fuime interessando mais e surgiu a paixão de falar dos vinhos ao consumidor final.” Projectos: “Apostar na formação para divulgar os nossos vinhos e dá-los a conhecer às pessoas. “
VINHOS & CA. · ANGOLA’IN
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VINHOS & CA.
Dias 2 e 3 mais a Norte, no Douro profundo Após a visita às caves do Porto, o grupo de escanções rumou à Região Demarcada do Douro, para dois dias de aventura e de descoberta das vinhas e do processo da recolha das uvas. A visita à Quinta do Portal coincidiu com um workshop, promovido por várias empresas e destinado a jornalistas da especialidade. Assim, os mais recentes peritos em vinhos puderam aperfeiçoar a sua formação-base, adquirindo novas competências e conhecimentos acerca dos vinhos portugueses, que são simultaneamente os mais vendidos e procurados no mercado angolano. Além dos ensinamentos teóricos e práticos, os escanções depararam-se na Quinta do Portal com o conceito “Boutique Winery”, a imagem de marca
desta casa portuguesa, que se dedica à produção de vinhos DOC Douro e Vinhos do Porto de categorias especiais e Moscatel. Foi no final do dia, já na Casa das Pipas, uma unidade de agro-turismo, explorada pela empresa do Douro, que Marlene Santos confidenciou à Angola’in que o prémio de escanção “é o reconhecer do trabalho de quatro anos” e que deseja “fazer a formação de enologia e seguir o curso” para poder aconselhar “o consumidor final”. A Assistente de Marketing da Atlanfina é coordenadora das promotoras e embaixadora da caipiroyal. O balanço da mais recente aposta da empresa, em parceria com a Real Companhia Velha, é positivo. “As pessoas gostam muito do caipiroyal”, garante. Porém, como o produto está no mercado há apenas um ano,
ORGANIZAÇÃO FAZ BALANÇO DO CERTAME Manuel da Silva Reis, director da Real Companhia Velha, em entrevista à Angola’in Qual o balanço da 2ª edição do concurso de escanções? O balanço é extremamente positivo porque o ano passado foi um período de teste. A acção foi muito boa e este ano a adesão excedeu as expectativas. Foi um sucesso. Angola hoje em dia tem um grande mercado de consumidores de vinhos portugueses, que cada vez mais vão interessar-se não só pela quantidade mas pela qualidade. As pessoas querem saber o porquê da qualidade, da diferença das regiões e cabe aos profissionais, aos escanções prestar essas informações. Ora nós como empresas que pretendem não só vender qualidade, mas quantidade para o mercado angolano, interessanos que hajam profissionais que saibam informar os consumidores das potencialidades e das diferenças das regiões portuguesas. É uma aposta ganha? É uma aposta ganha e será para continuar. Nós desafiamos os participantes para que seja criada uma associação de escanções. Porque achamos que só com uma alta profissionalização é que se poderá chegar aos níveis que nós pretendemos para o mercado angolano. São níveis muito ambiciosos. Qual o grau de adesão? Tivemos bastantes candidatos, incluindo um director de hotel. Pensamos
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é necessário “tentar convencer os donos dos restaurantes de que a caipirinha é mais forte e que o caipiroyal dá para consumir mais”, adianta, admitindo que na restauração “o que tem mais saída são os vinhos de mesa”. Quanto à Quinta do Portal, a empresa dedica-se à produção de uma panóplia de vinhos, em que os do Porto e de Moscatel se destacam pela fusão entre tradição e modernidade, dando origem a um produto fortificado, muito apreciado tanto pelos consumidores maduros como pelos mais jovens. Já os vinhos do Douro (tintos e brancos) e Espumantes são frutos de castas autóctones, que devido às cuidadas macerações e fermentações e posterior estágio em barricas de carvalho dão origem a produtos de elevada qualidade, que inclusive arrecadaram algumas distinções internacionais.
que este é o primeiro passo de um caminho muito longo a percorrer no sentido da profissionalização e da especialização dos profissionais. Hoje em dia, há uma demanda muito grande de hotelaria e de restaurantes no mercado angolano, que é emergente. Começa a haver muita procura e começam a existir hotéis, pelo que tem que começar a haver uma oferta compatível. Quais foram os critérios de selecção para o curso? São chefes de vinhos e gerentes de restaurantes, que foram submetidos a um concurso de escanções, dado por um enólogo da nossa praça e estes jovens foram os vencedores deste concurso. Houve critérios, uma avaliação e estes foram os que ganharam, os que no fundo mostraram mais habilitações para este concurso e o prémio era uma viagem a Portugal, aos representantes da Atlanfina, que promoveu o concurso. Os escanções já têm um bom nível de aprendizagem? Não diria que estão ao nível dos sommeliers de um restaurante de Paris ou de um hotel de 3/ 4 estrelas. Mas estão num nível muito capaz e muito razoável. Tem havido uma evolução muito positiva. Uma das coisas que noto neles é o interesse, a vontade e o querer saber e aprender, o que é fundamental. São extremamente curiosos, extremamente interessados em tudo aquilo que nós falamos e justamente esse querer e essa vontade irá permitir chegar a um nível muito aceitável, a caminho do bom e do muito bom
Dias 4 e 5 rumo a Sul, à idílica paisagem alentejana A marca Esporão SA agrega desde o início deste ano os projectos da Herdade do Esporão (Alentejo) e a Quinta de Murças (Douro). Foi precisamente em terras alentejanas que os vencedores do concurso de escanções passaram os últimos dias da breve passagem por Portugal. A data escolhida para a visita à Herdade do Esporão não podia ser mais oportuna. Em época de vindimas, os escanções tiveram a possibilidade única de conhecer os métodos mais tradicionais de vinificação e participaram na tarefa de pisar as uvas no lagar. Durante a estadia, os visitantes contactaram de perto com a realidade de um outro produto: o azeite. A empresa dedica-se à confecção das duas especialidades e tem como principal meta assumir-se como referência nos dois domínios. Em pleno coração do Alentejo, em Reguengos de Monsaraz, a herdade produz o famoso vinho Esporão, considerado um dos melhores de Portugal, e os vinhos Monte Velho, entre outros. Da reserva desta empresa, chegam nomes conhecidos como o Alandra, Vinha da Defesa e os produtos das Monocastas, como o Aragonês 2005 ou o Touriga Nacional 2006. Entusiasmado com a beleza da região, Bruno Guise explicou à Angola’in, durante uma pausa nas actividades, que a opção pelo curso surgiu naturalmente, pois “como a hotelaria tem a ver com comida e vinhos”, acabou por surgir “o interesse pelos vinhos”. “Fui pesquisando e querendo saber mais. Neste momento, estou ligado às vendas de eventos. Vendo os serviços, ajudo a escolher as ementas e os vinhos. Os clientes estão mais exigentes, fazem perguntas, querem saber qual é a região e, por isso, percebi que precisava de investir mais nesta formação”, revelou. A trabalhar actualmente no restaurante Che, o escanção acredita que a distinção “vai melhorar a carreira” e afirma ter sido “muito gratificante a participação no concurso”. “Acredito que com este prémio vou tentar passar a informação aos hoteleiros, di-
vulgar aquilo que aprendi e até estou a pensar abrir uma associação de escanções em Angola”, reiterou. Já Adriano Carvalho, sub-chefe de sala no Hotel Trópico, encara o galardão como uma forma de “chegar mais além”. O escanção teve direito a uma estadia mais prolongada em Portugal, uma vez que a empresa onde trabalha patrocinou “um estágio num hotel pelo período de dez dias”. Contudo, é em Angola que o hoteleiro pretende “crescer”, pois existe uma tendência para que “a área de escanção seja importante, porque se estão a vender vinhos bons e existe o cliente que não sabe que tipo de vinho quer beber”, havendo a “necessidade de aconselhar”. Bruno Guise salienta que na “hora da escolha, o cliente pede muito a opinião”, sendo que a preferência varia entre “os produtos do Douro e do Alentejo, especialmente tintos”. Quanto ao futuro dos vinhos em Angola, todos são unânimes: a tendência é para o mercado continuar a crescer. Por outro lado, ganha contornos a possibilidade de, a curto prazo, nascer no país a primeira associação de escanções. “Já existem quatro. Vamos trocar informações, debater e pensar no que fazer futuramente”, atalha Bruno Guise, o mentor do projecto. A ideia é igualmente partilhada pela Real Companhia Velha. Em entrevista à Angola’in, Manuel da Silva Reis anunciou que a empresa desafiou “os participantes para que seja criada uma associação de escanções”. Isto porque a entidade acredita que “só com uma alta profissionalização é que se poderá chegar aos níveis que nós pretendemos para o mercado angolano”. Adriano Carvalho sugere ainda a criação de mais escolas hoteleiras, pois há uma enorme carência de técnicos especializados. O escanção defende a aposta na formação em território nacional, uma vez que não é possível levar todos os alunos para Portugal. De regresso a Luanda, garantem que o caminho para o sucesso está na aposta local e na criação de condições dentro do país, para que se verifique a tão necessária profissionalização dos trabalhadores deste ramo. O empreendedorismo está nas mãos dos novos escanções.
perfil
Bruno Guise Idade: 34 anos
Localidade: Luanda Profissão: Venda de eventos no restaurante Che Percurso profissional: “Comecei no ramo hoteleiro com 16 anos. Em Luanda, trabalhei em dois restaurantes. Depois fui barman em duas ou três discotecas e mais tarde vim para Portugal, onde trabalhei em alguns sítios - restaurantes, estágios em hotéis - e passado dois anos voltei para Angola. Entretanto, fui para a África do Sul, onde fiquei seis meses. Um amigo convidou-me para trabalhar numa pastelaria e pouco depois fui para um restaurante italiano, o Mimos. Quando regressei da África do Sul, fui convidado para o Che, em 1999. Nos dois primeiros meses trabalhei como chefe de turno. Como evoluí muito rápido, pois já tinha experiência, fui para subchefe de sala, onde trabalhei com um chefe português, que me ensinou parte das coisas que eu hoje sei. Em 2000, ele foi embora e o meu superior apostou em mim e fiquei a chefe de sala, cargo que no ano seguinte conciliei com o de chefe de banquetes. Isto durante nove anos. Neste momento, não estou ligado directamente à venda a clientes de restaurante, mas às vendas de eventos, de serviços, ajudo a escolher as ementas e os vinhos.” Projectos: “Um dos meus principais objectivos é aprofundar conhecimentos e, posteriormente, transmitir o meu saber aos hoteleiros e aos mais novos para dar continuidade naquilo que estamos a fazer. Ando há oito anos a formar-me em hotelaria. Agora com estes conhecimentos em vinhos, claro que vou dar continuidade à formação nesta área.”
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| manuela bártolo
Fila de cima - Adebayo Vunge, Romão Ferreira, Aníbal Coutinho (enólogo deu o primeiro módulo de formação), Joaquim Laureano (Professor Universitário), Jaime Fidalgo, André Sibi, José Kaliengue, Fila de baixo - Natacha Roberto, Jacqueline Saluvo, António Silva, Paula Sequeira (back- agência de comunicação da ViniPortugal em Angola), Ninelmo Ribeiro, Elizandra Royer (back), Sónia Fernandes (Viniportugal)
viniportugal desenvolve formação para jornalistas A ViniPortugal escolheu a tradicional época das vindimas em Portugal para promover um workshop vínico, especificamente destinado a profissionais da comunicação social angolanos, que se mostraram interessados em alargar os seus conhecimentos acerca da matéria. O evento contou com uma enorme afluência, nomeadamente por parte dos jornalistas da especialidade, que se deslocaram a Portugal para participar no certame e, desta forma, investir na sua formação vínica. A Associação Interprofissional para a Promoção dos Vinhos Portugueses escolheu várias regiões portuguesas emblemáticas da produção vinícola. O curso intensivo, que decorreu entre 24 de Setembro e 4 de Outubro, abrangeu a visita a vários produtores e respectivas adegas, em que cada participante dispôs de um acompanhamento mais próximo e infor-
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mação detalhada do ciclo vitivinícola. O facto do período das vindimas se caracterizar como um acontecimento único, contribuiu para o enriquecimento da vertente formativa do evento. A adesão excedeu as expectativas e o certame contou com a presença de profissionais representantes de algumas rádios, televisões e jornais nacionais.
cluiu ainda a componente sensorial, em que os alunos foram convidados a fazer uma análise dos seus sentidos, bem como a participar numa prova de vinhos, orientada pelas suas características e regiões. Aníbal Coutinho e Mário Louro foram os formadores que iniciaram os jornalistas nacionais no mundo da vinicultura portuguesa.
A recepção aos jornalistas contou com uma visita ao Palácio e Adega da Bacalhôa e, pelo final do dia, ao centro de vinificação de José Maria da Fonseca, uma casa familiar com dois séculos de história, considerada a mais antiga produtora de vinho de mesa e de Moscatel de Setúbal. Os dias seguintes foram os mais intensos e produtivos, integralmente dedicados à aprendizagem.
Após a teoria e a introdução aos conceitos essenciais da actividade, os participantes do workshop, organizado pela ViniPortugal, seguiram viagem, passando pelas regiões vitivinícolas do Dão, da Bairrada, do Tejo, de Lisboa e do Alentejo. As actividades repartiram-se entre visitas a quintas, adegas e produtores, em que não faltaram palestras sobre a temática, provas dos vinhos típicos de cada herdade e participação nas respectivas actividades, desenvolvidas no âmbito das vindimas. No término do workshop, os jornalistas mostraram-se satisfeitos, salientando o interesse e vontade em aprofundar conhecimentos acerca de um nicho de mercado que tem sofrido um exponencial crescimento nos últimos anos. De facto, a inclusão de artigos da especialidade nas publicações é uma mais-valia, uma vez que o consumidor de vinhos revela-se cada vez mais exigente e empenhado em adquirir informação sobre este sector.
À chegada a Lisboa, a comitiva frequentou um curso de iniciação à prova de vinhos, subdividido em duas partes. A formação intensiva incidiu inicialmente sobre os tipos de vinhos portugueses, a sua importância e o estudo dos três perfis do produto e respectivas regiões vitícolas. O dia encerrou com uma degustação de sete variedades do néctar de Baco. Aliás, esta tarefa foi o mote para o arranque da segunda parte da formação, em que os visitantes tiveram a possibilidade de, após uma visita às vinhas, elaborar o seu próprio vinho. O curso in-
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| patrícia alves tavares
aragawa
Requinte europeu no coração do Japão
É simplesmente o restaurante mais caro do mundo. A distinção foi atribuída pela não menos importante revista americana Forbes, que anualmente publica a lista dos dez espaços mais dispendiosos. O japonês Aragawa lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo. Um dos motivos apontados para os preços exorbitantes está na especialidade da casa, o bife Wagyu ou Kobebeef, uma das carnes de vaca mais caras do planeta, que no caso concreto, é oriunda de uma quinta local, propriedade do restaurante. A lendária especialidade, conhecida pelo tratamento peculiar e requintado dos bovinos, é servida simplesmente com pimenta e mostarda, pelo que espere uma experiência única. A carne Kobe será definitivamente a melhor que alguma vez provará. Situado em Tóquio, no Japão, o restaurante Aragawa cobra pelo prato mais barato 370 dólares, pelo que o cliente deve estar preparado para gastar, no mínimo, mil dólares num simples e único jantar. Uma fatia de steak kobe de
227 gramas custa 800 dólares. Pode sempre optar pelo invulgar bife ‘Wagyu au saqué’, que recebe uma massagem dos cozinheiros antes de ser servido. No entanto, quem conhece considera que vale a pena gastar isso e muito mais para ter a oportunidade de provar a carne mais saborosa do planeta. Afinal, o seu custo apenas reflecte o preço dos ingredientes dispendiosos, usados na sua confecção. Inaugurada em 1967, a pequena churrascaria japonesa, à semelhança de muitos estabelecimentos do país, não dispõe de website e muito menos de uma decoração moderna. O tradicional estilo requintado e clássico da sala, decorada a vermelho e dourado, é uma mais-valia e faz deste restaurante, localizado no centro de Tóquio (num prédio bastante simples), um dos espaços mais procurados, onde não é fácil conseguir uma reserva e há uma selecção criteriosa dos clientes. O ambiente tipicamente japonês, com um toque europeu (onde não existe música ambiente), e as melhores carnes que algum dia experimentou fazem do Aragawa ponto de passagem obrigatório.
informações úteis Morada: ankyu-Koutsukosha Bldg., fl. B1|3-3-9 Shinbashi Minato-ku Telefone: (81-3) -3591-8765 Género: Steakhouse Especialidade: Bife Kobe Preço médio: 40000 JPY Reserva: aconselhável Horário: Seg. a Dom., das 12h às 15h e das 17h às 22h (hora local) Dresscode: Formal Pagamento: Dinheiro, cartões de crédito/ débito Outras indicações: fotografias proibidas
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cais de quatro
Paraíso junto ao mar Requintado, glamoroso e detentor de uma ementa eclética e diversa. O Cais de Quatro é provavelmente um dos restaurantes com a melhor vista para a Baía de Luanda. A sua beleza é reconhecida por todos os visitantes, que ficam encantados com a paisagem, especialmente à noite, em que a iluminação da baía dá um toque de charme ao espaço. Á semelhança da maioria dos restaurantes de renome internacional, a ementa é variada, podendo usufruir das tradicionais especialidades à base de peixe ou carne, bem como de uma bela ‘pasta’ ou ‘sushi’. Assim, o Cais de Quatro procura dar resposta às diferentes exigências dos seus clientes que, segundo Luís Cartaxo, sócio do espaço, são essencialmente da “classe alta”. Em declarações à Angola’in, o responsável garante que não detêm uma especialidade em particular, mas o “top” das escolhas recai na “pescada da nossa costa, no lombinho aos três queijos, na espetada baía azul, na picanha e nas nossas sobremesas top Crostatta de maca e a bomba calórica petit gateaux”.
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A funcionar desde 2003, o Cais de Quatro conquista de imediato quem o visita pela primeira vez. A decoração minimalista, num espaço clean, em tons brancos e azuis, perfeitamente ajustados ao cenário marítimo envolvente, torna o seu jantar num momento de deleite e degustação únicos. “Tratando-se de um restaurante aberto à beira-mar, pode-se fumar onde quiser”, contando com cerca de 120 colaboradores para o servir e ajudar na escolha dos menus.
informações úteis Morada: Rua Mortala Mohamed/ Casa do Desportista Ilha de Luanda Email: caisdequatro@hotmail.com Reservas: convém reservar todos os dias Contacto para reservas: 924570620 Horário: todos os dias das 11h/ 02h (excepto segunda-feira, das 18h/ 02h) Cartões: VISA
O local define-se como cosmopolita, em que a última novidade é o Sushi, um produto que Luís Cartaxo descobriu nas suas viagens pelo estrangeiro, onde visitou os espaços mais conhecidos e as culturas mais peculiares. Se ficou com vontade de conhecer um dos restaurantes mais emblemáticos de Luanda não se esqueça de fazer reserva. Habitualmente, o espaço está lotado, pelo que deve marcar a sua mesa, independentemente do dia da semana.
Indicações: Possui parque de estacionamento e tem designação de espaço para fumadores
el bulli
O melhor dos melhores Eleito pelo quarto ano consecutivo como o melhor restaurante do mundo, pela revista “Restaurant”, o espanhol El Bulli volta a ter nota máxima. A propriedade do aclamado chef espanhol Férran Adrià, localizada em Roses (Girona), evidencia-se pela criatividade da gastronomia. Recomendado para os apreciadores da máxima qualidade e de paladar exigente, neste restaurante encontra pratos apresentados de forma minimalista, cujas receitas recorrem a ingredientes revolucionários e inusitados. Afinal, o chef é célebre pelas pesquisas no âmbito da gastronomia molecular, sendo reconhecido internacionalmente como “alquimista da cozinha”. O requintado espaço do Norte de Espanha recebeu em 1997 a terceira estrela, concedida pelo prestigiado guia Michelin e a partir dessa altura nunca mais a perdeu. A fama atrai clientes de todo o mundo, que não parecem incomodados em despender avultadas quantias para usufruir de um jantar de luxo num dos locais mais in-
fluentes da arte gastronómica. Conseguir mesa no El Bulli não é nada fácil (existem apenas 30). As reservas são efectuadas com meses de antecedência, pois o milhão de clientes interessados neste restaurante supera largamente as oito mil vagas. A casa encerra no meio do ano, para que o seu fundador possa dedicar-se à pesquisa e desenvolvimento de novos sabores e texturas. O número um do mundo pauta-se pela exclusividade. Está aberto ao público apenas durante sete meses e em várias ocasiões apenas organiza jantares ou almoços. Assim, antes de fazer a reserva, deverá consultar no site a disponibilidade para a data pretendida. Situado a 177 km de Barcelona e erguido numa encosta com vista privilegiada para o Mar Mediterrâneo, o El Bulli está inserido numa ampla casa, cujas paredes brancas e estrutura detalhada em madeira revelam uma decoração simples, tipicamente mediterrânea.
informações úteis Morada: Cala Montjoi, Ap. 30, 17480 Roses, Girona Email: bulli@elbulli.com Site: www.elbulli.com Reservas: dez dias de antecedência Contacto para reservas: +34 972 15 04 57 (depois das 15 horas) Horários: das 13h às 14.30h e das 17.30h às 21.30h (deverá consultar o site para saber em que dias o espaço funciona) Encerra: de Janeiro a Maio Atenção: os horários de funcionamento mudam todos os anos! Particularidades: refeições recorrem à técnica da encapsulação – comida em pequenas cápsulas. Preços: o menu de degustação custa 190 euros (280 USD). A carta de vinhos é eclética
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| wilson aguiar
Sabores angolanos temperados
Boa tarde meus amigos! Ao longo das próximas edições vou apresentar-lhes algumas das especialidades nacionais, deixando sugestões sobre o modo de confecção das mesmas. Espero levar até si os melhores sabores de África e os aromas de Angola. Para o arranque da minha rubrica, escolhi um prato, que faz recordar os cheiros da terra molhada, óptimo para ser apreciado ao final do dia, com o pôr-do-sol como pano de fundo. Assim, a minha sugestão vai para uma moamba de galinha rija de jinguba. Ela surge de uma fusão de sabores de diversos pontos do país. Do sul do território surge o óleo de palma, que é muito consumido nessa zona. Como não existe mar dentro das várias periferias de Angola, muitas culturas consomem quase em exclusivo carnes. A galinha deve ser
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bem rija para que a moamba fique boa. A receita deste mês recorre ainda a um ingrediente com longa história: a Jinguba. Este é o nome que os antigos (e ainda muitos) atribuem ao amendoim, que é oriundo do norte do país. Por isso, a minha sugestão é uma mistura de sabores, uma vez que o prato e óleo de palma são típicos do outro ponto de Angola, o sul. Jindungo era a designação do piri-piri, também muito apreciado pelos africanos, que adoram refeições com sabores apurados e exóticos. Pode acompanhar com um bom vinho ou com a nossa cerveja cuca. Espero que aprecie este prato, que é de muito fácil confecção. Os ingredientes indicados são para quatro pessoas, pelo que pode acrescentar mais galinhas, consoante o número de pessoas para a refeição. Bom Apetite!
“la vie o” en rosat
Wilsron ia re: Agu suge
moambia de gal nha rija dea jingub S: INGREDIENTE ha rija 1,5 kg de galin Sal qb qb Óleo de palma em já pronta Moamba de dend 1 cebola 3 tomates milho 1 kg de fuba de ompanhar quiabos para ac 10 unidades de CONFECÇÃO: ha rija, deve oamba de galin m a ar ar ep pr Para linha com sal de mperar bem a ga te ro ei im pr em estufar, -se ao lume para va le a id gu se e cozinha. D ois de estufar 15 eo de palma. Dep ól de o uc po com um mate, deixando e a cebola e o to -s na io ic ad , os a minut o, deverá moer bem. Entretant to ui m r ga fu re diluir em nho mais fino e oi m lo pe ar ss jinguba, pa so. Depois da cilitar o proces fa ra pa , te en água qu e rectificar os refogada, há qu m be r ta es ha ar galin , deixando apur ionar a jinguba ic ad e s ro pe m te ra que a o necessário pa rá se po m te O . mais tempo . ue muito pegada moamba não fiq
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CULTURA & LAZER
| patrícia alves tavares
Versejar estórias de um povo A poesia é muito mais que um género literário. Ela transporta sentimentos e sentidos ocultos e recorre ao dom da palavra para traduzir os acontecimentos que rodeiam o poeta e o ambiente social, de onde recebe diversos estímulos
A literatura angolana tem um percurso idêntico às manifestações literárias, que compõem a cultura de cada país, seja em África, na Europa ou noutro continente. A poesia nacional acompanha a evolução nacional e transmite nas subtilezas de cada poema a cultura, sociedade e história contemporânea de Angola. Foram muitos os autores que procuraram através das palavras dar sentido aos momentos que marcaram o percurso nacional até à actualidade. As suas origens remontam a meados do século XIX, período assinalado pela tradição intervencionista e panfletária de uma imprensa, improvisada por nativos. É em 1910 que autores como Silvério Ferreira, Paixão Franco ou Assis Júnior proclamam “as reivindicações das massas populares da época” e se assumem como “intérpretes duma consciência cultural em vias de renovação”, lançando “as bases de uma nova personalidade angolana”. Coube a estes homens de letras dar os primeiros passos no mundo literário e cumprirem uma das principais funções da poesia: a critica social. Primeiro “versador” O poema “Negra!”, de Cordeiro da Matta, retirado do seu livro Delírios (1889), foi publicado na revista Ensaios Literários, em 1902 e marcou a poesia angolana, uma vez que este assumiu-se como o primeiro negro a cantar a mulher africana (como “a deusa formosura”), numa obra marcada pela intenção nacionalista. Entretanto, grandes nomes ligados à poesia nacional, como António Jacinto, Viriato
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da Cruz e Agostinho Neto, emergem no período pós-guerra, veiculando a sua “mensagem com um conteúdo social” e fazendo parte de um movimento político-cultural, denominado “Vamos descobrir Angola” (1948). Com o arranque do movimento pela libertação nacional, em 1961, o panorama literário também sofre mudanças, voltando-se para a distribuição de panfletos, que assinalam o período cultural e politico que se vivia. A dimensão ética e a causa nacionalista sobrepõe-se aos imperativos estético-literários da época. São inúmeros os escritores e poetas, que são presos, por se envolverem na luta pela liberdade. Agostinho Neto, António Cardoso e Luandino Vieira são alguns desses exemplos. Independência valoriza raízes O nascimento da República Popular de Angola assinala um novo momento literário, em que a poesia celebra a certeza da liberdade e busca a recuperação da nacionalidade, assistindose ao aparecimento de um projecto poético de resgate da língua literária, aproveitando as suas virtudes intrínsecas e universais. A partir da década de 80, regista-se o afastamento do discurso emblemático do exaltar da luta de libertação e com o surgimento das Brigadas Jovens de Literatura, nomeadamente nos principais centros urbanos, desenvolvem-se novos estilos poéticos, liberdades linguísticas e aborda-se essencialmente a temática dos estados de alma, que reflectem a desilusão em relação à ausência de soluções para resolver os problemas mais urgentes. Estes poetas
perfil UANHENGA XITU Agostinho André Mendes de Carvalho, de pseudónimo Uanhenga Xitu, nasceu em 1924, em Ícolo e Bengo. Enfermeiro de profissão, a actividade politica valeu-lhe a prisão. Mais tarde, estudou Ciências Politicas, foi Governador de Luanda, Ministro da Saúde, Embaixador na Alemanha e deputado à Assembleia Nacional, cargo que ainda ocupa. Uanhenga Xitu descobriu o talento da escrita durante a prisão, onde criou os emblemáticos personagens da literatura nacional, como Kahitu e Mestre Tamoda. Publicou “Meu Discurso”; “Mestre Tamoda”; ”Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem”; “O Ministro”, entre outros contemporâneos regressam às origens e evocam o tempo distante, anterior à opressão e às decepções. Os poetas de hoje Cármen Secco, professora, referiu recentemente num encontro sobre o tema que “a transgressão, errância, desafio, eroticidade, metalinguagem e desconstrução são alguns dos vectores da produção poética angolana das últimas décadas. A nova poiesis é tecida
perfil ÓSCAR RIBAS, O ÍCONE “Autor de uma vasta e profunda obra, porque mergulha bem fundo nas raízes da nossa terra, não há dela, entretanto, o conhecimento que merece e que o seu valor exige. A obra de Óscar Ribas é funda e potencialmente criadora, pelo que pode e deve ser origem de novas por perplexidades e incertezas. Uma heterogeneidade de tendências reflecte a dispersão dessa poesia que oscila entre a revitalização de formas orais da tradição e a ruptura e/ ou recriação em relação a alguns dos procedimentos literários adoptados por gerações anteriores”. A Ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, tem apostado no incremento da literatura, numa altura em que paralelamente o Ministério da Educação tem incidido na alfabetização da população e na criação de estabelecimentos de ensino para as crianças. A ministra tem defendido a divulgação do legado literário angolano, nomeadamente nas escolas. Por outro lado, sugere um investimento mais intenso na produção literária e na formação, de modo a incentivar o gosto pela leitura. A responsável acredita que este fomento é fundamental para desenvolver pessoas mais cultas e conhecedoras da realidade do país. “Podemos fazer isso aumentando o número de escolas, de livros, edições, multiplicando-se em editoras por Luanda e todo o país. Penso que estamos nesse caminho e vamos conseguir chegar lá”, proferiu. O responsável da Brigada Jovem de Literatura de Angola, no Huambo, Alberto Praia confirma, por sua vez, que a falta de apoios para a edição de livros tem desincentivado a maioria dos autores, que acabam por enveredar por outras actividades. O dirigente acredita que a poesia e a prosa têm vindo a perder espaço no panorama artístico. “Os nossos escritores, embora não tenham obras no mercado, demonstram qualidade suficiente para despontarem nestas lides. Estamos em
condições de lançar todos os anos entre dois a três livros. Mas é preciso que hajam apoios”, anunciou. Já o gerente da Livraria Lello, José Magalhães assume que as obras de romance, poesia, conto e ficção, de escritores nacionais têm muita procura, sobretudo no que concerne a autores como “Pepetela”, Manuel Rui Monteiro e “Uanhenga Xitu”. Resgatar a cultura nacional Abreu Paxe defende que é necessário recuperar os elementos positivos da cultura nacional, de modo a orientar as práticas artísticas e culturais. O escritor destaca que a nova geração de criadores tem como missão aproveitar os elementos da tradição oral e incorporá-los nos seus trabalhos, de forma estética, assegurando o enriquecimento cultural e social do país. “Para este fim, as obras de Óscar Ribas representam um exemplo a seguir, já que nas reflexões que tenho estado a fazer à volta desta figura notei como pode o elemento recolha da tradição oral funcionar para os novos suportes artísticos”, salientou.
e outras obras, novos estudos e novos caminhos de conhecimento humano”, afirmou recentemente a ministra da Cultura. Escritor, jornalista e ensaísta, a prestigiada figura angolana nasceu em 1909, em Luanda e faleceu em 2004, em Cascais (Portugal). Reconhecido no meio literário nacional e internacional, Óscar Ribas foi membro da União de Escritores Angolanos e foi agraciado com diversas distinções, ressalvandose o Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2000. A sua bibliografia contempla as obras, entretanto esgotadas no mercado, “Missosso”, “Flores e Espinhos”, “Cultuando as musas” (poesia), entre outros
perfil ABREU PAXE Nasceu em 1969 no vale do Loge, no Bembe e licenciou-se no Instituto Superior da Educação (ISCED), em Luanda, especializando-se em Língua Portuguesa. O poeta é docente de Literatura na instituição onde se formou e é membro da União de Escritores Angolanos. Em 2003, venceu o Prémio Literário António Jacinto, com a obra “A chave no repouso da porta”. É autor dos poemas “De Certo Modo os Destroços Palavras”, “Muma Ulunga da Brevíssima Existência” e “O Material o Andor da Paredes”
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CULTURA & LAZER
| patrícia alves tavares
Encarnação da Luta Não creio em mim Não existo Não quero eu não quero ser Quero destruí-me Atirar de pontes elevadas E deixar-me despedaçar Sobre as pedras duras das calçadas Pulverizar o meu ser Desaparecer Não deixar sequer traço de passagem Pelo mundo Quero que o não-eu Se aposse de mim Mais do que um simples suicídio Quero que esta minha morte Seja uma verdadeira novidade histórica Um desaparecimento total Até mesmo no tempo E se processe a História E o mundo continue Como se eu nunca tivesse existido Como se nenhuma obra tivesse produzido Como se nada tivesse influenciado na vida Se em vez de valor negativo Eu fosse zero In “Negação” Político, médico e poeta, António Agostinho Neto foi o primeiro presidente da República de Angola e uma das principais personalidades nacionais, reconhecida por todos enquanto herói e lutador incansável pela independência do seu país. No ano em que se comemoram 30 anos passados da sua morte, são inúmeras as entidades que organizam eventos para assinalar a vida e obra desta figura multifacetada.
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Veia revolucionária Nascido a 17 de Setembro de 1922, em Ícolo e Bengo, Agostinho Neto formou-se em Medicina, na Universidade de Lisboa (Portugal). No entanto, o jovem médico cedo se interessou pela política, assumindo-se como opositor do domínio colonial português, tendo sido detido várias vezes na capital portuguesa e em Cabo Verde. Antes de se formar, foi obrigado a fugir para Marrocos, período em que se aliou ao movimento de libertação, sendo eleito, em 1962, presidente do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA). Nessa qualidade, proclamou a 11 de Novembro de 1975, a independência do país e tornou-se no primeiro presidente de Angola, mandato que viria a terminar com o seu falecimento, a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo (Rússia). Agostinho Neto fez parte da geração de estudantes africanos, que viriam a desempenhar um papel decisivo na independência dos respectivos países, que no início do século XX estava sob o domínio português e cuja ânsia pela libertação popular fez eclodir a Guerra do Ultramar. Preso pela PIDE e deportado para o Tarrafal, o médico viu a sua residência ser fixada em Portugal, acabando por conseguir fugir para o exílio, onde deu início ao movimento do MPLA. Até assumir a presidência do seu país, após o fim da guerra e proclamação da independência, Agostinho Neto esteve sempre ligado a esta batalha, envolvendo-se em várias causas académicas e políticas, mesmo quando se encontrava em Lisboa, onde, em colaboração com outros jovens angolanos e africanos (que estudavam em Portu-
gal), fundou o movimento associativo, que se dedicava a divulgar internacionalmente a situação das colónias. A sua dedicação às causas nacionais valeu-lhe o Prémio Lenin da Paz, atribuído em 1975. Qualidades de artista A vida académica, política e literária andaram sempre de mãos dadas na vida do médico, que nunca esqueceu a sua vocação poética e procurou conciliar as duas áreas. Enquanto estudante, colaborou em várias revistas, jornais e publicações culturais. Findo o curso, exerceu medicina em Luanda, onde abriu um consultório. Contudo, não abandonou a sua paixão pela literatura, tendo inclusive publicado diversos livros. Os mais conhecidos são a sua primeira obra, intitulada “Naúsea” (1952), seguindo-se livros como “Quatro Poemas de Agostinho Neto” (1957), “Com os Olhos Secos” (1963) e “Sagrada Esperança” (1974). O seu talento foi reconhecido através dos galardões Prémio Lótus (1970) e o Prémio Nacional de Literatura (1975). Actualmente, a Fundação Dr. Agostinho Neto tem como finalidade servir o interesse público, divulgando a vida e obra da figura, através de actividades no âmbito da educação, tecnologia e cultura, apostando na inovação científica e tecnológica e no fomento do desenvolvimento humano de Angola. Para assinalar o aniversário da sua morte, a instituição pretende reeditar alguns dos seus livros. Por outro lado, estão em curso os projectos de inclusão da sua vida e obra no plano curricular das escolas, bem como a candidatura do seu legado a Património da Humanidade.
CULTURA & LAZER BREVES
| patrícia alves tavares
música
Feira pode chegar à zona periurbana Jomo Fortunato, coordenador da feira da música e literatura, espera alargar o certame, que decorreu em Luanda, às áreas periurbanas, de modo a permitir o acesso das comunidades aos produtos culturais. Este é o principal desafio que se impõe à organização, que este ano contou com uma média diária de mil visitantes. “A editora Arte Viva vai repensar a forma de reeditar esta feira na perspectiva de que possa acontecer nas zonas onde o livro não chega”, anunciou. O coordenador admitiu que na edição de 2009 surgiram múltiplas ideias, das quais destacou a criação de um Plano Nacional de Leitura, que compreenda a colaboração de todos os sectores associados aos livros, de forma a intervir no combate ao insucesso escolar e à falta de hábitos de leitura. O certame inclui a actuação de bandas de bairro menos conhecidas e que encontraram uma oportunidade para exporem os seus trabalhos, através da realização de palestras e da exibição de filmes
literatura
Obra de Agostinho Neto reeditada O Ministério da Cultura reeditou em Setembro quatro das principais obras produzidas pelo poeta Agostinho Neto. A iniciativa surgiu no âmbito das comemorações da morte do ilustre representante para dar a conhecer às novas gerações o portfolio do poeta, médico e político. O público pode encontrar nas lojas as obras “Renúncia Impossível” e “Sobre a Libertação Nacional” e as compilações dos discursos do primeiro presidente de Angola, “Náusea” e “Ainda o meu sonho”. O ministério assume a sua estratégia de divulgar, preservar e valorizar os escritos do autor e dar continuidade a uma iniciativa que arrancou a 15 de Setembro, com a realização do Colóquio Internacional sobre Agostinho Neto
direitos de autor
Jurista defende acesso a bens culturais Aguinaldo Cristóvão, director do gabinete jurídico do Ministério da Cultura, acredita que é fundamental desenvolver políticas concretas, que incentivem o maior acesso dos cidadãos aos produtos culturais. Para o responsável, este é o método a seguir para reduzir o número de violações dos direitos de autor. O Estado tem a responsabilidade de criar mecanismos que assegurem que todos os cidadãos tenham oportunidade de aceder um determinado número de obras culturais e científicas. Aguinaldo Cristóvão defende que, ao definir estas regras, toda a população terá oportunidade de desenvolver a sua intelectualidade, independentemente das suas possibilidades financeiras. O jurista considera que “o criador tem o direito de gozar dos produtos resultantes da reprodução, da execução ou da representação das suas próprias criações”. A cópia ilícita das obras contribui para desincentivar o processo criativo dos artistas, causando perdas económicas para todos os envolvidos, que vivem desta actividade, conduzindo à baixa produção artística
artes
Alunos elogiam seminários Os estudantes da Direcção Nacional de Formação Artística (DINFA) consideram que os seminários sobre artes cénicas são muito importantes para o desenvolvimento das artes no país, cujo mercado ainda é bastante fraco. Os futuros especialistas consideram que estes eventos facilitam a aprendizagem de novas matérias, bem como a aquisição de experiências, relacionadas com a dança, teatro e música. Os seminários contribuem para a concepção de novas ideias, pelo que os alunos apelam para que se organizem mais eventos do género
cultura
Visitas ao Museu de História Natural crescem A média de 60 visitantes por dia levou Cadete Neto, guia do Museu Nacional de História Natural, a considerar que os números correspondem às expectativas, revelando que a maioria do público é composta por jovens. “As figuras que de certa forma chamam mais atenção dos visitantes, principalmente se for pela primeira vez, são a Palanca Negra Gigante e o Mandatím, conhecido como peixe mulher”, explicou, confirmando que o espaço recebe muitos estudantes, visitas de instituições e de turistas, que procuram conhecer melhor a cultura nacional através do acervo do museu. O organismo, instalado em Luanda, foi inaugurado em 1938
CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN
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PERSONALIDADES
| patrícia alves tavares
De ‘pontas’ voltadas para o sucesso Pioneira da dança contemporânea africana, Ana Clara Guerra Marques é uma das referências do panorama artístico angolano. Bailarina e coreógrafa, possui uma vasta obra ao nível do estudo da arte nacional, da crítica social, do ensino e da dança profissional.
Ana Marques personifica o próprio bailado, assumindo-se como a maior representante da dança nacional, em que fez tudo na expressão artística, sendo reconhecida dentro e fora dos palcos angolanos. Actualmente, e apesar dos obstáculos que tem enfrentado, persiste na batalha em prol da elevação e defesa da dança, enquanto linguagem artística. Por outro lado, entre a preenchida agenda, consegue esticar o tempo para dar palestras, conferências e workshops. O seu papel de professora incentiva-a a defender a importância e necessidade do ensino institucional do bailado em Angola.
Defensora da crítica social, a bailarina encara a dança como poderoso instrumento de intervenção
as ambições da companhia A maior referência da dança está a reactivar a Companhia de Dança Contemporânea de Angola, que fundou em 1991. O espaço estava “adormecido” e a bailarina decidiu procurar pessoas interessadas em colaborar neste projecto. “O grupo que estou a trabalhar resulta de rapazes que vieram de diversos lados. Não tinham formação em dança clássica, mas uma enorme vontade de aprender”, afirmou recentemente. O processo evolutivo foi extraordinário e a companhia está pronta para voltar novamente às ruas. Nove espectáculos estão já agendados e terão lugar no Nacional Cine Teatro
positores. Actuou em espectáculos como “A Propósito de Lueji”, “Imagem & Movimento”, “Mea Culpa” e “Uma Frase Qualquer”. O seu percurso ficou marcado pela introdução de novas ideias e conceitos na execução da dança, criando originais formas de espectáculo, em que figuram obras como “Corpusnágua”, “Solidão”, “Um Morto & os Vivos” e “Cinco Estátuas para Masongi”, para as quais trabalhou em conjunto com reconhecidos escritores, pintores e escultores nacionais, como Pepetela e Gumbe. No entanto, nunca descurou as características tradicionais e popu-
lares das danças angolanas.
Mulher de causas Defensora da crítica social, a bailarina encara a dança como poderoso instrumento de intervenção. Em obras como “Mea Culpa” ou “Neste País...”, a professora assume a sua irreverência e comenta o sistema político. Em busca da diversificação das linguagens da Sacrifício e dedicação dança, tem-se dedicado a estudar e pesquiNasceu em 1962 e aos oito anos dava os prisar sobre as coreografias tradicionais e pomeiros passos na aprendizagem do ballet pulares, utilizando os elementos recolhidos clássico na Academia de Dança de Luanda. para desenvolver uma linguagem própria e Completou o curso de professores contemporânea. Ana Clara Guerra de dança em 1978 e a partir desMarques é mestre em Performance se momento assume a direcção da Artística – Dança e membro indiviAna Clara Guerra Marques também escreve. A coreógraescola, conciliando o cargo com a dual do CID (Centro Internacional da fa lançou três livros: “A Alquimia da Dança” (1999), “A docência. Em 1990, frequentou a Dança) da UNESCO. É a única invesCompanhia de Dança Contemporânea de Angola” (2003) Escola Superior de Dança, em Listigadora a trabalhar sobre as danças e “Para uma História da Dança em Angola” (2008). Porém, boa (Portugal) e, de 1992 a 1999, de máscaras do povo Cokwe de Ana veia da escrita não a motiva a lançar-se como escritora. foi directora da Companhia de Dangola e recebeu em 2006 o “Diploma “Gosto de escrever, sinto-me bem a produzir textos, nomeaça Contemporânea, a primeira do de Honra do Ministério da Cultura” e damente para o meu blog. Existem alguns que acham que esgénero, em Luanda. Em 1995, foi o “Prémio Nacional de Artes” na cacrevo bem, o que me faz ficar satisfeita”, expôs recentemente galardoada com o prémio “Identitegoria Dança. durante uma entrevista. Contudo, esclarece que não se “imadades” da União de Artistas e Com-
Sabia que...
gina a escrever um livro de ficção”, pois as obras que criou estão relacionadas com “os trabalhos” que desenvolveu “durante a formação”
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ISSN 1647-3574
ano ii · revista nº09 · nov/dez 2009 350 kwanzas · 4,50 usd · 3,25 euros Economia & Negócios · Sociedade · Turismo
Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades
REVISTA Nº09 · NOVEMBRO / DEZEMBRO 2009
JUSTIÇA À LUPA
Direitos Humanos, Corrupção e a Nova Constituição são os temas do momento para a advocacia nacional. Em entrevista exclusiva, Inglês Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, revela o que está a mudar num sector em evolução
stop à fuga As fragilidades do sistema tributário. Contra a evasão, o Governo prepara-se para aplicar novas políticas de combate à fraude fiscal
poder às províncias Dividir para ‘reinar’. A descentralização marca a agenda política. Do Estado central para um poder local democrático, conheça as grandes metas do país
o preço justo Respeito pelo valor real dos bens e serviços. A ideia é antiga – criar uma cadeia comercial assente em princípios éticos. Veja o que pode fazer