Revista Sagaz No. 2 Brasil

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34 TODAS AS ARTES/Música Clássica/ Nelson Nisenbau

A Décima Terceira Sinfonia de Shostakovich-Babi-Yar Dimitri Dimitreievich Shostakovich (19061975) é um grande compositor russo do século XX que, na visão deste colunista, jamais obteve o devido reconhecimento, algo que certamente o tempo corrigirá. O mesmo aconteceu com Johann Sebastian Bach, esquecido por longas décadas até que Felix Mendelsohn ressuscitasse sua obra de forma quase espetacular. Talvez, em algumas décadas, Shostakovich se torne uma disciplina à parte no mundo acadêmico musical Shostakovich compôs uma extensa obra, incluindo 15 sinfonias, concertos para piano e orquestra, violoncelo, violino, sonatas para instrumentos solo, trios, quartetos, quintetos, cantatas, música para teatro, cinema, ballet e ópera, entre outras composições. Embora não fosse judeu, a cultura e a música judaica foram tratadas em sua obra, seja nas composições para poesias judaicas populares, o aproveitamento de temas melódicos em algumas partituras e, de forma mais pungente, na Décima Terceira Sinfonia, Babi-Yar. A obra, de grandes proporções (cerca de uma hora de execução) temporais e orquestrais, foi escrita para orquestra sinfônica, coro masculino e baixo solo, compondo, na realidade, uma grande Cantata em 5 movimentos, todos musicando poemas de Ievguêni Ievtuchênko (grafia registrada na Wikipedia em português), entre os quais, o bloco “Babi-Yar” que dá o nome à obra e que foi a grande

Esta gravação é a ‘World Premiere”, ou seja, foi a primeira vez em que a obra foi apresentada ao público, lá no longínquo ano de 1962 sob a regência do maestro Kiril Kondrashin

motivação de Shostakovich, que se sentiu estimulado a compor uma obra exclusivamente a este bloco. No entanto, mudou de ideia posteriormente ao ler outros poemas alusivos à fase negra do stalinismo, ampliando sua composição para as dimensões sinfônicas. Shostakovich comunicou a Ievtuchênko as suas intenções apenas quando o primeiro bloco estava pronto, o que ocasionou o encontro entre os dois e a posterior ampliação. “Babi-Yar” trata da tragédia ocorrida na cidade de mesmo nome, na Ucrânia, onde teve lugar talvez o maior massacre isolado da Segunda Guerra Mundial, fato que só foi trazido a público na era Krushev, quando a URSS abriu os arquivos


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