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Capítulo Seis

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Brock e Jillian

Brock e Jillian

Meu estomago estava revirado e cheio de nós durante o caminho até a Lima Academy na segunda de manhã. Eu nem sei porque estava tão nervosa. Eu sabia como administrar a academia. Eu tinha crescido observando meu pai enquanto ele coordenava o negócio.

Hoje não era nada demais.

Eu poderia comprar tantas bolsas novas com meu novo salário.

E Rhage poderia começar a comer Fancy Feast.

Mas ainda assim eu estava tão nervosa como um gato em um cômodo cheio de cadeiras de balanço. Eu tinha acordado uma hora mais cedo do que o necessário, o que significava que tive tempo de arrumar meu cabelo, coisa que normalmente não fazia quando ia trabalhar. Vestindo uma calça flare preta que eu tinha escolhido na noite anterior, eu a combinei com uma blusa vinho com mangas de renda que tinha encontrado essa manhã. Eu ainda tinha tempo suficiente para dirigir do meu apartamento até a Del Mar Orchard Road onde a Lima Academy ficava, alguns quilômetros fora de Shepherdstown, entre a universidade e martinsburg.

A academia ficava a uns quilômetros a dentro de uma saída da Rota 45, além da subdivisão e de uma pequena fazenda. Eu a tinha visitado centenas de vezes desde que ela abriu, mas eu não conseguia deixar de me sentir impressionada quando o prédio de três andares apareceu no meu campo de visão.

Isso era do meu pai mas, também, era meu.

No primeiro piso ficava a academia tradicional, aberta ao público. Ela era completa com salas separadas para aulas, uma piscina olímpica coberta, sauna e lugares para terapia, para crianças ficarem enquanto os outros malhavam e, claro, várias salas de bronzeamento, porque não vale ter todos

esses músculos definidos e ser branco como a neve. Eu sempre revirava meus olhos para isso.

O segundo andar era dedicado a várias classes de artes marciais, desde aulas para crianças que estavam interessadas em Karatê, até aqueles que realmente queriam aprender jiu-jitsu, agarramentos (tanto de pé quanto no solo), ataques e assim vai, e é claro, um local de treino para aqueles que queriam seguir carreira no MMA. Aulas de defesa pessoal também eram dadas no segundo andar. Havia muito espaço disponível nele e, era isso que meu pai queria que eu focasse.

O andar de cima eram os escritórios – onde meu escritório ficaria.

Esse era o legado da minha família.

E parte disso era meu.

Uma vez disse a minha amiga Abby que eu não queria fazer a mesma coisa que minha família, mas isso se tornou uma mentira. Talvez naquela época eu estava passando por uma fase na minha vida onde eu queria me rebelar contra tudo e contra todos, mas lá no fundo eu sempre quis fazer parte disso. Então quando estacionei foi quase como finalmente estivesse voltando para casa.

Eu abri a porta de trás e peguei uma caixa com os itens pessoais que tinha colocado no banco traseiro. Eu não tinha trazido tanta coisa comigo. Uma vela da Bath and Body Works, que faria meu escritório cheirar como se uma abóbora tivesse vomitado nele todo. Um porta retrato com uma foto dos meus pais tirada no Natal a uns anos atrás. Um grampeador rosa chok que Avery tinha me dado a um ano atrás, mais ou menos, e meus Funko Pop do Sam e Deam Winchester, porque eles iam a todos os lugares comigo.

Me sentindo mais preparada, eu peguei o elevador para o terceiro andar, minha bolsa preta simples em meu antebraço, já que havia escorregado do meu ombro. Eu mordi o interior da minha bochecha enquanto o elevador parava calmamente e as portas se abriam.

Assim como na academia de Philly, um mar de cubículos estava a minha frente. Eles estavam todos vazios enquanto eu passava por eles. Ainda faltava uma hora antes que o pessoal de vendas e os professores chegassem.

Eu andei até os escritórios fechados, meus passos diminuindo quando meu tio, Andre Lima, aparecia em um canto. Com os cabelos levemente brancos, ele ainda estava com a forma melhor do que muitos caras de vinte e tantos anos.

“Jilly!” Ele deu uma corridinha, curta, mas poderosa para acabar com a distância entre nós. Pegando a caixa dos meus braços, ele a colocou na mesa mais próxima e me abraçou. Eu dei um gritinho quando ele começou a me girar como se eu ainda fosse criança. Quando ele me colocou de volta, em pé, eu me senti como se tivesse acabado de sair da roda gigante. “Olhe para você, toda arrumada e coisa e tal.”

rosto. Andre estava usando calça caqui e uma polo com o logo dos Lima.

“Você também está bonito,” eu disse a ele, tirando meu cabelo do meu

Ele riu enquanto pegava minha caixa. “Essa é minha roupa de ‘estou quase fora aqui’.” “Você realmente quer voltar para Philadelphia, né?” “Sinto falta de lá. Assim como Tanya e você sabe o que dizem: ‘Esposa feliz, vida feliz’.” Andre piscou para mim. “Você não chegou cedo?” “Imaginei que poderia me instalar antes que todos começassem a chegar.” “Boa ideia,” ele respondeu. “Bem, deixe-me mostrar o escritório. É novo já que não tínhamos a vaga de gerente antes.” Me movendo para que ele ficasse a minha esquerda, eu olhei para ele. “Posso te perguntar uma coisa e você me responde honestamente?”

Sorrindo, ele concordou. “Quando foi que eu menti para você, Jilly?” “Os funcionários acham que esse cargo é desnecessário?” perguntei. Ele começou a franzir o cenho. “Não tenho certeza se entendi o que quis dizer.” Eu acho que não tinha como evitar ser direta. “O que quero dizer é, eles acham que Andrew Lima criou aleatoriamente este cargo para sua filha?” “O quê?” Andre riu. “Não. Nem um pouco. Eles acham que foi uma boa ideia, na verdade. Acredite em mim, eu preciso de ajuda, e mais de uma vez tive que pedir aos meus representantes de venda para participar de reuniões –ficando mais tempo no trabalho de um jeito que não vai fazer eles diretamente conseguir mais dinheiro. Agora eles vão poder focar nas suas vendas e nas sessões de treinamento enquanto serei acompanhado nas reuniões pela nova assistente.”

Isso fazia sentido. “Bem, estou aliviada de que eles acham que foi uma boa escolha.”

“Eles acham. Então tivemos um pedreiro que veio e criou um novo escritório para você,” meu tio explicou, parando em um escritório que tinha a parte da frente de vidro. “Os móveis acabaram de chegar. Nunca foram usados e são todos seu.”

O lugar me lembrava parcialmente de um aquário. Não era nada como meu pequeno escritório com paredes que não davam para ver além, mas definitivamente era mais legal do que imaginei quando entrei.

A mesa grande de madeira escura era impecável – nem mesmo havia uma digital marcando a superfície. Um novo computador estava à direita. Ao lado dele tinha um telefone no estilo da Nasa. Duas cadeiras estavam posicionadas na frente da mesa e a que estava atrás parecia ser mais confortável que minha cama. Havia um arquivo encostado em uma parede e na outra uma grande planta que parecia uma palmeira. Persiana cobria a parede que dava para o lado de fora.

“O que acha?” André colocou minha caixa em uma das cadeiras na frente da mesa.

“É ótimo.”

“Meu escritório – bem, meu antigo escritório – é do outro lado da área de descanso.” Ele apontou para sua direita e já que eu tinha paredes de vidro, eu olhei para lá e vi o escritório com paredes do gerente.

“O novo Gerente Geral já foi contratado?” perguntei, imaginando se algum outro tio meu viria assumir a posição.

Suas sobrancelhas escuras franziram. “Você não sabe quem vai me substituir?”

Eu coloquei minha bolsa sobre a mesa. “Então a posição já foi ocupada?” “Sim. E foi a um tempo atrás,” ele disse enquanto eu me virava, me movendo para as persianas. Foi preenchida há algum tempo? Meu pai não tinha mencionado isso. Eu as abri quando Andre disse, “Na verdade, ele está chegando agora. Mais cedo do que eu esperava. Não que isso seja surpresa. Você chegou cedo, então claro que ele chegaria cedo também. Assim como nos velhos tempos.” Assim como nos velhos tempos?

Eu congelei.

Meus dedos seguravam o lugar de abrir as persianas e eu simplesmente parei de me mover enquanto uma série de calafrios percorriam meus ombros.

Eu vou te ver em breve.

Não. Não. Não.

Tudo começou a fazer sentido, mas eu me recusei a acreditar porque eu não conseguia entender o porquê. Em estado de descrença, eu soltei a persiana. Dei alguns passos para longe delas e, vagarosamente, me virei.

Brock Mitchell estava parado na porta do meu novo escritório, seus lábios curvados em um meio sorriso. “Bom dia, Srta. Lima. Espero que tenha gostado do seu novo escritório.”

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