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Capítulo Trinta e Um

O telefone do escritório tocou na quinta de manhã.

Eu tinha acabado de passar o olho pelas notícias, sem estar preparada para nada que requeresse pensar muito até que terminasse minha caneca de café.

Vendo que era uma ligação da unidade de Philly da Academia, eu imaginei que pudesse ser ou Brock ou meu pai.

"Alô?"

"Hey, querida." Era meu pai. "Você está no viva-voz. Brock está aqui."

"Sentiu minha falta?" Era Brock.

Eu revirei meus olhos enquanto minhas bochechas coraram. Toda essa história de falar abertamente sobre nosso relacionamento na frente dos meu pais me fazia querer rir como se tivesse treze anos. "Na verdade, não." Respondi, rindo.

"Ouch," ele respondeu, rindo. "Nós vamos conversar sobre isso quando chegar em casa."

Meus olhos arregalaram. Ele tinha acabado de sugerir o que eu acho que ele sugeriu na frente do meu pai? Eu queria me enfiar debaixo da mesa, mas eu estava presa no lugar, porque eu quase podia sentir suas mãos em volta do meu pulso, me prendendo enquanto ele...

Deus.

Eu apoiei minha testa contra minha mão enquanto limpava minha garganta e o ignorava. "Então, o que aconteceu?"

"Nós pensamos em te ligar para dar as notícias," meu pai disse.

Eu imediatamente me endireitei, meu olhar passando pelo meu escritório vazio e parando na árvore de natal pequena que eu tinha trazido naquela manhã. Eu a comprei ontem à noite na Target. Já vinha com as luzes e eu gastei em um timer, para que ficasse acessa enquanto eu estivesse no escritório.

A única notícia que eu estava esperando era sobre converter o espaço em um estúdio de dança.

"Boas notícias?" Perguntei, esperançosa.

Brock riu. "Se fosse má noticia, você acha que eu estaria no escritório?"

A esperança me fez ficar mais animada. "Você vai aprovar o plano?"

"Eu vou aprovar o plano," meu pai respondeu.

Eu pulei da minha cadeira e dancei em pequenos círculos enquanto gritava silenciosamente. "Obrigada," consegui dizer com calma. "Você não vai se arrepender disso."

"Você está dançando, não está?" Brock perguntou.

Continuando a pular na cadeira, eu disse, "Não. Não estou."

"Com uma condição," meu pai falou de novo. "Suas amigas precisam assinar um contrato onde concordam em não mover o estúdio de dança por, pelo menos, oito anos. Vamos investir bastante dinheiro. Nós não queremos gastar isso e depois tê-las nos deixando na mão."

"Completamente compreensível." Eu me sentei, cheia de animação. "Tenho certeza que concordarão com isso."

"Fale com elas hoje," meu pai disse. "Se concordarem, eu vou mandar fazer o contrato na próxima semana e teremos isso encaminhado antes do Natal."

"Pode deixar." Agarrei o telefone até um ponto onde achei que fosse quebrar. "Sério, pai. Obrigada por acreditar nisso."

"Não é no caminho em que acredito. É em você," ele disse. "E em Brock. Eu acredito em vocês dois."

Um nó se formou na minha garganta quando emoção inesperada passou por mim. Meu escritório ficou embaçado. Ouvir ele dizer isso? Deus, eu estive esperando... esperando por tanto tempo. Eu consegui dizer algo que pareceu meio profissional, e então era Brock falando em meu ouvido.

"Você está fora do viva-voz," ele disse e um momento se passou. "Você está bem, certo? Está tudo bem?"

"Estou me sentindo ótima," admiti rápido com a voz pesada e, depois, por causa de tudo que compartilhamos nessas últimas semanas e o quão bem estava me sentindo, e disse. "Eu estaria perfeita se você estivesse aqui."

Houve um momento de silêncio. "Vou voltar assim que puder."

"Eu sei."

"Ligue para as meninas. Conte para elas."

E eu fiz exatamente isso.

Consegui falar com Teresa, que tinha colocado Avery na linha, e houve muitos, muitos gritinhos para serem ouvidos. Na verdade eu estava com medo que Teresa entrasse em trabalho de parto.

"Obrigada," Avery disse rouca, e eu pensei que ela pudesse estar chorando. "Você não faz ideia do quanto isso significa para nós - para mim. Sério, você não tem noção."

Meus olhos queimaram e embaçaram de novo. "Eu acho que sei. Só estou feliz por poder ajudar vocês." Inalei profundamente e tentei me acalmar. "Okay. Então vocês concordam com o contrato de oito anos?"

"Claro," ela disse rápido.

"Sim," Avery respondeu.

"Foi o que pensei. Então, eu vou avisá-los e nós esperamos ter um contrato pronto na próxima semana," expliquei. "Então podemos começar a ver alguns engenheiros para virem olhar o lugar."

Desligar o telefone depois disso pareceu meio difícil, porque se elas me agradecessem mais uma vez, eu estaria choramingando. Marcamos de ir tomar café da manhã no domingo - se Teresa não tivesse o bebê até lá - e elas prometeram que manteriam contato.

Não tinha como acabar com meu sorriso hoje. Não tem como. Não quando eu sabia que eu estava ajudando duas pessoas especiais a realizarem seus sonhos. Não quando meu pai acreditava em mim.

Na sexta, logo depois do almoço, eu olhei para cima encontrando Paul entrando em meu escritório, carregando vários papéis.

Ele não bateu.

Ele não se anunciou.

Apenas entrou e disse. "Consegue mandar esses para Brock, imediatamente?" E, então, jogou os papéis na minha mesa.

Minhas sobrancelhas arregalaram enquanto olhava para o que ele tinha, desrespeitosamente, colocado sobre minha mesa. Estava prestes para apontar que, mesmo que eu fosse ver Brock antes de segunda, ele não veria esses papéis antes disso, quando algo chamou minha atenção.

Eu olhei rápido, passando pelos papeis. "O que é isso?" Perguntei. Paul estava quase fora da porta. Eu tive de chamá-lo de volta e, quando voltou, ele me encarou sem expressão. "Essas estimativas de venda são para o quê?"

O olhar em seu rosto mudou. "O que parecem?"

Oh cara, o botão de puta que eu mal sabia que existia estava prestes a ser ligado. "Parece como uma proposta para o espaço no segundo andar - para as salas C e D."

"É o que são," ele respondeu, cruzando os braços.

Eu inclinei minha cabeça para o lado. "Você sabe que eu já tenho uma proposta andando para essas sala."

certo." "Para aquele negócio de dança? Sim, mas vamos lá, isso nunca vai dar

Então ele riu.

Ele riu.

Eu contei até dez mas só cheguei no dois. "Não foi anunciado ainda, mas o negócio da dança já foi aprovado para as salas C e D. Então isso?" eu peguei a pilha de papeis. "Você vai ter de propor essa sua ideia para outras salas."

Ele piscou enquanto me encarava. "O quê?"

"Eu tenho a aprovação. O contrato chega na segunda."

"Eu preciso dessas salas."

"Desculpa," eu disse, colocando os papéis no canto da mesa. "Essas salas já foram alugadas. Você pode ver..."

"Eu preciso de pelo menos a sala D. É a única sala que pode ser convertida para incluir uma cozinha baseada na planta," ele disparou, suas bochechas corando.

altura. Eu balancei minha cabeça, sem ter ideia do que dizer para ele nessa

"Isso está errado!" Paul explodiu, e eu pulei no meu lugar, me contraindo sem querer. Então ele começou a rir. "Por que estou surpreso? Sério. Claro que você conseguiu aprovar o negócio da dança."

Paul começou a se virar, e eu não sabia exatamente o que deu em mim, mas minhas costas ficaram eretas como se minha coluna tivesse sido substituída por uma viga de ferro.

Isso não está certo.

O jeito que ele falou comigo. O jeito que ele olhou para mim. Esse cara não precisava gostar de mim, mas ele precisava me respeitar - respeitar minha posição e minha autoridade. O que eu tinha dito a mim mesma antes? Que eu não iria tolerar isso. Eu não era a mesma menina de dezenove anos que deixava as pessoas a tratarem mal - que foi encurralada por um cara e teve de ser salva por Steph.

Essa não era eu.

Oh, claro que não, eu não sobrevivi a um tiro na porra da minha cara para ter esse safado sem pinto falando comigo desse jeito.

"Paul?" chamei.

Ele parou e se virou, seu rosto mostrando impaciência. "O quê?"

Os pelinhos no meu pescoço se eriçaram. Ali estava. Aquele tom. Fazia minha pele parecer que estava esticada. "Feche a porta e se sente."

Seus olhos brilharam. "Eu tenho uma aula prestes a começar."

"Por favor, feche a porta e se sente," repeti, me recusando a permitir que ele saísse desse jeito. "Sua aula vai ter de esperar."

Paul hesitou por um momento e, então, se virou. Eu vi seus lábios se moverem, e eu sabia que ele estava murmurando algo enquanto fechava a porta. Ele levou um bom tempo andando até a cadeira e se sentando. Aí ele olhou para mim.

Eu inalei profundamente. "Como você deve saber, eu sou parcialmente surda. Eu não posso ouvir nada com meu ouvido direito, mas a coisa interessante sobre perder parte da sua audição é que te força a prestar atenção quando as pessoas estão falando. Você tem de acompanhar as conversas de perto, assistir seus lábios e sua linguagem corporal.

Paul olhou de volta para mim como se já estivesse entediado pela conversa.

Juntando minhas mãos, eu as coloquei sobre a mesa. "Eu não preciso ter ouvido o que você murmurou ou falou baixo demais de propósito para saber que você não tem respeito nenhum por mim."

Um ar de surpresa passou em seus olhos. "Desculpa?"

"Você fala comigo como se não entendesse que sou sua chefe."

Seus lábios ficaram finos enquanto ele se movia na cadeira. "Brock é meu chefe."

"Sim e não. Ele é seu chefe mas eu também sou," disse, mantendo minha voz calma. "Especialmente quando ele não está aqui. Você não precisa gostar de mim. Nem um pouco. Tudo que precisa fazer é me respeitar."

Um leve tom de rosa subiu para suas bochechas. "Eu não sei onde você quer chegar com essa história de eu não te respeitar. Eu acho que você está sendo meio dramática."

Ele estava prestes a ver o "dramática", porque minha cabeça estava a segundos de girar em trezentos e sessenta graus. "Não me provoque, Paul."

Parte de mim imaginava se ele sabia o que estava dizendo. Ele inalou profundamente, suas narinas alargando, e um momento tenso passou. "Respeito é algo ganho. Não é simplesmente dado."

Eu forcei minha expressão a ficar neutra. "E como eu ainda não ganhei seu respeito?"

"Seu pai é dono dessa academia," ele retrucou. "E você está dormindo com o chefe. Exatamente como você conseguiu esse emprego?"

Whoa.

Ele não acabou de dizer isso para mim.

Raiva passou por mim. Minha primeira reação seria demitir ele nesse momento, porque mesmo que eu tivesse que falar com Brock antes de decidir algo sobre o emprego de alguém, eu tinha certeza que ele me apoiaria nisso.

Mas demitir ele era fácil demais.

"Deixe-me explicar uma coisa, Paul. Eu nasci e cresci dentro da Lima Academy. Não existe uma coisa que eu não sabia sobre este lugar. Não é apenas um trabalho para mim, mas é parte do meu legado. O sangue que corre em minhas veias criou esse estabelecimento. Se você não tinha problema nenhum quando meu tio administrava essa academia, então você não pode ter problema nenhum comigo," eu disse, minha pele formigando. "Eu não preciso responder seu segundo comentário, mas eu vou. Sim, eu estou namorando Brock. Então talvez você deva levar isso em consideração na próxima vez que for abrir sua boca e falar comigo."

O rosa sumiu das suas bochechas, e Paul ficou pálido.

"Apesar de Brock não me conceder nenhum privilégio por causa do nosso relacionamento, tenho certeza que nem ele nem meu pai iriam apreciar essas insinuações mas, mais importante, eu não aprecio. Essa é a última vez que vou ter essa conversa com você," eu o avisei, levantando meu queixo. "Podemos trabalhar juntos. Podemos continuar fazendo a Lima Academy a melhor unidade de treinamento que contém uma oportunidade incrível de expandir o sonho do meu pai. Ou você pode encontrar outro trabalho. A escolha é sua. Não me faça escolher por você."

Paul estava quieto.

"Isso é tudo por agora," terminei.

Ele ficou sentado ali por um momento, então concordou com a cabeça brevemente. Eu o assisti se levantar e sair do escritório, deixando a porta aberta.

Uma vez que ele tinha sumido do meu campo de visão, eu exalei enquanto ria. Eu estava trêmula e tensa, porque uma pequena parte de mim não conseguia acreditar que eu realmente tinha feito isso.

Eu não tinha apenas me defendido e defendido minhas decisões, eu dei um tapa verbal épico. Eu meio que queria me parabenizar por isso.

Que se foda o parabéns.

Eu iria comer um prato de batata frita hoje à noite.

Sorrindo, me virei para meu computador e voltei a trabalhar, me sentindo... não sei. Forte? Confiante? Fodona. Eu me sentia como imaginava que Steph se sentia, e era incrível.

O sorriso ficou em meu rosto por várias horas enquanto eu me atualizava nos e-mails. Eram quase quatro da tarde e a pequena árvore de natal que comprei pro escritório brilhava e piscava na luz da tarde. Eu estava prestes a assaltar a máquina de vendas quando houve uma leve batida na porta.

Eu olhei para cima e perdi o fôlego.

Kristen Morgan estava na minha porta. Eu pisquei, pensando que estava alucinando, mas era ela. Vestindo um jeans escuro e uma camiseta branca de gola alta que moldava seu corpo, ela parecia com alguém que tinha acabado de sair do catálogo da Macy.

Será que ela estava no escritório errado?

Se ela estava, por que ela estava aqui para ver Brock?

"Eu sei que isso é inesperado, mas eu estava esperando que você tivesse um momento," ela disse, passando uma de suas unhas feitas sobre a maçaneta da porta. "Porque eu realmente preciso falar com você."

"Sobre o quê?" eu estava completamente embasbacada.

Ela entrou, fechando a porta atrás de si. "Eu preciso falar sobre Brock. Você merece saber a verdade."

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