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Capítulo Trinta e Quatro
Eu não tinha acabado de dizer a Brock que eu o amava.
Na verdade, eu praticamente tinha gritado isso para ele.
Todo mundo sabia que eu era apaixonada por ele quando era mais nova. Até Brock, que tinha tentado não reconhecer isso, pelo que sabia. Mas isso foi antes, quando eu era inocentemente nova e ele era uma estrela em acessão que só permitia a si mesmo me ver como uma irmã mais nova para ele.
Isso não era o presente.
Não quando eu era velha o suficiente para saber o que essas palavras significavam e como era senti-las.
"O que... o que você acabou de dizer?" ele perguntou enquanto colocava suas mãos sobre seus joelhos.
Oh Deus.
Eu segurei a ponta do meu suéter mais apertado enquanto olhava para a porta como se isso fosse ajudar em alguma coisa. "Eu disse que mereço alguém que não está comigo só por causa da culpa."
"Não é sobre essa pare que estou falando," ele explicou, sua voz perigosamente calma.
Meus lábios tremiam enquanto meu coração palpitava contra meu peito. As palavras queimavam a ponta da minha língua como cinzas. Essas três palavras eram fáceis de se dizer. Pessoas diziam elas o tempo todo, mas eu pensei - não, eu sabia - que quando você sentia isso, essas três palavras eram difíceis de serem ditas.
A velha Jillian nunca teria tido coragem de repeti-las.
Eu não era mais essa pessoa.
Endireitando meus ombros, eu levantei meu queixo. "Eu disse que eu... que eu te amo."
Algo que eu não sabia decifrar passou pelo seu rosto. "Você me ama?"
"Sim." engoli forte. "Eu te amei quando tinha oito. Eu te amei quando tinha doze. Eu te amei quando eu tinha vinte anos e eu... eu te amo agora."
Brock se levantou. "Se você me amou todo esse tempo e me ama agora, por que não perguntou o que eu estava pensando quando te vi pela primeira vez no restaurante? Por que não perguntou o que eu estava sentindo quando eu percebi que você ia sair com aquele cara de novo? Me perguntou como era acordar pela primeira vez com você em meus braços? Por que não me perguntou como me senti na primeira vez que nos beijamos?"
Um tremor passou por mim enquanto ele dava um passo para frente. "Você poderia ter me perguntado como foi estar dentro de você pela primeira vez e todas as outras vezes depois. Se você me amou por todo esse tempo, por que não me perguntou se eu te amava?"
Ar fugiu dos meus pulmões enquanto eu absorvia o que ele havia dito.
Ele parou a alguns passos na minha frente. "Eu não falo sobre Kristen porque essa parte da minha vida já encerrou. As coisas que aconteceram com ela são parte do passado. Elas não tem impacto nenhum no que faço agora e ela, com certeza, tem nada a ver conosco. Isso pode soar meio frio e cruel para cacete, mas é a verdade. E você está certa. Eu deveria ter dito para você que ela estava ligando e me mandando mensagem. Então poderíamos ter falado sobre isso e você poderia ter se preparado para o tipo de merda que ela estava prestes a jogar sobre você. Me desculpe por isso, porque essa merda de erro foi meu."
Meus dedos soltaram um pouco a ponta do meu cardigã.
"Eu vou falar sobre toda a história de eu sentir culpa sobre Kristen ter perdido o bebê. Isso me chateou? Sim. Eu me senti mal por ela - por ela ter passado por isso quando eu não estava por perto? Porque eu não estava. Eu
estava na Austrália para uma luta quando aconteceu. Disso me senti culpado. Porque eu deveria ter estado lá quando ela passou por isso, mas eu não me senti responsável por ela ter perdido o bebê. Eu não sei o que ela te disse para comprovar isso..."
"Ela disse que vocês estavam brigando constantemente e que ela estava triste por você não estar por perto."
Uma risada sem humor quebrou o silêncio. "Talvez ela ache que foi culpa minha. Nós não estávamos brigando muito. Apenas por coisas normais. Inferno, quem sabe, mas, ao contrário da crença popular, eu não saio procurando por coisas para me sentir culpado."
Eu soltei meu cardigã e abaixei meus braços.
"E toda essa coisa de eu estar com você por culpa?" Seus lábios pressionaram em uma linha fina. "Não posso negar que a culpa me consumiu e que, as vezes, há momentos onde ela ainda o faz. E eu estava pensando... eu estava pensando que mesmo com isso era arriscado ter me aproximado de você e você saber porque eu estava ali, mas eu precisava ouvir sua voz."
Minha próxima respiração foi trêmula. "No que você estava pensando quando eu disse que iria sair com Grady de novo?"
Os lábios se Brock se curvaram. "Eu queria furar a parede com meu
punho."
"Como... como você se sentiu quando acordou ao meu lado?" perguntei, minha voz rouca.
"Mais calmo do que estive há anos," ele disse, seus olhos ficando mais quentes. "Como se estivesse acordando e eu estivesse em casa."
Oh.
Oh Deus.
Meus olhos ficaram embaçados. "Quando você me beijou? E quando finalmente esteve comigo?"
"Senti como se fosse a primeira vez, a melhor e a última vez." Ele deu mais um passo e, com suas longas pernas, ele estava na minha frente. Eu levantei minha cabeça e ele, vagarosamente, levantou suas mãos, colocandoas em minhas bochechas. "Acho que tem mais uma pergunta que você precisa fazer."
As linhas de seu rosto sumiram enquanto lágrimas enchiam meus olhos. "Você... você me ama?"
"Eu te amo..." ele abaixou sua testa contra a minha e um calafrio me percorreu. "Eu te amo como queria ter me permitido fazer quando era mais novo. Eu te amo porque você não é somente doce, mas gentil também. Eu te amo porque você tem esse fogo dentro de si que nem sabe que existe, mas tem. Você é forte e você é uma sobrevivente."
Uma lágrima escorreu pela minha bochecha e ele a pegou com seu dedão. Eu não conseguia falar. Se eu tentasse, eu sabia que começaria a soluçar. Ouvi-lo dizer essas palavras, essas lindas palavras, isso não existia nem nos meus maiores sonhos. Meu coração inchou como se estivesse prestes a se partir. Eu queria rir e chorar. Eu queria dançar e eu queria agarrá-lo.
Ele me ama.
"Não há uma única parte do quanto te amo que tem a ver com culpa." Ele passou seu dedão sobre minha bochecha, pegando outra lágrima. "E eu estou apaixonado por você e eu nunca me senti assim em relação a ninguém. Você é minha primeira," ele disse, pressionando seus lábios contra a cicatriz profunda em minha bochecha esquerda. "Você vai ser a única."
Brock beijou o canto dos meus lábios e, então, abaixou sua cabeça, e dali tudo girou lindamente fora de controle. Minha camiseta saiu. Seu suéter se juntou a ela no chão. Um depois do outro, peças de roupas saíram até que não houvesse nada entre nós.
Suas mãos flexionaram em meu quadril e, em um movimento poderoso, ele me levantou e me tinha de costas. Eu perdi o fôlego quando ele veio por cima de mim, me prendendo em seus braços e em sem corpo.
Brock se abaixou e dominou meus lábios com um beijo intoxicante cheio de amor e paixão. Meu coração flutuou sem ritmo enquanto lava derretida percorria minhas veias. "Eu te amo" eu disse a ele, segurando suas bochechas e trazendo seu olhar para o meu. "Eu nunca vou parar de te amar."
"Você nunca parou."
Então, não havia mais palavras. Toda a comunicação era através de lábios e dentes, língua e mãos. Ele mordiscou meu seio e o sugou profundamente enquanto traçava um caminho impetuoso de beijos pela minha barriga até embaixo do meu umbigo, e ele foi ainda mais para baixo. Ele lambeu cada parte da minha pele e cada gemido sem fôlego que saía de mim era uma expressão de amor.
Um calor intenso aumentou, se transformando em uma dor gloriosa. Luxúria e amor se espalharam por mim e, quando sua boca cobriu o centro dos meus nervos, eu gritei o nome dele. Minha cabeça caiu para trás. Minha cabeça caiu enquanto seus dedos se moviam profundamente dentro de mim. Ele me estimulou e me levou até a borda.
Eu estava gozando quando ele se levantou sobre mim mais uma vez e se colocou profundamente em mim, devorando minha boca com sua língua, ele investia seu quadril contra mim quase que selvagemente. Eu o prendi, segurando seus braços enquanto o envolvia com minhas pernas.
Enquanto ele se movia, eu não sabia mais onde eu começava ou terminava.
Minha cabeça virou nada enquanto ele entrava e saía de mim, sua boca deixando a minha para que seu hálito quente passasse sobre meu ouvido. Nós estávamos fodendo. Nós estávamos fazendo amor. Seu quadril se mexendo, ele se moveu entre nós, e minha tensão girou. Pressão cresceu e, então, isso
aconteceu. Eu gozei de novo, tão poderosa e bonita quanto a primeira vez. Espasmos sensuais percorriam meu corpo enquanto as investidas de Brock perdiam o ritmo. Ele se moveu tão rápido e tão forte, me empurrando pela cama. O som do bater da cama contra a parede encheu o quarto.
"Eu te amo," ele disse e, então, ele estava caindo sobre a borda, se rendendo ao mesmo prazer que ainda circulava em minhas veias.
Com a pele úmida de suor, nós seguramos um ao outro enquanto os minutos passavam. Eu não sei quanto tempo ficamos assim antes dele sair de mim e ir para seu lado. Ele me trouxe com ele, circulando seus braços em volta de mim e me segurando para que eu estivesse olhando para ele, me segurando de um jeito que dizia que ele nunca queria me soltar.
Brock me beijou de um jeito que ele nunca tinha feito antes. Pelo menos foi assim que eu senti. Ele me beijou devagar, doce e tão profundamente que as lágrimas apareceram.
Amor.
Esse beijo era a definição de como o amor era.
Um tempo depois que nossos corpos pararam de se mover e nossos batimentos acalmaram, eu estava acordada ao lado de um Brock dormindo, repassando suas palavras de novo e de novo. Um sorriso torto provavelmente estava fixo em meu rosto, e eu não me importava. Havia tantas coisas do que Brock havia dito a mim que traziam um sorriso ao meu rosto. O fato dele me amar era um grande motivo. Duh. Mas havia algo a mais.
Ele disse que eu tinha fogo dentro de mim.
Ouvir isso e saber que ele acreditava nisso significava que eu tinha trilhado um longo caminho desde a Jillian que ele havia crescido junto.
Eu era amada.
E eu tinha fogo dentro de mim.
Ambos eram importantes e incríveis, mas a última parte... Deus, isso era tudo.
Porque, desde o momento que decidi aceitar o trabalho na Lima Academy, eu vinha mudando. Mesmo antes disso. O processo havia sido tão devagar e doloroso as vezes, mas perceber que eu queria viver de um jeito diferente, queria me arriscar mais e viver a vida, isso tinha começado antes de Brock reaparecer. Sua presença tinha ajudado no processo, mas não era por ele.
Era por mim.
Algumas pessoas nasciam com fogo dentro delas. Elas queimavam intensamente, cheias de vontade e ambição por tudo e todos, mas nunca se entregando cem por cento para uma coisa. Elas tinham aquele fogo, mas ele parava de queimar na metade da vida, virando o que deveria ter sido e o que poderia ter sido.
Outras tinham o mesmo tipo de fogo nelas desde o começo, sua fome e determinação de ter sucesso em todas as decisões e escolhas que faziam. A chama poderia oscilar, mas nunca se apagava. Elas nunca se focavam no que deveriam ter na vida, mas sim no que eles poderiam ter.
E havia pessoas que não percebiam que tinham aquele fogo, que ele estava adormecido dentro delas, precisando ser transformado em chama. Eu nunca poderia acreditar que eu tinha esse fogo, mas eu tinha e, as vezes, poderia oscilar e diminuir e, as vezes, iria queimar alto e forte.
Mas ele nunca seria apagado.
Nunca.
Eu olhei para baixo, para Brock, absorvendo seu lindo rosto e corpo incrível. Ele era mais do que tudo isso, muito mais. Brock era inteligente e ele também era um sobrevivente. Ele era uma pessoa com um bom coração e leal
e, quando ele se importava, ele se importava profundamente. Era por isso que ele sentia remorso e arrependimento. Essas coisas não eram obrigações. Foi nisso que Kristen errou ao falar sobre nós - sobre eles.
E eu estava errada por ter duvidado dele.
Havia uma parte de mim que queria procurar por Kristen e bater em sua cabeça ou explicar em muitos detalhes o quão errada ela estava. Ou fazer ambas as coisas. Mas... por que? Por que perder mais um segundo da minha vida em algo ou alguém que estava vivendo no passado? Eu tinha feito isso por muitos anos, e eu não iria fazer isso por nem mais um segundo.
Abaixando minha cabeça, eu beijei o medalhão que tinha comprado para ele há muito tempo, o colar que eu tinha planejado dar a ele naquela noite. Aquele que ele usava todo dia. Então levantei meus lábios nos de Brock e o beijei de novo. Eu fui recompensada com um meio sorriso sonolento.
Não havia mais o ontem.
Havia apenas o hoje.
Havia apenas o amanhã.
-EDITH SÖDERGRAN